Uma sociedade criada por cinco grandes amigos no ano de 1927, entre a vida boêmia e artística que a cidade de Paris fornecia. A jornalista francesa Louise Tenebrae, o militar russo Victor Bellorum, a cientista britânica Dorothy Baker, o médico espanhol Georgie Sollary e o comerciante americano Charlie Dominos. Inicialmente Continuum era a forma que eles se nomeavam, dizendo que a amizade deles seria contínua e se estenderia para as gerações de suas famílias.
O que começou como um apelido de um grupo de amigos, se tornou uma sociedade em que interesses políticos, econômicos e sociais foram introduzidos. Onde cada família começou a ter seu ponto de influência e se destacar financeiramente ao longo dos anos. Porém, nem tudo são flores e, em um certo momento, algumas rivalidades começaram a aparecer entre as gerações posteriores.
Considerada um grande polo tecnológico, Seattle é a maior cidade do estado de Washington. Lugar onde algumas famílias estabeleceram moradia. Esse é o caso dos Fletcher, com sua matriarca, Beth, que lutou na vida para criar sua filha Lise, após perder o marido em um tiroteio. Seu ganha pão era o hostel que tinha montado com o seguro de vida do falecido marido, que recebera após ficar viúva. E com muito esforço e algumas ajudas de sua irmã Marie, ergueu seu negócio e seguiu em frente com sua vida. Agora, além de Lise, também dividia suas preocupações com a sobrinha , uma bailarina recém-formada no curso de dança da Universidade de NY.
A pontualidade de Beth era algo notório entre as pessoas que a conheciam, e todos os dias ela se dava ao trabalho de preparar uma farta mesa de café da manhã para os hóspedes do Hostel Fletcher. O barulho de sua velha chaleira soava pelo lugar, algo que anunciava a que já era hora de se levantar. A garota que dividia o quarto com a prima no último andar do pequeno prédio, se levantou ainda sonolenta após desligar o despertador do celular e trocou a roupa colocando o trivial conjunto de moletom cinza. Ao sair do quarto, seguiu para a cozinha para ajudar sua tia, seus passos lentos como uma tartaruga e seu senso de direção descoordenado, quase tropeçando nos móveis.
Foi em um momento de devaneio tentando se lembrar do sonho que tivera noite passada, que a campainha tocou e o grito de sua tia pedindo que abrisse a porta a despertou. se espreguiçou e caminhou até a porta, ao abrir, ela levantou seus olhos lentamente e os fixou no homem diante dela. Seu coração pulsou um pouco mais forte, fazendo-a estranhar. Puxando mais forte o ar para seus pulmões, sorriu de leve.
— Bom dia, senhor, posso ajudá-lo? — Beth olhou o homem com firmeza, então virou o rosto para a sobrinha. — , termine de colocar a mesa do café para mim.
Sendo um bom observador, o jovem viu que na sala tinha várias pinturas e grafites em uma das paredes. Em outra parede, prateleiras de livros. Era um espaço de convivência bem decorado e aconchegante. Uma TV Smart, um sofá azul marinho e poltronas espalhadas. Não demorou muito para que ela preenchesse o cadastro no sistema, pelo tablet.
— Parece que deu sorte, tenho um quarto vago — anunciou Beth com o olhar fixo no aparelho em sua mão. — Sua diária sai a 210 dólares, incluindo o café da manhã como cortesia.
— A chave, você ficará no quarto 7. — Pegando o dinheiro, Beth lhe entregou a chave para finalizar o cadastro. — Obrigada, se precisar de alguma coisa é só me chamar, sou Beth Fletcher.
— Eu que agradeço por me deixar ficar. — Pegando a chave, ele se afastou da senhora e, ajeitando a mochila no ombro, subiu as escadas para procurar o seu quarto.
Na cozinha, completamente distraída em seus pensamentos, só pensava na imagem do rapaz que atendeu. Algo lhe dizia que ela já o tinha visto em algum lugar, e não era somente pela beleza dele que tinha esta sensação. Entre pensamentos e suspiros, um dos hóspedes entrou na cozinha de repente e a assustou.
saiu pela porta dos fundos, já retirando do bolso as chaves da sua moto. Chegando à rua, cruzou com a tutora, a cansada Dra. Sollary, que chegava após um plantão de 36 horas na área de emergência do Seattle Sollary Hospital. Foi uma troca de olhares rápida, porém significativa, já que tinha um interesse amoroso na mulher, porém sempre rejeitado.
era uma médica dedicada que vivia com o pensamento em seus pacientes, fazia qualquer coisa para dobrar seus plantões e não ser afastada pelo diretor-chefe da ala cirúrgica. Os cabelos presos em um rabo de cavalo, as roupas nas cores cinza e bege, o jaleco braço e all star preto eram sua marca registrada.
Enquanto montou em sua moto e deu partida em direção a seu curso, entrou no Hostel e seguiu em direção a seu quarto. A única coisa que desejava no momento era tirar um cochilo e renovar as energias.
Na cozinha, Beth observava os outros hóspedes se alimentando. Por um instante, ela reparou que sua filha Lise ainda não tinha saído do quarto para o café, e certamente ainda estava a dormir. Logo, pediu à sobrinha para ir chamar a prima, pois se fosse ela, Lise seria arrastada da cama. assentiu rindo da cara de sua tia e saiu da cozinha, ao chegar no corredor, ela ouviu o telefone tocar na sala.
Deixando o telefone em cima da escrivaninha, subiu as escadas e seguiu até o quarto. Ao passar pelo estreito corredor do seu andar, ela esbarrou no hóspede novo.
— Eu é que devo desculpas, estava distraído. — O rapaz estava com a cabeça abaixada, levantando seu olhar, fixou nos olhos da mulher à sua frente. — Você tem um nome?
Foi neste momento que ela se lembrou da prima que ainda estava dormindo. Correu até o quarto, entrou pela porta, abriu as cortinas e enfim começou a chamá-la.
se aproximou de sua cama e pegou o celular que tinha deixado na mesa de cabeceira. Ela estava tão ansiosa para receber a mensagem do estúdio de dança que não conseguia pensar em voltar à cozinha para tomar o café da manhã. O sonho de de ser dançarina profissional tinha sido interrompido pela falta de apoio de sua mãe adotiva, Marie. Ter se formado na faculdade de Artes Cênicas, no curso de dança, havia sido sua maior conquista, porém não tinha conseguido trabalho na área em New York, mesmo que tenha sido muito elogiada por seu talento. Ela achava que tudo aquilo era obra de sua mãe a boicotando, e por isso se afastou dela e foi morar em Seattle com a tia.
Final da tarde e se mantinha pensativo em seu escritório. Sua mente fervilhava informações após o breve encontro que tivera com o senhor Han. Ele se preocupava com sua família desde antes de serem atacados em 2012, e ainda sentia a perda de alguns entes queridos.
Por mais que brigasse com o irmão mais novo, , ele também se preocupava com sua segurança, por isso Dominos era cauteloso em suas ações, se mostrava frio e calculista diante de todos, apesar de seu charme natural e olhar intenso.
— Muito bem… Estou curioso para saber o que a nova presidente dos Laboratórios Baker quer comigo — comentou ao se levantar de sua cadeira e olhar para a recém-chegada.
conhecia muito bem seu chefe, já estava servindo a família Dominos há seis anos, tinha sido treinada especificamente para isso. Apesar de ter muitas responsabilidades, a maior delas era garantir a segurança de Dominos. Era curioso isso, e muitos a subestimavam quando a viam ao lado dele. De assistente a segurança pessoal, ela era seu braço direito e consciência nas horas vagas.
— Allison Baker sempre foi uma mulher sagaz e estrategista, quero saber se a pessoa que ocupa seu lugar agora é tão boa quanto — assegurou ao se aproximar de sua adega particular e pegar uma garrafa de vinho.
— A família Baker sempre foi aliada a eles, quero mostrar a ela que Lionel Tenebrae é e sempre foi um homem desleal, que não merece estar no controle da Continuum. — tinha seu plano vivo e queria mais que tudo destronar a família que arruinou a sua. — Já temos o apoio dos Bellorum, está encarregado da herdeira Sollary, acho que Annia Baker não será um problema.
Justiça ou vingança, sabia as intenções de Dominos. Sabia de todos os seus segredos, fraquezas e medos e em contrapartida, ela era o ponto forte de , onde ele encontrava apoio para se manter firme e proteger sua família. Mesmo não sendo fácil e mesmo ela sendo ainda muito jovem, encarava de frente a responsabilidade que tinha com ele.
Ele a olhou mais um pouco. tinha muitas inquietações quando o assunto era sua assistente/segurança. Uma mulher reservada e silenciosa, apelidada por sua família de “funcionária do ano”, mas só ele sabia quantas vezes ela tinha salvo sua vida, mesmo antes de compor sua lista de empregados. Ele jamais esqueceria o dia em que a conheceu, e em gratidão, a levou para a casa de Donna Fletcher.
Dentre as muitas atividades de , ser a pessoa que acompanhava os acordos comerciais mais complexos e não deixar que fossem atrapalhados era um deles. Incrível para todos é como ela conseguia dar conta de tudo e ainda garantir a segurança de . Claro que o chefe da família Dominos sabia se defender muito bem em uma boa briga, mas a função de era bem mais do que isso. E se fosse preciso sujar suas mãos para garantir o sucesso dele, ela o faria.
Segundo as nomenclaturas criadas pela Continuum, Miller era denominada como uma Sliter, por ser o braço direito de . Educada e reservada, essas eram as definições da mulher. Olhar atento, cabelos sempre presos, voz suave e baixa, porém firme, sempre trajava terno feminino de cor azul marinho combinado com uma bota preta.
Numa calorosa manhã de sexta-feira, ela desembarcou no aeroporto privativo da cidade de Austin, seguiu em um carro alugado até uma fazenda ao sul da cidade, seu objetivo era finalizar o fechamento de contrato de exclusividade com 3 produtores locais. Entretanto, ao contrário do que se esperava, o clima não estava muito bom, pois um dos produtores se recusava a aceitar a quantia oferecida por .
— Receio que este equívoco de sua parte terá que acabar neste instante — alertou ao se colocar em frente ao homem, seu olhar se mantinha sereno como sempre.
