do me a favour
O ar estava pesado.
observava a chuva pela janela, sem saber o tempo exato que estava dentro do carro, que a essa altura, estava desligado. O silêncio tão incômodo ofuscava qualquer outro som que ousasse invadir o ambiente, tanto que se ele não olhasse para fora, não saberia que estava chovendo; as gotas que rolavam pelo vidro pareciam com as que escorriam por suas bochechas, grossas e incansáveis, e ele não sabia até quando choraria, mas tinha plena noção de que não era o único.
“Me faça um favor e quebre o meu nariz”, era o que o homem queria dizer para a pessoa ao seu lado, que um dia já foi o seu tudo;
“Me faça um favor e me diga para ir embora”, era o que desejava, do fundo do seu coração, que a mulher que decidiu compartilhar seis anos da sua vida com ele lhe dissesse naquele momento;
“Me faça um favor e pare de me fazer perguntas”, era o seu único pensamento nos últimos meses, quando, em várias tentativas falhas, Albuquerque tentava entender o que estava acontecendo com o seu relacionamento.
Era o começo do fim, pensou .
A partir do último ano, os dois sabiam que era só uma questão de tempo até que finalmente colocassem um ponto final no relacionamento que já havia terminado, mas que continuavam o empurrando por ser cômodo o bastante. Apesar de tentar recuperar o namoro de diversas maneiras, chegou um momento em que não tinha mais o que fazer a não ser largar mão, e ela nem sabia mais se isso a chateava, afinal, a mulher carregou a relação sozinha por tanto tempo que nem se lembrava mais como era ser amada. Albuquerque não se recordava da última vez que escutou um “eu te amo” ou um elogio sair dos lábios que tanto adorava, ou da última vez que haviam saído em um encontro ou tirado uma foto juntos; nos últimos meses, a única coisa que se lembrava era de estar tão cansada que nem mesmo as lembranças felizes do início do relacionamento eram capazes de apagar as ruins.
sabia disso.
Sabia de todo o esforço da mulher e em como ela fazia o possível e impossível para manter o que um dia construíram, e ele também tentou, da sua maneira, melhorar e tentar ser um namorado melhor, mas a vida aconteceu e tudo à sua volta parecia ter mais importância do que o seu relacionamento. O homem começou a se distanciar tanto que chegou a um ponto que mesmo que esticasse a mão, não encontraria nenhum resquício do namorado, e possuía plena noção disso, mas, assim como a mulher, decidiu não falar nada, apenas deixando a vida embalar a relação falida dos dois.
Um pouco depois do meio do ano, e já não suportavam mais a ideia de manterem o relacionamento só por comodismo, uma vez que o incômodo era maior do que a vontade de fazer dar certo. Para Albuquerque, se o rapaz não queria fazer nada para mudar, então não havia mais o que pudesse fazer, a sua parte ela fez não só uma vez, mas várias. Após decidirem conversar e tomarem uma decisão que apesar de tudo não era a mais fácil, eles estavam dentro do carro, apenas colocando as lágrimas para fora em silêncio, sem vontade de falar mais alguma coisa.
Tudo o que tinham que dizer já tinha sido dito, e sinceramente, a última coisa que queria era escutar as palavras de ; para a mulher, suas palavras pareciam ser ditas mais pela perda do comodismo que ela lhe proporcionava do que pela falta que ela faria, então, se lhe fizesse um favor, seria melhor guardar o que quer que fosse para si.
— Eu sinto muito, . — Pela primeira vez desde que entraram no carro, eles se olharam, ambos com os olhos vermelhos e inchados.
— Tudo bem — respondeu ao dar de ombros, se preparando para sair do carro.
parou na entrada da sua casa, encarando o homem com um sorriso fraco nos lábios. Tanto ela quanto sabiam que a partir do momento que a mulher fechasse a porta, seria a última vez que se veriam ou trocariam alguma palavra, talvez fosse por isso que demoraram um pouco, aproveitando o último resquício dos seis anos que compartilharam.
— Se você precisar de algo — começou a falar, tentando alcançar a mão de Albuquerque —, não hesite em me falar. Apesar de tudo, saiba que eu estou aqui e…
— . — A voz dela saiu firme, fazendo um arrepio correr pelo corpo do rapaz. — Me faça um favor e vá se foder.
fechou a porta sem olhar para trás, deixando o homem na chuva, sem reação. riu sem humor, passando a mão pela cabeça enquanto sentia mais lágrimas rolarem por suas bochechas. O homem sabia que com o seu “vá se foder” tinha sido doce até demais para o que ele merecia e, com essa deixa, começou a caminhar para longe da casa que um dia fora o seu lar.
Fim
N/A: que saudade eu tava de escrever fic com o meu homi <3
eu adoro essa música e espero que tenham gostado da fic JASNAJKNSAJKSH
Até a próxima <3
Caraca, seis anos é tempo demais POMASPDOMASDP
Esse “vá se foder” de fato foi pouco por tudo o que aconteceu. É complicado quando a gente “se acostuma” com a presença de uma pessoa, né? Mesmo que ela não faça bem, ela tá sempre ali, até perceber que não tá fazendo a menor diferença – e é até pior – ter ela por lá, pode demorar muito.
Nessa história, que os dois vão ser felizes, oremos. 🙏🙏