Eletric Touch
Primeiro Capítulo
Yoongi bateu as pontas dos dedos na mesa de acordo com o ritmo das batidas da música, tentando encontrar onde ele poderia ter errado, mesmo que os outros produtores e os próprios membros do TXT tenham dito a ele que tudo estava perfeito. Ele inclinou a cabeça para um lado, os olhos fixos na tela do computador enquanto analisava cada detalhe da faixa pela vigésima vez naquela manhã.
Cada batida, cada nota… Ele sentia que algo poderia ser melhorado. Talvez a transição entre o refrão e o verso estivesse um pouco brusca? Ou talvez o sintetizador estivesse muito alto na segunda estrofe? Ele apertou o fone de ouvido com mais força contra as orelhas, isolando-se completamente do ambiente ao redor, até que o som da própria respiração se misturasse ao ritmo da música.
O mundo lá fora não existia quando ele trabalhava. Havia apenas ele e a música. Cada pequena imperfeição parecia gritar em sua mente, como se estivesse desafiando sua habilidade. Mesmo quando todos ao seu redor garantiam que estava perfeito, Yoongi sabia que não era o suficiente. Não ainda.
Ele se recostou na cadeira, os dedos movendo-se rapidamente sobre o teclado enquanto ajustava a equalização pela centésima vez. “Perfeito” para os outros não significava “perfeito” para ele. O som tinha que ser exato, cada frequência ajustada ao ponto de ser imperceptível para qualquer ouvido comum, mas para Yoongi… Ele sempre ouviria as falhas.
Sua testa franziu enquanto ele voltava a repetir os segundos finais da faixa. Nada escapava ao seu ouvido atento, como se ele estivesse à caça de um erro invisível. Perder-se no trabalho era seu modo de operar, uma mistura de paixão e obsessão.
Yoongi sabia que o sucesso não vinha apenas de talento, mas de uma atenção meticulosa ao detalhe. Afinal, era assim que ele havia chegado tão longe.
E enquanto muitos teriam aceitado o “perfeito” dos outros, ele sempre procuraria mais. Porque no mundo de Yoongi, havia sempre espaço para melhorar.
Ele tirou os fones com um suspiro pesado, os músculos do pescoço e ombros enrijecidos após horas na mesma posição. Olhou rapidamente para o relógio no canto da tela. Já passava das três da tarde, mas ele nem notara o tempo passando. Na verdade, mal lembrava da última vez que tinha comido alguma coisa. Com os olhos cansados, ele se levantou lentamente da cadeira e caminhou até a janela do estúdio, abrindo-a para deixar um pouco de ar fresco entrar.
A visão da cidade de Seul se estendia diante dele, movimentada, agitada — o completo oposto do silêncio interno em que ele costumava se trancar quando estava no estúdio. A luz do sol filtrava-se suavemente pelos prédios altos, mas Yoongi sabia que não teria muito tempo para apreciar aquilo. Sua mente já voltava para a música. O som do refrão ecoava na cabeça como um loop constante, como se a música não o deixasse descansar.
Seu celular vibrou na mesa. Ele o pegou, sem tirar os olhos do arranjo que ainda analisava mentalmente. Uma mensagem de Jimin:
“Ei, você vai almoçar hoje ou está planejando viver só de café?”
Yoongi olhou para a pilha de copos descartáveis ao lado do computador e soltou um riso curto. Café era, de fato, seu combustível. Ele rapidamente respondeu que estava tudo bem, mas sabia que Jimin não aceitaria essa resposta facilmente. Seus amigos o conheciam bem demais para acreditar que ele estava se cuidando como deveria.
Depois de jogar o celular de lado, voltou para a mesa, mas antes que pudesse apertar o play mais uma vez, seu estômago deu um leve protesto. Relutante, ele sabia que precisava de uma pausa.
No refeitório da empresa, ele caminhou com a cabeça baixa, cumprimentando rapidamente os outros funcionários com quem cruzava, mas sem realmente notar os rostos. Pegou um prato qualquer, distraído, enquanto os pensamentos sobre a música voltavam como um zumbido incessante.
Sentado sozinho em uma das mesas, Yoongi mal prestou atenção na comida que levava à boca. Seu foco estava, mais uma vez, no arquivo mental da música que insistia em tocar na sua cabeça. Ele revisava mentalmente cada camada de som, até que sua fome fosse substituída novamente pela necessidade de ajustar mais um detalhe.
De volta ao estúdio, Yoongi fez uma pausa ao abrir a porta. O cheiro familiar de café velho e equipamentos eletrônicos o recebeu, mas o som do silêncio absoluto era o que mais o acalmava. O estúdio era seu santuário, o lugar onde o caos da cidade não conseguia alcançá-lo. Aqui, ele controlava tudo. Ou, pelo menos, tentava.
Enquanto se sentava novamente, ele colocou os fones de ouvido e fechou os olhos por um momento, respirando fundo. O trabalho não era apenas sua profissão, era sua válvula de escape, sua obsessão. Ali, entre as camadas de batidas e acordes, ele encontrava um estranho tipo de paz — mesmo que, para chegar lá, tivesse que repetir o mesmo som mil vezes.
Ele sabia que o dia ainda estava longe de terminar. E embora a perfeição fosse sempre um objetivo inalcançável, Yoongi não descansaria até chegar o mais perto possível dela.
***
caminhava apressada pelas movimentadas ruas de Seul, equilibrando algumas pastas debaixo do braço enquanto segurava o celular com a outra mão. O sol da tarde brilhava forte, mas ela estava mais preocupada em atravessar o cruzamento antes que o semáforo fechasse do que com o calor que sentia no rosto.
“Você conseguiu falar com o cliente?” — a voz de , sua sócia e melhor amiga, ecoava pelo fone. Ela soava levemente estressada, mas isso não era novidade. As duas estavam envolvidas em um caso complicado que parecia se arrastar há semanas.
“Sim, acabei de sair da reunião com ele.” — respondeu, ajustando as pastas debaixo do braço— “Ele está nervoso, mas eu consegui acalmá-lo. Quer revisar as alterações no contrato antes de mandarmos para o outro lado?”
soltou um suspiro do outro lado da linha.
“Claro, vou passar no escritório daqui a pouco. Não sei como você consegue lidar com esse tipo de cliente. Ele me dá dor de cabeça só de pensar.”
sorriu, reconhecendo o tom de exasperação da amiga. Apesar de tudo, elas formavam uma boa equipe. Enquanto era mais direta e prática, tinha o talento de suavizar as situações, mantendo os clientes mais calmos mesmo nas circunstâncias mais tensas.
“Alguém tem que manter a paz,” — brincou, tentando aliviar um pouco o estresse que sentia — “Você lida com os números, eu lido com os nervos.”
Elas riram juntas, mas sabia que não havia muito tempo para relaxar. O dia ainda estava longe de acabar, e o trabalho parecia se multiplicar a cada hora. Ela desviou rapidamente de um grupo de turistas que tirava fotos da rua, o som de câmeras e conversas em diversas línguas a cercando. Seul estava em seu ritmo frenético usual, mas já havia se acostumado com isso.
