1. Paradise
“Sim vamos nessa!
Desafie a si mesmo,
Espalhe sua personalidade,
Faça isso!”
– One Shot / B.A.P
— Estou ansiosa pela próxima corrida. — disse ao celular se sentando na poltrona do jato particular.
—
Estou sentindo uma animação vinda de sua voz docinho. — disse a voz masculina do outro lado da ligação.
— Está começando a me dar um sentimento de dever cumprido. — ela riu baixo.
—
Bem, já enviei para seu e-mail os dados de onde deverá ir ao chegar. — E qual meu destino desta vez?
— Vegas. — ela abriu um largo sorriso — Sinto que vou me dar bem desta vez.
—
Vou desligar primeiro, me avise quando pegar o pacote. — Ok. — ela desligou o celular, se ajeitou na poltrona e fechou seus olhos.
estava poupando energia para sua próxima corrida, aproveitando as 16 horas de voo de Buenos Aires na Argentina até Las Vegas nos Estados Unidos, para dormir. Naquela data ela estava completando 5 anos que havia entrado oficialmente para a
Electric Shock, uma sociedade secreta formada por corredores de rua, que apesar de ser clandestina era composta por pessoas da mais alta classe social.
Ela tinha um sócio/assistente/amigo chamado Junho, que havia conhecido por indicação de Foster, um antigo corredor que a tinha recrutado quando adolescente. Porém, ela nunca havia o visto pessoalmente, eles se falavam pelo telefone e por e-mail, ele era o único integrante de sua equipe e nem precisava de mais pessoas, Junho valia por 100. Mesmo sem nunca tendo o visto, ela havia se encantado com sua voz e pelo jeito como ele a tratava, ambos se conheciam há quatro anos e sete meses, ela o tinha como seu símbolo de sorte.
Finalmente o jatinho pousou no aeroporto particular da sociedade, pegou sua bolsa que estava ao lado e desceu.
— Bem-vinda, senhorita . — disse um homem de cabelos grisalhos trajando um terno azul marinho.
— Obrigada. — ela sorriu para o homem — Eu sou a primeira convidada a chegar?
— Não senhorita. — ele estendeu sua mão direita mostrando um
Mercedes CLA 45 AMG First vermelho que estava à sua espera.
— Uau. — ela olhou admirada dando alguns passos em direção ao carro — Então let’s go.
Esta seria a primeira vez que tinha sido convidada a participar de todas as corridas do circuito em um torneio anual e ela estava animada demais para isso. Passados trinta minutos no carro, o homem grisalho entrou em um condomínio fechado e estacionou em frente uma mansão, após descerem o homem a guiou até a porta de entrada.
— Está entregue, senhorita, desejo boa sorte. — ele se afastou voltando ao carro.
— Obrigada! — ela sussurrou.
Uma moça de vestido longo azul já a aguardava na porta, estava com um envelope nas mãos.
— Poderia me mostrar seu convite formal por favor. — ela a olhou tranquilamente, mantendo um sorriso no rosto.
— Sim. — remexeu em sua bolsa e encontrando o envelope do convite a entregou — Aqui está.
A mulher pegou o envelope e confirmou os dados.
— Muito bem, confirmado, suas malas serão levadas em alguns minutos — a moça esticou o envelope para ela — Boa sorte, senhorita, seu pacote já se encontra na garagem.
pegou o envelope e se afastou o abrindo, havia duas chaves dentro uma do seu quarto e outra do seu pacote.
—
Good Morning, lady. — disse um homem ao se aproximar dela.
— Bom dia. — ela arqueou a sobrancelha e o olhou de baixo para cima — Eu te conheço?
— Não. — ele pegou sua mão direita e deu um beijo de leve — Ainda.
— E posso saber quem é? — ela o olhou meio interessada.
— O anfitrião da festa. — disse Marcus, um corredor rival ao se aproximar — Mas não se aproxime muito dela, essa mulher pode ser sua ruína. — ele lançou um olhar ameaçador para ela.
— Com esta beleza não duvido. — o homem me olhou — Mas prefiro arriscar.
— Senhores, agradeço os elogios, mas vou me retirar.
— Te verei no coquetel de hoje à noite? — o olhar daquele homem misterioso ficou ainda mais profundo.
— Possivelmente. — ela sorriu de canto e subiu as escadas.
Apesar de não se considerar muito bonita, ela sabia explorar seu charme feminino a seu favor e isso fazia dela a corredora mais desejada entre os homens e mais invejada entre as mulheres. Quando entrou em seu quarto, ela jogou sua bolsa na cama olhou para o canto e viu que suas malas já estavam à sua espera, ela caminhou até o banheiro, retirou sua roupa e tomou uma ducha quente para relaxar o corpo. Quando voltou paro o quarto enrolada na toalha se lembrou que tinha que fazer uma ligação, correu até a bolsa e ligou para seu sócio.
— Junho?! — disse ela no susto após a quinta chamada da ligação.
—
Hum?! — disse ele do outro lado da linha —
Isso são horas de ligar? — Você me disse para ligar quando chegasse. — ela olhou para janela tentando não demonstrar indignação.
—
Não esta hora, estava dormindo. — E a culpa é minha do fuso horário?
—
Deixa pra lá. — ele deu uma breve pausa —
Já pegou o pacote? — Não, mas estou com as chaves, vou verificar daqui a pouco.
—
Hum. Já me mandaram a mensagem, a corrida será amanhã à noite, então cuidado para não abusar no coquetel e passar o dia de ressaca. — Não se preocupe, mamãe, esta corrida é muito importante para que eu arrisque tudo.
—
Principalmente por ter tido a sorte de ser sorteada para participar de todas. — ele a relembrou do fato memorável com um tom de preocupação.
— Não vou te decepcionar. — ela deu uma risada rápida — Eu prometo.
—
Vou desligar primeiro. — ele passou um instante calado —
Ah, antes que me esqueça, já traduzi as regras desta corrida e enviei para seu e-mail, desta vez leia, por favor. — Ok. — ela caminhou até uma de suas malas — Já disse que você é
daebak1?
— Direi de novo. — ela riu — Além de sócio, assistente, equipe técnica, amigo, você é o melhor tradutor que eu conheço, você é
daebak.
—
Se continuar assim, eu aumento minha porcentagem nos lucros. — Assim não vale, mercenário. — ela brincou.
—
Juízo. — ele desligou o telefone.
— Juízo. — ela o imitou — Como se eu não tivesse.
Ela se ajoelhou e abriu sua mala, começando a procurar uma roupa para vestir, já pensando no vestido que usaria no coquetel. Depois de se vestir, ela pegou as chaves do seu pacote que ainda estava no envelope e olhou sorrindo para seu chaveiro de estimação, que ela tinha ganhado de Junho no seu primeiro aniversário comemorado com ele depois que havia o conhecido, era a inicial do seu nome banhada a prata com o sobrenome dele serigrafado na lateral.
desceu as escadas e saiu em direção à garagem, ao entrar seus olhos foram na direção certa, lá estava seu pacote nos fundos da garagem. O clássico
Plymouth Barracuda 70 preto que havia ganhado de Foster em sua primeira corrida, ela caminhou até ele com um largo sorriso.
— Oh meu amor, sentiu saudades da mamãe? — ela alisou a lateral do carro ao sussurrar, seus olhos mantinham o mesmo brilho de quando o vira pela primeira vez, aquele era o carro que ela mais adorava de Foster, e o tinha ganhado dele.
— Falando sozinha, mulher danger. — disse Marcus ao se aproximar.
— Estava falando com meu carro. — ela o olhou com desprezo.
— Já faz quantos anos mesmo? — ele a olhou — Deixe—me lembrar, dois.
— O que veio fazer aqui Marcus? — ela cruzou os braços — Pelo que sei, não está na corrida.
— Sim, não estou. — ele desviou seu olhar para um
Mustang GT Tuning amarelo que estava estacionado mais à frente.
— Entendi, mais uma de suas aprendizes. — ela deu uma risada seca — Quando vai aceitar a derrota?
— Ninguém é o vencedor até que a corrida termine.
— Exceto quando meu nome está na lista. — ela se afastou dele com um sorriso presunçoso e saiu da garagem.
Esta era a única parte de sua vida que se sentia segura, quando corria. As horas se passaram e ela estava se preparando para o coquetel quando seu celular tocou.
—
Yeoboseyo2! — disse ela já rindo.
—
Estou te ligando para saber como estamos. — Bem, obrigada! — ela caminhou até a janela e olhou seu carro já estacionado no pátio — Já desembrulhei o pacote, ele está como deveria.
—
Muito bem, não custava me mandar uma mensagem avisando. — Desculpa, aproveitei a tarde para dormir um pouco.
—
Sei. — ele ficou em silêncio por um tempo —
E como vai ao coquetel? — Escolhi algo básico. — ela caminhou até o espelho e ficou olhando o vestido preto com transpasse um pouco decotado que estava em seu corpo — Não quero chamar atenção, somente na corrida.
—
Uma observação, nada de apostas ok? —
Temos que manter o foco, você tem muitos inimigos na lista. — Ah…. Do que me adianta estar em Vegas e não poder me divertir?
—
Está a trabalho, não crie confusões. — É Vegas, esperei tanto por esse momento. — reclamou ela — Assim estraga minha felicidade.
—
Já disse, nada de apostas. — insistiu ele.
— Tudo bem, mas vai ficar me devendo. — ela ouviu uma risada do outro lado da linha — Eu ouvi essa.
—
Ok, já conheceu o anfitrião? — Já. — ela ajeitou um pouco seu cabelo — Só não sei seu nome ainda.
—
Cedric Baker. — ele tossiu um pouco —
Ele é herdeiro do Cassino Royal, é tido como o melhor corredor de Vegas. — É porque ele ainda não me viu em ação.
—
Cuidado, dizem que ele não aceita perder. — Veremos docinho, vou desligar primeiro. — ela encerrou a ligação e colocou o celular em sua bolsa de mão, respirou fundo pegando as chaves do seu carro e saiu do quarto.
“Você não conseguiu tirar os olhos de mim,
Desde a primeira vez que me viu.”
– Volume Up / 4minute
Ela entrou eu seu carro e deu a partida, conferiu o som do motor e seguiu em direção ao
Cassino Royal. Ela estava sentindo sua animação por estar naquele lugar desabar por causa das palavras de Junho, Vegas era seu sonho de viagem perfeita, mais nunca havia sido convidada para uma corrida lá até aquele momento. Quando chegou, desceu do carro com todo seu charme chamando a atenção de alguns corredores que ainda estavam na entrada, Marcus era um que estava com seus olhos fixados nela. entregou suas chaves ao manobrista e entrou no cassino, Cedric já estava à sua espera perto da entrada.
— Sabia que viria,
lady. — disse ele ao se aproximar dela com duas taças de champanhe em sua mão a oferecendo uma.
— Resolvi aproveitar a única noite disponível que tenho na cidade, e ouvi muito sobre este cassino.
— Espero que esteja a vossa altura. — ele a olhou de baixo para cima, demorando um pouco em seu decote.
— Chegou bem perto. — ela olhou em sua volta, seus olhos brilhavam com aquele lugar — Impressionante.
— Que bom que gostou. — ele esticou um pouco seu braço direito — Me daria a honra de vossa companhia esta noite?
— Sabe que somos rivais. — ela o olhou.
— Amanhã à noite. — ele sorriu de canto.
— Amanhã à noite. — ela concordou com um sorriso e pousou sua mão esquerda no braço dele.
