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Ideia #049

Natty Darko

// A Ideia
Quando uma garota se vê perdida, ela decide se arriscar sendo a cobaia de uma experiência sem garantias de voltar a ter uma vida normal. Ela enfrentou bravamente cada momento dessa experiência que a fez mudar totalmente, tornando-a irreconhecível. Agora tudo o que resta a fazer é ir pelo caminho que ela sempre quis ir e derrubar a todos que um dia ousaram enfrentá-la.
O experimento que vão fazer com ela é por conta da autora, mas se precisar de ajuda é só entrar em contato.

// Sugestões
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// Notas
A autora pode decidir se vai levar a fic mais para o drama ou para o lado obscuro.

Capa por Julia N.

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Sem informações no momento.

Darko

1. A FUGA

Perm, Rússia

  Outono de 2016
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  Eu já não sabia o que fazer nem como me esconder daqueles homens, quando, acidentalmente, entrei na floresta Chernyayevsky. O barulhos das folhas secas pelo chão iam surgindo a cada pisada minha sobre o solo. O meu desespero só crescia dentro de mim, lágrimas escorrendo em meus olhos, sem direção certa para ir. Até que um homem robusto surgiu de repente diante de mim, fazendo-me trombar nele. O impacto do encontro de nossos corpos, devido a velocidade em que eu estava, me fez perder o equilíbrio e cair consequentemente.
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  — Você. — sussurrei ao reconhecer o rosto de um dos meus perseguidores.
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  — Achou que conseguiria escapar? — ele deixou transparecer um breve sorriso superior, se aproximando de mim, pegou-me pelo braço erguendo meu corpo — Agora você vai pagar pela traição do seu pai.
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  — Por favor! — implorei para que me soltasse, deixando algumas lágrimas rolarem pela minha face — Por favor!
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  O homem não tinha nenhum traço de compaixão em seu olhar, logo seu comparsa nos alcançou, estava com a arma na mão engatilhada. Neste momento, minha mente só conseguia se lembrar das palavras de meu pai, dizendo o quão curta a vida era, para não se viver livremente. Um frio na espinha tomou conta de mim, juntamente com a sensação de que aquele seria meu último suspiro, assim que o homem robusto me deu o primeiro soco.
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  Eu não sabia se estava viva ou morta, mas uma coisa eu sentia, meu corpo latejar de dor de forma descomunal. Tentei abrir meus olhos, porém, um peso pareceu estar sobre eles, minha cabeça rodando, gosto de sangue na boca. Se estava morta não deveria sentir isso, queria chorar ainda mais, contudo, até mesmo isso parecia doer. Minha audição, ainda que abafada, me permitia ouvir numa baixa frequência os sons que surgiam.
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  — Oh céus, o que fizeram com ela? — disse uma voz feminina, parecia em choque com o que via.
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  Certamente falava de mim. As dores em meu corpo demonstravam isso.
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  — Quando a encontrei, parecia estar morta, mas percebi que a respiração estava baixa, por isso a trouxe. — uma voz masculina ficou mais nítida, era firme e pouco rouca — Você consegue salvá-la, doutora?
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  — Não sei, posso tentar, teremos que fazer alguns exames para ver como seu corpo está por dentro. — respondeu a mulher, seu tom preocupada exalava em sua voz — Não prometo nada, aparentemente, o estado dela parece muito grave.
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  — Conto com suas habilidades, das quais sempre ajudaram a Darko. — completou ele.
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  Instantes depois, o som de uma porta se fechando soou, e logo meus sentidos foram ficando fracos, assim como a dor, até que perdi a consciência novamente.
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  — Hum… — resmunguei sentindo a boca seca.
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  Uma dor latejante nos olhos, um peso em meu corpo. Ergui minha mão, tocando em meu braço, sentindo agulhas em mim, me movi mais um pouco e toquei minha face, havia uma faixa de atadura sobre meus olhos, o que explicava tudo escuro para mim.
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  — Olha só, nossa paciente está acordando. — disse a voz que já reconhecia como a da doutora — Olga, quero que monitore seus batimentos e as atividades cerebrais, não podemos deixar nada passar.
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  — Sim, doutora. — a outra mulher possuía a voz mais baixa, porém ainda assim nítida — Mais alguma coisa?
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  — Chame o capitão Bellorum. — respondeu a doutora. — Diga que a paciente está reagindo aos estímulos.
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  Estímulos? O que eles estavam fazendo comigo?
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  — Paciente, consegue me ouvir? — perguntou a doutora após a movimentação de saída da outra mulher.
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  — Hum… — resmunguei tentando destravar minha língua. — Onde… Estou?
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  — Você está segura, criança. — disse ela mantendo o tom sereno.
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  — Não… Sou… Uma… Criança. — retruquei forçando meu corpo a reagir e se mover — O… Que… Fizeram… Comigo?
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  — Nós te ajudamos. — respondeu — Consegue se lembrar quem é?
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  — Não… Vou… Dizer. — retruquei.
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  — Então consegue. — concluiu ela.
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  — Onde… Estou? — insisti, sentindo-me mais cansada a cada vez que forçava falar.
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  — Descanse, quando estiver pronta, saberá. — esta foi a palavra final dela, até que tudo ficasse silencioso novamente e escuro.
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  Percepção do tempo eu já não tinha, mas havia gravado as vezes que a tal Olga se aproximava para medir minha pressão, tirar sangue, conferir meu prontuário. A faixa se mantinha em meus olhos, tudo escuro, entretanto, minha audição parecia mais limpa e clara, o que ajudava a situar o que acontecia ao meu redor. Foram longos dias, até que finalmente recebi a tão esperada visita do tal capitão Bellorum, que, para minha surpresa, era o dono da voz masculina que me resgatou.
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  — Senhorita. — disse ele.
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  O som de seus passos se aproximando me despertaram.
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  — Você… — sussurrei.
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  — Como está se sentindo? — perguntou ele.
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  Senti sua parada ao lado direito de mim. Movi meu rosto em sua direção.
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  — Quem é você? — por mais que me esforçava, minha voz continuava baixa.
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  — Sou a pessoa que te salvou. — respondeu subjetivamente.
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  — Por que não me deixou morrer? — continuei.
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  — Porque todos têm direito a vingança. — continuou.
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  — Onde estou?
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  — Em um lugar seguro. — disse.
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  — Isso já me disseram. — controlei um pouco minha raiva — Mas não acredito.
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  — Meu nome é Bellorum. — iniciou ele — A agência para qual eu trabalho, nos proporcionou a chance de te resgatar e ajudar.
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  — O que fizeram comigo?
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  — Te induzimos ao coma, sua cirurgia reparatória foi complexa e demorada, você tinha quatro costelas quebradas, fratura exposta na perna esquerda… — ele deu uma pausa — Seu rosto também estava deformado, foi mesmo um milagre ainda estar viva quando te achei.
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  — O que fizeram comigo? — repeti a pergunta, controlando o desespero.
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  — Te consertamos, mas não 100%. — finalmente respondeu o que queria.
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  — Como?
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  — Minha agência respeita o conceito de livre arbítrio, por isso estou aqui para perguntar se você aceita participar do projeto Alpha. — explicou ele. — Você pode continuar vivendo como está, vai se recuperar, mas terá muitas sequelas, e sua visão é uma delas.
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  — O que aconteceu com a minha visão?
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  — Eles arrancaram seu globo ocular. — ele não mediu palavras para me responder. — Como eu disse, foi um milagre ainda estar viva.
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  Eu senti uma náusea repentina. Meu estômago se embrulhou só de imaginar aqueles homens fazendo isso comigo. Lágrimas se formaram no canto dos meus olhos, me fazendo sentir um ardor na região.
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  — O que seria esse projeto? — indaguei.
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  — Você será modificada completamente, vamos refazê-la por completo agora. — explicou ele. — E lhe dar uma nova visão, tudo por meio da tecnologia.
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  — Vocês conseguem fazer isso? — não conseguia acreditar em suas palavras.
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  — Sim.
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  — E o que vai me custar?
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  — Sua lealdade à minha agência, sem contestações. — respondeu prontamente.
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  — O que vai acontecer depois que me modificarem? — perguntei.
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  — Você passará por um treinamento, físico e mental, para resistir a qualquer tortura que puderem fazer com você novamente. — continuou. — Você aceita?
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  O que eu teria a perder? O que eu teria a ganhar? A única coisa que permanecia em minha mente de tudo que ele falou, era a palavra: Vingança.
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  — Aceito.
  — Será ainda mais doloroso. — alertou ele.
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  — A dor se tornou minha melhor amiga. — assegurei com firmeza.
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  — Que assim seja. — concluiu ele — Hoje mesmo a doutora Irina Baker iniciará sua entrada ao projeto Alpha.
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  Só levou algumas horas para que a doutora Baker organizar a sala de operação e me preparar para a segunda cirurgia. Minha recuperação total levou cerca de duas semanas, comigo em um quarto isolado, recebendo minhas refeições pontualmente e tendo alguns auxílios de Olga. Eu tinha que me locomover sozinha e precisava memorizar o espaço para não trombar nas paredes.
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  Pela manhã no décimo quinto dia, me reuni com a doutora Baker e o capitão Bellorum. Seria o teste da minha nova visão e finalmente Olga pode tirar as ataduras dos meus olhos. Um frio na barriga me veio, assim como as lembranças do dia que quase me mataram. Eu era uma garota inocente que apenas se tornou o alvo por uma traição do pai.
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  Me colocaram diante de um espelho. Respirei fundo e abri meus olhos lentamente olhando aquele novo rosto à minha frente. Eu estava irreconhecível, bem nítido isso. Toquei de leve meu rosto reprimindo as lágrimas que formavam no canto dos olhos. Jurei a mim mesma que não choraria mais por causa disso.
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  — Quem era você? — perguntou a doutora Baker.
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  — Natasha Ivanov. — respondi com um aperto no coração.
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  — Esta mulher agora está morta, a partir de hoje, quem está refletida nesse espelho é Petrov, a agente alpha da Darko.
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“Você vai se machucar! Fuja ou você vai se machucar!
Às vezes ser corajoso demais pode ser ruim.”

