“This ain’t for the best
My reputation’s never been worse, so
You must like me for me
We can’t make
Any promises now, can we, babe?
But you can make me a drink…”
Capítulo 1:
– Você está maluca ou o que? — a voz grave de Yunho ecoou pelos meus ouvidos assim que ele abriu a porta, me fazendo revirar os olhos. Sem dizer uma palavra, empurrei as sacolas contra o peito dele, obrigando-o a segurá-las antes que caíssem no chão.
— Para você também, boa noite. — Passei por ele e entrei na casa como se fosse dona do lugar, ignorando o olhar de descrença que ele me lançou.
— Você não vai nem explicar o que é isso? — Yunho perguntou, segurando as sacolas como se estivessem cheias de explosivos. Ele fechou a porta com o pé, mantendo os olhos fixos em mim enquanto eu me acomodava no sofá.
Ele largou as sacolas em cima da mesa com um suspiro exasperado, passando a mão pelos cabelos, como se estivesse tentando desesperadamente manter a paciência.
— Você aparece aqui sem avisar, com um monte de sacolas, na véspera de Natal, e ainda quer que eu fique calmo? — Ele estreitou os olhos, apontando para mim. — O que você aprontou dessa vez?
— Nada demais. — Fingi examinar as unhas, mantendo o tom casual. — Só achei que você ia gostar de uma companhia decente para variar. Não é como se você tivesse algum plano melhor.
Yunho soltou uma risada sarcástica, cruzando os braços.
— Ah, claro, porque você é o modelo de decência, não é? — Ele arqueou a sobrancelha, me avaliando com aquele olhar crítico de sempre.
Levantei do sofá e fui até ele, pegando uma das sacolas e tirando uma garrafa de vinho de dentro.
— Eu sou a melhor companhia que você vai encontrar hoje, admita. — Mostrei a garrafa para ele com um sorriso desafiador. — Agora, vai me ajudar a abrir isso ou prefere continuar reclamando?
Yunho balançou a cabeça, pegando a garrafa da minha mão com um suspiro.
— E você adora isso. — Pisquei para ele antes de voltar para o sofá, me acomodando como se aquela fosse a minha casa.
Ele colocou a garrafa sobre a mesa e olhou para mim, finalmente deixando escapar um sorriso de canto.
— Você sabe que eu planejava passar a noite de Natal tranquilo, né? Só eu, alguns filmes ruins e…
silêncio.
— Silêncio é superestimado. — Dei de ombros, puxando um dos travesseiros para o colo. — Além disso, você acha mesmo que eu ia deixar você passar a véspera de Natal sozinho? Que tipo de amiga eu seria?
— O tipo que respeita o espaço alheio? — Ele sugeriu, mas sua voz carregava uma leveza que traía a falsa indignação.
— Nunca fui esse tipo. — Retruquei com um sorriso satisfeito. — Agora, vai buscar duas taças antes que eu mude de ideia sobre dividir o vinho.
Yunho bufou, mas obedeceu, seguindo para a cozinha. Eu sabia que ele cederia, como sempre fazia. Afinal, véspera de Natal ou não, ele não resistia à minha capacidade de transformar qualquer noite comum em algo memorável.
Ele voltou da cozinha com duas taças, o vinho já aberto e pronto para servir. Ele encheu a primeira e me entregou antes de encher a sua própria, sentando-se ao meu lado no sofá. Sem cerimônia, pegou meus pés e os colocou em seu colo, começando a massageá-los de leve, como se aquele gesto fosse tão natural quanto respirar.
— Agora, vamos lá. — Ele tomou um gole do vinho e me olhou com aquele olhar investigativo que sempre me desarmava. — O que aconteceu?
Suspirei, levando a taça aos lábios e saboreando o vinho enquanto tentava formular uma resposta que não entregasse tudo. Mas Yunho era persistente, e seu silêncio expectante me deixou desconfortável.
— Nada aconteceu. — Dei de ombros, fingindo indiferença. — Só achei que você estava precisando de companhia, e eu também.
— Hmm. — Ele arqueou uma sobrancelha, claramente não convencido. — Eu te conheço. Algo aconteceu.
— Você me conhece bem demais, esse é o problema. — Rebati com um sorriso travesso, tentando desviar. — Mas não hoje, Yunho. Que tal mudarmos de assunto?
— Não tão rápido. — Ele apertou levemente meus pés, me encarando com seriedade. — Só quero saber se você está bem.
Olhei para ele por um momento, sentindo o calor do cuidado em sua voz. Por mais que eu confiasse nele, falar sobre o que estava me incomodando era algo que preferia evitar.
— Estou ótima. E, falando nisso, por que estamos aqui bebendo vinho no sofá quando poderíamos estar em algum barzinho charmoso? Aposto que tem algum lugar aberto hoje.
Yunho riu, balançando a cabeça.
— Você quer ir para um bar na véspera de Natal?
— Por que não? — Dei mais um gole no vinho e sorri. — Um barzinho aconchegante, com música ao vivo, algumas pessoas interessantes… parece perfeito.
— Parece loucura. — Ele tomou outro gole, mas um sorriso brincava em seus lábios. — Mas isso combina com você.
— Então é um sim? — Perguntei, animada.
— É um talvez. — Ele riu. — Termina o vinho, e a gente decide.
Mesmo sabendo que ele estava relutante, eu podia sentir que, no fundo, Yunho não resistiria à minha proposta. Afinal, ele sempre acabava me acompanhando nas minhas ideias malucas, mesmo que não quisesse admitir.
🎄🎄🎄
“Dive bar on the East Side, where you at?
Phone lights up my nightstand in the black
Come here, you can meet me in the back
Dark jeans and your Nikes, look at you
Oh, damn, never seen that color blue
Just think of the fun things we could do…”
Capítulo 3:
“(‘Cause I like you)
This ain’t for the best
My reputation’s never been worse, so
You must like me for me
(Yeah, I want you)
We can’t make
Any promises now, can we, babe?
But you can make me a drink…”
Dentro do carro, o som suave de uma música ambiente da rádio ligada preenchia o silêncio enquanto Yunho dirigia pelas ruas iluminadas pelas luzes natalinas. As decorações pareciam competir umas com as outras, cada casa tentando superar a vizinha com pisca-piscas, renas brilhantes e
Papais Noéis infláveis.
— Quem diria que o Natal faria as pessoas surtarem assim? — Comentei, observando uma casa com uma árvore gigante no jardim, toda decorada de vermelho e dourado.
— Acho que é o único jeito delas mostrarem que estão tentando, pelo menos uma vez no ano. — Yunho respondeu, rindo. — Ou talvez seja só competição de vizinhos mesmo.
Soltei uma gargalhada e virei para ele, percebendo o jeito descontraído com que ele segurava o volante.
— Falando em
“tentar”, você acha que eu consigo ficar séria por mais de cinco minutos em um bar de karaokê?
Yunho riu alto, o som ecoando no pequeno espaço do carro.
— Definitivamente não. E é exatamente por isso que seria divertido.
Enquanto ele ria, sem aviso, sua mão direita deixou o volante e pousou de leve na minha perna. Foi um gesto casual, como se ele estivesse apenas enfatizando a brincadeira, mas meu corpo inteiro reagiu.
Meu coração disparou, e senti uma onda de calor se espalhar pelo meu rosto. Ele não parecia ter notado nada, continuava focado na estrada enquanto seus dedos faziam pequenos movimentos distraídos contra o tecido da minha calça.
Minha mente, por outro lado, se lançou em uma espiral de pensamentos. Era tão fácil imaginar aquele toque se prolongando, se tornando mais deliberado. Meu olhar caiu na mão dele por um momento antes de eu desviar rapidamente, me forçando a prestar atenção nas luzes lá fora.
— O que foi? — Yunho perguntou, percebendo minha mudança de comportamento.
— Nada. — Sorri, tentando soar natural. — Só estou pensando que você deve escolher o lugar. Eu sempre acabo escolhendo bares meio… duvidosos.
— Não sei se confio em você pra admitir isso assim tão facilmente. — Ele lançou um olhar de canto, rindo mais uma vez.
Tentei acompanhar a brincadeira, mas meu foco estava completamente deslocado. Aquela mão ainda estava ali, queimando contra minha pele como se quisesse me lembrar de algo que eu insistia em ignorar.
Se ele soubesse o efeito que tinha sobre mim, provavelmente nunca me deixaria esquecer disso.
O carro passou pelas ruas iluminadas enquanto eu observava distraída a paisagem pela janela. O primeiro bar que tentamos estava com as luzes apagadas e uma placa de “Fechado para as Festas” pendurada na porta. O segundo, que parecia promissor, também estava trancado, com cadeiras empilhadas sobre as mesas.
— Parece que todo mundo resolveu ser família hoje. — Comentei, cruzando os braços, meio frustrada.
Yunho apenas soltou um suspiro antes de virar a esquina, continuando a busca. Depois de mais alguns minutos de silêncio, finalmente avistamos um barzinho com as luzes acesas. Não era o lugar mais chamativo do mundo, mas parecia acolhedor o suficiente, com uma fachada de tijolos expostos e algumas mesas ocupadas perto da entrada.
— Acho melhor entrarmos nesse mesmo. — Ele comentou, estacionando o carro. — Não acho que teremos muitas opções.
Assenti, mas algo no nome do bar e na fachada me deixou inquieta. Meu celular vibrou no meu bolso, como se confirmasse minha suspeita. Claro que era o bar do
“ex-rolinho“.
Por um segundo, pensei em sugerir que procurássemos outro lugar, mas me calei. Eu não queria parecer covarde — ou dar a entender que aquele cara ainda me afetava de alguma forma. Além disso, Yunho estava sendo um ótimo amigo, e eu não ia estragar a noite por causa de algo tão insignificante.
