Primeiro Capítulo:
Busan, Coreia do Sul Janeiro de 2025:
voltou a ajeitar o rabo de cavalo, prendendo-o com mais força, e então terminou de colocar o relógio no pulso, configurando-o conforme precisava. Inspirou fundo, sentindo o cheiro reconfortante de café recém-passado que preenchia a pequena cozinha.
Com passos leves, foi até o balcão, onde a sua caneca favorita – branca com pequenas flores desenhadas à mão – já estava à espera. Despejou o líquido quente e observou a fumaça subir, acompanhada pelo som do gotejar que ainda vinha da cafeteira.
Enquanto tomava o primeiro gole, deixou o olhar vagar pela janela. Lá fora, o céu matinal de inverno estava tingido de cinza claro, prometendo um dia frio, mas não o suficiente para impedir sua caminhada diária. Era seu momento favorito, quando a cidade ainda parecia acordar preguiçosamente.
Deu um pequeno sorriso ao perceber que o pássaro que sempre pousava no parapeito estava lá novamente, bicando uma migalha esquecida da noite anterior.
— Você é tão pontual quanto eu — murmurou, como se o pequeno visitante pudesse ouvir.
Depois do café, foi até o quarto e começou a se vestir. Escolheu uma blusa térmica de mangas compridas, preta, e uma calça de moletom confortável que não a impediria de se mover. Pegou o casaco pendurado no encosto da cadeira e verificou os bolsos para se certificar de que tinha tudo:
os fones de ouvido, o celular e um pacote pequeno de lenços. Na cozinha novamente, preparou uma garrafa com água e verificou o cronograma no celular – o alarme do relógio já estava ajustado para não se perder na caminhada. Com tudo pronto, amarrava os tênis com firmeza enquanto pensava no trajeto de hoje.
Antes de sair, olhou para o espelho na entrada. Era um hábito quase involuntário, uma última checagem. As bochechas estavam levemente rosadas pelo frio, e havia algo tranquilizador no reflexo simples, descomplicado. gostava dessa simplicidade nas manhãs.
Pegou as chaves e abriu a porta. A brisa fria a cumprimentou de imediato, arrepiando a nuca. Ajustou o volume da música nos fones e, enquanto descia os degraus do prédio, sorriu ao pensar no silêncio que a esperava nas ruas quase vazias.
Era a sua rotina, o momento onde tudo fazia sentido – a caminhada, o ar fresco e a promessa de um novo dia.
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Do outro lado da cidade, desligou o despertador com um leve resmungo. A luz suave do sol da manhã já atravessava as cortinas parcialmente abertas do quarto, iluminando o espaço organizado e minimalista. Sentando-se na beira da cama, ele passou as mãos pelos cabelos bagunçados e respirou fundo, deixando o silêncio da manhã embalar seus pensamentos.
Antes de qualquer coisa, alcançou a pequena bolsa de couro que mantinha sempre ao lado da cama. Dentro dela, estavam o glicosímetro, as tiras de teste e a lanceta. Era um ritual que seguia religiosamente todas as manhãs – medir a glicose antes de começar o dia.
Preparou o glicosímetro com movimentos quase automáticos, fruto da prática diária. Limpou a ponta do dedo com o álcool, pressionou o dispositivo e sentiu o pequeno desconforto da picada. Uma gota de sangue preencheu a tira, e ele aguardou enquanto a tela carregava o resultado.
“112.” Um número dentro da meta. Ele exalou aliviado, com um pequeno sorriso de satisfação. Ter a glicose controlada sempre o fazia começar o dia mais tranquilo. Guardou os materiais com cuidado, anotou o resultado no aplicativo do celular e seguiu para a cozinha.
No caminho, passou a mão pela nuca, tentando despertar de vez. A cozinha era compacta, mas bem iluminada, e o cheiro suave do chá que ele preparara na noite anterior ainda pairava no ar. encheu um copo de água e tomou calmamente, como sempre fazia para hidratar o corpo antes do café da manhã.
Depois, preparou algo leve: uma torrada integral com um pouco de abacate amassado, uma pitada de sal e limão. Era o suficiente para garantir energia antes da caminhada. O café, sempre descafeinado e com adoçante, foi servido na caneca azul que sua irmã lhe dera de presente.
Comendo devagar, observou a janela em frente à mesa. Apesar do dia frio, o céu estava claro, e o sol tentava tímido aquecer a cidade. Pensou brevemente no trajeto da caminhada de hoje. Gostava de explorar diferentes ruas, mas sempre retornava aos mesmos lugares familiares – havia uma paz especial em ver as mesmas árvores, os mesmos rostos de vez em quando.
Depois de comer, foi até o quarto para trocar de roupa. Escolheu uma camiseta de manga longa ajustada ao corpo e uma calça de moletom confortável. Colocou um gorro preto para proteger as orelhas do frio e conferiu no celular o nível de açúcar novamente, garantindo que estava pronto para começar o dia sem surpresas.
Pegou a mochila pequena onde sempre carregava água, um lanchinho de emergência e o medidor de glicose, caso precisasse no meio do caminho. Checou tudo mais uma vez antes de sair.
Ao abrir a porta do apartamento, sentiu o frio do inverno tocar seu rosto, e uma sensação de renovação o envolveu. Era isso que mais gostava nas caminhadas matinais – a liberdade, a tranquilidade e a promessa de um novo começo a cada dia.
Com os fones no ouvido e a música baixa o suficiente para ainda ouvir os sons da cidade, ele deu os primeiros passos, seguindo a mesma rota que conhecia bem. Mal sabia ele que, naquela manhã, o caminho seria diferente – porque estava prestes a cruzar com alguém que tornaria sua rotina ainda mais especial.
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trancou a porta de casa e verificou duas vezes se estava bem fechada – um hábito que nunca conseguia evitar. Com a bolsa a tiracolo e os fones ainda no pescoço, desceu os degraus do prédio com passos apressados, já sentindo o frio da manhã tocar seu rosto.
Seu carro estava estacionado na vaga habitual, com uma fina camada de gelo cobrindo os vidros. Ela suspirou, pegando o raspador no porta-malas para remover o gelo antes de poder sair. Enquanto fazia o trabalho meticuloso, notou como o silêncio da manhã parecia mais denso, quase como se a cidade ainda estivesse preguiçosa para despertar.
Depois de terminar, entrou no carro, esfregando as mãos para aquecê-las antes de ligar o motor. O rádio ligou automaticamente, tocando uma música suave de fundo, mas rapidamente o desligou, preferindo o som do silêncio e o ronco do motor.
Conferiu o horário no painel – tinha tempo suficiente para chegar ao parque antes de os primeiros corredores matinais começarem a encher o lugar. Aquilo era parte do que mais amava na rotina de caminhar: o momento em que a cidade ainda estava tranquila, onde ela podia sentir como se o mundo fosse só dela.
O trajeto até o parque não era longo, mas ela gostava de observar a cidade pelo caminho. As lojas com suas fachadas coloridas ainda fechadas, as poucas pessoas andando apressadas pelas calçadas, talvez atrasadas para o trabalho ou escola. Havia algo quase poético em ver Busan despertar aos poucos.
Quando chegou ao parque, estacionou perto de uma das entradas principais e desligou o carro. Observou a paisagem à frente enquanto retirava as chaves da ignição. Mesmo em pleno inverno, o parque mantinha uma beleza única. As árvores estavam despidas de folhas, mas ainda assim erguiam-se com imponência, criando um cenário sereno e convidativo.
Pegou a garrafa de água e colocou os fones de ouvido, ajustando a música para algo leve e animador. sempre começava a caminhada ouvindo suas playlists favoritas, mas eventualmente acabava tirando os fones para se perder nos sons naturais do parque: os pássaros, os passos suaves de outros visitantes, o vento leve balançando os galhos das árvores.
Ao cruzar os portões do parque, inspirou profundamente o ar frio e sorriu para si mesma. Esse era o momento que ela mais esperava do dia – o instante em que o mundo parecia se alinhar perfeitamente. Ajustando o relógio novamente para monitorar os passos e a distância percorrida, ela começou sua caminhada, sem imaginar que, naquela manhã, algo – ou alguém – cruzaria seu caminho de forma inesperada.
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ajeitou o gorro mais uma vez antes de sair do prédio. O ar frio da manhã o envolveu imediatamente, fazendo-o esfregar as mãos para se aquecer. Ele gostava dessa sensação – o contraste entre o ar gelado e o calor que seu corpo produzia conforme caminhava.
Sua rotina normalmente começava com um trajeto a pé até o parque da cidade. Embora pudesse pegar o ônibus ou até dirigir, ele preferia sentir o chão sob os pés, o som das ruas e o movimento gradual da cidade ao seu redor. A caminhada até o parque era como um aquecimento para o que viria depois.
O caminho era familiar. Passava por uma padaria que sempre exalava o cheiro de pães recém-assados, fazendo seu estômago roncar levemente, mesmo depois do café da manhã. Sorriu ao ver o dono da loja limpando a calçada, como fazia todas as manhãs.
– Bom dia! – cumprimentou, erguendo a mão.
– Bom dia, ! Caminhada de sempre? – o senhor respondeu com um aceno amigável.
– Sempre – disse ele, continuando seu trajeto.
Enquanto caminhava, sentiu o celular vibrar no bolso e o pegou para verificar. Era uma notificação do aplicativo de controle de glicose, lembrando-o de fazer outra medição após o exercício. Ele sorriu de leve, sabendo que já estava preparado. Aquele tipo de cuidado fazia parte de sua vida, mas nunca o incomodara. Pelo contrário, ele o via como um lembrete constante de cuidar de si mesmo.
Ao se aproximar do parque, o cenário começou a mudar. As ruas movimentadas deram lugar a árvores altas e caminhos de pedras que conduziam à entrada principal. O parque era um dos lugares favoritos de – um refúgio no meio da cidade, onde ele podia se desconectar de tudo e apenas estar presente.
Chegando à entrada, parou por um momento, respirando fundo e enchendo os pulmões com o ar fresco. Estava mais frio do que de costume, mas ele sabia que logo o exercício o aqueceria. Começou a caminhar pelo parque, passando pelas trilhas já familiares, mas apreciando cada detalhe como se fosse a primeira vez.
