Capítulo um
se levantou assustado da mesa onde tomava calmamente seu café da manhã quando ouviu as batidas na porta de seu apartamento. Correu até a mesma, quase caindo ao tropeçar no pé do sofá, e atendeu à porta xingando baixinho.
Com o coração ainda acelerado pela surpresa, ele se deparou com do outro lado. Seu rosto se iluminou com um sorriso radiante quando seus olhos se encontraram.
- Surpresa! – exclamou , inclinando-se para deixar um beijo rápido na bochecha de antes de entrar no apartamento como um furacão.
A moça tinha uma energia contagiante que sempre a acompanhava e era como se ela tivesse trazido um vendaval de alegria consigo.
assistiu com espanto enquanto se movia pelo apartamento como se estivesse em sua própria casa. Ela abriu armários, examinou o que havia na geladeira e, em um piscar de olhos, estava mexendo em sua cafeteira, preparando seu próprio café como se fosse algo totalmente natural.
- Você não vai acreditar o quanto eu estou ansiosa para o primeiro dia na faculdade, ! – disse , sua voz vibrando de entusiasmo. – Tive que me segurar para não sair correndo para lá desde que acordei… Mal posso esperar para as aulas, as novas amizades e todas as oportunidades que a faculdade nos proporcionará!
O rapaz ainda estava processando a presença repentina da amiga e mal conseguia acompanhar seu ritmo. Ele não pôde deixar de sorrir com o contagiante entusiasmo dela.
- Isso é incrível, . Estou animado também… – disse, pegando sua própria xícara de café, agora preparada por , e se juntando a ela na mesa. – A propósito, como você sabia que eu estava em casa?
deu de ombros, um brilho travesso nos olhos.
- Eu apenas sabia, ! Afinal, agora somos vizinhos, e eu pretendia começar o primeiro dia de aula com um pouco de empolgação…
O rapaz riu, sentindo-se cada vez mais grato por tê-la de volta em sua vida, agora de uma forma tão próxima. Com ao seu lado, a ansiedade que ele sentia sobre a faculdade começou a desvanecer.
Após o café da manhã, e continuaram a conversar sobre suas expectativas para o primeiro dia na faculdade. A garota parecia cheia de entusiasmo e o rapaz não conseguia deixar de admirar sua energia contagiante. Ambos se preparavam para começar essa nova fase de suas vidas e uma atmosfera de amizade e animação preenchia o ar.
se levantou da mesa recolhendo os pratos e então fez a mesma coisa que ele, só que com os copos. Juntos os dois foram rumo à pia, fazendo com que seus ombros se tocassem com certa brutalidade, a atmosfera estava leve, e o toque acidental dos ombros deles fez com que seus olhares se encontrassem.
Os olhos de se prenderam aos de , e ele sentiu seu coração acelerar. Naquele momento, o rapaz não pôde evitar a avalanche de sentimentos que o dominava. A proximidade com , a mulher que ele havia amado desde a infância, era quase avassaladora…
No entanto, não percebeu a turbulência nos olhos do amigo, para ela, era apenas um momento de amizade e conversa casual.
, lutando contra as emoções que ameaçavam transbordar, percebeu que precisava se afastar. Ele não queria que notasse o que ele estava sentindo, principalmente porque sabia que o melhor era esquecer o que sentia por ela como mulher.
Com um sorriso forçado e uma desculpa sobre a necessidade de se preparar para o primeiro dia de aula, se afastou bruscamente e deixou a cozinha. , confusa com sua súbita mudança de comportamento, observou-o partir, sem suspeitar da intensa paixão que ele estava tentando esconder.
***
Quando pôs o pé para fora de seu apartamento, lá estava , toda arrumada para o seu primeiro dia de aula, enrolando uma das mechas de seu cabelo castanho enquanto esperava pelo amigo, escorada na parede ao lado do apartamento de frente.
- Você ainda não foi? Tava tão ansiosa… – Ele respirou fundo se virando para trancar o apartamento –
- Não vamos juntos? Estava esperando por você!
abriu a boca para dizer algo, mas não conseguiu. Como ele faria para se afastar dela?
Os dois caminhavam lado a lado com falando sem parar sobre seu curso e sobre quais matérias ela estava ansiosa para começar logo, até ele ouvir ela dizer
“Psicologia e Tecnologia”. Aquela era uma das matérias que ele também tinha na grade curricular.
- Faremos essa matéria juntos então! – esboçou um sorriso enquanto tentava manter a calma –
Meu Deus, como ele faria para se afastar de ? Será que seria possível?
- Que curso é o seu mesmo? – Ela riu, sapeca. – Sabe que minha memória é toda
coisada, né?
riu, fechando brevemente os olhos. Aquilo era verdade! A memória de era péssima!
- Engenharia de Software! – Ele olhou para a amiga que sorriu, mas se manteve olhando para frente.
- Ah, verdade! Você sempre gostou mesmo de mexer com essas coisas de computador! Por que a gente ficou quase um ano sem se falar, hein? Por que você mudou sem me falar? Por que tudo isso aconteceu? Eu não entendi muito bem…
engoliu seco e depois respirou bem fundo. Não podia falar a verdade, é claro! Que desculpa ele inventaria? Ponderou por um momento e, finalmente, respondeu:
- Bem, , foi uma decisão familiar. Meu pai conseguiu um novo emprego em outra cidade e tivemos que nos mudar de repente. Eu nem tive a chance de me despedir de ninguém!
A expressão da moça suavizou enquanto ela parecia compreensiva.
- Entendi! Mas estou feliz que tenhamos nos reencontrado agora…
assentiu, agradecendo por ter aceitado sua desculpa, no entanto, ele sabia que manter sua distância seria essencial para que ele pudesse seguir em frente e tentar esquecer sua paixão platônica por ela.
***
No primeiro dia de faculdade, e começaram com uma empolgação palpável. Ambos estavam ansiosos para embarcar nessa nova jornada acadêmica e fazer novas amizades. Suas aulas conjuntas ainda não haviam começado, então eles passaram a maior parte do dia em aulas diferentes.
encontrou-se imerso em uma série de palestras introdutórias para seu curso de Engenharia de Software. Ele estava determinado a se concentrar em seus estudos e seguir em frente, mas não pôde deixar de se lembrar da proximidade que compartilhara com naquela manhã na cozinha.
Enquanto isso, se viu envolvida em uma série de aulas de seu curso de Psicologia. Sua personalidade extrovertida e carismática logo a fez ganhar novos amigos, ela não estava ciente do impacto que causava, mas chamou a atenção por onde passava, assim como fazia quando eram crianças.
À medida que as aulas chegaram ao fim, saiu de sua última palestra e observou cercada por um grupo animado de colegas. Ela parecia à vontade na companhia de seus novos amigos, e ele não pôde deixar de sentir uma pontada de tristeza. O contraste entre sua personalidade extrovertida e a de , mais reservada, era evidente.
O rapaz se perguntou se ele seria capaz de manter sua promessa de seguir em frente, mesmo quando estava cercado pelas memórias e pela presença cativante de . Seu primeiro dia de faculdade havia trazido um lembrete doloroso de que, embora eles compartilhassem uma longa história, o futuro estava repleto de incertezas.
***
estava em seu apartamento após o primeiro dia de aula na faculdade, sentindo-se animada e ansiosa para compartilhar suas experiências com . Como ele era seu melhor amigo, e agora também seu vizinho, ela queria passar mais tempo com ele. Preparou o jantar com calma e esmero e então colocou os dois pratos sobre a mesa.
Decidida a convidá-lo para jantar, bateu na porta do apartamento de , esperando que ele estivesse em casa. Quando ele atendeu, um sorriso caloroso iluminou seu rosto.
- Vem! Vamos jantar lá em casa! Já preparei tudo! Até nossos pratos eu já arrumei sobre a mesa…
sorriu, mas parecia hesitante:
- Eu estava pensando em pedir algo para comer esta noite…
, determinada a compartilhar o jantar que havia preparado, decidiu usar seu charme. Ela inclinou a cabeça para o lado, olhando para o amigo com um olhar travesso.
- Vamos lá, ! Você realmente prefere pedir comida quando tem um jantar incrível aqui esperando por você? – Ela deu um passo adiante, olhando fixamente nos olhos dele com um sorriso cativante. – Além disso, é uma ótima maneira de nos atualizarmos sobre nossos primeiros dias de aula. O que você acha?
não pôde resistir à combinação de comida deliciosa e a companhia acolhedora de . Ele sorriu, rendido ao charme dela.
- Você tem razão, . Com um convite tão persuasivo, como posso recusar? Vou adorar jantar com você!
sorriu, satisfeita por tê-lo convencido.
Eles entraram no apartamento dela, e o rapaz passeou os olhos por lá, notando a atmosfera aconchegante e acolhedora que a decoração transmitia. As paredes estavam pintadas em tons suaves, criando uma sensação de tranquilidade; as janelas amplas permitiam a entrada de luz natural, iluminando o espaço.
O mobiliário era uma mistura de peças modernas e antigas, dando ao apartamento um toque de personalidade única. A sala de estar estava equipada com um sofá confortável e uma mesa de café.
A cozinha era charmosa e bem organizada, com armários de madeira e uma bancada que serviria como o local de jantar naquela noite. A mesa estava posta com pratos e talheres, aguardando o jantar que havia preparado com esmero.
Pequenos detalhes decorativos, como quadros nas paredes e plantas em vasos, adicionavam um toque de aconchego ao ambiente. No geral, o apartamento de era um reflexo de sua personalidade calorosa e acolhedora, tornando-o o local perfeito para compartilhar uma refeição e criar novas memórias com seu amigo de infância, .
e se acomodaram à mesa posta pela moça em seu aconchegante apartamento. Uma deliciosa fragrância de comida pairava no ar e serviu o jantar que ela havia preparado com um sorriso nos lábios.
Enquanto saboreavam as primeiras garfadas, a conversa fluiu naturalmente entre os dois. Eles compartilharam histórias engraçadas do primeiro dia de aula, riram e comentaram sobre suas primeiras impressões sobre o campus.
O ambiente era descontraído e amigável, e a comida estava incrivelmente saborosa. A amizade de longa data entre eles tornou a noite ainda mais especial.
Depois do jantar, eles se ofereceram para lavar a louça juntos. cuidadosamente enxaguou e entregou as peças para , que as secava e guardava nos armários. Trabalhando em equipe, eles se moviam com harmonia, como se estivessem dançando juntos na cozinha.
Enquanto lavavam a louça, os olhares se encontraram ocasionalmente, e eles trocaram sorrisos cúmplices. A proximidade e a camaradagem entre eles eram evidentes. Após a lavagem da louça, eles se acomodaram no sofá e ligou a Tv.
- Acho que já vou! – Ele resolveu se pronunciar quando a amiga sumiu pelo corredor que dava aos quartos e ao banheiro –
- Não senhor! – Ele a ouviu gritar de lá. – Você vai ficar para assistirmos um filme!
engoliu seco e se levantou do sofá de forma automática. Não! Aquilo não seria nada, nada bom para seus planos de esquecê-la!
apareceu novamente, agora com um olhar manhoso e um biquinho nos lábios, como se fosse impossível resistir ao seu pedido.
- , eu realmente não gosto de ficar sozinha até dar sono… – ela disse, com uma voz doce e uma expressão irresistível. – E você sabe como somos bons em escolher filmes juntos, não é? Por favor, fica!
não conseguia dizer não àquela carinha encantadora. Ele concordou com um sorriso e voltou a se acomodar no sofá, os dois se cobriram com cobertores e escolheram o filme juntos.
Conforme o filme começava, se deitou no peito de , e ele aconchegou-se, passando um braço sobre seus ombros. Em um momento de silêncio entre eles, começou a acariciar o rosto de com a mão suave.
O rapaz correspondeu, deslizando a mão pelas costas da moça, enquanto assistiam ao filme. A atmosfera era tranquila e confortável, mas o coração de estava acelerado com a proximidade e a intimidade da situação.
Enquanto assistiam ao filme, os olhares se encontraram mais uma vez, e eles trocaram sorrisos cúmplices. não conseguia deixar de pensar nos sentimentos que haviam ressurgido durante a noite e na paixão que ele havia mantido em segredo por tanto tempo.
O filme continuava a se desenrolar diante deles, mas os pensamentos do rapaz estavam em outro lugar… se perguntava como conseguiria se afastar de quando a proximidade entre eles pareceu ter aumentado. Os sentimentos que ele havia mantido em segredo por tanto tempo agora estavam começando a emergir, e ele estava confuso sobre o que fazer a respeito.
Os olhares deles se encontraram novamente, e não conseguia deixar de notar a expressão calorosa e afetuosa nos olhos de . Era um olhar que o fazia questionar todas as promessas que havia feito a si mesmo sobre esquecê-la. No escuro do apartamento, a incerteza sobre o que o futuro reservava pairava no ar, e se sentiu cada vez mais perdido em seus pensamentos confusos.
Capítulo Dois
- Uma festa? – Ele piscou algumas vezes.
passeou os olhos por ela que estava vestida numa calça de couro prateada e um cropped trançado do, mesmo tecido, só que preto e de mangas meio rasgadas, deixando o braço dela quase todo à mostra ao invés de tampá-los. Quando ela piscou mais devagar, reparou que a sombra dela combinava perfeitamente com a calça prateada e ele pareceu ficar um pouco tonto quando ela sorriu e depois gargalhou, o empurrando para dentro de seu próprio apartamento com as mãos em seu peito.
- Tá malhando,
? Tá fortinho, hein? – Ela deu um tapinha em seu peito e fez ele ficar vermelho antes de gargalhar de volta para ela. – Te dou quinze minutos para ficar pronto!
- Eu não vou, ! – se jogou no sofá pegando o controle remoto.
A moça rapidamente tomou o controle das mãos do amigo e jogou no outro sofá.
- , por Deus! – ela exclamou com um toque de frustração. – Você ficou enfiado nesse apartamento a semana inteira estudando, recusou todos os meus convites, a gente nem se viu a semana toda! Não senhor, nós dois vamos a essa festa sim!
O rapaz olhou para , debatendo internamente. Ele sabia que se cedesse, estaria mais uma vez se aproximando dela, o que poderia ser perigoso para seu coração, mas ao mesmo tempo, não podia negar a atração que ainda sentia por ela.
Os pensamentos de oscilaram entre o desejo de ficar longe e a vontade de estar ao lado de . Por fim, ele suspirou e concordou.
- Tudo bem, ! Vou me arrumar… – disse, resignadamente sabendo que, de alguma forma, ela sempre conseguia fazê-lo ceder.
***
A noite estava agradável quando e chegaram à casa onde ocorria a festa da faculdade. A música pulsava pelo ambiente, e risos e conversas animadas preenchiam o ar. O local estava decorado com luzes coloridas, criando uma atmosfera festiva.
segurou o braço de , ansiosa para aproveitar a festa, e eles começaram a circular pelo ambiente. O rapaz observou as pessoas e tentou se manter afastado daquelas que poderiam mexer com seus sentimentos.
Em meio à multidão ele avistou Noah, seu novo amigo da faculdade. Noah era alto, de cabelos escuros e olhos amigáveis. Ele acenou para e, com ao seu lado, se aproximou do amigo.
- ! Que bom que você veio! – cumprimentou Noah com um sorriso caloroso, os dois apertaram as mãos.
- Oi, Noah! Essa é minha amiga, ! – apresentou.
sorriu e cumprimentou o outro, depois fez uma piadinha de forma amigável:
- Então, você conseguiu fazer um amigo, ? – provocou ela, com um sorriso travesso. – Pensei que você fosse o mais tímido da turma!
Noah riu da brincadeira da moça, e a conversa entre os três fluiu de forma descontraída. , ainda tentando manter seus sentimentos em xeque, estava grato pela presença de Noah como um novo amigo na faculdade.
sorriu levemente diante da provocação de , consciente de que sua timidez era notória.
- Bem, eu tive sorte de conhecer o Noah aqui. Ele é um cara legal e a gente tem conversado bastante na faculdade! – explicou, tentando parecer descontraído.
Noah acrescentou com um sorriso amigável:
- É verdade, . Às vezes, é bom sair da minha concha e conhecer pessoas incríveis como o !
Até que os olhos de se encontraram com os de Michael e então ela empalideceu levemente, segurando-se no ombro de , que olhou para ela preocupado:
- O que foi? – Instintivamente a mão dele foi parar no quadril da amiga.
- O Michael! – ela sussurrou contra o ouvido dele. – Vamos pegar uma bebida antes que ele me alcance!
- Quem é Michael? – perguntou em vão enquanto era arrastado pela moça.
Enquanto se afastavam rapidamente da área onde o tal Michael estava, e se dirigiram à cozinha para pegar suas bebidas. A moça começou a explicar a situação para , com um toque de frustração em sua voz.
- Então, esse é o Michael: – começou ela, desviando o olhar para verificar que ele não estava por perto. – Ele é o ex-namorado de uma das amigas que fiz no curso! Ele não entende que não quero nada com ele e insiste em dar em cima de mim… Um completo babaca!
olhou para com compreensão. Ele sabia o quanto situações como aquela podiam ser desconfortáveis, e estava grato por estar ali para ajudá-la.
- Eu entendi… – disse o rapaz com empatia. – Não se preocupe, estamos juntos nisso! Se ele continuar incomodando, me avise, e eu vou te ajudar a lidar com ele, ok?
sorriu, grata pela preocupação de . Eles pegaram suas bebidas e, juntos, voltaram à festa, determinados a aproveitá-la ao máximo e a não deixar que nada ou ninguém atrapalhasse o divertimento daquela noite.
Enquanto Noah, e estavam aproveitando a festa, Emma e Abigail, as amigas da moça, finalmente chegaram ao local. Elas eram tão animadas quanto e compartilhavam a empolgação de começar a faculdade.
Quando Emma e Abigail encontraram , e Noah, suas expressões se iluminaram com sorrisos calorosos. Abigail, em particular, parecia encantada ao ver . Ela não conseguia tirar os olhos dele e imediatamente quis se apresentar.
- ! – exclamou Emma, abraçando sua amiga. – Que ótimo te encontrar aqui!
- Ei, pessoal! – Abigail cumprimentou todos, mas se aproximou de e estendeu a mão, seu sorriso radiante. – Sou Abigail, é um prazer conhecê-lo…
, lisonjeado com a recepção calorosa, apertou a mão de da moça e sorriu.
- O prazer é todo meu, Abigail! Sou o e este é o Noah! – Ele apontou para o amigo.
Os três começaram a conversar, compartilhando histórias sobre a faculdade e a festa. Abigail, embora educada e amigável com todos, continuava a lançar olhares discretos na direção de , e sua atração por ele não passou despercebida por , que esboçou um sorriso divertido.
Conforme a noite avançava, começou a se sentir um pouco desconfortável na festa. Ele olhou ao redor e notou que Abigail ainda estava lançando olhares furtivos em sua direção. Isso o deixou um pouco inquieto, e ele se perguntou se deveria sair da festa antes que a situação ficasse ainda mais complicada.
percebeu a expressão preocupada do amigo e se aproximou dele com um olhar curioso.
- Tudo bem, ? Você parece um pouco distraído… – Observou .
O rapaz hesitou por um momento, mas depois decidiu compartilhar sua preocupação:
- É que Abigail parece estar me olhando de um jeito estranho… – admitiu ele, falando em voz baixa. – E eu não quero criar problemas aqui!
riu suavemente e colocou a mão no braço de .
- Não se preocupe, ! É só coisa da sua cabeça. Abigail é simpática com todo mundo, é só o jeito dela! E eu já disse a ela o quanto você é tímido, então talvez ela só queira conhecê-lo melhor…
Ele ainda parecia incerto, mas a amiga não desistiu:
- Fique mais um pouco, por favor! – Insistiu com um sorriso. – Vai ser divertido, prometo!
finalmente cedeu, impressionado com a persuasão da amiga. Ele concordou em ficar mais um tempo na festa, mas seu coração continuava dividido entre sua timidez e o desejo de passar mais tempo com e seus amigos.
***
Enquanto estava distraído conversando com Abigail e Noah e os três saíam para buscar mais bebidas, Michael aproveitou a oportunidade para se aproximar de . Ele estava determinado a reconquistar sua ex-namorada, Abigail, e acreditava que aquela festa era o momento perfeito para tentar.
Quando Michael se aproximou, se sentiu desconfortável, mas não queria criar um problema na frente de todos. Ela tentou ser educada, mas ficou aliviada quando viu retornando à festa com bebidas em mãos.
notou imediatamente a expressão de desconforto no rosto de quando ele voltou. Ele se aproximou dela e a abraçou de forma protetora, lançando um olhar frio em direção a Michael:
- , você está bem? – perguntou ele com preocupação genuína.
A moça assentiu, grata pela chegada do amigo e ele estava determinado a ajudá-la. sorriu para e ofereceu a mão.
- Vamos lá, … Vamos mostrar a todos que estamos nos divertindo! – disse, indicando a pista de dança.
sorriu, aliviada, e aceitou a mão do amigo. Os dois se dirigiram à pista de dança, e assim que chegaram lá, o DJ trocou a música para uma lenta e romântica. sentiu-se protegida e grata por ter ao seu lado naquele momento.
Enquanto dançavam coladinhos, aproveitou a proximidade com seu melhor amigo, sentindo-se segura e amparada por ele. Seus sentimentos naquele momento eram de gratidão por ter alguém tão confiável como ao seu lado.
No entanto, tinha emoções conflitantes. Ele sentia a paixão reprimida que nutria pela amiga há anos surgindo novamente, e aquele momento íntimo na pista de dança apenas reforçava seus sentimentos. Ele tentou reprimir seus desejos, mas era difícil não se deixar levar pela proximidade e pela dança romântica com a mulher que ele amava em segredo.
Na pista de dança, sob a luz suave do ambiente e a melodia lenta e romântica preenchendo o ar, e se moviam em harmonia. mantinha uma das mãos na cintura de , enquanto a outra segurava a mão dela delicadamente. Seus corpos estavam próximos, quase colados, e a dança era lenta e até íntima.
Enquanto dançavam, sentia o calor do corpo de e o doce aroma de seu perfume. Cada movimento da dança era carregado de tensão e emoção reprimida. Ele tentava focar apenas na amizade deles, mas era difícil ignorar o desejo que sentia por ela. Os olhos de estavam fixos nos dela, e ele podia ver a confiança e a gratidão nos olhos de . No entanto, o que via como amizade e proteção, via como paixão reprimida e desejo.
Os sentimentos de eram intensos e conflitantes. Ele sabia que precisava manter sua paixão em segredo, mas, naquele momento, enquanto dançava com , era difícil conter as emoções. Cada passo, cada movimento, cada olhar compartilhado os aproximava ainda mais, e se via perdido em sua paixão por .
Enquanto continuavam a dançar na pista lenta e romântica, se inclinou levemente para o ouvido de , aproveitando a música suave que tocava ao fundo:
- , muito obrigada por me ajudar com o Michael. Você é um verdadeiro amigo! – sussurrou ela, sua voz repleta de gratidão –
sorriu e acenou com a cabeça, seu coração aquecido pelas palavras de . Antes que ele pudesse responder, a música na pista voltou a ficar agitada, e eles se separaram um pouco, ainda dançando, mas agora em um ritmo mais animado.
Nesse momento, seus amigos – Noah, Emma e Abigail – se juntaram a eles na pista de dança, e a noite continuou com risos, dança e diversão. tentou manter a amizade em primeiro plano, mas não podia ignorar os sentimentos intensos que nutria por , e a noite parecia trazer ainda mais desafios emocionais.
***
Durante o restante da noite, a festa continuou animada, com dança, música e risos. , no entanto, estava aproveitando a festa de forma um pouco mais intensa do que o habitual. Ela estava se soltando e experimentando diferentes bebidas, e o resultado foi que ela acabou tomando seu primeiro porre.
Preocupados com o estado de , , Noah, Emma e Abigail decidiram cuidar dela e garantir que ela estivesse segura durante a festa. Eles a mantiveram hidratada, ajudaram-na a se equilibrar e a garantir que ela não se envolvesse em nenhuma situação desconfortável.
Quando a festa finalmente chegou ao fim, percebeu que estava um pouco desorientada e não conseguia encontrar a chave de seu apartamento. Com sua preocupação aumentando, ele decidiu levá-la para seu próprio apartamento, onde ela poderia descansar em segurança.
