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Daejeon

1. Into The New World

06:45 pm.

  Mais uma vez eu me remexia naquela poltrona desconfortável do avião. Não imaginava que passar horas ali seria mais doloroso que calculei, porém felizmente sobrevivi, esperando mais cinco minutos para aterrissar no Aeroporto Internacional de Incheon. Sim, eu estava me mudando para a Coréia do Sul, após anos de estudo e dedicação, trabalho e algumas cartas de recomendações, recebi um convite para lecionar em uma escola infantil particular na cidade de Daejeon. Esse trabalho me ajudaria bastante em minha dissertação de mestrado, apesar do grande desafio para minha carreira como professora.
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  — Yuri?! — disse ao chegar perto de uma moça que segurava um cartaz com meu nome.
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  — Oh, . — Ela abriu um largo sorriso para mim. — Sim, sou eu, fiquei preocupada com seu vôo pelo mau tempo.
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  — Felizmente deu tudo certo a aterrissagem. — Sorri de volta ajeitando a bolsa no ombro.
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  — Me dê essa mala, vou te ajudar — disse ela pegando a mala pequena. — O táxi está a nossa espera.
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  — Obrigada. — Peguei a outra mala e a segui pelo saguão do aeroporto.
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  — Estou ansiosa pelo seu primeiro dia, você vai adorar a nossa escola. — Sua empolgação era evidentemente maior que a minha, o que me deixava motivada.
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  Yuri foi um dos meus poucos contatos no tempo em que estava me preparando para a mudança, algo bom, pois sua mãe me convidou para morar com ela, assim não ficaria sozinha em meu tempo indeterminado no país. Assim que chegamos, sua mãe, senhora Sora, me recebeu com alegria e gentileza, o que me pegou de surpresa foi ela ter me abraçado, como se fosse da família. Talvez ela quisesse me fazer sentir em casa, já que estava realmente longe de casa e, a partir daquele momento, elas seriam o mais perto de família que eu teria.
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  — Ah, que bom que chegou em segurança — ela continuou sorrindo com um olhar gentil. — Como foi a viagem?! Deve ter sido cansativo passar mais duas horas a caminho de Daejeon.
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  — Sim, foi mesmo um pouco cansativo, não consegui dormir direito no avião, mas pelo menos pude estudar mais um pouco — respondi encostando minha mala grande na porta.
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  — Venha, vou te mostrar o nosso quarto — disse Yuri enquanto se dirigia ao corredor, carregando minha outra mala.
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  Era de se esperar que dividiríamos o mesmo quarto, Yuri já havia mencionado que o apartamento onde vivia com a mãe era um pouco pequeno, e que o terceiro quarto era do seu irmão que estava para voltar do exército. Mesmo sendo para duas, o quarto não era tão pequeno assim, uma beliche já nos aguardava e ela logo anunciou que a cama de cima era dela. Assenti sem problema e ri da sua cara de criança feliz, ao olhar para a cama.
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  — Posso dizer que está bem mais animada que eu?! — ri dela novamente.
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  — Me desculpe pela minha euforia, é que sempre quis ter uma irmã, mas não rolou. — Ela fez uma carinha de triste. — Meus pais sempre acharam que dois era um número bom e suficiente.
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  — Seus pais foram espertos — brinquei —, mas acho que te entendo um pouco, eu sou filha única.
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  — Deve ser pior ainda… Pelo menos eu tenho o oppa, que sempre me ajudou. — Ela se sentou na cadeira em frente a escrivaninha e ficou me olhando.
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  — Oppa… — sussurrei rindo — Tenho que me acostumar com essas formas de tratamento.
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  — Acho bom mesmo — advertiu ela —, porque você é minha unnie agora.
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  — Nossa, me sinto lisonjeada por isso. — Voltei minha atenção para as malas. — Ahh… Posso arrumar isso amanhã?!
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  — Não só pode como deve, precisa descansar, amanhã de manhã teremos reunião na escola com a diretora — informou ao retirar seu celular do bolso e começar a mexer nele. — E ela não gosta de atrasos.
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  — Ah… Já imagino como ela é — sussurrei novamente.
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  Era só o que me faltava. Claro que eu não era daquelas pessoas que sempre chegava atrasada, mas cidade nova, rotina nova, tinha minhas dúvidas quanto minha pontualidade. Porém não iria me preocupar com isso agora, tomei um banho quente e relaxante, me aconcheguei com roupas quentes, mesmo sendo final de inverno, o frio ainda reinava na cidade de Daejeon.
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  — Estou impressionada com você — disse Yuri assim que terminamos de arrumar a cozinha do jantar.
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  Havia me oferecido para lavar as vasilhas sujas, já que Sora ajumma, como havia pedido para chamá-la, me acolheu de forma tão calorosa, já queria retribuir minha gratidão, mesmo que de forma pequena.
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  — Impressionada com o quê?! — A olhei confusa.
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  — Sua pronúncia, é difícil estrangeiros falarem tão bem coreano — comentou.
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  — Vou me lembrar de agradecer meu monitor da faculdade. — Ri baixo.
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  — Hummmm… — ela riu.
  — Nem comece, Yuri — a repreendi rindo também. — Ele só foi um amigo que me ajudou muito.
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  — Ahh, quer dizer que está solteira? — Seu olhar curioso estava atento aos meus movimentos, enquanto enxugava a louça.
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  — Quer dizer que não deixei ninguém me esperando no Brasil — expliquei. — Nada mais a declarar.
  — Estou ainda mais ansiosa para te apresentar ao oppa — ela vibrou enquanto fechava a geladeira.
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  — Nem comece, senhorita Yuri. — A olhei séria. — Nada de ser cupido, o que sua mãe vai achar de mim.
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  — Somos amigas, eu gostei de você.
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  — Não quer dizer que serei namorada do seu irmão — a repreendi.
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  — Duvido que vai continuar pensando assim após conhecer ele. — Ela cruzou os braços.
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  Segurei o riso. Yuri já havia mencionado sobre seu irmão que paralisou a carreira promissora de advogado para se alistar no exército, onde passaria dois anos servindo seu país. O que me deixou admirada, não somente por ele, mas por todos que serviam de forma honrosa por amor a sua nação.
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– x –