Enquanto seguia pelo caminho principal, ouviu o som leve de passos mais à frente, ritmados e firmes. Ele não prestou muita atenção no início – o parque sempre tinha outros caminhantes pela manhã. Mas, por alguma razão, aquele som pareceu se destacar. continuou andando, sem saber que, em poucos minutos, cruzaria o caminho de alguém que mudaria sua rotina – e talvez até mais do que isso.
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estava em seu ritmo habitual, com passos firmes e regulares, sentindo o corpo aquecer conforme se movia. O parque estava tranquilo naquela manhã, com poucas pessoas passando pelas trilhas. O som suave da música nos fones a ajudava a se manter focada, mas, de repente, sentiu algo estranho no pé.
A cada passo, um leve desconforto a incomodava. “Deve ser uma pedra,” pensou, suspirando. Reduziu a velocidade até parar próximo a um banco de madeira. Retirou um dos fones de ouvido e se apoiou no banco para olhar a sola do tênis.
– Ah, ótimo – murmurou ao ver a pedra firmemente presa em uma das ranhuras do solado.
Ela tentou puxá-la com os dedos, mas a pedra parecia ter decidido ficar ali para sempre. Frustrada, começou a cutucar o solado com a unha, mas não adiantou muito.
Enquanto estava distraída com seu tênis, vinha caminhando pelo mesmo caminho. Ele já estava imerso na trilha, os passos constantes e a respiração controlada. Quando avistou parada e inclinada sobre o tênis, ele diminuiu o ritmo, observando a cena por um momento.
Ela parecia estar realmente concentrada no que fazia, mas também claramente frustrada. hesitou por um segundo, se perguntando se deveria oferecer ajuda. Decidiu que não custava nada perguntar.
— Está tudo bem? — sua voz soou suave, mas o suficiente para chamar a atenção de .
Ela levantou o olhar, um pouco surpresa, vendo o rapaz parado a poucos passos dela. Ele usava roupas esportivas e parecia ser mais alto do que ela imaginava à primeira vista.
— Ah, sim, tudo bem — respondeu, meio sem jeito. — Só… tem uma pedra presa aqui, e eu não consigo tirar.
sorriu levemente e deu um passo à frente.
hesitou por um instante, mas acabou assentindo.
— Claro, se não for incomodar…
Ele se abaixou, ficando de joelhos à sua frente, e pegou o tênis dela com cuidado. Observou a pedra presa na sola e puxou um pequeno canivete do bolso do moletom.
— Sempre trago isso comigo. Nunca se sabe quando vai precisar — explicou, abrindo o canivete.
sorriu, surpresa com a praticidade dele.
— Parece que você estava preparado para salvar o dia.
— Talvez seja sorte sua que eu passei por aqui — disse ele, em um tom descontraído, enquanto trabalhava para remover a pedra.
Depois de alguns segundos, ele conseguiu soltá-la, segurando o pequeno pedaço de pedra na mão antes de jogá-lo para o lado da trilha.
— Pronto, problema resolvido — disse, levantando-se e sorrindo.
— Obrigada – respondeu , ajustando o tênis no pé. — Eu provavelmente teria ficado aqui tentando por um bom tempo.
— Bom, agora você pode continuar sua caminhada sem desconforto – disse, enfiando o canivete de volta no bolso.
sorriu, estendendo a mão.
— Sou , aliás. Obrigada novamente.
Ele apertou a mão dela, o sorriso no rosto aumentando levemente.
— . Foi um prazer ajudar, .
Eles ficaram ali por um momento, ambos em silêncio, até que puxou os fones de ouvido de volta.
— Bem, nos vemos por aí, .
— Com certeza. Boa caminhada – respondeu ele, enquanto ambos retomavam seus caminhos, ainda sem saber que aquele pequeno encontro seria o primeiro de muitos.
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Após o breve encontro, voltou a caminhar, ajustando os fones de ouvido e retomando seu ritmo habitual. Seus passos eram rápidos e firmes, aproveitando o frescor do ar e o som suave da música que preenchia seus ouvidos. O desconforto da pedra havia desaparecido, e agora ela podia se concentrar completamente na trilha, apreciando a vegetação que cercava o caminho e o leve movimento do parque.
Enquanto isso, seguiu em um ritmo mais calmo, com as mãos nos bolsos e o olhar vagando pelas árvores e pelos caminhos ao seu redor. Ele gostava de absorver cada detalhe, observando as folhas caindo e os pequenos esquilos que passavam correndo. Embora estivesse acostumado com aquele cenário, algo naquela manhã parecia diferente. Ele percebeu que, de tempos em tempos, seus pensamentos voltavam para e o breve encontro que haviam compartilhado.
Os dois seguiram suas rotinas de forma independente. completou sua volta habitual pelo parque, passando pelo pequeno lago onde algumas crianças jogavam migalhas de pão para os patos. , por sua vez, seguiu por uma trilha lateral que o levava a um ponto alto, onde ele gostava de parar por alguns minutos para contemplar a vista da cidade ao longe.
Quando concluiu sua caminhada, ela caminhou tranquilamente em direção à saída do parque, sentindo os músculos relaxados e o corpo aquecido pelo exercício. Ao se aproximar da porta, tirou os fones de ouvido, deixando o som ambiente ocupar o lugar da música.
Foi quando ela o viu novamente. vinha descendo pela trilha principal, com os passos largos e o olhar tranquilo. Ele parecia não tê-la notado de imediato, mas quando seus olhos se encontraram, um pequeno sorriso surgiu em seus lábios, e ele deu um aceno discreto com a cabeça.
— Oi de novo — disse , parando perto do portão.
— Parece que terminamos ao mesmo tempo — respondeu , parando ao lado dela.
olhou ao redor, notando o movimento tranquilo do parque àquela hora da manhã.
— Você sempre vem a essa hora? — perguntou, mais por curiosidade do que qualquer outra coisa.
— Quase sempre. Gosto de caminhar antes que o dia fique muito corrido — respondeu ele. — E você?
— É meio novo para mim. Comecei há algumas semanas. Acho que estou pegando o jeito — disse, sorrindo levemente.
Por um momento, o silêncio entre eles foi preenchido pelo som dos pássaros e do vento balançando as árvores. Era confortável, sem a necessidade de palavras para preenchê-lo.
— Bom, talvez nos encontremos mais vezes por aqui — disse, finalmente quebrando o silêncio.
— Talvez — respondeu , com um tom leve e descontraído.
Ambos seguiram em direções opostas: em direção ao estacionamento, onde seu carro a aguardava, e , caminhando de volta para casa. Mas, mesmo enquanto se afastavam, ambos não puderam deixar de sentir que aquele encontro matinal tinha sido especial – o tipo de momento que talvez pudesse mudar a rotina de suas caminhadas para sempre.
Curiosidade: Resolvi fazer uma fic com o querido do Soobin pois ele é o bias da minha querida beta (:
Segundo Capítulo:
se espreguiçou na cama quando o relógio despertou às 06 da manhã, ele verificou rapidamente as notificações, mas ainda não havia nada importante, especialmente com relação às notificações do trabalho que ele havia sido recém contratado.
tinha sido contratado recentemente por uma pequena
startup de tecnologia, focada em desenvolver aplicativos móveis para melhorar a acessibilidade digital, especialmente para pessoas com necessidades especiais. Seu cargo era de desenvolvedor de software, o que envolvia principalmente a programação de interfaces de usuário e a criação de sistemas que tornassem o uso de aplicativos mais intuitivo e acessível.
Embora fosse formado na área da tecnologia , essa nova oportunidade representava uma mudança significativa na sua carreira. Antes, ele trabalhava como
freelancer, fazendo projetos pequenos para clientes diversos, mas a perspectiva de trabalhar em um time com uma missão tão nobre o havia atraído. Ele acreditava profundamente no impacto que a tecnologia poderia ter na vida das pessoas, e o fato de seu trabalho ser voltado para ajudar aqueles que enfrentam dificuldades no mundo digital era algo que realmente lhe dava propósito.
gostava do desafio de criar algo inovador. No seu trabalho diário, ele passava horas programando, testando funcionalidades, ajustando códigos e buscando sempre formas de melhorar a experiência do usuário. Embora a programação fosse um campo solitário, ele gostava da sensação de estar contribuindo para algo maior. As reuniões com os outros membros da equipe eram produtivas e rápidas, sem perder a qualidade do trabalho. Ele sentia que, aos poucos, estava se encaixando na dinâmica do lugar.
Mesmo sendo novo na empresa, já demonstrava grande potencial, impressionando seus colegas com a habilidade de resolver problemas técnicos de forma criativa. Ele não era de falar muito, mas suas contribuições sempre foram valiosas. E, mesmo nos primeiros dias, percebeu que, com seu trabalho, poderia realmente fazer a diferença.
Com um último bocejo, ele se levantou da cama e se dirigiu ao banheiro. O café da manhã seria simples, como sempre. Ele preferia não perder muito tempo com isso, até porque o trabalho exigia que estivesse sempre focado e com energia. Enquanto se preparava para o dia, uma pequena parte de sua mente se voltou à caminhada matinal no parque. O encontro casual com estava fresco em sua memória, como algo que ele ainda não sabia bem o que significava, mas que de alguma forma mexeu com ele.
Após o café, vestiu-se rapidamente com sua roupa casual de trabalho – algo confortável, mas ainda profissional. Ele conferiu novamente seu celular, observando as mensagens do grupo de trabalho e algumas notificações mais pessoais, mas nada que pudesse atrasá-lo. O trabalho seria intenso naquele dia, com algumas reuniões e tarefas de programação, então ele precisava estar preparado para os desafios.
Com a mochila nas costas e um café térmico em mãos, saiu de casa, pronto para mais um dia que, ele imaginava, seria como tantos outros. No entanto, o pensamento sobre pairava em sua mente, curioso sobre se a vida dele tomaria um rumo diferente de alguma maneira – ou se aquela caminhada matinal seria apenas uma memória passageira.
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acariciou rapidamente a cabeça do felino depois de finalmente conseguir lhe aplicar a injeção e então virou-se para a dona do mesmo que a encarava, agora com um olhar mais tranquilo.