Cedric à levou pelo grande salão de apostas e caça niqueis, a cada dez passos eles paravam para receberem cumprimentos de outros corredores, alguns estavam na corrida, outros só estavam lá para assistir. Eles se sentaram em uma mesa reservada para Cedric, continuou olhando toda a movimentação do cassino, tantas pessoas obstinadas em apostar, se sentiu um pouco limitada naquele lugar tão atraente, afinal Junho havia proibido de chegar perto das mesas de apostas.
— Seus olhos estão brilhando. — comentou Cedric.
— Acho que isso não é novidade para mim, sempre quis correr aqui em Vegas. — ela tomou um pouco do champanhe que estava em sua taça.
— Que bom que está realizando seu sonho. — ele sorriu gentilmente para ela, tentando não olhar muito para seu decote sem sucesso.
— Imagino que morar aqui em Vegas deva ser mágico. — ela olhou para o lado vendo alguns corredores apostando em uma mesa de poker.
— Nem sempre. — ele respirou fundo — Vegas é muito movimentada, às vezes isso te deixa sem muita liberdade.
— Vai me dizer que não gosta de estar rodeado por pessoas?!
— Nem sempre. — ele olhou para frente — Ainda planejo me mudar para um lugar mais calmo.
— Estou surpresa com isso. — ela o olhou de leve — E para onde pensa se mudar?
— Acredite ou não, Austrália.
— Sim, estou com um projeto de montar uma filial do
Royal em Sydney.
— Espero que consiga. — ela levantou sua taça.
— Eu também. — ele pegou a taça dele e tocou de leve na dela, como um sinal de brinde e tomou um pequeno gole a olhando fixamente.
Havia se passado uma hora de coquetel, Cedric convidou para conhecer sua cobertura no cassino, ela já tinha em mente as intenções dele, mas aceitou o convite por curiosidade.
— Suíte master real — brincou ela ao entrar.
— Gostou? — ele caminhou um pouco até uma mesinha e deixou o cartão da fechadura em cima.
— É digno de um castelo imperial. — observou ela.
— Que bom que teve essa sensação.
— Estou curiosa pelo convite. — ela caminhou até a varanda do quarto — Não foi somente pela vista, devo presumir.
— Não. — ele se aproximou dela — Venho acompanhando suas participações nas corridas há um tempo.
— Sim. — ele tocou de leve na cintura dela se aproximando mais — Este é um adjetivo que te define, interessante.
— Mas não é só isso que me trouxe aqui. — ela o olhava com tranquilidade, mas mantinha uma certa seriedade em sua face.
— Vamos ao que interessa então. — ele se aproximou mais e sussurrou em seu ouvido — Qual é o seu preço?
— O quê? — ela se afastou um pouco — Meu preço?
— De todas as mulheres que correm até hoje, você foi a única que nunca perdeu.
— Agora estou entendendo. — ela deu uma risada rápida — Você quer que eu venda a corrida?
— Não é conveniente que o anfitrião perca, não que eu esteja com medo de perder. — ele tocou de leve nos cabelos dela — Mas gosto de garantir minha vitória.
— Acha mesmo que sou como as outras corredoras? — ela se aproximou dele — Espero que seu carro tenha seguro, por que você não vai cruzar a linha de chegada.
Ela se afastou indo em direção à porta.
— Você não sabe com quem está mexendo. — gritou ele.
— Nem você. — disse ela entre risos.
retornou à mansão dos corredores, entrou em seu quarto se trancando, ela estava revoltada e com mais vontade ainda de vencer aquela corrida. Logo pela manhã ela trocou de roupa, retirando seu pijama e colocando um conjunto de moletom cinza. Saiu de seu quarto e logo sentiu um cheiro atraente entrar em suas narinas, era do café da manhã que com certeza já estava sendo preparado.
Ela desceu as escadas lentamente ainda fascinada com aquela decoração, caminhou em direção ao local de onde vinha aquele cheiro maravilhoso. Ao passar pela sala de jantar olhou para a mesa repleta de guloseimas, o mais variado cardápio para seu paladar, ela deu um sorriso de leve olhando aquilo tudo, era um banquete de alta classe.
Virou seu rosto e olhou em direção à cozinha, ouvindo uma voz cantarolar ela andou em sua direção, ao chegar ficou parada olhando o cozinheiro chacoalhar um pouco seu corpo cantarolando uma música não conhecida por ela, enquanto separava alguns ingredientes. Em um momento ele se virou e a viu.
— Oh, não precisa parar por minha causa.
— Senhorita. — o homem ficou meio vergonhoso, suas bochechas rosadas ficaram meio vermelhas — Me desculpe.
— De modo algum, não tem do que se desculpar. — ela caminhou até ele olhando os ingredientes em cima da bancada — Só estou curiosa para saber o que vai cozinhar.
— Panquecas. — ele disse com empolgação.
— Maravilha. — ela sorriu olhando aquela disposição do cozinheiro.
— Quer aprender? — perguntou ele.
— Ah. — ela recuou um pouco — Acho que não sou muito boa na cozinha.
— Como eu vi uma vez em um desenho — ele pegou um avental de cozinha no armário que estava à sua direita e esticou para ela, com um sorriso leve em sua face — Qualquer um pode cozinhar.
— Tudo bem. — ela pegou o avental rindo e o colocou no corpo — Só espero não explodir sua cozinha.
Eles riram com aquilo e o cozinheiro foi explicando passo a passo, ele tinha bastante paciência para ajudá-la a entender aquilo que parecia um enigma para ela.
— Confesso que nunca cozinhei na vida, não essas coisas. — disse ela olhando sua mão suja pelos ovos — Isso é normal?
— Se sujar faz bem. — ele riu espontaneamente — Agora vamos misturar bem deixando alguns grumos.
Após terminarem de preparar a massa, o cozinheiro pegou uma frigideira e colocou no fogão acendendo o fogo.
— Vamos passar manteiga da frigideira para ficar mais saboroso. — disse ele com um pincel de confeiteiro na mão.
— Vou anotar essa dica. — ela olhou atentamente.
— E agora com uma concha colocamos as quantidades na frigideira, uma concha de cada vez.
Ela se divertiu ao aprender a fazer aquelas panquecas, queria muito ficar para aprender a fazer a geleia especial de morango, mas tinha que tomar seu café antes de checar Seth. Quando finalmente conseguiu se sentir satisfeita diante daquela mesa farta, voltou para seu quarto, escovou os dentes e desceu novamente em direção ao pátio dos carros, ela queria dar uma volta para checar novamente os freios e a engrenagem.
— Ah não. — disse ela ao ver que seu carro estava sem as rodas furadas — Filho da…
“Você sempre acreditou que
eu desmoronaria sem você.”
– Keep Your Head Down / TVXQ
1. Daebak: termo coreano utilizado para expressar sucesso ou vitória, mas também podendo ter o significado de “O melhor” ou “Incrível”. ↑ Voltar para o texto
2. Yeoboseyo: termo coreano utilizado para atender o telefone, tradução de “Alô”. ↑ Voltar para o texto
2. Danger
“Isso não acabou
até que esteja acabado.”
– Gotta Be You/ 2NE1
Ela segurou a lágrima de raiva que se formou no canto do seu rosto, respirou fundo e fez a única coisa que podia fazer em momentos críticos como este, ligou para Junho.
—
Yeoboseyo, docinho. — disse ele ao atender.
— Preciso de rodas novas.
—
O que aconteceu com as que estavam no Seth? — disse ele chamando o carro pelo apelido.
— Estão tentando me sabotar. — ela olhou para seu carro — O pior é que sempre descontam nele.
—
Me deixe adivinhar, mais um inimigo pra lista? — Acredita que ele queria que eu vendesse a corrida?
—
Essas corridas valem muita grana, e eu disse que ele não aceita perder. — ele tossiu um pouco —
Fique atenta. — Você está bem? — perguntou ela com preocupação — Está tossindo muito e sua voz está estranha.
—
Peguei um resfriado, mudança de estação, o outono acabando e o inverno chegando, daqui a pouco teremos uma nevasca aqui. — Ok, e o que vamos fazer?
—
Acabei de acionar meus contatos, nosso mecânico está a caminho, deve chegar antes do final da tarde. — Não pode ser mais cedo? — ela bufou nervosa — Tenho que testar o carro.
—
Infelizmente não, ele está um pouco longe. — Mande outro. — sugeriu ela, meio sem paciência.
—
Não confio em qualquer pessoa, sabe disso. — ele tossiu novamente —
Mantenha sua mente serena e focada para a corrida. — Ok. — ela respirou fundo — Vou tentar.
Ela desligou o celular, sentou ao lado carro e olhou para o céu tentando se manter calma, ela sentia as lágrima escorrerem em sua face, aos poucos os outros corredores começaram a entrar em seus carros e seguir para o local onde correriam.
— Hum, a corredora perigosa não está tão confiante agora. — disse Marcus ao se aproximar.
— Te vejo no pódio. — ela o olhou atravessado, sua voz era fria num tom rude.
Marcus saiu rindo debochadamente, as horas se passaram e o lugar já se encontrava vazio, somente ela lá esperando.
— Oh, me desculpe a demora. — disse um rapaz ao se aproximar puxando um carrinho com as rodas.
— Ah, finalmente. — ela se levantou — Não tenho muito tempo, a corrida é daqui quarenta minutos.
— Sinto muito, senhorita, mas foi difícil encontrar essas rodas. — ele retirou seus instrumentos de trabalho — Mas serei rápido.
— Agradeço. — ela olhou para o relógio do celular tentando manter o mais tranquila possível.
O mecânico foi eficiente como sempre e em exatos dez minutos, ele terminou de trocar as quatro rodas por umas de modelo especial que Junho havia escolhido.
— Não se preocupe, senhorita, estas são seguras na derrapagem.
— Espero que sim. — ela entrou no carro — Agradeço o que fez, acerte com Junho.
— Já está acertado, vejo a senhorita na próxima corrida.
Ela deu a partida e pisou no acelerador sem medo, estava atrasada para a corrida, e nem tinha lido a apostila de regras que Junho a enviara. Ela estava tentando manter o foco, mas no desespero ligou para Junho.
—
Não deveria me ligar ao volante. — disse ele ao atender.
— Em casos de necessidade. — ela colocou o fone de ouvido
bluetooth — Preciso das regras, preciso do mapa, de tudo.
—
Qual a parte do focada que você não entendeu na minha recomendação? — Junho, não é hora de me repreender. — gritou ela.
— Estou meio desesperada no momento, posso perder a corrida e logo em Vegas. — ela desviou de um carro que estava na sua frente trocando de marcha — DROGA!!!
—
Ei, calma, ficar assim só vai te atrapalhar. — ele respirou fundo do outro lado —
Ligue o GPS, vou te guiar por ele como sempre, pegue à esquerda na próxima avenida e segue direto, vai chegar na rua da largada. —
Não se preocupe, como todas as corridas, vou estar aqui com você.
“Este indestrutível e inquebrável
Vínculo que nunca vai se quebrar
Nossas almas são almas gêmeas
Por exemplo,
Mesmo se parecer que você está prestes a cair de um penhasco
Eu definitivamente não vou soltar a sua mão.
– Indestructible / Girls’ Generation
Ela fez o que ele havia pedido, em poucos minutos já estava se aproximando da largada. Ela estacionou o carro na fileira dos corredores, respirou fundo e saiu como se nada tivesse acontecido.
— Finalmente nossa última corredora chegou. — disse um homem de terno preto e botas que imitavam pele de cobra, era o organizador do evento — Seja bem vinda, senhorita, espero que esteja de acordo com as regras.
— Claro, estou sim. — ela sorriu falsamente como se soubesse do que ele estava falando.
—
Como consegue mentir assim? — disse Junho rindo do outro lado.