  — Primeiro, gostaria de dar boas-vindas oficialmente para a nova professora de literatura, senhorita Miller — disse a diretora Lee Hana, estendendo suavemente sua mão em minha direção.
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  — Agradeço mais uma vez pelo convite e trabalharei duro para não decepcioná-los — breve e sucinta, como se deve, me curvei de leve em respeito a todos e logo me sentei novamente na cadeira.
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  Sim, estava nervosa, mas não deixaria que isso estragasse minha performance. Queria causar boa impressão no primeiro dia e, com a ajuda de Yuri, tudo sairia muito bem, ela era fantástica e muito comunicativa, não era à toa que era assistente da diretora Lee. Passamos a manhã naquela reunião, com a diretora Lee repassando os deveres e direitos dos funcionários da Song Elementary School, destacando principalmente a boa postura que os professores deveriam mostrar perante os pais.
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  Era de se esperar que para o primeiro dia não oficial de trabalho me entupiram de papéis para preencher e assinar. Sorte que Yuri me explicou cada parágrafo do contrato oficial de trabalho, além da cartilha informativa para os professores com algumas regras particulares, algo cansativo de ser lido, mais precisamente decorado por mim. Pouco depois do almoço, convenci Yuri de me mostrar um pouco da cidade, ou melhor, me ensinar o caminho de volta para casa e alguns pontos de referência que me ajudariam a não ficar perdida pela cidade.
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  Foi quando eu realmente me perdi dela, um piscar de olhos que minha atenção se voltou para uma criança que chorava no meio da calçada, sozinha e aparentemente abandonada. Dei um giro procurando por Yuri, mas ela misteriosamente já havia sumido do meu campo de visão; um adulto perdido era tranquilo, mas meu coração apertou ao ver aquela garotinha chorando e as pessoas passando por ela como se não a vissem. Atravessei a rua e me aproximei dela com cautela, para não assustá-la.
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  — Oi, princesinha — disse ao parar alguns passos dela, que continuava a chorar. — O que faz aqui sozinha?
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  Quanto mais eu tentava falar com ela, mas ela chorava, até que algumas pessoas que passavam começaram a nos olhar de forma estranha, o que me deixou com medo de pensarem que eu estava sequestrando ela. Então eu comecei a procurar nos bolsos da minha calça e dentro da minha bolsa, o que fez a garotinha me olhar confusa querendo saber o que eu tanto procurava.
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  — Oh, tem que estar aqui. — Revirei mais um pouco até que encontrei uma flor de papel que sempre carregava comigo. — Achei, uma flor para uma florzinha.
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  Estiquei para que ela pegasse, mesmo tímida e com receio pegou curiosa para descobrir o que era, essa foi minha deixa para me aproximar mais um pouco.
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  — Onde estão seus pais?! — Olhei em minha volta, procurando algum sinal. — O que faremos agora?! Não posso te levar para a polícia, até eu estou perdida, vão achar que eu te sequestrei.
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  Suspirei fraco, pensando no que poderia fazer, enquanto isso ela continuou concentrada na flor que havia lhe dado, então eu me sentei bem em sua frente e fiquei a observando, logo ela notou e me olhou temerosa.
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  — Não se preocupe, não vou te deixar sozinha, ficarei aqui com você até seus pais aparecerem. — Sorri para ela, que logo foi sentando de frente para mim, segurando a flor em sua mão. — Então, mocinha, qual o seu nome?
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  Ela continuou me olhando em silêncio. Mesmo fazendo uma graduação de licenciatura, ter trabalhado com crianças grande parte dos meus estágios, além de alguns cursos de pedagogia, eu não sabia o que fazer. A primeira impressão era de uma criança saudável e certamente assustada por estar longe dos pais, mas após quase duas horas com ela ali no meio da calçada, não sabia o que fazer, até que…
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  — Posso te mostrar uma coisa?! — perguntei esticando a mão para que me entregasse a flor. — Prometo devolvê-la.
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  Ela assentiu me entregando a flor, até o momento era uma flor pequena e entreaberta, então eu puxei uma parte do papel fazendo a flor abrir mais.
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  — Ohhh… — disse ao fazer a “mágica”. — Agora você tem uma flor mais bonita ainda.
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  — Sunny — gritou uma voz masculina vindo em nossa direção.
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  De imediato a garotinha se levantou e olhou para trás, assim que chegou perto, o homem a abraçou apertado, pude ver em seu olhar a mistura de preocupação com alívio.
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  — Querida, onde estava? Por que fez isso? — disse ele tentando ponderar a voz em seu estado alterado de um pai desesperado.
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  — Quem é você?! — disse uma mulher se colocando ao lado do homem. — Por acaso estava tentando sequestrar nossa Sunny?
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  — O quê?! — Eu me levantei um tanto indignada. — Espera aí, quem deixou a criança chorando no meio da rua não foi eu.
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  Claro que eu não iria aceitar desaforos, e nesta altura já tinha pessoas nos olhando.
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  — E quem me garante que você não a tirou de onde estava?! — a mulher me acusou novamente.
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  — Os negligentes são vocês e quem leva a culpa sou eu?! — retruquei — Quem são os pais aqui que deixaram essa criança sozinha.
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  — Vocês duas querem parar — o homem gritou entre nós e logo Sunny voltou a chorar, ele soltou um suspiro de cansaço. — Calma, querida, nós já vamos para casa.
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  — Não sem antes prestar queixa por sequestro. — A mulher manteve seu olhar venenoso em mim.
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  — Sim, claro, e eu vou prestar outra por abandono de incapaz — retruquei.
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  — Já disse para pararem. — O homem olhou para ela e depois para mim. — Eu não sei quem você é, mas estava com minha filha.
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  — Unnie — disse Yuri ao se aproximar de toda aquela confusão. — Unnie, o que está acontecendo, te procurei por todo lado.
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  — Acredite você que parei minha vida para ajudar essa criança e agora estou sendo acusada de sequestro. — Mantive meu olhar para o homem, com certa ironia. — Porém…
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  — Sim, eu vi. — Uma senhora que mantinha sua barraquinha do que parecia doces caseiros, ali perto se aproximou de nós. — Eu vi quando a criança chegou aqui chorando e ficou parada por um longo tempo, até que essa moça se aproximou para ajudar, ela ficou longas horas sentada no chão fazendo-a companhia.
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  Finalmente alguém do meu lado.
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  — Temos uma testemunha, com isso acho que já resolvemos a questão, essa ajumma viu tudo e nem a conhecemos. — Yuri pegou seu celular. — E se quiserem mais, podemos ligar para nosso emprego onde temos muitos álibis, para dizer que passamos a manhã trabalhando. Qual mesmo foi o horário que essa criança desapareceu?
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  Tentei esconder o sorriso de satisfação em meu rosto. Mesmo sendo fofa e meiga, Yuri sabia ser séria e afrontosa quando queria, não poderia esperar menos da assistente da diretora mais durona que existe. Por dentro eu queria xingar horrores aqueles dois irresponsáveis que se achavam pais da Sunny, além de abraçar aquela ajumma que me defendeu, porém, minha preocupação com a criança era maior do que tudo naquela hora.
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  — Me desculpem, tenho certeza que isso foi… — disse o homem, ponderando sua voz — um mal entendido, não é, Gain?
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  — Mas… — a mulher tentou argumentar com ele.
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  — Gain. — Seu olhar sério para ela, pela primeira vez no meio daquela confusão toda, me fez observar as linhas do seu rosto, ele era um tanto quanto charmoso e bonito.
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  — Sim, claro. — Ela assentiu voltando seu olhar para mim. — Me desculpe o mal entendido, estava um pouco nervosa com tudo isso.
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  — Sunny, vamos para casa agora. — Ele abaixou para ficar na altura dela, finalmente conseguindo acalmá-la de novo. — Vai ficar tudo bem, ok?!
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  Sunny assentiu ainda retraída, então voltou seu olhar para mim, como um vislumbre estranho de esperança, algo que eu não entendia de imediato, mas sentia que aquela garotinha talvez estivesse me agradecendo por ter passado aquelas horas com ela. Ela se afastou do pai e se aproximou de mim, foi então que eu entendi o que ela queria dizer, então estiquei a flor aberta a entregando.
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  — Cuide bem desta flor, mocinha. — Sorri de leve e pisquei para ela.
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  Assim que Sunny pegou a flor, assentiu com a cabeça e sorriu de volta, foi o sorriso mais fofo e acolhedor que eu recebi na vida, principalmente vindo de uma criança que acabara de me conhecer. Ela voltou para perto do pai e segurou em sua mão, então voltou sua atenção para flor em sua mão.
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  — Bem eu… Gostaria de agradecer, pelo que fez por minha filha. — O homem se curvou em agradecimento, algo que jamais imaginaria que pudesse acontecer comigo. — Obrigado.
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  — O que fiz por ela, faria por qualquer outra criança. — Sem modéstia, faria mesmo.
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  — Nem chegou direito e já está criando confusão, unnie — Yuri brincou, assim que os pais problema se afastaram com Sunny.
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  — Eu juro que só queria ajudar — me expliquei em minha defesa, e virando para a senhora dos doces. — Ajumma, muito obrigado por me defender.
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  — Oh, eu só estava dizendo a verdade, foi você quem acalmou a criança, até eu tentei pouco antes de você chegar e a menina não parava de chorar, afastou muitos clientes — reclamou ela, voltando seu olhar para a barraquinha ainda com vários pacotes de doce.
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  — Hum… Em forma de agradecimento, levarei um pouco dos pacotes que a senhora tem.
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  — Sério?! — Ela me olhou espantada.
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  — Sim. — Assenti. — Quanto custa cada um?!
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  Yuri dividiu os gastos comigo e juntas compramos a quantidade necessária para que eu pudesse levar para meus alunos, já que as aulas iniciariam na segunda, eu teria mais dois dias para me preparar. Assim que chegamos em casa, contamos o que aconteceu para Sora ajumma, que imediatamente ficou indignada com a reação da mulher.
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  — Posso ser sincera?! — disse me sentando no tapete da sala. — Aquela mulher não tinha cara de mãe, sei lá se eu estiver errada, Deus me perdoe, mas não tinha não.
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  — Hum… Ela não parecia muito preocupada com a criança, parecia mais preocupada com você por ter cuidado da pequena. — Yuri soltou uma risada maldosa. — Será que a omma desnaturada ficou com ciúmes? Aquele ajusshi tinha mais cara de oppa, é bem bonito.
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  — Isso eu tenho que concordar. — Sorri com certa malícia, porém me contive. — Mas vida que segue, só fico triste pela Sunny, ela não parecia muito feliz e tinha um olhar triste, talvez pelo susto de ter se perdido dos pais.
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  — Isso já passou, vocês duas vão trocar de roupa que o jantar está quase pronto — ordenou Sora ajumma.
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  Juntas eu e Yuri batemos continência e seguimos em risos para o quarto. Logo após o jantar, me sentei na cama e fiquei mexendo no celular, trocando algumas mensagens com meus pais pelo whatsapp. No momento em que toquei no assunto ocorrido, minha mente se transportou novamente para a cena desta tarde, quando encontrei Sunny chorando e quando seu pai lhe abraçou ao encontrá-la. Um breve sorriso escapou no meu rosto, me fazendo voltar para a realidade, onde várias mensagens da minha mãe já aguardavam minha resposta.
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  — Está pensando no pai desnaturado?! — brincou Yuri ao aparecer de sua cama com a cabeça para baixo.
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  — Yah!! — disse me apossando de uma expressão que meu monitor adorava usar comigo. — Pare de ter ideias erradas, ele é um homem casado e sabemos como é a tal Gain, além do mais, ele não me parece um pai desnaturado.
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  — Hum… — ela riu. — Então estava mesmo pensando nele.
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  — Não vou negar, me veio a cena dele abraçando a Sunny quando a encontrou — confirmei.
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  — Você se afeiçoou a garota né?! — Ela voltou a se deitar novamente.
— Confesso que tenho um carinho grande por crianças, acho que se não fosse professora, talvez seria pediatra, mas tenho tanto trauma de agulha e sangue que desisti da medicina — brinquei.
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  — Pelo menos seguiu o caminho que gosta — comentou ela.
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  — Você não?! — perguntei curiosa.
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  — Digamos que quando eu fiz administração, não era para ser assistente da diretora Lee, eu almejava mais ser assistente de um Chaebol e ele se apaixonar por mim e eu ter o casamento dos meus sonhos — respondeu detalhadamente.
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  — E o que seria chaebol? — perguntei tentando lembrar o significado da palavra.
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  — Chaebol são grandes conglomerados dirigidos por família ricas e milionárias, e os herdeiros são chamados assim — explicou.
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  — Você anda vendo muito dorama, amiga.
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  — Não custa nada sonhar, unnie, vai que acontece comigo um daqueles romances tipo no dorama O Que Há De Errado Com A Secretária Kim? — ela soltou uma risada. — Seria um sonho me casar com o Park SeoJoon!
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  Nós rimos e conversamos mais um pouco até que eu caí no sono. Meus dias que seguiram foram para organizar minhas roupas no armário e meus livros na estante, ou seja, organizar minha nova rotina e descansar minha mente para o que estava por vir. Eu seria professora de literatura e daria aula para crianças de 7 a 12 anos, não sabia o que aguardava, mas já havia provado um pouquinho da exigência da diretora Lee. O que me faz ter a certeza que trabalharia duro para que as crianças fossem instruídas por mim da melhor forma possível.
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  — Bom dia, crianças — disse com certa empolgação ao me posicionar em frente a turma.
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  — Bom dia, professora Miller — disseram em coral.
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  — Que fofo — sussurrei me controlando internamente.
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  Tinha que admitir que a disciplina coreana era surreal e nova para mim, mas estava me divertindo com aquele primeiro dia, primeiramente com a recepção do ajusshi Han, professor de esportes e treinador do time de basquete. Após a segunda aula, a diretora Lee me chamou em sua sala, estranhei Yuri não estar na recepção, e logo ao entrar na sala, levei um choque ao ver dois rostos conhecidos.
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  — Ah, aqui está ela. — A diretora se levantou da poltrona onde estava sentada. — Senhor Kim, esta é a senhorita Miller, nossa nova professora de literatura, ela ficará responsável pela pequena Sunny.
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  O que?!
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  Sim, aquele era o mesmo homem que há dois dias estava em meus pensamentos com sua filha perdida, e sim, eu estava estática. Voltei meu olhar para Yuri, mas a mesma estava tão surpresa quanto eu, e o mais louco de tudo é que o senhor Kim também estava com o mesmo olhar que nós duas, tentando entender como poderia aquilo estar acontecendo.
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  — Prazer professora Miller, eu sou o Kim , pai da Sunny — disse ele mantendo seu olhar confuso em mim.
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  Meu coração disparou, sua voz estava mais grossa e firme, voltei meu olhar para a pequena Sunny e lá estava a flor que eu havia lhe dado em sua mão direita, enquanto segurava com a outra a mão do seu pai.
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“Há uma longa estrada em nossa frente
Com um futuro desconhecido, não irei mudar
Não posso desistir.”