— Me desculpe, moça, mas não vou concordar com isso, minha fazenda vale mais do que Dominos está oferecendo, todos sabem que minhas terras são as mais férteis do Texas. — O homem que aparentava ter 40 anos se levantou do sofá em que estava sentado, olhando a mulher com arrogância. — Ninguém irá me obrigar.
— Bem, acho melhor o senhor não fazer isso. — Ela voltou seu olhar para os outros 2 produtores. — Foi um prazer negociar com os senhores, podem ir, o dinheiro será depositado em 24 horas, como combinado.
Após desligar o celular, sorriu maliciosamente. Ela retirou o contrato daquele homem da pasta que levava consigo e o deixou juntamente com uma caneta na mesa de centro.
Assim que terminou de pronunciar aquelas palavras, se esquivou do soco de um dos homens que estava atrás dela; pegando o braço do mesmo, o torceu com força, e pegando sua arma, atirou no segundo homem logo atrás. Assim, o terceiro homem atirou em sua direção e, virando seu corpo, a bala acertou o pescoço do primeiro homem. jogou o corpo do homem no chão e vendo a movimentação do quinto capanga em sua direção, pegou uma faca que estava escondida em sua bota. Instantaneamente atirou-a acertando no coração de seu algoz, com a arma ainda em sua mão, atirou no terceiro homem. O quarto homem que estava com uma foice lançou o objeto contra ela. A sliter se abaixou rapidamente girando com sua perna direita reta, consequentemente derrubando o homem. Ao se levantar, atirou nele com a arma que estava em suas mãos.
respirou fundo e voltando seu olhar para a arma em suas mãos, percebeu que felizmente não havia retirado suas luvas. Jogando o objeto no chão, voltou o olhar sereno para o produtor.
Miller guardou o terceiro contrato na pasta juntamente com os outros dois. Olhando de relance para os corpos dos homens no chão, deu um sorriso de canto e se retirou do lugar.
Enquanto isso, na sala de seu hostel, Beth encerrava a ligação que tinha feito à sua irmã, Marie. Mesmo apoiando a fase independente de sua sobrinha, Beth, às escondidas, continuava notificando sua irmã sobre os passos da filha adotiva. Foi neste momento que Paul, o namorado de Lise, chegou.
No quarto, se encontrava pensativa quando saiu dele e andou pelo corredor com sua mente aérea. Desceu as escadas lentamente até que chegou à sala e se deparou com Paul sentado ao sofá, mexendo no seu smartphone.
Paul começou a rir, até que se lembrou do passado que sua amiga havia lhe contado, sobre seu envolvimento com um membro de uma família da Continuum, então seu sorriso deu lugar ao olhar preocupado.
Mas já se contava duas semanas desde a chegada de , e sim, ela, em vários momentos do dia, se pegava pensando nele e curiosa para conhecê-lo mais. Era loucura dizer, mas de certa forma se sentia atraída a tudo que envolvia a Continuum, principalmente jovens bonitos de famílias classe A da sociedade.
e Paul iniciaram uma interessante conversa sobre teorias malucas que sempre criavam a respeito da Continuum. Neste tempo, Lise, com seu moderno e ao mesmo tempo humilhante uniforme de recepcionista, com direito a blusa branca com um babado roxo e uma calça social roxa com listras brancas, desceu as escadas e interagiu com ambos.
— É o assunto do momento em toda a cidade, foi a mesma coisa quando o Baker se mudou para cá — explicou ela. — Daqui a pouco cai no esquecimento, até outra família dar a louca de vir residir em Seattle.
— São todos militares, o que queria? — Lise cruzou os braços. — , não se esqueça o quão conturbado foi seu relacionamento com o Bellorum, imagine que pode ser pior sendo um Dominos.
Lise se despediu deles e seguiu para seu trabalho. Os amigos aproveitaram a deixa e foram para a cozinha, onde serviu o café para ambos. Em meio às xícaras, os biscoitos de milho, o bolo de morango com cobertura de coco, o suco de laranja e o leite, eles continuaram conversando.
Na sala de descanso dos residentes, tirava mais um de seus cochilos, era a única forma que encontrava para se manter de pé e superar o mau-humor da residente chefe, senhorita Lins. A madrugada passada não tinha sido muito boa devido a um acidente causado por um carro desgovernado, a ala de emergência se tornou um caos. Felizmente, era aquele tipo de caos que a Sollary dedicada gostava, sentir a adrenalina a cem por hora enquanto segurava um bisturi. Mais que um legado da sua família, ser médica era realmente seu caminho a seguir.
Ao se aproximar da mesa de estudos, pegou os relatórios que passou duas horas preenchendo e revisando a mando da megera, e seguiu para a enfermaria. Lins só tinha aquele cargo por ser muito próxima do atual diretor do hospital, nomeado logo após o pai de anunciar a aposentadoria dele. Sendo filha única, aquilo a tornava a herdeira primária Sollary, já que seus primos só poderiam herdar algo se ela não existisse. Por isso, tinha uma pressão grande em suas costas, e a responsabilidade de se tornar a melhor cirurgiã que aquele hospital já teve.
A jovem residente se retirou e foi até o vestiário, onde trocou de roupa e pegou sua bolsa no armário. Mesmo contrariada, não podia fazer nada a não ser ir para casa. Bem na porta de saída ela avistou um rosto conhecido. se encontrava encostado em sua moto, de braços cruzados e em uma pose que só vemos em revistas.
— Primeiro, pare de achar que vou me apaixonar por você, pois isso nunca vai acontecer; e segundo, se eu ver que é realmente um homem responsável, posso pensar em te dar o benefício de ser meu amigo. — A mulher se soltou dele.
— Toda vez que ela te deixa furiosa você desconta em mim — explicou ele segurando o riso. — Vou ser sincero, esse lance de me fazer seu saco de pancadas só me deixa mais apaixonado ainda.
suspirou um pouco e, sem pensar muito, pegou o capacete e subiu na garupa o colocando. Se ela analisasse muito a ideia, certamente não faria aquilo. Talvez por ter tido um breve romance com um Dominos em seus tempos de faculdade em Harvard, uma aversão às famílias da Continuum tinha se criado dentro dela. E Baker pertencia a uma, motivo de sua resistência.
“Eu já abri o meu coração para você há muito tempo Você é tudo para mim, esse é o meu jeito de confirmar Eu deveria ser cuidadoso e me amar mais, Desse jeito eu nunca irei me machucar.” – My Answer / EXO
3. Família
– Algum lugar de Seattle
Baker já tinha sacado com pouco tempo os pontos fracos de , porém não os usava para conquistá-la. Entretanto, se havia uma coisa que ele amava fazer era irritar a garota com seu jeito despojado de ser. Quanto mais acelerava a moto, mais se agarrava nele, e essa era sua intenção maliciosa desde o início. Era triste ter que se contentar com esses pequenos detalhes dessa desastrosa relação que ambos tinham, mas aquele Baker era persistente e muito sagaz.
Logo fez a moto cambalear, deixando ainda mais raivosa. Assim que ele parou a moto em frente o Au Lait Coffee, ela desceu rapidamente retirando o capacete.
estava cansada demais para relutar à insistência dele e se deixou ser guiada. Ao entrar, escolheram logo uma mesa bem ao lado da vidraça, onde poderiam contemplar a beleza da avenida principal da cidade e suas luzes noturnas.
— Eu vou querer um expresso duplo, para ela, cappuccino e um pedaço da torta de morango com chantilly — respondeu tranquilamente não se importando com as palavras da moça que o acompanhava.
fitou os olhos no rapaz tentando entender como continuava agindo daquela forma com ela. Aparentemente, as pessoas os viam como um casal que vivia a base do amor e ódio, o que tornava tudo mais divertido para ele.
Ambos permaneceram em silêncio até que seus pedidos vieram e a moça se retirou. cortou um pedaço de sua torta e levou à boca, aquela era mesmo sua torta favorita. Era intrigante que tivesse gravado tão rapidamente seus gostos.
De um mero paciente que ela ajudou no resgate, após sofrer um acidente de moto, o homem otimista se tornou seu colega de Hostel e, no linguajar da tia Beth, um pretendente de alto nível. Era de se esperar que se apaixonasse por sua médica cirurgiã residente, que cuidou dele com tanta dedicação enquanto se manteve internado no Seattle Sollary Hospital, porém, entre tantos cuidados dela, foi através de um singelo sorriso espontâneo, direcionado a outra pessoa, que o coração do ousado Baker pulsou mais forte.
— A receita que me conseguiu ajudou. — reclinou até encostar no encosto da cadeira, mantendo seu olhar na moça. — Obrigado, mesmo depois da alta, ainda cuida de mim.
— Só estou me prevenindo e mantendo você longe do meu local de trabalho. — manteve o olhar na torta. — Como uma pessoa pode deixar o legado da família e viver como um nômade? Não consigo entender você. — Ela levantou seu olhar a ele.
— Honestamente, sim — respondeu ela. — Eu vejo você como aquele projeto de bad boy mimado que usa o dinheiro dos pais para pagar a gasolina da Mercedes e o silêncio dos policiais corruptos.
— Estou curioso para saber qual Dominos você namorou para ter tanto preconceito assim. — se viu ainda mais curioso pelas palavras amargas dela. — Foi o popular da elite, ? O caçula ? Ele está hospedado no nosso hostel. Hum… Foi o Nigel? Não… Pelo seu olhar, só pode ser o Victor.
ajeitou a bolsa no ombro e seguiu para a saída. Seu único pensamento era chegar no hostel, se trancar em seu quarto e finalmente descansar. permaneceu estático, se manteve sentado na cadeira pensativo no que havia acontecido. Em minutos, sua atenção se voltou para a porta. Observou a entrada de no lugar, sendo seguido por outro rosto Dominos conhecido.
— Não sei se seu irmão está agindo com prudência, soube que ele fez novas aquisições de terras no Texas. — Chegando próximo ao ouvido de . — E sabemos que aquele estado pertence a Continuum, ele quer enfrentar os Tenebrae.