— Fica quieto. — ela sussurrou mantendo um sorriso em sua face.
Ela olhou para os outros carros, enquanto o organizador estava fazendo uns de seus demorados discursos, Marcus estava ao lado de sua corredora a olhando disfarçadamente, e Cedric estava encostado em sua Ferrari vermelha a olhando com um sorriso de superioridade. entrou em seu carro tentando manter sua concentração.
—
Está muito calada. — disse Junho.
— Foi você quem me mandou manter o foco.
—
Se tivesse lido a apostila que te enviei. — relembrou ele.
— Pare de rodeios, Junho.
—
Neste momento, você só precisa saber da maior regra e a única que sofre mudanças. — Me surpreenda. — disse ela com ironia.
—
A partir desta corrida, vocês não terão mais as ruas fechadas. — ele riu —
Como disse o fundador da sociedade, com ou sem tráfego, um bom corredor corre em qualquer situação. Assim que a mulher do organizador se posicionou à frente dos carros, todos os corredores ligaram seus motores, ela levantou seu lenço simbolizando uma bandeira e deu a largada. Assim todos pisaram em seus aceleradores dando início a corrida de Vegas, não gostava muito de mudar as marchas, mas em uma avenida movimentada não havia alternativas melhores.
— Muito bem, senhor google maps, está na hora de trabalhar. — disse ela se desviando de um dos corredores.
—
Ok, de acordo com as regras você pode traçar sua própria rota, mas existem algumas ruas que não poderá acessar, seu carro está sendo monitorado por eles também, então não vamos trapacear. — Traduz. — disse ela ao virar em uma rua um pouco mais vazia.
—
Muito bem, vamos ver. — ele ficou em silêncio por um tempo.
—
Calma, estou recalculando, não era pra você ter virado. — Aquele idiota do México estava na minha cola. — explicou ela.
—
Vire à esquerda. — ele contou baixinho —
Agora. — Ok! — ela virou e de leve um carro bateu em sua traseira — Droga.
—
Olha a língua. — repreendeu ele —
Segue reto mais três quadras e vire à direita, então siga reto. — Tudo bem. — ela continuou acelerando mais ainda desviando dos carros e avançando alguns sinais.
Ao todo do percurso a corrida teria dez minutos de duração contando até o último corredor chegar. Mesmo se mantendo concentrada, ela ainda sentia uma insegurança por tudo que havia acontecido naquele dia e na noite anterior, mas ela tinha alguém para se apoiar, Junho.
—
Muito bem segue mais duas quadras e vire à direita, estará na direção da linha de chegada. — Ok. — ela trocou de marcha novamente — Virando.
Ao virar seu carro ela sentiu uma batida estranha que o fez derrapar no susto, era o carro de Cedric que havia causado isso com uma leve batida. sentiu seu carro rodar e desligou o motor, parando totalmente o carro.
—
O que aconteceu? Eu ouvi isso. — perguntou Junho preocupado.
— Não foi nada. — ela ligou o carro e trocou a marcha novamente dando um sorriso nebuloso — Só parei para retomar o fôlego. — ela pisou no acelerador com tanta vontade, que se tivesse como, seu pé atravessaria até a carcaça do carro.
—
Vai fundo e acaba com ele, docinho. — disse Junho entendendo o que havia acontecido.
“A batida está acelerando
Está mais alto mais e mais
Eu já passei do limite
Estou em choque, elétrico choque.”
– Electric Shock / F(x)
Foi uma disputa acirrada entre ambos os carros no meio daquela avenida com o tráfego movimentado demais para a hora. fez uma manobra arriscada, conseguindo ganhar vantagem e permaneceu assim até que atravessou a linha de chegada e reduziu a velocidade estacionando de forma sucinta em um dos lados da rua.
— Parabéns, senhorita . — disse uma mulher de preto ao se aproximar do carro — A senhorita é a vencedora de Vegas.
—
Parabéns, docinho. — disse Junho —
Sempre me surpreendendo. — Metade dessa vitória é sua. — ela puxou o freio de mão e desligou o motor — Vou desligar primeiro.
—
Ok, me ligue quando chegar em Marrocos. Ela retirou o fone do ouvido e o colocou no banco do carona, saiu do carro com um sorriso de satisfação e olhou para Cedric que estava do outro lado da rua com uma loira de vestido azul ao seu lado, lançando um sorriso de deboche ela mandou um beijo para ele e caminhou até o organizador que havia acabado de chegar.
— Parabéns senhorita. — disse ele com um brilho nos olhos — Como sempre as corridas em que participa são as mais emocionantes.
— Agradeço. — ela sorriu — E vou levar como um elogio.
— Ah, sim. — Marcus se aproximou — Ela estava esplendida como sempre.
— Mandamos todos os acertos para seu sócio, senhorita. — disse a mulher de preto ao se aproximar.
— Sem problemas. — ela se afastou um pouco — Bem, vou me retirar agora, Seth precisa de descanso.
— Quem é Seth? — perguntou o organizador.
— O carro dela. — respondeu Marcus num tom amargo.
Ela voltou para seu carro e deu a partida saindo de lá, ao chegar ela estacionou o carro perto da garagem e foi até a cozinha onde um jantar estava preparado para os corredores, ela preparou seu prato com uma dificuldade para escolher dentre tantas opções, pegou um copo de suco e foi para seu quarto. Após se alimentar, sentou em sua cama pegou seu celular e começou a trocar mensagens com Junho pelo aplicativo do
kakaotalk3.
——————
“Hello Jun docinho, está aí?”
“Deveria estar dormindo não? kkkkkk…”
“Eu sei, mas a adrenalina ainda está ativa em mim.”
“Hm.”
“O que está fazendo agora?”
“Jogando.”
“Depois eu é que sou a viciada.”
“Não implica com meus games.”
“kkkkkk…”
“Como está o Seth?”
“Precisa de uns reparos, e a marcha está um pouco travada.”
“O mecânico vai revisar tudo quando ele chegar em Dubai.”
“Dubai?! Mas não terei que ir para Marrocos?”
“Marrocos será a noite de celebração, a corrida será em Dubai.”
“Sério…”
“O que houve? Onde está a animação?
“Morreu aqui em Vegas”
“?!”
“Estava tão feliz com esse lugar,
sabe que queria muito isso,
mas essa corrida,
o tempo que passei aqui,
não foi como eu imaginei que seria.”
“Devo presumir…”
“Me sinto frustrada.”
“Você terá mais oportunidades.”
“Vou dormir.”
——————
Ela fechou o aplicativo e colocou o celular ao lado do travesseiro, trocou de roupa colocando seu pijama e se deitou, aos poucos foi sentindo seu corpo ficar pesado e seus olhos foram fechando espontaneamente. Na manhã do dia seguinte ela acordou ao som do despertador do celular.
— Ah. — ela olhou para o lado e pegou o celular tentando ver direito — Quase que perco a hora.
Ela se levantou rapidamente e trocou de roupa, colocou uma calça jeans meio surrada, regata branca e uma jaqueta marrom e calçou seu inseparável all star preto. Ela pegou as chaves de Seth, guardou no bolso e desceu.
— Ah, aí está a senhorita. — disse o mecânico.
— Desculpa, perdi a hora. — ela deu um sorriso meio sem graça pela situação.
— Sem problemas, estamos acertados agora. — ele riu se referindo ao dia anterior.
— Então aqui está. — ela o entregou as chaves — Cuide bem do Seth.
— Como sempre, senhorita. — disse ele.
— O Junho…
— Não se preocupe, ele já me passou todo o relatório.
— Tudo bem. — ela se afastou um pouco e ficou vendo o mecânico rebocar seu carro — Nos vemos em Dubai, querido. — sussurrou ela.
— Então, não lhe dei as devidas congratulações. — disse Cedric ao se aproximar.
— Você. — ela o olhou tentando não demonstrar nenhum desprezo, mas não conseguindo.
— Não queria que fosse embora com ressentimentos de mim. — ele esticou a mão em cumprimento — Só queria que soubesse que os pneus não foram da minha parte.
— Eu sei. — ela olhou para o lado e viu Marcus de longe — Existem pessoas piores aqui.
— Então, para me redimir. — ele deu um passo para o lado — Trouxe suas malas. — ele sorriu de canto.
— Agradeço. — ela pegou a mala de mão e ficou ao lado da outra.
— Posso te oferecer carona até o aeroporto?
— Não quero incomodar, posso chamar um táxi.
— Eu insisto. — ele pegou a mala dela — Vamos?
— Tudo bem. — ela aceitou dando um sorriso fraco, não confiava muito nele.
Ele estacionou em frente ao Aeroporto Internacional de Las Vegas, ao sair do carro ele a ajudou a retirar suas malas.
— Disponha. — disse ele olhando tranquilamente.
— Então, até a próxima corrida. — disse ela se afastando um pouco.
— Mal posso esperar. — ele lançou seu olhar para a mala de mão dela e sorriu de leve.
não percebeu de início e entrou no aeroporto, ela já estava com suas passagens de primeira classe nas mãos, quando chegou perto da fiscalização, colocou suas malas na esteira de
check in para fiscalizarem se estava tudo ok.
— Temos um problema. — disse um segurança pelo rádio.
— O que houve? — perguntou ela achando que havia algo estranho.
— Senhorita, terá que nos acompanhar. — disse outro segurança ao chegar perto.
— Ok, mas o que aconteceu? — ela o olhou — Tem algo errado na minha mala?
— Me acompanhe por favor, irei te explicar em um lugar adequado. — insistiu ele.
— Ok.
Ela acompanhou o segurança até uma sala pequena que só tinha uma mesa no centro com uma cadeira.
— Já estamos aqui. — ela o olhou — O que aconteceu?
— Senhorita foi detectado um objeto a mais em sua bagagem. — disse o segurança.
— Como assim? — ela olhou sem entender — Eu não comprei nada.
Ela e o segurança esperaram um pouco mais, até que um responsável chamado James entrou na sala com suas bagagens e as colocando em cima da mesa abriram.
— Aqui está. — disse o oficial James retirando uma gargantilha de esmeraldas — Isso pertence a senhora?
— Hum?! — ela olhou boquiaberta para a gargantilha — Não, nunca vi isso antes.
— A senhorita sabe que terá que explicar a procedência disso para alfândega. — ele retirou um saquinho do bolso e colocou a gargantilha dentro — Precisamos da nota fiscal.
— Como assim, nota fiscal? Eu… — ela ficou sem reação.
— Me desculpe, senhorita, mas terá que nos acompanhar até o setor alfandegário.
não sabia o que dizer e nem como reagir a tudo aquilo, sua mente só conseguia processar aquele olhar de Cedric na porta do aeroporto para sua mala.
“Filho da…” ela pensou, segurando o grito de raiva. Ela entrou em uma ampla sala onde na porta estava escrito setor da alfândega. O oficial James preencheu uma papelada e entregou juntamente com a gargantilha para a responsável.
— Bom dia senhorita, meu nome é Sunny. — a mulher a olhou esticando a mão em cumprimento.
— Bom dia. — ela aceitou apertando a mão da mulher e sussurrando — Não tão bom assim.
— Bem, sabe que se a senhorita não nos explicar a origem da gargantilha, poderemos supor que a mesma seja roubada.
— Eu juro que não é roubada, eu nem sabia que estava em minha mala.
— Mas foi encontrada lá. — a mulher respirou fundo — Me desculpe, mas terá que ficar retida aqui até que tudo seja esclarecido.
se sentou na cadeira passando a mão em seus cabelos, não sabia como se livraria daquela situação.
