Capítulo 5 – Acampamento
O dia seguinte chega e com ele a febre de que parece não cessar. Ele passou a noite inteira tremendo de frio e com a febre alta, sendo cuidado pela governanta da casa, a Yui, que cuida dele desde que seus pais morreram, quando ele tinha apenas sete anos de idade. A mulher, que hoje tem quase cinquenta, põe outro pano úmido na testa do jovem que agradece e volta a fechar seus olhos, antes de sair, a mulher diz para o jovem Murakami:
— Seu tio saiu cedo. Contei a ele que estava doente, mas parece que ele não prestou atenção, disse estar com pressa — comenta Yui em tom irritadiço.
— Tudo bem, Yui-san. Já estou acostumado — responde sentindo os olhos arderem levemente.
— Ah, seus amigos estão lá embaixo. Quer que eu diga que está dormindo?
— Não! Peça para eles subirem, por favor — avisa ele e a mulher se levanta da cama, virando-se para ele com um sorriso meigo.
— Meu menino, não sabia que tinha amiguinhas também — diz ela de maneira sugestiva.
— Como assim? — indaga o jovem, confuso.
— Tem uma jovenzinha junto com os Aikyo lá embaixo — de imediato, arregala seus olhos.
— ?! — espanta-se ele, tossindo em seguida. — Ela veio também? Ah não! — ele se cobre com o edredom deixando apenas seus olhos para fora.
— -chan? Que nome fofo — comenta a mulher e se afasta da cama, mas a chama de volta.
— Yui-san, por favor, veja meu rosto, está vermelho demais? Parece que eu acabei de acordar? Acho que vou tomar um banho e trocar de roupa… — dispara , angustiado e faz a governanta rir.
— Está apaixonado, meu menino?
— Não! — responde ele, de supetão. Yui apenas sorri de canto e balança a cabeça.
— Ok… bom, vou pedir para eles aguardarem alguns minutos. Não demore com seu banho.
Ela alerta e deixa o quarto.
dá um salto da cama e corre para o banheiro de seu quarto, trancando a porta em seguida. Ele toma um banho de mais de quinze minutos e deixa o banheiro enrolado na toalha. Após trocar de roupa, colocando roupas leves, ele desce para receber os amigos na sala de estar, onde estão aguardando por ele. Os três o cumprimentam e perguntam se ele está bem. apenas diz estar melhorando apesar de sentir sua febre aumentar após lembrar-se da e do jeito como os lábios dela tocaram os dele no momento que foi retirado da piscina por Kohshi. Ele estava quase acordando naquela hora e conseguiu sentir a maciez da boca da amiga. Que sensação boa, gostosa e que o deixou excitado. O deixa assim apenas por lembrar. Disfarçando a reação quase imediata de seu companheiro, põe uma almofada em cima de seu colo e sorri para o que Take diz agora. Eles estão combinando um passeio de bicicleta amanhã. Isso, claro, se estiver melhor. Mais do que nunca, ele precisa melhorar.
A brisa gostosa do fim do verão bate nos rostos dos quatro amigos que passeiam livremente de bicicleta pelas ruas não tão movimentadas da cidade. Take e Kohshi estão cada um em uma bicicleta enquanto divide com , ela na frente sentada no corpo do veículo e ele pedalando em pé.
— Acho que a gente deve acampar semana que vem, seria perfeito — Take retoma o assunto, os amigos planejam acampar para mostrar a como é, será a primeira vez dela.
— E eu acho que seria melhor na última semana de férias — diz Kohshi dando de ombros, eles passam por uma sorveteria agora.
— Concordo com o Kohshi — defende que faz o maior esforço para pedalar enquanto se equilibra na bicicleta e tenta não demonstrar sua excitação por ter atrás dela tão perto.
— Vamos parar um pouco? — sugere o irmão mais velho. — Estou com sede.
— Também estou — concorda e Take, e todos param, estacionando as bicicletas no local apropriado, perto da sorveteria por onde passaram. Eles voltam o caminho a pé.
— Que tal irmos no Bosco Auto Camping Base? Lá é bem legal e tem uma grande área para acampamento — sugere Kohshi ao mesmo tempo que caminham.
— E vai ser a semana do Hanabi! — lembra Take e faz uma careta confusa.
— Hanabi? — indaga ela que caminha ao lado de .
— É o festival de fogos de artifício que tem todo ano, — explica . — Ele começa em julho e termina na última semana de agosto. É bem divertido e bonito — conclui a explicação e faz uma expressão de surpresa.
— Que legal! E de lá desse acampamento dá para ver os fogos?
— Creio que sim, nunca acampei nessa época, mas acho que dá para ver sim — dessa vez é Take quem dá a resposta.
— A concentração fica nos arredores da cidade, mas sempre há pessoas que soltam fogos em outros locais. Então, creio que dê para ver do acampamento também — reforça Kohshi recebendo um sorriso meigo da jovem.
— Então estamos combinados, né? Última semana de férias iremos acampar? Todos de acordo? — diz .
— De acordo — responde, ainda sorrindo, e cora ao ver o sorriso dela tão próximo dele.
— Combinadíssimo — anima-se Kohshi.
— Eu queria logo, mas espero até o fim de agosto — Take concorda e todos comemoram o próximo e último evento de férias do grupo.
Última semana de agosto e das férias…
O motorista dos Murakami leva o quarteto até o acampamento que não é tão longe do centro. Mais uma vez o tio de não estava em casa quando o jovem acordou hoje cedo. Não é nenhuma novidade para ele essa ausência, já que passou grande parte de sua vida após os sete anos de idade, quando foi adotado por ele, ao lado de Yui, a quem considera como uma mãe. Ele não tem mais nenhum parente além de seu tio que é um homem muito ocupado, empresário, rico e que malmente para em casa.
aprendeu a não se importar mais.
O quarteto chega ao destino e descarregam o carro com a ajuda do motorista, o Hiroshi, que trabalha para a família há mais de quinze anos e também viu crescer.
— Obrigado, Hiroshi-san — agradece , curvando-se levemente.
— Por nada, senhor Murakami — diz o motorista, solícito e fecha o porta-malas do carro. — Quando forem embora basta me ligar que eu venho buscá-los — avisa.
— Obrigado, avisaremos sim — diz o jovem.
— Obrigado, Hiroshi-san! — os outros três agradecem e se curvam para o mais velho que sorri vaidoso.
— Por nada, meninos, divirtam-se!
O motorista observa os quatro caminharem com suas enormes mochilas nas costas e as
bags com seus sacos de dormir nas mãos, pensando em quando teve essa idade. Ele dá um sorriso abobado e caminha até o banco do motorista, sentando-se e dando a partida, mas antes recebe uma notificação em seu celular. É uma mensagem de seu chefe, tio de , o conteúdo o faz engolir em seco.
Chefe: “Volte de imediato. Tenho um serviço importante para você. Não se atrase.”
Dando um “ok” na mensagem, Hiroshi deixa o local já imaginando o tipo de serviço que seu patrão tem para ele.
Enquanto isso, os amigos começam a se acomodar no local onde vão ficar nos próximos três dias, até domingo pela manhã quando retornam. Take leva uma grande barraca na qual costuma acampar junto com seu irmão, mas que cabe mais pessoas. Os quatro levam alguns minutos montando a barraca e mais alguns para arrumar os sacos de dormir dentro dela, cada um em um canto, deixando apenas a passagem para fora da barraca livre. Do lado de fora há uma proteção que forma uma pequena varanda onde colocam cadeiras para todos se sentarem para conversar ou até mesmo na hora das refeições.
Durante à noite, eles fazem uma fogueira aproveitando o quentinho do calor produzido por ela e o jantar feito por Kohshi que sabe cozinhar muito bem e agrada o paladar de todos. Ele prepara alguns
sashimis e
sushis, além de uma deliciosa sopa de peixe. já está acostumada com a culinária japonesa, mas sempre que prova algo feito por um nativo – que não sejam seus pais – ela não deixa de se surpreender com o sabor. Algumas horas se passam e Kohshi percebe a aproximação excessiva entre e , logo percebendo o jeito como ambos se comportam quando estão assim tão próximos. Ele percebe também a alegria genuína que está desde que conheceram , o conhecendo bem certamente Kohshi sabe que o amigo sente algo por ela. Dando uma de cupido, o Aikyo mais velho cutuca seu irmão para que eles deixem os amigos à sós um pouco e vão dar uma volta pelo local.
— Você está melhor, ? — diz chamando a atenção de que levanta seu olhar de seu prato.
— Você diz sobre a febre? — assente referindo-se ao outro mal-estar que ele sentiu durante essa semana, diferente da vez que ele quase se afogou na piscina do parque aquático. Ele complementa sua fala: — Sim, estou sim, obrigado por se preocupar.
— Sempre vou me preocupar. Sei que não sou tão amiga quanto Kohshi e Take, mas saiba que pode contar com minha amizade.
— Imagina, ! Sua amizade é tão importante para mim quanto a de Kohshi e Take — diz de maneira doce. — Até que você não é má amiga — ele zomba e se estica para dar um leve cutucão nela que está sentada à sua frente.
— Bobo! — ela ri. — Hm, esse sushi está mais gostoso do que o do papai — comenta ela com um sorriso no rosto e pegando os
hashis para pegar mais um sushi para comer. — Não conte para o papai sobre isso — avisa ela e eles riem.
— Não serei o responsável por essa briga familiar — brinca , animado.
— Coma mais um pouco, — estende o hashi que tem um sushi preso em sua ponta até o rosto de que sorri.
— Você deveria comer esse pedaço — ele segura a mão dela que paralisa imediatamente, os olhos dela arregalados com o gesto do amigo. vira a direção do hashi até o rosto de . — Abre a boca — pede o jovem, obedece e abre sua boca para morder o sushi na pontinha dele. Surpresa demais para controlar seus movimentos com praticidade, a jovem Yoshida afrouxa os hashis deixando a maior parte do sushi à mostra.
— Hm… — geme enquanto tenta morder um pedaço de sushi e é mais uma vez surpreendida por que morde o outro pedaço e a beija com suavidade, mas logo se afasta mastigando o pedaço maior que abocanhou.
— Realmente está muito gostoso — ele diz se deixando parecer não ter notado o beijo que deu nela.
fica estática e não consegue nem dizer o que seu coração lhe pede agora. Ela quer repetir o beijo, quer muito sentir os lábios dele novamente nos dela, mas dessa vez sem nenhum alimento para atrapalhar o sabor. O único gosto que ela quer sentir é da boca de . Eles não dizem mais nada. Terminam a refeição e percebem o retorno dos irmãos que riem em cumplicidade entre si. pega sua garrafa de bebida e bebe um pouco sem falar mais nada o restante da noite.
Logo os quatro amigos vão dormir.
A manhã seguinte chega e eles saem em um passeio pelo lugar que tem um rio cortando toda a extensão do acampamento. A natureza em volta é linda, bastante árvores e as flores de primavera abrilhantam ainda mais o lugar. O calor dos raios do Sol aquece os jovens que durante à noite sentiram frio. É a primeira vez que faz trilha por uma floresta japonesa, ela nunca tinha ido antes e fazer este passeio ao lado dos amigos que tem tanta alegria de ter feito desde que chegou ao país é altamente gratificante. Ela tira algumas fotos e pede para que Take tire algumas fotos dela com a paisagem, é o amigo também que lhe mostra alguns lugares legais para eles irem. Quando a fome chega, eles param um pouco perto do rio, onde há várias pedras, e se acomodam para comer. Dessa vez o cozinheiro é que prepara um belo ensopado de carne com queijo. Após saborearem o almoço eles retornam à trilha e chegam perto de uma cachoeira, onde tomam um banho refrescante. Novamente a imagem de vestida com um biquíni atormenta os pensamentos impuros de que evita olhar para a amiga, pois senão ficará excitado. Mas, é praticamente inevitável não a ver e seu
companheiro logo se manifesta deixando o jovem envergonhado já que seu calção de banho está molhado e isso marca ainda mais seu pênis.
O Sol ainda está bastante visível, aquecendo os corpos molhados dos quatro, quando eles resolvem voltar ao acampamento. O caminho da trilha tem muitos caminhos e corta a floresta em alguns pontos aleatórios, apesar de estar sinalizado em determinados pontos. é passada para trás por Kohshi que vai para a frente do grupo para discutir alegremente com o irmão e com sobre o campeonato de futebol que irá acontecer pouco após a peça de teatro que irão participar. Eles ficam tão distraídos que acabam não percebendo que a amiga fica para trás já que havia parado para descansar um pouco e esqueceu de avisar aos outros, acabando os perdendo de vista. O pânico toma conta dos rapazes quando notam a ausência de e chamam por ela, mas sem resposta. Eles se dividem e retornam o caminho que fizeram, mas não acham a amiga.
Ao anoitecer, ainda procura por ela. Ele manda mensagem para os irmãos avisando que não retornará enquanto não achar a .
— ! — ele grita novamente e escuta um barulho vindo a sua esquerda e muda de direção seguindo o som. — ? — ele caminha usando a lanterna de seu celular como iluminação e afastando algumas teias de aranha e galhos de árvore que encontra pelo caminho.
— ! — a imagem de se faz presente rapidamente à frente dele e a jovem o agarra com força.
— Graças a Deus eu te achei! — ele solta um suspiro aliviado e a abraça de volta encostando seu queixo na cabeça dela. — Você está bem? Está ferida? — a afasta para olhá-la melhor.
— Estou bem. Só estou com frio — responde e se aninha nele que ainda está com roupa úmida e ela também.
— Está tão tarde — comenta ele, indeciso, olhando para os lados. — Não seria seguro voltarmos agora, meu celular vai descarregar e não tem iluminação à noite na trilha — finaliza.
— Teremos que ficar por aqui, então — deduz com a voz cansada.
— Sim… venha, vamos nos sentar em um lugar seco.
Eles encontram um local um pouco mais à frente que está mais seco, onde há folhas e flores no chão. manda uma mensagem para os amigos avisando que encontrou e que seu celular está descarregando, avisa também que vão ficar por mesmo até amanhecer. Take aconselha o mesmo e reforça a falta de iluminação das trilhas. ainda tem sua toalha, que está um pouco úmida, mas serve de cobertor para os ombros dele e de que tem que abraçar o amigo para se aquecer minimamente. A aproximação dos amigos atiça a imaginação dos dois de maneiras parecidas. Atiça também os desejos internos de ambos que se olham quase ao mesmo tempo. O Murakami estica as pernas e se encosta na árvore atrás dele, levando sua mão esquerda até o rosto de puxando-o para si mesmo. As respirações já começam a descompassar juntamente com seus jovens corações adolescentes encantados e curiosos. A Yoshida aproxima seus lábios dos de e o beija inocentemente. Finalmente não há nenhum sushi para confundir o paladar dela, tem apenas o gosto da boca de , apenas o sabor dele que é tão agradável igualmente como o seu toque em sua pele. também estica as pernas e se recosta na árvore muito mais próxima de dessa vez. A mão dele que estava no rosto dela desce até sua cintura, apertando levemente e puxando para perto. O tesão deles só crescendo mais até que a puxa para deitar-se no chão e joga cuidadosamente seu corpo sobre ela, retomando o beijo. Ele volta suas mãos para o rosto dela e se interrompe por um instante para encará-la. O descompasso ainda os atinge.
— … eu sou… sou virgem — revela encarando o amigo que mantém sua expressão serena.
— Eu também sou — ele diz, o que surpreende a Yoshida que não controla o gemido surpreso que sai de sua boca.
— Sim — confirma. — Não precisamos fazer isso agora. Acho que temos tempo — diz com doçura enquanto acaricia a bochecha dela.
— O que quer dizer? — indaga a jovem, confusa.
— Quero dizer que eu… ,
daisuki da — “eu gosto de você”, ele se confessa e arregala seu olhar soltando um suspiro. — Quero conhecer você melhor. Quer sair comigo? — o pedido a deixa ainda mais surpresa, mas emocionada e envergonhada.
— Que-quero. Eu quero sim, — seu rosto avermelhado faz o coração de errar bobamente as batidas e ele sorri.
—
Kawaii — ele diz e dá um beijo doce nos lábios dela. — Quando voltarmos para a cidade… — diz após o beijo — combinamos nosso passeio, só nós dois.
— Por compreender que… bom, por compreender que eu não tenho experiência em sexo — a vermelhidão em seu rosto se intensifica. — Foi gentil de sua parte — ele dá um sorriso meigo.
— Acho que mesmo se eu ou você tivéssemos alguma experiência em sexo, eu não te forçaria a transar comigo. Não sou assim e nem serei — confessa. — Eu realmente gosto de você, — ele se declara mais uma vez e volta a beijar ela.
— Eu também gosto de você, — dá um sorrisinho fofo que derrete o coração do jovem Murakami.
Dessa vez são as bochechas de que ficam vermelhas. O casal se abraça, aninhando-se um no outro, e adormece após alguns minutos cobertos pela toalha que trouxe. Eles não sabem como vão explicar a aproximação a mais que tiveram para os amigos, também nem sabem se devem contar que quase transaram na floresta, mas certamente eles irão perceber sobre o sentimento que há entre o Murakami e a Yoshida – fato este que Kohshi já havia percebido e contado para o irmão. Fato é que ambos desejam se conhecer melhor, estreitando ainda mais o vínculo além da amizade verdadeira que já têm um pelo outro. Isso só ocorrerá com o tempo e, como havia dito, eles têm tempo demais para se conhecerem.
Domingo, de volta à Yokohama
se despede do motorista dos Murakami e dos amigos, lançando um olhar fofo e demorado para , que sorri com o contato visual prolongado que recebe dela. Os dois combinaram de não contar nada para Kohshi e Take sobre o início da relação, ela disse também que não contaria para os pais, pois sabe que será motivo de uma grande discussão sobre o que é melhor para a vida acadêmica dela. As notas de sairão após os eventos esportivos e da peça de teatro que irão apresentar. E, para ser bem sincera, não acha que passará em todas as matérias, principalmente em Língua Japonesa. Por negligência dela mesma, ainda quando estava no Brasil com sua família, ela não aprendeu os kanjis e nem mesmo as principais estruturas gramaticais que formam o idioma. É como o disse para ela: é estranho ela saber falar e entender muito bem japonês, mas ser péssima em gramática. Antes de entrar de férias, seu professor a havia avisado que, se não recuperasse sua nota a tempo de finalizar o período, ela teria que ter algum reforço e certamente os pais dela saberiam desse
deslize em seu boletim. Ela nem quer pensar nisso agora…
A concentração de está nas fotos que tirou durante o acampamento. Antes de levarem a jovem de volta para casa, os amigos passaram em uma loja que revela fotos digitais e revelaram todas as fotos que tiraram com seus celulares. Isso tudo a pedido de que quis ter uma recordação física desses poucos dias de diversão com os amigos no acampamento e nos outros eventos que tiveram durante as férias. Ela observa o grande espaço vazio em seu mural de fotos e pendura as polaroids tiradas. Uma das fotos prende a atenção da jovem Yoshida. Uma que ela faz questão de enfeitar com um pequeno coração. Na foto tem ela e , o braço direito dele está sobre os ombros da jovem, ambos sentados no chão próximo à barraca onde dormiram. Os cabelos de jogados formosamente sobre sua testa, cobrindo seus olhos. O sorriso fofo do Murakami que espreme seus olhos nas órbitas, sorriso este que deixa o coração de derretido e entregue ao rapaz. Inevitavelmente ela se lembra da noite que passou com ele, abraçada ao corpo do amigo, ambos ainda com suas roupas úmidas por conta do banho no rio, o calor que sentiu subindo pelas pernas e concentrando-se em sua intimidade, a imensa vontade que sentiu em entregar-se para naquele exato momento. Porém, sua inexperiência lhe fez parar e confessar-se para ele que, surpreendentemente, também não a possui. Mas, para , o mais importante sem dúvidas foi o pedido feito por . Ela mal se aguenta de ansiedade em vê-lo novamente e, mais ainda, em sair com ele, só os dois, em um encontro romântico.
Capítulo 6 – Sombras do passado
As férias terminaram e, com ela, o retorno das aulas veio.
e seu irmão Fuyuki caminham calmamente pela via que os leva até a rua do colégio. Há muitas pessoas em volta, todas apressadas para chegar aos seus compromissos, mas parece alheia a tudo isso. Seus pensamentos estão todos voltados a uma pessoa: . Mais precisamente ao beijo que deu nele durante o acampamento e às palavras ditas por ele. Ele disse em tom firme e claro que está apaixonado por ela, dizer para alguém, em japonês, “
daisuki da” significa que você está literalmente se declarando, demonstrando seus sentimentos pela pessoa. E disse isso para . Apenas em pensar na voz grave e gostosa de dizendo tais palavras, a jovem Yoshida começa a tremer e seu coração acelera numa felicidade tremenda.
Ao esbarrar com um desconhecido, é trazida de volta ao mundo real, curvando-se respeitosamente e pedindo desculpas.
— Por favor, me perdoe, senhor! — ela diz, temerosa.
Quando retorna seu olhar ao homem, ela percebe algo estranho. Olhares indiferentes voltados a ela não são novidade para , porém, há algo no olhar
desse homem que a faz paralisar e passar tempo demais olhando para ele que segue seu caminho, inverso ao dela, ainda olhando eventualmente para trás.