Ela suspirou levemente, satisfeita por ter conseguido. Sabia que alguns animais não reagiam bem a injeções, e aquele gato em particular havia se mostrado um pouco arredio no início, mas com paciência e delicadeza, ela conseguiu acalmá-lo o suficiente para concluir o procedimento sem maiores dificuldades.
— Pronto, foi rápido, né? Ele se comportou bem no final. — disse, sorrindo de forma profissional, enquanto retirava as luvas descartáveis e as jogava no lixo ao lado da bancada.
A mulher assentiu, aliviada.
— Sim… Ah, muito obrigada, doutora! Eu sempre fico nervosa quando preciso trazer o Jongi para tomar injeção. Ele odeia veterinários, mas você foi tão paciente… Acho que até ele percebeu.
sorriu, pegando a ficha do gato para anotar os últimos detalhes do atendimento.
— Às vezes, eles só precisam sentir que não vamos machucá-los de verdade. Mas ele está bem, não precisa se preocupar. Só fique atenta nos próximos dias para garantir que ele não tenha nenhuma reação à medicação.
A senhora pegou o gato nos braços, acariciando-o com ternura.
— Você realmente tem um jeito especial com os animais. Estou feliz por ter trazido ele aqui.
apenas sorriu, sentindo-se genuinamente satisfeita. A parte técnica do seu trabalho como veterinária sempre foi importante, mas eram momentos como aquele – ver a confiança das pessoas e o alívio por saberem que seus bichinhos estavam em boas mãos – que faziam tudo valer a pena.
Depois de se despedir da cliente e ver a mulher sair com Jongi devidamente acomodado na caixa de transporte, soltou um suspiro leve e voltou para a bancada para organizar os materiais usados. O dia ainda estava apenas começando, e ela sabia que muitas consultas ainda viriam, mas momentos como esse sempre a lembravam do porquê de ter escolhido aquela profissão.
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O escritório da
Neosync Tech era moderno, iluminado por grandes janelas que deixavam a luz natural entrar. O espaço era organizado em estações de trabalho abertas, promovendo colaboração entre os funcionários. gostava do ambiente: era silencioso o suficiente para que ele pudesse se concentrar, mas também dinâmico, com colegas sempre discutindo ideias e soluções inovadoras.
Assim que chegou, colocou sua mochila ao lado da mesa e ligou o computador. A primeira coisa que fez foi conectar-se ao sistema interno da empresa e abrir a agenda do dia. Havia uma reunião com a equipe de design para alinhar algumas mudanças na interface do aplicativo que estavam desenvolvendo. Antes disso, porém, precisava revisar algumas linhas de código e testar uma nova funcionalidade que havia programado na noite anterior.
Enquanto esperava o ambiente de testes carregar, pegou sua caneca de café e tomou um gole, sentindo o líquido quente lhe dar a energia necessária para o dia.
08:30 – Revisão de código ajustou os óculos e começou a revisar o código-fonte da aplicação. Seu trabalho principal envolvia
desenvolver interfaces acessíveis para usuários com dificuldades visuais e motoras, garantindo que o aplicativo funcionasse bem para todos. O desafio era tornar a navegação mais intuitiva, com
comandos por voz e botões adaptáveis.
Ele rodou alguns testes, observando atentamente os logs no terminal. Pequenos erros de compatibilidade surgiam aqui e ali, mas nada que ele não pudesse corrigir rapidamente. Programação era assim:
tentativa e erro, ajuste e recomeço.
10:00 – Reunião com a equipe Assim que o horário da reunião chegou, se dirigiu à sala de conferências. Havia cerca de sete pessoas ali, incluindo designers e outros desenvolvedores. No telão, os wireframes da nova versão do aplicativo estavam expostos, e cada um discutia sua parte no projeto.
— Precisamos otimizar os botões de navegação para telas menores. Alguns usuários relataram dificuldade em acessá-los em celulares mais antigos — disse um dos designers.
— Eu posso ajustar isso no código e aumentar o tamanho das áreas clicáveis — sugeriu , anotando mentalmente o que precisava ser feito.
A conversa seguiu produtiva, e, ao final, ele saiu com uma lista de ajustes para implementar nas próximas horas.
11:30 – Programação e ajustes De volta à sua mesa, mergulhou novamente no código. Ele gostava da lógica por trás da programação, da maneira como cada linha escrita fazia parte de algo maior. A cada ajuste que fazia, testava imediatamente, garantindo que tudo estivesse funcionando perfeitamente.
Enquanto trabalhava, percebeu uma notificação piscando no canto da tela. Era uma mensagem de um colega da equipe:
“, você pode revisar essa função? Tá dando erro em alguns dispositivos.” Ele abriu o arquivo compartilhado e começou a analisar o problema, imerso no desafio.
O tempo passou rapidamente. Ele só percebeu que estava sentado há tempo demais quando sentiu uma leve rigidez nas costas. Esticou os braços, tirou os óculos e esfregou os olhos por um instante. Seu dia ainda estava longe de terminar, mas ele gostava daquela rotina. Era cansativo, sim, mas no fundo, sabia que estava contribuindo para algo importante.
E, entre uma linha de código e outra, vez ou outra, sua mente voltava para aquela manhã no parque. Para a garota que conheceu.
. Ele ainda não sabia por que aquele encontro breve o marcou tanto, mas talvez descobrisse com o tempo.
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A clínica veterinária onde trabalhava não era muito grande, mas era bem equipada e sempre movimentada. Logo que terminou o atendimento do gato siamês, ela foi até a pia para lavar as mãos e pegou sua prancheta para checar a agenda do dia. Consultas, vacinas, exames de rotina e até uma pequena cirurgia estavam programadas. Como sempre, não teria um minuto de descanso.
08:30 – Atendimento de rotina
A primeira consulta da manhã era com um golden retriever chamado Max. Ele estava ali para um check-up geral e, assim que entrou na sala, abanou o rabo animadamente. se abaixou para cumprimentá-lo, passando a mão pelo pelo dourado do cão.
— Bom dia, Max! Como você está hoje? — disse ela, enquanto o cachorro lambia sua mão.
O dono riu, segurando firme a coleira.
— Ele adora vir aqui. Acho que sabe que você sempre dá petiscos no final da consulta.
sorriu. Ela tinha esse hábito, e sabia que fazia diferença na experiência dos animais. Durante a consulta, verificou os olhos, os ouvidos, os dentes e auscultou o coração do golden, anotando tudo com atenção. Felizmente, Max estava saudável.
— Tudo certo com ele! Apenas continue com a alimentação balanceada e bastante exercício — explicou, anotando as últimas observações.
Depois de receber um petisco e um carinho extra, Max saiu da sala com o dono, animado como sempre.
10:00 – Exames em um gato idoso
O próximo paciente era um gato idoso chamado Oliver. Ele vinha apresentando fadiga e perda de apetite, então seria necessário fazer alguns exames.
— Ele tem dormido o dia todo e quase não quer comer — explicou a dona, preocupada.
pegou Oliver com cuidado, sentindo o corpinho magro nos braços.
— Vamos fazer um exame de sangue e um ultrassom, só para garantir que está tudo bem. Mas fique tranquila, vamos cuidar bem dele — disse com um tom tranquilizador.
Após colher o sangue e iniciar os exames, fez carinho no felino, tentando acalmá-lo. Enquanto esperava os primeiros resultados saírem, ela organizou os papéis e preparou os próximos atendimentos.
12:00 – Pequena cirurgia
No início da tarde, foi até a sala de cirurgia para um procedimento simples: a remoção de um pequeno tumor benigno em uma cadela idosa chamada Lua. O veterinário cirurgião da clínica conduziria o procedimento, mas ficaria responsável pelo monitoramento e pela aplicação da anestesia.
Com os equipamentos preparados e a cadela sedada, ela acompanhou cada detalhe, verificando os sinais vitais e garantindo que tudo ocorresse conforme o esperado. Após a retirada do tumor e a sutura, a cirurgia terminou sem complicações.
— Ela vai se recuperar bem. Só precisará de repouso e acompanhamento nos próximos dias — explicou à dona de Lua, que aguardava ansiosa.
A mulher sorriu aliviada, agradecendo várias vezes.
14:30 – Momento de pausa
Depois de várias horas seguidas de trabalho, finalmente conseguiu um tempinho para respirar. Foi até a sala dos funcionários, pegou uma garrafa de água e se sentou por alguns minutos.
Enquanto bebia, seu olhar vagou para o celular. Seu dia tinha sido tão corrido que ainda não tinha parado para pensar no encontro daquela manhã. .
Ele apareceu em sua mente por um instante – o jeito tranquilo, a forma como a ajudou com o tênis, a conversa breve, mas surpreendentemente natural. Ela se perguntou se voltaria a vê-lo.
Mas, antes que pudesse pensar muito sobre isso, ouviu seu nome ser chamado. Mais um paciente a aguardava, e ela sabia que ainda teria muito trabalho até o fim do dia.
Com um último gole de água, se levantou e seguiu para mais uma consulta, deixando a lembrança daquele encontro guardada em algum canto da mente, sem saber que, mais cedo do que imaginava, seus caminhos voltariam a se cruzar.
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Fez um rabo de cavalo no alto da cabeça e sentou-se na beirada da cama para calçar o tênis. Assim que o fez, colocou o relógio no pulso e conferiu a pochete, tudo estava lá: as chaves do apartamento, o celular, documentos e o celular.
Fechou a janela do quarto e saiu dele logo em seguida. Adentrou a cozinha e pegou sua garrafa de água, logo em seguida pegou os fones sobre o balcão e terminou de fechar o lugar. Quando o fez, sentiu-se pronta para começar sua caminhada.
Durante o caminho para o parque, é claro que ela pensou em … Será que ele só fazia as caminhadas de manhã? Ou ele variava os horários, que nem ela?
O que será que ele fazia da vida? Ele tinha uma cara de ser tão novinho ainda… bom, ela também era considerada jovem.
Vinte e quatro anos era jovem? riu alto com próprio pensamento e então balançou a cabeça em negativa. Aquilo havia sido só uma bela coincidência, certo? Aquele encontro no parque, ela precisar de ajuda e ele estar preparado para ajudar…
ajeitou o volante com uma das mãos enquanto a outra aumentava um pouco o volume da música no carro. O pensamento ainda girava em torno de .