— sempre viveu contra as regras, mas não achei que chegaria a tanto. — suspirou fraco, conhecia seu irmão muito bem. — Não entendo sua obsessão pelos Tenebrae.
— Sollary é uma mulher forte e independente, trabalha como cirurgiã residente no hospital da família — contou . — Ainda não sei como me aproximar, disse que eu deveria ser sutil, mas nós dois sabemos como ele é sutil com as mulheres.
Chicago era a cidade movimentada em que a família Dominos residia. Sua mansão se localizava um pouco mais afastada do centro comercial. Uma propriedade invejável até mesmo pelos políticos da cidade. Os dois andares que contemplavam o imóvel seguiam um estilo arquitetônico moderno com toques clássicos; suítes extremamente confortáveis, salas de estar e TV, sala de jantar, a ampla cozinha de design industrial e o majestoso escritório em que sentia o prazer de receber seus amigos.
Atrás do “palacete”, perto da entrada da cozinha, ficava a adega onde se guardavam os vinhos mais preciosos, agraciados por sua pequena vinícola na Itália administrada por Victor Dominos. Ao lado era o quarto de , parecido com um loft, a cama ficava perto da janela que dava vista para a mansão, ao lado uma poltrona e a porta do banheiro, perto da porta de saída um jogo de mesa com duas cadeiras de madeira Siciliana, ao lado uma pia de mármore, um cooktop e uma mini geladeira.
No porão se encontrava o dormitório dos seguranças que guardavam a propriedade, todos chefiados por Dosan. Do outro lado dos fundos da mansão, havia um jardim cultivado pela tia Dominos, com orquidário e diversas flores do campo. E ao lado um pequeno espaço em que usava para treinar.
Como mencionado antes, pertencia aos Dominos como filho legítimo, o terceiro na linha de comando. Seu jeito tranquilo e pacífico não se comparava ao de , que às vezes era taxado como um tirano por sua irmã mais nova, o que de tudo não era ruim, pois para ser um chefe de “Família Continuum”, ele precisava ser forte, rígido e perspicaz. Era com muita preocupação que o chefe Dominos garantia a segurança de suas irmãs, Genevieve e Jasmim, sua tia Sophie, sua prima Bella, seus primos Victor e Nigel e a recém-chegada Liana.
Naquela tarde, em sua espaçosa sala de TV, decorada com sofás pretos e luxuosos com detalhes vermelhos, mesa de centro de vidro e obras de arte espalhadas pelas paredes, se mantinha de pé perto da janela observando o jardim de inverno da lateral direita da casa.
— Que bom, estava mesmo querendo ver minha série na Netflix, é tão ruim aquela tela minúscula do notebook. — A garota pegou o controle, ligou a televisão com tranquilidade e deitou no sofá de forma despojada.
— Como vai a escola? Não é por ser uma Dominos que não tem que mostrar resultados — disse ele num tom mais sério. — O colegial é uma fase importante da vida.
— Seu boletim com notas altas no final do semestre. — O mais velho colocou as mãos no bolso da calça, mantendo o olhar sereno. — E não matando aula todos os dias. Acha que com esse currículo acadêmico vai entrar em uma Ivy League?
— Sabe, de uma adolescente como você, eu realmente não queria ser irmão, mas sangue é sangue — respondeu ele. — E particularmente, eu quero chegar ao topo, ao contrário de você que se contenta com o mínimo.
Ele respirou fundo e manteve a calma. Lá no fundo só queria jogar a mais rebelde da família em um colégio interno, entretanto, havia prometido à sua mãe que cuidaria de todos sem exceção e os manteria por perto.
Na varanda da pensão, se mantinha sentada na cadeira de balanço, observando as pessoas passando pela rua. Nudy se aproximou dela assim que a viu enquanto passava.
— Bem mal, ela não aceita meu amor pela dança e sempre que pode tenta me sabotar — confessou com um suspiro de cansaço. — Mas desta vez ela não conseguiu e meu contrato já está assinado.
Com a saída de tia Beth, o jantar era por sua conta. Após deixar tudo pronto na cozinha, se recolheu em seu quarto e ficou um tempo dedilhando notas aleatórias no seu violão, quando Lise chegou.
— Cansativo como sempre. Preciso seguir a linha de pensamento do meu namorado e mudar de ramo profissional — reclamou Lise ao se sentar na cama e tirar os sapatos. — Não aguento mais.
Chegando, foi até a geladeira, pois havia deixado duas travessas de lasanha de batata preparadas, pegando as mesmas, as colocou no forno para aquecer. “Espero que a tia Beth goste” pensou ela. Saindo da cozinha, pegou um livro na estante da sala para ler e, distraída, se sentou no sofá. Não demorou muito até que chegou apático em seus devaneios.
também ajudou com as compras. Eles ficaram conversando um pouco mais na cozinha. Após o jantar, todos foram para seus quartos. chegou pela madrugada, bem na hora em que acordou no susto com seu pager tocando. A jovem residente se levantou correndo e trocou de roupa o mais rápido possível, era sinal de um plantão de urgência no hospital. Assim que desceu as escadas, acabou por trombar em , deixando seu estetoscópio cair.
Apresentações podem ser boas ou ruins, isso é algo que acontece Às vezes é bom apenas parar pra relaxar e descansar. – Mr. Simple / Super Junior
4. Dominos – Pt. 1
– Hostel Fletcher
Manhã de terça-feira, acordou pouco depois do café. Se surpreendeu quando viu que a prima já tinha saído para o trabalho. Trocou de roupa colocando um jeans rasgado no joelho, t-shirt azul marinho e um all star branco. Descendo direto para a cozinha, pegou um pedaço do bolo de maracujá que encontrou no forno e comeu acompanhado de uma xícara de leite frio.
— Do supermercado — respondeu colocando as sacolas em cima da bancada da pia. — Estava curiosa para te perguntar, quando começam suas aulas, senhorita auxiliar?
No momento em que passou pela sala, entrou pela porta com alguns folhetos na mão esquerda, digitando algo no celular com a outra. O rapaz estava tão concentrado que acabou esbarrando na amiga.
passou pela amiga para subir as escadas primeiro. seguiu para seu quarto e, juntando seus documentos na bolsa, saiu em direção ao Uber que tinha chamado pelo aplicativo.
Em seu quarto, jogou os papéis em sua mão na mesa de cabeceira e jogou seu corpo sobre a cama, sua cabeça se encontrava pesada e dolorida por ter acordado cedo, porém, seus esforços em conseguir algo longe das influências de sua família, resultou em um estágio no estúdio de fotografia que pertencia a Escola de Artes Moonlight. Além de aluno, agora ele iria exercer o aprendizado e ganhar dinheiro com isso.
Mal fechou os olhos e seu celular tocou. ergueu a mão e olhou a mensagem de Annia, a filha adotiva que controlava toda sua fortuna agora. Era um convite para um baile de máscaras que promovia em comemoração ao aniversário das Indústrias Baker. Ele ergueu seu corpo de leve rindo daquilo. Já tinha deixado claro que não queria se envolver com os negócios da família, contudo, começou a ficar pensativo sobre a possibilidade de ir com uma acompanhante.
Enquanto observava sua sobrinha sair, tia Beth aproveitou a deixa para se ausentar do hostel, pois tinha um encontro marcado com Molina. Por ter ido de carro, não demorou muito para chegar restaurante Marquese. Logo na recepção, encontrou Lise com seu uniforme cafona e sorriso forçado de sempre:
Lise ficou observando a mãe se afastar com um sorriso malicioso no rosto. Tanto ela quanto torciam para aquele shipp ser real e dar certo. Beth se dirigiu à mesa na qual Molina a esperava.
— Ok. — Ele sorriu de canto. — A boa é que descobri coisas interessantes sobre esse hóspede que me falou pelo telefone e a má é que você não vai gostar do que vai ler.
— Sim — confirmou ela. — Assim como fiz com o Baker, não posso deixar que alguém se hospede em meu hostel sem saber a fundo sobre a família a que pertence. Já ouvi muitas coisas sobre os Dominos.
Após ela falar, Molina abriu sua maleta, retirou de dentro uma pasta preta e a entregou. Assim Beth começou a ler. Neste mesmo tempo, adentrou no restaurante Marquese acompanhada de seu pai. Ela já imaginava que a visita dele não era por uma simples saudade, tinha outras intenções por trás, e não demorou muito para que descobrisse quais, pois foi ao sentarem à mesa que Gregori Sollary iniciou o assunto, direto ao ponto.
— Todos estão comentando sobre um Dominos em Seattle, isso deixou a Continuum em alerta, ainda mais depois que compraram fazendas no Texas — disse ele.
— Comentários sobre estar se relacionando com um Baker também chegaram aos meus ouvidos — continuou ele —, espero que desta vez faça um bom casamento, já que não conseguiu ir até o final com o Dominos.
— Não há nada entre eu e o Baker — afirmou ela com segurança. — E seja lá quem for seu informante, é bem melhor perguntar diretamente à sua filha, não acha?
— Querida, não se irrite. — Gregori voltou seu olhar para o lado, observando a mesa em que se assentava Beth e Molina. Logo reconheceu o rosto da Fletcher, tentando se lembrar de onde a tinha visto.
— Ela possui um rosto conhecido. — Gregori voltou a olhar para filha. — Enfim, querida, espero que continue seu bom desempenho no hospital e que passe na segunda prova com honrarias, como foi na prova dos internos.
Ambos foram servidos pelo garçom e continuaram a conversar sobre o bom desempenho da rede de hospitais espalhadas pelo país que pertencia à sua família.
No escritório da mansão dos Dominos, se mantinha parado frente à janela que existia entre as duas estantes, na parede da lateral, aguardando o enfim retorno de sua fiel Sliter. Em sua mente, pensamentos estratégicos se misturavam ao rosto da mulher que o intrigava profundamente.
Fechando a pasta ele caminhou até o quadro que estava na parede atrás de sua mesa de trabalho, e o retirando, apareceu um cofre atrás. Digitando a senha, ele abriu, guardou os documentos e o fechou colocando o quadro em cima novamente.
fez uma breve reverência com a cabeça e saiu do escritório. caminhou até a janela e sorriu de forma espontânea. Não importava o que acontecesse ou quem ele contratasse, ambos sabiam que a única pessoa em quem confiava até a morte era realmente .
