Esta história pertence ao Projeto Adote Uma Ideia

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Ideia #155

Lais Alves

// A Ideia

A principal é uma mulher que está no corredor da morte por ter matado um policial, crime do qual ela nem se lembra de ter cometido. Mas tudo muda quando, de repente ela acorda em um lugar com um homem misterioso a encarando. Ele diz a ela que seu passado está apagado, para o resto do mundo ela está morta e que ela está em um lugar chamado “Division” uma agência que faz serviços para o governo. Ela foi recrutada para se tornar uma assassina. Logo se torna uma das melhores agente, devido ás suas habilidades mas descobre que nem tudo é o que parece ser dentro de seu novo local de trabalho. A principal fará par romântico com o “homem misterioso” citado acima. Ele será o treinador dela e o parceiro em algumas missões. Ele é um dos agentes mais importantes da “Division”.


// Sugestões
--
// Notas

A principal e o principal interativos, apenas.
A fanfic pode ter cenas explicitas de sexo, porém desde que não sejam muitas e toda hora. O relacionamento dos principais é fisico também, mas procure se focar mais no emocional (desde que não fique meloso).
A idéia da fanfic foi tirada do seriado Nikita assim como o nome da agência mas é isso também. O enredo da história pode decorrer livre sem ter ligação alguma com a série.
A principal tem que descobrir em algum ponto da fanfic que a agência é mercenária e não está fazendo serviços para o governo!


Capa por Liv

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Sem curiosidades para essa história no momento!

Division

1. Segunda Vida

  “A vida passa rápido demais; e se você não parar de vez em quando para vivê-la, acaba perdendo seu tempo.” Essa frase nunca tinha feito tanto sentido na minha primeira vida, que atualmente não existia mais. Para mim, que passei anos da infância ao ensino médio planejando cada dia do meu futuro universitário, viver o momento era apenas uma desculpa para pessoas irresponsáveis curtir a vida adoidado. 
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  — Assim, de acordo com as leis que reguem o Estado do Alabama, a ré Grimmer foi sentenciada à pena de morte por injeção letal, a ser executada em vinte e quatro horas. — Assim que as palavras do juiz Smith foram pronunciadas, um frio passou por minha espinha.
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  Meu olhar apenas conseguiu se direcionar para o rosto de minha irmã Kate em desespero, sendo segurada pelo marido, pedindo ao júri clemência por sua irmã mais nova. Estava grata a Deus por meus pais não estarem vivos, pois seria muito pior vê-los ali, presenciando a cena. Mas… O que eu tinha feito de tão errado para ver minha vida terminar desta forma? Eu não me lembrava de nada referente àquela noite no Moonlight, o que ajudou a promotora a me ferrar por completo no julgamento, e agora já me sentia arrependida por ter aceitado o convite do primo de Carl, e me aventurado em uma noite de despedida na casa noturna mais famosa de Huntsville.
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  Eu só estava de passagem pela cidade com um grupo de amigos, nossa última semana de férias antes de retornar para o segundo semestre em Stanford. Um futuro promissor, nas palavras do meu advogado de defesa, que foi ralo abaixo após uma decisão errada. A única coisa que me lembrava era de estar sendo rendida por uma policial robusta que gritava os meus “direitos” de permanecer em silêncio e de pedir um advogado. Eu era a principal suspeita da morte de seis amigos da universidade e mais três pessoas desconhecidas, incluindo o primo que nos convidou para a noite de diversão, e cumpriria a minha sentença sem direito a apelação.
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  — Kate — sussurrei, ao olhar minha irmã adentrando a sala reservada para onde me levaram depois da leitura da sentença.
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  — . — Seus olhos marejados fizeram meu coração se cortar novamente, seu corpo veio em minha direção e, sem importar com os guardas e as algemas em meu pulso, ela me abraçou forte. — Minha irmãzinha.
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  — Kate… — Tentei segurar minhas emoções, afinal eu era a racional da família e ela sempre a emotiva chorona, contudo, diante das circunstâncias… — Eu juro que…
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  — Não precisa dizer nada, você é minha caçula, eu te vi nascer, te conheço desde sempre e sei que não é a culpada. — Ela me manteve aninhada em seu abraço por mais um tempo, depois olhou em meus olhos com ternura. — Ainda temos vinte e quatro horas, vamos encontrar uma solução, o John vai conseguir.
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  — Ele nem mesmo conseguiu a autorização para me defender, por motivos inexistentes ao meu ver — disse num tom baixo, revoltada pelo namorado da minha irmã ter sido deixado de fora de minha defesa por ter ligação com a família da ré.
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  — Eu não vou desistir de você, pandinha — assegurou ela, confiante em suas palavras. — Até o último suspiro, eu vou lutar.
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  — Eu te amo, Kate… — declarei abraçando-a novamente ao perceber a movimentação dos guardas para retirá-la.
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  — Eu também te amo. — Ela elevou mais a voz, ao ser arrastada pelos guardas para a porta, voltando o olhar aflito.
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  — Diga às meninas que eu as amo! — gritei, antes da porta se fechar e voltar ao silêncio que seguiria depois.
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  Precisava manter minha sanidade nas últimas horas que me restavam de vida, porém existia um grito preso dentro de mim e uma raiva descomunal que me fazia querer matar de verdade, principalmente aquela promotora desumana e amargurada. Antes de sair do prédio do tribunal, olhei para aqueles rostos que me julgavam e xingavam pelos corredores, até que notei, bem ao canto direito próximo à porta, um homem de capuz preto e mãos nos bolsos da jaqueta de coura preta, que acompanhava o julgamento desde o primeiro dia, e agora me observava com o olhar frio e analítico, se destacava diante de uma sutil cicatriz que descia da sobrancelha ao início da bochecha, na forma de um risco.
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  Não entendia o motivo de tudo aquilo estar acontecendo comigo, eu não tinha cometido aquele crime, eu não tinha matado meus amigos e não sabia como provar diante de tantas evidências contra mim. A única coisa que pude fazer foi aceitar meu destino e ver minha primeira vida ser ceifada pelo sistema que insistia em me condenar por um crime que não cometi.
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  — Últimas palavras? — perguntou a enfermeira que conduzia todo o procedimento.
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  Permaneci em silêncio, com os olhos avermelhados ardendo pelas lágrimas que já não existiam mais para rolarem por meu rosto. Voltei meu olhar para meu braço estendido, alguns aparelhos ligados para monitorar meus batimentos, e a seringa na mão da mulher em minha frente, apenas fechei meus olhos e assenti com a cabeça, não estava pronta, entretanto, tinha que encarar meu destino com a face erguida e a consciência limpa, de que era inocente.
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  Assim, Grimmer, a caloura extrovertida do curso de Engenharia da Computação, filha caçula e extrovertida de um casal latino-americano, irmã amorosa de Kate e tia sensacional das pequenas Alice e Melissa, respirava pela última vez.
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  “— Estamos perdendo ela! — uma voz feminina gritou ao longe.
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  — Administre 2 miligramas de adrenalina… Desfibrilador… — Outra voz, agora masculina, soou ao longe. — Carrega em 100… Afasta…
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  — Nenhum sinal — a mulher novamente anunciou.
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  — Carrega em 200… Afasta…
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  — Doutor?! — Uma terceira voz surgiu, num tom de preocupação.
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  — Não vamos perdê-la, tem minha palavra, Collins. — O médico pareceu seguro de suas ações.”
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  Em um piscar de olhos, podemos ganhar ou perder a nossa vida, por isso, não se deve perder a oportunidade quando ela aparece. No meu caso, tive a inusitada chance de viver duas vezes, porém nunca imaginei que minha segunda vida seria assim. Minha mente estava turva e confusa, minhas pernas sem mobilidade, minha boca seca e minhas vistas doendo, por mais que meu corpo seguisse com sensações estranhas, era nítido em minha audição o barulho de aparelhos próximos.
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  O som do bipe que possivelmente media a frequência de algo. 
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  Me lembrava perfeitamente dos movimentos da seringa entrando em minha veia, a sensação do fluido passeando pelo meu corpo até chegar ao meu coração. Era para eu estar morta, mas parecia bem viva ao meu ver. Mas… Se era real, se a vida ainda habitava em mim… Onde eu estava? O que havia acontecido? Tentei puxar o ar para dentro dos pulmões, sem sucesso, o que me fez perceber o incômodo pelos tubos ligados a mim. Meu coração deu uma acelerada diante do desespero por não saber o que me acontecia, até que forcei minhas pálpebras se abrirem, mostrando uma visão embaçada do lugar.
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  — Hum… — murmurei frustrada por não conseguir mover nem o dedo indicador.
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  — A paciente está reagindo — disse uma voz feminina. — Vou chamar o doutor.
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  — Seja rápida — uma voz masculina, áspera e rouca soou em seguida.
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  — Hum… — Com todos aqueles tubos em mim, eu só conseguia sentir um gosto amargo em minha boca, e tentar inutilmente falar alguma coisa.
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  Aos poucos meus olhos foram se acostumando com a luz central do que parecia ser o teto do lugar em que estava. Mais vozes foram surgindo, me deixando ainda mais zonza e com náuseas, não conseguia me atentar a princípio ao que diziam, estava tão focada em fazer algum som sair de mim, em mover nem que fosse meu dedo indicador… E no meio de tudo, lutar contra a frustração por não ter controle sobre meu corpo, nenhuma sensibilidade…
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  — Quanto tempo até ela se recuperar totalmente? — Finalmente minha audição conseguiu captar com mais clareza, a voz rouca de antes.
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  — Diante das circunstâncias que ela chegou aqui, uma semana talvez. — Certamente aquele era o tal doutor. — Seu corpo ainda está fraco e não sabemos se sua consciência voltou ao eixo, senhor Collins.
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  — Lhe dou três dias — reforçou o homem rude. — Faça ela se levantar dessa cama, ou o senhor é que estará em seu lugar.
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  Collins… Quem é você?
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[ três dias depois… ]

  — HHHH… — Como o despertar de um pesadelo, sentindo falta de ar e quase sem fôlego.
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  Foi assim que acordei, meu corpo se erguendo no impulso do susto e minhas vistas embaçadas pela claridade da luz. Deixei meus olhos semicerrados por um tempo até me acostumar, senti que meus pulmões finalmente conseguiam puxar o ar devidamente, assim como meu corpo conseguia se mover com mais facilidade. Meus movimentos estavam de volta e eu estava verdadeiramente viva. Aos poucos, a sensibilidade em minha pele me fez notar a textura fria e rígida da qual eu me encontrava deitada, sem cobertores e travesseiro, nada além de mim e do metal que me sustentava. Se não estava morta… Aquilo era uma cela? Não, mesmo sem janela e uma única saída, era limpa demais, vazia demais, iluminada demais para ser uma simples cela de prisão, a menos que seja uma prisão específica para pessoas com crimes como o meu.
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  — O que está acontecendo comigo? — sussurrei, ao respirar fundo para manter a razão em mim.
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  Assim que minha visão foi chegando ao eixo, pude notar, bem no canto esquerdo da sala, próximo ao teto, uma câmera instalada com um ponto de luz vermelho piscando, provavelmente para indicar seu bom funcionamento. Passei longos minutos encarando a lente, tentando entender quem estaria por detrás me observando, quem havia me levado para aquele lugar. Respirei fundo e, escorando com a mão direita na parede, forcei minhas pernas a se sustentar de pé, a passos pequenos e lentos me aproximei da porta e ergui meu corpo tentando ver pelo pequeno filete de vidro, foi quando senti a aproximação de pessoas do outro lado e me afastei apressadamente.
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  Observei duas pessoas entrarem na sala. Reconheci de imediato o rosto do homem que se manteve próximo à porta, encostando-se na parede com as mãos nos bolsos da calça, o dono da cicatriz no olho direito. O mesmo olhar frio de antes. Já a senhora de cabelos grisalhos, seu semblante não parecia tão velho, porém, transmitia uma aura de poder e imponência de causar medo e inveja.
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  — Quem são vocês? Onde eu estou? — perguntei de imediato, sentindo minha voz quase falhar.
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  Bem… Eu ainda tinha uma voz.
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  — Bem-vinda de volta à vida, senhorita. — Ela se limitou a não me chamar pelo nome ou sobrenome. — Como está se sentindo?
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  Ela me olhou com tanta espontaneidade que parecíamos íntimas a primeiro momento, como se eu fosse uma conhecida de anos que havia se machucado e estava recebendo a visita dos amigos no hospital. Não consegui manter minha atenção nela, pois meus olhos insistiam em encarar o homem que retribuía com intensidade.
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  — Este é o agente Collins — continuou ela, no tom suave e delicado. — Acredito que o esteja reconhecendo vagamente, por ter acompanhado o julgamento. Quanto a mim, pode me chamar de Huston, sou a diretora deste lugar.
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  — E que lugar é este? — indaguei, confusa por sua colocação enigmática.
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  — Você se encontra nas instalações da Division — respondeu ela, mantendo a serenidade no olhar, com uma ponta de brilho e orgulho. — Somos uma agência anônima e não governamental que presta serviços específicos aos governos do mundo todo, serviços estes que não podem ser considerados oficiais.
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  — Oficiais?! — Senti a ênfase nesta palavra.
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  Não quer dizer: Legalizados?!
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  — E por que eu estou aqui? Por que me salvaram da morte? — perguntei a ela, no fundo, não querendo ouvir a resposta.
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  — Nós não te salvamos — respondeu direta e, agora, inexpressiva. — A sentença de Grimmer foi executada exatamente às cinco horas de vinte e dois minutos da tarde, cerca de sete horas após seu julgamento, enterrada logo após por seus entes queridos. Se quiser, posso lhe dar a localização exata do túmulo.
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  Eu engoli seco, tentando entender o que eles tinham feito comigo.
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  — Já a mulher que está diante de mim agora, nasceu nas instalações da minha agência com um novo propósito de existência, ou, se preferir, uma nova chance — continuou ela, voltando o olhar para o agente por um momento.
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  Afinal, eu não conseguia deixar de focar nele, por mais que me esforçasse para manter a atenção nela.
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  — E o que esta mulher diante de você está fazendo aqui? — indaguei ao constatar que, para eles, eu era apenas uma folha em branco com possibilidades que eu não desejava imaginar.
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  Era óbvio que eu não teria mais uma vida, contudo, minha existência a partir daquele ponto dependeria desta tal agência, e temia que o senhor da cicatriz tivesse alguma participação no processo.
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  — Como eu disse, agora você terá um novo propósito de vida. — Ela respirou fundo, pareceu procurar pelas melhores palavras para me explicar a situação. — Nas próximas semanas receberá um treinamento intenso e completo sob a supervisão do agente Collins, após finalizar, entrará em nossa lista de agentes alpha.
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  — O que fazem os agentes alpha? — indaguei.
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  No que eles queriam me transformar?
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  — O agente Collins irá lhe explicar no momento adequado. — Ela deu um passo para se retirar, voltando-se para a porta. — Ela é toda sua, certifique-se de mantê-la viva até o final do treinamento.
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  — Alguma vez deixei de cumprir os requisitos? — retrucou ele, se afastando da parede, mantendo o olhar em mim.
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  A resposta veio como um silêncio da parte dela, que após um aceno com a cabeça, se retirou. Collins permaneceu a me observar em silêncio, iniciamos uma troca de olhares da qual me intimidava um pouco, logo eu, que nunca me senti intimidada por nenhum garoto em meus anos colegiais.
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  — Venha comigo — disse ele, ao se virar para a porta e abri-la.
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  — Onde vamos? — perguntei, em sussurro.
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  — Nada de perguntas. — Ele manteve o tom rude e áspero ao passar pela porta. — Apenas me siga.
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  Assenti com a cabeça e, respirando fundo, o segui para fora daquela sala. Se eu estava bem ou não fisicamente, não sabia, mas o senhor da cicatriz estava me conduzindo exatamente para a pessoa que teria as respostas. Doutora Charlot, a médica responsável pela saúde e boas condições físicas dos agentes da Division. Primeira impressão? Empatia poderia ser a melhor palavra para classifica-la, além do otimismo.
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  — O que vai fazer comigo? — indaguei à ela, enquanto colocava alguns aparelhos conectados a mim.
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  — Vamos começar fazendo um checape geral para ter certeza de que está bem fisicamente, você quase morreu e o doutor Han passou por muita dificuldade para te trazer de volta — explicou ela, ao finalizar e retirar o estetoscópio do pescoço. — E agora, vou medir seus batimentos.
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  Foram dois dias de exames, testes e mais alguns medicamentos receitados para que eu pudesse iniciar meu treinamento. Oficialmente, aquele lugar frio e vazio havia se tornado meu quarto e, pontualmente às seis da manhã, Collins abriu a porta fazendo as luzes se ascender em meu rosto me acordando no susto.
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  — Levante-se — ordenou ele. — Seu treinamento começa hoje.
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  — Eu não vou até me dizer o que são esses agentes alpha — disse me mantendo de pé, próximo à base de metal que usava como cama.
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  — Acha mesmo que está em condições de exigir algo? — Seu olhar demonstrou impaciência, pois não esperava tal reação de minha parte.
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  — Não, não posso exigir nada… Mas posso dificultar que cumpra os requisitos da diretora Huston. — Cruzei os braços, olhando-o com firmeza.
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   Grimmer pode ter morrido, mas sua essência não.
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  — Agentes Alpha é como são chamados os assassinos profissionais da nossa agência, são treinados para serem especialistas em armas de todos os estilos e acionados quando precisamos eliminar algum alvo de nossos clientes. — Direto e preciso em sua resposta, numa entonação que me fez estremecer a espinha.
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  Então a diretora Huston queria me transformar em uma assassina. Claro que pelo meu histórico penal, era meio óbvio querer que eu me tornasse alguém assim, somente eu sabia da minha inocência e, se realmente quisesse sobreviver ali, teria que sujar minhas mãos de vermelho.
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  — Vocês querem que eu me torne uma… — Nem mesmo consegui terminar a frase, tentando assimilar.
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  Ele sorriu de canto, um ar de deboche inacreditável. Então abriu mais a porta para sair, porém, ficando entre o vão e olhando firme para mim.
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  — Sua situação é simples — disse ele, como se quisesse finalizar a conversa ali sem direito a mais nenhum argumento de minha parte. — Você escolhe: ou mata para o sistema ou o sistema mata você.
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  Engoli seco diante daquelas palavras. 
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  Um fardo pesado demais que eu teria que carregar, mesmo sem ter cavado com minhas próprias mãos.
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Eu quero respirar, eu odeio essa noite
Eu quero acordar, eu odeio esse sonho
Eu estou preso dentro de mim e estou morto.
– Save Me / BTS