— Parece bom. — Falei casualmente, forçando um sorriso enquanto abria a porta do carro.
Yunho não pareceu notar meu desconforto. Ele saiu, rodeou o carro e abriu a porta para mim, como sempre fazia, com aquele charme natural que me deixava desconcertada.
— Vamos? — Ele perguntou, com um pequeno sorriso.
— Vamos. — Respondi, pegando minha bolsa e caminhando ao lado dele.
Enquanto atravessávamos a rua, tentei me convencer de que era apenas mais um bar, mais uma noite qualquer. Não importava quem estivesse lá dentro. Com Yunho ao meu lado, tinha certeza de que nada poderia dar errado. Ou, pelo menos, era o que eu esperava.
Assim que passamos pela porta do bar, o som abafado da rua foi substituído por uma música suave e o burburinho das conversas. O ambiente era acolhedor, com iluminação baixa, madeiras escuras no mobiliário e uma discreta decoração natalina espalhada aqui e ali. O cheiro de madeira misturado ao leve aroma de especiarias me envolveu imediatamente.
Olhei em volta, percebendo que o lugar era pequeno, mas tinha um certo charme rústico. Apesar de estar perto de onde morávamos, nunca tinha pisado ali antes.
— Você já veio aqui? — Perguntei, enquanto deixávamos nossos casacos no apoio próximo à entrada.
Yunho deu uma risada leve, balançando a cabeça.
— Nunca. O que é estranho, considerando que fica tão perto de casa.
— Pois é. Parece meio escondido, mas é bem aconchegante.
Olhei ao redor novamente, percebendo que as poucas mesas estavam ocupadas, algumas por casais e outras por pequenos grupos que conversavam animadamente. A única opção disponível era o balcão do bar.
— Parece que é ali mesmo que vamos ficar. — Comentei, apontando com a cabeça para os bancos altos do balcão.
— Melhor assim. — Yunho respondeu casualmente, guiando-me até lá. — Prefiro poder ver o barman fazendo as coisas. Dá mais confiança.
Ri baixinho enquanto me acomodava em um dos bancos, sentindo o toque frio do metal contra minha pele. Yunho sentou ao meu lado, apoiando os cotovelos no balcão enquanto analisava o cardápio de bebidas pendurado na parede.
— Você vai querer vinho de novo? — Ele perguntou, lançando um olhar de canto com um sorriso brincalhão.
— Talvez. — Respondi, mordendo o lábio, tentando parecer indiferente. — Mas só porque a última escolha foi sua.
— Tudo bem, senhorita exigente. Vamos pedir algo que agrade o seu gosto refinado.
Enquanto ele chamava o barman para fazer os pedidos, aproveitei para observar o lugar com mais atenção. As paredes de tijolos expostos, as luzes pendentes em tons quentes… Era simples, mas aconchegante, o tipo de lugar que fazia você querer relaxar e esquecer dos problemas, pelo menos por algumas horas.
Por um momento, deixei meu olhar vagar até Yunho novamente. Ele parecia tão à vontade, mesmo em um ambiente completamente novo. Era impressionante como ele sempre conseguia transformar qualquer lugar em algo familiar.
🎄🎄🎄
“Is it cool that I said all that?
Is it chill that you’re in my head?
‘Cause I know that it’s delicate
(Delicate)
Is it cool that I said all that?
Is it too soon to do this yet?
‘Cause I know that it’s delicate”
Capítulo 4:
Peguei minha taça de vinho e brindei com Yunho, que me lançou aquele sorriso fácil e descontraído. Era impossível não relaxar na presença dele, mesmo que minha mente estivesse um pouco agitada.
— Nada mal. — Ele comentou, provando seu vinho e examinando o líquido na taça. — Acho que posso começar a confiar mais nas suas escolhas.
Revirei os olhos com um sorriso.
— Como se minhas escolhas já tivessem te desapontado alguma vez.
— Só quando insiste em me arrastar para bares à meia-noite na véspera de Natal.
— Admite, você está se divertindo.
Yunho riu, balançando a cabeça, e eu aproveitei para tomar mais um gole do meu vinho, sentindo o calor da bebida relaxar meu corpo. Tudo estava indo bem, tranquilo, até que senti um movimento ao meu lado. Olhei de relance e meu coração afundou.
Lá estava ele.
— . — A voz de Jake soou fria, mais uma surpresa do que um cumprimento. Ele estava ali, o “ex-rolinho”, vestido como se tivesse saído direto de uma revista, mas o olhar denunciava sua irritação.
— Jake. — Respondi, tentando soar casual enquanto ele cruzava os braços, visivelmente incomodado.
— Engraçado te encontrar aqui, considerando que você não respondeu às minhas mensagens. — Ele comentou, a acusação escorrendo de cada palavra.
Senti Yunho se mexer ao meu lado, mas mantive minha atenção em Jake, tentando evitar que a situação saísse do controle.
— Talvez porque eu não quisesse responder. — Retruquei, forçando um sorriso.
Jake estreitou os olhos, ignorando minha provocação, e lançou um olhar rápido para Yunho.
— E você aparece aqui com outro cara? Sem nem ter a decência de me avisar?
Yunho ergueu as sobrancelhas, claramente surpreso, mas não hesitou. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele se inclinou ligeiramente para frente, colocando o braço no encosto da minha cadeira como se estivesse reivindicando território.
— Desculpa, quem é você mesmo? — Yunho perguntou com um tom casual, mas havia um leve desafio em sua voz.
Jake bufou, apontando para mim.
— Sou alguém que merece pelo menos uma explicação.
Antes que eu pudesse responder, Yunho soltou uma risada curta e balançou a cabeça.
— Explicação? Olha, cara, se ela não quis responder, talvez você devesse aceitar isso e seguir em frente. — Ele deu de ombros. — E quanto a estar com outro cara… — Yunho olhou para mim, seus olhos brilhando com algo que eu não conseguia decifrar. — Acho que isso não é da sua conta.
Jake abriu a boca para responder, mas fechou de novo, aparentemente sem palavras.
Fiquei parada, surpresa com a naturalidade de Yunho ao me defender, mesmo sem saber toda a história. Ele parecia tão confiante, tão seguro, como se isso fosse a coisa mais normal do mundo. E, de alguma forma, o calor em meu peito não tinha nada a ver com o vinho que eu estava bebendo.
Jake bufou novamente e murmurou algo inaudível antes de se afastar, claramente frustrado. Quando ele desapareceu de vista, Yunho relaxou, voltando a se recostar no banco.
— Isso foi intenso. — Ele comentou, tomando outro gole de vinho.
— Você não precisava ter feito isso. — Murmurei, tentando controlar o sorriso que ameaçava surgir.
— Claro que precisava. — Ele respondeu com um sorriso tranquilo. — O que são amigos, senão para salvar você de ex-rolinhos irritantes?
A palavra
“amigos” ecoou em minha mente, mas, naquele momento, tudo o que eu conseguia pensar era no quão encantador Yunho parecia quando me defendia, mesmo sem ter obrigação alguma de fazê-lo.
Suspirei, desviando o olhar para a minha taça de vinho. Tomei mais um gole antes de responder, sentindo o calor da bebida aliviar o desconforto que o confronto com Jake havia deixado.
— Desculpa por não ter te contado sobre ele. — Murmurei, ainda encarando o vinho.
Yunho inclinou a cabeça levemente, me observando com um olhar curioso, mas sem qualquer sinal de julgamento.
— Por que não contou? — Ele perguntou, sua voz mais suave agora.
Dei de ombros, tentando parecer despreocupada, mesmo sabendo que ele enxergava além disso.
— Achei que, se mantivesse em segredo, talvez as coisas dessem certo. Que, de alguma forma, seria mais fácil… — Minha voz falhou, e eu ri de nervoso. — Mas acho que estava errada, não é?
— Definitivamente estava. — Ele concordou, mas havia um toque de leveza na maneira como falou, como se não quisesse me deixar ainda mais desconfortável. — Mas, sério, , você não precisa esconder essas coisas de mim.
Olhei para ele, e havia algo no seu olhar que me fez sentir segura, como se ele realmente se importasse.
— Eu sei. — Admiti em um suspiro. — Só não queria te envolver nas minhas confusões.
Yunho riu, balançando a cabeça.
— , você é uma confusão ambulante. Já aceitei isso há muito tempo.
Não pude evitar sorrir, mesmo que ele estivesse, em partes, certo.
Ele tomou mais um gole do vinho, apoiando o cotovelo no balcão enquanto me olhava.
— Então, é por causa dele que você resolveu ser minha companhia de Natal? — Ele repetiu, dessa vez com um tom mais descontraído.
Mordi o lábio, ponderando como responder, mas no fundo sabia que não importava o que dissesse, Yunho já sabia a resposta.
Suspirei profundamente, apoiando os cotovelos no balcão e deixando a taça de vinho descansar entre as mãos.
— Achei que dessa vez engrenaríamos… — admiti, minha voz mais baixa do que o normal. — Ele prometeu que passaríamos o Natal juntos, e eu acreditei. Quando ele terminou comigo, decidi que não ia passar essa data sozinha.
Yunho me observava atentamente, com uma expressão que misturava curiosidade e algo mais que eu não conseguia identificar. Ele levou a taça aos lábios antes de perguntar:
— Por que vocês terminaram?
Ri, mas o som saiu amargo.
— A desculpa de sempre. Ele disse que não estava pronto para algo sério.
— Hm. — Yunho inclinou a cabeça, parecendo refletir. — E você acreditou nisso?
Dei de ombros, tentando parecer indiferente.
— Não é a primeira vez que ouço isso. Acho que já estou acostumada.
— … — Ele me chamou, sua voz mais firme agora. Quando olhei para ele, Yunho mantinha os olhos fixos nos meus. — Você não merece isso.