– Face / Nu’Est

2. O Treinamento

Ergaki, Rússia
Inverno de 2016

  Eu nunca imaginei que poderia ter treinamentos piores que a dos militares, mas a Darko se superou. Passei minhas primeiras semanas no escuro sem poder usar meus olhos biônicos. Segundo o capitão Bellorum, eu teria que aprender a sobreviver sem a visão para merecê-la, pois se acontecesse novamente de roubá-la, eu teria forças para reagir. Começamos com teste de resistência a torturas físicas, com um barril e água gelada em minha frente e o agente robusto Igor Grigorieva me afogando de tempos em tempos.
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  — Se concentre. — disse Igor ao me puxar novamente pelo capuz da blusa em meu corpo. — Seu inimigo não lhe dará chance, ele vai te torturar até a morte.
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  Errado ele não estava. Assim como eu, Igor foi recrutado pela Darko no auge de sua queda, quando estava respirando por aparelhos no hospital com os dois braços decepados. Agora, uma prótese de titânio no lugar dos braços arrancados lhe dava a chance de continuar. Eu ainda achava impressionante como a tecnologia era benéfica para algumas coisas. A pele artificial dele era impecável.
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  — Eu juro que estou tentando — disse ao retomar meu fôlego.
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  — Tente mais — ordenou ele, afundando a minha cabeça novamente no barril.
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  Estava frio. Estávamos no armazém aos fundos da propriedade da Darko. Logo à frente tinha uma cabana simples e humilde que servia de fachada. As instalações da agência eram subterrâneas. Sua passagem era pela porta da despensa da cozinha. Tudo extremamente secreto e sigiloso. Tinha descoberto que a Darko era uma agência que prestava serviços para alguns governos mundiais, principalmente Estados Unidos, Rússia, Coréia do Sul, Japão, Reino Unido, França, Espanha e México. A Interpol também contava muito com nossa ajuda em algumas operações secretas.
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  — Grigorieva! — ouvi a voz do capitão. — Já chega por hoje.
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  Igor me puxou de volta e me soltou. Meu corpo cansado caiu no chão de madeira do armazém. Estava ofegante e lutava para puxar o máximo de ar que conseguia, meus pulmões pareciam mais desgastado que no dia anterior. Ele era bom para torturar.
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  — Tem certeza que não querem mesmo me matar? — perguntei ainda jogada no chão.
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  — Só queremos te preparar para o pior — disse o capitão estendendo a mão para me ajudar a levantar.
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  — Eu já passei pelo pior. — segurei em sua mão e me levantei. — Estou aqui, não estou?
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  — Venha comigo — disse ele se afastando e seguindo até a porta.
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  A região da Sibéria já é fria pela localização, no inverno só piorava. E ali estava eu com o corpo molhado e frio pelo treinamento, me arrastando para a floresta atrás do capitão Bellorum. Uma hora e meia de caminhada, chegamos a uma clareira próxima a uma gruta, entramos e me deparei com uma fogueira já acesa e algumas provisões separadas.
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  — Deixe eu adivinhar, vai me deixar aqui para sobreviver ao inverno — comentei analisando a situação.
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  — Sim e não. — ele retirou do corpo o casaco de esquimó que vestia, e me entregando. — Retire essas roupas molhadas e coloque isso para aquecer seu corpo, pode ser modificada, mas ainda é um ser humano.
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  — Igor sabe disso? — perguntei pegando o casaco.
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  Ele riu discretamente e se aproximou da fogueira, para acrescentar mais lenha. Olhei para a entrada da gruta, era uma passagem pequena, o que ajudava a nos manter mais escondidos e menos expostos ao frio. Retirei a roupa molhada e coloquei o casaco. Me aproximei dele e sentei em cima de uma rocha próximo a fogueira.
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  — Vai mesmo ficar aqui comigo? — perguntei.
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  — Sim, você é responsabilidade minha. — ele remexeu nas caixas que tinha levado com suprimento. — É o primeiro experimento de restauração total que fazemos, você nos custou muito dinheiro para eu te deixar sozinha no meio da floresta.
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  — Está com medo de eu fugir? — perguntei curiosa o observando.
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  — Não. — ele riu. — Você tem um chip no cérebro que trabalha juntamente com seus olhos, o que você vê, nós vemos, e também podemos te rastrear através disso.
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  — Então do que tem medo? — indaguei.
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  — De cair em mãos erradas e clonarem nossa tecnologia. — ele me olhou com seriedade. — Mas não pense que você não tem valor, pelo menos para mim, sua vida vale.
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  Engoli seco e desviei meu olhar para a neve que caía do lado de fora da gruta. Aos pouco, aumentar o fogo com mais lenha, o calor foi abrangendo ainda mais o lugar. Então retirei o casaco e coloquei meu uniforme da agência que encontrei. Não pude deixar de notar que o capitão me olhava discretamente nessa hora. Homens, todos iguais. As horas foram passando e ele me chamou para treinar ao ar livre combate corpo a corpo. Assenti não gostando da ideia. Nos colocamos ao centro da clareira de frente um para o outro, eu já tinha visto o capitão Bellorum treinar com outros agentes. Tido como o melhor, era de se esperar suas habilidades em níveis surpreendentes. Até o momento eu só tinha treinado com Isla Fallin, com sua audição reforçada tecnologicamente, e com Igor e seus braços de titânio.
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  — Me ataca. — ordenou ele.
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  Assenti e tomei impulso já fechando meus punhos. Eu não sabia o propósito dele fazer isso. Bellorum mais se defendia e observava meus movimentos, do que se movia para me atacar. Em toda minha trajetória na Darko até ali, o que mais ouvia é “a melhor defesa é o ataque”. Então, o que ele mais ordenava era que eu o atacasse. Em um descuido de minha parte, então me atentar a posição de seu corpo, lancei minha perna em direção a sua barriga. O capitão se desviou e segurou a minha perna torcendo-a.
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  — AI! — soltei um grito, sentindo algo estalar na altura do meu tornozelo.
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  — Se solte e revide. — disse ele ainda segurando minha perna retorcida. — Seu inimigo não terá piedade, sua vingança não valerá nada.
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  Sua voz firme estava mais grave. Eu jurei que não choraria mais, porém, as lágrimas relutam em se juntar no canto dos meus olhos. Eu tomei impulso com a perna esquerda que estava livre e chutei seu abdômen o fazendo me soltar. Meu corpo caiu no chão e sentir dor ao impacto, mesmo sendo naquela neve gelada e macia. Eu me levantei com dificuldade, sentindo dores, e lancei meu corpo pra cima dele o socando de surpresa. Caímos novamente no chão e eu fiquei por cima, continuei a distribuir socos, que eram defendidos. Até que ele rolou o corpo dele para o lado me jogando na neve, e ficando por cima de mim.
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  Bellorum, segurou em meus pulsos os prendendo no solo. Meu corpo mesmo sentindo o gelo da neve tocá-lo, estava quente pela adrenalina do treino. Eu queria me soltar e socar ainda mais sua cara. Agora eu estava com raiva. A palavra vingança me fez lembrar de tudo de ruim que havia acontecido comigo. Eu não queria mais ser fraca como antes, não queria depender dele ou da Darko para me manter de pé.
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  — Se seu inimigo é mais forte que você, explore o ponto fraco dele com suas habilidade. — aconselhou ele. — Analise seu oponente, descubra como ele luta, mesmo que apanhe no início, deixe ele pensar que venceu e lhe dê o golpe final.
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  — Terei que descobrir seu ponto fraco então. — disse relutando para me soltar dele.
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  — Me tornei seu inimigo agora? — perguntou ele aproximando mais sua face da minha.
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  Conseguia sentir sua respiração. Me peguei desnorteada com sua aproximação. O capitão Bellorum era o que chamamos de agente airoso. Bonito, elegante, charmoso, atraente, educado e cavalheiro na medida do possível. Também descrito como um lobo solitário, as etapas de ação e força física de suas missões eram realizadas somente por ele. Já tinha notado os suspiros de algumas agentes por ele quando passava por elas. Olga, a assistente da dra. Baker, era uma delas; no tempo em que fiquei de recuperação, em todas as visitas do capitão, ela fazia questão de estar perto. Dando desculpas de monitorar meus reflexos, batimentos, evolução…
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  — Me solte ou se tornará — disse com seriedade.
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  Ele sorriu de canto, certamente esperava essa atitude de mim. Em um piscar de olhos o tempo começou a ficar estranho, e uma nevasca foi se aproximando de nossa localização. Bellorum tomou impulso para se levantar e me puxou consigo. Corremos para a gruta, sendo quase pegos no caminho. Aquilo era um sinal de que não voltaríamos tão cedo para base.
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  A única, além do capitão, que tinha acesso as imagens emitidas por meus olhos, era a dra. Baker. Segundo ele, ela havia desativado o acesso até nosso retorno, já que eu estavasob os cuidados dele. Eu fiquei sentada ao lado da fogueira, enquanto ele se ofereceu para preparar nosso jantar. Comida enlatada, esquentada em uma panela improvisada. Melhor que isso, não teríamos. E o cardápio? Feijão com legumes.
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  — Você disse que a Darko era uma agência independente que trabalhava para governos. — iniciei o assunto.
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  — Sim. — ele manteve o olhar em sua tigela.
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  — Se ela é neutra, quem a criou? — perguntei.
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  — A Darko é uma agência fundada por duas famílias, Baker e Bellorum, que coincidentemente eu faço parte. — ele começou a explicar, movendo seu olhar para mim — E ambas pertencem a uma sociedade fechada chamada Continuum.
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  — E o que é essa Continuum? — indaguei curiosa.
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  — Ainda não está preparada para saber. — ele voltou seu olhar para a tigela em suas mãos. — Se concentre em seu trabalho na Darko.
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  — Hum… — suspirei frustrada. — E você está na Darko há quanto tempo?
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  — Três anos. Primeiro, servi nas forças armadas, quando me tornei capitão, pedi dispensa e fui transferido para a agência — contou ele — Minha família toda é militar, temos muita influência no meio.
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  — Curioso, vocês sabem quem fez aquilo comigo? — o olhei fixamente.
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  — Sim. — respondeu. — A Darko possui acesso a informações valiosas… Lamento que tenha se machucado por um erro do seu pai.
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  — Não lamente, já me considero órfã, ou melhor, Natasha Ivanov não existe mais. — afirmei com segurança. — Só quero me vingar e fazer justiça a mim mesma.
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  — . — seu tom forte me chamou o olhar para ele. — Se souber a forma correta de se vingar, não terá como falhar.
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  — E quando poderei fazer isso? — deixei minha tigela de feijão vazia do lado e mantive-me séria. — Quando vai me dar os nomes que preciso?
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  — Em breve, quando estiver pronta. — ele também deixou sua tigela no chão e se levantou. — Por enquanto, foque em resistir aos treinos.
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  Ele se aproximou das caixas e retirou de um alguns cobertores, estendendo-os em cima de alguns jornais que espalhou pelo chão um pouco úmido. Ele se deitou em um lado e fechou os olhos, soltando um suspiro cansado.
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  — Não fique pensando em coisas desnecessárias por agora. — aconselhou ele. — Você ainda tem muita coisa a fazer pela Darko, antes de executar sua vingança. Agora, venha descansar. Amanhã, após a nevasca passar, temos mais treinos pela frente.
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  Assenti em silêncio meio relutante. Me mantive sentado próximo ao fogo, olhando as chamas queimando a lenha. Era difícil pensar no que tinha acontecido comigo e controlar a raiva.
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  Eu desejava devolver na mesma moeda o que fizeram comigo.
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A sombra escura desperta em mim,
Fogos de artifício explodem em meus olhos,
Todo mundo se afasta do seu lado,
Porque eu estou ficando um pouco mais feroz.
– Growl / EXO