—
Nene… — chama Fuyuki, puxando o blazer da irmã.
— O-Oi, Fuyu. — A jovem olha para o mais novo, os olhos arregalados de susto.
— Vamos logo, não quero chegar atrasado — avisa ele com a voz manhosa.
acena que sim com a cabeça e eles retomam a caminhada. O esbarrão no homem desconhecido faz a jovem ficar mais em alerta. De repente, ela percebe que não é paranoia de sua cabeça e que realmente há algo errado. Uma tenebrosa sensação de perigo a acomete, a mesma sensação que tinha quando estava no Brasil e homens iam atrás de seu pai por conta de suas dívidas com jogo. Ela olha para o outro lado da rua e vê um outro homem estranho observar os passos dela e do irmão. Com medo, carrega Fuyuki, meio desengonçada, e acelera o passo para chegar mais rápido ao seu destino. Ela só atravessa a rua para deixar Fuyuki em sua escola quando chega na porta dela, após deixar o irmão em segurança, retorna ao portão de sua escola e vê o mesmo homem estranho observando tudo do outro lado da rua. Apavorada, a jovem entra junto com os outros alunos, se perdendo entre eles.
A Yoshida praticamente corre até sua sala no terceiro andar e senta-se em sua carteira, a penúltima da fileira das janelas. Seus amigos ainda não haviam chegado e ela consegue se acalmar antes que isso aconteça. Quem será aquele homem, que era visivelmente japonês e esquisito, que estava seguindo ela? O que ele queria? Será que o inferno que era sua vida no Brasil, com todas as escapadas que tinha que fazer para fugir dos cobradores de seu pai, está de volta? Ela tenta controlar o choro, não saberia como explicar tal realidade aos amigos.
O “bom dia” super alegre dado por Kohshi faz olhar para ele e os outros que adentram a sala pela porta traseira. Ela os cumprimenta de volta e retribui o sorriso meigo dado por que passa por ela para sentar em sua mesa deixando seu perfume no ar. O cheiro dele parece acalmá-la mais, a fazendo respirar profundamente, esquecendo parcialmente de sua aflição atual. O professor de Língua Japonesa entra e todos sentam-se em suas carteiras para o início da aula. Logo, outra aflição atinge assim que o professor começa sua bronca em forma de discurso.
— … realmente estou muito desapontado com alguns de vocês — diz o professor enquanto é observado pelos alunos com olhares apavorados. — Sinceramente, eu não sei direito o que faço com vocês. Alguns eu já esperava pelas notas pífias do primeiro período — ele olha para determinados alunos que congelam ao receber tal olhar —, outros, foi uma grande decepção. — Os olhos dele correm novamente pela sala passando por outros alunos que têm reações diferentes. — Um exemplo é a senhorita Yoshida — seu nome ser mencionado pelo professor faz quase cair de sua cadeira, se atrapalhando e levantando sem ser solicitada. Alguns alunos riem da reação exagerada dela. —
Sente-se! — ordena o professor, ainda sério, e volta a se sentar muito envergonhada. — Sua nota, senhorita, foi uma das piores da parcial do período, achei que a senhorita fosse se empenhar mais para se igualar aos seus colegas ou até mesmo superá-los.
O olhar severo dele mal deixa tirar seus olhos de seu caderno em cima de sua carteira. Um pouco atrás dela, observa o sermão com uma vontade imensa de consolar .
— Mas, em compensação, vejo que a senhorita é esforçada em outras matérias e nas atividades em classe que eu aplico. Pensando nisso, eu vou te dar uma chance, senhorita Yoshida. — encara o professor com o coração acelerado. — Senhor Murakami — chama ele.
— Sim, senhor. — levanta-se, encarando o professor respeitosamente.
— O senhor será responsável por ajudar a senhorita Yoshida a estudar para as provas finais no final do período. Suas notas são as melhores da turma e vejo que já tem certa amizade com a jovem Yoshida.
— Tenho sim, senhor. — Em sua mente, vem o pensamento de que é mais que amizade a relação que ele tem com , mas ele prefere guardá-lo para si. — Será um prazer ajudar a — diz ele, olhando rapidamente para a amiga que sorri em agradecimento.
— Ótimo. Depois da aula vocês podem combinar essa ajuda, está bem?
e concordam com um gesto de cabeça e o professor sorri, satisfeito. A aula começa e demora para terminar. já sabia que tiraria uma nota ruim pelas revisões que fez em sua casa após a prova, só não sabia que seria tão baixa assim. O que a deixa alegre é a ideia de ter a ajuda direta de , que já a ajudava antes, mas agora será com mais frequência.
Após a aula, os dois combinam de já começarem a se ver fora do colégio para aulas particulares. sugere que comecem logo hoje, mas prefere avisar aos pais primeiro antes de levar um rapaz até sua casa.
As horas se passam, o período do almoço está quase no fim e está lavando suas mãos após usar o banheiro. Antes de deixar o local, a jovem Yoshida é barrada por três garotas que logo ela reconhece quem são.
— Ora, ora, se não é a brasileirinha — zomba Ayumi que é seguida por Saori e Yumi, cada uma de um lado de seus ombros.
— Ayumi-san…
— Não tem mais respeito por mim?! Não te dei permissão para me chamar pelo
nome — briga a outra dando um leve empurrão em .
— Não me lembro do seu sobrenome — devolve, dando de ombros.
— Que seja! — brada ela. — Eu sinto raiva dessa sua suposta inocência, sabia? — Ela dá passos curtos na direção de que caminha devagar para trás.
— Me deixe em paz, Ayumi — diz , irritando-se. — Eu não te fiz nada!
— Ah, não fez?! — Ayumi alcança e a segura pela gravata, puxando-a para cima. — Você quer o que é meu! — brada ela, descontrolando-se.
— Não quero nada seu, sua doida! Do que está falando? — indaga , confusa.
— O ! — Ayumi empurra com força, fazendo a jovem cair no chão encarando a outra assustada.
— ?
— Ele é meu namorado, sabia? — Tal indagação faz paralisar, ela não esperava por isso. tem namorada? Mas como? Ele não disse nada… — Fique longe dele, sua brasileirinha aproveitadora!
— Não fale assim comigo! — Ela levanta-se novamente, enfrentando a outra.
— Que audaciosa! — diz Yumi, espantada com a atitude de .
— Não tem medo do que a Ayumi possa fazer com você por se envolver com o namorado dela? — provoca Saori, rindo.
— Sua quatro-olhos esquisita! — Yumi e Saori riem da zombaria, mas são interrompidas pelo grito irritado de Ayumi.
— Caladas! — Ela volta a encarar , segurando novamente em sua gravata, erguendo-a para cima com força. segura a mão de Ayumi. — Que tipo de relação tem com o ?
— Ele é meu senpai e meu amigo… — responde , mantendo seu olhar fixo na outra.
— Não interessa! Se afaste dele, ele é
meu namorado! — Ayumi repete a ameaça. — Fique longe dele, aproveitadora! — Furiosa, Ayumi empurra com mais força que antes e a jovem volta a cair no chão do banheiro.
— Ensina uma lição para ela, Ayumi — incentiva Yumi que é seguida por Saori.
— Ponha ela no devido lugar!
— É o que eu farei. — Ayumi ergue o olhar e vê um balde com água encostado no canto do banheiro. A jovem caminha até ele e o carrega. — Isso é por ter se atrevido a chegar perto do
meu . — Ela derruba toda a água na cabeça de que segura a respiração para não se afogar com o impacto.
— Pare! — grita ela, desesperada. — Ahhh, pare, Ayumi! — Ela agradece mentalmente por não estar com seu celular agora.
— Se eu te ver novamente perto dele, isso que fiz não será nada ao que te aguarda, Yoshida! — brada com raiva e joga o balde na direção do rosto de que não consegue desviar a tempo. Seus óculos caem no chão e ela sente sua cabeça doer.
Nesse momento, uma voz invade o banheiro.
— Deixem a Yoshida-san em paz, suas invejosas! — grita a voz, enfrentando o trio que olha para ela com nojo.
— Aimi Inoue… — sibila Ayumi. — Sempre se metendo onde ninguém a chama.
— Saiam daqui, víboras! — ordena Aimi.
— Vamos, meninas, o banheiro ficou totalmente inabitável agora. — Ayumi ri do próprio comentário e deixa o banheiro, seguida por suas amigas.
— Você está bem, Yoshida-san?! — Aimi agacha, ficando na altura de e a olha com certa pena.
— Sim, obrigada. — curva o tronco levemente e agradece a ajuda.
— Sou Aimi Inoue, da turma A — apresenta-se ela com um sorriso amigável.
— Prazer em conhecê-la, Inoue-san.
— Prazer é meu. — Aimi sorri de volta e ajuda a se levantar. — Venha, eu tenho um uniforme reserva. Posso te emprestar.
— Oh, obrigada! Muito obrigada, nem sei como agradecer direito!
— Não se preocupe, é um prazer ajudar.
As duas sorriem uma para a outra e se olha rapidamente no espelho vendo sua situação: os cabelos molhados e bagunçados, grudados em seu rosto, seus óculos arranharam um pouco nas lentes e, no lugar onde o balde atingiu, exibe um machucado avermelhado. Aimi e saem do banheiro e dão de cara com o trio de amigos: Kohshi, e Take.
— , o que houve? — Espanta-se assim que a vê toda molhada.
— Eu acabei exagerando com a água — ela responde, sem jeito, e tenta esconder o rosto para que não vejam o machucado perto de seu olho.
— É, eu vou ajudá-la a se trocar — pronuncia-se Aimi e recebe o olhar curioso dos três.
— Oh, é a Aimi-chan — diz Take, sorridente.
— Aimi-chan? — sussurra Kohshi com o ar confuso.
— Da turma A — afirma o mais novo e Kohshi ergue ambas as sobrancelhas, surpreso por não se lembrar da fisionomia de Aimi, com quem estudou no ano passado em outra escola.
— Verdade, né? — diz e volta seu olhar para . — Vamos esperar você no auditório, tá?
— Tudo bem.
— Vou guardar um lugar para você também, Aimi-chan — diz Take sorrindo para Aimi.
— Obrigada, Aikyo-san — agradece a jovem.
— Me chame de Take. — Seu sorriso se abre ainda mais e, por algum motivo, isso incomoda Kohshi.
— Vamos logo antes que não sobrem mais lugares para nenhum de nós — comenta Kohshi, ainda incomodado, e puxa o irmão pela manga da camisa, arrastando-o para longe.
sorri para e segue os amigos. e Aimi seguem o caminho inverso e a jovem Inoue se vira eventualmente, nos poucos segundos que dura o caminho, para olhar para Kohshi percebendo que ele faz o mesmo.
“Ele é bem bonito, apesar de ser um pervertido”, ela pensa e espanta o pensamento em seguida, voltando a se concentrar em . Ambas vão até o armário de Aimi, na entrada da escola, onde ela guarda um uniforme extra para emergências. Depois do evento de hoje no banheiro, cogita fazer o mesmo. As duas chegam até o armário de limpeza onde começa a se trocar e inicia-se uma conversa amigável.
— Inoue-san, mais uma vez obrigada pela ajuda — diz novamente enquanto retira a blusa molhada.
— Não há de que, Yoshida-san. E, por favor, me chame de Aimi — pede a jovem sorridente.
— Então me chame de . — Ela sorri de volta e ambas concordam com a cabeça. — Posso te fazer uma pergunta, Aimi?
— Claro — diz ela.
— A Ayumi e o já… eles já tiveram algum relacionamento ou ainda têm? — sente-se envergonhada por estar perguntando isso e sente também enciumada e com raiva somente pela possibilidade de ainda namorar Ayumi e a ter enganado.
— O Murakami-san da sua turma? — indaga Aimi e afirma com a cabeça. — Oh, não! Ela demonstrou gostar dele quando estávamos no fundamental, mas ele nunca deu bola para ela.
— Sério?
— Oh, sim — afirma Aimi enquanto veste a blusa que ela emprestou. — Vocês são muito amigos, né?
— Sim. — Ela sente o rosto corar, involuntariamente. — Aimi…
— Hm?
— Por que me ajudou? Nem nos conhecemos direito e você foi tão amiga para mim — diz a jovem Yoshida colocando a gravata em volta de seu pescoço e começando o nó.
— Eu quis te ajudar porque eu sei o inferno que é ter a Ayumi no pé — diz a Inoue com certa raiva em seu tom de voz. — Ela consegue ser insuportável quando implica com alguém, digo por experiência própria.
— Ela já implicou com você? — indaga concluindo o nó em sua gravata e ajeitando a mesma em seu pescoço.
— Já. Desde o ensino fundamental que ela vem me atormentando. Esse ano eu tive a sorte de cair em uma turma diferente da dela — explica a garota com alívio. — Quando eu vi a cena se repetir com você, o inferno de ter Ayumi e suas amigas atormentando sua vida, eu me senti na obrigação de te ajudar, . Eu não podia ficar quieta — completa Aimi e a encara com o olhar agradecido.
— Você é demais, Aimi, foi muito corajosa — elogia ela.
— Obrigada! — diz Aimi e completa: — Eu sempre quis falar com você antes, mas você sempre andou com os meninos e eu me sentia intimidada — confessa a jovem e sorri.
— Ah, eles são bem legais — diz . — Eu achava eles chatos antes de conhecê-los, mas vi que eles não são nada chatos.
— Ah, entendo. — Aimi sorri também. — Que bom que serviu a roupa.
— Sim! Perfeitamente! — Analisa olhando para si mesma. — Hoje mesmo eu lavo e deve estar pronto amanhã ou talvez depois de amanhã, ok?
—
Daijoubu ne! Fique tranquila, , leve o tempo que precisar para me devolver — tranquiliza ela. — Vamos para o auditório juntas?
— Claro! Ah, você quer lanchar comigo e com os meninos após a aula? — convida ela. — Vamos à lanchonete que tem a três quadras daqui — explica enquanto saem do depósito indo na direção do auditório.
— Será que eles se importariam se eu fosse? — diz Aimi um pouco sem jeito.
— Claro que não! Eu apresento vocês após a palestra, ok?
— Tudo bem. — Ela sorri. — É porque acho que um dos Aikyo não gosta de mim, sabe?
— Qual?
— Acho que ele é o mais velho…
— Kohshi?
— Isso! Ele mesmo — afirma Aimi, ambas andam lado a lado já descendo as escadas. — Desde o fundamental que percebo os olhares emburrados dele para mim. Sem contar aquele boné sugestivo que ele usa por aí.
— Qual boné?
— Aquele que está escrito “instrutor de sexo” em inglês. Nossa, que pervertido! — Um arrepio percorre Aimi apenas em pensar nisso. ri.
— Já disse para ele não usar esse boné na escola. Vão acabar denunciando ele por perversão qualquer dia desse — brinca a garota. — Mas sim, Kohshi me pareceu carrancudo quando o conheci, mas ele é um doce — revela . — Vai gostar dele.
— O problema será ele gostar de mim. — Ambas riem e elas chegam até a saída do prédio.
— Não se preocupe, Kohshi é muito fofo, vai ver ele te olha assim porque não te conhece direito, né?
— É, talvez seja isso.
As mais novas amigas seguem o caminho até o auditório conversando mais um pouco. Ao chegarem lá o encontram lotado de alunos que foram assistir à palestra sobre meio-ambiente que faz parte da aula de Educação Cívica. Elas demoram alguns segundos para encontrarem os rapazes que guardaram lugar para as duas. Assim que os localizam, elas vão até eles e se acomodam nas cadeiras, a de é ao lado da de e a de Aimi está entre Kohshi e Take. Mesmo levemente incomodada por estar perto de Kohshi, a jovem Inoue tenta prestar atenção no que o palestrante diz, já o Aikyo ignora a moça. Na ponta da fileira, tenta esconder seu machucado de que o cobre com a mão. Sorte que o lugar que ele guardou é do lado oposto ao machucado dela.
Após a palestra, que toma os dois últimos horários, a turma é liberada. São quase 15h e todos deixam o auditório, retornando às salas para recolherem seus materiais. Sorte dos amigos que hoje não é dia deles arrumarem a escola. É costume que toda semana um dos alunos de cada turma fique responsável pela limpeza de suas respectivas salas e dos demais ambientes do colégio. Bom para os amigos que hoje não é esse dia premiado para eles. Os cinco deixam o colégio juntos e cumpre o prometido, apresentando os rapazes a Aimi que logo é acolhida por e Take, já Kohshi ainda fica meio sem jeito perto dela, mas ainda assim a cumprimenta.
No caminho até a lanchonete, acaba se distraindo de seu objetivo inicial que era esconder seu machucado.
— Meu Deus, ! — espanta-se Take e todos olham para ela. — O que foi isso no seu rosto?
— Hm? — Ela rapidamente cobre o machucado, mas já havia visto.
— Deixa eu ver melhor — pede ele, carinhoso, e ela abaixa as mãos devagar. — O que houve?
— É… eu… — gagueja a jovem sem saber o que dizer. Aimi tenta ajudá-la.
— Ela acabou caindo no banheiro e bateu a cabeça na pia, não foi, ? — instiga ela enquanto os olhares dos rapazes pendem de uma para a outra.
— Sim, eu… eu escorreguei e caí, acabei me machucando. Foi isso sim — afirma ela, ainda gaguejando, tentando convencer os amigos.
— Aimi, ainda não te conheço direito para dizer que está mentindo — inicia —, mas você, — ele volta seu olhar para ela e repousa sua mão cuidadosamente sobre o machucado dela —, eu conheço e
sei que está mentindo.
— …
— O que aconteceu de verdade? — Ele repete a pergunta e se rende à verdade.
— A Ayumi jogou água em mim — ela diz, baixinho e de cabeça baixa.
— Não entendi. — desce sua mão até o queixo de e ergue seu rosto para que ela o encare. O olhar dele… é impossível mentir.
— A Ayumi jogou água em mim — repete de maneira mais audível e ouve-se o espanto dos irmãos Aikyo.
— Que absurdo! — brada Take.
— Por que ela fez isso? — indaga Kohshi também indignado.
— Ela disse que eu deveria ficar longe de você, — confessa ela, ainda encarando ele que mantém seu olhar firmemente nos olhos de . — Disse que vocês são namorados.
— Isso é mentira! — apressa-se controlando seus ânimos em seguida. — Ela não podia ter feito isso… olha o seu rosto, …
— O balde caiu no meu rosto…
— Foi a Ayumi quem jogou! — corrige Aimi e recebe o olhar espantado de Kohshi.
— Sério?
— Sim — confirma ela, em lamento, e o olhar de cintila querendo derramar lágrimas de raiva.
— Passou algum remédio? — ele faz a pergunta diretamente para .
— Não, não me lembrei…
— Venha, vamos na farmácia. — Ele puxa pelo braço e começa a caminhar firmemente na mesma direção da lanchonete, os outros os seguem.
— Espera, … espera — pede e para de andar, olhando para ela.
— Sim?
— Vamos comer primeiro, estou com fome — diz e ele solta uma risada abafada.
— Primeiro vamos cuidar desse machucado, está inchado, — alerta o jovem.
— Nós fazemos o seu pedido, . Sabemos o que gosta de comer — diz Take chamando a atenção dela.
— É, enquanto isso você e vão à farmácia e cuidem desse machucado. Realmente está inchado, pode piorar se não cuidar logo — reforça Kohshi.
— Eles têm razão, — diz Aimi e percorre seu olhar por todos eles.
— Está bem. — Ela se dá por vencida e os dois atravessam a rua para irem à farmácia.
— Sua birrenta… — sussurra para que abre a boca em protesto, mas recebe um beijo em sua bochecha. — Eu vou cuidar de você — ele diz com a voz mansa e sorri para ela.
não diz nada e eles entram na farmácia. Após comprar algumas gazes, remédio e esparadrapo, começa a fazer o curativo dela no banco da praça que fica no meio desse quarteirão. É uma praça pequena, nem tem parquinho para as crianças de tão pequena que é. Com cuidado, Murakami limpa em volta do ferimento e depois aplica um pouco de remédio para que não infeccione. Em seguida ele coloca a gaze dobrada em cima do local.
— Segura para mim — pede ele e segura a gaze enquanto ele corta alguns pedaços de esparadrapo. Devagar, ele aplica os pedacinhos nos quatro cantos da gaze e usa um pedaço maior para atravessá-lo. — Prontinho, senhorita — avisa ele, sorrindo.
— Obrigada, — diz ela, sem jeito.
— Não dê ouvidos ao que a Ayumi disse, está bem? — inicia ele. — Nós nunca tivemos nada, é tudo coisa da imaginação dela. Confesso que ela se declarou para mim, ainda no fundamental, mas eu a rejeitei porque eu nunca gostei dela e de suas atitudes com os outros alunos. Ela é mesquinha e perversa…
— Percebi.
— Sinto muito que tenha passado por isso. — Ele leva sua mão ao rosto dela e acaricia o local, fazendo fechar momentaneamente os olhos.
— Que bom que não mentiu para mim — ela diz voltando a abrir os olhos.
— Nunca mentiria para você. — Ele sorri de maneira fofa e aproxima o rosto de , beijando-a com suavidade. — Eu gosto de você, minha querida.