– Into The New World / Girls’ Generation

2. Indestructible

  — Olá novamente, pequena — disse me aproximando de Sunny, agachei ficando na sua altura e sorri para ela, que timidamente sorriu de volta. — Vejo que está cuidando muito bem dessa flor, tão linda quanto você.
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  Eu senti uma respiração profunda vindo dele, que permanecia ao lado da filha me observando, então me levantei e o olhei, respirei fundo também, precisava ser o mais profissional possível.
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  — Bem, como você ficará responsável por Sunny, deixarei que conversem sobre a nossa nova aluna. — A diretora se dirigiu para a porta. — Vamos, Yuri, precisamos providenciar os documentos da transferência de Sunny.
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  — Sim, senhora. — Yuri me lançou um olhar de boa sorte e seguiu a diretora, saindo depois dela.
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  Voltei meu olhar para Sunny, tentando não desviar minha atenção dela, que mantinha seu olhar na flor em sua mão.
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  — Bem… É um tanto surpreendente — disse ele como se procurasse as palavras certas. — Eu nem sei por onde começar.
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  — Porque não começamos do início. — Eu ri um pouco para descontrair, estendendo a mão para que sentasse no sofá, e me sentando também. — Prazer, eu sou a professora Miller, de literatura, mas pode me chamar de se preferir.
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  — Kim , mas pode me chamar somente de . — Ele se sentou, mantendo seu olhar em mim. — Novamente queria me desculpar pelo outro dia, eu estava desnorteado e, mesmo nervosa, a Gain não deveria ter dito aquela palavras tão duras.
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  — Por favor, não se desculpe por um erro que não foi seu, apesar de ter ficado irritada pelo tratamento dela, posso compreender o desespero de uma mãe. — Ou talvez só esteja me forçando a entender.
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  — Mãe?! A Gain não é a mãe da Sunny. — Ele riu de leve.
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  — Não?! — Por essa eu não esperava. — Madrasta?
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  — Também não — ele riu novamente. — Gain é minha sócia, uma amiga de muito tempo, tem me ajudado a cuidar de Sunny.
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  Oh! Novamente sem reação… Voltei meu olhar para Sunny, que se mantinha de pé entre suas pernas brincando com a flor.
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  — Eu posso entender o que aconteceu com a mãe dela?! — perguntei ponderadamente. — Se não for intromissão.
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  — Eu prefiro não falar sobre isso, não sem antes… — ele respirou fundo. — Não que eu não confie em você, mas…
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  — Por favor, não se explique, você não me conhece direito e sou uma estranha para sua filha, entendo perfeitamente. — O olhei com segurança. — Quantos anos a Sunny tem?!
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  — Seis anos. — Ele acariciou o cabelo da filha com carinho. — Como eu disse para a diretora, eu não consegui encontrar nenhuma creche onde ela se adaptasse, Sunny de alguma forma sempre foge, então um amigo me indicou essa escola.
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  — Essa pequena é muito especial, posso sentir isso. — Mantive meu olhar singelo nela. — Bem, como professora responsável, prometo ajudá-los.
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  — Mais uma vez obrigado — aquele tom soava gratidão sincera, algo que me deixou ainda mais motivada a ajudar Sunny a se adaptar a nossa escola.
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  A diretora Lee logo retornou com seus documentos para que assinasse, aproveitei o momento para discretamente pegar Yuri pelo braço e a arrastar até o banheiro da sala dos professores.
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  — O quê?! — disse ela embasbacada após eu contar a verdadeira história da mulher ciumenta.
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  — Isso mesmo, ela não é nada dele, só sócia, o que está me irritando ainda mais. — Respirei fundo.
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  — Agora mais do que nunca, eu preciso saber quem ele é, o que ele faz, se é rico ou não — Yuri começou com suas loucas teorias like a dorama.
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  — Lá vem você com suas loucuras de chaebol. — Cruzei os braços a olhando séria. — Yuri, estamos falando de uma criança, de um pai e uma sócia que nem faz parte da família.
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  — O que não significa que ela não queria ser. — Ela me olhou. — Aposto que ela gosta dele, mas ele não gosta dela.
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  — E o que isso me importa? — Respirei fundo, controlando meus pensamentos. — De onde que a diretora tirou essa ideia de me colocar responsável pela Sunny?
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  — Deveria estar feliz, já está afeiçoada a criança — retrucou.
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  — Você não me respondeu. — Meu olhar sério continuava.
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  — Digamos que nenhum dos outros professores quis ficar responsável.
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  — Ah, claro, porque não pensei no óbvio, temos um problema, jogue para a professora nova — sussurrei.
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  Meu problema não era ficar responsável pela Sunny, eu estava amando a ideia, meu problema era não saber como faria para ajudar aquela criança e ao mesmo tempo lidar com seu pai e o fato de não saber mais sobre a vida deles. Havia aprendido com uma pedagoga que crianças com dificuldade de comunicação frequentemente carregam grandes traumas em sua vida. Sunny só tinha seis anos e, pela reação de , certo que já havia passado por algo difícil em sua vida, o que fez meu coração ficar ainda mais apertado.
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  — Me diz que não é cinco da manhã?! — resmunguei da cama ao desligar o despertador do celular.
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  — Adoraria, mas não, já são cinco da manhã. — Yuri desceu da cama e seguiu cambaleando até a porta. — Não acredito que o fim de semana passou tão rápido.
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  — Nem eu, e hoje ficarei o dia todo com a Sunny. — Me espreguicei ainda deitada. — Hoje é meu dia de trabalho que mais amo, porém minha falta de criatividade em realizar uma atividade que estimule ela a falar está me matando.
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  — Porque você não faz o óbvio e prático e leva ela em uma fonoaudióloga ou psicóloga infantil? — sugeriu Yuri.
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  — O pai dela já fez tudo isso, por isso eu estou cuidando dela, tecnicamente sou o último fôlego de esperança, ou algo do tipo. — Suspirei fraco.
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  — Então, tenta tirar ela das quatro paredes da escola. — Yuri abriu o armário e começou a escolher a roupa que vestiria. — Você não sabe a rotina dela com o pai, e pelo que observamos ele parece ser uma pessoa bem ocupada, então, vai que a menina esteja somente precisando de um pouco de afeto e carinho?!
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  — Pode ser, o fato dela não ter mãe e a sócia ser uma figura feminina meio estranha também pode ser um agravante — observei. — Já estamos indo para a quarta semana, percebi que nos dias que Gain vem buscar ela, Sunny fica mais retraída e com um olhar de decepção.
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  — Talvez por ela querer ver o pai… — completou.
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  — Também — concordei pensando no que faria.
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  Assim que deixou sua filha na escola, pedi para que assinasse uma autorização para uma aula ao ar livre, algo que me custou um longo argumento sobre como seria benéfico para Sunny sair do ambiente relativamente aprisionador que a escola poderia lhe causar. Como assegurei, era um experimento que queria fazer, para que aumentasse o grau de confiança dela em mim, e o destino escolhido foi o Daejeon O-World. Nada como um zoológico para deixar uma criança animada, feliz e interessada ao mesmo tempo.
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  — Está pronta, recruta Sunny? — Bati continência para ela, que assentiu batendo continência também.
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  A flor que havia lhe dado estava devidamente sendo segurada pela mão esquerda, como todos os dias, isso de alguma forma me dava forças e energia para continuar e me empenhar mais. Paguei nossa entrada e adentramos o parque, mas não sozinhas, o senhor Han havia se prontificado para nos acompanhar, assim a diretora ficaria mais tranquila, e com a autorização assinado pelo pai, eu poderia ter um dia tranquilo com essa pequena.
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  A cada jaula que passávamos eu tentava desembolar uma história mais maluca que a outra, enfatizando o quão importante era a família para os animais, rolou até uma versão nova e improvisada de o rei leão. O que mais me deixou satisfeita foi ver alguns sorrisos e olhares curiosos dela, Sunny estava se divertindo aquele dia, o que significava que a sugestão de Yuri de sairmos da escola estava funcionando e eu pretendia seguir adiante, nas próximas segundas.
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  — Chegamos — disse assim que o senhor Han estacionou o carro em frente ao portão da escola. Voltei meu olhar para o retrovisor. — Muito obrigada, Han ajusshi.
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  — Não precisa agradecer, a companhia de vocês foi bem melhor que ficar sentado na cadeira da sala dos professores corrigindo exercícios. — Ele soltou uma gargalhada engraçada, nos fazendo rir junto. — E contem comigo para a próxima semana.
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  — Isso se a diretora Lee e o pai dela concordarem — enfatizei já pedindo a Deus ajuda para convencê-los.
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  — Tenho certeza que vão, sou sua testemunha que hoje foi um dia de muito aprendizado para essa criança. — Senhor Han sorriu ao abrir a porta do carro.
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  Eu sorri ao abrir a porta do meu lado e desci do carro com Sunny, logo avistei seu pai em frente ao carro dele nos esperando. Pedi para que conversasse comigo e a diretora, eu precisava relatar o micro avanço de Sunny no zoológico, assim como minha ideia de ter as aulas ao ar livre. Claro que a diretora Lee colocou inúmeros empecilhos envolvendo questões de segurança e da tradição da escola no quesito educação, entretanto o que me intrigou foi o olhar atento e observador de para mim, enquanto eu contra-argumentava a diretora Lee.
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  — Admito que nenhuma das outras escolas me propuseram fazer isso, mas… — ele voltou seu olhar para a filha —, se você acha que pode ajudar Sunny, eu darei meu consentimento.
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  — Senhor Kim?! O senhor tem certeza?! — A diretora parecia mais surpresa que eu com sua resposta.
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  — Sim — confirmou sua decisão. — Se for ajudar minha Sunny.
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  — Eu reforço minha promessa de dar o meu melhor pela Sunny — disse segura de minhas palavras. — E vi como ela se divertiu hoje e aprendemos muitas coisas juntas.
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  Sunny, que estava ao lado do pai, voltou seu olhar para e sorriu, certamente agradecendo pelo dia maravilhoso que tivemos juntas.
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  — Então, precisaremos que assine outro termo de autorização, e você professora Miller assinará um termo de responsabilidade pelas aulas ao ar livre com a criança. — A diretora Lee sempre arrumava uma forma de não se comprometer e nem o nome da escola, então claro que seria o meu pescoço na forca.
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  Assentimos juntos e esperamos que Yuri preparasse os papéis, enquanto isso eu fiquei brincando com Sunny, era incrível como ela havia se apegado a minha flor e sempre a segurava na mão esquerda, algo que já estava me intrigando a muito tempo. Outra coisa que me intrigava era o olhar fixo que sempre mantinha em mim, observador e silencioso são as características iniciais que havia selecionado para descrevê-lo. Apesar de de toda a curiosidade que mantinha dentro de mim, já me dava por satisfeita ter chegado àquele ponto, ele já confiava em deixar Sunny comigo passeando pela cidade.
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  — Acredite ou não, aulas ao ar livre são mais cansativas que em sala — comentei com Yuri assim que entramos em casa. — Minhas costas doem.
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  — Mas com certeza se divertiu bem mais — retrucou ela.
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  — Sim, você precisava ver os olhos brilhando de Sunny quando nos aproximávamos dos animais — concordei. — Foi tão mágico.
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  — Oppa?! — Yuri parou no centro da sala olhando para o corredor. — Você chegou quando?
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  — Hoje de manhã. — O homem deu alguns passos saindo do corredor dos quartos e adentrando a sala, ele ainda trajava o uniforme militar, era alto e tinha que concordar quando Yuri disse que era bonito.
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  — Oppa, quero te apresentar unnie. — Yuri me olhou sorridente, não sabia se era por seu irmão estar de volta ou por ela finalmente apresentá-lo a mim.
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  — Prazer. — Eu me curvei de leve, então percebi que ele tinha esticado a mão em cumprimento.
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  Yuri riu baixo da nossa falta de coordenação.
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  — Prazer, sou o . — Ele manteve a mão estendida e logo eu retribui o cumprimento. — Espero que esteja se sentindo confortável em nossa casa.
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  — Claro, Yuri e Sora ajumma estão sendo muito acolhedoras comigo. — Sorri em agradecimento por sua preocupação e me voltei para Yuri. — Eu vou colocar as coisas no quarto, preciso preparar a aula de amanhã.
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  Me afastei deles e segui para o corredor. Fiquei tão focada em proporcionar um dia de diversão a Sunny que acabei me esquecendo dos outros alunos, eu não sabia muitas coisas da literatura coreana, nada além do que estudei na universidade e das dicas do meu querido monitor. Certo que passaria a noite estudando ainda mais para não deixar que meu rendimento em sala caísse, sem contar com a incansável supervisão do vice-diretor, o senhor Chang. Ele me parece bem entusiasmado em seguir cada passo meu pela escola, o que já está me deixando louca.
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  As horas se passaram e bem depois do jantar, resolvi ficar na sala de estar trabalhando para não acordar Yuri, minha amiga parecia bem mais cansada do que eu, certamente era cansaço mental e psicológico por ter que trabalhar diretamente com a diretora Lee.
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  — Que concentração — comentou ao aparecer na entrada do corredor, encostado na parede de braços cruzados.
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  — Ah… Eu não queria atrapalhar o bom sono da Yuri, então resolvi vir trabalhar aqui. — Continuei sentada no chão onde estava e olhei em minha volta para aquele tanto de papel espalhado. — Mas não posso garantir minha organização no processo.
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  — Acredite, Yuri consegue ser mais bagunceira — brincou ele dando mais alguns passos em minha direção. — Você parece cansada.
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  — É tão visível?! — Ri baixo. — Preciso melhorar meu cronograma de afazeres diários, mas tenho um problema em só conseguir ser produtiva à noite.
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  — Senhorita coruja — brincou.
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  — Agradeço o elogio — eu ri. — É estranho, mas sempre fui assim… Eu não te acordei, não é?
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  — Não — respondeu se dirigindo para a cozinha. — Estou acostumado a acordar no meio da noite para fazer a ronda, você sai do exército, mas o exército não sai de você.
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  — Te entendo, devem ter sido dias difíceis para você lá, a Yuri me contou como o exército é rígido e bastante intenso — comentei tentando ponderar minhas palavras.
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  — Não é fácil mesmo, mas me sinto honrado por ter defendido meu país, mesmo que somente por dois anos — concordou.
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  — Admirável esse amor de vocês pela nação. — Sorri de leve e voltei meu olhar para minha bagunça. — Isso me faz querer não decepcionar meus novos alunos.
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  — Hum… Então você ensina literatura. — Ele se aproximou mais um pouco e encostou na parede da porta, ficando de frente para mim.
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  — Digamos que estou no caminho, só preciso seguir nas direções corretas — enfatizei. — Ainda conheço pouco da cultura de vocês.
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  — Talvez eu possa te ajudar — disse tranquilamente. — Tenho uma velha amiga de escola que trabalha na biblioteca pública, ela sempre foi muito boa em literatura no ensino médio.
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  — Sério?! — O olhei. — Nossa, vai me ajudar muito mesmo.
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  — Hum… — Ele me manteve o olhar em mim como se me analisasse.
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  — O quê? O que foi? — Olhei em minha volta tentando entender.
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  — Nada, só estou aqui pensando… — Ele voltou o olhar para o relógio de parede. — Você está com fome? Já se passou um longo tempo desde que jantamos.
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  — Nossa… — Passei a mão de leve em minha barriga. — Agora que está falando, acho que estou mesmo precisando recarregar as energias.
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  — Que tal uma volta, conheço alguns lugares que funcionam essa hora e vendem uma comida bem gostosa — convidou ele retirando a chave de sua moto do bolso da calça.
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  — Devo considerar o fato desse convite já ter sido meramente planejado? — disse apontando para a chave.
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  — Eu já estava mesmo pensando em ir, então… Pensei que pudéssemos fazer companhia um para o outro — explicou de forma vergonhosa, mas mantendo a naturalidade na voz. — Você aceita?
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  — Acho que um passeio noturno pode ser bom para refrescar minha mente cheia de preocupações — brinquei me levantando do chão. — Só preciso pegar minha bolsa, não posso sair sem meus documentos, mesmo que você seja responsável por mim.
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  Saí rindo em direção ao quarto, tentei fazer o mínimo de barulho possível para não acordar Yuri, então troquei rapidamente de blusa e calcei o tênis antes de pegar minha bolsa transversal. Caminhamos por alguns minutos até chegar a uma barraquinha de rua, que para minha surpresa estava com bastantes pessoas, foi complicado encontramos um lugar para sentar, mas logo ao cantinho avistou uma mesinha vaga.
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  — Incrível essa vida noturna em Daejeon, achei que fosse só no Brasil que os barzinhos ficassem lotados de madrugada — comentei assim que fomos servidos, nosso pedido foi lámen tradicional coreano.
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  — Bem, acho que só no verão a noite fica mais movimentada ainda que na primavera — explicou ele se sentando na banqueta em minha frente.
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  — Obrigado por me trazer aqui, essa é a primeira vez que saio de casa para me divertir e não trabalhar. — Desviei meu olhar para as mesas ao lado, vendo um casal mais a frente rindo de algo.
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  — Assim como o exército não foi para mim, imagino que não esteja sendo fácil se adaptar à nova vida — comentou ele.
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  — Só de viver longe de casa já é complicado. — Olhei para o hashi com certo receio, já havia treinado um pouco, mas não levava jeito para isso.
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  — O que foi? — perguntou curioso.
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  — Estou com medo de fazer bagunça.
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  — Não se preocupe… — ele riu. — Coma com a colher, com tempo pega a prática.
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  — Espero que sim — ri pegando a colher que estava na bandeja.
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  Delicioso. Essa era a palavra certa para classificar aquela comida, bem temperada e com um toque louco de pimenta que me fez tossir em alguns momentos, Yuri já tinha me dito que coreanos eram loucos por comidas apimentadas, mas não imaginava tanto. pediu duas garrafas de soju, a bebida mais cheia de álcool deles, apreciada pela nação inteira, mas logo já informei que não bebia, então a senhora dona da barraquinha gentilmente conseguiu uma lata de coca para mim.
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  — Yuri me disse que você se formou em direito — comentei ao iniciar uma conversa aleatório sobre nós. — O que te fez largar tudo e ir para o exército?!
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  — É louco, mas inicialmente foi, por causa do meu coração — respondeu ponderadamente.
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  — Seu coração? Você está doente? — O olhei preocupada.
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  — Não. — Ele riu de imediato. — Talvez um pouco cego, mas, não doente.
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  — Como assim cego?
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  — Estava apaixonado — explicou melhor. — Por uma amiga de trabalho, então resolvi ir para o exército com o desejo de me tornar um homem honrado para ela, mas…
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  — Vocês terminaram? — perguntei, vendo a mudança no seu olhar, mostrando tristeza e frustração.
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  — Sim, ela disse que dois anos era muito tempo para um amor sobreviver a distância — respondeu. — Então, depois que entrei no exército ela se casou.
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  — Uau. — Aquilo me chocou.
  Me segurei para não fazer nenhum comentário inoportuno, respirei fundo e pensei em mudar o rumo da conversa.
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  — Você pretende voltar a ativa e advogar novamente? — perguntei.
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  — É o que gosto de fazer — respondeu com segurança. — Vou começar a avaliar algumas propostas de trabalho.
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  — Hum, homem importante. — Sorri de leve.
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  — Tenho alguns amigos que tem amigos, que conhecem pessoas — ele riu. — E você? Como veio parar aqui?
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  — Você me trouxe de moto para cá, não lembra? — brinquei, o fazendo rir mais. — Bem, inicialmente eu sempre gostei de crianças e de ensinar, dava aulas de reforço quando estava no ensino médio, então minha mãe me incentivou a fazer algum curso que fosse licenciatura, assim eu seria professora.
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  — Interessante.
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  — É, se não fosse o fato de mexer com cadáver ou sangue, eu poderia ter partido para pediatria, entretanto, gosto bastante de literatura por isso segui esse caminho — continuei. — E para contrariar meus pais, escolhi o coreano como o idioma estrangeiro para estudar.
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  — Uau, agora estou curioso para entender o que a motivou a isso.
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  — Tenho duas amigas no Brasil que são loucas por kpop, fazíamos faculdade juntas e me influenciaram a escolher o hangul — respondi.
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  — Uahh, então terei que agradecê-las.
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  — Pelo quê? Me influenciar? — surpresa eu estava.
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  — Sim, estou desfrutando de sua companhia graças a elas. — Ele sorriu de forma tímida e fofa.
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  — Um agradecimento duplo, então. — Peguei a lata de coca e levantei em sinal de brinde.
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  Ele pegou sua garrafa de soju e brindou comigo, mantendo seu olhar em mim. era bastante educado e muito gentil, além de suas histórias sobre os dois anos de exército serem bastante interessantes. Foram longas horas de conversa enquanto caminhávamos pelas ruas de Daejeon, eu sabia que pela manhã estaria um bagaço de tão cansada e com sono, porém aquele momento de descontração parecia mais revigorante que uma noite de sono.
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– x –