3. O Teste

Ergaki, Rússia

  Primavera de 2017
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  E sim, tivemos muitos mais treinos pela frente. Passamos todo o inverno naquela caverna enfrentando o frio e em treinos pesados ao ar livre. Era surreal uma pessoa aguentar aquela situação, se for levar em conta a localização geográfica. Sibéria no inverno era quase a morte. E segundo o capitão Bellorum, nosso corpo só conseguia resistir a isso, graças a uma fórmula desenvolvida pelas Indústrias Baker chamada CN.
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  A CN aumenta a capacidade e resistência do corpo humano, dando-lhe mais força, agilidade e resistência a altas e baixas temperaturas, além do aumento de percepção dos cinco sentidos. Louco e impressionante o que a ciência descobre com suas pesquisas e uma doutora insana como as que pertenciam à família Baker. E foi esta fórmula que me fez companhia pelo inverno juntamente com o capitão Bellorum.
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  — Primavera… — disse Olga ao entrar no meu quarto para retirar meu sangue — Finalmente um pouco de sol neste fim de mundo.
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  — O inverno realmente demorou a passar — concordei me lembrando das semanas de treinamento.
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  De tempos em tempos a Dra. Baker realizava uma bateria de exames em mim, para avaliar o estado da minha saúde e o progresso de sua experiência em mim. A observei se aproximar com a bandeja coletora. Sua mãos delicadas seguraram meu braço com leveza analisando minhas veias. Logo que senti a picada da agulha em meu braço, um frio passou por mim. De repente, minha visão começou a falhar até que tudo ficou escuro.
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  — O que está acontecendo? — perguntei a ela um pouco assustada.
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  — O quê? — sua voz continuou a mesma, transmitindo normalidade.
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  — Olga, minha visão, não estou vendo. — disse a ela tentando não me desesperar, mas sentindo o coração pulsar mais forte. — Desligou.
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  — Que estranho, antes de vir aqui, verifiquei o sistema e está tudo normal — disse ela ao retirar a agulha de mim e se afastar.
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  Mesmo não enxergando nada, conseguia ouvir seus passos e sentir os movimentos que fazia. Em um piscar de olhos, uma sirene começou a tocar alto e forte, senti uma ponta de dor latejar na região dos meus olhos.
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  — O que está acontecendo? — perguntou Olga num tom desesperado.
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  — OLGA! OLGA! — ouvi aos fundos a voz da Dra. chamando por ela. — Estamos sendo atacados, conduza para a saída de emergência, eles não podem…
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  Não consegui ouvir mais a sua voz, com o som do sinal ficando mais forte e mais alto. Aos poucos, até meus tímpanos começaram a latejar. Olga me pegou pela mão e começou a me guiar pelos corredores. Corremos durante aquele tempo, trombando em outros funcionários que também corriam para fugir. Eu permanecia sentindo as nuances de luz pelo lugar, até que ela parou de repente. Senti seu corpo gelar. Certamente estávamos com problemas. Onde estava Grigorieva com aqueles braços de titânio quando se precisava dele?
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  — Oh, não… — sussurrou Olga.
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  — O quê? — perguntei, sentindo a presença de alguém próximo.
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  — Estamos com problemas — ela deu um passo para trás, sentia o medo em sua voz.
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  — São quantos? — perguntei.
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  — Quatro homens — sussurrou ela.
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  Era óbvio que não estávamos sozinhas. Minha única opção era me lembrar dos treinamentos às cegas com a agente de combate, Yelena Pushkin. Segurei firme no braço de Olga e a arrastei para trás de mim. Em segundos, senti a forte aproximação do primeiro, com um golpe de esquerda, consegui me desviar e o soquei mais forte. Eu tinha que me concentrar, mas com aquele barulho alto seria complicado.
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  — Olga, corre! — gritei avançando contra o segundo.
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  Me desviar deles não estava sendo fácil e, sim, levei alguns socos e chutes. Ouvi o clique de uma arma e dei um passo para trás, então lancei minha perna e senti bater na mão, o barulho da arma caindo veio em seguida. De repente, alguém me agarrou por trás, e outro me deu um soco no estômago. O gosto amargo do sangue invadiu minha boca, e já estava com um corte na boca. Impulsionei minha cabeça para trás, acertando o nariz do homem que me segurava, e joguei a perna chutando o outro. Mais movimentação para perto de mim.
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  Continuei a tentar me defender, até que senti acertarem minha cabeça com algo mais pesado e preciso. Perdi a consciência de imediato.
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  — Quanto tempo acha que ela vai ficar apagada? — ouvi ao longe uma voz masculina e desconhecida.
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  Mantive minha respiração baixa e meus olhos fechados, até entender o que estava acontecendo. Percebi que meu corpo estava amarrado e comigo sentada em uma cadeira. Será que… Não. Meu treinamento já havia terminado, então eu realmente tinha sido pega pelos invasores. Comecei a mexer minha cabeça e abri minhas pálpebras, notei que minha visão ainda estava totalmente desativada.
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  — Olha só quem acordou. — disse a mesma voz. — Nossa moeda de troca.
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  — Quem é você? — perguntei ao homem.
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  — Quem sou eu não importa, mas você tem aquilo que eu quero — senti ele pegar em meu cabelo e puxar, fazendo minha cabeça ir bruscamente para trás.
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  Senti uma forte dor na região dos olhos. Pois uma luz forte estava sobre mim. Prendi o grito de dor e me mantive firme.
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  — Onde está Bellorum? — perguntou ele.
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  — Eu não sei — respondi.
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  — Vamos ver então. — ele soltou uma risada barata e me socou. — Onde está Bellorum?
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  Novamente senti o gosto de sangue na boca e cuspi. Tomara que tenha lhe acertado.
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  — Eu não sei. — ri debochadamente. — E se soubesse, não te diria.
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  — Ah, é? — mais um soco.
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  Respirei fundo, sentindo a dor começar.
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  — É só isso que consegue fazer? — o provoquei com mais deboche ainda.
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  Comecei a dar algumas gargalhadas entre os socos que recebia dele. Até que o impacto de um deles em meu rosto fez com que a cadeira se desequilibrasse e caísse.
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  — Você bate que nem uma florzinha — provoquei mais, remexendo minhas mãos para me soltar da corda.
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  Em um piscar de olhos que ele levantou a cadeira, consegui soltar minha mão direita e o soquei. Quando ele se moveu para se aproximar, eu lhe dei uma cabeçada e soquei novamente. De imediato, desamarrei minhas pernas e me levantando, peguei a cadeira e a usei para bater no homem o desmontando no chão. Me ajoelhei ao seu lado e procurei algo nele que me ajudasse. Cega e desesperada, eu tinha que me concentrar em sair dali viva e com meus olhos intactos, mesmo não funcionando.
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  Ouvi alguns passos em minha direção e procurei algum lugar para me esconder. Porém, sem sorte, tive que novamente lutar pela minha sobrevivência e me defender de mais dois homens robustos. Aquilo me lembrava os treinamentos com Grigorieva, eram cansativos e chatos de tão dolorosos. Eu sempre saía machucada e humilhada por ele. Mas então, respirei fundo após um deles me derrubar pela terceira vez.
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  — Analisar seu inimigo e descobrir seu ponto fraco — sussurrei para mim mesma.
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  Ok, o primeiro homem era canhoto, no que me ajudaria? O segundo era muito lento em seus socos, talvez pela má coordenação motora. Sorri de canto e, me levantando, usei o que tinha aprendido com o capitão a meu favor. Fiz com que o primeiro homem socasse o segundo até desmaiá-lo. E me abaixando, lancei a perna no meio do caminho, para que ele caísse também.
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  Saí correndo sem direção certa e encontrei um corredor. Entrei nele e fui alisando as paredes, até que achei uma porta. Estava trancada com cadeado. Soltei um suspiro de cansaço e frustração, apalpei pelo lugar para encontrar algo que me ajudasse. Senti um extintor e o arranquei da parede. Voltei para porta e bati com o extintor no cadeado até que quebrasse. Ao sair para o lado de fora, senti a claridade e o sol quente. Outra pontada de dor na região dos olhos, aquilo era o início do retorno da minha visão.
