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Essa história foi escrita para um especial sobre os Sete Pecados no finado All Time Fics <3

Condessa de Sangue

Beleza. Uma simples palavra que significa muito para uma vastidão de pessoas no mundo. Uma palavra que muitos matariam para ter em sua lista de adjetivos particulares… A palavra que fez com que a Condessa de Sangue nascesse…

.Prólogo

  07 de Agosto de 1560 na Hungria, nascia Elizabeth Báthory, a pequena Lizzie, o precioso tesouro de seus pais.
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  A pequena criaturinha que se mexia nos braços da mãe ainda estava ensanguentada pelo parto e chorava com os olhos fechados, mas por baixo de toda a camada de sangue já era possível enxergar a beleza da pequena herdeira dos Báthory. A pele branca como a dos pais e os cabelos, apesar de muito curtos ainda, pareciam negros como um céu sem estrelas.
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  O choro da criança rodeada pelos pais e pelo irmãozinho ecoava por toda a grande casa da família Báthory. Havia sido um parto difícil e por isso estavam todos felizes pela criança ter nascido bem. Como todos os pais, Anna e George Báthory desejavam que sua pequena e mais nova herdeira tivesse um futuro brilhante pela frente, que se casasse com alguém rico que pudesse lhe dar uma moradia descente, que a amasse e que lhes dessem muitos netos para mimar e adorar. Visavam tudo o que tinha de melhor naquele mundo para ambos os filhos que tinham, mal sabendo Anna e George que a pequena Lizzie seguiria seu próprio caminho na vida.
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. Um

  Elizabeth Báthory sempre foi muito cortejada quando jovem e havia sido dada em casamento ao Conde Ferenc Nádasdy. Este era um homem mais velho que a menina que tinha apenas 14 anos quando se casou. Seu marido estava quase sempre ausente da grande casa que lhes pertencia, e Lizzie ficava por meses solitária em seu lar, por muitas vezes cumprindo os deveres que pertenciam ao Conde: comandar a casa, cuidar da criadagem e ser uma boa esposa, esperar pelo marido que havia viajado a trabalho e, quando este voltasse, recebê-lo com carinho e amor.
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  É claro que Lizzie era jovem demais para conseguir se ater a tais coisas.
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  Numa semana de primavera ela conheceu Demeter, um camponês pouco mais velho que ela que ajudava a cuidar dos jardins da grande mansão. O rapaz se encantou completamente com a beleza da jovem, a pele branca e pálida, os lábios finos e rosados, os cabelos negros caindo em cascatas às costas. Como era bela!
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  O camponês não havia sido o único que se rendeu aos encantos de Elizabeth, mas é claro que não! Antes do casamento muitos dos rapazes da pequena cidade sonhavam em desposá-la, o que não era possível para sequer metade deles, pois uma moça da aristocracia jamais se casaria com pobres coitados que não poderiam lhe dar o conforto a que fora acostumada desde o berço.
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  Demeter gostava de cuidar dos jardins da mansão pelo fato de poder ver um pouco mais Elizabeth, e ela parecia sempre estar por perto enquanto ele cuidava das plantas e da terra ali. Uma conexão surgiu entre os dois jovens; passaram a conversar, da conversa passaram a encontros às escondidas, e por fim, para o ápice de uma paixão.
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  Elizabeth tinha os hormônios à flor da pele como qualquer adolescente na idade dela, encontrara em Demeter algo com que seus hormônios se identificaram, e então, numa noite de tempestade em um estábulo onde resolveram se encontrar daquela vez, ambos tiveram sua primeira noite de amor… Não, havia tudo naquele ato, menos amor… Paixão talvez, mas nada se comparava ao prazer… Os gemidos altos não seriam percebidos por ninguém com a barulhenta chuva que caía naquela noite, o vento frio e revolto não era capaz de esfriar os dois corpos em contato. A pequena Lizzie sentira-se mulher pela primeira vez…
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. Dois