— Filho da mãe. — sussurrou ela para si — Aquele filho…
“Por que você é assim? Por que você é assim?
Já sou o cara mau da história.”
– Keep Your Head Down / TVXQ
3. Kakaotalk: Aplicativo de mensagens, pode ser considerado um whatsapp da Coréia do Sul. ↑ Voltar para o texto
3. Miracle
“A escuridão deste mundo te faz perder as forças?
Isso é engraçado, você está bem?
Não posso ficar aqui para e observando
Mesmo se cair e esbarrar-se inúmeras vezes, levante-se!”
– The Boys / Girls’ Generation
— Sim, Junho, foi ele tenho certeza. — disse ela ao telefone.
—
Calma, ficar assim não vai resolver. — ele digitou alguma coisa do outro lado, o barulho das teclas eram nítidos —
Não se preocupe, darei um jeito, tenho muitos contatos. — Por favor, meu voo sai daqui trinta minutos. — ela deu um suspiro fraco — Estou contando com você.
—
Você sempre pode contar. — ele desligou.
esperou cerca de quinze minutos até que a responsável Sunny retornou para a sala de espera.
— Senhorita . — disse ela.
— Sim!? — levantou a cabeça e viu de relance que a gargantilha estava em suas mãos.
— Desculpe-nos pelo transtorno, seu noivo ligou para nossa central e esclareceu o mal entendido.
— Meu noivo? — ela a olhou sem entender mais nada.
— Sim, o senhor Junho nos informou tudo sobre a gargantilha.
— E. — ela parou por um momento não acreditando, segurou o riso e continuou — O que ele disse?
— Que a gargantilha foi colocada em sua mala por um funcionário a mando dele. — Sunny olhou para meio envergonhada — Ele disse que era um presente de aniversário de namoro. — ela esticou a gargantilha entregando.
— Ah. — pegou ainda admirada com aquilo — Obrigada, mas e a nota fiscal?
— Seu noivo já encaminhou para nosso e-mail, felizmente conseguimos regularizar tudo a tempo para não perder seu vôo.
— Nossa. — ela sorriu meio sem jeito, mas sentindo um alívio — Bem, então posso ir?
— Claro, mas antes terá que assinar alguns papéis.
assentiu de imediato, após assinar toda a regulamentação, pegou suas malas e foi acompanhada por James até a plataforma onde embarcaria. Finalmente tudo estava esclarecido e após 16 horas e 45 minutos de vôo, ela desembarcou no Aeroporto Internacional Mohammed V em Casablanca, tida como uma das maiores cidades do Norte da África e a maior de Marrocos.
Ao contrário de Vegas, desta vez o próprio anfitrião foi buscá-la no aeroporto. Ela ficou parada por um tempo perto dos vidrais da fachada do aeroporto, olhando a beleza do lugar, quando um homem se aproximou dela sem que percebesse.
— Senhorita . — disse o homem.
— Hum?! — ela o olhou voltando sua atenção para ele — Sim.
— Prazer, sou o anfitrião. — sua voz era grossa e marcante, mas tinha um toque suave de doçura incomum – Armin Mohamed. — ele pegou na mão direita dela e deu um beijo leve.
— Encantada. — sua reação era não ter reações naquele instante, ela se admirou com a beleza dele, e como seus olhares e o tornava mais charmoso.
— Vou levá-la para um lugar seguro agora. — ele pegou suas malas — Vamos?!
— Sim. — ela ainda não sabia como reagir diante daquele misterioso homem de olhar atraente.
Armin a levou para sua própria casa, lugar onde os corredores seriam hospedados. Quando chegaram se viu mais encantada ainda com a arquitetura da casa, seu estilo mediterrâneo deixava os ambientes mais aconchegantes e chamativos, adornos coloridos compondo o cenário, mas tendo um toque de harmonia e suavidade proporcionando pelas paredes brancas e outras revestidas com pedra.
— Sua casa é linda. — disse ela.
— Agradeço. — ele sorriu de leve — Estou feliz por ter se agradado.
— Estou surpresa, acho que essa seria a palavra certa. — ela olhava seu redor.
nunca havia se interessado pelas corridas de Marrocos, nem cogitava a ideia de participar de uma no país, até que recebeu o convite dourado. Logo a irmã mais nova de Armin entrou na sala, onde a aguardava.
— Ah, a senhorita chegou. — disse ela meio eufórica.
— Sim. — olhou meio assustada com a agitação da garota — Mas, por favor, me chame de somente, nada de senhorita, me sinto desconfortável com isso.
— Tudo bem. — a garota sorriu — Meu nome é Aalia.
— Estou feliz em conhecê-la. — devolveu o sorriso com outro.
— Venha, vou mostrar seus aposentos. — ela pegou na mão direita de — Você vai adorar seu quarto, fui eu mesma que arrumei tudo.
— Tenho certeza que sim. — concordou.
Aalia foi a guiando pelos corredores enquanto falava o quanto estava feliz por ter pelo menos uma mulher na lista dos corredores, sendo seguidas por um empregado que carregava as malas. Quando entrou no quarto, se admirou ainda mais com a organização e os detalhes da decoração.
— Você estava certa, eu realmente adorei.
— Que bom. — a garota de afastou um pouco — Bem, suas malas estão aqui, vou lhe deixar descansar.
— Obrigada. — ela sorriu de leve.
Aalia se curvou um pouco e saiu fechando a porta. se jogou na cama e ficou por um tempo olhando o teto, minutos depois seu celular tocou, ela o retirou da bolsa e o atendeu.
— Sentiu minha falta, docinho? — disse ela.
—
Ingrata, nem me ligou para agradecer. — reclamou Junho com um tom de chateação.
— Me desculpe, meu noivo. — ela riu — Como conseguiu resolver aquilo?
—
Digamos que um primo de um amigo da filha de uma conhecida dos meus pais trabalha na alfândega. — Sei. — ela segurou o riso fingindo acreditar na explicação dele.
—
Não acredita?! — disse indignado.
— Ah, acredito sim. — ela riu um pouco — Então, Jun docinho, como será a próxima corrida?
—
Tudo a seu tempo docinho. — ele riu —
Por enquanto estou trabalhando na tradução das regras. — Hum, seu google translator está meio lento desta vez?! — brincou ela o apelidando.
— Bem, o coquetel será em Marrocos mesmo?
—
Sim. — Ok, vou desligar primeiro, tenho que repor minhas energias para a noite.
—
Juízo. —
Ah, antes que me esqueça, o Seth vai chegar em Dubai hoje à noite. Ela desligou sorrindo e se acomodou na cama novamente, estava com preguiça de se trocar. As horas se passaram e ao final da tarde Aalia bateu na porta de seu quarto.
— Entre. — gritou ela moderadamente.
— Estou atrapalhando? — disse a garota ao entrar.
— Não. — levantou um pouco seu corpo se sentando na cama — Estava me decidindo se levantaria agora ou daqui cinco minutos.
— Hum. — Aalia riu — O que vai usar no coquetel?
— Já volto. — ela recuou e foi até a porta, saiu por alguns minutos e retornou com uma caixa de
MDF forrada com renda branca e fita dourada — Aqui está.
— Sua roupa. — ela caminhou até e colocou a caixa em cima da cama — Vamos, abra.
— Ok. — com certa cautela ela abriu a caixa e colocou a tampa ao seu lado e desembrulhando as pontas do papel de seda que forrava a caixa — Nossa. — seus olhos brilharam no mesmo instante, ela retirou a túnica marroquina com cuidado, era feita de tecido de seda pura vermelha com bordados de fios de ouro.
— Então? — Aalia a olhou curiosa.
— Me deixou sem palavras. — sussurrou ainda com seus olhos fixos naquela túnica.
— Agradeça meu irmão depois, presente dele. — Aalia riu de leve e se afastou da cama — Você sabe dançar?
— Eu?! — ela colocou a túnica novamente na caixa — Bem, um pouco.
— Porque as festa daqui são muito animadas, dançamos a noite toda.
— Legal, mas eu danço outras coisas. — ela sorriu meio sem jeito — Para dizer a verdade não sei nada sobre seu país.
— Não tem problema, eu te ensino a dançar.
parou por um momento vasculhando em sua mente se avia alguma informação sobre este estilo de dança, ela havia visto vagamente no youtube um vez quando estava tentando encontrar um vídeo de corridas de moto.
— Acho que não levaria jeito para isso, eu não tenho tanta…
— Pare. — Aalia a interrompeu segurando em sua mão — Você nem tentou.
— Tudo bem, vou tentar professora.
Aalia sorriu já se empolgando e colocou uma música de um cantor local para tocar em seu celular, aos poucos ela começou a se mover mostrando a como ela teria que movimentar suas mãos e seus pés.
— O segredo está nos quadris. — ela sorriu com timidez — Essa dança é muito envolvente, é usada pelas mulheres para seduzir seus maridos.
— Estou percebendo. — tentava se concentrar imitando os movimentos da garota.
— Está indo bem, para uma pessoa sem jeito. — comentou Aalia.
— Acho que isso é graças as aulas de balé. — brincou ela fazendo uma careta — Até que é divertido.
Elas passaram mais de uma hora rindo e brincando, enquanto Aalia a ensinava a dança da sua cultura. Logo à noite tomou seu banho de espuma na banheira que tinha no banheiro do quarto, e colocou sua longa túnica de seda que havia ganhado e uma sandália de salto que era inseparável nesses momentos.
Ela saiu do quarto e do corredor já conseguia ouvir o som da música vinda do pátio central da casa, caminhou um pouco pelo corredor até ver de longe em outra parte que parecia mais silenciosa da casa uma pessoa ajoelhada no chão, ela se aproximou um pouco mais e ficou parada na porta observando. Era Armin que estava ajoelhado de olhos fechados, ele mexia os lábios não deixando nenhum som sair, ela percebeu que estava orando, na frente dele havia um livro aberto, ela reconhecia de vista, era seu
alcorão4 e sobre ele um terço marroquino.
— Mesmo silenciosa, sua presença é notada. — disse ele ao abrir seus olhos.
— Me desculpe, não queria atrapalhar. — ela se encolheu um pouco.
— Não atrapalhou. — ele fechou seu alcorão e pegou o terço, se levantou e os colocou na mesa que havia encostada na parede ao seu lado — Eu já estava terminando quando chegou.
— Ah, me sinto mais aliviada agora. — ela sorriu meio sem graça pelo constrangimento.
— Que bom. — ele olhou para a túnica — Está usando.
— Sim, sua irmã me disse que foi um presente seu. — ela desviou seu olhar dele — Eu queria agradecer pessoalmente.
— Que bom que gostou, espero que se sinta confortável enquanto estiver aqui.
— Não duvido disso. — ela respirou fundo e o olhou de relance, ele a estava olhando como se estivesse contemplando sua beleza — Posso te fazer uma pergunta?
— Sim.
— Você estava orando, não é?
— Sim. — ele caminhou até ela — Minha religião me ensina a orar cinco vezes ao dia, assim posso manter minha mente purificada e longe de maus pensamentos.
— Interessante. — ela prendeu um pouco a respiração ao sentir o doce aroma do perfume dele.
— Posso te fazer uma pergunta? — ele a olhou serenamente repetindo suas palavras.
— Sim. — ela sorriu meio tímida, era a primeira vez que se sentia assim perto de um homem.
— Não é comum mulheres nas corridas, mas me admiro quando vejo uma, principalmente como você.
— As corridas fazem parte do meu
DNA, eu acho.
— Espero me emocionar com sua corrida. — ele sorriu de canto e se afastou um pouco — Acho melhor aproveitarmos a comemoração.
— Concordo.