Fiquei em silêncio por um momento, surpresa com o tom direto dele.
— Acho que não tenho escolha, não é? — Sorri, mas o sorriso não alcançou meus olhos. — As pessoas sempre vão embora.
Yunho balançou a cabeça, como se não concordasse com minha visão.
— Não é porque aconteceu antes que vai acontecer sempre. Talvez você só não tenha encontrado a pessoa certa.
— Ah, e você acredita em
“pessoa certa”? — perguntei, arqueando uma sobrancelha, tentando disfarçar o desconforto crescente.
— Não sei. — Ele deu de ombros, tomando mais um gole do vinho. — Mas sei que, quando encontrar alguém que realmente te valorize, vai ser diferente.
Houve algo na forma como ele disse isso, na certeza em sua voz, que me deixou sem palavras. Tudo o que pude fazer foi olhar para minha taça e tentar ignorar o calor que se espalhava pelo meu peito.
🎄🎄🎄
Capítulo 5:
“Isn’t it, isn’t it, isn’t it?
Isn’t it?
Isn’t it, isn’t it, isn’t it?
Isn’t it delicate?”
Yunho levantou a mão, chamando a atenção do bartender.
— Acho que precisamos de algo mais forte agora. O que acha? — perguntou, lançando-me um sorriso que parecia quase conspiratório.
Olhei para minha taça de vinho quase vazia e dei de ombros.
— Por que não? O Natal não vai ficar pior que isso.
Ele riu e virou-se para o bartender.
— Tequila, Yunho? — arqueei a sobrancelha, tentando esconder um sorriso.
— Confie em mim. — Ele piscou. — Nada como tequila para mudar o humor.
Os shots chegaram rapidamente, e Yunho levantou o dele, esperando que eu fizesse o mesmo.
— Um brinde a… — Ele fez uma pausa, olhando para mim como se estivesse buscando as palavras certas. — Um Natal menos solitário, talvez?
Sorri, apesar de mim mesma, e ergui o shot.
— E a amigos que sabem como animar a gente.
Tocamos os copos com um tilintar suave antes de virarmos a bebida de uma vez. O calor da tequila desceu queimando pela minha garganta, mas Yunho já estava pedindo mais uma rodada antes mesmo que eu pudesse reagir.
— Yunho, você está tentando me embebedar? — perguntei, rindo pela primeira vez naquela noite.
— Não. — Ele sorriu, dessa vez mais leve. — Só tentando garantir que, pelo menos hoje, você esqueça aquele idiota.
De alguma forma, ele conseguia arrancar risadas de mim mesmo quando tudo parecia desmoronar. Entre mais alguns shots e conversas descontraídas, Yunho começou a contar histórias engraçadas da faculdade, exagerando nos detalhes a ponto de me fazer gargalhar alto.
— Você está maluco. — Eu disse, segurando a barriga de tanto rir.
— Maluco, não. Apenas talentoso em tirar sorrisos. — Ele piscou para mim, um brilho divertido nos olhos.
E, por um momento, enquanto a música do bar tocava ao fundo e a tequila fazia efeito, eu me permiti esquecer de tudo e apenas aproveitar a companhia dele.
Depois de mais algumas rodadas de tequila, eu já estava começando a sentir o mundo ao meu redor girar levemente. Não que fosse algo ruim — pelo contrário, a leve embriaguez parecia suavizar as pontas afiadas dos pensamentos que eu insistia em evitar.
Yunho estava rindo de alguma piada que ele mesmo havia contado, e eu acompanhava com um sorriso preguiçoso enquanto girava o copo vazio na mão. Foi então que decidi que precisava de um cigarro.
— Eu vou fumar. — anunciei, me levantando do banco com um certo esforço.
A tontura veio como uma onda repentina, fazendo meu equilíbrio vacilar. Antes que eu pudesse cair ou me apoiar no balcão, senti as mãos firmes de Yunho segurando meus braços, me impedindo de desabar.
— Ei, calma aí, guerreira. — Ele me olhou com uma mistura de preocupação e diversão. — Talvez tequila e levantar rápido não sejam uma boa combinação.
— Estou bem. — murmurei, tentando me endireitar, mas minhas pernas não pareciam colaborar.
— Claro que está. — Ele riu baixinho, mantendo o braço ao redor da minha cintura para me ajudar a firmar. — Vai precisar mesmo desse cigarro ou quer só um pouco de ar?
Suspirei, percebendo que lutar contra ele não faria sentido.
Yunho me guiou até a saída do bar, seus passos firmes compensando minha falta de equilíbrio. Quando finalmente sentimos a brisa fresca da noite, respirei fundo, sentindo-me um pouco mais estável.
— Melhor? — ele perguntou, ainda segurando minha cintura como se não confiasse completamente na minha habilidade de ficar de pé sozinha.
— Melhor. — respondi, olhando para ele com um pequeno sorriso de agradecimento.
E ali, sob as luzes suaves do letreiro do bar e com o mundo girando levemente ao meu redor, me senti estranhamente segura nos braços dele.
Eu me afastei ligeiramente de Yunho, testando meu equilíbrio antes de deslizar as mãos pelos bolsos da minha calça, procurando pelo maço de cigarros.
— Sério? — ele perguntou, o tom de desaprovação evidente enquanto cruzava os braços.
— Sério o quê? — retruquei sem olhar para ele, ainda focada na busca.
— Depois de toda essa tequila, você acha que adicionar nicotina ao mix é uma boa ideia? — Ele arqueou uma sobrancelha, me observando como se estivesse prestes a dar um sermão.
Encontrei o maço e o ergui com um pequeno sorriso de vitória.
— Yunho, você sabe que eu só fumo quando estou estressada.
— E isso torna o hábito menos terrível? — Ele bufou, balançando a cabeça. — Você tem umas justificativas bem criativas para as suas escolhas ruins, sabia?
Ignorei o comentário, puxando um cigarro e levando-o aos lábios enquanto procurava o isqueiro. Yunho suspirou alto, mas não tentou me impedir — provavelmente porque sabia que seria inútil.
— Quer mesmo continuar me julgando ou vai me ajudar com isso? — perguntei, levantando o cigarro para ele ver.
Ele me lançou um olhar de reprovação tão teatral que quase me fez rir, mas acabou estendendo a mão para pegar o isqueiro que eu segurava.
— Só porque sei que você vai acabar botando fogo em si mesma nesse estado. — Ele acendeu o cigarro para mim e devolveu o isqueiro com um suspiro resignado.
Dei uma tragada longa e soltei a fumaça devagar, apreciando a sensação familiar e o ar fresco da noite.
— Obrigada, Yunho. Você é um amigo maravilhoso, sabia?
— Claro que sou. — Ele sorriu de lado, embora seu olhar ainda mostrasse a desaprovação. — Mas isso não significa que eu aprove suas escolhas estúpidas.
Ri baixinho, dando outra tragada e me encostando na parede do bar.
— Aposto que adora ser meu salvador.
Ele sorriu, mas não respondeu. Em vez disso, ficou ali, parado ao meu lado, como se estivesse garantindo que eu não aprontaria mais nada. E, por algum motivo, isso me fez sentir… cuidada.
Depois de alguns minutos do lado de fora, o frio começou a se tornar incômodo, mesmo com a brisa fresca ajudando a clarear minha mente. Yunho percebeu antes mesmo que eu dissesse algo.
— Vamos voltar para casa. — ele sugeriu, estendendo a mão para mim.
— Achei que você quisesse ficar até o bar fechar. — provoquei, apagando o cigarro no cinzeiro próximo.
— É Natal, . Merecemos um final de noite mais tranquilo. — Ele deu um pequeno sorriso, o olhar cansado, mas ainda cheio de paciência.
De volta ao apartamento, Yunho abriu uma nova garrafa de vinho enquanto eu me jogava no sofá. O lugar estava iluminado apenas pelas luzes piscantes da árvore de Natal, dando um ar acolhedor ao ambiente.
— Escolhe alguma coisa para a gente assistir. — ele disse, colocando as taças sobre a mesa de centro.
Após algumas escolhas rápidas, optamos por um filme de comédia romântica. Algo leve, que parecia combinar com o clima da noite.
Com o vinho fluindo e as risadas causadas pelo filme, minha mente começou a vagar novamente. A proximidade de Yunho, seu riso fácil e os gestos naturalmente cuidadosos… Tudo nele parecia irresistível naquela noite.
Meu olhar desviava para ele mais vezes do que eu gostaria de admitir, acompanhando os traços do seu rosto sob a luz suave. A forma como ele segurava a taça, como seus olhos brilhavam com a história absurda do filme… Meu coração acelerava, e eu sabia que o vinho não era o único culpado.
Quando o relógio marcou meia-noite, o filme já tinha acabado, mas ainda estávamos ali, confortavelmente aninhados no sofá. Yunho se virou para mim com um sorriso.
— Feliz Natal, .
— Feliz Natal, Yunho. — respondi, sentindo uma onda de calor atravessar meu peito ao perceber o carinho em sua voz.
Ele estendeu a mão para um brinde improvisado, e nossas taças tilintaram no silêncio aconchegante da sala.
— Sabe… — ele começou, mas pareceu desistir da frase, balançando a cabeça com um sorriso pequeno.
Antes que pudesse perguntar o que ele diria, o peso do vinho e do cansaço finalmente me venceu. Senti minhas pálpebras ficarem pesadas, e, sem perceber, acabei adormecendo ali mesmo.
A última coisa que senti foi o calor de um cobertor sendo colocado sobre mim e uma mão gentil afastando uma mecha de cabelo do meu rosto.
🍾🍾🍾
“Third floor on the West Side, me and you
Handsome, you’re a mansion with a view
Do the girls back home touch you like I do?
