Ilane CS
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Sem curiosidades para essa história no momento!

Dopa(mine)

Prólogo

(POV )

  — Tem que haver outra saída. — murmurei entre dentes repetidamente, enquanto o fundo da xícara encontrava o pires com força, quase rachando a louça.
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  — Você pode quebrar todas as porcelanas do escritório, , isso não muda os fatos. — me avisou com calma. Com a sua irritante calma. — A O’Brien Group está colapsando, a nossa única chance é deixar que a companhia dos japoneses absorva a nossa.
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  — E pra isso eu tenho que me casar com esse tal de Hakuna Matata?
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  — Arata. O nome dele é Arata. — meu irmão corrigiu. — Vamos, , não pense nisso como um casamento, pense como um contrato. Os acionistas da nossa empresa precisam ser da família, é uma exigência burocrática. — bateu nos papéis em cima da mesa. — É uma transação financeira, deixe o romantismo de lado.
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  — Fácil pra você falar. — recostei na cadeira da minha sala. — Você se casou por amor.
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  — Isso ainda pode acontecer com você. — ergueu uma sobrancelha e abriu um sorriso. — Não estamos propondo que você case com algum velho caquético, o rapaz é o mais velho de três irmãos, mas ainda é jovem, bonito, bem-sucedido…
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   se pausou quando me viu fechar o semblante e fuzilar ele com o olhar. A ideia era absurda desde a concepção até os argumentos que ele listava para me convencer. Em que século estávamos, afinal? Depois de dedicar toda a vida me preparando para assumir meu lugar nos negócios, para provar o meu valor e a minha capacidade, eu tinha que aceitar um casamento arranjado como solução para a falência iminente? Era inconcebível, mas era ainda mais inconcebível pensar em fechar as portas da empresa fundada pelos meus bisavós, o legado da nossa família.
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  Arfei para o contrato em cima do tampo de mármore, amaldiçoando todas as letras e cláusulas redigidas ali. No entanto, minha resistência e meu empenho em contornar os artigos mostraram-se inúteis: foram semanas me debruçando sobre o texto, buscando ajuda com meus colegas advogados, procurando uma brecha, uma contradição, um furo que fosse… Mas a peça era sólida e irrevogável, a O’Brien Group era uma companhia estritamente familiar e não podia, sob hipótese alguma, aceitar acionistas fora do sobrenome.
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  — Como isso beneficia a eles, afinal? — coloquei a franja para trás, suspirando. — Eles não podem ter concordado em investir numa empresa a ponto de quebrar sem que haja vantagens para eles.
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  — Expansão, irmã. Uma empresa consagrada como a nossa… — sacudiu a caneta banhada a ouro no ar. — Ainda temos nosso nome, ainda somos uma vitrine. É a entrada dos japoneses no mercado americano.
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  — Mais do que isso, é a entrada de um japonês na minha…
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  — ! — ele gritou, apavorado.
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  — Na minha vida, . Credo.
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  Meu irmão balançou a cabeça, rindo do meu infortúnio, como era o privilégio do mais velho sempre que o caçula estava metido em problemas. Problemas que não foram causados por mim, mas que, pelo visto, eu teria que resolver. Não era justo que logo na minha geração e de tivéssemos que arcar com o misterioso rombo fiscal que colocava em perigo a nossa permanência no mercado e, consequentemente, o meu futuro. Para receber o investimento que os Arata pretendiam fazer e valorizar nossas ações em baixa, eu teria que casar com um representante da empresa deles, a gigante metalúrgica Three Swords.
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  Estalei a língua, afundando na cadeira e considerando soltar um grito sem sentido para aliviar toda aquela pressão que foi jogada sobre os meus ombros. O destino inteiro da minha família dependia de mim e daquela decisão, era um fardo pesado demais.
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  — Ei. — levantou-se e deu a volta na mesa, apoiando-se nela, de frente para mim. — Você sabe que pode dizer não, né?
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  — E jogar a última pá de terra na O’Brien Group? — neguei com  a cabeça. — Você mesmo disse que é a única opção.
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  — E é. Mas tem outra coisa que eu não disse.
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  — Do que você está falando? — dei um pulo no lugar. — Não vai me dizer que o cara é tipo um Christian Grey e vocês vão me casar com um tarado?
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   fez um gesto para que eu parasse de falar, acompanhado de uma cara de nojo.
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  — Não vai haver intimidade entre vocês a não ser que os dois queiram, vamos colocar isso no contrato de casamento. O que me lembra que você vai precisar de um bom advogado.
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  — Kim . — pensei automaticamente no meu amigo e colega de curso. — Confio nele para me deixar bem amparada.
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  — Confia nele também para um plano de contingência? — baixou a voz, voltando a falar na tal parte que ele ainda não tinha me contado.
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  — Plano? Que plano?
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  — Assim você me ofende, irmã. — ele voltou a se sentar e a cadeira reclinou com o movimento. — Acha mesmo que eu ia colocar a minha caçulinha nessa emboscada sem uma rota de fuga?
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  — Acho.
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  — Ingrata.
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   mexeu na sua pasta de couro e tirou um arquivo cheio de gráficos e dados numéricos. Eram projeções financeiras para um ano, um esboço otimista de como poderíamos nos recuperar em tempo recorde, às custas de muito trabalho em parceria com a Three Swords. Os números de eram ousados, mas possíveis. Bem possíveis.
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  — Um ano, . — ele levantou o indicador. — Só precisamos de um ano. Vocês casam, a companhia dele injeta capital na nossa e, quando nos recuperarmos em um ano…
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  — Eu peço o divórcio. — concluí e confirmou com a cabeça.
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  Um ano era tempo suficiente para a O’Brien Group fazer bom proveito do investimento recebido, os cálculos sólidos de não deixavam dúvidas. Também era tempo suficiente para que os Arata se estabelecessem e consolidassem seu domínio metalúrgico no país. Todo mundo sairia ganhando, no final das contas. Eu perderia um pouco mais que todo mundo, é claro, mas eu poderia aguentar um ano brincando de casinha.
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  — O Batata está sabendo disso? — perguntei.
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  — A-ra-ta. — insistiu. — E não, ele não está sabendo. Está entre nós dois e, logo mais, o .
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  — Vamos manter assim até que a O’Brien Group esteja totalmente a salvo. Não quero que meu maridinho se indisponha comigo e atrapalhe os negócios.
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  — Então você aceita?
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  — Sim. — suspirei, pensando no duplo sentido da frase. — Eu aceito.
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Capítulo 1: El Diablo

(POV )

  A reunião extraoficial com o advogado dispensava todas as formalidades corporativas e burocráticas com as quais eu lidava o tempo todo. Kim foi meu colega de faculdade e Laura Chevalier, sua namorada desde então, acabou se tornando uma grande amiga, um elo que nos fez trocar uma sala de escritório cinza por um delicioso jantar no apartamento dos dois.
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  — Não é tão ruim, . — coçou o queixo enquanto Laura colocava o café na mesa. — A proposta é clara, vocês vão morar juntos, mas em quartos separados. Aqui diz que você vai se mudar para a casa dele, você concordou com isso?
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  — Ele tem uma puta casa em Greenwich Village. A Sarah Jessica Parker e o Tom Cruise moram lá, é claro que eu concordei.
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  — Ok, boa vizinhança. — assobiou. — Aqui também diz que vocês não terão obrigações conjugais um com o outro. E por obrigações conjugais eu quero dizer…
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  — Eu sei o que você quer dizer. — interrompi, me servindo. — Consumar o casamento.
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  — É isso que preocupa você, ? — Laura perguntou, sentando-se ao lado do namorado. — Que ele tente algo sem a sua permissão?
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  — Se ele tentar, eu corto o negócio dele fora.
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  — Não precisa castrar o japonês. — fechou as pernas quando juntei os dedos  imitando uma tesoura. — Um casamento é, antes de tudo, um contrato. Os atos sexuais precisam ser consentidos por ambas as partes, é implícito.
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  — Então deixe explícito. — dei o primeiro gole no café e estalei a língua.
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  — Já está. Há uma cláusula irrevogável. — ele abriu a cópia cheia das suas anotações no notebook e virou a tela para mim. — Se o tocar em você sem que você queira, o contrato está desfeito e ele perde o posto na O’Brien Group e também na Three Swords. 
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  — Jura? — aceitei um dos biscoitinhos que Laura empurrou na minha direção, examinando o texto. — Eu não tinha chegado nessa parte.
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  — Sendo assim, eu preciso avisar que o mesmo vale pra você. — abriu a boca e Laura colocou um biscoito nela. — Nada de partir pra cima do rapaz.
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  — Essa não. Será que eu vou conseguir me controlar? —  ironizei, achando a cena dos dois nojenta e fofa ao mesmo tempo.
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  —  Quem sabe? — Laura insinuou. — Ele pode ser irresistível, você já viu ele?
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  —  Não e nem quero. Vou ter muito tempo para olhar para a cara do meu maridinho quando casarmos. — cruzei os braços, assistindo Laura alimentar o filhote gigante. — Fala sério, Laura, ele tem dois metros e quase trinta anos, ele sabe comer sozinho.
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  — Homens são bebês grandes, amiga. — ela fez um carinho no cabelo de , que balançou a cabeça concordando e fazendo um bico. — Você vai descobrir isso quando se apaixonar por um.
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  Revirei os olhos, rindo do casal. Toda a história do casamento, do contrato e do divórcio iminente estava acontecendo rápido demais. Eu ainda não tinha tido tempo sequer de ficar triste por não estar apaixonada pelo meu futuro marido. Não que eu me considerasse uma pessoa ultrarromântica, do tipo que coloca biscoitinhos na boca do namorado, mas a fala de Laura despertou um incômodo aqui dentro, um receio que eu me obriguei a ignorar. Nunca imaginei que eu me casaria, mas eu tinha certeza de que, quando acontecesse, seria por amor.
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  — Vai acontecer, . — Laura apoiou o próprio rosto nos dedos tatuados, como se lesse a minha mente. — O me contou sobre os cálculos do . Isso vai acabar logo e você vai ter todo tempo do mundo para conhecer alguém que ame.
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  — Por que você não assumiu os negócios da Chevalier Industries, hein, Laura? — apertei a mão que ela me estendeu na tentativa de me confortar. — Se você estivesse à frente da empresa da sua família, eu me casaria com você para salvar a minha.
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  — É ruim, hein! — reclamou e puxou sutilmente a cadeira da namorada para mais perto dele.
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  — Meu avô está solteiro. — Laura deu de ombros. — Se ele estiver interessado em investir, eu marco um encontro com vocês dois.
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  Demos uma risada uníssona e meu peito carregado ficou mais leve. Apesar do pouco tempo que tive para processar os últimos eventos, decidi encarar tudo aquilo como uma solução para os problemas da O’Brien e não como uma sentença para mim. Ficamos até mais tarde acertando o contrato e entramos em contato com , o mediador entre nós e os Arata. O jantar de noivado (que nada mais era que uma ocasião para que eu conhecesse a cara do antes de me mudar com ele) ficou marcado para o dia seguinte.
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  — Já que você está oficialmente noiva… — Laura levantou-se e me puxou pela mão. — Vamos escolher um belo vestido.
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  — Não vai ter um belo vestido, Laura. — ela continuou me puxando casa a dentro. — Vamos assinar lá no escritório mesmo.
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  — Eu não tô falando do seu casamento, tô falando da sua despedida de solteira. — chegamos ao corredor e ficou pelo caminho, entrando no escritório.
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  — E desde quando vai ter uma? — seguimos para o quarto deles.
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  — Desde agora, eu acabei de decidir. — Laura me arrastou até o closet dela, me deixando de frente para uma fila de vestidos expostos. — Escolhe o mais curto que eu tiver.
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  — E você escolhe o mais comprido que tiver, hein, Laura! — berrou do outro cômodo e foi encoberto pelos gritinhos de empolgação de Laura quando me viu colocar um tubinho vermelho na frente do corpo.
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  — Excelente escolha. — Laura aprovou e pegou o celular, mandando áudios para as amigas e chamando-as para a minha, quem diria, despedida de solteira.
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  — Serviu, mas… — me olhei no espelho depois de trocar minha calça de alfaiataria e minha blusa canelada pelo vestido ali mesmo. — Tá marcando a minha calcinha.
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  — Então vai sem. — Laura piscou e o celular dela começou a explodir de mensagens respondendo ao convite.
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  Ela era a amiga certa para uma boa noitada. Antes de ser gentilmente amarrada pelo namorado, Laura Chevalier tinha, digamos, uma reputação na Saint Peter, a universidade em que estudamos. Ela sempre foi a garota popular de quem todos queriam se aproximar, frequentava as melhores festas e ficava com os caras mais bonitos. Preocupado com o ritmo intenso das farras da neta, o avô dela, milionário dono da Chevalier Industries, resolveu contratar um segurança particular para ficar de olho na baladeira. Necessitado de um emprego que ajudasse a cobrir as despesas de intercambista, Kim aceitou a vaga. E o resto da história se desenrolou de um modo previsível, mas não menos bonito: os dois se apaixonaram.
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  Balancei a cabeça e puxei a calcinha por baixo do vestido, escondendo-a na minha bolsa. Não era hora de amolecer com a história de amor bem sucedida, tampouco de me lamentar pela minha situação. Era hora de sair com a Laura e as amigas dela para algum clube noturno de Manhattan e cometer uns erros por lá.
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  — Satisfeita? — dei uma voltinha para Laura, exibindo o vestido, enquanto ela se enfiava também em um outro, preto e aberto nas costas.
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  — Vou ficar ainda mais se você me prometer que vai se divertir hoje. — ela pediu ajuda com o zíper. — Essa noite, você não tem esse peso todo que está carregando, você só tem que dançar, curtir e-
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  — E achar uma bunda pra eu amassar. — fui até a penteadeira dela e escolhi um batom da mesma cor do vestido.
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  — Esse é o espírito. — ela gargalhou, surpresa e satisfeita, e voltou ao celular para mandar mais um áudio. — Deni, amiga, onde que é aquele clube cheio de tailandês sem camisa?
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  — Ei, Laura! — voltou a gritar do escritório. — Nem pensar!
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  — É brincadeira, amor. — Laura riu. — Eu quis dizer onde que é a igreja…
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  Acabou que o pequeno escândalo que deu antes de sairmos foi em vão, porque o tal clube de tailandeses pelados estava fechado para uma reforma e mudamos a programação para um bar ali perto, com bastante música, bastante bebida e bastante gente. As amigas da Laura eram maravilhosas e, apesar de ter acabado de conhecê-las, elas me ajudaram a me soltar e aproveitar a noite. Depois de muita dança e dos primeiros shots, caminhei até a ilha do bar e assobiei para chamar a atenção do bartender:
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  — Um El Diablo, por favor! — chamei o atendente na outra ponta da ilha, que entendeu meu pedido apesar do barulho da música e das pessoas. Era um daqueles bares cheios de malabarismos e ele preparou o drink com muita firula, deslizando o copo pelo balcão depois de pronto.
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  Minha boca estava seca e eu me preparei para apanhar a bebida lançada, mas a trajetória foi interrompida por uma mão masculina que a interceptou no meio do caminho, tomando-a num movimento rápido e preciso, sem derramar nenhuma gota.
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  — Ei! — empurrei algumas pessoas e fui até o intrometido. — Com licença, mas esse drink aí é meu!
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  O rapaz nem se deu ao trabalho de me olhar, apenas deu um gole na minha bebida e apoiou um dos cotovelos no balcão, fazendo um gesto para o bartender.
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  — Outro El Diablo pra esquentadinha aqui. — ele solicitou, entediado. — Na minha conta.
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  — Esquentadinha é a senhora sua mãe. — rebati. — E eu não preciso que você me pague nada!
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  O estranho entornou a tequila num longo gole e a camisa dobrada nas mangas revelou uma tatuagem discreta de flecha no antebraço. O rosto, virado de perfil, carregava um nariz grande demais, olhos inchados e bem escuros, e uma boca pequena e rosada, acompanhada de uma marca de barba feita recentemente. Ele olhava para tudo com cara de nada, balançando os três brincos de pino da orelha esquerda a cada vez que arqueava o pescoço, e já parecia estar se divertindo com a minha irritação, esboçando um sorriso de canto.
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  — Você quer o drink ou não quer? — ele continuou sem me olhar.
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  — Não de você. — ensaiei sair de perto, impaciente com a falta de contato visual, a mesma que me fez dar meia-volta. — Ah, é muito rude falar com as pessoas sem olhar na cara delas, sabia? Não custa nada ser educado. — disparei.
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  — Também não custa nada ser um otário. — ele me olhou pela primeira vez, de cima a baixo. — Mas é muito mais divertido.
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  Exalei um ar quente, fumaçando de raiva, um tanto pela audácia do abusado e um tanto pelo fato de não conseguir sair de perto dele. Alguma coisa me prendia ali, na atmosfera hipnotizante que ele criou com a voz grave, com o perfume instigante e com o mistério da tatuagem, que eu me perguntava internamente se era a única. Havia notas de ironia carregando os poucos gestos que ele se dignava a fazer, era de um marasmo irritante, uma indiferença quase charmosa. Enfim, o mau-humor que só funcionava em homens muito bonitos feito ele.
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  — Aceita o drink, é meu pedido de desculpas. — ele deliberadamente desviou o olhar. — Além do mais, vai relaxar você.
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  — Eu não estou tensa. — respondi, tensa.
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  — Seus ombros e seu tom de voz dizem o contrário. — ele continuava examinando o fundo do copo como se tivesse ouro dentro.
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  — Você mal me olhava há dez segundos e de repente começou a analisar minha linguagem corporal? — ergui uma sobrancelha.
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  — Na verdade, eu estou olhando você desde que você entrou. — ele umedeceu os lábios e me encarou, intimidador.
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  Dessa vez, fui eu quem tive que desviar.
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  — Sua abordagem não é lá das melhores. — alfinetei.
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  — É mais eficiente do que você imagina. — senti o olhar dele insistindo e queimando. — Eu te irritei, isso me torna memorável e diferente dos outros três caras que já deram em cima de você. De um jeito ou de outro, você vai ficar pensando em mim.
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  — Agora você sabe o que eu penso? — procurei me recompor.
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  — Aposto que sim.
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  Tomei o copo da mão dele, derrotada. Ele era um cretino, mas eu não podia negar que, das opções que tinham me aparecido até então, ele era a mais deliciosa. E a flecha pairando solitária no braço enorme estava me enlouquecendo de curiosidade. Digitei uma mensagem rápida para Laura e virei o que sobrou da tequila antes que desse tempo de me arrepender.
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  — Quer me tirar daqui? — chamei com as intenções mais erradas possíveis.
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Capítulo 2: Lembrança sem nome