  — Pronto, agora pode ir contando — disse Yuri ao puxar a cadeira da estação ao lado e sentar perto de mim.
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  — Contar o quê?! — Desviei meu olhar do monitor e voltei para ela. — Do que está falando?
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  — Do seu encontro com meu irmão, achou mesmo que não vi vocês dois saindo cedo e voltando às cinco da manhã? Vocês nem dormiram em casa, estou morrendo de curiosidade! Já posso te chamar de cunhada?
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  — Claro que não. — Fiquei boquiaberta com a euforia louca dela. — Yuri por favor, eu e seu irmãos somente saímos para comer, e caminhamos um pouco.
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  — Só isso?! — Ela me olhou meio desapontada.
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  — O que mais esperava? — Desviei meu olhar para a porta da sala dos professores, Sunny estava parada ao lado do professor Han.
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  Era aula de esportes da turma que ela deveria frequentar, e propus que ela ficasse com ele para se enturmar, mas certamente não rolou muito. Me levantei da cadeira e segui até eles.
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  — Então, pequena Sunny, como foi a aula? — perguntei já sabendo que nem um som sairia dela. — Ajusshi Han?!
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  — Eu acho que ela só se sente à vontade perto de você — assegurou. — Você vai precisar de mais paciência para lidar com isso.
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  — Obrigado senhor Han, ainda que não tenha dado certo, demos mais um passo hoje. — Voltei meu olhar para ela. — Não é, Sunny?
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  Ela voltou seu olhar para mim e sorriu. Voltaria então para meu plano A, fazer a Sunny assistir todas as minhas aulas diárias para assim trabalhar seu entrosamento com outras crianças. Já tinha notado que ela parecia uma criança solitária, precisava saber um pouco mais sobre sua rotina em casa para conseguir ajudar da melhor forma possível, mas não sabia como poderia me aproximar do seu pai e fazê-lo confiar mais em mim. Além da curiosidade em saber o que tinha acontecido com a mãe da pequena.
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  Mais semanas se passaram. Consegui que me prometesse buscar Sunny todos os dias, assim como estava a levando para aula, seria mais um momento em que ambos teria a oportunidade de estarem juntos, já que ele passava muito tempo no trabalho e pouco com a filha. Seu vínculo com ela era evidentemente frágil, mais uma preocupação para mim, Sunny precisava vê-lo como uma figura paterna que lhe transmita segurança e principalmente amor. Mas como eu ensinaria um pai a fazer isso, se eu nem era mãe?! Pior, não poderia me intrometer assim tão abertamente no relacionamento de pai e filha deles, o que me deixava ainda mais agoniada sem saber o que fazer.
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  — Bem, eu… Queria fazer outro pedido — disse pouco antes de se afastar com a filha.
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  — Sim?! Preciso assinar mais alguma autorização? — perguntou.
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  — Não — tomei coragem. — Desta vez eu… Queria que fosse consoco.
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  — Em uma aula ao ar livre? — Ele se demonstrou surpreso pelo convite e ao mesmo tempo confuso.
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  — Sim… Vai ser bom para ela ter uma experiência assim com o pai — reforcei a importância. — Me desculpe a intromissão, mas percebi que passa muito tempo longe dela e Sunny precisa da sua atenção, de pai.
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  — Eu agradeço que queira ajudar e posso sentir que minha filha está mais calma ultimamente e nesse tempo todo não tentou fugir novamente, contudo, não posso fazer o que está me pedindo. — Ele se manteve sério.
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  — , estamos falando de um dia somente, não acredito que não possa fazer isso pela Sunny, ela é sua filha — retruquei cheia de indignação.
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  — Sim, ela é minha filha. — Ele segurou firme na mão da criança. — Por isso não acho que deva se envolver onde não deve, professora Miller, minha relação com Sunny só diz respeito a mim.
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  Mesmo seu olhar duro tinha traços de tristeza, talvez Sunny não seja a única ferida naquela família, mas se ele já estava me tratando assim por somente questionar o tempo que passa com a filha, imagine se eu perguntasse novamente o que aconteceu com a mãe dela. Ele a pegou no colo e se afastou de nós, Sunny me olhou tristonha enquanto apertava a flor de papel em sua mão.
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  — O que eu fiz?! — sussurrei para mim mesma.
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  Já sabia que passaria o fim de semana preocupada com a pequena, minha mente fervilhava de preocupação, para piorar meu corpo dolorido pelo resfriado que peguei sem necessidade. Domingo pela manhã Sora ajumma viajou para casa de sua irmã em Busan, segundo ela, precisava de umas férias, do que eu não sabia, mas estava feliz por sua animação em viajar. Logo após o almoço Yuri saiu para um encontro, minha amiga estava radiante com seu vestido novo que comprou para a ocasião, em suas palavras aliviadas, já fazia tempos que ela esperava pelo convite do tal funcionário da empresa de entretenimento. É engraçado imaginar minha amiga sendo namorada de um quem sabe k-idol, mais ainda, torcer pelo seu romance as escondidas, digno de dorama.
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  — Voltou cedo — disse ao adentrar a sala e ver misteriosamente na cozinha preparando algo no fogão. — Olha só quem sabe cozinhar — brinquei.
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  — Eu que estou surpreso por estar em casa. — Ele me olhou de relance, então voltou sua atenção para a panela. — Aceita spaguetti?
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  — Além de chefe sabe gastronomia italiana — o fiz rir.
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  — Aprende-se muita coisa no exército, sabia? — ele continuou mexendo a panela que parecia ser do molho.
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  — Imagino. — Dei alguns passos até ele, ouvindo mais nitidamente o barulho da chuva que caía do lado de fora. — Eu até pensei em dar uma volta, mas começou a chover e desanimei, Yuri provavelmente vai demorar para voltar.
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  — Aposto que vai usar isso de pretexto para conhecer o dormitório de algum grupo de kpop. — Ele riu.
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  — Você sabe quem é esse tal funcionário?
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  — Ela sempre fala a mesma coisa, que não pode contar para proteger ele. — Ele suspirou fraco. — Tenho medo que minha irmã se machuque com essas suas fantasias amorosas de dorama.
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  — Eu não a recrimino, acho fofo os romances de dorama — retruquei — Apesar da maioria ser repetitivo, a mocinha pobre que apaixona pelo CEO da companhia, egocêntrico e sarcástico, com uma mãe ou tia que impede o amor deles, e ainda tem uma mulher para ser a rival.
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  — Nossa, não é só minha irmã que anda fazendo maratonas de doramas — comentou rindo.
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  — Digamos que eu veja para treinar minha pronúncia — me expliquei.
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  — Sei. — Ele desligou o fogo e me olhou cruzando os braços.
  — Estou falando sério. — Fiz cara de emburrada. — Então, nosso jantar está pronto?
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  — Bon appétit, senhorita. — Ele abriu um largo sorriso, me fazendo sorrir junto.
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  Em um piscar de olhos tocaram a campainha da porta, achei estranho de início, já que Yuri havia saído com a chave e assegurou que não estava esperando ninguém. Segui até a porta e assim que abri, meu corpo gelou ao ver Sunny toma molhada pela chuva parada na porta e chorando.
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  — Pequena?! O que faz aqui a essa hora?! — Me estiquei e olhei no corredor, vendo-o vazio a coloquei para dentro. — Como chegou até aqui?
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  Ela esticou a mão com um papel, notei que não estava com a flor de papel que havia lhe dado no dia em que nos conhecemos.
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  — Quem é essa criança? — perguntou .
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  — Minha aluna. — Peguei o papel e li meu endereço anotado nele, fiquei curiosa para saber como ela tinha conseguido aquele endereço, mais, como ela tinha conseguido chegar em minha casa. — Venha, Sunny, temos que tirar essas roupas molhadas.
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  Por um momento me peguei desnorteada com a situação, mas antes de pensar em fazer o óbvio e ligar para o seu pai, eu iria cuidar daquela doce criança da forma mais carinhosa possível. Se Sunny veio atrás de mim, é porque conquistei sua confiança e seu afeto, então não iria decepcioná-la, muito menos negligenciá-la.
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  Seguraria sua mão, mesmo que me custasse ir contra seu pai.
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“Este indestrutível e inquebrável
Vínculo que nunca vai se quebrar
Nossas almas são almas gêmeas (almas gêmeas)
Por exemplo,
Mesmo se parecer que você está prestes a cair de um penhasco
Eu definitivamente não vou soltar a sua mão

Indestrutível…
Porque eu vou proteger você até o fim.”