Long night with your hands up in my hair
Echoes of your footsteps on the stairs
Stay here, honey, I don’t wanna share”
Capítulo 6:
Uma semana havia passado desde o Natal. A lembrança daquela noite ainda pairava na minha mente, misturada à confusão dos meus sentimentos por Yunho. Mas, agora, era véspera de Ano Novo, e lá estávamos novamente, na casa dele, que parecia o ponto de encontro preferido de todos.
O apartamento estava cheio de vida, com vozes, risadas e música se espalhando pelos cômodos. Yunho tinha organizado uma festa, convidando amigos em comum, e a energia vibrante era exatamente o que eu precisava para afastar qualquer dúvida persistente.
Entrei com uma taça de champanhe na mão, observando a decoração discreta, mas charmosa, que Yunho havia montado. Ele sempre tinha esse toque especial, mesmo nas coisas mais simples.
— Olha só quem chegou! — uma voz animada soou, e logo vi Soo-young, uma amiga nossa, se aproximar com um sorriso. — , eu sabia que você não ia perder essa festa!
— Claro que não, né? — respondi, dando um abraço nela. — Yunho sabe como atrair as pessoas.
Ela riu, concordando, antes de ser chamada por outra amiga. Eu continuei a caminhar pela sala, até avistar Yunho perto da janela, conversando com alguns amigos.
Ele estava impecável, como sempre, usando uma camisa preta ajustada e jeans escuros que destacavam seu porte. Seus olhos brilhavam sob as luzes, e o sorriso fácil fazia com que ele parecesse mais acessível e encantador do que nunca.
— Não vai me dar oi, não? — chamei sua atenção, parando ao lado dele.
Ele virou-se para mim, e o sorriso que surgiu em seu rosto fez meu coração disparar.
— Achei que fosse ficar escondida no canto como da última vez. — Ele me provocou.
— Acho que estou aprendendo com você. — Dei de ombros, fingindo indiferença.
Ele riu e estendeu uma taça para brindar comigo.
Antes que eu pudesse responder, o som de risadas chamou nossa atenção, e logo estávamos rodeados por um grupo de amigos compartilhando histórias e planejando a contagem regressiva. Apesar da agitação, meus olhos frequentemente encontravam os de Yunho, e havia algo em seu olhar que parecia me puxar, como se fosse um convite silencioso para algo mais.
Enquanto a noite avançava, aquele magnetismo entre nós se tornava cada vez mais difícil de ignorar.
A festa estava em pleno vapor, com mais gente chegando e outros já saindo depois de algumas horas. O ambiente era uma mistura de conversas altas, música que parecia pulsar pelas paredes, e o cheiro convidativo das comidas espalhadas por uma mesa na sala de jantar. Havia uma variedade de petiscos: rolinhos primavera, espetinhos de carne, mini sanduíches e uma tábua de queijos que Yunho havia preparado com cuidado.
Entre um gole de champanhe e outro, eu pegava petiscos aleatórios, aproveitando a animação ao meu redor. Amigos dançavam perto da mesa, alguns cantando junto com a música que tocava, enquanto outros conversavam em cantos mais reservados.
Yunho, por outro lado, era o perfeito anfitrião. Ele ia de grupo em grupo, garantindo que todos tivessem o que precisavam, mas sempre encontrava um momento para voltar ao meu lado.
— Aproveitando, ? — Ele apareceu com duas taças de vinho, estendendo uma para mim.
— É claro. Você sabe como fazer uma festa, Yunho. — Peguei a taça, dando um sorriso enquanto nossos dedos se tocavam brevemente.
— E você sabe como roubar a cena. — Ele respondeu, seus olhos brilhando com diversão.
Fiz um gesto de indiferença, mas meu rosto esquentou com a provocação. Antes que eu pudesse responder, Soo-young puxou minha mão.
Ri, deixando Yunho para trás enquanto era arrastada para a improvisada pista de dança. A música animada me envolveu, e logo estava dançando com Soo-young e outras amigas. Meus olhos, porém, sempre encontravam Yunho, que me observava da lateral com um sorriso que me deixava inquieta.
Depois de algumas músicas, voltei ao balcão onde ele estava, servindo-se de mais uma dose de tequila.
— Não vai dançar? — Perguntei, pegando um shot para mim.
— Estou esperando a música certa. — Ele respondeu, levantando a sobrancelha de um jeito desafiador.
— Qual seria essa música? — Perguntei, provocando.
— Talvez a próxima. — Ele sorriu de lado, os olhos fixos nos meus enquanto tomava o shot.
A troca de olhares foi interrompida quando alguém pediu que ele trocasse a música, e Yunho foi até o som para ajustar a playlist. Nesse meio tempo, algumas pessoas começaram a se despedir.
— Já é quase meia-noite. — Comentei, me aproximando novamente.
— Tempo suficiente para dançar. — Ele respondeu, puxando minha mão antes que eu pudesse protestar.
A música mudou para algo mais lento, uma balada envolvente, e Yunho me conduziu para o meio da sala.
— Isso é sério? — Perguntei, rindo enquanto ele segurava minha cintura.
— Você está rindo, mas não está dizendo não. — Ele respondeu, puxando-me um pouco mais para perto.
Enquanto dançávamos, o álcool no meu sistema fazia tudo parecer mais intenso. O toque das mãos dele na minha cintura, a proximidade dos nossos corpos, e aquele olhar provocador, tudo fazia meu coração bater mais rápido.
— Acho que você só está fazendo isso porque está bêbado. — Murmurei, tentando parecer mais confiante do que me sentia.
— E você só está deixando porque também está. — Ele respondeu no mesmo tom, com um sorriso que me desarmou completamente.
A música continuava tocando, suas batidas lentas ditando o ritmo enquanto Yunho e eu nos movíamos quase em sincronia. Cada passo parecia mais lento do que o necessário, cada toque mais carregado de intenção.
As mãos dele permaneciam firmes na minha cintura, seus dedos pressionando levemente o tecido fino do meu vestido, como se quisesse garantir que eu não escapasse. Por outro lado, minhas mãos se alternavam entre os ombros e a nuca dele, em um toque que parecia casual, mas escondia uma intenção que nem eu mesma queria admitir.
— Não sabia que você dançava tão bem. — Sussurrei, tentando quebrar a tensão que estava quase palpável.
— Não danço. — Ele respondeu, seus olhos encontrando os meus. — Estou só acompanhando você.
O olhar dele parecia me prender no lugar, e minha respiração ficou mais pesada quando percebi o quão perto nossos rostos estavam.
— Você está me provocando de propósito… — Murmurei, meu tom acusatório, mas sem nenhuma força real.
— Talvez. — Ele inclinou ligeiramente a cabeça, o sorriso de canto nos lábios apenas alimentando minha inquietação. — E se estiver?
— Então talvez você esteja conseguindo. — A resposta escapou antes que eu pudesse me impedir, e percebi tarde demais que aquilo só o encorajaria.
Yunho sorriu mais abertamente, um brilho divertido e perigoso em seus olhos. Ele aproximou o rosto do meu ouvido, sua respiração quente contra minha pele.
As palavras enviaram uma onda de calor pelo meu corpo, e senti minhas mãos deslizarem instintivamente para os ombros dele, apertando levemente.
— Convencido. — Foi tudo o que consegui dizer, minha voz saindo mais baixa do que pretendia.
— Só sendo sincero. — Ele riu baixinho, seus dedos apertando levemente minha cintura, nos puxando ainda mais para perto.
A música terminou, mas continuávamos nos movendo, nossos corpos tão próximos que parecia impossível nos separar. Podia ouvir as risadas e conversas ao fundo, mas o mundo parecia reduzido a esse momento, a essa dança.
— Yunho… — Murmurei, sem nem saber o que ia dizer, mas incapaz de manter o silêncio.
Ele se afastou ligeiramente, apenas o suficiente para que nossos olhares se encontrassem novamente.
— Sim?
As palavras estavam na ponta da minha língua, mas algo me impediu de dizê-las. Em vez disso, abaixei o olhar, tentando disfarçar minha vulnerabilidade.
— Nada. — Sorri, mas ele não pareceu convencido.
— Não parece ser nada. — Ele inclinou a cabeça, observando-me com curiosidade, mas antes que pudesse pressionar mais, outra música começou, e a atenção dos nossos amigos foi puxada para outro ponto da sala.
Yunho deu um passo para trás, mas suas mãos ainda permaneceram em mim por um momento, como se ele hesitasse em se afastar completamente.
— Melhor a gente pegar mais uma bebida. — Disse, minha voz forçando um tom leve enquanto eu me afastava em direção à cozinha, tentando recuperar o controle sobre meus pensamentos e, principalmente, sobre meu coração.
🍾🍾🍾
A taça de vinho já estava quase vazia em minha mão, mas isso pouco me importava enquanto observava Yunho do outro lado da sala. Ele estava conversando com uma garota que eu nunca tinha visto antes. Alta, linda e cheia de confiança, ela ria exageradamente de algo que ele tinha dito, inclinando-se um pouco mais a cada minuto.
Os toques dela eram sutis, mas eu notava cada um. A forma como sua mão pousava no braço dele, como os dedos arrumavam uma mecha imaginária de cabelo. Ela era óbvia, mas quem não seria?
Yunho era… bem, Yunho. Tentei me convencer de que não me importava, mas, honestamente, isso era uma mentira descarada. Cada movimento dela me incomodava, e eu odiava o fato de que estava deixando aquilo me afetar.
Ainda assim, enquanto eu o observava, percebi algo que me acalmou:
Yunho não parecia interessado. Ele estava sendo educado, como sempre, mas seus olhos vagavam pela sala, como se procurassem uma rota de fuga. Ele mantinha uma distância sutil, inclinando-se apenas o suficiente para ouvir o que ela dizia.
“Ele não está nem aí para ela”, pensei, sentindo um alívio que eu não queria admitir.