Ela olhou para as pastas em seu braço, lembrando-se das reuniões e revisões que ainda tinha pela frente. O caso que estavam lidando poderia definir a reputação do escritório. Não era o tipo de pressão que qualquer pessoa suportaria, mas sempre gostou de desafios. Era como se o caos ao seu redor a impulsionasse a ser melhor, a seguir em frente mesmo quando tudo parecia estar no limite.
“Vou te encontrar no escritório em vinte minutos,” — disse ela, olhando para o relógio rapidamente — “Preciso parar na cafeteria antes, estou morrendo de fome.”
“Boa ideia, traz um café para mim também.” — pediu com um tom mais leve agora, sabendo que ambas estavam precisando de uma pausa.
“Fechado, até já.”
desligou e, com um suspiro, mudou o celular de mão enquanto seguia em direção à cafeteria. O barulho das ruas de Seul misturava-se ao som dos pensamentos que ela tentava organizar. Para muitos, sua vida de advogada pareceria sufocante, mas tinha encontrado um estranho tipo de liberdade nisso. O equilíbrio entre as responsabilidades e a amizade com mantinha as coisas mais leves, mesmo nos dias mais difíceis.
Ela sabia que o trabalho não terminaria quando chegasse ao escritório, mas, por ora, ela se permitiria uma pausa. Havia algo reconfortante em andar pelas ruas agitadas de Seul, onde ninguém a conhecia e onde ela podia, por alguns minutos, apenas ser mais uma entre milhares.
Sentada em uma das mesas ao fundo da cafeteria, finalmente largou as pastas ao lado da cadeira e soltou um suspiro de alívio. O aroma de café fresco misturava-se ao cheiro doce dos pães recém-assados, criando um contraste bem-vindo ao caos da manhã que ela havia enfrentado. Apesar do ambiente acolhedor e tranquilo, sua mente não parava.
Ela deslizou o dedo pela tela do celular, o olhar fixo nos e-mails que continuavam a se acumular. Seu cappuccino estava à sua frente, a espuma ainda intocada, enquanto ela rapidamente digitava uma resposta para um cliente. Cada mensagem parecia exigir uma urgência que já estava acostumada a lidar, mas a sensação constante de que não havia horas suficientes no dia para tudo sempre a incomodava.
O barista chamou seu nome, interrompendo seu fluxo de pensamento por um segundo. Ela se levantou para pegar o pedido: um croissant de queijo e presunto, algo rápido e fácil, perfeito para uma manhã corrida como aquela. Ao voltar para a mesa, mal se sentou antes de abrir outro e-mail. O visor do celular brilhava com notificações, e ela sabia que precisaria de mais do que uma pausa para dar conta de tudo.
Enquanto dava uma primeira mordida no croissant, voltou sua atenção para uma mensagem de um cliente ansioso sobre um contrato de compra de imóveis. Seus dedos se moviam ágeis pelo teclado, respondendo cada pergunta com precisão.
“Bom dia, Sr. Park, revisamos todos os pontos discutidos na última reunião e fizemos os ajustes solicitados. Vou agendar um encontro para assinarmos os documentos assim que possível. Qualquer dúvida, estou à disposição.”
Ela pausou por um momento para tomar um gole do cappuccino, sentindo o calor suave se espalhar pela garganta. A doçura da espuma misturada com o amargor do café era um pequeno conforto, uma espécie de calmaria temporária no meio da tempestade de responsabilidades que tinha para o resto do dia.
Em seguida, respondeu a uma série de mensagens rápidas de , sobre os contratos pendentes, e organizou mentalmente sua agenda. As horas já estavam preenchidas com reuniões e revisões de documentos, mas ela sabia que algo inesperado sempre surgiria.
Enquanto o barulho de conversas suaves e máquinas de café ao fundo preenchia o ambiente, aproveitou o breve momento de pausa. Era nessas pequenas paradas que ela conseguia respirar, mesmo que por alguns minutos, e relembrar que havia vida além dos processos e dos clientes. Claro, logo a realidade a chamaria de volta, mas, por enquanto, ela permitiu a si mesma alguns minutos de paz antes de mergulhar novamente no turbilhão do dia.
Ela olhou para o relógio. Ainda tinha quinze minutos até voltar para o escritório. Tempo o suficiente para finalizar os e-mails mais urgentes e, talvez, desfrutar de mais um gole de café antes que sua rotina começasse a puxá-la de volta para o caos.
***
Depois de horas trancado na sala de estúdio, Yoongi finalmente parou para respirar. O som contínuo das batidas ecoava pela sala, mas ele já não conseguia distinguir o que estava certo ou errado. Seus olhos pesavam, e a sensação de cansaço começava a tomar conta do corpo, mas ele simplesmente não conseguia desligar. Havia sempre algo a melhorar, algum detalhe a refinar.
Ele desligou o computador por um instante, permitindo que o silêncio tomasse conta do espaço. O vazio do estúdio, sem música, parecia quase opressor. Yoongi girou a cadeira de escritório e ficou observando as paredes repletas de prêmios, álbuns e fotos com artistas de renome, lembrando-se do caminho que percorreu para chegar ali. Ainda assim, a satisfação pelo sucesso nunca era suficiente para fazê-lo parar. O perfeccionismo constante era tanto uma bênção quanto uma maldição.
Seu celular vibrou em cima da mesa, tirando-o de seus pensamentos. Ele pegou o aparelho e viu uma notificação de e-mail da gravadora, pedindo aprovação para uma agenda de reuniões com artistas para a próxima semana. Além disso, havia uma mensagem do CEO, mencionando uma possível colaboração internacional, algo que vinha sendo discutido há meses.
— É claro que isso cai nas minhas mãos agora… — Ele murmurou para si mesmo, enquanto deslizava o dedo na tela para responder.
Apesar de o estresse ser constante, Yoongi lidava com a pressão melhor do que muitos ao seu redor. Ele sabia que as decisões passavam por ele, e que o sucesso de muitos projetos dependia do seu toque final. Uma responsabilidade que ele não se permitia delegar, mesmo quando sabia que deveria.
Levantou-se e esticou os braços, olhando para o relógio na parede. Ainda era meio da tarde, e ele tinha algumas reuniões marcadas com trainees mais tarde, onde deveria dar feedback sobre os trabalhos deles. Mas antes, precisava de um café.
Ele saiu da sala de estúdio e caminhou pelos corredores da gravadora, onde o movimento constante de produtores, trainees e artistas mais veteranos preenchia o ambiente. Todos pareciam estar em sua própria bolha de atividade, e Yoongi, apesar de ser uma figura central ali, apreciava a forma como conseguia passar despercebido no meio da correria.
Parou na pequena cafeteria do prédio, uma que ele frequentava regularmente. O barista já o conhecia bem e, sem precisar perguntar, preparou seu café habitual. Um expresso duplo, forte e amargo, assim como ele gostava.
Enquanto esperava, Yoongi abriu o bloco de notas no celular e começou a rabiscar algumas ideias que surgiam em sua mente. Mesmo durante pequenos intervalos, ele sempre estava trabalhando, sempre pensando em como poderia transformar a próxima batida ou melodia em algo memorável. A música nunca realmente parava para ele.