O jovem Murakami volta a beijar com doçura. O beijo o anima, o fazendo apertar a cintura dela, erguendo os corpos pela excitação do ato, mas logo ele mesmo interrompe tudo com medo de faltar com o respeito. não é o tipo de rapaz que força nada, ele deseja , inegável, mas ele quer que seja uma primeira vez inesquecível para ambos. Óbvio que ele, apesar de não ter experiência própria, já leu bastante sobre o assunto e sabe que, normalmente, as primeiras transas de uma pessoa podem não atingir as expectativas positivas depositadas. Mesmo assim, deseja que a dele com seja incrível para os dois e ele não medirá esforços para isso.
Mas, nesse instante, enquanto caminha ao lado de até a lanchonete onde os amigos os esperam, ele está pensando no que a Ayumi fez. A raiva que sentiu ao ouvir o ato repugnante dela faz o sangue do jovem ferver. O que ele poderia fazer para que isso não se repetisse? De imediato, um pensamento ruim passa pela mente do rapaz. Não, ele não poderia chegar
tão longe apenas para evitar que recebesse outro ato parecido. Ou poderia? Hm, enquanto caminha ele amadurece a ideia inicial e chega a uma menos
trágica. Então, ele pega o celular em seu bolso e manda uma mensagem para um conhecido. O teor da mensagem:
parar a Ayumi.
Capítulo 7 – Flagrante
Dias depois…
Nos dias que se passaram, ela não teve nenhum incidente com nenhuma das meninas que a enfrentaram naquele dia no banheiro. Ela não sabe, mas, curiosamente, após a aparição de dois homens estranhos, as três meninas simplesmente deixaram de perturbá-la. Malmente olham para a Yoshida. não entende o motivo, mas gosta de saber que se livrou delas. Nesse período ela também desenvolveu mais sua amizade com a Aimi. Mesmo sendo de turmas diferentes, as duas saem juntas e se divertem muito. A aproximação da Inoue com os rapazes também têm sido natural e nem mesmo o Kohshi a estranha mais, até dão risadas juntos. Nesse momento está acontecendo o treino do time feminino de vôlei e, logo após, terá ensaio da peça que apresentarão juntamente com os alunos da turma A. Kohshi havia deixado a arquibancada do ginásio para ir ao banheiro e aproveita para confessar algo ao outro irmão.
— Sério, cara? — espanta-se Take após confessar que beijou no acampamento e naquele dia na pracinha.
— Sim — ele sorri com a lembrança dos beijos e fica sem graça.
— Kohshi e eu percebemos uma aproximação de vocês, imaginamos que você estivesse sentindo algo por ela — diz Take de maneira simples.
— É? Hm, confesso que estou sentindo algo bem forte por ela e específico também — o Aikyo mais novo encara o amigo com o olhar confuso, franzindo sua testa.
— Como assim?
— Ela me deixa… bom, ela… — ele limpa a garganta antes de continuar. — Confesso que, às vezes, não é sempre, ok? Bom, às vezes, eu fico… fico
excitado quando a vejo — Take abre a boca e a cobre com uma das mãos.
— Murakami, seu safado! — zomba o mais novo, rindo, e o empurra levemente.
— Sério, não é sempre que isso acontece! — desespera-se ele e Take segue rindo da reação do amigo.
— Ok, cara, já entendi — ele se recupera das risadas e continua: — Você é virgem, né?
— E ela também — Take volta a abrir a boca em espanto.
— Como você sabe? Vocês tentaram…
— No acampamento, quando ela se perdeu — confessa , ainda envergonhado.
— Não seria o local mais apropriado para se ter uma primeira vez — afirma ele.
— Por isso mesmo que não fizemos — ratifica . — Além do mais, ela estava visivelmente com medo e insegura. Eu também estava, mas ela bem mais.
— Creio que encontrarão o melhor momento para fazer tudo ser incrível — Take põe a mão no ombro do amigo e aperta passando sua força para ele. — Não esquenta com isso agora, curta a , saia com ela, a conheça melhor. Ela é uma garota incrível.
— Sim, ela é… — diz com o olhar perdido na quadra onde está treinando agora. — E tão linda…
— Está apaixonado, meu amigo? — volta a olhar para Take e sorri.
— Estou — afirma ele com convicção.
Os amigos sorriem em cumplicidade e, ao mesmo tempo, Kohshi retorna do banheiro. conta para o mais velho o que acabou de contar a Take e também recebe o apoio do amigo. Sentindo-se encorajado, Kohshi também confessa algo.
— Eu gosto da Aimi.
— Grande novidade — zomba Take, recebendo o olhar entediado do irmão.
— Cala a boca, Take — diz o mais velho. — Acho que eu gosto dela desde o fundamental.
— Me lembro dela lançando alguns olhares
sugestivos para você, cara — diz , risonho.
— Sério?
— Sim, muitas vezes, inclusive — afirma.
—
Muitas vezes — enfatiza Take de maneira exagerada.
— E por que nunca me falaram nada? — indaga ele, indignado.
— Porque você nunca perguntou — brinca Take, rindo. o acompanha.
— E porque você sempre foi meio fechado para essas coisas. Particularmente, achei que estivesse focado nos estudos apenas — explica .
— E estava, mas… a Aimi prende minha atenção.
— Awn, que fofo — Take retoma o tom de zombaria.
— Take! — exclama Kohshi, irritado.
— É muito fácil irritar você, irmão — ele ri abertamente e Kohshi rola o olhar.
— Tirando a parte da zoeira, acho que o que o Take quis dizer é que sempre soubemos que você sente algo pela Aimi, mas nunca se permitiu sentir por causa do seu foco nos estudos — afirma .
— Exatamente isso, Murakami-kun! — afirma Take, risonho, e enfeitando sua voz.
— Deveria contar a ela… — incentiva .
— Será que ela me rejeitaria?
— Só saberá quando se confessar, meu amigo — diz .
— Mais uma vez o Murakami-kun tem razão, meu irmão — alerta Take e dá tapinhas nas costas do irmão.
O olhar do mais velho se volta para a quadra, na direção onde Aimi está. Ela é tão meiga e fofa que Kohshi tem vontade de colocá-la dentro de seus braços e não soltar mais. A franja dela que cai perfeitamente em sua testa, movimenta para cima e para baixo com os saltos dados pela jovem, que é a levantadora da equipe – enquanto é a líbero. Agora, Take observa o irmão e o amigo lançando olhares apaixonados para a quadra e ri da situação deles. Ele já se envolveu com algumas garotas, mas nada sério. Ainda assim, mesmo vendo a mudança nos amigos, ele não se vê namorando nem se apaixonando por ninguém. Pelo menos não agora e o jovem Aikyo está bem resolvido com isso.
Algumas horas depois…
Os alunos das duas turmas do primeiro ano estão agitados e aglomerados pelo palco do teatro do colégio e seu
backstage. Hoje é um dos últimos ensaios para a peça Romeu e Julieta que apresentarão dentro de alguns dias para toda a escola e a apresentação será aberta aos pais dos alunos que certamente comparecerão.
Os papéis estão definidos e hoje, especificamente, todos estão provando os figurinos que usarão no dia da peça. Kohshi interpretará o “Frei Lourenço” que foi para quem Romeu confessou seu amor por Julieta e este aceitou casar os dois em segredo. Take interpreta o “pai Capuleto” que é o pai da Julieta. Já Aimi interpretará a “ama da protagonista”. Os papéis principais estão a cargo de , que será o Romeu, e , que será a Julieta.
De todas as cenas que ensaiou, a única que não foi finalizada por foi a cena do primeiro beijo entre os personagens dela e de . O motivo é óbvio:
a vergonha. Há uma grande diferença entre beijar sem ninguém estar olhando e fazer isso na frente de todos os colegas, imagina na frente de uma plateia
lotada de pais e alunos de
todo o colégio. Só de pensar nisso, o coração de cola nas costelas, espremido de temor. Certamente ela não conseguiria se controlar e ficar
apenas no beijo simples. Estar na presença do jovem Murakami sem agarrar seu pescoço e beijá-lo já é algo bastante difícil, imagina controlar esse desejo na frente de um público atento à cena.
nem gosta de pensar sobre.
Alguns dias depois…
Festival de Talentos da Escola Secundária de Yokohama
Finalmente chega o dia do festival e a escola está mais cheia que o normal. Até agora já foram apresentadas algumas turmas e todos foram muito bem aplaudidos e ovacionados. São quase 2h da tarde e daqui a pouco será a vez das turmas do primeiro ano se apresentarem.
— Estou tão nervosa — comenta Aimi estalando os próprios dedos das mãos enquanto tem um vislumbre do palco de onde está agora.
— Não fique preocupada, Aimi-chan — diz Take, aproximando-se. — Faremos um bom trabalho — finaliza ele ajeitando sua roupa como pai da Julieta. — Então,
filhinha, está preparada? — brinca ele direcionando seu olhar para que apenas sorri para o amigo.
— Respira fundo, — sugere Kohshi já vestido como frei. Quando o vê, Aimi dá um sorrisinho cômico.
— Estou tentando — ela finalmente responde com a voz um pouco trêmula. — Ai, tenho medo de…
— Não tenha medo, eu estarei lá com você — anuncia sua presença e todos olham para ele que, na opinião pessoal de , está
extremamente bonito vestido de Romeu. — Todos nós estaremos — ele completa, sorrindo para ela.
— Obrigada, — ela agradece. — Obrigada a todos vocês pela força.
— Você será excelente e não liga para o que comentarem, sabemos bem
quem pode tecer algum comentário negativo — Kohshi lança a suspeita em cima de Ayumi, vide sua fama e os últimos acontecimentos relacionados à amiga.
— Creio que ela não seja um problema — comenta com um quase imperceptível sorriso de canto de boca que facilmente é percebido por Kohshi.
— Assim espero! — diz Aimi voltando a olhar para o palco.
— Gente, vocês entram em dois minutos, ok? — diz o professor Kirigaya, se aproximando e logo se afastando dos alunos.
— Não tem mais volta, né? — indaga Aimi retoricamente.
— Não… — sussurra .
— Os pais de vocês vieram? — levanta Take, de repente.
— Sim! Os meus pediram licença do trabalho para ver nossa apresentação — responde Aimi.
— Uau, que responsabilidade! — diz o Aikyo mais novo.
— E os seus, ? — pergunta Kohshi e os olhares se voltam para ela.
— Vieram sim e o meu padrinho também disse que viria — diz ela dando um leve sorriso. — Espero não causar nenhuma discórdia entre eles…
— Por que causaria? — pergunta com um ar de confusão.
— Bem, é que…
— É agora, gente!!! — grita Kirigaya, interrompendo a fala de , e todos voltam a focar na peça.
É hora do show!
No decorrer da peça, tudo correu bem. Ninguém caiu ou tropeçou nas palavras, errando as falas; ninguém gaguejou; ninguém esqueceu as falas. Tudo tranquilo… Até o momento de agora, a cena que decorre agora é a cena que a mais teme:
o primeiro beijo. Consiste na cena do jantar realizado pela família Capuleto, família de Julieta, em que Romeu e seus homens entram infiltrados. Nesse instante Romeu, ou , vê a Julieta, no caso a , pela primeira vez e se apaixona pela destreza, atitude e beleza da jovem sem ao menos saber de quem se trata, de qual
família ela é. Sendo assim, o jovem a corteja e, finalmente, a beija. E é justamente nessa parte que trava. Ela está envolta nos braços de que a segura delicadamente com a mão esquerda em suas costas, na altura do quadril, e a direita repousada em seu rosto.
— Você está bem? — cochicha ele, próximo ao rosto dela, o hálito quente do jovem batendo no rosto de .
— Todos estão nos encarando, eu… eu estou… — ela gagueja e fecha os olhos com força.
— Se quiser eu posso te virar um pouco e te dar um beijo no rosto, ninguém irá notar — sugere ele sentindo o corpo de tremer.
— Vamos ficar assim — se vira um pouco para o lado, ficando um pouco de costas para a plateia que aguarda ansiosa pelo desfecho da cena. — É porque meus pais… quer dizer,
meu pai é muito…
— Ele tem ciúmes da filha dele, não é? — deduz soltando uma risada nasal. concorda com a cabeça. — Não o julgo — comenta. — Eu também teria ciúmes de você.
— …
— Hey — chama ele movimentando sua mão no rosto dela, acariciando o local —, imagina que estamos na floresta, lembra? Quando nos beijamos.
— Mas… — ela hesita, mas o olhar dele lhe transmite segurança.
— Eu vou te beijar agora, está bem?
apenas fecha seus olhos e se deixa ser beijada por que dá um selinho nela arrancando suspiros surpresos da plateia, alguns aplausos precoces e,
especificamente, duas demonstrações de revolta. Os donos delas são, para a não surpresa de : Hiroki e Hayato. Ela os reconhece na hora, mas mantém sua calma, aproveitando o beijo calmo de que só é interrompido quando as cortinas se fecham, encerrando assim essa cena para que o palco fosse arrumado para a próxima.
Algum tempo depois…
Quase no final da peça há outro beijo, o beijo final entre Romeu e Julieta que sela a morte de um deles. Nesse momento a jovem Yoshida não fica tão nervosa quanto na primeira cena, pelo contrário, ela fica bastante à vontade em beijar , que quase sorri ao final do ato. Mais uma vez, resmungos desaprovando a cena são emitidos pela plateia e, mais uma vez, feitos pelo pai e pelo padrinho de .
Nesse mesmo dia, já em casa, a jovem tem uma
longa conversa promovida por eles sobre a peça de hoje. Mais e mais questionamentos sobre quem é Murakami são feitos a ela que responde a maioria com rapidez, mas, as questões sobre o que ele quer com ela, o que ela sente por ele, e por que eles são
tão íntimos juntos, não são respondidas e ela apenas se cala.
Harumi acaba irritando-se com o marido e o amigo e discute com ambos, dizendo que não há a menor necessidade de brigarem com a filha, vide o fato de absolutamente todos terem aplaudido ao final da peça, além de ouvirem elogios à interpretação de como Julieta, vindos dos próprios professores dela e dos de outras turmas. Aproveitando o momento de discussão entre os pais e o padrinho, sai de fininho e volta para seu quarto, fechando a porta ao entrar.
Ela pega seu celular e envia uma mensagem para .
: Eu achei que seria estranho beijar você na frente de todos, mas confesso que eu gostei muito e… e eu queria te beijar de novo. Boa noite, e até amanhã! ”
Em sua casa, está deitado na cama encarando o teto quando sente o celular vibrar próximo a ele. O jovem desbloqueia a tela e vê a notificação de , sorrindo instantaneamente, assim que lê a mensagem, ele a responde.
: “Estou contente que queira me beijar novamente, pois essa é minha vontade desde que descolei meus lábios dos teus na última cena daquele palco. Ah, , eu estou apaixonado por você… de verdade, eu quero… vamos sair juntos? Precisamos fazer isso, né? Enfim, boa noite, , e durma bem.”
Declarando-se e com um sorriso abobado no rosto, volta a bloquear o celular, jogando-o do outro lado de sua cama, e encara o teto de seu quarto com um sentimento de felicidade e realização, além do sorriso bobo que estampa seu rosto agora. Sua mente trabalha para voltar a fazer o pedido amanhã quando encontrar no colégio. Ele mal vê a hora de beijá-la novamente.
[]
Alguns dias depois…
Hoje é mais uma tarde de estudos redobrados para . Desde que suas notas saíram e seus pais descobriram a péssima nota em Língua Japonesa, que principalmente seu pai, Hiroki, a vem obrigando a estudar redobradamente. Como solicitado pelo
sensei, está dando aulas particulares para a amiga – e amada – todas as tarde na casa dela. Ele prefere que seja assim, já que tem medo de seu tio chegar em casa e flagrá-los. Não que o manda-chuva da família Murakami ligue para o que o sobrinho faça ou deixe de fazer, mas não quer que o conheça assim de repente. Conhecendo bem o temperamento
indefinido do tio, sabe que ele pode chegar
a qualquer dia com o humor reverso e tratar mal, a última coisa que quer é conflitos com Hyakume Murakami.
Durante esses dias que vem frequentando a casa de , o jovem Murakami fez amizade com a mãe dela que sempre dá um jeitinho de ficar à sós com o rapaz, tentando sondá-lo sobre suas intenções com a filha. Em uma de suas investidas, a mulher acaba arrancando uma confissão do jovem que conta que eles já se beijaram fora da peça de teatro. Na verdade, só confirmou o que Harumi já desconfiava.
Tal informação não foi compartilhada com o patriarca da família Yoshida, que ainda pensa que a filha
não deve se envolver com nenhum
garoto, principalmente tirando notas baixas como tirou em Língua Japonesa. E como o senhor Hiroki Yoshida está lidando com a filha mais velha tendo aulas particulares com um garoto – que ele enxerga como um grande pedaço de carne cheio de hormônios incontroláveis? Bom, ele não está
lidando tão bem assim, nada fora do esperado por ou por Harumi.
Até então, não teve o
prazer de conhecer o patriarca formalmente. Ele quer isso, já que o que mais deseja é ficar com e, para isso, ele sabe que precisará da aprovação de
toda a família. Harumi e o pequeno Fuyuki, que inicialmente ficava desconfiado perto de , já gostam dele. Agora, falta conquistar a confiança de Hiroki e de Hayato. Sim, o segundo pai de também deve ser conquistado, já que a jovem ama e respeita muito o padrinho. O jovem Murakami tem uma grande missão pela frente.
toca a campainha da casa de e aguarda para ser atendido. Logo Harumi surge à porta.
— -kun! Que bom que chegou — diz a mulher ao abrir a porta e exibe um sorriso contido no rosto.
— Olá, senhora Yoshida! Com licença — diz ele, retirando os sapatos e colocando-os no hall. Harumi fecha a porta e enxuga as mãos no avental.
— Pode subir, meu filho — diz ela um pouco apressada. — Estou com comida no fogo, então não poderei te dar muita atenção, mas a está tomando banho. Pode subir, meu filho, pode ir para o quarto dela. Você já é de casa, já conhece o caminho.
— Oh, sim, senhora. Com sua licença.
Mesmo tímido por subir até o quarto de sem o conhecimento dela, o jovem sobe as escadas e vai até o quarto da garota. Antes, ele passa pela porta do banheiro e ouve a voz de baixinha, cantarolando uma música em português. não entende o que ela está cantando, mas, pela animação dela, ele julga ser uma música feliz. Ele solta uma risada abafada e vai até a porta do quarto dela, abrindo-a e entrando no local, fechando a porta por último.
No quadro que há na parede da cama dela, além de fotos de seus ídolos, pendurou fotos que tirou com os amigos nos passeios que fizeram no verão, além da foto que tirou com eles antes da peça de teatro que apresentaram há alguns dias.
observa brevemente as fotos e sorri, lembrando-se de cada instante por trás de cada imagem. O jovem sente algo enroscando por suas pernas e abaixa a cabeça vendo a figura felina de Sirius se coçar em sua perna. Ele faz um carinho no pelo do gatinho que logo se afasta, deitando-se em sua caminha.
senta-se na cama de e aguarda por ela. Enquanto espera, uma ideia meio doida lhe passa pela mente, ele ri com a ideia e diz para si mesmo que é melhor não. Mas, ele também pensa
“Por que não?” e resolve executar seu pequeno plano.
A ideia é se esconder de e fazer-lhe uma surpresa. Para isso, tira o edredom da cama dela, deita-se ali e se cobre novamente, de maneira que não dê para perceber que há alguém na cama. Como o edredom dela é bastante espesso, o plano dá certo e, quem vê rapidamente, não nota que há um jovem rapaz deitado embaixo do edredom.
Não demora e adentra ao quarto, os cabelos soltos e molhados com uma toalha jogada neles. A primeira coisa que a jovem faz e sentar-se na cama, na ponta dela, e nem percebe que há algo errado. Até que…
— AH!!! — grita ela ao ser surpreendida pelo abraço do seu edredom. — O que é isso?! Ahhh… — ela continua gritando, desorientada, mas logo cai em si, percebendo dois braços lhe segurando e o cheiro
dele nítido no ar. — ! É você!? Ahh, seu bobo! — diz ela, rindo.
— Peguei você! — rebate também rindo, divertindo-se com a brincadeira. O jovem se livra do edredom, jogando o corpo sobre o de e prendendo seus pulsos sem muita força na cama. — Oi, linda — cumprimenta ele com um sorrisinho de canto, os cabelos bagunçados, pendurados em sua cabeça por conta da posição que ele está agora.
— Como entrou aqui? — pergunta ela um pouco ofegante e encarando-o.
— Pela porta — responde de maneira óbvia e ri. — Sua mãe deixou eu subir — explica.
— Dona Harumi e suas surpresas — comenta ela e dá um beijo surpresa na jovem que apenas o retribui ainda de olhos abertos. — ! — diz ao fim do beijo, o rosto vermelho.