2. Primeiro Alvo

  “O que não causa sua morte, te deixa mais forte”. Era exatamente assim que estava me sentindo diante do treinamento que a Division me propôs. Com a duração limite de três meses, o objetivo do agente Collins era me deixar uma especialista em qualquer tipo de arma existente que no final, saberia se defender e matar até mesmo sem utilizar uma.
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  — Achei que fosse morrer pela segunda vez — sussurrei ao deitar meu corpo sobre a base de metal que tinha como cama.
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  — Para alguém que no ensino médio ganhou medalhas em campeonatos de líderes de torcida — a voz de Collins soou da porta, seguido de um suspiro —, estou desapontado com seu condicionamento físico.
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  — Desapontado? — Eu ergui meu corpo no rompante e logo senti meus músculos latejarem de dor.
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  Para o primeiro dia de treinamento, fui submetida a uma sequência de exercícios de resistência e corridas aleatórias com direito a cronômetro. E já temia que a manhã seguinte, a meta dobraria de nível me derrubando de vez.
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  — Achou mesmo que uma pesquisa prévia era suficiente para saber meu condicionamento físico? — Eu bufei, com raiva daquele olhar de superioridade que possuía. — Eu saí da equipe por problemas de saúde, mas parece que alguém aqui não fez o dever de casa direito.
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  Não me importava se era ou não meu superior, ou mais forte que eu. Não abaixaria a minha cabeça, essa parte de mim jamais morrerá.
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  — Se está falando do acidente que teve no acampamento de verão no segundo ano do ensino médio… Eu sei sobre isso — contou ele, num tom sarcástico. — Sei tudo sobre a líder de torcida que tinha neurônios para tirar boas notas… Mas não me importa o que aconteceu antes, seu coração agora bate pela Division e seu corpo é nossa propriedade. Então, quando eu disser para correr, você corre, e só para quando eu mandar.
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  Ele nem mesmo deu tempo para um contra-argumento de minha parte. Se retirou fechando a porta, digitando a senha para que o sistema eletrônico a trancasse.
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  — Eu te odeio — sussurrei sentindo meus olhos lacrimejarem.
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  Eu não saberia por quanto tempo conseguiria aguentar toda a pressão de ter sido “salva” para um propósito maior, direcionado pela Division. Entretanto, havia uma qualidade em mim que me fazia não desistir. A mesma qualidade que me fez ser líder de torcida e a melhor aluna do ensino médio: eu sou teimosa. E se tivesse que ser a melhor naquele lugar, que seja. Eu seria na força do ódio, para ter a oportunidade de socar a cara dele um dia.
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  — O que não causa a minha morte, me deixa mais forte! — Respirei fundo, após declarar a frase que seria meu ponto de equilíbrio.
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  Me deitei novamente e fechei os olhos. Mesmo com o corpo latejando, mesmo sentindo que minha mão não conseguiria segurar nem um lápis. Mesmo com todas as probabilidades negativas e a voz de Collins soando no fundo do meu subconsciente, ainda assim, eu tentei me manter concentrada, relaxar meu corpo e esvaziar a mente para, enfim, poder descansar um pouco.
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  O dia seguinte chegou com a mesma rapidez que meus olhos se fecharam para dormir. A luz forte em meu rosto foi a deixa para me despertar do sono profundo e dizer à minha mente que meu segundo dia se iniciava, com a melhor recepção que meu agente favorito poderia me dar. Assim que a porta daquilo que parecia mais uma segunda cela se abriu, recebi Collins de pé, com o olhar de poucos amigos.
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  — Me siga. — Em seu habitual tom frio e ríspido, ele caminhou na frente, me conduzindo para fora das instalações.
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  Por mais que meu treinamento fosse ao ar livre naquele dia, nem mesmo o cheiro das flores do campo e a brisa que passava entre as árvores, me fez relaxar um pouco. Afinal, quem prestaria atenção na natureza diante de uma realidade tão cruel quanto a que eu vivia atualmente.
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  — Eu não posso nem mesmo parar para respirar? — perguntei ao parar repentinamente, sentindo minhas pernas bambearem. — Eu não aguento mais correr.
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  — Se por acaso uma de suas missões der errado e você estiver sendo perseguida por seus inimigos, apenas avise a eles que não consegue mais correr — retrucou Collins, parado com as mãos nos bolsos e um olhar sereno. — Talvez, consiga um pouco de clemência.
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  — Eu já entendi… — Respirei fundo, puxando o ar que conseguia para meus pulmões, se eu sobrevivesse até o final daquele dia, poderia ser considerado um milagre e nada mais me mataria.
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  Retomei meu fôlego e ergui meu corpo, não me contive em demonstrar com sutileza meu olhar de ódio para ele, que recebeu de forma serena mantendo um sorriso de canto debochado. Alonguei novamente o que sobrou do meu corpo e voltei ao percurso de corrida que ele havia traçado para aquele dia, por mais algumas horas que mais pareciam uma eternidade. Chegando à última volta, Collins gritou algo que não prestei muita atenção, o que me fez perder o foco e não perceber o leve desvio no caminho mais à frente, em um movimento em falso, que tentei desviar de um galho de árvore que apareceu no caminho, acabei me acidentando. Um tropeço que causou a torção do meu tornozelo, arrancando um grito de dor de mim.
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  Logo quando jurei a mim mesma que sequer uma lágrima cairia naquele dia. Collins surgiu entre as árvores com uma arma em sua mão direita e olhares atentos ao redor. Seria mesmo necessário tudo isso? Estávamos apenas nós dois e as muitas câmeras espalhadas pelo perímetro. A Division era tão bem escondida, que nem mesmo se João e Maria morassem em Seattle e se perdessem em Teanaway Community Forest, conseguiriam encontrá-la.
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  — O que aconteceu? — Seu olhar preocupado me surpreendeu, tanto que até poderia dizer que estava mesmo com este sentimento.
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  — Acho que torci meu tornozelo — disse ao tentar me levantar inutilmente, desabando novamente.
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  — Eu mandei não sair da trilha. — A preocupação deu espaço para seu habitual tom rude e áspero. — Tenha mais atenção da próxima vez.
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  Ao guardar a arma atrás na parte de trás da calça, ele se aproximou mais para examinar o estrago, já estava bem visível o inchaço assim como uma leve mancha roxa no local. Além da dor, aquela dor que me fazia lembrar de todos os tombos nos ensaios das coreografias nos bons tempos de líder de torcida. A cada toque de suas mãos frias, um aperto a mais no coração e um frio gélido pelo corpo.
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  — Vai sobreviver — disse ele, ao se erguer e olhar em volta. — Melhor voltarmos, vai precisar enfaixar isso.
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  — Não vai me ajudar a me levantar? — indaguei ao perceber seu movimento para se afastar.
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  — Não. — Ele manteve a atenção à frente. — Levanta e anda, se não conseguir andar, se arraste… E não demore.
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  Eu engoli seco, desejando apenas cravar uma faca no coração dele, de tanta raiva. Mas respirei fundo e tentei novamente erguer meu corpo, meus olhos lacrimejaram no primeiro passo que a dor ficou mais evidente. As memórias do meu acidente no acampamento me fizeram perder a noção de tempo e espaço, principalmente pelo fato de ter passado a noite perdida entre as rochas, no frio e sozinha. E a cada queda pelo percurso, era um incentivo a mais para que as lágrimas continuassem rolando por meu rosto, em um choro em silêncio.
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  — Hm. — Eu prendi o grito ao me apoiar em uma árvore, faltava menos de dois metros até a porta de entrada da base.
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  Lá estava meu agente, encostado na parede apontando para o relógio, indicando que eu estava atrasada. Se um dia me dissessem que viveria essa situação, certamente não acreditaria, mas ali estava eu. Fechei meus olhos, senti uma leve tontura que fez meu corpo estremecer, respirei fundo, engoli o choro e me desafiei a continuar, como em meu último campeonato, quando machuquei a perna nos ensaios e mesmo assim decidi participar da apresentação final.
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  — Me surpreendeu — disse ele, assim que finalmente me coloquei em sua frente.
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  — Não sou como os outros que treinou, se achou que eu fosse desistir… — iniciei meu discurso de indignação.
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  — Por que acha que eu quero que desista? — Ele me interrompeu com o tom mais sério. — Apenas por tê-la deixado voltar sozinha?
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  Eu me mantive em silêncio, surpresa por sua pergunta.
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  — Você sobreviveu sozinha a uma noite fria, machucada e sem recursos… Achou o caminho de volta, e ainda ajudou a encontrar outra pessoa perdida — continuou ele, com a voz mais branda e suave. — Acredite, minhas expectativas sobre você estão altas.
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  Antes que eu pudesse ter alguma reação com sua declaração tão aberta e sincera, ele deu as costas e entrou pela porta, apenas apontando para a direção da enfermaria, como uma ordem silenciosa, que acatei de imediato. Ao chegar, fui recepcionada por Leonard, enfermeiro auxiliar da dra. Charlot.
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  — Uau, isso parece bem feio — disse ele ao me ajudar a me sentar na maca, e olhar superficialmente para meu pé inchado.
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  — Já tive dias piores, eu acho — sussurrei, rindo de desespero, segurando novamente as lágrimas. — Mas está doendo.
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  — Bem, acho melhor você tomar um analgésico para dor e vamos tirar uma radiografia do tornozelo para adiantar o processo, certamente é o que a dra. Charlot diria nesses casos — sugeriu ele, indo até os armários e pegando a minha ficha médica.
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  — Onde ela está? — indaguei curiosa.
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  — Precisou atender um chamado médico fora das instalações, deve retornar em breve — respondeu ele, lendo meu prontuário. — Menina, você já passou mesmo por poucas e boas — brincou ele, com uma cara incrédula enquanto lia.
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  Leonard me amparou até a sala de exames, onde ficamos alguns minutos para que pudesse ter imagens precisas de como meu tornozelo estava. No meio da espera, começamos a conversar sobre nossa realidade naquele lugar.
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  — Estou impressionada por saber que a Division te livrou de ser processado por erro profissional — disse surpresa ao ouvir sua história.
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  Leonard Yates havia se formado recentemente quando conseguiu transferência de um hospital de Chicago para trabalhar no Hospital Universitário de Seattle. Um funcionário exemplar de currículo impecável que, por um erro de médico de plantão, acabou administrando uma dose errada de uma medicação, o que quase lhe custou sua profissão. Pois no fim das contas, era a palavra do médico conceituado e importante do hospital contra a de um simples enfermeiro recém-chegado. E foi nesta ocasião que uma agente infiltrada na equipe do hospital repassou seu caso à senhora Huston que de imediato o “convidou” a participar da Division.
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  — Este lugar não é tão ruim quanto a gente pensa — disse num tom de brincadeira, enquanto retornamos para a sala médica.
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  — E não sente falta da família? — indaguei curiosa. — Porque já percebi que todos aqui são fantasmas para o mundo externo.
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  — Não foi fácil ver minha mãe chorando no meu enterro, mas se esta é a única forma de proteger minha família… — Ele soltou um suspiro saudoso, certamente por se lembrar dos familiares. — Sei que estou aqui por uma causa maior, ao ajudar a dra. Charlot a manter os agentes bem fisicamente, estou contribuindo para o sucesso das missões.
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  — Você conhece os agentes alpha? — perguntei, me apoiando nele para me sentar novamente na maca. — Ainda não vi nenhum.
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  — A lista não é tão grande assim e eles não costumam ficar na base, afinal, são os agentes mais requisitados que temos — respondeu Leonard, seguindo para a mesa, para acessar o computador. — Que eu conheço, que estão ativos, temos quatro contando com você.
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  — Comigo? Mas eu nem terminei meu treinamento — questionei confusa.
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  — Isso não muda o fato de ser uma agente alpha — retrucou ele, de forma lógica.
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  — E o agente Collins é… — indaguei.
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  — Não — respondeu ele, com uma risada rápida. — Ele já foi, mas até ano passado estava aposentado, ao que parece, voltou recentemente para treiná-la.
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  — Ah. — Me remexi na maca, colocando minha perna machucada para cima, esticando-a finalmente. — Nossa.
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  — Ele não foi um agente alpha nos seus tempos de glória, liderava a equipe ômega dos infiltrados, porém, não deixou de ser o melhor — explicou Leonard, como se fosse um perito na história da agência. — Após uma missão superimportante, ele pediu para aposentar.
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  — Você sabe o motivo? — Mantive meu olhar curioso nele.
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  — Não, ninguém sabe, ou melhor, somente a senhora Huston sabe — respondeu ele, ao voltar seu olhar para mim.
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  — E como eu estou? — Apontei para os papéis em sua mão.
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  — Olha, estou em choque com seu histórico médico e sua atual situação física… E ainda está inteira? — Ele me olhou curioso. — Treinando com o agente Collins?
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  — Ele é tão ruim assim? — perguntei, com uma leve sensação de insegurança e medo do que poderia vir na manhã seguinte. — Você disse que é o melhor que a Division teve.
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  — Como agente, sim, como mentor, não… Dizem que a maioria, senão todos os agentes, que foram treinados por ele acabaram comprometidos — comentou abaixando mais seu tom de voz, quase em sussurro.
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  — Como assim, comprometidos? — Forcei a explicação.
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  — Optaram pelo desligamento. — A voz de Collins surgiu no ambiente, nos fazendo voltar a atenção para a porta. — E quando eu digo desligamento…
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  Ele se calou, deixando que minha imaginação terminasse a sua frase. Engoli seco e respirei fundo, não o deixaria me abalar mais do que já tinha. E ao lembrar de suas expectativas a meu respeito, fazia tudo ter ainda mais peso sobre mim.
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  — Por que ainda não enfaixou esse tornozelo? — perguntou Collins, mantendo o olhar em mim.
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  — Não sabia que agora era o médico responsável daqui — brinquei de forma debochada, arrancando o olhar atravessado dele.
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  — Estamos aguardando o retorno da dra. Charlot para uma melhor avaliação — explicou Leonard, forçando a voz para não gaguejar.
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  Era notório que tinha um leve medo do agente perfeito. Collins se manteve em silêncio e permaneceu ali nos observando conversar sobre alguns casos médicos que Leonard vivenciou com a doutora nos quatro anos de trabalho para a Division. Mais uma noite de desconforto dormindo sobre a base de metal, com as dores musculares se dividindo entre meu tornozelo ainda inchado e o restante do corpo. No meio da madrugada, acordei no susto após um pesadelo, em instantes, um sentimento de saudade tomou conta de mim, fazendo as lágrimas retornarem ao me lembrar de como Kate cuidou de mim após minha saída do hospital.
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  — O que estamos fazendo aqui? — perguntei, ainda sonolenta, ao chegarmos em um galpão que ficava atrás da estrutura principal das instalações.
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  Meu corpo sonolento e minha mente cansada, eu só desejava uma cama macia e quente para deixar de existir por no mínimo doze horas de sono seguidas.
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  — Como não está cem por cento bem fisicamente — respondeu ele, curiosamente num tom mais sutil —, vou trabalhar suas habilidades com armas e refinar, pois elas serão seu instrumento de trabalho.
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  — São muitas — comentei, ao olhar para a longa mesa de vidro e estrutura de metalon que estava em nossa frente.
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  Repleta dos tais “instrumentos de trabalho”, desde o mais pré-histórico ao mais moderno, em suas variadas tecnologias, a mesa era de causar arrepio, seja no bom ou mau sentido.
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  — Vou mesmo aprender arco e flecha? — perguntei ao tocar no objeto em cima da mesa, voltando meu olhar no círculo de alvo mais à frente. — Não seria muito antiquado?
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  — Eu te disse no primeiro dia que aprenderia a usar qualquer instrumento a seu favor — relembrou ele, tranquilamente. — Arco e flecha, uma faca, uma caneca… Aqui irei apenas lhe apresentar as possibilidades e lhe fazer manuseá-las com facilidade. Então, sim, você vai aprender a usar arco e flecha.
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  Assenti com a cabeça, voltando meu olhar para a mesa.
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  — Cada peça que temos nessa mesa tem a sua peculiaridade — iniciou ele sua aula, com o olhar de especialista pronto para mostrar seus brinquedos ao pegar a primeira arma de fogo. — Esta é a Jade, ela é um revólver Taurus RT 85 de calibre 38, é bem leve e ajuda nas horas mais precisas, existem modelos menores que você pode esconder no tornozelo, porém, em casos onde não puder usar uma dessas, por precisar de algo mais silencioso, você consegue fazer o mesmo estrago utilizando aquele estilete.
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  — Como eu conseguiria com o estilete? — indaguei ele, curiosa e atenta a sua aula, afinal, aquela seria minha realidade pelo resto da minha segunda vida.
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  — Amanhã teremos nossa aula de anatomia e você verá como é fácil encontrar o ponto vital do seu inimigo. — Ele pegou o estilete e, em um movimento rápido, me puxou pelo braço com a outra mão, prensou meu corpo contra o dele, me deixando de costas e encostando com precisão o estilete em minha jugular. — Este é o ponto mais usado pelos alpha, o mais óbvio…
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  Inicialmente, foi estranho e me deixou estática. Imaginar que no futuro bem próximo eu iria replicar a mesma técnica com alguém, simplesmente por uma ordem da Division… Porém, o ponto principal de todo aquele exemplo foi, pela primeira vez, sentir a respiração do agente Collins mais de perto, assim como o calor de seu corpo.
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  — Porém, este não é o único. — Ele se afastou de mim e voltou a atenção à mesa, ficando em silêncio por alguns instantes, certamente pensando em seu próximo objeto.
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  Quanto a mim, apenas tentei manter minha sanidade mental intacta, enquanto meu coração se forçava a desacelerar seus batimentos para voltar ao normal.
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  — Esta é a Rubi — continuou ele, ao pegar a próxima arma de forma cuidadosa, como se segurasse um filho —, uma pistola Glock G25 semiautomática, ela tem capacidade de 16 balas em cada cartucho, é claro que o carregamento é manual… E tem a sua irmã mais nova, Saphira, uma Glock G22, são as melhores que eu tenho, porém não deixarei a Pérola com ciúmes, ela é uma 9mm que se torna necessária em momentos oportunos. Além de vossa majestade Pink Panther, um verdadeiro diamante no meio de todas, minha única carabina e a mais antiga de todas, eu a ganhei…
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  Soou de forma saudosa e contemplativa, que pude notar o brilho nos seus olhos. Certamente a pessoa que lhe deu aquela arma era muito importante para ele.
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  — Ela é uma Taurus Puma calibre 38 de 12 tiros — continuou ele, logo voltando ao normal, então pegou outra arma com certo orgulho no olhar. — Esta é a Esmeralda, uma espingarda CBC Military 3.0 calibre 12 de 5 tiros que conquistei recentemente.
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  — E todas as suas armas possuem o nome de uma pedra preciosa? — indaguei tentando entender sua lógica.
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  — Sim, é mais fácil se apegar quando dá nomes — explicou ele, fazendo parecer a coisa mais racional do mundo.
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  Ele continuou mostrando mais algumas, era nítido seu conhecimento profundo sobre cada uma, principalmente as mais diversas facas, adagas e espadas que fez questão de deixar para o final. 
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  As semanas se passaram e a cada dia me acostumava mais com o peso das armas, suas funcionalidades, semelhanças e diferenças. Certamente eu não me tornaria especialista, uma ninja, em apenas três meses de treinamento, mas uma coisa foi benéfica com meu tornozelo engessado: eu não tinha que correr. Entretanto, Collins aproveitou a deixa para me cobrar ainda mais dedicação no manuseio dos “instrumentos de trabalho”, e, ao final da primavera, aparentemente, eu já estava apta para um teste surpresa, o qual me deixou internamente apavorada.
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  — O que estamos fazendo aqui?! — perguntei, ao chegarmos ao topo da colina, após uma longa caminhada pela floresta.
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  — Viemos testar seu primeiro alvo — anunciou ele, mantendo-se contemplativo ao horizonte. — Escolha o melhor instrumento, ele está prestes a chegar.
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  — Meu alvo… — Respirei fundo, precisava assimilar aquelas palavras com rapidez e absorver a informação.
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  — Estamos a uma distância considerável — observou ele, como um professor ditando uma prova oral, mesmo com o olhar para o horizonte, sua atenção se mantinha em mim, era nítido. — Qual instrumento vai escolher?
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  — Meu escolhido é o Seto Kaiba, mas conhecido como um Delta 5 Pro, um rifle de longa precisão fabricado pela Daniel Defense — disse em voz alta, enquanto abria a maleta que guardava a arma.
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  — Você deu o nome de um personagem de Yu-Gi-Oh!? — indagou ele, finalmente voltando o olhar para mim.
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  — Você conhece? — O olhei mais admirada ainda.
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  — Fiz meu trabalho de casa. — Ele sorriu de canto, demonstrando satisfação.
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  Algo que me deixou intrigada. Como alguém conseguia saber tanto sobre mim a ponto de entender minhas referências?
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  — Estou curioso para saber quais serão os outros nomes — disse ele, voltando a ficar mais sério após notar uma movimentação ao norte. — Seu alvo chegou, prepare o instrumento.
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  — Ok. — Assenti, sentindo meu coração acelerar um pouco pelo medo e ansiedade.
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  Perdi minha primeira vida por causa de outras das quais não tirei. Agora, minha segunda vida tinha o propósito de tirar vidas específicas das quais não saberia o motivo.
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  Eu poderia ser comparada a um monstro agora?
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You can call me monster.
– Monster / EXO