– Indestructible / Girls’ Generation

3. Lion Heart

  Eu levei Sunny para o banheiro o mais rápido possível, precisava lhe aquecer para que não pegasse resfriado. Após um banho quente, a levei para meu quarto e coloquei uma blusa de moletom nela como pijama improvisado. Enquanto isso, preparou uma generosa xícara de chocolate quente e levou no quarto, para que eu desse a criança, que entre soluços de um possível choro, tomou com bastante incentivo meu.
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  — Tome querida, assim ficará quentinha — repeti novamente assim que ela tentou me entregar a xícara ainda na metade.
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  Assentindo novamente, ela terminou de tomar o chocolate. Voltei meu olhar para , que se encostava na porta, por alguns instantes.
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  — E agora? O que pretende fazer? — perguntou ele.
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  — Tenho que ligar para o pai dela e tentar entender como ela chegou aqui.
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  Apesar de ter levado Sunny uma vez no apartamento, em extremo caso de urgência, em que sujamos seu vestido de sorvete, seria um tanto surreal uma criança guardar o caminho de uma vez só.
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  — O zelador disse que foi um professor que a trouxe aqui, ela estava em frente ao prédio da escola onde trabalha — disse ao desligar o telefone.
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  — Será que foi o professor Han?! — me perguntei. — Me sinto aliviada por terem encontrado ela.
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  — Se quiser posso ligar para o pai dela — disse ele.
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  — Faria isso? — o olhei. — Não quero deixá-la sozinha.
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  — Claro. — Ele sorriu de canto.
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  — Obrigada, . — Sorri de volta.
  Me aproximei um pouco mais de Sunny, assim que ela me entregou a xícara, me aconcheguei ao seu lado então ela aninhou-se em meu braço, aos poucos comecei a acariciar seus cabelos e a cantarolar uma música aleatória. Assim que ela pegou no sono, saí do quarto deixando a luz do abajur de Yuri acesa, então voltei para sala.
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  — — disse ao me ver.
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  — Boa noite, . — Adentrei um pouco mais passando por , que se dirigia ao corredor.
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  — Onde ela está?
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  — No quarto dormindo. — Me coloquei a alguns passos dele.
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  — Não entendo o motivo dela ter fugido desta vez — seu tom frustrado estava tão aparente quanto o olhar preocupado.
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  — Nem sei o que dizer, ela estava progredindo tanto — comentei.
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  Olhei para de relance, encostado na parede, com as mãos no bolso e de cabeça baixa.
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  — Aconteceu alguma coisa que pudesse ser um gatilho para isso? — perguntei tentando entender. — Você brigou com ela?
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  — Não, eu jamais… Tenho me esforçado ao máximo para conquistar o afeto de minha filha, eu não sei o que poderia tê-la incentivado a fazer isso… Como disse, estamos progredindo.
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  Fiquei em silêncio e pensativa por um tempo.
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  — Eu sei que não deveria pedir, mas deixe-a aqui esta noite — pedi a ele. — Pode ser pior ainda se ela acordar e não me encontrar, ou se ver novamente no lugar de onde fugiu.
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  — Confesso que me dói saber que minha filha se sente mais segura com você do que comigo — seu tom amargo não me abalou. — Espero que não se ofenda.
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  — Não me ofendi, eu te entendo. — Respirei fundo. — Mas agora, o que importa é ela se sentir confortável.
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  — Você tem razão, como sempre. — Ele se sentou no sofá abaixando a cabeça. — Sou o pior pai do mundo, não consigo criar minha filha e nem ser presente em sua vida.
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  Eu não sabia o que dizer e nem como confortá-lo, me sentei ao seu lado e o olhei de forma gentil, então peguei em sua mão para que voltasse sua atenção em mim.
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  — … Sunny precisa de você — disse direta e abertamente — Eu não sei o que aconteceu com a mãe dela, mas ela ainda tem um pai, e mesmo que possa ser difícil agora, vocês dois têm um ao outro e com certeza se amam muito, são uma família.
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  — Ela nos deixou — disse .
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  — Como?
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  — A mãe da Sunny nos deixou. Mina foi uma namorada que eu tive no primeiro ano da universidade… Estávamos bem juntos, eu tinha planos de pedí-la em casamento após a formatura, mas muito antes disso ela desapareceu por um tempo, então no ano passado Sunny apareceu na minha vida, foi deixava na recepção da minha empresa com uma carta da mãe dizendo que era meu dever cuidar da nossa filha a partir de agora. — Ele manteve seu olhar para baixo, era nítido que segurava as lágrimas. — Ainda me sinto perdido com tudo isso, por não saber amar minha filha como deveria.
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  Oh céus! A história era ainda mais profunda e complicada que eu imaginava, respirei fundo e limpei algumas lágrimas que apareceram na emoção de ouvir aquelas palavras. não era um péssimo pai, ele só precisava aprender a ser um.
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  — Deve estar sendo difícil para ambos essa realidade, mas sei que você ama sua filha, vejo isso em seus olhos, então não desista de ser o pai que ela precisa que seja. — Mantive segurando em sua mão e sorri de forma singela.
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  — Eu não consigo sozinho. — Seu olhar veio de encontro ao meu como um pedido de socorro. — Me ajuda, por favor.
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  Assenti com a face mantendo meu olhar suave.
  — Obrigado — sussurrou ele.
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  — Eu que agradeço em poder ajudar.
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  — Eu preciso ir, amanhã de manhã, volto para buscar a Sunny — disse ele se levantando.
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  — Estaremos te esperando — assenti.
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  Guiei para o quarto de Yuri por alguns minutos para que visse a filha, então o levei até a porta. Ele parecia um pouco mais confiante e seguro antes de ir, talvez por eu ter dito que lhe ajudaria, ou por ter desabafado comigo. Suspirei fraco ao fechar a porta e voltei meu olhar para adentrando a cozinha, indo pegar algumas tigelas no armário.
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  — Você não comeu ainda — comentou ele puxando a cadeira para que eu me sentasse.
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  — Você é incrível, sabia? — Me sentei. — Obrigado por hoje.
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  — Não precisa agradecer. — Ele terminou de colocar a panela com a sopa na mesa e se sentou na cadeira de frente para mim. — Percebi que o assunto é mais complicado que imaginei.
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  — Lidar com criança já não é fácil, e agora sabendo o que aconteceu com Sunny… — Mantive meu olhar no quarto. — Aquela criança passou por muitos traumas, sua relação com a mãe provavelmente não foi boa antes, ela foi abandonada e não vê segurança no pai.
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  — Você acha que consegue ajudá-los? — perguntou com um olhar preocupado. — Talvez seja algo pesado demais.
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  — Sei que não será fácil, mas não posso cruzar os braços e não fazer nada, mesmo que seja um empurrão, quero dar para que ambos possam ser felizes — respondi. — Não sei como poderei ajudar, mas vou continuar tentando.
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  — Então, acho que precisa de uma noite longa de sono.
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  — Tem razão. — Sorri de leve.
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  — Mas antes, vamos atacar essa comida — brincou ele.
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  Ri um pouco e agradeci novamente.
  Na manhã seguinte, assim que chegou, sugeri a ele que fôssemos ao parque, nosso café da manhã seria um divertido piquenique com Sunny, assim todo aquele trauma da noite passada poderia ser suavizado com uma manhã alegre entre eles. Sunny prontamente me ajudou a preparar os sanduíches enquanto seu pai fazia algumas ligações para desmarcar seus compromissos na sua empresa.
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  — Tem certeza que não quer vir junto? — perguntei antes de sair.
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  — Não, esse é um momento em família onde não irei me encaixar — disse ele.
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  — Eu não sou da família e estou indo — retruquei.
  — Você é exceção — ele sorriu. — Obrigado por me convidar, mas eu também tenho um compromisso.
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  — Não vá trabalhar demais — brinquei.
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  — Sim senhora — ele riu. — Bom piquenique para vocês.
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  Eu sorri de volta e sai. nos levou até uma parte da cidade em que havia um mirante, onde a vista para toda Daejeon era encantadora. Foi fofo ver a forma que interagia com a filha, por horas ele se tornou quase uma criança ao brincar com Sunny, e o sorriso em sua face ao olhar para o pai por instantes me fazia esquecer as lágrimas da noite seguinte.
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  — Não acredito que já está cansada — disse assim que ela se sentou ao meu lado, já apoiando seu corpo no meu.
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  Ela assentiu com um sorriso, mas ficou séria de repente.
  — O que foi? Por que ficou triste? — Meu olhar ficou preocupado.
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  Sunny se manteve com o olhar baixo e apontou para a flor que estava desenhada em minha blusa. Não entendia direito o que significava, até perceber que já havia dias que não a via com a flor que eu lhe dei.
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  — Sua flor sumiu?! — perguntei.
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  Ela assentiu com a cabeça novamente.
  — Não precisa ficar triste por isso, eu vou te ensinar a fazer uma flor ainda mais linda. — Sorri para ela, que olho mostrou um olhar mais esperançoso.
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  — Eu também quero aprender a fazer essa flor — disse ao se sentar de frente para nós duas.
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  — Vou ensinar os dois então — ri de leve. — Nos meus tempos do ensino médio, me chamavam de rainha dos origamis.
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  — Hum… Uma bela rainha — comentou ele de forma direta e levemente espontânea.
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  — Obrigado. — Tentei não ficar muito envergonhada pelo elogio, e logo olhei para Sunny e seu sorriso sapeca.
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  Vasculhei por alguns instantes minha bolsa até achar meu bloco de notas de folhas coloridas, então entregando uma para cada um, comecei a explicá-los como fazia o mais simples origami de flor. Sunny se divertiu ainda mais ao ver seu pai todo confuso com suas dobragens, enquanto eu seguia rindo das caretas que ele fazia, seu olhar de criança abandonada ao me pedir ajuda foi a melhor parte.
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  — Hoje eu aprendi que definitivamente não levo jeito para origamis, nem mesmo com a ajuda de vossa majestade — brincou ele ao pegar a cesta que utilizamos para transportar as coisas.
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  — Não deveria desistir assim — disse segurando o riso. — Você até que foi bem para a primeira vez.
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  — Uma simples flor e não consegui fazer, que negação.
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  Sunny que estava segurando minha mão, riu novamente do pai.
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  — E você ainda ri de mim, mocinha. — Ele a olhou tentando falsamente mostrar indignação. — Vai passar a noite me ensinando a fazer essa flor.
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  Ela assentiu ainda rindo, mostrando empolgação pelas palavras dele.
  — Eu terei que deixá-los agora — anunciei.
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  — Por quê? Achei que fosse almoçar conosco — perguntou ele.
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  — Bem, tenho uma reunião com a diretora, ela soube que Sunny apareceu na escola, então certamente terei que contar tudo o que aconteceu — expliquei. — Ainda sou a professora responsável por essa mocinha, e como o professor Han levou para minha casa e não a sua…
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  — Entendi, se houver algum problema para você, me avisa, posso ir em sua defesa.
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  — Agradeço a preocupação e ajuda, mas creio que após esclarecer tudo, não haverá problemas para mim.
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  — . — Ele segurou em minha mão e me olhou de forma profunda. — Obrigado, não sei o que seria de mim e de Sunny se não tivesse entrado em nossas vidas.
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  — É um prazer ajudá-los.
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  Em um piscar de olhos, ele me puxou para perto e me abraçou de forma carinhosa e acolhedora, certamente em agradecimento. Não deveria, mas estranhamente meu coração se aqueceu com aquele abraço, me fazendo sentir paz e alegria.
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  — Bem… — eu me afastei um pouco dele. — Preciso ir agora.
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  — Posso te levar se quiser — ofereceu ele.
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  — Não precisa, aproveita para aproveitar mais a manhã com Sunny. — Eu me abaixei para ficar da altura dela. — E você, mocinha, guarde bem essa flor.
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  Sunny assentiu e sorriu.
  — Vejo você amanhã. — Sorri de volta e me levantei. — Se precisar de algo, não hesite em me ligar.
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  Ele sorriu em agradecimento e eu me afastei deles. Ao longo do caminho até a escola fui reunindo forças e pedindo a Deus para me ajudar a enfrentar a diretora Lee e suas regras cansativas.
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  As semanas foram passando…
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  Comigo dividindo meu tempo entre dar aulas, orientar Sunny com as atividades externas e agora substituir a professora Choi como orientadora dos alunos, certamente a diretora Lee achava que eu não trabalhava o suficiente. Ainda tinha minha dissertação de mestrado que andava ainda mais lenta que bicho preguiça, eu tinha tantas coisas para pesquisar, dados a coletar e estudo de caso para registrar que não sabia como estava sobrevivendo àquele estágio. Estava sendo uma oportunidade única para mim, mas cansativa, física e psicologicamente.
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  Felizmente, após aquele fatídico episódio, estava mais participativo com a rotina diária da filha, estando até mesmo presente em algumas das aulas ao ar livre. O que me ajudava bastante, já que em raros momentos conseguia uma certa interação de Sunny com outros alunos, principalmente nas aulas de artes.
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  — Ela realmente se diverte com você — comentou ao ver a filha brincando com bolhas de sabão.
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  — Acredite, ela está mais feliz assim porque você está aqui — assegurei. — É bom que esteja tendo esse tempo de qualidade com ela, isso aumenta sua confiança e o amor entre vocês.
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  — Já disse que devo isso a você?! — Ele me olhou e sorriu, um olhar de gratidão nítido. — Muito obrigado.
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  — Já disse que é um prazer ajudar?! — ri de leve e voltei meu olhar para a criança. — Em pouco tempo, desenvolvemos um grande carinho uma pela outra.
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  — Você foi a melhor coisa que aconteceu em nossas vidas. — Seu olhar se mantinha em mim, um toque de sinceridade e talvez até intensidade.
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  O que fez meu coração acelerar um pouco.
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  , apesar de sério e silencioso na maioria das vezes, no fundo conseguia demonstrar o quão atencioso e protetor era. Não somente com a filha, mas surpreendentemente comigo, quando se preocupava em me levar para casa ou pagar o meu jantar, quando me perguntava sobre meus alunos e minhas aulas era ainda mais intrigante. O que se tornou inevitável não pensar nele durante algumas horas do dia, já que nos aproximamos tanto por causa de Sunny.
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  — Então, se divertiu, mocinha?! — Abaixei-me ficando em sua altura.
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  Ela assentiu dando um sorriso e me abraçou de forma espontânea, senti aquilo como forma de agradecimento.
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  — Não foi somente ela que se divertiu. — segurou em minha mão. — Obrigado, graças a você, meu coração está aquecido novamente.
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  Eu poderia dizer o mesmo, mas me mantive em silêncio com um sorriso singelo em minha face.
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– x –