Quando o café ficou pronto, ele pegou o copo e voltou para sua mesa, passando pelos corredores novamente com a mente já voltada para o próximo projeto. Ele sabia que o dia ainda estava longe de terminar. Havia sempre mais uma coisa a fazer, mais uma batida a ajustar, mais uma reunião a comparecer.
***
Depois de finalizar os e-mails e terminar seu cappuccino, se levantou, guardando o celular na bolsa e pegando as pastas que estavam ao seu lado. Com passos rápidos, deixou a cafeteria e seguiu pelas ruas movimentadas de Seul. As pessoas passavam apressadas ao seu redor, e ela se misturava ao fluxo sem dificuldade. Embora as manhãs fossem sempre corridas, estava acostumada a lidar com o ritmo frenético da cidade.
No escritório, o ambiente era tão dinâmico quanto as ruas lá fora. Assim que chegou, foi recebida por sua assistente com uma pilha de documentos para revisar. passou direto para sua sala, já mentalmente se preparando para as próximas horas de trabalho. Ela tinha uma reunião importante marcada com um cliente potencial, e cada detalhe do contrato precisava estar perfeito.
Sentada à sua mesa, ela começou a revisar a papelada com cuidado, suas anotações detalhadas à medida que ia identificando pontos que precisavam de ajustes. Havia uma precisão quase cirúrgica em como trabalhava — cada cláusula era lida, relida e ajustada, até que fizesse sentido dentro do que o cliente e a empresa precisavam.
Enquanto seus olhos percorriam os documentos, seu telefone tocou novamente, e ela não se surpreendeu ao ver o nome de piscando na tela. Sem hesitar, atendeu.
“Me diga que já revisou os contratos para o caso da Samjong?” — disse , sem rodeios. A voz dela era firme, mas sabia que a pressa não vinha de nervosismo, mas da eficiência com que a amiga lidava com os negócios.
“Estou quase terminando. Vou te enviar os arquivos em alguns minutos. Fica tranquila.” — respondeu, equilibrando o telefone entre o ombro e a orelha enquanto fazia anotações em um dos documentos.
“Sem pressa, mas o cliente quer tudo para amanhã de manhã, então… pressa,” — riu do outro lado da linha.
soltou um pequeno suspiro, mas não reclamou. Sabia que faziam parte do trabalho essas demandas urgentes.
“Deixe comigo, a gente dá conta. Só preciso de mais um pouco de café.”
Desligando o telefone, voltou sua atenção completamente para os contratos. O tempo parecia desaparecer quando ela mergulhava nos documentos, absorvida pela responsabilidade de garantir que tudo estivesse em ordem. A atenção aos detalhes que ela dedicava era um dos motivos pelos quais sua carreira florescia tão rapidamente — clientes confiavam nela por isso, e ela nunca os decepcionava.
Depois de quase uma hora de revisão meticulosa, finalmente enviou os contratos para com uma breve mensagem:
“Tudo certo aqui. Vamos fechar esse negócio.”
Ela se recostou na cadeira, olhando para as horas no relógio. Ainda restavam várias reuniões e consultas para o resto do dia, mas sabia que estava preparada. Pegou um instante para olhar pela janela, observando o movimento de Seul lá embaixo, e respirou fundo. Ainda havia muito a ser feito, mas ela sempre encontrava força em saber que cada caso que passava por suas mãos recebia sua dedicação total.
Mais uma notificação apareceu no celular, desta vez lembrando-a da reunião com um novo cliente em uma hora. Ela se levantou, ajeitou o blazer e pegou a pasta correspondente, pronta para mais um desafio.
***
Yoongi olhou para o relógio no canto da tela do computador. Já passava das oito da noite, e ele estava no estúdio desde a manhã. Seus olhos ardiam e o corpo começava a dar sinais de que precisava de descanso, mas, como sempre, ele resistia à ideia de parar. Ainda havia uma batida que não soava do jeito que ele queria. Mais alguns ajustes e ele estaria satisfeito. Ou pelo menos era o que ele se convencia a pensar.
Enquanto ajustava os níveis de uma das faixas, o som de risadas no corredor chamou sua atenção. Ele tentou ignorar, mas a porta do estúdio se abriu, e Jimin, sorrindo de orelha a orelha, entrou sem cerimônia, seguido por Hoseok e Namjoon.
— Yoongi-hyung, você está trancado aqui desde quando? Ontem?— Jimin provocou, com uma expressão brincalhona enquanto se encostava na mesa de som.
Yoongi deu um suspiro exasperado, sem sequer tirar os fones.
— Estou terminando algo. Vocês não têm nada melhor para fazer?
— Hyung, você precisa de um descanso. — Namjoon acrescentou, cruzando os braços — Nós todos precisamos, na verdade. Já faz tempo que não saímos juntos.
Hoseok se aproximou, inclinando-se sobre a mesa de Yoongi para ver o que ele estava fazendo.
— Cara, isso aqui já tá perfeito. Vamos sair, tomar uma bebida. Só uma noite de folga.
Yoongi tirou os fones e esfregou o rosto com as mãos. Ele sabia que estava exausto, mas a ideia de deixar o trabalho de lado o incomodava.
— Eu estou ocupado, vocês sabem como é.
— Você sempre está ocupado, hyung… — Jimin insistiu, empurrando levemente o ombro de Yoongi — Mas o mundo não vai acabar se você sair por algumas horas. É só uma volta pela cidade, nada demais. E depois você pode voltar e terminar tudo amanhã.
Yoongi lançou um olhar para os amigos, todos esperando por sua resposta. Ele sabia que, mesmo exausto, Jimin não ia desistir até que o convencessem. Hoseok e Namjoon o observavam, cúmplices. No fundo, Yoongi sabia que eles tinham razão — ele precisava de uma pausa.
— Vocês não vão desistir, né? — Ele perguntou, sabendo a resposta.
— Nem pensar! — Jimin riu — Estamos te sequestrando hoje, quer você queira ou não.
— Eu estou no carro, esperando. – Hoseok acrescentou, já começando a sair da sala, claramente confiante de que Yoongi iria ceder.
Yoongi suspirou novamente, mas desta vez com uma pontada de resignação.
—Tá bom, tá bom. Me dêem só cinco minutos.
Enquanto ele desligava o computador e guardava alguns papéis, Namjoon deu um sorriso satisfeito.
— Finalmente. Vamos relaxar um pouco, hyung. Você merece.
Poucos minutos depois, Yoongi saiu do estúdio com Jimin ao seu lado, caminhando pelos corredores da gravadora com a sensação estranha de que estava deixando algo inacabado. Mas, ao mesmo tempo, a ideia de desligar por algumas horas e se perder pela noite em Seul com os amigos parecia menos incômoda do que antes.
— Então, pra onde vamos? — Yoongi perguntou enquanto eles entravam no carro, onde Hoseok já esperava no banco do motorista.
— Tem um bar novo que abriram perto de Hongdae… — Jimin respondeu animadamente — Achei que podíamos ir lá, tomar uns drinques, quem sabe até ouvir uma boa música ao vivo.
Yoongi deu de ombros.
— Tudo bem, mas só por algumas horas.
Namjoon riu.
— É o que todos dizem no início, hyung.
O carro começou a andar pelas ruas iluminadas de Seul, enquanto Yoongi se permitia, pela primeira vez em muito tempo, relaxar na companhia dos amigos. Ele ainda pensava nas batidas inacabadas, mas uma noite de folga — só uma noite — parecia uma boa ideia.