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  — Parabéns Alpha, você passou no teste. — a voz do capitão Bellorum veio juntamente com sua figura diante de mim. — Agora você é uma agente Darko.
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  Seu olhar orgulhoso foi surpreendente. Mas a raiva dentro de mim estava tão forte, que minha mente não respondeu aos meus movimentos. Somente dei alguns passos até ele de punhos fechados e o soquei tão forte, que seu corpo desequilibrou e ele caiu no chão. Logo Grigorieva me segurou forte pelo pulso, que o mantive fechado.
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  — Deixa ela, Grigorieva. — disse Bellorum ao se levantar, limpando um pouco do sangue que escorreu em sua boca. — Ela tem razão de estar brava.
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  Um sorriso de canto presunçoso surgiu em sua face, porém foi interrompido por outro soco meu. Lancei meu corpo sobre o dele, o derrubando e me mantendo por cima, continuei socá-lo de raiva. Em poucos movimentos, Bellorum conseguiu me imobilizar, girando meu corpo para que eu ficasse por baixo e ele por cima de mim. Seu olhar sereno me deixava ainda mais revoltada.
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  — Me solta! — gritei com ele.
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  Só queria matá-lo naquela hora.
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  — Quando se acalmar, eu te solto. — ele continuou na mesma posição, me olhando fixamente. — Respire e se acalme, se continuar assim, não te darei sua primeira missão, Alpha.
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  Eu respirei fundo e me acalmei. Logo Bellorum me soltou e se levantando, esticou a mão para mim. Eu ignorei sua ajuda e me levantei. Mesmo sentindo dores em meu corpo pelos combates, não queria depender dele para nada. Entretanto, a vida é imprevisível. Ao dar o primeiro passo, senti minhas pernas falharem e meu corpo desabar, sendo amparado pelo capitão. Perdi a consciência antes mesmo dele perguntar se eu estava bem.
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  Acordei ouvindo barulhos dos aparelhos que monitorava meus batimentos. Mesmo com as pálpebras pesadas, forcei meus olhos a se abrirem. Eu estava no laboratório principal da Dra. Baker. Ela estava próximo ao computador, observando Olga digitar alguma coisa, certamente sobre mim.
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  — Dra. Baker? — sussurrei com minha voz meio falha.
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  — , finalmente acordou. — disse ela ao se virar e vir até mim. — Fiquei preocupada, tivemos que fazer alguns reajustes em seus olhos.
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  — Por quanto tempo eu apaguei? — perguntei a ela me sentindo zonza.
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  — Dois dias. — respondeu ela. — Seu corpo estava mesmo exausto, por todos os acontecimentos.
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  — Precisei de outra plástica. — brinquei com sarcasmo. — Eu apanhei bonito.
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  — Não se preocupe, seu rosto está impecável, e vai precisar dele para sua primeira missão — a voz de Bellorum soou da porta, ele estava encostado na parede de braços cruzados me olhando.
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  — Devo acreditar que é mesmo uma missão? — perguntei a ele. — Minha confiança em você está abaixo de zero.
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  Ele sorriu de canto.
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  — Vejo que está bem, não tenho com o que me preocupar. — ele riu adentrando mais o laboratório. — Poderiam nos deixar a sós?
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  — Claro, capitão. — Ara. Baker olhou para sua assistente. — Venha, Olga, temos que analisar essas radiografias.
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  Olga assentiu meio chateada por ter que se afastar do capitão. Mas seguiu com a Dra. Baker para fora do laboratório. Bellorum fechou a porta e se aproximou da cama onde eu estava.
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  — Você é forte, estou admirado — afirmou ele.
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  — Sério? Que curioso, a cada dia eu sigo convicta de que estão tentando mesmo me matar — retruquei com minha teoria da conspiração.
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  Ele riu baixo.
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  — Se eu a quisesse morta, teria lhe deixado onde a encontrei. — ele se sentou na beirada da cama, ficando de frente para mim. — Te daremos mais dois dias de recuperação, você passou no teste de lealdade.
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  — Chama aquilo de teste? — o olhei com seriedade e indignação.
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  — Foi, acredite, fiquei feliz por não dizer nada sobre mim. — confessou ele. — Mais ainda por ter conseguido se defender, mesmo sem a visão.
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  — Bem… Eu tive um bom treinamento. — admiti. — Qual é a minha primeira missão?
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  — Recuperar um chip — respondeu.
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  — Um chip? — segurei o deboche, pois estava curiosa.
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  — Não é qualquer chip. — ele se levantou da cama e começou a caminhar pelo quarto. — Há duas semanas, um militar de alto grau da Grécia foi raptado enquanto transportava um chip que dá acesso à localização e ativação de ogivas nucleares neonazistas que foram apreendidas em solo russo.
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  — E agora, temos que recuperar esse chip — conclui.
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  — Recuperar o chip, acabar com a organização criminosa que roubou e capturar Vladimir Smirnov vivo. — completou ele. — Essa é a sua primeira missão, mas não se preocupe, vou com você.
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  — Grande coisa. — disse com ironia. — Por que querem esse tal Vladimir vivo?
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  — Assunto confidencial da Continuum — respondeu evasivamente.
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  — Continuum… Quando vai me contar sobre eles? — indaguei.
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  — Quando estiver preparada — manteve sua resposta como da última vez.
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  — Hum… Então dessa vez a Darko vai prestar serviços para a Continuum? — perguntei curiosa. — Pensei que eram somente para países relevantes.
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  — Os interesses da Continuum são mais importantes — ele levou a mão na boca, cobrindo seu longo bocejo.
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  — Olha só, o capitão está com sono — brinquei.
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  — Devo contar que passei as últimas 48 horas esperando que acordasse? — ele me olhou com firmeza.
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  — Eu sou somente uma cobaia para vocês — ignorei seus cuidados comigo.
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  — Não para mim. — ele se virou para porta. — Descanse.
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  Observei Bellorum se retirar em silêncio. Era intrigante a forma como ele me tratava. Sempre compreensível, mesmo mantendo sua pose firme de agente perfeito. Fechei meus olhos e segui seu conselho. Descansei o quanto pude durante os dois dias de cuidados médicos, recebendo toda atenção da Dra. Baker e seus monitoramentos quanto ao meu corpo físico e a precisão dos meus olhos biônicos.
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  — Olha só quem está de volta. — disse Grigorieva assim que entrei na sala de treinos. — Pronta para apanhar?
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  — Eu vou acabar com você — o ameacei, agora eu já sabia como derrubá-lo.
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  — Hoje não. — disse o capitão Bellorum ao entrar. — Hoje você é minha.
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  Seu olhar estava mais intenso e afiado.
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  — Está dispensado, Grigorieva — disse ele com segurança.
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  — Sim, capitão. — meu “amigo” de treino se afastou de nós e pegou sua blusa de moletom, a vestindo novamente.
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  Assim que Grigorieva se retirou, fechando a porta da sala, o capitão Bellorum retirou as mãos do bolso e fechou os punhos. Observei que suas mãos estavam meio enfaixadas na região das palmas, como em um treino de boxe.
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  — Me vença — disse ele com um sorriso prepotente.
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  — Com prazer — assegurei, fechando meus punhos e correndo pra cima dele.
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“Sinto muito, você me deixa tão louco
Você sabe que você faz
Todo mundo tem medo de mim,
Então, sou um homem intocável
Mas por que sua sinceridade não pode me rejeitar no final.”