(POV: )

  Levantei da cama procurando pelo vestido que eu precisava devolver para Laura.
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  Levar numa boa lavanderia e devolver para a Laura. Do jeito que ele estava, cheirando à bebida e a motel, não havia a menor condição.
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  Olhei para o ladrão de El Diablo e ele parecia estar dormindo, mais sentado do que deitado e com os braços cruzados sobre o peito. Julguei que ele tinha adormecido contra a vontade, afinal de contas, ele estava num quarto com uma desconhecida: deveria estar com medo de que eu roubasse a carteira dele ou coisa parecida.
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  Ri sozinha, me vestindo bem devagar. Ele tinha trabalhado tão bem que, sinceramente, era eu quem estava considerando deixar 500 dólares em cima da cômoda como pagamento pelo serviço.
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  Resisti ao impulso e não calcei os sapatos para evitar que os saltos fizessem barulho. Peguei minha bolsa, deixando o local sorrateiramente, mas, dois passos depois, o silêncio foi quebrado por uma voz grave que me fez dar um pulo no lugar.
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  — Você vai mesmo embora sem nem perguntar como eu me chamo?
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  — Vou. — respondi sem me virar, o coração acelerado pelo susto. — Eu não pretendo lembrar de você. Você vai ser um borrão na minha memória.
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  Um borrão bonito e gostoso pra caralho.
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  — Você é tão má. — ele riu abafado. — Eu sei que eu vou me lembrar de você.
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  — Mesmo sem saber meu nome? — me virei, enfim.
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  — Eu sei o seu gosto. — ele lambeu os lábios, ainda de olhos fechados. — Isso é melhor ainda.
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  — Aproveite o que ficou na sua boca, então. — aconselhei. — Você foi o último erro que eu cometi, senhor sem nome.
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  — Espero que você erre outras vezes.
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  Ele se pôs de pé e eu aproveitei a bela vista, morena e numa cueca boxer apertada para as pernas muito torneadas e o bumbum muito bonitinho. Avançou pacientemente, se deixando admirar com um sorriso convencido, e me puxou pela cintura sem quebrar o contato visual.
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  Meu coração errou algumas batidas ali.
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  Recebi um beijo de despedida que eu não pedi, mas que também não estava disposta a recusar. Uma língua nervosa pediu passagem, ainda salgada do meu sexo, e invadiu minha boca sem educação, movida por instinto.
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  Cedi. Sabe Deus quando eu beijaria alguém assim de novo.
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  — Adeus, lembrança sem nome. — ele sussurrou, ofegante, e eu saí do quarto, tonta, antes que eu cedesse mais alguma coisa.
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👰🏻‍♀️⚔️