Coincidências aconteciam o tempo todo, certo? Mas…
e se não fosse só coincidência? Ela sempre acreditou que a vida era feita de encontros inesperados, que certas pessoas cruzavam nosso caminho por algum motivo, mesmo que a gente não soubesse qual. Talvez fosse só alguém que apareceu por acaso naquela manhã e pronto. Mas talvez, só talvez, havia algo a mais naquela coincidência.
Ele tinha aparecido justamente quando ela precisava de ajuda. Não que fosse algo grandioso, mas ainda assim… ela teria conseguido se livrar da pedra sozinha, eventualmente. No entanto, simplesmente apareceu, como se o universo tivesse decidido tornar aquele momento mais fácil para ela.
E não era só isso. A interação entre eles foi tão natural. Não parecia aquele tipo de conversa forçada entre estranhos, em que cada um tenta preencher o silêncio com palavras vazias. Tinha sido leve, fácil… até gostoso.
Ela riu baixo de novo.
— Eu tô mesmo pensando nisso como se fosse um sinal? — murmurou para si mesma, revirando os olhos.
Mas quem podia culpá-la? A vida era feita de encontros e desencontros. E ela não se importaria nem um pouco se o destino decidisse fazer com que os caminhos dela e de se cruzassem mais uma vez.
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ajeitou o fone nos ouvidos assim que entrou no parque, e começou a procurar por alguma playlist interessante, já que estava cansado da própria.
Foi quando ele sentiu um leve toque em suas costas, o que fez com que ele girasse em volta do próprio corpo, para encarar a pessoa. Seus olhos se arregalaram levemente, surpreso por ver quem era. Mas era uma surpresa boa… ele queria vê-la de novo.
— Ah! Ainda bem que é você mesmo! Fiquei morrendo de medo de ter cutucado a pessoa errada. , não é?
tirou um dos fones, um sorriso surgindo automaticamente nos lábios ao reconhecer ali, de pé na sua frente, com a respiração um pouco acelerada, provavelmente por já ter começado sua caminhada.
— Sim, — confirmou, ainda um pouco surpreso. — E você é… , certo?
Ela assentiu com um sorriso satisfeito.
— Isso mesmo! — respondeu, cruzando os braços. — Eu te vi de longe e fiquei na dúvida se era você ou não, mas resolvi arriscar.
riu baixo.
— Bom, fico feliz que tenha arriscado.
ergueu uma sobrancelha, divertida.
— Ah, é?
Ele coçou a nuca, um tanto sem jeito, mas ainda sorrindo.
— Sim. Não esperava te encontrar aqui de novo, mas… que coincidência, não?
Ela mordeu o lábio inferior, pensativa.
— Coincidência… ou destino?
piscou, surpreso com a pergunta.
deu de ombros, olhando para o parque ao redor.
— Não sei. Mas sei que algumas coincidências parecem boas demais para serem só obra do acaso.
Ele a observou por um instante, absorvendo suas palavras. Era verdade. Algumas coincidências tinham um jeito engraçado de parecerem planejadas.
— Bom… se for destino, então acho que a gente devia aproveitar, né?
sorriu.
— Concordo.
Eles ficaram em silêncio por alguns segundos, apenas se encarando, até que apontou com a cabeça para a trilha que se estendia à frente.
— Quer caminhar comigo hoje?
hesitou por um instante, então sorriu e assentiu.
— Claro.
E então, lado a lado, os dois começaram a caminhar, sem pressa, sem expectativas, apenas deixando que aquela coincidência – ou destino – os guiasse para onde quer que fosse.
Terceiro Capítulo
O som dos passos ritmados ecoava suavemente pela trilha de terra batida, misturando-se com o canto distante dos pássaros e o farfalhar leve das árvores. O frio da manhã já começava a ceder espaço a um sol tímido, aquecendo suavemente o rosto de enquanto ela e caminhavam lado a lado, em um silêncio confortável.
Nenhum dos dois parecia com pressa. A caminhada tinha perdido o propósito inicial de exercício físico e ganhado outro tom —
o de descoberta. — Você sempre vem nesse horário? — quebrou o silêncio, virando levemente o rosto para ele.
— Geralmente sim. É quando minha cabeça está mais limpa… antes do mundo começar a gritar. — Ele sorriu de canto. — E você?
— Na verdade, eu alterno bastante. Às vezes venho de manhã, às vezes no fim da tarde. Depende dos plantões.
— Plantões? — ele perguntou, curioso.
— Sou veterinária. Trabalho numa clínica perto do centro.
— Veterinária? — arqueou as sobrancelhas, genuinamente impressionado. — Nossa… é uma profissão linda, mas também bem difícil, né?
assentiu, com um olhar compreensivo.
— É. Tem dias que são bem puxados, especialmente quando os casos são mais delicados… mas, no fim, vale a pena. Eu não me vejo fazendo outra coisa.
— Imagino — disse ele, pensativo. — Deve ser emocionante ver a recuperação de um animal depois de cuidar dele… e também complicado quando não dá pra fazer muito.
— Exatamente — ela respondeu, tocando rapidamente o elástico do rabo de cavalo como quem reorganiza os pensamentos. — A gente se apega, sabe? Mesmo quando tenta manter uma certa distância profissional.
olhou para ela, admirado.
— Você parece realmente amar o que faz.
sorriu, sincera.
— Amo mesmo. E você? O que faz da vida? — perguntou, com o tom leve de quem realmente quer saber.
— Eu trabalho com tecnologia — respondeu ele, um pouco tímido. — Sou desenvolvedor de software numa startup. A gente cria aplicativos voltados pra acessibilidade, sabe? Pra ajudar pessoas com deficiência a navegar melhor no ambiente digital.
— Uau — disse, surpresa. — Isso é incrível. Sério. Nunca conheci ninguém que trabalhasse com algo assim.
deu um sorriso contido, meio envergonhado.
— Às vezes é complicado explicar o que faço, então fico feliz que você tenha entendido de primeira.
— Eu posso não saber programar, mas entendo quando algo é importante. E isso que você faz é.
a olhou de lado, e por um segundo, o silêncio entre eles disse mais do que qualquer palavra.
— Acho que a gente tem mais em comum do que parece — comentou ele, quase como um pensamento em voz alta.
sorriu, e pela primeira vez, sentiu que aquela caminhada estava realmente indo além do trajeto habitual.
🏃🏻♀️🏃🏻♀️🏃🏻♀️
Eles seguiram pelo caminho de pedras que contornava o lago, agora caminhando em um ritmo sincronizado, como se estivessem acostumados a andar juntos. chutava levemente as folhas secas que encontrava pelo chão, enquanto mantinha as mãos no bolso do moletom, os ombros relaxados.
— E o que você faz quando não está trabalhando ou caminhando por aí? — ela perguntou, lançando-lhe um olhar curioso.
— Hum… boa pergunta — ele respondeu, pensativo. — Eu gosto de fotografar. Não profissionalmente nem nada. É mais um hobby mesmo. Tenho uma câmera antiga que carrego de vez em quando. Gosto de capturar coisas do cotidiano. Momentos simples, sabe?
— Que coincidência — sorriu. — Eu também gosto de registrar momentos, mas com palavras. Tenho um caderno onde escrevo desde a adolescência. Às vezes é diário, às vezes são pensamentos soltos, ou histórias que invento.
a olhou com interesse renovado.
— Então você escreve?
— Escrevo, mas sem grandes pretensões. É mais como uma forma de aliviar a cabeça… colocar o que sinto pra fora quando as palavras não cabem só dentro de mim.
— Isso é muito legal. Acho que todo mundo devia ter um jeito de se expressar assim.
— Concordo — ela respondeu, sorrindo. — E fotografia é a mesma coisa, né? Um jeito de enxergar o mundo sob outra perspectiva.
— Exatamente — ele assentiu. — Acho que a gente tem isso em comum: observar.
franziu levemente os olhos, como se processasse aquilo.
— Pode ser… talvez a gente goste de ver beleza onde os outros só passam batido.
sorriu com a observação, e mais uma vez, o silêncio confortável entre eles se instalou.
Mais adiante, passaram por um casal de idosos sentados em um banco, de mãos dadas. olhou para a cena e sorriu com ternura.
— Tem algo de bonito em pessoas que escolhem ficar — comentou. — Que continuam caminhando lado a lado, mesmo depois de tanto tempo.
seguiu o olhar dela e concordou.
— Bonito e raro.
Ela o olhou rapidamente.
— Você é do tipo que acredita em relações duradouras?
Ele pensou por um segundo antes de responder, com honestidade.
— Sim. Acredito. Mas acho que elas só funcionam quando duas pessoas realmente se enxergam. Não só na parte boa, mas também nas dificuldades, nas manias, nas falhas.
mordeu o lábio, refletindo.
— Isso faz sentido. Acho que… só agora, aos poucos, estou aprendendo a me deixar enxergar de verdade.
Os olhos de encontraram os dela. E havia ali uma troca silenciosa, como se se reconhecessem nesse ponto. Como se aquele momento — tão simples e cotidiano — carregasse algo especial.
— Você é fácil de conversar — ele disse, quase sem pensar.
riu, um pouco tímida.
— Você também.
E assim, entre confidências leves e passos tranquilos, a caminhada continuou. E, com ela, crescia algo sutil — como uma semente sendo plantada sem pressa, mas com a promessa de florescer.
🏃🏻♀️🏃🏻♀️🏃🏻♀️
O céu já estava escuro quando chegaram perto da saída do parque. Os postes acesos lançavam uma luz amarelada e suave sobre o caminho de pedras, e o frio da noite começava a apertar, especialmente com o vento cortando entre as árvores. cruzou os braços, tentando conter o arrepio, mas com um sorriso no rosto.
— Foi uma boa caminhada — disse, parando perto do portão de saída. — Mais tranquila do que de manhã, mas ainda assim… boa companhia faz diferença.
sorriu de volta, mas havia algo em seu olhar. Ele parecia mais quieto do que antes, como se estivesse concentrado demais em manter o corpo estável. O sorriso não alcançava os olhos.
— É… foi sim — respondeu ele, com a voz um pouco baixa, rouca.
franziu o cenho, observando o modo como ele passou a mão pela testa, como se tentasse afastar uma tontura. E então, ela viu: o jeito como ele vacilou, um passo mais lento, os ombros caídos.
— ? — ela se aproximou, instintivamente — Tá tudo bem?