– Monster / EXO

4. A Missão

Lisboa, Portugal
Primavera de 2017

  A instalação da Darko em Lisboa era bonita e mais luxuosa que na Rússia. Mas claro que ali era somente uma base estratégica de monitoramento. Eles não precisavam de nada subterrâneo, salas de treino e quartos de agentes. Após uma longa reunião com o coordenador geral dali, seguimos para o hotel em que nos hospedamos. Nenhuma novidade o capitão ter alugado somente um quarto para nós dois. Nossa primeira noite na cidade foi um breve reconhecimento de território. E nosso disfarce? O Bellorum seria um biólogo e sua assistente atrapalhada. Por que eu deveria fazer o papel da garota desajeitada? Não me conformava com aquilo, mas somente pensava que poderia bem de leve imitar Olga, principalmente quando estava perto do chefe.
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  — Vladimir Smirnov. — sussurrei ao olhar novamente para foto do homem na ficha de informações.
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  — O que está fazendo? — o capitão se aproximou de mim.
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  — Estou mantendo o foco. — respondi, voltei meu olhar para ele. — Descobriu onde nosso alvo estará?
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  — Sim. — ele encostou na porta que dava para a sacada, onde eu estava. — Ao que se sabe, ele está hospedado na casa de um gângster local, amanhã ele vai se encontrar com um possível comprador para o chip.
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  — Deixa eu presumir, você será o comprador? — me afastei da sacada entrando no quarto.
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  — Provavelmente, e você irá comigo, sua missão é localizar o chip e pegá-lo, enquanto isso, eu distraio eles. — respondeu.
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  — E como vou localizar? — deixei a pasta sobre a cama e o olhei.
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  — Como seus olhos, o que mais seria? — ele me sorriu. — Seu treinamento foi para saber usá-los.
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  — Ok. — me espreguicei e caminhei em direção ao banheiro. — Se não se importa, vou tomar um banho.
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  — Vou buscar nosso jantar. — o capitão se afastou da parede e seguiu para a porta de saída.
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  Entrei no banheiro e liguei o chuveiro enquanto retirava a roupa. Senti a água quente caindo sobre meu corpo, me fez relaxar um pouco. Não seria a primeira vez que ficamos sozinhos, na maior parte dos meus treinos, o capitão fazia questão de me isolar com ele em algum lugar da Sibéria. Terminei o banho e enrolando na toalha, voltei para o quarto.
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  — … — sussurrei seu nome, no susto ao vê-lo de volta.
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  Eu deveria me acostumar a chamá-lo assim, afinal, ele me pediu que o tratasse com menos formalidade. Mas, para mim, ele sempre seria o sério capitão Bellorum que me jogava em treinamentos cruéis.
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  — Pensei que iria demorar mais. — disse a ele, um pouco retraída por estar de toalha.
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  — Vou deixá-la à vontade, preciso resolver alguns assuntos particulares. — disse ele se voltando para porta. — Coma um pouco.
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  — Ok. — observei-o até que saísse, então aproveitei para colocar minha roupa.
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  Me aproximei da mesa com o jantar preparado e comi um pouco.
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  Eu estava curiosa sobre os tais assuntos particulares dele. Peguei um casaco de tecido leve e saí do quarto. Por mais que eu não soubesse onde iria o Bellorum chefe, eu queria dar uma volta pela cidade. Segui pelas ruas olhando a lua tão bela e cheia no céu. Em um breve momento, senti ter visto de relance um rosto conhecido. Era de um dos capangas do homem que ordenou minha morte. Segui o capanga suspeito, até que o mesmo adentrou em uma casa noturna. Observei um pouco de longe o prédio e me aproximei.
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  Passar pela entrada seria impossível, notei que só entravam as pessoas que tinham um passe VIP. Respirei fundo e ativei as especialidades dos meus olhos biônicos. Examinei todo o prédio, a melhor parte dessa tecnologia da Darko, era ter o poder de ver além das paredes, porém o máximo que conseguia captar era a temperatura corporal das pessoas. Observei a estrutura do prédio e localizei um ponto de entrada pelo banheiro feminino da lateral. Segui para o ponto e, tomando impulso, subi na lixeira próxima e passei pela janela.
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  Fiquei surpresa com tamanha limpeza e claridade do banheiro. O prédio do lado de fora não parecia ser tão luxuoso assim do lado de dentro. Ouvi uma movimentação, e uma mulher adentrou o lugar. Fiquei escondida, até que ela usou o reservado e saiu para lavar as mãos. Aproveitei o momento para desmaiá-la e lhe roubei a roupa, deixando-a desacordada em um reservado. Respirei fundo e saí do banheiro. Passei por um corredor largo, com carpete vermelho e paredes douradas.
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  — A hora é agora. — sussurrei ao entrar no salão e me locomover para o bar.
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  Continuei observando todos os ambientes, escaneando o rosto de todas as pessoas que estavam ali, vendo ao lado as informações que os olhos baixaram dos arquivos da Darko. Até que finalmente encontrei o rosto que procurava. Era mesmo ele, Ivan Vassiliev, o chefe de segurança que meu pai tanto falava, o braço direito do meu inimigo oculto. Me afastei do bar e segui até o homem, ainda tentando me adaptar ao vestido que roubei da mulher. Parei em sua frente e sorri de leve. Quando Ivan me olhou, seus olhos se encheram de desejo. Por dentro eu estava em fúria ansiando que se lembrasse de mim, até que me lembrei do meu antigo rosto que não existia mais.
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  — Boa noite, cavalheiro. — disse ao abrir um sorriso singelo para ele. — Está sozinho?
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  — Eu nunca estou sozinho. — o homem sorriu de canto mantendo o olhar fixo em mim. — Você está aqui, não está?
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  — Claro, e posso me sentar ao seu lado? — perguntei.
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  — O prazer será meu. — eu me sentei ao seu lado e cruzei as pernas sensualmente.
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  Yelena Pushkin era considerada a femme fataly da Darko, a agente mais charmosa e perigosa também. Havia tudo algumas aulas de sedução com ela, para casos de necessidade e distração. Ficamos conversando por um tempo, comigo utilizando meus olhos para avaliar todas as possibilidades, se a vida tinha me dado aquele presente, não deixaria passar. Ivan não passaria mais nenhum dia vivo.
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  — Senhor Vassiliev. — disse uma voz conhecida, e sim era a voz de Bellorum.
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  O capitão travou assim que me viu sentada ao lado de Ivan, totalmente íntima do inimigo, com o mesmo com as mãos na minha perna direita. Pobre homem, já agindo como se eu fosse sua propriedade. E isso me forçava a manter o autocontrole.
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  — Me desculpe, Bellorum, mas pelo que está vendo, estou muito ocupado. — disse Ivan ao se levantar e me pegar pela mão, para que o seguisse.
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  — Estou vendo, quando podemos finalizar nossa negociação? — perguntou o capitão mantendo seu olhar em mim.
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  — Tenho certeza que não vou demorar muito com esta linda dama, então, te encontro em duas horas. — Ivan se afastou me conduzindo consigo.
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  Mantive no disfarce e seguimos para um dos quartos reservados nos andares. Assim que entramos, ele abriu uma garrafa de vinho e serviu duas taças. Me entregando uma.
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  — Vamos ao que interessa? — disse ele ao se aproximar de mim e tocar em minha cintura.
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  — Claro. — eu o olhei de baixo para cima acionando em meus olhos a capacidade de avaliar minha melhor defesa e ataque contra ele, calculando todas as possibilidades de erros e acertos.
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  Assim, tomei impulso para beijá-lo, porém ao pegar a garrafa de vinho atrás dele, bati contra sua cabeça ou desequilibrando. Aproveitei a deixa para lançar minha perna sobre ele o derrubando no chão. Assim, me abaixei ficando em cima dele e distribui vários socos para não deixá-lo reagir a mim. Estava com tanta raiva por ele ter tocado novamente em meu corpo, que não pensei em mais nada. Continuei com minha fúria sobre ele.
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  Quando dei por mim, já estava me arrastando para longe de Ivan, me imobilizando.
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  — O que você fez, ? — ele me soltou.
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  — O que eu fiz? Você me enganou! — eu fechei meu punho com raiva e lancei contra ele, tentando acertá-lo.
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   desviou do meu soco e pegando em meu pulso, girou meu corpo me prendendo de costas para ele, imobilizando-me novamente.
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  — Me solta, traidor covarde! — gritei me debatendo para me soltar. — Me fazendo trabalhar para Darko, enquanto se encontra com o meu inimigo!
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  — Fique calma, ou vai se machucar. — disse ele me apertando mais contra seu próprio corpo. — Você estragou nosso plano e entendeu tudo errado, Ivan era o nosso informante e a ponte até Vladimir Smirnov, fizemos um acordo com ele e assim que terminássemos a missão, eu o entregaria de bandeja para você, mas sua imprudência estragou tudo e agora não temos o contato com o alvo.
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  Eu parei de lutar meio estática com suas palavras naquele tom áspero.
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  — Achou mesmo que eu a trairia? Depois de demonstrar lealdade a mim? Depois de salvá-la e cuidar de você? — ele virou meu corpo me parando, frente a frente com ele. — Olhe para mim e diga se vê traição em meus olhos.
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  Eu não consegui encará-lo. Estava mais uma vez envergonhada por minha imprudência. A raiva que sentia das pessoas que me deixaram semimorta na floresta, em uma noite fria… Só conseguia sentir o desejo de matá-las da forma mais cruel possível.
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  — Me desculpe… — sussurrei voltando meu olhar para o chão.
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   me soltou.
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  — Você me decepcionou, . — suas palavras foram como uma adaga no meu coração.
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  Meu corpo se estremeceu ao olhar para seus olhos cheios de decepção.
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Eu que era egoísta e só sabia de mim mesmo
Eu que era negligente e desconhecia os seus sentimentos
Eu não consigo acreditar que eu tenha mudado assim.
– Miracles in december / EXO