A noite havia se transformado em uma experiência inesperada para todos, e se encontrou cuidando de de uma maneira que nunca imaginou!
Quando saiu do banho e entrou em seu quarto, ele encontrou deitada em sua cama, vestindo uma de suas camisetas. Seu coração deu um salto enquanto observava a visão. Ela parecia tão serena e vulnerável ali, e algo dentro dele se agitou.
Ele se aproximou da cama e se deitou ao lado dela. Seus olhos se encontraram e piscou sonolenta, olhando para ele com carinho. Era um momento tão íntimo e especial que se viu incapaz de resistir a compartilhar o que estava pensando:
- Esses seus olhos poderiam engolir estrelas, galáxias e universos… Que esperanças eu posso ter? – murmurou ele, sua voz cheia de emoção.
sorriu levemente, mas seus olhos começaram a se fechar, e logo ela adormeceu, mergulhando em sonhos que não podia compartilhar. Enquanto a observava dormir, ele se perguntou sobre o que o futuro reservava para os dois e como ele poderia lidar com os sentimentos que cresciam dentro dele a cada dia.
Capítulo Quatro
Calmamente sentado em um dos bancos dispostos pelo campus ele lia seu livro “O verdadeiro valor de TI – de Richard Hunter e George Westerman”. Hoje ele havia saído mais cedo de casa, não dando tempo de aparecer. Estava decidido a esquecê-la e infelizmente para isso, ele precisava se afastar dela o máximo que conseguisse.
estava absorto em sua leitura quando notou a presença de ao longe. Ela se aproximava com um sorriso animado, acenando para chamar sua atenção. No entanto, ao se aproximar, a moça percebeu imediatamente a mudança na atitude do amigo.
- Oi, ! Como vai o dia? – cumprimentou ela, tentando manter o tom animado.
, por outro lado, respondeu de maneira mais fria e distante do que o habitual. Seus olhos encontraram os dela, mas havia uma certa reserva que não passou despercebida por .
- Oi, . O dia está indo… – respondeu ele, desviando o olhar de volta para o livro.
A mulher franziu o cenho, percebendo a mudança sutil, mas palpável no comportamento do amigo. Ela se sentiu momentaneamente desconcertada, tentando entender o que havia acontecido. No entanto, decidiu não pressionar naquele momento, dando a o espaço que parecia desejar. Mesmo assim, a sombra da confusão pairava sobre ela enquanto se afastava, acenando mais uma vez antes de se afastar, deixando mergulhado em seus próprios pensamentos.
Sentindo-se intrigada e um pouco machucada pela mudança de atitude de , decidiu desabafar com Abigail. As duas se encontraram em um café aconchegante no campus da faculdade.
- Abigail, eu não entendo o que está acontecendo com o … Ele está tão estranho esses dias… – confessou, mexendo seu café sem muita vontade.
Abigail, que conhecia a relação entre e , franziu a testa e expressou sua preocupação.
- Estranho? Como assim? Vocês sempre foram tão próximos. – Abigail olhou para a amiga com curiosidade.
- Ele estava mais frio, distante. Parece que algo mudou entre nós, mas eu não faço ideia do que pode ter acontecido. – suspirou, sentindo-se desorientada.
Abigail, então, tentou acalmar a amiga:
- Talvez ele esteja passando por alguma coisa! Você sabe como os homens são às vezes, guardando tudo para eles mesmos… Deve ter uma explicação, amiga!
Mesmo que as palavras de Abigail trouxessem algum conforto, não conseguia ignorar a sensação de desconexão que agora pairava sobre sua amizade com . O mistério só aumentava, deixando-a com um sentimento de inquietação.
Será que ela deveria tentar conversar com ele?
***
Durante o almoço, Emma e trocaram histórias sobre suas vidas, compartilharam risadas e descobriram interesses em comum. A conversa fluiu de maneira natural e aos poucos foi se abrindo, esquecendo momentaneamente as preocupações que o assombravam.
No entanto, em algum momento da conversa, os olhos de Emma encontraram os dele de uma maneira que não passou despercebida por , que observava de longe. Uma pontada de desconforto a atingiu, mas ela tentou ignorar, convencendo-se de que era apenas fruto de sua imaginação.
Após o almoço, se despediu de Emma com um agradecimento sincero pela agradável companhia. Enquanto ele se afastava, se aproximou, tentando disfarçar qualquer vestígio de incerteza em seu rosto.
- Ei, . Como foi o almoço? – perguntou ela casualmente, embora seu coração batesse um pouco mais rápido do que o normal. – Vi que almoçou com a Emma…
olhou para a moça, percebendo que ela estava tentando agir normalmente. Ele sorriu, mas havia uma cautela em seu olhar.
- Foi bom… Emma é uma pessoa legal – respondeu ele, sem entrar em detalhes.
forçou um sorriso, mas algo dentro dela começou a incomodar. A sombra da dúvida se instalou em sua mente enquanto os dois se afastavam do refeitório. tentou manter a conversa leve, procurando uma distração para dissipar o desconforto que se instalara entre eles.
- Ei, , você ouviu falar da festa que a fraternidade está organizando este fim de semana? – perguntou, esperançosa de mudar o clima.
O rapaz ponderou por um momento antes de responder, mantendo o tom casual:
- Ah, sim, ouvi falar! Provavelmente não vou, tenho algumas coisas para terminar de ler e… – Ele hesitou por um breve instante. – …bem, não sou muito fã desse tipo de festa, você sabe.
assentiu, compreendendo. No entanto, ela não pôde deixar de notar que algo havia mudado na dinâmica entre eles. Uma barreira sutil, mas perceptível parecia ter se erguido, separando-os de uma maneira que ela não conseguia entender completamente.
***
Enquanto , Abigail e Emma conversavam animadamente na festa da fraternidade, elas ficaram surpresas ao ver entrar no local acompanhado por Noah. O olhar de encontrou o delas e ele ofereceu um aceno casual antes de se juntar ao grupo.
Abigail foi a primeira a reagir, soltando um comentário brincalhão:
- Olha só quem decidiu aparecer e até trouxe companhia! – disse ela, rindo.
Emma se juntou à brincadeira:
- Noah, você já é da turma agora! – falou com um sorriso.
observava a cena com um misto de surpresa e curiosidade. , normalmente reservado em eventos sociais desse tipo, parecia mais à vontade na presença de Noah. Ela se perguntou o que havia mudado e por que ele estava agindo de maneira tão diferente ultimamente… Talvez devesse conversar com ele, não?
e Emma se dirigiram à área onde as bebidas eram servidas, e enquanto pegavam suas escolhas, começaram a conversar sobre livros. Emma demonstrou um interesse genuíno nos gostos literários do rapaz, perguntando sobre seus autores favoritos e os últimos livros que ele havia lido.
, surpreendido pela empolgação da moça em discutir literatura, começou a compartilhar suas recomendações e pensamentos sobre diversos livros. A conversa fluía naturalmente e a conexão entre eles crescia à medida que descobriam interesses em comum.
, observando de longe, sentia uma pontada de desconforto ao ver o amigo de infância tão envolvido em uma conversa com Emma. Essa situação alimentava sua insegurança e incertezas sobre a mudança no comportamento de recentemente.
Enquanto e Emma desfrutavam de uma conversa animada sobre livros, e Abigail perceberam a dinâmica entre eles. Abigail, sempre atenta aos detalhes, notou a expressão pensativa no rosto de .
- , está tudo bem? Você parece meio distraída… – perguntou, inclinando-se para sussurrar.
A moça balançou a cabeça, tentando afastar os pensamentos negativos.
- Está tudo bem, Abby. Só estou cansada, acho…
Abigail olhou em direção a e Emma, percebendo a conexão entre os dois.
- Você notou que o está se dando bem com a Emma, não é?
assentiu, não conseguindo evitar um aperto no peito.
- Sim, eu percebi. Mas é só porque eles compartilham o gosto por livros.
- Não sei… parece mais do que isso. – Abigail observou, preocupada.
forçou um sorriso.
- Abby, não se preocupe. Eu e o somos melhores amigos. Nada vai mudar isso!
Enquanto a noite continuava, lutava contra seus próprios sentimentos, tentando convencer a si mesma de que a amizade entre ela e permaneceria inalterada. No entanto, a sombra da dúvida persistia.
e Emma observavam Noah, que parecia se divertir flertando com uma moça na festa. O ambiente estava animado e a música preenchia o ar enquanto eles conversavam.
- Noah está mesmo se divertindo! Ele parece conhecer muita gente por aqui… – comentou Emma, dando um gole na bebida.
concordou, observando Noah com um sorriso.
- Sim, ele sempre foi assim, sabe? Extrovertido, fazendo amizade com todo mundo.
- E você, ? Como está sua vida amorosa? – Emma perguntou de repente, olhando diretamente nos olhos dele.
se sentiu um pouco surpreso com a pergunta direta. Ele hesitou por um momento antes de responder:
- Ah, eu… não estou realmente pensando nisso agora. Estou mais focado nos estudos, sabe?
Emma sorriu, parecendo intrigada.
- Sério? Um cara tão legal como você deveria estar aproveitando a vida amorosa. Não tem ninguém que chame sua atenção?
O rapaz sentiu um desconforto leve, não querendo entrar em detalhes sobre seus sentimentos por .
- Bem, acho que ainda não encontrei alguém que me faça pensar assim. Mas quem sabe, né?
Emma parecia satisfeita com a resposta e voltaram a observar a festa, mas sentiu que havia algo mais nas entrelinhas daquela conversa. Enquanto tentava se concentrar na festa, sua mente continuava voltando para os sentimentos complicados que guardava.
A noite continuava animada na festa com risos, música alta e movimento constante. e Emma permaneciam lado a lado, aproveitando a companhia um do outro. Noah, por sua vez, parecia ter encontrado uma boa conexão com a moça com quem flertava, e o grupo seguia se divertindo.
, observando de longe, sentiu um aperto no peito ao ver o melhor amigo e Emma juntos. Um misto de emoções a invadiu, mas ela tentou disfarçar enquanto conversava com Abigail e outros conhecidos.
Enquanto isso, e Emma continuavam a trocar ideias e risadas. A sintonia entre eles era notável e começava a se surpreender com o quão fácil era estar na companhia de Emma. A noite seguia seu curso, mas sentia uma sombra de confusão pairando sobre seus pensamentos.
- Ei, , me dê uma recomendação incrível de um livro lido esse ano? – perguntou Emma, puxando o assunto livros de novo.
, que adorava falar sobre leitura, iluminou-se com a pergunta. Os dois começaram a compartilhar recomendações, discutindo autores favoritos e histórias marcantes. Essa conversa se tornou um refúgio temporário para o rapaz, permitindo-lhe esquecer as complexidades de sua vida amorosa.
A festa continuava, e o grupo se envolveu em diversas atividades. No entanto, os caminhos de e permaneciam distantes naquele momento, ambos imersos em seus próprios pensamentos e sentimentos.
, discretamente, afastou-se do grupo por um momento para observar de longe. Ela estava no meio da pista de dança, entregando-se à música com uma energia contagiante. Seus movimentos eram graciosos e um sorriso radiante iluminava seu rosto.
Enquanto a observava, não pôde deixar de se perguntar como ela conseguia ser tão vibrante e cheia de vida. Um sentimento misto de admiração e saudade o envolveu. parecia estar realmente se divertindo e isso trouxe à tona lembranças de outros momentos em que compartilharam alegrias juntos.
Apesar de estar feliz por vê-la aproveitando a festa, uma parte de também se sentia nostálgica e, talvez, um pouco melancólica. Ele se perguntava se as coisas poderiam voltar a ser como antes ou se ambos estavam destinados a trilhar caminhos separados.
A noite na festa continuou com animação e descontração. , ainda que inicialmente relutante, acabou cedendo aos apelos de Emma e os dois se encontraram dançando na pista. Ela o arrastou com entusiasmo e os dois compartilharam risadas e movimentos sincronizados.
Enquanto isso, observava de longe, seu olhar oscilando entre a diversão de com Emma e a saudade de tempos passados. A música pulsava, as luzes cintilavam e a atmosfera era de celebração, mas, no fundo, sentimentos complexos se entrelaçavam na mente de cada um deles.
***
No caminho de volta para o prédio dos apartamentos, um silêncio tenso pairava entre e . Cada passo ecoava a complexidade dos sentimentos que os envolviam naquela noite agitada. , mesmo se divertindo na festa, sentia uma pontada de melancolia ao ver dançando com Emma. Seu coração estava dividido entre a alegria da amizade deles e a sombra do que parecia perdido.
Por outro lado, , enquanto dançava com Emma, tentava se envolver no momento presente, mas sua mente frequentemente divagava para a imagem de observando-os de longe. Uma mistura de confusão e arrependimento permeava seus pensamentos, enquanto ele se perguntava sobre as escolhas que estava fazendo.
Enquanto subiam juntos no elevador, a tensão entre eles era palpável. Cada andar percorrido parecia um eco dos momentos compartilhados e das palavras não ditas. Ao chegarem em seus respectivos andares, o olhar de encontrou o de por um breve instante, mas nenhum deles quebrou o silêncio. Cada um mergulhou em seus próprios pensamentos, enfrentando a complexidade dos sentimentos que a noite trouxera à tona.
se despediu de com um simples “Boa noite”, sentindo a necessidade de um distanciamento naquele momento. Ela entrou em seu apartamento e a porta se fechou atrás dela, criando uma barreira física que refletia a distância emocional que ambos sentiam.
, por sua vez, entrou em seu próprio apartamento. O ambiente estava silencioso, mas a agitação interna continuava. Ele foi para o banheiro, deixando a água do chuveiro cair sobre ele, como se quisesse lavar não apenas a poeira da festa, mas também as incertezas que o acompanhavam.
Ao sair do banho, o rapaz, com os cabelos ainda úmidos e sem camisa, caminhou pelo apartamento. Quando ouviu batidas na porta, seu coração deu um salto. Ao abrir, deparou-se com do outro lado.
- Podemos conversar? – ela pediu, seus olhos buscando os dele.
A tensão pairando no ar, ambos enfrentando a necessidade iminente de discutir os sentimentos que haviam emergido naquela noite tumultuada.
Capítulo Cinco
engoliu seco ao encarar a figura de parada do lado de fora de seu apartamento.
- , já está tarde! Que tal nós termos essa conversa amanhã?
sacudiu a cabeça com determinação, seus olhos transmitindo uma urgência que não podia ignorar.
- , por favor, é importante! Precisamos conversar agora… – insistiu ela, com um tom sério e decidido.
hesitou por um momento, sentindo a pressão do momento. Então ele deu um passo para trás, abrindo espaço para entrar. Ele sabia que adiar a conversa não faria bem para nenhum dos dois, então decidiu enfrentar o que quer que estivesse por vir naquela noite.
adentrou o apartamento do moreno com as mãos para trás, sentindo o peso do mundo nos ombros. Os dois se encararam e então coçou a nuca sentindo toda a coragem que tinha, desvanecendo aos poucos.
Ela olhou nos olhos de e respirou fundo antes de finalmente falar:
- … Eu não sei por onde começar.
assentiu compreensivamente, sentindo a tensão no ar. Ele sabia que aquela conversa poderia mudar muita coisa entre eles.
- Por que não começa pelo começo? – sugeriu ele, tentando parecer calmo, apesar da turbulência de emoções dentro dele –
ponderou por um momento, buscando as palavras certas. Ela não queria causar mais confusão entre os dois, mas sabia que precisava esclarecer as coisas entre eles.
- , eu tenho me perguntado… se fiz algo que te magoou de alguma forma. – Ela falou suavemente, sua expressão carregada de preocupação e incerteza –
abaixou o olhar por um instante, ponderando sobre como responder. Ele sabia que precisava ser sincero, mas não queria colocar em uma posição desconfortável.
- Não, , você não fez nada. – ele respondeu com sinceridade, erguendo o olhar para encontrar os olhos dela – Não é sobre você… É mais complicado do que isso!
- Complicado porque exatamente? – ela se aproximou dele com alguns passos – Se eu não fiz nada, então o que aconteceu?
respirou fundo, sentindo o peso da decisão que precisava tomar. Ele sabia que suas palavras poderiam machucar , mas era importante ser honesto com ela.
- , é melhor assim… Eu acho que precisamos nos afastar um pouco… – Ele falou com seriedade, desviando o olhar por um momento antes de continuar – Para as coisas não se complicarem mais do que já estão.
ficou quieta por um momento, absorvendo as palavras de . Ela sabia que ele estava certo, mas ainda assim, a dor da separação era difícil de suportar.
- Eu entendi… – ela murmurou, lutando para manter a compostura. – Talvez seja melhor assim, então… Mesmo que pareça confuso já que você diz que eu não fiz nada!
fechou os olhos por um momento, sentindo-se dividido entre a verdade e uma mentira conveniente. Ele sabia que precisava explicar melhor as coisas para , mas ao mesmo tempo, temia magoar-se ainda mais. Uma parte dele queria se proteger, enquanto outra parte sabia que a verdade era necessária para que ambos seguissem em frente.
Finalmente, ele decidiu optar pela mentira, convencendo-se de que era melhor para ambos. Ele abriu os olhos e encontrou o olhar de , sua expressão revelando uma mistura de confusão e tristeza.
- … Eu… – ele engoliu em seco, sentindo o peso das palavras que estavam prestes a sair. – É complicado… Eu tenho pensado muito nas coisas ultimamente, e… Bem, eu acho que estou começando a me envolver com alguém. E eu sei que é egoísta da minha parte, mas eu não quero que a nossa amizade atrapalhe isso!
Ele esperou, observando atentamente a reação de . Por um breve momento, ela pareceu surpresa, mas logo recompôs sua expressão, escondendo qualquer sinal de mágoa.
- Entendo… – ela murmurou, forçando um sorriso – Claro, ! Eu não quero atrapalhar você…
se aproximou de e, com um gesto suave, depositou um beijo rápido em sua bochecha. Foi um gesto simples, mas cheio de significado, uma despedida que expressava tanto gratidão quanto resignação.
- Obrigada por me ouvir, . – ela disse, sua voz carregada de emoção contida – Se precisar de algo, estou aqui… Mesmo que as coisas mudem entre nós, a sua amizade sempre será importante para mim!
Com essas palavras, virou-se e saiu do apartamento, deixando com uma sensação de vazio no peito. Ele sabia que a mentira que acabara de contar pesaria sobre ele, mas por enquanto, parecia a escolha mais fácil.
ficou ali, perdido em seus próprios pensamentos, enquanto o eco do beijo de ainda pairava em sua bochecha, lembrando-o da complexidade e fragilidade das relações humanas.
fechou a porta de seu apartamento, sentindo um nó se formar em sua garganta. Ela se recostou contra a porta e deixou escapar um suspiro pesado. As lágrimas começaram a escorrer por seu rosto, silenciosas testemunhas de sua dor e confusão.
Ela caminhou até o sofá, afundando-se nele enquanto as emoções tumultuavam dentro dela. se sentia perdida, incapaz de entender completamente o que acabara de acontecer. Por que as coisas tinham que ser tão complicadas entre ela e ?
Apesar de seu coração partido, sabia que precisava seguir em frente. Ela se esforçaria para superar essa decepção e manteria sua amizade com da forma que fosse possível. Com um suspiro resignado, secou as lágrimas e começou a planejar como lidaria com essa nova reviravolta em sua vida.
***
Durante toda a semana, e mantiveram uma distância cautelosa um do outro, mesmo quando compartilhavam as aulas na faculdade. Seus cumprimentos eram meros gestos formais, e qualquer conversa era limitada e breve.
observava de longe, incapaz de evitar a sensação de vazio que se instalara em seu coração desde o dia em que decidiram se afastar. Ela o via interagindo com outros colegas, especialmente com Emma, e sentia uma pontada de ciúmes se manifestando dentro dela.
Ela observava se afastando dela, e não podia evitar a dor que sentia ao vê-lo se envolvendo com outras pessoas, especialmente Emma. Ela se questionava se era capaz de lidar com a ideia de seguindo em frente sem ele.
No entanto, havia um momento em que admirava ainda mais. Durante um protesto na faculdade contra testes em animais, ela o viu observando-a de longe, com um olhar de admiração e respeito. Naquele momento, ela percebeu que, apesar das dificuldades entre eles, ainda a apoiava e valorizava suas convicções.
Durante o protesto, estava no centro das atenções, liderando os estudantes com cartazes e palavras de ordem contra os testes em animais. Ela irradiava uma determinação e coragem que capturava a atenção de todos ao seu redor.
Enquanto isso, observava-a de longe, escondido entre os espectadores. Seu olhar era uma mistura de orgulho e admiração enquanto ele testemunhava a força e a convicção de em defender aquilo em que acreditava. Ele podia ver a paixão brilhando em seus olhos, e isso o tocava profundamente.
Apesar das tensões entre eles, naquele momento, sentia uma conexão renovada com . Ele percebeu que, independentemente das diferenças que os separavam, havia algo especial na determinação dela em lutar por suas convicções.
Quando o protesto terminou e os estudantes se dispersaram, encontrou o olhar de entre a multidão. Houve um momento de silêncio entre eles, onde palavras não eram necessárias. Era como se eles se entendessem mutuamente, apesar das barreiras que agora os separavam.
se aproximou de segurando uma prancheta com uma petição. Seus olhos ainda brilhavam com a energia do protesto enquanto ela explicava animadamente sobre o abaixo-assinado que ela e seus amigos estavam promovendo para conscientizar sobre os testes em animais.
- , você não vai acreditar na repercussão que o protesto está tendo! – disse , seus olhos brilhando com entusiasmo – Estamos coletando assinaturas para um abaixo-assinado contra os testes em animais, e estamos conseguindo muita adesão!
ouviu atentamente, admirando a paixão de pela causa.
- Isso é incrível, . Vocês estão fazendo um trabalho importante! – ele respondeu, genuinamente impressionado –
Ao final de sua explicação, estendeu a prancheta para , pedindo-lhe para assinar a petição. No entanto, sua expressão mudou quando respondeu que já tinha assinado a petição de Emma.
A surpresa estampada no rosto de foi evidente, mas ela rapidamente recuperou a compostura.
- Ah, entendi! – disse ela, tentando esconder sua decepção – Bom, obrigada mesmo assim, . Cada assinatura conta.
Por dentro, sentiu um aperto no peito ao ver a expressão de mudar. Ele desejou poder explicar melhor suas razões, mas sabia que era tarde demais.
Após o breve momento de tensão, forçou um sorriso, tentando disfarçar sua decepção. – Bem, de qualquer forma, obrigada por ouvir, ! – ela disse, recuando um passo – Acho que eu devo ir agora… Temos muito o que fazer ainda.
assentiu, sentindo um aperto no coração ao ver a expressão de .
- Claro, ! Boa sorte com o abaixo-assinado. Estou torcendo por vocês. – ele respondeu, tentando transmitir apoio genuíno –
Os dois se despediram com um aceno e se afastou, carregando consigo a frustração e confusão de seus sentimentos. observou-a se afastar, desejando poder consertar as coisas, mas sem saber como.
***
esperava por Emma do lado de fora do restaurante, sentindo-se um pouco nervoso com o jantar que tinham planejado. Ele olhou para o relógio e viu que estava alguns minutos adiantado. Respirando fundo para se acalmar, verificou se estava apresentável e ajustou o colarinho da camisa.
Finalmente, viu Emma se aproximando com um sorriso caloroso no rosto. Seus olhos se encontraram e sentiu um calor se espalhar por seu peito. Ele abriu um sorriso e acenou para ela, enquanto ela se aproximava.
- ! Que bom te ver! – disse Emma, dando-lhe um abraço amigável quando chegou perto o suficiente –
- Você também, Emma. Estava ansioso por este jantar… – respondeu , retribuindo o abraço –
Os dois entraram juntos no restaurante, trocando pequenas conversas enquanto aguardavam para serem levados até a mesa. sentia uma mistura de nervosismo e empolgação, ansioso para passar mais tempo com Emma e conhecer melhor essa mulher que parecia despertar algo novo dentro dele.
Sentados à mesa, e Emma desfrutavam de uma refeição deliciosa enquanto conversavam animadamente. O clima entre eles era leve e descontraído, e sentia-se cada vez mais confortável na presença de Emma. Ela compartilhava histórias engraçadas e interessantes sobre sua vida, e não conseguia deixar de se encantar com ela.