Armin a guiou até o pátio central, quando chegou Aalia a puxou pela mão a levando para a roda das mulheres para dançar. Mesmo tímida com os olhares de Armin, se deixou levar pela alegria e empolgação de Aalia e se arriscou nos movimentos sinuosos da dança do ventre.
Na manhã seguinte bem cedo, juntamente com os outros corredores entrou no jatinho particular da Família Mohamed. Algumas horas depois, eles desembarcaram no Aeroporto Internacional de Dubai, duas
limousines já os aguardavam com o destino traçado para o hotel Atlantis The Palm Dubai. ainda tentava se recuperar de tanta ostentação vista no caminho, quando chegou no hotel demorou um tempo para voltar a realidade.
— O sobrenome dessa família devia ser Luxo. — sussurrou ela.
— É uma família de
sheiks5 árabes. — comentou um dos corredores que ouviu seu sussurro.
Um homem se aproximou os dando boas—vindas, e os levando para dentro do hotel acomodou cada corredor em seu respectivo quarto. para sua surpresa havia sido instalada na suíte master imperial, uma cortesia de Armin. Ela respirou fundo quando entrou no quarto e tentou manter sua sanidade intacta, era a primeira vez que se deparava com um lugar luxuoso ao extremo.
— Ok, fechamos com chave de ouro? — perguntou ela para si mesma.
De repente ela começou a rir e pulou na cama, estava meio em êxtase com os acontecimentos recentes. Ela respirou fundo e voltou ao normal se lembrando que estava ali para uma corrida e não à passeio. Se levantando da cama olhou para o lado e viu um bilhete, ao abrir era um convite de Armin para almoçar com ele.
Era um tanto óbvio que ela aceitaria. Trinta minutos antes da hora em que Armin havia escrito na carta, uma camareira bateu em sua porta, quando abriu era uma outra caixa que havia sido endereçada a ela. Ela pegou e fechou a porta, já estava imaginando o que havia dentro, quando abriu havia uma outra túnica um pouco curta no tamanho de uma bata, de tecido de seda na cora azul celeste com bordados em linho num tom mais escuro.
—
Oh my God! — disse ela um pouco empolgada — Acho que ainda não acabou.
“Yo garota você é fantástica,
Você me faz voar.”
– Fantastic / Henry
4. Alcorão: Livro sagrado da religião Islâmica. ↑ Voltar para o texto
5. Sheiks: É uma expressão árabe utilizada para denominar o chefe de uma família árabe, na cultura ocidental, esta palavra é associada ao indivíduo com grande status social, com bastante dinheiro, famoso e popular nesta região. ↑ Voltar para o texto
4. Ace
“Seu sorriso angelical preenche nosso jardim,
Eu vou preenche-lo também com flores somente para você.”
– Paradise / Boys Over Flowers OST (the Trax)
Ela tomou um banho quente e relaxante, vestiu sua túnica nova com uma calça jeans preta, sua bota de cano baixo e desceu em direção ao restaurante. Armin já estava sentado à mesa à sua espera, olhando para o aquário.
— Olá. — disse ela ao se aproximar.
— Oi. — ele se levantou e puxou a cadeira para que ela sentasse.
— Obrigada. — ela se sentou meio tímida — Estou tendo várias surpresas nesta corrida.
— Espero que sejam boas. — ele se sentou novamente a olhando — Estou feliz que tenha aceitado meu convite.
— E eu estou agradecida por mais um presente. — ela passou a mão de leve na túnica.
— Você fica ainda mais linda com estas roupas.
— Obrigada.
Eles almoçaram tranquilamente e Armin contou um pouco sobre sua família e sua cultura em Marrocos, contou também que o hotel pertencia à um Marajá indiano amigo e sócio dos seus pais. Após o almoço Armin a convidou para visitar um dos pontos turísticos mais visitados na cidade, o
Dubai Mall Aquarium. Aquele foi mais um momento em que os olhos de brilhavam ao se sentir no fundo do mar, o lugar estava fechado somente para eles passearem.
Quando chegaram no túnel parou olhando admirada uma arraia passando por ela.
— É tão lindo. — disse ela percebendo ele se aproximar.
— Sim. — ele concordou.
o olhou e percebeu que ele estava se referindo à ela. Seu olhar era tão profundo que sentia como estivesse sendo hipnotizada. Seus movimentos em direção a ela foram tão rápidos e precisos, que não teve nenhuma reação contrária, ele havia lhe roubado um beijo. O encontro dos seus lábios era doce, suave com um toquei de malícia. De repente o celular de que estava em seu bolso toca, interrompendo assim aquele beijo que havia lhe tirado o fôlego.
— Me desculpe. — ela pegou o celular — Mas tenho que atender.
— Sem problemas. — ele assentiu dando um sorriso de canto.
Ela se afastou dele e deu alguns passos mais para frente.
— Junho.
—
Ah… — ele respirou aliviado —
Finalmente o número que te arrumei para Dubai conseguiu funcionar. — Olhando agora, estou estranhando não ter me ligado mais cedo. — notou ela.
—
Bem, obtive algumas complicações ao conseguir um número de telefone para você em Dubai. —
Sim, a corrida vai começar em cinco minutos. — O quê? — ela gritou — Como?
—
Calma, os outros corredores também estão sabendo disso agora. — ele riu —
Acho que sei por que demoraram tanto para nos enviar as regras. — O que será desta vez? Onde está o Seth?
—
Aí é que está a surpresa da prova. —
Todos os corredores terão que sair do ponto onde estão e resgatarem seus carros que estão guardados em outro lugar, mas não podem utilizar de transportes públicos ou táxi para se locomover. — Isso é brincadeira? — ela olhou para Armin, ele estava encostado no vidro a olhando — Não acredito.
—
Queria que fosse, docinho, mas desta vez eles disseram que um bom corredor encontra seu carro em qualquer situação. —
O endereço está com o anfitrião. — Como você sabia que estou com ele?
—
Quer que eu diga a verdade ou prefere manter nosso relacionamento? — brincou ele.
Ela desligou o celular e colocou no bolso novamente, caminhou até Armin.
— Estou torcendo por você. — disse ele estregando um pedaço de papel com o endereço.
Ela pegou o papel sem dizer nada e saiu correndo em direção à saída, com poucas alternativas ela correu até um homem que estava estacionando sua moto e se fazendo de turista perdida pegou a moto dele.
havia andado poucas vezes de moto, mas pilotava muito bem para uma inexperiente, ela parou em um ponto e ligou para Junho. Ela disse o endereço e pegou as coordenadas de como chegaria até Seth. A adrenalina estava nas alturas dentro dela, quando chegou no estacionamento que colocaram seu carro, entrou mais que depressa, as chaves já estavam engatadas, foi só ligar o motor e acelerar. Ela colocou o fone no ouvido e ligou para Junho.
— Estamos dentro. — disse ela.
—
Boa, docinho, sabia que chegaria rápido. Com precisão ele guiou ela pelo caminho mais rápido até o lugar escolhido para linha de chegada, mesmo com vários carros nas vias, ela conseguiu se desviar de todos e chegar no ponto final.
—
Então?! — perguntou Junho ouvindo o barulho do carro sendo freado.
— Chegamos. — disse ela retomando o fôlego, respirando fundo.
—
Diga que somos os primeiros. — disse Junho também retomando o fôlego sentindo o estado de adrenalina que havia chegado nele também.
— Somos os primeiros. — respondeu ela com um pouco de dificuldade — Preciso de férias.
—
Calma, só falta mais uma e você virá para casa. — Vou desligar primeiro. — ela retirou o fone do ouvido e encostou a cabeça no volante, não conseguia acreditar em tudo aquilo que estava vivendo.
Minutos depois os demais corredores começaram a chegar, esperou até o organizador da prova fosse até ela. Ele entregou uma chave dourada simbolizando sua vitória, ela pegou agradecendo e deu a partida voltando para o hotel. Ao chegar o mecânico já estava na calçada à sua espera.
— Não brinca. — sussurrou ela ao sair do carro.
— Senhorita, meus parabéns pela corrida.
— Obrigada. — ela entregou a chave para ele — Cuide bem do Seth.
— Como sempre, senhorita. — o mecânico foi até o carro e entrou nele.
Quando ela entrou no saguão do hotel, Armin estava à sua espera. Ela respirou fundo e caminhou até ele.
— Então estava tudo premeditado. — disse ela parando em sua frente.
— Algumas partes sim. — ele assentiu sorrindo.
— Foi espontâneo. — respondeu ele.
— Hum. — ela desviou seu olhar para o lado.
— Estou feliz que tenha ganhado. — ele segurou em sua mão — Gostaria que pudesse ficar mais um pouco.
— Eu também. — ela o olhou.
— Queria poder ter tido tempo para de levar a um lugar.
— Que lugar? — ela se mostrou um pouco curiosa.
— Um templo em Marrocos. — ele olhou para trás vendo algumas pessoas indo em direção deles —
Mesquita Hassan II, eles permitem que turistas como você entrem, queria te mostrar mais um pouco do meu mundo.
— Acho que já vi o suficiente para essa visita. — ela se afastou um pouco dele e seguiu em direção ao elevador.
“Mesmo que não seja eu que fique do seu lado
Eu preciso de você
Não posso te dizer isso mais eu quero você
Eu te desejo e desejo de novo.”
– Because I’m Stupid / Boys Over Flowers OST (K. Hyun Joong)
Apesar de ter uma parte boa em participar de todas as corridas, a parte ruim é que tinha que se deslocar de uma corrida para outra de forma rápida. Junho já havia preparado sua partida, e com isso contamos mais 7 horas e 35 minutos de voo até Paris, capital da França. Ao desembarcar na manhã do dia seguinte, ela foi recebida por uma jovem francesa estagiária do organizador da corrida de Mônaco.
foi instalada no Shangri-La Hotel Paris, o quarto apesar de um pouco mais simples que os outros que ela se hospedou, havia um pouco muito positivo, sua varanda tinha uma privilegiada vista para a
Torre Eiffel.
— Obrigada. — disse ela a estagiária ao puxar suas malas para dentro do quarto, fechou a porta e olhou em sua volta — Espero que Paris me traga tantas surpresas quanto Marrocos.
Ela sentiu seu celular tremendo no bolso da calça e retirando, atendeu a chamada de seu sócio.
—
Yeoboseyo. — disse ela.
—
Sua voz é música para meus ouvidos docinho. — brincou Junho.
— É bom te ouvir também, desta vez foi rápido.
—
Sim, Paris tem muitas possibilidades de números. — ele riu —
E como está o tempo aí? — Um pouco frio, acho que o inverno está chegando aqui também.
—
Hemisfério norte, docinho. — Engraçado, em Dubai estava um calor maravilhoso. — comentou ela se sentando na cadeira da varanda olhando a Torre.
—
O que está fazendo agora? —
Interessante. — ele tossiu um pouco —
Ah, esse resfriado que não me deixa. — Pare de reclamar e vá caçar um médico.
—
Prometo que irei. — ele riu —
Acabaram de enviar as regras, vou pedir um amigo para traduzir e te passo as coordenadas. — Hum, você não é o google translator? — brincou ela.
—
Ah, não. — ele riu —
Nunca fui bem no francês. — Sei.