3. Quarta Missão

  O que é a lealdade? Para uns era a forma de demonstrar sua amizade a uma pessoa, para outros uma declaração de amor. Em minha segunda vida, minha lealdade a Division poderia significar minha sobrevivência e, talvez, daqueles que eu amo.
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  Um suspiro final após puxar o gatilho nunca foi tão doloroso para mim, aquele primeiro alvo havia me deixado com o gosto de sangue na boca, ou a sensação dele, já que não fui eu que saiu sangrando no final. Voltei o olhar para meu treinador que também mantinha sua atenção no homem abatido há quilômetros de distância de nós, sendo amparado por sua família visivelmente desesperada.
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  O que será que estavam fazendo naquele vale? 
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  Naquele dia? 
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  E qual o motivo para que ele fosse meu primeiro alvo?
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  — Então? — perguntei a ele erguendo meu corpo com seriedade na voz.
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  — Razoavelmente bem. — Ele sorriu de canto discretamente, mantendo o olhar no horizonte, provavelmente não queria que eu visse a ponta de orgulho em seu olhar.
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  — Razoavelmente bem? — indaguei, mantendo a entonação no fato de ele classificar como razoável.
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  — Para a primeira vez, você acertou o alvo, é isso que importa. — Ele colocou as mãos nos bolsos da calça e virou de costas, impulsionando seu corpo em direção ao carro. — Guarde o Seto Kaiba, vamos voltar.
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  — Apenas isso, vir, atirar e voltar? — indaguei ainda perplexa pela sua frieza diante das minhas palavras. — Aquele homem… Era uma vida ali.
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  — E o que você quer fazer a respeito? — O agente se voltou para mim, com o olhar apático e insensível. — Ligar para o resgate? Mandar flores para o funeral? Este é só o primeiro de muitos, sugiro que se acostume.
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  — E por que ele? — Insisti em minhas perguntas, tentando não surtar internamente e procurando um propósito melhor em minha segunda vida do que matar pessoas sem perguntar o motivo, apenas para o prazer da diretora Huston. — O que este homem fez de errado?
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  — O que Grimer fez de errado para ter sido sentenciada à morte? — retrucou ele, me deixando sem palavras e reflexiva.
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  Em meu caso, eu realmente não tinha feito nada e meu final havia sido triste e doloroso.
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  — Então, ele também é um inocente? — O confrontei controlando a raiva que começava a sentir. — A Division me forçou a matar um inocente?
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  — Primeiro, não existem inocentes, sempre temos um pecado escondido. — Seu olhar se manteve frio, seu tom mais áspero e firme. — Segundo, você não foi forçada a nada… Você fez sua escolha.
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  — Ah sim, matar ou morrer — disse alto e claro, sentindo um embrulho no estômago por aquela segunda vida.
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  — Bem… — Ele sacou a arma que escondia na cintura e apontou para minha cabeça, me fazendo engolir seco. — Você pode voltar atrás e escolher novamente.
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  — Você teria coragem? De me matar? — retruquei, mantendo-me firme em meu olhar, sem demonstrar medo ou covardia.
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  — Seria um desperdício, confesso, mas sigo ordens. — O homem engatilhou a arma, a frieza que emanava de suas expressões me deixava perplexa. — Faça sua escolha, agente alpha.
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  — Como você mesmo me chamou… — Eu desviei meu olhar dele, forçando uma serenidade incomum, comecei a desmontar a arma e a guardei na maleta. — Sou uma agente e já fiz minha escolha.
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  Collins travou a arma novamente e a guardou na cintura, dando o primeiro passo para retornar ao carro, consegui ver de relance um sorriso no canto de seu rosto. Eu respirei fundo sentindo minhas pernas trêmulas, um medo interno que a todo momento desejava me consumir, tinha que combatê-lo constantemente para não ser vencida pelas circunstâncias.
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  Ao chegar no carro, coloquei a maleta no banco de trás e me sentei ao lado do motorista, permanecendo em silêncio todo o restante do caminho. Chegando na base, fomos recebidos pelos olhares curiosos da senhora Huston, que mantinha uma suavidade no rosto de quem havia passado o dia no spa e recebido a melhor massagem do mundo.
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  — Relatórios? — indagou a mulher, que teoricamente era a dona da minha segunda vida.
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  — Ela está pronta — respondeu Collins, prontamente, com seu habitual tom sério e a voz grossa. — Sua mais nova agente alpha.
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  — Muito bem. — A senhora Huston voltou seu olhar satisfeito para mim com um sorriso de canto. — Agora, oficialmente, seja bem-vinda ao setor alpha da agência Division, agente Scar.
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  Senti aquela nomeação como uma espécie de batismo, oficialmente, eu havia renascido e minha segunda vida estaria ativa para a Division.
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  — Com isso, nosso acordo se conclui aqui — disse Collins num tom baixo para a diretora.
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  — Não vamos falar sobre isso agora — disse a mulher, como se quisesse repensar o que quer que tenha sido o acordo de ambos.
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  — A senhora prometeu — reforçou o homem.
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  — E sou uma mulher de palavra. — Assentiu ela, com o olhar de ofendida. — Você cumpriu sua parte e terá seu tesouro de volta, mas antes…
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  Ela parou por um momento e olhou para mim. Certa de que eu não deveria saber sobre o assunto privado do meu treinador.
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  — Apenas finalize formalmente o treinamento dela, certamente ainda faltam as explicações sistêmicas, então apresente-a ao capitão Foster — ordenou Huston, suavizando mais seu olhar.
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  — Sim, senhora — disse Collins, voltando o olhar para mim. — Venha comigo.
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  Ele seguiu na frente, em direção ao corredor de acesso ao nível três.
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  — Espera, não terminamos? — disse ao me afastar da diretora e o seguir, totalmente perdida no assunto. — O que mais tenho que aprender? Matar não é o suficiente?
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  — Não. — O agente segurou o riso, mantendo seus passos apressados.
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  — Então o que mais? — Insisti continuando a segui-lo. — Eu já não sou oficialmente a Scar? — indaguei, já me apropriando do meu novo nome.
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  — Sim, mas ainda não tem conhecimento do sistema da Division, por isso vou te apresentar ao seu hacker pessoal — explicou Collins, ao parar diante de uma porta branca e digitar a senha de entrada na fechadura eletrônica. — Este é o setor de T.I. que fornece o melhor suporte aos agentes alpha.
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  — Os nerds da tecnologia? — brinquei ao entrar atrás dele, rindo baixo.
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  Podiam até ser nerds, entretanto, com aquela surpreendente estética de atores coreanos dos doramas que minha irmã sempre me indicava na Netflix, o que me impressionou muito por todos serem aparentemente bonitos e com noções de moda, pois as roupas eram descoladas e elegantes.
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  — O que achou? — perguntou Collins, me olhando discretamente.
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  — Uau. — Somente quando ele perguntou, eu finalmente me atentei ao espaço em si, uma decoração que misturava o design industrial com discretos elementos da tecnologia e muita vegetação em pontos estratégicos.
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  Se eu não soubesse que aquele lugar ficava andares abaixo do nível principal da base, eu diria que era no mínimo a cobertura de um prédio ao centro de Manhattan. Tão espaçoso, arejado e uma sensação aconchegante que o piso amadeirado me transmitia juntamente com a iluminação. Pelo cuidado em montar um espaço assim, certamente eles eram o cérebro desta agência.
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  — Este lugar não é a Division que eu conheço — comentei, em sussurro.
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  — Sempre penso isso quando venho aqui — disse o agente, seguindo em frente novamente.
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  — E meu hacker, quem é? — indaguei curiosa, ao olhar para os sete homens que trabalhavam ali.
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  Collins parou de repente e apontou para um garoto com cara de adolescente.
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  — Aquele ali — disse ele, voltando as mãos aos bolsos.
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  — Um adolescente? — indaguei.
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  — É o melhor de todos eles — afirmou Collins, com segurança nas palavras.
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  — Um adolescente? — Eu voltei meu olhar para o agente, um tanto indignada. — A Division não tem limites? Uma criança?
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  — Quem disse que sou uma criança? — Logo o garoto apareceu em nossa frente, me dando um susto interno. — Confesso que tenho dezesseis anos, mas já sou emancipado.
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  — Jung, esta é sua nova agente — disse Collins me apresentando ao rapaz. — Cuide bem dela.
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  — Prazer, senhorita Scar. — O garoto voltou o olhar para mim e deu um sorriso bobo, com ar de animação por finalmente me conhecer. — O agente Collins contou sobre você, estou ansioso para trabalharmos juntos.
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  Eu apenas conseguia enxergá-lo como um daqueles colegiais de dorama que tinha uma vida dupla depois da escola.
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  — O agente Collins contou sobre mim? — Voltei meu olhar para o garoto que já estava se retirando. — Aonde vai?
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  — Não precisa mais de mim, agora você vai trabalhar diretamente com o Jung — informou Collins, com o olhar despreocupado.
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  — Mas você não tem que me apresentar ao capitão Foster? — indaguei, me sentindo estranha por imaginar que meu carrasco iria finalmente se afastar de mim.
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  — Jung lhe apresentará a ele, meu trabalho com você acabou. — O agente voltou o olhar novamente para o hacker. — Cuide bem dela. 
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  Senti uma sutil entonação naquela frase, principalmente por ele repetir novamente, como se soubesse que Jung seria a única pessoa em que eu poderia confiar ali dentro. Foi um breve aperto em meu coração por aquilo, imaginar que mesmo sendo a agente perfeita aos olhos de Huston e seguindo as regras, eu ainda poderia estar correndo algum risco. Jung assentiu com a cabeça ao pedido com tom de ordem dele, e o silêncio pairou por alguns instantes enquanto meu carrasco se afastava ao se retirar.
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  — Então você é a nova agente treinada por Collins. — O olhar de Jung para mim me constrangeu. — Estou louco para ver em que arma letal ele te transformou.
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  — Bem, eu matei um homem nesta manhã… E estou esperando pela lista do almoço — brinquei de leve, tentando não voltar ao meu surto anterior na colina.
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  — Fique tranquila, com o tempo você se acostuma. — As palavras do rapaz pareceram sinceras em sua intenção de consolo.
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  — E você é meu hacker, mas se tenho você, por que preciso aprender mais alguma coisa? — indaguei ao mudar de assunto e deixar transparecer minha curiosidade.
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  — Bem, eu vou te ensinar alguns truques, não todos, pois preciso manter meu emprego — brincou ele, rindo de leve pelo comentário final. — Mas caso precise se virar sozinha, estará pronta para invadir alguns sistemas.
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  — E o que vou aprender hoje? — perguntei, me empolgando um pouco. — Invadir o pentágono?
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  — Quase isso. — Jung deu alguns passos até uma das estações de trabalho. — Puxe uma cadeira que vou te mostrar algumas coisas legais.
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  Assenti ao me voltar para o lado e pegar nas costas da cadeira e puxá-la para me sentar. Jung, à primeira vista, me pareceu um garoto descontraído e gentil, além de divertido, principalmente após descobrirmos nossos gostos semelhantes para animes e do fato de eu ter nomeado minhas ferramentas de trabalho com nome de personagens. Ficamos horas conversando e nem mesmo vi o tempo passar, só notei que já era noite quando paramos no computador para fazer um lanche.
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  — E qual é a do nome Scar? — perguntei a ele, ao dar mais uma mordida em meu sanduíche.
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  — Ah, este nome. — Jung tomou um gole da coca em sua lata e ficou em silêncio por um tempo, parecia estar se decidindo se continuaria o assunto ou não.
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  — Eu posso saber a história dele ou é assunto sigiloso? — insisti um pouco, meio curiosa.
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  — Bem, eu não sei a história, mas sei que a pessoa que inventou esse codinome foi o agente Collins para a mulher que ele treinou antes de você.
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  — Achei que eu havia sido a única que conseguiu sair viva das garras dele — brinquei, rindo baixo. — Teve outra agente?
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  — Ah, sim, teve… — Jung respirou fundo, um tanto pensativo sobre o assunto, enquanto encarava a tela do computador. — É complicado falar sobre isso e, pelo que parece, não terminou bem.
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  — Ela morreu? — indaguei.
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  — Pior. — Jung me olhou, pude ver o medo em seus olhos. — Ela era a melhor que tinha e traiu a Division.
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  — Pior que morrer é trair a agência? — Aquilo me indignou um pouco.
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  — Traidores são punidos da pior forma possível, e mandaram justo o agente Collins para caçá-la — contou Jung, voltando sua atenção para o último pedaço de sanduíche em suas mãos. — É só isso que eu sei… Mas dizem que o agente Collins ficou um ano inativo por causa dessa missão e quando voltou…
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  — Ele conseguiu completá-la?! — Meu olhar ficou fixo nas expressões faciais dele.
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  Seu silêncio foi como uma resposta positiva para minha pergunta. Saber aquela história havia me deixado pensativa o restante da noite, curiosa para saber quem era a tal mulher que ocupava o meu codinome, o motivo de sua traição e se ela e Collins haviam tido algo a mais que apenas os treinos pesados e exaustivos que eu tive.
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  No final da noite, fui promovida para um quarto melhor que aquela cela fria em que dormia, e o espaço parecia mesmo um quarto de hotel daqueles de luxo com direito a banheiro privativo e closet com a seleção das melhores marcas de roupas de sapatos, todas com minha numeração e tamanho exato.
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  Muito capricho e organização.
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  Mas, até quando eu seria tratada como uma realeza? 
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  Até eu não ser mais necessária?
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  Quanto mais eu me perguntava sobre a antiga Scar, mais eu pensava em como seria a minha segunda vida em carreira solo. Não tão solo assim, já que eu teria o apoio de Jung em todas as minhas missões, já o estava considerando como um novo e necessário amigo para que minha sanidade continuasse em equilíbrio.
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  Meu hacker havia me explicado sobre minhas missões, o que me levou a quase surto quando relatou o fato de eu receber sete listas com dez nomes cada de lugares diversos e com datas e horários agendados para o serviço. Eu teria que ser o mais precisa e pontual possível, porém, o que me chocou não foi a quantidade mínima de pessoas que estaria em cada lista, e sim o fato deles saberem a localização e hora exata que cada um estaria.
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  — Estou curiosa sobre você — comentei ao finalizar a sequência de exercícios que ele havia me passado.
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  — Sobre mim? — Jung, que estava jogada no sofá ao lado, se remexeu, mantendo a atenção voltada ao jogo em seu celular.
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  — É — assenti —, você é uma criança, não deveria estar aqui.
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  — Já disse que não sou uma criança e sou emancipado. — Seu tom demonstrou chateação inicial. — Mas vou te perdoar, porque você é bonita.
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  Eu soltei uma gargalhada boba, então me controlei assim que o outro nerd no canto da sala me olhou torto.
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  — Então cada agente alpha tem seu próprio hacker? — indaguei e voltei meu olhar para ele.
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  — Sim. — Jung sorriu de canto. — E eu esperei por meses para ter minha agente.
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  — Oh, me desculpe a demora. — Ri baixo. — Acredite, foi um surto chegar até aqui.
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  — É, acho que para a maioria de nós é assim — sussurrou Jung.
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  — E como veio parar aqui? — indaguei a ele.
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  — A vida não é fácil quando se é órfão. — Jung parou seu jogo e voltou a atenção para mim. — Foi o agente Collins quem me recrutou, estava em uma missão quando nossos caminhos se cruzaram e eu o ajudei, então entrei para a Division.
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  — E você gosta de trabalhar para eles? — Meu olhar curioso permaneceu fixo no garoto.
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  — Me divirto com o que faço — confessou, dando uma risada boba.
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  Ele parecia mesmo se divertir com seu emprego na Division, já eu, é um tanto complicado dizer que poderia me divertir matando pessoas. Assim, foram necessárias mais três semanas de treinamento técnico para entender o básico de tecnologia que precisava para finalmente ser apresentada ao capitão Foster.
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  — Bom dia, você deve ser a nova agente Scar — disse o homem grisalho, arquendo a sobrancelha, me analisando com o olhar de baixo para cima.
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  — Bom dia, capitão Foster. — Mantive meu tom sério e o olhar inexpressivo, não me deixando intimidar por ele.
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  — Recebi boas avaliações a vosso respeito e não vou me prolongar em dizer que espero êxito em todos os alvos. — O homem esticou a pasta que estava em suas mãos para mim. — Aqui está sua primeira missão, imagino que Jung já tenha lhe passado todos os protocolos.
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  — Sim, senhor. — Engoli seco, ao deixar meu olhar atravessá-lo e pousar em outra agente que me encarava sem a menor discrição.
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  Peguei a pasta de sua mão.
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  — De acordo com as coordenadas do seu alvo inicial, você parte à noite — anunciou o capitão voltando sua atenção para a direção que meu olhar estava. — Ah, agente Stone, acho que já conhece a nova agente Scar.
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  A mulher permaneceu em silêncio me encarando, o que me passava uma sensação ruim e a ideia de que ela queria mesmo era arrancar meu coração fora. Apenas me forcei a ignorar sua existência momentânea e, me afastando de Foster, segui meu caminho em direção ao nível três, onde pegaria meus novos documentos e cartões com Jung para minha viagem inaugural.
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  Claro que a Division não iria me soltar no mundo, confiando em minha lealdade de agente recém treinada, com isso, um chip de rastreamento foi implantado em meu ombro esquerdo para que, através de satélite, meu hacker pudesse ter em tempo real minha localização precisa.
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  Cada passo que eu der, a diretora Huston e meu novo capitão saberão.
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  — Então, conseguiu entender? — perguntou Jung, ao me explicar pela segunda vez as funcionalidades do aplicativo oculto da Division em meu smartphone.
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  — Sim, entendi cada detalhe. — Assenti ao pegar o aparelho de sua mão e guardar dentro da bolsa. — Já estou com tudo aqui. Preciso de mais alguma recomendação?
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  — Não morra, por favor — disse o hacker com os olhos marejados como os de uma criança.
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  — Não passamos muito tempo juntos, mas sei que gostou de mim da primeira vez que me viu — brinquei com ele.
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  — Bem, você me chamou de criança, isso feriu meus sentimentos — brincou ele, comigo. — Mas você é legal, vamos nos divertir trabalhando juntos.
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  — Com certeza, só não vai me espionar no banho — brinquei novamente, rindo um pouco dele.
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  — Você não faz meu tipo — retrucou Jung, fazendo uma careta.
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  — Serei escoltada por alguém? — indaguei ao perceber a presença de alguns guardas.
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  — Sim, eles te levarão até o centro comercial, de lá, você segue sozinha pelo trajeto que traçamos até o seu alvo inicial — respondeu.
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  — De acordo com esta lista, ficarei seis meses fora, o que farei no meio tempo entre os alvos? — perguntei, ainda confusa pela distância de datas.
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  — Você pode usar este tempo para descanso ou treino, quanto mais habilidade tiver, mais precisa será — aconselhou o hacker em resposta.
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  — E quando eu terminar? Voltarei para a base? — Desviei minha atenção para um hacker chamado Hwang, que curiosamente conversava com outro agente alpha, o senhor Smith.
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  — Estou preparando sua base de descanso, então em breve lhe envio as coordenadas dela — informou Jung com o olhar orgulhoso de sua competência. — Ah, depois quero que me diga suas cores favoritas.
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  — Não me diga que também tem bom gosto para decoração — comentei, surpresa com seu olhar empolgado.
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  — Claro que sim, fui eu quem fez o projeto base deste lugar — contou ele, ainda mais orgulhoso.
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  — Olha só, temos um aprendiz de arquiteto aqui — brinquei, com risos discretos.
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  — Digamos que eu tenho um gosto refinado. — Assentiu Jung, se sentindo o Oscar Niemeyer da Division.
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  — Ok, eu te envio depois, agora tenho que ir. — Dei o primeiro passo para me retirar, então me voltei para o rapaz novamente. — Assim que eu terminar esta missão…
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  — Te envio a próxima — completou ele a frase, antes de eu terminar a pergunta.
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  Assenti com a cabeça e finalmente segui para a saída. Eu sabia que minha primeira missão não seria tão fácil assim, mas o que me impressionou foi ver o olhar atravessado e intimidador de todos os outros seis agentes alpha para mim, como se esperassem apenas pela permissão da diretora para me cortar em pedaços e jogar aos lobos.
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  Apenas quando desci do carro há poucos metros do centro comercial, e recebi a primeira mensagem de Jung no celular, foi que minha ficha caiu. Eu estava de volta ao mundo, mas não como Grimer, não como uma acusada por homicídio, e sim como uma alpha da Division, agente Scar pronta para cumprir todas as missões que me propusessem.
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  — De volta ao jogo, Scar — sussurrei para mim mesma, ao respirar o ar puro que recendia da vegetação próxima, me fazendo ter uma leve e momentânea sensação de liberdade.
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  Ainda que eu tivesse que suportar os pesadelos à noite, ainda que eu tivesse que prender minha ânsia de vômito após finalizar alguns alvos, ainda que eu não fosse realmente livre para fazer o que quiser, aquela era a minha segunda vida, então só havia uma forma de sobreviver: sendo a melhor. Eu havia me saído bem naqueles quatro anos como agente alpha.
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  Três missões bem sucedidas…
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  Vinte e uma listas…
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  E um total de duzentos e dez alvos abatidos.
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  Naquela manhã chuvosa de sexta-feira, eu estava em minha aula de jardinagem, era para ser um dia tranquilo de folga, até que percebi a estufa esvaziar aos poucos, restando apenas uma pessoa. Mantive a serenidade do momento e continuei com a atenção nos pequenos vasos decorados a minha frente, enquanto replantava as mudinhas de suculenta.
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  — Confesso que ao longo desses quatro anos, sempre me perguntei se em algum momento te veria novamente — comentei elevando um pouco a voz para que me ouvisse.
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  — Não poderia deixar de cumprimentar minha melhor agente após o sucesso de três missões consecutivas. — A voz de Huston soou no lugar, trazendo um certo peso ao ambiente.
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  Jung já havia me dito que só havia dois motivos para um agente alpha na ativa receber a visita surpresa da diretora: seu desligamento por um erro cometido, ou, uma missão especial. Eu sabia que não era a primeira opção, o que me deixou tensa no início.
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  — Tenho que admitir que Collins fez um bom trabalho, a treinou de forma impecável, você se tornou uma agente sem falhas e sem atrasos — disse a mulher num tom de elogio espontâneo.
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  — Garanto que ele só possui metade dos créditos — assegurei a ela, com firmeza.
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  Meu sucesso se dava a mim, ao meu esforço e o quanto eu conseguia aguentar a barra que era viver a minha segunda vida, e não a ele, por mais que tivesse me treinado bem.
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  — Então, nós duas sabemos o que a traz aqui. — Me afastei dos vasos, apoiando as mãos na bancada de mármore em que trabalhava, então deixei minha atenção inteiramente nela e em seus pequenos e sutis gestos corporais.
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  A diretora Huston sorriu de canto, como se gostasse da forma em que eu conduzia aquela visita, então retirou uma pasta de dentro da maleta em sua mão e esticou para mim.
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  — Quero que saiba que esta é a sua missão mais valiosa — revelou ela, sendo direta nas palavras. — E pode considerá-la seu teste de lealdade a Division.
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  — Teste de lealdade? — Eu segurei o riso, não entendendo a necessidade. — Achei que todos os meus alvos já valiam para isso, sabe muito bem o nome de cada um que esteve na minha lista.
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  — Sim, eu sei — assentiu a mulher, levantando seu olhar superior —, e é por isso que seu sucesso nesta missão vai revelar se realmente merece ser a agente Scar.
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  — Se eu realmente mereço… — retruquei a ela, com confiança ao pegar a pasta de sua mão. — Eu sou a agente Scar.
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  — Prove-me, então — instigou ela ao acenar para que eu abrisse a pasta.
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  Voltei meu olhar para aquela pasta preta, respirando fundo, desejando que o alvo não fosse ninguém da minha família. Pois preferia morrer a fazer aquilo.
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  — Outra lista?! — indaguei, me preparando para abrir.
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  — Abra e veja. — Reforçou ela, parecia ansiosa por minha reação.
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  Ao virar a aba, meus olhos passaram pelos papéis dentro, até que chegou primeiramente em um nome.
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  — Nathaniel Villin — sussurrei o nome, ao voltar o olhar para a foto embaixo.
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  Meu corpo gelou de ver um rosto conhecido, trajando roupas totalmente diferentes do habitual e um semblante sutil de felicidade. Algo que nunca imaginei ver.
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  — Então este é o nome verdadeiro do agente Collins?! — indaguei, mantendo meu olhar fixo naquela foto.
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  — Não, este é o nome da criança que está em seus braços — respondeu a diretora da forma mais serena e despreocupada.
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  Aquela era a primeira vez que uma criança me foi apresentada como um alvo e, curiosamente, era também ligada ao homem que, por algumas semanas, foi meu pior tormento. Voltei meu olhar para Huston, tentando não demonstrar minha surpresa e susto pela importância da missão.
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  — Tenho mantido altas expectativas em você, agente Scar — afirmou ela, dando o primeiro passo para se retirar —, espero que não me decepcione, afinal, você sabe o que acontece com traidores.
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  Assenti com o olhar de imediato, porém, minha mente começou a refletir aquelas palavras. Um traidor é punido da pior forma possível, e se minha missão era para aquela criança, logo, o propósito é ferir o agente Collins, o que me leva a lembrar da conversa entrelinhas que ele teve com a diretora logo após meu primeiro alvo.
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  Será que o agente Collins também é um traidor?
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Se você não pode voar, então corra
  Hoje nós vamos sobreviver
  Se você não pode correr, então ande
  Hoje nós vamos sobreviver
  Se você não pode andar, então rasteje.
  – Not Today / BTS