Ele hesitou por um instante, como se não quisesse causar alarde.
— Minha glicose… acho que caiu demais. Às vezes acontece quando passo do tempo… e com o frio — disse, parando e apoiando uma das mãos no tronco de uma árvore próxima.
não pensou duas vezes. Segurou ele com delicadeza pelo braço e o guiou até um banco mais próximo, debaixo da luz do poste.
— Você tem sua insulina? Algum doce? — perguntou, já abrindo a pequena mochila que ele carregava.
— Tem… tem um sachê de glicose e o medidor na parte da frente… — ele respondeu com esforço.
achou rapidamente o sachê e o abriu por ele, entregando em seguida.
— Aqui, toma. Devagar. Fica tranquilo, eu tô aqui.
Ele aceitou, bebendo o conteúdo docemente espesso enquanto respirava fundo, com os olhos fechados. Ela sentou ao lado dele, atenta a cada mínimo sinal de melhora.
— Foi só uma queda? — ela perguntou depois de um tempo, num tom calmo e sereno.
— Uhum… acontece às vezes quando deixo passar muito tempo entre as refeições… e quando me distraio, como hoje — murmurou, abrindo os olhos devagar.
— Distraído comigo? — ela brincou, sorrindo de leve, tentando aliviar o clima.
riu fraco, mas com sinceridade.
O silêncio se instalou por alguns minutos, mas era um silêncio confortável. Aos poucos, a respiração dele foi voltando ao normal e a cor de seu rosto também.
— Você quer que eu te leve pra casa? — ela perguntou, se levantando um pouco, ainda com o olhar preocupado.
— Não precisa — ele respondeu, se sentando com mais firmeza agora. — Já tô melhor. Prometo. Mas… posso te mandar uma mensagem quando eu chegar, só pra você saber que deu tudo certo?
— Eu ia te obrigar, de qualquer forma — ela respondeu, sorrindo com doçura.
Ele assentiu, os olhos agora mais calmos, e ficaram ali por mais um instante, apenas ouvindo o som leve das folhas sendo levadas pelo vento.
— Obrigado por ter ficado — ele disse, baixinho.
— Você teria feito o mesmo — respondeu ela, com convicção.
E então, quando finalmente se levantou, já com a cor mais viva no rosto e a respiração estabilizada, puxou o celular do bolso da pochete.
— Antes de você ir… me passa seu número? Para você me avisar que chegou bem — disse, tentando soar casual, mas com os olhos ainda cheios de cuidado.
sorriu, tirando o próprio celular do bolso.
— Claro. E assim fica mais fácil da gente combinar outras caminhadas também, né?
digitou o número dele e salvou com o nome
“ – parque”. Ele fez o mesmo, sorrindo ao digitar
“ (socorro do tênis e da glicose)” como contato, o que a fez rir.
— Criativo — comentou ela, balançando a cabeça.
— Memorável — ele piscou, brincalhão.
Já mais tranquilo, ele ajeitou o moletom e olhou para a saída do parque, onde a rua se estendia iluminada pelos postes amarelos. A brisa noturna ainda estava presente, mas menos cortante.
— Eu vou indo, então. Prometo mandar mensagem quando chegar, tá?
— Vou esperar — ela respondeu, sincera.
— Obrigado por hoje. Sério.
— Foi só uma coincidência — ela disse, sorrindo de canto — ou destino, lembra?
— Tô começando a achar que foi destino mesmo — murmurou ele, mais para si do que para ela.
Eles se olharam por mais um instante, como se quisessem gravar aquele momento, e então, finalmente, começou a caminhar devagar pela calçada, ainda sob o efeito da glicose recém-tomada, mas bem melhor.
ficou parada por alguns segundos, observando até que ele desaparecesse entre as luzes e as árvores ao longe. O coração ainda acelerado — não só pelo susto, mas pela sensação quase inegável de que aquele simples encontro… já começava a se transformar em algo que ela não sabia explicar, mas queria descobrir.
🏃🏻♀️🏃🏻♀️🏃🏻♀️
deixou o parque com passos lentos, o frio da noite envolvendo seu corpo enquanto ela puxava o zíper do casaco até o queixo. As ruas ao redor estavam tranquilas, como se a cidade também estivesse respirando devagar. Ela cruzou a entrada do bairro e seguiu pela calçada iluminada por postes amarelados, já conhecendo o caminho de cor — só alguns quarteirões até seu prédio.
O silêncio da volta permitia que os pensamentos ganhassem mais espaço. E, inevitavelmente, todos eles voltavam para .
Ela desviou de uma poça d’água e sorriu sozinha, lembrando da expressão surpresa dele quando ela o cutucou nas costas mais cedo. Tinha algo quase cômico na situação, e ao mesmo tempo…
profundamente simbólico. Ela tinha ido até ele — sem saber exatamente por quê. Só sentiu vontade.
E agora, estava voltando para casa com o coração acelerado, não mais pela caminhada, mas pelo que tinha acontecido depois.
A queda de glicose, o susto, a forma como ele tentou se manter firme, e como, mesmo assim, permitiu que ela cuidasse dele. não sabia exatamente o que era aquilo, mas sentia que havia algo especial no modo como o olhar dele a procurou quando se sentou no banco, vulnerável.
Não era comum se conectar com alguém assim, tão rápido. Ela chegou na frente do prédio, digitou o código do portão e subiu as escadas devagar. Já no apartamento, tirou o casaco, prendeu o cabelo em um coque frouxo e foi até a cozinha no escuro, guiada apenas pela luz suave da rua que atravessava a cortina.
Abriu a geladeira, pegou uma garrafa de água e apoiou os cotovelos no balcão. O celular ainda estava no bolso da pochete, e ela o pegou quase sem pensar. Abriu a tela. Nenhuma nova notificação.
Mas ela sorriu mesmo assim.
Ia esperar. E pela primeira vez em muito tempo,
não se importava em esperar por alguém.
🏃🏻♀️🏃🏻♀️🏃🏻♀️
Do outro lado da cidade, entrou em casa tirando os tênis com certa dificuldade — o corpo ainda sentia os efeitos da hipoglicemia, mas já estava estável. Jogou a mochila no sofá, deixou o casaco cair numa cadeira e foi direto à cozinha, onde pegou um copo d’água e bebeu de uma vez só.
Apoiou-se na pia por um momento, respirando fundo. O silêncio do apartamento era familiar, quase confortável, mas naquela noite… parecia vazio.
Ele pegou o celular, hesitou, mas acabou abrindo a conversa com o número recém-salvo.
“ (socorro do tênis e da glicose)” Sorriu ao ler aquilo. A presença dela tinha sido inesperada, mas incrivelmente natural. Ela sabia o que fazer, agiu com calma, sem exagero. Foi rápida, presente.
E ela ficou. começou a digitar:
“Cheguei bem. Ainda meio zonzo, mas vivo. Obrigado por cuidar de mim.” Apagou.
Recomeçou.
“Oi. Já tô em casa. Tô bem agora. Obrigado por ter ficado.” Leu, releu… e enviou. Sentou-se no sofá, apoiando a cabeça no encosto. Estava cansado, sim, mas o cansaço não era o centro dos seus pensamentos.
Era ela. A forma como o olhou preocupada. O toque leve no braço. O sorriso antes da despedida. Tudo muito simples. Tudo muito inesperado.
Mas tudo nele dizia que aquilo —
ela — não era só mais uma coincidência qualquer.
Quarto Capítulo
Enquanto ainda estava encostada no balcão da cozinha, girando a tampa da garrafa d’água entre os dedos, a tela do celular vibrou em sua frente, iluminando a escuridão suave do ambiente.
Ela se endireitou de leve e desbloqueou o aparelho, o coração batendo um pouco mais rápido ao ver o nome salvo:
“ – parque” A notificação era simples. Mas o efeito, imediato.
“Oi. Já tô em casa. Tô bem agora. Obrigado por ter ficado.”
sentiu um calor leve se espalhar pelo peito. Havia algo na forma direta e sincera como ele escreveu que fez com que tudo o que ela tinha sentido naquela noite — o cuidado, a tensão, o conforto — se encaixasse.
Ela mordeu o lábio, pensando por um segundo antes de digitar a resposta:
“Fico aliviada de saber. E não precisa agradecer… Foi bom estar ali com você.” Pensou em deixar assim, mas seus dedos continuaram a escrever, quase por impulso…
“Aliás… espero que essa não tenha sido nossa última caminhada juntos.” Ela hesitou por um segundo, mas então enviou. A verdade era que
não queria fingir desinteresse. Ele havia confiado nela naquela noite, mostrado uma vulnerabilidade rara. Isso, por si só, já a fazia querer conhecê-lo mais.
Enquanto esperava pela resposta, se afastou da cozinha e foi até a sala, deitando-se no sofá com uma manta nos ombros, o celular ainda nas mãos. E pela primeira vez em muito tempo, ela adormeceu
pensando não no que faltava em sua vida… mas no que talvez estivesse começando a chegar.
🏃🏻♀️🏃🏻♀️🏃🏻♀️
O celular vibrou em cima do sofá ainda no início da madrugada, mas só viu a mensagem quando acordou, por volta das
6h30. Estava com a mente ainda lenta do sono, o céu do lado de fora ainda cinza, quando desbloqueou a tela e deu de cara com a resposta de :
Vou correr bem cedinho hoje. À tarde e à noite estarei preso na empresa… Infelizmente, sem caminhada com você hoje. Mas já tô sentindo falta, pra ser honesto. Desculpa por isso. sorriu, os olhos ainda meio fechados, antes de digitar a resposta:
Sem problemas, . Hoje é dia de plantão por aqui — inversão de turnos, sabe? Então mesmo se você estivesse livre, eu estaria presa com agulhas e patas peludas o dia inteiro. Boa corrida. Se cuida, hein? Ela não esperava resposta imediata — sabia como as manhãs podiam ser corridas (literalmente). Então se levantou, arrumou-se para o trabalho e seguiu com sua rotina, já sentindo falta da leveza que aquela troca com ele parecia carregar.
Enquanto isso…
fechou a mensagem com um leve sorriso no rosto, mesmo ainda de pijama, sentado na beira da cama. A luz fraca da manhã entrava pelas cortinas, e o silêncio do apartamento era interrompido apenas pelo som do aquecedor ligado no canto do quarto.