—
Vou desligar primeiro, docinho. — ele encerrou a ligação.
se levantou novamente e seguiu até sua mala, retirou uma roupa mais adequada para o clima de inverno europeu e se trocou. Ela desceu até o restaurante o hotel e aproveitou o momento para almoçar, não tinha conseguido comer nada até aquele momento. Depois de se satisfazer com um belo almoço estilo francês, saiu para dar uma volta pela cidade. Na recepção do hotel estava um dos gerentes convidando os hóspedes a passearem pela cidade de bicicleta, aquela ação fazia parte de uma campanha em prol do pouco uso dos carros, para a menor poluição do ar da cidade. Essa era uma iniciativa da maioria dos hotéis da cidade.
aceitou a ideia e alugou uma das bicicletas que o hotel estava disponibilizando para os hóspedes. Foi um passeio tranquilo e proveitoso, ela conseguiu contemplar toda a paisagem do lugar e até mesmo tirar uma selfie na frente da
Torre Eiffel, para guardar de lembrança.
Quando voltou para o hotel ao pôr-do-sol, o gerente se aproximou dela e a levou até o jardim do hotel, quando entrou tinha um homem olhando para as rosas que estavam plantadas em um dos canteiros.
— Boa tarde. — disse ela ao se aproximar.
— Boa tarde, senhorita . — o homem a olhou tranquilamente com um leve sorriso no rosto — Espero que tenha gostado do passeio de bicicleta.
— Sim, foi uma experiência boa.
— Prazer, sou seu anfitrião Pierre Constance. — ele esticou a mão em cumprimento.
— Igualmente. — ela apertou a mão dele — Pode me chamar de .
— Como queira. — ele virou com suavidade a mão dela e beijou de leve — Irá comparecer ao coquetel de celebração esta noite?
— Não, acho que não estou muito animada para comemorações assim.
— Que bom, fiquei me perguntando se deveria ir ou não para lhe fazer companhia.
— Por que sou a única mulher na corrida?
— Não. — ele sorriu olhando novamente para as rosas — Por que certamente seria a única companhia agradável neste coquetel.
— Não irei comparecer, mas não me impede de estar disponível. — disse ela curiosa pela reação dele.
— Então posso lhe fazer um convite para um passeio noturno? — ele a olhou.
— Sim.
— Então te vejo daqui algumas horas. — ele sorriu de canto e se afastou saindo do jardim.
ficou cainhando pelo lugar por mais alguns minutos, foi ao restaurante novamente para fazer um pequeno lanche e retornou ao seu quarto, checou no celular as mensagens de Junho no
kakaotalk e depois foi para o banheiro tomar uma ducha quente. Quando retornou para o quarto, vestiu um agasalho e desceu para o saguão. Esperou por um tempo até que Pierre apareceu.
— Então, preparada? — perguntou ele.
— Sim.
Pierre e pegaram as duas bicicletas, que ele havia reservado para ambos. Foram pedalando pelas ruas de Paris até que ele parou em frente a uma grande construção. reconheceu o lugar, estava diante do
Museu do Louvre. — O reservei esta noite para você. — disse ele.
— Um dos privilégios quando se é um parlamentar do
Conselho Nacional de Mônaco6. — ele sorriu de canto e pedalou até a entrada, sendo seguido por ela.
se viu maravilhada com aquele lugar quem sempre havia visto em fotos de livros de história e arte. O museu era realmente lindo, eles caminharam pelo imenso lugar, ela não conseguiria ver tudo aquilo em apenas uma noite, mas Pierre a levou em uma parte que com certeza a marcaria.
— Nossa. — sussurrou ela ao olhar para a famosa pintura de
Monalisa — Incrível, ela é real.
— Sim. — ele riu baixo.
—
Da Vinci finalmente. — ela observou cada detalhe do quadro, desde a moldura até as menores gotículas de tinta da tela — Este lugar é encantador.
— Está sendo melhor que o coquetel. — ela o olhou com um pequeno brilho nos olhos.
Ele a levou para ver a escultura
a Vênus de Milo de
Alexandros de Antioquia e outras mais de grandes escultores do passado, se sentiu em uma aula prática de artes. Eles voltaram um pouco tarde para o hotel, mas, mesmo assim, ela conseguiu descansar um pouco até a hora de ir para corrida.
No dia seguinte o jatinho que levaria os corredores após a hora do almoço já estava pronto, foi a última a chegar. Exatos 1 hora e 40 minutos depois já desembarcavam em Mônaco, ela se empolgou um pouco ao saber que existia cassinos lá, mas manteve seu foco na corrida.
O tempo não estava ajudando, o céu nublado, chuva de inverno. A corrida seria no final da tarde, ao pôr-do-sol. Quando chegou no local indicado, o organizador já estava presente conversando um alguns corredores que foram para ver a corrida, ele estava com seu chapéu meio casual e muito bem agasalhado ao lado de sua esposa, uma corredora francesa famosa que havia se aposentado há três anos.
O carro de já estava à sua espera, Pierre não iria participar, mas tinha um corredor o representando. Ela entrou em seu carro, colocou o fone no ouvido e ligou para Junho, precisava rever as regras.
—
Conectado, docinho. — disse ele ao atender.
— E o que temos para hoje, Jun? — ela se ajeitou no banco.
—
Pista molhada, e de acordo com a previsão do tempo em Paris, sugiro que leve um guarda—chuva. — brincou ele.
— Engraçadinho, qual a regra da vez?
—
No deserto, no campo ou na cidade, independentemente do tempo, um bom corredor corre em qualquer situação. — Estou começando a me cansar dessa frase. — comentou ela ligando o motor.
— Se preocupe somente com a pista molhada, mesmo se não chover hoje, eles darão um jeito de improvisar uma chuva para vocês.
— Ok,
let’s go.
Apesar de parecer tranquila, o trajeto da corrida de Mônaco era cheiro de curvas e isso se tornava um perigo na hora as derrapagens com a pista molhada. teria que ser o mais cautelosa possível sem deixar de acelerar.
Junho como sempre estava auxiliando suas manobras, sempre checando uma forma mais segura de mantê-la na liderança, com algumas dificuldades pelo caminho, ela conseguiu completar todas as curvas até retornar ao ponto inicial que seria também a linha de chegada.
Mais uma vez havia ganhado, logo foi parabenizada e aplaudida pelos organizadores. Desta vez o mecânico estava lá mesmo no lugar da corrida para rebocar Seth. Depois que olhou com um sorriso para seu carro, ela entregou as chaves dele e se afastou.
“Todo dia eu tento, eu realmente estou quase lá
Ficamos mais perto de um bom tempo,
diga adeus a todas as dificuldades.”
– Sexy, Free & Single / Super Junior
6. Conselho Nacional de Mônaco: Sede do poder legislativo do Principado de Mônaco. ↑ Voltar para o texto
5. Divine
“Às vezes é bom apenas parar pra relaxar e descansar,
Porque tudo tem seu te-te-te-te-tempo.”
– Mr. Simple / Super Junior
— Confesso que estava torcendo por você. — disse Pierre ao se aproximar dela com uma rosa vermelha em suas mãos.
— Para mim? — ela olhou para a rosa.
—
Félicitations pour votre Victoire7. — ele lhe entregou a rosa — Você foi maravilhosa como sempre ouvi que era.
— Obrigada. — ela pegou as rosas sorrindo.
— Soube que você gosta de cassinos.
— Um pouco.
— Se quiser posso leva-la ao
Cassino de Monte Carlo. — ele segurou de leve na mão dela a olhando — Já que você ficará até amanhã.
— Adoraria, mas depois da minha corrida em Vegas, me desanimei um pouco com isso.
— Que pena, adoraria te ensinar a jogar
poker8.
— Mas isso não te impede de me levar para visitar algum lugar de Monte Carlo.
— Que tal uma volta noturna pela cidade? — sugeriu ele.
— Boa ideia.
Ele continuou segurando na mão dela, caminharam por um tempo até que Pierre a levou em uma cafeteria que costumava fechar mais tarde, eles comeram alguns pedaços de torta de maçã francesa e
cappuccino com creme. Depois ele a levou até um ponto de ônibus e vendo que se aproximavam alguns, deu sinal para um ônibus de dois andares. Eles entraram no transporte e se sentaram no segundo andar, ela no canto e ele na beirada.
— Está calada. — comentou ele.
— Estou admirando a paisagem urbana da cidade. — ela olhou para a rua e viu uma garotinha que aparentava ter seis anos no colo de um homem, a criança segurava um brinquedo em suas mãos, era uma boneca.
Aquela cena fez com que lembrasse da sua pobre infância, um passado que às vezes insistia em invadir seus pensamentos, ela se lembrou da primeira vez que ganhara um brinquedo em sua vida, um presente do senhor Foster, o corredor que havia inserido naquele meio, mas que tinha um papel meio paterno em sua vida.
— Acho que aqui está bom. — Pierre se levantou e tocou o sinal de parada solicitada — Vamos!?
— Aonde mais quer me levar? — perguntou ela se levantando.
— Surpresa.
Eles caminharam mais um pouco até chegar em uma rua meio estreita, nesta rua havia um edifício. Pierre se aproximou do homem que estava na portaria do edifício, conversou um pouco com ele e chamou para entrar.
— Quero que conheça um projeto que estou desenvolvendo junto com o ministro da cultura. — ele segurou a mão dela e a guiou até uma das salas do prédio.
— Uau. — ela olhou as pinturas que estavam nos diversos cavaletes dentro da sala — O que fazem aqui?
— Eu comprei esse edifício recentemente estou transformando em uma escola de arte moderna independente.
— Interessante. — ela se aproximou de um cavalete olhando a pintura que estava sendo iniciada na tela.
— Como a maioria são tradicionais e antiquadas, penso em um método de ensino em que os alunos possam se expressar aproveitando o máximo de seus talentos e criatividade.
— Inovador. — ela o olhou com um sorriso no canto do rosto. — Diferente.
— Não. — ela riu — E acho melhor não tentar, sou péssima.
— Não acredito. — ele riu um pouco — Mas tive uma ideia.
Ele pegou em sua mão e a puxou indo para outra sala. A sala era enfeitada com colagens de origamis em suas paredes formando desenhos diversos, se impressionou um pouco olhando alguns projetos de alunos que estava sobre as mesas.
— O que está tentando me propor?
— Vou te ensinar a fazer
origamis9. — disse ele num tom empolgado.
— Tudo bem.
— Ok, você vai aprender a fazer um pássaro primeiramente.
Ele pegou uma folha de papel ofício e começou a fazer algumas dobraduras lentamente lhe explicando com calma, ela pegou outra folha e foi seguindo tudo que ele fazia. Eles passaram algumas horas conversando enquanto faziam mais alguns
origamis aleatórios, Pierre a levou para o hotel que ficaria hospedada até a hora do seu voo.
— Agora estou cansada. — disse ela ao entrar no quarto, olhou para suas malas e respirou fundo — Finalmente acabou, estou de férias.
Ela foi até sua cama e se jogou nela de novo, começou a rir de emoção. Estava se sentindo realizada por ter completado aquelas corridas com perfeição e ganhado todas, sua comemoração silenciosa foi interrompida pelo barulho do seu celular tocando.
—
Yeoboseyo. — disse ela ao atender.
—
Como está se sentindo docinho? — Aliviada. — ela se levantou se sentando na cama — Finalmente acabou, estamos de férias.
—
Legal. — ele disse num tom meio sem graça.
— Junho, o que houve? Eu conheço esse seu tom de voz.
—
Bem. — ele ficou um momento em silêncio —
Tenho uma novidade que não sei se vai gostar. — Não… — ela se levantou da cama — Não, não, eu quero minhas férias, você disse que essas eram as três últimas corridas.
—
Docinho, não sou eu quem decido. — Junho. — ela sentiu um pouco de tristeza.
—
A sociedade teve a ideia de realizar uma corrida extra de encerramento, e como é uma dos cinco melhores corredores da Electric Shock, você foi convidada, não pude recusar. — Droga! — ela gritou.
