Crazy Angel
“Às vezes quando você caminha sozinho,
Você para por um momento para observar a paisagem,
Quando você estiver cansado de se sentir sozinho,
Apenas me siga, apenas me siga, eh.”
— A-Yo / SHINee
Eu costumava a levar uma vida calma e tranquila como analista de sistemas, foi quando ela literalmente caiu em cima de mim. Era sexta de manhã, eu estava a caminho do meu trabalho, quando senti algo bater em mim me fazendo desabar no chão. Quando retornei minha consciência, estava no hospital com minha cabeça enfaixada.
— Enfermeira!? O que estou fazendo aqui? — eu senti a região do meu pescoço doer.
— Eu não sou enfermeira. — disse ela.
— Oh! — ela olhou para a própria roupa e viu que estava usando um jaleco branco — Me esqueci de trocar. — ela estalou os dedos e sua roupa mudou em um piscar de olhos.
Eu a olhei assustado, como pode aquilo ter acontecido, será que era uma ilusão de ótica, a queda afetou minha cabeça.
— Você não está louco, se é isso que está pensando. — ela disse indo até a janela do quarto e abrindo as cortinas.
— , seu anjo sentimental temporário.
— Anjo, sabe com asas e tudo, mas eu sou temporária, então não se apegue demais.
A porta se abriu de repente, era o médico.
— Bem acho que depois de algumas horas inconsciente você está novo em folha. — ele pegou meu prontuário que estava ao lado da cama — Fizemos alguns exames e está tudo bem, você está pronto para outra — ele riu — Mas não abuse.
Eu fiquei sem reação, o médico agiu como se só eu estivesse no quarto.
— Doutor, quem é a moça que está comigo? — eu sussurrei para ele.
— Meu jovem não há ninguém além de nós aqui, você deve estar tendo devaneios por causa da pancada — ele colocou o prontuário na mesa — Mas já está liberado para ir para casa.
Eu esperei até ele sair do quarto e olhei para ela.
— Por que ele não te viu?
— Por que eu já disse, sou seu anjo e por motivos óbvios só você pode me ver.
— Ele pensou que eu fosse um louco.
— Desculpa, mas verdade seja dita você agiu como um.
— Se você é um anjo, por que não me protegeu, o que houve comigo?
— Bem, houve um imprevisto, eu me desequilibrei e caí em cima de você.
— Me desculpe não foi intencional.
Eu fiquei parado a olhando sem reação, estava tentando não enlouquecer e me segurando para não a jogar pela janela. Ela passou todo caminho falando na minha cabeça, quando entrei no meu apartamento ela desapareceu na porta. Foi um suspiro de alívio até ela aparecer de novo, com outra roupa sentada no sofá da sala como se estivesse em casa. Eu prendi um grito de susto ou raiva, não sei, e a olhei.
— Então, vamos fazer o que?
— Você vai desaparecer e eu vou ligar para minha chefe.
— Não para primeira e não para segunda.
— O quê? — eu perguntei sem entender.
— Não posso desaparecer, perdi minha pulseira que faz isso — ela passou a mão em seu pulso — E já liguei para sua chefe, ela está ciente do que aconteceu.
— Eu pensei que ninguém pudesse te ver.
— Bem, eu tenho este anel. — ela mostrou sua mão direita — Se retiro ele do dedo, me torno mortal como você.
— É, eu preciso dele e da minha pulseira.
Eu cruzei os braços.
— Desde quando um anjo precisa disso?
— Bem, eu não te disse que era temporária, ainda sou treinee, ou seja, estou em treinamento, para ser um anjo completo e ter minhas asas preciso completar duas missões teste.
— E quais são? — eu a olhei sério.
— Uma delas é você. — ela sorriu — Como sou anjo sentimental, terei que encontrar uma boa esposa para você.
— Daqui a pouco vai falar que é o cupido também? — ela a olhei tentando não surta com o que ela dizia.
— Senhor do Trono que me livre, por que todos acham isso? — ela respirou fundo — Cupidos são incompetentes, saem atirando na primeira pessoa que vê para economizar tempo e bater metas, nós anjos sentimentais somos detalhistas, só um fato, a maioria dos divórcios são de casais unidos pelos cupidos.