  Algumas semanas se passaram quando Elizabeth sentiu as primeiras náuseas da manhã. Não seria possível ser o que parecia, não para ela! Mas era óbvio, e ela não poderia fugir da terrível verdade: estava grávida de um bastardo.
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  Sentiu ódio pelo ocorrido, não queria a criança, o filho de um camponês e o fruto de uma traição, não podia aceitar! Mas aceitaria. O Conde Nádasdy queria filhos, muitos filhos e um aborto poderia lhe causar problemas… Teria a criança…
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  Quanto mais semanas se passavam, mais a gravidez tornava-se aparente. Quando seu estado se tornara impossível de esconder, ela decidiu refugiar-se com algumas criadas na casa de campo de sua família. O lugar já não era visitado há um bom tempo, a família Báthory havia encontrado lugares mais interessantes para descansar, o que naquele momento foi a salvação de Lizzie. Ela não queria que alguém descobrisse sobre sua traição, por isso apenas quatro criadas de sua confiança a acompanharam à casa de campo aguardando a fase final da gestação.
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  Os nove meses passaram numa lentidão incomparável. A cada dia Elizabeth tornava-se mais hostil culpando a gravidez e o camponês que lhe fizera aquilo, esquecendo-se completamente de que ela consentiu e também o atiçou para que aquilo acontecesse.
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  Numa noite escura e sem estrelas, as dores finalmente começaram fazendo com que Elizabeth gritasse em desespero. Foram horas até a pequena criança nascer e chorar com sua voz aguda pela primeira vez.
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  A criada que havia ajudado no parto trouxe o bebê para perto de sua ama a fim de colocá-lo em seu colo. A mulher foi surpreendida com tamanha frieza da parte de Elizabeth que sequer voltou seu olhar para o próprio filho.
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  — Pode levá-lo para você, não o quero — disse a condessa abanando a mão para que a criada se afastasse logo com a criança.
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  Blanka, a criada, afastou-se e logo se retirou dos aposentos da ama com o bebê nos braços. Se a condessa não o queria, sim, ela ficaria com ele.
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. Três

  Alguns meses depois do parto, por fim, o Conde Nádasdy retornou para sua mansão. Ele queria muitos filhos, e assim que retornou, decidiu começar com seus planos de herdeiros.
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  O Conde não era uma pessoa muito afetiva, visava uma família grande apenas para suas chances de enriquecer ainda mais serem maiores; casara-se com a jovem Báthory por ela ser a mais bela da cidade e ter bens bastante valiosos. Nádasdy era inflexível quando se tratava do que queria, tão obstinado que chegava a ser violento quando seus planos não saíam da maneira esperada. Por semanas o Conde obrigou Elizabeth a manter relações com ele, impaciente por um sinal de seu primeiro herdeiro. Por fim, depois de várias noites, Elizabeth pareceu ter engravidado novamente, isso ocorreu alguns dias antes do Conde ter de sair novamente em viagem de negócios.
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  Elizabeth sentiu alívio pelo conde não poder ficar ao seu lado por muito mais tempo. Ela não o amava e tampouco ele a amava, cada toque daquele homem em seu corpo durante as longas noites em que era obrigada a deitar-se com ele, lhe dava nojo. Sentia vontade de lavar-se intensamente para se livrar daquela sensação, sentia-se violada, violada por seu próprio marido…
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  Noites como aquela eram comuns toda vez que Nádasdy retornava de uma viagem, eram noites e mais noites com a jovem Elizabeth sendo obrigada a entregar seu corpo àquele homem violento. Essas noites renderam ao conde cinco herdeiros: Pal, András, Anna, Orsolya e Catalin. Elizabeth nunca se sentiu mãe daquelas crianças, não passava o tempo com elas, deixava-as aos cuidados de suas criadas, queria manter o máximo de distância daqueles que lhe traziam lembranças das noites torturantes a que fora submetida.
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  Essas violações e agressões só tornaram ainda mais evidente o lado hostil e também violento de Elizabeth.
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. Quatro