Conforme a noite avançava, uma energia especial parecia pairar sobre a mesa. e Emma trocavam olhares intensos de vez em quando, cada vez mais conscientes da atração que havia entre eles. sentia seu coração bater mais rápido toda vez que seus olhos encontravam os dela.
Depois de terminarem o jantar, eles decidiram pedir sobremesa para prolongar o momento agradável que estavam compartilhando. Quando a sobremesa chegou, Emma inclinou-se um pouco mais para frente na mesa, sorrindo para com os olhos brilhando.
- , eu estou realmente gostando de passar esse tempo com você… – disse Emma, sua voz suave e calorosa –
sentiu um calor subir pelo seu corpo enquanto olhava para ela. Ele sabia que tinha que aproveitar o momento e expressar o que estava sentindo. Com o coração batendo forte, ele estendeu a mão sobre a mesa e segurou a mão de Emma com delicadeza.
- Emma, eu também estou adorando! – disse , olhando nos olhos dela com ternura –
Sem pensar muito, ele se inclinou um pouco mais para frente e seus lábios encontraram os dela num beijo suave. Foi um momento cheio de emoção e promessas para o futuro. Eles se afastaram lentamente, olhando nos olhos um do outro com sorrisos radiantes.
… – murmurou Emma, sua voz repleta de ternura e felicidade –
sorriu, ele sabia que aquele momento era apenas o começo de algo especial entre ele e Emma, e mal podia esperar para ver para onde essa jornada os levaria.
***
Após o jantar, e Emma caminharam juntos até o apartamento dela. O ar estava fresco e agradável, e eles aproveitaram o momento para conversar mais e se conhecerem melhor. Chegando ao prédio de Emma, eles pararam em frente à porta e se entreolharam, compartilhando um sorriso cheio de significado.
Obrigada por essa noite, ! – disse Emma, tocando suavemente o braço dele –
sentiu uma onda de ansiedade percorrer seu corpo enquanto olhava para ela.
- O prazer foi todo meu, Emma! – respondeu ele, com um brilho nos olhos –
Sem pensar muito, inclinou-se para frente e depositou outro beijo nos lábios de Emma. Foi um beijo suave e cheio de promessas, selando o momento especial que compartilharam durante o jantar.
Quando se separaram, olhou nos olhos de Emma, sentindo-se grato por tê-la conhecido. Ele sabia que havia algo especial entre eles, algo que valia a pena explorar.
Com um último sorriso, deu um passo para trás e acenou para Emma antes de se virar e começar a caminhar de volta para casa. Enquanto atravessava as ruas silenciosas da cidade, pensava sobre o que o futuro reservava para ele e Emma. Ele sentia uma mistura de emoções, mas, acima de tudo, sentia-se esperançoso. Talvez, finalmente, ele estivesse pronto para deixar o passado para trás e abrir seu coração para uma nova chance com Emma.
Capítulo Sete
- Você recebeu o convite? – ela perguntou assim que abriu a porta para ela.
Os dois estavam fugindo um do outro há alguns dias, e sempre pareciam desconfortáveis quando, vez ou outra, se trombavam nos corredores da faculdade, nas aulas que compartilhavam, no corredor do apartamento… Mas não deixava de pensar nela, mesmo dizendo a si mesmo que estava feliz com o relacionamento que vinha desenvolvendo com Emma.
Não era mentira, ele de fato se divertia com ela, já que tinham muitos gostos e assuntos em comum, e ela era muito carinhosa, muito disposta e muito exuberante. Mas ela não era , e virava e mexia esse pensamento perturbava a mente de .
- O convite dos nossos pais? – ele perguntou, já sabendo a resposta. assentiu para ele, confirmando.
- Eu fiquei em dúvidas se você havia mesmo recebido, já que não falou comigo sobre… na verdade, não só sobre, não é! – soltou um risinho abafado enquanto sentia o peito apertar. suspirou pesadamente.
- Porque ainda não sei se vou! – Deu de ombros.
- Mas se nós formos, temos de ir amanhã depois das aulas!
continuou encarando-a, sem saber o que dizer.
- Tudo bem! Já entendi… – Ela umedeceu os lábios. – A Emma não vai gostar de saber que vamos viajar para nossa cidade natal juntos e passar o final de semana todo lá, só nós dois e os nossos pais, não é?
- Eu nem contei a ela sobre o convite, , então não tem nada a ver com ela.
- Tem a ver com o quê? Até porque ela não tem motivo nenhum para ter ciúmes de mim… você e eu somos só amigos. Aliás,
éramos! - … – Ele suspirou pesadamente mais uma vez. – Você não entenderia!
- Eu já entendi! Você deixou muito claro para mim quando se afastou pela segunda vez! – conseguiu enxergar uma certa mágoa nos olhos marejados dela. – Achei que tivesse mais importância na sua vida, só isso! – Ela deu de ombros. – Enfim, estou indo até a rodoviária comprar a minha passagem, estou com saudade dos meus pais.
Quando deu as costas para ele, fechou os olhos com força. Ele também sentia falta dos pais… e claro que ela era importante na vida dele, até demais!
- ! – ele chamou. – Espera.
parou de andar assim que chegou na porta de seu apartamento, com os braços cruzados abaixo dos seios, ela encarou no corredor.
- Vamos comprar nossas passagens! Espera só eu colocar uma blusa de frio e pegar minha carteira!
- Você quem sabe! Eu vou pegar a minha carteira. – Ela deu de ombros.
a viu entrar no apartamento e depois de um suspiro pesado, ele entrou em seu apartamento também.
Procurou por sua carteira e a encontrou sobre o painel onde a TV ficava, pegou a mesma colocando-a no bolso da calça cor de caqui que usava e então correu até o corredor e entrou em seu quarto, pegando a grande blusa de moletom que estava jogada sobre a cama e a colocou no corpo.
Quando saiu de seu apartamento encontrou escorada na porta de seu próprio apartamento enquanto encarava a tela do celular. Ele se aproximou dela e ergueu os olhos o encarando:
- Estou chamando um carro, não vou andar até a rodoviária nesse frio! – Ela fez um muxoxo.
não aguentou com o mau humor que ela estava demonstrando e então sorriu sem mostrar os dentes. viu, mas não comemorou, nem comentou nada. Não queria cantar vitória antes do tempo.
- Vamos estrear o elevador? – ele sugeriu apontando para o mesmo, que ficava bem de frente para o apartamento dos dois.
- Ah, não sei! Vamos testar na volta? O carro já está quase chegando! E se ficarmos presos? Melhor na volta.
Num impulso ela segurou uma das mãos dele e saiu puxando-o para as escadas. congelou nos primeiros segundos com a surpresa do toque dela em suas mãos, mas logo se recompôs e soltou a mão de quando eles começaram a descer as escadas, com ela na frente.
- Me desculpe! Foi um impulso… – ela pediu quando eles chegaram à recepção do prédio.
- Qual é o carro? – Ele mudou de assunto enquanto abria a porta de vidro que dava para o portão.
umedeceu os lábios, sem graça.
- Um Honda Civic… – respondeu seguindo-o.
O portão foi aberto pelo porteiro que cumprimentou os dois jovens com um sorriso e então avistou o carro parado do outro lado da rua.
- Ali. – Ela apontou e então os dois seguiram até o veículo.
Os dois cumprimentaram o motorista e o caminho até a rodoviária foi feito em completo silêncio, com encarando a bela cidade de Ottawa pela janela enquanto jogava um jogo qualquer em seu celular.
O clima ruim entre os dois fazia querer segurar o rosto dele entre as mãos e exigir que ele voltasse a ser seu melhor amigo, ela queria dizer que ele estava sendo um grande otário de trocar a amizade dos dois por simples
casinho… mas ela sabia que aquilo poderia piorar ainda mais a situação.
Quando eles finalmente chegaram à rodoviária, continuaram caminhando lado a lado em silêncio.
-
Greyhound? – perguntou .
- Pode ser! – respondeu seca.
Os dois se encararam e então saiu na frente, deixando parado alguns passos para trás.
Quando ela chegou ao balcão, viu se encostar a ela, ao seu lado, o braço dele roçou no dela delicadamente. Se encararam novamente e ele foi o primeiro a desviar o olhar quando o coração começou a acelerar.
- Duas passagens para Tobermory, saindo aqui de Ottawa amanhã à noite, por favor!
- Certo! – A atendente assentiu para eles e então começou a mexer no computador. – Nós temos às dezenove e depois temos à meia-noite!
A atendente olhou para e depois para quando ele disse meia-noite e ela disse dezenove horas, confusa.
- A minha é às dezenove! Se você quiser ir à meia-noite, fique à vontade! – Ela retirou o cartão de crédito da carteira.
rolou os olhos, insatisfeito e então encarou outra vez. Reparou na cara carrancuda que ela estava e então não soube por que, mas sorriu, achando-a fofa e adorável com aquela carranca estampada no rosto.
- Pode reservar o assento ao lado dela para mim às dezenove, por favor! – Ele pegou a carteira no bolso.
A atendente assentiu, sorrindo sem mostrar os dentes e então primeiro finalizou a compra de , emitindo seu bilhete e em seguida fez a mesma coisa com .
se afastou do balcão enquanto finalizava sua compra e então ela começou a mexer no celular, pronta para chamar um carro para eles voltarem ao prédio. agradeceu à atendente, que lhes desejou uma boa viagem e então ele se aproximou de outra vez.
ainda estava concentrada em seu celular quando o rapaz se aproximou. Ela rapidamente ergueu os olhos e mostrou a tela do celular para ele.
- Pedi um carro, deve chegar em uns cinco minutos – informou ela, tentando manter a voz neutra. assentiu, aliviado por não precisar caminhar de volta no frio.
- Obrigado, – respondeu ele, tentando encontrar algo mais para dizer, mas a tensão entre eles ainda era palpável.
Os dois ficaram em silêncio, observando a movimentação na rodoviária enquanto esperavam pelo carro. começou a sentir a mesma sensação de desconforto de antes, mas dessa vez misturada com uma pitada de esperança. Talvez a viagem juntos pudesse trazer alguma clareza para a situação entre eles.
Quando o carro finalmente chegou, mostrou a tela do celular para novamente.
- É aquele ali. – Apontou para um sedã preto que parava perto do meio-fio.
a seguiu até o carro, ambos agradecendo ao motorista antes de entrarem. A viagem de volta ao prédio foi igualmente silenciosa, mas dessa vez havia uma ligeira mudança na atmosfera. podia sentir que ainda estava magoada, mas havia algo diferente em sua expressão, como se ela estivesse esperando por algo.
Quando chegaram ao prédio, saiu primeiro e segurou a porta para . Ele agradeceu com um leve sorriso e os dois caminharam juntos até o elevador.
- Vamos testar agora? – sugeriu , apontando para o elevador. deu de ombros, mas dessa vez com um sorriso suave.
Eles entraram no elevador e, enquanto as portas se fechavam, sentiu uma pontada de nostalgia pelos momentos que haviam compartilhado antes de tudo se complicar. O elevador subiu em silêncio, e quando as portas se abriram, ambos saíram juntos.
parou em frente à porta de seu apartamento e se virou para .
- Boa noite, . Obrigada por vir comprar a passagem comigo – disse ela, tentando manter a voz firme. assentiu, sentindo uma mistura de alívio e tristeza.
- Boa noite, . A gente se vê amanhã – respondeu ele, tentando ignorar a sensação de perda que o assolava.
entrou em seu apartamento e fechou a porta, encostando-se contra ela e deixando escapar um suspiro profundo. fez o mesmo, entrando em seu apartamento e fechando a porta atrás de si. Ambos sabiam que a viagem do dia seguinte seria um momento decisivo para sua amizade, mas por enquanto, só podiam esperar e ver o que o futuro reservava.
***
No outro dia…
entrou no auditório alguns minutos antes da aula começar, procurando um lugar para se sentar. Seus olhos vagaram pelo ambiente, e logo ele avistou sentada ao lado de Lucas. Eles estavam rindo de algo e parecia radiante, seu sorriso iluminando todo o seu rosto.
sentiu uma pontada no peito ao vê-la assim. Não conseguia se lembrar da última vez que a tinha visto tão feliz e despreocupada. Era evidente que a companhia de Lucas lhe fazia bem. sempre teve esse brilho especial, mas agora parecia mais intenso, como se estar ao lado de Lucas trouxesse à tona uma alegria que ele não via há algum tempo.
Ele observou os dois por mais alguns momentos, incapaz de desviar o olhar. gesticulava enquanto falava, seus olhos brilhando de entusiasmo. Lucas parecia encantado, rindo e concordando com tudo o que ela dizia. se perguntou qual era a natureza do relacionamento deles. Eles pareciam tão confortáveis juntos, como se fossem mais do que apenas colegas de aula.
Sentindo-se um intruso, se afastou e encontrou um lugar do outro lado do auditório. Ele se sentou, mas sua mente continuou voltando para e Lucas. Será que eles estavam saindo?
A aula começou, mas mal conseguia se concentrar nas palavras do professor. Seus pensamentos estavam ocupados com e o que ela poderia estar sentindo por Lucas. Ele queria se sentir feliz por ela, queria torcer para que ela encontrasse a felicidade que merecia, mas não podia ignorar a sensação de perda que o consumia.
lançou mais um olhar na direção de e Lucas. Eles estavam compartilhando um livro, os ombros tocando-se levemente enquanto liam juntos. A intimidade entre eles era palpável, e isso só aumentava as dúvidas e os medos de .
“Será que estou realmente pronto para deixá-la ir?”, pensou ele, sentindo o peso das emoções se acumulando. Ele sabia que tinha que dar uma chance a Emma e ao que eles estavam construindo juntos, mas ver tão feliz com outra pessoa o fazia questionar tudo.
A aula seguiu em um ritmo arrastado, e cada minuto parecia uma eternidade. Quando finalmente terminou, se levantou lentamente, observando enquanto e Lucas se levantavam juntos, ainda rindo e conversando. Ele percebeu como Lucas gentilmente colocou a mão nas costas de enquanto a guiava para fora do auditório, e algo dentro dele se quebrou um pouco mais.
Enquanto saía do auditório, se prometeu que tentaria seguir em frente, mas a imagem de rindo com Lucas ficaria gravada em sua mente por muito tempo, um lembrete constante do que ele havia perdido e do que ainda desejava.
Ao sair do auditório ele acabou se encontrando com Noah, que percebeu o semblante abatido do amigo.
- Precisa conversar? – Ele colocou uma das mãos sobre um dos ombros de . – Notei você perdido durante a aula e resolvi sentar longe para não te atrapalhar.
engoliu seco e então os dois começaram a caminhar rumo à sala de aula.
- Não é nada demais. Só não tenho dormido bem…
Noah encarou o amigo que agora ajeitava a alça da mochila nos ombros.
- Entendi… – Noah suspirou. – Olha eu sei que está mentindo, mas eu respeito você não querer falar sobre! Só saiba que se precisar, pode desabafar. Somos amigos e pode ser importante você saber que pode contar com alguém.
sorriu sem mostrar os dentes e assentiu para Noah, ele era uma boa pessoa e sabia disso.
Depois das aulas ele resolveu passar o intervalo na sala de aula mesmo, enquanto tentava distrair a mente estudando.
- Você me avisa quando chegarem lá? – Emma passou os braços em volta do pescoço de . – Me preocupo com essas viagens de ônibus, sabe? – assentiu para ela com a cabeça enquanto a abraçava pela cintura.
- Vai ficar tudo bem, não se preocupe! Eu te aviso quando nós chegarmos, claro. Você também vai me dando notícias suas aqui, combinado?
Emma encostou a testa na dele e então roçou levemente o nariz no dele. Logo os dois estavam se beijando discretamente já que ela sabia que não gostava de beijos muito quentes ou exagerados em público.
Quando se separaram, ela lhe beijou a bochecha antes de acariciar a mesma e sorriu genuinamente, sabia que ela era muito carinhosa.
Depois ele fez sozinho o caminho até o prédio e sorriu outra vez pensando em Emma e em todo o carinho que ela tinha com ele.
Precisava deixar no passado…
***
A mala de era enorme e riu quando a viu tendo dificuldade de empurrar a mesma. Ele correu até ela, ajudando-a.
- Você sabe que nós só ficaremos esse final de semana, né, ? – Ela sentiu as bochechas enrubescerem.
- Mulheres precisam de mais coisas que vocês homens, então não me julgue, ! Até parece que você não me conhece… Até melhor que eu mesma.
O sorriso no rosto de foi desaparecendo aos poucos enquanto a ficha dele caía de que ela tinha razão. Umedeceu os lábios e então os dois logo estavam parados em frente ao elevador recém instalado.
- Deixa que eu chamo o carro dessa vez.
- Espera nós chegarmos a recepção para pedir, melhor, não?
olhou para ela e assentiu, guardando o celular no bolso outra vez.
- Tem razão. – Ele assentiu enquanto ela chamava o elevador. – Fechou todo o apartamento? Parece que ia chover…
- Sim senhor. E você? – O moreno fez que sim para ela. Aí o elevador chegou e ajudou a enfiar a mala no mesmo enquanto os dois riam.
- Caramba, tá pesada, ! – ele reclamou quando terminou de entrar no elevador junto com ela e a mala.
e continuavam rindo enquanto tentavam ajeitar a mala dentro do elevador. Assim que ele apertou o botão do térreo, o elevador deu um tranco repentino e parou de se mover, as luzes piscando antes de se apagarem completamente, deixando-os na escuridão.
- O que foi isso? – perguntou, a voz tremendo um pouco.
- Acho que o elevador parou… – respondeu, tentando manter a calma. – Deve ser uma queda de energia.
No escuro, tentou alcançar o painel de controle, mas o elevador deu outro tranco, fazendo com que ele perdesse o equilíbrio e caísse contra . Suas mãos instintivamente seguraram os ombros dela para se apoiar, e ele sentiu o corpo de estremecer levemente com o contato inesperado.
- Desculpa! – ele murmurou, sentindo o calor do corpo dela tão próximo do seu.
- Tudo bem – ela sussurrou de volta, as palavras saindo quase em um suspiro.
Por um momento, tudo o que podia ouvir era a respiração rápida de misturada com a sua. No escuro, suas mãos deslizaram dos ombros dela para os braços, e ele sentiu o coração acelerar com a proximidade.
- … – ele começou, mas as palavras falharam enquanto a tensão entre eles crescia.
sentiu a respiração dele contra o seu rosto, e sua própria respiração ficou entrecortada. Ela sabia que esse momento estava carregado de sentimentos não ditos e de uma conexão que ambos vinham tentando ignorar. No silêncio e na escuridão, parecia que o tempo havia parado para os dois.
- , eu… – ela tentou falar, mas foi interrompida quando ele se inclinou mais perto, seguindo um impulso que não conseguia mais conter.
Seus lábios se encontraram em um beijo hesitante no começo, mas que rapidamente se tornou mais profundo e cheio de desejo. Eles estavam entregues ao momento, esquecendo todas as dúvidas e complicações que vinham enfrentando. Era como se finalmente todas as barreiras tivessem sido derrubadas, e tudo o que restava era a verdade crua de seus sentimentos.
Quando finalmente se separaram, ainda ofegantes, manteve a testa encostada na de . Ambos estavam tentando processar o que acabara de acontecer, respirando pesadamente no espaço apertado do elevador. O silêncio foi quebrado de repente pelo som das luzes se acendendo e o elevador voltando a se mover.
A súbita iluminação revelou os rostos corados e as expressões confusas de ambos. deu um passo para trás, ainda tentando compreender a intensidade do momento que acabaram de compartilhar. piscou algumas vezes, ainda atordoada.
- … – começou, mas foi interrompido por ela.
- Isso não pode acontecer, … – ela disse, a voz trêmula. – Não devia ter acontecido.
sentiu o peito apertar com as palavras dela, embora soubesse que havia uma verdade dolorosa naquelas palavras. Ele queria dizer algo, qualquer coisa para mudar a situação, mas antes que pudesse formular uma resposta, o elevador chegou ao térreo e as portas se abriram.
pegou a mala com certa dificuldade e saiu do elevador, evitando olhar diretamente para . Ele a seguiu, o coração ainda batendo forte, tentando encontrar as palavras certas.
- , espera – ele disse, tocando levemente o braço da amiga. Ela se virou, os olhos cheios de emoções conflitantes.
- , por favor. Isso só vai complicar ainda mais as coisas entre a gente – ela falou, a voz embargada. – Você está com a Emma agora. Eu… não posso ser a causa de mais confusão na sua vida.
ficou em silêncio, vendo a dor e a determinação nos olhos dela. Ele sabia que ela estava certa, mas isso não tornava a situação menos difícil.
- Vamos… vamos só pegar nossas passagens e ir para essa viagem – ela disse finalmente, tentando recompor-se.
Ele assentiu, engolindo em seco enquanto ambos se dirigiam para fora do prédio. O clima entre eles estava carregado de tensão, e nenhum dos dois sabia como voltar ao que eram antes.
Capítulo Oito
Dentro do carro de aplicativo o silêncio entre os dois reinava. Nenhuma palavra havia sido dita, nem por , nem por . Ambos estavam sentados no banco de trás do carro, com suas cabeças escoradas na janela. tinha os fones do celular no ouvidos, mas ela nem sabia que música estava ouvindo, ela simplesmente só queria evitar que pudesse tocar no assunto.
Os pensamentos dela revivem o beijo de segundo em segundo, e ela sentia o coração agitado dentro do peito.
O silêncio do carro fazia parecer que o som de seus pensamentos ecoava ainda mais alto. Tudo o que ela conseguia pensar era no momento que haviam compartilhado no elevador — no calor do corpo de , no toque dos lábios dele, na forma como seus corações pareciam bater no mesmo ritmo por um breve instante.
Ela balançou a cabeça, tentando afastar a lembrança.
“Isso não devia ter acontecido”, repetia para si mesma, quase como um mantra. Mas por mais que dissesse isso, não conseguia ignorar o que sentira. O beijo a deixou mais confusa do que nunca. Desde que começou a se afastar, ela tentava aceitar que eles tinham se distanciado e que ele agora estava com Emma. Era mais fácil acreditar que a amizade deles havia simplesmente mudado.
Mas, naquele momento, no elevador, tudo desmoronou. nunca havia enxergado com outros olhos além da amizade. Ele sempre fora seu melhor amigo, alguém em quem ela confiava completamente, mas nada além disso. Então, por que ela havia deixado aquele beijo acontecer? Por que seus lábios ainda formigavam com o contato, como se estivessem aguardando por mais? E por que, mesmo agora, sentada no banco de trás do carro, ela ainda respirava ofegante, com o coração descompassado?
fechou os olhos e tentou organizar os pensamentos. O beijo a pegara de surpresa, mas não fora apenas o impulso do momento, o choque do elevador parando ou o susto de esbarrando nela. Não. Havia algo mais profundo, algo que ela não conseguia explicar, que a fez retribuir o beijo ao invés de se afastar. Ela não parava de pensar na sensação dos lábios dele nos seus, no calor de seus corpos próximos, como se uma faísca tivesse acendido algo que estava adormecido dentro dela.
“Por que fiz isso?”, pensava ela. Não era como se tivesse algum sentimento romântico por antes disso… ou será que tinha e simplesmente nunca havia percebido? O pensamento a deixava ainda mais confusa. sempre achou que conhecia seus sentimentos em relação a ele, mas agora, depois daquele momento, ela não sabia mais. O que mais a incomodava era o fato de que o beijo parecia ecoar em sua mente de novo e de novo, e cada vez que se lembrava, seu corpo respondia com uma mistura de nervosismo e desejo.
Ela mordeu o lábio, tentando reprimir essas sensações.
“Foi um erro”, disse para si mesma, embora soubesse que seu corpo e seus sentimentos não concordavam. O beijo havia despertado algo, e, agora, ela não sabia como voltar atrás.
Enquanto o carro seguia pelas ruas tranquilas, também se perdia em seus pensamentos. Assim como , ele mal registrava o silêncio ao redor ou a cidade passando pela janela. Tudo o que conseguia pensar era no beijo. O gosto dos lábios dela ainda estava presente nos seus, e a lembrança do toque delicado dos corpos no elevador parecia marcada em sua pele. Ele sentia um turbilhão de emoções que o confundia.
sempre fora sua amiga mais próxima, quase uma irmã, alguém com quem ele sempre pôde contar. Mas o que havia acontecido? Por que ele permitiu que aquele beijo acontecesse? Pior ainda, por que o desejou tanto no momento em que aconteceu? Ele queria afastar esses pensamentos, voltar a vê-la como sua melhor amiga, mas o beijo abriu uma porta que ele não sabia se poderia ou queria fechar.