— E anjos como você fazem seu trabalho direito?
— Sim. — ela deu um sorriso de satisfação.
— Legal, começou bem caindo em cima de mim — eu ri com ironia — Alguém no céu deve me odiar mesmo — eu saí indo para meu quarto.
— Me desculpa, eu disse que não foi intencional.
— Desaparece. — eu gritei e bati a porta do quarto.
Estava nervoso e alterado, tentando digerir tudo aquilo. Depois de alguns minutos ela bateu na porta.
— Entra. — eu já estava calmo.
— Está melhor? — ela sorriu não sabia como mas aquele sorriso me acalmava.
— Que bom, pois amanhã começaremos nossa busca.
— Pelo sua esposa. — ela encostou na parede.
— Não quero uma esposa, estou bem sozinho.
— Desculpa, mas você não tem escolha. — ela suspirou — Eu falhei uma vez e não farei isso de novo, você é minha última chance para ter minhas asas.
Eu me sentei na cama, estava cansado de mais para questionar e brigar, ela me encheu de perguntas querendo saber meu tipo de garota ideal, quanto mais ela perguntava, mais eu achava aquilo tudo uma loucura. Nossa primeira semana foi engraçada, a cada garota que passava por mim na rua, ela contava seus defeitos e quase nenhuma qualidade, nunca conheci alguém com tanta disposição para falar.
Era terça e de tanto ela insistir, na volta do meu trabalho para casa, nós passamos no mesmo lugar que ela caiu em cima de mim.
— Tem certeza que foi aqui? — eu perguntei.
— Sim, eu me lembro desta árvore. — ela afirmou.
Nós procuramos em meio as folhas das árvores caídas no chão, foi quando uma moça se aproximou de nós.
— Posso ajudar? — disse dando um sorriso delicado.
— Oh. — eu a olhei — Estou procurando um bracelete.
— Seu? — ela olhou para o chão.
— Não. — eu me levantei e a olhei direito, era uma moça meio alta e magra de bochechas rosadas e olhar simples, era muito bonita. — É de uma amiga que perdeu.
— Amiga!? — me olhou e riu — Não era você que estava me mandando ir embora?
Eu a ignorei e continuei minha atenção voltada para moça.
— Se quiser posso te ajudar. — disse a moça.
— Que não. — completou se intrometendo.
— O quê? — virei minha face para ela — A moça quer ajudar.
— Mas eu não quero a ajuda dela.
— E por que não? — eu me senti contrariado, quando me dei conta do que tinha feito, olhei envergonhado para moça — É…
— Me desculpe, mas eu tenho que ir. — disse se afastando de mim mais que depressa.
— Viu? — eu olhei para — Ela foi embora achando que sou um louco psicopata.
— Hum, psicopata não. — rindo — Mas louco com certeza.
— Não é você que me quer casado? Essa era uma oportunidade, a moça era linda.
— Não era garota para você.
— E como sabe? — eu cruzei meus braços.
— Não é resposta. — retruquei.
— Digamos que o interesse dela seja o cartão de crédito que você não tem. — ela olhou novamente para o chão — Oh! Achei. — se abaixando pegou seu bracelete.
— Agora você pode desaparecer. Kojo!
— Só depois que te encaminhar. — ela sorriu.
Ao mesmo tempo que aquele sorriso me matava de raiva, me acalmava. Passei mais dois meses com ela tagarelando em minha cabeça, já não bastasse ela me arruinar os 10 encontros que arrumou para mim, fez minha chefe me demitir. Eu estava com diagnóstico de insanidade, desempregado, perseguido por uma garota que dizia ser meu anjo sentimental e até agora nenhuma mulher que passava por mim servia para ela.
— Ai! Você reclama demais, era só um emprego.
— Um emprego? — eu gritei, estava furioso — Era aquilo que pagava minha contas, minha chefe quase ligou para o sanatório, se você não percebeu.
— Desculpa, mas acho que você merece coisa melhor. — ela sorriu.
— Tira esse sorriso da cara, não vai me convencer.
— Sinceramente, você pode começar a trabalhar em casa, com o que recebeu pode montar sua própria empresa.
Eu permaneci em silêncio e me joguei no sofá fechando meus olhos, só queria que a paz voltasse para minha vida.