Antes de qualquer coisa, ele alcançou a nécessaire ao lado da cama e pegou seu glicosímetro. Com gestos já automáticos, limpou a ponta do dedo, preparou a lanceta e aplicou o pequeno furo.
Gota de sangue, tira, leitura. 104. Tudo dentro do esperado. Respirou aliviado.
Tomou um copo de água, comeu uma banana com aveia — leve o suficiente para uma corrida, mas o bastante para garantir energia — e separou o que precisava: mochila pequena, celular, fones, um sachê de glicose extra e o medidor de emergência. Estava pronto.
Saiu do prédio já sentindo o ar gelado no rosto, mas a cabeça estava em outro lugar.
. Era engraçado como o rosto dela surgia no pensamento com tanta frequência. E tão naturalmente. O sorriso no parque, a forma firme como ela lidou com a situação da noite anterior… e agora, aquela mensagem — simples, mas gentil, tão
ela.
Ele começou a correr em ritmo leve, aquecendo os músculos. Mas a mente não corria em linha reta. Estava cheia de voltas, perguntas, possibilidades.
Será que deveria chamá-la para sair? Não uma caminhada — algo diferente. Algo que mostrasse que ele queria conhecê-la além dos passos sincronizados e conversas sob a luz dos postes.
Mas e se fosse cedo demais? E se estragasse aquilo que, até agora, fluía com tanta naturalidade? Ele desviou de um grupo de corredores, ajeitou os fones no ouvido, mas nem sabia mais o que estava tocando. A música parecia distante — , por outro lado, estava cada vez mais presente.
Parou por alguns segundos perto de uma árvore, respirando fundo.
“Você já enfrentou coisa pior do que convidar alguém pra sair, .” Murmurou para si mesmo, rindo sozinho.
Talvez, quando o dia terminasse… ele mandasse outra mensagem. Uma mais direta. Uma que atravessasse o limite do
“até logo” e entrasse na zona do
“quero te ver de novo, por mim, não só por acaso.” Ele sabia o risco. Mas sabia, também, que certos sinais merecem ser avançados — principalmente quando o coração começa a caminhar mais rápido do que os pés.
🏃🏻♀️🏃🏻♀️🏃🏻♀️
entrou na clínica veterinária com o cabelo preso em um coque alto e a mochila pendurada em um dos ombros. A recepção ainda estava vazia — o relógio na parede marcava
7h48, e ela gostava de chegar um pouco antes do movimento começar. Tinha alguns minutos preciosos de silêncio antes da correria tomar conta do dia.
Foi direto para a salinha dos funcionários, guardou os pertences no armário e vestiu o jaleco branco com o nome bordado no lado esquerdo. Respirou fundo.
Estava pronta. Ou quase. Enquanto colocava as luvas para revisar os exames do primeiro paciente do dia — um cãozinho idoso com histórico de insuficiência renal —, a mente dela teimava em vagar.
Mais especificamente, vagar
para ele.
. ainda podia ver o jeito como ele sorriu tímido na noite anterior, como tentou disfarçar o mal-estar e ainda assim foi gentil o tempo todo. E a mensagem daquela manhã… tão simples, mas tão honesta.
“Já tô sentindo falta, pra ser honesto.” Ela suspirou, tentando se concentrar nos exames. Mas era difícil. Havia algo nele que ultrapassava o comum. Não era só o fato de ele ser bonito — era o jeito como parecia observar o mundo com calma. O jeito como falava, como escutava. Como ficava em silêncio e ainda assim preenchia o espaço.
era racional, centrada. Tinha aprendido a não se deixar levar fácil — não depois de algumas decepções silenciosas que a vida lhe ofereceu. Mas … ele não estava forçando a entrada. Ele estava só
acontecendo. — Você tá com a cabeça longe — comentou Jiwoo, a recepcionista, ao passar pela porta.
riu, tirando as luvas e jogando-as no lixo.
— Acho que sim. Dormi pouco.
— Aquele pouco que vem com sorriso no rosto?
Ela desviou o olhar, mas o sorriso entregava mais do que gostaria.
— Talvez.
As horas passaram rápidas — atendimentos, exames, orientações. Filhotes que mordiam a caneta, tutores ansiosos, casos leves e outros mais complexos. funcionava no automático quando estava no modo trabalho, mas em cada brecha, em cada café tomado às pressas no corredor,
voltava. Será que ele já estava na empresa? Será que havia lido a resposta dela e sorriu? Será que… ele pensava em convidá-la para sair? nunca foi de se iludir fácil, mas algo dentro dela começava a desejar mais do que encontros ao acaso.
Talvez estivesse na hora de cruzar aquela linha invisível entre a casualidade e o interesse real. E se ele não desse o passo… talvez, só talvez, ela desse.
À tarde, entre um atendimento e outro, ela olhou discretamente o celular no bolso do jaleco. Nenhuma nova notificação.
Ela mordeu o lábio e pensou,
“ok… ele está trabalhando. Não seja ansiosa.” E tentou se convencer disso —
enquanto esperava, mais do que estava disposta a admitir.
🏃🏻♀️🏃🏻♀️🏃🏻♀️
Seul — 9h37 da manhã
digitava sem parar, os olhos grudados na tela enquanto alternava entre linhas de código e uma videoconferência silenciosa que rodava no canto inferior do monitor. A startup em que trabalhava funcionava em ritmo acelerado — o ambiente era jovem, criativo, mas exigente. Cada minuto contava, especialmente quando se tratava de entregar funcionalidades com impacto real na vida das pessoas.
Naquela manhã, ele deveria estar
100% focado. E estava…
quase. Entre um ajuste e outro em um componente de acessibilidade visual, seus olhos escapavam para o canto da tela onde ficava o ícone de mensagens. Nada novo.
“Ela respondeu cedo, claro. E eu disse que ia correr. Tá tudo bem.” Mas não parava de pensar na última coisa que ela escreveu:
“Espero que essa não tenha sido nossa última caminhada juntos.” recostou-se brevemente na cadeira, tirando os óculos e esfregando os olhos. Respirou fundo. Desde que acordara, sentia um tipo de inquietação que não vinha da rotina —
vinha dela. tinha esse jeito leve, direto, mas também delicado. O tipo de pessoa que você percebe que observa o mundo com atenção. E ele não estava acostumado com isso. Não mais. As coisas na vida dele geralmente se mantinham nos trilhos:
caminhadas controladas, alimentação programada, horários fixos, metas batidas. era o oposto da rigidez. Era aquela curva suave numa estrada reta. E ele sentia vontade de ir por ali.
10h45 — Sala de reunião
Enquanto um dos colegas apresentava uma proposta para uma nova funcionalidade de leitura por voz, tentava manter o foco. Anotava, respondia perguntas, mas os pensamentos escapavam, disfarçados por trás dos olhos atentos.
“Para onde eu devia convidá-la pra ir?” “Algo simples, só pra conversar mais… algo fora do parque.” Ele rabiscava distraidamente no caderno ao lado da planilha de metas. Escreveu o nome dela sem perceber. Apagou logo em seguida, como se estivesse escondendo um segredo de si mesmo.
13h30 — Intervalo para almoço
estava na copa da empresa, mexendo distraidamente no arroz com legumes e frango grelhado da marmita. Comer bem era parte da rotina de controle da diabetes, mas naquele dia, o apetite não acompanhava a programação.
— Tá tudo bem, ? — perguntou Taesik, um dos programadores do time de front-end, abrindo uma garrafinha de chá. — Tá com cara de quem viu um bug que ninguém consegue resolver.
riu fraco.
— É, mais ou menos isso. Só não é um bug de sistema.
— Ah… então é bug de gente? — provocou o colega, levantando uma sobrancelha.
Ele deu de ombros, sem confirmar nem negar.
14h15 — De volta à mesa
A tarde avançava com a mesma correria de sempre: e-mails, revisões de código, testes em dispositivos móveis. Mas, a cada pausa, a imagem de voltava. O coque alto, o jeito como ela dizia “socorro do tênis e da glicose”, o sorriso antes de se despedirem.
Quando olhou o celular novamente, ela não tinha mandado mais nada. E tudo bem. Mas ele sabia que precisava decidir:
deixava aquilo se manter só na zona da coincidência agradável, ou se arriscava? Pegou o celular, abriu a conversa com ela… e ficou encarando a tela.
Ainda não escreveu nada. Mas sabia que a decisão estava prestes a ser tomada.
E dessa vez, não era por impulso. Era porque ela já estava dentro — de alguma forma — de tudo o que ele queria descobrir.
🏃🏻♀️🏃🏻♀️🏃🏻♀️
19h12 – Seul
saía da estação de metrô a passos lentos. Tinha acabado de sair da empresa, o corpo cansado, os olhos pesados. O dia havia sido cheio, mas, curiosamente, a exaustão não o incomodava. Havia algo em sua mente que suavizava tudo —
.
Enquanto caminhava de volta pra casa, passou por uma calçada coberta de folhas secas, todas em tons quentes — laranja, vermelho queimado, dourado. A luz dos postes fazia o chão parecer uma pintura viva, e ele parou por instinto.
Pegou o celular, apontou a câmera e clicou.
A imagem era simples:
folhas caídas, um tênis visível no canto da foto, e a sombra tênue dos galhos ao fundo. Mas havia algo poético ali, e ele sabia exatamente quem apreciaria isso.
Abriu a conversa com e digitou:
“Pensei que você ia gostar disso.” Anexou a foto. Enviou.
Logo depois, bloqueou a tela e seguiu o caminho, achando que aquilo seria o ponto final da noite.
Mas não foi.
19h26 – Clínica Veterinária, sala dos fundos
estava guardando os últimos exames quando o celular vibrou. Estava exausta. Tinha passado boa parte da tarde lidando com um caso sensível, e tudo o que queria agora era banho, comida e silêncio.
Mas quando viu a notificação com o nome
“ – parque”, o cansaço pareceu perder força.
Abriu a mensagem.
A foto surgiu na tela com delicadeza. Ela aumentou o brilho e observou. O chão coberto de folhas. O tênis dele no canto. A composição despretensiosa, mas sensível. Ele realmente
tinha pensado nela. Ela sentiu algo no peito que não soube nomear de imediato. Mas sabia que era raro.