E então havia Emma… Emma era divertida, carinhosa, e parecia se importar genuinamente com ele. Nas últimas semanas, eles estavam se conhecendo melhor, e gostava disso. Havia algo leve e fácil no relacionamento com Emma — não havia pressão, e ele se sentia confortável ao lado dela. Ela o fazia rir, eles compartilhavam muitos gostos e, acima de tudo, Emma era constante, segura. Ele sabia onde estava pisando quando estava com ela.
Mas por que, então, a lembrança do beijo com o abalava tanto? Ele gostava de Emma, e essa certeza deveria ser suficiente. Contudo, o que aconteceu no elevador voltou a plantar uma dúvida dentro dele, uma dúvida que ele não sabia como lidar. Ele estava comprometido em fazer as coisas funcionarem com Emma, mas agora não podia deixar de se perguntar o que realmente ainda sentia por .
suspirou silenciosamente, sentindo o peso da situação se acumular sobre seus ombros.
“Foi só um beijo”, ele disse a si mesmo, tentando racionalizar, mas no fundo sabia que não era apenas isso. Ele ainda estava atraído por de uma forma que nunca havia admitido, nem para si mesmo. O problema era:
o que fazer agora? Ele não queria magoar Emma, especialmente agora que estavam começando algo que poderia ser importante. Mas e quanto a ? Ela era mais do que uma amiga, mais do que apenas uma pessoa com quem ele compartilhava memórias e risadas. Agora, ela era uma incógnita em sua vida, uma linha que ele não sabia se deveria ou poderia cruzar.
Quando o carro parou na rodoviária, o motorista anunciou a chegada com um breve “
chegamos”. foi a primeira a se mexer. Sem dizer uma palavra, ela retirou os fones dos ouvidos e, apressada, abriu a porta, saindo para o lado de fora. observou enquanto ela se inclinava para pegar as malas, mesmo sabendo que estavam pesadas demais para ela carregar sozinha.
Sem se importar com a dificuldade, começou a puxar suas malas. O esforço visível em seus movimentos deixava claro que ela não conseguiria ir muito longe daquela forma, mas ainda assim, não pediu ajuda. O silêncio entre eles, que havia começado no carro, continuava a pesar no ar. segurou a alça de sua própria mochila, pronto para ir ajudá-la, mas hesitou.
Ele sabia que precisava de espaço. Desde o elevador, algo havia mudado entre eles, e ela parecia tão confusa quanto ele. Talvez fosse melhor deixá-la processar aquilo sozinha, pelo menos por agora. abriu a porta do outro lado e saiu devagar, observando-a caminhar à frente. As malas pesadas se arrastavam pelo chão, e ele sabia que, se ela continuasse assim, logo teria que parar para descansar. Mas ele preferiu esperar.
Com as mãos nos bolsos, a seguiu a uma distância segura, dando-lhe o espaço que ela claramente desejava. Enquanto caminhava, ele não conseguia evitar o conflito dentro de si. Cada passo era uma lembrança do beijo no elevador, do modo como ela reagiu, do silêncio que se instalou entre eles. Ele sabia que, cedo ou tarde, teriam que falar sobre isso, mas agora não era o momento.
, por sua vez, continuava avançando, determinada a se distanciar o máximo possível, mesmo com a mala atrapalhando. , atrás dela, suspirou. Talvez o tempo sozinho fosse exatamente o que ambos precisassem.
finalmente parou de andar quando encontrou um lugar vazio perto do portão onde eles aguardariam o ônibus. Com um suspiro cansado, ela largou a mala e se sentou em um dos bancos de metal. Seus ombros estavam tensos, e ela abaixou a cabeça, passando as mãos pelos cabelos. A confusão ainda fervilhava em sua mente, mas, pelo menos por enquanto, ela precisava de um pouco de descanso.
a observou de longe, sentindo um aperto no peito ao vê-la tão abatida. Ele sabia que o que tinha acontecido no elevador estava pesando em ambos, e a distância entre eles parecia maior do que nunca. Ele não queria deixá-la sozinha, mas também sabia que ela precisava de tempo. Mesmo assim, não podia simplesmente ficar parado.
Ele se aproximou devagar, percebendo que não notava sua presença. O som dos anúncios da rodoviária e das pessoas ao redor preenchia o silêncio. olhou para ela, com o rosto apoiado nas mãos, e tomou uma decisão.
— Vou buscar algo para a gente tomar um café, ok? — ele disse em voz baixa, sem esperar uma resposta.
apenas assentiu com a cabeça, sem levantar os olhos. respirou fundo e se virou, caminhando em direção a uma pequena cafeteria perto da área de espera.
Enquanto esperava na fila, refletia sobre o que deveria fazer. O beijo não saía de sua cabeça, mas ele sabia que não podia ignorar o fato de que estava conhecendo Emma. Ela era carinhosa, sempre atenciosa, e ele gostava de estar com ela. Mas, ao mesmo tempo, havia algo em que o atraía de uma maneira que ele não conseguia entender.
Depois de pedir dois cafés e alguns croissants, voltou para onde estava sentada, esperando que, com um simples gesto, pudesse amenizar o clima tenso entre eles.
se aproximou de , equilibrando os dois cafés e o pacote de croissants nas mãos. Ele parou na frente dela, hesitando por um instante, antes de estender um dos copos e o croissant.
— Aqui, achei que a gente podia comer alguma coisa enquanto espera.
levantou a cabeça devagar, seus olhos finalmente encontrando os dele. Ela pegou o café e o croissant com um breve aceno de cabeça, agradecendo em silêncio.
— Obrigada — murmurou, quase inaudível, antes de dar um pequeno gole no café.
sentou-se ao lado dela, deixando a mala ao seu lado, e começou a comer o próprio croissant. O silêncio entre os dois permaneceu denso, quase palpável, mas nenhum deles parecia saber como quebrá-lo.
mastigava distraída, o sabor da comida passando despercebido. Sua mente ainda estava presa no beijo, nas sensações confusas que ele despertara. O silêncio entre eles, embora desconfortável, parecia ao mesmo tempo necessário. Talvez estivessem tentando processar o que significava aquele momento no elevador.
, por sua vez, também não sabia o que dizer. A presença de ao seu lado o deixava inquieto, mas ele respeitava o espaço que ela parecia precisar. Eles ficaram assim por alguns minutos, dividindo o café e o croissant, mas sem trocar mais do que olhares breves e furtivos.
***
Dentro do ônibus, o silêncio entre e continuava. Eles haviam escolhido assentos lado a lado, como sempre faziam, mas desta vez a distância entre os dois parecia maior do que nunca, mesmo que fisicamente estivessem tão próximos.
colocou os fones de ouvido, buscando alguma distração. Ele mexeu no celular, procurando uma playlist que pudesse ajudá-lo a apagar os pensamentos que insistiam em rodopiar na sua mente, especialmente o beijo. Assim que a música começou a tocar, ele fechou os olhos, inclinando a cabeça para trás, na tentativa de relaxar.
, por sua vez, permaneceu quieta, olhando pela janela por alguns minutos, mas sem realmente ver a paisagem. Sua mente estava agitada demais para se concentrar em qualquer coisa ao redor. Eventualmente, seus olhos vagaram até .
Ele estava com os olhos fechados, seu rosto sereno, como se tivesse conseguido encontrar algum tipo de paz, diferente da turbulência que ela sentia por dentro. o observou em silêncio. Seus traços fortes e definidos, o perfil familiar que ela conhecia tão bem… de repente, ela percebeu que estava analisando cada detalhe de seu rosto de um jeito que nunca tinha feito antes.
E então, como um trovão, o beijo voltou à sua mente. Ela se lembrou do choque inicial, da maneira como os lábios dele encontraram os dela, do calor que se espalhou pelo corpo de ambos e da forma como o tempo pareceu parar por um breve momento. Seu coração começou a acelerar novamente. Por que ela havia deixado aquilo acontecer? E por que, agora, mesmo depois de todo o desconforto e silêncio, seus lábios ainda formigavam ao lembrar do contato?
suspirou baixinho, desviando o olhar de . Ela nunca o havia visto de outra forma, além de seu melhor amigo. Mas agora, após aquele beijo, tudo parecia diferente, mais complicado.
A confusão em sua mente era inegável.
A viagem até Tobermory transcorreu em um silêncio pesado, quebrado apenas pelo som suave da estrada e o barulho distante da música que escutava em seus fones de ouvido. continuava a olhar pela janela, observando a paisagem que mudava gradualmente, mas sem realmente absorver os detalhes. Seus pensamentos giravam em torno do beijo, e toda vez que ela tentava afastá-lo da mente, ele voltava com mais força.
, por outro lado, tentava se concentrar na música, mas não conseguia escapar da lembrança do que havia acontecido. O silêncio entre eles, que antes era confortável, agora parecia desconfortável, uma barreira que ambos não sabiam como atravessar. Ele pensava em Emma, na conexão que estavam criando, e em como tudo parecia certo com ela… até o beijo com confundir completamente seus sentimentos outra vez.
Horas se passaram sem que trocassem uma palavra, ambos presos em seus próprios pensamentos, evitando qualquer interação que pudesse trazer à tona o que estava entre eles. O ônibus fez algumas paradas rápidas, mas eles preferiram ficar em seus lugares, sem vontade de sair.
Quando finalmente chegaram a Tobermory, o som das rodas do ônibus sobre o asfalto irregular os tirou de seus devaneios. foi a primeira a se levantar, pegando sua bagagem antes de ter a chance de ajudar. Ela saiu na frente, empurrando sua mala com dificuldade, mas preferindo lidar sozinha com isso. , percebendo que talvez ela precisasse de um pouco de espaço, deixou que ela fosse, observando-a de longe enquanto pegava suas próprias coisas.
O ar fresco de Tobermory parecia carregado de novas tensões, e ambos sabiam que aquela viagem não seria apenas uma escapada tranquila.
***
Ao descerem do ônibus, o clima entre e ainda era tenso, e o silêncio continuava a dominar. Cada um pegou suas malas e começou a caminhar em direções opostas. Por um breve momento, hesitou, sentindo o peso da situação, mas logo decidiu continuar em frente.
Agora que os pais de haviam se mudado de casa e não eram mais vizinhos dos pais de , isso trouxe um certo alívio para ambos. Antes, o fato de morarem tão perto um do outro sempre os aproximava, mas agora essa distância geográfica parecia refletir a distância emocional que ambos sentiam, depois do beijo.
seguiu pelo caminho conhecido até a nova casa de seus pais, que ficava mais afastada da rua principal de Tobermory. Enquanto caminhava, ele sentiu uma onda de alívio por não ter que passar na frente da casa de , algo que antes parecia tão natural, mas agora só traria mais confusão. Ele estava ansioso para se distrair e, talvez, entender melhor tudo o que estava sentindo.
, por sua vez, se dirigiu para a casa dos pais, sentindo o alívio de saber que não estaria ali, como de costume. A ideia de ter tempo e espaço para processar tudo, sem se esbarrar com ele a qualquer momento, era reconfortante. Ela precisava de distância para reorganizar seus pensamentos e entender por que o beijo tinha mexido tanto com ela.
Mesmo sabendo que inevitavelmente se encontrariam durante a estadia na cidade, ambos se apegaram à sensação temporária de que, pelo menos por enquanto, estavam afastados o suficiente para respirar.
chegou à nova casa de seus pais e foi recebido calorosamente. Sua mãe o abraçou com força, comentando o quanto ele havia emagrecido desde a última visita, enquanto seu pai, mais reservado, o cumprimentou com um tapinha no ombro. Eles rapidamente começaram a conversar sobre as novidades da cidade e o novo trabalho de seu pai. se sentiu acolhido e confortável, mas não pôde evitar que seus pensamentos voltassem a e ao que havia acontecido entre eles. Ele tentou afastar essas preocupações, concentrando-se nas histórias que sua mãe contava sobre os vizinhos e a vida tranquila em Tobermory.
Enquanto isso, chegou à casa de seus pais, sendo recebida com a mesma empolgação. Sua mãe estava animada para ouvir todas as novidades, perguntando sobre o trabalho e a vida na cidade grande. O pai de , sempre mais descontraído, fez brincadeiras sobre a enorme mala que ela trouxe, o que arrancou algumas risadas. Mesmo cercada por esse carinho, sentia uma certa inquietação no peito. Ela se sentia em casa, mas sua mente ainda estava presa ao beijo, às emoções confusas que surgiram, e a .
Embora ambos estivessem imersos nas conversas familiares, as lembranças e perguntas sobre o que aconteceria a seguir entre eles eram inescapáveis.
***
Naquela noite, na casa dos pais de , um jantar simples mas acolhedor estava preparado. A mesa estava arrumada com cuidado, e o cheiro de comida caseira preenchia o ambiente. chegou pouco depois, e foi calorosamente recebido pelos pais de .
— ! — a mãe de , Sra. o abraçou com entusiasmo. — Quanto tempo! Estávamos com saudades de te ver por aqui.
— É bom ver vocês também. — respondeu, sorrindo de forma educada enquanto trocava um aperto de mão firme com o Sr. — Vocês também têm feito falta.
— Olha só, ele nem parece mais um garoto! — o pai de disse com uma risada, o tom familiar e carinhoso de sempre. — Tobermory fica mais alegre quando você está por aqui.
observava a cena, tentando sorrir, mas o nervosismo por dentro era palpável. Os pais de sempre tinham sido parte da vida dela, como os próprios pais, então quando eles chegaram, o tratamento foi igualmente caloroso. A mãe de , sorridente, abraçou com carinho, enquanto o pai fazia seus comentários amigáveis sobre como ela cresceu desde que eram vizinhos.
— E então? Estão animados para o acampamento de amanhã? — a Sra. Hayes perguntou, enquanto todos se acomodavam ao redor da mesa. — Como nos velhos tempos!
trocou um olhar rápido com , ambos mantendo sorrisos tensos.
— Sim, claro! — respondeu com entusiasmo forçado, mexendo na comida com o garfo. — Vai ser ótimo, mal posso esperar.
assentiu, tentando esconder o desconforto.
— Vai ser bom voltar lá com vocês — ele disse, forçando uma certa leveza na voz. — Faz muito tempo que não acampamos juntos.
— É verdade — o pai de riu. — Os dois eram inseparáveis, passavam o tempo todo explorando as trilhas e tentando pescar alguma coisa.
Ambos riram baixinho, mas a tensão era palpável. Nenhum deles conseguia parar de pensar no beijo, e no que isso significaria para o acampamento, agora que tudo estava diferente.
Com o jantar prestes a ser servido, as mães de e se levantaram da mesa, rindo enquanto se dirigiam para a cozinha para finalizar os preparativos.
— Deixa que a gente termina aqui, vocês fiquem à vontade — disse a Sra. , já ocupada organizando algumas travessas. A mãe de a acompanhou, e logo as duas estavam trocando receitas e histórias antigas na cozinha.
Os pais dos dois também começaram a se envolver numa conversa animada sobre esportes, algo que sempre conectava as famílias.
— E o hockey? A temporada está boa? — o Sr. perguntou ao pai de , que imediatamente entrou no assunto.
A conversa foi se desenrolando em torno de jogos de hockey e futebol, mas rapidamente ficou claro que e estavam meio deslocados. Sentados lado a lado no sofá da sala, o clima entre eles era pesado, ainda mais agora que estavam praticamente sozinhos. O som abafado das vozes dos pais ecoava na sala de jantar, mas os dois mal conseguiam se concentrar em qualquer coisa além do silêncio entre eles.
, inquieta, mexia no cabelo, evitando olhar para . Ele, por sua vez, passava os dedos nervosamente pelas calças, sem saber como iniciar uma conversa depois de tudo que aconteceu. Ambos estavam tão cientes do beijo que parecia ser a única coisa que preenchia o ar ao redor deles.
Depois de alguns segundos que pareceram uma eternidade, finalmente respirou fundo, quebrando o silêncio.
— Isso está meio esquisito, né? — ele murmurou, mantendo o tom baixo para que os pais não ouvissem.
desviou o olhar, mordendo levemente o lábio antes de responder.
— É… um pouco — ela admitiu, o coração acelerando. — Mas não podemos deixar isso atrapalhar o fim de semana, certo?
assentiu lentamente, mas o desconforto em seu rosto era evidente.
— Claro. A gente precisa… sei lá, relaxar e tentar não pensar muito nisso. — Ele coçou a nuca, visivelmente tenso. — Pelo menos, é o que eu estou tentando fazer.
Os dois trocaram um olhar rápido, e tentou dar um sorriso que não alcançou seus olhos. As coisas não seriam fáceis dali em diante, mas ambos sabiam que teriam que manter as aparências, pelo menos até o fim de semana acabar.
***
O jantar finalmente estava servido, e todos se reuniram ao redor da mesa. A comida estava impecável, como sempre, preparada com o carinho que as mães de e sabiam dedicar a cada prato. Conversas fluíam naturalmente, envolvendo todos na mesa em risadas e memórias.
— A comida de vocês continua imbatível! — elogiou o pai de , rindo enquanto pegava mais uma porção de lasanha. — Se eu tivesse isso todos os dias, estaria perdido.
— Ah, imagina! — a mãe de respondeu, orgulhosa. — Mas fico feliz que você goste.
Entre conversas sobre os velhos tempos, histórias de infância e atualizações sobre o que cada um andava fazendo, o clima na mesa parecia muito mais leve do que o que e haviam experimentado momentos antes. Eles se esforçavam para interagir normalmente, ainda que de vez em quando os olhares se cruzassem e a tensão entre os dois se fizesse presente, ainda que sutil.
Quando todos terminaram de comer, os pais começaram a se levantar, satisfeitos com o jantar.
— Eu ajudo a arrumar a cozinha — disse o pai de , levando os pratos para a pia.
— Ah, deixa isso com os jovens — sugeriu a mãe de , piscando para e . — Eles podem se encarregar disso enquanto a gente descansa um pouco.
— Claro, sem problemas — respondeu rapidamente, levantando-se. Ele já se dirigia para a pia quando completou: — Eu lavo a louça.
, sem pensar muito, também se levantou.
— Eu ajudo — disse, pegando os pratos restantes da mesa e seguindo até a cozinha.
Assim que ficaram sozinhos na cozinha, o som abafado das conversas dos pais foi substituído pelo correr da água na pia. começou a lavar os pratos em silêncio, enquanto secava e os guardava nos armários. Eles trocavam poucos olhares, mas o clima parecia ligeiramente menos tenso, como se a rotina de limpar a cozinha oferecesse uma distração temporária.
— Obrigada por ajudar com isso — disse de repente, sem olhar diretamente para ela.
apenas deu um breve sorriso, assentindo.
— Não tem de quê. É o mínimo que eu posso fazer depois de um jantar tão bom.
O silêncio voltou a se instalar, mas dessa vez, era menos desconfortável. Mesmo com a lembrança do beijo ainda pairando entre eles, os dois pareciam encontrar um breve momento de normalidade. observava as mãos de trabalhando na louça, e por um instante, se perguntou se algum dia conseguiria olhar para ele do mesmo jeito de antes, sem lembrar da intensidade que compartilharam no elevador.
Por enquanto, aquele silêncio confortável, ainda que cheio de coisas não ditas, era suficiente para os dois.
Capítulo nove
Jaded, da
Miley Cyrus, tocava baixinho no som do carro dos pais de e ela acompanhava a música, cantando baixinho com sua voz suave.
se aproximou, engolindo seco e tirou os fones de ouvido, ajeitando a mochila em um dos ombros. Eles se encararam e instantaneamente parou de cantar.
— Meus pais disseram para irmos juntos, já que o nosso carro é maior… Daí meu pai vai sozinho com as malas e etc. Vim te chamar para pegar suas coisas e passar para lá.
assentiu, desligando o rádio e saindo do carro dos pais. Ela abriu o porta-malas e começou a pegar suas coisas, tentando manter a mente focada na tarefa simples de organizar tudo. se aproximou em silêncio, ajeitando a alça da mochila no ombro outra vez, e observou enquanto ela fechava o porta-malas e suspirava, olhando para o lado por um breve segundo.
— Vou pegar minhas coisas e levar para o carro dos seus pais então — disse, evitando encontrar o olhar de por muito tempo.
apenas acenou, sem saber o que dizer. Ele sentia que cada palavra carregava um peso que poderia complicar ainda mais a situação entre eles. Enquanto puxava suas malas, ele se ofereceu para ajudá-la.
— Deixa que eu levo uma — ele sugeriu, pegando a maior das malas sem esperar resposta.
permitiu, agradecendo em silêncio. Caminharam juntos até o carro dos pais de , onde o pai dele estava organizando o porta-malas.
— Ah, ! — O pai de sorriu ao vê-la. — Como é bom ter você por perto! — Ele pegou a mala das mãos de . — Está animada para o acampamento?
forçou um sorriso educado.
— Estou sim, senhor . Vai ser bom relembrar os velhos tempos.
O pai de riu, satisfeito com a resposta.
— Com certeza será! — Ele olhou para o filho. — Pronto, . Podemos ir?
apenas assentiu, trocando um olhar rápido com . Os dois voltaram para o carro dos pais dela, onde o clima parecia mais denso do que nunca. O pai de estava no volante, ajustando o retrovisor, e a mãe dela estava no banco do passageiro, verificando se tudo estava em ordem.
— Prontos para a estrada? — perguntou o pai de com um sorriso.
— Prontos! — tentou responder com animação, mas sua voz soou um pouco tensa.
entrou no banco traseiro, sentando-se ao lado de . Assim que fecharam as portas, o pai dela ligou o carro e deu partida. No silêncio que seguiu, apenas o som suave da estrada preenchia o ar, enquanto ambos olhavam para fora da janela, perdidos em seus pensamentos.
A mãe de , tentando quebrar o silêncio, se virou no banco da frente e sorriu.
— Eu trouxe lanches para a viagem. Se precisarem de algo, é só falar, tá bem?
— Obrigada, mãe. — respondeu, ainda com o olhar fixo na janela.
deu um breve aceno e voltou a encarar a paisagem que se movia lentamente do lado de fora. A viagem estava apenas começando, mas o desconforto entre os dois parecia já ter se instalado, como um hóspede inesperado.
***
Os pais de conversavam com os dois animadamente sobre os velhos tempos, então uma lembrança específica fez os dois trocarem um olhar, como se estivessem se lembrando exatamente do momento:
— Lembram daquela vez em que vocês dois decidiram explorar a floresta sozinhos e acabaram se perdendo? — Ela soltou uma risada suave, olhando para o marido. — Meu Deus, acho que eu nunca fiquei tão nervosa! Passei horas chamando vocês!
e trocaram um olhar rápido, e ambos sabiam exatamente do que ela estava falando. As memórias voltaram com força.
Eles tinham cerca de 10 anos e decidiram provar que eram “exploradores de verdade”.
Flashback on:
“De mãos dadas, caminhavam confiantes pelo bosque atrás do acampamento, rindo e fingindo serem aventureiros profissionais. Em um momento de coragem, resolveram se afastar mais do que o habitual. O entusiasmo foi tomando conta até que perceberam, de repente, que não sabiam mais o caminho de volta. — Eu juro que sabia para onde estávamos indo — murmurou, tentando parecer calmo, mas a inquietação era evidente no tom de sua voz. — Você disse que conhecia um atalho, ! — o acusou, mas não havia raiva em sua voz, apenas uma pontinha de desespero. As horas passaram devagar, e o medo de estarem perdidos começou a tomar conta. O sol começou a descer no horizonte, e as sombras da floresta pareciam crescer e dançar ao redor deles. Em um ato de desespero, começou a chorar, sentada em uma pedra, enquanto fazia o possível para acalmá-la, prometendo que encontrariam o caminho de volta. — , vai ficar tudo bem. Eu vou te proteger. — estendeu a mão, seus olhos determinados, mesmo que ele mesmo estivesse com medo. — A gente só precisa achar um caminho de volta. Quando finalmente ouviram as vozes dos adultos e viram os pais de e correndo para encontrá-los, o alívio foi tão grande que abraçou com força, soluçando de um jeito que ela nunca havia feito antes. Naquele momento, entre risadas e lágrimas, prometeu a ela que nunca mais a deixaria se perder sozinha.” Flashback off.