— Vou deixar você terminar de se arrumar — pisca para ela e joga a mecha de cabelo de para trás de sua orelha, levantando-se em seguida.
não diz nada e o observa sentar-se no chão, ainda perto de sua cama, e começar a brincar com Sirius que se aproxima com a movimentação da dona. também se levanta e vai até sua penteadeira que fica do outro lado do quarto, perto do guarda-roupas, e liga o secador de cabelo na tomada. Ela senta na cadeira, passando o pente para desembaraçar os fios e vê que a observa pelo espelho não deixando de ficar envergonhada com isso, por mais que esteja acostumada. Porém, ela não quer que ele saia do quarto, mesmo envergonhada ela não se sente
intimidada perto dele. Na verdade, ela sente-se
atraída cada dia mais por . Sensação essa que a agrada muito.
Terminando de secar e pentear os cabelos, finaliza seu penteado, jogando as mechas laterais para trás de sua orelha e ajeitando sua franja, colocando os óculos no rosto por fim. Ela se levanta da cadeira e o olhar de ainda está sobre ela. Com o rosto corado, a jovem caminha até sua pasta, pegando-a e senta-se no carpete. Ela chama para acompanhá-la e ele o faz, puxando sua mochila para perto de si e pegando seus livros dentro dela. Desde o início das aulas de Língua Japonesa, vem tendo evoluções, principalmente com o estudo de kanjis, tanto a escrita quanto suas variadas leituras, que é a grande dificuldade da jovem.
Durante a primeira hora de estudo, os dois jovens ficam concentrados, principalmente , ainda tem o olhar abobado para ela, mas tenta se concentrar. Eles fazem uma pausa para esticar o corpo e descansar a mente um pouco. Antes de se levantar, se aproxima dela, sentando-se por cima de seu caderno e livro, e passa o indicador sobre a testa dela, fazendo jogar sua cabeça para trás, deixando sua boca vulnerável. O jovem Murakami aproveita para roubar um beijo dela.
— ! — exclama ela, rindo após o beijo, o rosto de ainda muito perto.
— Estava com saudades — confessa o rapaz e volta a ficar com o corpo reto, faz o mesmo.
— Também estava — ela sorri para ele que aperta a bochecha dela.
— Eu estava pensando…
— Em quê?
— E se nós viajarmos juntos? — sugere.
— Ah, seria divertido! Podemos chamar a Aimi também e… — empolga-se , mas é interrompida.
— Falei de irmos somente nós dois, — esclarece e desmancha sua feição alegre dando lugar a uma surpresa.
— Ah, eu…
— Quer viajar comigo? — ele volta a pedir e segura a mão dela. — Conheço um lugar que você iria adorar conhecer também.
— Qual?
— Kyoto.
— Ohh, eu ouvi falar! Papai fala bastante de lá — comenta ela voltando a ficar animada. — Mamãe me disse que eles foram lá quando eram jovens e tiveram a primeira vez deles… — deixa sua voz morrer, arregalando o olhar e ficando fria de repente.
— Oh… — também sente seu corpo gelar apenas com a possibilidade de ficar a sós intimamente com . — Mas nós não precisamos fazer igual a eles.
— Sim, sim… — gagueja , desviando o olhar.
— Claro que eu adoraria se acontecesse — ele exibe um sorriso bobo e sorri. faz o mesmo.
— Seria… — as maçãs de seu rosto se avermelham com os pensamentos que lhe vêm à mente agora.
— Bom, você aceita ir comigo para Kyoto? — repete a pergunta, ficando mais calmo.
— Eu posso falar com meus pais antes? — indaga ela.
— Claro que pode.
Sentindo-se aliviado e feliz, volta a beijar , mas desta vez com um pouco mais de paixão que antes. Suas mãos encontram a cintura e a nuca dela, puxando o corpo da Yoshida para perto dele. As costas de envergam para trás e seu coração acelera bastante, calafrios consumindo seu corpo ao mesmo tempo em que os lábios de intensificam o beijo. Até que…
A voz estrondosa de Hiroki Yoshida preenche o quarto da filha, fazendo ela e se soltarem imediatamente, afastando-se um do outro de maneira desajeitada.
— O que está acontecendo aqui?! — brada ele, muito irritado.
— Pa-pa-papai… — volta a gaguejar, o corpo tremendo de susto e medo da reação de seu pai à cena que acaba de presenciar.
— Respondam! Quem é você, rapaz?! E o que faz
sozinho no quarto da
minha filha?! — ele se aproxima de , que se levanta rapidamente, recuando, quase caindo sobre a cama de e sem coragem de falar nada.
— Hiroki-kun! — a mãe de chega, puxando o marido para fora do quarto.
— Você sabia disso e deixou?! Harumi! — brada o homem, furioso.
— Venha, querido, vou te explicar — pede a mulher com a voz doce. — Deixe os meninos estudarem.
— Mas, Harumi, esse moleque vai…
— Venha, Hiroki!
Firme, Harumi puxa Hiroki para fora e fecha a porta do quarto de . Antes de se afastarem dali, a jovem Yoshida consegue ouvir o pai bradar do motivo da porta estar fechada e grita sobre o beijo que viu. Envergonhada, cobre o rosto com as mãos, jogando os óculos para longe com o movimento, ainda muito trêmula. Apesar de assustado com a reação do pai de , senta-se ao lado dela e a abraça. Imediatamente ela retribui, ainda trêmula.
— Por favor, acalme-se, — ela afunda o rosto no ombro dele. — Você está tremendo, fique calma, por favor — insiste.
— Você também está — constata ela com a voz chorosa. — Ele vai me matar, , ele vai me matar!
— Calma, ele não vai matar ninguém — ele tenta acalmá-la. — Não fizemos nada errado. Beijar não é errado…
— Mas para o meu pai é! Ah, que merda! Ele nunca veio almoçar em casa, mas que droga! — lamenta-se e se afasta de .
— Hey, emburradinha — ele segura o rosto dela com ambas as mãos, virando seu rosto para ele. — Não se culpe, ok? Nenhum de nós dois têm culpa do que aconteceu. Eu vou descer e falar com seu pai.
— Não, ! — espanta-se ela e puxa a camisa de . — Ele vai brigar com você, é melhor falar outro dia.
— Por que não hoje? — insiste ele.
— Porque ele está irritado e eu conheço bem o papai, é melhor falar outro dia com mais calma.
— Eu ia aproveitar para falar sobre meus sentimentos por você — arregala o olhar. — Seria bom esclarecer para ele também já que sua mãe já sabe.
— Ela já sabe?
— Já, ela descobriu há algum tempo — confessa ele, sorrindo sem jeito.
— Ah, mas o papai vai ficar ainda mais furioso se…
— Não tenha medo, , estarei com você — ele pisca para ela, encorajando-a.
Os dois se abraçam e ouvem uma batida na porta que volta a assustá-los.
— Quem é? — pergunta , temerosa.
—
Posso entrar, filha? — pergunta Harumi com a voz tranquila.
— Pode, mamãe — a jovem respira aliviada por ser sua mãe a bater. A mulher entra no quarto da filha com um sorriso sereno no rosto.
— Como estão? — indaga a mulher e recebe olhares apreensivos de ambos. — Hiroki já foi trabalhar — os ombros de e relaxam e eles suspiram de alívio.
— O que disse a ele, mamãe?
— A verdade?
— Sim — responde, calmamente. — Disse que você e estavam estudando Língua Japonesa por recomendação do sensei de vocês, apenas isso. Ele já sabia que seu orientador era seu senpai, só ficou assustado quando viu o em seu quarto, filha.
— Ele viu a gente se beijar, senhora Yoshida — pontua , vendo a mulher sorrir largamente e voltar a se conter.
— Agora ele sabe que vocês estão… se conhecendo um pouco mais — diz Harumi tomando cuidado ao escolher as palavras. — É isso que estão fazendo, não é? — ela suspende o olhar para os dois.
— Sim — ambos respondem quase ao mesmo tempo.
— Fico feliz por isso — ela relaxa sua expressão e completa: — -kun, qualquer dia que você quiser pode vir aqui para conversarmos todos sobre a relação de vocês dois, está bem? — diz Harumi olhando diretamente para que engole em seco.
— Sim, senhora — afirma ele, tenso.
— Ótimo. Por hoje, acho melhor você ir embora, querido.
— Papai vai voltar? — indaga , espantada.
— Não, mas nunca se sabe, né?
Os dois concordam e riem sem humor. Harumi deixa o quarto, retorna à sala de estar e deixa os dois à sós. abraça e pede desculpas, pois ele não queria conhecer o pai da moça dessa forma trágica. Mesmo assim ele está feliz, pois poderá frequentar a casa dela com um pouco mais de liberdade para beijar a jovem que ele tanto gosta.
Capítulo 8 – Gyoza
Algumas semanas depois…
A Escola Secundária de Yokohama está agitadíssima nos últimos dias.
O motivo é simples:
Festival Esportivo. Tal festival reúne todos os alunos do colégio em uma grande gincana de competições entre times divididos em diversos esportes. A competição já está acontecendo há duas semanas e emocionando a todos que estão super empenhados a fazer sempre o melhor. Hoje é o último dia de treinamentos do time de futebol masculino do primeiro ano. atua como atacante e é muito bom nas finalizações; Take é meio-campo e, normalmente, cria jogadas para os atacantes marcarem, porém ele faz alguns gols também; já Kohshi é o goleiro do time, muito rápido e com uma excelente estatística de defesas; Ren e seus amigos também fazem parte da equipe titular, sendo Ren atuando como atacante igual ao .
está nervosa, ela havia combinado com sua mãe para ensiná-la a preparar
gyoza, que são pasteizinhos fritos ou cozidos a vapor, normalmente os recheios são feitos de carne de porco moída ou legumes (repolho e cebolinha). Sua massa é bem fina, então precisa de ajuda para preparar do jeito certo, já que, se ficar muito grossa a massa, o pastel pode ficar pesado demais para ser ingerido e perder o sabor original. A jovem fará os pastéis para como forma de incentivo para o jovem.
— Ponha mais recheio, querida — orienta a mãe de enquanto supervisiona a filha montar os pastéis.
— Achei que tinha muito recheio — comenta ela em dúvida.
— Desse jeito o -kun irá comer apenas a massa — Harumi ri com o próprio comentário.
— Ai, mamãe — diz . — Será que ele vai gostar? Estou com medo dele não…
— , querida, não fique nervosa — incentiva a mais velha pondo as mãos sobre os ombros da filha e massageando o local. — -kun é um bom garoto, ele certamente irá adorar.
— Ele é mesmo — concorda a jovem pondo um pouco mais de recheio no pastel que prepara.
— Sabia que eu também preparei um
obento para o seu pai quando éramos jovens? — diz a mulher referindo-se ao
obento, que é uma marmita, que deu ao na época colega de classe.
— Sério?
— Sim! A diferença é que tinham sashimis e sushis dentro — pontua ela.
— O papai gostou? — indaga , curiosa.
— Ele ficou tão emocionado que me beijou na frente de todos — Harumi ri com a lembrança.
— Oh, meu Deus! — surpreende-se.
— E olha que nem namorávamos ainda, eu era apenas a senpai dele — conclui a mulher. — Agora, você e -kun já estão mais avançados — arregala o olhar e vê a mãe se afastar um pouco e abaixar o volume da chama que esquenta a água no fogão.
— Como assim, mamãe?! — Harumi ri da reação da filha.
— Quero dizer que vocês dois já se beijaram. No meu caso, nem isso tinha acontecido quando eu dei o obento para o Hiroki — explica-se.
— Oh, sim, verdade — relaxa os ombros, acalmando-se. — Está bom assim, mamãe? — ela mostra o pastel que acaba de enrolar da maneira que a mãe havia lhe ensinado.
— Perfeito, querida. Traga os que estiverem prontos, vou fritar — pede a mulher já pegando a frigideira maior e o óleo para fritar os pastéis.
— O treino é daqui a pouco, será que dará tempo? — pergunta a jovem, apreensiva com o tempo.
— Acalma-se, , vai dar tempo sim.
A tranquilidade de Harumi se contrapõe ao quase caos que está a ansiedade de sua filha. tenta não apressar a mãe, mas está um pouco difícil para ela. A Yoshida mais nova termina sua tarefa de montar os pastéis e entrega a travessa para a mãe que já está fritando os primeiros.
Minutos depois, Harumi já está colocando o último pastel frito na travessa. Ela orienta a esperar um pouco antes de arrumá-los na marmita para que não murchem rápido. Enquanto aguarda, a jovem vai até seu quarto finalizar o bilhete que tinha começado a escrever para na noite anterior. O jogo será amanhã pela tarde, será contra uma das equipes do segundo ano. Ele comentou com a jovem que estava nervoso, pois esse jogo será decisivo para o futuro da equipe do primeiro ano na competição.
Assim que conclui sua pequena carta para , deixa seu quarto e desce as escadas onde sua mãe já a aguarda na sala com o obento pronto e embalado. A mulher entrega para filha a sacola com a marmita e a jovem se despede da mãe, correndo em seguida até a saída de sua casa para ir para escola. Ela recebeu uma mensagem de Aimi avisando que o treino dos meninos havia sido adiantado em meia hora, ou seja: ela está atrasada.
Minutos depois…
corre apressada pelo imenso terreno do colégio. Ela nem se atreve a olhar no relógio para saber que horas são. O trem atrasou pela primeira vez desde que chegou ao Japão, justamente hoje ele atrasou alguns minutos e, por isso, ela chegou um pouco depois do horário que pretendia. Tomando cuidado para não derrubar a marmita, a jovem continua correndo rumo ao ginásio, mas, ao chegar lá, o encontra quase vazio. Ofegante, ela se aproxima de alguns colegas e pergunta sobre o treino e é informada que o mesmo havia acabado mais cedo. Confusa, a jovem vai até o vestiário, pois também recebe a informação de que os rapazes ainda não saíram de lá.
— Olha para onde anda, brasileirinha! — brada Ren, irritado ao passar por e quase ele mesmo derrubar a jovem quando se esbarrou nela.
— Mas foi você quem quase me derrubou! — rebate ela, também irritada.
Ren não responde e sai resmungando até a saída do ginásio. Dando de ombros, entra no vestiário e dá de cara com , que está sem camisa, mas com a parte de baixo de seu uniforme de treino.
— ! — diz ele, espantado ao vê-la ali.
— Oh, meu Deus, … — ela se vira, tampando a lateral do rosto e ficando envergonhada.
— Achei que não viria mais — comenta ele com a voz diferente da habitual. Percebendo a mudança, se vira de frente para ele, ignorando o fato dele estar sem camisa.
— Aconteceu algo? Sua voz parece irritada — diz ela e se aproxima mais dele.
— Não quero falar sobre isso — sorri forçado e a jovem resolve não insistir. — O que tem aí? — indaga ele, mudando de assunto.
— Ah, é apenas. Bom, é apenas… — ela gagueja e, antes de concluir sua fala, é interrompida pela chegada dos irmãos Aikyo.
— -chan! Que bom que veio — diz Take, animado por ver a amiga. O olhar de encontra o amigo que também está sem camisa, assim como seu irmão que vem logo atrás dele.
— Vão se vestir! — reclama vendo os amigos sem a parte de cima do uniforme.
— Você também está sem camisa, sabia? — comenta Kohshi.
— Não me diga que não percebeu? — Take completa a gozação e os encara irritado.
— Oh, eu vou deixá-los à vontade — diz já virando o corpo para sair dali, mas é barrada por Take.
— Não precisa, -chan — o rapaz passa seu braço sobre os ombros de e recebe o olhar
furioso de .
— Take… — sibila o rapaz sem emitir som.
— Take! — alerta Kohshi, em voz alta, vendo o possível perigo contra o irmão que parece não se importar.
— O que trouxe aí? — pergunta Take, curioso à sacola que traz nas mãos, e ignorando os outros.
— É um obento — ela finalmente diz.
— Oh, que fofa! É para gente? — indaga o Aikyo mais novo com um olhar pidão. não tem coragem de dizer que não.
— Sim — a jovem estica a sacola para frente e Take a segura, retirando a obento de dentro dela.
— Oh, está com um cheiro bom — o rapaz aspira o perfume dos pastéis que, mesmo com a tampa da obento fechada, toma conta do ar.
— Obrigado, — diz Kohshi se aproximando do irmão.
— Ah,
gyoza! — anima-se Take ao abrir a tampa e ser invadido pelo cheiro inconfundível da iguaria.
apenas observa a cena, sua expressão enciumada havia sumido. Agora, ele exibe uma feição atônica. Ele
sabe que a obento é para ele,
somente para ele e que disse que era para os três apenas para não magoar Take. Mesmo com os amigos devorando os pastéis sem pudor, o jovem não está chateado. Na verdade, ele está feliz pela lembrança da amiga para ele. Discretamente, retira o bilhete que ela havia grudado na parte de cima da tampa e o esconde atrás do corpo. pega um dos pastéis e prova, admirando-se quando revela que ela ajudou a mãe a preparar tudo e que o recheio foi ela mesma quem fez.
— Estão deliciosos, — pontua Take com a boca cheia.
— Você cozinha muito bem, — concorda Kohshi, sorrindo.
— Estão realmente divinos — a encara com o olhar apaixonado.
— Obrigada, meninos — responde ela, envergonhada, mas também sorrindo.
— Perfeito para recarregar as minhas energias depois do treino de hoje — comenta o mais novo dos irmãos pegando mais um pastel.
— Hoje realmente foi tenso — diz Kohshi.
— O treino acabou cedo demais ou eu cheguei tarde? — pergunta , curiosa.
— Acabou cedo — responde Kohshi.
— Ah, por quê?
— Aconteceu uma briga e o treinador encerrou o treino — Kohshi explica, por alto, e os três trocam olhares deixando irritada.
— O que aconteceu?! — insiste ela, estreitando o olhar para os três.
— Nada de mais, , não se preocupe — tenta disfarçar, mas recebe o olhar penetrante da moça. — Nossa…
— Foi uma briga idiota, não se preocupe com isso — reforça Kohshi.
— É, , fica tranquila e não se preocupe — ratifica Take seguindo a mesma linha dos outros.
— Vão me contar ou eu terei que arrancar a informação de vocês? — ameaça.
— Eu briguei com o Ren — revela e o olhar de recai novamente sobre ele.
— ! — espanta-se ela. — Por quê?
— Porque ele é um idiota — responde o Murakami dando de ombros.
— E porque ele falou mal do seu tio — completa Take e logo em seguida tapa a própria boca, percebendo, devido aos olhares urgentes dos amigos, que não deveria ter dito nada.
— O que ele disse? — diz ela, ainda curiosa.
— Nada, , o Take falou demais — responde ainda com o olhar irritado sobre o amigo que sussurra um “desculpa” para ele fora das vistas de .
— …
— Ren gosta de me provocar, eu não ligo — pontua.
— Não liga e brigou com ele? Hm, sei — ironiza balançando a cabeça para os lados. — Não vou insistir, já que não quer me contar a verdade.
— …
— Vocês viram a Aimi? — indaga ela, mudando de assunto e ignorando .
— Ela saiu antes do treino ser interrompido — responde Take já com o ar risonho de volta.
— Sabem o porquê?
— Bom… — inicia Take já rindo. — Digamos que o ciúme não a deixou continuar vendo o treino.
— Take! — brada Kohshi dando um tapa na nuca do irmão.
— Ciúme? — os encara com confusão. — De quem?
— Algumas meninas do segundo ano estavam gritando pelo Kohshi — explica recuperando-se de ser ignorado por , que agora volta a olhar para ele. — E parece que a Aimi ficou irritada, gritou as meninas e saiu do ginásio — conclui.
— Oh, meu Deus — diz tapando a boca com as mãos.
— É, parece que a Aimi gosta do Kohshi — deduz Take.
— Cala a boca, Take, não tem nada a ver — irrita-se Kohshi.
— Eu nunca reparei… — comenta , pensativa.
— Bom, mas parece que gosta — ri da reação irritada do amigo. — Estamos com a tarde livre, querem dar uma volta? — propõe.
— Seria muito bom, ! — anima-se Take, se afastando do segundo tapa que ia levar do irmão e rindo da ameaça não sonora que recebe do mais velho.
— Vamos, então!
concorda e deixa o vestiário para os rapazes trocarem de roupa. Minutos depois, já de banho tomado, os três saem do vestiário e encontram sentada na arquibancada na companhia de Aimi que, ao encontrar Kohshi, vira o rosto envergonhada por sua atitude impensada de mais cedo.
Os amigos deixam o colégio, rindo animados com o jogo de amanhã. Antes de chegarem na lanchonete onde sempre frequentam, percebe uma movimentação estranha na praça que há próxima e então encontra o olhar penetrante de um homem.
O mesmo homem da vez que foi seguida até o colégio.
[🎌]
Ela está indo para a escola sozinha hoje, pois seu irmão está em um passeio do colégio e já tinha saído de casa logo cedo. A hora no relógio marca que é metade da manhã e a moça está dentro do horário previsto, mas não é por estar atrasada que corre agora. Ela está sendo perseguida. O mesmo homem estranho que a perseguiu junto com outros há algumas semanas surgiu do nada, seguindo a jovem até o colégio. Desde então, ela não tinha o visto mais, porém, desde que saiu de casa há alguns minutos que ela vem sendo seguida por esse homem estranho.