  — Olha só quem está acordado — disse ao ver sentado no chão da sala lendo alguns papéis. — Que bom saber que não sou a única louca que trabalha de madrugada.
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  Ele me olhou e riu.
  — Perdeu o sono? — perguntou.
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  — Sim.
  — Aconteceu alguma coisa?
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  — me pediu uma coisa e não sei o que vou responder. — Suspirei fraco. — Mas não quero pensar nisso agora.
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  Caminhei até ele e me sentei no chão ao seu lado.
  — Tem certeza que não quer conversar sobre? — insistiu ele.
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  — Tenho. — Olhei para sua mão. — E você? O que faz aí?
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  — Analisando alguns documentos, processo de separação — respondeu.
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  — Por que as pessoas se casam para depois separar?! — me perguntei em voz alta.
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  — Porque a maioria não são maduras o suficiente para continuarem casadas — respondeu ele.
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  — E o que você acha sobre o casamento? — perguntei.
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  — Algo pra vida toda — respondeu. — Não consigo me ver casando hoje e me separando daqui dez ou vinte anos.
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  — Também penso assim, acho que é por isso que estou solteira até hoje — ri baixo.
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  — Ainda não encontrou o homem certo?
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  — Hum… Ainda não encontrei aquele que os defeitos se encaixem nas minhas qualidades, e vice versa.
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  — Gostei da filosofia. — Ele me olhou de forma interessada.
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  — Querendo ou não, o ser humano é dotado de defeitos e qualidades, então…
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  — Como estão as atividades com a Sunny? — perguntou.
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  — Vão bem, principalmente por estar finalmente construindo um relacionamento mais sólido agora com o pai — respondi.
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  — Então está participando também?
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  — Sim, é um tempo a mais de qualidade com a Sunny.
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  — Vai ter um festival no domingo no parque, quer ir comigo? — perguntou ele de forma aleatória, mudando de assunto.
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  — Claro, festival de quê?
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  — Música, me disseram que este ano será bem interessante — respondeu.
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  — Que legal, espero que seja divertido mesmo, tenho trabalhado tanto.
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  — Aquela diretora está sugando sua vida? — brincou.
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  — Sim, e pior, não imaginava que criança tivesse tanto problema para desabafar. — Suspirei fraco. — Não tenho tanta habilidade para psicologia não.
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  Ele riu.
  — Por que não diz a ela?
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  — Não quero decepcionar, além do mais, as crianças já estão apegadas a mim… Incrível como desabafam sobre tudo o que sentem, eu nem faço esforço para perguntar.
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  — Você tem o dom, então.
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  — Talvez. — Sorri com alegria. — Espero poder ajudar todas, pelos menos saber ouvi-las.
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  — Ouvir certamente é a parte mais importante, você faz muito bem.
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  — Hum… Sabe aquele livro que me emprestou?
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  — Sim, o que tem?
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  — Gostei muito dele, e vou usá-lo em uma atividade com meus alunos.
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  — Uau, isso é bom, fico feliz por ajudá-la.
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  — Muito, eu agradeço, você tem me ajudado bastante, aquela sua amiga da biblioteca me indicou muitos livros.
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  Logo à noite me enviou uma mensagem falando que o aniversário de Sunny estava próximo, eu prontamente me disponibilizei a ajudar pedindo já o auxílio de Yuri de da ajumma Sora. Precisava de uma força tarefa para preparar tudo em tempo recorde, já que a comemoração seria na sexta à noite e já era terça feira. Entre o trabalho duro na escola e a correria para preparar a festa de aniversário da Sunny, me dividi com para convidar algumas pessoas e os alunos da sala da nossa pequena.
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  — Primeiro, queremos agradecer a presença de todos — pronunciou , antes de partirmos o bolo. — Foram dias difíceis para mim e para essa pequena, mas estamos gratos a Deus por nos enviar um anjo para cuidar de nós.
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  Sorri automaticamente, pois sabia que ele falava de mim.
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  — Então, pequena — eu me abaixei ficando da altura dela —, está gostando do seu aniversário?!
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  Primeiro ela sorriu para mim e então…
  — Komawo, omma — essas foram as palavras saídas de Sunny, acompanhadas por um radiante brilho em seus olhos.
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  Tanto eu como todos os convidados ao nosso redor ficamos estáticos e surpresos.
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“Me diga por quê
Por que meu coração continua acelerando?
Eu estou aqui, bem aqui perto de você.”