  Entrei no primeiro táxi que vi com uma dor de cabeça infernal e a parte interna das coxas dolorida depois de ter cavalgado a noite toda, tal qual o Rocinante de Dom Quixote. Minha coxa tremeu com o pensamento.
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  Foi uma despedida e tanto…
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  Larguei minhas bolsa de canto assim que cheguei ao meu apartamento, cega pela sequência de coisas que eu precisava: um bom banho, um bom cochilo e uma boa dose de esquecimento. A minha aventura sexual não combinava com a personalidade de noiva pura e singela que eu precisava assumir para o evento de logo mais, mas algumas horas de sono seriam suficientes para recuperar meu corpo moído de prazer — o que me lembrava que eu podia desmarcar o spa que eu tinha agendado. A foda me deixou com um viço incrível na pele, resultado do melhor tratamento de skincare que existia: gozar várias vezes seguidas.
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  Um detalhe que eu precisava acertar com meu futuro marido, aliás. Um ano inteiro me virando com um vibrador seria um suplício, tínhamos que ter um consenso desair para brincar no parquinho de outras pessoas de vez em quando. No entanto, não era assunto para a primeiríssima vez em que eu o veria. Agora que o contrato estava pronto e havia sido aprovado por ambas as partes, eu tinha certeza que aquele jantar serviria apenas para trivialidades nas quais eu não estava nem um pouco interessada: livro predileto, viagem dos sonhos, o que gosta de fazer nas horas vagas… Fingir fluidez ao conhecer o tal seria um gasto desnecessário de energia, uma vez que nós dois sabíamos que, independente de como fosse aquele primeiro encontro, nossos destinos já estavam traçados.
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  Por um bando de executivos que não fazia ideia daquele arranjo. Meus pais, e meu tio Morgan compunham a diretoria da O’Brien Group e eram os únicos que sabiam do teatro, além dos Arata, é claro. Minha mãe, inclusive, foi quem decidiu todos os detalhes do jantar, desde a música até os pratos que seriam servidos, tudo idealizado para outras pessoas acreditarem na encenação.
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  Era o meu “noivado”, entre muitas aspas. Meu “noivado” e eu não queria escolher absolutamente nada, nem mesmo o noivo.
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  Era nisso que eu estava pensando quando, mais tarde, eu me olhei no espelho e me vi dentro do lindo vestido marfim que eu estava usando. O caimento perfeito e o ajuste dos deuses me fez lamentar profundamente o fato de ter que desperdiçá-lo com alguém que eu não fazia ideia de quem era.
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  Ajeitei a alça fina que teimava em cair do meu ombro, puxando mais alguns fios do coque baixo. A limusine chegou, já ocupada por e sua esposa, e nos dirigimos ao Salão Cottillon do Pierre Hotel, local escolhido pelos anfitriões, a diretoria da O’Brien Group. Conseguir reservar aquele espaço tão ostensivo e disputado de um dia para o outro era uma prova da nossa influência, desejada pelos Arata a ponto de sujeitarem seu primogênito ao casamento arranjado. Depois de apertar algumas mãos, cochichou no meu ouvido que meu noivo já estava no local, elogiando a pontualidade impecável dos nossos convidados:
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  — Arata pai e Arata filho já estão aqui. — ele apontou uma cabeça grisalha e uma nuca ao lado dela. Meu noivo estava de costas e o rosto dele ainda era um mistério para mim, porque quando ele se virou, outra face bloqueou minha visão.
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  — . — meu tio Morgan sequer esboçou um sorriso. Ele não sorria muito desde que tinha enviuvado da irmã do meu pai, minha tia Agnes, que se foi prematuramente, deixando um buraco nas nossas vidas.
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  — Tio Morgan. — rebati tão seca quanto.
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  O velho rangeu os dentes, amargurado e ranzinza. Todos diziam que tio Morgan demandava muita paciência, já que ele não tinha o menor tato com as pessoas, defeito que atribuíam à viuvez precoce, mas a verdade era que eu o evitava ao máximo por ele conseguir me desestabilizar com seus comentários indevidos. Mesmo que fossem motivados pelo luto, as falas do tio Morgan não deixavam de doer, assim como o olhar de reprovação dele em mim.
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  — Isso tudo é um grande erro. — ele resmungou. — E esse vestido, ? Não acha que está inadequado?
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  — Ela está linda. — a voz branda do meu pai veio em minha defesa e ele me escoltou pelo braço. — Não seja tão insuportável, Morgan, estamos numa ocasião festiva.
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  — Ocasião festiva, Arthur? — Morgan disse com escárnio. — Você chama de ocasião festiva oferecer sua filha feito uma…
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  — Morgan. — meu pai cortou. — Você não deveria estar aqui, mas já que está, eu sugiro que cale a boca ou saia.
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  A tensão usual estabeleceu-se e um silêncio constrangedor tomou conta do ambiente. A relação do meu pai com tio Morgan sempre foi ruidosa e desconfortável, especialmente porque eles discordavam 90% das vezes quanto aos assuntos da O’Brien Group e quanto a todo o resto, inclusive àquela solução do casamento arranjado. O comportamento grosseiro e opositivo diminuía cada vez mais o prestígio de Morgan também entre os demais acionistas e o cargo dele já estava se tornando meramente figurativo, embora, por causa da memória da tia Agnes, ele ainda desfrutasse de uma certa influência e direito de voto.
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  Pelo menos por enquanto. O meu casamento com um investidor massivo como Arata me colocaria numa posição privilegiada no conselho e minhas decisões teriam mais peso que as do meu tio Morgan, podendo até mesmo custar a cadeira dele. Talvez por isso ele estivesse sendo especialmente desagradável comigo naquela noite. Talvez por isso ele tivesse sido o único contra aquela solução. E talvez por isso meu pai, que sempre mantinha um tom muito cortês ao se dirigir a qualquer pessoa, tivesse proposto tão indelicadamente que ele fosse embora.
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  — Que seja, Arthur. — Morgan virou o uísque que estava segurando e fez uma careta. — Argh. Isso está um horror. Lembre-se de servir bebidas melhores no seu casamentinho de faz de conta, .
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  — Não se preocupe, tio. — papai e eu começamos a andar. — Você não será convidado.
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  Meu pai riu cúmplice, comedido, e minha mãe se aproximou de nós, trazida pelo seu faro certeiro:
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  — Por que sempre que eu deixo vocês sozinhos eu pego os dois com esses risinhos de quem aprontou? — ela perguntou com as mãos na cintura.
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  — Ah, minha amada Donna, você nos conhece tão bem. — meu pai tentou desarmá-la, abraçando-a. — Era apenas o Morgan e sua aspereza usual, nada que mereça nossa atenção. Vamos cumprimentar nossos convidados?
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  Mamãe me lançou um olhar rápido, o típico e poderoso raio-x materno, escaneando até a minha alma. Por diversas vezes no curto entretempo dos preparativos daquele “noivado”, Donna Jane O’Brien e seu instinto superprotetor me cercaram, certificando-se de que eu não estava sendo coagida a fazer algo que eu não queria. Eu sabia que ela estava pronta para sair correndo comigo no colo se eu sinalizasse qualquer hesitação que fosse, mas o sinal não veio. Em vez disso, balancei a cabeça sutilmente e o aceno positivo arrancou dela um sorriso que me carregou de confiança e me impeliu a andar na direção de , também acompanhado dos pais.
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  — Senhores. — meu pai nos anunciou formalmente. — E senhora.
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   foi o primeiro a se virar, pálido. O sorriso que ele ensaiou sumiu por um breve instante, dando lugar a um outro, mais honesto, no entanto, incrédulo daquela imprevisibilidade. Ele mordeu sutilmente o lábio inferior enquanto arrumava o abotoador do terno, meneando a cabeça em resposta àquela peça que o universo pregou em nós dois, e levou uma fração de segundo até ele me encarar com os olhos imensos e ferozes, o que me causou um terremoto interno.
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  Eram os mesmos olhos intensos que tinham me devorado na noite anterior. E, naquele momento, eu me sentia prestes a ser engolida outra vez.
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  Era ele. Indubitavelmente, era ele.
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  A minha lembrança sem nome.
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  O meu último erro.
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  — Senhor e senhora O’Brien. — estendeu a mão. — Senhorita.
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  Me movi no automático, atraída pela mão que pedia pela minha. Foi como se tivessem apagado as luzes, um blackout total na minha cabeça e no meu corpo quando ele me tocou. Um toque respeitoso, distinto, quase burocrático dessa vez. Um toque engessado vindo de uma mão gelada e de uma pele desbotada pelo susto da coincidência.
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  Mas os olhos inchados… os olhos me prometiam fogo, e aquilo me enlouquecia.
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  O que aconteceu ao nosso redor dali em diante foi como um buraco de minhoca na minha mente, as vozes atravessavam meus ouvidos, mas nada do que era dito fixava-se por muito tempo na minha cabeça confusa. Eu só conseguia me concentrar no fato de que a minha pele ainda estava em contato com a de , que fez questão de inclinar-se sensivelmente e me deixar um beijo casto no dorso da mão, demorando os lábios ali.
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  — Arata. — o olhar dele ficou vidrado em mim e minha mão congelou na dele.
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  — O’Brien. — me apresentei finalmente.
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  Ao contrário de mim, se refez mais rápido e logo a situação parecia diverti-lo em vez de atordoá-lo. Eu, por outro lado, tardei a me recompor. Não conseguia entender como era possível que, de todos os caras em Manhattan, eu tivesse ido parar na cama justamente com ele. Chegava a ser cômico o fato de eu me despedir da minha vida de solteira dormindo exatamente com o meu futuro marido, e era essa piada de mau gosto a razão para o sorriso malicioso persistir na boca de .
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  Uma boca muito bonita, por sinal. Era engraçado como os atributos dele normalmente não funcionariam juntos: olhos muito grandes, nariz muito redondo e uma boca muito carnuda, mas pequena. Características que não ficariam bem se colocadas numa mesma cara, mas, na dele, ornavam perfeitamente. Some-se ao belo rosto um trapézio imenso que o paletó mal conseguia cobrir e músculos demais para a altura mediana. Ele quase deu errado, mas tudo ali estava absolutamente, completamente certo.
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  — Que bom que finalmente se conheceram! — meu pai exclamou, me chamando à realidade.
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  — Mais do que você imagina. — soltou baixinho, certo de que apenas eu ouviria. — Senhor O’Brien, é um prazer conhecer sua bela esposa e filha. — ele curvou-se, oriental demais. — Por favor, permita que a senhorita me acompanhe numa dança.
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  — Ansioso para ficar a sós com a minha garotinha, rapaz? — papai observou, risonho. — Não se engane com o rostinho bonito, ela é uma desastrada e pode acabar pisando nos seus pés.
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  — Aposto que seria como o pouso de uma borboleta, senhor. — flertou.
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  — Galanteador, que adorável. — minha mãe sussurrou, me incentivando.
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  Aceitei o convite, oferecendo minha mão mais uma vez para ser guiada pelo príncipe encantado que ele estava fingindo ser. me conduziu pelo salão com seu passo elegante, sem pressa, afinal, o mundo podia esperar por ele. Eu tinha pequenos espasmos e precisava respirar fundo para contê-los, muita coisa pulsava ao mesmo tempo dentro de mim, mas a irritação pelo cinismo dele estava vencendo a luta de sentimentos por enquanto.
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  Até ele colocar a mão na minha cintura. Ali foi ele quem venceu.
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  — Estou bem visível ou ainda sou um borrão do qual você não pretende se lembrar? — ele me trouxe para mais perto.
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  Prendi o ar nos pulmões ao passo que a mão dele se espalhava pela base das minhas costas, perfeitamente à vontade, como alguém que já sabia todas as curvas de uma rota porque já andou por ela. não esperou pela resposta e começou a me balançar no ritmo da música, entrelaçando os dedos nos meus, cheio de cerimônias.
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  — Quanto floreio para dançar com alguém que você já viu pelada. — zombei.
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  — Pelo menos já sabemos que um aspecto desse casamento vai funcionar muito bem. — ele sugeriu e eu pus uma mão no peito dele, detendo-o e afastando-o discretamente. — Era brincadeira, . Eu li o contrato, ok? Eu não vou fazer absolutamente nada a não ser que você peça.
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  — O que faz você pensar que eu vou pedir por isso? — perguntei, ultrajada.
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  — Você pediu ontem à noite. — mais um sorriso vaidoso. — E agora que você sabe meu nome, mal posso esperar para ouvir você gemendo ele.
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  Me preparei para detê-lo novamente, mas ele me segurou mais firmemente e me forçou a dar um giro, rindo da minha resistência.
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  — Olha, não precisamos tornar isso mais difícil do que já é. — ele aproximou um pouco mais o rosto dele do meu, quase colando nossos perfis. A boca dele estava agora à altura do meu ouvido e ele modulou a voz para um tom mais baixo. E mais perigoso. — Meu pai tem grandes planos para a nossa expansão e eu quero ajudar minha família tanto quanto você quer ajudar a sua.
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  — O que você está sugerindo, então? — fui direto ao ponto, ignorando o arrepio que a manobra dele me causou.
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  — Que trabalhemos juntos em prol dos nossos negócios. — ele arriscou um rodopio, girando junto comigo. — Eu respeito o seu espaço, você respeita o meu e fazemos o papel de casal feliz nos jantares corporativos. Não há razão para não sermos agradáveis um com o outro. — ele deu de ombros. — Podemos fazer uma boa parceria.
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  Respirei aliviada pela primeira vez desde que tinha colocado os pés naquele salão. Ao menos a nossa química não estava apenas no sexo e deixou bem claro que estávamos na mesma página. A mutualidade das nossas intenções relaxou minha musculatura rígida e a dança ficou mais leve, assim como eu.
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  — Uma boa parceria. — repeti. — Isso é tudo que eu quero, .
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  — Jura? Então eu não preciso me ajoelhar, comprar flores ou um diamante do tamanho do seu punho?
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  — Eu odeio espetáculos, pode pular toda a palhaçada cafona de pedido. E diamante é a pedra mais brega que existe. — rolei os olhos. — Você só precisa aparecer no dia do casamento civil e deixar de ser tão irritante.
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  — E como eu vou me divertir? — ele provocou. — Irritar você vai ser minha única fonte de prazer, . — me olhou de cima a baixo. — Isso é, até você acabar com essa greve de sexo aí…
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  — Quando eu me mudar com você, fale comigo o mínimo possível, ok?
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  — Como quiser. Você sabe o que dizem. — ele me roubou outro beijo na mão. — “Esposa feliz, vida feliz.”
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  — Não sou sua esposa ainda. — o lembrei.
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   abriu outro sorriso vagaroso e confiante.
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  — Você vai ser em breve.
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Capítulo 3: Reforma indesejada

(POV: )