Ela consegue se esconder em um beco estreito que separa um quarteirão do outro, a Yoshida ofega pondo as mãos no peito para tentar controlar as batidas de seu coração, ela nunca ficou tão assustada como agora. Ela queria ter aceitado a carona de seu padrinho que foi até sua casa buscar Fuyuki para ir à escola, queria não ter recusado e talvez não estivesse passando por isso agora. Mas, o que intriga a jovem é o motivo da perseguição. Por que esse homem está fazendo isso? E, o mais importante,
para quem? põe sua cabeça e parte de seu tronco para fora do beco, espionando se pode ou não sair. Não há mais ninguém nessa rua que ela não sabe direito onde fica, já que pegou qualquer caminho só para fugir do homem. Ao ver que a passagem está livre, ela sai dali, ajeitando sua mochila nas costas e caminha olhando para os lados, apertando as alças da mochila. Ela pensa em ligar para o padrinho e pedir ajuda, mas não acha oportuno incomodar o homem durante seu trabalho. Pensa também em ligar para sua mãe, mas certamente ela iria se desesperar e piorar a situação envolvendo a polícia. Antes de tentar pensar em qualquer outra ajuda que possa pedir, escuta um chamado.
— Hey, Yoshida!
Ao se virar, vê a figura aterrorizante do homem. Assustada, ela volta a correr mais e mais rápido que antes, entrando e saindo de becos. O homem está bem atrás dela, muito próxima, mas não a alcança. finalmente consegue sair em uma rua conhecida: a rua lateral a de seu colégio. Apertando mais o passo, ela projeta o corpo para frente, sem olhar para trás, quase tropeçando nas próprias pernas. Ela vira a esquina, entrando na sua de seu colégio e continua correndo, à sua esquerda ela, finalmente avista o muro que o circunda. Alguns alunos caminham passando pela entrada principal e consegue vê-los cada vez mais perto. Só mais alguns metros e…
— Peguei você!
A voz aterrorizante do homem diz e ela sente sua mochila ser puxada para trás com muita força e a outra mão do homem agarrar seu braço, erguendo-a um pouco no ar. o encara assustada, tremendo e com muito medo de morrer nas mãos dele. Como ele sabe o sobrenome dela? Será que ele está a vigiando todo esse tempo? O que ele quer?
— ! — uma voz amiga faz a jovem seguir seu som.
A figura risonha de Aimi é avistada por ela e , em um momento de força única, consegue se livrar do homem, puxando seu braço e livrando sua mochila da mão dele, saindo correndo em seguida. O homem cogita ir atrás dela, mas desiste já que há muitos alunos e adultos passando ali, ele não quer e
nem pode ser visto. corre na direção de Aimi e a puxa pelo pulso, indo para dentro das dependências da escola. Aimi chama pela amiga, vendo o desespero dela, perguntando o que está acontecendo, mas não obtém resposta. continua correndo.
Até se esbarrar em alguém.
— ?! — diz , segurando os ombros dela e logo notando o nervosismo da jovem. — O que houve? Você está pálida! — constata. — Aimi, o que aconteceu? — indaga ele à amiga.
— Eu não sei, — responde. — Eu a encontrei na porta do colégio, tinha um homem estranho e…
— Que homem??? — pergunta , nervoso. o abraça com força atraindo alguns olhares de alunos curiosos. — …
— Você está tremendo, — identifica Aimi.
— Me tira daqui, , me tira daqui! — a jovem se afasta suplicando e agarra o casaco de educação física que usa.
O olhar dela transmite seu desespero. É o suficiente para agir.
Sem pensar duas vezes, o rapaz conduz a amiga ao seu lado na direção oposta de onde estava vindo. Aimi acompanha os dois e logo eles encontram Kohshi e Take, caminhando os cinco para o terraço de um dos prédios, onde costumam ficar diariamente. ajuda a sentar-se perto de uma das estruturas que comportam os fios de internet e telefone de todo o prédio, ela recosta ali pondo as mãos sobre o rosto, retirando os óculos. A respiração dela está ofegante e as lágrimas são inevitáveis agora que tudo finalmente passou.
— Por favor, acalme-se, pequena — a abraça e sussurra próximo ao ouvido dela, respirando fundo para tranquilizar a respiração da moça.
— O que houve? — indaga Kohshi baixinho ao lado de Aimi.
— Tinha um homem estranho agarrando o braço dela — Aimi sussurra em resposta e completa: — Ele parecia querer levá-la contra sua vontade — Kohshi engole em seco ao ouvir a breve explicação do ocorrido.
Poucos minutos são o suficiente para que se acalme. a ajuda, enxugando suas bochechas com os dedos e as aperta levemente ao fim, colocando os óculos de de volta em seu rosto. Agora que passou todo o tormento de sua perseguição, a vergonha toma conta da jovem. nota isso e, para deixá-la mais confortável e segura, senta-se ao seu lado, abraçando-a de maneira carinhosa.
— Está mais calma? — indaga ele vendo soltar um suspiro.
— Acho que sim — a jovem responde ainda envergonhada por ficar neste estado na frente dos amigos.
— O que aconteceu exatamente? — diz com a voz suave.
— Tinha um cara estranho me seguindo desde que eu saí de casa hoje — responde . — Aliás, ele é o mesmo homem que, junto com outro, estava vigiando a mim e a meu irmão quando viemos para o colégio semanas atrás.
— Por Deus, amiga! — espanta-se Aimi, pondo as mãos sobre a boca.
— Mas, por quê? — indaga Kohshi, confuso. — O que ele quer com você?
— Eu não sei, mas… — ela hesita em falar. — Deve ser paranoia minha…
— Sobre o que, ? — insiste tirando sua mão do ombro dela e virando o corpo de lado, ainda olhando para .
— Deixa para lá… — ela balança a cabeça.
— ! O que está acontecendo? Do que está desconfiada? Eu te conheço o suficiente para saber que está me escondendo algo — volta a insistir.
— Você também não me contou o que o Ren disse sobre o seu tio — rebate a jovem e os amigos encaram o quase casal pendendo o olhar de um para o outro.
— ! — ele ergue um pouco o tom de sua voz. — Isso pode ser perigoso, tem um homem te perseguindo e você pode estar correndo algum perigo…
— Eu sei disso! — brada ela, irritando-se. suspira, cansado, e controla sua angústia.
— Ok — diz ele e puxa o rosto dela com suavidade para encará-lo. — Ren disse que meu tio é um bandido — confessa e arregala o olhar.
— Bandido?!
— Sim — afirma. Os irmãos Aikyo encaram o amigo, aguardando as próximas falas dele com apreensão. — Meu tio é um homem rico e, às vezes, ele age de maneira duvidosa. As pessoas falam muita coisa ruim sobre ele, mas ninguém prova nada — explica. — Ele pode ser frio, não dar a mínima para o que acontece em minha vida ou na vida daqueles que o cerca, mas bandido ele não é. Não acredito nisso — não consegue dizer nada. Ela não está assustada com o que ele acaba de confessar, mas também não se sente tão confortável.
— … — chama Kohshi atraindo o olhar do amigo que apenas faz um singelo gesto com a sobrancelha, como quem pede para ele ponderar suas palavras. entende o recado e volta a olhar para .
— Eu já disse o que eu tinha para dizer — diz ele para a moça. — Sua vez — não quer contar exatamente sua desconfiança, sente vergonha em compartilhar esse
detalhe de sua vida.
— Eu acho que… não sei, mas acho que ele me conhece, ele me chamou pelo sobrenome — ela diz a informação pela metade na esperança de não lhe fazer mais nenhuma pergunta que a leve a confessar a verdade.
— Mas, ele te conhece de onde?
— Eu não sei, , eu não sei — ela abaixa a cabeça encostando-a em seus joelhos.
— Você chegou a ver o rosto dele? — pergunta Take, se inserindo na conversa.
— Sim! Aquele rosto assustador, ele estav a, estava com raiva… — se lembra da visão terrível do rosto do homem. — Ele tinha uma cicatriz no rosto.
— Cicatriz? — ergue uma sobrancelha, desconfiado.
— Sim, embaixo do olho esquerdo. Era grande e estava avermelhada. Muito feia. Ahhh — fecha os olhos tentando esquecer-se da imagem que lhe invadiu a mente.
— Tudo bem, acalme-se, não pense mais nisso, tá? — põe sua mão sobre o rosto dela que apenas assente.
Por um breve momento, os irmãos se entreolham com cumplicidade.
— — chama Take e tanto ela quanto encaram o amigo. — Se esse homem aparecer de novo, por favor, não o enfrente.
— Take tem razão — reforça Kohshi e Aimi apenas concorda com a cabeça, a jovem ainda está assustada com o ocorrido.
— Se ele aparecer, chame a polícia — reforça ainda mais, encarando-a. — Por favor, não se coloque em perigo, está bem?
— Não se preocupem, farei isso, eu chamarei a polícia — ela sorri levemente e recebe o afago altamente reconfortante da mão de .
O sinal sonoro do colégio avisa que está na hora de todos irem para o ginásio. Antes do jogo, que começa em menos de uma hora, terá uma pequena reunião da equipe com o treinador. Os rapazes precisam se apressar. Todos deixam o terraço e tomam caminhos diferentes. Aimi e vão para o banheiro para que a Yoshida possa refrescar o rosto e voltar ao normal, a Inoue também precisa fazer o mesmo. Já o trio de amigos segue o caminho até o ginásio. vai na frente, pensativo, a mente tentando juntar peças.
— … — chama o mais velho dos Aikyo, tocando em seu ombro e obrigando o amigo a parar de andar.
— No que está pensando? — diz Take, parando ao lado dos dois.
— Na maldita cicatriz — o olhar apreensivo do jovem Murakami encontra o dos amigos. Os três pensando na mesma pessoa. — Só pode ser
ele — complementa .
— Mas, o que ele iria querer com a ? — indaga Kohshi.
— Não faz sentido — Take diz.
— Eu tenho quase certeza que foi ele sim — ratifica . — E eu o vi rondando o colégio mais cedo, não achei que fosse algo importante, mas agora tudo faz sentido para mim — ele franze o rosto, irritando-se com a possibilidade.
— Inacreditável, — Take solta um suspiro. — Se ele tem a ver com isso, então…
— Então ele pagará caro por envolver a nessa história, seja ela qual for — o brilho sinistro no olhar de vibra, quase fazendo seus olhos soltarem faíscas do tamanho da raiva que ele sente agora. —
Muito caro. — Tenha certeza primeiro — pondera Kohshi.
— Eu terei — diz, firme. — E já sei até como.
Os irmãos se entreolharam novamente e depois viram voltar a caminhar em silêncio. Eles nunca tinham visto o amigo daquela maneira tão perturbado com uma possibilidade. O que desconfia é o mesmo que os irmãos desconfiam: a participação do tio de na perseguição a . O motivo? É isso que o jovem Murakami tentará descobrir. E, pela determinação que ele demonstra, ele
irá descobrir a verdade em breve.
No dia seguinte…
Durante a partida de ontem, não conseguiu se concentrar direito. Mesmo assim, sua equipe venceu o jogo e avançou na competição do festival. Hoje, é a vez das meninas jogarem vôlei. mal conseguiu dormir à noite pensando na cicatriz daquele homem e, principalmente, nos
olhos dele. Aquele olhar jamais sairá de sua mente. A moça termina de amarrar seu tênis, ajeitando a meia e recebe o olhar compadecido de Aimi que também já está pronta e sabe que a amiga não dormiu direito. Ela mesma não conseguiu dormir só em saber do relato do que a amiga passou.
Espantando pensamentos ruins, a jovem Yoshida se levanta do banco e ouve atentamente as orientações finais do treinador. Após, todas as meninas gritam o cântico de incentivo pela vitória e seguem até o ginásio. A torcida inflama assim que elas entram em quadra e o olhar de procura, instintivamente, pelos amigos na arquibancada. Na verdade, seu olhar procura por que rapidamente é identificado por ela entre os alunos do colégio. Ele acena para a amiga, sorrindo abobado e ela retribui o aceno e um meio-sorriso. Este fato é notado por .
Ao lado dele, os irmãos Aikyo também torcem pelas meninas. O mais velho com o olhar contido em cima de Aimi que carrega o número 12 nas costas, os cabelos presos para cima, a franjinha em cima de sua testa balançando conforme salta para se aquecer antes da partida. Detalhes que Kohshi acha irritantemente fofos.
, líbero da equipe, carrega o número 20 nas costas e seu apelido escrito com letras romanas, assim como os demais uniformes. Ela se posiciona no fundo da quadra, seguindo a formação ensaiada nos treinos das últimas semanas.
O jogo começa.
As primeiras jogadas passam pela parte frontal do time, não chegando em , que tenta manter a concentração na partida. Porém, sua mente cansada a trai lhe mostrando imagens do ocorrido de ontem, a adrenalina da fuga, a perseguição por ruas estranhas e estreitas, o pulsar acelerado de seu coração, o cansaço que sentiu e o medo que lhe dominou ontem pareceram retornar neste momento apenas em recordar-se de tudo. Ela começa a hiperventilar. leva uma das mãos ao peito, apertando o local rapidamente, e voltando a colocar ambas as mãos próximas aos joelhos, pronta para uni-las em uma manchete, recepcionando um ataque.
De longe, consegue notar que há algo errado com ela e que está desconcentrada. Toda a distração de sua mente, faz com que a jovem não veja o ataque adversário e, com isso, receba uma bolada no rosto. Os braços fechando em uma manchete tarde demais. Ela ouve gritos do treinador, pedindo concentração e pede desculpas às companheiras de equipe pelo equívoco, voltando a se concentrar no jogo. Tudo em vão.
Além de ver as imagens do dia anterior, ouve em sua mente os gritos daquele homem da cicatriz chamando por ela. Gritando. Exigindo que ela parasse de correr. Até que ela
sente os braços dele agarrando-a, parando sua fuga, e se desespera mentalmente com a lembrança ruim.
Um, dois, três…
Muitos pontos dados de graça para o adversário, todos em cima de que, a essa altura do jogo, já foi notada como ponto fraco de sua equipe. Aimi se aproxima, durante uma breve pausa solicitada por seu treinador, e pergunta para a amiga se ela está bem. revela o que está sentindo mesmo estando envergonhada por tudo e recebe o apoio da amiga. Na volta da pausa, se obriga a focar-se apenas no jogo, sua equipe está muito atrás no placar e elas precisam recuperar-se ou perderão o
set.
Em uma das jogadas seguintes, a jovem Yoshida se arrisca na frente da rede ao ver as companheiras se enrolar com a bola, mas, ela olha para longe, perto da saída do ginásio, e vê aquele homem. O mesmo homem que o perseguiu ontem estava ali, fisicamente, realmente é ele que está ali. A moça se assusta e sua aterrissagem não sai como o esperado, acaba pisando em falso, torcendo o tornozelo. Ela cai na hora gritando de dor.
se lança da arquibancada, descendo os degraus para acudir , mas, antes de chegar até à beira da quadra, ele é impedido por Kohshi que o alcança a tempo. Logo a equipe de primeiros-socorros que fica no banco de reservas corre para ajudar que segue chorando com a mão no tornozelo. Tudo que consegue pensar agora é no olhar aterrorizante daquele homem.
Capítulo 9 – Kyoto
As meninas perderam o jogo de ontem, elas ficaram tristes, principalmente já que carregou toda a culpa da derrota para si, mesmo que seus amigos tentassem convencê-la do contrário. e os outros passaram todo o restante da tarde na praça que costumam frequentar, conversando e tentando distrair as meninas da partida, que não foi decisiva para desclassificá-las do torneio. Apesar de ser competitiva esportivamente, não foi isso que preocupou durante todo o dia de ontem, e sim a aparição daquele homem asqueroso e sua cicatriz horrenda. Ela não quis contar o que viu, pois não tem certeza se realmente
viu o homem ou se foi uma peça de mau gosto de sua mente.
O tal homem da cicatriz também habita os pensamentos de que, assim como , não para de pensar nele. É por isso que o jovem acordou cedo esta manhã e está agora em frente a um conjunto de prédios simples que há no subúrbio de Yokohama, o bairro é tranquilo, quase não passa veículos e é bastante silencioso. Ideal para alguém como
ele morar. está com as mãos dentro dos bolsos de seu casaco, faz um pouco de frio já que nem deu sete horas da manhã, é primavera na cidade e as flores enfeitam as árvores do ambiente. Uma movimentação suspeita chama a atenção do olhar atento do jovem que se desloca da árvore onde está e caminha lentamente em direção ao estacionamento. Logo ele vê o tal homem, reconhecendo-o na hora.
acelera o passo para alcançar o mais velho que parece não notar a presença de mais alguém ali.
— Yanar-san? — chama a atenção do mais velho que levanta seu olhar da porta de seu carro e encara o jovem.
— -kun? — surpreende-se ele vendo o rapaz se aproximar mais, dando a volta no carro do outro. — O que faz por esses lados da cidade, senhor?
— Vim falar com o senhor, é algo importante — diz o rapaz, incisivo.
— Receio que tenha que ser em outro momento, -kun, eu preciso… — Yanar já ia colocando novamente as chaves na fechadura do carro, mas segura sua mão.
— E eu receio que tenha que ser
agora, Yanar-san — diz ele, firme. O homem vê que não terá como fugir do jovem Murakami e se dá por vencido.
— Quer tomar um café ou um chá?
— Aceito um copo d’água.
Os dois seguem até o apartamento de Yanar que fica no terceiro e último andar de um dos prédios.
Yanar Hattori é um dos funcionários do tio de , trabalha com ele há anos e conhece desde criança, então criou um laço afetivo com o jovem, tem muito apreço por ele. O jovem Murakami tem reciprocidade também e o vê como um pai, assim como Hiroshi, motorista da família.
O jovem Murakami se acomoda no sofá confortável do pequeno apartamento do mais velho e o vê caminhar até a cozinha para pegar água para , segundos depois ele retorna com uma bandeja com dois copos e uma jarra cheia d’água. Yanar a repousa na mesinha de centro, enchendo os copos e servindo um deles a que agradece com um gesto de cabeça, bebericando um gole do líquido.
— O que o senhor deseja, -kun? — diz o mais velho em tom de respeito e acomoda-se na cadeira acolchoada que há ao lado.
— Quero saber o que fazia rondando o meu colégio? — indaga de maneira direta, fato que não surpreende Yanar que sabe que o jovem é assim.
— Bom, senhor, o que eu posso dizer é que estava lá a mando do seu tio — responde ele, simplesmente.
— O que ele quer por lá? Me vigiar eu sei que não é — instiga.
— Isso eu não posso te dizer, senhor — Yanar se ajeita na cadeira, consertando sua coluna para que fique reta, e bebe um gole da água.
— Desde quando tem segredos comigo? — a pergunta tem um tom de indignação, mas ainda é feita com respeito.
— Perdão, -kun — diz Yanar, abaixando a cabeça e encarando o chão. — O senhor sabe como o senhor Hyakume é — diz, referindo-se ao tio de .
—
Tisc… — ele resmunga em resposta. — Meu tio é indiferente a mim, eu
sei que há algo a mais e sei também que tem a ver com a — a menção do nome da faz Yanar se incomodar, alertando-se, e isso logo é notado por . — Não minta para mim, Yanar-san — pede o jovem.
— Eu realmente não posso dizer, senhor, mas… — ele hesita e volta a olhar nos olhos de .
— Mas…
— O senhor gosta da senhorita Yoshida?
— Como sabe o sobrenome dela? — rebate .
— Gosta ou não? — Yanar ignora a pergunta, mantendo-se firme.
— Estou apaixonado por ela e faria qualquer coisa para protegê-la.
Qualquer coisa — enfatiza , também firme.
— Ela é uma jovem bonita e boa pessoa — diz o homem em tom de arrependimento.
— Por que a perseguiu?
— Se quer um conselho de alguém que lhe tem muito respeito, -kun: tome conta da jovem Yoshida — avisa o mais velho, ignorando a pergunta do outro, e coloca o copo de água sobre a mesinha e levanta-se, ansioso. Yanar o acompanha.
— O que quer dizer com isso, Yanar-san? — ele tem medo da resposta.
— Digamos que o seu tio, senhor, é um homem capaz de tudo para obter êxito em seus objetivos — diz. — Tenha cuidado. Eu já falei demais, senhor, não me obrigue a falar mais — pede o homem também colocando seu copo sobre a mesinha.
— Só te peço mais uma coisa.
— O que, senhor?
— O meu tio, por acaso, tem a ver com a família Yoshida? De alguma forma eles estão ligados? — o olhar firme de é sustentado por Yanar.
— -kun…
— Me diga! — brada , perdendo a compostura, mas recuperando-se em seguida.
— O senhor mesmo disse que seu tio não me mandaria lá em seu colégio por
sua causa — Yanar diz, sendo o suficiente para concluir o que imaginava.
Ele não diz mais nada, apenas agradece pela água e deixa o apartamento, seguindo o caminho até seu colégio que fica longe dali. Sua vontade é de voltar ao apartamento de Yanar e desferir-lhe vários socos em sua cara no momento em que ele confirmou indiretamente que perseguiu a , mas ele não fará isso. O jovem pedala sua bicicleta, a caminho do colégio, pensando nas palavras de Yanar. Imediatamente sua mente pensa em uma pessoa: seu tio.
