Esta história pertence ao Projeto Songfics
Natashia Kitamura
Visite o Perfil

Status

Loading

Avalie

Este texto foi revisado
Encontrou algum erro? Clique aqui

Temporada #007

Be The One
Dua Lipa

Esta história não possui capas prévias (:

Sem informações no momento.

Café com Leite

  Eu o vi pela primeira vez no verão de 1997.
0
Comente!x

  Enquanto eu estava para completar 8 anos, ele já aproveitava das brincadeiras mais pesadas com a turma do meu irmão mais velho, enquanto eu era somente a “café com leite”.
0
Comente!x

  Não importa o quanto eu protestasse em cima deles, dizendo que eu não queria ser café com leite, ainda assim eles insistiam em somente fingir que me deixavam ser como uma igual.
0
Comente!x

  Ele era o único que não fingia. E eu o odiava porque achava que ele estava sendo grosseiro comigo, me tendo como alvo e me fazendo ser aquela que pegava, ao invés de ser pegada. E quando eu conseguia tocar em alguém para me livrar do carma de ser o alvo em que todos deviam fugir, esse alguém pegava outro alguém, que pegava Ele. E lá ia ele novamente até mim, com suas pernas 3 vezes mais longas que a minha, conseguindo dar 1 passo a cada 4 meus, tocando em mim e me fazendo novamente o alvo de fuga de todos.
0
Comente!x

  Naquela época, não conseguia compreender o significado de “ser contraditória”. Para ser bastante sincera, eu não queria entender. Não com ele.
0
Comente!x

  Seu nome é Caíque. Uma união de Carlos e Henrique após, como meu irmão mais velho, Jonas, disse, eu reclamar do nome ser muito comprido para gritar no pique-esconde. Como se Caíque quem tivesse escolhido aquele nome composto, porque sabia no futuro que iria me dar trabalho na hora da brincadeira.
0
Comente!x

  5 anos depois do dia em que o conheci, minha birra só aumentava. Ele acabou se tornando um integrante da nossa família, já que o falecimento de seu pai e a falta de sua mãe por conta do trabalho, o fez se agregar à nós a pedido da mamãe. Lembro-me de tê-la chamado de “traidora” durante os 8 primeiros meses que ele ficava em casa porque eu perdia meu lugar de jogadora 4, depois de Jonas e dos gêmeos (que apesar de serem dois anos mais novos que eu, jogavam videogame todos-os-dias, merecendo estarem à minha frente) conquistando, novamente, o título de café com leite.
0
Comente!x

  Quando eu completei 18 anos, ao invés de aproveitar a maioridade como todas as outras garotas, tive de aguentá-lo passando nervoso dentro das baladas, porque possuía dois seguranças particulares que surgiam magicamente quando meu boy surgia à frente. Aquilo me fez perder situações comuns à uma garota, como dar seu primeiro beijo ou ter a sua primeira vez.
0
Comente!x

  - Você pode perder essas coisas com o Caíque. – Jonas um dia apontou para o melhor amigo, que, como eu, achou tão ridículo que não pode evitar erguer uma sobrancelha. – Ele é bonito, inteligente, faz medicina e não vai te machucar.
0
Comente!x

  Olhei para Caíque, que encarava Jonas com os braços cruzados. Não pude, na época, desvendar o que se passava dentro de sua cabeça, mas para meu próprio bem, achei melhor que tenha sido assim.
0
Comente!x

  - Pare de falar besteira! – me exaltei. – Caso você não saiba, as garotas querem ter a primeira vez com alguém que elas, no mínimo, gostem!
0
Comente!x

  Eu não me importei, apesar de ter ficado um pouco sem graça, com o olhar ofendido de Caíque. Ele não disse nada, mas ficou subentendido principalmente no sermão de Jonas sobre meu mau gosto com os homens, que eu havia acertado em cheio seu orgulho.
0
Comente!x

