Christmas Time
A rotina iniciava-se logo de manhã. Precisamente, às sete e meia. null caminhava rapidamente para conseguir pegar a condução, qual a deixava na frente de seu trabalho, e que tinha hora certa para chegar ao ponto. Um minuto a mais, e poderia dar um adeus ao seu salário normal. Rigidez era algo que seu chefe seguia, e é como se fosse seu sobrenome. Após meia hora, a garota desceu e adentrou a cafeteria, que soava um sino que ela achava irritante. Desejou um bom dia à Jenn e foi guardar sua bolsa em seu armário. Prendeu o cabelo, pôs seu avental e colocou o bloco de anotações e sua caneta que havia umas plumas na parte superior no compartimento da vestimenta. Feito isso, voltou para o balcão à espera de pedidos. O movimento estava fraco, o que já era de se esperar para o Natal. null não conseguia entender o motivo de Greg ter feito-a vir trabalhar no Natal, e por ter aberto a cafeteria hoje. A única coisa que sabia é que seu chefe gostava de lucrar. Talvez seja essa a resposta. Horas e horas passaram-se, e null poderia contar nos dedos quantos clientes haviam ido lá. O tédio dominou o local, e nem a música ambiente a animava. Acordou de seu transe quando ouviu a voz de sua colega a chamar.
- Sonhando acordada, null? – Jenn deu uma risada. – Espero que dê conta de tudo, está bem? Bom Natal e até sexta!
- Jennifer, espere! – null saiu de trás do balcão. – Fomos liberadas mais cedo? – os olhos dela brilharam.
- Não, null. É que o Henry está doente, e minha avó não pode ficar com ele até tarde. Pedi à Greg que me liberasse para poder cuidá-lo. Desculpe-me te deixar sozinha hoje, mas eu realmente preciso ficar em casa com o meu menino. – Jenn a abraçou.
- Melhoras, amiga. Qualquer coisa, pode me ligar. – null voltou para seu posto, vendo a outra saindo da loja.
A garota ainda estava trabalhando lá porque precisava do dinheiro. Mesmo com a ajuda de seus pais, que moravam em outra cidade, não era suficiente para se manter por completo. O dinheiro depositado em sua conta todo mês, dava para pagar o aluguel do apartamento e comprar algumas coisas para sobreviver. Quando tomou a decisão de morar sozinha, por ter mais oportunidades para adentrar a faculdade que queria, sabia de todos os riscos que a esperavam. Mesmo assim continuou com o seu plano e o fez. Por um lado, null estava feliz, por ser quase Natal, a sua época favorita. E por outro, ficava desanimada, pois era mais um ano que passava uma das melhores comemorações sozinha. Ela olhou para o relógio, e bufou, vendo que demoraria mais cinco horas para seu expediente acabar. A maior vontade de null era jogar tudo para o auto e mandar seu chefe se ferrar. A mesma não aguentava mais, queria sair para festas e encontros, queria poder curtir o seu tempo, queria entrar logo na sua tão sonhada faculdade. Ela poderia largar o trabalho e fazer isso tudo, porém tinha receio do que iria lhe ocorrer. Achava que ninguém a apoiaria nisso, visto que seus pais só a ajudavam mesmo porque sentiam-se na obrigação, já que são seus parentes e lhe deram a vida. Não sabia como eles reagiriam, e talvez eles parassem até de mandar o dinheiro todo mês à ela. null estava farta, mas por todas essas razões continuava a aturar Greg e suas reclamações. Tudo o que a garota fazia, parecia ser não suficiente ao gerente. Todos os clientes poderiam elogiá-la, e Greg não ligaria, e falaria o mesmo de sempre. Se ao menos tivesse um empurrão, talvez fizesse essa loucura. Acordou de seus pensamentos ao ouvir o barulho do sino, e vendo uma criança agitada correr até o balcão. null deu um sorriso, e foi até o encontro de Jake. O pegou no colo, e começou a brincar com ele, aproveitando a sua presença. O pôs no chão, e cumprimentou Loren, que a pediu o de sempre. null foi para a cozinha preparar tudo e ficou um pouco mais feliz com a presença do pequenino. Ela realmente gostava de crianças, e de Jake em especial. Logo de primeira se simpatizaram. null entregou o pedido, recebendo um beijo da criança em sua bochecha, e um feliz natal. Não pôde deixar de retribuir o ato de Jack, e fez o mesmo. Despediu-se de Loren, que a questionou sobre estar com uma feição triste.
- Ah, Loren, hoje é véspera de Natal, e Greg nos fez vir trabalhar. Eu só me mantenho aqui por causa do dinheiro, e eu realmente não aguento mais. E será mais um ano que passarei sozinha, não tenho motivo para ficar feliz, sabe? – null mantinha um olhar vazio.
- Quem sabe seu cliente favorito não venha hoje, null? – um sorriso começou a brotar no rosto da garota – E você sabe que pode contar comigo para tudo, não? Minhas portas sempre estarão abertas para você! Agora temos que ir, se não alguém não conseguirá ter uma foto com o Papai Noel. Jake, se despede de null. – Jack abraçou as pernas de null e deu um tchau para ela.