***
caminhava pelas ruas movimentadas de Hongdae, tentando acompanhar o ritmo das amigas, mas cada passo parecia mais difícil. Os saltos altos, que ela tinha escolhido na pressa antes de sair de casa, agora pareciam uma péssima ideia. O vento frio da noite também começava a cortar sua pele, e ela encolheu os ombros, cruzando os braços na tentativa de se aquecer.
— Por que eu insisti nesses sapatos? E outra, eu estou congelando… — Ela murmurou, tentando manter o equilíbrio nos paralelepípedos enquanto e sua outra amiga, , uma advogada inglesa que tinha se mudado para Seul há alguns anos, andavam à sua frente, rindo e conversando animadamente.
olhou por cima do ombro e deu uma risada leve.
— , por que você colocou esses saltos? Sabe que a gente vai andar muito hoje!
— Porque eu sou uma advogada respeitável, e advogadas respeitáveis usam saltos altos! — resmungou, embora soubesse que a decisão tinha sido mais por impulso do que por lógica.
, com seu sotaque inglês ainda evidente, virou-se e olhou para ela com um sorriso travesso.
— Respeitável ou não, você está reclamando desde que saímos do seu prédio. Devia ter trazido uma jaqueta mais grossa também. Esse frio está só começando.
suspirou e deu um sorriso cansado.
— Vocês estão certas. Mas o que eu posso fazer agora, além de sofrer?
balançou a cabeça, divertindo-se.
— Aproveita a noite, vamos beber algo quente e logo você esquece o frio e os saltos.
As três continuaram andando pelas ruas movimentadas, as luzes de neon e os letreiros brilhantes de Hongdae criando uma atmosfera vibrante ao redor. Grupos de pessoas riam e conversavam, a música alta saía de bares e cafés lotados. tentou se concentrar em aproveitar a companhia das amigas, mas não podia evitar o incômodo dos saltos e do frio cortante.
Enquanto passavam por uma esquina mais lotada, estava distraída, olhando para as vitrines de lojas, quando sentiu um impacto forte. Alguém havia esbarrado nela com força suficiente para fazê-la perder o equilíbrio. Por reflexo, ela segurou a pessoa que a tinha esbarrado, antes de murmurar rapidamente:
— Ah, desculpa, eu estava…
Ela parou no meio da frase ao levantar os olhos. O homem à sua frente também havia parado, olhando diretamente para ela, e por um segundo, o barulho das ruas, das conversas e dos carros ao redor pareceu diminuir. congelou. Aquele rosto, mesmo depois de tantos anos, ainda era familiar demais. Os traços levemente mais maduros, o olhar ainda intenso… Era impossível confundir.
— Yoongi? — O nome saiu de sua boca antes que ela pudesse sequer pensar.
Ele piscou, como se também estivesse se dando conta de quem estava à sua frente. O choque estava estampado em seus olhos, mas foi rapidamente seguido por uma mistura de surpresa e algo que não conseguia identificar completamente. Reconhecimento, sim, mas também uma nostalgia amarga, como se estivesse encarando um fantasma do passado.
— ? — A voz dele soou quase incrédula, mas havia um calor ali, uma lembrança que ela não conseguia ignorar.
Por um breve momento, o tempo parecia ter voltado. Mesmo com os anos que se passaram, mesmo com as vidas completamente diferentes que seguiam agora, aquele instante os conectava novamente. Os sentimentos de amizade e carinho, talvez algo mais, estavam ali, enterrados, mas nunca realmente esquecidos.
Ambos ficaram imóveis, observando um ao outro, enquanto o caos da rua seguia normalmente ao redor. e , percebendo a mudança de expressão de , pararam logo atrás, silenciosas, captando a tensão no ar.
A sensação de algo inacabado, de algo perdido e reencontrado, pairava entre eles. E nenhum dos dois parecia saber como quebrar aquele momento.
Segundo Capítulo
piscou os olhos diversas vezes enquanto continuava encarando Yoongi ali, a centímetros dela.
piscou os olhos várias vezes, tentando se convencer de que a visão à sua frente era real. Yoongi estava mesmo ali, a poucos centímetros dela, olhando-a como se também estivesse tentando entender se aquilo era um sonho ou realidade. Havia uma década que não se viam, e em algum lugar dentro dela, uma nostalgia confusa começou a surgir, misturada ao choque de reencontrá-lo em um momento tão improvável.
— Yoongi? — ela repetiu, quase num sussurro, como se dizer o nome dele em voz alta fosse necessário para confirmar que era mesmo ele. Cada detalhe estava ali — os olhos intensos, a postura cuidadosa, e até mesmo o leve franzir das sobrancelhas, que ela lembrava tão bem. Ao vê-lo, a imagem do Yoongi de dez anos atrás começou a se sobrepor à figura diante dela, criando uma sensação de déjà vu que a deixava sem palavras.
Yoongi abriu a boca para responder, mas fechou logo em seguida, hesitando. Ele também parecia atordoado. Seus olhos percorriam o rosto dela com uma expressão de incredulidade, como se ele estivesse revendo todas as lembranças em que fazia parte, tentando conciliar aquela de suas memórias com a mulher diante dele. Era como se o tempo tivesse parado entre eles, e todas as conversas e risadas de sua infância retornassem de uma só vez.
— … quanto tempo. — Ele disse finalmente, num tom baixo, mas ainda carregado de surpresa e uma pitada de carinho.
Ela forçou um sorriso, tentando afastar o nervosismo.
— Sim, muito tempo… eu quase não te reconheci.
Mas isso não era exatamente verdade. Mesmo com as mudanças no rosto dele, havia algo em Yoongi que parecia imutável, algo familiar que ela sentia desde o primeiro olhar.
O choque no rosto dele suavizou-se, transformando-se em um sorriso discreto, quase nostálgico.
— Eu diria o mesmo… mas de algum jeito, é como se não tivesse mudado nada.
Aquelas palavras a fizeram estremecer levemente. Um turbilhão de sentimentos começou a surgir em seu peito — uma mistura de felicidade, curiosidade e algo mais profundo, quase esquecido. Ela queria perguntar tantas coisas, saber por onde ele havia andado, como tinha sido sua vida até ali… mas tudo o que conseguiu foi um silêncio pesado, ambos ainda presos na surpresa do reencontro.
Por um instante, tudo ao redor parecia desfocado, como se fossem as únicas duas pessoas em meio ao agito da cidade.
e , que estavam logo atrás de , pararam assim que perceberam a troca intensa de olhares entre ela e o homem desconhecido. Ambas se entreolharam com curiosidade, um pouco confusas, mas claramente intrigadas pela forma como parecia ter congelado diante dele. Era como se ela tivesse sido transportada para outra realidade, tão concentrada que nem notava as amigas.
— Quem é esse? Ela parece… chocada… — murmurou , inclinando-se na direção de .
— Eu… eu acho que nunca ouvi falar dele antes. — respondeu , surpresa com o olhar fixo de e o modo como ela parecia incapaz de desviar o olhar. A expressão de surpresa no rosto da amiga deixava claro que não era um encontro qualquer.