Tomei mais um gole de vinho, tentando ignorar o aperto que sentia no peito e a vontade inexplicável de interromper aquela conversa. Eu odiava me sentir assim, mas odiava ainda mais a ideia de alguém tomar o lugar que, em minha mente,
parecia ser meu. Quando a meia-noite começou a se aproximar, alguém anunciou que era hora da contagem regressiva. Foi então que vi Yunho se afastar da conversa e caminhar até a mesa onde a garrafa de champanhe esperava. Ele olhou diretamente para mim e sorriu, despreocupado, como se quisesse dizer que a garota de antes não importava.
— Ei, vem cá. — Ele gesticulou para que eu me aproximasse.
Deixei minha taça vazia em uma mesa próxima e me juntei a ele, o coração batendo um pouco mais rápido do que eu gostaria. As pessoas se reuniam ao redor, animadas, enquanto a contagem regressiva começava.
Yunho segurava a garrafa de champanhe, concentrado em equilibrar a rolha.
—
Dez, nove, oito… — Todos começaram a contar juntos.
No “
um“, ele puxou a rolha com um estalo, e a espuma borbulhante jorrou da garrafa, arrancando risadas e aplausos dos outros.
— Feliz Ano Novo! — Ele exclamou, levantando a garrafa antes de começar a servir os copos ao redor.
Peguei o meu quando ele me entregou, os olhos dele encontrando os meus por um instante que pareceu durar mais do que deveria.
— Feliz Ano Novo, Yunho. — Minha voz saiu baixa, quase inaudível no meio da confusão.
— Feliz Ano Novo, . — Ele respondeu, e havia algo em sua expressão que fez meu coração pular uma batida.
Enquanto o barulho da festa continuava ao nosso redor, aquele momento entre nós parecia uma pausa em tudo. Eu deveria desviar o olhar, deveria voltar a socializar, mas não consegui. Por um segundo, parecia que nada mais importava.
Após a meia-noite, a festa começou a perder o ritmo, como uma chama que, aos poucos, vai diminuindo. Algumas pessoas começaram a ir embora, deixando o barulho da música mais distante e os risos se tornando mais suaves. Yunho, mais uma vez, se afastou para conversar com alguns amigos, mas logo voltou até mim, o copo de champanhe ainda na mão.
— Você ainda está por aqui? — ele perguntou com um sorriso torto, claramente se divertindo ao ver que muitos já tinham partido.
Olhei para ele, um pouco surpresa, mas também divertida.
— Eu não sou dessas que saem no primeiro sinal de fim de festa. — Respondi, dando um gole no meu copo, sentindo o sabor doce e efervescente. — Diferente de você, que está sempre tentando escapar quando a situação começa a esquentar.
Yunho se inclinou para frente, os olhos brilhando com um desafio. Ele deu uma leve risada e ajeitou o cabelo, os dedos passando de forma despreocupada pelo couro da jaqueta que agora ele usava.
— Ah, é? Eu sou um fugitivo agora? — ele arqueou uma sobrancelha, seu tom de voz baixo e provocador. — E você, , só fica esperando o momento certo para lançar sua isca. Você não engana ninguém.
Fiquei em silêncio por um instante, sentindo a tensão crescer no ar. Aquela provocação entre nós dois era algo quase habitual agora, mas parecia que a cada vez, a linha entre o desafio e a atração ficava mais tênue.
— E quem disse que estou tentando enganar alguém? — retruquei, tentando esconder o sorriso. — Eu sou só…
observadora.
Yunho inclinou a cabeça, um sorriso brincando em seus lábios.
— Observadora, hm? Então o que viu até agora? — ele se aproximou um pouco mais, e eu pude sentir a proximidade dele de novo, como uma onda que estava prestes a me engolir.
Engoli em seco, sentindo a pressão aumentar. Não consegui evitar olhar para os lábios dele, sentindo uma onda de desejo tomar conta de mim. Mas, como sempre, tentei manter a compostura.
— Vi um Yunho que não consegue se decidir se está me desafiando ou se… — pausei, jogando um olhar direto para os olhos dele, sem nem perceber o que estava deixando transparecer — …está tentando se aproximar de mim.
Ele se manteve em silêncio por um segundo, a expressão dele suavizando de forma quase imperceptível, mas o sorriso que apareceu logo em seguida era um tanto provocador.
— E você, ? O que está esperando para se aproximar de mim? — a voz dele era baixa, e havia uma intensidade ali que me fez pensar que talvez a provocação não fosse mais apenas jogo.
Fiquei sem resposta por um momento, sentindo a tensão entre nós dois crescer. A música tocava ao fundo, mas era como se estivéssemos em nosso próprio mundo, cada palavra, cada olhar, fazendo o ambiente ao redor parecer menos importante.
Eu estava a um passo de dar o próximo movimento, mas, de alguma forma, algo me dizia que ele também sabia disso. E que talvez, só talvez, ele esperasse que eu fosse a primeira a romper essa barreira.
A tensão entre nós dois estava insuportável, e eu podia sentir cada segundo se arrastando, como se tempo estivesse nos provocando. Eu estava completamente ciente da distância mínima que ainda restava entre nossos corpos, mas o espaço parecia irrelevante. A música parecia desaparecer, e tudo o que existia era ele e a energia que nos conectava de maneira intensa.
Yunho olhou para mim, seus olhos escuros e profundos, e a expressão que ele tinha não era mais de pura provocação. Era algo diferente, mais intenso. Ele estava me observando de uma maneira que me fazia sentir vulnerável, mas, ao mesmo tempo desejada.
A respiração dele estava mais pesada, e a minha também. Ele se aproximou ainda mais, até que pude sentir a leve pressão da sua presença. Seu rosto estava perto suficiente para que eu conseguisse perceber cada ..traço, cada detalhe que o tornava irresistível.
— … — Ele sussurrou o meu nome, e a forma como ele disse, como se fosse a única coisa que importava naquele momento, fez meu coração disparar.
Eu estava quase sem fôlego as palavras escapando de mim, mas eu não conseguia dizer nada. Era como se, finalmente, eu tivesse chegado ao limite. Não havia mais jogo, apenas que acontecia naquele instante, e eu não queria mais negar isso.
Com um movimento quase imperceptível, ele levantou a mão, tocando suavemente meu rosto, e eu fechei os olhos, sentindo o toque de seus dedos na minha pele. Eu não podia mais resistir, e o que quer que tivesse entre nós dois agora parecia mais real do que nunca
E então, sem palavras, ele se inclinou para mim…. Eu não me movi, esperando, e quando os lábios dele finalmente tocaram os meus, foi como se tudo ao redor se apagasse. O beijo foi suave no começo, quase como se ele estivesse esperando uma reação, mas logo foi se intensificando, os lábios se encaixando com mais urgência, mais desejo. Era como se tudo que eu tivesse guardado dentro de mim, todas as emoções e a tensão, se dissolvessem naquele momento
Eu me afastei um pouco, sem conseguir acreditar no que acabara de acontecer, e o olhei nos olhos, respirando pesadamente. Ele parecia tão perdido quanto eu, mas também com aquele sorriso satisfeito que fazia meu estômago dar voltas
— Então… — eu disse, tentando disfarçar a sensacão de que o chão tinha sumido dos meus pés. — Isso estava na nossa “agenda” também?
Yunho riu suavemente, ainda sem se afastar muito seu olhar de mim. Ele parecia em êxtase, como se tivesse acabado de realizar algo inevitável.
— Eu diria que sim. — Ele respondeu, com um tom mais suave agora, ainda com a mesma intensidade nos olhos.
Eu não sabia o que isso significava, nem o que viria a seguir, mas naquele momento, com ele ainda perto de mim, tudo parecia certo.
Eu não conseguia desviar os olhos dele, ainda sentindo o sabor do beijo, a eletricidade em nosso toque… Mas, de repente, algo me interrompeu. Do canto do meu olho, vi a garota que havia tentado flertar com Yunho mais cedo. Ela estava ali, me encarando com um olhar carregado de rancor, seus olhos estreitos, as sobrancelhas franzidas como se estivesse claramente desaprovando o que acabara de acontecer entre nós.
O ciúmes parecia saltar dela em ondas visíveis, e por algum motivo, isso fez uma sensação intensa crescer dentro de mim. Eu não sabia o que estava acontecendo exatamente, mas o que sentia era muito mais do que simples provocação. Era um desejo crescente de afirmar algo — não apenas para ela, mas para mim mesma…
Eu vi Yunho olhar para o lado e perceber a garota, e a forma como ele imediatamente virou o rosto, ignorando-a, fez algo ainda mais intenso brotar dentro de mim. Não era só o que ele havia feito por mim até agora. Era a maneira como ele estava totalmente focado em mim, me fazendo sentir única, fazendo com que todo o resto do mundo desaparecesse.
A maneira como ele me tratava me fazia querer mais dele, mais daquele momento. Sem conseguir mais me segurar virei o rosto para ele, e, com um gesto completamente impulsivo tomei a iniciativa. Não era só um beijo suave, como da última vez. Era algo muito mais quente, mais desesperado.
Minha mão foi diretamente para o pescoço dele, puxando-o para mais perto enquanto meu corpo se movia para mais próximo do dele. Quando nossos lábios se encontraram novamente, foi como se uma chama tivesse sido acesa. O beijo foi urgente, as línguas se encontrando em um ritmo frenético, como se quiséssemos devorar um ao outro.
Eu podia sentir o calor de seu corpo, e o meu pulsava, em sintonia com o dele. Não era mais apenas uma dança de olhares e provocações. Era algo real, algo que ambos estávamos querendo naquele momento.
Yunho respondeu ao beijo com a mesma intensidade, suas mãos movendo-se por minha cintura puxando-me ainda mais para ele, como se precisasse sentir cada centímetro de mim. Eu sabia o que ele estava fazendo, e sabia também que esse jogo não teria mais volta.