De volta ao presente, no carro, aquele mesmo olhar foi trocado entre eles, carregando a mesma mistura de memórias e emoções. Era uma lembrança doce, uma prova da conexão antiga entre eles, e por um segundo ambos sorriram, quase imperceptivelmente, ao lembrar do que um dia foram.
A viagem até o local do acampamento foi repleta de conversas nostálgicas entre os pais de e , que relembravam histórias dos verões passados e aventuras ao ar livre. O carro seguia pelas estradas sinuosas cercadas por árvores altas, com o sol filtrando pelos galhos, criando um jogo de luz e sombra.
No início, e participaram um pouco da conversa, sorrindo das lembranças e dos comentários bem-humorados dos pais. No entanto, conforme o caminho avançava, ambos se calaram, imersos em seus próprios pensamentos. olhava distraidamente pela janela, enquanto mexia no celular, trocando músicas de vez em quando.
Os pais de , animados, falaram sobre a nova rota para o acampamento e como algumas áreas estavam mais desenvolvidas, enquanto outras continuavam intocadas. De vez em quando, uma piada ou comentário arrancava um sorriso tímido de , mas ela e mantinham certa distância emocional um do outro, como se ambos estivessem evitando qualquer proximidade que trouxesse à tona o peso do que aconteceu entre eles.
À medida que o carro se aproximava do destino, o cenário mudava para um caminho de terra, e o verde das árvores parecia mais denso e vivo. O cheiro de pinheiros invadiu o ar, trazendo a lembrança de verões antigos. A estrada estreita que levava ao local era familiar e o som dos pneus em contato com o cascalho e folhas secas fazia e voltarem no tempo, mesmo que ambos se esforçassem para se manter ancorados no presente.
Quando chegaram ao acampamento, a atmosfera era acolhedora e envolta em uma leve brisa. Os pais de estavam animados para desempacotar tudo, comentando como as mudanças no local eram sutis, mantendo a essência de antes. Eles desceram do carro, começando a descarregar as malas e o equipamento, enquanto e se afastavam em direções opostas por um instante, respirando fundo antes de se prepararem para encarar a nostalgia do lugar e os sentimentos complicados entre eles.
***
Enquanto todos descarregavam o carro e começavam a organizar o acampamento, sentiu um desejo incontrolável de espairecer. O lugar era repleto de lembranças, e o peso dos momentos antigos se misturava com a confusão do presente, criando um nó em sua mente. Ela deu uma olhada em volta, como se buscando um ponto de escape, e então se aproximou dos pais e de .
— Vou dar uma caminhada até a cachoeira — disse ela, mantendo um tom casual e com um sorriso leve, tentando não parecer incomodada. — Não vou demorar.
Sua mãe olhou de relance para o céu, que estava claro, e assentiu com um sorriso afetuoso.
— Tudo bem, querida, só tome cuidado. E volte antes de escurecer — alertou ela, enquanto continuava ajeitando as cadeiras e organizando o local do acampamento.
O pai de , que estava ajeitando as barracas, ergueu o olhar e deu um aceno tranquilo.
— Vá lá, . Dê um oi por nós à velha cachoeira — brincou ele, se lembrando de como passava horas ali durante as férias de verão na infância.
riu suavemente e lançou um último olhar para , que estava em silêncio, dobrando uma lona no chão. Ele a observou, mas não disse nada. Apenas assentiu, mantendo a expressão neutra. Ele sabia o quanto aquele lugar era importante para ela e, apesar de ter um impulso de se oferecer para ir junto, preferiu respeitar seu espaço.
deu as costas e começou a seguir o caminho que conhecia de cor. O som do cascalho sob suas botas se misturava com o canto distante dos pássaros, e aos poucos, ela foi se afastando, sentindo o coração desacelerar conforme se distanciava do acampamento e adentrava a trilha em direção à cachoeira.
***
O tempo foi passando devagar, com a manhã se estendendo em um céu azul, sem nuvens. As barracas já estavam montadas e uma área de fogão improvisada foi arrumada pelos pais de e . Depois de terminarem os preparativos, todos começaram a se preparar para o almoço.
Entre risadas e histórias nostálgicas, o grupo almoçou ao ar livre. A comida caseira era simples, mas deliciosa, e o cheiro da refeição feita na hora se misturava com o ar fresco da floresta. No entanto, conforme as horas avançavam, a ausência de foi se tornando mais notável. Inicialmente, os pais de mencionaram que ela devia estar aproveitando um pouco de paz na cachoeira, algo que ela sempre amou fazer. Eles riram, relembrando histórias de quando ela desaparecia por horas na infância e voltava com as roupas molhadas e um sorriso travesso.
Mas, quando começaram a organizar os pratos após a refeição, um desconforto silencioso se instalou. Já fazia mais tempo do que o normal para uma caminhada, até mesmo para .
— Ela deve estar aproveitando um pouco da vista, como fazia antigamente — comentou a mãe de , tentando aliviar a tensão, mas havia um toque de preocupação na sua voz.
— É, mas… já passou bastante tempo, não? — questionou o pai de , olhando para o relógio em seu pulso, franzindo a testa. — Talvez alguém devesse ir checá-la.
, que havia ficado quieto durante o almoço, deixou o garfo de lado. Ele tentava não se preocupar, afinal, conhecia a floresta como ninguém. Mas a inquietação crescia lentamente dentro dele. Ele se ofereceu sem hesitar:
— Eu posso ir até lá — disse, sua voz soando calma, mas com um toque de determinação. Ele queria dar a o espaço de que ela parecia precisar, mas algo dentro dele dizia que era hora de encontrá-la.
Os pais de concordaram, sem disfarçar o alívio. Eles sabiam que conhecia o caminho quase tão bem quanto ela.
— Obrigado, . Por favor, traga ela de volta — pediu a mãe de .
assentiu e se levantou, ajustando a mochila nas costas antes de seguir pela trilha, a mesma que havia tomado horas atrás. Enquanto caminhava, ele tentou afastar pensamentos negativos, focando na missão de encontrar sua amiga e garantir que estava tudo bem.
caminhava pela trilha, com os passos firmes e o olhar atento ao redor. O barulho do riacho ao longe se misturava ao som do vento entre as folhas, tornando a caminhada quase tranquila, se não fosse a preocupação crescente em seu peito. Ele chamava o nome dela de tempos em tempos, sua voz ecoando na floresta densa:
— ! — ele tentou, a voz um pouco mais alta dessa vez.
Sem resposta.
Ele parou por um momento para escutar, fechando os olhos e concentrando-se. O som da cachoeira ficava mais forte, sinalizando que ele estava próximo. Respirou fundo e voltou a caminhar, tentando afastar o peso da ansiedade.
— ! — gritou de novo, mais uma vez tentando controlar o tom para não soar tão aflito.
— ? — uma voz trêmula respondeu ao longe, quase coberta pelo som da água.
soltou um suspiro aliviado, acelerando os passos na direção da cachoeira. Quando ele chegou à clareira, avistou sentada de lado sobre uma pedra, os braços cruzados sobre os joelhos e a cabeça baixa. Ela parecia estar chorando, os ombros tremendo levemente. Ele se aproximou devagar, tentando não assustá-la, e agachou ao seu lado.
— , você está bem? — ele perguntou, com a voz carregada de preocupação.
Ela levantou a cabeça devagar, o rosto marcado por lágrimas. Havia um constrangimento em seus olhos, e ela rapidamente tentou limpar as bochechas com as costas da mão.
— Eu… virei o pé quando estava pronta para voltar — ela explicou, a voz entrecortada. — Tentei levantar, mas… doía muito e eu não consegui. E… eu não trouxe o celular.
olhou para os pés dela e viu o tornozelo levemente inchado. Ele suspirou, aliviado por não ser nada pior, mas preocupado o suficiente para agir com cautela.
— Tudo bem, . Vou te ajudar a sair daqui — ele disse, com um tom firme, tentando tranquilizá-la.
Ela assentiu, mas ainda parecia envergonhada pela situação. se aproximou mais, sem fazer movimentos bruscos, e colocou uma mão delicadamente no ombro dela.
— Vou te ajudar a levantar, mas preciso que você me avise se sentir muita dor, certo? — ele sugeriu, olhando nos olhos dela para garantir que ela entendesse. assentiu novamente, ainda fungando um pouco.
ficou em pé e estendeu a mão para ela, que hesitou por um momento antes de aceitá-la. Enquanto ele a puxava devagar, mordia o lábio para conter qualquer som de dor, mas notou o desconforto estampado em seu rosto. Assim que ela ficou em pé, ele a apoiou com cuidado, segurando-a firme pela cintura.
— Vou te levar de volta ao alojamento. Precisamos cuidar disso antes que piore, ok? — ele disse, tentando soar encorajador.
soltou um suspiro trêmulo, mas tentou forçar um sorriso para mostrar que estava bem.
— Obrigada, . De verdade… — ela murmurou, com a voz baixa e carregada de gratidão.
— Você faria o mesmo por mim, . E não vou deixar você aqui sozinha, nem pensar — ele respondeu, dando um leve sorriso enquanto começava a ajudá-la a caminhar de volta pela trilha.
Enquanto caminhavam lentamente, parou e mordeu o lábio inferior, seu rosto revelando a dor que sentia.
— … eu preciso parar um pouco — ela pediu, a voz fraca.
Ele parou imediatamente, virando-se para ela com preocupação. A expressão dela o fez sentir um aperto no coração. a ajudou a sentar-se em uma rocha próxima, e enquanto ela respirava fundo, ele se agachou ao seu lado.
— Está doendo muito? — ele perguntou, observando-a com atenção.
— Um pouco… — admitiu, fechando os olhos por um instante. — Só preciso de um momento.
Ele se aproximou, envolvendo-a em um abraço, como se aquele simples gesto pudesse aliviar a dor dela. aninhou-se contra ele, e as lágrimas que haviam se acumulado em seus olhos começaram a escorregar pelo rosto. a segurou mais firme, sentindo o calor dela contra seu corpo.
Ela chorava em silêncio, as lágrimas molhando o pescoço dele. Era um momento de vulnerabilidade, e sabia que não havia palavras que pudessem realmente consertar o que ela estava sentindo. O coração dele batia forte, não apenas pela preocupação, mas pela conexão intensa que existia entre eles.
Após alguns minutos, finalmente ergueu o rosto, os olhos avermelhados e úmidos. Ela tentou limpar as lágrimas com os dedos trêmulos, mas só conseguiu espalhar um pouco mais pelo rosto.
— Desculpe… — ela murmurou, a voz baixa e cheia de remorso. — Eu não queria ser um peso para você.
soltou um suspiro suave, tocando o rosto dela com a ponta dos dedos, querendo que ela soubesse que estava ali para ela.
— Você nunca é um peso, . Eu quero estar aqui — ele afirmou, a sinceridade em suas palavras ecoando entre eles.
A conexão entre os dois parecia palpável, e não sabia o que estava acontecendo. O beijo que tinham compartilhado antes invadiu sua mente novamente, e a proximidade dele a fez esquecer momentaneamente a dor no pé.
Sem pensar muito, ela se aproximou, seus lábios quase se tocando, e fez o mesmo, hesitando apenas por um segundo. Quando os lábios se uniram, foi como se o mundo ao redor deles desaparecesse. Aquele beijo era diferente, mais intenso, como se todas as emoções que ambos estavam segurando agora fossem liberadas em um único momento.
sentiu um misto de alívio e calor percorrer seu corpo, enquanto a envolvia com mais força, aprofundando o beijo. Era como se a dor física tivesse se dissipado, substituída pela eletricidade que estava entre eles. A fragilidade do momento, misturada com a intensidade do que sentiam, criava uma atmosfera única, como se o tempo tivesse parado para eles.
Finalmente, quando eles se afastaram, ambos estavam ofegantes, com os corações disparados. olhou nos olhos de , e por um momento, tudo parecia certo.
— Eu… — começou, mas as palavras pareciam desnecessárias agora.
— Vamos voltar, — disse suavemente, seus olhos brilhando com uma mistura de preocupação e carinho. Ele estendeu a mão para ela, e dessa vez, a aceitou com um sorriso tímido, enquanto eles começavam a caminhada de volta, juntos.
***
Quando e finalmente chegaram ao acampamento, o cenário que encontraram foi de tensão. As mães de ambos estavam de pé, de olhos fixos na trilha, enquanto os pais caminhavam de um lado para o outro, claramente preocupados. Assim que e apareceram, o alívio nos rostos dos quatro adultos foi instantâneo.
— ! — a mãe dela exclamou, correndo na direção da filha. — O que aconteceu? Por que demoraram tanto?
A mãe de logo a seguiu, enquanto os pais também se aproximavam rapidamente.
— , você está bem? — o pai dela perguntou, examinando-a de cima a baixo com olhos de preocupação.
tentou se manter firme, mas ainda sentia o peso da situação e a dor latejante no pé. , que ainda a apoiava, olhou para os pais de ambos e respirou fundo, pronto para explicar.
— Ela torceu o pé na trilha, perto da cachoeira — começou, a voz calma, mas firme. — Não conseguia levantar e não estava com o celular. Foi por isso que demoramos.
— Ah, meu Deus… — a mãe de murmurou, levando as mãos ao rosto, enquanto a mãe de se aproximava mais para verificar a perna da garota.
— Deixe-me ver, querida — a mãe de disse, agachando-se. Ela já havia trabalhado como enfermeira e tinha um olhar treinado para esse tipo de situação.
— Só… virou um pouco… — tentou explicar, mas havia um nó em sua garganta que dificultava as palavras.
— Vamos sentá-la ali para descansar e depois podemos colocar gelo — sugeriu o pai de , mantendo a calma.
deixou-se ser guiada até uma cadeira próxima, e se manteve ao lado dela o tempo todo, os ombros tensos como se sentisse a responsabilidade pelo bem-estar dela. Quando finalmente se sentou, soltou um suspiro de alívio.
Os pais de não paravam de perguntar detalhes, querendo saber como exatamente tinha acontecido e se sentia mais alguma dor além do pé.
— Você precisa de um médico? — o pai de perguntou, a preocupação transparecendo na voz.
— Acho que não… — respondeu, tentando soar mais forte do que realmente se sentia. — Vou ficar bem. Só preciso descansar um pouco.
Os pais de trocaram um olhar, claramente divididos entre a preocupação e a tentativa de manter a calma. Eles se voltaram para o filho.
— Obrigado, — disse o pai dele, colocando uma mão firme em seu ombro. — Por ter ido procurá-la.
acenou, mas não conseguiu esconder a preocupação em seu rosto. Estava ainda pensando na expressão dela quando a encontrou chorando e machucada. Vendo o estado de , as mães começaram a organizar algo para acalmá-la e cuidar do pé, enquanto os pais tentavam resolver a logística do restante do dia.
— Vamos pegar um pouco de gelo e elevar o pé dela — a mãe de sugeriu, já se movendo para buscar o que era necessário.
Enquanto todos se dispersavam para ajudar, olhou rapidamente para , como se tentasse agradecer silenciosamente. Ele apenas assentiu, compreendendo a mensagem. Era um momento de vulnerabilidade e confusão, mas ao menos estavam juntos para enfrentar.
***
— O que foi? Porque está me olhando com essa cara? — poerguntou assim que a mãe saiu para buscar sua escova de cabelos.
Quando reparou que ela estava com as bochechas levemente avermelhadas ele abaixou a cabeça e não conseguiu conter um sorriso, achando-a graciosa por estar com vergonha.
— Nada. Só não costumo ver você com as bochechas rosadas com frequência. — levantou a cabeça, encarando-o.
— Não gosto de me mostrar tão vulnerável assim para as pessoas que gosto.
balançou a cabeça em negativo enquanto a mãe voltava com a escova. Ela olhou de para e vice-versa e então sorriu.
— Estou atrapalhando alguma coisa, queridos?
e continuaram se olhando e ambos balançaram a cabeça em negativa.
— Não! Porque estaria? Eu hein, mãe! — Ela pegou a escova das mãos da mãe e começou a pentear os cabelos.
A mãe riu e então deixou os dois sozinhos outra vez, dizendo à filha que era só ela chamar caso precisasse.
se aproximou, sentando-se na cama, atrás dela e delicadamente segurou a escova, fazendo-a parar os movimentos.
começou a escovar os cabelos de com cuidado, suas mãos se movendo de forma lenta e suave. O silêncio entre eles não era desconfortável, mas carregava uma tensão sutil, como se ambos estivessem refletindo sobre tudo o que havia acontecido até então.
fechou os olhos, sentindo os dedos de deslizando entre seus cabelos. O toque era gentil, diferente de como ele costumava lidar com outras situações, sempre tão firme e decidido. Era como se estivesse, naquele momento, tentando consertar algo quebrado com uma delicadeza inédita. A cada movimento, ela podia sentir o calor das mãos dele perto de sua nuca, e um arrepio percorreu sua espinha.
parecia concentrado, o cenho levemente franzido enquanto ajeitava mechas soltas. Ele podia ver pequenos sinais de cansaço no rosto de , como se as emoções recentes tivessem deixado uma marca. Era um momento íntimo e silencioso, onde nenhum dos dois parecia encontrar palavras para preencher o espaço entre eles.
Depois de alguns minutos, murmurou baixinho, quebrando o silêncio:
— Você sempre teve esse cuidado de esconder o que sente, não é?
abriu os olhos lentamente, mas não respondeu de imediato. As palavras de ressoaram em sua mente, e ela sentiu um peso em sua respiração. Talvez fosse verdade. Talvez sempre tivesse guardado suas emoções em uma caixa fechada, até mesmo para as pessoas que amava.
— Não é fácil para mim — ela murmurou de volta, sem se virar. — Mas às vezes… é inevitável que algumas coisas escapem.
Ele continuou a escovar os cabelos dela, refletindo sobre o que havia dito. Por mais que quisesse perguntar mais, investigar o que ela estava sentindo, sabia que aquele momento de silêncio valia mais do que qualquer palavra. Ali, sentado atrás dela, compartilhando um simples gesto, era como se estivesse dizendo a que estava ali por ela, mesmo sem precisar dizer nada.
Quando ele finalmente terminou, os cabelos de estavam lisos e arrumados. pousou a escova ao lado, e antes que pudesse se afastar, ela virou a cabeça um pouco, olhando para ele de canto de olho.
— Obrigada — sussurrou, com um sorriso suave.
apenas acenou, respondendo com um sorriso de leveza e compreensão. Eles sabiam que aquela pequena interação havia sido mais significativa do que qualquer conversa. Era um sinal de que, de alguma forma, mesmo com toda a confusão entre eles, ambos ainda estavam tentando se encontrar.
saiu do trailer sentindo o ar frio bater em seu rosto, como um lembrete de que precisava manter a mente clara. Ele carregava nas mãos sua barraca de camping e procurou um local adequado para montá-la, tentando se distrair com a tarefa. Escolheu um canto um pouco mais afastado, entre algumas árvores, onde poderia ter um pouco de privacidade.
Enquanto desenrolava a barraca e organizava as hastes, os pensamentos insistiam em retornar para o momento na cachoeira.
O beijo. Ele podia sentir seus lábios formigarem ao se lembrar, como se o toque de ainda estivesse lá. E o mais preocupante para era que aquela memória não trazia apenas o calor do contato, mas também o peso de uma culpa crescente.
Ele sempre soube dos sentimentos que nutria por , mesmo quando eram apenas um incômodo sutil, algo fácil de empurrar para o fundo da mente. Mas o tempo só os havia intensificado, ao ponto de ser impossível ignorar. Seu plano era claro: passar um tempo juntos, relembrar as boas memórias e, de alguma forma, conseguir enterrar aquela paixão antes que destruísse a amizade. Ele queria se
desapaixonar… Agora, no entanto, tudo parecia em ruínas. O beijo na cachoeira não deveria ter acontecido, e o fato de que havia acontecido não ajudava em nada. Ele se sentia como se estivesse falhando consigo mesmo, traindo sua própria determinação. A intenção era clara: proteger a amizade deles, não arriscá-la.
soltou um suspiro frustrado ao fincar uma das hastes no chão. A dor de ver chorar e depois se refugiar em seus braços só havia tornado tudo mais confuso. Ele não sabia se era seu desejo de protegê-la que o fazia agir daquela maneira, ou se era simplesmente seu coração traindo seus próprios limites.
— Você é um idiota — Murmurou para si mesmo, encaixando a última peça da barraca. Ele precisava ser mais forte do que seus sentimentos, mais forte do que aquela atração. E, no entanto, estava falhando.
Terminou de montar a barraca e se endireitou, limpando as mãos na calça. Passou uma das mãos pelo cabelo, tentando afastar a sensação persistente de que estava se complicando cada vez mais. queria acreditar que poderia simplesmente ignorar o que havia acontecido, mas a verdade é que esses beijos só haviam reforçado o quanto ele não conseguia esquecer . Quanto mais ele tentava se afastar, mais a proximidade entre eles parecia inevitável.
Ele respirou fundo, forçando-se a focar na realidade: eles estavam em um acampamento, com suas famílias, e precisavam agir como se nada tivesse acontecido. Isso exigiria uma força que ele ainda não sabia se possuía.
***
Na parte da tarde, tentou se distrair se dedicando à pesca com seu pai e o pai de . Os três caminharam até o lago mais próximo, onde costumavam pescar desde que e eram crianças. Entre risadas e conversas sobre a vida, os dois homens mais velhos contavam histórias antigas de outras pescarias, relembrando momentos que deixavam nostálgico. Ele se esforçava para parecer concentrado nas instruções do pai sobre a isca e o modo certo de lançar a linha, mas os pensamentos sobre ainda rondavam sua mente, especialmente quando seu olhar se perdia no reflexo das águas calmas. Mesmo assim, conseguiu se envolver na atividade, rindo das piadas dos pais e comemorando as poucas capturas que fizeram.
Enquanto isso, passava a tarde com sua mãe e a mãe de , ajudando a preparar um piquenique perto do camping. As duas mulheres conversavam animadamente, trocando receitas e histórias de quando e eram crianças. ouvia as conversas, rindo ocasionalmente, mas sua mente estava um pouco distante, ainda processando tudo o que tinha acontecido na cachoeira. Ela observava as duas, percebendo como sempre havia uma cumplicidade entre as famílias, e tentava se concentrar no momento, ajudando a montar a mesa improvisada e organizando as frutas e sanduíches.
A mãe de notou o olhar distante de em alguns momentos, mas, em vez de perguntar, apenas deu um sorriso gentil, como quem sabe que há certas coisas que os jovens precisam resolver por conta própria. As três caminharam juntas até um ponto mais plano, perto de algumas árvores, onde estenderam uma toalha xadrez e colocaram a comida. As risadas e a conversa acolhedora ajudaram a desviar seus pensamentos, pelo menos por algumas horas.
Quando as duas atividades terminaram, as famílias se reuniram de novo para o piquenique à beira do lago, onde e trocaram apenas alguns olhares tímidos, cada um tentando lidar com seus próprios sentimentos enquanto interagiam com as pessoas ao redor.
***
Com o entardecer dando lugar à noite, a luz dourada do pôr do sol foi substituída por um céu salpicado de estrelas, e a ideia de uma fogueira logo animou o grupo. As mães se prontificaram a reunir marshmallows e chocolate, enquanto os pais cuidavam da lenha. e ajudaram a acomodar troncos ao redor da fogueira improvisada, criando um círculo acolhedor.
Conforme o fogo crepitava e lançava faíscas para o céu, se lembrou de algo. Com uma expressão surpresa, sussurrou para ao seu lado, sem querer chamar muita atenção.
— Esqueci completamente de montar minha barraca — disse, revirando os olhos por sua distração.
ficou em silêncio por um momento, tentando controlar o nervosismo que rapidamente o tomou. Ele passou a mão pela nuca e, com um meio sorriso tímido, sugeriu:
— Bem… pode ficar na minha, se quiser. Ela é grande o suficiente para nós dois. Quer dizer… se você não se importar — completou, desviando o olhar para o fogo, a voz baixa e um pouco hesitante.
hesitou, mas vendo a expressão dele, acabou rindo e assentindo.
— Tudo bem. Mas só porque fui distraída demais para montar a minha — brincou, sentindo o clima leve entre os dois.
Ao redor deles, os pais conversavam animadamente, trocando histórias e risadas. Porém, para e , o resto da noite parecia envolto em uma mistura de ansiedade e curiosidade. Ambos continuavam atentos ao ambiente ao redor, mas a ideia de dividir uma barraca mais tarde pairava entre eles, deixando cada troca de olhares repleta de um significado silencioso.