– Lion heart / Girls’ Generation

4. Love Melody

Final 1

  Meu corpo congelado, porém meu coração aquecido e acelerado, ainda não entendia como isso poderia ter acontecido. Sunny diante de mim com um olhar brilhante e um sorriso inocente no rosto. Não sabia reagir a isso. Tentei disfarçar o restante da noite, porém era óbvio que o fato dela ter me chamado de mãe havia mexido não somente comigo.
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  — Tudo bem? — perguntou .
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  — Sim, eu acho. — Juntei alguns copos que estavam na bancada e coloquei na pia. — Ainda não sei como reagir a tudo isso.
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  — Sunny ter te chamado de mãe deixou todo mundo surpreso — comentou ele. — Confesso que fiquei com ciúmes e uma certa inveja.
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  — Você é o pai dela, não deveria sentir isso. — O olhei.
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  — Mas você conquistou ela em pouco tempo, mesmo não tendo seu sangue, graças a você minha filha confia em mim agora.
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  — Você é bom e ama ela, eu não precisei fazer nada, ambos só precisavam conhecer um ao outro.
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  — Não foi somente a Sunny que você conquistou. — Ele deu alguns passos até mim e sorriu de leve.
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  — Do que está falando? — Inocente, eu.
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  — Desde o dia em que ficou ao lado da Sunny, pela primeira vez, você não sai da minha mente. — Seu olhar profundo e sincero estava fixo em mim. — E agora sempre que está perto de mim, meu coração se mantém inclinado a você.
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  — , o que… — Ele tocou de leve em meu lábios com o indicador.
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  — O que eu quero dizer, é que… — ele foi se aproximando mais e mais — eu amo você.
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  Dois segundos, foi o tempo entre a minha provável reação, até que ele me beijou de forma delicada e suave. Um gosto doce me sobreveio, assim como a sensação de estarmos sendo observados. Como de fato era.
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  — Hum… — eu me afastei dele e olhei para o lado.
  Sunny estava encostada na porta, com a mão na boca escondendo o sorriso de satisfação e os olhos brilhando.
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  — Olha aí, nossa princesa. — se aproximou da filha.
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  — Já deveria estar dormindo, mocinha — disse, indo até eles. — Perdeu o sono?
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  Ela assentiu com a cabeça, porém esfregando os olhos como se estivesse resistindo ao sono.
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  — Hum, eu acho que é o contrário. — a pegou no colo. — O que foi?
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  Sunny me encarou, como se o motivo fosse eu.
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  — Acho que sei o que é? — Sorri para ela e acariciei seus cabelos.
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  — O quê? — me olhou um pouco preocupado.
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  — Sunny está com medo que eu vá embora, já que você voltou de viagem. — Mantive meu olhar nela.
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  — Omma — Sunny disse, novamente.
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  Essa palavra me deixava estática e ao mesmo tempo derretida.
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  — Quer que ela seja sua mãe, filha? — perguntou, .
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  Ela assentiu.
  — Mas você já tem uma mãe, Sunny — expliquei.
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  — Quem sabe ela não possa ter duas? — O olhar sério de para mim fez meu corpo arrepiar.
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  Houve um momento intenso de silêncio com seu olhar fixo em mim, até que desviei meus olhos para Sunny.
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  — Que tal irmos para cama, prometo que amanhã de manhã ainda estarei aqui. — Ela sorriu e concordou.
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   nos acompanhou até a porta do quarto de Sunny, permanecendo encostado na parede, nos observando enquanto isso, eu a guiei até a cama. Assim que a cobri, Sunny segurou em minha mão e me puxou de leve para que me deitasse ao seu lado e assim, eu fiz. Logo, ela se aninhou em meus braços e automaticamente comecei a acariciá-la. Com suavidade, comecei a cantar bem baixinho para ela, até que adormeci junto.
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  Acordei um tempo depois e percebi que estava coberta, certamente foi . Me remexi devagar para não acordá-la e me levantei, caminhei até a sala e lá estava ele, sentado no sofá lendo um jornal.
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  — Poderia ter me acordado — disse, me aproximando dele.
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  — Foi um longo dia e você estava cansada, preferi não incomodar.
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  Sorri de leve para ele e me sentei ao seu lado. Ele fechou o jornal e ficou me encarando com um sorriso de canto no rosto. Fiquei um pouco envergonhada por aquele olhar, então tentei desviar minha atenção para a televisão.
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  — O que vamos fazer agora? — perguntei. — Você voltou e não podemos viver juntos na mesma casa.
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  — Por que não? — questionou ele.
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  — Bem… — Mordi o lábio inferior tentando construir uma boa argumentação em minha mente.
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  — Não somos íntimos, não temos um relacionamento, teoricamente é uma situação estranha vivermos juntos, principalmente por você não ser a mãe da Sunny — ele disse, se antecipando.
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  — Basicamente isso — concordei, soltando um suspiro fraco.
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  — Eu não vejo assim.
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  — Sua sociedade é bem tradicional e conservadora — retruquei.
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  — Então… — Ele segurou em minha mão e entrelaçou nossos dedos. — Meu coração não quer que você vá, já disse o que sinto… Mas não posso forçá-la.
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  Seu olhar sincero tinha uma ponta de esperança que fazia o meu coração pulsar mais forte. Era real meu envolvimento com , não somente pela Sunny, mas também por uma amizade sólida que vínhamos construindo ao longo daquele tempo. Muitas conversas profundas e alguns desabafos dele. se apoiava em mim de uma forma natural e espontânea, como se nos conhecêssemos a muito tempo.
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  — Eu preciso pensar — ponderei um pouco racionalmente, apesar das minhas emoções quererem dizer o contrário.
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  Ele assentiu com um sorriso e deu um leve beijo em minha mão. Eu me levantei e caminhei até o quarto de hóspedes, onde estava instalada. Precisava pensar bem no que faria, afinal não havia me mudado para Daejeon para me envolver em romance nenhum. Deitei na cama e fechei os olhos, o propósito era dormir, mas passei a noite revirando entre as cobertas, pensando em tudo que estava acontecendo em minha vida.
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  — Bom dia, princesa! — disse, assim que abri os olhos e vi Sunny, parada na porta do meu quarto me olhando.
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  — Diz bom dia para ela, Sunny. — se colocou atrás da filha, incentivando-a.
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  — Não a pressione, tem que ser natural. — Sorri para a criança e me levantei.
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  — Estou com ciúmes, ela ainda não me chamou de pai — resmungou, ele.
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  — Já disse para não pressionar a garota. — Me aproximei deles e me abaixei, ficando da altura dela. — Dormiu bem, querida?
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  Sunny assentiu com um sorriso fofo e me abraçou sem cerimônias. Retribuí voltando meu olhar para , que nos observava com carinho.
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  — Você está com fome, mocinha? — perguntei e ela assentiu novamente. — Vamos tomar café, então. — Me levantei e segurei na sua mão.
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  Seguimos para a cozinha juntos, nossa diversão começou quando eu sugeri panquecas ao estilo americano e incentivei nossa pequena a nos ajudar com o preparo. Entre risos e sorrisos, terminamos todos sujos de farinha e saboreando as panquecas acompanhadas de geleia de morango.
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  — Komawo, appa — disse, Sunny, assim que ele despejou o suco no copo dela.
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  — Ela disse appa! — se manteve estático. — Fala de novo.
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  Porém, Sunny balançou a cabeça negativamente, me fazendo rir.
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  — Já disse para não pressioná-la — continuei rindo da expressão dele.
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  — Omma, komawo. — Sunny me olhou com seus olhos brilhando, a felicidade estampada em seu rosto.
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  Desta vez, eu somente sorri para ela e dei um beijo suave em sua face.
  — Isso quer dizer que… — me olhou.
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  — Não quer dizer nada. — Eu ri e continuei meu café.
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  Ao final da tarde, recebi uma ligação de Yuri, perguntando se estava tudo bem comigo e Sunny. Eu assegurei que voltaria para o apartamento deles o mais breve possível. Minha preocupação chegou na terça de manhã, uma reunião com a diretora Lee, pois aparentemente alguém havia me denunciado por envolvimento com pais de alunos. “Pais”, no plural.
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  — Diretora, eu sou testemunha, é inocente — disse Yuri.
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  — Eu realmente não sei quem inventou isso, mas gostaria de ficar frente a frente com meu acusador.
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  — Então, nega que a criança Sunny te chamou de mãe na frente de várias pessoas?
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  — Não nego, mas não quer dizer nada — respondi.
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  — Não é o que algumas mães estão dizendo, só nesta manhã recebi várias ligações sobre o ocorrido.
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  — Diretora Lee, uma criança rejeitada pela mãe, que encontra segurança novamente em outra pessoa, é normal que isso possa acontecer — tentei argumentar. — Psicologia infantil é algo delicado, o fato da criança ter afeto por mim não está relativamente ligado a qualquer que seja o relacionamento que tenho com o pai dela.
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  — Você tem certeza? — reconheci a voz vinda da porta, a sócia/”amiga” de . — Pelo que sei, você está morando com eles.
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  — Você está morando na mesma casa com o pai de uma aluna? — A diretora Lee me olhou, sua face séria tinha traços de receio.
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  Eu era uma professora estrangeira e o nome da escola estava em jogo. Poderia ter rolado um certo tumulto no momento, porém a diretora foi em minha defesa, algo que me surpreendeu. Em uma conversa a sós com a diretora Lee, expliquei e contei tudo o que estava acontecendo e a forma como a pequena Sunny desenvolveu confiança em mim. Acabei descobrindo que Gain havia sido a pessoa que me denunciou, óbvio. Após minutos de portas fechadas, ela resolveu me afastar por um tempo, até que tudo se resolvesse.
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  — O que faz achar que tem o direito de insinuar algo? — disse ao parar Gain no meio do corredor.
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  — Como amiga de , só quero o bem dele e de Sunny, pessoas como você não são confiáveis — retrucou ela com ar superior.
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  — Confiáveis? Que espécie de amiga é você, que nem mesmo conseguiu conquistar o afeto da filha dele. — Por essa verdade ela não esperava. — Quer saber, eu não me importo com suas insinuações e nem calúnias, pode mexer comigo o quanto quiser, mas se isso de alguma forma prejudicar a Sunny… Não queira me ver nervosa.
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  Eu me afastei dela sem deixar que reagisse a minha pequena ameaça. Mesmo não sendo a mãe de sangue de Sunny, eu já havia me ligado a ela e jamais deixaria que alguém a machucasse novamente. Assim que Yuri e eu chegamos ao apartamento, ela jogou sua bolsa no sofá, irritada. Parecia mais revoltada ainda que eu.
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  — Uau, brigou com alguém? — perguntou vindo do corredor.
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  — Não, mas quase — eu ri.
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  — Não entendo como você está tão tranquila. — Ela me olhou perplexa.
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  — Estou tranquila porque não devo nada a ninguém. — Respirei fundo. — E a tal Gain já está devidamente avisada.
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  — Queria ter sido uma mosquinha para te ver falando aquilo pra ela.
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  — Oiiii… — gesticulou chamando nossa atenção. — Posso saber o que aconteceu?
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  — A amiga do me denunciou por ter passado alguns dias na casa dele cuidando da Sunny — respondi com tranquilidade.
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  — Quanta serenidade ao dizer isso. — Yuri me olhou embasbacada. — Se fosse eu já estaria surtando.
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  — Nisso eu concordo. — deu uma risada rápida. — Mas e agora, o que a diretora Lee disse?
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  — Estou afastada por um tempo. — Me sentei no sofá. — Olhando pelo lado bom, posso me concentrar na minha dissertação do mestrado.
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  — Isso é um lado bom? — Yuri fez uma cara de confusa.
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  — Para mim é, férias fora do tempo. — Eu ri, fazendo eles rirem junto — Por algum motivo eu estou tranquila, então…
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  — Se precisar de um advogado. — piscou de leve.
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  — Muito obrigado. — Eu sorri para ele.
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  Era bom ter amigos e poder contar com eles.
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  Agora eu só deveria finalmente decidir o que fazer da minha vida, meu coração estava um tanto quanto bagunçado em relação aos meus sentimentos. era charmoso e sua amizade era maravilhosa, em contrapartida também invadia meus pensamentos e me fazia suspirar ao longo do dia. Seria surreal estar apaixonada pelos dois, então comecei a fazer os prós e contras de cada um deles, claro que teve mais votos positivos.
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  — Bom dia flor do dia — disse ao entrar na cozinha e me ver sentada na mesa cheia de papéis rabiscados. — Não me diga que passou a noite em claro.
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  — Não — eu ri. — Só acordei cedo.
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  — Mais alguma notícia da escola?
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  — Ainda não, Yuri disse que conversaria com a diretora novamente — respondi fechando a tela do notebook.
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  — Duas semanas e não foi resolvido ainda?
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  — Não.
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  — E a Sunny?!
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  — Continuo dando aulas particulares para ela. Querendo ou não, Sunny não confia em muitas pessoas, mas estou trabalhando isso com ela.
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  — Hum… — Ele arrastou uma cadeira e se sentou nela me olhando. — E como ficou o fato dela te chamar de mãe?!
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  — Ainda é confuso para mim, mas não consigo reprimi-la, de certa forma não existe somente mães biológicas. — Tentei não me enrolar, mas este era o fato, eu queria ser a mãe de Sunny.
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  — Seus olhos brilham quando fala dessa criança.
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  — Eu nunca me apeguei tanta assim a alguém quanto a ela e ao…
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  — ?! — seu olhar ficou triste, porém compreensivo. — Você gosta dele?
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  — Bem… — Mordi o lábio inferior pensando naquela pergunta direta e qual resposta para ela.
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  — Você gosta, consigo ver em isso quando olha para ele. — se levantou da cadeira. — E ele deve gostar de você.
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  — Ele se declarou para mim… Acho que não é só pela Sunny, mas porque ele realmente gosta de mim.
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   se manteve em silêncio e foi até a cafeteira, então passou um café para nós dois, colocou em duas xícaras e me entregou uma.
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  — Obrigado — disse ao tomar um gole.
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  — Espero que possa resolver tudo. — Ele sorriu, mas vi traços de tristeza em sua face.
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  Eu não queria pensar que também pudesse ter algum tipo de interesse em mim, não queria ficar ainda mais desnorteada. Ao final da tarde, recebi uma mensagem de me convidando para jantar em sua casa, queria falar sobre a escola e as denúncias de Gain. Terminei de ler um artigo sobre psicologia infantil e métodos de aprendizagem cognitiva pouco antes de sair, troquei de roupa e peguei minha bolsa. Assim que cheguei, Sunny me atendeu na porta.
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  — Princesinha! — Eu a peguei no colo e a abracei. — Que saudade!
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  — Omma! — disse ela retribuindo o abraço apertado.
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  Eu a coloquei no chão e entrei fechando a porta.
  — Onde está seu pai? — perguntei.
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  Ela apontou para a cozinha e lá estava ele fazendo nosso jantar.
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  — Nossa, o cheiro está bom. — Segurei na mão de Sunny e seguimos para a cozinha. — O que está fazendo?
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  — Hum… Eu pensei em gastronomia brasileira, mas fiquei com medo de colocar fogo na casa. — Ele riu, nos fazendo rir junto. — Então, gosta de lámen?!
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  — Aprendi a gostar — eu ri. — É muito bom quando não temos tempo para cozinhar.
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  Brinquei.
  — Pois você vai comer o melhor lámen desse país — assegurou ele.
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  — Nossa, estou ansiosa por isso agora. — Ri me sentando na banqueta, e ajudei a Sunny se sentar na do lado.
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  Ficamos observando ele cozinhar atentamente até que o jantar ficou pronto. Ao longo daquele tempo conversamos sobre vários assuntos aleatórios, não queria preocupar com meus problemas, menos ainda falar sobre isso perto da Sunny. Passamos um tempo nos divertindo com alguns jogos na sala após o jantar, até que nossa pequena pegou no sono deitada em meu colo, a levou para o quarto.
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  Aproveitei para juntar os pratos e levar para a cozinha, então arrumei as almofadas que estavam no chão, em cima do sofá.
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  — Eu conversei com a diretora hoje — disse ele ao retornar.
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  — Sobre?!
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  — Nós e a Sunny.
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  — O quê? — o olhei.
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  — Contei a minha versão, não acho certo você ser prejudicada por nossa causa. — Seu olhar estava triste.
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  — Não diga assim, a culpa não é sua. — Eu segurei em sua mão. — E não vou me afastar de vocês por causa disso.
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  — Me deixe proteger você. — Ele me abraçou. — Por favor.
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  — Obrigado. — Me aninhei em seus braços. — Eu…
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  — Não precisa dizer se não estiver sentindo — sussurrou ele.
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  — Mas eu sinto. — Me afastei e o olhei. — Eu também amo você .
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  Meu coração acelerou ainda mais com o beijo intenso que ele me deu sem aviso prévio, meu corpo arrepiou com aquilo.
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  — Omma, appa! — o sussurro de Sunny soou do corredor, nos interrompendo.
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  — O que houve querida? — se aproximou dela e a pegou no colo. — Teve um pesadelo?
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  Ela assentiu com a face.
  — Já passou, estamos aqui com você. — Eu sorri para ela e acariciei sua face. — Vai ficar tudo bem!
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  — Obrigado — sussurrou para mim. — Por tudo.
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  Eu sorri automaticamente.
  — Eu te amo, omma. — Sunny me olhou, depois para ele. — Eu te amo, appa.
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  — Também te amamos minha princesa. — sorriu para ela.
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  Quem diria que eu formaria uma família com direito a filha mais fofa do mundo, do outro lado da terra. Eu ficaria somente um ano naquele país para minha dissertação de mestrado, porém, estava mais do que certa que seria bem mais que isso, não somente pela Sunny ou por , mas por mim, por poder viver uma das melhores experiências da minha vida.
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Quando olho para seus olhos assim
Eu vou ganhar força e dizer
Eu te amo