5. A Vingança

Lisboa, Portugal
Primavera de 2017

  Ao aproximar-se do corpo de Ivan, checou seus sinais vitais. Logo o capitão retirou o celular do bolso e fez uma ligação rápida. Em minutos a equipe de limpeza da Darko apareceu e levou o corpo desacordado. se manteve o tempo todo em silêncio, procurando alguma pista nas coisas de Ivan. Me sentindo culpada por ter estragado tudo, fiquei parada ao lado da porta o observando, até que não consegui segurar o mínimo de indignação que ainda existia dentro de mim.
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  — Ok, eu sei que errei e que está desapontado comigo. — disse num tom elevado, o fazendo parar suas buscas. — Mas poderia ter me dito sobre o Ivan, poderia ter entendido o meu lado, eu fui deixada quase morta em uma floresta por ele. Como acha que me senti ao vê-lo? A única coisa que queria era matá-lo também.
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  — Eu resgatei você. — ele me olhou com seriedade. — Não disse nada sobre o Ivan, porque temia que fizesse algo errado, como de fato você fez. Pode ser egoísmo da minha parte, mas precisava de você focada.
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  — Ainda vai me dizer quem foi o mandante? — perguntei.
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  — Ainda posso confiar em você? — voltou a pergunta para mim.
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  Ele não esperou para que respondesse, voltou seu olhar para a carteira de Ivan em sua mão e abriu o objeto, assim que encontrou a pista que precisava, se afastou do armário.
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  — Ainda temos uma missão para cumprir amanhã, vamos embora. — suas palavras frias foram as últimas que pronunciou, antes de sairmos.
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  Voltamos para o hotel e o silêncio perdurou. Eu já sabia todo o plano antigo, exceto a parte de Ivan. Agora, tinha certeza que seria um grande improviso. Peguei um pijama que tinha levado e troquei de roupa no banheiro, ao retornar para o quarto, já havia preparado alguns cobertores no chão onde se encontrava deitado. Passei por ele para chegar até a cama, porém no trajeto tropecei em sua perna e me desequilibrando, caí em cima dele.
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  — Me desculpe. — disse após o impacto do meu corpo sobre o dele.
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  — Te peguei. — ele riu baixo, nem parecia o capitão irritado de uma hora atrás. — Quer me acompanhar no chão?
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  — Bem… Acho que estou acostumada com isso. — ri também, me remexendo em cima dele e virando meu corpo até o chão.
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  Me deitei ao seu lado e respirei fundo.
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  — Eu realmente lamento por ter estragado tudo. — confessei a ele.
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  — Nada como um dia após o outro, mantenha-se focada para sua missão. — disse ele, sua voz estava mais serena e baixa.
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  — Não está mais zangado? — perguntei.
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   ergueu seu corpo e me olhou.
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  — Não, mas eu entendo sua fúria. — ele se inclinou mais em minha direção. — Andrei Tenebrae, este é o homem que desejou sua morte.
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  — Andrei Tenebrae! — sussurrei.
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  — Sim.
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  — Nunca ouvi esse nome, mas pelos livros que li da Darko, Tenebrae é uma família fundadora da Continuum. — eu mantive meu olhar nele. — Por que está me contando isso agora?
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  — Porque não é a única vítima dele. — respondeu.
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  — Sinto que quer me contar sobre a tal Continuum. — ergui meu corpo também, mantendo a atenção nele.
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  — Como sabe, eu pertenço a uma família fundadora… — ele se sentou, encostando na parede.
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  — Os Bellorum, eu sei. — confirmei.
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  — Além da minha família, existem mais quatro, Baker, Dominos, Sollary e Tenebrae. — continuou ele. — A cada dez anos uma família é eleita para ficar a frente da Continuum, e na última eleição, acontecerem muitas intrigas e boicotes, a família Dominos foi atacada e uma guerra silenciosa começou em nossa sociedade.
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  — E o que isso tem a ver comigo? — perguntei.
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  — Andrei Tenebrae não é somente o homem que ordenou sua morte, ele também encomendou o ataque à família Dominos, descobrimos isso através da cooperação do Ivan, então, se quer matá-lo, terá que entrar na fila, pois ele já é um alvo de Sebastian Dominos. — completou.
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  — Sebastian Dominos? — desviei meu olhar para a janela. — E conseguirei competir com alguém da Continuum?
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  — Não. — ele riu e erguendo sua mão, tocou minha face de leve.
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  Me peguei surpresa com seu gesto, e sem reação também.
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  — Sei que quer sua vingança, mas acha mesmo que ficará bem depois? — seu toque suave, me deixava com o coração acelerado.
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  Eu não sabia onde pretendia chegar.
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  — Você prometeu, eu quero me vingar. — disse ao tocar em sua mão, retirando-a do meu rosto.
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  — Você vai, mas não posso te entregar Andrei. — ele foi sincero no olhar, parecia triste por meu gesto o afastando.
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  — Já entendi que o destino de Andrei pertence a esse tal Dominos, não me importo, mas quero a cabeça de todos os seguranças dele.
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  — Você já tem Ivan Vassiliev, não será difícil encontrar os outros. — assegurou ele.
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  — Obrigado por entender. — me movi para levantar, porém ele segurou em minha mão.
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  — . — sua voz ficou mais baixa e seu olhar profundo. — Eu…
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  — Se vai dizer que gosta de mim, não faça isso. — disse o interrompendo. — Eu…
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   não deixou que eu continuasse também e, se inclinando para mim, me beijou com suavidade e doçura. Tentei resistir a princípio, mas meu coração acelerado me conduziu a aceitar o beijo e retribuir. Eu estava confusa por aquele beijo repentino, ainda com raiva por não poder tocar em Andrei Tenebrae, justo agora que sabia a verdade. Além de decepcionada comigo mesma por atrapalhar minha primeira missão.
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  Tantos sentimentos dentro de mim, que a única coisa que tentava não fazer é chorar. Quando me transformei em Petrov, jurei a mim mesma que não choraria, mas agora, sentindo a aproximação de e suas mãos percorrerem em minha cintura, eu só conseguia me sentir vulnerável às lágrimas.
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  Vulnerável à ele.
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  — Capitão. — disse ao me afastar. — Não deve…
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  — pra você. — ele tocou em minha face novamente, me fazendo olhá-lo.
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  — Temos uma missão a cumprir amanhã. — eu me levantei e o olhei novamente. — E não quero me envolver emocionalmente agora.