  Uma furadeira insistente e irritante foi o meu despertador naquela manhã. A reforma do futuro quarto da minha doce noivinha começou em tempo recorde, no dia seguinte ao que nos conhecemos.
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  Os negócios iam mal. Os O’Brien tinham pressa.
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  Mas a pressa deles era boa para nós da Three Swords. Estávamos ansiosos por aquela fusão, já que o mercado americano era muito restrito no nosso segmento, muito imperialista, muito fechado, muito preconceituoso, muito… estadunidense. Empresas estrangeiras não tinham o mesmo prestígio nem as mesmas oportunidades de crescimento que as nacionais e os Arata tentaram, por anos, expandir nosso domínio para esse lado do globo. Meu pai me preparou, fazendo questão de que eu estudasse e vivesse em Nova York, no entanto, nem toda a preparação do mundo comprava a cartela de clientes fiéis e poderosos da O’Brien Group.
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  Por isso a solução do casamento.
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  Por isso eu estava engolindo aquela reforma indesejada junto com uma aspirina, sem água, no seco.
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  Por isso eu estava reformando também meu futuro inteiro.
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  O barulho me obrigou a levantar da cama antes das oito e antecipar todo o meu dia. Minha velha companheira insônia e seus sintomas que eu conhecia tão bem haviam piorado significativamente desde que eu tive que lidar com a carga emocional de um casamento repentino. Tudo estava mudando demais em tempo de menos: minha casa, minha rotina, minha vida…
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  Tudo saindo do singular e indo para o plural. Tudo deixando de ser meu e se tornando nosso.
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  Casamento era isso, certo?
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  Ou, pelo menos, foi o que me ensinaram. Era de se esperar que eu seguisse o exemplo que tive em casa, já que o casamento dos meus pais, feliz e duradouro, aconteceu por conveniência. A verdade é que esse é um arranjo muito comum quando se tem muito dinheiro e quanto se é asiático, então, quando me propuseram usar o matrimônio como moeda de troca, eu não me espantei. O que não significava, entretanto, que eu não estivesse nervoso pra caralho.
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  E o motivo do nervosismo? Digamos que, sendo um cara de 26 anos bonito e milionário, ter uma esposa não estava na minha lista de prioridades.
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  Apesar de aquela união ter fins meramente corporativos, no final do dia, era o que eu teria: uma esposa. Uma mulher para cuidar, amar e respeitar até que a morte nos separe. Uma mulher cujos sinais de sua presença já se faziam tangíveis (e audíveis) na casa em que, até ontem, eu morava sozinho. ia se mudar logo e, como ela não ia dormir comigo, estava transformando meu antigo quarto de hóspedes, praticamente demolindo-o e construindo outro no lugar. Exigiu inspeção imobiliária, dedetização, o inferno e o diabo a quatro, e enquanto a princesa se ocupava em escolher papéis de parede e artigos de decoração, eu tinha que ficar com o ruído insuportável da quebradeira no meu ouvido.
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  — Você é um frouxo, Arata. — falei para mim mesmo no espelho, ao cuspir a espuma da pasta de dente. — Nem casou e já está deixando ela mandar em tudo.
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  A furadeira cessou e deu lugar a marteladas, que foram ficando mais longe conforme eu ligava o chuveiro no máximo e abafava o som da reforma num banho. A água estupidamente gelada golpeou minhas costas e me lembrou dos arranhões que eu ganhei na transa e que ainda não tinham sarado. Deixei escapar um único nome, o da culpada pelos rasgões, como uma maldição lançada sobre mim mesmo:
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  — Ah, O’Brien! — ri, ensandecido.
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  Havia muitos meios de se driblar a tensão, mas ser um homem reduzia as opções a praticamente uma só. O cérebro masculino tinha suas vantagens, a hombridade era cômoda e fácil, até. A frase “eles só pensam naquilo” talvez fosse a mais verdadeira sobre nós porque, no meio de todo aquele estresse pré-nupcial e de uma obra em andamento, a resposta do meu corpo foi acelerar meu pulso e mandar sangue para baixo, dando sinais de vida e rigidez entre as minhas pernas. Tudo por causa de uma simples ardência como gatilho. Tudo por causa de uma simples lembrança. Tudo por causa dela.
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  Sim. A mera visão da O’Brien embaixo da minha pele, gemendo com a boca entreaberta, me enchia de tesão e de saudade.
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  A parte da saudade me surpreendia, na verdade. A princípio, eu achava que depois da foda ela seria esquecível, contabilizada como mais uma conquista de bar, ou, nas palavras dela, “o último erro que eu cometi”.
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  Mas eu não a esqueci.
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  Tampouco achei que ela fosse um erro.
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  As interações que tivemos foram poucas, mas marcantes o suficiente. Eu já a admirava só pelo fato de ela assumir a responsabilidade de salvar a empresa da família sem titubear; descobrir quem ela realmente era só adicionou uma nova camada de fascínio à situação. A palavra era essa, fascínio. Eu estava fascinado pela . Não a conhecia muito, mas, do pouco que eu conhecia, eu gostava. Ela tinha fibra, vontade, gana. Nas duas vezes em que nos encontramos, deixou bem claro o que queria e quem era. Mostrou a que veio, me usou como quis, e fez questão de que eu soubesse disso quando saiu sem me dizer o nome, quando me deixou com as costas marcadas e a cueca manchada de batom num quarto de luxo.
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  É claro que uma única noite era pouco para aprendê-la de fato. Ela ainda era um mistério a ser desvendado, um lugar secreto onde eu fui parar vendado, de mãos atadas e sem saber como. era uma estranha que me concedeu o maior ato de intimidade quando me permitiu desfrutar do corpo dela — do maravilhoso corpo dela —, e todas as sensações daquele sexo ficaram impressas na minha memória e na minha pele viciada. Eu não parava de pensar no som da respiração entrecortada, nem na cara de prazer, a mais linda que eu já tinha visto. Eu não parava de pensar em como ela preferia ir por cima, porque a perna dela tremeu mais quando ela gozou assim…
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  E eu não parava de pensar em tê-la de novo. Mas, obviamente, ela teria que consentir.
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  Ela teria que querer.
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  Ela teria que me pedir.
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  E foi com esse cenário mental que eu diminuí a água, decidido a me aliviar sozinho.
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  Vesti uma das minhas melhores camisas sociais pensando em qual perfume usar, quando o toque do meu celular ecoou pelo quarto. Era uma ligação de um número que eu não tinha registrado ainda, mas a voz do outro lado da linha era inconfundível. Tinha um tom de irritação que eu adorava ouvir.
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  E era em quem eu estava pensando no chuveiro minutos atrás…
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  — ? perguntou assim que atendi.
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  — Uau. — pus a ligação no viva-voz para terminar de me aprontar. — Quanta frieza pra falar com o seu futuro marido. Precisamos de um apelido carinhoso, baby.
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  — Bom dia pra você também, docinho. — ela disparou, sarcástica.
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  — Docinho. — repeti. — Eu gostei. Agora tenta mais uma vez, sem a ironia.
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  — Você já saiu de casa? me ignorou.
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  — Ainda não. — analisei meus vidros de perfume enquanto falava. — Por quê?
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  — Estava pensando em passar aí antes do trabalho para ver como vai a reforma.
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  — Ah, docinho, se você está com saudades de mim, não precisa ficar inventando desculpas. — me decidi, enfim, por um musk amadeirado. — É só aparecer.
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  O suspiro de impaciência que ela soltou me arrancou um sorriso triunfante. Deu pra sentir os olhos dela rolando.
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  — Eu posso ir ou não?
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  — É claro que pode, essa casa também vai ser sua. — borrifei o perfume nos pulsos. — Mas venha no personagem. Kira está aqui.
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  — Kira?
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  — Ficou com ciúmes? — sorri outra vez.
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  — Da sua babá? Essa é boa.
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  — Kira não é minha babá, ela é minha diarista barra cozinheira. E ela só vem aqui duas vezes na semana.
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  — Babá. — ela insistiu.
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  — Como você sabe sobre a babá? — sacudi a cabeça. — Sobre a Kira?
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  — Eu fiz meu dever de casa. Se vamos brincar de marido e mulher, esse é o tipo de coisa que eu preciso saber, não acha?
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  — Andou me estudando? — arrumei os brincos. — Que esposa dedicada!
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  — Guarda o açúcar pra quando estivermos na frente da Kira, por favor. A propósito, como eu faço pra ela ir com a minha cara? Preciso que ela goste de mim.
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  — Me cubra de amor e elogios. Kira sempre quis me ver casado com uma mulher que cuide de mim tão bem como ela.
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  — Ou seja, uma babá.
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  — O que o meu docinho gosta de comer no café da manhã, hm? — foi a minha vez de mudar de assunto. — Kira com certeza vai me perguntar.
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  — Não sabe as preferências da própria noiva na cozinha? desdenhou.
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  — Eu só sei as preferências dela na cama. Ela gosta de-
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  — Geleia de morango. — cortou. — Eu gosto de geleia de morango.
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  — Interessante. Pra eu passar em você ou pra você passar em mim? — minha imaginação voou depressa.
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  — Pro café da manhã, idiota. — ela pronunciou tudo com um ranço que me arrancou uma risada silenciosa. — E um suco de laranja.
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  — Idiota? O que aconteceu com o docinho?
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  — Troca o suco por um café bem forte, por favor. O dia mal começou e você já está me dando dor de cabeça.
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  — Você também, graças à sua reforma. — deixei o quarto e passei pelo corredor, o barulho aumentando a cada passo que eu dava. — Está ouvindo a trilha sonora?
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  — Vai acabar logo. É só todo mundo me obedecer.
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  Lá estava, a mandona que me deixava tão fascinado.
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  Eu não via a hora de amansar aquela fera.
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  — Como quiser, senhora Arata. — desci as escadas. — Sua entrada já está liberada lá na portaria. Vem logo, eu estou faminto.
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   desligou com um “ok, tchau” e eu aproveitei para salvar o contato dela como “docinho”: um belo toque para enriquecer a farsa do nosso relacionamento.
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  Ou mais um item para a lista de coisas que irritavam a dona do apelido. Essa opção, obviamente, era a que mais me satisfazia.
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  Segui o cheiro delicioso de café e massa de bolo e encontrei a doce senhora que, há anos, era responsável por mim. Kira cuidava da minha alimentação, das minhas roupas e até da minha saúde, testando todas as receitas possíveis de chás calmantes para me ajudar a dormir, coisa que eu não fazia muito bem desde que tinha saído do Japão, há um bom tempo.
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  Eu sabia exatamente quando a insônia tinha começado. Eu tinha 18 anos e fui mandado para um país estranho, longe dos meus irmãos, dos meus pais e dos meus velhos amigos. Os novos que eu tentava fazer não duravam muito, porque ser herdeiro de um império como a Three Swords me distanciava das pessoas “normais” e atraía aquelas interessadas apenas no meu dinheiro. Depois de alguns meses tentando qualquer tipo de conexão verdadeira, eu me deparei com o triste fato de que eu estava condenado a ser sozinho.
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  Mas eu me acostumei bem rápido com isso. Eu só precisava me anestesiar com algumas doses rasas e momentâneas de dopamina.
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  As mulheres com quem eu ficava e os caras com quem eu andava nas baladas eram só um paliativo, uma medida superficial para sedar um terrível caso de solidão extrema. Quando a farra acabava e quando a mulher que eu trouxe da festa ia embora, quem continuava comigo era a insônia, me lembrando que meu coração estava mais seco a cada dia.
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  Mais que isso, meu coração estava calado. O que não era exatamente uma coisa ruim agora que eu estava prestes a me casar numa decisão puramente racional, com alguém por quem eu não estava apaixonado.
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  Pelo menos não ainda.
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  A ideia de paixão para a nossa cultura era bem diferente da concepção ocidental, que tinha a paixão como algo avassalador, fatal, instantâneo. Nós pensávamos diferente. Meus avós uma vez me explicaram que os ocidentais se casam “com o fogo alto”, ou seja, no auge da paixão, com o relacionamento em chamas, fervendo da empolgação máxima. O problema é que o fogo alto se consome muito mais rápido e logo se apaga, baixando até se extinguir e virar uma fumaça morna.
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  E todos sabem que “morno” é uma sentença de morte para um casamento.
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  Por isso, nós, orientais, casamos “com o fogo baixo”. No nosso entendimento, é preciso acender o fogo, aumentá-lo dia após dia e, principalmente, mantê-lo. Alimentando a fonte do jeito certo, cultivando atitudes e observando detalhes, o amor construído e forjado no calor contínuo durará para sempre.
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  Bom, tudo isso segundo os meus avós. Eu não fazia ideia de como era amar alguém. Eu nunca tinha tentado de verdade.
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  O amor era uma entrega mais assustadora que a solidão.
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  — Me lembre de agradecer à sua noiva por essa adorável reforma no quarto de hóspedes. — Kira me despertou e começou a me servir como de costume: reclamando. — Agora, além de você, eu tenho uma fila de trabalhadores para alimentar. Pintor, marceneiro, decorador, pintor… que tanta gente é essa?
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  — Você disse pintor duas vezes. — aceitei o café. — Gostou dele, foi?
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  — Cala a boca e começa a comer. — ela colocou as frutas e o iogurte que eu gostava na mesa. — Meu ponto é: pra que ela precisa arrumar um quarto que ela nem vai usar? Ela vai dormir com você!
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  Engasguei com o gole. Com exceção de nós mesmos e nossos familiares mais próximos, ninguém fazia ideia de que o meu casamento com a era arranjado. Acontece que a falência iminente da O’Brien Group ainda era um segredo de estado, uma informação confidencial que deveria ser mantida assim a todo custo. Se os acionistas descobrissem que a Three Swords investiu numa empresa afundando, lá se ia o prestígio deles e a nossa credibilidade. Era preciso manter as aparências, fazer os outros acreditarem que o nosso casamento era motivado pelo nosso fogo altíssimo, e não pelo interesse mútuo nos negócios.
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  — Ela tem muita coisa. — contornei. — Roupa, bolsa, sapato… Vai ter que usar o quarto de hóspedes como closet.
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  Kira deu de ombros, acreditando na desculpa.
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  — Você vai ficar só no café? — ela olhou meu prato vazio. — Com aquele tanto de peso que você levanta na academia? Tá querendo morrer?
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  — Eu vou esperar a , ela vem tomar café comigo.
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  Cruzei os braços, prevendo a virada dramática de Kira. Ela fungou alto, emocionada, e sequer tentou disfarçar a cara de choro.
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  — Sabe, depois de tantos anos vendo você comer sozinho, é uma alegria finalmente colocar outro lugar à mesa. — a confissão dela foi tão genuína que eu quase me senti mal por estar envolvendo-a naquilo tudo.
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  — Então você não está arrasada por me perder para outra mulher?
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  — Eu estou surpresa que você tenha conseguido uma mulher, já que eu nunca vi nenhuma aqui!
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  Kira tinha razão, nenhuma das minhas “namoradas” tinha conseguido a proeza de ser apresentada a ela, ou de dividir um momento tão íntimo como um café da manhã, a primeira refeição do dia. Era uma escolha consciente. Não queria ninguém tocando na solidão com a qual eu estava tão acostumado.
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  Acomodado, na verdade. Estar sozinho era familiar e seguro.
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  Mas O’Brien estava chegando para me tirar da minha zona de conforto.
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  —Temos geleia de morango, Kira? — perguntei enquanto ela posicionava as louças. — É a favorita da minha noiva.
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  — “Noiva”. — Kira bufou. — Não sei que noivado é esse que ainda não teve nem anel nem pedido.
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  Tive outra pequena indigestão e o café quase voltou mais uma vez. tinha sido bem enfática quanto a odiar diamantes e a ideia de um pedido cafona e espalhafatoso, mas fazê-lo era uma parte importante da trama. Assim como a Kira, outras pessoas iam nos perguntar sobre esse momento, iam querer ouvir a história, iam pedir para ver a aliança…
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  Se as pessoas queriam um show, então eu daria isso a elas. E à minha doce novinha, que detestaria cada segundo.
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  Ri sozinho enquanto voltava à xícara, sentindo um gosto doce no sentido literal e figurado. Deixar O’Brien irritada era a cereja no topo do bolo.
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  — Você acabou de me dar uma ótima ideia, Kira…
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  A campainha tocou e impediu que Kira, curiosa e intrometida, fizesse um interrogatório sobre o meu plano. Em vez disso, ela se apressou em abrir a porta para , que se apresentou toda confeitada e polvilhada de açúcar. Eu ainda não tinha visto esse lado extremamente simpático dela, tudo o que ela tinha para mim era sarcasmo e uma certa raiva inofensiva.
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  Ao que parecia, eu a deixava à flor da pele. E eu achava aquilo muito divertido.
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  — Bom dia, docinho. — levantei para recebê-la com um abraço e um beijo no rosto que ela teve que aceitar porque Kira estava olhando. — Dormiu bem? Sonhou comigo? — segurei ela pelo queixo.
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  — Sempre, docinho. — ela fechou os olhos e formou um círculo perfeito com a boca antes de dar um espirro.
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  Pequenininho e fofo. Fofíssimo.
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  — Oh, querida, está resfriada? — Kira lamentou, já preocupada feito uma mãe com a moça que acabara de conhecer.
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  — Não, tudo bem. — espirrou mais uma vez. — É só alergia.
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  Kira recomendou um de seus famosos chás cura-tudo e se enfiou na cozinha para prepará-lo. Assim que ela sumiu de vista, me empurrou e coçou o nariz.
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  — Você tá usando Tom Ford?
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  — Só pra você. — confirmei, assistindo a pontinha do nariz dela ficar vermelha.
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  — Eu tenho alergia a esse perfume. — ela revelou. — Joga fora ou você vai ficar viúvo antes do casamento.
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  — Adoro quando você manda em mim. — provoquei.
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  — Falando em mandar, se importa de me acompanhar até o quarto?
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  — Se você quiser, eu dispenso a Kira e nós fazemos aqui mesmo.
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  — A obra, . — respirou fundo, estressada. — Eu quero ver a obra.
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  — Os operários estão no intervalo. — observei a movimentação do lado de fora da casa, nos fundos. — Mas você pode inspecionar tudo e gritar com eles depois. Por aqui, por favor. — indiquei o caminho e subimos.
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   entrou no quarto analisando todos os detalhes com um rigor quase militar. Testou as luzes (ela mandou trocar as frias por quentes), avaliou a pintura já seca e sem cheiro forte e, depois de muito procurar do que reclamar, finalmente achou, apontando uma bucha de parafuso na parede.
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  — Aqui. — ela indicou. — Eles furaram no lugar errado. Eu disse mil vezes que quero o espelho do outro lado.
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  — Tenho certeza de que deve ter uma explicação para isso. — disse da porta.
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  — Tem, eles são homens. — alternou o olhar entre a parede “certa” e as ferramentas no meio do quarto vazio. — Eu dei muitas ordens e homens não entendem mais de uma coisa ao mesmo tempo.
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  — Ainda assim, eu acho que… — parei de falar quando decidiu pegar um martelo e um prego, entrando também no quarto atrás dela. — Ei! Larga isso, você pode se machucar.
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  — Não se preocupe, docinho. — a voz dela ecoou e ela caminhou até a parede com os utensílios. — Eu sei usar isso, só quero marcar o lugar certo.
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  — , esses caras são profissionais, se eles não furaram onde você pediu deve ser porque-
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  A primeira martelada encobriu meu protesto, mas não se deu por satisfeita. Continuou enterrando o prego na parede até atingir um cano, que estourou e começou a derramar água.
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  — Porque existe um bom motivo. — completei, vitorioso.
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   soltou um pequeno grito, incrédula e enfurecida. A água era corrente, o que fazia com que ela escapasse numa velocidade e quantidade bem grandes mesmo para um furo tão pequeno, e eu me deliciei assistindo minha noiva se desesperar para conter o acidente.
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  — Para de rir, vem me ajudar! — ela tentava, sem sucesso, tapar o buraco com as mãozinhas pequenas e delicadas.
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  — É pra parar de rir ou pra te ajudar? É que eu sou homem, não entendo mais de uma coisa ao mesmo tempo.
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  — ! — ela resmungou, já com a camisa de seda encharcada.
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  — Sempre molhada e pedindo por mim.
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  — Você é impossível. — o jato esguichou bem na altura do rosto dela, deixando-a ainda mais zangada. — Inlidável.
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  — Acho que essa palavra não existe. — me aproximei, rindo.
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  — Acabei de inventar. — uma mecha de cabelo molhada grudou na testa dela. — Significa impossível de lidar. Vou colocar num dicionário como sinônimo para “”.
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  — Você bem que mereceu esse banho, sabia? — afastei o cabelo dela dos olhos, colocando-o atrás da orelha. — Mas aguenta aí que o seu maridinho vai te ajudar.
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  Comecei a desabotoar a blusa de baixo para cima e tentou ficar alheia à abertura que expôs meu peito e abdômen, mas quando eu me livrei totalmente da peça, despindo os braços da manga comprida, ela falhou em segurar um suspiro e errou o ritmo da respiração.
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  Pelo visto eu não era o único com saudade.
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  — É sério isso? — ela acompanhou meu movimento.
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  — Desculpa, você prefere deixar seu quarto virar uma piscina? — amassei a camisa contra o vazamento.
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   não respondeu, somente recuou um passo, colocando-se atrás de mim enquanto eu segurava a água. De todas as ações que eu esperava que ela tomasse naquele momento, ela escolheu uma para a qual eu não estava preparado.
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  Sem aviso, ela deslizou os dedos finos pela base das minhas costas, subindo até o meu trapézio e me provocando um arrepio. Tremi com o toque, reconhecendo e gostando dele, e uma gostosa sensação de vertigem começou a tomar conta de mim.
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  — O que houve com as suas costas? — ela contornou os arranhões cicatrizando.
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  — Você. — ri nasalado. — Não se lembra?
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  — É. Eu não pretendia lembrar. — ela parou o carinho e meu corpo achou ruim.
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  — Você é tão romântica! — zombei. — Agora vai lá fora, avisa a Kira e fecha o registro. Vai.
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  — Não usa esse tom comigo! — me deu um tapa no mesmo lugar que ela tinha acabado de alisar.
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  — Calma, nervosinha. Esfria essa cabeça. — soltei uma parte do tecido e deixei outro jato de água esguichar nela.
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   deu um pulo e esfregou o rosto bem devagar, decidindo como reagiria à brincadeira: relevando ou deixando o demônio sair.
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  Era hi-lá-rio vê-la possessa.
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  — Nós não vamos sobreviver a isso. — ela sentenciou.
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  — Ah, vamos sim, a água não vai alagar tudo. — sorri. — E se acontecer, eu sei nadar.
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   saiu batendo os pés e eu soltei uma sonora gargalhada. Ela tinha cometido o erro de se revelar cedo demais, eu já sabia direitinho como enlouquecê-la. Talvez eu tivesse um talento natural para tirá-la dos eixos e aquilo me dava cólicas de riso.
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  Levou poucos minutos para e Kira fecharem o registro e eu poder soltar a parede, contemplando o quarto semi-inundado. Antes que eu conseguisse pensar em como enxugariam aquilo tudo, reapareceu na porta com uma cara de cachorrinho arrependido e abandonado na chuva.
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  Meus lábios se torceram e explodiram em mais um ataque de riso quando a vi.
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  — Eu te odeio. — ela puxou a toalha que trazia no ombro.
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  — Obrigado. A propósito, você está linda. — dei meu sorriso mais galanteador.
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   revirou os olhos e arqueou o pescoço, enxugando algumas gotinhas acumuladas no colo. Era um gesto irresistível, e um decote mais irresistível ainda.
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  — Por que não tira uma foto? — ela percebeu meu estado hipnótico e me jogou a toalha. — Vai durar mais tempo.
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  Sequei as mãos e meti uma delas no bolso da calça, procurando meu celular.
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  — Não se atreva! — ela me repreendeu.
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  — Desculpa. — pisquei, esfregando o peito sob o olhar atento. — É que eu já estou ficando acostumado a obedecer você.
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Capítulo 4: A Flecha