4. Terceira Scar

  Dizem que a saudade é o sentimento mais perigoso de todos, nos torna egoístas e gananciosos, sempre desejando estar com a pessoa que não podemos. Em minha segunda vida, tudo que eu queria era poder abraçar minha irmã, por pelo menos mais uma vez. Ainda que isso me custasse o preço mais alto, mesmo sem ter como pagar.
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  Eu já havia passado algumas noites em claro ao longo desses três anos de agente Alpha, entretanto, todas elas haviam sido após o cumprimento das missões e não antes. Todo esse tempo me transmitia a sensação de longos anos servindo a Division sem questionar, sem perguntas, sem me opor, nem mesmo quando o nome de uma gestante apareceu na quarta lista da segunda missão.
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  No relógio já batia cinco da manhã e meus olhos continuavam fixos na janela aberta, direcionado ao céu ainda escuro. Eu não devia nada a Collins e se ele fosse o alvo, nem me importaria e faria com gosto para me vingar do seu treinamento cruel, contudo, se tratava de uma criança, sendo notório que o propósito da diretora Huston era de atingi-lo onde mais doía.
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  Isso me fez lembrar de um livro que Jung me emprestou.
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  — A morte é algo fácil para um inimigo, então tire o que ele mais ama, assim ele sofrerá — disse em voz alta a frase de impacto que inicia o livro.
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  Certamente, se fosse comigo, me matar não seria o problema, pois eu já estou morta para o sistema, então descontariam na minha família. Respirei fundo, ao me lembrar da minha irmã e suas filhas, se eu estava sendo a melhor Scar, era por causa delas, para que elas continuassem em segurança.
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  — Droga, estamos falando de uma criança… — disse comigo mesma, apelando para o 1% de humanidade que sobrou da minha primeira vida dentro de mim. — O que ele fez para receber este castigo?
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  Sentada em minha cama, tombei a cabeça para trás, meu olhar se direcionou ao teto, assim como os meus pensamentos voltaram na tal Scar que ele foi forçado a matar. Será que a criança era dela? E ele deixou passar? Qual a relação deles? Collins era de fato um homem bonito e atraente, no entanto, durante todo o nosso tempo de treinamento, suas qualidades e charme foram totalmente encobertos pela sua postura séria e rígida comigo. Em nenhuma vez seu olhar demonstrou qualquer sinal de empatia ou compaixão, pelo contrário, sempre me dando a sensação de querer me punir de alguma forma.
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  — Por que é tão complicado isso? Por que a diretora quer que eu faça essa missão? — questionei num tom baixo, tentando formular as respostas. — Ela podia ter enviado qualquer outro agente, mas tinha que ser eu? Por eu ser a nova Scar?
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  Fechei meus olhos, senti um leve peso no corpo, minha mente cansada sempre afetava meu físico e minha segunda vida estava mesmo sugando minha sanidade mental. Em minutos, permiti que o cansaço tomasse conta de mim, e tirei um breve cochilo. Acordei com o barulho do som alto do vizinho, peguei meu celular para conferir a hora e já se aproximava do meio dia. Me espreguicei um pouco, ao levantar da cama e caminhei até o banheiro, um pouco de água no rosto era tudo que precisava para finalmente acordar. Pelo que me lembrava das informações, ainda tinha duas semanas até a data da minha missão, então teria tempo de sobra para me decidir se iria ou não executar.
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  Sempre fui racional, é um fato, então a luta seria dos meus princípios contra o medo da retaliação. Ambos pertencentes ao 1% da e toda sua bagagem que pertencia a minha primeira vida. Se eu cumprisse, seria como se estivesse assassinando minhas próprias sobrinhas, se não fizesse, certamente quem pagaria minha traição seria minha família.
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  O que fazer?
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  Fiquei encarando meu reflexo no espelho por um tempo, olhando profundamente no fundo dos meus olhos, em questionamentos internos. No que eu havia me transformado? Aceitando ser a agente alpha, as missões da Division, minhas mãos estavam sujas em vermelho… Com isso, eu jamais poderia ser Grimmer novamente.
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  — Você é capaz dessa crueldade, nova Scar? — perguntei em alto e bom tom, mantendo o olhar fixo em mim. — Quem eu sou e quem eu serei depois disso?
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  Se fizesse, não existiria mais a , nunca mais.
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  Voltei ao quarto e troquei de roupa, precisava de algo para me distrair naquele dia, senão, surtaria de vez. Ajustei a bolsa transversal no ombro, peguei as chaves da moto e saí do loft sem direção certa. Após alguns minutos pilotando por ruas aleatórias, devido aos meus pensamentos conturbados, percebi a constância de um carro atrás de mim.
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  — Quem é você? — sussurrei virando a esquina para testá-lo. — Está me seguindo?
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  Virei mais algumas ruas, precisava ter certeza.
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  — Está me seguindo. — Constatei após vinte minutos de teste virando em ruas sem sentido.
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  Então, segui com a moto até um prédio comercial e entrei no estacionamento, parando na vaga apropriada, retirei o capacete, o carregando junto. Assim que passei pela porta de acesso à escada, fiquei esperando na lateral. Como premeditado, um homem de jaqueta de couro preta passou pela porta logo atrás, no impulso, lancei o capacete na cabeça dele, o tonteando e depois soquei sua cara mais algumas vezes, não lhe dando espaço para reagir. Eu odiava combate corpo a corpo, porém, quando necessário dava o meu melhor para que o oponente sentisse a pior dor possível, algo que aprendi com Collins.
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  — Por que está me seguindo? — perguntei a ele, enquanto o pressionava contra a parede, com o salto da minha bota em sua jugular. — Diga, agora!
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  — Eu não posso… — disse ele, num tom baixo e com dificuldades. — Por favor…
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  Senti o medo em seus olhos e me aproveitei disso para lhe socar mais uma vez.
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  — Se não falar… — o adverti, mantendo meus punhos fechados.
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  — Então é assim que você trabalha? Batendo em crianças… — A voz de Stone soou pelo lugar.
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  Já imaginava que houvesse algo a mais. Logo sua silhueta surgiu em meio aos carros estacionados. Eu soltei o corpo do homem que, amolecido, caiu ao chão e me voltei para ela, algo dentro de mim me fazia ficar na defensiva sempre que estávamos no mesmo ambiente.
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  — Virou o cão de guarda da Division? — indaguei a ela, num tom de deboche.
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  — Acha mesmo que eu me prestaria a isso? — Ela parou em minha frente, seu olhar mantinha o ar de superioridade que tanto me enoja.
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  — Então o que está fazendo aqui? — retruquei, atenta aos seus movimentos. — Quer a minha missão para você?
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  Em um piscar de olhos ela sacou sua arma e apontou para o homem que me seguia, contudo, antes mesmo que pudesse atirar, eu lancei minha perna em sua mão a desarmando e, consequentemente, iniciando um pequeno confronto com a minha rival mais promissora. No impulso de um golpe, lancei minha perna esquerda de forma descuidada e Stone a segurou socando na região no joelho, prendi o grito de dor e lancei minha outra perna a empurrando, para que me soltasse.
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  Não que eu fosse fraca diante dela, porém, não fui precisa o bastante em meus movimentos. Droga… Collins sempre esteve certo ao dizer que eu tinha traços de imprudência e impulsividade nos meus treinamentos de força bruta. Mas ali estava eu, jogada ao chão, com minha perna latejando de dor e uma raiva momentânea quase me impedindo de agir com a razão. Stone, assim como eu, estava no topo da cadeia alimentar, a segunda melhor que desejava minha cabeça para se tornar a primeira.
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  — Seja mais discreto na próxima vez — disse Stone, ao pegar sua arma do chão e executar o homem, que ainda me encontrava zonzo pela nossa briga, então se aproximou de mim e agachou com o olhar fixo nos meus olhos. — E você… Um dia seu nome vai surgir na minha lista, e será um prazer cumprir essa missão… Então, é melhor não errar o alvo.
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  — A diretora Huston está tão preocupada comigo que te mandou para me ameaçar? Isso tudo é medo de perder o controle sobre a melhor? — retruquei mantendo o tom de ironia, dando uma risada rápida, depois me levantei encarando-a sem o menor medo de sua provocação. — No momento em que meu nome aparecer na sua lista, considere-se extinta.
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  A ponta de superioridade que ainda se mantinha no olhar da minha rival se desfez, assim que sorri de canto ao terminar minha declaração. Eu não tinha medo dela, nem do que poderia fazer contra mim, temia por minha família, mas desde que fosse o meu nome envolvido, eu teria o controle de tudo.
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  Stone engoliu seco sua arrogância e, guardando a arma na cintura, deu meia volta para se retirar. Agora, mais do que nunca, minha curiosidade para saber os motivos do nome daquela criança na minha lista, estava ainda maior.
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  — Parece que já tenho a minha decisão — sussurrei ao voltar meu olhar para o corpo do homem estirado ao lado.
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  Respirei fundo e caminhei até minha moto, retirei o celular de dentro da bolsa que tinha deixado pendurada, então fiz uma ligação ao meu hacker.
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  — Telefonista — brincou Jung, ao me atender.
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  — Preciso de uma equipe de limpeza — pedi, desviando meu olhar para o capacete ao chão. — Você já sabe a minha localização.
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  — Equipe sendo solicitada — informou ele, num tom curioso. — Mas… O que aconteceu?
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  — Você sabia que eu estava sendo seguida? Mesmo com o chip de rastreamento em mim? — indaguei a ele, num tom sério e áspero.
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  — Você o que? — Mesmo de longe, conseguia notar a sinceridade no seu tom de surpresa.
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  O que indicava que talvez ele realmente não soubesse de nada.
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  — Como assim, sendo seguida? — Reforçou ele a pergunta para ter certeza do que eu havia lhe relatado.
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  — Um homem estava me seguindo e quando eu descobri, a Stone apareceu e finalizou ele. — Olhei para o corpo ensanguentado. — Você realmente não sabia disso?
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  — Não, em nosso protocolo de hacker só temos a informação dos chips. — A voz dele também ficou mais séria e preocupada.
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  — Tente descobrir o que puder e me avise — pedi a ele. Por mais que nosso relacionamento inicial fosse profissional a serviço da Division, a amizade que construímos era mais sólida.
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  — Farei isso, mas… — Uma pausa considerável veio do outro lado. — Eu não sei qual é a sua missão especial, e receio que nem posso saber, mas tome cuidado, qualquer que seja a sua decisão de executar ou não.
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  — Você acha que eu posso virar um alvo após executar? — indaguei a ele, já me preocupando.
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  — Sei que este codinome parece amaldiçoado e quem o recebeu teve um final trágico — informou ele, temeroso por meu futuro na agência.
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  — Não se preocupe comigo, sei me defender, mas quero que você tome cuidado com eles. — O alertei, também me preocupando com um amigo. — Promete?
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  — Prometo, Scar. — Assentiu ele, num tom mais baixo. — Tenho que desligar, os outros entraram na sala.
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  Encerrei a ligação, guardei o celular e coloquei o capacete. Eu tinha duas semanas para me preparar, duas semanas até a maior decisão da minha vida.
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  Eu tinha consciência do quão longe estava indo, mas se não for com imprudência, eu já não teria o 1% da em mim. Contudo, meu coração se aqueceu ao reconhecer o rosto da minha irmã em meio às crianças das quais acompanhava no passeio escolar. Kate sempre foi muito dedicada em seu emprego, a vida toda sonhou em ser professora do fundamental e ajudar as crianças a terem uma infância melhor e mais saudável possível.
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  Respirei fundo, enquanto contava os passos seguindo-a de longe, até que pararam em uma área gramada e finalmente montaram o piquenique com as crianças. Isso me deu uma breve oportunidade de me aproximar, quando ela finalmente se afastou um pouco para contemplar um lago que tinha perto.
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  — Belo dia para um passeio ao ar livre — disse num tom baixo, ao me colocar ao seu lado.
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  O silêncio tomou conta depois, sendo possível ouvir o canto dos pássaros nas árvores. Mantive meu olhar para o lago, até ouvir um barulho vindo dela, como se fungasse o nariz. Então voltei meu olhar para o lado, discretamente, percebendo as lágrimas escorrendo pelo seu rosto. Minha irmã havia reconhecido minha voz e parecia estática com minha presença, um alívio para mim.
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  — Kate… Não reaja e finja que não me conhece, continue olhando para frente e tente não chorar mais. — Mantive um tom baixo e voltei o olhar para frente. — Eu não posso te contar tudo, mas preciso que me ouça com atenção.
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  — … — sussurrou ela, senti que estava se esforçando para controlar as emoções.
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  — A que você viu nascer e crescer não existe mais… Ela morreu após aquele julgamento, então, continue agindo assim. — Continuei meu pronunciamento, era arriscado estar ali, mas desta vez, além de vê-la, precisava falar com ela. — Você, o John e as crianças, preciso que tomem cuidado, farei de tudo para manter a segurança de vocês… Então, não faça nada imprudente.
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  — O que aconteceu com você?! — perguntou ela, sua voz estava trêmula. — Eu te vi ser executada.
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  — Como eu disse, sua irmã não existe mais. — Reforcei a ela, minha nova realidade. — Apenas tenha cuidado.
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  Dei o primeiro passo para me retirar.
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  — . — Kate me segurou pela mão, com os olhos inchados pelas lágrimas e, mesmo com minhas indicações, me puxou para perto e me deu um abraço apertado.
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  Mesmo sabendo que isso aconteceria, eu estava ali, para abraçá-la mais uma vez, o abraço que desejei ter nos últimos três anos, e apenas fiquei imaginando as várias vezes que passei meu tempo de folga a observando de longe. O risco era alto e, pelo meu egoísmo, a estava colocando em perigo, mas mesmo assim retribuí o abraço, segurando todas as minhas emoções e lágrimas.
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  — Eu não sou mais a — sussurrei, ao me afastar dela, deixando apenas um olhar de ternura, em meio a frieza das minhas expressões.
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  — Não importa o que aconteceu, não importa o que meus olhos viram… Você é a minha irmãzinha, você está viva, — disse ela, controlando o tom desesperado em sua voz. — Agora tudo faz sentido… Há meses eu venho tendo a sensação de estar sendo vigiada e seguida, era você…
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  — Kate, preste atenção — meu olhar ficou mais firme e minha voz mais séria —, se quiser viver, se quiser que as meninas vivam em segurança… Então, aceite que sua irmã, , está morta. 
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  — Então, por que veio aqui?! — indagou ela, secando suas lágrimas.
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  — Porque não aguentava mais te ver chorando todos os dias, mesmo que discretamente, ninguém via, mas eu sim. — Meu esforço estava além do normal, pois meu coração já estava apertado. — Me prometa uma coisa…
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  — O quê? — Ela me olhou com atenção.
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  — Fique em segurança — pedi a ela, que assentiu com o balançar da cabeça.
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  Finalmente me afastei e fingi ir embora, porém, continuei a observando de longe, até que me aproximei do setor dos banheiros e entrei na parte do feminino. Aguardei alguns instantes, até que uma mulher entrou no lugar e lancei meu corpo contra o dela, socando-a sem pensar duas vezes.
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  — Mandaram você vigiar a minha irmã?! — perguntei em fúria, ao derrubá-la mais uma vez com minha perna. — Diga.
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  — Vai me matar, agente alpha?! — Ela forçou uma gargalhada, então cuspiu o sangue de sua boca. — Há muitos como eu lá fora.
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  Soltei um sorriso de canto, presunçoso, fazendo-a engolir seco.
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  — Então devo enviar um recado a todos eles, e você será o meu pombo correio. — Nunca havia sentido minhas pupilas dilatarem tanto quanto naquele momento.
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  Assim que terminei, deixei o corpo dela em um dos reservados e saí tranquilamente do banheiro, retornando para o hotel onde estava hospedada. Juntei todas as minhas coisas e segui para o aeroporto, a localização que me foi estabelecida estava a duas horas de San Diego, na cidade de Santa Barbara.
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  Quando desci do avião, um carro de aluguel já me aguardava, porém, desviei a rota original e segui até um bar próximo, pegando a primeira moto que apareceu em minha frente.
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  — Está na hora, Scar, você já sabe o que fazer. — Respirei fundo e dei partida no veículo. 
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  Eu sempre fui boa em jogo da memória, foi decorando as matérias que me tornei a melhor aluna da cidade de Madison em Wisconsin, muitos créditos que me ajudaram a ganhar a bolsa de Engenharia da Computação em Stanford. Uma conquista que nem cheguei a desfrutar direito, e continuo arrependida por ter aceitado aquela viagem de recesso dos calouros.
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  Com isso, eu havia decorado o rosto de cada funcionário que prestava serviço a Division, seja agente, terceirizado ou um mercenário descartável. Por isso eu sabia que minha irmã já estava sendo seguida pelos descartáveis e aquele recado no banheiro não era para eles, e sim para a pessoa por trás disso.
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  Ao chegar no ponto estratégico, determinado pela agência, retirei o Seto Kaiba da maleta e comecei a montá-lo. Respirei fundo fechando os meus olhos, então me posicionei, inicialmente observando todo o perímetro ao redor. E lá estava ele, o agente Collins com um sorriso meigo e incomum nos lábios, brincando com uma criança, o meu alvo. Se eu não o conhecesse, pelo seu olhar de ternura para o pequeno Nathaniel, diria que aquele era certamente um bom pai.
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  — Pai… — sussurrei, só então minha ficha caiu e o quebra-cabeças foi juntado.
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  Se Collins havia tido um romance com a outra Scar, então aquela criança foi o fruto proibido de seu relacionamento. Está explicado, se ele teve que escolher entre mãe e filho, é bem óbvio que a mulher tenha se sacrificado pela segurança da criança.
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  — Quem diria, sua vida está em minhas mãos — sussurrei, ao me preparar.
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  Com o tempo, até mesmo o frio na barriga antes de puxar o gatilho já havia se tornado uma parte divertida da minha nova profissão.
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  — Um… Dois… — Com um sorriso de canto, em um piscar de olhos, voltei a mira para o telhado do prédio do outro lado da rua e disparei.
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  Em segundos, um corpo despencou até que chegou ao solo, causando susto e desespero nas pessoas próximas. Collins estava a alguns metros de distância, porém o suficiente para perceber que algo estava errado e, deixando a criança em um lugar escondida, o agente se aproximou para checar o que tinha acontecido. Foi interessante ver, pela primeira vez, o seu olhar amedrontado ao reconhecer o rosto da pessoa estirada ao chão.
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  Fechei meus olhos mais uma vez e sentindo algo se aproximando de mim, em um rápido movimento retirei a Sakura, minha adaga de prata que escondia na lateral da bota, e me virei lançando na direção de umas caixas empilhadas.
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  — Parece que você errou. — Um sussurro veio de trás dela, uma voz conhecida.
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  — Acredite, eu nunca erro — disse em alto e bom tom ao me aproximar.
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  — Verdade. — Ele riu baixo com dificuldade.