  Após esse contratempo, Caíque parou de aparecer na minha frente. Se antes eu o via com frequência com Jonas, agora eu não via nem um e nem outro. Não sei dizer se o que eu disse foi a verdadeira causa, pois os dois se mudaram para a capital por conta do trabalho. Jonas, por conta de uma transferência na empresa de jogos de RPG, e Caíque, por ter conseguido uma vaga em uma multinacional.
0
Comente!x

  - Dois anos e eu ainda não me acostumei a fazer comida para cinco pessoas. – mamãe lamentou durante o jantar. – Jonas disse quando viria com Caíque? – olhou para mim, mostrando ter grande expectativa em receber uma notícia positiva.
0
Comente!x

  - Eu não falo com Jonas há meses. – ergui meus ombros. – Nós brigamos, lembra?
0
Comente!x

  - Uma briga boba. – Alan, o gêmeo mais velho, disse. – Você foi totalmente exagerada.
0
Comente!x

  - Garotas são exageradas, Alan. – Álvaro, o gêmeo mais novo, retrucou o irmão. – E Lívia sempre foi dez vezes mais exagerada do que as garotas normais.
0
Comente!x

  - Eu não fui exagerada e não sou dez vezes mais. Além disso, sou bastante comum. Vocês mesmos chegaram à conclusão depois do namoro de Jonas e Monique, lembra?
0
Comente!x

  - É verdade. – Álvaro comentou. – Aquela lá era louca da pedra.
0
Comente!x

  - Mas isso não muda o fato de você ser muito retardada, Lívia. – Alan voltou ao assunto. Olhei para mamãe, que fingia não ouvir. Ela geralmente gostava de se intrometer quando havia indícios de uma nova discussão, mas desde que Jonas saiu de casa, ela tem estado bem mais tranquila, o que de início preocupou até papai.
0
Comente!x

  - Ouvi dizer que a sua amiga vai vir te visitar esse final de semana. – Álvaro jogou verde, olhando para mim como quem não se importa com a resposta.
0
Comente!x

  Fabiana é minha melhor amiga desde quando éramos pequenas. Fomos vizinhas por um longo tempo, até mudarmos para nossa casa atual e termos, ao invés disso, Caíque como vizinho. Nossa amizade se manteve, porque frequentávamos a mesma escola e, em seguida, entramos na mesma faculdade, no curso de moda.
0
Comente!x

  Só que no começo desse ano, nosso último, Fabi conseguiu um estágio incrível em uma marca conhecida em São Paulo, o que a fez transferir para uma faculdade lá. No começo os pais dela foram contra, mas após conversarem com mamãe, que já tinha “experiência em ter filho(s) (apesar de Caíque não ser seu filho) morando na capital”, aceitaram que era uma ótima oportunidade para Fabi e concordaram, desde que ela morasse em um lugar aprovado por Jonas.
0
Comente!x

  Álvaro, desde pequeno, é apaixonado por Fabi. Um amor platônico, até fofo de se ver. Enquanto Alan é o garanhão dos dois, Álvaro se mantém discreto. Mesmo saindo com garotas, principalmente quando Fabi saía com outros caras (e ele sabia que não tinha chance nenhuma com ela), ele sempre se preocupou em saber sobre a minha melhor amiga.
0
Comente!x

  Nunca foi um problema para mim meu irmão mais novo ser apaixonado pela minha melhor amiga. O problema foi quando ela se mudou, de modo que eu acabei sendo sua única fonte segura de informação sobre o status de relacionamento dela; como se eu já não estivesse suportando ser a fonte de informação do meu irmão mais velho e seu melhor amigo para minha mãe.
0
Comente!x

  Encarei Álvaro, que mexia em sua comida, como se estivesse desinteressado em comer.
0
Comente!x

  - Nah, eu quem vou pra lá.
0
Comente!x

  - Como? – mamãe logo ativou seu radar. – Você vai para São Paulo?
0
Comente!x

  - É feriado prolongado, lembra? – a encarei, já desesperada por ela ter esquecido que eu a havia avisado com antecedência. – Mãe. Eu falei para a senhora que iria para Sampa nesse feriado.
0
Comente!x

