1. Paradise
“Sim vamos nessa!
Desafie a si mesmo,
Espalhe sua personalidade,
Faça isso!”
– One Shot / B.A.P
— Estou ansiosa pela próxima corrida. — disse null ao celular se sentando na poltrona do jato particular.
—
Estou sentindo uma animação vinda de sua voz docinho. — disse a voz masculina do outro lado da ligação.
— Está começando a me dar um sentimento de dever cumprido. — ela riu baixo.
—
Bem, já enviei para seu e-mail os dados de onde deverá ir ao chegar. — E qual meu destino desta vez?
— Vegas. — ela abriu um largo sorriso — Sinto que vou me dar bem desta vez.
—
Vou desligar primeiro, me avise quando pegar o pacote. — Ok. — ela desligou o celular, se ajeitou na poltrona e fechou seus olhos.
null estava poupando energia para sua próxima corrida, aproveitando as 16 horas de voo de Buenos Aires na Argentina até Las Vegas nos Estados Unidos, para dormir. Naquela data ela estava completando 5 anos que havia entrado oficialmente para a
Electric Shock, uma sociedade secreta formada por corredores de rua, que apesar de ser clandestina era composta por pessoas da mais alta classe social.
Ela tinha um sócio/assistente/amigo chamado Junho, que havia conhecido por indicação de Foster, um antigo corredor que a tinha recrutado quando adolescente. Porém, ela nunca havia o visto pessoalmente, eles se falavam pelo telefone e por e-mail, ele era o único integrante de sua equipe e nem precisava de mais pessoas, Junho valia por 100. Mesmo sem nunca tendo o visto, ela havia se encantado com sua voz e pelo jeito como ele a tratava, ambos se conheciam há quatro anos e sete meses, ela o tinha como seu símbolo de sorte.
Finalmente o jatinho pousou no aeroporto particular da sociedade, null pegou sua bolsa que estava ao lado e desceu.
— Bem-vinda, senhorita null. — disse um homem de cabelos grisalhos trajando um terno azul marinho.
— Obrigada. — ela sorriu para o homem — Eu sou a primeira convidada a chegar?
— Não senhorita. — ele estendeu sua mão direita mostrando um
Mercedes CLA 45 AMG First vermelho que estava à sua espera.
— Uau. — ela olhou admirada dando alguns passos em direção ao carro — Então let’s go.
Esta seria a primeira vez que null tinha sido convidada a participar de todas as corridas do circuito em um torneio anual e ela estava animada demais para isso. Passados trinta minutos no carro, o homem grisalho entrou em um condomínio fechado e estacionou em frente uma mansão, após descerem o homem a guiou até a porta de entrada.
— Está entregue, senhorita, desejo boa sorte. — ele se afastou voltando ao carro.
— Obrigada! — ela sussurrou.
Uma moça de vestido longo azul já a aguardava na porta, estava com um envelope nas mãos.
— Bem-vinda, senhorita null.
— Poderia me mostrar seu convite formal por favor. — ela a olhou tranquilamente, mantendo um sorriso no rosto.
— Sim. — null remexeu em sua bolsa e encontrando o envelope do convite a entregou — Aqui está.
A mulher pegou o envelope e confirmou os dados.
— Muito bem, confirmado, suas malas serão levadas em alguns minutos — a moça esticou o envelope para ela — Boa sorte, senhorita, seu pacote já se encontra na garagem.
null pegou o envelope e se afastou o abrindo, havia duas chaves dentro uma do seu quarto e outra do seu pacote.
—
Good Morning, lady. — disse um homem ao se aproximar dela.
— Bom dia. — ela arqueou a sobrancelha e o olhou de baixo para cima — Eu te conheço?
— Não. — ele pegou sua mão direita e deu um beijo de leve — Ainda.
— E posso saber quem é? — ela o olhou meio interessada.
— O anfitrião da festa. — disse Marcus, um corredor rival ao se aproximar — Mas não se aproxime muito dela, essa mulher pode ser sua ruína. — ele lançou um olhar ameaçador para ela.
— Com esta beleza não duvido. — o homem me olhou — Mas prefiro arriscar.
— Senhores, agradeço os elogios, mas vou me retirar.
— Te verei no coquetel de hoje à noite? — o olhar daquele homem misterioso ficou ainda mais profundo.
— Possivelmente. — ela sorriu de canto e subiu as escadas.
Apesar de não se considerar muito bonita, ela sabia explorar seu charme feminino a seu favor e isso fazia dela a corredora mais desejada entre os homens e mais invejada entre as mulheres. Quando entrou em seu quarto, ela jogou sua bolsa na cama olhou para o canto e viu que suas malas já estavam à sua espera, ela caminhou até o banheiro, retirou sua roupa e tomou uma ducha quente para relaxar o corpo. Quando voltou paro o quarto enrolada na toalha se lembrou que tinha que fazer uma ligação, correu até a bolsa e ligou para seu sócio.