  Aos seus trinta e nove anos a hostilidade e a ira faziam parte da vida da condessa. Sua beleza já não era tão evidente, os anos de abuso fizeram-lhe o favor de deixar rastros. Seu rosto, ainda jovem, já possuía as marcas do tempo. Não gostava de olhar-se no espelho e encontrar um reflexo enrugado a encarando de volta, detestava o que havia se tornado em aparência.
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  Aos seus trinta e nove anos, teve sua pior noite. O conde Nádasdy voltara de uma longa viagem, sedento por prazer. Foi direto ao encontro da Condessa em seus aposentos, a atacando com beijos forçados e cheio de desejo da parte do homem. Elizabeth tentou se esquivar, tentou argumentar e se soltar dos braços do marido, mas tudo em vão. Ferenc Nádasdy queria uma noite de prazer com sua esposa? Ferenc Nádasdy teria essa noite.
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  Elizabeth tentou uma última vez se soltar do homem, deu-lhe um tapa no rosto pensando que assim chamaria sua atenção e ele por uma única vez lhe daria ouvidos, mas o tapa apenas ajudou a piorar a situação. Nádasdy ficou irado com a atitude, mas não desistiu de seus planos. Deu uma bofetada na esposa e com violência a jogou na cama, completamente indefesa. Com brutalidade lhe rasgou o vestido deixando-a nua a sua frente; com um sorriso maldoso nos lábios o conde despiu-se e então avançou ferozmente em direção à mulher. A Condessa tentava a cada investida feroz se livrar do homem, mas a cada grito, a cada frase que ela proferia implorando para que aquilo parasse, era um incentivo para o Conde continuar com o ato, toda vez que Elizabeth choramingava pedindo por clemência, o homem investia com mais força e brutalidade contra a mulher fazendo-a gritar e assim um ciclo se formava.
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  Quando Nádasdy finalmente chegou a seu ápice, simplesmente se levantou da cama e rumou para seu banho, deixando a esposa encolhida na cama, completamente nua e traumatizada por mais uma noite de abusos. Assim que saiu do banho, o Conde saiu do aposento sem ligar para Elizabeth que continuava na mesma posição em que havia sido deixada.
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  Aquele ato ninguém percebeu, mas foi apenas um motivo a mais para a Condessa libertar a grande fera irada de seu interior. Ninguém sabia, mas uma criada descobriria o fato da pior maneira…
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  A condessa havia acabado de sair do banho e uma de suas criadas, a mais jovem delas, penteava seus longos cabelos negros e ondulados. Era um gesto habitual, como em qualquer outra noite normal, mas aquela não era uma noite normal, não quando Elizabeth acabara de ser violada mais uma vez por seu marido. Ela estava irritada, ela estava disposta a dar um fim naquela sua vida e maquinava planos para isso quando, por um pequeno descuido da jovem criada, a escova de cabelo enroscou-se nas madeixas da condessa e a criada acabou por puxar sem querer a mecha de cabelo com um pouco de força.
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  O que se seguiu depois aconteceu em fração de segundos.
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  Elizabeth berrou de raiva pelo ocorrido e então puxou a escova das mãos da jovem com violência, proferindo palavras nada agradáveis. A condessa ainda irada agarrou a criada pelo braço obrigando-a a ficar parada onde estava, e então, com o ódio lhe controlando os atos, Elizabeth passou a espancar a jovem. A mulher descontava toda sua ira suprimida por anos no corpo magro daquela moça que nada tinha a ver com suas dores. A Condessa Báthory batia com força na garota, bateu tanto que logo o sangue quente começou a escorrer pelas feridas que o punho que segurava a escova de madeira deixava. Quando finalmente sua ira se esvaiu, a criada já estava completamente ensanguentada e quase inconsciente.
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  — SAIA DAQUI, SUA CRIADINHA ESTÚPIDA! — berrou dando um chute nas costelas da moça que tentava se levantar.
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  Aquele foi um de seus primeiros atos violentos contra alguém, um dos primeiros, mas definitivamente não o último.
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. Cinco