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  Parei diante dele, o olhando com serenidade.
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  — Shake. — Abaixei meu corpo, ainda segurando o Seto Kaiba. — Não deveria ter aceitado essa missão.
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  — Sabe que não temos escolha… — Ele manteve sua mão na região em que a adaga o acertou, parecia sentir dor. — Todos temos o que proteger.
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  — Tem razão, mas mesmo pelo que proteger, ainda temos escolha — concordei com ele em partes, pensando no encontro com minha irmã.
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  — A diretora… Ela sabia que não conseguiria — ele informou com dificuldade, devido ao sangue em sua boca. — Não vai acabar aqui.
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  — Eu sei. — Me aproximei um pouco mais dele e retirei a adaga, limpei-a na borda da roupa dele a guardando novamente na bota. — Se serve de consolo, você foi o único que conquistou minha simpatia.
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  Ele deu um sorriso suave, com a respiração fraca, logo eu me levantei novamente e juntei minhas coisas. Minha escolha custaria caro para mim, porém, precisava de respostas que somente uma pessoa poderia me dar.
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  — Eu passei todo esse tempo me perguntando quando ela te mandaria atrás de mim — confessou Collins, mantendo sua atenção voltada para os ingredientes que mexia na panela.
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  — Para alguém que foi considerado o melhor… Você tem sido muito descuidado — o alertei, ao sair das sombras das cortinas na janela e revelar meu rosto. — Eu poderia ter te matado umas sete vezes só hoje.
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  — Estamos aqui agora. — Ele desligou a trempe do fogão e se voltou para mim, seu olhar era um misto de segurança e incerteza. — Não me importo com o que acontecer comigo.
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  — Imaginei que diria isso. — Respirei fundo, aquele era o agente carrasco que me treinou. — Mas…
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  — Mas? — insistiu ele, seu olhar ficou confuso.
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  — Assim como o homem que viu ao chão mais cedo era para mim… Eu não estou aqui por você. — Assim que fechei a boca, o olhar dele se desviou para a porta, temeroso por minhas palavras.
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  — Papai, estou com fome — disse a criança, num tom baixo.
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  Ouvir sua voz fez meu coração se apertar, então segui o olhar dele, vendo aquele inocente se encolher ao lado da porta.
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  — Já estou terminando o jantar, pequeno urso — disse Collins, controlando sua voz, forçando um sorriso para ele.
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  Alguns passos para longe do fogão.
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  — Não deixarei que toque nele — advertiu meu carrasco, deixando seu olhar de fúria exclusivamente para mim.
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  — Acha mesmo que o passeio no parque seria tranquilo se eu estivesse aqui para isso? — assim que falei, retirei a arma de trás da minha cintura e apontei para porta, atirando sem hesitar.
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  Logo o som de alguém caindo soou do lado de fora, deixando ele ainda mais apreensivo.
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  — Sugiro que pegue seu filho, temos que sair daqui agora — ordenei convicta de minha palavras.
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  Era surreal o que aconteceria daqui para frente, de assassina profissional eu iria me tornar uma segurança particular temporária. Será que eu ainda teria salvação? 
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  Afinal, o 1% da ainda se mantinha vivo dentro de mim.
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  Em questão de minutos, a casa de Collins foi tomada por mercenários que entravam por todas as janelas e portas existentes. Não tive escolha a não ser novamente entrar em combate corpo a corpo com os inimigos, enquanto atirava nos alvos mais distantes de mim.
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  Assim que meu agente carrasco colocou a criança escondida em um lugar seguro, retornou para me ajudar a aniquilar os enviados pela Division. Aquela situação me fez lembrar de um treinamento que tivemos em um bar cheio de motoqueiros mal-encarados, foi um dia proveitoso nas palavras dele, principalmente pela forma em que nossos ataques se complementaram ao longo da luta.
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  — Acabou… — sussurrou ele, tentando recuperar o fôlego ao derrubar o último homem.
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  — Não… — Eu caminhei entre os corpos, reconhecendo rosto por rosto. — Só está começando.
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  — E o que pretende fazer agora? — indagou Collins, ao olhar para o móvel onde deixou a criança escondida.
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  — Primeiro… Quero saber toda a verdade — disse num tom firme, como se ordenasse com sutileza que não me omitisse nada, ao parar a sua frente.
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  Ele assentiu com o olhar, então abriu a porta do armário e retirou o filho de dentro, tampando seus olhos para que não visse o caos que estava a casa. Em um piscar de olhos, um remanescente moribundo se levantou e mirou em nossa direção, eu empurrei Collins e a criança para o lado no momento em que o som do tiro ecoou pela casa, rapidamente lancei meu corpo contra o homem e o desarmei, finalizando-o com outro tiro.
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  — Scar?! — A voz de Collins pareceu um pouco distante de mim.
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  Logo me senti estranha, então elevei a mão direita na altura do ombro e senti algo viscoso saindo de mim, quando olhei para meus dedos, estavam vermelhos. Deixei um sorriso sair em meu rosto, assim que encontrei o olhar assustado dele, o que nunca imaginei que veria em minha vida.
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  — Acho que vou ficar bem… — sussurrei sentindo meu corpo cansado pela briga, deixando minhas pálpebras se fecharem.
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  — Você vai. — Logo senti as mãos dele tocarem meu ombro, certamente verificando o estrago, então apaguei de vez.
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  Eu não sabia onde estava, não sabia o que faria e menos ainda o que o dia seguinte nos reservava, mas havia algo do qual eu tinha certeza, precisava descobrir os segredos da Division e o motivo pelo qual a diretora Huston temia a minha existência.
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  — Hum… — resmunguei de leve ao despertar de repente, senti que meu corpo estava em cima de algo confortável e macio.
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  — Papai, a mamãe acordou. — Reconheci a voz da criança e logo abri meus olhos, o vendo próximo a mim.
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  Minha mente parou de funcionar com as palavras do garotinho. Mamãe?!
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  — Não se esforce, seu corpo ainda está cansado — disse Collins, ao se aproximar de mim com um copo de água em uma mão e um comprimido em outra.
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  — Isso é pra mim?! — perguntei ao erguer meu corpo, atenta aos seus movimentos, estava mesmo me sentindo cansado e minha respiração com certa dificuldade.
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  — Não. — Ele riu baixo e se abaixou, voltando o corpo para o filho. — Aqui pequeno, hora do seu remédio.
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  Me mantive em silêncio apenas observando-o, a forma carinhosa como cuidava do pequeno Nathaniel fez meu coração se aquecer involuntariamente. Minutos depois, voltei meu olhar para o lado a fim de reconhecer o território, parecia o porão de uma casa, pelos encanamentos aparentes e a umidade nas paredes. Poderia considerar um esconderijo à primeira vista, contudo, precisava saber ao certo onde estava.
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  Logo fixei meu olhar em duas portas, a que estava aberta pude visualizar pequenos detalhes que o configurava sendo o banheiro, o que me fez imaginar que a porta fechada ao lado seria o quarto. O que de fato constatei assim que Collins levou a criança adormecida em seu colo para lá.
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  — Pode começar a falar — disse a ele, mantendo minha atenção em sua aproximação.
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  — Você ainda está fraca, deveria descansar primeiro — sugeriu o agente ao se escorar na parede próxima a área da cozinha. — Passou dois dias desacordada.
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  — Eu já estou bem melhor. — Abaixei minha cabeça, vendo o curativo no meu ombro esquerdo, sem dúvidas feito por ele, então o olhei novamente. — A bala acertou o chip, não é?
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  — Sim, e por isso você não estava preocupada — constatou ele, pelo meu olhar de segurança. — Mas o seu corpo estava exausto, então você apagou, e não foi fácil retirar todos os estilhaços do seu ombro.
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  — Eu tive um excelente treinador, por isso não me preocupei — afirmei, arrancando um sorriso de canto discreto dele.
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  Mais uma onda de silêncio pairou no ambiente, nossos olhares cruzados e muitas perguntas se passando em nossa cabeça. Sua face tinha traços de dúvida, talvez pelas minhas ações de salvar a vida de seu filho, colocando meus familiares em risco. Eu ainda não tinha chegado nessa parte, pois minha mente ainda lutava para lidar com a minha escolha de estar lutando para protegê-los.
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  — Para continuarmos, preciso saber sua história. — Iniciei mais uma vez o assunto, interrompendo o silêncio. — Por que o nome dele apareceu em minha lista? E por que a diretora Huston quer se vingar de você?
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  — Por onde quer que eu comece? — indagou.
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  — Pelo começo, por favor — pedi, mantendo minha atenção nele.
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  — A primeira Scar que a Division teve foi a minha mãe — afirmou ele, ao iniciar sua história. — Naquela época eu nem sonhava em existir, Huston e a minha mãe eram amigas, ambas se conheceram no final do ensino médio e, por uma loucura de Huston para pagarem uma aposta, elas entraram na academia de Polícia de Chicago e anos depois de se tornarem policiais, foram recrutadas pelo senhor Finnick que era o diretor até o momento…
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  — Sua mãe, uma agente alpha… — sussurrei em choque pela revelação.
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  Ele assentiu com a cabeça e voltou seu olhar para a mesa de centro em minha frente, pareceu reviver em pensamento seus momentos com a mãe, pois havia traços de saudosismo em sua voz.
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  — Foi uma época turbulenta, quando elas receberam a proposta, minha mãe havia se apaixonado por um criminoso que salvou sua vida em uma operação policial, um romance proibido que deu origem a mim… — Ele suspirou fraco e ficou em silêncio por um momento. — Meu pai tinha ligações com a alta máfia chinesa, e foi morto por um agente alpha da Division, minha mãe descobriu isso em sua investigação secreta com a ajuda de Huston, de alguma forma elas conseguiram rastrear o agente até chegar na agência.
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  — Então o tal senhor Finnick fez a proposta para elas? — indaguei tentando assimilar os acontecimentos da história.
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  — Ele sabia que minha mãe queria vingança e fez o acordo dela se tornar uma agente alpha, em troca, lhe daria a oportunidade de acertar as contas com seu inimigo e ter sua vingança — explicou Collins os motivos da aceitação da mãe.
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  — Então, a primeira Scar surgiu — comentei, admirada com aquilo. — Sua mãe aceitou para poder ter sua vingança.
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  — Sim. — Assentiu ele.
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  — Mas e a diretora Huston? Por que aceitou? — indaguei, curiosa.
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  — Ambição… O diretor Finnick viu ambição nos olhos dela, pelo menos, foi isso que minha mãe me disse uma vez — respondeu ele, prontamente.
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  — Sua mãe recebeu o treinamento grávida de você? — Voltei meu olhar para meu corpo, imaginando a situação.
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  — Sim… Mas somente dos instrumentos de trabalho e o treinamento sistêmico — contou. — Eu nasci e cresci naquela agência, nunca existi para o sistema, mas minha mãe sempre me chamou de , Collins foi o sobrenome do meu pai que adotamos depois, e me tornei o agente ômega perfeito, criado e treinado para servir a Division… Eu não tive uma infância, meu primeiro brinquedo foi uma carabina de baixa precisão.
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   … Este é o seu nome.
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  — E sua mãe aceitou isso? — perguntei, me sentindo indignada por aquilo.
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  — Ela não tinha escolha, nossa vida pertencia à agência — contou ele, em defesa da mãe. — E quando ela ficou doente, chegou a minha vez que os servir, para pagar os custos com os médicos… Até que ela se foi.
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  — E a diretora Huston? — Eu desejava saber mais sobre ela. — Presenciou tudo isso e não fez nada?
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  — O objetivo dela era se tornar a diretora da Division, então, não se importou com as inúmeras retaliações que sofremos ao longo dos anos, e… Eu finalmente percebi quem ela era quando, sem nenhum remorso, acusou o diretor Finnick de traição e tomou o seu lugar.
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  — Então não existe ninguém acima dela? — Agora eu estava em choque.
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  — Uma vez eu a ouvi em uma reunião, parecia estar se retratando com um conselho ou algo assim. — Observou ele, parecendo puxar o ocorrido em sua memória. — Se existe alguém acima, com certeza são eles.
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  — E como surgiu a segunda Scar? — Meus pensamentos se voltaram à curta história que Jung havia me contado.
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  — Assim como você, ela era imprudente. — Ele riu baixo, ao tomar impulso e se afastar da parede, então se aproximou do sofá em que eu estava e se sentou ao chão, mantendo-se encostado ao sofá. — Seu nome era Alisson, a recrutamos em um reformatório para adolescentes no Kansas, eu tinha dezesseis e ela quinze, com a proximidade de nossas idades, a diretora Huston ordenou que eu a treinasse.
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  — Aposto que não pegou leve com ela — brinquei, ao me lembrar do meu primeiro dia com ele.
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  — Acredite, o seu foi o pior de todos que já dei — retrucou com um sorriso satisfeito no rosto e um brilho no olhar. — Extraí o seu máximo, por isso é a melhor.
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  — E quando se apaixonou por ela? — Minha curiosidade era visível sobre essa parte da história.
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  — Foram cinco anos trabalhando e treinando juntos… Não sei como, mas quando percebemos, já estávamos envolvidos demais para esconder. — Ele tombou a cabeça para trás e olhou o teto, seu olhar era um misto de arrependimento e felicidade do que havia vivido. — Um dia, pensamos em desistir e apenas fugir… Passamos um tempo planejando até que chegou o dia e eu hesitei, a deixei partir, a deixei enfrentar tudo sozinha e apenas fiquei olhando como um covarde.
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  — Eu não o culpo… — disse a ele, colocando a mão sobre o seu ombro. — Tudo que você conhecia era a Division, você foi treinado para não ter uma vida normal, então, certamente estava assustado com a ideia do novo.
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  Collins deu um sorriso fechado e voltou o olhar para mim.
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  — Eu supliquei para que a deixassem ir, mas a diretora descobriu que ela havia roubado alguns documentos da agência considerados valiosos, então o nome da Allison foi entregue em uma lista para mim. — Ele respirou fundo, pareceu reprimir seus sentimentos com muito esforço, porém notei seus olhos marejados. — Huston me fez escolher entre aceitar ou deixar que outro agente fizesse.
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  — E você preferiu que fosse pelas suas mãos — completei o raciocínio.
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  — Faria de tudo para que fosse menos doloroso, e ela sabia que isso iria acontecer cedo ou tarde, assim como eu já premeditava que você fosse aparecer. — Concordou ele com minha lógica.
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  — Ser morto por uma Scar, já que matou uma — deduzi o óbvio. — A única coisa que você não previu é que eu também tinha data de validade para a agência.
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  — Huston não gosta de pessoas as quais não consegue controlar — comentou ele, rindo baixo, parecia falar de si mesmo. — E você foi treinada por mim, temos muita coisa em comum, apesar de não parecer.
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  — Somos questionadores? — perguntei, instigando a resposta.
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  — Não aceitamos ser controlados por ninguém — corrigiu ele, o fator principal. — Aposto que mesmo cumprindo suas missões, todas foram feitas do seu jeito, ignorando as recomendações da folha de instruções.
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  Eu mordisquei meu lábio inferior, segurando o riso, não queria concordar, porém, ele estava correto.
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  — Foi o que pensei — disse Collins, tomando meu silêncio como uma resposta positiva.
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  — E quando você descobriu que ela estava grávida? — indaguei.
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  — Demorou dois anos para encontrá-la… Não prestei solicitação dos hackers, eu queria fazer sozinho e demorar o máximo possível, para assim não encontrá-la… — suspirou novamente se levantando do chão, afastando um pouco do sofá. — Mas quando ficamos frente a frente, ela estava morando em um loft ao sul de Temuco, uma cidade do Chile… Nós conversamos um pouco e de repente, vi o rosto do Nathaniel, ainda sonolento, dizendo que não conseguia dormir.
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  — Aposto que não precisou de muita coisa para você perceber que ele era seu filho e… — comentei, ainda perplexa com a história.
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  — O último pedido da Allison foi para proteger nosso filho da Division, ela não queria que ele tivesse a mesma vida que eu… Crescer debaixo de um regime para se tornar uma arma — continuou ele com um peso na voz. — E eu apenas assenti, passando outros dois anos escondendo ele da agência…
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  — Até que surgiu o acordo entre você e a diretora — concluí ao me lembrar do dia em que retornamos do meu primeiro alvo e ele a pressionou para que cumprisse a palavra dela.
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  Ele assentiu com a cabeça.
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  O silêncio retornou para nós, assim que ele deu as costas para mim e se rendeu às emoções que tanto reprimia. Senti meu coração apertado por toda aquela história, por imaginar todo o sofrimento que passou com sua mãe e depois com Allison. No impulso, eu apenas me levantei do sofá e o abracei por trás, envolvendo meus braços em sua cintura e sentindo as dores dele sendo externadas. Ao contrário do que eu imaginava, Collins não era uma pessoa fria e sem coração, ele tinha um, contudo, estava machucado demais pela Division.
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  — Por que me escolheu? — sussurrei ao perguntar. — Havia outras pessoas em julgamento no mesmo dia que eu, poderia ter escolhido outra, mas escolheu a mim para ser a terceira Scar.
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  — Eu vi algo diferente em seus olhos. — Ele tocou com leveza em meus braços, me afastando e se virou para mim. — Então pensei que assim como eu, talvez você fosse alguém que não seria corrompida pela diretora.
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  Eu sorri de canto para ele, mantendo meus olhos fixos aos dele.
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  — Me desculpe por Nathaniel ter te chamado de mãe quando acordou — disse , se retratando e voltando ao ocorrido mais cedo. — Ele sabe algumas partes da história, e que a mãe dele se chamava Scar.
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  — Está explicado o olhar observador e curioso dele quando acordei — comentei, rindo de leve.
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  Em um piscar de olhos, senti a mão direita de Collins tocar meu rosto com suavidade, seu olhar permanecia o misto de curiosidade e tristeza, algo que fez meu coração acelerar um pouco… Afinal, voltando ao que havia dito no início, seu olhar profundo era penetrante, e até mesmo a cicatriz sutil tomando parte do seu rosto tinha um charme incomum para mim.
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  Aquela aproximação, exalava um toque de perigo instigante.
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  Ambos estávamos parcialmente indefesos e encontrando no outro um ponto de apoio. Uma troca de olhares que jamais imaginei ter em minha vida.
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Todos os perdedores no mundo
Chegará um dia em que perderemos
Mas não é hoje
Hoje, nós lutamos!
– Not Today / BTS