—
Calma, veja pelo lado bom, você está entre os cinco melhores. — Não vejo lado bom nisso.
—
Docinho, prometo que essa será a última desse ano. —
Desta vez, perto de casa. — ele riu —
Será em Tóquio, no Japão. — Isso não me animou nem um pouco.
—
Ah, é um ponto positivo. Estará mais perto de mim e de Seoul. — Ha… Ha… — ela com ironia, caminhou até a janela e ficou olhando a rua — Terá um anfitrião?
—
Ainda não sei, mas vou descobrir. — Espero que realmente tenha encontrado um apartamento para mim em Seoul.
—
Não se preocupe, docinho, sua escritura já está em mão. — Vou desligar primeiro, preciso descansar.
Ela encerrou a ligação e foi em direção ao banheiro, tomou um banho demorado e deitou na cama, assim que fechou seus olhos rapidamente pegou no sono. No dia seguinte, Pierre a buscou no hotel, ele havia se oferecido para levá-la em seu jatinho particular até o Aeroporto Internacional de Paris, de onde pegaria seu voo para Tóquio.
Quando chegaram no aeroporto de Paris, Pierre a guiou até sua plataforma de embarque, eles esperaram por duas horas até chegar a hora prevista para o embarque dela.
— Bem, acho que está na hora. — disse ele ao ouvirem o anúncio no alto-falante.
— Sim. — ela se afastou um pouco dele.
— Espera. — ele a pegou pela mão.
— O quê? — ela o olhou sem entender.
— Para você. — ele entregou um envelope em tamanho ofício para ela.
— O que é? — ela pegou o envelope e retirou uma folha preta de dentro — Nossa.
— Espero que tenha gostado, foi eu mesmo quem desenhou. — disse ele se referindo ao desenho que tinha feito no papel preto com caneta prateada.
— Você desenhou a mim e meu carro. — seus olhos brilharam um pouco vendo os detalhados contornos do desenho — Obrigada.
— Espero que se lembre de mim sempre que olhar para este desenho.
— Tenho certeza que sim. — ela sorriu gentilmente — O desenho é lindo.
— Assim como a pessoa representada. — ele sorriu meio tímido pelo elogio que havia feito.
— Eu tenho que ir. — ela guardou o desenho novamente no envelope e se afastou dele indo em direção a portão de embarque com suas malas.
“Deixe-me ver os sentimentos que você possui por mim.”
– Show Me Your Love / Super Junior & TVXQ
7. Félicitations pour votre victoire: “Parabéns pela vitória” em francês. ↑ Voltar para o texto
8. poker: É um jogo de cartas jogado por duas ou mais pessoas, muito comum em casinos. ↑ Voltar para o texto
9. origamis: É a arte e brincadeira tradicional e secular japonesa de dobrar o papel, criando representações de determinados seres ou objetos com as dobras geométricas de uma peça de papel, sem cortá-la ou colá-la. ↑ Voltar para o texto
6. Red Light
“Poderei alcançar o melhor da minha vida
Como se eu não vivesse sem arrependimentos
Com a mente que se agitou, e ficou cheias de esperanças.”
– S.E.O.U.L / Super Junior & Girl’s Generation
desembarcou em Tóquio às nove da noite, seu voo tinha durado 11 horas e 55 minutos. O inverno já tinha iniciado e já estava nevando em Tóquio, ela foi recebida no aeroporto pela filha do presidente da Sociedade. Desta vez eles a hospedaram no
Mandarin Oriental Tokyo, um hotel que pertencia a família de um dos corredores.
— Obrigada. — disse ela se afastando da moça e entrando em seu quarto, não demorou muito tempo e seu celular tocou — Yeoboseyo, docinho.
—
Só liguei para saber se chegou bem. — se adiantou Junho. —
Apesar de estar no começo, a neve atrapalha um pouco o tráfego aéreo. — Cheguei e só vou comer alguma coisa e descasar.
—
Isso é bom, cuidar da saúde. — Te enviaram mais alguma novidade?
—
Hum vejamos. — ele digitou alguma coisa do outro lado —
Fomos convidados para um jantar. — Fomos? — ela segurou o riso um pouco surpresa — Você também vai?
—
É claro, moro aqui do lado, chego em Tóquio amanhã à tarde, docinho. — Estou ansiosa agora. — ela riu — Vou te ver pela primeira vez.
—
Finalmente poderemos consumar nosso amor. —
Pabo10. — ela riu mais um pouco — Vou desligar, estou com fome.
descansou bastante aquela noite, na manhã seguinte foi convidada a tomar café da manhã com o presidente da Sociedade e os outros corredores. Curiosamente só compareceram três corredores além de . Ela ficou um pouco intrigada para conhece-lo, pois a filha do presidente havia comentado que este corredor era o anfitrião de Tóquio.
Ao final da tarde, estava lendo uma revista sobre motores de carros antigos, sentada em um dos sofás do saguão do hotel, quando um homem se aproximou.
— Concentrada, docinho. — disse o homem.
— Hum?! — ela levantou sua face e o olhou — Junho?!
Quem mais seria, docinho? — ele sorriu de canto.
— Uau. — ela se surpreendeu ao ver que ele era um homem bonito de um charme peculiar.
— Surpresa por eu não me parecer um nerd de óculos?
— Pode dizer que sim? — ela riu de leve — Totalmente diferente do que imaginei.
— Estou feliz por tê-la surpreendido — ele riu — Aceitaria jantar no meu quarto? — convidou ele.
— Gostei do convite. — ela sorriu — Aceito.
Junho a levou para sua suíte presidencial, quando entrou olhou atentamente a decoração. Ela se aproximou de leve da escrivaninha que tinha ao lado da varanda do quarto, passou a mão de leve no notebook que estava aberto e viu uma moeda ao lado de um adaptador de cartão de memória, pegando a moeda leu o verso.
— Por que você tem uma moeda do Vietnã? — perguntou ela.
— Ei. — ele pegou a moeda das mãos dela — Não toque nas minhas coisas.
— Você não me respondeu, docinho. — insistiu ela.
— Sou um colecionador de moedas. — ele guardou sua moeda no bolso — É um
hobby.
— Hum. — ela o olhou — Isso eu não sabia sobre você, pensei que jogar fosse seu
hobby.
— Meus games são um esporte. — protestou ele.
— Ok. — ela se sentou na cadeira em frente a escrivaninha — E você foi ao Vietnã?
— Participei de alguns jogos de escotismo no país.
— Isso explica o saco de dormir embaixo da cama. — disse olhando para debaixo da cama dele, vendo o objeto.
— Ah, ele se perdeu ali embaixo quando estava desfazendo minhas malas.
Ela riu do modo em que ele falou, logo bateram na porta, era o funcionário do hotel com jantar que ele havia encomendado.
— Uau. — ela olhou para a comida sendo colocada com cuidado na mesa próxima à porta — Um barco de
sushi.
— Vai comer em grande estilo, docinho. — ele piscou para ela com seu olho direito — Disse que te trataria como uma princesa quando me conhecesse pessoalmente.
— Estou vendo. — ela se levantou em direção à mesa — Nossa, me deu fome agora.
— Sem cerimônias. — concordou ela.
Eles comeram bem e conversaram um pouco sobre aquela corrida extra, Junho ficou de apresentar a ela o anfitrião da corrida no dia seguinte. Algumas horas depois, ela voltou para seu quarto e aproveitou o momento para ver um filme na internet, fazia tempos que não tinha estes singelos momentos de lazer.
Na manhã seguinte, Junho a acordou cedo para o café da manhã, observava a todo momento o quão galanteador que ele era com todas as mulheres bonitas que apareciam diante dele.
— E você ainda disse que era meu noivo. — comentou ela tentando segurar o riso, pegando sua xícara de
cappuccino.
— Que isso, docinho, se você me aceitasse de verdade, eu até corrigia esse meu lado
Don Juan. — brincou ele olhando discretamente para as pernas de uma mulher que havia sentado na mesa ao lado.
— Sei. — ela tomou um gole do
cappuccino e comeu a última fatia da torta de pêssego que estava no seu prato.
— Ainda estou chateado por você não ter trazido pelo menos um cartão-postal para mim.
— Foi você quem disse para eu manter o foco nas corridas. — brincou ela em uma indireta sobre as diversas recomendações dele durante o circuito.
— Ah. — ele olhou para um homem que caminhava na direção da mesa deles — Finalmente
hyung11!
— Me desculpe a demora. — disse o homem ao chegar perto.
— Não importa, já terminamos nosso café. — Junho olhou para — Docinho, quero que conheça meu irmão , que surpreendentemente para mim é o anfitrião de Tóquio.
— Prazer, senhorita. — ele se curvou em cumprimento.
— Igualmente. — ela se levantou e deu um sorriso simples.
—
Hyung, poderia fazer um favor para mim?
— Claro. — o olhou — O quê?
— Leve minha docinho para conhecer Tóquio, eu… — ele sorriu de canto — Tenho um compromisso. — ele se afastou e caminhou até a mulher da mesa ao lado.
— Nem precisamos perguntar o compromisso. — comentou nem um pouco surpresa.
— Me desculpe por ele. — se sentiu meio envergonhado pelo irmão — Junho sempre foi assim desde a adolescência.
— Imagino, pelo modo como ele me trata desde o início. — ela riu.
— Hum. — ele estendeu sua mão direita para ela — Aceitaria passear comigo?
— Sim. — ela segurou sua mão.
era gentil e simpático, ele tinha uma áurea de mistério sobre seus olhares para ela e um sorriso que a deixava fascinada. Eles foram de metrô até o Parque Ueno no bairro de
Taito, ela focou admirada que mesmo no inverno com aquela neve toda, a paisagem continuava linda.
— Sim. — ele olhou para uma das árvores — É tido como um importante cartão-postal de Tóquio, além da Torre de Tóquio.
— Curioso. — ela sorriu e olhou para um casal que passava por eles.
— O quê?
— Você e Junho serem irmãos e não estarem na mesma equipe.
— Ah. — ele riu — Digamos que meu irmão estava mais interessado em trabalhar com o sexo oposto. — ele olhou para ela — Mas geralmente ele me pede alguns favores relacionados as corridas.
— Como o quê? — perguntou ela meio curiosa.
— Sou eu quem traduzo a maioria das regras para ele.
— Ah. — ela o olhou admirada — O amigo secreto dele.
— É. — ele riu — Devido ao hotel, além do meu coreano, sou fluente em português, espanhol, inglês e japonês, precisei aprender francês em tempo recorde.
— Entendi. — ela riu também — Curioso nunca termos participado da mesma corrida.
— Geralmente eu corro mais nos circuitos da Ásia e Oceania. — explicou ele.
— Ah, eu sempre fico mais na América e Europa. — ela o olhou de leve — Quando começou a correr?
— Aos 15 anos. — ele respirou fundo — Fazia isso escondido da minha mãe, ela tinha medo que eu me machucasse. — e a olhando — E você?
— Minha primeira vez dirigindo foi aos 13 anos, estava fugindo da polícia.
— Garota perigosa. — brincou ele.
— Estava tentando ganhar uma aposta de uma pessoa. — explicou ela.
— Deixe-me adivinhar. — ele riu — Foster?
— Sim. — ela riu junto — Ele me colocou nisso.
— Espero que nossa corrida amanhã seja tão emocionante quanto ouço sobre suas corridas.
— Eu também. — ela sorriu de leve — Estou mais animada agora por isso.
— Por correr contra uma pessoa como você.
Eles caminharam mais um pouco, até que ele a levou de volta para o hotel. Pela primeira vez se sentia confortável perto de um anfitrião, de alguma forma ela tinha se identificado com ele, se sentia um pouco atraída por .