E então, sem dar tempo para a insegurança gritar mais alto, ela digitou:
“Amei a foto. Você tem um olhar bonito pra essas pequenas coisas.” respondeu quase no mesmo minuto:
“Talvez eu só esteja aprendendo a reparar nas coisas certas.” ficou olhando para aquela frase por alguns segundos, o coração batendo um pouco mais forte.
Então, respirou fundo. Sorriu. E decidiu.
Ela digitou rápido, antes que a coragem escapasse:
“Você vai fazer algo agora à noite?” A resposta não veio de imediato. , ao ler aquilo,
parou de andar. Literalmente. Ficou parado no meio da calçada, o celular aceso na mão, o coração disparado como se estivesse no meio de uma maratona.
respondeu:
“Porque eu saio da clínica em 30 minutos. E tô morrendo de vontade de continuar a conversa de ontem… mas fora do parque, dessa vez.”
demorou dois segundos para reagir — e depois sorriu sozinho, tão largo que uma senhora que passava por ele achou que ele tivesse recebido uma notícia muito feliz.
“Me diz o lugar e a hora. Eu sou todo seu.” riu sozinha na sala de exames vazia, já sentindo o friozinho na barriga típico de quando a gente
se permite. Ela pensou:
“Se é pra ser coincidência… que seja uma que eu provoque também.” E, naquela noite, o acaso deu lugar à escolha.
E o encontro… estava só começando.
Quinto Capítulo:
Tirou a jaqueta e olhou para a janela, numa tentativa de prever se estava frio demais ou apenas fresco o suficiente para arrepiar alguns pelos do braço. Bufou, indecisa e sentindo a ansiedade tomar conta de si, enquanto pensava em como uma coisa simples daquela podia arruinar a noite totalmente.
Decidiu que iria com o casaco mesmo, caso se sentisse incomodada ou fizesse calor, ela amarraria o mesmo na cintura e pronta.
Enviou o endereço da feira onde os
food trucks ficavam estacionados toda sexta, Lexia costumava ir lá com algumas amigas quase toda sexta, mas dessa vez havia dito às amigas que iria com um
potencial paquera… O grupo delas agora já pipocava mensagens, exigindo mais detalhes sobre o pretendente e tudo mais. Mas queria se concentrar no momento, então as amigas teriam que aguardar o encontro chegar ao fim, para aí sim terem mais detalhes, tanto de , quanto do fatídico encontro.
Enquanto entrava no carro e colocava o cinto de segurança ela se perguntou se de fato ele não estava apenas sendo educado ao ter aceitado o convite, e se na verdade ele queria mesmo aquilo…
Respirou fundo, tentando acalmar a tempestade de sentimentos que a inundava. O silêncio dentro do carro era quase ensurdecedor. A playlist suave que sempre colocava para dirigir em paz agora parecia não se encaixar naquele instante. Pulou a faixa, depois outra, e então desligou completamente o som.
Nem a música sabia o que dizer. Ela mordeu o lábio inferior e se obrigou a manter os olhos na rua enquanto avançava pelas ruas do bairro. Mas dentro dela, os pensamentos rodopiavam num redemoinho:
“E se for esquisito e a gente não tiver mais o que dizer um pro outro fora do parque?” “E se eu parecer ansiosa demais?” “E se eu gostar dele mais do que deveria… e ele não gostar de volta?”
Um lado dela tentava ser racional: “
é só um encontro casual, , você só convidou ele pra comer alguma coisa, vocês já conversaram antes, vai ser tranquilo.” Mas o outro lado — aquele que se apaixonava pelas pequenas gentilezas, pelos detalhes nos olhos de alguém, pelo jeito como dizia
“obrigado por ter ficado” — esse lado gritava.
Porque a verdade era que ela não se lembrava da última vez que quis tanto causar uma boa impressão. Não por vaidade. Mas porque…
ele parecia valer a pena. Soltou o ar devagar, com as mãos ainda apertadas no volante. O céu estava escuro, mas as luzes dos postes davam uma coloração amarelada às calçadas, como se estivessem preparando a cidade para algo bonito.
“Por favor, só me deixa ser eu mesma. Só isso.” Ela sorriu, ainda que levemente, quando avistou o letreiro da feira iluminado ao longe. A música ao vivo soava baixa, e o cheirinho de comida já tomava conta da rua.
Ainda havia dúvidas, claro. Ainda havia medo. Mas dentro dela, misturado a toda aquela ansiedade, havia também uma centelha —
vontade. Desejo. Curiosidade. estacionou o carro, pegou a jaqueta e desceu. O ar estava fresco, o casaco parecia uma boa escolha. Antes de atravessar a rua, pegou o celular e desbloqueou a tela.
Nada de novo.
Então ela digitou:
“Acabei de chegar. Tô perto da barraquinha de takoyaki 😃” E enviou.
Agora era com ele. E com tudo que os dois carregavam por dentro — mesmo sem saber exatamente onde aquilo ia dar.
🏃🏻♀️🏃🏻♀️🏃🏻♀️
recebeu a mensagem dela ao sair da estação, sorriu nervosamente ao ver que não a deixaria esperando muito tempo, já que mais alguns minutos caminhando ao sair da estação e ele chegaria lá.
Vestia um casaco xadrez escuro sobre a camisa social e larga branca, alguns botões da mesma desabotoados, afinal de contas, ele não queria parecer muito formal, muito menos parecer que havia acabado de sair de um escritório ou algo do gênero. A calça jeans ajuda o visual a se tornar mais despojado assim como a bolsa de lado. Ele passou as mãos pelos cabelos, dando uma última ajeitada nos mesmos ao passar pelo reflexo de uma loja qualquer e então voltou a caminhar em direção aos
food trucks. Ele caminhava rápido, desviando das pessoas que como ele, tinham pressa. Cantarolava baixinho para que só ele mesmo pudesse ouvir, e não conseguia conter o sorriso que ficava aparecendo nos lábios ora ou outra. As mãos nos bolsos, os pés apressados, passando pelas pessoas, ele tirava as mãos dos bolsos apenas para ajeitar os óculos de vez em quando, quanto eles teimavam em cair do rosto.
Quando finalmente chegou ao destino, ele procurou com ela pelos olhos. Procurava por qualquer barraquinha de
takoyaki que seus olhos pudessem enxergar.
Até que ele ouviu seu nome sendo chamado entremeio às pessoas, quando olhou na direção da voz, que ele sabia ser dela, a encontrou acenando em sua direção com um grande sorriso no rosto.
Foi involuntário. Sorriu de volta enquanto caminhava na direção dela, desviando agora de pessoas com pratinhos de isopor nas mãos, latas de bebidas, garrafas de soju e etc.
Não pode deixar de reparar na regata justa que ela usava — preta, simples, mas que se moldava ao corpo com naturalidade, deixando os ombros à mostra e destacando a clavícula com uma elegância despretensiosa. A calça jeans clara, de cintura alta, marcava bem o contorno da cintura e alongava as pernas, fazendo com que ela parecesse ainda mais bonita sob a iluminação suave das luzes penduradas entre os food trucks.
O casaco, amarrado displicentemente na cintura, adicionava um toque casual ao visual, e o cabelo preso no alto deixava o rosto dela ainda mais evidente. Ela estava com as bochechas levemente coradas — talvez pelo frio, talvez pela expectativa — e o sorriso… aquele sorriso largo, aberto, que praticamente iluminava a feirinha, parecia ainda mais bonito ali, ao vivo, do que qualquer lembrança ou imagem mental que ele havia criado desde a última vez em que a viu.
sentiu algo apertar leve no peito. Não era desejo — não exatamente. Era
encantamento. Um tipo raro de fascínio que vinha não só da forma como ela estava vestida, mas da presença dela inteira. era bonita, claro. Mas ali, de pé naquele cenário comum, cercada por barracas e cheiros de comida, ela parecia ser o tipo de pessoa que fazia qualquer lugar comum parecer especial.
Ela sorriu ainda mais quando ele finalmente parou à sua frente, ofegante da pressa e com os olhos ainda meio maravilhados.
— Você correu? — ela perguntou, brincalhona.
— Talvez um pouco — ele respondeu, tirando as mãos dos bolsos. — Mas valeu a pena.
mordeu de leve o canto do lábio, tentando conter o sorriso que ameaçava se transformar em algo maior. E teve a certeza:
não era só mais uma coincidência. Ali, diante dele, estava algo que valia a pena descobrir devagar. Passo por passo. Ou, talvez, prato por prato.
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— Certo, você tinha razão. O takoyaki deles realmente é super gostoso! Eu vou terminar esse hambúrguer aqui e correr lá para pegar um pra mim.
— Eu disse! — Ela deu de ombros, antes de empurrá-lo levemente com o quadril, como se dissesse “venci”. — Depois eu vou querer um tteokbokki… também é dos Deuses!
— Como você veio parar aqui em Busan? Na Coreia, digo… Normalmente as pessoas de fora vem para morar em Seul, não aqui em Busan. Estou curioso, sabia?
As bochechas de esquentaram com o simples fato dele mencionar estar curioso sobre algo tão íntimo assim… parecia estar genuinamente interessado em como ela havia chegado ali.
pigarreou depois que eles se sentaram em uma mesinha de plástico verde musgo:
— Eu vim pra participar de um projeto de resgate animal, sabe? Castração, vacinação, esse tipo de coisa. Era só por três meses… mas no final, me ofereceram um lugar na clínica, e acabei ficando. Eu não planejava morar aqui — mas acho que a vida planejou por mim.
— Você é americana? Seu sotaque é forte, mas muito bonitinho. — abaixou os olhos, ficando vermelho.
, também vermelha, soltou uma risada nervosa, abafando a mesma ao levar as mãos aos lábios.
— Sou canadense. Nasci e fui criada no Canadá, então fui alfabetizada em inglês e em francês, demorei muito para aprender coreano fluente. Ou talvez eu ainda não esteja tão fluente assim então…
arregalou levemente os olhos ao perceber o que tinha dito e como aquilo soou.