O jantar em volta da fogueira foi acolhedor e repleto de risadas. As mães tinham preparado um prato simples, mas delicioso, com batatas assadas na brasa, legumes grelhados e linguiças douradas, que foram rapidamente devoradas pelos dois casais e pelos jovens. O aroma da comida misturava-se ao cheiro de lenha queimando, criando uma atmosfera aconchegante e familiar.
Os pais começaram a relembrar histórias antigas das próprias aventuras de camping, contando os momentos em que e , quando crianças, corriam pelos campos, inventavam brincadeiras e se metiam em pequenas encrencas. Em meio às histórias, os dois se entreolhavam e riam, a nostalgia colorindo os rostos de ambos, mas com uma sensação diferente agora.
Depois do jantar, os marshmallows fizeram a alegria de todos. ajudou a distribuir os espetos e mostrou para o ponto perfeito para derreter o doce sem queimar. Era uma troca natural entre eles, mas que carregava uma leve tensão por conta dos últimos momentos que compartilharam. Mesmo em meio à descontração, sentia as memórias do beijo pairando, enquanto lutava para esconder o quanto se sentia confuso.
Com o céu já escuro e o fogo crepitando, todos se acomodaram ao redor da fogueira, compartilhando aquele momento entre família e amigos, envolvidos por um clima de paz e nostalgia.
***
Depois de um longo dia, todos começaram a se preparar para dormir. As mães recolheram os restos do jantar enquanto os pais garantiam que o fogo da fogueira estivesse seguro antes de apagá-lo. , com o pé ainda doendo, caminhava devagar até a barraca de , onde passaria a noite por conta do imprevisto. , que já havia ajeitado tudo para ela, notou a dificuldade nos passos dela e foi até onde estava.
Sem dizer nada, ele envolveu o braço dela por cima dos ombros para apoiá-la e conduzi-la até a barraca, o que deixou ligeiramente sem jeito, mas grata pela ajuda. Ao chegarem, ele segurou a abertura para ela passar com calma. entrou e se acomodou no espaço apertado, ainda cuidadosa com o pé.
entrou logo em seguida, ajeitando as coisas e tentando deixar o ambiente o mais confortável possível para os dois. Ele se virou para e sorriu suavemente.
— Vai conseguir dormir bem aí? — perguntou, tentando aliviar a tensão entre eles.
assentiu com um sorriso tímido.
— Acho que sim… Só preciso de um pouco de descanso.
lançou-lhe um olhar carinhoso, e, mesmo sem palavras, era claro que ele se preocupava com ela. Eles se deitaram lado a lado, ambos tentando manter uma distância respeitosa no espaço limitado da barraca. O silêncio entre eles era carregado de uma tensão sutil, mas havia também algo acolhedor na proximidade, e os dois, por fim, se permitiram fechar os olhos, cada um tentando acalmar as próprias emoções enquanto o cansaço do dia tomava conta.
Deitados lado a lado, e permaneciam quietos, com as costas levemente encostadas, em um silêncio cheio de significados. A proximidade parecia aumentar ainda mais a tensão, transformando cada pequeno movimento em algo perceptível e intenso. As respirações aceleradas de ambos se entrelaçavam naquele espaço apertado, um lembrete constante da presença um do outro.
tentava manter o controle, mas sentia cada vez mais o calor de tão próximo a ele. , por outro lado, estava igualmente inquieta, tentando ignorar o próprio coração, que batia tão forte que ela temia que ele pudesse ouvir. Os pensamentos sobre o que havia acontecido entre eles vinham à tona, trazendo uma urgência que ela não conseguia explicar.
E, em meio ao silêncio e à tensão que crescia a cada segundo, ambos se mexeram ao mesmo tempo, virando-se de repente. Num instante, estavam frente a frente, com os rostos tão próximos que mal conseguiam respirar, os olhos fixos um no outro, cada um captando a surpresa e o desejo do outro naquela proximidade inesperada.
O momento pareceu congelar quando seus olhares se encontraram. Por um breve segundo, nenhum dos dois se moveu, apenas se encararam, tentando absorver a presença e o desejo que havia se tornado impossível de ignorar. Foi que deu o primeiro passo, seus dedos deslizaram levemente até o rosto de , onde toque suave, quase hesitante. fechou os olhos ao sentir o toque dela, e em seguida, se aproximou mais, até que seus lábios finalmente se encontram.
O beijo começou calmo, exploratório, como se ambos estivessem saboreando aquele instante. Os lábios de eram firmes e delicados contra os de , que sentiu uma onda de calor percorrer o corpo, fazendo-a aproximar-se ainda mais. Em resposta, a puxou para ainda mais perto, aprofundando o beijo de forma lenta e intensa. Cada movimento parecia calculado, mas ao mesmo tempo cheio de uma necessidade crescente, como se finalmente estivessem se permitindo entregar ao que sentiam.
Conforme o beijo se intensificava, as mãos de deslizaram para a cintura de , apertando-a gentilmente, enquanto as dela desceram até os ombros dele, puxando-o. Os toques começaram a perder a suavidade, transformando-se em gestos urgentes e famintos. As mãos dele subiram por suas costas, tocando-a com firmeza, enquanto os dedos dela agora exploravam os cabelos de , puxando-os levemente entre os dedos, intensificando o contato.
A respiração de ambos estava acelerada, e a tensão que haviam sentido durante todo o dia, agora se transformava em uma conexão física e profunda. sentiu o corpo inteiro estremecer á medida que as carícias se intensificavam. O beijo se tornou mais apaixonado, e era como se estivessem tentando comunicar naquele toque, tudo que haviam reprimido até ali. A cada segundo, a intensidade aumentava, envolvendo-os em uma espiral de desejo e proximidade que não deixava espaço para nada além deles dois.
interrompeu o beijo por um instante, ofegante, com os lábios próximos aos de enquanto tentava recuperar o fôlego. Seus olhos se fixaram nos dela, como se estivesse prestes a dizer algo, talvez uma tentativa de pôr um limite na situação.
— , talvez devêssemos… — Ele começou, hesitante, tentando encontrar as palavras certas.
Mas o silênciou levando um dedo trêmulo até os lábios dele, os olhos ainda cheios de desejo.
— Não diz nada por favor — sussurrou, a voz quase inaudível, como se tentasse quebrar aquele momento.
Sem mais hesitação, ela o puxou de volta, e os lábios dos dois se encontraram novamente com ainda mais urgência. O beijo retomou sua intensidade, e desta vez havia um entendimento silencioso, uma entrega mútua que dispensava qualquer palavra.
deslizou as mãos pelo rosto de , sentindo a textura da pele dele sob seus dedos, enquanto ele q segurava pela cintura, aproximando-a ainda mais. A tensão e o desejo agora transbordavam, e ambos se permitiram afundar totalmente naquele momento, deixando que o mundo lá fora desaparecesse por completo.
hesitou por um breve segundo, mas então, como se guiado pelo momento, suas mãos deslizaram devagar pela cintura de , sentindo o tecido macio da blusa de flanela que ela usava. Os dedos dele subiram, explorando com cuidado e carinho, e ele passou a palmas por debaixo da blusa, encontrando a pele quente quente deia. A respiração de se tornou mais profunda, e um arrepio percorreu seu corpo com o toque.
apertou os olhos fechados, deuxando-se levar pela sensação das mãos de percorrendo suas costas, subindo e descendo, enquanto ele alternava os toques entre delicadeza e firmeza, buscando um equilíbrio entre o desejo e a intenção de não ultrapassar o que ela estava confortável em compartilhar. O contato entre eles aumentava o calor que preenchia o espaço entre seus corpos, e, sem pensar duas vezes, ela o puxou para mais perto, aprofundando o beijo e permitindo que o momento fluisse, sem medo de onde aquilo os levaria.
o puxou com mais firmeza, e seguiu o movimento dela, permitindo que seus corpos se ajustassem naturalmente até que ele estivesse ligeiramente sobre ela. As respirações pesadas se misturavam no espaço apertado, criando uma atmosfera quase palpável de tensão e desejo. a encarou por um momento, como se ainda tentasse confirmar, que ambos queriam aquilo, mas , determinada, o puxou para mais perto, colando os lábios nos dele novamente.
Sem hesitar, levou as mãos para debaixo da camiseta de . Primeiro, a palma das suas mãos tocou a pele quente e firme de suas costas, traçando um caminho suave que fazia estremecer ao toque. Em seguida, deslizou as unhas levemente, sentindo os músculos dele se contraírem sob o toque, respondendo ao estímulo dela. suspirou contra os lábios dela, intensificando o beijo e o abraço, enquanto o ritmo entre eles ficava cada vez mais envolvente e sincronizado.
tomou fôlego por um instante, parando o beijo enquanto deslizava as mãos pela lateral do tronco de , até que seus dedos encontraram a barra da camiseta dele. Com um movimento ágil, ela a puxou para cima, e , surpreso, deixou que ela o fizesse. Seus olhos se encontraram, ambos ofegantes e com o rosto iluminado pela luz suave da barraca.
hesitou, seus dedos ainda segurando o tecido da camiseta dele. , percebendo a intensidade daquele momento, pousou uma das mãos sobre as dela, fazendo com que ela parasse. Ele respirou fundo, seu olhar transmitia um misto de desejo e cuidado.
— … — sua voz saiu rouca, baixa. — Tem certeza? Depois disso… não sei se vou conseguir voltar atrás.
O silêncio se espalhou entre eles, enquanto ela processava suas palavras, com o coração acelerado. Mas seus olhos permaneceram firmes, refletindo a mesma intensidade que sentia no toque de .
respirou fundo, ainda sem desviar o olhar, e assentiu lentamente, sentindo o coração disparado no peito.
— Sim… — murmurou, a voz quase um sussurro, mas cheia de certeza. — Não sei o que é isso que estou sentindo, … mas eu não quero parar.
Ele manteve o olhar fixo nela, como se buscasse entender cada nuance daquela declaração, e então deixou que as palavras dela o conduzissem. Suas mãos voltaram a acariciar o rosto de , descendo até a linha do pescoço e ombros, enquanto os dedos dela passeavam pela pele exposta de , agora mais decidida, mais certa do que queria.
Sem pressa, ele inclinou-se para ela, retomando o beijo que já não tinha hesitação. Os movimentos de ambos se tornaram mais lentos e profundos, entregues á intensidade daquele momento. sentiu seu corpo responder ao toque dele, as mãos explorando o contorno das costas de , cada toque intensificando o calor que se formava entre eles.
As mãos de deslizaram lentamente pelas costas de , traçando cada curva com a ponta dos dedos, até alcançarem o cós da calça de moletom que ele usava. Ela hesitou por um segundo, como se tentasse controlar a própria respiração que já estava acelerada, antes de firmar os dedos ali e começar a puxar delicadamente, pronta para desfazer o nó que havia ali.
sentiu o toque dela e fechou os olhos, inspirando fundo, como se precisasse de um momento para absorver tudo. Eles pousou a mão sobre a dela, não para impedir, mas como se quisesse acompanhá-la naquele ritmo. Seus olhos encontraram os de mais uma vez, e ele a observou em silêncio, cada detalhe do rosto dela lhe mostrando o quanto estavam compartilhando algo único ali.
sentiu o calor aumentar entre eles e seu corpo reagiu instintivamente ao perceber a resposta de ao toque. Ela ficou momentaneamente sem fôlego ao sentir a intensidade daquele momento, o corpo dele tão próximo, cada respiração entrecortada como se compartilhassem um segredo.
deslizou a mão até a barra da blusa de , e seus olhos buscaram os dela novamente, como se quisesse confirmar que era isso que ela realmente desejava. Quando assentiu de leve, um sorriso suave, quase tímido, se formou nos lábios dele. Com delicadeza, levantou a blusa, puxando-a para cima e a retirando de forma cuidadosa, como se quisesse prolongar aquele instante.
continuou a tirar cada peça de roupa de com cuidado, como se saboreasse cada centímetro de pele que ia sendo revelado. O olhar dele era intenso e cheio de carinho, algo que fez se sentir completamente à vontade, mesmo vulnerável naquele instante. Ele levou as mãos lentamente até o cós da calça que ela usava, deslizando-a para baixo enquanto observava cada reação dela, notando o arrepio que surgia a cada toque.
Quando a última peça de roupa de foi finalmente removida, a olhou com admiração, como se quisesse guardar aquele momento para sempre. também não tirava os olhos dele, observando os detalhes de seu rosto e a forma como ele parecia absorver tudo. Com o mesmo cuidado, ela o ajudou a se livrar da última peça de roupa que ainda cobria seu corpo e então deslizou as mãos pelo peito e ombros dele.
Por fim estavam ali, um de frente para o outro, próximos e expostos, mas ao mesmo tempo cobertos por uma camada de confiança e desejo mútuo. Com as mãos entrelaçadas, se inclinou para beijá-la novamente, um beijo profundo e cheio de significados.
aprofundou o beijo, deixando que as mãos deslizassem gentilmente pela pele de , explorando cada curva com um toque firme, mas cuidadoso. O calor entre eles parecia crescer a cada segundo, e seus corpos de ajustavam naturalmente, como se aquele momento estivesse sendo preparado há muito tempo.
o puxou para mais perto, sentindo cada movimento e o peso do corpo dele contra o dela. As respirações se tornaram ainda mais ofegantes, enquanto os toques se intensificavam. sussurrava palavras suaves contra a pele de , fazendo-a estremecer. Ela por sua vez, o envolvia com os braços, permitindo-se ser guiada por cada sensação e emoção que aquele momento trazia.
Eles se entregaram totalmente, sem pressa, permitindo que a conexão entre eles se aprofundasse, marcada por olhares e gestos que iam muito além das palavras. O mundo ao redor parecia desaparecer, e tudo que importava era aquele instante, onde a amizade e o desejo finalmente encontravam seu ponto de equilíbrio.
Capítulo dez
foi a primeira a abrir os olhos quando os raios de sol começaram a entrar na barraca. O peso confortável e constante do peito de contra o seu próprio a trouxe de volta à realidade, e flashes da noite anterior invadiram sua mente como um turbilhão. Os toques intensos, os sussurros entre beijos e o jeito como ele a segurou ainda estavam vívidos em sua memória.
Com o coração disparado, se sentou de repente, como se o gesto pudesse afastar os pensamentos ou, quem sabe, o peso do que havia acontecido. No entanto, ao se mover com pressa, uma pontada de dor atravessou seu pé machucado, arrancando um pequeno gemido.
O som fez se mexer, franzindo o cenho enquanto despertava. Ele abriu os olhos devagar, parecendo confuso por um momento, até que os eventos da noite anterior também o atingiram. Ele se virou para ela, ainda deitado, apoiando-se no cotovelo.
— ? — perguntou com a voz rouca de sono, a preocupação evidente em seu tom ao notar a expressão dela. — Você está bem?
Ela desviou o olhar, tentando se recompor.
— Sim… Só o meu pé. Tentei me levantar rápido demais e…— sua voz falhou por um instante antes de ela balançar a cabeça, evitando encará-lo diretamente.
ficou em silêncio por alguns segundos, estudando o rosto dela. Então, com calma, ele se levantou parcialmente, movendo-se para mais perto.
— Deixe-me ajudar você. — Sua mão se estendeu automaticamente, mas ele hesitou por um momento, como se estivesse incerto de como ela reagiria após a noite que haviam compartilhado.
hesitou por um momento, mas acabou aceitando a mão de . Ele a segurou com cuidado, ajudando-a a se levantar sem forçar o pé machucado. O toque dele era gentil, quase hesitante, como se tentasse medir o conforto dela com a situação.
Sem dizer nada, se virou para abrir o zíper da barraca. A luz do sol inundou o espaço apertado, iluminando os dois e dissipando parte da tensão que pairava no ar. Ele olhou por cima do ombro para , observando-a com cuidado.
— Pronta? — perguntou em voz baixa.
Ela assentiu e, com a ajuda dele, conseguiu sair da barraca. passou um dos braços ao redor da cintura dela para dar suporte enquanto ela mancava em direção ao trailer mais próximo, aquele que pertencia aos pais dele. se apoiava nele mais do que gostaria, mas não tinha escolha.
— Está tudo bem? — perguntou quando a viu franzir a testa de dor.
— Estou bem. Só preciso chegar ao banheiro e dar um jeito nesse pé — respondeu ela, tentando soar mais firme do que se sentia.
Ele não insistiu, continuando a guiá-la em silêncio até a porta do trailer. Ao chegarem, ele abriu a porta para ela e a ajudou a subir o pequeno degrau, segurando-a firme até que ela estivesse dentro.
— Vou esperar aqui fora. Se precisar de algo, é só chamar, tá? — Ele falou com um sorriso leve, mas preocupado.
apenas assentiu antes de se dirigir ao banheiro, ainda sentindo a presença dele como uma constante ao seu redor, mesmo à distância.
Ela entrou no pequeno banheiro do trailer e fechou a porta atrás de si, apoiando-se na pia para manter o equilíbrio. O silêncio do espaço, interrompido apenas pelo som da água corrente, parecia amplificar seus pensamentos.
abriu a torneira e, com as mãos em concha, deixou a água fria molhar o rosto, tentando afastar as imagens que invadiam sua mente. Mas era inútil. Os flashes da noite anterior surgiam com uma clareza quase cruel: o toque de , os beijos intensos, a sensação de estarem tão conectados como nunca antes…
Ergueu a cabeça devagar, encarando o próprio reflexo no pequeno espelho. Seus olhos estavam levemente avermelhados, talvez pelo cansaço, talvez pelas lágrimas que insistiam em não cair. A mão foi automaticamente ao peito, onde sentiu o coração batendo rápido demais.
“Por que meu corpo está me traindo desse jeito?” pensou, sentindo o calor subir pelas bochechas ao lembrar das reações involuntárias que ele provocava. Aquele nó apertado no estômago se intensificava, e a respiração acelerava como se estivesse revivendo cada segundo da noite anterior.
“ é meu melhor amigo. Meu Deus… por que eu deixei que tudo aquilo acontecesse?” Ela fechou os olhos com força, tentando controlar a mente que parecia decidida a repetir cada detalhe do que havia acontecido entre eles. levou as mãos ao rosto, tentando se recompor.
“Preciso resolver isso. Preciso entender o que está acontecendo comigo… com a gente.” Ao soltar um longo suspiro, sentiu a água fria escorrer por sua pele, um leve alívio para o turbilhão que se formava por dentro. Mas ainda assim, o peso das perguntas permanecia.
***
estava na parte de fora do trailer, próximo à mesa de piquenique onde haviam deixado algumas garrafas de água potável. Com a escova de dentes na mão e o tubo de creme dental apoiado sobre a superfície de madeira, ele começou a escovar os dentes com movimentos metódicos, mas sua mente estava longe.
Enquanto o gosto fresco da pasta preenchia sua boca, flashes da noite passada invadiam seus pensamentos, inevitáveis e vívidos demais para ignorar. Ele se lembrava da forma como o olhou, como se tudo ao redor tivesse desaparecido, deixando apenas os dois ali, juntos. Cada toque, cada sussurro ainda parecia tão real que ele quase sentia o calor de sua pele novamente.
Ele parou por um momento, inclinando-se para pegar a garrafa de água. Destampou-a e inclinou a cabeça para enxaguar a boca, cuspindo a água ao lado com um gesto quase automático. Mas, enquanto fazia isso, as lembranças continuavam surgindo: o jeito como ela puxou sua camiseta, a suavidade de suas mãos contra sua pele, e, principalmente, a forma como ela parecia tão entregue quanto ele.
Ao se levantar novamente, passou as costas da mão pela boca, secando-a, e apoiou-se na mesa com ambas as mãos, respirando fundo. Ele olhou para o horizonte, onde os primeiros raios de sol iluminavam as árvores ao redor.
“Por que deixei isso acontecer? Quer dizer, foi… incrível. Mas é a … eu preciso esquecê-la!” – pensou, sentindo uma mistura de culpa e desejo se enroscar em seu peito.
Ele se endireitou, guardando a escova de dentes e tampando a garrafa.
“Preciso de um plano,” concluiu, como se isso pudesse resolver a confusão de emoções que o consumia. O problema era que, cada vez que pensava em se afastar, a lembrança de o puxava de volta, com uma força que ele não sabia se conseguiria resistir.
abriu a porta do trailer com cuidado, apoiando-se na moldura para equilibrar o peso no pé machucado. O movimento foi lento, mas o suficiente para chamar a atenção de , que ainda estava na área de camping. Assim que a viu, ele largou a garrafa d’água na mesa e correu até ela.
— , você não devia forçar o pé assim. — Ele alcançou as escadas do trailer rapidamente, estendendo a mão para ela.
— Estou bem, — respondeu, embora sua expressão mostrasse o oposto.
— Não parece. Vem, deixa eu ajudar.
Sem esperar por mais protestos, ele colocou uma das mãos no antebraço dela e a outra em sua cintura, oferecendo suporte enquanto a ajudava a descer o primeiro degrau. tentou não encará-lo, mas a proximidade entre eles era inegável.
Quando chegaram ao último degrau, seus movimentos desaceleraram. segurava firme, mantendo-a próxima para evitar qualquer tropeço, mas também hesitava em soltar. O rosto dele estava a poucos centímetros do dela, e notou como os olhos dele pareciam refletir a luz suave do amanhecer.
As respirações se misturaram, o ar entre eles carregado por algo que ambos reconheciam, mas temiam. O nariz de roçou levemente o de , e ela sentiu um arrepio que percorreu sua espinha.
— … — ele sussurrou, a voz baixa e rouca.
Ela não respondeu, apenas inclinou-se instintivamente, e fez o mesmo. Quando seus lábios se encontraram, o beijo foi lento e delicado no início, como se ambos ainda estivessem incertos sobre a escolha que estavam fazendo. Mas a intensidade cresceu rapidamente, as emoções contidas se libertando.
As mãos de subiram até a lateral do rosto de , enquanto ela segurava a barra da camiseta dele, como se precisasse de apoio para se manter de pé. Nenhum dos dois parecia disposto a recuar dessa vez. O mundo ao redor desapareceu novamente, deixando apenas eles dois, presos na energia arrebatadora que os unia.
Os lábios de se separaram dos de por um breve momento, tempo suficiente para ela sussurrar contra a boca dele, quase sem fôlego:
— … o que tá acontecendo?
A pergunta veio carregada de confusão e emoção, mas antes que ela pudesse dizer qualquer coisa mais, deslizou uma das mãos pela linha do maxilar dela e voltou a beijá-la, calando qualquer dúvida ou hesitação.
O beijo foi mais firme dessa vez, como se fosse uma resposta silenciosa, um “não importa agora” que só eles poderiam entender. A forma como ele segurava o rosto dela transmitia uma mistura de urgência e cuidado, enquanto se entregava, esquecendo momentaneamente o turbilhão de sentimentos que os envolvia.
O beijo se intensificou, os lábios se movendo em uma sincronia perfeita, como se ambos estivessem tentando dizer o que não conseguiam em palavras. As mãos de seguravam o rosto de com delicadeza, enquanto os dedos dela se enroscavam nos cabelos dele, puxando-o um pouco mais para perto, como se temesse que ele se afastasse.
O mundo ao redor parecia ter desaparecido. Não havia mais som de folhas ao vento ou o canto distante dos pássaros. Só existia aquele instante, aquele momento compartilhado, onde as dúvidas e confusões eram substituídas pelo calor que emanava entre os dois.
inclinou ligeiramente a cabeça, aprofundando o beijo, enquanto uma de suas mãos desceu até a cintura dela, puxando-a delicadamente para mais perto. suspirou contra os lábios dele, seu corpo relaxando e ao mesmo tempo se incendiando com o toque.
Mas o momento foi quebrado abruptamente por um som inesperado.
— Hã-hã! — A tosse discreta, mas intencional, soou como um trovão na cabeça dos dois.
e se separaram instantaneamente, os rostos ainda próximos, mas os olhos arregalados. Quando se viraram, deram de cara com o pai de parado a poucos metros, com as sobrancelhas levantadas em uma mistura de surpresa e um leve divertimento mal disfarçado.
— Vocês dois parecem bastante… animados esta manhã — disse ele, com um tom de voz casual, mas com um sorriso de canto.
sentiu o rosto esquentar imediatamente, a vergonha tomando conta. coçou a nuca, claramente sem saber o que dizer, enquanto tentava desesperadamente disfarçar a tensão que ainda pairava entre eles.