No porão da mansão dos Dominos, além do dormitório dos seguranças, havia também uma pequena sala de treinos, para que mantivessem a boa forma, lugar este que frequentava todos os dias ao final da noite para praticar alguns movimentos de luta. As horas se passaram e no final da noite, a destemida Sliter se mantinha em frente a um saco de areia aos fundos do lugar, socando-o continuamente, descarregando o máximo de energia possível. Sua adrenalina se mantinha acelerada, coordenada com a concentração impecável.
— Você sabe de todos os meus desejos. — Ele colocou as mãos nos bolsos da calça. — Estava sem sono, andei pela casa e ouvi comentários que estava aqui.
, entendendo as intenções de , pegou sua espada que estava no chão ao seu lado e se movimentou em direção ao centro da sala já levantando a lâmina. De repente a luz se apagou, deixando o lugar inteiramente no escuro, sendo contemplado somente com a pouca luz da lua que entrava pela janela basculante da parede leste. se concentrou de imediato e sentiu um vulto passar à sua direita, ao se movimentar para sua esquerda sentiu a lâmina de sua espada corta alguma coisa.
Apesar de ela ser extremamente hábil, o manejo de uma espada era uma das maiores qualidades dele. era reservado quanto ao seu nível de força e habilidades com armas, não gostava de demonstrar em público, a menos que fosse em ocasiões especiais. Entretanto, pelo menos uma vez por mês ele reservava uma noite para testar o nível de habilidade em combate de . Isso fazia com que a dedicação dela em seus treinos solitários fosse ainda maior.
E naquela noite, a destemida estava treinando com seu senhor. Eram breves minutos de muito esforço, cada investida de com seus rápidos golpes e silenciosos movimentos eram considerados preciosos para ela. Nos instantes finais, se desviou de um dos golpes dele e, ao tentar prendê-lo entre a lâmina de sua espada e a parede, segurou fortemente em sua mão direita e girou, encaixando as costas de em seu tórax, com a mão esquerda prendendo a lâmina de sua espada no pescoço dela e com a direita segurando firme seu pulso.
— O senhor Dominos disse que ainda era o único que podia te vencer, por que ele a quer mais forte que ele? — A moça parecia curiosa em saber mais sobre a relação de que a Sliter tinha com o chefe da família.
Não era mesmo questão de força, pois sabia de todos os pontos fracos de . Ela poderia vencê-lo a qualquer momento, mas gostava da sensação que sentia sempre que perdia para ele, não pela derrota, mas por ver a motivação do Dominos em querer perder para ela.
Ela está me deixando louco, Por que o meu coração está acelerado? – Monster / EXO
5. Dominos – Pt. 2
– Algum lugar de Seattle
Noite de sexta-feira, em seu primeiro dia como professora substituta, se mantinha ansiosa e ao mesmo tempo temerosa. Por tanto tempo ela tinha sonhado em trabalhar com a dança que não conseguia acreditar que estava acontecendo agora. Felizmente estava mais do que esperançosa com essa oportunidade, já que sua tia lhe garantia a não interferência de sua mãe adotiva¹.
Sua primeira turma de alunos era composta de damas e cavalheiros da terceira idade que estavam ali para aprender bolero. Logo um estilo de dança em que não tinha se especializado na universidade, porém seus poucos conhecimentos sobre o assunto ainda poderiam lhe ajudar naquela tarefa.
— Boa noite, alunos, vamos começar a aula com um pouco de aquecimento, nos alongando — se pronunciou ela diante dos oito alunos. — E depois gostaria que me dissessem o nível de evolução de vocês com o professor Juan.
Próximo dali, em Seattle Sollary Hospital, iniciava mais um plantão de sua residência. A conversa com seu pai na terça não lhe saía da cabeça, principalmente a parte em que afirmara que o rosto de tia Beth lhe era familiar.
Parada diante do seu armário no vestiário, ela retirou o celular do bolso e, abrindo a lista de contatos, olhou para o número de , era loucura os pensamentos que vinham em sua mente, contudo, já sabia que se futuramente tivesse que escolher um lado, mesmo com ressentimentos do passado, sua escolha não seria outra.
Guardando o celular no bolso, retirou o estetoscópio do pescoço e abrindo seu armário, retirou a bolsa e o jogou dentro. Em segundos seu celular vibrou, era uma mensagem de perguntando como estava seu retorno ao plantão de emergência. Mesmo querendo ignorar aquela mensagem, um sorriso discreto e espontâneo surgiu em seu rosto. não dava o braço a torcer, mas no fundo as investidas dele eram como um escape divertido para sua realidade sob pressão. Ela guardou o celular dentro da bolsa e seguiu para a enfermaria onde certamente Lins estava de conversa.
— Como assim, acabou de chegar e já vai deixar seu posto? O que pensa que está fazendo? — Lins, com sua arrogância, a questionou, achando que seria como das outras vezes. — Só porque seu pai a visitou acha que pode começar a fazer suas próprias regras?
— Eu não acho, eu tenho certeza, sou a dona deste hospital, uma Sollary. — a confrontou. — E quando eu digo que não vou trabalhar hoje, basta apenas você acatar como uma boa funcionária. Entendeu? — lançou lhe um olhar ameaçador, fazendo Lins engolir seco e se recolher ao seu lugar, diante de todos os funcionários e poucos pacientes que estavam no local. — Que bom que entendeu — finalizou diante do silêncio da residente chefe.
— A visita do meu pai me fez lembrar quem eu sou e a qual família pertenço. — A moça apertou o botão do elevador com segurança e olhou para a amiga. — E hoje eu acordei uma Sollary, não somente a residente .
já tinha se acostumado com essa característica de um nobre cavalheiro que os homens da família Dominos tinha, sempre charmosos, misteriosos e sedutores. Era de se esperar que seu primeiro amor tinha vindo daquela família e que, mesmo seu coração quebrado por isso, jamais deixaria o lado negativo do passado interferir na amizade que construiu com alguns membros.
abriu a porta do carro para ela e assim que deu partida, seguiram para o Latona Pub. Após se acomodarem em uma mesa discreta aos fundos, foi direta ao assunto que a fez ligar para ele.
— Como sabe, meu pai me visitou recentemente e disse que era para os Sollary estarem a frente da Continuum — iniciou ela com o seu tom sério habitual. — O que você sabe sobre isso? Minha família culpa os Dominos, mas não acredito que seja culpa de vocês… Você disse que os Tenebrae não são confiáveis.
— Não tenho provas ainda, mas existe uma breve desconfiança que o ataque que minha família sofreu há anos atrás foi orquestrado pelos Tenebrae. — foi direto. — E foi nessa época que aconteceu a reunião do conselho que definiria a nova família no poder que substituiria os Baker, seria a sua e teriam nosso consentimento, mas…
— Sofremos perdas e vocês também, no final, quem se beneficiou com tudo foram os Tenebrae — completou o rapaz. — E os Dominos quase foram banidos de algo que ajudamos a criar.
— Deve fazer isso agora, pois não vai dar trégua, ele sempre termina o que começa e comprar fazendas no Texas é somente uma de muitas jogadas dele — assegurou conhecendo bem o irmão. — Mas pense bem, porque se nos escolher, terá que redobrar o cuidado, haverá retaliações.
— Achei que não fosse mais se envolver com um Continuum. — riu. — Mas parece que estamos sempre predestinados a gostar de alguém que pertença a essa sociedade.
O encontro de ambos não fora um jantar de fato, mas aproveitaram o momento de descontração ali para compartilharem alguns acontecimentos interessantes do tempo em que não se viram. relatou sobre sua residência após os anos de estudo em Harvard, já ele contara sobre sua interessante escolha pela gastronomia e seus planos de montar o próprio restaurante em Seattle em breve.
Ao final da noite, pouco depois de todos se recolherem em seus quartos, chegou sozinho na pensão, pois havia retornado ao hospital. Ele não se preocupou com o silêncio instalado no lugar e seguiu direto para o seu quarto.
Algumas horas se passaram e, na alta madrugada, se levantou com sede e vendo sua garrafinha de água vazia, se levantou da cama para tomar água. Passando pelo corredor, ouvi um barulho quando passou em frente ao quarto de . A porta permanecia somente encostada, ela ouviu novamente outro barulho e não se conteve em abrir uma fresta para espiar o hóspede Dominos.
Deitado em sua cama, parecia estar em profundo sono, porém nada tranquilo. Estaria ele tendo um pesadelo? Foi o que ela pensou ao vê-lo rolar pela cama que rangia um pouco. Daí o barulho. Em um piscar de olhos, ele acordou assustado retirando uma arma debaixo do travesseiro e apontando para frente. O homem se mostrava ofegante e atordoado.
paralisou por um segundo com a cena, seus olhos não conseguiam deixar de focar na arma nas mãos do hóspede. Tentando se mover para sair de lá tropeçou em um vaso de planta que havia ao lado da porta, consequentemente caindo, ela colocou as duas mãos na boca tentando não gritar pelo susto e dor de ter arranhado o calcanhar com os cacos do vaso. , ao ouvir de relance o barulho vindo de fora do quarto, se levantou da cama para ver o que era.
A movimentação dele do lado de dentro fez com que se levantasse no surto de desespero e corresse para seu quarto. A jovem bailarina passou o restante da madrugada em claro, com a cena do rapaz acordando se repetindo em sua mente como se fosse um filme de suspense com psicopatas sendo reprisado várias vezes.
Ao início da manhã, pouco antes de sair de seu quarto, limpou o ferimento no tornozelo, já não sabia que desculpa dar a sua tia caso reparasse que estava mancando, e isso veio logo que chegou a cozinha.
Não sabia se seria seguro contar algo a tia. Sabia que não deveria se aproximar de um Dominos por serem perigosos, mas se eram, por que motivo sua tia permitia a estadia de um em seu hostel?