Do outro lado, Jimin, Namjoon e Hoseok observavam Yoongi, um pouco mais afastados. Jimin inclinou a cabeça, claramente confuso, mas com um sorriso divertido.
— Quem diria que o Yoongi ia dar de cara com alguém assim no meio da rua… olha só a cara dele! — Sussurrou, apontando para o amigo, cujo olhar parecia dividido entre o choque e uma espécie de fascinação silenciosa.
Hoseok deu uma risada baixa.
— Acho que faz tempo que não vejo Yoongi tão sem reação. Quem será ela?
— Talvez… alguém importante. — Disse Namjoon, arqueando uma sobrancelha ao ver o sorriso discreto nos lábios de Yoongi, quase como se ele estivesse perdido em lembranças.
As duas turmas de amigos continuaram observando, cada um com expressões que iam da curiosidade ao divertimento, mas respeitaram a distância, sentindo que aquele momento tinha uma carga especial.
e Yoongi ainda pareciam alheios a tudo ao redor, como se a noite, o frio e as ruas agitadas de Hongdae tivessem deixado de existir. Mesmo sem palavras, algo forte pulsava no ar entre eles, como se aquele reencontro fosse um fio solto que, finalmente, começava a ser desatado.
e Yoongi continuavam se encarando, ambos absorvidos na intensidade do momento, quando um som de pigarro alto e intencional quebrou o silêncio entre eles.
, com um sorriso malicioso nos lábios, lançou um olhar divertido para a amiga.
— Então… alguém vai nos apresentar ou estamos atrapalhando alguma coisa?
piscou, como se estivesse despertando de um transe, e virou-se lentamente para as amigas, o rosto levemente corado. Ela abriu a boca para dizer algo, mas as palavras pareciam escapar antes mesmo de tomarem forma. , percebendo o embaraço de , deu uma risadinha e lançou um olhar curioso para Yoongi.
— Não queríamos interromper. — Ela disse, levantando as mãos com um sorriso de desculpas. — Mas acho que estamos curiosas demais para ficar caladas.
Do lado de Yoongi, Jimin deu uma risada, claramente se divertindo com a situação, e fez questão de ajudar a “quebrar o gelo“.
— Ah, então vocês conhecem o Yoongi? — Ele disse, olhando para e as amigas com um sorriso travesso. — Faz tempo que não vemos ele assim, meio… perdido.
Yoongi revirou os olhos, mas não pôde evitar um pequeno sorriso antes de se virar novamente para .
— Desculpem. — Ele murmurou, voltando-se para os amigos de ambos — Acho que nos deixamos levar.
, ainda um pouco sem graça, respirou fundo, tentando recuperar o controle.
— Ah, sim… Gente, este é Min Yoongi… — ela disse, apresentando-o com um sorriso tímido — Meu melhor amigo… de infância.
A troca de olhares entre os amigos e a forma como o clima ao redor deles parecia mais leve, mas indicava que aquele momento havia deixado todos igualmente intrigados.
Yoongi soltou um suspiro, virando-se para os amigos e indicando com um leve movimento da cabeça que ele queria um momento a sós com .
— Acho que vocês podem seguir sem mim por agora… — disse ele, a voz firme, mas com um toque de pedido silencioso. — Preciso conversar com a .
Jimin abriu um sorriso travesso, claramente entendendo o recado.
— Claro, claro… Não vamos atrapalhar vocês. Vamos, Hoseok e Namjoon! — Ele deu um tapinha no ombro de Yoongi, lançando-lhe um olhar de cumplicidade. — A gente se vê mais tarde.
Hoseok fez um aceno para e as amigas, sorrindo.
— Aproveitem a noite, vocês dois. — disse ele, guiando Jimin para que deixassem o casal a sós.
Do lado de , e trocaram olhares rapidamente, uma sobrancelha arqueada e sorrisos que denunciavam que estavam adorando a situação. deu um último olhar sugestivo para antes de falar,
— Certo, vamos andando então. Qualquer coisa, manda uma mensagem.
assentiu, ainda um pouco atordoada, e observou enquanto as amigas se afastavam, deixando-a a sós com Yoongi no meio da rua movimentada de Hongdae. Assim que os amigos estavam longe o suficiente, ela se virou para ele, respirando fundo, tentando ordenar os próprios pensamentos.
Yoongi enfiou as mãos nos bolsos, uma expressão quase contemplativa em seu rosto.
— Parece que temos muito para colocar em dia, não é?
***
Yoongi e começaram a caminhar lado a lado pela movimentada Hongdae, sem pressa. O silêncio entre eles era quase palpável, mas não desconfortável — era como se ambos estivessem absorvendo a presença um do outro, tentando se acostumar com a ideia de estarem juntos novamente depois de tanto tempo.
As luzes dos letreiros iluminavam suas faces conforme passavam por bares e lojas, e o som da música e das risadas dos outros ao redor parecia distante. segurava a alça de sua bolsa, enquanto seus olhos passeavam entre a calçada e o perfil de Yoongi ao lado dela, sentindo uma mistura de nervosismo e nostalgia.
Após alguns minutos, Yoongi olhou em volta e avistou uma pequena praça, mais afastada do agito. Ele apontou com a cabeça e a guiou até um banco sob uma árvore, onde as luzes eram suaves e a multidão já não os alcançava. Assim que se sentaram, ele apoiou os cotovelos sobre os joelhos, os olhos fixos no chão por um instante, parecendo refletir.
se ajeitou ao lado dele, soltando um suspiro leve, sentindo a tensão diminuir agora que estavam em um lugar mais tranquilo. Ela observou Yoongi, esperando que ele dissesse algo, mas notando que, assim como ela, ele parecia estar processando tudo.
Depois de alguns segundos de silêncio, ele ergueu o olhar e encontrou o dela.
— Nunca imaginei que te encontraria assim, por acaso. — murmurou, um leve sorriso nostálgico brincando em seus lábios.
— Confesso que achei que nunca mais ia ver você…
Yoongi a observou por um momento, suas palavras despertando memórias de uma época distante, quase esquecida. Ele deixou o olhar vagar, os cantos dos lábios puxados em um sorriso suave, quase melancólico.
— Eu também. — Ele admitiu, desviando o olhar para o horizonte. — Achei que… bom, que éramos apenas uma parte daquelas lembranças de infância que a gente guarda e nunca revisita.
sorriu, seus dedos brincando com a alça da bolsa sobre o colo.
— Engraçado como, mesmo sem notícias, você nunca saiu das minhas memórias — confessou, a voz quase um sussurro. — E aqui estamos nós… adultos, levando vidas completamente diferentes.
Yoongi assentiu, parecendo absorver as palavras dela.
— É estranho, né? — Ele riu baixo. — A gente cresce achando que vai manter todo mundo por perto, mas o tempo vai passando… e quando se dá conta, aquela pessoa que era seu mundo parece um estranho.
sentiu o peito apertar. Aquelas palavras a atingiram em cheio.
— Mas talvez… talvez não seja tão tarde para mudar isso… — ela disse, tentando conter a ansiedade que surgia com aquela ideia.
Yoongi ergueu o olhar, seus olhos encontrando os dela, e por um instante, o tempo pareceu desacelerar.