— Junho?! — disse ela no susto após a quinta chamada da ligação.
—
Hum?! — disse ele do outro lado da linha —
Isso são horas de ligar? — Você me disse para ligar quando chegasse. — ela olhou para janela tentando não demonstrar indignação.
—
Não esta hora, estava dormindo. — E a culpa é minha do fuso horário?
—
Deixa pra lá. — ele deu uma breve pausa —
Já pegou o pacote? — Não, mas estou com as chaves, vou verificar daqui a pouco.
—
Hum. Já me mandaram a mensagem, a corrida será amanhã à noite, então cuidado para não abusar no coquetel e passar o dia de ressaca. — Não se preocupe, mamãe, esta corrida é muito importante para que eu arrisque tudo.
—
Principalmente por ter tido a sorte de ser sorteada para participar de todas. — ele a relembrou do fato memorável com um tom de preocupação.
— Não vou te decepcionar. — ela deu uma risada rápida — Eu prometo.
—
Vou desligar primeiro. — ele passou um instante calado —
Ah, antes que me esqueça, já traduzi as regras desta corrida e enviei para seu e-mail, desta vez leia, por favor. — Ok. — ela caminhou até uma de suas malas — Já disse que você é
daebak1?
— Direi de novo. — ela riu — Além de sócio, assistente, equipe técnica, amigo, você é o melhor tradutor que eu conheço, você é
daebak.
—
Se continuar assim, eu aumento minha porcentagem nos lucros. — Assim não vale, mercenário. — ela brincou.
—
Juízo. — ele desligou o telefone.
— Juízo. — ela o imitou — Como se eu não tivesse.
Ela se ajoelhou e abriu sua mala, começando a procurar uma roupa para vestir, já pensando no vestido que usaria no coquetel. Depois de se vestir, ela pegou as chaves do seu pacote que ainda estava no envelope e olhou sorrindo para seu chaveiro de estimação, que ela tinha ganhado de Junho no seu primeiro aniversário comemorado com ele depois que havia o conhecido, era a inicial do seu nome banhada a prata com o sobrenome dele serigrafado na lateral.
null desceu as escadas e saiu em direção à garagem, ao entrar seus olhos foram na direção certa, lá estava seu pacote nos fundos da garagem. O clássico
Plymouth Barracuda 70 preto que havia ganhado de Foster em sua primeira corrida, ela caminhou até ele com um largo sorriso.
— Oh meu amor, sentiu saudades da mamãe? — ela alisou a lateral do carro ao sussurrar, seus olhos mantinham o mesmo brilho de quando o vira pela primeira vez, aquele era o carro que ela mais adorava de Foster, e o tinha ganhado dele.
— Falando sozinha, mulher danger. — disse Marcus ao se aproximar.
— Estava falando com meu carro. — ela o olhou com desprezo.
— Já faz quantos anos mesmo? — ele a olhou — Deixe—me lembrar, dois.
— O que veio fazer aqui Marcus? — ela cruzou os braços — Pelo que sei, não está na corrida.
— Sim, não estou. — ele desviou seu olhar para um
Mustang GT Tuning amarelo que estava estacionado mais à frente.
— Entendi, mais uma de suas aprendizes. — ela deu uma risada seca — Quando vai aceitar a derrota?
— Ninguém é o vencedor até que a corrida termine.
— Exceto quando meu nome está na lista. — ela se afastou dele com um sorriso presunçoso e saiu da garagem.
Esta era a única parte de sua vida que null se sentia segura, quando corria. As horas se passaram e ela estava se preparando para o coquetel quando seu celular tocou.
—
Yeoboseyo2! — disse ela já rindo.
—
Estou te ligando para saber como estamos. — Bem, obrigada! — ela caminhou até a janela e olhou seu carro já estacionado no pátio — Já desembrulhei o pacote, ele está como deveria.
—
Muito bem, não custava me mandar uma mensagem avisando. — Desculpa, aproveitei a tarde para dormir um pouco.
—
Sei. — ele ficou em silêncio por um tempo —
E como vai ao coquetel? — Escolhi algo básico. — ela caminhou até o espelho e ficou olhando o vestido preto com transpasse um pouco decotado que estava em seu corpo — Não quero chamar atenção, somente na corrida.
—
Uma observação, nada de apostas ok? —
Temos que manter o foco, você tem muitos inimigos na lista. — Ah…. Do que me adianta estar em Vegas e não poder me divertir?
—
Está a trabalho, não crie confusões. — É Vegas, esperei tanto por esse momento. — reclamou ela — Assim estraga minha felicidade.