Assim que terminou seu café, retornou para o quarto. Assim que se colocou diante da escada, seu coração acelerou novamente ao ficar frente a frente com que descia o último degrau. Foi uma troca intensa de olhares. tentando imaginar quem de fato era aquele homem e sua família e , que ao observá-la mancando vindo da cozinha, imaginou a causa do barulho madrugada passada.
aproveitou a deixa para seguir em direção à saída. se despediu do amigo e continuou seu percurso em direção ao seu quarto, onde trocou de roupa e pegou a mochila. Sábado pela manhã era a vez da sua turma de pequenos prodígios de bailarinas clássicas. As alunas mais fofas que poderia ter.
Novamente na sala de treinamentos, seguia sua rotina pela manhã de sábado, aproveitando o momento após o café para gastar suas energias com seus golpes em um dos sacos de areia. Ela sabia que abaixar a guarda não significava somente decepcionar , mas também significava quebrar uma promessa feita a ele. E cada vez que estava ali sozinha, seu foco nos treinos dividia espaço com os pensamentos do passado, da época em que treinava na academia da anciã dos Sliter, Donna Fletcher.
Não dando atenção ao que o homem dissera, voltou ao seu treino. Pegando uma espada começou a lançar golpes no ar. Dosan não desistiu, pegou outra espada e cruzou lâminas com ela:
Sua posição sempre de ataque, nunca de defesa, a postura perfeita e muita agilidade a ajudaram a desarmar Dosan rapidamente e jogando sua espada longe, ela decidiu brincar um pouco e lutar mano a mano. Demorou um pouco, pois Dosan era bem forte e astuto, mas quando ela terminou, ele estava estirado no chão com um corte no lábio inferior sangrando, causado pelo anel que ela mantinha em seu dedo para estas ocasiões:
Ela respirou fundo retomando o fôlego e colocando as espadas de volta no lugar, saiu em direção ao seu quarto, deixando o homem ainda caído no chão. O que eles não sabiam é que os estava observando através das câmeras com áudio instaladas na sala de treino. O sorriso discreto em seu rosto só demonstrava o quanto ele a admirava e intensamente a desejava para si.
Antes que pudesse continuar, encerrou a ligação com precisão, deixando-o ainda mais curioso. Será que seu irmão caçula tinha cumprido a missão de conseguir a aliança da dra. Sollary? O sorriso de satisfação não se conteve em aparecer rapidamente em seu rosto. Ele pegou novamente seu celular e mandou uma mensagem à sua sliter. Não demorou muito até que ela saiu de seu banho revigorante e visualizasse a mensagem. seguiu diretamente para o escritório.
— Se apronte, temos uma reunião com a diretoria da Dominos Company — completou ele. — Por mais que eu queira a Continuum, não posso me descuidar do meu próprio patrimônio.
— Não sei, os sonhos do meu irmão não são tão compatíveis com o meu, menos ainda se interessa pela empresa da família. — bufou um pouco. — Seria mais fácil com ao meu lado.
Ao final da aula com suas alunas de ballet clássico, se despediu delas e dispensou a turma, então, voltando para sua mesa nos fundos da sala, ficou mexendo em sua agenda para verificar a adição de mais duas aulas. Uma na quarta e outra na quinta. Um tempo depois, ao conferir se tinha colocado tudo dentro da mochila, ela sentiu a presença de alguém. Olhou para a porta.
— Então é isso que dizem a nosso respeito? — O rapaz deu mais alguns passos para perto de . — Eu tenho por mim que para saber sobre uma pessoa, deveria perguntar diretamente a ela, e não construir dados baseados em opiniões de terceiros.
— Surpreenda-me com sua versão dos fatos. — A garota cruzou os braços mantendo seu olhar relativamente firme para ele, porém, por dentro temendo que algo ruim pudesse acontecer a ela.
— Se sabe sobre minha família, também deve saber que anos atrás sofremos um ataque — iniciou ele. — Mais da metade da minha família morreu, depois disso, aumentamos nosso nível de precaução.
— Se quiser pode confirmar com sua tia, tenho certeza que ela sabe sobre — garantiu. — Viu, como não é bom saber por terceiros? As pessoas contam o que querem contar.
não se conteve em sorrir de forma doce para a moça. Ambos deixaram o prédio da escola juntos e seguiram no carro dele até o Au Lait Coffee. tentava não transparecer sua curiosidade espontânea sobre o rapaz, e mantinha a tranquilidade no olhar apenas admirando a simplicidade e doçura da moça. Seria o início de uma possível amizade?
Olá, olá Eu trouxe a coragem Olá, olá Eu quero falar com você por um instante Olá, olá Eu posso estar um pouco apressado Quem sabe? Nós podemos… – Hello / SHINee
6. Pesquisa de Campo
– Algum lugar de Seattle
Segunda pela manhã, acordou pontualmente e sem demoras seguiu para a livraria. Fox, o dono, era extremamente criterioso com relação a pontualidade de seus funcionários. Ela deixou a bolsa em seu armário no vestiário dos funcionários e guardou o celular no bolso da calça. Assim que iniciou seu expediente, não demorou muito até que alguns turistas da cidade adentraram o lugar. Como Princia já atendia uma cliente perto da sessão de autobiografia, se locomoveu até o turista e se apresentou.
— Fomos indicados a esta livraria, nos disseram que tinham uma sessão especial sobre as famílias de uma tal sociedade chamada Continuum — disse uma garota que aparentava ter sua idade.
— Sim, temos alguns exemplares de edição limitada, porém somente o dono da livraria pode autorizar a venda — explicou — mediante a apresentação dos documentos de sua família.
— Posso perguntar o porquê estão interessados nas famílias da Continuum? — perguntou curiosa. Aquela situação era a primeira que lhe acontecia em dois anos trabalhando na livraria.
— Bem… — O rapaz de olhos azuis olhou para os lados, olhando se ninguém os observava. — Nossa família fez o pedido para se aliar a eles, estamos curiosos para saber quem são.
As horas foram passando, após o almoço permaneceu sozinha na livraria, pois Princia tinha uma consulta no dentista naquele dia, aproveitando que o dia nublado mantinha o fluxo nas ruas parado e sem possíveis clientes. Para passar mais rápido o tempo, ela senta na banqueta atrás do balcão de atendimento e pega seu livro do momento, A Seleção, para continuar a leitura iniciada no domingo à noite.
Ele a seguiu pelas gôndolas de livros, até que chegaram na sessão desejada. , como uma vendedora experiente, mostrou os melhores títulos que pudessem interessar ele. Forçando-se agir da forma mais profissional possível, mesmo com o olhar intenso de para ela.
— E é isso, agradeço pela preferência, senhor, espero que possa aproveitar bem seus livros novos — disse ela assim que lhe devolveu seu cartão de crédito.
sabia que sua forma subjetiva e enigmática de a tratar poderia deixar envolvida por ele. E se divertia muito com a ideia de criar uma inicial amizade com alguém tão distante do seu mundo cheio de intrigas e vinganças que a Continuum trazia. Estar perto de o fazia se sentir uma pessoa comum, e isso o deixava ainda mais fascinado por ela. O clima estava formado e tomou impulso para iniciar sua investida, entretanto, a entrada de na livraria foi como um balde de gelo nos planos do Dominos.
— — disse virando seu olhar para , mantendo a face séria. Ele não gostava da presença de um Dominos em Seattle, menos ainda que ele se aproximasse das pessoas que ele gostava.
— Sim, recebemos, mas dependendo do título, demora um pouco, os especiais que possuem edições limitadas só mediante pedido direto ao senhor Fox, o dono da livraria — respondeu prontamente.
— Títulos publicados pela Continuum — respondeu ao se aproximar deles, num tom firme. — Que pena, estava tão curioso para ler sobre Os segredos da família Dominos. — Continuou revelando o título do livro que encomendara.
segurou o riso, mas manteve um sorriso de deboche, sabendo que aquilo era uma provocação. observou ambos, sem entender o motivo da aspereza na voz do amigo.
Lá no fundo ele sabia que não podia arrumar confusão com Baker. Não por si mesmo, mas para proteger as ações de seu irmão. No mais, o Dominos sabia que para o Baker agir daquela forma, só tinha uma razão: Sollary.
deu uma piscada de leve para ela e se despediu saindo da livraria. Seguindo mais adiante, ele viu perto de um carro. Baker poderia deixar passar, mas a genética de sua família era afrontosa.
— Não, não estou com ciúmes. Eu conheço a e sei que ela consegue se defender muito bem, principalmente da sua família, sei que não pode machucá-la — respondeu confiante no que dizia. — Mas é como uma irmã mais nova para mim, então se você fizer algum mal a ela, se prepare, não me importo que seja um Dominos, eu sou um Baker e não tenho medo de entrar numa briga.
Desde o início, Baker e Dominos tinham suas rivalidades subjetivas, contudo, mantinham a cordialidade que sustentava a Continuum como uma sociedade próspera a todas as famílias fundadoras. Porém, não ligava para isso, e nem se importava em confrontar para proteger a amiga de alguém que considerava perigoso.
Tarde de terça-feira, aguardava sua prima Bella para uma conversa informal em seu escritório. Sentado em sua cadeira, com os braços apoiados na mesa de trabalho e ela de pé em sua frente, sob a presença de , que observava tudo que acontecia:
— E quem se esqueceria daquele terror, pelo menos nos beneficiou de algum modo, não é? — disse olhando a sua volta. — Nossa família nunca foi tão lucrativa em outras gestões.
Bella saiu do escritório, seguindo diretamente para seu quarto. Precisava se preparar para sua viagem e traçar suas rotas iniciais. Apesar de muito curiosa para conhecer o tal Benjamin Bellorum, se sentia ainda mais intrigada em pesquisar mais sobre os Tenebrae. A família que seu primo tanto queria destruir. A mulher colocou o pacote que recebera do primo dentro da Louis Vuitton que tanto usava. Ao sentar na cama, respirou fundo pensando no que faria primeiro. Foi neste momento que Mary, a bondosa esposa de seu irmão Nigel, entrou em seu quarto em busca de um conselho.
— Pesquisa de campo, não tenho um destino certo. E para falar a verdade, estou com um pressentimento de que vou me divertir muito. — Bella sorriu e se levantou parando em frente. — Você não pode nem sonhar em dizer para alguém, mas foi a pedido de .
— Era sobre isso que queria conversar. — Mary lançou um olhar cansado e se sentou na cama ao seu lado. — Já fizemos tantas tentativas que falharam, estou com medo de ficar frustrada novamente.