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  — Não importa quanto tempo leve pra chegar até seu coração, não vou desistir de você. — assegurou ele. — Petrov.
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  Disfarcei um sorriso e deitei na cama. Respirei fundo ao me cobrir e fechei os olhos. Foi complicado conseguir dormir. Um misto de ansiedade e aflição tomou conta de mim a madrugada inteira. Na manhã seguinte, acordamos antes das sete. O encontro com Vladimir estava marcado para às oito da manhã e queria repassar comigo nosso improviso.
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  Saímos do hotel e nos separamos, apesar de manter a mesma direção. Ele entrou pela porta da frente como convidado e mantendo o disfarce que combinou com Ivan. Já eu segui para a entrada dos fundos. Usando as habilidades dos meus olhos, avaliei a estrutura da mansão e contei quantos guardas armados tinham. Respirei fundo analisando as opções e escolhi a melhor rota. Não foi fácil passar por todos aqueles guardas e desarmá-los, mas com a ajuda dos olhos, conseguia prever seus movimentos rapidamente.
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  — Tem que estar aqui. — sussurrei ao chegar no quarto indicado por um dos guardas abatido, como sendo do hóspede Vladimir.
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  Escaneei todo o lugar procurando pelo pen drive, até visualizar um cofre atrás da parede. Não foi fácil encontrar a senha mas consegui. Assim que peguei o objeto, senti algo frio encostar em minha nuca. Era o cano de uma arma.
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  — Achou mesmo que iria levar isso? — uma voz feminina veio atrás de mim. — Vladimir vai gostar do que achei aqui.
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  Fui obrigada a acompanhá-la até a sala. Ao chegarmos, me deparei com amarrado pelos pulsos e ajoelhado no chão. O que significava que alguma coisa tinha dado errado.
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  — Olha só, outra agente Darko. — Vladimir se levantou da poltrona e sorriu com deboche. — Serei bonzinho e te darei uma opção razoável, devolva o pendrive com o chip dentro e solto seu amigo.
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  — E se eu não fizer?
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  — Ambos morrerão. — assegurou o inimigo.
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  Voltei meu olhar para , já avaliando minhas possibilidades de erros e acertos. Haviam 5 homens armados na sala, a mulher atrás de mim e Vladimir, os outros seguranças se mantinham desacordados e amarrados por mim. Meu olho indicava que não estava em boas condições físicas, mas poderia ter uma média boa de sucesso.
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  — Você ainda confia em mim? — perguntei ao capitão Bellorum.
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  — Nunca deixei de confiar. — disse ele ao levantar seu olhar para mim.
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  Sorri de canto e pisquei de leve para ele. Em um piscar de olhos, me movi com rapidez e lancei minha perna no braço da mulher a desarmando. Os seguranças se moveram também para cima de mim. A mulher tentou me bater, mas me desviei dela e soquei o rosto do primeiro segurança. Enquanto isso, se remexeu para retirar as cordas dos pulsos e se jogou contra Vladimir. Eu continuei me desviando dos seguranças e socando a cara de um deles, logo peguei a arma da mulher que ainda estava no chão e atirei no primeiro.
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  O segundo mirou em mim, porém me esquivei e joguei o terceiro na frente que levou o tiro em meu lugar, então atirei no segundo e no quarto. O quinto tentou atirar, mas lancei novamente minha perna o desarmando, soquei sua cara e atirei em sua perna. A mulher entrou novamente contra mim, mas ao me desviar do chute dela, segurei seu cabelo e coloquei a arma em sua cabeça. Voltando meu olhar para Vladimir, o mesmo estava com a arma apontada para .
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  — Se renda ou eu mato sua parceira. — eu disse a ele.
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  — Eu não me importo com ela, de onde veio, consigo mais cem, mate-a se quiser. — ele riu. — Já este agente aqui, um Bellorum não se acha todo dia.
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  — Ivan foi um traidor ao se fazer de agente duplo. — disse com as mãos levantadas — Me mate, e terá toda a minha família na sua cola.
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  — Se a Darko veio me pegar vivo, é claro que tem uma família da Continuum me querendo. — Vladimir me olhou. — Ouviu, você não pode me matar.
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  — Não me importo com a Continuum, já matei Ivan ontem, e era para deixá-lo vivo. — eu estava meio certa, queria intimidá-lo, então engatilhei a arma.
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  Meu olhos me ajudaram a visualizar todo o esquema, eu precisava que ele realmente desse o primeiro tiro. E assim que Vladimir fez, atirei também fazendo minha bala atingir a dele com precisão no ponto em que meus olhos calcularam. Então atirei em sua mão, fazendo a arma cair e outro tiro em seu ombro e mais dois nos dois joelhos.
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  — Ai… — ele gemeu de dor ao cair no chão.
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   pegou a arma dele rapidamente e a manteve apontada para o inimigo. Eu soltei a mulher que saiu correndo com medo, certamente havia visto que sua vida não valia nada ali.
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  — O que você fez? — me olhou sério.
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  — Você disse vivo, não inteiro. — eu ri de canto. — O Vladimir é todo seu e o chip está no meu bolso.
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  — Bom trabalho. — ele pegou o celular do bolso e chamou a equipe de limpeza.
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  Em minutos, levaram Vladimir e recolheram os corpos. me contou que vários daqueles homens faziam parte da gangue que meu pai trabalhava, ainda faltava um, o outro homem que ajudou Ivan a me espancar. Mas segundo ele, já havia sido capturado e me aguardava na prisão da Darko.
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  — Terminamos aqui? — disse ele ao esticar a mão para que lhe entregasse o pen drive.
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  — Sim. — entreguei o objeto para ele. — E para onde vamos agora?
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  Bellorum entregou o chip para um agente e me olhou com tranquilidade.
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  — Fomos solicitados em Seattle. — respondeu ele.
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  — O que faremos em Seattle? Pensei que voltaríamos à base na Rússia. — o olhei curiosa.
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  — Temos um encontro com meu primo. — respondeu ele ao se aproximar de mim. — E um Dominos.
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  — Um Dominos? — agora fiquei interessada.
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  — Eu disse que teria sua vingança. — ele se aproximou mais de mim com um sorriso presunçoso no rosto. — Vamos Seattle e você conhecerá outras famílias da Continuum, e terá sua vingança sobre Andrei Tenebrae.
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  Eu me impulsionei e o beijei com intensidade e doçura. retribui de imediato, tocando em minha cintura e me aproximando para mais perto.
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  — Tenha isso como um obrigado. — disse ao me afastar dele — Agora, vamos para Seattle?
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  — Vamos! — ele sorriu de canto.
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“Eu mudei depois que eu te conheci,
Eu não me assusto ou me machuco mais
Dia após dia eu vivo me antecipando,
E está tudo bem, porque é você.