Hyakume Murakami, irmão mais velho do falecido pai de que
teve que cuidar do sobrinho depois do falecimento trágico dos pais do garoto na época. Hyakume nunca demonstrou afeto por e, desde cedo, ele notou isso no tio. Realmente ele se apegava a Hiroshi e Yui que sempre o tratavam com muito carinho. Yanar foi o último a ter afeto por ele, mas ainda assim mais do que o próprio tio. Os negócios do mais velho o mantiveram longe de casa e sente-se aliviado por isso, já que a presença do tio é sempre um tormento para ele. Cobranças e mais cobranças. Mesmo assim, não consegue sentir raiva do tio, o que sente é uma incógnita para o jovem.
Quase uma hora depois, finalmente consegue chegar até o colégio, minutos antes do portão se fechar completamente. Não há mais ninguém no pátio e ele segue direto para sua sala, subindo correndo as escadas. Pedindo desculpas pelo atraso, adentra à sala de aula, encontrando todos os alunos já sentados e o professor Kirigaya entrando segundos após sua chegada. Mesmo o mais velho não tendo visto seu atraso, pede desculpas por isso e senta-se junto com os demais. Discretamente, ele troca olhares com os irmãos Aikyo e escreve um bilhete para ambos. Uma mensagem clara.
😝:“Confirmei o que eu suspeitava. Reunião no terraço na hora da reunião dos clubes. Sem a !”
Kohshi e Take trocam olhares entre si e com que mantém sua feição séria. Eles sabem que algo está errado e sentem medo por isso. O que mais querem agora é que as horas passem rápido e a reunião chegue para saberem o que descobriu de fato.
Uma coisa é certa: Hyakume Murakami tem algo a ver com a perseguição a .
E a pergunta que paira é:
por quê?
Nesta mesma semana…
Não houveram eventos ruins ligados a durante a semana. Para alívio dos amigos e da própria jovem que, mesmo implorando, teve seus passos acompanhados por um dos rapazes. Praticamente eles não a deixaram sozinha nem por um minuto, principalmente na volta para casa, sempre um deles ou todos a acompanhavam. O que não sabe é que os rapazes suspeitam fortemente que a perseguição de Yanar contra ela tem a ver com o tio de , Hyakume. Ela imagina que tenha algo a ver com o seu pai e as dívidas de jogo que ele ainda tem. O que precisa ficar claro para ambos é: o que os dois fatos têm a ver um com o outro?
Não será agora que se revelará.
Antes disso, o que ocupa a mente de é a proposta feita por hoje pela manhã quando eles estavam caminhando rumo à biblioteca do colégio. O jovem propôs novamente de viajarem no final de semana, vulgo amanhã, para a cidade de Kyoto que fica a 444 km de Yokohama. Ele sugeriu isso como uma tentativa de distrair do ocorrido com ela e também para aproximar os dois. Há várias opções para fazer o deslocamento até lá, o sugerido por é o trem, totalizando uma viagem de 2h30min.
À princípio, a jovem achou que ele tivesse sugerido uma viagem em grupo, assim como foi o acampamento das férias de verão, porém, quando ele segurou suas mãos e olhou no fundo de seus olhos dizendo que queria viajar
apenas com ela, finalmente percebeu as intenções de . Tais intenções foram externadas por eles instantes depois quando ele confessou que gostaria de ficar à sós com ela para conversarem como um casal e que ele gostaria, após a viagem, conversar pessoalmente com os pais de e pedi-la formalmente em namoro. Tal revelação surpreendeu a jovem que achou que ele fosse esperar mais algum tempo, mas pelo visto quer realmente ficar com ela, sente que ele não está brincando quando diz as palavras
daisuki da, …
— ?! — chama Harumi pela terceira vez e finalmente olha para a mãe que está em pé perto da porta de seu quarto.
— Ah, mamãe, perdão — diz a moça, levemente envergonhada.
— Está no mundo da lua, querida? — brinca a mulher entrando mais no quarto e sentando-se ao lado da filha na cama.
— Um pouco, eu estava pensando — responde vendo a mãe começar a dobrar algumas roupas que logo ela percebe serem de seu irmão.
— O que te aflige, filha?
— me fez uma proposta hoje de manhã — inicia a jovem, puxando uma camisa do irmão e dobrando-a sobre as pernas.
— Que tipo de proposta? — instiga.
— Uma viagem para Kyoto amanhã. Na verdade, ele já tinha proposto isso, mas acabamos nos esquecendo do assunto — explica ela.
— Oh, Kyoto é uma cidade mágica! — exclama Harumi colocando mais uma camisa dobrada na pequena pilha ao seu lado e pegando outra peça para dobrar.
— Conhece lá, não é?
— Ah, sim, foi lá que eu e seu pai começamos a namorar e… bom… — Harumi solta uma risadinha travessa e a olha, confusa.
— E o que, mamãe?
— Nós tivemos a nossa primeira vez em Kyoto — confessa e vê a filha espantar-se, ficando nervosa de repente. — Acalme-se, querida.
— Não é isso que você está pensando, mamãe, eu não…
— Não estou pensando em nada, — diz Harumi com calma e repousa as mãos sobre o colo.
— Oh, Deus… — resmunga a garota, nervosa e Harumi ri levemente.
— Não é porque seu pai e eu tivemos nossa primeira vez em Kyoto que você e também tenham que ter — arregala o olhar com a afirmação da mãe.
— Eu não estava pensando nisso e tenho certeza de que o também não…
— Eu sei que não, sua boba, não precisa ficar nervosa — Harumi continua rindo. — É isso que está te afligindo? — retoma o assunto e empilha mais um short do filho.
— Não — responde pegando mais uma peça para dobrar. — Na verdade, eu queria saber se eu posso ir? Bom, acho que papai ficará incomodado se eu viajar somente com o — deduz a jovem.
— Basta dizermos que você irá com a turma inteira — diz Harumi, dando de ombros, e empilha mais peças em suas respectivas pilhas. volta a arregalar o olhar.
— Mamãe! — espanta-se. — Mentir para o papai? Ele ficará furioso caso saiba a verdade.
— Ele não saberá — reforça. — Deixe seu pai comigo e arrume suas malas. Ah, leve roupas de frio, Kyoto costuma fazer frio à noite nesta época do ano — aconselha a mais velha.
— Obrigada, mamãe…
— Hm, leve aquele vestido que eu te dei no Natal! Ficará lindo em você, querida, e ainda nem o usou.
— Não me lembrava dele — levanta-se da cama brevemente para ir até seu guarda-roupas e pega o vestido citado em meio aos outros pendurados no cabide. — É lindo… — comenta ela para si mesma enquanto caminha de volta para a cama.
— -kun irá adorar quando te ver — afirma Harumi com um sorriso nos lábios. — Que horas ele vem amanhã?
— Não sei, ainda não disse se iria com ele.
— Pois avise que você vai — ordena a mais velha.
— Eu direi! — anima-se , pegando o celular sobre a escrivaninha.
— Filha — chama Harumi e recebe a atenção dela. — gosta mesmo de você, não é?
— Ele se confessou para mim, mamãe — confessa e recebe um suspiro surpreso da mãe. — Ele disse que virá aqui para pedir a minha mão em namoro para você e papai, acho que será após a viagem.
— Hmmm, que bom, tenho tempo para acalmar os ânimos do seu pai, vide o primeiro encontro desastroso dele com o — lembra ela.
— Oh, Deus, verdade…
— Não se preocupe com isso, eu resolvo — Harumi pisca para a filha e carrega a pilha de roupas dobradas. — Se precisar de ajuda para arrumar a mala, me avisa, tá?
— Está bem, mamãe, obrigada.
Harumi sorri e deixa o quarto. também sorri aliviada e finalmente manda uma mensagem para confirmando a viagem.
Enquanto isso, na casa dos Murakami…
— Eu não tenho o que vestir! — brada , jogando mais uma calça para cima, irritado com as poucas roupas que tem. Pelo menos na visão dele é assim.
— Meu menino, você tem tantas roupas que ainda não usou — lembra Yui, risonha.
— Yui-san, eu vou viajar com a ! E se eu for com roupas feias e ela não quiser mais ficar comigo? — indaga ele em tom desesperado, virando-se para a mais velha.
— -kun, creio que a -chan não seja esse tipo de garota — brinca ela, ainda rindo. — Venha cá — ela chama e puxa uma das mãos do jovem que a segue até sua cama, ambos se sentam —, você tem inúmeras roupas lindas que ainda nem usou.Vamos separar e ver quais ainda servem para vestir e arrumar sua mala, está bem? — diz com a voz calma.
— Você tem razão, Yui-san — diz com a voz mais branda.
— Além do mais, você fica lindo de qualquer maneira, meu menino — completa a mais velha.
— Eu estou um pouco nervoso — confessa.
— Nem reparei — Yui brinca e levanta-se novamente da cama, caminhando até o armário do jovem. — A -chan parece gostar realmente de você, não precisa ficar inseguro, hm? — ela pega algumas camisas e calças jeans. — Cadê o meu jovenzinho confiante que eu criei?
— Tem razão — corado , levantando-se para ajudar Yui a segurar as roupas que ela retira do armário. — Mas…
— Entendo seu nervosismo — compadece ela. — Também fiquei assim quando saí com o meu primeiro amor — ela solta uma risadinha.
— Yui-san! — espanta-se , ficando envergonhado. — Eu…
— Não fique vermelho, meu querido, eu conheço você. Eu
sei que está apaixonado pela moça.
— Ah, eu… é, eu estou sim — confessa ele com um sorriso bobo no rosto.
— E ela por você — afirma Yui. — Formam um casal fofo. Coloque as roupas na cama, querido, têm muitas aqui — pede ela, mudando de assunto.
alarga o sorriso e faz o que Yui pediu, jogando as roupas em sua cama. Antes de retornar para onde estava e continuar ajudando Yui, ele vê seu celular tocar brevemente anunciando uma nova mensagem. Ele desbloqueia o aparelho, abrindo a mensagem e sorrindo ainda mais, se é que é possível tal feito. O motivo é a confirmação de na viagem à Kyoto. quer gritar de felicidade, quer que todos saibam que ele é o jovem mais feliz agora, mas se contém, apenas sorrindo e mandando um áudio para como resposta.
😝: “Não vejo a hora de ficarmos juntos nessa viagem. Eu… eu te… eu te busco amanhã.”
Não era bem esse o conteúdo que havia planejado em sua mente, mas o jovem Murakami prefere deixar assim. Ele queria mesmo era dizer a tal palavra com “A” que habita em seu peito.
Na manhã seguinte…
havia acordado antes do planejado. A ansiedade pela viagem com ao seu lado quase não o deixou dormir à noite. Por isso, ele já estava na estação de trem uma hora antes do combinado com . Anteriormente, o jovem tinha combinado com Hiroshi, motorista de seu tio, para levá-lo até Kyoto que é perto de Yokohama, mas o motorista teve que fazer um trabalho de urgência para o tio de e não estaria disponível para fazer tal viagem. Mesmo irritado com esse fato, que ele julga ter sido proposital por parte do Murakami mais velho, resolve deixar para lá. Nada poderia estragar seu passeio com , ele tem muitos planos para esses três dias que passarão juntos, há muita coisa que ele quer dizer a ela e precisa ser assim: à sós.
vira o rosto, de repente, e vislumbra o semblante de caminhando ao lado da mãe e do irmão mais novo. Ela está tão
linda. Usa um vestido xadrez com predominância da cor lilás, a alça fina, por cima do vestido ainda o compondo há um segundo vestido de tule também na cor lilás, de mangas compridas. Para finalizar, usa uma sapatilha bege e os cabelos soltos na altura abaixo de seus ombros, a franja cobrindo um pouco seus olhos. Assim que o vê, ela sorri abertamente e não consegue evitar sorrir também.
— Bom dia, -kun! — diz a mãe de assim que se aproximam do garoto.
— Bom dia, senhora Yoshida — responde ele, educado e sorridente. — Bom dia, — o olhar apaixonado dele a faz derreter por dentro.
— Bom dia, — responde, sem jeito.
— Uma pena não conseguirem ir de carro, mas certamente a viagem de trem será muito melhor para vocês aproveitarem a paisagem pelo caminho — comenta Harumi.
— Oh, sim, a senhora já foi à Kyoto, né? — indaga .
— Sim, há muitos anos — recorda-se Harumi, saudosa. — Espero que aproveitem bem a cidade — diz ela sorrindo para os dois. — Tirem muitas fotos.
— Iremos sim, senhora — concorda , não notando o conselho a mais que a mulher deu por trás de sua frase.
— Vamos? — chama tentando afastar de sua mãe para ela parar de falar tais coisas enigmáticas.
— Vamos sim — concorda e puxa a mala de rodinhas que a mãe de puxava. — Eu levo — oferece e puxa sua mala e a de .
— Não ficará pesado?
— Está tudo bem, — ele sorri e se despede da mais velha.
Assim que dá um beijinho no irmão e se despede da mãe, os dois vão embora e e ficam sozinhos. Ambos caminham até o local de embarque.
— Achei que iríamos de trem — comenta estranhando o caminho para onde estão indo.
— E vamos — diz , ajeitando as malas nas mãos e voltando a puxá-las. — Vamos naquele trem — ele aponta para o trem de luxo, cuja passagem é mais cara, e arregala o olhar.
— Esse trem é caro, ! — espanta-se, parando de andar. — Não posso…
— Eu já paguei a passagem, — diz o óbvio e completa, aproximando-se dela: — Nossa primeira viagem após nos declararmos um para o outro tem que ser confortável e linda. Quero o melhor para o início de nossa relação.
Ele sorri e segura a mão dela, beijando seu dorso em seguida. arrepia-se sem controlar suas reações e apenas concorda com a cabeça, ficando envergonhada com as palavras dele, mas concordando mentalmente com ele. Seu desejo também é que o início de sua relação com seja a mais linda possível e essa viagem é o estopim para isso.
Kyoto é considerada pelos japoneses a província mais cultural que há no país. Por isso é bastante visitada por turistas nacionais e internacionais. Esse foi um dos motivos pelo qual escolheu essa cidade, além de ser mais perto de Yokohama e eles poderem ir de trem, podendo assim ficar um pouco mais de tempo na cidade. Um pouco mais de tempo
sozinhos.
Após entrarem e se acomodarem em uma confortável cabine exclusiva para eles, e sentem o trem começar a percorrer os trilhos que levam à Kyoto. Os dois começam a conversar, logo de cara, sobre os sentimentos que têm um pelo outro. é claro quando diz que desde a primeira vez que a viu que enxergou uma potencial amizade, que ele não pretendia se apaixonar por ela, mas acabou sendo inevitável o sentimento surgir e tomar conta dele. Já confessa que não achou que eles fossem ficar amigos tão rápido, ainda mais quando se tratava do primeiro encontro deles. Ela ainda disse que foi difícil tirar a primeira impressão ruim que tinha de , já que ele literalmente a fez cair da escada.
Os dois jovens agradecem ao serviço do trem que levou um carrinho com algumas bebidas refrescantes e petiscos para degustar. Enquanto comem, a conversa sobre sentimentos ainda rola até que algo acontece.
— … é claro que eu irei até… — dizia quando é interrompido pelo barulho de um tiro que estraçalha a vidraça da janela caindo toda sobre que está sentada próxima à ela.
— Ahhh!! — grita a jovem, assustada.
— Abaixe-se!
joga seu corpo sobre , protegendo-a e ergue um pouco o rosto para ver a janela com o vidro quebrado. Mas o que está havendo? Ele põe os braços sobre a cabeça de , envolvendo-a, e a joga no chão ainda protegendo a jovem com seu corpo. Ouve-se uma gritaria generalizada no trem e sente o impacto do freio de emergência ser acionado. O trem para e ele observa algo que o intriga. Sem querer alarmar , ele a afasta um pouco para ver como ela está.
— Está tudo bem? Se machucou? — indaga ele, preocupado.
— Nã-Não — gagueja, trêmula. — Eu… o que houve, ?
— Não sei — responde o Murakami ainda intrigado com o objeto brilhante que está em seu campo de visão. — Melhor sairmos daqui — diz ele, levantando-se e ajudando a se levantar também.
— Preciso ir ao banheiro — avisa.
— Tudo bem, vá ao banheiro que eu te encontro aqui na frente, ok?
assente e deixa a cabine, passando pelas pessoas agitadas e assustadas. Antes que qualquer pessoa entrasse ali de novo, cata o objeto brilhante e comprova se tratar da cápsula da bala que atingiu o vidro do trem. Esse tiro poderia ter pego em , por sorte não pegou, sorte não pegou no próprio .
O jovem Murakami vira a cápsula, olhando para o fundo e comprovando aquilo que temia. Não poderia ser. Por quê? Por que
ele estaria envolvido nisso? Porém, não tinha dúvidas do envolvimento dele nisso. Gravada no fundo da cápsula haviam duas letras, as iniciais “AY” e ao lado o símbolo da organização para qual ele trabalha, uma águia de asas abertas. Aquela bala pertence a um homem e o conhecia bem.
Akuma Yasuda é o braço direito de Hyakume, tio de . Akuma é conhecido como um
cão de guarda, um homem sem escrúpulos e que, definitivamente, deveria estar preso. Ele anda por aí com uma arma na cintura carregada de munições personalizadas com sua marca, por isso, tem tanta certeza de que essa cápsula veio da arma de Akuma. O que resta saber é o
porquê dele ter atirado contra o trem onde e estão justamente na cabine deles. Mais uma questão que agora intriga o jovem Murakami é o motivo pelo qual seu tio está envolvido. Sim, pois ele
sabe que Akuma não atira em
ninguém que não seja por ordem do chefe. E ele obedece
apenas ao Hyakume.
retorna do banheiro ainda bastante assustada e encontra no corredor do trem, em frente à cabine deles, o jovem parece apreensivo, mas
certamente deve ser por causa do tiro, pensa . Por dentro, pensa na bala que havia guardado no bolso da calça. Assim que voltar de viagem ele terá que passar novamente no apartamento de Yanar para terem outra conversa, definitiva dessa vez.
Horas depois…
O incidente no trem já foi superado.
e já estão acomodados no quarto, cada um no seu. Mesmo com o hotel cheio e com sua enorme vontade de ficar no mesmo quarto que a jovem, pediu para eles ficarem em quartos separados, porém um ao lado do outro. O jantar foi agradável, retomaram a conversa que foi interrompida no trem e prosseguiram dali.
Decidiram começar a namorar oficialmente. Então, quando voltarem para a escola na segunda-feira, já estarão como namorados. Óbvio que, ainda na semana seguinte, marcará com e sua mãe um dia para que ele possa pedir aos pais de a permissão para namorar. Se depender apenas de Harumi, sabe que terá sua aprovação, mas, o primeiro encontro com Hiroki Yoshida não foi dos melhores e ele sabe que terá um pouco mais de trabalho para convencer o homem a aceitá-lo como genro. A primeira impressão foi péssima.
Está chovendo muito lá fora.
Kyoto tem um tempo variado nesta época do ano. Durante o dia faz bastante calor e possui temperaturas altas. Já à noite, costuma ser mais fria e até chove às vezes. Essa é uma das noites chuvosas da cidade. não gosta muito de tempestades, normalmente quando elas ocorrem a jovem recorre ao seu gatinho, o Sirius, que dorme junto com ela na cama. Mas hoje ela não tem o Sirius para aliviar seu medo do forte barulho do trovão. Assustada, a jovem manda uma mensagem para .
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🌸: , está acordado? |
😝: Oi, 🥰 Estou sim. Ainda acordada? Está com fome? Se quiser posso ir até lá embaixo ver se tem alguma máquina automática. Acho que vi uma na recepção. |
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🌸: Não precisa, . Não estou com fome. Apenas estou… |
Há um forte barulho de trovão que assusta mais , a Yoshida joga o celular para o lado, cobrindo-se com o edredom. O corpo tremendo de medo. Sem respostas dela, resolve ligar.
—
? O que aconteceu? — indaga ele do outro lado da linha.
— O trovão estava alto — diz ela com a voz chorosa. — Estou com medo.
—
Ah… não fique com medo, eu estou indo aí — ele diz.
— Não precisa, apenas fique…
desliga a ligação.
Ela ia pedir somente para ele ficar conversando com ela, distraindo-a do barulho da chuva forte e dos trovões, mas prefere fazer isso pessoalmente. Logo ele bate à porta.
— Não precisava ter vindo — ela diz ao abrir a porta, deixando ele entrar. deixa as sandálias ao lado do armário, perto da porta, ficando apenas de meias.
— Claro que precisava — diz parando perto da cama dela que é composta apenas por um
futon (uma espécie de cama, parecido com um edredom) no chão. — Somos namorados agora, faz parte da minha função te apoiar em momentos assim.
— Fofo — fica envergonhada e completa: — Pode, pode deitar, eu pego outro futon para mim.
— — segura a mão dela com cuidado, parando seu movimento. Ela o encara. — Quer dormir comigo? — a proposta é feita, fazendo a garota arregalar o olhar. — Mas é só
dormir mesmo.
— Ah! — exclama, aliviada. — Si-Sim.
— Se não quiser, tudo bem.
— Não, você pode dormir comigo.
sorri e relaxa sua tensão.