— Agora que resolveu a missão da senhorita Bella, o que faremos com os carregamentos roubados no México? Nosso cliente enviou um e-mail se dizendo decepcionado com a confiabilidade de nossa subsidiária de transportes.
Toda vez que colocava-se bem próximo de sua segurança, seu corpo ficava em estado de alerta. O que mais desejava era conseguir uma rendição por parte dela.
Quarta à noite na Escola de Artes, se despedia de sua turma de debutantes que na qual ensinava-lhes valsa. Assim que todas saíram, a jovem bailarina conferiu as horas no celular. Está cedo para voltar para o hostel! Pensou consigo. Voltando seu olhar para o violão que uma das alunas esqueceu, retirou o objeto da capa e sentando no não, começou a dedilhar um pouco.
— Você me pegou, é a sinopse de um filme — brincou ela, fazendo-o rir. — Eu sempre gostei de música, porém a dança me atrai mais. Mas não me impediu de aprender a tocar algo. Por quê?
Após escolher a música e dar o play, colocou uma das mãos dele em sua cintura e segurando na outra começou a dançar suavemente com ele. Após alguns movimentos ele tropeçou em sua própria perna, fazendo ambos cair. E ali estava ela em cima dele e seus olhos encontrados. não se conteve em aproveitar o clima criado propositalmente e erguendo seu corpo, a beijou com suavidade e doçura. retribuiu o beijo de imediato, sentindo as mãos dele envolver sua cintura, a jovem deixou sua mente livre de pensamentos negativos sobre ele ser de uma família da Continuum. Ela apenas desejava se aproximar e conhecer mais .
No Centro de Treinamento Sliter intitulado Dragonis’, ao sul da capital Colombiana, em um dos numerosos quartos instalados no subsolo, sentado em sua cama estava Bellorum, o caçula da família de sorriso nebuloso que parece estar sempre escondendo algo. Sua atenção estava no jornal CNews, lendo uma matéria sobre a aquisição das fazendas no Texas pela família Dominos.
O homem fitou o olhar na foto de e . Já havia alguns anos que não os via pessoalmente. Sua família, por ser aliada, mantinha contato frequente com eles. Seu pai foi um grande amigo do pai de . O que levava ele e seu irmão Vincent a ser próximo dos irmãos Dominos. Sua leitura permanecia silenciosa quando bateram na porta:
A minha mãe me diz todos os dias Para ter cuidado com os homens Porque o amor é como brincar com fogo Minha mãe pode estar certa Porque quando vejo você, meu coração fica quente Porque ao invés de medo, minha atração fica maior? – Playing With Fire / Blackpink
7. Encontros
– Hostel Fletcher
Ainda na quarta-feira, após o almoço…
Quem pertencia à Continuum, sabia que nada era coincidência e o que as famílias mais gostavam de promover eram encontros casuais. E neste instante, se preparava para um. Para ganhar tempo, seguiria para Los Angeles no jatinho particular da família, disponibilizado pelo hospital. Levaria apenas quarenta minutos para chegar ao seu destino. Após alguns dias sem vê-lo, a jovem médica residente se surpreendeu ao esbarrar em na porta da frente do Hostel.
— Baker? — disse ela contendo a surpresa em vê-lo. — Ainda vive? — Ele disfarçou um sorriso de canto, sabia que não seria fácil ela dar o braço a torcer.
— Fui convidado para um baile de máscaras, aniversário das Indústrias Baker, como herdeiro, minha presença é fundamental, mas não pretendo ir sozinho — explicou ele subjetivamente.
— Bem, meus laboratórios e seus hospitais possuem uma parceria sólida de anos, seria muito bom a herdeira Sollary comparecer ao baile. — Seu argumento era bastante válido. O que a levou a considerar a ideia.
Aquela era sua sutil forma de aceitar o convite, não de forma clara e precisa, como ele esperava. Mas para um bom entendedor, meia palavra basta. Poderia ser algo pequeno, mas percebeu o vacilo de ao querer saber sobre o convite. Se seria assim que ele a conquistaria, não teria problemas. E no final, o baile de máscaras que Annia promovia lhe seria bem útil.
— Quando retornar saberá mais, e com relação ao convite, este ficará comigo. — Ele sorriu de canto para ela e se virou novamente seguindo para a escada.
por um breve instante se viu sem reação e totalmente confusa pela forma desinteressada que a tratou. Havia algo errado com ele e ela queria muito saber. Entretanto, seu tempo estava contado e precisava seguir para o aeroporto particular da cidade. A jovem médica seguiu de Uber até lá, e como programado, em quarenta minutos o jatinho da sua família aterrissou em Los Angeles.
se hospedou temporariamente no Village Hotel, o qual era gerenciado pelo herdeiro Lance. A mulher o conhecia de vista, das muitas festas promovidas pela Continuum. Se lembrava da entrada da família Village, uma recomendação feita por parte dos Dominos, pois eram seus aliados e grandes amigos. Logo na recepção do hotel, foi recebida por Lance. O cavalheiro fez questão de acompanhá-la até seu quarto pessoalmente e lhe reservar um carro para levá-la ao restaurante na hora desejada.
Assim que o homem se ausentou e ela se viu sozinha, retirou o celular do bolso e olhou para a mensagem que vosso pai lhe enviara. Gregori Sollary havia sido informado sobre a viagem da filha e, preocupado com as intenções por trás disso, tratou de averiguar a situação.
— Eu não sei de nada, pai, e é por isso que estou aqui, se o senhor confia cegamente nos Tenebrae, fique à vontade, mas se ainda me quer como sua herdeira, não ouse impor suas vontades a mim, eu escolho a quem serei aliada e não o senhor. — Ela foi mais do que direta e assertiva em suas palavras. Não dando espaço para mais questionamentos do pai, desligou o celular e o jogou dentro da bolsa.
deu alguns passos até a sacada do quarto, voltou seu olhar para o céu que apresentava as nuances do pôr do sol. Seu lado sistemático a levou a chegar horas antes do combinado, o que geraria um tempo de espera.
Assim que no relógio marcou quinze minutos para sete, pegou sua bolsa e desceu para o hall do hotel. Seu carro já a aguardava e sem mais delongas, seguiu para o restaurante Mon’ Blanc. Ao chegar, a recepcionista a guiou até a mesa reservada por , que a aguardava serenamente. A médica observou discretamente ao seu redor, reconhecendo entre as pessoas sentadas nas banquetas do bar. Claro que a Sliter não deixaria o seu chefe seguir viagem sozinho, ainda mais com rumores de retaliação por parte de seus inimigos.
O olhar do homem se manteve o mesmo, porém um sorriso de canto malicioso surgiu em seu rosto. Logo, como um cavalheiro, ele se levantou e puxou a cadeira para que ela se sentasse. agradeceu com o olhar e se sentou. Era difícil não se lembrar dos tempos em que convivia com a família Dominos e passava as férias de verão na fazenda que eles possuíam próximo à cidade de Cliron.
— Tenho contatos no hotel Village, me parece que seu pai sabe sobre sua viagem até Los Angeles. — Ele voltou o olhar para o garçom e fez o sinal para servi-los.
Ela assentiu com o olhar seu argumento. Sabia que em uma discussão contra ele era complicado de se encontrar argumentos melhores, mas de fato o Dominos estava completamente certo. Cresceram juntos e ainda tinha Genevieve como sua melhor amiga de sempre, o que ajudava ainda mais.
Salada de broto de feijão, legumes e batatas gratinadas de entrada, risoto de queijo acompanhado de filé de frango à parmegiana de prato principal e torta holandesa de sobremesa. Exatamente o cardápio em memória dos tempos passados, no qual quem preparava era Sophie, a tia compreensível dele.
Após o jantar, a convidou para caminhar pela praia de Malibu, assim poderia ter a conversa sob a companhia da lua. assentiu. Ele pagou a conta e seguiram de carro até o próximo destino. se manteve como motorista e na praia os seguiu a uma certa distância.
— Ainda tem mágoas de mim? — Ele deu um passo para mais perto dela. — Como disse antes, lamento não poder lhe dar os sentimentos sinceros que merece, mas mesmo não estando mais juntos, mantenho meu carinho por você.
— Eu sei, , e a melhor coisa que fez foi ser honesto comigo, mesmo que tenha doído. E é óbvio que seu coração já possui uma dona. — voltou seu olhar para que os observava ao longe. — A forma com que olha para ela, jamais olharia para mim ou qualquer outra mulher.
assentiu e voltou a caminhar juntamente com ele. No fundo sabia que ainda poderia guardar rancor dele, contudo, ele jamais a enganaria quanto à o que sente. O Dominos era cavalheiro demais para fazer uma bela dama se iludir por ele.
E isso estava acontecendo de alguma forma na mansão Dominos. Com a ausência de , as mulheres da casa se juntaram para divertir-se em uma noite das garotas regada a vinhos, chocolate e fofocas. Algo bom considerando o fato de Bella estar a algumas horas de iniciar sua missão. Um pouco de distração não lhe seria mau.
Genevieve e Jasmine se adiantaram indo para sala de TV, a fim de escolher o filme da rodada. Claro que elas não veriam nada, mas já se acostumaram a fazer isso.
— Espera, Jass, você não pode escolher isso — protestou Genevieve fazendo careta e tentando pegar o controle da mão da irmã. — Você sabe que eu odeio filmes de suspense.
— Piadas internas a parte, rolam boatos de que ele estaria à procura de uma companheira que seja de uma família Continuum — respondeu Bella encostando-se à parede com um sorriso presunçoso. — Me desculpe, Jass, mas você é nova demais para se candidatar, já Genevieve…
— é um chato e não tem nada a ver com minha vida. — Jass pegou uma das almofadas e jogou na irmã. — Ele acha que manda em mim só porque é o mais velho. — A caçula da casa se mostrou chateada ao emburrar a cara.
— Mas não seria nada mau se Geny formalizasse algo com ele. — Sophie adentrou a sala mostrando sua opinião ao assunto. — Afinal, teríamos um acordo mais sólido entre as famílias, pelo que sei eles são nossos aliados.