“Oh, minha, não sei porque meu coração está flutuando assim
Enquanto estou de frente pra você, não sei nem mesmo seu nome mas
Oh, seu olhar fixo e celestial é real.”
– Falling In Love / 2NE1
As horas se passaram, até que chegou o momento da corrida. No topo de um prédio no centro de Tóquio, todos os corredores e anfitriões de cada país participante do circuito do ano da Sociedade
Electric Shock estavam reunidos em um coquetel, sendo assim Cedric, Armin e Pierre estavam presentes também. , , Marcus, Piero e Sena, tidos como os cinco melhores corredores estavam enfileirados de frente para o presidente da Sociedade o senhor Albert Stevens.
— Para mim é um grande prazer e uma imensa honra estar diante dos melhores da
Electric Shock. — disse Albert — Antes de anunciar como será esta corrida extra, quero cumprimenta-los de forma memorável.
— Vocês são o orgulho da nossa Sociedade. — disse a esposa dele ao seu lado.
— Vocês encontrarão seus carros no estacionamento deste prédio, porém não poderão correr com eles. — anunciou Albert.
— Como assim? — perguntou Marcus meio indignado.
— Nossa regra para esta corrida é. — ele sorriu de canto — Seja em uma
Ferrari nova ou um
Chevette original usado, não importa o modelo ou estado, um bom corredor corre em qualquer situação.
— Definitivamente eu odeio esta frase. — sussurrou , fazendo rir ao seu lado — Você ouviu? — disse ela ao olhar para ele.
— Sim. — ele colocou a mão na boca tentando segurar o riso.
Albert liberou os corredores para irem, desta vez eles viram a rota antes de iniciar e não poderia contar com as instruções de Junho. Um alívio para ele que estava se divertindo com uma corredora em um canto isolado do terraço.
Assim foram os cinco para o estacionamento no subsolo do prédio, quando chegaram tiveram uma surpresa.
— Isso é brincadeira. — disse Piero — Eu não vou correr nisso. — apontou para uma
Brasília amarela.
— Acho que importaram ela do Brasil especialmente para você. — brincou , segurando o riso — Isso faz sucesso no meu país, melhor do que esse
Fusca rebaixado de 84 que me deram.
— Ah. — segurou o riso — A cor do seu
Fusca é bonita, um vermelho envolvente. — ele apontou para o seu carro — Olha esse
Gol de 86 cinza enferrujado.
— Desta vez eles brincaram com nossas caras. — comentou Marcus olhando indignado para o
Mustang 50 preto com um dos faróis quebrado. — Foram em um ferro-velho qualquer e pegaram esses carros.
— Não sei vocês, mas eu vou correr. — disse Sena entrando no seu
Chevette 84 branco — Quero mostrar a eles que realmente, um bom corredor corre em qualquer situação.
— Uau. — deu um sorriso animado — Agora eu gostei dessa frase. — ela entrou no seu
Fusca e ligou o motor — Então, não querem dar a eles o troco?
— Essa vai ser a melhor corrida que eles viram. — entrou no
Gol rindo.
Marcus e Piero entraram nos seus carros se empolgando também, todos deram a partida e começaram a corrida. Aquela foi a corrida mais divertida da vida de até aquele momento, mesmo com aqueles carros velhos e sem muita potência, todos os cinco aceleraram sem medo e conseguiram fazer manobras incríveis se desviando dos carros nas ruas de Tóquio.
Foram os 5 minutos mais alucinantes e emocionantes de todas as corridas que já havia participado, logo na reta final o carro de Piero começou a dar defeito fazendo ele desistir, Marcus em uma manobra acabou batendo em Sena fazendo seus carros rodarem no meio da avenida. e continuaram, cada hora um ficava na frente, sendo ultrapassado pelo outro, foi assim até o final, infelizmente por questões milimétricas acabou vencendo a corrida.
Eles estacionaram, e saíram dos carros, mesmo triste por ter perdido havia se divertido tanto que nem se importava com a derrota.
— Você foi incrível. — disse ao chegar perto dela.
— Foi você quem ganhou. — ela achou estranho.
— Me fez sentir aquela emoção que esperava. — ele a olhou profundo — Correr contra você é algo mágico.
— A palavra correta é inesquecível. — ela sorriu de canto.
— Nada modesta. — ele sorriu de leve.
— É isso que te deixa atraído por mim. — ela riu de leve.
— Então quer voltar para o coquetel? — perguntou ele.
— Não, prefiro um lugar mais calmo.
“Truques de mágica
Estou ficando animado
Garota, você é toda a audiência que preciso
Você me conduz
Me prendeu dentro do seu nome
Em câmera lenta
Agora tente escapar
Tente escapar de mim essa noite
Não será fácil
Em todo o mundo
Estou viciado em você, garota mágica.”
– Magic / Super Junior
10. Pabo: Termo coreano utilizado para chamar/xingar uma de “idiota” ou “Bobo”. ↑ Voltar para o texto
11. hyung: Termo coreano utilizado somente por homens afim de demonstrar respeito, para chamar irmãos ou amigos próximos mais velhos. ↑ Voltar para o texto
7. Romantic
“Quanto mais eu te conheço, meu coração estremece
Tudo que eu consigo fazer é sorrir
Será que devo tentar te roubar um beijo?
Isso vai me fazer ficar mais perto do seu coração?”
– Standy By Me / Boys Over Flowers OST (SHINee)
parou um táxi e a levou até uma cafeteria que gostava de ir chamada
Coffee House, era um ambiente harmônico e tranquilo, que deixou fascinada. Eles pediram um cappuccino de chocolate para ela, um café expresso para ele e dois pedaços de torta de morango com
chantilly.
Eles comeram bem, e mesmo naquele frio resolveram caminhar um pouco em meio aos flocos de neve que estavam caindo do céu. se sentia ainda mais envolvida por ele cada olhar e sorriso, ele contou um pouco sobre sua rotina em Tóquio e que só estava lá por um tempo para organizar algumas irregularidades que estava tendo no hotel, e que estava ansioso para voltar para sua casa na Coreia de Sul.
Ele e Junho eram os únicos herdeiros de um grande patrimônio que pertencia a família . contou um pouco sobre sua infância travessa com Junho e de como estava curioso para conhecer ela, a sócia corredora do irmão que não perdia nenhuma corrida.
— Eu ainda não acredito que perdi para você. — disse ela.
— Tem sempre uma primeira vez. — ele riu.
— Vou querer revanche. — avisou ela — Uma nova corrida.
— Prometo que terá. — ele sorriu de canto a olhando.
Eles voltaram para o hotel, ao passarem pelo saguão Cedric se aproximou deles.
—
Lady danger. — disse ele a apelidando.
— Cedric. — ela o olhou tentando manter a calma se lembrando do que havia passado no aeroporto.
— Espero que não haja ressentimentos entre nós. — disse ele debochadamente.
— Me desculpe, senhor Baker, mas estamos com pressa. — disse ao segurar na mão dela entrelaçando seus dedos.
— Hum. — Cedric viu aquele gesto — Entendo, bem, congratulations senhor .
se afastou com ela, indo em direção ao elevador.
— Obrigada. — ela respirou fundo.
— Junho me contou o que ele fez com você.
— Só de lembrar ficou com uma vontade de socar a cara dele. — ela bufou como ar de desabafo.
— Eu também. — ele a olhou com um sorriso de canto ainda segurando em sua mão — Fiquei feliz que tenha ganhado dele.
Eles subiram e foi para seu quarto, ela estava sentindo seu corpo meio cansado. Caminhou até o banheiro, tomou uma ducha quente e relaxante, voltando ao quarto colocou seu pijama e deitou em sua cama, fechou seus olhos e dormiu rapidamente.
“Oh, minha, ser assim está ok pra mim?
Perco minha mente
Estou apaixonada por você,
eu devo ter perdido a cabeça.”
– Falling In Love / 2NE1
Passaram-se uma semana e estava hospedada na casa da família em Seul, na Coreia do Sul. Seu apartamento que era na cobertura na parte leste da cidade estava em reformas e ela resolveu se instalar na casa do seu sócio/amigo como costumava nomeá-lo.
— Interessante. — disse ela encostando na porta da sala de estar que dava para o amplo jardim de inverno que havia na lateral da casa, vendo lançando alguns golpes no ar.
— Oh, você está aí. — ele parou e a olhou — Não a vi se aproximar.
—
Tae kwon do12. — ele sorriu — É uma arte marcial criada na Coreia.
— Interessante. — ela o olhou impressionada — E você luta também?
— Um pouco, cheguei a ser faixa preta, mas dei uma parada.
— Deixe-me adivinhar, se dedicou mais às corridas.
— Sim. — ele sorriu de leve.
— Acho que não sou a única que tenho um motor turbo no lugar do coração. — brincou ela.
— Acho que temos o mesmo ponto fraco. — ele a olhou fixamente.
— Então onde está Junho? — ela deu alguns passos em direção à ele.
— Você ainda pergunta? — ele riu — Provavelmente em um daqueles compromissos.
— Junho sendo Junho. — brincou ela.
se aproximou mais dela e segurando em seu braço a rodou de leve, fazendo as costas dela se encaixar de leve em seu tórax, ela ficou imóvel tentando entender o que ele estava fazendo. Ele segurou firme no braço direito dela, mas não a machucando.
— O que está tentando fazer? — perguntou ela meio perdida naqueles movimentos.
— Tente se soltar. — disse ele num tom baixo e tranquilo.
— Não me diga que está tentando me ensinar defesa pessoal. — incluiu ela.
— Você é uma mulher bonita, que em certas situações pode vir a se tornar indefesa.
Ela tentou se soltar não tendo muito sucesso, tentando segurar o riso e se concentrar, a explicou como funcionava os princípios básicos da luta e de como ela poderia utilizar a força do seu inimigo a seu favor, ele mostrou a ela um golpe básico que ela poderia utilizar para se soltar dele.
— Então conseguiu entender?
— Um pouco, mas estou com medo de te machucar. — disse ela com receio.
— Não vai. — ele sorriu de canto a olhando.
Então a girou novamente a prendendo, ela começou a tentar fazer o que ele tinha lhe ensinado, assim abaixou um pouco seu corpo e o rodou de leve. se desequilibrou um pouco e tropeçando na perna dele caiu o puxando consigo. Eles ficaram se olhando por um longo tempo, com suas respirações sincronizadas.
— O que vem depois da queda? — perguntou ela.
Ele a beijou de leve no início, seus lábios suaves e doces em poucos segundos começaram a ficar mais envolvente num beijo intenso e malicioso.
estava no início de suas tão desejadas férias, aquele ano havia sido cheio de adrenalina e surpresas. Mesmo sabendo que após seus dois meses de férias ela voltaria às corridas continentais e ao circuito mundial da
Electric Shock, naquele momento ela só queria aproveitar a oportunidade que a vida havia lhe reservado.
Afinal quem iria imaginar que no final de uma competição extra, ela não perderia somente uma corrida para , mas também seu coração.
“Eu continuo a me apaixonar, me apaixonar
Quando te vejo, meu coração, oh, oh, oh, oh
Apaixonar-se, se apaixonar
Eu só quero você, o que devo fazer garoto?”
– Falling In Love / 2NE1
12. Tae kwon do: taekwon-do ou TKD, pronuncia: Tae quondo, é uma arte marcial que originou um desporto de combate. A origem do nome vem de: “Tae” (Pé) kwon (mão) “Do” (espirito/caminho). ↑ Voltar para o texto
“Determinação: Não é o que temos que nos define, e sim como nos levantamos após uma queda.” – Pâms
Fim