  - Avisou, é? – ela ergueu uma sobrancelha. – Quando?
0
Comente!x

  - No feriado passado?! Quando Fabi estava aqui e a senhora jogou um verde ENORME nela, dizendo que depois que ela se mudou eu virei bicho de casa?
0
Comente!x

  - Apesar de concordar com o que você acha que eu disse, Lívia, gostaria de saber aonde você vai ficar, já que não fala com seu irmão há meses!
0
Comente!x

  - Aonde mais? Com a Fabi? – vi seu olhar desviar para mim, o que logo me fez pensar rápido em um argumento contra ela. – A senhora não quer que eu fique no apartamento do Jonas com os amigos dele e sabe-se lá quantas garotas desconhecidas, quando eu tenho a casa da minha melhor amiga, que fica no mesmo prédio que a do meu irmão, só que trancado com duas chaves E a orientação do tio Alê aos porteiros de não deixar entrar homem. Não é?
0
Comente!x

  Não preciso dizer que terrorismo sempre funcionou muito bem com a matriarca da nossa família, não é?
0
Comente!x

  O que importa, é que obviamente mamãe nunca perde uma discussão, de modo que eu fui para São Paulo. De carona. Com os gêmeos.
0
Comente!x

  - Vocês não acham ridículo eu não ter carro e vocês terem?
0
Comente!x

  - Você não tem carro porque estacionou ele no lugar errado e acabou o perdendo quando a represa estourou. – Alan disse no volante. – Além disso, você está sempre pegando tanta carona que o pai disse que seu carro nem sairia da garagem.
0
Comente!x

  - Isso foi antes da minha melhor amiga se mudar para São Paulo!
0
Comente!x

  - Eu te empresto meu carro por um mês se você convencer a Fabi de me deixar dormir no apê de vocês. – Álvaro olhou para trás do banco do passageiro.
0
Comente!x

  Ergui minha sobrancelha.
  - Você paga a gasolina.
0
Comente!x

  - Sem essa.
0
Comente!x

  - Então três meses.
0
Comente!x

  - Rá! – ele tacou a batata que comia em mim. – Só se eu dormir na cama com ela. – Um mês e meio.
0
Comente!x

  - Você sabe que o pai dela criou uma regra e distribuiu pelos condôminos…
0
Comente!x

  - Eu sei também que isso é uma baita mentira que vocês criaram para a mãe e o pai deixarem você dormir nela, ao invés de ficar no Jonas.
0
Comente!x

  - Então fique no Jonas! – taquei a batata de volta. Ao ouvir seu silêncio, revirei os olhos. – Dois meses.
0
Comente!x

  - Feito.
0
Comente!x

  - Você sabe que nós faremos a viagem das férias de julho com o pessoal do acampamento, e iremos de carona com o Higor, né? – Alan riu.
0
Comente!x

  - Vai se lascar, Álvaro! – chutei o banco do passageiro, onde meu irmão caçula não parava de rir.
0
Comente!x

– C A F É C O M L E I T E –

  - Não pergunta, só aceita que ele dormirá aqui na sala esse feriado. – disse, ao entrar no apartamento de Fabi e a ver abrir a boca para questionar o porquê de Álvaro estar entrando atrás de mim, dando um beijo na sua bochecha.
0
Comente!x

  - Você perdeu de novo uma aposta? – ela perguntou, fechando a porta.
0
Comente!x

  - Nós fizemos um negócio. – meu irmão sorriu. – Valendo meu carro.
0
Comente!x

  - Ah… – Fabi olhou para nós dois e riu. – Já até posso imaginar…
0
Comente!x

  É claro que Fabi sabe da paixonite de Álvaro por ela. Eu, em um dos momentos em que cismava amar mais minha melhor amiga do que meu irmão (quando, por exemplo, ele bebeu tanto em uma balada que fomos juntos, que acabou me deixando para trás com o celular sem bateria, sem dinheiro e sem carro), contei para ela, o que a fez rir, dizendo que ele era um fofo.
0
Comente!x