— Pai… — começou, mas foi prontamente interrompido pelo gesto calmo de mão do mais velho, como se dissesse que não havia necessidade de explicações.
— Eu sempre soube, queridos. Sem problemas! — O tom de voz dele era leve e despreocupado, mas trazia uma pontada de afeto e compreensão. — No tempo de vocês para se assumirem para a gente.
sentiu seu rosto queimar ainda mais, desejando que o chão sob seus pés magicamente se abrisse. parecia igualmente embaraçado, abrindo a boca para falar algo, mas logo desistindo, soltando um suspiro exasperado.
— Pode me ajudar, ? — o pai continuou, mudando completamente de assunto e apontando para uma pilha de lenha que estava encostada na lateral do trailer. — Preciso dessas madeiras para preparar o almoço.
— Claro, pai — respondeu, claramente grato pela mudança de foco. Ele se virou para , ainda ruborizado, mas com um sorriso leve. — Você consegue ficar bem sozinha um momento?
apenas balançou a cabeça, incapaz de dizer qualquer coisa, ainda perdida entre a confusão e o alívio pela atitude descontraída do pai dele.
Enquanto caminhava em direção à lenha, ela respirou fundo, tentando acalmar seu coração acelerado e organizar os pensamentos que insistiam em fugir ao controle.
***
A manhã seguiu tranquila, com todos reunidos ao redor de uma mesa improvisada perto do trailer dos pais de . O aroma do café fresco misturava-se ao cheiro da natureza, e o clima ameno tornava o momento ainda mais acolhedor. A mãe de servia torradas enquanto conversava animadamente com a mãe de sobre receitas práticas para camping.
e , por sua vez, estavam em lados opostos da mesa, mas isso não impediu que trocassem alguns olhares discretos. Cada vez que os olhos de encontravam os de , ele não conseguia evitar um leve sorriso, e ela, apesar de tentar se manter indiferente, sentia as bochechas corarem.
— , você vai querer mais suco? — perguntou o pai dela, interrompendo o momento.
— Ah, sim, por favor — ela respondeu, apressando-se em pegar o copo.
aproveitou a pausa na conversa para observar mais uma vez, seu olhar fixo no movimento dela enquanto despejava o suco na própria bebida. Ele não sabia ao certo o que aquele dia traria, mas a lembrança da noite anterior e dos momentos intensos que compartilhavam continuava a pairar entre eles, mesmo sem uma palavra ser dita.
O café da manhã terminou com risadas e histórias compartilhadas entre os pais, enquanto e continuavam envolvidos em uma silenciosa dança de olhares e sorrisos tímidos, ambos tentando, sem sucesso, esconder o turbilhão de emoções que sentiam.
observava a mãe dela e a mãe de trabalharem juntas na pequena cozinha improvisada montada no exterior de um dos trailers. As duas pareciam se divertir, trocando receitas e risadas enquanto picavam vegetais e preparavam os ingredientes para o almoço. A simplicidade do momento aquecia o coração de , que sentia como se estivesse em um daqueles dias despreocupados da infância.
— Querida, você pode me ajudar a lavar esses tomates? — perguntou sua mãe, segurando uma tigela com as frutas vermelhas.
assentiu rapidamente, apoiando-se em uma cadeira antes de mancar até a mesa de apoio. Ela pegou uma garrafa de água e começou a lavar os tomates com cuidado, sentindo-se útil mesmo com suas limitações.
— Está tudo bem, querida? — a mãe de perguntou, observando-a com atenção.
— Sim, só um pouco dolorida, mas nada que me impeça de ajudar, — respondeu com um sorriso leve.
As duas mulheres trocaram um olhar cúmplice, claramente compartilhando uma piada não verbal sobre o que poderia ter causado o “acidente” de .
Enquanto terminava sua tarefa, ouviu os homens conversando ao longe, preparando-se para uma nova rodada de pesca. passou por ela rapidamente, segurando uma caixa de iscas e lançando um olhar em sua direção.
— Não vá se esforçar demais, — ele disse em tom de brincadeira, antes de seguir com os outros até o lago.
revirou os olhos, mas não conseguiu evitar sorrir.
De volta à cozinha, ela entregou os tomates lavados para sua mãe e se sentou em uma cadeira próxima, observando o trabalho delas. Mesmo sem poder fazer muito fisicamente, ajudava do jeito que podia, passando utensílios e organizando os ingredientes sobre a mesa.
— Você acha que eles vão trazer algo decente dessa vez? — perguntou ela, tentando parecer casual.
— Espero que sim, — respondeu sua mãe com uma risada. — Porque, do jeito que estão empolgados, acho que pescaram mais histórias do que peixes na última vez.
O trio riu, e se sentiu confortável naquele momento de cumplicidade e descontração. Mesmo com o que acontecera na noite anterior e naquela manhã ainda pairando em sua mente, ela aproveitou o calor familiar e as interações leves, tentando ignorar o turbilhão de sentimentos que a aguardava quando estivesse novamente a sós com .
***
Os homens voltaram ao acampamento depois de algumas horas, suas risadas e conversas ecoando enquanto carregavam os peixes que haviam pescado. caminhava ao lado de seu pai e do pai de , todos com um sorriso satisfeito no rosto. Eles haviam conseguido uma boa quantidade, e agora era hora de preparar o almoço.
observava seu pai e o pai de limpando os peixes com destreza, como se já tivessem feito aquilo centenas de vezes. As mãos de seu pai trabalhavam rapidamente, retirando as escamas e as vísceras com uma facilidade que apenas a prática poderia proporcionar. O cheiro fresco dos peixes misturava-se ao ar úmido da manhã, e o ambiente estava tranquilo, com o som das lâminas cortando a carne dos peixes sendo a principal música.
Ele se afastou um pouco, sentindo a necessidade de um momento só para si.
— Eu vou tomar um banho — disse ele para os outros, e antes que alguém pudesse protestar, ele entrou no trailer, fechando a porta atrás de si.
No pequeno banheiro, ligou o chuveiro e se despediu da bagunça do dia. A água quente batia em seu corpo, e ele se apoiou na parede por um momento, fechando os olhos enquanto as gotas escorriam por sua pele. O calor da água contrastava com a frieza das últimas horas em sua mente.
Ele pensou em . Na noite anterior. No que aconteceu entre eles, e nas consequências. A intensidade do beijo, a proximidade, os toques. Tudo parecia certo naquele momento. Mas agora, com a distância do ato e o frescor da manhã, se perguntava se ele havia ido longe demais. Eles eram amigos, e ele sempre soubera que era alguém muito importante para ele, mas tudo aquilo parecia fora de contexto, especialmente com Emma ainda em sua vida.
Mas, ao mesmo tempo, não podia negar o que sentia por . Ela mexia com ele de uma forma que ninguém mais conseguia. E, enquanto ele estava ali, imerso na água quente, uma dúvida começou a crescer em sua mente:
seria ele capaz de continuar com Emma e esconder o que sentia por ? Ou, ao voltar para Ottawa, seria melhor ser honesto com ela, falar sobre tudo e tentar resolver essa confusão interna?
suspirou, sentindo a água escorrer pelas suas costas. Ele não queria machucar Emma, mas sabia que a honestidade poderia ser a única solução. Porém, ele também temia o que isso poderia significar para a amizade com . Eles já tinham cruzado uma linha, e agora, não sabia se conseguiriam voltar atrás.
Enquanto se enxugava e se vestia, se deu conta de que essa conversa, essa decisão, o aguardava assim que voltassem para Ottawa. Ele não sabia o que o futuro reservava, mas sabia que precisaria ser honesto, não apenas com Emma, mas com ele mesmo.
saiu do trailer com uma sensação de leveza, como se a água quente tivesse lavado não apenas o cansaço de uma noite agitada, mas também parte das confusões em sua mente. Quando chegou à área externa, o sol já começava a esquentar o ar, criando uma atmosfera agradável. Ele olhou para , que estava sentada perto da fogueira, tentando disfarçar a vergonha com um sorriso tímido. Ela estava com as mãos sobre os joelhos, os olhos um tanto quanto baixados, mas ainda assim parecia confortável naquele espaço, aproveitando o momento tranquilo.
Ele se aproximou e se sentou ao lado dela, sem falar nada a princípio, como se a simples presença já fosse o suficiente. , sentindo a proximidade dele, não conseguiu evitar o rubor que subia pelas suas bochechas. Ela estava um pouco sem graça, ainda processando tudo o que acontecera na noite anterior, mas, ao mesmo tempo, se sentia estranhamente calma ao tê-lo ali, perto dela, sem a pressão do que poderia ter sido ou do que estava por vir.
Enquanto se acomodava, ele começou a conversar com o pai, que estava ao lado, focado em preparar o peixe que acabaram de pescar. aproveitou o momento para observá-lo discretamente. Ela olhou para com um olhar suave, mas curioso, percebendo os detalhes que antes talvez passassem despercebidos. Ele estava com uma camisa simples e jeans, com o cabelo ainda molhado do banho, um pouco bagunçado, mas ainda assim incrivelmente atraente.
Ela notou a definição de seu maxilar, que parecia mais pronunciada desde a última vez em que o havia olhado com mais atenção, e o jeito como seus olhos pareciam brilhar de maneira intensa sempre que ele falava com seu pai, com uma naturalidade e conforto que a fazia sorrir de maneira discreta. Seus ombros largos, a postura relaxada, tudo nele parecia exalar confiança, algo que jamais havia percebido com tanta clareza antes.
O sorriso que ele dava de vez em quando, com um brilho no olhar, a fazia se perguntar quando foi que ele realmente havia se transformado naquele homem… Quando ele deixou de ser o garoto com quem ela compartilhava segredos para se tornar esse homem tão encantador, e tão irresistível?
Ela não sabia responder a si mesma, mas de uma coisa tinha certeza: sempre esteve ali, mas agora parecia mais difícil de alcançar, mais distante, como se ele tivesse evoluído para algo que ela ainda não soubera lidar. Isso fazia seu coração disparar, seu estômago revirar, e ela se pegava mais uma vez desejando entender o que tudo aquilo significava.
Ainda imersa em seus pensamentos, ela manteve os olhos fixos nele, incapaz de desviar o olhar enquanto ele conversava com seu pai, os dois se entendendo com facilidade, como se o tempo nunca tivesse passado. Ela então respirou fundo, tentando tirar a tensão que se formava dentro dela. Ela queria continuar ali, naquela calma, sem mais complicações, mas sabia que as coisas estavam prestes a se tornar bem mais complicadas do que ela poderia imaginar.
***
O almoço foi uma ocasião tranquila, mas repleta de conversas animadas entre os dois casais. O peixe recém-pescado foi preparado com perfeição, servido com salada fresca e acompanhamentos simples, mas deliciosos. Todos pareciam satisfeitos, aproveitando ao máximo aquele último momento juntos antes de se despedirem do acampamento. As risadas e as histórias trocadas à mesa tornaram o ambiente ainda mais acolhedor, com o aroma da comida misturado com o som suave das folhas balançando com o vento.
, ainda com dificuldade devido ao pé machucado, não conseguia se mover com a mesma facilidade de antes, então , sempre atencioso, se ofereceu para ajudá-la com suas coisas. Ele a acompanhou até o trailer, onde ela estava organizando suas coisas e começava a empacotar tudo para a viagem de volta. , que não queria depender tanto dele, ficou inicialmente relutante, mas logo se permitiu aceitar sua ajuda, principalmente quando ele a observou com atenção, perguntando se ela precisava de algo mais.
Com um sorriso gentil, a guiou até a área onde estavam as malas e mochilas, pegando algumas delas para ajudar a aliviar o peso. Ele sabia que ela não queria ser um incômodo, mas também entendia que ela estava passando por um momento difícil com o pé machucado e precisava de algum auxílio. , embora tentasse parecer independente, agradeceu com um olhar. Algo em a deixava desconfortável e ao mesmo tempo aliviada, como se sua presença fosse sempre uma constante de apoio.
Quando estavam quase prontos para partir, os pais de ambos começaram a se despedir e a guardar os utensílios. , sem deixar de prestar atenção em , se aproximou dela mais uma vez para ajudá-la a sair do trailer, com um cuidado redobrado para que ela não se sentisse ainda mais constrangida. O momento de partida se aproximava, e o silêncio confortável entre eles indicava que, embora a viagem estivesse chegando ao fim, as emoções que pairavam no ar ainda estavam longe de serem resolvidas.
Depois de todos se reunirem para as despedidas, eles começaram a arrumar as últimas coisas e a se preparar para a viagem de volta a Tobermory. e trocavam olhares silenciosos, ambos cientes de que algo havia mudado entre eles. Mas, por ora, tudo o que podiam fazer era seguir em frente e esperar para ver o que o futuro reservava.
***
Os pais de e estavam prestes a se despedir, com um abraço apertado entre os casais. O clima estava levemente tenso, uma mistura de despedida e apreensão sobre o que aconteceria após a viagem de volta. Eles se despediram calorosamente, com promessas de se encontrarem novamente em breve e os pais de desejando uma viagem segura.
Quando o ônibus chegou à rodoviária, rapidamente se colocou ao lado de , que ainda mancou um pouco devido ao pé machucado. Embora ela tentasse ser discreta, ele notou o desconforto dela, então ofereceu sua ajuda mais uma vez.
— Deixa que eu te ajudo com as escadas — ele disse, aproximando-se dela com um sorriso. Ela não teve como recusar, ainda mais porque ele parecia tão preocupado. Ela aceitou a mão dele com um sorriso tímido.
Com cuidado, a guiou até as escadas do ônibus, sempre atento para que ela não se desequilibrasse. sentia uma mistura de gratidão e desconforto, não conseguindo deixar de se sentir um pouco dependente dele, mas ao mesmo tempo, a presença dele lhe trazia uma sensação boa e segura. Ele só voltou para dentro do ônibus depois de acomodar as bagagens dos dois no bagageiro do ônibus.
Quando finalmente estavam dentro do ônibus, ajudou a se acomodar ao seu lado. Eles ficaram em silêncio por um momento, o som do motor do ônibus e o burburinho de outras pessoas ao redor preenchendo o espaço. Os dois se sentaram lado a lado, e olhou para ela de vez em quando, tentando disfarçar a tensão no ar, mas ambos sabiam que algo ainda pairava entre eles, não resolvido.
olhou pela janela, sentindo o peso da viagem e das emoções que ela ainda não conseguia processar totalmente. , ao seu lado, também tentava lidar com seus próprios sentimentos conflitantes. As palavras e os olhares trocados entre os dois nos últimos dias deixaram um rastro, e ele sabia que as coisas precisavam ser esclarecidas em algum momento. Mas, por enquanto, estavam ali, juntos, e a viagem até Tobermory seguia seu curso, com os dois presos em seus próprios pensamentos.
***
O ônibus finalmente chegou à cidade e, após um longo dia de viagem, e desceram com suas malas, já se sentindo cansados. A madrugada estava fria, e a rua vazia parecia refletir o silêncio entre eles. fez questão de ajudar com as malas, e ela, embora quisesse insistir em carregar tudo sozinha, não tinha forças para se opor. Ela sorriu agradecida, observando o jeito cuidadoso dele.
Ao entrarem no prédio, fez questão de acompanhá-la até o elevador. entrou primeiro, e ele a seguiu, ajustando as malas de forma a não causar nenhum desconforto. Quando o elevador começou a subir, o silêncio se fez presente, mas de um jeito diferente –
carregado de lembranças. Ambos se lembraram do primeiro beijo que haviam trocado naquele mesmo elevador, ali onde tudo havia começado. O calor ainda estava neles, no olhar e na lembrança daquele momento, e foi como se o tempo tivesse desacelerado por um instante. O olhar deles se encontrou novamente, e naquele momento, sem palavras, tudo parecia ter sido dito.
olhou para ele, um pouco nervosa, e a tensão entre os dois se intensificou. Ela sentiu o peso da pergunta antes mesmo de pronunciá-la. Queria que as coisas fossem diferentes, mas também temia o que isso significava para a amizade deles.
— Promete que vai continuar sendo meu melhor amigo para sempre, independente do que aconteça daqui para frente? — perguntou com a voz baixa, quase como um suspiro, sentindo o peito apertado.
, que estava parado ao lado dela, olhou em seus olhos, sentindo uma mistura de emoções que ele não sabia se conseguia controlar. Ele respirou fundo e, por um momento, o silêncio tomou conta novamente. Ele pensou no quanto aquilo significava para ela, e para ele também. Ele sabia que, mesmo com todas as complicações, a amizade deles sempre seria a base de tudo.
Com um sorriso sincero, ele colocou uma das mãos no ombro dela, em um gesto protetor e afetuoso.
— Prometo, — ele disse suavemente, como se aquilo fosse uma promessa eterna.
O elevador parou no andar deles, mas nenhum dos dois se apressou a sair. Ficaram ali, por um momento, segurando os olhares, antes que o som da porta abrindo os despertasse da introspecção. Quando finalmente saíram do elevador, ambos sabiam que aquele momento ficaria com eles, mas que a promessa de amizade ainda seria o elo que os uniria.
***
Na segunda-feira seguinte, acordou cedo, ainda sentindo os efeitos da viagem e da conversa com . A madrugada anterior ainda estava viva em sua memória, mas ele sabia que não podia adiar mais a rotina. havia decidido ficar em casa, descansando e cuidando do pé, e também porque, talvez, precisasse de um tempo para colocar a cabeça no lugar. , por outro lado, sabia que precisava ir para a faculdade, embora, no fundo, sentisse uma certa inquietação.
Ele saiu de casa, já cansado de se sentir confuso, e quando chegou ao campus, foi logo encontrado por Noah. Seu amigo estava parado perto da entrada do prédio, como sempre, esperando para ir para a primeira aula do dia.
— E aí, cara! — Noah sorriu ao ver se aproximando, logo caindo na rotina de sempre. — Como foi a viagem?
apenas deu um aceno, respondendo de forma breve, mas sem esconder a expressão pensativa no rosto.
— Foi bem… — ele suspirou — Foi incrível rever meus pais.
Noah, observando a tristeza no rosto de , franziu a testa. Não era como se fosse uma pessoa constantemente melancólica, e esse estado de espírito parecia estranho nele.
— Hum… — Noah coçou a cabeça, desconcertado. — Parece que foi mais do que só isso, né? O que aconteceu? Você tá… diferente.
olhou para o amigo, hesitando por um momento. Não era fácil falar sobre isso, principalmente com Noah, que sempre o via como alguém forte e focado. Mas, por algum motivo, ele sentiu que precisava se abrir. Talvez porque Noah fosse o único ali que realmente o conhecia, o único em quem ele poderia confiar.
— Eu… — começou, a voz baixa. — Eu sabia que não seria fácil, mas… não esperava que fosse tão complicado.
Noah levantou uma sobrancelha, curioso.
— Complicado o quê?
olhou para o chão, reunindo coragem. Sabia que estava prestes a compartilhar algo que poderia mudar a dinâmica entre eles, mas a pressão em seu peito era demais para ignorar.
— Com a … — ele finalmente disse, a palavra saindo como um suspiro. — Eu sempre fui apaixonado por ela, Noah. Desde que éramos crianças. Eu tentei esconder isso por muito tempo, tentando ver ela apenas como minha amiga, porque era assim que ela sempre me via. Mas… depois da viagem, tudo ficou mais confuso.
Noah ficou em silêncio por um momento, os olhos fixos em . Ele nunca imaginou que algo tão sério estivesse acontecendo por trás do comportamento calmo e fechado do amigo.
— Você sempre foi apaixonado por ela? — Noah perguntou, tentando entender, mas sua voz ainda estava cheia de surpresa. — Mas você nunca falou nada…
passou a mão pelos cabelos, claramente frustrado consigo mesmo.
— Eu sei… Eu tentei esquecer isso. Tentava ser só o amigo dela, ajudar ela nas coisas, ser o cara que ela podia contar… mas, na viagem, tudo mudou. Eu não estava preparado para o que aconteceu, e agora eu tô…
Noah ficou em silêncio, digerindo tudo o que acabara de falar. Ele sabia o quanto a amizade deles com era importante, mas também sabia que estava lutando contra algo que não poderia ser ignorado.
— E aí no acampamento, você ficou mais perto dela, né? O que aconteceu lá? — Noah continuou, com um tom mais descontraído, mas tentando dar a o espaço para se expressar.
olhou para o amigo, engolindo em seco antes de responder.
— Eu… eu acabei beijando ela. — A voz dele saiu mais baixa, como se fosse um segredo. — Não sei o que aconteceu, mas parecia o momento certo, e… depois daquilo, eu não consegui mais pensar em nada além dela.
Noah não conseguiu esconder a surpresa, mas sorriu, compreendendo mais do que imaginava.
— Então, você finalmente beijou ela. Isso foi… uau. — Ele falou com um sorriso. — Mas, e agora? Como você tá lidando com isso?
soltou um suspiro profundo, sentindo o peso de sua decisão. Ele sabia que, ao compartilhar isso com Noah, não poderia mais ignorar seus sentimentos. Ele teria que lidar com eles, de alguma forma.
— Eu não sei o que fazer, Noah. Eu sempre soube que ela era importante para mim, mas agora, com o beijo… tudo ficou mais intenso. Eu não sei o que ela sente, e eu não quero estragar nossa amizade. Mas, ao mesmo tempo, não consigo parar de pensar nela.
Noah, agora mais sério, olhou nos olhos de .
— Cara, você precisa falar com ela. Não vai adiantar ficar se torturando por dentro, esperando que ela adivinhe o que você sente. Vocês têm uma amizade incrível, mas talvez tenha algo mais aí. O que você vai fazer com isso é com você, mas ficar se escondendo nunca vai ajudar.
ficou quieto, absorvendo as palavras de Noah. Ele sabia que, em algum momento, teria que ser honesto com , mas a ideia de colocar em risco o que eles tinham o deixava apreensivo.
— Eu sei que preciso falar com ela, mas não sei se estou pronto para o que isso pode significar.
Noah apenas balançou a cabeça, como se não houvesse mais nada a ser dito.
— Só não espera muito tempo. Quanto mais você deixar pra depois, mais difícil vai ser.
deu um leve sorriso, grato pela honestidade de Noah. Ele sabia que, de alguma forma, tinha que fazer o que fosse necessário para descobrir o que realmente significava o que acontecera entre ele e .
O dia foi longo para e Noah. Durante as aulas, mal conseguia focar. As palavras dos professores pareciam se misturar com os pensamentos sobre e o que ele havia compartilhado com Noah mais cedo. Na aula de Psicologia, ele se pegou observando a cadeira ao lado, onde normalmente se sentava, pensando em como as coisas entre eles tinham mudado tão rápido. Ele tentou se concentrar, mas a constante batalha interna entre os sentimentos por ela e sua amizade com Emma o deixava distraído.
No final do dia, depois de um intervalo entre as aulas, ele finalmente conseguiu se acalmar, mas a ansiedade tomou conta quando o relógio indicava que era hora de ir. Ele sabia que precisava enfrentar Emma, conversar sobre o que estava acontecendo. Seu coração estava batendo mais rápido do que o normal, e ele se perguntava o que diria a ela.
***
Na saída da faculdade, o clima estava mais calmo e as ruas começavam a ficar mais tranquilas, mas a mente de estava longe da tranquilidade. Ele encontrou Emma na porta da faculdade, esperando por ele como sempre, com um sorriso no rosto. Ela parecia animada, conversando sobre o que haviam feito durante o dia, mas não conseguia escapar dos pensamentos que o assombravam. Ao olhá-la, ele sentiu um nó na garganta, sabendo que tinha que ser honesto.
Emma notou que algo estava diferente nele e se aproximou, preocupada.
— Ei, você tá bem? — Ela perguntou, com a voz doce, tocando suavemente o braço dele.
forçou um sorriso, mas não conseguiu esconder a tensão no rosto. Ele sabia que aquele momento não poderia ser adiado. Ele precisava falar com ela.
— Eu preciso conversar com você, Emma — ele começou, sua voz mais grave do que o normal. — Sobre a gente… e… sobre o que está acontecendo.
Emma olhou para ele, um pouco confusa, mas seus olhos se suavizaram quando percebeu o tom sério de .