— Ainda está bravo comido?
— Até quando? — eu abri meus olhos e me levantei — Quem se importa, vem vamos dar uma volta.
“Durante este dia cansativo mesmo que não haja lugar para descansar oh, oh
Nunca se deixe abalar ah, ah
Sem chance! Sem chance!
Mesmo que não haja ninguém para compreender seu triste coração oh, oh nunca desista ah, ah
Seu lema! Seu lema!”
— A-Yo / SHINee
Ela vibrou com meu convite, nem mesmo sei explicar por que a convidei. Fomos ao parque, eu nunca havia levado uma garota ao parque, bem que ela não era uma garota, mas se parecia como uma, andava como uma, sorria como uma, e que sorriso. Eu estava prestes a fazer uma coisa que ela havia me advertido, estava me apegando a ela.
A cada dia que passava, menos eu me importava com a falação dela e o dia que ela ficava em silêncio eu puxava assunto, ela me contava histórias de como foi feita, seu treinamento para entender os mortais como eu, eu não sabia como, mas estava me apaixonado pela minha anjo sentimental, logo uma coisa que não poderia acontecer.
O final do ano estava próximo, era dezembro e estava animada com o Natal, ela me fez até decorar o meu apartamento, coisa que eu nunca tinha feito, foi tão divertido que até comprei uma árvore pequena para colocar na sala. Estava tudo indo tão bem, eu tinha seguido seu conselho e começado a trabalhar em casa, era noite do dia 23 de dezembro estávamos selecionando uma receita para a ceia de natal.
— Então, para você que não sabe cozinhar, eu recomendo ramen. — disse ela entre risos.
— Isso joga na cara. — eu olhei meio magoado — Você poderia me ensinar.
— Eu!? — ela deu uma gargalhada — Eu sou um anjo, não chefe da gastronomia, se bem que existem anjos nesse departamento.
— Você podia pedir eles para me ensinarem.
— Acho melhor não. — ela se entristeceu um pouco.
— O que foi? — eu a olhei.
— Anjos de alto nível não gostam de treinees como eu.
— E o que te difere deles?
— Eles têm asas, já eu tenho um anel e uma pulseira. — ela abaixou o rosto.
— Aposto que com o que você tem, é mais esperta que todos eles juntos com suas asas. — eu acariciei sua face — Olha o que você fez comigo, quem diria que eu ia decorar minha casa para o natal.
— Muito gentil da sua parte me alegrar. — ela sorriu.
Ficamos nos olhando por um longo tempo, senti meu coração acelerar, eu estava realmente apaixonado por ela, não conseguia desviar meu olhar dela, seus lábios pareciam me chamar. Queria muito beijá-la, será que eu poderia? Eu me aproximei um pouco, mas quando ia tentar lhe dar um beijo, ela se desviou me abraçando.
— Feliz natal adiantado. — ela sussurrou — Amanhã virá seu presente.
— Que presente? — eu me afastei um pouco.
— Aquilo que tanto deseja! — ela se levantou do sofá. — Boa noite.
Eu fiquei intrigado, o que eu tanto desejava era ela, será que eu a teria? Afinal ela era um anjo. tinha desaparecido, mesmo sem sono me joguei na cama e fiquei olhando o teto até pegar no sono. Na manhã seguinte ao acordar encontrei um bilhete pendurado na árvore, com certeza era dela, eu abri e comecei a ler:
“Olá meu protegido rabugento…
Eu vou sentir falta de você me xingando, engraçado seu mal humor.
Percebi que você quebrou minha única regra, se apegou tanto que se apaixonou por mim, eu sou um anjo lembra? Ok, um anjo sem asas, mas um anjo.
Como último pedido quero que vá até o Aeroporto Internacional de Incheon e pegue um envelope com o segurança que vai estar posicionado ao lado do balcão de informações.
Eu terminei de ler rindo, ela sabia de tudo e agia com naturalidade, eu queria saber o que tinha no envelope. Troquei de roupa mais que depressa e saí correndo, fui de táxi para chegar mais rápido. Quando entrei no aeroporto fui direto ao balcão e como ela havia dito, o segurança estava lá, eu peguei o envelope com ele e me distanciei, ao abrir o envelope vi seu anel e sua pulseira dentro, a princípio fiquei preocupado, mas depois percebi que tinha outro bilhete dentro e li:
“Guarde meus acessórios e dê a pessoa que realmente pertence, não preciso mais deles, porém ela precisará. Não me esqueci do seu presente, ele está desembarcando no portão B, desejo toda felicidade e até algum dia.”