(POV: )

  Os primeiros raios de Sol do dia banharam meu corpo suado dentro da calça de moletom e da camisa de compressão. A corrida que começou pela madrugada surtiu o efeito esperado, os músculos das minhas coxas estavam aquecidos e meu cérebro estava mergulhado em dopamina.
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  Dopamina. Substância relacionada ao sistema de recompensa, química básica do corpo humano: eu tenho um desejo, eu sacio o desejo, a dopamina é liberada e, com ela, a sensação de prazer. O problema era que o efeito passava rápido demais e eu estava constantemente em busca de um estímulo para desencadear a reação. Naquela manhã, por exemplo, foi preciso correr alguns quilômetros para consegui-la e acalmar minha mente agitada com a proximidade do casamento.
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  Já havia uma data marcada, um dia aleatório do calendário, sem significado ou relevância. Apenas mais um dia qualquer, quando duas pessoas assinariam um contrato e passariam a morar juntas por uma “causa maior”. Qualquer esforço meu no sentido de tornar esse evento um pouco mais romântico foi vetado pela própria , me restando apenas a resignação à vontade dela. Ela não queria desperdiçar o vestido ou a cerimônia dos sonhos com alguém que ela mal conhecia, era justo. Porém, infelizmente para mim, isso também significava eu nunca veria a lingerie especial eleita para a noite de núpcias.
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  Assim como eu também nunca veria o destino perfeito para a lua de mel. Ou teria uma primeira dança, votos de casamento e outros pormenores com os quais eu não imaginava que eu me importava tanto.
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  Porque eu nunca tinha parado para pensar neles.
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  E, sinceramente, era melhor não pensar. O melhor era correr.
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  Literalmente, é claro. Até porque a mudança da estava praticamente feita e não havia como voltar atrás. Eu não queria voltar atrás. Desistir não era do meu feitio e a flecha tatuada no meu antebraço era um símbolo desse meu traço de personalidade. Eu sempre fui destemido e me lancei intensamente em tudo: nos estudos, no trabalho, na vida e, em breve, no casamento.
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  Sem volta. Como uma flecha.
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  Os efeitos da última decisão na qual eu me joguei de corpo e alma já começavam a refletir na minha Fortaleza da solidão. Não que eu quisesse me comparar ao Super-Homem: eu não tinha poderes sobre-humanos e também não usava óculos. Além do mais, a minha Fortaleza da Solidão deixaria de ser solitária dentro de uma semana, exatamente. já tinha começado a se instalar aos poucos, se habituando, se espalhando… Arrumou um bocado aqui, outro tanto ali, mudou pequenas coisas de lugar, trouxe flores e tentou se caber e se reconhecer naquele espaço totalmente novo.
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  Já a minha ficha, essa caía devagar, a cada remessa de roupas e outras bagagens que os carregadores traziam. Mas como tudo cheirava a e eu gostava do perfume dela, a mudança não me incomodou.
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  Ah, sim. Minha casa, agora, tinha perfume de mulher.
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  Um perfume cujo rastro eu já sabia seguir. O fato de o cheiro da (e seus milhares de pertences) ter chegado antes dela me deixou familiarizado com a presença da minha futura esposa e com o toque feminino que veio junto. Kira também já havia aceitado de bom grado a sua nova patroa, com quem trocava amabilidades e até mesmo suas receitas super secretas. Estava ganha, afinal, e era seguro dizer que era só uma questão de tempo até ela preferir a mim.
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  Ri sozinho da última parte e encerrei a corrida assim que o Sol nasceu por completo, tirando a blusa no meio do caminho de volta para casa. O entorno arborizado do Greenwich Village era um bom local para praticar exercícios ao ar livre, embora, às vezes, um paparazzi ou outro surgisse em busca de um flagrante de algum famoso que morava pela região. Como eu não era uma celebridade mundial, podia correr sem camisa com certa tranquilidade, sabendo que, no máximo, ganharia uma nota tímida numa página sobre empresários. Percorrido o caminho de volta, abri o portão automático e o segurança externo pôs a cabeça fora da guarita quando ouviu o motor:
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  — De pé tão cedo, senhor Arata? — ele cumprimentou. — Quantos quilômetros hoje?
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  — Cinco e uns quebrados. — pressionei o Apple Watch. — Meu melhor tempo até agora.
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  — Ficando em forma para a noiva, não é? — ele ergueu o dedo anelar.
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  Foi quando uma lembrança súbita me assaltou de repente: a aliança. Eu ainda não tinha comprado a aliança.
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  Enxuguei o suor da testa, fria de nervosismo, e entrei em casa digitando orientações no celular. Ainda estava absurdamente cedo, mas uma ligação da minha assistente mencionando meu nome conseguiria abrir a Cartier a caminho do trabalho, onde eu era cliente VIP por ser um comprador assíduo de relógios. Uma ducha depois, me vesti e peguei o Tom Ford num ato falho, parando o movimento no segundo grande susto do dia. Por mais que os espirros da fossem adoráveis, eu não queria ser a causa desse incômodo em particular. Só desse. Eu fazia questão de todos os outros, inclusive daquele que eu estava prestes a causar, obrigando-a usar uma joia que ela odiaria.
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  — “Diamante é a pedra mais brega que existe”. — entrei no meu carro relembrando, em voz alta, a frase dela quando fomos oficialmente apresentados. — Pois bem, docinho. Adivinhe qual você vai ganhar?
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  Parecia maldade, mas, no fundo, era uma gentileza disfarçada. Afinal de contas, não queria gastar nada de significativo comigo, por isso eu entrei na Cartier aberta exclusivamente para mim com um único critério de escolha em mente: o preço.
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  — Senhor Arata. — a vendedora loira acionada para me receber puxou o blazer para baixo, evidenciando o decote. — É um prazer recebê-lo.
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  — O prazer é todo meu, querida. E desculpe por tê-la tirado da cama a essa hora. — sorri, fazendo-a corar.
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  — Imagina! — uma jogada de cabelo. — Quando sua assistente ligou, eu fiz questão de vir pessoalmente.
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  A loira se torceu toda atrás do balcão bilionário, afetando a voz e enfeitando demais os movimentos. Assisti a cena achando graça de como teria sido fácil conquistá-la nos meus dias de solteiro, que estavam no seu iminente fim. Um fim que seria publicamente anunciado numa coluna social assim que eu oficializasse o noivado com o diamante mais caro da Cartier.
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  — Tomei a liberdade de separar alguns relógios da coleção nova. Acredito que serão do seu gosto.
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  — Eu adoraria vê-los outro dia. — me inclinei no balcão. — Hoje eu estou à procura de um anel de noivado.
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  O semblante da moça caiu e ela murchou mais rápido que uma planta sem água. Forçou um sorriso destreinado ao saber que eu era um homem comprometido e, consequentemente, uma opção a menos no mercado de ricos cobiçados que compravam ali, e logo arrumou o blazer de volta para cobrir o colo exposto.
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  — Oh. Meus parabéns! — ela cumprimentou, sem graça. — Nesse caso, me acompanhe, por favor. Fale-me mais sobre a sua noiva. — pediu enquanto caminhávamos para a seção de joias femininas. — De que tipo de peça ela gosta? Corte princesa, com arabesco, cravejado…
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  — Diamantes. — respondi, simplista.
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  — Temos vários modelos-
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  — Então traga o maior, querida. — interrompi as explicações.
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  Um solícito “como quiser, senhor Arata” foi acompanhado dos saltos batendo no piso, apressados em cumprir o meu desejo. O dinheiro, além de abrir as portas das lojas de grife, tinha também a mágica propriedade de tornar o mundo inteiro um lugar prestativo e de dentes acesos para mim e para as minhas vontades. Aquela loira, que ganharia uma boa comissão com a venda milionária, só estava ali por um capricho meu, jurando que eu era um cara apaixonado tentando expressar meu amor em quilates. Convicta do meu sentimento (mensurado apenas pelo valor da joia), ela perguntou se eu queria a aliança encostada em ouro ou platina, se eu queria gravar alguma coisa, se eu estava ansioso com os preparativos… Mas o único preparativo do qual eu era encarregado estava sendo comprado ali, à vista, e já se encontrava devidamente embrulhado na embalagem fina que a loira me entregou.
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  Restava, agora, “fazer o pedido”.
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  Que nada mais era do que colocar o anel no dedo da e deixá-la sair por aí exibindo, a muito contragosto, a pedra mais brega do mundo.
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  Peguei o pacote e tracei o itinerário mentalmente, planejando a melhor rota até o prédio comercial da O’Brien Group, onde eu, a convite do meu cunhado , era esperado para conhecer as instalações e a dinâmica do meu próximo investimento. Como o meu dia tinha começado adiantado e o trânsito estava favorável, eu cheguei ao meu destino antes do previsto, mantendo a fama da pontualidade impecável dos Arata que surpreendia .
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  — Rigor britânico no horário. — ele apertou a minha mão calorosamente quando entrei no saguão. — Obrigado por vir, .
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  — Obrigado por convidar. — retribuí o cumprimento.
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  O interior da O’Brien Group era de tão bom gosto quanto o exterior, a arquitetura do local refletia a proposta da empresa, misturando a solidez da tradição com a fluidez da modernidade num ambiente funcional e bem organizado. A estrutura familiar na composição da diretoria transmitia um certo conservadorismo, que atraía acionistas com esse perfil, e esperava-se que a fusão com a Three Swords trouxesse sangue novo aos negócios. Era para isso que eu estava ali, afinal.
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  Mas eu estaria me enganando se dissesse que aquele era o único motivo.
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  — vai se juntar a nós? — perguntei e chamou o elevador privativo.
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  — Estamos indo encontrá-la agora. — ele pressionou o botão, fechando as portas. — Aliás, ela mesma teria vindo recebê-lo, mas houve um imprevisto.
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  — Se ela estiver muito ocupada, eu posso voltar depois. Não quero causar nenhum problema.
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  — De modo algum. — sorriu irônico. — O problema está lá na sala dela.
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  Franzi o cenho, esperando o desenrolar do comentário que veio num tom lastimoso. meneou a cabeça e, apesar de não haver mais ninguém presente, olhou para os lados, baixando o volume da voz.
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  — Eu deveria evitar falar sobre isso, é um assunto delicado. — começou, receoso. — Mas me sinto na obrigação de adiantar que você vai encontrar alguma resistência entre os membros da diretoria.
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  Suspirei. Um investidor saído literalmente do outro lado do mundo era uma notícia capaz de causar, no mínimo, desconfiança numa sociedade como a O’Brien, que só aceitava membros consanguíneos ou em matrimônio. Por mais que minha adesão ao grupo fosse financeiramente benéfica, minha parcela nas ações tomaria a porcentagem de alguém e, na selva corporativa dos investimentos, ninguém gostava de perder dinheiro.
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  — Eu já esperava por isso. — encarei o teto. — Uma empresa é como um organismo e, no momento, eu sou um corpo estranho. É natural que haja rejeição.
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  — Bom, da parte dos nossos acionistas, eu garanto que não haverá. Para eles, não importa de onde o dinheiro venha, desde que tenha algum. Já na diretoria, por outro lado, alguém pode se sentir ameaçado com a sua presença.
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  — Alguém? — repeti, relembrando quem eram os diretores: o próprio , meus futuros sogros Arthur e Donna, e…
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  — Morgan Michaels. — completou meu pensamento. — Ele ficou com as ações da sua falecida esposa, nossa tia Agnes, mas, ainda assim, o percentual dele não chega perto do meu ou do da minha irmã, os herdeiros legítimos. Ele já não estava nada satisfeito com o fato de a ter feito 21 anos e finalmente poder assumir o lugar dela na diretoria, o casamento só deixou ele ainda mais infeliz.
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  — Faz sentido. — concordei. — Na condição de cônjuge, o capital que eu aplicar será da também, aumentando ainda mais o poder dela na empresa. É um motivo e tanto para o titio não gostar de mim.
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  — É. Mas ele não gosta de ninguém. — esfregou as têmporas e deixou uma pequena risada escapar.
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  — Ele sabe que o casamento é arranjado, não é? — perguntei, prevendo problemas.
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  — Infelizmente, sim. Mas não há nada que ele possa fazer além de ser extremamente desagradável com você. Coisa que ele é com todo mundo e sem esforço.
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  Ponderei por um breve momento e as portas abriram numa sala impregnada com o perfume que eu já conhecia. Respirei fundo, acalmado pelo cheiro e pela conclusão a que cheguei com aquela breve conversa com . De fato, o que o velho amargurado poderia fazer? Não havia prova alguma “contra”nós, afinal, não estávamos infringindo nenhuma lei, apenas cumprindo um acordo comum. Meu cunhado tinha razão e mostrou-se cortês ao me alertar, e também ao segurar as portas para que eu saísse do elevador, fazendo sua última consideração:
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  — Torço sinceramente para que isso não faça você mudar de ideia.
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  Entrei na sala tocando meu próprio braço, coberto pela camisa social, e apertei a tatuagem escondida ali como um amuleto da sorte.
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  — Sabe o que eu gosto sobre as flechas, ?
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  O rapaz que tinha o mesmo nariz que a apenas me olhou, aguardando o contexto da pergunta retórica.
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  — Flechas não voltam atrás.
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   bateu no meu ombro em resposta e anunciou nossa chegada, chamando a visão de , atrás da sua mesa, e de um senhor sisudo à frente dela. Ela levantou-se, andando em nossa direção, e foi acompanhada pelo mal-humorado em quem eu não prestei a menor atenção.
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  Porque estava especialmente bonita naquela manhã.
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  Os cabelos, trançados de um jeito meio arrumado e bagunçado ao mesmo tempo, tinham fios soltos caindo pelo rosto afilado e com uma leve maquiagem. No pescoço, um colar de ponto de luz fazia par com os brincos, e um bracelete elegante balançava no pulso à mostra pela manga que ela puxou.
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  — Oh, bom dia, senhores. — adiantou-se, saudando o irmão com um toque descontraído que parecia ter sido combinado na infância e abraçando-o em seguida. — Batata. — ela errou meu sobrenome propositalmente.
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  — Zombando de um sobrenome que logo será seu? — aceitei o abraço que estendeu a mim, que apesar de sincero, foi rápido demais para o meu gosto.
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  — Você não está usando Tom Ford! — ela reparou quando nos soltamos, e a surpresa fez ela esquecer de rebater minha provocação.
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  — Qualquer coisa pela minha doce noivinha.
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  Ganhei o que prometia ser o primeiro sorriso verdadeiro de (além, é claro, daqueles que ela me deu enquanto eu a invadia no nosso primeiro e inesquecível encontro). A lembrança rapidamente despertou minha pele e elevou minha temperatura corporal, mas o terceiro homem no local tossiu alto e trouxe minha mente de volta.
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  — , conheça nosso tio Morgan. — apresentou. — Ele é conselheiro administrativo e em breve vai nos conceder total acesso aos livros de contabilidade. Assim você vai ficar a par de tudo que acontece aqui. — o velho murmurou para essa parte. — Certo, tio?
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  — São décadas de dados, . Duvido que o rapaz esteja interessado em analisar todos os nossos números. — Morgan rosnou e se dirigiu a mim, oferecendo uma mão áspera. — Sei que você tem a própria empresa para administrar, não vai querer desperdiçar muito do seu tempo conosco, eu presumo.
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  Como eu previa: o organismo expulsando o corpo estranho.
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  — Nenhum dos meus negócios é desperdício de tempo, senhor Morgan. — rebati, sem me deixar intimidar, e ele chacoalhou minha mão bruscamente. — Além disso, meu investimento foi feito diretamente nas ações da . Qualquer pedido dela é uma ordem para mim.
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  O olhar que eu e minha noiva trocamos naquele momento foi a perfeita representação da parceria que prometemos um ao outro no nosso jantar de apresentação. soube ali que eu endossava as decisões dela, respaldando-as como se tivessem partido de mim mesmo, e eu sabia que, futuramente, ela agiria do mesmo modo comigo. Era o combinado, e eu estava cumprindo a minha parte, o que me fez ganhar dela um agradecimento desenrolando pelos lábios sem som, uma palavra apenas, muda, lançada só para mim.
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  O “obrigada” foi seguido de um piscar discreto. Era a nossa primeira confidência.
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⚔️