  Pela obsessão do meu irmão por ela, é óbvio que ela nunca ficou com ele.
0
Comente!x

  E vendo como ela não abriu um ‘A’ de reclamação dele dormir no apê dela, ela também deve ter terminado o rolo que estava tendo com um cara da empresa e estava livre para fazer o que quiser.
0
Comente!x

  - Onde está Alan? – ela perguntou.
0
Comente!x

  - No Jonas.
0
Comente!x

  - E você não vai passar lá?
0
Comente!x

  - Nós brigamos—será que ninguém lembra da nossa briga?
0
Comente!x

  - Eu falei que foi um exagero… – Álvaro murmurou, jogando sua mochila no sofá e deitando em cima.
0
Comente!x

  - Foi Alan quem disse, seu energúmeno.
0
Comente!x

  - Foi Alan quem disse, mimimi! – ele me imitou com uma voz fina, causando risos em Fabi.
0
Comente!x

  - Não acredito que vocês ainda não se falaram? Bem que estranhei seu irmão não bater na minha porta para mandar você o responder.
0
Comente!x

  - Jonas bate aqui? – Álvaro ergueu a cabeça.
0
Comente!x

  - Sempre que a sua irmã deixa de responder uma mensagem dele. Ou quando sua mãe liga demais e ele quer que eu peça para sua irmã pedir para ela parar de encher o saco dele. Ou simplesmente porque acabou a comida no apê dos dois.
0
Comente!x

  - Merda. – Álvaro murmurou. – Tenho que arranjar um trampo aqui logo.
0
Comente!x

  - Enfim. – Fabi olhou para mim. – Você não pode ficar sem falar com seu irmão para sempre. Ele não disse que ia procurar algo para você aqui?
0
Comente!x

  - Você não pode simplesmente espalhar meu currículo por mim? – deixei meus ombros caírem. – Já está na área mesmo!
0
Comente!x

  Fabi me olhou feio.
  - Você sabe que já fiz isso. Eu ainda estou marcando meu território, sabe como é esse mundo da moda. Além disso, foi você quem recusou a vaga na Bertolli.
0
Comente!x

  - O salário deles era mais uma tradução de trabalho escravo. – murmurei.
0
Comente!x

  - Amiga, você escolheu seguir a carreira de moda. É difícil achar um emprego que não pareça ser trabalho escravo. – Fabi suspirou. – De qualquer maneira, talvez o Caíque consiga alguma coisa para você.
0
Comente!x

  Ergui minha cabeça ao ouvir o nome do dito cujo.
0
Comente!x

  A verdade é que após todo esse tempo sem ele na minha vida, talvez eu tenha sentido que ele faz um pouco de falta nela. É como ir para a escola todos os dias e, de repente, ter de ir para a faculdade. São hábitos diferentes.
0
Comente!x

  - Por que ele faria algo por mim?
0
Comente!x

  - Porque é o Caíque? – Fabi serviu uma lata de cerveja para Álvaro e outro para mim. – Ele está saindo com a assistente da presidente da Dolce.
0
Comente!x

  - Saindo?
0
Comente!x

  - Faz uns cinco meses já. Acho que estão namorando. – ela abriu sua própria lata e se sentou ao lado de Álvaro no sofá. – Encontrei com ele no elevador semana passada. Me apresentou à ela. Parecia, você sabe, simpática.
0
Comente!x

  Eu e Fabiana sempre tivemos esse código entre nós duas sobre uma garota que odiamos pelo simples fato dela ser perfeita. Simpática foi o termo que escolhemos.
0
Comente!x

  - Quão simpática?
0
Comente!x

  - Muito simpática. – ela ressaltou. – Como a Candance Swaneponel.
0
Comente!x

  - Ah.
0
Comente!x

  É claro que eu não fiquei com ciúmes. Eu não gosto de Caíque. Nunca gostei. Ele sempre foi o garoto que, apesar de concordar com todos de me fazer café com leite, me tratava de maneira oposta. Sempre foi a razão de eu ser, até hoje, o café com leite nos jogos da família. Como se ele fosse o segundo filho da casa, e nunca tivesse havido uma garota na família.
0
Comente!x