5. Division

  Não há um segredo que fique encoberto por toda a vida, nem uma mentira que não encontre a verdade; e certamente havia muitos segredos que envolviam a Division e seus clientes, arquivos ocultos que precisavam ser encontrados. 
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  Foi surpreendente saber a história de Collins, mais ainda os segredos da agência que estavam todo aquele tempo escondidos de posse dele. Uma leve herança deixada por Allison, como sua moeda de troca para um futuro melhor para Nathaniel. Pude sentir que, para , foi surreal descobrir que sua vida havia sido uma mentira, se tornando um mero peão descartável naquele tabuleiro de xadrez, onde os verdadeiros jogadores eram as pessoas que estavam acima de Huston.
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  — Por que escolheu nos ajudar? — perguntou ele, ao voltar a sanidade e se afastar de mim.
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  — Porque eu vi as minhas sobrinhas no lugar do Nathaniel — confessei a ele, respirando fundo para acalmar meus impulsos internos.
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  — Elas estão em perigo agora. — Soou como um sentimento de culpa. — Espero que tenha previsto isso.
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  — É claro que previ, e minha irmã sabe se cuidar, ela vai ficar bem e deixei uma pessoa de confiança para vigiá-la — assegurei a ele, que as coisas estavam sob controle. — Além do mais, tenho um plano.
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  — Um plano?! — repetiu ele, com as expressões confusas. — O que pretende fazer?
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  — Primeiro, teremos que deixar nossas famílias em segurança, depois eliminar toda a força de combate dela — relatei sem muitos detalhes, de forma objetiva. — Mais especificamente os agentes alpha.
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  — Você sabe que não será fácil, não é?! — Ele riu de nervoso ao passar a mão no cabelo e me olhar como se eu fosse uma sonhadora. — Eu treinei cada um deles, assim como você. Sabemos do que são capazes, e eles não são os únicos com quem teremos que nos preocupar.
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  — Eu sei. — Bufei discretamente pela falta de fé da parte dele. — Um já foi eliminado, Shake foi enviado para me entregar minha carta de demissão quando eu concluísse com o Nathaniel, mas o demitido foi ele, então falta cinco.
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  — Tudo bem, e depois que eliminarmos eles? — Collins manteve-se atento a mim.
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  — Sem o esquadrão de Elite, ela ficará com medo, então faremos uma visitinha a nossa querida diretora — completei minha ideia inicial. — Mas… Aceito sugestões.
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  — Ela não é uma mulher de palavra, acho que já percebeu — retrucou ele.
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  — Não quando se tem algo a perder em jogo — acrescentei meu raciocínio. — Você disse que a Allison pegou arquivos importantes e, te conhecendo bem, eles não voltaram para as mãos da dona.
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  — Quer usá-los para negociar? Então porque eliminar os agentes? — indagou ele, tentando entender meu plano.
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  — Primeiro, fazemos pressão nela, deixando-a sem recursos, depois propomos o nosso acordo como sua única saída — concluí.
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  — Terão muitas pessoas atrás da sua família, então, deixa que eu cuido dos meus recrutados — disse ele, assumindo a responsabilidade.
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  — Hum… — Eu arqueei a sobrancelha direita pensando no assunto. — Tudo bem, contanto que deixe a Stone para mim.
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  Eu tinha preparado o melhor da terceira Scar para ela.
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  Os dias foram passando e, felizmente, nossa dupla de desertores ganhou um aliado preciso e formidável. Jung conseguiu montar um sistema oculto totalmente controlado por ele e indetectável pela agência, foi assim que ele entrou em contato comigo e me auxiliou a esconder minha irmã, seu marido e minhas sobrinhas, juntamente com Nathaniel. Seria perigoso para o pequeno se Collins o deixasse com o mesmo contato de antes, um alvo fácil de ser encontrado pela Division. 
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  — Você vai realmente ficar bem? — John indagou, não conseguia controlar seu olhar incrédulo por me ver viva.
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  — Sim, e vocês vão ficar em segurança. — Voltei a olhar para Kate. — O senhor Kim vai conduzi-los para um lugar seguro e fora do rastreamento da agência, assim que terminarmos, terão suas vidas de volta.
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  — Esperamos que sim — John sussurrou. — Não foi fácil pedir férias adiantado.
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  — John!? — A voz de Kate soou com repreensão.
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  — Está tudo bem, Kate. — Eu contive minha expressão sem graça. — Ele está certo, preciso devolver a liberdade de vocês.
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  — Arriscando a sua. — O olhar preocupado dela me matava por dentro. — Você continua sendo a minha irmã, não é sua culpa o que aconteceu.
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  Na verdade, em partes é resultado das minhas escolhas.
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  — Apenas se mantenham em segurança. — A abracei e também as meninas. — E obrigada por cuidar do Nathaniel.
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  — Ele parece ser tranquilo e vai ter as meninas para brincar com ele. — Assentiu minha irmã com um sorriso esperançoso. — Não será um trabalho para nós.
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  Ao me despedir delas e de John, me aproximei do contato que os manteria em segurança.
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  — Obrigada, senhor Kim. — Respirei fundo, ao me lembrar do dia em que o conheci.
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  — Eu que agradeço, me deu uma segunda chance, por isso, sempre estarei em dívida com você. — Um olhar sereno de gratidão que me confortava.
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  O senhor Kim foi uma das poucas pessoas das quais consegui salvar da minha lista, lhe dar uma nova vida sem que o sistema soubesse das minhas trapaças. Uma leve travessura que tinha o apoio e cobertura do meu hacker pessoal, afinal, assim como a Division, eu também tinha os meus segredos.
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  — Papai, eu não posso ir também? — perguntou Nathaniel, ao abraçá-lo mais uma vez.
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  — Não, querido, mas prometo voltar antes mesmo que possa ter saudades — disse dando um sorriso singelo para a criança.
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  — Mas eu já estou com saudades… — O olhar marejado dele fez meu coração apertar um pouco.
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  — Pequeno Nate… — disse ao me aproximar deles e me abaixar à sua altura, mantendo um sorriso no rosto. — Eu prometo que vou cuidar do papai e fazer ele voltar bem rápido.
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  O menino sorriu de volta para mim e pulou em meu colo, me dando um abraço apertado.
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  — Obrigado! — Seu tom ficou um pouco mais animado, então, ao se afastar para me olhar, seu rosto permaneceu com traço de tristeza. — Você também vai voltar, mamãe?! 
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  — Nathaniel?! — Agora Collins que o repreendeu.
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  — Deixa ele — sussurrei para e voltei minha atenção para o pequeno. — É claro que eu vou voltar.
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  Senti um brilho nos meus olhos e uma aquecida no meu coração. 
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  — Eles precisam ir — alertou Collins erguendo seu corpo.
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  — Sim. — Eu abracei Nathaniel mais uma vez, então o conduzi até minha irmã.
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  Mesmo que fosse uma breve despedida, era difícil não me emocionar.
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  — Próximo passo — disse em alto e bom tom, e olhei para ele. — Quantos agentes faltam?
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  Como ele havia ficado com esta tarefa, infelizmente não tinha lhe dado muito tempo para cumpri-la, graças a ajuda do senhor Kim, resgatar a minha irmã foi a parte fácil, mesmo estando com Nathaniel em minha responsabilidade.
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  — Apenas dois, Stone e Scorpios — respondeu Collins ao pegar a mochila que estava no chão e ajustar nas costas.
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  — Os piores por último — comentei, sabendo que não seria fácil.
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  — Bem, se nossas cabeças estão a prêmio, nada melhor do que facilitar para eles e atraí-los até nós — sugeriu ele, me surpreendendo.
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  — Nada mal, Collins. — Mantive um elogio discreto.
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  — Pode me chamar de se quiser, somos uma dupla agora — brincou ele, rindo baixo. — Dizer meu sobrenome, soa muito formal.
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  — Hum… Tudo bem, então, .
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  Eu passei por ele segurando um riso me direcionando para a porta. Após passarmos pelo corredor, descemos alguns lances de escadas dos fundos na saída de emergência e, por uma falta de atenção de minha parte ao manter meu olhar no celular, pisei em falso em um degrau. Senti meu tornozelo repuxar no mesmo momento em que meu corpo desequilibrou, no susto, Collins me agarrou pela cintura puxando-me para ele, o que nos fez mais uma vez ficar bem próximos.
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  — Te peguei — sussurrou ele, tão próximo que conseguia sentir sua respiração.
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  Algo de errado não estava certo comigo. Eu não queria me sentir atraída por ele, entretanto, meu coração estava acelerado e ele havia notado isso.
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  — Não vou te deixar cair, jamais — disse, mantendo o tom baixo.
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  — Em outros tempos, você mesmo teria me jogado desta escada — retruquei, o fazendo lembrar nosso início.
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  — Se você quiser, ainda posso fazer isso — brincou , me fazendo rir, mesmo sentindo uma dor latejante no tornozelo.
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  — Muito engraçado. — Me afastei com cuidado, mas, ao pisar com o pé lesionado, prendi um grito de dor, apertando sua mão que ainda segurava a minha. — Não acredito que você está me fazendo passar por isso pela terceira vez.
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  — Vejo que não está nada bem. — Ele se abaixou e pegou em minha perna, avaliando a situação. — O que você fez?
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  — Eu apenas pisei… Em falso — expliquei, o observando se levantar. — A velha história do tornozelo problemático.
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  — Consegue andar? Temos que ir logo, antes que nos localizem aqui — disse Collins, com o olhar mais sério. — Jung não faz milagres e não podemos prejudicá-lo.
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  — Eu sei… Já passei por coisas piores e você sabe disso, então, está tudo bem — assegurei a ele, ao me apoiar no corrimão e começar a descer. — Vou conseguir.
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  — Mas não estamos com tempo para isso. — Ele me pegou no colo, me deixando quase estática no susto.
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  — Eu já disse que estou bem, posso ir andando. — Me debati tentando descer, mas sem sucesso.
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  E, talvez, lá no fundo eu não quisesse mesmo descer.
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  — E eu já disse que estamos sem tempo e sua mobilidade está reduzida — continuou ele, descendo as escadas não se importando com meus argumentos.
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  O tempo fechou contra nós quando chegamos nos últimos lances de escada e vozes começaram a aparecer, olhamos para cima e o vulto de muitos homens de terno surgiu. Nosso tempo estava mesmo esgotado, era certo que Jung conseguiria alguns minutos de falha no sistema para que pudéssemos andar livremente sem que as câmeras de segurança nos registrassem, porém, nada dura para sempre.
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  — Me coloca no chão — pedi a Collins, assim que se aproximou da porta.
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  — O que acha que vai fazer? — indagou ele ao abrir a mesma.
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  — O que eu fui treinada para fazer. — Assim eu pulei do seu colo, deixando meu corpo ir ao chão, então me ergui rapidamente e peguei o primeiro objeto que vi pela frente.
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  Sorte ou não, era uma vassoura que tinha sido esquecida próximo a porta. Collins entendeu o recado, pois era óbvio que não sairíamos dali sem uma boa briga antes. Foi questão de minutos até que os homens das escadas nos alcançassem, pois no estacionamento já tinha meia dúzia à nossa espera. Fácil não foi para mim com o tornozelo inchado e latejando, cada soco que eu dava uma pulsão de dor, como se fosse o meu corpo que recebesse.
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  — … — o chamei com dificuldade, assim que um homem robusto consegui me derrubar ao chão, ao perceber minha lesão. — Collins…
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  Por mais que eu me debatesse e tentasse empurrá-lo, suas mãos em meu pescoço continuavam firmes, enquanto minhas forças pareciam se esgotar com a presença da dor. Até que minha visão escureceu e acabei desmaiando.
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  — !? — disse ao acordar no susto, ao perceber que ainda estava viva.
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  Olhei para frente e o vi dirigindo, enquanto eu estava no banco de trás.
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  — O que aconteceu? — perguntei a ele, passando a mão no meu pescoço, notando o dolorido.
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  — Eu salvei você — disse ele, com o velho e conhecido tom arrogante que me faz querer socar sua cara sempre. — Mas isso não é nenhuma novidade.
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  Eu fiz uma careta, para que ele visse do retrovisor dianteiro. Isso arrancou algumas risadas dele.
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  — Para onde estamos indo? — indaguei, me mexendo no banco e vendo meu tornozelo enfaixado.
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  Enfermeiro Collins, quem diria. Pensei comigo e segurei o riso.
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  — O que foi? — retrucou ele, com outra pergunta.
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  — Nada. — Respirei fundo, ignorando a dor do tornozelo. — Não me respondeu.
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  — Para um lugar seguro, em que possa descansar e se recuperar — disse em tom de ordem, mostrando que nossos planos sofreriam uma leve alteração de curso. — Não vou deixá-la encarar a Stone dessa forma, não conseguiu nem mesmo derrubar aquele mercenário.
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  — Eu teria vencido se ele não tivesse percebido meu tornozelo — argumentei.
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  — Por isso mesmo, deixou seu oponente encontrar seu ponto fraco. — Sua voz repreensiva me fez voltar aos tempos de treino. — Você tem que estar cem por cento para isso.
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  Engoli a seco minha raiva e não o questionei. De certa forma, ele estava irritantemente certo em sua colocação, por isso, sem relutar, mantive meu silêncio durante todo o caminho até nosso esconderijo.
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  Algumas horas em um voo particular com um conhecido de Collins, mais trinta minutos em um carro alugado e lá estava a nossa cabana escondida entre as árvores no alto de uma colina.
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  — Uau — disse pela vista, após descer do carro e contemplar a paisagem. — Incrível.
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  — As árvores não te lembra alguma coisa? — perguntou ele, instigando minha percepção do espaço.
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  Mantive uma breve reflexão enquanto rodeava a cabana, até que parei por um momento e o observei carregando as caixas do carro para dentro. Confesso que tive uma sensação familiar quando passamos pela estrada de terra secundária, uma breve nostalgia tomou conta de mim, me fazendo lembrar os acampamentos do colegial. Foi então que despertei dos meus devaneios e adentrei a cabana, curiosa pelo lugar.
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  — Foi aqui que me perdi, não foi? — indaguei a ele, recordando o passado. — No acampamento do colegial.
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  Ele me olhou inicialmente confuso, então riu baixo.
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  — Achei que fosse perguntar se estamos perto das instalações da Division — comentou ele, ainda surpreso com minha pergunta contrária ao que imaginou. — Me sinto meio desapontado agora.
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  — Nós estamos? — indaguei também surpresa.
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  Ele riu novamente, balançando a cabeça de forma positiva.
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  — E onde exatamente estamos? Você não quis me dizer no aeroporto em San Diego — insisti, pois não saber nossa localização me deixava ansiosa.
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  — A leste de Missouri, em algum lugar da Floresta Nacional de Mark Twain — respondeu ele, se aproximando mais das caixas e começando a abri-las. — Me ajuda?
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  — Só tem armas aí dentro. — Cruzei os braços e o olhei desinteressada. — E o quão distante estamos da Division?
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  — Dez quilômetros ao norte e chegaremos no perímetro três — respondeu ao retirar a maleta do Seto Kaiba de dentro da caixa. — Mais cinco quilômetros e chegamos no segundo perímetro…
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  — Onde treinávamos — comentei o interrompendo.
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  — Exatamente, e mais dois quilômetros entramos no perímetro um — continuou ele, mantendo-se concentrado nas maletas que retirava das caixas. — Jung vai nos dar dois dias de vantagem para nos preparar, a última localização que tiveram de nós foi pelas câmeras do aeroporto de San Luis.
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  — Dois dias é o suficiente para meu tornozelo melhorar — assegurei a ele, voltando o olhar para meu pé. — Então, seguiremos com o nosso plano.
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  — Este é o propósito — concordou ele, erguendo seu corpo e voltando o olhar para a janela. — Logo vai escurecer, acho melhor descansarmos um pouco, a viagem foi pesada.
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  — Eu vou tomar um banho então — avisei a ele, seguindo para o cômodo do quarto. — E nem ouse me espionar.
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  — E o que de interessante eu teria para ver? — questionou ele, em provocação.
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  Eu o olhei de relance fazendo uma careta, me esforcei para não demonstrar que estava ofendida com suas palavras, então ouvi gargalhadas vindo dele enquanto entrava no quarto.
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  — Presunçoso, acha que é quem? — sussurrei, me aproximando do armário e abrindo para procurar toalhas limpas.
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  A cabana pertencia a Collins, o que era curioso para mim saber que ele tinha propriedades desconhecidas pela Division. Muito bem construída e decorada para um agente egocêntrico, não me espantaria se dissesse que tinha as mãos e dicas de design de Jung.
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  Após um banho refrescante, vasculhei entre as roupas da minha mochila algo leve e confortável para usar, afinal, na primavera, mesmo sendo uma estação suave, o tempo parecia mais abafado naqueles dias.
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  — Grimmer?! — O tom de brincadeira de soou com um fundo de elogio e surpresa.
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  Não dava para negar, o delicado vestido floral em meu corpo realmente não condizia com a mulher que eu havia me tornado. E, confessando, nem mesmo sabia o que aquela peça de roupa fazia em minha mala, mas a reconhecia do último dia de ação de graças que tive em família. Uma explicação? Kate.
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  — Engraçadinho. — Adentrei mais na sala até chegar na janela, e direcionei minha atenção para fora. — Eu continuo sendo a Scar que treinou para eu ser.
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  — Em partes. — Ele se aproximou de mim, mantendo aquele olhar sutil do qual eu não estava acostumada. — Ainda consigo ver o olhar singelo da jovem do tribunal em você.
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  — Quem é você e o que fez com o Collins que eu conheço? — indaguei num tom de brincadeira, porém, fiquei levemente estática ao perceber mais um passo de aproximação vindo dele, mantendo minha atenção nele, ansiosa por seus próximos movimentos.
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  — Não sei… Ficar longe da Division esses três anos, ser um pai presente para o Nate, tudo isso me fez mudar em muitos aspectos. — Ele voltou seu olhar para fora também, parecia contemplar o céu estrelado.
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  Enquanto eu comecei a contemplá-lo de forma espontânea com meu coração pulsando mais forte e ávido.
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  — Coll… — o chamei, com a voz baixa.
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  — Sim? — Ele voltou seu olhar para mim, profundo e enigmático.
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  — Em algum momento você se arrependeu de ter me escolhido? — indaguei aleatoriamente, pois, lá no fundo, nem mesmo eu sabia o motivo de estar fazendo aquela pergunta, mas ansiava a resposta.
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  — Por quê? — retrucou ele.
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  — Curiosidade — expliquei, sendo a primeira coisa que me veio à mente.
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  — Em algum momento… — Ele elevou sua mão direita e tocou na mecha de cabelo que havia caído em meu rosto, colocando-a atrás da minha orelha. — Vai descobrir que não, eu não me arrependo…
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  Confesso que não sei o que deu em mim, menos ainda nos meus reflexos involuntários, contudo, meu corpo, agindo sem meu consentimento como uma atração magnética, tomou impulso e se jogou com leveza para cima de até que nossos lábios se encontraram. O que eu estava fazendo? Juro que não há explicações para tal ato de minha parte, apenas fechei meus olhos e senti sua aceitação com uma pitada de intensidade vindo de sua parte.
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  Se nosso fim de noite havia sido confuso e surpreendente a ponto de nos deixar perplexos na manhã seguinte, a proposta de Collins me acordando antes do sol sair para um treino surpresa foi ainda mais chocante. Meu tornozelo continuava longe de estar em melhores condições, porém, não negaria a oportunidade de socar aquele rosto lindo no café da manhã.
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  — Está descontando suas frustrações de adolescente em mim? Ou pretende fazer direito? — reclamou ele, ao me derrubar pela sexta vez com o mesmo golpe, enquanto prendia meus braços ao chão segurando meus pulsos. — Você não está prestando atenção.
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  — Engano seu. — Eu bufei ao tentar me soltar sem sucesso, então voltei meu olhar revoltado para o lado, aceitando a derrota temporariamente.
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  — Não deixe seu ponto fraco visível, não é por um tornozelo… — Ele soltou meus pulsos e tomou impulso para se levantar. — Você sabe fazer melhor que isso.
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  Eu aproveitei o segundo de distração dele e, ainda ao chão, lancei minha perna esquerda contra ele o desequilibrando, assim que o corpo de foi ao chão, eu me lancei contra ele e soquei sua cara, no impulso da raiva, deixando uma pontinha de sangue no canto da sua boca.
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  — Tem razão… — disse ao finalizá-lo, então ergui meu corpo e estiquei a mão para ajudá-lo a se levantar. — Eu sempre faço melhor.
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  Ele sorriu de canto e segurou a minha mão, se levantando com minha ajuda. No impulso do seu corpo erguido, Collins aproveitou o momento e me puxou para mais perto dele, deixando novamente nossos rostos bem próximos.
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  — Me impressionou — disse ele, quase em sussurro, deixando o clima um pouco mais denso entre nós.