– Love Melody / Girls’ Generation

Final 2

  Meu corpo congelado, porém meu coração aquecido e acelerado, ainda não entendia como isso poderia ter acontecido. Sunny diante de mim com um olhar brilhante e um sorriso inocente no rosto. Não sabia reagir a isso. Tentei disfarçar o restante da noite, porém era óbvio que o fato dela ter me chamado de mãe, havia mexido não somente comigo.
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  — E agora o que vão fazer?! — perguntou Yuri assim que retornei do quarto de Sunny com .
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  — Acho que estamos todos desnorteados hoje. — Olhei para . — Amanhã conversamos com a Sunny.
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  — Pode ficar aqui esta noite se quiser — disse ele, seu olhar ainda estava confuso.
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  — Agradeço, mas acho melhor ir com eles. — Peguei minha bolsa que estava no sofá. — Mas amanhã bem cedo eu volto, acho que seria melhor se você dormisse com a Sunny, assim se ela acordar não se sentirá sozinha já que eu não estarei aqui.
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  — Farei isso. — Ele segurou em minha mão e me olhou com gratidão. — Mais uma vez, obrigado por ter ficado com ela, por tudo que tem feito por nós.
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  — Meu carinho por Sunny é infinito, e agora somos amigos também, conte sempre comigo. — Sorri para ele com carinho.
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  Nos despedimos e seguimos para casa, passou todo o caminho em silêncio dirigindo, Já Yuri não parava de comentar sobre o assunto e criar teorias da conspiração sobre o que aconteceria na escola e toda a repercussão. Quando chegamos em casa, fui direto para o quarto, precisava descansar e deixar que minha mente absorvesse tudo o que aconteceu nas últimas horas.
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  Sunny havia me chamado de mãe na frente de todos, eu não queria que essa ficasse triste ou magoada se eu a pedisse para não dizer isso novamente. Lá no fundo eu desejava ser mãe daquela criança fofa e meiga, mas ela já tinha uma mãe e um pai. Passei a noite em claro até sentir meu corpo doer por não estar dormindo e me levantei, caminhei até a cozinha e peguei um pouco de água para beber, então fiquei olhando para o nada enquanto a cena da festa se repetia em minha mente.
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  — Por que será que eu já imaginava que estaria aqui. — riu ao entrar na cozinha e pegar o copo de minha mão.
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  — Temos que parar de nos encontrar na cozinha — brinquei pegando o copo de volta e tomando a água. — Não estava conseguindo dormir.
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  — Já pensou o que fazer a respeito? — perguntou curioso.
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  — Ainda não, mas se Sunny me considera uma mãe para ela, não vou reprimi-la — respondi. — Só preciso saber se vai concordar, posso não ser a biológica, mas existem mães de coração.
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  — Verdade, dá pra ver o carinho que sente pela criança em seu olhar quando fala dela. — tocou de leve em minha face e mexeu em meu cabelo. — Seus olhos brilham.
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  — Aquela criança conquistou meu coração.
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  — E você conquistou o meu — sua voz suave transpassava seriedade no assunto.
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  — … — Fiquei um pouco sem graça com o que havia dito, apesar de sempre perceber seus olhares para mim. — Não sei como reagir a isso.
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  Ele segurou em minha mão me olhando fixamente.
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  — Sei que tem acontecido muitas coisas em pouco tempo, mas não quero deixar isso passar, preciso dizer uma coisa — continuou ele.
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  — O quê?
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  — Desde que você veio para esta casa, nos tornamos próximos, e meu coração tem acelerado a cada vez que te vê. — Ele respirou fundo. — Eu quero dizer que…
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  Ele terminou sua declaração com um beijo, fazendo o meu coração acelerar, me aninhei em seus braços que se envolviam em mim e retribui aquele beijo. Em muitas de nossas conversas pelas madrugadas, eu e fomos encontrando diversos gostos em comum, curiosamente até no futebol torcíamos para o mesmo time europeu. Era diferente conversar com ele, eu me sentia à vontade para falar sobre qualquer coisa até mesmo dos kits de maquiagem que Yuri comprava pra mim na Lotte Dutty Free.
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  — Hum… — a voz de Yuri veio do corredor, seguido de uma risada rápida. — Eu atrapalho?
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  Desta vez soou com certa ironia misturada com sarcasmo, mas minha amiga sempre tentava me tornar sua cunhada, então eu relevei.
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  — Não, Yuri, não atrapalhou nada. — Eu me afastei dele.
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  Olhei para ela como se dissesse: Nem um comentário sobre. E voltei meu olhar para ele.
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  — Eu vou tentar dormir um pouco.
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  Saí da cozinha e, ao passar por Yuri no corredor, ela segurou o riso. Minha amiga era uma boba romântica, que fantasiava histórias de doramas para viver, mas divertida e gentil. É claro que assim que retornou ao quarto, ela me encheu de perguntas sobre como foi beijar o irmão da sua melhor amiga, o que me fez ficar mega constrangida e envergonhada.
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  — E então? — perguntou ela pela manhã.
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  — Como assim e então? — A olhei confusa.
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  — Vocês se beijaram, como vai ficar isso? — Ela me olhou e cruzou os braços. — Porque você não pode sair beijando o irmãos dos outros e ficar por isso mesmo? Não vou deixar você iludir meu oppa.
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  — Yuri?!
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  Ela riu da minha cara de indignada.
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  — Estou brincando. — Ela soltou uma gargalhada ainda mais alta.
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  — Ai, por favor, não brinque com isso. — Coloquei a mão no coração. — Eu não sei, está tudo acontecendo tão loucamente em minha vida, a Sunny me chamando de mãe e horas depois seu irmão se declarando para mim, eu não sei nem como reagir a tudo isso, ainda não absorvi nem metade de tudo o que aconteceu.
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  — Mas o beijo você absorveu bem — ela brincou novamente.
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  — Não tem graça.
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  — Ah, tem sim — ela riu. — E já estou shipando vocês dois, como nos doramas.
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  — E por acaso já teve alguma protagonista estrangeira em seus doramas?
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  — Hum… Não, mas sempre há uma primeira vez. — Ela deu um pulo da cama animada. — Você e são meu ship do ano.
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  — Sei.
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  Ela me puxou para fora do quarto, pois não queria encarar logo cedo, mas ao chegarmos na cozinha fiquei surpresa por ele não estar em casa. Ajumma Sora disse que ele havia saído para atender um cliente de emergência que havia sido preso por não pagar pensão alimentícia. Eu aproveitei a deixa para me arrumar e ir a casa de , precisava conversar com ele e e decidir o que aconteceria dali para frente.
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  — Bom dia — disse assim que ele abriu a porta.
  — Bom dia. — Ele deu um sorriso fechado.
  — Nossa princesinha já acordou?
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  — Sim, está vendo desenho. — Ele abriu um pouco mais a porta para que eu entrasse. — Fique à vontade, eu estou preparando o café, aceita?
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  — Claro, eu acordei e vim correndo para cá. — Caminhei até a sala e olhei para ela. — Bom dia, Sunny.
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  Ela voltou sua atenção para mim e sorriu, então se levantou do tapete onde estava sentada e veio me abraçar, retribui o carinho e me sentei no chão junto com ela.
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  — O que está vendo? — Olhei para a televisão prestando atenção no desenho que passava. — Você gosta de Ratatoulle?
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  Ela assentiu novamente sorrindo.
  — Que legal, espero que esteja se divertindo muito vendo o ratinho cozinhar. — Eu comecei a fazer algumas cócegas nela, fazendo-a rir.
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  Fiquei na sala brincando com ela, enquanto terminava de preparar o café da manhã, depois o ajudei a colocar as comidas em cima da mesa de centro da sala, e juntos sentados no tapete saboreamos nosso café.
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  — Como foi a noite dela? — perguntei ao acariciar os cabelos da pequena.
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  — Ela acordou de madrugada, teve um leve pesadelo e chamou por você, mas consegui acalmá-la — respondeu, seu olhar estava triste e preocupado.
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  — Aconteceu alguma coisa? Além disso? — perguntei me preocupando também.
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  — Minha filha te chamou de mãe. — Ele desviou seu olhar para a criança. — Tenho medo que você vá embora algum dia e ela se sinta deixada novamente.
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  Sua preocupação tinha fundamento, há meses atrás eu era somente uma estranha e agora sua filha me chamava de mãe. A única relação que tinha com ele era de amizade e por mais que ele demonstrasse interesse por mim, meu coração já se inclinava mais por .
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  — Eu não vou embora. — Segurei em sua mão e na de Sunny. — Posso não ser a mãe da Sunny biologicamente, mas se me permitir, quero muito ficar perto dela para sempre.
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  Sorri para a criança.
  — Você já nos ajudou muito, me ajudou muito. — Ele me olhou com gratidão. — Minha filha sorri para mim hoje, graças a você.
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  — Não diga isso, você é o pai dela e tem se esforçado muito para que Sunny sinta segurança em estar ao seu lado, foi porque você lutou pelo amor da sua filha. — Olhei para ela. — Agora nossa princesa pode sorrir porque ela consegue sentir seu amor por ela e…
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  — Mesmo assim, obrigado — ele me interrompeu. — Não só pela Sunny, mas por ser uma boa amiga, mesmo que somente amiga.
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  Eu sabia o que significava o somente amiga, e estava feliz por finalmente ter encontrado paz em seu coração e não se culpar mais por Mina ter abandonado a filha deles.
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  — Mas Sunny precisa de uma mãe presente, não consigo pensar em outra pessoa. — Seu olhar em mim dizia tudo.
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  — Se a Sunny quiser. — Olhamos para ela, que se alimentava com tranquilidade.
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  — Você realmente quer que eu seja sua mãe? De coração?
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  Ela assentiu com a face e sorriu.
  — Omma, saranghae! — disse num tom baixo, depois olhou para seu pai. — Appa, saranghaeyo!
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  Foi lindo ouví-la novamente e mais lindo ainda ver os olhos de brilhando para a filha, após ela chamá-lo de pai. Ele a pegou no colo e a abraçou, enchendo-a de beijos e carinho, era mais do que satisfatório para mim ver a evolução do relacionamento de pai e filha de perto, me sentia privilegiada por ter entrado na vida deles e presenciar tudo isso, ou melhor, fazer parte de tudo isso.
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  As semanas se passaram e houve um pequeno problema na escola, com os boatos sobre Sunny ter me chamado de mãe rolando entre os alunos, algumas mães levantaram questionamentos sobre minha conduta.
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  — Eu juro que entendo, a criança se apegou a você, mas esta escola tem uma imagem a zelar e mães que pagam mensalidades — disse a diretora.
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  Dava para ver em seu olhar que estava inconformada.
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  — Eu entendo que elas tenham te pressionado — disse com tranquilidade.
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  — Mas não se preocupe, que em breve teremos outra reunião, Yuri está me ajudando a elaborar os melhores argumentos para que você não saia prejudicada.
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  — Com certeza — concordou minha amiga.
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  — Agradeço a confiança, diretora Lee. — Me curvei de leve em respeito.
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  — Eu que agradeço por ser uma excelente professora, isso facilita ainda mais meu trabalho em mantê-la conosco.
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  Eu estava feliz por aparentemente não perder meu emprego. Os dias se passaram comigo afastada do meu emprego e cercada de artigos para ler, minha dissertação estava na metade e eu já havia pensando em mudar a direção dela várias vezes e desistido. Em muitos momentos, me tirava da mesa de estudos e me conduzia pelas ruas de Daejeon para que eu pudesse ver a vida de outros ângulos.
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  — Como consegue? — perguntei assim que ele pagou a moça da barraquinha de comida de rua.
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  — Consigo o quê? — Ele me olhou curioso enquanto guardava a carteira no bolso.
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  — Me levar para um lugar diferente todos os dias?
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  — Tem vários lugares da cidade que não conhece — ele riu. — E alguns ficam bem próximos um do outro, você só não repara muito.
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  Ele apontou para uma barraquinha do outro lado da rua.
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  — Fomos ali duas noites atrás, você disse que não queria voltar porque a comida era muito apimentada e você não consegue comer — terminou de explicar.
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  — Não acredito, você é realmente surreal sabia — eu ri também. — Me desculpe por não prestar muita atenção.
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  — Você está mesmo muito mergulhada em seu mestrado — comentou ele.
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  — Sim, está sendo complicado, mas estou conseguindo evoluir ele.
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  — Você vai precisar voltar para o Brasil? — Seu olhar ficou preocupado.
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  — Provavelmente sim, para defender minha dissertação — respondi. — Mas não significa que ficarei lá para sempre.
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  — O que quer dizer que…
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  — Quer dizer que podemos aproveitar bastante esta noite, resolvi prestar atenção em algo maravilhoso.
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  — O que seria, senhorita?
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  — Você. — Eu sorri.
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  — Bem, isso é recíproco, pois minha atenção sempre esteve em você. — Ele segurou em minha mão e me roubou um beijo.
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  — Ei.
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  Ele riu de leve e continuamos caminhando pelas ruas.
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  No domingo seguinte, eu propus um pique-nique no parque. Era o momento de dizer a Sunny sobre meu namoro com . Sim, estávamos namorando e meu coração acelerava toda vez que eu pensava sobre isso. Ajumma Sora e Yuri foram conosco.
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  Em um certo momento, e eu sentamos na grama e conversamos com Sunny com a ajuda de . Explicar para uma criança esse tipo de coisa já era estranho quando se é mãe de verdade, agora imagina quando não é.
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  — Dedinho cruzado?! — perguntei para ela estendendo minha mão.
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  — Hum. — Ela estendeu a mão dela e cruzou seu dedinho no meu.
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  — Eu prometo Sunny, jamais vou de abandonar — confirmei novamente. — Seu pai e estão aqui de testemunhas.
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  Ela me abraçou forte, e eu retribui. Seu amor por mim já era forte e notável, eu jamais faria algo que pudesse magoá-la, por isso estava determinada em ser a melhor mãe do mundo para ela.
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  — Eu te amo, mamãe — sussurrou ela.
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  — Eu também te amo, querida — sussurrei de volta. — Hum… Que tal você pegar um algodão doce com o tio ?!
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  Ela assentiu e deu a mão para ele, que seguiu com ela.
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   estava mais do que ciente que Sunny já era parte da minha vida tanto quanto ele, então dosar seu provável ciúmes do era preciso, além de amar nossa princesinha também, o que era extremamente fácil.
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  — Espero que vocês dois possam ser felizes juntos — disse , sua voz estava mais serena desta vez.
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  — Agradeço, também tem um carinho grande por Sunny.
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  — Agora que minha filha me chama de pai, não me importo que ela o chame de tio — brincou ele me fazendo rir.
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  — Nossa garotinha será muito amada daqui pra frente.
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  — Eu já te agradeci hoje?! — Ele sorriu com carinho. — Você foi a melhor coisa que nos aconteceu, sou grato a Deus por isso, por estar em nossas vidas.
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  — Grata sou eu por estar em suas vidas.
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  Voltamos nosso olhar para eles que voltavam, ela segurava o algodão doce em sua mão direita e na outra a flor de papel que havia lhe ensinado a fazer.
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  — Appa, quero ir no lago — pediu ela.
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  — Vamos ao lago, então. — Ele a pegou no colo. — Vocês vêm também?!
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  — Podem ir na frente. — Eu sorri e segurei na mão de .
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  Assim que eles se afastaram, me rodou de leve e me abraçou por trás, encaixando seu queixo em meu ombro.
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  — Saranghae — sussurrou ele.
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  — Eu também te amo.
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  — Nós vamos ter os nossos filhos, não é? — perguntou ele.
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  — Hum… Que pergunta é essa?
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  — Você é uma boa mãe para a Sunny.
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  — Aish, você nem me pediu em casamento e já está falando em ter filhos. — Me remexi em seus braços e o olhei. — Já disse para não ter ciúmes do .
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  — Não foi ciúmes… E já que tocou no assunto, não seja por isso, a aliança está no meu bolso.
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  — Nem ouse fazer isso — protestei me afastando dele. — O combinado é você fazer essa pergunta depois da minha defesa do mestrado.
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  — Hum… — Ele sorriu e me puxou para mais perto. — Farei como você deseja.
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  Seu sorriso malicioso veio seguido de um beijo intenso. Eu não sabia realmente quando faria minha defesa do mestrado, nem como seria minha breve volta ao Brasil, mas sabia que teriam pessoas me esperando para construirmos um futuro juntos. Enfim, mesmo não tendo planejado ter um namorado e uma filha adotiva, eu estava feliz por tudo que havia acontecido. Principalmente por poder viver uma das melhores experiências da minha vida.
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Seu sorriso caloroso derrete meu coração.
– Love Melody / Girls’ Generation

  “Mãe: O mais simples e verdadeiro gesto de carinho e afeto, pode conquistar o amor mais puro e sublime.” – by: Pâms.

Fim

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