  Apesar dos esforços de Morgan em encurtar a minha visita, os irmãos O’Brien empenharam-se em não se deixar vencer pela má vontade do tio, que somente nos acompanhou para suprir a ausência de Arthur e Donna: o primeiro, ocupado com uma reunião de caráter urgente; e a segunda, com os cuidados do buffet para o casamento. Ao final do dia, depois de um maravilhoso jantar sem a presença do velho, quis passar na nossa casa e arrumar a última caixa que chegou.
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  Nossa casa. Ainda era surreal dizer.
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  Enfiada no quarto e compenetrada na organização das suas coisas, ela sequer percebeu quando eu escorei na porta, admirando o resultado da reforma e a delicadeza com que ela, descalça e com a trança do cabelo desfeita, dobrava e guardava as suas roupas. Roupas essas que me arrancaram um sorriso ladino e involuntário.
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  — Você quer ajuda? — ofereci.
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  — Sério? Pra guardar minhas calcinhas? — ela balançou uma peça de renda.
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  — Ou pra tirar a que você estiver usando agora, você quem sabe.
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   teve alguma dificuldade para virar o pescoço e me responder com seu rolar de olhos costumeiro, demonstrando com o movimento travado os sinais inegáveis do seu cansaço físico e mental. A tensão que acometia o pescoço rígido, que ela pressionava repetidamente, não era a tensão divertida que eu causava nela com meus comentários de duplo sentido ou com o insistente apelido, mas, sim, uma tensão motivada pelo estresse de muitos problemas para resolver. Eu me compadeci da exaustão dela, cuja causa eu conheci de perto durante o nosso dia juntos, e decidi que o certo a se fazer era deixá-la em paz.
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  No entanto, “deixá-la” era um movimento um pouco difícil para mim, eu precisava admitir. Especialmente quando ela estava daquele jeito, visivelmente sobrecarregada com as responsabilidades no trabalho, a mudança, o casamento e a lida com o tio Morgan, que se comportava como uma criança birrenta e fazia questão de dificultar a vida dela na empresa. E foi observando esse cenário que eu percebi que garantir o bem-estar da era importante para mim. Tão importante que fez uma ideia acender na minha cabeça.
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  — Qual o seu lugar favorito no mundo?
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  — O quê? — ela arqueou uma sobrancelha.
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  — Me conta, . — entrei no quarto. — Se você pudesse estar em qualquer lugar agora, onde seria?
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  — Por que isso agora? — ela tentava entender.
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  — Responde.
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  Tomei a peça que ela dobrava das mãos dela, esquecendo por um momento que era íntima. Os cílios dela bateram e ela me olhou com estranheza por eu estar bancando o cara legal e tentando engatar uma conversa. Ou talvez por eu estar fazendo um questionamento aleatório enquanto segurava uma calcinha minúscula.
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  — Tá. — ela cedeu, por fim, desconfiada. — Meu lugar preferido é a praia de Navagio.
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  — Perfeito. — puxei meu celular para dar mais uma “missão impossível” para a minha assistente, pedindo agora que ela entrasse em contato com meu piloto de jatinho particular. — Nós vamos pra lá. Agora.
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  — Como é?
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  — Arrume as malas. — percebi que eu ainda estava segurando a calcinha enquanto digitava. — E coloca essa, por favor, eu adorei.
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  — Você enlouqueceu, foi? — tomou o tecido de mim e me deu um leve tapa no dorso em repreensão. — A gente não pode largar tudo aqui e simplesmente ir pra Grécia.
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  — Por que não?
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  — Como por que não? — ela indagou, ultrajada. — Esqueceu que daqui a uma semana a gente tem que se casar? E, depois disso, arrumar o caos que vai ser a fusão das nossas empresas?
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  — Exatamente. — segurei o rosto dela, sentindo as bochechas quentes e obrigando-a a parar e me olhar. — , tudo o que nós dois fizemos nos últimos meses foi pelos outros. Jogaram um peso enorme nos nossos ombros e nós fomos nobres o suficiente para aceitar, mas o fato é que agora você está cansada e eu estou cansado. — inspirei pesado. — Vamos fazer algo por nós. Nós merecemos. Nós devemos, na verdade.
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  O peito alheio subiu e desceu, normalizando a respiração de , que me olhou querendo saber se aquela proposta era mesmo séria. Busquei o fundo dos seus olhos ao oferecer a confirmação que ela queria, fitando o belo rosto preso entre as minhas mãos firmes e dispostas a entregar o mundo inteiro diante daquela mulher de tanto brio. Esperei que ela processasse o que eu tinha acabado de sugerir e fui surpreendido quando escutei:
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  — Você tem razão.
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  — Como é que é? — soltei e encaixei dois dedos no meu próprio lóbulo. — Eu ouvi você dizer que eu tenho razão?
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  — Não se acostume. — ela se moveu, levantando o perfume consigo. — Você não vai ouvir isso de novo.
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  — Então está decidido. — esfreguei as mãos, vitorioso. — Vamos antecipar nossa lua de mel, docinho.
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Capítulo 5: O primeiro encontro

(POV: )