  - Eu não preciso da ajuda dele. – murmurei, abrindo minha lata e acabando com metade dela de uma só vez. – Eu preciso sair.
0
Comente!x

  - Ta rolando uma festa da PUC. Tenho dois ingressos. Que tal?
0
Comente!x

  - Perfeito. – olhei para Álvaro, que ergueu a sobrancelha. – Vá se divertir com seus irmãos.
0
Comente!x

  - E se eu quiser ir para a festa?
0
Comente!x

  - A Fabi só tem dois ingressos. Você não é uma opção. – fui até o sofá e puxei minha amiga. – Vamos nos arrumar.
0
Comente!x

  Como Fabiana nada disse sobre eu descartar Álvaro de nosso rolê, ele não ousou abrir uma discussão comigo. Quando terminamos de nos arrumar e fomos para a sala, ele já não estava mais lá, apesar de sua mochila continuar jogada no sofá. Na mesa, um recado: “Fabi, peguei sua chave. Se não tiver reserva, passa no Jonas. A.”
0
Comente!x

  - Folgado. – murmurei.
0
Comente!x

  - Eu tenho reserva, fica tranquila. – ela disse, colocando a mão no meu ombro quando fiz questão de ligar para Álvaro, para ele trazer a chave dela de volta. – Vamos ou perderemos o open bar que vai até à 1h.
0
Comente!x

– C A F É C O M L E I T E –

  A festa não estava ruim. Meu humor é que estava. Por uma razão que eu não queria aceitar, descobrir que Caíque estava namorando me fez ficar com o pior humor do mundo. Quando isso acontece, só há uma alternativa.
0
Comente!x

  - Vira! Vira! Vira! Vira! – a voz de Fabi, junto com mais dezenas de pessoas gritavam ao meu redor, quando eu jogava beerpong contra uma garota da PUC.
0
Comente!x

  Não podia dizer que estava indo bem, já que era a quinta rodada e eu estava mais bêbada do que bêbado. Minha rival, uma aparentemente nerd, jogava absurdamente bem, o que devia significar ser sua primeira rodada.
0
Comente!x

  - Joga logo essa porra! Quero ir ao banheiro! – apertei minhas pernas e xinguei um palavrão para a garota, que errou o alvo devido ao nervosismo de ter sido pressionada. – Ah, porra, foda-se! – e bebi o último copo só para poder sair “correndo” do local para fazer xixi.
0
Comente!x

  Após o banheiro, me lembro de pouca coisa. Um garoto me prensando contra a parede, um beijo nojento e cheio de baba, uma briga, o banheiro de novo e então um vento bom vindo de uma janela aberta. Por fim, um colchão tão macio que parecia ter sido feito de plumas de ganso.
0
Comente!x

  Em compensação, a manhã seguinte foi uma merda.
0
Comente!x

  Uma merda de dor de cabeça.
0
Comente!x

  Uma merda de dor na vista.
0
Comente!x

  Uma merda de dor no corpo inteiro.
0
Comente!x

  Uma merda de falta de voz e vontade de vomitar a cada vez que abria a boca.
0
Comente!x

  Uma merda porque, ao sair do quarto, vi que não estava no apê da Fabi, mas sim no de Jonas.
0
Comente!x

  Mas nenhuma das merdas anteriores bateu a merda que foi em ver meus três irmãos E Caíque sentados na mesa da cozinha me olhando feio (Caíque não estava me olhando feio, mas também não sorria, o que dá no mesmo).
0
Comente!x

  - O que diabos você fez ontem? – Jonas começou a falar, mas sua voz acertou de forma tão agressiva meus tímpanos, que não sei como as veias não estouraram, me fazendo sangrar pelos ouvidos.
0
Comente!x