O som da festa parecia desaparecer de novo. Não havia mais ninguém ao nosso redor, só nós dois. Só o calor, a urgência, e a pressão crescente entre nós. Eu podia sentir meu corpo inteiro reagindo a ele,e estava claro que ele também não conseguia mais segurar o desejo que crescia entre nós. As respirações se tornaram mais pesadas, mais profundas, enquanto a pressão nos lábios aumentava, e eu quase não conseguia mais distinguir onde terminava minha respiração e onde começava a dele.
Não sei quanto tempo passamos ali, naquele beijo, mas ele se estendeu até que, finalmente, a necessidade de ar nos forçou a nos afastar um pouco, nossos lábios ainda roçando, respirando pesadamente, nossos corpos próximos como se não quisessem se separar. Olhei nos olhos dele, e, apesar da minha mente ainda confusa com a intensidade do que acabara de acontecer, eu sabia de uma coisa: não havia mais volta.
🍾🍾🍾
“Sometimes, I wonder: When you sleep
Are you ever dreaming of me?
Sometimes, when I look into your eyes
I pretend you’re mine, all the damn time”
Capítulo 7:
A casa estava quase vazia agora, o eco do silêncio substituindo o som alto das músicas e das conversas animadas de mais cedo. Eu havia insistido em ficar para ajudar Yunho a organizar um pouco antes de ir, recolhendo copos e garrafas espalhadas enquanto ele colocava algumas cadeiras de volta no lugar. Não era muito, mas era o suficiente para deixar o ambiente menos caótico.
Ele me observava enquanto eu empilhava pratos na pia, um olhar suave em seu rosto. Havia algo na maneira como ele me olhava que me fazia sentir quente por dentro, mesmo enquanto o frio da madrugada ameaçava se infiltrar pelas janelas.
— Acho que já está bom por hoje — disse ele finalmente, encostando-se no balcão da cozinha. — Não precisamos organizar tudo agora.
— Você diz isso porque sabe que eu tô fazendo o trabalho pesado — brinquei, tentando aliviar a tensão que parecia crescer entre nós desde que as últimas pessoas haviam saído.
Ele riu, e aquele som familiar e reconfortante me fez sorrir também. Mas logo um silêncio se instalou, e eu sabia que era hora de ir. Peguei minha bolsa do sofá, hesitante, enquanto ele me seguia com os olhos.
— Acho que vou indo, então — murmurei, tentando soar casual, mas algo na expressão dele me fez parar.
— — ele chamou, e havia algo na sua voz que me fez virar imediatamente.
— O que foi? — perguntei, curiosa e, ao mesmo tempo, nervosa.
Yunho parecia escolher as palavras com cuidado, passando a mão pelos cabelos em um gesto que eu sabia que fazia quando estava nervoso. Ele deu um passo em minha direção, e o espaço entre nós pareceu encolher de repente.
— Não vá — ele disse, sua voz baixa, quase um sussurro.
Meu coração deu um salto, e por um momento, fiquei sem saber o que responder.
— O quê? — minha voz saiu fraca, incerta.
— Fica mais um pouco — ele insistiu, os olhos nos meus. — Não tô pronto pra te ver ir embora ainda.
Havia algo na sinceridade do olhar dele, na vulnerabilidade que raramente mostrava, que me fez sentir como se o chão tivesse desaparecido sob meus pés.
— Yunho… — comecei, mas minha voz falhou.
— É só… — ele suspirou, dando outro passo, tão perto agora que eu podia sentir o calor dele. — Eu gosto quando você tá aqui. Gosto mais do que deveria, talvez.
Meu coração estava disparado, e a intensidade do momento me deixou sem palavras. Eu deveria dizer algo, deveria pensar em algo para aliviar a tensão, mas, em vez disso, apenas fiquei ali, deixando que suas palavras ecoassem em minha mente.
— Então… fica — ele repetiu, sua voz quase implorando.
E, naquele momento, eu sabia que não queria ir.
Ele estava tão perto que o calor de seu corpo parecia envolver o meu. Seus olhos encontraram os meus com uma intensidade que me deixou sem ar, e por um momento, o tempo pareceu parar. Eu sabia que deveria responder, dizer algo, mas as palavras estavam presas em minha garganta.
Ele deu mais um passo, tão próximo que nossos pés quase se tocavam. Sua mão subiu lentamente, parando no meu rosto, o toque quente e suave. Meu coração estava disparado, cada batida ecoando em meus ouvidos como um tambor.
— … — ele sussurrou meu nome, e isso foi o suficiente para me quebrar.
Antes que eu pudesse pensar melhor, antes que pudesse recuar ou tentar racionalizar o que estava acontecendo, minhas mãos subiram até o colarinho de sua camiseta, puxando-o para mais perto. Ele hesitou por um segundo, como se quisesse me dar a chance de mudar de ideia, mas eu não queria. Eu não queria parar.
Nossos lábios se encontraram, primeiro suaves, quase hesitantes, como se estivéssemos explorando um território desconhecido. Mas, em seguida, o beijo se aprofundou, como se ambos estivéssemos tentando compensar o tempo perdido. Seu braço envolveu minha cintura, puxando-me contra ele, enquanto minha mão se perdeu nos seus cabelos.
O mundo ao nosso redor desapareceu; não havia mais confusão, mais copos para lavar, mais justificativas para dar. Era apenas ele e eu, presos nesse momento que parecia tão certo, tão inevitável.
Ele me beijava com uma paixão que eu nunca tinha sentido antes, como se cada movimento fosse uma promessa não dita. E quando nos afastamos, com a respiração pesada e os corações disparados, os olhos dele estavam brilhando de algo que eu não conseguia nomear, mas que parecia refletir o que eu sentia.
— Eu sabia que devia ter pedido para você ficar antes — ele murmurou com um sorriso fraco, seu polegar acariciando minha bochecha.
Eu ri, sentindo uma mistura de nervosismo e felicidade me invadir.
— Nunca é tarde demais, Yunho. — E antes que pudesse pensar demais, puxei-o para mais um beijo, sentindo que essa noite, esse momento, era apenas o começo.
Yunho não hesitou desta vez. Seus lábios capturaram os meus novamente, quentes e urgentes, como se ele estivesse tentando compensar todo o tempo que havíamos perdido negando o inevitável. Sua mão deslizou pela curva da minha cintura, puxando-me para ainda mais perto, enquanto a outra se enroscava em meus cabelos, segurando-me no lugar como se temesse que eu fugisse.
O calor que emanava dele parecia se fundir ao meu, criando uma onda de desejo que me consumia por completo. Cada movimento de seus lábios contra os meus era uma promessa não dita, cada toque de suas mãos uma confissão silenciosa.
Minhas mãos se moviam quase por conta própria, explorando os contornos de seu peito e subindo até seus ombros. Seus músculos se contraíram sob meus dedos, e o suspiro que ele soltou contra minha boca enviou uma onda de eletricidade pelo meu corpo.
Sem romper o beijo, Yunho começou a nos guiar, seus passos seguros enquanto eu me deixava levar, completamente cega pela intensidade do momento. Não precisava olhar para saber para onde ele estava me levando; o caminho até o quarto era claro, mesmo que minha mente estivesse enevoada pela proximidade dele.
A porta do quarto se abriu com um leve rangido, mas nenhum de nós parecia se importar. As mãos dele desceram para os meus quadris, segurando-me firme enquanto me levantava e me colocava na beira da cama. Por um momento, ele parou, os olhos escurecidos fixos nos meus, como se estivesse esperando por alguma permissão silenciosa.
Eu não disse nada, apenas puxei-o para mais perto, minhas mãos segurando a gola de sua camisa enquanto nossos lábios se encontravam novamente, dessa vez com uma fome mais crua, mais desesperada. Sua respiração estava irregular contra a minha pele, e eu sabia que a minha não estava diferente.
Ele se inclinou sobre mim, sua mão escorregando pela lateral do meu rosto até encontrar minha nuca, enquanto a outra ainda segurava minha cintura com firmeza. Cada movimento era tão natural, tão sincronizado, como se estivéssemos ensaiando esse momento há anos.
Quando finalmente nos deixamos cair na cama, ainda enredados um no outro, eu soube que não havia mais volta. Não havia mais desculpas, não havia mais barreiras. Era apenas Yunho e eu, presos em um turbilhão de emoções que não precisavam de palavras para serem entendidas.
As roupas começaram a desaparecer como se tivessem vontade própria. A camiseta preta de Yunho foi a primeira a ir embora, minhas mãos deslizando por seus ombros largos enquanto ele se desfazia da peça e a jogava de lado sem cerimônia. Seus olhos estavam fixos nos meus, a intensidade do olhar me fazendo esquecer completamente de respirar por um momento
— Não sabia que você escondia tudo isso por baixo das camisas folgadas — provoquei, deslizando a ponta dos dedos por seu peito, sentindo os músculos se contraírem sob o toque leve.
Yunho soltou uma risada baixa, rouca, que reverberou pelo quarto como um trovão suave.
— Você também tem seus segredos, . — Suas mãos foram para a barra da minha blusa, puxando-a com uma mistura de urgência e cuidado. Quando ela finalmente caiu no chão, seus olhos demoraram-se em mim, percorrendo cada centímetro como se estivesse memorizando cada detalhe.
— Impressionado? — perguntei com um sorriso desafiador, embora minha voz saísse ligeiramente tremula.
— Sempre estive — ele respondeu, a honestidade em sua voz me desarmando.
Seus dedos deslizaram pelo meu braço, subindo até meu rosto, onde ele traçou minha mandíbula com delicadeza antes de inclinar a cabeça para me beijar novamente. Esse beijo era diferente, mais lento, mais profundo, como se ele quisesse me fazer sentir cada emoção que estava guardada dentro dele.