—
Já disse, nada de apostas. — insistiu ele.
— Tudo bem, mas vai ficar me devendo. — ela ouviu uma risada do outro lado da linha — Eu ouvi essa.
—
Ok, já conheceu o anfitrião? — Já. — ela ajeitou um pouco seu cabelo — Só não sei seu nome ainda.
—
Cedric Baker. — ele tossiu um pouco —
Ele é herdeiro do Cassino Royal, é tido como o melhor corredor de Vegas. — É porque ele ainda não me viu em ação.
—
Cuidado, dizem que ele não aceita perder. — Veremos docinho, vou desligar primeiro. — ela encerrou a ligação e colocou o celular em sua bolsa de mão, respirou fundo pegando as chaves do seu carro e saiu do quarto.
“Você não conseguiu tirar os olhos de mim,
Desde a primeira vez que me viu.”
– Volume Up / 4minute
Ela entrou eu seu carro e deu a partida, conferiu o som do motor e seguiu em direção ao
Cassino Royal. Ela estava sentindo sua animação por estar naquele lugar desabar por causa das palavras de Junho, Vegas era seu sonho de viagem perfeita, mais nunca havia sido convidada para uma corrida lá até aquele momento. Quando chegou, desceu do carro com todo seu charme chamando a atenção de alguns corredores que ainda estavam na entrada, Marcus era um que estava com seus olhos fixados nela. null entregou suas chaves ao manobrista e entrou no cassino, Cedric já estava à sua espera perto da entrada.
— Sabia que viria,
lady. — disse ele ao se aproximar dela com duas taças de champanhe em sua mão a oferecendo uma.
— Resolvi aproveitar a única noite disponível que tenho na cidade, e ouvi muito sobre este cassino.
— Espero que esteja a vossa altura. — ele a olhou de baixo para cima, demorando um pouco em seu decote.
— Chegou bem perto. — ela olhou em sua volta, seus olhos brilhavam com aquele lugar — Impressionante.
— Que bom que gostou. — ele esticou um pouco seu braço direito — Me daria a honra de vossa companhia esta noite?
— Sabe que somos rivais. — ela o olhou.
— Amanhã à noite. — ele sorriu de canto.
— Amanhã à noite. — ela concordou com um sorriso e pousou sua mão esquerda no braço dele.
Cedric à levou pelo grande salão de apostas e caça niqueis, a cada dez passos eles paravam para receberem cumprimentos de outros corredores, alguns estavam na corrida, outros só estavam lá para assistir. Eles se sentaram em uma mesa reservada para Cedric, null continuou olhando toda a movimentação do cassino, tantas pessoas obstinadas em apostar, se sentiu um pouco limitada naquele lugar tão atraente, afinal Junho havia proibido de chegar perto das mesas de apostas.
— Seus olhos estão brilhando. — comentou Cedric.
— Acho que isso não é novidade para mim, sempre quis correr aqui em Vegas. — ela tomou um pouco do champanhe que estava em sua taça.
— Que bom que está realizando seu sonho. — ele sorriu gentilmente para ela, tentando não olhar muito para seu decote sem sucesso.
— Imagino que morar aqui em Vegas deva ser mágico. — ela olhou para o lado vendo alguns corredores apostando em uma mesa de poker.
— Nem sempre. — ele respirou fundo — Vegas é muito movimentada, às vezes isso te deixa sem muita liberdade.
— Vai me dizer que não gosta de estar rodeado por pessoas?!
— Nem sempre. — ele olhou para frente — Ainda planejo me mudar para um lugar mais calmo.
— Estou surpresa com isso. — ela o olhou de leve — E para onde pensa se mudar?
— Acredite ou não, Austrália.
— Sim, estou com um projeto de montar uma filial do
Royal em Sydney.
— Espero que consiga. — ela levantou sua taça.
— Eu também. — ele pegou a taça dele e tocou de leve na dela, como um sinal de brinde e tomou um pequeno gole a olhando fixamente.
Havia se passado uma hora de coquetel, Cedric convidou null para conhecer sua cobertura no cassino, ela já tinha em mente as intenções dele, mas aceitou o convite por curiosidade.
— Suíte master real — brincou ela ao entrar.
— Gostou? — ele caminhou um pouco até uma mesinha e deixou o cartão da fechadura em cima.
— É digno de um castelo imperial. — observou ela.
— Que bom que teve essa sensação.
— Estou curiosa pelo convite. — ela caminhou até a varanda do quarto — Não foi somente pela vista, devo presumir.
— Não. — ele se aproximou dela — Venho acompanhando suas participações nas corridas há um tempo.
— Sim. — ele tocou de leve na cintura dela se aproximando mais — Este é um adjetivo que te define, interessante.