– Hot times / SM The ballad

  “Vingança: É um princípio básico do universo, toda ação cria uma reação igual e oposta. [Filme V de Vingança]” – by: Pâms

Fim

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Lelen
Lelen
2 anos atrás

AI SOCOOORROOOO, AMO UM SCI-FI. Pera, Natasha a Viúva Negra? :O

Gente, que babado!

Vou acompanhar a história porque sim! Louca para saber o que vai rolar <3

Comentário originalmente postado em 11 de Setembro de 2020

Pâms
2 anos atrás
Reply to  Lelen

<3<3<3 também gosto de sci-fi!! 
então, eu não tinha pensado nessa referência da viúva negra, mas amei ter chegado nela <3<3<3 Obrigada por ler, acompanhar e comentar!! espero que goste dos capítulos a seguir <3<3<3

Comentário originalmente postado em 12 de Setembro de 2020

Julia N.
Julia N.
2 anos atrás

Tô aqui esperando semana que vem para ler a att o que será que vai de diferente depois da intervenção no corpo??

Comentário originalmente postado em 11 de Setembro de 2020

Pâms
2 anos atrás
Reply to  Julia N.

Será o que né??!! Muitas mudanças para nossa pp.
Obrigada por ler e comentar Julia!!! <3<3<3<3
espero que goste dos próximos capítulos.

Comentário originalmente postado em 12 de Setembro de 2020


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