— Claro, o que houve? — ela perguntou, tentando entender.
suspirou profundamente. Ele já sabia que isso seria difícil, mas sabia que era a coisa certa a fazer. Ele apenas esperava que, depois disso, ele pudesse resolver tudo o que estava acontecendo com , sem perder a amizade de Emma no processo.
respirou fundo, sentindo o peso das palavras que estava prestes a dizer. Ele a olhou nos olhos, sentindo uma mistura de culpa e sinceridade.
— Emma… — ele começou, hesitante. — Eu… eu beijei a na viagem que fizemos no final de semana.
Ela piscou os olhos algumas vezes, claramente surpresa, mas também como se já tivesse uma noção do que ele estava prestes a revelar. Emma franziu o cenho e, com um suspiro, falou:
— Eu sabia que você era louco por ela… — ela deu uma pequena pausa, tentando processar as palavras. — Mas achei que o tempo e… bem, tudo o mais, poderia fazer você esquecê-la. Pelo visto, não é o caso, né?
sentiu um nó se formar na garganta, mas não podia negar o que ela dizia. Ele sabia que era verdade. O sentimento por não tinha desaparecido e agora, depois da viagem, parecia até mais forte. Ele olhou para Emma, tentando ser o mais honesto possível.
— Não sei… — ele balançou a cabeça em negativa. — Nós ainda não conversamos sobre tudo o que aconteceu… Eu… eu precisava me resolver com você primeiro.
Emma não disse nada por alguns segundos, e o silêncio entre os dois parecia mais denso a cada momento que passava. Ela estava processando o que ele acabara de dizer, as palavras que ele tinha falado pesavam muito mais do que qualquer outra coisa.
Ela respirou fundo e, de repente, sua expressão ficou um pouco mais calma. Ela o encarou com um sorriso pequeno, quase forçado, mas ainda assim uma tentativa de disfarçar a dor.
— Eu entendo, . Eu sabia que essa situação não seria fácil, mas… eu realmente esperava que as coisas fossem diferentes.
Ele abaixou a cabeça, sentindo o peso da conversa. Emma estava sendo mais compreensiva do que ele imaginava, mas também podia ver que havia algo que ela ainda não havia dito.
— Eu não quero que isso mude nada entre a gente — ele acrescentou rapidamente, a preocupação evidente na sua voz. — Você é minha amiga, Emma, e eu… não queria te machucar.
Emma deu um sorriso triste e balançou a cabeça.
— Não, . Eu sei o quanto você se importa. Não é sobre isso. — Ela fez uma pausa e depois se aproximou dele, colocando a mão sobre o braço dele, como um gesto de apoio. — Só acho que… talvez nós dois precisemos de um tempo para entender o que queremos, o que é certo para cada um de nós.
sentiu um alívio estranho, como se uma pressão tivesse se aliviado, mas ao mesmo tempo, uma sensação de tristeza tomava conta dele. Ele sabia que as coisas entre eles nunca seriam as mesmas, mas esperava que, com o tempo, as coisas se resolvessem.
— Eu… eu entendo, Emma. Eu só espero que, quando tudo se resolver, possamos continuar sendo amigos. Como antes.
Ela sorriu mais uma vez, agora mais sincera, mas ainda com um toque de tristeza nos olhos.
— Vamos ver o que o tempo nos diz, certo? — Ela disse, com um tom calmo.
assentiu, sabendo que ela estava certa. O tempo iria mostrar o que aconteceria a seguir.
***
chegou em seu apartamento, jogando a mochila sobre o sofá e suspirando fundo. A conversa com Emma ainda estava ecoando em sua mente, mas ele sabia que precisava falar com . Ele não queria que ela tivesse que mancar até a porta para atendê-lo, então, preferiu ligar.
Pegou o celular, hesitou por um segundo e então discou o número de . A linha foi atendida rapidamente, e a voz dela soou do outro lado, tranquila, mas com um toque de cansaço.
“Oi, .” — Ela disse, com um sorriso que ele podia quase ouvir.
Ele se recostou contra a parede, aliviado por ouvir a voz dela, mas ainda preocupado com o que ela estava passando.
“Ei, como está o pé?” — ele perguntou, suavizando a voz para não demonstrar tanta preocupação. —
“Melhorando?” fez uma leve pausa antes de responder, a sensação de alívio em sua voz era óbvia, mesmo sem ela precisar dizer muito.
“Está melhorando…” — Ela disse, com um tom mais leve. —
“Consegui ir ao médico sozinha hoje. Agora estou com uma bota ortopédica e tomando os remédios certos, então está ficando melhor.” fechou os olhos por um instante, sentindo um peso sair de seus ombros ao ouvir isso. Ele sabia que ela estava se cuidando, mas ouvir isso diretamente dela foi como uma confirmação de que estava tudo bem, ou pelo menos, indo na direção certa.
“Que bom, fico aliviado de ouvir isso…” — ele disse, tentando esconder o quanto estava preocupado com ela. —
“Você tem se cuidado direitinho?” “Sim, estou…” — Ela respondeu com um tom mais tranquilo. —
“Não quero que você se preocupe tanto, . Eu vou melhorar logo, prometo.” deu um sorriso pequeno, sentindo o calor no peito ao ouvir a confiança na voz dela. Ele ainda se sentia um pouco culpado por não poder estar lá o tempo todo, mas sabia que era forte e conseguiria se cuidar.
“Eu sei que você vai melhorar logo, mas me avisa se precisar de algo, tá? Se eu puder ajudar com qualquer coisa, é só chamar.” deu uma risada suave, um som que trouxe uma sensação de alívio a .
“Eu sei, . Eu te aviso. E… obrigada. Você sempre sabe o que dizer para me deixar mais tranquila.” sorriu, mesmo que ela não pudesse ver. Havia algo reconfortante sobre o jeito que ela falava com ele, algo que o fazia sentir que, não importa o que acontecesse entre eles, haveria uma maneira de continuar sendo parte da vida um do outro.
“Fico feliz em poder ajudar.” Ele pensou por um momento antes de continuar, ainda com um toque de hesitação em sua voz.
“Eu estava pensando em ir até aí mais tarde, se você quiser… Sei que você não precisa de ajuda, mas… Talvez a gente possa passar um tempo juntos, assistir a um filme ou algo assim?” sorriu pela proposta, e pôde quase sentir o sorriso dela mesmo à distância.
“Adoraria. Me avisa quando estiver vindo, e eu estarei pronta.” Eles trocaram mais algumas palavras antes de finalizar a ligação, com sentindo uma mistura de emoções conflitantes, mas no fundo, aliviado por saber que ela estava bem e por poder estar perto dela.
***
segurava a vasilha cheia de pipocas com uma das mãos e a chave do apartamento com a outra, caminhando até a porta do apartamento de . Ele já podia ouvir o som de sua voz do lado de dentro, rindo ou falando com alguém, talvez apenas sozinha. Ele sorriu consigo mesmo, pensando que, apesar de tudo o que acontecera, ainda gostava de estar com ela.
Ele deu três leves batidinhas na porta, já imaginando que ela iria ouvir e, antes mesmo de esperar por uma resposta, ouviu a voz dela ecoando de dentro.
— Pode entrar, a porta está aberta! — gritou, com um tom divertido, como se já estivesse antecipando sua visita.
Com um sorriso no rosto, abriu a porta e entrou, dando um passo à frente. O apartamento dela estava silencioso e acolhedor, com luz suave, e ele a viu sentada no sofá, com os pés apoiados sobre uma almofada, uma expressão tranquila no rosto. Quando ele entrou, ela olhou para ele com um sorriso, e o alívio dela ao vê-lo foi palpável.
— Você trouxe pipoca? — perguntou com um sorriso travesso, seus olhos brilhando.
riu, levantando a vasilha com as pipocas para que ela visse.
— Claro! Acompanhamento para o filme. — Ele respondeu, caminhando até ela e se sentando no sofá ao lado dela. — Não poderia faltar.
fez um gesto animado, sinalizando para ele se acomodar enquanto ela pegava um cobertor ao seu lado para cobrir as pernas. se acomodou, colocando as pipocas entre eles e se ajeitando no sofá, com um suspiro.
— Como está o pé? — ele perguntou mais uma vez, querendo garantir que ela estivesse confortável.
sorriu e fez uma expressão de alívio, já se sentindo mais tranquila após o descanso e o cuidado que estava recebendo.
— Melhorando. Já posso andar um pouco mais. — Ela disse com um sorriso sincero. — Está ótimo agora, a bota ajuda bastante.
relaxou, ainda mais aliviado ao saber que ela estava bem. Por um momento, os dois ficaram em silêncio, apenas se observando, enquanto a sensação confortável de estarem juntos tomou conta do ambiente.
Com a vasilha de pipoca entre eles, e se prepararam para a noite, sem saber que, apesar de ainda não falarem sobre o que aconteceu entre eles, algo estava prestes a mudar no ar entre eles.
***
e começaram a assistir o filme, ambos sentados no sofá com as pipocas entre eles. O silêncio dominava a sala, exceto pelos sons do filme e pelas risadas ocasionais que surgiam entre os dois, acompanhadas pela troca descontraída de olhares.
, ao observar a tela por alguns segundos, sentiu uma necessidade crescente de estar mais próxima de , sem conseguir explicar muito bem o motivo. As noites passadas ainda estavam frescas em sua mente, mas ela sabia que algo estava acontecendo dentro dela, algo que ela não podia mais ignorar.
Com um movimento suave, ela se aproximou de , ajeitando-se com cautela. O pé ainda incomodava um pouco, mas isso não a impediu de dar uma leve virada em seu corpo, em direção a ele. Ela começou a reclinar sua cabeça, de forma quase imperceptível, até que sua cabeça repousou no peito de , sentindo o calor dele se espalhando através da camiseta.
, que estava concentrado no filme, sentiu a mudança no espaço entre eles. Seu coração disparou um pouco quando percebeu o gesto dela, mas ele não disse nada. Deixou que ela se ajeitasse, seu braço se esticando, automaticamente, em direção a ela. Ele passou um braço por trás dela, tocando-a de forma natural, mas ao mesmo tempo, com uma tensão que ele não sabia explicar. O toque de seus corpos, a proximidade, era algo novo e ao mesmo tempo familiar. Como se aquilo fosse inevitável.
se acomodou completamente, fechando os olhos por um momento e respirando fundo, sentindo a segurança do abraço dele, o conforto de ter a confiança mútua entre os dois. Ela podia ouvir a batida do coração dele, um som tranquilo e constante, e isso a fazia se sentir ainda mais relaxada.
Ela começou a se aninhar mais contra ele, sem que dissesse uma palavra. Quando seus corpos estavam completamente colados, sentiu a respiração dele em sua cabeça, e, quase como se fosse um reflexo, ela fechou os olhos e sorriu, aliviada. Ela sabia que ali, naquele momento, algo estava prestes a mudar, e ela não tinha certeza de como lidar com isso.
também sentia a tensão crescente entre eles, mas manteve-se em silêncio, a respiração mais rápida e irregular, a consciência de como estava próxima dele dominando seus pensamentos. O peito dela estava contra o dele, e ele sabia que aquele momento era importante, mas ao mesmo tempo, não sabia como fazer para que aquilo não fosse confuso.
O filme continuava, mas, para ambos, parecia que o que realmente estava acontecendo naquele momento era entre os dois, não em qualquer tela. As respirações de e estavam sincronizadas, o silêncio entre eles se tornando cada vez mais carregado de significado.
, ainda recostada no peito de , sentiu uma onda de calor percorrendo seu corpo. O silêncio estava pesado ao redor deles, como se o mundo lá fora tivesse parado por um momento. Ela não conseguia mais focar no filme; toda a sua atenção estava em . Cada vez mais, ela sentia uma necessidade crescente de estar mais próxima dele, de explorar esse momento.
Sem perceber muito bem o que a estava impulsionando, começou a levantar lentamente a cabeça, seus olhos fixos no rosto de , seu coração batendo mais forte a cada centímetro que subia. Quando seus olhares finalmente se encontraram, ela podia ver a expressão dele, misturada entre a surpresa e uma intensidade que ela não conseguia mais ignorar.
ficou parado, os olhos fixos nela, como se estivesse esperando. A tensão no ar era palpável. O espaço entre os dois parecia ter desaparecido, e, ao mesmo tempo, tudo ao redor parecia irrelevante. não pensou duas vezes. Ela se aproximou ainda mais, seus lábios quase tocando os dele, e, com uma suavidade que parecia pedir permissão, ela finalmente se entregou ao beijo.
hesitou por um segundo, mas logo a resposta dele foi imediata. Ele a puxou mais para perto, sentindo o gosto doce e o calor de seus lábios. O beijo começou suave, mas logo se intensificou à medida que se aproximava mais dele, seus corpos quase colados agora. , em um movimento instintivo, colocou a mão na nuca dela, aprofundando o beijo e explorando cada sensação que corria pelo seu corpo.
, sem saber ao certo o que fazer, apenas seguiu o fluxo, suas mãos se movendo por sua camisa, sentindo a suavidade do tecido e a firmeza de seu corpo. Ela não queria que o momento acabasse, queria se perder nele, esquecer todas as dúvidas e inseguranças.
O beijo foi ficando mais quente, mais urgente, como se os dois estivessem tentando comunicar algo que as palavras não podiam alcançar. A respiração deles se misturava, ofegante e sincronizada, e o mundo lá fora desaparecia ainda mais.
O beijo foi interrompido abruptamente, mas os rostos e os lábios de e ainda estavam tão próximos que a respiração deles se misturava, quase como se o mundo ao redor deles tivesse desaparecido. O calor do corpo de ainda a envolvia, e o silêncio entre eles parecia pesado, carregado de algo indefinido.
olhou profundamente nos olhos dela, com uma expressão que ele nunca havia mostrado antes. Algo em seu olhar, um misto de vulnerabilidade e intensidade, fez o coração de acelerar novamente. Ela tentou quebrar o silêncio, mas ele foi mais rápido, sua voz baixa e quase rouca, como se as palavras tivessem sido difíceis de sair, mas ao mesmo tempo necessárias:
— , eu… — Ele pausou, respirando fundo, antes de continuar, com os olhos fixos nos dela. — Eu sempre fui apaixonado por você. Desde a infância. Eu tentei esconder isso por tanto tempo, tentei seguir em frente e esquecer, mas não consegui. Cada vez que eu via você, tudo que eu queria era estar mais perto. E agora… depois de tudo o que aconteceu, eu não sei mais como continuar fingindo que não sinto o que sinto.
ficou paralisada por um momento, as palavras dele ecoando em sua mente. Ela não sabia o que responder, mas o que mais a surpreendeu foi a sinceridade no olhar de . Ele estava ali, completamente vulnerável, e ela sentiu a mesma sinceridade refletida em seu próprio peito.
se aproximou ainda mais, a mão tocando suavemente o rosto dela, seus dedos traçando as linhas de seu queixo enquanto ele falava com um tom mais suave:
— Eu não sei o que vai acontecer entre a gente, . Mas eu só precisava te dizer isso. Precisava que você soubesse. Porque não aguento mais tentar esconder isso de você… nem de mim. Não aguento mais falhar na missão de esquecer você!
ficou em silêncio por alguns segundos, absorvendo cada palavra dele. Ela queria dizer algo, mas não conseguia. Algo em seu coração começava a ceder, mas ao mesmo tempo, ela sabia que esse momento era mais complicado do que apenas um simples beijo. Ela não queria machucar ninguém, nem a , nem a si mesma.
E, naquele instante, enquanto o olhar deles se encontrava novamente, não tinha certeza de como tudo se encaixaria, mas sentia que uma parte dela estava pronta para seguir esse novo caminho ao lado dele.
E, naquele instante, enquanto o olhar deles se encontrava novamente, ficou em silêncio por alguns segundos, tentando processar tudo o que estava sentindo. Algo ainda a incomodava, e ela não conseguiu evitar a pergunta que escapou dos seus lábios.
— Desde a infância? — ela sussurrou, a voz um pouco trêmula, como se estivesse tentando entender. — Por isso você sumiu um ano inteiro? Era para me esquecer?
pareceu se encolher um pouco, o peso daquelas palavras atingindo-o de forma inesperada. Ele desviou o olhar por um momento, como se estivesse tentando encontrar uma explicação, e então suspirou profundamente. A culpa ainda era algo difícil de lidar, mas ele sabia que precisaria ser honesto, agora mais do que nunca.
— Eu… eu não queria te magoar, . O tempo longe foi para tentar seguir em frente, mas não foi fácil. Eu pensei que, se estivesse distante, talvez eu conseguisse parar de pensar em você, parar de sentir o que eu sentia. Mas não deu certo. E quanto mais tempo passava, mais difícil era te ver apenas como amiga. — Ele fez uma pausa, os olhos novamente fixos nela, quase implorando por compreensão. — Não era para te esquecer, mas eu precisava tentar, por mim. Por nós.
sentiu um nó no peito, misturando dor e confusão. Ela sabia que aquilo não era fácil para ele, mas também não era fácil para ela. O sentimento que estava crescendo dentro de si parecia contraditório, e ela não sabia como lidar com isso.
se aproximou mais uma vez, tocando levemente sua mão, em um gesto suave e quase inseguro, como se temesse que ela se afastasse.
— Eu sei que não é simples, mas eu não posso mais esconder o que sinto. Eu não sei o que vai acontecer agora, mas… eu só queria que você soubesse.
fechou os olhos por um instante, processando o que ele acabara de dizer. Mas ainda havia uma dúvida que martelava em sua cabeça, algo que ela precisava entender para seguir em frente, se fosse possível.
— E a Emma? — perguntou ela, a voz quase imperceptível, mas cheia de um peso emocional. — Foi para me esquecer?
ficou em silêncio por um momento, como se a pergunta tivesse tomado de surpresa. Ele sabia que tinha o direito de perguntar isso, e, ao mesmo tempo, ele não queria magoá-la ainda mais.
Ele abriu a boca para responder, mas foi interrompido por algo muito mais forte e instintivo. , com um olhar intenso, não deixou espaço para mais explicações. Ela se aproximou dele e, com um movimento suave, encostou seus lábios nos dele.
O toque foi como um choque elétrico. Ele podia sentir a pressão dos lábios dela, mas também sentia a hesitação que ainda pairava no ar entre eles. estava deixando claro, sem palavras, que as perguntas poderiam esperar. O que importava, naquele momento, era a intensidade daquilo que estavam sentindo juntos.
A conexão entre eles era inegável, uma mistura de desejo e necessidade que parecia crescer a cada segundo. O beijo, embora breve, se carregou de uma carga emocional tão forte que fez esquecer tudo o que estava acontecendo ao redor. A pergunta sobre Emma ficou perdida no ar, substituída pela verdade do momento presente:
eles estavam ali, agora, juntos. O beijo de foi suave no início, como se ela estivesse procurando algo entre o que seus corações estavam tentando dizer, mas não conseguiam. , sentindo sua hesitação, respondeu com a mesma intensidade, como se fosse algo que ele tivesse esperado a vida inteira para viver, mas nunca tivesse realmente se permitido.
Ela, então, aprofundou o beijo, seus lábios se moldando aos dele com uma urgência silenciosa. A mão de , que antes estava levemente apoiada em seu peito, subiu para acariciar o rosto de , seus dedos deslizavam suavemente pela pele dele, enquanto ele envolvia a cintura dela com uma das mãos, a outra ainda apoiada nas costas dela. A respiração deles foi se tornando mais pesada, o toque mais firme, como se quisessem que aquele momento durasse para sempre.
Mas, quando o beijo parecia atingir o seu ápice, se afastou, seus lábios ainda a poucos milímetros dos dela. Eles ficaram ali, tão próximos, com o calor de seus corpos ainda se misturando, e o ar carregado de tensão. olhou para ela, seus olhos tão intensos que parecia que ele estava tentando decifrar tudo o que se passava na mente de .
— … — ele sussurrou, ainda sem conseguir encontrar as palavras exatas, mas sentindo que não precisava mais dizer nada. O silêncio entre eles, agora, dizia tudo.
Ela olhou de volta para ele, seus lábios ainda inchados pelo beijo, mas seus olhos brilhando com uma mistura de desejo e vulnerabilidade. Ela não disse nada, mas o jeito como ela o observava era como uma promessa silenciosa de que, apesar de tudo, ela estava pronta para dar um passo a mais.
Fim
AI, EU AMO PLOT DE BFF E AMOR DE INFÂNCIAAAA <33
Aparentemente eu amo muitos plots HAHAHAHAHAHNum conhecia o ator, mas agora tô conhecendo HIOASHOAIDHO
Vamos ver pra que lado o moço vai, né? Vai superar? Vai correr atrás? E a moça? Será que é recíproco ou é só amizade mesmo? HM? HMMMM?
Gente, o Adam tá sofrendo, coitado OIASHDOASIBD
Eu adoraria ter um POV da Ellie ou sei lá, porque assim, do jeito que tá indo a coisa, essa menina tá sendo tóxica 😂😂😂
Espero que ela não esteja sendo FDP com o moço, só dando os sinais errados pra depois dizer que só quer amizade. TÔ DE OLHO 👀
Amiga ela não faz a menor ideia do que ele sente por ela, jurooooooooooooo
hmmm, temos peças novas no jogo HEHEHEHEH
Michael, pode parando por aí que tu mal apareceu e já me deu ranço, obrigada, de nada.
E acho que talvez agora a Ellie perceba alguma coisa, né. Tem concorrência aí HASPDOHASOPD
Vamos ver no que vai dar isso tudo.
Temos peças novas e importantíssimas viu?
HEEEITCHA QUE COMEÇOOOOOU! Triângulo amoroso aí, amo. Só ninguém ser babaca com ninguém, obrigada OPNASDPOANDP
Assim, se a bonita não começasse a perceber o Adam como “mais do que amigo” agora, eu definitivamente ia torcer pra ele ficar com a Emma, porque deu de sofrer por amor não correspondido, né. MAS a Ellie tá percebendo, então estou dividida, vamos esperar os próximos capítulos pra eu poder dizer alguma coisa kkkkkk
Eu sou a louca do triângulo amoro OAAOSKAOSKOS vem aí muito babado, gritaria confusão
Veja bem, eu tô dependendo dessa próxima conversa dos dois pra tomar um partido. Olha lá, hein, Adam? 🧐
O ótimo é que cada hora eu tô 🧐 pra um dos dois kkkk
Mas vou dizer, achei mancada do Adam agir desse jeito do nada com a moça sem a menor explicação.
Tô com sentimentos mistos no meio disso tudo HOADNAPOSDNPASD
Aguardando a att pra ver onde essa conversa vai levar.
Eu tô julgando o Adam, perdoa, mas tô. Tá sendo babaca. Tudo bem, tu quer ali ver se dá certo com a outra moça e pá. MAS PQP, HEIN? não dá pra passar pano pra tu agora não, moço, senta lá no cantinho e vá pensar nos seus atos. Agora tô torcendo pra Ellie encontrar O cara, só pra botar muito mais lenha na fogueira, é isso.
NPOASNDPASODNOAPSDNP
Tenho interesse no Lucas, desculpa, Adam 😂😂😂
Tá, vamos deixar os dois aproveitarem um pouco outros parceiros antes de ENFIM perceberem que gostam um do outro, né. Bora fazer valer a pena 😂
Ellie já sentiu ciuminho, agora é hora – de novo – do Adam, vai, homem!
Fico no aguardo de maiores participações do Lucas, se ele ficar sozinho final, manda ele aqui pra casa, ok? (por enquanto, né, vai que ele se mostra um grande babaca no final das contas kkkkkkkk)
Nãaaaaaaaaaao, ele vai ser fofinho pô!
😑😑😑
Eu tô só julgando todo mundo kkkkkkk
Entendo, entendo muito bem. Mas PQP. Tavam com a faca e o queijo na mão, aí JOGARAM TUDO PRO ALTO 😭😭😭😭
Mas tá, eu só não sei mais pra quem eu torço, se quero os dois pps juntos como casal, se quero que eles fiquem só como amigos, se quero uma amizade colorida, um poliamor… enfim, né, olha onde eu fui parar AHHAHAAH
Como vai ser essa viagem e depois dela com essa torta de climão? Gente… GENTE… Não sei o que pensar ou sentir 🥲🥲
Gente, FINALMENTE, NÉ?
Eu tava pra dar uns tapas nas caras de todo mundo aqui, mas não precisarei
por enquantoQuero ver o dia seguinte e depois, quando eles voltarem pra faculdade e pros outros, mas por enquanto vamos apenas aproveitar o momento.
SE CASEM LOGO.