— Sim, confesso que ele é atraente, mas jamais transformarei minha vida pessoal em negócios de , menos ainda envolvendo a Continuum — retrucou Genevieve.
— E nem vai. — Bella se afastou da parede e começou a caminhar até o sofá. — Lance não tem interesses em Dominos. — Ao completar ela se sentou. — Pelo que ouvi dizer, seu foco é em famílias de segunda escala, nós somos a realeza, não é qualquer um que se casará com realeza.
Aquilo era um fato. , sem muito esforço, conquistava mulheres por onde passava, porém sempre se mantinha honesto e sincero com elas e consigo mesmo quanto aos seus sentimentos e anseios.
e permaneceram mais algum tempo na sala de dança. Ela havia puxado o rapaz para mais alguns passos pelo espaço. Até que ele a puxou para perto da janela, onde ficaram bem próximos olhando as estrelas.
— Claro, era… Ai, está na ponta da língua…. — vasculhou suas lembranças de muitas conversas que teve com o amigo, desviando seu olhar para o céu novamente. — Annia, acho que o nome dela era Annia mesmo.
— Da última vez que conversamos, após ele sair de casa, sua vida estava meio caótica em New York, devia a pessoas perigosas — explicou a garota demonstrando preocupação pelo amigo. — Já tem um tempo que não nos falamos. — Ela voltou seu olhar para o rapaz, que a observava com um sorriso escondido. — O que foi? — perguntou ela.
— Naquele tempo eu ainda era dependente da minha mãe e ele do pai dele, nosso namoro foi anos em segredo e quando descobriram, foi complicado — explicou ela. — Achamos melhor terminar.
— Que bom que terminaram então. — abriu um largo sorriso. Antes mesmo que ela pudesse reagir ao seu comentário, a envolveu ainda mais lhe beijando com certa intensidade.
Sexta pela manhã, , ainda com sono, se levantou lentamente da cama, porém ao pisar no chão ela escorregou no seu próprio chinelo e caiu de cara, fazendo barulho.
Após se trocar, saiu do quarto indo diretamente para a cozinha. Parou na porta e passou um tempo observando sua tia concentrada ajeitando mais alguns pedaços de bolo na mesa do café. Aparentemente, mais hóspedes haviam se instalado no hostel.
— Sim, não, talvez — respondeu já despejando um pouco da água em um copo de vidro. — Depende do ponto de vista de quem vê. Logo que fui levantar da cama caí de cara no chão.
— Então… — ela soltou um suspiro fraco, se sentando na cadeira. — Escorreguei no meu próprio chinelo. — Beth se mostrou boquiaberta tentando imaginar a cena.
— Fui transferido para Seattle — respondeu ele, abrindo um sorriso simples e discreto para ela, como se estivesse mesmo feliz ao vê-la. — Algo me dizia que te encontraria aqui.
Beth sabia muito bem do passado da sobrinha com o Bellorum. No fundo ela temia que se envolvesse novamente com alguém da Continuum, e por mais que quisesse impedir, ela já notara as investidas de nos últimos dias e de como pareciam mais próximos. já era adulta e independente, então Beth tinha consciência de que não podia agir como a irmã Marie, proibindo a sobrinha de se aproximar das pessoas. No mais, ela só podia observar e aconselhar sempre que a oportunidade aparecesse.
— Eu preciso ir, a livraria me aguarda. — se levantou da cadeira. — Até à noite, tia, e foi bom te ver de novo, . — Ela passou por ele e seguiu de volta para seu quarto, onde deixara a mochila.
Na noite anterior havia compartilhado seus pensamentos sobre para . Sobre não ter tido notícias do rapaz desde a época que entrou para a universidade. Sobre sua mãe nunca permitir sua aproximação.
Agora eu não posso voltar atrás, Isto é claramente um vício perigoso, Tão ruim, ninguém pode pará-la. – Overdose / EXO
8. Inesperado
– Hostel Fletcher
Mesmo intrigado com a frieza da jovem bailarina, se manteve silencioso durante todo o café, nem percebendo que Beth também se ausentara da cozinha. Suas memórias do passado o impediam de concentrar no alimento em sua mão e sentado na cadeira, permaneceu por longos minutos com os olhos fixados no pedaço de bolo.
Ele e haviam terminado o relacionamento escondido na adolescência de forma indefinida, e sabe-se que algo mal resolvido sempre causa dores futuras. Era o que indiretamente ele sentia dentro de si.
— Eu que pergunto, o que um Bellorum faz em Seattle? — Ela cruzou os braços fazendo uma pose superior, depois desfez e puxou uma cadeira para sentar perto dele. — Desde quando está na cidade?
sabia entrelinhas sobre o namoro do passado de , foi um assunto parcialmente comentado entre as famílias da Continuum. A jovem médica reteve mais comentários sobre o assunto e se levantando, deixou o jaleco e a bolsa no encosto da cadeira, então seguiu para o lavabo para lavar suas mãos. Ao retornar, já finalizara seu café.
— Uau, subimos de cargo. — Ela deu um sorriso. — Meus parabéns, seu pai deve estar orgulhoso, e o seu avô então… General Bellorum deve estar comemorando sua evolução.
Ele se afastou e se retirou. Enquanto isso, se sentou novamente na cadeira e iniciou seu café da manhã. Sempre que seus plantões encerravam no turno da manhã, a jovem fazia questão de tomar o café do hostel. O gosto que sentia a cada gole, sua saudade de casa era saciada com precisão de uma forma inexplicável. Entretanto, desta vez não dispondo de muito tempo para saborear a primeira refeição do dia, seu celular tocou. A ligação de seu paciente admirador a deslocaria para o outro lado da cidade. Aparentemente, Baker havia caído prejudicando a cicatrização de seu machucado no joelho.
— Posso entender como conseguiu essa proeza? — perguntou ao chegar no estúdio de fotografia, se deparando com ele jogado no chão com a barra de ferro que ele possuía em sua perna levemente exposta. — Deveriam tê-lo levado às pressas para o hospital e não ligado para mim. — Sollary não sabia se o olhava preocupada pelo ocorrido ou raivosa pela atitude imatura de não seguir o protocolo correto.
— Eu deveria arrancar sua perna só de raiva, você ainda mantém exposto, pode contrair bactérias. — Ela se ajoelhou ao lado do rapaz avaliando o estrago, retirou sua toalha da necessaire da bolsa e envolveu a fratura exposta. — Como você caiu a ponto de causar isso?
— Vou ligar para o hospital e pedir para a dra. Torres esperar nossa chegada, e chamar uma ambulância que era o que deveria ter feito. — Ela tentou ponderar sua voz, porém o tom de rispidez era notório à distância.
Não demorou muito até que o resgate chegou e levou ambos para o Sollary Seattle Hospital. Como esperado, a cirurgiã ortopedista, dra. Torres, aguardava em seu posto e com a sala de cirurgia pronta. Como das outras vezes, acompanhou todo o procedimento como auxiliar em conjunto com sua amiga Hill, mesmo contra a vontade da residente chefe Lins.
— Bom trabalho, paciente — disse a dra. Torres assim que a anestesia passou e executou todos os procedimentos para conferir os sinais vitais de . — Foi um pouco mais demorado que o previsto, porém antecipamos aquela cirurgia marcada e aproveitamos a deixa para retirar a barra e colocar os três pinos.
— Vou deixá-los, a dra. Sollary terminará de preencher seu prontuário. — Torres olhou para a residente. — Depois te quero longe desse jaleco por pelo menos 24 horas. — O tom de ordem fez estremecer. Por ser sua madrinha e amiga de infância de sua mãe, Torres era a única em que a determinada Sollary respeitava e obedecia naquele hospital.
Após a saída de Torres do quarto, o silêncio deu ar de se estabelecer no ambiente. Porém os muitos pensamentos que Baker mantinha em sua mente se colocaram em alta voz.
— Tire esse sorriso do rosto, a culpa foi sua de ter ligado para mim, como cheguei primeiro no local, me senti responsável por você. De novo. — Ela voltou seu olhar para o prontuário terminando de preenchê-lo.
— Não seja por isso. — Ela terminou de escrever e colocou o prontuário na mesa aos pés da maca dele, então retirando o jaleco do corpo o dobrou e colocou embaixo da bolsa que deixara na poltrona para acompanhantes. — A partir de agora sou sua acompanhante.
Ela voltou o olhar sério e autoritário para ele. Aquela era uma das mais fortes características de Sollary, ela não admitia que outras pessoas interferissem em suas decisões, sua personalidade forte a instigava a querer sempre ter o controle de todas as situações. E era essa intensidade que a jovem residente passava que atraía ainda mais , deixando-o mais apaixonada com o passar do tempo.
Dominos não gostava de se ausentar de sua residência, não somente por sua preocupação com a segurança das mulheres de sua casa, como também por ser um homem caseiro. Este, dentre tantos outros aspectos de sua característica pessoal, era somente reconhecido por amigos muito íntimos. Entretanto, quando os negócios de sua família precisam de sua atenção dobrada, não media esforços para resolver com precisão e rapidez.
Naquela manhã, sua visita à filial da Dominos Company na cidade de Portland tinha um motivo. Sua conversa se mantinha com o responsável Dominic Lins, sob a companhia de sua sliter. Lins era um homem interesseiro e presunçoso, e isso todos já sabiam com clareza. Entretanto, o que ansiava descobrir era seus reais interesses por atrás da impecável demonstração de lealdade e o jeito nada humilde.
— Creio que agora todos os pontos estão alinhados e deixo em sua responsabilidade averiguar todos os roubos que a transportadora sofreu e encontrar os culpados, seja quem for — completou com seu tom forte de ordem.
— Assim espero. — deu alguns passos ao se levantar de sua cadeira presidencial. — Não costumo dar segunda chance a funcionário incompetente. — se colocou ao lado de sua sliter, voltando seu corpo para a parede de vidro que compunha a fachada do prédio, olhando os carros se locomovendo pela rua.
O olhar que a sliter lançou para Lins o fez entender o recado e já se deslocar para a porta do escritório da presidência. Se retirando, seguiu Dominic até o andar de baixo, entrando em sua sala, o homem não poupou a oportunidade de iniciar seus comentários.