— Talvez… — ele respondeu, a voz carregada de algo que não conseguia identificar, uma mistura de expectativa e cautela — Eu gostaria disso.
O silêncio voltou a pairar entre eles, mas desta vez, havia algo mais: uma promessa não dita, uma esperança silenciosa.
Yoongi desviou o olhar, deixando um sorriso leve e descontraído surgir em seus lábios.
— Você tá com fome? — perguntou, quebrando o silêncio com uma simplicidade que fez sorrir também.
Ela assentiu, ajeitando uma mecha de cabelo atrás da orelha.
— Pra ser sincera… eu estou morrendo de fome. Hoje foi um daqueles dias em que mal tive tempo de almoçar.
Ele riu, balançando a cabeça em compreensão.
— Então vamos resolver isso. Acho que conheço um lugar aqui perto. Pequeno, meio escondido, mas a comida é ótima.
levantou-se ao lado dele, sentindo a leveza daquele reencontro inusitado transformando uma noite comum em algo inesperadamente especial.
— Me parece perfeito… — disse, olhando para Yoongi com uma expressão curiosa. — Vamos lá.
Enquanto caminhavam pela rua, lado a lado, ela se perguntou quantas vezes teria passado por aquele mesmo lugar sem nunca imaginar que o reencontro com ele poderia acontecer — e que, de repente, seria tão fácil e natural.
Yoongi levou até uma pequena e aconchegante taverna escondida entre as ruas de Hongdae, um lugar que claramente passaria despercebido para quem não conhecesse bem a área. O cheiro de comida caseira os envolveu assim que entraram, e o ambiente, com suas luzes amareladas e decoração simples, os fez sentir como se estivessem em um refúgio acolhedor.
Eles se sentaram em uma mesa próxima à janela, de onde podiam observar o movimento tranquilo da rua. Uma senhora simpática apareceu para atendê-los, e Yoongi, que parecia já conhecer bem o cardápio, se virou para com um sorriso cúmplice.
— Tem algo que você não come? — Ele perguntou, enquanto estudava o cardápio.
Ela riu e balançou a cabeça.
— Depois de hoje, acho que como qualquer coisa. Surpreenda-me.
Yoongi assentiu e pediu algumas porções de comida: tteokbokki, kimchi-jjigae e alguns acompanhamentos.
— E duas garrafas de soju, por favor. — Ele completou, olhando para com um sorriso malicioso — Acho que a noite merece.
Assim que a senhora se afastou para buscar os pedidos, se recostou na cadeira, observando Yoongi com um sorriso de nostalgia.
— Nunca pensei que estaria aqui com você, bebendo soju e esperando comida caseira. — Ela comentou, rindo levemente.
Yoongi deu de ombros, relaxando no assento.
— Às vezes, as melhores noites são as que a gente não planeja.
Ele a observou por um instante, e o olhar de ambos se encontrou, carregado de uma familiaridade doce e esquecida.
Terceiro Capítulo
Yoongi estava encostado contra a parede, sentado no chão frio da sala de prática da Hybe, com um copo de café gelado na mão. Ele observava atentamente enquanto Hoseok e Jimin se moviam pela sala, executando passos de dança com uma precisão que só os dois eram capazes de alcançar. A música pulsava alto nos alto-falantes, mas Yoongi parecia alheio ao ritmo envolvente, tão focado nos movimentos fluidos dos amigos que mal notava o tempo passar.
Hoseok e Jimin estavam sincronizados como sempre, o contraste entre o estilo mais explosivo de Hoseok e a energia mais controlada de Jimin criando uma dinâmica perfeita. Yoongi tomava pequenos goles do café gelado, absorvendo o ambiente, a energia vibrante que preenchia a sala, mas sua mente estava longe, como sempre nos momentos de introspecção.
– Você não vai se mexer, hyung? – Hoseok brincou, interrompendo o ritmo com uma risada, enquanto parava ao lado de Yoongi, ainda ofegante pela intensidade da dança.
Yoongi levantou o olhar, um sorriso leve escapando de seus lábios.
– Não estou no clima, hoje. – Ele balançou o copo de café gelado, fazendo o gelo tilintar, antes de dar mais um gole. – Só observando.
Jimin se aproximou também, jogando a toalha no pescoço e rindo.
– Você sempre diz isso, mas a gente sabe que está planejando algo novo no seu estúdio. – Jimin sempre tinha um jeito de entender Yoongi sem precisar de palavras, e, como de costume, seus olhos brilharam de diversão.
Yoongi revirou os olhos, mas não negou.
– Talvez. – Ele não se importava de ser o centro da atenção nesse momento. Em vez disso, preferia observar, absorver, sem pressa. O som da música, a batida perfeita dos passos de dança, tudo estava em perfeita harmonia — uma sensação rara de serenidade para alguém como ele, tão focado no trabalho.
Hoseok e Jimin trocaram um olhar cúmplice antes de se virar para ele novamente.
– Quando você decidir se mexer, hyung, não vai ter mais desculpas – Hoseok provocou, puxando Jimin para mais uma rodada de passos.
Yoongi não respondeu de imediato. Em vez disso, ele observou os dois com um sorriso discreto, perdido em seus próprios pensamentos. O trabalho, a música, as pessoas… tudo parecia estar em movimento, e ele, de alguma forma, ainda procurava seu lugar naquele turbilhão. Mas por agora, ele estava bem ali, no chão frio da sala, com o café na mão, e um momento de paz que não precisava ser compartilhado com mais ninguém.
***
– Você nem contou para a gente sobre aquela sua amiga… de onde vocês se conhecem? – Hoseok se jogou ao lado de Yoongi no chão, ensopado de suor e até um pouco ofegante –
– Os meninos comentaram dessa tal amiga…o que você tá escondendo da gente? – Jimin jogou os cabelos para trás com as duas mãos enquanto limpava o próprio rosto com uma toalha –
Yoongi suspirou, inclinando a cabeça para trás e apoiando-a na parede enquanto observava o teto da sala de prática. Ele demorou um instante antes de responder, balançando o copo de café nas mãos.
— Não tem nada para esconder. — A resposta saiu em um tom despretensioso, mas o sorriso sutil no canto dos lábios entregava mais do que ele queria admitir.
Hoseok riu, cutucando Yoongi com o cotovelo.
— Ah, claro. Porque você é sempre tão aberto sobre sua vida, né, hyung? Anda, conta logo!
Jimin sentou-se à frente deles, ainda secando o suor com a toalha e cruzando as pernas.
— É sério, hyung. Os meninos disseram que você sumiu no meio da noite. Quem é essa amiga que você estava tão ocupado reencontrando?
Yoongi fechou os olhos por um momento, deixando as memórias daquela noite voltarem à tona. Ele podia ver claramente à sua frente, a maneira como ela o encarou surpresa, os olhos arregalados que imediatamente o transportaram para a infância.
— . — Ele finalmente disse, abrindo os olhos e fitando os amigos.
— ? — Hoseok repetiu, franzindo o cenho. — Esse nome não me é estranho…
Yoongi soltou um riso leve.
— Porque eu já mencionei ela antes. Muito tempo atrás.
Jimin piscou, como se tentasse conectar as peças.
— Espera… ela é aquela sua amiga de infância? A que você perdeu contato?