  Enterrei o pé bem fundo na areia quentinha e me espreguicei. O mar imenso e azul neon na minha frente fazia todos os meus problemas ficarem pequenininhos e distantes, quase inexistentes. Nem mesmo a preocupação com o rombo financeiro, a ameaça de falência ou o esmagador peso do futuro da O’Brien Group me alcançariam naquelas águas tão magníficas nas quais eu estava prestes a entrar.
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  Bastaram algumas ligações feitas pelo para que assim, num passe de mágica (e no encanto de algumas transações bancárias), nós estivéssemos no resort mais caro e exclusivo da Ilha de Zakynthos, na Grécia, com acesso facilitado à praia remota de Navagio, também conhecida como meu lugar favorito no mundo. Em questão de poucas horas, meu noivo fez contato com um piloto executivo, fretou um voo particular, cuidou das reservas em quartos separados e fez de tudo ao seu alcance para me tirar do estresse de Nova York por alguns dias e relaxar meu pescoço travado. Era um ato muito lisonjeiro, no entanto, ele mesmo cortou a fantasia de perfeito cavalheiro quando pediu que, em troca, eu usasse o menor biquíni que eu tinha.
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  E eu estava mesmo usando um biquíni minúsculo. Pensando no bronzeado, é claro. Não no .
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  Por mais que eu estivesse precisando daquele escape, o fato de a iniciativa ter partido do meu noivo metido a engraçadinho me atordoava. Mais que isso, fazia eu me perguntar onde o esforço dele estava verdadeiramente concentrado: em me torcer de raiva ou em me agradar. Havia horas, como aquela, em que as duas coisas pareciam ambivalentes, porque o que me tirava de tempo com suas gracinhas era o mesmo que articulava uma operação tática para me levar a uma enseada paradisíaca e digna de um roteiro de Cinquenta Tons de Cinza.
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  Tirei a saída de banho soltando ar pelo nariz. Um bilionário que se aproximava de mim por um contrato era bem Cinquenta Tons de Cinza. A diferença era que, em vez de sombrio e distante, era implicante e galanteador, uma combinação bem fácil de aborrecer e encantar, tudo ao mesmo tempo. Eu nunca sabia o que esperar dele e isso fazia a mulher controladora em mim gritar de desespero.
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  O problema era que ele também fazia a mulher em mim gritar de prazer. E aquela mulher que se deu ao desfrute de uma noite irresponsável, que rasgou as costas dele em carne viva e sussurrou alguns absurdos ao pé do ouvido era uma mulher que só ele conhecia.
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  Coisa, é claro, que ele nunca poderia saber. Se ao menos passasse por aquela cabeça de vento que ele tinha sido a melhor transa da minha vida, ele ficaria ainda mais insuportável. O efeito que ele teve sobre mim na única noite que tivemos juntos deveria ser mantido em segredo pelo bem da minha sanidade mental e da integridade física dele — embora ali, assistindo de camarote ele remover de si a camisa leve e exibir o peitoral todo dividido, tudo o que eu conseguisse pensar era em arranhar aquele tanquinho.
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  Contei seis gomos na barriga, mas não sabia se tinha contado certo porque ele logo baixou o cós da bermuda e as entradas altas e marcadas ficaram em evidência. Lindas. Expostas. Convidativas.
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   sabia muito bem o homem que era e isso era perigoso.
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  — Assim você vai me deixar tímido, docinho. — ele mostrou os dentes brancos e alinhados.
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  — Como se você não estivesse adorando. — afrouxei o rabo de cavalo para aliviar a dor de cabeça que ele era especialista em causar. — Todas as pessoas da ilha estão olhando pra você.
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  — Não é pra mim que estão olhando. — ele me mediu de cima a baixo. — Belo biquíni, aliás.
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  — Foi um pedido de um fã. — passei o dedo entre os nós em volta dos meus quadris, apertando a parte de baixo.
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  — Bom, se você estiver aceitando mais pedidos, eu gostaria de um topless. — ele acompanhou o movimento. — Não sou um cara ciumento.
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  Revirei os olhos instintivamente, mas a risada rouca que eu ouvi dele me provou que a manobra tinha perdido o efeito e, em vez de censurá-lo, a minha reação o deixava satisfeito. Felizmente, a belíssima paisagem grega diante de mim merecia mais atenção que a capacidade de me irritar, então eu mexi na bolsa, procurando o filtro solar e transferindo um pouco da minha agitação para o objeto inanimado, fazendo o produto escapar em excesso quando o apertei.
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   tentou disfarçar a risada dessa vez, mas falhou.
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  — Você se diverte às custas do meu sofrimento, não é? — tentei administrar a quantidade exagerada de protetor.
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  — Eu queria me divertir do outro jeito, mas você não deixa. — ele tomou minhas mãos delicadamente, tirando o excesso de filtro delas e passando o conteúdo pelo peito nu. — Eu tenho uma teoria: você não teve ninguém depois de mim. É por isso que você anda tão estressada.
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  — Você me enlouquece. — apertei as têmporas com as mãos brancas, desenhando uma linha na área. — Você move céus e terra para me trazer nesse paraíso, mas se esforça o dobro para me aporrinhar. Você me confunde, .
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  — Você também me confunde, . — ele encaixou as palmas nas laterais do meu rosto e esfregou minha testa gentilmente, espalhando o produto pela minha face avermelhada. — Você aceitou se casar comigo para ajudar sua família, e eu estou cumprindo a minha parte, mas parece que não importa o que eu faça, você ainda não confia em mim. Está sempre na defensiva, reativa, esquiva… Eu sei que deve ter um milhão de coisas passando pela sua cabeça, mas isso não vai funcionar se não houver confiança.
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  — Confiança é um exercício meio difícil para mim. — admiti.
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  — Não precisa ser cega nem absoluta. — ele terminou de passar o protetor. — Só me dê um chão para pisar.
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  As palavras de eram fortes e poderiam soar ásperas, mas o toque aveludado dele no meu rosto aliado ao tom de voz macio trouxeram a suavidade que a situação requeria. Ele tinha um jeito modulado de falar e usava uma cadência serena, sempre a mesma, com um timbre constante que, a princípio, eu confundia com indiferença, mas que, agora, me transmitia segurança. Eu gostava de segurança. Quem não? Segurança era, na verdade, uma condição essencial e imprescindível a qualquer relacionamento. Ou, no nosso caso, a qualquer negócio.
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  Inspirei bem fundo, desativando todos os meus escudos internos. me escaneou inteira e, quando ele me encarava intenso com aqueles olhos escuros, até a minha alma ficava transparente e legível. Eu não ficava confortável com essa vulnerabilidade, com a abertura que ele abria à fina força na minha armadura, mas meu cérebro condicionado a pensar de modo prático me apontou os fatos. E os fatos eram que ter legalizado minha autoridade na frente do tio Morgan e ter me proporcionado aquela viagem eram provas do comprometimento de comigo. Ele merecia o chão que estava pedindo.
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  E eu me senti a pior pessoa na face da Terra ao lembrar que ele só teria onde pisar por exatamente um ano. Mas eu logo disse a mim mesma que o plano secreto do divórcio depois da recuperação da O’Brien Group não era uma jogada suja, e sim a minha garantia. Era o chão que eu tinha para pisar.
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  Sacudi a cabeça, tentando me livrar do meu devaneio e do longo silêncio que ele tinha causado. Voltei a pegar o tubo do protetor abandonado na mesa e o pressionei contra o peitoral moreno, obrigando a segurá-lo enquanto eu me deitava na espreguiçadeira.
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  — Você quer confiança. Bom, eu confio que você não vai me deixar ter uma insolação às vésperas do meu casamento. — me arrumei de bruços e desfiz o nó do biquíni na base das minhas costas.
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   aceitou o pedido implícito e agachou-se ao meu lado, controlando a respiração quando me viu arquear um pouco o trapézio para arrumar os seios esmagados contra o trançado. Começou seu trabalho massageando suavemente as minhas costas, passando também pela parte de trás dos meus braços, e cobriu cuidadosamente a pele que já se mostrava sensível. Talvez tenha sido a exposição prévia ao Sol. Ou talvez fosse apenas o efeito que o toque dele me causava. O que eu sabia com certeza era que as mãos imprimiam uma pressão gostosa e relaxante, que ganhava mais graus de risco à medida que ele descia pela curva da minha lombar, encontrando o limite da calcinha.
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  — Eu assumo a partir daí, obrigada.
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  — Tem certeza? — ele reclamou, mas parou imediatamente. Era bom saber que ele era capaz de parar quando eu pedia.
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  — Sim. Agora outra camada. — ordenei. — Não quero ficar queimada.
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  — Por quê? Seu vestido de noiva vai ter um decote nas costas?
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  — Não vai ter vestido de noiva. — suspirei.
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  — Um casamento nudista? — ouvi quando ele espremeu o tubo novamente, começando a aplicar de baixo para cima dessa vez. — Eu topo.
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  — Eu vou usar um vestido normal. — ignorei a piadinha. — Quero que o nosso casamento se pareça exatamente com o que é: uma transação.
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  — Uau. Cuidado para não derreter com todo esse calor da ilha, rainha do gelo.
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  — Não se ofenda com minha falta de apego aos detalhes. — pedi, anestesiada pelo movimento das mãos dele. — Nós mal nos conhecemos e vamos dividir um teto em alguns dias. É muito para processar.
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  — Estamos carregando o mesmo peso, . — ele chegou aos meus ombros. — Mais um motivo pra você se abrir pra mim. — um risinho cínico. — Sem piadinha de duplo sentido, eu juro.
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  — O que você sugere? Uma sessão de terapia de casal para falarmos sobre nossos sentimentos?
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  — Ou um jantar, para começar. — ele limpou as mãos numa toalha e armou outra espreguiçadeira, sentando-se na ponta.
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  — Um encontro? — lidei como pude com a visão das coxas torneadas quando ele puxou o calção de banho. — Sério?
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  — Acho que é justo, já que nós não tivemos um. — ele cruzou os dedos embaixo do queixo, percebendo a barba nascente. — Não se preocupe, não vou fazer nada romântico. Nem vou puxar a cadeira pra você.
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  — Contanto que você não me faça cair de bunda no chão.
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  — Ótima forma de chamar minha atenção para a sua bunda. — ele arqueou uma sobrancelha.
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  — Não sabia? Esse é o meu maior objetivo na vida. — disparei, sarcástica. — Oh, , por favor, por favor, olhe pra minha bunda!
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  — Já que insiste-
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  — Para de olhar pra minha bunda! — quase me levantei.
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  — Eu paro se você aceitar meu convite.
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  — Eu aceito. — cedi. — Considere um voto de confiança.
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  — Vou esperar até o fim da noite pra te beijar, prometo.
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  Derrotada, rolei os olhos. Mais uma para o contador do .
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  — Às vezes eu penso que você tem um desafio pessoal de me tirar do sério, sabia?
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  Ele levantou-se (um verdadeiro espetáculo), preparando-se para correr em direção ao mar, não sem antes me presentear com uma piscadela e mais uma provocação.
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  — Então você anda pensando em mim?
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👰🏻‍♀️