— Acho melhor guardar seus comentários para você, e com relação à sua curiosidade, várias pessoas já morreram por causa dela. — manteve o olhar firme esticando a mão para pegar a pasta. — Os relatórios.
O ambicioso Lins já tinha ouvido comentários sobre a firme e silenciosa postura de Miller. Era rotineiro casos de interesses por parte de homens da Continuum na segurança pessoal de . Talvez por seu nível extremo de lealdade, ou por sua beleza sutil, ou mesmo pelas habilidades em combate que possuía. O certo é que despertava interesse e oculta atração por onde passava.
— , precisa ir a este jantar — disse novamente com as palavras adequadas. — Precisa descobrir os próximos passos dos Tenebrae, e não se preocupe, não sairei do seu lado.
Logo à tarde, estava na livraria catalogando os livros novos que tinham chegado. Concentrada no seu trabalho, foi seguindo em completo silêncio. Pouco antes do entardecer, seu olhar de forma involuntária se voltou para frente. Deixando-a surpresa ao se deparar com a presença de encostado na porta de entrada a observando.
Ela sorriu de leve e terminou de registrar a venda. Daquela vez realizou a compra de mais três livros, o que deixou ainda mais curiosa pelo interesse do rapaz sobre o assunto.
As horas se passaram e encerrou seu expediente, após se despedir de Princia, pegou sua mochila e correu para a escola de dança. Os alunos já a aguardavam realizando o aquecimento inicial com alongamentos, assim que trocou sua roupa no vestiário dos funcionários, entrou na sala e iniciou a aula.
O tempo foi passando, até o momento em que dispensou a turma e lhes desejou bom final de semana. Não demorou muito para que aparecesse na porta dando dois toques chamando sua atenção, que estava no celular.
Já estava virando uma rotina, a cada dia lhe contar algo sobre sua vida ou sobre os Dominos, principalmente como conseguiram se reerguer após o ataque sofrido.
— Sim. — abriu um sorriso modesto. — Sou formado na Le Cordon Bleu, a melhor faculdade de gastronomia do mundo, e este é um dos motivos de brigas entre eu e meu irmão.
— Não, ele se sente contrariado pelo fato de eu não querer gerenciar os negócios da família ao seu lado — explicou. — Mas, no fundo, meu sonho é outro, e não está ligado a Dominos Company.
— Não, é capaz de tudo, exceto atrapalhar alguém de sua própria família, o máximo que pode acontecer é ele querer usar isso a seu favor. — Continuou seguro em suas palavras.
pegou sua mochila e se deixou ser guiada até a moto do rapaz. Seguiram pelas ruas até chegar ao seu destino. Ao descerem da moto, se deparou com um pequeno imóvel, aparentemente caindo aos pedaços. Era localizado na entrada norte da cidade, próximo à rodovia principal. A fachada de madeira tinha traços de cupim, a porta de entrada rangia ao abrir, as janelas alguns vidros quebrados e muitas teias de aranha competindo espaço pelo lugar.
— Uau — disse ela ao olhar em sua volta, sentindo o cheiro de mofo do ambiente. — Eu sei que você não é um psicopata e não vai me matar em um lugar assim, então posso entender o que fazemos aqui? — Ele soltou uma gargalhada antes de responder:
— Antes de vir para Seattle, pesquisei alguns imóveis abandonados, este estava a lista de possibilidades, acabei de comprá-lo hoje pela manhã — explicou ele.
Conte-me seu sonho, Conte-me os pequenos desejos em seu coração. – Genie / Girls’ Generation
9. Bellorum
– Hostel Fletcher
Enfim sábado chegou e com ele também a chuva. Algo não tão surpreendente já que Seattle era conhecida por chover muito naquela época do ano. Como todas as manhãs, acordou e assim que trocou de roupa, seguiu para cozinha. Ao passar pela sala, viu conversando com uma mulher desconhecida para ela. A jovem bailarina passou direto para cozinha sem se dar a chance de importar com a cena.
— Não, por causa da chuva, recebi uma mensagem da escola cancelando. Minhas aprendizes de bailarina podem pegar resfriado com esse tempo — explicou ela.
Beth já se aproximava do Departamento de Polícia da cidade. Ao entrar no prédio, seguiu para o posto de atendimento, no qual uma policial atendente sorriu e lhe cumprimentou.
— Sim senhora, mas está em reunião… — respondeu a moça já tentando explicar-lhe a falta de tempo do capitão. Porém Beth nem deixou a policial terminar e foi entrando na sala que pertencia ao homem.
— Não me interessa se está ocupado ou não, eu vou direto ao assunto, o que ele está fazendo aqui? — Com seriedade e indignação Beth perguntou parando em frente ao homem.
— Beth! Como entrou aqui? Ele quem? — Surpreso e espantado em vê-la, fez com a mão um sinal que dava a entender como um convite para se sentar e assim ela o fez, se sentou na cadeira em frente a ele.
— Bellorum, hospedado no meu hostel, refrescou a memória? — Com o estresse a flor da pele e já sem paciência disse alterando o tom de voz. — Nós combinamos que manteríamos qualquer pessoa da Continuum afastada da minha sobrinha, eu já tenho um Dominos e um Baker lá, não queria um Bellorum também.
— Sabe que o fato de estar aqui vai além do meu poder — respondeu com a voz baixa, porém firme. — Os Bellorum mandam até no Pentágono, que dirá na DP de Seattle, lamento não poder ajudar, mas até mesmo a transferência de foi uma surpresa para mim.
A chuva já havia dado uma trégua e precisou ir à livraria para resolver alguns assuntos do carregamento que tinha chegado antes do prazo previsto. Princia estava fora da cidade, e o sr. Fox hospitalizado por intoxicação alimentar. Sendo assim, ela seria a responsável pela livraria naquele dia.
— Você disse bem, passado, algo que não volta nunca mais. — Ela se afastou do balcão seguindo para uma fileira de livros infantis. — Vai querer algum livro em especial?
tentava imaginar o que estaria se passando em seu pensamento, eles ficaram por um momento se olhando. A intensidade que fluía dele, fazia o corpo de estremecer um pouco. Talvez o sentimento do passado não tenha sido esquecido assim tão facilmente pela garota. Um clima totalmente oportuno para , entretanto, quebrado pela presença repentina de .
— Não, eu estava olhando os livros. — riu cinicamente ao perceber uma ponta de ciúmes saindo de . — Depois volto para pegar. — Ainda rindo ele andou até a porta e saiu.
— Nem era para estar trabalhando hoje, podemos ir sim. — Ela se afastou dele indo até o balcão, desligou o computador, pegou sua bolsa, andou até . — Vamos, senhor!
Após saírem da livraria, sugeriu que fossem para o bosque. Já fazia tempos que ela queria respirar ar puro. E assim foram eles, andaram por alguns minutos entre as altas árvores e escorregadias pedras, quando parou.
— Mesmo ele sendo meu amigo e vocês tendo um passado, não vou desistir de você. — Ele se manteve séria. — Confesso que não gosto da forma que ele te olha.
Mesmo com a repentina notícia que a Tenebrae não poderia lhe encontrar na noite anterior, ainda não havia retornado para casa. Sua viagem de negócios tinha se estendido além do que imaginava. Naquela tarde, permaneceu sentado na melhor mesa do restaurante do Hotel esperando sua velha amiga Isla, enquanto isso, estava esperando no bar, observando atentamente a movimentação do lugar.
— Estou surpreso por estar aqui na América. — se sentou e pegou a garrafa de Chateou 1980 que estava em cima da mesa, despejando um pouco na taça para ela.
— Vim visitar uma amiga que se casou recentemente. — Isla esperou ser servida por ele e logo pegou sua taça. — Mas o que me traz aqui além da nossa amizade, Dominos? — Ela tomou um gole e o olhou sinuosamente sabendo que pedidos seriam feitos.
— Tem certeza? — Ela tomou um gole do vinho e pousou o copo sobre a mesa. — , não tem tanto tempo que você conseguiu reerguer sua família das cinzas e tomar o controle da empresa.
— Quero saber quem é a herdeira bastarda dos Tenebrae. — se levantou e bateu a mão direita na mesa com tanta força que a mesma desmontou. — Eu quero saber agora.
Todos no restaurante voltaram sua atenção para eles, olhou de longe e se levantou permanecendo onde estavam, mas focada nos olhos de fúria de . A sliter sabia que se precisasse, teria que usar de forma para acalmar seu senhor.
— Como queira. — Isla que ainda estava sentada, se levantou. — Mas saiba que ela está sendo protegida por Donna Fletcher. — Se aproximando dele, sussurrou em seu ouvido para que somente ele soubesse o nome.
Pela primeira vez tinha sentido certo receio pela situação. Estava preocupada com a tal descoberta de . Ela havia feito a leitura dos lábios de Isla, Donna Fletcher seria a resposta para seus questionamentos. Mais um motivo para visitar a velha amiga que a treinou desde infância para servir a família Dominos.
e estavam conversando no refeitório, pareciam mesmo um casal visto de longe. Ela ainda estava suspensa de suas atividades como residente. Porém nada a impedia de continuar ali como acompanhante do machucado Baker. Sentados em um canto ao lado da janela que dava para o jardim principal, um jornal especial estava sobre a mesa, o foco da conversa era outro. deu uma garfada na torta de maçã e comeu, percebendo o olhar fixo de para ela.
— Até hoje não me acostumei com essas coisas da Continuum. — Ele voltou seu olhar para o jornal da sociedade. — Me parece que os Tenebrae estão se movimentando.
Era irresistível suas brincadeiras e já estava se habituando a isso. A forma em que investia nela e deixava exposto seus sentimentos sem medo de ser rejeitado. Sua persistência havia despertado admiração da jovem residente. Admiração essa que não seria confessada tão cedo.
Assim que soube da presença do Bellorum no distrito, o capitão Holt convocou para uma conversa bem séria. Sua preocupação pela visita de Beth Fletcher o havia deixado em alerta principalmente pelos segredos que descobrirá envolvendo famílias da Continuum.
— Sim. — Ele respirou fundo se preparando para iniciar a conversa. — Quando seu pai me enviou a mensagem falando da sua transferência, não achei que fosse um problema.