Yoongi assentiu, um sorriso nostálgico se formando em seus lábios.
— Essa mesma. A gente se reencontrou por acaso em Hongdae ontem à noite.
— Uau. — Jimin parecia genuinamente impressionado. — E como foi?
Yoongi respirou fundo, as imagens do reencontro ainda tão vívidas quanto as emoções que o acompanharam.
— Foi… estranho, mas ao mesmo tempo, pareceu natural. Depois de tanto tempo, eu achei que nem iria reconhecê-la, mas bastou um olhar.
Jimin arqueou uma sobrancelha, claramente intrigado.
— E o que aconteceu depois?
Yoongi deu de ombros, tentando minimizar a intensidade do que sentia.
— Conversamos, comemos alguma coisa, bebemos um pouco. Nada demais.
Hoseok e Jimin trocaram um olhar cúmplice, e Jimin foi o primeiro a falar.
— Sei. Nada demais.
— Exatamente, nada demais. — Yoongi insistiu, mas a leveza em seu tom deixou claro que talvez fosse um pouco mais do que ele queria admitir.
Hoseok riu, batendo no ombro de Yoongi antes de se levantar.
— Tá bom, hyung. Se for “nada demais”, vamos ver quanto tempo vai levar para você falar dela de novo.
Yoongi apenas revirou os olhos, tentando ignorar os sorrisos provocadores dos dois. Mas, no fundo, ele sabia que tinha deixado algo marcado nele — algo que nem ele ainda entendia completamente.
Yoongi suspirou e se levantou, ajeitando a camiseta e pegando o copo vazio de café que agora só continha gelo derretido. Ele olhou para Jimin e Hoseok com um sorriso contido.
— Bom, eu vou voltar para o meu estúdio. Tenho umas ideias para finalizar antes que percam a graça na minha cabeça.
Hoseok jogou a toalha no ombro e sorriu.
— Certo, hyung. Vai lá criar mais um hit.
Jimin cruzou os braços e arqueou uma sobrancelha em direção a Hoseok.
— E nós? Vamos ajustar mais uns detalhes da coreografia antes de terminar.
— Isso aí. Ainda tem um movimento ou outro que quero testar. — Hoseok assentiu, já se movendo em direção ao centro da sala.
Yoongi acenou para os dois e saiu, o som abafado dos passos ecoando pelo corredor da Hybe enquanto ele se dirigia ao seu estúdio. Ele gostava da tranquilidade daquele espaço — o isolamento, o silêncio que era cortado apenas pelo som que ele criava. Era seu santuário, onde tudo fazia sentido.
Assim que entrou, deixou o copo vazio na mesa ao lado e ligou o equipamento. As luzes suaves do estúdio se acenderam, criando o ambiente perfeito para sua criatividade. Ele se sentou na cadeira giratória e começou a ajustar alguns parâmetros no software de produção. As batidas surgiram novamente, e ele começou a trabalhar, mas sua concentração logo vacilou.
A imagem de voltou à sua mente, como se estivesse ali com ele. Ele podia quase ouvir o tom suave da voz dela enquanto conversavam na noite anterior, o jeito como ela sorria de lado, algo entre nostalgia e surpresa.
Yoongi passou uma mão pelo cabelo, frustrado consigo mesmo. “Por que eu tô pensando nisso agora?” murmurou para si mesmo. Ele tentou se concentrar na música, mas cada batida parecia sincronizar com o som das risadas que ele se lembrava de compartilhando quando eram crianças.
Ele recostou-se na cadeira, girando-a levemente para encarar a janela do estúdio, que dava uma vista privilegiada para as luzes de Seul. “Tantos anos”, pensou, “e ainda assim, é como se eu nunca tivesse esquecido.”
Yoongi sabia que precisava trabalhar, mas aquela distração tinha vindo para ficar. Ele suspirou, finalmente permitindo que a memória dela ocupasse seus pensamentos, pelo menos por mais alguns minutos, antes de tentar retomar o controle.
***
chegou ao escritório abarrotada de pastas como sempre e olhou para ela por cima dos óculos.
— Nunca entendi porque você não digitaliza essas documentações todas e fica andando com esse tanto de papel para cima e para baixo.
suspirou, depositando as pastas com cuidado na mesa, como se carregasse algo extremamente valioso — e, de certa forma, era.
— Porque nem tudo pode ser digitalizado, . — Ela respondeu, ajeitando o casaco enquanto se sentava em sua cadeira. — E, além disso, eu confio mais no papel. Ele não sofre pane do sistema, não perde bateria e não precisa de senha para abrir.
revirou os olhos, tirando os óculos e os colocando em cima da mesa.
— Certo, senhora da tecnologia do século passado. Só espero que você não perca nenhum desses papeis no meio do caminho, porque aí não vai ter sistema ou backup para te salvar.
— Não vou perder nada. — retrucou com firmeza, pegando uma caneca de café ainda morna que estava na sua mesa. — E, se você quiser, pode ficar com os casos digitais. Eu fico com os que exigem um toque mais pessoal.
soltou uma risada curta.
— Ah, então agora é “toque pessoal”? Tá bom, eu vou deixar você viver no seu universo analógico, mas só porque sei que ninguém organiza melhor essas pastas do que você.
deu um sorriso satisfeito e começou a folhear uma das pastas. Enquanto fazia anotações rápidas, ela percebeu a observando de novo.
— O que foi agora? — perguntou sem levantar os olhos.
— Você está diferente hoje. — respondeu, inclinando-se sobre a mesa com curiosidade. — Não sei, parece que está… distraída.
hesitou por um momento, sua caneta parando de escrever. Ela sabia exatamente o que a estava distraindo, mas não tinha certeza se queria compartilhar.
— Só um pouco cansada. — Ela murmurou, tentando encerrar o assunto.
estreitou os olhos, claramente não acreditando, mas não insistiu.
— Certo, se você diz. Mas me avisa se precisar de alguma coisa.
— Sempre aviso. — respondeu com um sorriso, voltando a fingir estar completamente absorvida em suas anotações.
Enquanto lia, no entanto, sua mente vagava inevitavelmente para a noite anterior, para o reencontro inesperado com Yoongi. Ela sentiu o peito apertar levemente ao se lembrar do sorriso dele, da maneira como seus olhos ainda tinham aquele brilho tranquilo que ela sempre admirara na infância.
“Preciso parar de pensar nisso.”, disse para si mesma, focando na pilha de papeis à sua frente. Mas, mesmo assim, a lembrança de Yoongi pairava no fundo de sua mente, tornando-se um companheiro silencioso enquanto o dia no escritório avançava.
***
Yeonji deu algumas batidinhas na porta e então a abriu sem esperar as amigas responderem se ela podia entrar, e ambas acharam que era a secretária, levantando os olhos no mesmo instante. Ela sequer considerava esperar permissão ou seguir protocolos básicos. Esse era o jeito dela — espontânea ao extremo, com uma presença que podia ser tanto encantadora quanto exasperante, dependendo de quem a encontrasse.
e trocaram olhares, um misto de surpresa e resignação.
— Olá, minhas trabalhadoras incansáveis! — Yeonji exclamou, ignorando qualquer formalidade e caminhando direto até a mesa de .