  O vento da costa soprava agradavelmente, balançando meus cabelos que ainda tinham cheiro de sal mesmo depois da lavagem. Me arrependi por uma fração de segundo por ter escolhido um vestido de alças finas e não ter levado um casaco, mas, em minha defesa, não tinha me avisado que o restaurante que ele reservou para o nosso jantar era a céu aberto.
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  Uma excelente escolha, aliás, porque o céu da ilha não era um céu comum. Tinha pinceladas de ouro mesmo quando anoitecia, o que lhe conferia uma imagem única de roxo e dourado salpicado de estrelas visíveis. A lua imensa, refletida nas águas do Mar Jônico, tremulava nas ondas calmas que faziam um som delicioso quando quebravam. Tudo era leve, harmônico e até o ar era mais fácil de respirar. A atmosfera morna, resultado do Sol intenso aquecendo a areia o dia todo, deixava o clima ameno e presenteava todas as bochechas com um rubor natural adorável.
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  No rosto dele, eu precisava admitir, ficava uma gracinha. Especialmente depois que ele se livrou da barba que ele notou estar grande demais mais cedo. cheirava à colônia fresca, vestia uma camisa branca de algodão e uma social azul claro jogada por cima, dobrando as mangas e deixando a tatuagem de flecha visível.
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  A tatuagem me intrigava. Ele me intrigava.
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  Navagio deixou ele mais bonito, bagunçou um pouco o cabelo comprido e embaçou o alinhado empresarial em que ele vivia metido, além de mostrar que a língua, sempre tão afiada, sabia falar outras coisas além de insinuações sexuais de quinta. Do meio para o fim da refeição, me contou brevemente sobre a vida que levava no Japão e tentou me ensinar algumas palavras no dialeto natal, obtendo um resultado desastroso que lhe arrancou gargalhadas.
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  — É uma pena que você não seja fluente. — ele abriu a garrafa de vinho e nos serviu. — Eu escrevi meus votos em japonês.
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  — Você escreveu votos? — congelei no meio do primeiro gole. — Eu não, vai pegar mal pra mim!
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  — Ainda dá tempo. — ele deslizou os lábios pelo vidro antes de beber. — Quero que você me faça chorar, ouviu?
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  — Vai ser muito emocionante quando eu disser o quanto eu te odeio na frente dos seus pais e dos seus irmãos.
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  — O inglês deles é péssimo, eles não vão entender. — garantiu.
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  — Não me tente. — cruzei as pernas. — Nós temos que fingir que estamos perdidamente apaixonados um pelo outro.
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  — Então você nem vai precisar fingir.
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  Rolei os olhos. Outra vez. Era mais forte do que eu.
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  — Cinco. — disparou, vitorioso.
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  — Cinco o quê?
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  — Cinco vezes que eu te fiz rolar os olhos só hoje.
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  — Quebrou seu próprio recorde. — propus um brinde. — Meus parabéns.
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  — Obrigado. — as taças bateram uma na outra e passou um braço pelo meu colo, segurando firmemente a base da cadeira. — Mas tenta não rolar os olhos para o que eu vou fazer agora, tá?
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  — O que está acontecendo? — fui vigorosamente puxada para mais perto dele, como se eu não pesasse nada.
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  — Vê aquele cara sentado sozinho perto do bar? — soprou no meu ouvido, aproveitando a proximidade.
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  — O que está com a peruca torta? — segui a direção dele e comentei maldosamente.
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   riu num tom mais agudo que das outras vezes, bem perto do meu rosto, e o nariz dele raspou no meu perfil, que ele carimbou com um beijo fofo e inesperado.
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  — Ele está tirando fotos nossas desde que chegamos. — ele continuou sussurrando.
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  — Como é? Eu vou resolver isso agora. — tentei me levantar e prendeu meu pulso contra a mesa educadamente.
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  — Deixa. Ele é jornalista, isso é bom para nós. Ajuda a construir nossa imagem enquanto casal. — ele deslizou pelas minhas juntas e segurou minha mão. — Agora entra no jogo.
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  — Como você sabe que ele é da imprensa? — arrisquei uma olhada e brinquei com os brincos na orelha de , fazendo um carinho no lóbulo. — E se ele for só um maluco?
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  — Ele já me fotografou algumas vezes enquanto eu corria em Greenwich Village. — ele conteve um arrepio. — E o maluco acabou de chegar.
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  — Que maluco? — olhei em volta sem a menor discrição.
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  — O que eu contratei pra te fazer uma surpresa.
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  O dito maluco anunciou a si mesmo num volume inacreditável de tão alto para alguém que estava sem microfone. Usava uma roupa espalhafatosa, preta e vermelha, e estava acompanhado de outros dois com o mesmo figurino de Ligeirinho, cada um segurando instrumentos de corda e chapéus enormes, capazes de abrigar todos que estavam no restaurante de um tornado. Ele deu o primeiro dedilhar no violão, tirando dele uma nota limpa e alegre, e atraiu para si toda a atenção ao misturar os idiomas.
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  — Buenas noches, damas y caballeros! Mi nombre es Iñaki e eu estou aqui esta noite com meus nobres companheiros mariachis para cantar para uma jovem muito especial! A bela O’Brien está na casa?
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  Derreti no meu lugar quando o burburinho de vozes repetindo meu nome começou. Alguém apontou para mim e houve palmas, assobios e, de repente, eu era a atração do lugar. Meu rosto ficou em brasa e meu sangue fervilhou com os holofotes. Era óbvio que aquela viagem não seria perfeita e tinha um verdadeiro circo armado para me constranger.
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  — Eu vou te matar, Arata. — apertei a mão dele com toda força que eu tinha. — Lenta e dolorosamente.
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  — Adoro quando você me machuca. — ele fechou os olhos, sádico.
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  — Sorte a sua que estamos em público. — falei através dos dentes trincados no sorriso mais falso da minha vida. — Eu disse que não queria escândalo e você me prepara uma serenata?
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  — Não. Um trio de mariachis. — , ao contrário de mim, nunca sorriu tão sincero, prendendo o riso na garganta. — Você não ouviu a explicação?
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  — Muy bien! — Iñaki aproximou-se gritando e até mesmo deu um pulo no lugar com o susto, pressionando o tímpano com a mão livre. — Señorita , lhe dedica esta canção de amor!
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  Continuei forçando um sorriso, totalmente deslocada, e , que ainda tinha os dedos entrelaçados nos meus, beijou as falanges para esconder a risada. Os ombros enormes não mentiam, subindo e descendo do riso abafado, e Iñaki (aos berros, sempre aos berros) puxou a primeira estrofe de um bolero romântico em espanhol.
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  Aparentemente, era a música mais comprida do mundo.
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  Olhei os espectadores ao meu redor, que assistiam ao show dançando timidamente, colocando a mão no coração, ou mesmo ameaçando romper um choro. O evento parou o restaurante, os garçons deixaram de trabalhar e, quando eu terminei a varredura do ambiente, procurei o responsável por aquilo tudo, não encontrando no seu assento. Em vez de estar sentado ao meu lado, ele estava ajoelhado na minha frente, segurando uma caixa da Cartier com a pedra mais brega que já existiu: um diamante genérico, enorme e sem personalidade alguma.
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  — O’Brien… — ele começou, tomando minha destra.
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  Ah, não.
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  — Aceita se casar comigo?
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  A pergunta foi encoberta por um grande soluço coletivo de expectativa. Os olhos inchados de estavam úmidos e bem-humorados, lacrimejando por toda graça que ele achou naquela situação tragicômica. A parte da tragédia, é claro, estava toda na minha conta, que estava sendo pedida em casamento na frente de um punhado de estranhos ansiosos e de um jornalista que já deveria estar com a matéria pronta para soltar em algum tabloide.
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  Embora eu pudesse elencar ao menos doze motivos plausíveis para a minha infelicidade momentânea, o primeiro da lista era ter que reconhecer que estava certo. Nosso noivado precisava daquilo tudo, visibilidade, notoriedade, repercussão. E foi apenas por isso que eu ativei meu modo atriz e pus a mão na boca, fingindo surpresa.
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  — Eu te odeio. — confessei baixinho, aproveitando a boca coberta, e em seguida respondi audivelmente. — Sim! Sim! Mil vezes sim!
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  — Ela aceitou! — Iñaki anunciou a notícia feito um alto-falante e teve outro espasmo de susto. — Aplausos para o senhor e a senhora Arata!
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  — Aqui, docinho. Considere um presente. — pôs o anel no meu dedo, ainda trêmulo pelos gritos do mariachi gasguito. — Um dia, se você se apaixonar por mim, eu te dou um anel que realmente signifique alguma coisa.
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  — Se eu me apaixonar por você? — rebati, ultrajada.
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  — Oh, me desculpe. Quando. Porque vai acontecer. Ou você acha que vai conseguir conviver comigo diariamente e resistir aos meus encantos? — ele piscou.
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  — Eu não acho que vou conseguir conviver com você diariamente, pra começar.
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  — Cuidado, . — ele beijou o anel. — A linha entre amor e ódio é bem tênue.
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  — E eu posso usá-la pra sufocar você até a morte.
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  — Espere o casamento, assim você herda a minha fortuna. — ele aconselhou e fez um sinal chamando o maître. — Uma rodada de champanhe, por favor. Na minha conta.
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  — Champanhe! — a garganta potente de Iñaki repetiu e emendou outra música, enquanto se encolhia e resmungava em japonês.
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  Ri de verdade pela primeira vez na noite. Quem diria que o conjunto de músculos e olhar intimidador ambulante tinha medinho de barulho? Quem diria que o jantar que estava condenado a ser péssimo para mim se transformou numa experiência divertida? Quem diria que, de alguma forma, eu nunca ia esquecer o dia em que pediu a minha mão?
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  Dei de ombros. Se não fosse romântico, ao menos que fosse engraçado. E era.
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  — O feitiço virou contra o feiticeiro? — observei meu noivo (mais oficial do que nunca agora) se retorcendo todo conforme Iñaki bradava.
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  — Como pode todas as frases dele serem exclamativas? — ele massageou uma veia na testa, espantado.
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  Iñaki prosseguiu com sua animação mexicana contagiando o restaurante, preenchendo a noite que foi regada a muita música e felicitações que recebemos de desconhecidos. Quando a dor de ouvido de beirou o insuportável, partimos em busca de um pouco de silêncio e decidimos retornar ao hotel caminhando. As ruas da ilha eram de calçamento e tinham casas charmosas de tijolo branco, plantas e flores por toda parte e uma temperatura que caía gradativamente, contrastando com as médias diárias.
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  — Permita-me. — colocou a camisa social azul nos meus ombros e se ofereceu para carregar a minha bolsa.
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  — Não precisa gastar seu cavalheirismo. — aceitei ambas as cortesias. — Você já me fisgou, lembra? — mostrei a aliança.
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  — Prefiro garantir. — o celular dele tocou quando chegamos ao hotel. — Vai que você é uma noiva fujona e me deixa plantado no altar?
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   esperou que entrássemos no saguão para atender, falando apenas o necessário à pessoa do outro lado da linha. Mesmo ocupado com a ligação, ele segurou as portas do elevador para que eu entrasse primeiro e seguiu respondendo ao telefone concisamente, até encerrar a chamada com um semblante bem satisfeito.
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  — Era o Gordon, meu irmão. — ele explicou, apertando o botão da cobertura. — As fotos do noivado se espalharam e já estão valorizando as ações da Three Swords.
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  — Eu fico feliz em saber. — segurei a mão dele. — Eu realmente fico.
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  — Isso significa que eu posso dormir tranquilo, sem medo de você invadir meu quarto e me sufocar até a morte com o travesseiro? — ele olhou de canto para o gesto.
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  — Boa ideia. — chegamos ao nosso andar. — Posso fazer parecer que foi um acidente.
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  — Ok, agora você está me assustando. — ele segurou as portas novamente e me acompanhou até a minha suíte.
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  — Obrigada pelo jantar, . — recostei na porta, pegando minha bolsa de volta para procurar o cartão de acesso. — E pelo trio de mariachis. E por me dar um anel que eu odiei.
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  — Tudo conforme o meu plano. — ele encostou o braço malhado na soleira, me cercando.
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  — Seu plano de me deixar maluca?
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  — Meu plano de não tocar em nada que é especial pra você. — ele arrumou o pingente do meu colar.
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  Congelei por alguns instantes, retendo o ar nos pulmões.
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  Especial pra mim?
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  Desde quando ligava para o que era especial pra mim?
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  — O que você quer dizer com isso? — perguntei, acertando a respiração a muito custo.
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  — Eu sei que você tem um vestido, uma cerimônia, um anel e um cara dos sonhos. — ele encarou o teto, desviando o olhar e enfiando uma mão no bolso. — E eu sei também que esse cara não sou eu. Não é justo pedir que você gaste os seus sonhos comigo.
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  Mastiguei a frase dentro de mim. “Meus sonhos”. Fazia muito tempo que eu não olhava para eles. O casamento perfeito era um, mas eu mesma me encarreguei de enterrá-lo e esquecê-lo em algum lugar escuro do meu coração. Sim, era perfeitamente possível que eu me casasse de novo um dia, por amor e não por contrato, no entanto, aquele casamento ainda seria o primeiro. Sempre seria o primeiro e já estava fadado ao fracasso. Era um sonho manchado, maculado, com uma rachadura enorme. E mesmo assim, teve o cuidado de não aumentar o estrago e partir o que me sobrou.
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  Foi quando me ocorreu um pensamento inédito: havia um homem ali. Uma alma, um coração pulsante, não apenas um corpo bem acabado e uma mente brilhante para negócios e para sexo. Era a primeira vez que eu enxergava e começava a mudar a ideia que eu tinha dele.
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  — Estou surpresa por você não se achar o cara dos meus sonhos. — dei um passo para trás e esbarrei na fechadura eletrônica.
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  — Em partes. — não recuou. — Tenho certeza de que sou o cara dos seus sonhos eróticos, por exemplo.
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  E de volta à programação normal…
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  — Tá vendo, ? — bati no peito dele, indignada. — Por que você é desse jeito? Por que toda vez que eu estou começando a mudar de opinião sobre você, você vem e faz-
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  Um beijo me calou. Um puta beijo, sem cláusula de contrato, sem burocracia, sem formalidades. me puxou pela gola da própria camisa e me colou ao tronco quente, me entregando uma língua ardente, dominadora e atrevida. Não havia espaço algum entre nós e o modo como ele se insinuava contra mim fez minhas costas acionaram botões aleatórios na fechadura, que apitou repetidamente. Nem mesmo o bipe foi suficiente para fazê-lo quebrar o beijo e ele encontrou uma solução mais criativa, enlaçando a minha cintura e me trazendo ainda mais junto, amassando meus seios contra o peitoral dele, que escapava da gola em v da blusa de algodão.
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  — Faz… isso. — terminei a frase, arquejando.
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  — Eu disse que ia esperar até o final da noite pra te beijar. — ele ofegou com a boca manchada do meu batom.
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  Limpei o arco do cupido dele, a área mais atingida, contornando a saliência vermelha com o polegar e vendo pontinhos piscando pela tontura que o beijo me causou. se refez, confiante do seu triunfo, e eu me vi aturdida, sem lembrar sequer onde eu estava, segurando um cartão magnético que eu nem sabia mais para que servia.
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  — Logo ali, senhora Arata. — ele indicou a minha porta. — Está entregue.
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  — Boa noite, senhor Arata. — retribuí um pouco zonza.
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  — Boa noite, . — ele começou a se afastar. — Mas se você quiser que seja boa mesmo, sabe onde é o meu quarto…
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Lelen
Admin
2 meses atrás

Amo essas histórias de casamento por contrato HEHHEHE
E quem não deve ser esse rapaz do bar, não é mesmo?
Amei ter uma fic com o Mackenyu, fazia um tempo que tava querendo ler uma, agora tenho ❤
Esperando a att 😍

Comentário originalmente postado em 21 de Junho de 2024

Betiza
Betiza
2 meses atrás

UAAAAAAAAAAR, ILANE DO CÉU! EU DEI UM GRITOOOOOOO! graças a deus você voltou a escrever, eu amo tanto tanto tanto a sua escrita, juro por Deus! To louca no próximo capítulo já

Comentário originalmente postado em 25 de Junho de 2024

Lelen
Admin
2 meses atrás

Esse Mackenyu tá que tá HAHAHA
E obviamente nenhum dos dois vai deixar fácil pra se ajudar, né?
Vai ser meio enemies to lovers? Curto (passo raiva? passo, mas curto kkkk)
Tô só imaginando no que essa história toda vai dar também EHEHEHEH

Bets
2 meses atrás
  — Eu sei o seu gosto. — ele lambeu os lábios, ainda de olhos fechados. — Isso é melhor ainda." Read more »

Ele é muito bandindinhooooo

Bets
2 meses atrás

AI SOCORROOOOOOOOOOO, eu quero mais, preciso de mais, eu já to muito rendida nesses dois, Ilaneeeeeeee, vc me paga

Bets
1 mês atrás

Mais do que ansiosa para essa lua de mel dos meus docinhos. Fico rendidada em todos os casais que você escreve, como pode? A maior que temos <3


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