Outro trovão soou pelo quarto e é a primeira a deitar-se na cama após desligar as luzes do quarto. Rindo, a acompanha, deitando-se no espaço ao lado dela que logo se aconchega nele. Sorrindo abobado, o jovem Murakami abraça a namorada, colocando a cabeça dela repousada em seu peito, afagando suas costas.
Uma sequência de trovões muito altos faz se assustar mais, enterrando o rosto na dobra do ombro do namorado, apertando o abraço no tronco dele. pensa em maneiras que ele pode acalmá-la, a mais
safada delas ele ignora, voltando a guardá-la na gavetinha da memória para usar outro dia. Então, ele tem uma ideia.
Ele resolve cantar para . A voz de começa tímida e surpreende a garota que ergue seu olhar para ele. desvia o olhar do teto para os olhos de e continua cantando uma música brasileira que ouviu dias atrás. Apesar de ser de um cantor brasileiro, a letra da música está em inglês, então foi fácil para saber a tradução dela. A identificação com a composição foi inevitável e ele achou que seria um bom momento para dedicá-la à com a intenção de acalmá-la e distraí-la do barulho dos trovões.
O efeito da voz do namorado parece agir rápido e ela nem percebe os próximos trovões ressoando no quarto. A voz de sobressai a qualquer coisa agora, incluindo também às batidas do coração da jovem que estão bastante agitadas, descompassadas. Ele usa uma das mãos para acariciar o rosto dela com as costas dos dedos enquanto canta as últimas estrofes.
“Não importa o que eu faça
Não importa onde estou
Não importa com quem eu esteja
Meu coração só quer ficar com você
[…]
Você é a única…
Você é a única…
Você é a única que meu coração me permite estar esta noite”
– The Napkin Song, Beeshop –
Logo após a última frase cantada por , o silêncio toma conta do quarto. Ambos ainda abraçados se encarando. ajeita o corpo para ficar com o rosto próximo ao dele, frente a frente, e faz o mesmo, soltando-se do abraço. Ela é a primeira a tomar iniciativa e puxa o rosto dele para si, beijando-o nos lábios. Um beijo calmo, de início, mas que logo é apimentado pela mão de que vai descendo o corpo de parando em sua cintura, apertando o local para intensificar o beijo dado. Ao fim, eles se afastam um pouco o suficiente para se olharem.
— Não precisamos repetir o feito de seus pais — diz , abrindo os olhos, referindo-se ao fato dos pais de terem tido a primeira vez deles em Kyoto, numa viagem que fizeram ainda adolescentes —, podemos somente… — o interrompe.
— Eu acho que devemos deixar acontecer, — sugere ela também de olhos abertos, o encarando com carinho.
— Concordo.
— Se for para acontecer algo, vai acontecer.
Ambos sorriem.
Eles voltam a se beijar e consegue relaxar após alguns segundos após o início do beijo. Ele está tenso, pode acontecer a primeira vez deles agora. No fundo, esse era um dos planos de para a viagem, mas pretendia que ocorresse amanhã ou no último dia, não assim tão rápido. Porém, ele não está reclamando. Na verdade, o carinho que recebe de agora, que afaga sua nuca, o está excitando juntamente com o beijo ardente que ela comanda, mordiscando seus lábios vez ou outra.
Eles unem mais os corpos, ficando mais próximos e finalmente toca no corpo de , deslizando sua mão pela extensão da cintura dela subindo até perto de seus seios. Uma curta distância, mas que com um simples toque é suficiente para atiçar a curiosidade da jovem. Ela interrompe o beijo, encarando o namorado e retira a blusa de seu pijama revelando o fato de estar sem sutiã. A surpresa de vê-la sem blusa, os seios fartos dela desnudos à sua frente, deixa ainda mais
feliz por estar ali com ela. O rapaz está hesitante, não sabe muito o que fazer apesar de ter pesquisado antes, mas nunca é a mesma coisa. A prática leva à perfeição, afinal.
Nem pela falta de experiência se abate.
Murakami leva sua mão meio hesitante até um dos seios de , tocando-o com certa demora, mas aquecendo com sua mão que não consegue cobri-lo completamente, deixando parte dele esparramado pelas laterais de sua mão. O calor produzido pela mão de faz suspirar e ela volta a beijá-lo. Ele massageia o seio dela enquanto o beijo acontece e desliza sua mão até a barriga dele, puxando sua camisa para cima num claro sinal para que ele a retire. se afasta, interrompendo o beijo e o toque nos seios de , e retira sua camisa, revelando seu tórax relativamente definido, seus ombros largos e sua barriga chapada. Os olhos de demoram um pouco nesse local, mesmo escuro no quarto, sua visão acostumada com a luminosidade do ambiente consegue enxergar perfeitamente a barriga do namorado. Isso a agrada.
a deita esticada na cama e leva seu rosto até um dos seios dela. Antes de encostar ali, ele diz:
— Se incomodar, me diz, tá?
afirma com um gesto de cabeça e, sem cortar o contato visual, encosta seus lábios em um dos seios dela que suspira novamente. Ele começa devagar, chupando o bico com delicadeza, sem investir muito, mas ainda assim está sendo gostoso para sentir aquilo. A jovem também nunca teve nenhuma experiência anterior, é seu primeiro parceiro sexual, o primeiro rapaz por quem se apaixonou e a quem resolveu se entregar. Ela também fez algumas pesquisas e pretende colocar parte delas em prática em breve, mas antes ela tenta não se declarar para enquanto ele chupa seus seios.
O jovem desce seus lábios, beijando pela extensão de sua barriga e chega até as coxas dela. Ele ergue o olhar para observar como ela está, transmite estar ofegante e sentir prazer. toca na cintura dela, deslizando os dedos pelas laterais de seu corpo, descendo a calça do pijama dela. Aos poucos lhe é revelada a calcinha verde-clara que ela usa. Em um gesto involuntário, retrai suas pernas, cobrindo sua intimidade com uma das coxas em sinal de timidez. a questiona se está tudo bem e ela afirma que sim e que ele deve deixar acontecer, é apenas um gesto involuntário, afinal.
O jovem Murakami prossegue e retira a calcinha de , a intimidade dela exposta aos seus olhos. Apesar de empolgado e excitado, tenta não se afobar. Ele quer fazer as coisas da maneira mais tranquila e prazerosa possível e, para isso, não pode perder o controle. Antes de continuar, novamente ele pergunta a ela se está tudo bem. Após ter sua resposta positiva, ele vai adiante.
O garoto aproxima seu rosto, posicionando-se em frente a sentado em suas pernas, e dá um beijo do lado de fora da intimidade dela. suspira, sentindo um arrepio, e então sente algo a mais quando recebe a primeira lambida de . Sem dar espaços ou pausas, ele segue investindo com a língua introduzindo-a em , repetidamente. A jovem Yoshida está adorando o sexo oral do namorado, mas, mesmo assim, não deixa de sentir-se envergonhada por soltar gemidos altos e tenta se controlar quanto a isso.
Ela se contorce, ainda tímida, na cama, puxando os lençóis prestes a explodir. Alguns minutos são suficientes para que chegue a seu orgasmo, enchendo a boca de com seu líquido interno. Ele se afasta um pouco para observar o rosto de sua namorada e vê impresso todo seu prazer. ofega enquanto põe a mão no peito sentindo-o encher-se de amor e desejo por mais daquilo. Tinha sido sua primeira experiência sexual e já foi daquele jeito sublime, imagine quando houver a penetração… tal pensamento deixa nervosa.
se deita ao seu lado e acaricia o rosto de com carinho. Ela se ajeita, ficando de lado na cama, e leva sua mão diretamente no pau dele, surpreendo o jovem que arregala o olhar. movimenta sua mão para cima e para baixo fazendo ele fechar os olhos. Ela faz isso repetidas vezes, deixando o pau de rígido e fazendo o jovem gemer baixinho, chamando o nome dela enquanto respira pela boca. está tão anestesiado pelo momento, de olhos fechados, que nem repara que não está mais com o rosto de frente para ele e sim de frente para seu pau. Só nota tal fato quando os lábios quentes da namorada tomam seu pau para si, ele abre os olhos bastante surpreso.
— …
Ele desiste de questionar, apenas curte o toque dos lábios dela. tenta replicar os vídeos que viu eventualmente enquanto pesquisava sobre sexo na internet. Ela não se orgulha tanto disso, sente vergonha de compartilhar tal informação até com sua mãe com quem conversa sobre tudo, mas os vídeos serviram para que ela soubesse, pelo menos, como começar. não sabe avaliar se o sexo oral está perfeito, mas os gemidos e contorces do corpo de a fazem ter certeza de que ele está sim gostando.
Porém, em dado momento, a interrompe.
— … — ela diz, assustada com o empurrão dele. — Fiz algo errado? Eu te mordi sem perceber? — questiona ela sentindo o rosto esquentar.
— Nã-Não — responde com um das mãos segurando a base de seu membro. — Eu apenas… eu não quis… — ele ofega na tentativa de explicar. — Eu não queria te sujar, eu estava quase… estava quase gozando e eu não queria fazer isso em sua boca — pontua e surpreende-se.
— Oh, …
— Me desculpe por te assustar, por te fazer pensar que fez algo errado. Você foi perfeita, — diz ele, carinhoso e usa a mão livre para acariciar o rosto dela que solta um suspiro.
— Tudo bem, . Você também foi perfeito naquela hora, obrigada — confessa, tímida.
— Linda — ele puxa o rosto dela e a beija rapidamente. — Eu preciso ir ao banheiro, não demoro.
levanta-se do
futon, deixando sentada observando sua partida do quarto. Ele se veste rapidamente e sai, indo direto para o banheiro mais próximo, trancando-se lá. Ele precisa
concluir o trabalho e finalmente gozar. Realmente ele não queria fazer isso em cima da , sujá-la com seu gozo, já tinha visto vídeos de pessoas fazendo isso e não gostou. Normalmente as pessoas ficavam
felizes e pareciam gostar daquilo, mas achava excêntrico demais para ele e não te dava prazer. Após gozar e limpar seu membro, retorna para o quarto de , parando na porta ao ouvir um barulho estranho. Isso é a …
gemendo?
Intrigado, o jovem Murakami encosta o ouvido na porta e a ouve nitidamente gemer seu nome. Muito curioso, ele abre a porta com muito cuidado para não ser ouvido, apenas uma pequena fresta, suficiente para ver o que está acontecendo. A cena é bem inusitada para ele. É a primeira vez que vê uma garota se masturbar.
está com as pernas em forma de pinça, apoiando os pés na cama, e tem uma das mãos tocando sua intimidade com fervor. A cabeça dela para trás enquanto executa os movimentos de sua mão e geme o nome de , uma voz bem sensual. tenta não invadir o quarto, não quer estragar o momento, e se limita a observar a cena. está tão diferente gemendo desse jeito. Ele gosta do que vê. Pouco tempo depois, ela goza.
— Droga, melou — comenta para si mesma em voz alta ao observar sua mão melada com o próprio gozo. — Tenho que ir ao banheiro limpar isso — completa ela.
Assustado em ser pego no flagra, conta alguns segundos e entra no quarto anunciando sua chegada em alto e bom som. o vê entrar e se cobre com o edredom por instinto. Ela diz que precisa ir ao banheiro e ele apenas acena com a cabeça evitando olhar diretamente para a namorada.
vai ao banheiro e volta alguns minutos depois. Apesar de estar excitado com a imagem da namorada se masturbando chamando seu nome, resolve não instigar mais esse tesão que começava a crescer. Quando volta do banheiro, ele sorri para ela e a chama para dormir. Ainda chove lá fora e troveja muito alto. Com medo do barulho, aceita a companhia do namorado e dorme em seus braços quentinhos e aconchegantes.
Na manhã seguinte…
Não está mais chovendo, porém faz frio pela manhã em Kyoto, sinal de que ainda está bem cedo. O casal Murakami-Yoshida segue abraçado e adormecido até que um deles acorda. é o primeiro a despertar e fica observando a nuca de perto de seus lábios. Sente uma vontade de beijá-la no local, mas se contém. Ele se aconchega mais, manhoso, o cheiro dos cabelos da jovem pela manhã deixam ele calmo como nunca havia sentido tal sensação. Logo, também desperta e espreguiça-se tão manhosa quanto ele. A jovem sente o hálito quente de em sua nuca e algo a faz desesperar-se, de repente.
— Ai, meu Deus! — espanta-se ela, afastando-se do abraço de , que a encara confuso.
— Que houve, ? Está tudo bem? — indaga o jovem Murakami, nervoso.
— Estou descabelada, , não me olhe! — exige ela, cobrindo-se com o edredom, encolhendo o corpo.
— , calma — ele ri, desacreditado do surto repentino da namorada.
— Estou desarrumada, ai que vergonha… — diz ainda coberta.
— Hey — chama ele, carinhoso em seu tom de voz e puxa com delicadeza o edredom, descobrindo o rosto de aos poucos —, você é sempre linda, minha querida — ele sorri e o gesto faz encolher-se, sentindo o coração aquecer com o carinho do namorado.
— Como pode você ser tão fofo assim? — indaga ela, puxando o edredom para longe do rosto. ri e a puxa para perto dele.
— Porque eu te amo, minha linda.
Ele alarga o sorriso e a beija com todo seu amor.
Ambos demoram mais alguns minutos na cama, curtindo a companhia um do outro, antes de fazerem a higiene pessoal. Inevitavelmente as cenas da noite anterior invadem suas mentes os deixando levemente constrangidos e risonhos enquanto escovam os dentes em banheiros separados.
Durante o café da manhã, prepara um prato reforçado para , que o agradece com um beijinho demorado em sua bochecha, ela ainda tem vergonha de beijar o namorado em público, mas aos poucos vai quebrando essa vergonha nela.
A jovem come um sanduíche e brinca roubando um pedaço de sua boca. Eles riem e concluem a refeição. Logo, os dois passeiam pela cidade, visitando templos, tirando fotos da paisagem e, principalmente, um do outro. Quer dizer, está tirando muitas fotos de , o que a deixa envergonhada.
À noite vem e os fogos de artifício deixam o céu ainda mais bonito, admirada, não percebe a aproximação furtiva de por suas costas, a abraçando carinhosamente. Ele faz o movimento rápido e a vira para si, roubando-lhe um beijo na frente de todos que também assistiam aos fogos.
Capítulo 10 – Calúnia
Semanas depois…
Já de volta à escola, agora oficialmente como namorados, a notícia do namoro entre e se espalhou rapidamente pelos corredores da Escola Secundária de Yokohama. Com ele, alguns boatos sobre a também surgiram, a maioria caluniosa, mas alguns preocupam a jovem Yoshida que prefere não compartilhar isso com o namorado. Por falar nele, havia mandado um bilhete para a namorada pedindo para que se encontrassem no terraço do prédio onde estudam, pois ele tinha algo importante para lhe mostrar.
O jovem havia saído da sala e, a essa hora, estaria no clube de música – no qual também participa, mas hoje, especificamente, ela tinha sido dispensada para concluir alguns exercícios extras passados pelo professor. Curiosa, sobe apressada as escadas que levam ao terraço para poder encontrar-se com . O vento frio a faz encolher-se no próprio abraço e a jovem fecha a porta atrás de si, caminhando pelo terraço.
— ? — chama ela, percorrendo o olhar pelo local em busca do namorado. — Não tem graça, aparece logo — diz ela com medo do susto que poderia levar. — Não me dê susto, , por favor…
Ela caminha mais e, de repente, é surpreendida por dois braços fortes que a erguem no ar, agarrando-a por trás.
— ! — espanta-se, rindo, mas não é quem a agarra.
— Não sou o Murakami — sussurra a voz arrastada de Ren, o que faz arrepiar-se e virar o rosto para trás, desesperada.
— Me solta! — exige, assustada, Ren a coloca no chão, mas não a solta. O coração dela dispara. — Solta, Ren!
— E se eu não soltar, o que vai fazer? — ele tenta roubar um beija dela, mas Yoshida esquiva o rosto para o lado, empurrando o peito de Ren com as mãos. — Não seja assim, com o você deixou e por que comigo não deixa? — Ren encosta os lábios na orelha de , que sente o hálito quente dele muito perto.
— Me solta! — ela grita, agoniada com a presença dele. — Seu nojento, me solta! Socorro! Me ajudem, socorro! — berra em desespero, debatendo-se nos braços de Ren que a empurra para trás até que as costas de encostem em um dos armários por onde passam os fios de telefone do prédio. — Pare, Ren, me solta!
— Seja boazinha comigo assim como foi o Murakami — pede de maneira asquerosa.
Um dos boatos que correm pelo colégio é que e já tiveram sua primeira vez sexual. Mas, ao contrário do que realmente foi, o que dizem é que eles fizeram
de tudo neste ato. não contou para ninguém sobre o que houve, nem os irmãos Aikyo sabem. também não contou nem para sua mãe, a quem confia qualquer segredo. Ninguém sabe como e quem inventou tais absurdos.
A jovem continua se debatendo, esquivando-se da boca de Ren, que insiste em beijá-la, as mãos dele pressionando-a contra o armário enquanto percorrem com força algumas partes do corpo dela. O desespero apenas aumentando.
De repente, ouve-se o barulho da porta abrindo e fechando em seguida. Segundos depois o corpo de Ren é puxado para trás e um soco é desferido em seu rosto, ele cambaleia e, quando recobra os sentidos, enxerga a figura irritada de Take a sua frente.
— Aikyo… — sibila Ren, limpando o sangue de sua boca.
— Seu bastardo! O que fazia com a ?! — Take parte para cima de Ren novamente e inicia-se uma briga.
— Cuidado, Take! — alerta vendo o amigo defendê-la.
O mais novo derruba Ren no chão e sobe em cima dele para continuar desferindo socos em seu rosto. Mesmo caído, Kobayashi se defende, fechando o punho e lançando-o contra seu oponente. Em dado momento, Ren empurra Take, que cai no chão, e sai correndo jogando ameaças de revanche no ar.
Take levanta e vai até .
— Você está bem? O que ele fez com você? — indaga, angustiado e com as mãos nos ombros dela. A jovem ainda treme de medo.
— Ele tentou… ah, Take — desaba a chorar e joga o rosto sobre o ombro do amigo.
— Está tudo bem agora — o mais novo abraça a amiga, aconchegando-a em seus braços.
— Não…. não conta ao , por favor — ela pede ainda chorando.
— Ele precisa saber, , isso é grave…
— Não, Take, por favor… — insiste, puxando o uniforme dele.
— Ok, ok, eu não vou contar.
Mesmo sendo contra, Take não contará nada do que presenciou a . Ele consegue acalmar a amiga e eles retornam ao interior do prédio. Assim que chegam à sala, encontram e Kohshi esperando por eles. Perto da mesa do professor, o olhar de Ren atravessa o ambiente, fuzilando Take e , a jovem se encolhendo perto do amigo.
Dois dias depois…
O inverno se aproxima, a segunda semana de outubro está quase no fim e com ela uma temporada de dias frios para acostumar com o gelo que faz durante a próxima estação. Hoje é quarta-feira, e o casal Murakami-Yoshida passeia pelas ruas de Yokohama. Para ser mais preciso: nas dependências de um parque da cidade. adora passear de mãos dadas com agora que assumiram o namoro.
Mesmo com os ataques que vem sofrendo, ela encontra nele as forças para continuar feliz e ela não vê a hora dele frequentar sua casa como seu namorado. A tal conversa com os pais de para pedir
oficialmente a mão dela em namoro ainda não aconteceu e isso vem preocupando o rapaz, que quer fazer tudo direitinho para não acontecer o que houve na última vez que encontrou o pai de . Ele achou que ia morrer naquele dia.
O vento traz a sensação de frio, porém o casal consome, cada um deles um sabor diferente, duas casquinhas de sorvete com calda. Bom, está se lambuzando todo enquanto come e arranca risadas da namorada. Durante sua caminhada e luta com o sorvete para não se melar tanto, é surpreendido pela presença de cerca de seis homens mal-encarados. À princípio, nenhum deles se aproxima tanto do casal, apenas observando de longe. tenta não assustar e disfarça sua preocupação, exibindo sorrisos forçados que parecem não ser notados por ela. Porém, a chegada brusca dos homens perto deles faz com que o jovem puxe a namorada para trás de si, protegendo-a.
Com o movimento, o sorvete de cai no chão.
— Está nervoso, jovem Murakami? — debocha um deles, coçando o nariz como um tique nervoso. — Vejo que está bem acompanhado hoje — ele ri e os outros o acompanham.
— Fiquem longe! — ameaça , jogando o sorvete na direção deles que esquivam.
— Quem são eles, ? — indaga , assustada, perto do ouvido dele.
— Não se preocupe, vamos embora — ele diz de volta apenas para ela e faz o movimento para saírem, porém são barrados.
— Já vão tão cedo? — diz um deles, cercando o casal e ficando na frente de que saía primeiro. volta a puxá-la para que fique atrás dele e caminha para trás junto com ela.
— Opa! — o terceiro homem impede a escapada do casal.
— ! — abraça por trás e ele segura as mãos dela que estão sobre seu peito. A jovem enterra o rosto nas costas do namorado.