Nossas roupas continuaram a desaparecer, uma peça de cada vez. Seus dedos eram hábeis e firmes, mas seus toques eram suaves, quase reverentes. A forma como ele me olhava, como se eu fosse algo precioso, me fez perder completamente o fôlego.
— Você é linda, sabia? — ele murmurou, sua voz um sussurro contra minha pele.
Meus dedos se enrolaram em seus cabelos enquanto minha cabeça tombava para trás, uma mistura de suspiros e risos escapando de mim.
— Isso é só o vinho falando — brinquei, mas meu tom perdeu força diante da sinceridade em seu olhar.
— Não é. — Ele segurou meu rosto com ambas as mãos, seus olhos encontrando os meus em um momento tão íntimo que parecia impossível que houvesse mais alguém no mundo além de nós dois. — Nunca foi.
Suas palavras me atingiram com força, mas não houve tempo para responder. Ele já estava descendo seus lábios por meu pescoço, traçando uma linha de beijos ardentes que fazia cada centímetro do meu corpo se acender como um raio.
Minhas mãos exploravam seu corpo com uma mistura de timidez e confiança, mapeando os contornos de seus músculos enquanto ele fazia o mesmo comigo. Cada toque parecia carregar mais do que apenas desejo — havia algo mais profundo ali, algo que me fazia querer guardar aquele momento para sempre.
Nossos corpos se moveram juntos em uma sinfonia perfeita de suspiros e murmúrios, palavras de provocação misturadas com declarações que nem precisavam ser ditas em voz alta para serem compreendidas. Quando finalmente nos ajeitamos na cama, completamente entregues um ao outro, tudo parecia se alinhar. Era como se estivéssemos exatamente onde deveríamos estar — em um universo onde só existia Yunho e eu.
O momento se desenrolava como uma dança lenta e intensa, cada movimento cuidadosamente calculado, cada toque carregado de uma eletricidade quase palpável. Yunho parecia determinado a explorar cada centímetro de mim, suas mãos firmes, mas gentis, descobrindo todas as reações que ele podia provocar.
Seus lábios vagavam pela minha pele com uma reverência que me fazia sentir especial de uma forma que eu não sabia ser possível. Ele conhecia o equilíbrio perfeito entre provocação e ternura, sua boca deixando um rastro quente enquanto explorava meu pescoço, ombros e a curva do meu torso.
— Você está bem? — ele perguntou, sua voz rouca e carregada de preocupação. Seus olhos encontraram os meus, buscando qualquer sinal de hesitação.
Eu apenas assenti, incapaz de formar palavras no meio da enxurrada de sensações. Em resposta, ele sorriu, um sorriso pequeno, mas cheio de significado, que fez meu coração disparar ainda mais.
Quando ele se inclinou novamente, sua respiração quente se misturava com a minha, os lábios encontrando os meus com uma urgência doce. Era como se ele quisesse se certificar de que eu sentisse tudo — que eu soubesse que estava completamente presente naquele momento, assim como ele.
O tempo parecia suspenso quando finalmente nos entregamos um ao outro. A conexão entre nós era intensa, não apenas física, mas emocional, quase como se estivéssemos compartilhando algo muito além das palavras. Meus dedos se agarraram a ele, buscando ancoragem enquanto meu corpo se moldava ao dele, respondendo a cada movimento com uma entrega total.
Yunho era atencioso, cada gesto dele era uma tentativa de me fazer sentir segura e confortável, mesmo quando as emoções e os sentidos se sobrepunham em uma mistura inebriante. Ele murmurou meu nome, quase como um mantra, e cada vez que o fazia, meu coração parecia acelerar ainda mais.
O ápice veio como uma onda, nos envolvendo e nos deixando sem fôlego, mas com uma sensação de completude que era quase nova para mim. Quando finalmente descansamos lado a lado, nossas respirações ainda descompassadas e nossos corpos entrelaçados, tudo parecia mais leve, mais certo.
Yunho se virou para mim, seus dedos traçando círculos suaves na minha pele.
— Não sabia que a virada do ano poderia ser tão… significativa — ele disse, sua voz carregada de um humor sutil, mas os olhos ainda brilhando com intensidade.
Eu sorri, incapaz de conter a onda de sentimentos que me invadiam.
— Talvez seja um bom presságio para o resto do ano — murmurei, descansando minha cabeça em seu peito.
E naquele momento, nada mais parecia importar…
O calor confortável entre nossos corpos ainda permanecia enquanto nos levantávamos para tomar um banho. Yunho segurou minha mão, guiando-me até o banheiro com um sorriso preguiçoso e satisfeito no rosto. A água quente escorria sobre nós, levando embora qualquer resquício de cansaço e amplificando a intimidade do momento.
Ele estava sereno, esfregando meu ombro com delicadeza, como se quiséssemos prolongar aquela conexão. Eu retribuí, minhas mãos deslizando por suas costas, cada toque carregado de uma ternura que eu não conseguia esconder.
— Não achei que um banho pudesse ser tão… relaxante — ele murmurou, me lançando um olhar cúmplice.
Sorri, sentindo-me estranhamente à vontade na presença dele, como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo. Após alguns minutos em silêncio confortável, saímos do banheiro, ele me entregou uma camiseta larga dele para vestir.
— Vem, você precisa descansar — Yunho disse, puxando-me gentilmente pela mão até a cama.
Nos deitamos, e ele rapidamente se acomodou, apoiando a cabeça no travesseiro enquanto seus olhos já começavam a se fechar. Sua respiração logo ficou lenta e constante, indicando que ele havia adormecido.
Deitada ao lado dele, fiquei o observando. Os traços serenos de seu rosto, a curva de seus lábios, os cílios longos que lançavam sombras sutis em sua pele. Era difícil acreditar que aquele mesmo homem que costumava ser apenas meu amigo agora era alguém que despertava em mim tantas emoções contraditórias e intensas.
“Será que ele sonha comigo?”, pensei, observando o movimento suave de seu peito subindo e descendo. A pergunta ecoou em minha mente, acompanhada de outra:
“Será que ele sabe o quanto eu queria que ele fosse meu, o tempo todo?” Enquanto o relógio marcava o início de um novo dia, de um novo ano, senti uma esperança tímida crescer dentro de mim. Talvez Yunho fosse a resposta para perguntas que eu nem sabia que estava fazendo. Ou talvez fosse apenas o início de algo que eu ainda estava aprendendo a decifrar.
Apoiei a cabeça no travesseiro ao lado dele, deixando o som de sua respiração tranquila embalar meus pensamentos. Eventualmente, o sono me encontrou também, mas não antes de um último vislumbre dele, tão perto e, ao mesmo tempo, tão longe.
🍾🍾🍾
“(‘Cause I like you)
Is it cool that I said all that? (Isn’t it?)
Is it chill that you’re in my head? (Isn’t it, isn’t it?)
‘Cause I know that it’s delicate
(Isn’t it delicate?)
(Yeah, I want you)
Is it cool that I said all that? (Isn’t it?)
Is it too soon to do this yet? (Isn’t it, isn’t it?)
‘Cause I know that it’s delicate
Isn’t it delicate?”
Capítulo 8:
O sol da manhã entrava suavemente pelas frestas das cortinas, trazendo uma luminosidade agradável que fazia o quarto parecer ainda mais acolhedor. Quando abri os olhos, por um instante, tudo parecia um sonho. O calor do lençol ao meu redor, o silêncio confortável da casa… e o espaço vazio ao meu lado na cama.
Virei a cabeça e notei que Yunho não estava ali. Ainda sentindo o efeito residual do sono, passei a mão pelo cabelo e me levantei, vestindo a camiseta larga que ele havia me emprestado na noite anterior.
Ao sair do quarto, ouvi um som vindo da cozinha – o tilintar de pratos e o barulho suave de passos no chão. Segui o som e, ao virar o corredor, o encontrei.
Yunho estava de costas para mim, vestindo uma camiseta simples e calça de moletom, terminando de arrumar a bagunça da noite anterior. A maneira como ele parecia concentrado na tarefa fez com que eu parasse por um momento, apenas para observá-lo. Havia algo tão natural em vê-lo ali, como se aquela cena tivesse se repetido incontáveis vezes antes.
Quando finalmente entrei na cozinha, foi impossível não reparar na mesa já preparada. Uma bandeja com xícaras de café, uma jarra de suco, torradas, frutas e algumas fatias de bolo. Tudo cuidadosamente arrumado, como se ele tivesse pensado em cada detalhe.
Ele se virou quando percebeu minha presença, e um sorriso caloroso se formou em seu rosto.
— Bom dia — disse ele, com a voz rouca da manhã, mas carregada de suavidade. — Dormiu bem?
— Dormi — respondi, sorrindo de volta. — Mas parece que você acordou cedo.
— Achei que seria bom terminar de organizar o restante antes que você acordasse. E… — Ele gesticulou para a mesa. — Fiz um café da manhã simples. Espero que goste.
Senti um calor familiar subir pelo meu peito, e não consegui evitar um sorriso bobo. Yunho era assim, sempre pensando em tudo. Ele não precisava dizer muito para demonstrar o quanto se importava.
— Você é… incrível, sabia? — disse, aproximando-me para olhar mais de perto a mesa. — Isso tudo, logo cedo?
Ele deu de ombros, como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo.
— Achei que você merecia.
Meu coração deu um salto. Aquela simplicidade, aquele cuidado… era impossível não sentir algo ainda mais forte crescer dentro de mim.
— Bom, se você já fez tudo isso, acho que é justo que eu ajude a comer, né? — brinquei, tentando esconder o quanto aquela atitude me afetava.
Yunho riu, puxando uma cadeira para que eu me sentasse.
— É pra isso que serve o café da manhã, afinal.