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  — Tive o melhor treinador de todos — afirmei, ao elogiá-lo indiretamente.
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  É errado dizer que foi parcialmente constrangedor estar tão próxima dele daquela forma, após o beijo da noite anterior? Mas eu estava, ainda que externamente mantive meu olhar confiante, por dentro, meu corpo estremecido não conseguia reagir a intensidade do olhar dele, que acelerava meu coração. Seria tão mais fácil para mim se continuasse apenas o detestando pelas dores que me fez passar.
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  Se ele percebeu meu nervosismo interno, não sei, mas pouco a pouco continuou se aproximando até que parou seus lábios a milímetros de distância dos meus. Em um piscar de olhos, meu carrasco se afastou com tranquilidade, seguindo para os degraus que compunham a varanda da cabana. Pegando o rifle M4 SA-F02, que tinha trazido para fora por precaução, voltou o olhar para mim.
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  — Que tal mudarmos um pouco, quero ver como está sua pontaria — declarou, esticando o instrumento para mim.
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  — Jura? — Tentei controlar meu olhar de sarcasmo para ele. — Qual a parte do “eu sou a melhor” que você não entendeu?
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  — Está com medo de perder para mim? — instigou ele, com sua arrogância conhecida.
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  — Só não quero gastar munição à toa — argumentei, ao me aproximar de Collins e pegar o rifle de sua mão, então o provoquei. — Se quer me testar, não deveria ter pegado o Light Yagami… Pode acabar se ferindo.
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   deu um sorriso de canto, como se aceitasse o desafio, então, passando por mim, seguiu em frente.
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  — Vamos — disse.
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  — Tem certeza que não vão nos ouvir? — reforcei minha preocupação.
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  — Estamos a uma distância considerável, não se preocupe. — Sua confiança não me convenceu a princípio, porém, deixei passar o argumento.
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  Adentramos a floresta, ficando o mais próximo possível da cabana, onde passamos algumas horas entre o som da natureza à nossa volta, sendo embalado pela sequência de tiros que eu dava.
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  — Sabe de uma coisa, eu acho que você é quem deveria fazer isso — disse ao retirar a venda que ele tinha amarrado em minha cabeça para inibir minha visão, e  deixar o Yagami em cima de uma tora de madeira, já não aguentava mais e me dava por vencida. — É você quem ficou curtindo a aposentadoria, e certamente está fora de forma.
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  — Você acha? — Ele me confrontou com seu olhar sarcástico de quem confia em si mesmo. — Nem mesmo conseguiu acertar uma árvore vendada.
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  — Sim, eu acho. — Mantive meu questionamento.
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  Em um piscar de olhos, Collins se colocou em minha frente e, mantendo os olhos fixos nos meus, sem piscar, retirou sua 9mm da cintura e apontou para várias direções atirando. Ao mesmo tempo que meu coração paralisou com seus movimentos seguros e precisos, ele também acelerou com sua aproximação.
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  — Diga agora o que acha do aposentado? — perguntou ele, mantendo o sorriso de canto presunçoso.
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  Eu dei um passo para longe e virei meu olhar para as direções que ele atirou, constatando sua taxa de acerto de cem por cento em todos os alvos que tinha demarcado para mim.
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  — Convencido — sussurrei, não dando o braço a torcer.
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  Ele soltou uma gargalhada boba e se colocou ao meu lado.
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  — Este foi realmente o lugar em que se perdeu quando mais nova? — indagou, mantendo o tom baixo.
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  — Por que está voltando nesse assunto? — O olhei curiosa.
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  — Porque… — Seu olhar pareceu distante e reflexivo. — Foi aqui, em um dia nublado que estava correndo próximo ao perímetro três, que ouvi um grito ao longe… Quando me aproximei, avistei dois adolescentes aparentemente desacordados e machucados que tinham se perdido no meio da floresta… Quando a garota finalmente abriu os olhos, pela sua forma de andar, parecia ter deslocado o tornozelo, mancando enquanto tentava se apoiar em uma árvore.
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  — Era você? — Por essa eu não esperava.
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  Logo a lembrança do meu acidente no acampamento tomou conta da minha mente, eu e Vincent tínhamos discutido por ele ter perdido o mapa com as orientações que ganhamos no início da competição de duplas, o que significava que poderíamos chegar em último na caça ao tesouro. Seguimos pelo caminho errado e acabamos nos perdendo, após um pequeno acidente que nos fez descer rolando pela inclinação da floresta.
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  — Minhas vistas estavam embaçadas, mas eu me lembro de ter visto o vulto de alguém… — concluí voltando-me para ele. — Achei que fosse um animal selvagem na época, mas foi você, e então fez aquela trilha improvisada pra eu encontrar o acampamento.
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  — Se você diz. — Ele manteve um sorriso disfarçado no rosto e deu impulso para seguir em frente.
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  — Ei! Aonde pensa que está indo? — gritei.
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  — Precisamos voltar para a cabana, agora. — Alertou ele, continuando a caminhar.
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  — Como assim? — Eu voltei ao tronco e peguei o Yagami, desnorteada por sua revelação. — Como você me joga uma declaração dessas e depois sai como se nada tivesse acontecido?
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  Ele apenas ignorou meus gritos de questionamento e continuou seguindo em frente até chegarmos na cabana. Contudo, eu não me dei por vencida, queria saber a história toda.
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  — Então não foi pelos meus olhos, não é?! — indaguei ao entrar após ele, fechando a porta. — Você me salvou duas vezes…
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  — Faz diferença de quantas vezes foram? — Ele me olhou curioso por minhas indagações. — Fiquei aliviado quando soube que você não tinha morrido naquele massacre, mas angustiado por saber que havia sido acusada injustamente.
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  — Então você sabe quem fez aquilo? — Me aproximei dele, tentando entender tudo e não surtar com a realidade.
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  — Foi uma guerra de gangues, você estava no lugar errado na hora errada. — segurou a minha mão, demonstrando seu olhar incomum de empatia e ternura, o mesmo que fazia com seu filho.
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  — Eu não preciso da sua pena. — Me soltei dele, permanecendo séria em meu semblante.
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  — Eu nunca tive pena de você… — Ele se aproximou um pouco mais, deixando seu rosto bem próximo do meu. — Pelo contrário…
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  Eu nem mesmo consegui assimilar suas intenções, até que seus lábios tocaram os meus inesperadamente, fazendo meu corpo gelar de início se aquecendo gradativamente ao longo da intensidade que o permitia acrescentar.
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  — Babaca… — sussurrei ao sentir sua respiração próxima, mantive meus olhos fechados para não surtar com aquilo. — O que acha que está fazendo? Eu ainda vou te odiar depois disso.
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  — E quem disse que eu quero que me ame?! — Ele segurou em minha cintura me puxando para mais perto e me beijou novamente, com mais intensidade ainda.
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  Minha mente estava num misto de confusão que apenas me concentrei em sentir o calor que emanava de seu corpo, ao mesmo tempo que controlava meu coração acelerado. E quando achei que as coisas não poderiam ficar mais loucas, o som de tiro surgiu no meio de tudo, interrompendo o beijo.
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  — Hum… Acho que cortaram o nosso clima — disse ele, ao se afastar de mim, e piscar de leve.
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  — O que? — Tentei controlar minha cara embasbacada, assim que percebi que a cabana estava cercada de agentes.
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  Minha única reação àquilo, foi pegar o Yagami novamente e começar a atirar juntamente com , e parecia que nunca terminaria nosso confronto, com tiros, pancadaria e mais homens aparecendo por todos os lados.
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  — Você disse que teríamos dois dias! — Não consegui evitar meu tom raivoso para Collins, ao parar para retomar o fôlego, após abater o último homem ainda respirando. — O que é isso?
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  — Perece que eles aumentaram o perímetro — explicou ele, com serenidade como se não fosse nada, então pegou a arma de um deles que estava ao chão e me olhou. — Sinto muito pelo seu tornozelo, mas acho que não podemos esperá-lo.
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  — Claro que não, perdemos o elemento surpresa. — Continuei mantendo minha voz áspera, demonstrando minha insatisfação com seu erro de cálculo. — E o beijo foi o que? Achou que eu ficaria menos revoltada?
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  — Não exatamente. — Ele riu. — Foi porque estava com vontade mesmo.
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  Em meio ao silêncio da minha raiva, eis que uma voz surge do lado de fora, atraindo nossa atenção.
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  — COLLINS!!!! — Mais uma vez a voz do homem gritou o nome do meu agente carrasco.
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  Uma troca de olhares apenas para assentir o que nossas mentes já trabalhavam em sincronia, antes de sair pela porta parcialmente destruída, selecionamos os instrumentos julgados necessários. Ao sair, nos deparando com Scorpion parado em frente à cabana.
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  — Vai na frente, eu cuido dele — afirmou , certo de suas palavras, mantendo a atenção no inimigo.
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  — Fique com o Roronoa Zoro e cuide bem dele — disse ao entregar minha katana para Collins. — E não demore.
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  — Chegamos ao One Piece agora? — brincou ele, em provocação.
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  — Não demora. — Elevei mais a voz para ele, que bateu continência debochadamente.
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  Minha ordem final o fez rir discretamente, enquanto seguia em direção ao agente Alpha. Enquanto isso, eu me aproximei de um dos carros dos agentes que estava vazio e dei partida, seguindo na direção que ficava a agência demarcada no GPS do veículo. Chegando ao segundo perímetro, uma surpresinha me aguardava no meio do caminho, como se soubesse que eu passaria por aquela trilha. Parei o carro em frente a ela e, desligando o motor, desci com toda a segurança que possuía.
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  — Stone — disse seu nome, num tom mediano.
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  — Scar. — Ela manteve o olhar de falsa superioridade para mim. — Sabe que essa será a última vez que vamos nos enfrentar.
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  — Acredite, vou apreciar cada segundo até o seu último suspiro — assegurei à minha rival favorita.
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  Assim como eu me mantive parada concentrando minha força e pensamentos em como a venceria, Stone, em seu impulso descontrolado, correu para cima de mim com os punhos fechados. Consegui desviar dos dois primeiros socos, sendo acertada pelo terceiro, após socar sua barriga, ela tinha técnica, porém, sem nenhuma estratégia de defesa ou ataque contra um oponente. O pior é que nosso nível de força era exatamente igual, então eu teria que ser mais esperta e inteligente que ela, ao usar minhas habilidades.
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  — É só isso que a melhor tem para mim? — Ela riu, enquanto zombava de mim.
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  Na raiva, minha imprudência lançou a perna lesionada em sua cara a derrubando no chão, contudo, o impacto me fez sentir uma leve dor, que de imediato foi percebida por Stone. Trocamos mais alguns socos e chutes sincronizados, quando ela conseguiu me jogar contra o carro, o impacto do meu corpo senti os músculos latejarem, antes de chegar ao chão.
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  — Droga — disse ao cuspir um pouco de sangue no chão.
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  — É sério que ainda está aqui?! — A voz repentina de Collins, me fez paralisar por segundos. — Levante e termine logo com isso.
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  — Levantar?! — Stone me pegou pelos cabelos, levantando meu rosto. — Não vai sobrar nada da Scar.
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  Mais um soco e meu corpo foi ao chão novamente. Tudo em mim doía, até mesmo o meu orgulho parecia estar com uma enorme ferida. Quando foi que eu me deixei ser vencida com tanta facilidade? Rastejando no chão, procurando a força que um dia achei ter.
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  — Eu terei mesmo que intervir?! — Ouvi o grito de Collins.
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  Sendo seguido por uma gargalhada de Stone.
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  — Ela é minha — sussurrei, ao apoiar minhas mãos no chão, puxando o ar para meus pulmões.
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  — Você não consegue levantar, melhor agente… Terei que te matar como está. — Assim que ela se aproximou novamente com a arma engatilhada, me lembrei da manobra que havia feito com Collins e repliquei em minha rival.
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  Lançando minha perna boa nela, a desequilibrei, e no impulso do meu corpo, tomei a arma dela e apenas disparei sem pensar duas vezes. O corpo de Stone caiu ao chão no mesmo momento em que o meu terminou de se levantar.
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  — Eu disse que ela era minha. — Voltei meu olhar raivoso para Collins, que mantinha um sorriso presunçoso no canto do rosto.
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  — Acho que desta vez, quem demorou foi você — brincou ele, me provocando.
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  — Não me teste — o alertei, num tom bravo.
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  Bufei de leve e dei alguns passos mancando até o carro. Minha intenção era uma entrada triunfal, com explosões e tiroteio, entretanto, o estraga prazeres do queria algo mais silencioso e discreto. Assim, no silêncio do escritório da diretora, com a mesma concentrada na grande tela, cheia de janelas de câmeras e informações chegando para ela em tempo real, ela nos recebeu forçadamente para uma pequena reunião.
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  — Estou impressionada em como vocês dois conseguiram formar uma bela dupla, mesmo se odiando — comentou ela, ao perceber minha presença atrás dela, com a arma apontada para sua cabeça.
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  — Eu apenas vim pedir minha demissão — disse da forma mais simples que poderia.
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  — E eu achei que ela precisasse de uma companhia — alegou , ao encostar na parede ao lado da janela e colocar as mãos nos bolsos.
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  Huston riu, então se virou para me encarar.
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  — Demissão? Acha que este trabalho nos dá esta opção? — retrucou a mulher, não se intimidando pela arma apontada para ela.
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  — Não só acho como tenho certeza — assegurei com confiança. — Pode não estar com medo da gente, mas tenho certeza que tem medo das pessoas para quem presta contas.
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  — As pessoas para quem eu presto conta dariam um fim em vocês em menos de doze horas — informou ela, achando que iria nos amedrontar. — A Division não é qualquer agência.
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  — Nós já sabemos disso. — Collins a confrontou num tom seco e revoltado. — Vocês não prestam serviços ao governo, são meros mercenários que recebem dinheiro para tirar pedras do caminho de quem paga mais.
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  — Se é assim que vocês enxergam. — Ela riu com ar de sarcasmo.
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  — Você me fez matar uma mulher grávida. — A confrontei, trazendo a realidade à tona.
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  — Tem certeza que a matou? — Ela manteve sua imponência, então estalou os dedos como se anunciasse para alguém.
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  Assim a porta se abriu revelando dois agentes mercenários, arrastando alguém.
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  — Foi difícil detectar seu cúmplice, mas conseguimos — explicou ela, acenando com a cabeça para que um dos agentes elevasse o rosto do homem arrastado.
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  — Jung — sussurrei, tentando não me abater com o impacto da situação, ver meu novo amigo machucado e desacordado.
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  — O que você fez a ele? — indagou ao se afastar da parede e dar passos curtos para se colocar ao meu lado.
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  — O que eu faço a todos os traidores. — Suas expressões suaves me enjoavam ao mesmo tempo que enfurecia. — Mas não se preocupem, ele ainda não morreu.
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  — Você vai se arrepender por isso. — Eu engatilhei a arma, precisava do meu respingo de autocontrole para não estragar nossa negociação.
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  — O que vocês querem afinal? — indagou Huston, voltando o olhar para . — Se sabem a verdade sobre a Division… Os arquivos estão com você, não é? Os mesmos que Allison roubou. Não deveria ter acreditado quando disse que tinham sido destruídos.
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  — Agora chegamos ao ponto central da demissão da Scar. — Collins se pronunciou, com aquele olhar de quem estava no controle de tudo desde o início.
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  O que sempre me impressionava ao mesmo tempo que irritava.
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  — Não vamos te devolver os arquivos, mas sabemos o estrago que ele pode fazer, tanto para Division quanto para as pessoas que estão acompanhando essa conversa pelas câmeras e escutas — assegurou ele, com firmeza. — Mas é claro que você sabe que também é vigiada por eles dia e noite.
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  — E quer negociar o silêncio de vocês — constatou ela. — Estão loucos se acham que eles vão permitir que vivam para contar a história.
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  — Para ser honesta, seria o contrário, se não sobrevivermos é que a história será contada — revelei a ela, nosso plano original.
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  — Acredito que todos ganham mais se nos deixarem aposentar em paz — completou , voltando seu olhar para câmera mais próxima.
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  — Achei que estava aqui para me demitir e não me aposentar — brinquei de leve, arrancando risadas dele.
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  De repente, o telefone do escritório tocou, atraindo nossa atenção. Huston se afastou de nós com tranquilidade e atendeu a ligação, após trocar algumas frases curtas com respostas rápidas, ela colocou o aparelho no viva voz.
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  — Considerem-se aposentados — disse uma voz feminina do outro lado da linha. — Deixe que eles sigam suas vidas com seus familiares.
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  — Ah, o Jung também faz parte da lista de funcionários — adverti a eles, demonstrando que não sairíamos em dupla e sim em trio.
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  — Senhores? — indagou Huston, mediante a minha condição.
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  — Sem contestações. — Uma outra voz masculina deu a ordem final, encerrando a ligação.
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  — Considerem-se com sorte — disse Huston, com o olhar frustrado de quem perdeu a guerra.
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  — Você é quem deveria se considerar com sorte depois de tudo isso — disse ao se afastar de mim e apoiar Jung, para carregá-lo em suas costas.
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  — Te admiro, diretora Huston, por sua força e inteligência, mas seu grande erro foi não ter mantido sua palavra com o Collins — relatei suas falhas visíveis.
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  — Não. — riu. — O erro dela foi dar a lista com o nome do Nathaniel para você.
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  — Hmmm… — Eu ri, assentindo. — Errado ele não está.
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  Guardei a arma no bolso e segui para a porta juntamente com Collins. Melhor do que uma entrada triunfal com bombas explodindo e o prédio em chamas, era uma saída de sucesso pela porta da frente com todos os olhares em nossa direção. Assim que chegamos no carro, deu a partida e seguiu pela trilha principal para sair dos perímetros e chegar à cabana.
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  — E agora? Acabou? — perguntei, ao voltar meu olhar para ele.
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  — Quem disse que acabou? — Ele sorriu de canto. — Não foi você que disse que deveríamos destruir todos e não só fazer acordos?
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  — Mas nós demos a nossa palavra. — O questionei. — Se revelarmos ao mundo, vamos nos igualar a ela.
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  — E quem disse que precisamos revelar ao mundo? — A voz de Jung soou do banco de trás, com um tom animado.
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  — Jung?! — Eu me virei para ele, num suspiro aliviado. — Você está bem!
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  — E desde quando não estive. — Ele me lançou um sorriso travesso de quem tinha segredos escondidos debaixo do carpete.
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  — O que vocês dois sabem que eu não sei?! — Olhei para que se fez de inocente, e depois para o hacker.
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  — Enquanto vocês estavam em sua negociação, digamos que eu não estivesse totalmente desacordado — confessou ele, numa risada boba. — Consegui gravar as vozes que saíram na ligação e neste mesmo tempo ativei meu localizador para rastrear o ponto inicial.
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  — E conseguiu?!
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  — Mas é claro, afinal, sou o melhor hacker que vão conhecer. — Ele piscou de leve para mim, se sentindo o charme em pessoa. — Meu localizador apontou quatro pontos em regiões diferentes, dois na Europa, um na Ásia e o último aqui nos Estados Unidos.
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  — E estão considerando ir atrás deles? — indaguei, voltando a questão para Collins.
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  — Nós vamos atrás deles assim que estabelecermos nossa própria base — explicou ele, nossa necessidade atual para o início da parte dois do nosso plano de eliminação.
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  — Eu prometi a minha irmã que devolveria a vida dela, a liberdade deles. — O lembrei da necessidade de tudo aquilo acabar.
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  — E você acha que teremos paz enquanto a Division existir? — retrucou , me chamando à razão enquanto se atentava ao caminho. — Imagine que daqui três anos eles mandem novos agentes alpha para nos exterminar, você sabe tanto quanto eu que se os arquivos vazarem para o mundo, a única que será exposta é a Huston.
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  — Tenho por mim que não é tão difícil encontrar outra pessoa para o cargo — comentou Jung, ao entrar na conversa, à medida que saboreava o pacote de salgadinho que achou atrás do banco.
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  — Você sabe que nós dois juntos pode ser perigoso — questionei, trazendo a realidade à tona.
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  — Então é melhor eles continuarem com medo. — piscou de leve ao olhar para mim pelo retrovisor.
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  Sim… Ainda não tinha acabado, mas essa…
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  Essa será outra história!
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Obrigada, amor
  Eu devo tudo isso a você
  Me deixou toda bagunçada
  O amor dele é o meu favorito
  Mas nós juntos, infelizmente, pode ser perigoso.
  – Kill This Love / BLACKPINK