— Calma, minha querida… — pede ele, também com medo. O olhar do Murakami se volta para os homens. — Deixem ela em paz, o problema de vocês é comigo.
— Claro que é — rebate o primeiro homem e se aproxima dele. — Os Murakami’s sempre são o problema dessa cidade — ele ri e puxa o casaco de com força.
— Não! — o puxa de volta e tenta afastá-la.
— Não, , não se envolva, por favor — suplica o jovem, temeroso. — Não quero que se machuque.
— É, gatinha, não se meta — diz o homem e faz sinal para o outro tirar dali. Logo, a jovem Yoshida é puxada para trás.
— Não encostem nela! — brada que ainda está sendo segurado pelo casaco.
— ! Me soltem! , não! — desespera-se , debatendo-se nos braços de um deles.
De repente, leva um soco na boca e é solto no chão. grita novamente por ele. O rapaz leva a mão à boca, verificando que não há sangramento, e se levanta, preparando-se para brigar.
A briga logo se inicia.
Enquanto apanha de quatro homens que são claramente mais fortes que ele fisicamente, chora e um terrível filme se passa em sua mente. Por meses ela passou por uma terrível sensação de medo constante por conta de seu pai. As jogatinas feitas por ele, as dívidas acumuladas e as ameaças de morte eram algo infelizmente costumeiro para ela, mas ainda assim terrível de se conviver. Era comum para ela andar pelas ruas, de qualquer cidade que estivesse morando, sempre em alerta, olhando para os lados, sempre com medo. A raiva do pai só crescendo…
Outra questão que passa pela mente de Yoshida é onde conhece esses homens horríveis? E o que eles queriam dizer com
“Os Murakami’s sempre são o problema dessa cidade”? Será que é por causa da fama de bandido que o tio de tem? O que mais aflige a jovem é não poder ajudar o namorado que já está com o rosto bastante machucado. Mas, um fio de esperança acende em ao ver os irmãos Aikyo correndo na direção da briga.
— ! — grita o mais velho enquanto corre.
Eles iam perguntar se estava bem, mas resolveram encurtar a conversa, partindo para cima dos agressores do amigo para ajudá-lo. Uma briga maior se instaura e o desespero de aumenta, agora três pessoas queridas estão em perigo. Porém, a briga não dura muito. Ouve-se gritos que ordenam que parem.
vira o rosto na direção dos gritos e vê Ren correndo com uma barra de ferro empunhada, Katsuo, seu amigo, corre ao seu lado e mais alguns adolescentes que sempre vê andando com eles nos intervalos das aulas. Ao verem as armas nas mãos dos jovens e constatarem que estão em desvantagem numérica, os homens abandonam o local, esvaindo-se dali.
— ! — corre para acudir o namorado, agachando-se ao lado dele no chão. — Seu rosto está machucado… ah, … — choraminga ela com medo de tocar no rosto ferido dele.
— Estou bem, , não chore, minha querida — ele a tranquiliza, segurando sua mão e tenta sorrir.
— Será que sempre terei que salvar os três bocós?! — reclama Ren, aproximando-se com seu grupo de amigos.
— Não enche o saco, Kobayashi — lança Take, limpando o sangue de seu rosto. Seu supercílio havia se cortado.
— Mal agradecido você, hein, Aikyo?! — brada ele de volta, a barra de ferro repousada em seu ombro e um sorriso idiota no rosto. — Está tudo bem aí, brasileirinha? — pergunta Ren diretamente para que ergue o rosto para observá-lo.
— Estou — responde, seca. — Obrigada pela ajuda — ela agradece e volta a olhar para , preocupada.
— Está me devendo uma, hein? — diz Ren, já caminhando para sair. — Aliás — ele para seu movimento, rindo, e olha para os irmãos —,
vocês estão me devendo. Irei cobrar em breve.
Ele ri debochado e sai caminhando, seus amigos o seguem feito cães obedientes. Assim que eles saíram, engata uma leve discussão com .
— Quem eram eles, ? — indaga, aflita.
— Desavenças do meu tio — responde o jovem e faz uma careta de dor. Sua boca está com alguns cortes internos e externos que o incomodam.
— Meu Deus, , tem que falar com alguém sobre isso! Seu tio sabe? Não faz nada? — dispara a reclamar, pois está preocupada que acabe igual ao seu pai: com perseguidores atrás dele.
— Ele não liga para o que acontece comigo — diz, amargurado, e completa olhando para . — Querida, por favor, não se meta nessa história, está bem? — segura o queixo dela com delicadeza.
— …
— Por favor… — insiste, lançando um olhar tão preocupado quanto o de .
— Está bem — ela se dá por vencida, mas por dentro não se conforma com tanta negligência do tio do namorado.
— — chama Kohshi —, precisamos ir. Eles podem voltar — constata o mais velho.
concorda e o ajuda a se levantar. Os quatro caminham para fora do parque, todos atentos ao redor para qualquer sinal de perigo. está mancando um pouco, pois levou duas rasteiras. Take e Kohshi têm quase os mesmos ferimentos, a diferença para Kohshi que tem um corte relativamente profundo em sua cabeça, já que levou vários chutes no local e o sapato usado pelo seu agressor tinha a ponta fina, o que causou o ferimento.
deixa os rapazes em uma praça isolada, como inúmeras que tem naquela região da cidade, e vai até à farmácia comprar curativos. No caminho, ela liga para Aimi, avisando o que aconteceu. A jovem Inoue diz que vai até eles ajudar e que também levará curativos e remédios.
Minutos depois, retorna para a pracinha, encontrando os três rapazes sentados nos bancos com as expressões de derrota. A garota separa os curativos e remédios e distribui entre eles, começando a cuidar de enquanto os irmãos cuidam de si mesmo.
— KOHSHI AIKYO!
A voz esganiçada, porém firme de Aimi é ouvida e todos encaram a jovem correr com a expressão irritada na face. Aimi é uma menina doce, normalmente está sorrindo, mas agora está bastante brava. Kohshi se encolhe, retraindo-se no banco conforme a Inoue se aproxima.
— Quem pensa que é para entrar numa briga com uma
gangue?! — berra ela, estapeando o braço dele.
— Aimi-chan! Não me bata assim — choraminga ele com a voz manhosa.
— Acha que está certo, então?! — ela continua batendo nele e senta-se ao seu lado, praticamente empurrando Take para a ponta do banco. O mais novo ri da cena enquanto limpa o ferimento de sua mão.
— Não disse isso — defende-se. — Mas não precisa ficar brava, eu estou bem.
— Ah, estou vendo! — ironiza. — Seu rosto está machucado, idiota! — reclama ela, brava.
Kohshi observa a expressão dela, ainda brava, ao mesmo tempo que ela começa a retirar os curativos e remédios que levou para cuidar dos rapazes. Ela entrega um curativo maior para Take colocar em sua mão e outro menor para seu rosto e depois volta sua atenção a Kohshi que segue observando-a com carinho. Ultimamente, ele vem pensando em falar com ela sobre o que sente, sobre o que sempre sentiu, mas ainda não teve uma boa oportunidade para isso. Agora não seria, teoricamente, o melhor momento, mas…
— Quer sair comigo, Aimi? — pergunta, de repente. Aimi se distrai e quase derruba a sacola com os remédios. Kohshi a ajuda, equilibrando novamente as coisas em seu colo.
— Co-Como assim, Aikyo?! — diz, hesitante.
— Sair comigo, só eu e você, em um encontro romântico — detalha o rapaz, fazendo Aimi arregalar o olhar.
Mesmo assustada com a proposta e sendo observada pelos amigos, que aguardam uma reação dela, Aimi só pensa em uma coisa. E é exatamente o que ela executa em seguida.
Aimi puxa o rosto de Kohshi para si e o beija.
Take e soltam um som de surpresa e sorriem. apenas sorri e balança a cabeça pensando na demora em Kohshi chamar a jovem para sair e pensando em si mesmo e no quanto demorou para declarar-se para .
[🎌]
Poucas semanas depois…
Já é inverno em Yokohama.
Meados de novembro e o frio já castiga a região. Sempre foi a estação favorita de quando estava no Brasil, porém o frio japonês é bem diferente do que está acostumada. Apesar de ser mais rígido, ainda é do agrado da jovem.
está sozinha na sala de aula. Já havia passado da hora de ir embora, mas ela resolveu ficar para concluir os exercícios extras passados pelo professor, no intuito de melhorar sua nota e seu entendimento dos assuntos de Língua Japonesa. As aulas diárias com têm dado resultado e tem compreendido melhor os kanjis e regras gramaticais. O que ela pratica agora é a grafia dos kanjis, sempre foi um desafio para ela, mas sua dedicação tem sido admirável. Até mesmo seu pai tem elogiado ela por isso e dado bronca por ela ter tido tal dedicação somente agora que levou bomba no boletim.
Os rapazes tinham ido embora a pedido de . Ela não quis incomodar e prender eles lá por mais tempo, mesmo que eles tenham dito que estaria tudo bem, ela preferiu ficar sozinha. poderia estudar em casa, mas prefere o completo silêncio da escola após a saída de todos. Em casa, sempre há barulho e isso a distrai.
— Hm, olha se não é a brasileirinha intrometida — a voz debochada de Ayumi invade a sala de aula e ergue a cabeça para encará-la. A outra caminha acompanhada por suas inseparáveis amigas. — Perdeu alguma coisa aqui, Yoshida?
— Estou estudando — diz, simplesmente, e se vê cercada pelas três.
— Nerd — ela ri, sendo acompanhada pelas outras que agem como um espelho da Ayumi. — Saori, Yumi — chama a líder com o nariz empinado —, souberam da novidade?
— Não — responde Yumi já sabendo do que se trata. — O que aconteceu?
— Algo interessante aconteceu no colégio? — debocha Saori, rindo.
— Oh, muito interessante — diz Ayumi e se debruça na mesa de . — Sabiam que temos um novo casal?
— Ohhh!!
— Quem são?! — dizem Saori e Yumi, respectivamente.
— Ren e
— responde, encarando que dá um salto da cadeira, levantando-se.
— Eu não… — ela ia defender-se, mas é interrompida.
— O próprio Ren confirmou que vocês tiveram, como posso dizer… — Ayumi ri e completa: — Um momento íntimo bastante
quente no terraço do colégio — Saori e Yumi soltam um grito de surpresa e sente seu corpo tremer de raiva.
— Isso é mentira! Eu nunca…
— Sabemos o que você fez, sabemos como você é Yoshida! Você nunca me enganou com essa cara de santinha! — acusa a outra, voltando a falar firme, batendo na mesa de , espalhando os livros e cadernos dela, que caem no chão.
— Sua… — levanta uma das mãos para bater em Ayumi, mas tem o pulso segurado por ela. — Me solta!
— Sua porca! Deveria voltar para seu país e deixar o -kun em paz, você não merece ele, sua traidora!
Ayumi estapeia o rosto de que tenta se defender do segundo tapa. Ela não percebe, mas Yumi saca o celular do bolso do blazer e começa a filmar a briga delas. Ayumi empurra no chão e joga uma cadeira próxima na Yoshida que não teve como se defender. Enquanto agredia , Ayumi acusa a jovem de traição e de ter relações sexuais com Ren. Saori ajuda a amiga, jogando uma caixinha de suco nos cabeços de que grita pedindo para que parem com tudo aquilo.
Ela só queria sumir.
Após atacarem , as três amigas a deixam caída no chão e rapidamente enviam o vídeo para todos os grupos da escola. Em poucos minutos, a maioria dos alunos responde o vídeo e alguém o
upa para a internet em geral. Não demora para que aquilo se espalhe e chegue em quem não deveria ter visto.
Do outro lado da cidade…
No escritório, Hiroki ouve de longe a voz da filha, mas parecia robótica. Ele pergunta ao seu colega de trabalho o que ele está vendo e logo assiste o vídeo da filha sendo esculachada por três garotas em sua escola. O coração dele dispara. Ele precisa voltar para casa imediatamente.
Enquanto isso, do outro lado da cidade, assiste ao vídeo horrorizado.
Seu celular vibra com a chegada de inúmeras mensagens.
Take 👻: “ ! Cara, que merda de vídeo é esse?! Kohshi ⚽: “Você está bem, cara? Quer que a gente vá praí?! Take 👻: “Acho que devemos ir ver a também… |
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😝: Não acredito em nada que falaram nesse vídeo!!! 😑 Que absurdo! A Ayumi foi longe demais dessa vez… |
Kohshi ⚽: “Ela tinha parado de implicar com a depois que o Yanar-san falou com ela, né?” |
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😝: “Sim, mas parece que eu mesmo terei que falar com ela. Ou então mandar o Akuma-san falar…😡” |
Kohshi ⚽: “ ! Cara, não precisa tanto. O Akuma é muito bruto!”
Take 👻: “Ele é sinistro!!! 🙃” Kohshi ⚽: “Demais…” |
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😝: “Mas ela irá parar com isso por bem ou por mal! Cansei…” |
Kohshi ⚽: “Entendo você estar assim, mas o Take tem razão: a , precisamos ir vê-la!” |
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😝 : “ … sim, vamos vê-la. Encontro vocês aqui em casa em quinze minutos!” |
Take 👻: “Chegamos em cinco.” |
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Dito isso, os três trocam de roupa e logo se encontram.
Enquanto isso, na casa dos Yoshida…
— Vou matar os desgraçados que fizeram isso!
Hiroki está
muito bravo com o ocorrido a sua filha. Ele anda de um lado a outro, já havia se livrado do paletó e seus cabelos estão bagunçados. Ele não quer crer que sua filha realmente tenha feito tudo que a acusaram no vídeo, ele sabe o quão perverso pode ser um adolescnete ferido, ainda mais quando se trata de seu país. Mas, por outro lado, ele não deixa de ter uma desconfiança, por mais que isso lhe doa.
— Querido, acalme-se, por favor — pede Harumi, que abraça a filha. não diz uma palavra desde que o pai e o padrinho chegaram, Hayato também está mudo desde que chegou há alguns minutos. — Foram crianças que postaram isso…
— Eles não são mais crianças, Harumi! — brada o homem, nervoso. — Por Deus, olha o que fizeram… certamente foi de caso pensado!
— Não pode acusar sem saber, Hiroki — adverte a mulher, lançando um olhar para o marido.
“Pare!”, diz o olhar nas entrelinhas.
— Não é possível que a escola não faça nada contra isso — continua ele, ignorando a advertência. — Uma escola tão tradicional em Yokohama e permitindo que os alunos cometam
bullying dessa forma…
— Isso não é
bullying — manifesta-se Hayato, pela primeira vez. Todos na sala o encaram. — Já passou dos limites do
bullying — completa ele, sério. tem medo toda vez que vê o padrinho sério dessa forma.
— Padrinho… — sussurra para si mesma.
— — chama o homem, encarando a afilhada. O olhar que odeia. — Quem são essas garotas?
Ele pergunta, mas não consegue responder. A campainha toca.
— Quem será? — questiona-se Hiroki, ainda com a voz irritada. — Em pleno caos na nossa família e vêm incomodar…
— Pode ser alguém da escola, querido — lembra Harumi, deduzindo, e o homem ergue ambas as sobrancelhas, concordando.
Hiroki caminha até a porta e a abre. Parados ali estão três adolescentes, um deles Hiroki sabe muito bem quem é.
— Você! — exclama ele, surpreso em ver o rapaz ali.
— Boa noite, senhor Yoshida.
curva o corpo em um ângulo de noventa graus em sinal de muito respeito. Em sua mente, o jovem monta frases que não soem ofensivas de alguma maneira para o homem assustador a sua frente. Hiroki consegue ser pior que o tio de quando está com raiva, transmite uma aura sombria.
— O que faz aqui, moleque? — brada o mais velho e dá um passo para frente, assustando os três amigos que recuam.
— Viemos ver a , senhor — responde o Murakami com a voz amena, tentando ser o mais cordial possível. — Podemos…
— Não, não podem! — Hiroki o interrompe de maneira rude. — Saiam daqui, andem, saiam! — brada o homem, espantando os três dali.
— Só queríamos…
— Estão surdos?! — esbraveja e ameaça jogar um sapato, que estava perto de seus pés, na cabeça dos garotos.
, Take e Kohshi saem correndo, assustados com a reação adversa de Hiroki, mas o grito de os faz parar.
— !!!
vira o corpo e vê a namorada correr em sua direção. Ele passa entre os amigos e prepara-se para acomodar em seu abraço. Em segundos eles estão abraçados, o calor de seus corpos os aquecendo nessa noite fria. O abraço do namorado é tão confortável quanto o de seu padrinho.
Acolhedor.
— Eu não fiz nada, , não fiz — sussurra no ouvido de , exasperada.
— Eu sei que não — ele devolve o sussurro. — Não se explique, eu sei que não fez nada do que disseram — ele afaga a nuca dela e deixa um beijo carinhoso na lateral de seu rosto.
— Hey, moleque! — Hiroki grita, correndo para separar os dois, mas é impedido por Hayato.
— Hiroki! — impõe ele, recebendo o olhar indignado do amigo. — Temos muito a resolver, mas resolveremos uma coisa de cada vez — pondera. — — o homem chama pela afilhada, que se vira para encarar o padrinho, a mão agarrada na de .
— Sim, padrinho — ela diz, encarando de volta, o olhar baixo.
— Vamos entrar e resolver o seu problema do vídeo — diz. — E depois — ele rola o olhar para , fixando nele —, vamos ter uma conversa, rapaz.
apenas assente. Hayato consegue ser tão assustador quanto Hiroki. Será uma noite longa para todos.
Tem máfia no meio, já amo HAHAHHA
Quero ver como o moço vai ser introduzido e como vai ser essa adaptação ao Japão e tudo mais.
Att, já!
Comentário originalmente postado em 23 de Junho de 2023
Amamos máfia, então hahaahha sempre doi um jeito de botar nas histórias
O mocinho ja vem no próximo capítulo … e ele vai chegar CHEGANDO. A pp vai adorar ele
Ai, o Keigo é fofinho <3
Foi meio abestado no começo, né, mas ok, vou perdoar por enquanto u.u
E AMEI a Harumi HAHAHHAHA muito boooom
Comentário aleatório: Acho Murakami um sobrenome bonito IHASIOHASOIHAS
Siiim, foi bem abestado em cair na provocação do Ren hahaha tadinha da pp que se ferrou nessa brincadeira.
Harumi melhor personagem! Ela vai aprontar algumas ainda e o Hiroki quase vai enfartar por causa disso hahahah
E Murakami é um sobrenome lindo mesmo *-*
Eu já tava na paz esquecendo do Ren, aí ele reaparece do além pra lembrar que as coisas só tão começando, né JPONDASPDOANSP
Pera, os amigos do Keigo não sabiam que ele não sabia nadar? Kei-chan, não saber nadar não é um problema nem uma vergonha, bb <3
Vamos ver o que o futuro nos reserva :’D
Sabiam siim, mas fora naquela de “ele ja ta saindo da água “, mas ele não tava pq deu cãibra no pobi kkkk
Ren sempre ressurge pra lembrar do quão chato ele é.
estou curiosa para saber o que houve
gente, o homi com senso de humor depois de quase ir de arrasta pra cima, pai amado. vai levar uns belos tapas da esposa e da filha
da esposa, com certeza hahahah
tadinha da Ali 🙁
esperando pelo momento que a Ali vai dar um fora bem dado no Ren, faça isso acontecer, Li hahahaha
vai demorar um tiquinho, mas vem aí
Ó, achei ofensivo e desnecessário o que o professor aí fez. Se ia dar uma chance PRA QUE EXPOR OS ALUNO? Já odiei u.u
A Ayumi já ganhou minha cara de nojinho, parabéns 😀
E eu tô com medo do que o Keigo vai aprontar pra “parar” a sem noção HOASHAPOSAHSP
AHAHAHAHA oh, mulher, esse professor tem dessas. É novo, meio “paizão” dos alunos, mas gosta de dar essas broncas.
Ayumi: o ranço da semana.
O Kei vai aprontar? Imagina, ele é quietinho ^-^
Gente, mas que pai escandaloso HAHAHAHHA
Senhor, sua filha cresceu, aceite que dói menos HAHAHAH
Achei bonitinho os meninos tudo descobrindo as paixões kkkk E Kohshi, vai finalmente parar de olhar esquisito pra menina? Mostra pra ela que você tem um lado fofo e apaixonado também!
E o Take, vai ter parzinho também, pra completar o trio? HAIHOSBAOSI
Ainda quero saber qual foi o “jeito” que o moço deu (ou vai dar) na Ayumi :B
Papai Yoshida é bem dramático ahhaahahaha
O trio de casal vem aí!
E o “jeito” é apenas mencionado. Mas foi tipo uma prensa com carinho (ou não) hehe
Gente, coitado do Keigo, só tava lá no meio, todo inocente pensando que o tio só era esquisito e mal encarado, vai ver… Olha aí, nem em família dá pra confiar, te contar viu?
E viu, Akuma podia aparecer, eu deixo, o nome é bem sugestivo, já amo HAHAHAH
Keigo ta sempre numa montanha-russa entre alegria e decepção hahaha tadinho, o pobi sofre nessa fic.
E o Akuma tem esse nome Justamente por isso heheheeh Yanar e Hyakume tb