Enquanto me sentava e ele fazia o mesmo, não pude evitar pensar em como cada detalhe daquela manhã parecia ainda mais delicado, como se estivéssemos nos movendo em um equilíbrio tênue entre o que éramos e o que poderíamos nos tornar.
Enquanto estávamos sentados, ainda aproveitando o café da manhã, a conversa fluía de forma tranquila. Eu contava sobre algumas lembranças aleatórias, tentando ignorar o fato de que ainda sentia meu coração bater mais forte do que deveria por causa dele. Yunho apenas ouvia, sorrindo em momentos específicos, seus olhos cheios de atenção.
Quando terminei de falar, ele ficou em silêncio por um instante, parecendo pensar em algo. Então, soltou:
— Não adianta, não sei explicar. As palavras traem o que a gente sente…
Fiquei quieta, observando-o enquanto ele se levantava da mesa e ia até a pia, começando a lavar algumas das louças que ainda estavam por ali. Era evidente que ele tinha mais para dizer, mas parecia hesitar.
Levantei-me e caminhei até ele, encostando no balcão ao seu lado.
— O que você quis dizer com isso? — perguntei suavemente, tentando sondá-lo sem pressionar.
Ele continuou esfregando um prato, sua postura um pouco tensa. Então, falou, quase como se estivesse pensando alto:
— Eu nunca deixo mesmo claro o que eu tô sentindo. E fica parecendo que eu não sinto. — Ele parou por um momento, respirando fundo antes de completar: — Mas é incrivelmente triste quando desistem do meu mistério.
Aquelas palavras me atingiram de um jeito inesperado. Yunho sempre fora misterioso de uma forma encantadora, mas agora, parecia que havia algo mais profundo por trás disso, uma vulnerabilidade que ele raramente deixava transparecer.
— Eu não acho que seja falta de sentir — comecei, escolhendo cuidadosamente as palavras. — Às vezes, não é fácil traduzir em palavras o que se passa aqui dentro. — Toquei meu peito para enfatizar. — Mas não significa que não está lá.
Ele finalmente me olhou, os olhos carregados de algo que eu não consegui decifrar por completo.
Assenti, sorrindo levemente.
— Tenho certeza. Mas, Yunho… não precisa ser um mistério o tempo todo. Às vezes, mostrar um pouco mais do que você sente pode ser libertador.
Ele riu baixinho, balançando a cabeça, mas não parecia desdenhar do que eu disse. Pelo contrário, parecia considerá-lo com cuidado.
— Talvez eu deva tentar, então.
— Talvez — concordei, cruzando os braços. — Mas só se for comigo. Não sei se aguento te decifrar pra sempre.
Ele soltou uma risada mais leve dessa vez, deixando o prato de lado e se virando completamente para mim.
— Acho que posso abrir uma exceção.
O sorriso que ele me deu era tão genuíno e caloroso que fez algo dentro de mim aquecer de um jeito reconfortante. Yunho não era fácil de entender, mas naquele momento, parecia que um pouco do mistério havia se dissolvido. E, talvez, fosse o suficiente para começar.
Yunho terminou de lavar o último prato e pegou um pano para enxugar as mãos. Enquanto fazia isso, percebi que meu coração começava a acelerar, como se já soubesse o que viria a seguir. Ele virou-se para mim, encostando no balcão ao lado, ainda com o pano nas mãos, mas seus olhos estavam fixos nos meus.
— Acho que lavar louça é terapêutico — comentou, como se quisesse aliviar o clima.
— Só se for para você. Eu acho um saco — retruquei, sorrindo de lado.
Ele riu, baixinho, e balançou a cabeça, dobrando o pano antes de colocá-lo de lado. Então, deu um passo na minha direção, o suficiente para reduzir o espaço entre nós a quase nada.
— … — disse meu nome com uma suavidade que me fez arrepiar.
Eu mal tive tempo de responder antes que ele inclinasse o rosto, seus olhos alternando entre os meus e meus lábios. Meu corpo reagiu antes da minha mente, e quando percebi, estava subindo uma das mãos para tocar seu rosto, incentivando-o.
Quando nossos lábios se encontraram, foi lento e profundo, como se tivéssemos todo o tempo do mundo. Seus braços envolveram minha cintura, puxando-me para mais perto, enquanto o calor de seu toque percorria meu corpo. Era um beijo que falava mais do que palavras poderiam dizer — a mistura de desejo, conforto e algo mais, algo que eu ainda não sabia como nomear.
Yunho afastou-se apenas o suficiente para encarar-me, o rosto ainda perto do meu. Ele sorriu de leve, seu polegar acariciando minha cintura, e murmurou:
— Acho que sou melhor em demonstrar assim…
Soltei uma risada suave, encostando minha testa na dele.
— Não vou reclamar disso.
Ele riu também, e antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, Yunho puxou-me de volta para mais um beijo, dessa vez mais intenso, sem a hesitação de antes. Era como se estivéssemos nos redescobrindo, explorando algo que parecia tão certo, tão nosso.
Ali, naquele momento, com seus braços ao meu redor e seu toque me ancorando, nada mais parecia importar.
Enquanto Yunho continuava com seus braços ao meu redor, senti uma onda de coragem atravessar meu peito, talvez impulsionada pelo calor do momento ou pelas palavras doces que ele acabara de dizer. Minha mente gritava para eu parar, mas meu coração já havia decidido.
Afastei-me ligeiramente, apenas o suficiente para poder olhá-lo nos olhos. Ele percebeu a mudança no meu semblante e franziu as sobrancelhas, confuso, mas esperou pacientemente.
— Yunho… — comecei, mas a voz saiu fraca. Limpei a garganta e tentei de novo. — Eu preciso te dizer uma coisa.
Ele inclinou a cabeça para o lado, atento.
Fechei os olhos por um momento, tentando organizar os pensamentos, mas as palavras escaparam antes que eu pudesse segurá-las.
— Eu… Eu acho que estou apaixonada por você.
Houve um momento de silêncio, tão pesado que parecia que o mundo inteiro havia parado. Abri os olhos devagar, apenas para encontrá-lo me encarando, seus lábios entreabertos, como se estivesse tentando processar o que eu acabara de dizer.
— Eu sei que talvez eu esteja confundindo as coisas — continuei rapidamente, sentindo o nervosismo crescer. — E eu não queria dizer isso porque tenho medo de estragar o que temos, sabe? Nossa amizade é tão importante pra mim, e eu não suportaria perder isso.
Minhas palavras começaram a sair apressadas, atropeladas, e antes que eu pudesse me conter, deixei escapar:
— Me desculpa. Eu não devia ter dito nada. Esquece isso.
Virei o rosto, tentando me afastar, mas Yunho segurou minha mão, firme, mas gentil.
— … — sua voz era baixa, quase um sussurro, mas cheia de emoção.
Eu me forcei a olhá-lo novamente, e o que vi em seus olhos não era confusão ou rejeição, mas algo caloroso e reconfortante.
— Tá tudo bem — ele disse, um pequeno sorriso se formando em seus lábios. — Não tem nada pra se desculpar.
— Mas… — comecei, mas ele me interrompeu, segurando meu rosto com as mãos.
Aquelas palavras eram tudo o que eu queria ouvir, mas parecia impossível que fossem reais.
— Você… sente? — perguntei, minha voz quase falhando.
Yunho assentiu, seus polegares acariciando minhas bochechas.
— Há um tempo, pra ser honesto. Mas nunca soube como dizer. Tinha medo também… medo de estragar tudo.
Uma onda de alívio e emoção tomou conta de mim, e antes que pudesse responder, ele aproximou-se novamente, encostando nossos lábios em um beijo suave, mas cheio de significado.
Quando nos separamos, ele sorriu e disse:
— Acho que agora estamos finalmente na mesma página.
Ri baixinho, sentindo o peso do medo dissipar-se como fumaça.
— Na mesma página… — repeti, sorrindo de volta.
E ali, em seus braços, soube que não havia mais motivos para me esconder.
Yunho ainda estava perto, os olhos fixos nos meus, e eu podia sentir o calor de sua respiração, tão próximo que parecia uma extensão da minha. Ele sorriu novamente, aquele sorriso que fazia meu coração bater mais rápido, e seus dedos continuaram a acariciar meu rosto com ternura.
— Agora que já dissemos tudo… — ele começou, a voz baixa e carregada de emoção. — Acho que só falta uma coisa para encerrar essa conversa.
Minha cabeça já estava leve, como se estivesse flutuando, mas antes que eu pudesse perguntar o que ele queria dizer, Yunho inclinou-se devagar, sem pressa, deixando-me sentir cada segundo do que estava prestes a acontecer.
Quando seus lábios tocaram os meus, foi diferente de antes. Não era um beijo cheio de dúvidas ou hesitação, mas algo profundo, firme, como se selasse todas as palavras não ditas que finalmente encontramos coragem para revelar.
Minha mão deslizou para sua nuca, puxando-o para mais perto enquanto o mundo ao nosso redor desaparecia por completo. Não havia mais dúvidas, medos ou arrependimentos. Só nós dois, naquele momento perfeito, nos permitindo sentir tudo o que havíamos guardado por tanto tempo.
Quando o beijo finalmente chegou ao fim, com nossos rostos ainda tão próximos que nossas testas se tocaram, ele riu baixinho.
— Acho que 2025 começou do jeito certo.
Sorri de volta, meu coração ainda acelerado, mas agora por pura felicidade.
E enquanto ele me puxava para mais um abraço, com seu cheiro familiar e os braços que pareciam feitos para me envolver, soube que, com Yunho, todos os anos que viessem seriam assim: cheios de coragem, amor e possibilidades.
Fim
Chateada que eu não tenho um bff homem pra jogar umas ideias nesse Natal/Ano Novo, viu?
Ai eu também queria, juro kkkk