— Mas não é só isso que me trouxe aqui. — ela o olhava com tranquilidade, mas mantinha uma certa seriedade em sua face.
— Vamos ao que interessa então. — ele se aproximou mais e sussurrou em seu ouvido — Qual é o seu preço?
— O quê? — ela se afastou um pouco — Meu preço?
— De todas as mulheres que correm até hoje, você foi a única que nunca perdeu.
— Agora estou entendendo. — ela deu uma risada rápida — Você quer que eu venda a corrida?
— Não é conveniente que o anfitrião perca, não que eu esteja com medo de perder. — ele tocou de leve nos cabelos dela — Mas gosto de garantir minha vitória.
— Acha mesmo que sou como as outras corredoras? — ela se aproximou dele — Espero que seu carro tenha seguro, por que você não vai cruzar a linha de chegada.
Ela se afastou indo em direção à porta.
— Você não sabe com quem está mexendo. — gritou ele.
— Nem você. — disse ela entre risos.
null retornou à mansão dos corredores, entrou em seu quarto se trancando, ela estava revoltada e com mais vontade ainda de vencer aquela corrida. Logo pela manhã ela trocou de roupa, retirando seu pijama e colocando um conjunto de moletom cinza. Saiu de seu quarto e logo sentiu um cheiro atraente entrar em suas narinas, era do café da manhã que com certeza já estava sendo preparado.
Ela desceu as escadas lentamente ainda fascinada com aquela decoração, caminhou em direção ao local de onde vinha aquele cheiro maravilhoso. Ao passar pela sala de jantar olhou para a mesa repleta de guloseimas, o mais variado cardápio para seu paladar, ela deu um sorriso de leve olhando aquilo tudo, era um banquete de alta classe.
Virou seu rosto e olhou em direção à cozinha, ouvindo uma voz cantarolar ela andou em sua direção, ao chegar ficou parada olhando o cozinheiro chacoalhar um pouco seu corpo cantarolando uma música não conhecida por ela, enquanto separava alguns ingredientes. Em um momento ele se virou e a viu.
— Oh, não precisa parar por minha causa.
— Senhorita. — o homem ficou meio vergonhoso, suas bochechas rosadas ficaram meio vermelhas — Me desculpe.
— De modo algum, não tem do que se desculpar. — ela caminhou até ele olhando os ingredientes em cima da bancada — Só estou curiosa para saber o que vai cozinhar.
— Panquecas. — ele disse com empolgação.
— Maravilha. — ela sorriu olhando aquela disposição do cozinheiro.
— Quer aprender? — perguntou ele.
— Ah. — ela recuou um pouco — Acho que não sou muito boa na cozinha.
— Como eu vi uma vez em um desenho — ele pegou um avental de cozinha no armário que estava à sua direita e esticou para ela, com um sorriso leve em sua face — Qualquer um pode cozinhar.
— Tudo bem. — ela pegou o avental rindo e o colocou no corpo — Só espero não explodir sua cozinha.
Eles riram com aquilo e o cozinheiro foi explicando passo a passo, ele tinha bastante paciência para ajudá-la a entender aquilo que parecia um enigma para ela.
— Confesso que nunca cozinhei na vida, não essas coisas. — disse ela olhando sua mão suja pelos ovos — Isso é normal?
— Se sujar faz bem. — ele riu espontaneamente — Agora vamos misturar bem deixando alguns grumos.
Após terminarem de preparar a massa, o cozinheiro pegou uma frigideira e colocou no fogão acendendo o fogo.
— Vamos passar manteiga da frigideira para ficar mais saboroso. — disse ele com um pincel de confeiteiro na mão.
— Vou anotar essa dica. — ela olhou atentamente.
— E agora com uma concha colocamos as quantidades na frigideira, uma concha de cada vez.
Ela se divertiu ao aprender a fazer aquelas panquecas, queria muito ficar para aprender a fazer a geleia especial de morango, mas tinha que tomar seu café antes de checar Seth. Quando finalmente conseguiu se sentir satisfeita diante daquela mesa farta, null voltou para seu quarto, escovou os dentes e desceu novamente em direção ao pátio dos carros, ela queria dar uma volta para checar novamente os freios e a engrenagem.
— Ah não. — disse ela ao ver que seu carro estava sem as rodas furadas — Filho da…
“Você sempre acreditou que
eu desmoronaria sem você.”
– Keep Your Head Down / TVXQ
1. Daebak: termo coreano utilizado para expressar sucesso ou vitória, mas também podendo ter o significado de “O melhor” ou “Incrível”. ↑ Voltar para o texto
2. Yeoboseyo: termo coreano utilizado para atender o telefone, tradução de “Alô”. ↑ Voltar para o texto