Naquela tarde monótona, a menção em seu cliente favorito a fez sorrir. Esse era o efeito dele sob ela. A menina perdia-se em seus olhos null, em seu cabelo totalmente bagunçado, o que o deixava mais bonito, por mais que soasse estranho. Adorava o jeito que ele a fazia rir quando o seu dia estava em cinzas. null estava apaixonada por null, sempre esteve. Ela observava cada parte dele, aproveitava os vinte e cinco minutos a cada quarta feira que null ficava lá. O garoto estudava direito na parte da manhã, e trabalhava à tarde. Largava às sete e meia da noite, e chegava no café por volta de sete e quarenta e cinco. Tinha dias que ficava lá até fechar, por conta de seus afazeres da faculdade, e acabava acompanhando null até em casa. Ela achava que era um incomodo, mas ele simplesmente gostava. null também a observava. Admirava cada traço dela, como seus olhos diminuíam quando dava risadas; ou a mecha de sua franja que sempre insistia em cair sob seu rosto, e também o seu jeito de lidar com as coisas. null também estava apaixonado por null. Os dois mantinham o sentimento guardado a sete chaves dentro de si, mesmo sabendo que um dia viria à tona. E talvez esse dia estivesse mais perto do que ambos poderiam imaginar. Greg chamou a atenção de null, que estava sonhando acordada, enquanto havia clientes ocupando duas mesas. null preparou o bloco e a caneta, e dirigiu-se ao casal de idosos da mesa quatro. Anotou seus pedidos, e em cinco minutos já os trazia. Depois disso, caminhou até a mesa um, já reconhecendo a pessoa ali sentada. Seu coração acelerou e sua respiração ficou falha, o que a fez parar no meio da cafeteria. Recompondo-se, continuou sua trajetória até null, que sorriu para ela, e fez o seu pedido. Mas, naquele momento, null gelou. Ele havia feito o pedido para duas pessoas, e a garota ficava repetindo isso em sua mente. Já começara a achar que null poderia estar namorando, já que um cara daqueles não estaria na pista para negócios. Ela nem suspeitava de que ele sentia a mesma coisa, e acabou se desanimando novamente. Relutante, demorou mais do que o normal para entregar o pedido dele, mas o fez de cara feia. Se null não a conhecesse tão bem, diria que estava apenas cansada, mas sabia que havia algo a mais. Ele a agradeceu, e continuou lendo seu livro. Meia hora após, null terminava de se arrumar, já que seu turno havia acabado. Quando estava prestes a sair, observou que null ainda encontrava-se ali, quase imóvel. Achou realmente estranho, e decidiu ir conversar com ele. Sentou-se em sua frente, esperando que ele falasse algo. Mas nada foi dito. Ambos ficaram se encarando durante dois minutos, até null se estressar e puxar o assunto.
- Por que você ainda não foi embora? Sua companhia te deu um fora? – null sentia um “Q” de ciúmes, o que passou a ser perceptível por null.
- Não é culpa minha que ela teve que trabalhar na véspera de Natal e demora demais para se arrumar após seu expediente. – null riu, o que fez o coração de null acelerar novamente. – Podemos comer aqui, ou no nosso encontro?
null não sabia mais como se respirava. Sua respiração voltou a falhar novamente, e ainda raciocinava tudo que o garoto dizia. Era como um sonho, e nesse, pela primeira vez, não poderia ser acordada.
- Não aguento mais olhar na cara de Greg. – a menina riu – Vamos logo antes que ele apareça.
- Hoje eu serei seu guia durante nosso passeio, e lhe mostrarei um Natal de verdade. – null a puxou pela mão.
Os dois começaram a andar em direção ao centro, onde estavam as atrações de Natal. null não acreditava no que estava acontecendo. Ela sempre fora tão insegura de si, nunca expusera seus sentimentos antes, e não sabia o que fazer agora. null a olhava todo minuto que podia, querendo memorizar cada segundo ao lado de null. A cidade estava realmente muito bonita, toda iluminada e com enfeites por todos os lados. O vento frio fazia null puxar mais a manga de seu casaco, e subitamente, null a abraçou de lado. Isso a pegou de surpresa, mas ela deixou que ele continuasse assim com a mesma. Ao chegarem no centro, observaram a árvore enorme na praça, e que tinha crianças brincando por lá. null parou de andar, e null a questionou o porquê. A menina estava um tanto confusa. O garoto nunca havia demonstrado nada por ela, e agora, estava sendo fofo, como se realmente fossem um casal. Era bastante coisa para absorver em tão pouco tempo.
- null, me desculpa, mas o que é tudo isso? Okay, você disse que é um encontro, mas você nunca demonstrou nada, sabe? – null o olhou.
- Então, null, desde a primeira vez que te vi na cafeteria, eu te achei interessante. Lembro-me como se fosse hoje, você tendo que limpar o café que estava na xícara de uma senhora, e eu estava lendo o jornal. Quando eu parei de ler, observei que você havia me olhado, e nisso pude sentir algo diferente. Deixei que o tempo passasse para poder confirmar que eu estou apaixonado por você. – null aproximou-se dela. – E já percebi que você também está apaixonada por mim – ele riu.
- Nada como uma declaração dessa embaixo de um Mistletoe. Coincidência? – null riu, puxando-o mais para perto.
Ali iniciou-se um beijo calmo e doce, desejado por ambos. null mal sabia que depois desse acontecimento, uma luz iria acender em seu futuro, e a maré de coisas boas estava por vir. Ela estava feliz, e completa. Seria uma noite de Natal a qual nunca se arrependeria de ter ficado no trabalho até tarde. Não mais.
Fim
Subscribe
Login
0 Comentários