  Ninguém ousava comentar sobre a violência que a criada de Elizabeth havia sofrido na noite anterior, ninguém queria ser o próximo da lista. Tudo o que podiam fazer era cuidar da pobre jovem espancada, aqueles ferimentos deixariam lembranças por um longo tempo no corpo da moça. Elizabeth não demonstrara arrependimento do que havia feito, não demonstrava absolutamente nada.
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  A noite caiu depressa, e logo o Conde estava novamente em seus aposentos à procura de mais prazer. Naquela noite não recebera protestos ao tentar possuir o corpo da esposa, ela mal gritava, apenas gemia baixo e permitia que o Conde fizesse o que bem entendesse com seu corpo. Em poucos minutos o homem chegou a seu ápice e, como de costume, logo depois de conseguir o prazer desejado, ele rumou para o banheiro para tomar seu banho relaxante.
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  Elizabeth esperara por aquele instante o dia inteiro. Naquela noite sentir-se-ia violada pela última vez.
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  Assim que ouviu o barulho das torneiras da banheira serem desligadas, ela se levantou da cama e sem pressa caminhou até a penteadeira ao lado da porta do banheiro, pegou dentro da gaveta uma tesoura grande e pesada que suas criadas usavam para fazer ajustes de costura. Ainda nua, caminhou lentamente em direção ao banheiro, encarou a porta fechada à sua frente com encanto e então abriu-a com certa delicadeza, sem, é claro, esquecer-se de esconder a tesoura às costas.
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  Seu marido banhava-se quando ela entrou. Ele olhou em sua direção com ar de irritação, o que logo desapareceu assim que viu o corpo nu de Elizabeth adentrar o lugar. Ela fechou a porta assim que conseguiu a atenção do marido, que lhe sorriu malicioso.
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  — O que quer? — perguntou endireitando-se na banheira.
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  Elizabeth olhou-o com um sorriso igualmente malicioso e caminhou para mais perto do marido. Sentou-se à beirada da banheira – fazendo o impossível para continuar escondendo a tesoura às suas costas – e, mantendo o olhar de seu marido nos seus, acariciou seu peito molhado. Logo suas mãos foram escorregando cada vez mais, até chegar ao membro rijo do conde que estremeceu com o toque. A condessa sorriu ao perceber, levantou-se e com cuidado entrou na banheira junto de seu marido que parecia cada vez mais excitado.
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  — O que está fazendo, Elizabeth? — perguntou o conde se deliciando com as carícias que a esposa voltou a fazer em seu peito.
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  — É hora de purificar o meu corpo, Ferenc. — Ela sorriu vendo a expressão de confusão surgir no rosto do homem que usara da violência tantas vezes para possuí-la. — Purificar meu corpo… Com o seu sangue — disse cuspindo as últimas palavras com nojo, numa investida rápida sacou a tesoura e, com toda a força que ainda dispunha, enfiou as duas pontas afiadas no pescoço do marido. As pontas desapareceram no pescoço e reapareceram na nuca do homem que mal teve tempo de pedir por socorro tão rápida fora a investida da esposa.
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  Elizabeth fincou um pouco mais fundo a tesoura em seu marido que arregalou os olhos, logo depois, arrancou o instrumento afiado do corpo do conde fazendo com que o sangue jorrasse dos ferimentos. A condessa não se deu ao trabalho de segurar o marido para impedi-lo de fugir, sabia que já era tarde para ele, logo se afogaria no próprio sangue. A mulher deu de ombros vendo o sangue escorrer infinitamente do pescoço do conde, se acomodou melhor na banheira e passou a se banhar nas águas vermelhas despreocupadamente enquanto observava o marido morrer. Naquela noite o Conde Ferenc Nádasdy morria, mas nascia então, a Condessa de Sangue.
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. Seis