  “Força: Não é o que temos que nos define, e sim como nos levantamos após uma queda.” – Pâms.

Fim

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Lelen
Admin
1 ano atrás

Eu tô bem confusa com o que aconteceu com a principal JAIODHOASIHDOAIS
COLLINS, EU PRECISO DE EXPLICAÇÕES, PARA DE SER CHATO E RESPONDEEEE!
Eu muito imaginei o Collins como o Lee Soo-hyuk em Tomorrow, eu não ia com a cara dele no começo da história, mas depois ele foi conquistando espaço HAHAHAH
Vamos ver como vai ser com o Matt (a íntima) nos próximos capítulos.

ANSIOSA PELO RESTO (e quando digo ansiosa, quero dizer ANSIOSA MESMO kkkkk)

Liv
Liv
1 ano atrás

Gente, que babado! Tô curiosa pra saber como que eles “resgataram” ela, e será que a pp vai conseguir provar a própria inocência da sua “primeira” vida?

Lelen
Admin
1 ano atrás

AMEI A REFERÊNCIA OPASNDPAOSNDPASD

Lelen
Admin
1 ano atrás

Eu ainda continuo olhando torto pro Collins, tô julgando mesmo HAHAHAHHA
E QUERO SABER QUEM É O PRIMEIRO ALVO! Mas ela não vai saber o motivo das mortes? EU QUERO SABER OS MOTIVOS HAHAHAH HELP
Agora o jogo vai começar de verdade <3

Lelen
Admin
10 meses atrás

Pra mim Collins já virou o Lee Soo-hyuk na minha cabeça, então é isso HASOIDHASOD
EU TÔ OFENDIDA, CRIANÇA É COVARDIA, MEU POVO!
Nonononono. Bora saber o que raios rolou com nosso agente e por que sa doida quer a cabeça de uma criança QUE TEVE NEM TEMPO PRA SE CORROMPER DIREITO. Olha só, senhora. Veja bem. O tiro pode sair pela culatra (tô esperando mais é que saia, viada) a não ser que isso aqui vire Fullmethal Alchemist e a criança seja igual o Selim
Bora, quero att pra saber wtf tá rolando, MIMDÊ!

Lelen
Admin
9 meses atrás

Aff maria, quanta informação nesse capítulo, socooorroooo NASSDNASOPDNP
Mas tivemos algumas respostas e eu tô morrendo com o Nathaniel, coisa mais preciosa <3 EU vou entrar nessa história pra acabar com a raça da Huston se ela não parar com essa palhaçada contra o menino, teje dito.
Meu Matt Soohyuk tá mara com esse lado pai, me atingiu aí HAHAHAHAH
AGORA BORA PRO FOGO NO PARQUINHO QUE EU TÔ AQUI PELO ESTRAGO! Mas quero um final feliz, pelamor, obrigada, de nada HEHEHHEEHEH

Lelen
Admin
9 meses atrás

LIBERDADE, ENFIM!
Eu fico no aguardo da “outra história” com a retaliação desses dois, também aceito uns spin offs com a história do Jung (AMEI ESSE MENINO, PQP, MIMDÁ ELE PRA EU CUIDAR <3); a história do acampamento/Violet perdida na floresta; o depois do fim, com o que aconteceu com a família da irmã da pp + Nathaniel (NENÉM MAIS LINDO).
Ok, no final o Collins ganhou meu coração, o senhor agente rabugento se mostrou muito de coração puro e eu amei conhecer esse outro lado dele <3
Posso ficar esperando uma pequena continuação com esse final de vingança? HEHEHEHEH


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