Era fácil perceber que Yeonji nunca foi alguém que se preocupava com normas, convenções ou qualquer tipo de regra imposta. Ela sempre fez questão de viver à sua maneira, sem deixar que expectativas externas moldassem seu comportamento. Algumas pessoas achavam isso libertador; outras, simplesmente irritante.
Ela era o tipo de pessoa que começava uma conversa no meio, como se o mundo inteiro já soubesse do contexto. O tipo que atravessava a rua sem se preocupar com o sinal, que entrava em ambientes desconhecidos como se fossem extensões da sua própria casa.
— Você já ouviu falar em bater e esperar antes de entrar? — perguntou, arqueando uma sobrancelha enquanto colocava os óculos de volta.
Yeonji apenas deu de ombros, colocando a sacola de papel sobre a mesa de .
— Eu bati. — Ela respondeu, como se isso fosse o suficiente para justificar sua entrada abrupta. — Além disso, vocês sabiam que era eu. Quem mais entra com tanto entusiasmo?
balançou a cabeça, mas não conseguiu segurar um sorriso. Era impossível não se deixar contagiar pela energia de Yeonji, mesmo quando ela quebrava as regras mais básicas de etiqueta.
— E o que você trouxe dessa vez? — perguntou, olhando para a sacola com curiosidade.
— O melhor pão de queijo de Seul. Foi a Denise que indicou! — Yeonji anunciou, como se estivesse apresentando um troféu. — Pensei que vocês precisavam de um incentivo para sobreviver ao resto do dia.
— Ah, claro, porque quebrar a dieta da e me distrair do trabalho são suas missões de vida. — comentou, mas já se levantando para espiar o conteúdo da sacola.
Yeonji riu, completamente indiferente às críticas disfarçadas de brincadeira. Ela era assim: única, imprevisível e, de certa forma, irresistivelmente cativante.
— Fiquei sabendo que a tem fofoca para contar… — Yeonji soltou de repente, com o tom casual de quem comentava o clima, mas com os olhos brilhando de curiosidade mal contida.
, que estava no meio de um gole de café, engasgou levemente e tentou disfarçar, mas o rubor que subiu às suas bochechas a entregou.
— Eu? Fofoca? De onde você tirou isso? — Ela perguntou, tentando parecer inocente, mas sua voz soou um pouco mais aguda do que o normal.
— Oh, por favor. Eu reconheço um segredo guardado quando vejo um. — Yeonji retrucou, inclinando-se contra a mesa com um sorriso travesso. — Mas espera! Melhor ideia. Por que não almoçamos todas juntas hoje? Você aproveita e conta para o grupo todo.
, que estava tentando manter o foco em seus papeis, revirou os olhos dramaticamente.
— Você nem sabe se ela quer compartilhar isso conosco, Yeonji. — comentou, ajustando os óculos e lançando um olhar cético para a amiga. — não é obrigada a alimentar sua sede insaciável por histórias alheias.
— Ai, , você sempre tão literal. — Yeonji retrucou, fingindo estar ofendida, mas claramente se divertindo. — É só um almoço entre amigas. Nada de pressão.
olhou de uma para outra, ainda corando, mas tentando recuperar o controle da situação.
— Eu… não tenho nada de muito interessante para contar. — ela começou, mas a hesitação em sua voz só serviu para alimentar ainda mais a curiosidade de Yeonji.
— Claro que não. — Yeonji falou com um sorriso conspiratório. — E eu também não comprei esses pães de queijo só para ganhar pontos de fofura.
— Honestamente, Yeonji, às vezes eu me pergunto como conseguimos lidar com você. — disse, embora uma leve curva em seus lábios traísse a irritação fingida.
— Porque no fundo, vocês me adoram. — Yeonji rebateu, rindo enquanto roubava um dos pães de queijo que tinha acabado de oferecer.
suspirou, sabendo que, gostando ou não, Yeonji provavelmente não largaria o assunto tão cedo. E, no fundo, ela também sabia que talvez fosse bom compartilhar um pouco do que estava entalado em sua mente — mas definitivamente precisava decidir como e o quanto revelar.
***
Yoongi desligou a última trilha no computador e se recostou na cadeira, soltando um suspiro. Apesar de sua concentração no trabalho, os pensamentos sobre ainda pairavam no fundo de sua mente como uma melodia inacabada. Decidido a mudar o foco, ele se levantou, pegou seu caderno de anotações e um pen drive, e saiu de seu estúdio rumo ao de Namjoon.
O corredor estava silencioso, exceto pelo som abafado de alguma música vindo de outra sala de prática. Yoongi apreciava esses momentos de tranquilidade no prédio da Hybe, onde a criatividade parecia fluir como uma corrente contínua.
Ao chegar ao estúdio de Namjoon, ele bateu levemente na porta antes de abri-la. Namjoon estava sentado em frente à sua mesa, com fones de ouvido enormes, ajustando alguma batida no computador. Ele levantou os olhos e sorriu ao ver Yoongi.
— Ei, já estava esperando você. — Namjoon tirou os fones e se levantou para cumprimentar o amigo. — Pronto para dar vida a mais uma obra-prima?
Yoongi deixou o caderno e o pen drive na mesa ao lado de Namjoon e deu um leve sorriso.
— Vamos ver o que conseguimos fazer. Tenho algumas ideias para as melodias, mas quero ouvir o que você tem para a composição primeiro.
Namjoon puxou uma cadeira para Yoongi e apertou alguns botões no teclado, colocando a base da música para tocar.
— Estou pensando em algo mais melancólico, sabe? Algo que capture aquele sentimento de nostalgia, de algo que você queria que tivesse sido diferente.
Yoongi inclinou a cabeça, ouvindo atentamente. Ele tamborilou os dedos na mesa, já começando a formular como encaixaria as melodias.
— Isso tem potencial. — ele murmurou. — Talvez a gente possa usar um piano mais suave aqui no começo e depois trazer cordas para intensificar no refrão.
Namjoon acenou, concordando.
— Gosto disso. E para a letra, estava pensando em algo sobre reencontros. Não necessariamente romântico, mas aquele momento de olhar para trás e perceber o quanto as coisas mudaram.
Yoongi deu uma risada baixa.
— Interessante. Parece que você anda pensando nisso mais do que eu esperava.
Namjoon arqueou uma sobrancelha, intrigado, mas antes que pudesse perguntar, Yoongi já estava focado no computador, ajustando as notas e testando acordes.
— Vamos fazer isso funcionar. — Yoongi disse, colocando os fones e se perdendo novamente no trabalho.
Mesmo assim, enquanto a melodia ganhava forma, ele não conseguia evitar o leve sorriso que surgia em seus lábios ao lembrar do encontro com na noite anterior. Talvez, de alguma forma, aquele reencontro estivesse influenciando mais do que ele gostaria de admitir.
Eu vendo a menção do TXT e só “SERÁ QUE MEU SOOBIN VAI DAR O AR DA GRAÇAAA??” kkkk
Também esperando meu Jinzito <3
Vamos ver no que vai dar esse reencontro HEHEHEH
Aquele awkward silence com o grupo de amigos confusos sobre o que está rolando com os principais HAHAHHA
Concordo com o Suga que muitas das melhores coisas vem sem planejamento (e quem não ama uma surpresinha boa, né?)