Eu não entendi de início, mas logo minha ficha caiu e eu corri até o portão B, fiquei esperando ansioso por 2 horas e nada dele abrir. Quando eu finalmente resolvi ir embora, o portão se abriu e algumas pessoas começaram a desembarcar, eu fiquei esperando, não sabia o que estava esperando, mas esperei, esperei e esperei. Até que ela apareceu, jeans preto surrado, blusa de manga longa de tricô, all star, cabelo solto e um brilho nos olhos, meu anjo havia retornado para mim.
Senti meu coração pulsar mais forte, fiquei paralisado no momento, até que ela passou por mim, seu perfume acordou meus sentidos, no impulso eu segurei em seu braço, não sabia o que fazer.
— ?! — seu nome foi a única coisa que me veio à mente.
— Eu te conheço? — ela me olhou com receio.
Oh! Céus, como ela não me reconhecia? Até mesmo seu olhar inocente era igual, não tinha como não ser.
— Está tudo bem? — a voz dela era baixa.
— Sim, não.— eu me senti desnorteado — Quer dizer, não sei.
— Como sabe meu apelido? — ela me olhou, podia ver a curiosidade em seus olhos.
— Conheci uma pessoa com esse nome, ela se perecia com você.
— Ah. — ela suspirou meio aliviada.
— Me desculpe por agir desta forma, eu esperava encontrar uma pessoa aqui.
— Sem problema. — ela colocou a mão na barriga — Você sabe onde tem algum restaurante por aqui, que seja barato?
— Bem. — eu sorri, senti uma ponta de oportunidade — Sei sim, mas só poderei te levar se me deixar pagar.
— Insisto, quero compensar o constrangimento.
Ela sorriu e assentiu com a face, então eu entendi que ela era o presente que aquela anjo maluca tinha me enviado, senti meu coração se aquecer novamente.
— A propósito, meu nome é , mas pode me chamar só .
— O meu é , mas pode me chamar de .
“Ooh, quando as coisas ficarem difíceis pense nas pessoas que vão te cumprimentar
Como eu espero pela sua chegada eu estou sorrindo pra você, hey
Ooh, quando você não conseguir dormir espere pelo amanhecer de amanhã
Quando essa noite passar você virá para mim.”
— A-Yo / SHINee
SPIN OFF:
— Essa foi uma estratégia muito arriscada. — disse a arcanjo Celeste.
— Eu sei, gosto de desafios. — eu disse olhando para o casal que eu havia acabado de formar.
— Estou vendo. — o arcanjo Rafael se aproximou lentamente, rindo baixo — O Senhor mandou parabenizar pelo cumprimento da missão teste, apesar dos riscos, ele achou interessante você ter unido as duas missões em uma só, juntar essas duas pessoas foi arriscado, mas original.
— Eu que agradeço o reconhecimento, arcanjo Rafael. — eu sorri, estava feliz com o elogio do Senhor Todo Poderoso.
— Pois bem. — o arcanjo Rafael me olhou — Você está promovida, não mais precisará dos acessórios.
Assim, meu par de asas apareceu em minhas costas, minhas tão sonhadas asas, finalmente eu era um anjo sentimental completo pronto para entrar em ação!
“Ei, você, quando as coisas ficarem difíceis sacuda a poeira e se apoie no ritmo oh,
Com a nossa música feita para você, oh
Todo mundo ei, você, todo mundo ei, você
Deixe de lado as suas tristes lágrimas, deixe de lado toda a sua dor
Sacuda a poeira, deixe que o ritmo cuide disto, oh
Todo mundo ei, você, todo mundo ei, você.”
— A-Yo / SHINee
Fim
Foi bem curtinha, mas gostei bastante! <3
Comentário originalmente postado em 18 de Novembro de 2016
*-* Obrigada por ler *-*
Comentário originalmente postado em 26 de Dezembro de 2016