  Havia uma coisa que Elizabeth havia percebido ao se banhar no sangue de seu marido: ela sentia-se melhor e muito mais jovem… Também percebeu que as marcas do tempo se atenuaram em seu rosto depois do banho…
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  A Condessa convencera-se de que sangue era capaz de rejuvenescer, e agora sem um marido que a reprimia, a única coisa que Elizabeth Báthory queria, a única coisa que realmente lhe importava, era sua beleza, a beleza que por tantos anos deixara para trás. Ela a queria de volta.
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  Com essa ideia em mente, Elizabeth cometeu centenas de homicídios, cada jovem que lhe servia de fonte da juventude tinha seu nome anotado em um velho diário. Quando os desaparecimentos passaram de cinquenta, as autoridades da cidade começaram uma busca incessante pelo responsável. Nunca chegaram à Condessa. Não em primeiro lugar.
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  Os cinco herdeiros Nádasdy vingaram-se primeiro. Descobriram que a mãe havia assassinado o pai, o pai que tanto amavam. Não deixariam aquilo impune. Juntaram-se os cinco numa emboscada; espancaram Elizabeth quase deixando-a completamente desfigurada. A condessa foi trancafiada na torre central que se encontrava no terreno do cemitério da família Báthory, quase inconsciente.
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  Ela estava fraca, ferida e sangrava bastante por furos que seus próprios filhos fizeram com pregos em seus pulsos. Ela não durou muito tempo ali, mas tempo o suficiente para agonizar e olhar ao seu redor… Estava num quarto rodeado por espelhos, espelhos que refletiam o quão horrível e feia ela era. Morreu com o ódio crescendo em seu interior.
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. EPÍLOGO

  Dias se passaram desde a morte da Condessa Elizabeth Báthory.
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  A torre do cemitério, seu eterno túmulo, encontrava-se lacrada por um enorme cadeado de ferro, que dias mais tarde foi violado por um jovem com seus trinta e tantos anos. Ele chorava pela mulher morta e em estado de putrefação deitada na cama à sua frente. Chorava enquanto tremulava e passava um líquido rubro em todos os ferimentos do cadáver, esse tal líquido tinha cor vermelho vivo e seu cheiro era férreo: Sangue fresco.
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  O rapaz terminou de passar o sangue, que trouxera num frasco, nos ferimentos visíveis no corpo da condessa e então passou a rezar baixinho. Logo que terminou sua prece ouviu o barulho de algo se trincando ao seu lado. Com receio, olhou em direção ao som, sua respiração parou por um instante ao dar de cara com o reflexo de Elizabeth encarando-o de um espelho quebrado.
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  — Quem és? — Ouviu um sussurro vindo de algum lugar.
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  — Jakob… — respondeu o rapaz.
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  Ah, Elizabeth conhecia bem aqueles olhos. Não estavam no mesmo rosto, mas a genética fizera um bom trabalho e deixou boa parte dos traços iguais aos do rosto original. Ela nunca esqueceria de nenhum daqueles traços, os traços de Demeter.
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  — Filho meu, que fazes aqui? — questionou o reflexo docemente.
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  — Não creio como puderam fazer uma coisa dessas à senhora, teus próprios filhos! — Jakob exclamou parecendo indignado.
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  — O que farias, filho?
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  — Qualquer coisa, qualquer coisa pela senhora, minha mãe! — o rapaz disse.
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  Blanka criara Jakob dando-lhe todo o amor de uma mãe, mas deixando bastante claro quem lhe dera à luz.
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  A criada ficou sabendo de todos os ocorridos que envolviam sua ama, não poderia contar a uma criança tamanhas atrocidades, então, criara uma nova imagem para a Condessa, apenas para o pequeno Jakob. Ele cresceu acreditando que sua mãe era uma santa. Acreditou que ela fora assassinada pelos próprios filhos por injustiça, por dinheiro talvez.
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  Blanka havia criado um bom menino, mas dera a imagem errada da mulher errada. Jakob era um bom garoto, mas inocente demais e também cegado pelas fantasias que sua segunda mãe criara. Blanka bem tentou corrigir o seu erro, mas era tarde; seu menino se tornaria, em breve, um ceifador de vidas, faria qualquer coisa por sua mãe.
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Fim

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