  Ergui a mão e fechei os olhos, antes vendo um óculos de sol de alguém na bancada que dava para a cozinha, pegando-os não para esconder o estado terrível que estava meu rosto, mas para evitar o máximo que podia a claridade.
0
Comente!x

  - Preciso de água. – murmurei, indo até a geladeira, mas recebendo uma garrafa de água sem gelo com uma aspirina.
0
Comente!x

  - Você precisa é de um banho. – Álvaro disse.
0
Comente!x

  - Ou achar sua dignidade. – eu quase taquei a garrafa em Alan, se tivesse força.
0
Comente!x

  - Cadê a Fabi? – perguntei, optando por ignorar as caras feias.
0
Comente!x

  - No quarto dela. – Álvaro respondeu. – Ela só estava melhor que você porque teve a inteligência de vomitar antes de dar um PT maior.
0
Comente!x

  Sentei-me na única cadeira vazia e deixei a cabeça repousar na mesa, fazendo careta a cada baque que sentia de alguém colocar ou tirar objetos.
0
Comente!x

  - É isso que você faz nas festas, Lívia? – Jonas perguntou, parecendo lívido de raiva. – Bebe até cair e deixa ser abusada por idiotas?
0
Comente!x

  - Eu não fui abusada. – murmurei.
0
Comente!x

  - Porque Caíque chegou bem a tempo! – ele berrou, não se importando com meu xingo. – O cara estava quase tirando a sua calcinha!
0
Comente!x

  Suspirei e decidi fechar os olhos, meditar e rezar para a ressaca ser curada até o final do dia, quando poderei voltar para o apartamento da Fabi e evitar contato com qualquer um que tenha morado por mais de um ano na minha casa.
0
Comente!x

  - Eu vou falar para nossos pais o que você faz quando vem para São Paulo.
0
Comente!x

  Aquilo, para mim, foi o fim.
0
Comente!x

  - Então fala! – aumentei minha voz, causando em mim mesma uma dor aguda. – Fala para eles, Jonas! – ergui minha cabeça e o encarei. – É mais fácil voltar a falar com os nossos pais para contar meus podres, do que me mandar uma mensagem nos últimos seis meses para perguntar como eu estou! Foda-se, não foi o que você falou da última vez? – me levantei, lembrando da noite em que brigamos. – É isso mesmo, foda-se, Jonas. Vai pagar de irmão mais velho para as garotas que você pega, seu escroto! – e taquei a garrafa ainda cheia em sua direção, deixando-o pasmo e sem fala para trás.
0
Comente!x

  Fui em direção à porta do apartamento, não me importando em estar vestindo só a camiseta de Jonas. Abri a porta e fui direto em direção à saída de emergência, para não precisar esperar por um elevador.
0
Comente!x

  - Lívia! – a voz do Caíque surgiu atrás de mim. – Você está só com uma camiseta, droga! – ele gritou.
0
Comente!x

  - Vá ficar com a droga do seu siamês. – disse, me referindo ao apelido que todos deram aos dois quando éramos mais novos. Siameses. – Vá com sua modelo da Dolce. – murmurei, escorregando um degrau por causa da ressaca e caindo de joelho. – Merda!
0
Comente!x

  Senti um par de braços rodar minha cintura e amarrar um blusão no local. Caíque segurou meu quadril e me fez sentar na escada, para em seguida dar uma olhada em meu joelho, que provavelmente ficaria roxo.
0
Comente!x

  - Você sabe que Jonas só ficou estressado porque gosta de você—
0
Comente!x

  - Para de pagar de bonzinho. – murmurei. Vi a cabeça dele erguer e tinha certeza que ele tinha a expressão surpresa estampada no rosto.
0
Comente!x

  - Bonzinho?
0
Comente!x

  - Eu não preciso que você intervenha na falta de relação que eu tenho com meu irmão. – me desvencilhei dele. – Tenho certeza de que ele sentirá mais falta de você do que de mim, então por que você só não vá falar asneira no ouvido dele?
0
Comente!x