—
Ah! Não, não foi isso que eu quis dizer! — apressou-se, gesticulando um pouco. — Seu coreano é ótimo, sério! Eu só… eu quis dizer que tem um sotaque diferente, mas bonito, sabe? Charmoso. Não no sentido de
“errado”… só no sentido de… você.
riu ainda mais, agora relaxando um pouco, enquanto ele afundava as mãos nos bolsos do casaco, visivelmente sem saber onde enfiar a própria vergonha.
— — ela disse entre risos, inclinando-se um pouco na direção dele — eu entendi. É que você ficou tão desesperado tentando explicar que ficou ainda mais engraçado.
Ele sorriu, ainda corado, desviando o olhar por um instante antes de encará-la de novo, com uma sinceridade hesitante.
— É só que… eu gosto da sua voz — disse, num tom mais baixo. — E do jeito que você fala. Me soa… leve. Quente. Familiar, de algum jeito.
sentiu as bochechas esquentarem de novo, mas dessa vez, não de vergonha — era o tipo de calor que vinha quando alguém dizia algo bonito, com honestidade, sem esperar nada em troca.
— Obrigada — respondeu suavemente. — Ninguém nunca me disse isso antes.
deu um sorrisinho tímido, mas seus olhos diziam mais. Era como se os dois, ali naquela mesa de plástico cercada por gente falando alto, comida de rua e luzes penduradas, tivessem criado um espaço só deles — feito de trocas sinceras e uma atração silenciosa que não precisava de pressa.
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e ela agora esperava pelo takoyaki que ele realmente quis comer depois do hamburguer e então o silêncio se prostrou entre eles enquanto aguardavam. Foi nesse momento que se virou para encará-la, e ela se aproximou, achando que seria melhor falar com ele ao pé do ouvido, já que ele estava antes virado para o food truck e o som começava a ficar alto demais devido a banda de jazz que começava a tocar. Ela se inclinou, apoiando levemente a mão no braço dele para chamar sua atenção. pareceu surpreso com a proximidade repentina, mas ela já estava perto demais para recuar sem parecer estranha.
— Achei melhor falar assim — disse em tom baixo, quase ao ouvido dele.
A voz dela saiu suave, mas audível. Quente.
E foi nesse instante que o tempo pareceu mudar de ritmo.
não respondeu de imediato. Seus olhos buscaram os dela, como se não soubesse exatamente onde mirar primeiro — o canto dos lábios, os cílios, o espaço mínimo que agora os separava.
percebeu o silêncio entre eles, e também não recuou. Havia algo ali, suspenso no ar como as últimas notas do sax. Algo que não precisava de nome, só de coragem.
deu um passo quase imperceptível para frente, a cabeça levemente inclinada. inclinou a dela também, os rostos agora tão próximos que ela podia sentir o cheiro leve do sabonete dele — fresco, limpo, quase doce.
Foi só quando os olhos dele caíram para os lábios dela — e os dela para os dele — que ficou claro:
era um momento de decisão. Os dois se aproximaram, milímetros apenas. A respiração de um misturando-se à do outro. As mãos de quase tocaram a cintura dela, mas pararam no ar, como se pedissem permissão.
E então, justo quando o mundo parecia parar — uma risada alta de um grupo próximo os arrancou do transe.
afastou-se primeiro, sorrindo com um misto de nervosismo e doçura, passando os dedos pela própria nuca. riu baixo, ainda meio sem ar, olhando para o chão e depois para ela de novo.
— A música tá alta mesmo — ele murmurou, como quem disfarça e admite tudo ao mesmo tempo.
— É… tá — ela respondeu, com um brilho nos olhos que ele não conseguia ignorar.
E embora o beijo não tenha acontecido,
o espaço entre eles já não seria mais o mesmo. — O que você queria falar? — ajeitou o óculos, ainda sentindo o gosto do quase nos lábios.
— Se você quer soju, ou cerveja… — mordeu o lábio, e ele acompanhou o movimento.
— Ah! Claro, o que você prefere? O que você sugerir eu tomo! Disse que era todo seu hoje, se lembra?
abriu um sorriso rápido, mas o que realmente a atingiu foi
o jeito como ele disse aquilo. Com aquele olhar leve, quase divertido… mas ao mesmo tempo carregado de intenção.
“Disse que era todo seu hoje, se lembra?” Ela sentiu o corpo inteiro esquentar —
da nuca até os dedos das mãos, como se uma onda morna tivesse percorrido cada centímetro de sua pele. O frio da noite e o som da banda ao fundo desapareceram por um instante, engolidos pela intensidade suave do momento.
Seu coração bateu rápido, forte, e ela teve que desviar o olhar por um segundo, como se aquele simples flerte — tão direto e, ainda assim, tão delicado — tivesse despido suas defesas com mais eficácia do que qualquer gesto físico.
— Isso é perigoso de se dizer, — murmurou, enfim, encarando-o de novo com um meio sorriso provocador.
Ele deu de ombros, inclinando um pouco a cabeça, como se aceitasse o risco de bom grado.
— Eu gosto de viver perigosamente… às vezes.
riu, tentando disfarçar o arrepio que percorreu seus braços — e não era por causa do frio.
— Então…
soju, né? — disse ela, pegando duas garrafinhas do cooler ao lado do food truck com as mãos ainda levemente trêmulas.
apenas assentiu, os olhos ainda nela. E, naquela troca silenciosa,
os dois sabiam que o mais forte já não era a bebida.
🏃🏻♀️🏃🏻♀️🏃🏻♀️
Conversaram até as luzes da feira começarem a apagar.Comeram takoyaki, dividiram um tteokbokki, e depois mais um doce qualquer que insistiu em experimentar.
Riram tanto que até esqueceram do frio. E, entre uma história e outra, começaram a perceber como era fácil se perder um no outro.
Até que resolveram que já estava na hora de irem embora, não queria atrapalhar o sono de , que tinha que estar no hospital veterinário às 06 da manhã para o início do plantão, e ela sugeriu que o levasse até em casa. mesmo hesitante, aceitou a carona, afinal de contas que mal poderia haver nisso, né?
No carro, o silêncio não era desconfortável, e sim cheio. Cheio de intenções não explícitas, de palavras que ainda estavam engasgadas, de vontades que ainda não haviam se concretizado, de uma confusão com cheiro de curiosidade e desejo começando a ser cozido no óleo quente, como se estivesse em banho Maria, esperando o momento certo… olhava pela janela, os dedos sobre o joelho. , por um instante, quis esticar o braço e tocar a mão dele. Mas não fez.
Quando chegaram no prédio dele, ambos se olharam. De novo, o silêncio estava lá, cheio.
— Foi uma boa noite — ele disse.
— Foi — ela respondeu, com a voz mais baixa do que esperava.
Eles se encararam. Aquele momento entre o sim e o não pairando no ar. Mas nenhum dos dois se moveu.
— Boa noite, .
— Boa noite, .
E então ele se aproximou, ainda hesitando, tirou o cabelo dela da bochecha, colocando-o atrás de sua orelha. sentiu os músculos do corpo todo tensionar, e ela fechou os olhos, esperando…
O que veio foi o toque molhado dos lábios dele em sua bochecha, sutil e suave, como se tivesse sido pousado ali com a ponta dos dedos. Os lábios de encostaram em sua bochecha com uma lentidão ensaiada, quase molhada pela hesitação, como se ele quisesse
se aproximar, mas não ultrapassar. Foi um beijo cheio de intenção contida, cheio de tudo o que ainda não tinha sido dito.
sentiu um arrepio subir pela espinha. Definitivamente aquele não era o beijo que ela esperava… mas foi um beijo
que disse muito mais do que um impulso romântico qualquer.
Ele se afastou devagar, os olhos ainda nela — cauteloso, respeitoso, mas presente.
o encarou por um segundo, tentando recuperar o ar. Seus lábios tremiam discretamente, não por frio, mas por aquilo que ficou suspenso entre eles.
— Boa noite — ele repetiu, mais baixo agora, com a voz quase rouca.
Ela assentiu, com um pequeno sorriso nos lábios e o coração completamente fora do ritmo.
— Boa noite, .
E então ele saiu do carro. permaneceu ali por alguns segundos, o volante firme nas mãos, a pele da bochecha ainda quente, ainda sensível.
Como se os lábios dele ainda estivessem lá. Ela sorriu sozinha.
E ligou o carro, levando para casa
a certeza de que algo muito bonito acabava de começar.
Continua
CHEGOU A VEZ DO MEU NENÉM <3333333333
Eu vi o Soobin aí e já quero morder, agarrar e guardar num potinho
Eu nem imagino como é ter diabetes no nível que você precisa ficar monitorando, vamos ver as aventuras que essa condição pode levar meu Binnie
AHHHHHHHHHHHH LELEN! Espero que você goste dele e da fic num geral <3
Ok, tem animais aparecendo na história e eu tô morrendo de amores HAHAH
Soobin sendo o “cara da T.I.”, vemk, lindeza, preciso de você aqui em casa <3
Para onde esses dois vão caminhar com essa relação, hum?
Amiga na minha cabeça ele tem muito a cara de um cara de T.I af kkkkkkkkk
Nossa, eu só espero que o Soobin “só” tenha essa questão da glicemia e não mais coisa porque a minha mente fértil já tá montando um monte de cenário dramático aqui E EU NÃO QUERO NENHUM DELES.
Eu quero paz, e magia, e amor, e alegria HAHAHAHAHAHA
Mas precisa ter um draminha né não? HAIAJSIAJIAJSIAJIS só um, por favor!
COMO QUE TERMINA O CAPÍTULO ASSIM, MULHER?
MEU DEUS, O ENCONTRO. VAI TER UM ENCONTROOOOOOO.
Meu neném dizendo que é todo meu 🤧🤧
Alívio em saber que os dois estão em sintonia e tavam pensando na mesma coisa.
AGORA EU QUERO O CAPÍTULO DO DATEEEEEEEEEEE
AMOOOOOOOO, justamente para prender você para o próximo kkkkkkkkkkkk vem aí o date!
AI, MEU DEUS, MEU SOOBIN *——*
Eu fiquei toda bobinha com esse capítulo HAHAHAH
E esse beijinho de boa noite me deixou sorrindo. E aguardando com expectativa HAHAHA
Vamos ver o que nos aguarda no futuro próximo <3
Ai esse meu Soobin é um querido amiga, juro! Queria guardar ele num potinho >.<
Ai amo deixar vocês com expectativa KAKSOAKOSKAOS