  - Você está com ciúmes de Jonas comigo?
0
Comente!x

  Bufei.
  - Como se eu fosse ter ciúmes de um irmão, quando tenho outros dois para aturar.
0
Comente!x

  - Lívia, eu não estou entendo a sua raiva comigo. Seria bom saber, já que não quero ser alvo de ofensas gratuitas.
0
Comente!x

  - Olha, só me deixa em paz, ta legal?
0
Comente!x

  - Vamos para o apartamento da Fabiana e eu te deixo em paz.
0
Comente!x

  O encarei, furiosa. Vi, com raiva, como ele havia mudado desde a última vez que o vi, antes dele se mudar para São Paulo com Jonas.
0
Comente!x

  Seu cabelo estava mais comprido, mas ainda assim curto. Amassado e bagunçado por conta do sono, mas as garotas poderiam dizer que isso é um bom charme. Seus olhos castanhos e o nariz arrebitado perfeito, o rosto de Caíque era todo perfeitamente alinhado, exceto pela cicatriz que ele tinha próximo à sobrancelha direita, causado por uma queda de bicicleta.
0
Comente!x

  Os ombros também pareciam mais largos. Bem mais do que eu me lembrava. Ele vestia uma calça moletom preta e uma camiseta branca, então só pude concluir que apesar dele estar magro, pelos seus braços, ele havia se esforçado na academia.
0
Comente!x

  O que tornava tudo ainda pior para minha consciência.
0
Comente!x

  - Eu não quero ficar perto de você. Já disse, vá para Jonas e console a ele. – desvencilhei meu braço de sua mão. Com raiva, desamarrei o blusão do moletom dele e o taquei em seu rosto. Antes que ele pudesse reagir ou vir atrás de mim, eu já estava degraus de distância, quase chegando no andar de Fabi, que ficava somente dois abaixo.
0
Comente!x

  Lá, encontrei com ela preparando uma vitamina para sua ressaca. Ao ver meu estado, concluiu que eu precisava tanto quanto ela. Por fim, sentamos nós duas em sua cama, após bebermos o conteúdo e termos tomado um bom banho gelado.
0
Comente!x

  - Você não precisava ter brigado assim com o Caíque. – Lívia disse. – Ele só estava tentando ajudar.
0
Comente!x

  - Ele sempre está tentando ajudar. – afundei-me entre as cobertas dela. – É isso o que fazia com que todo mundo o amasse.
0
Comente!x

  - Não sei por que você tem tanta aversão a ele. Seja o que for, duvido que ele tenha alguma culpa.
0
Comente!x

  É verdade. Caíque nunca teve culpa por minha raiva com ele.
0
Comente!x

  Na verdade, talvez a culpa fosse minha. Mas a maior parcela era de meus pais.
0
Comente!x

  Após o primeiro ano desde que ele começou a frequentar nossa casa com mais frequência, houve uma noite que desci para encher minha garrafa de água e peguei meus pais conversando na cozinha.
0
Comente!x

  – Ela não ouve. Já é a terceira vez que a escola liga nesse mês. – mamãe disse e papai suspirou.
0
Comente!x

  – É difícil eu conversar com ela. Tenho dificuldade em me comunicar com Lívia. Ela sempre será uma boneca de cristal para mim.
0
Comente!x

  – Nessas horas, seria mais fácil se nosso segundo filho fosse Caíque. Um garoto tão bom, tão fácil de lidar… às vezes me pergunto se erramos com Lívia…
0
Comente!x

  Eu nunca comentei o que havia ouvido. Me senti um lixo.
0
Comente!x

  A verdade é que sempre tentei ser como um garoto, porque eles pareciam se divertir mais, e era muito mais fácil me unir a eles do que conseguir sair para brincar com garotas. Ser a única menina da família dificultava de eu sair com outras crianças do mesmo sexo que eu. Achei que a melhor saída era ser como um garoto, participando das brincadeiras deles e agindo como eles.
0
Comente!x

  Jamais havia imaginado que causaria tanto problema assim para meus pais. E nunca pensei que eles pudessem imaginar como seria ter Caíque como filho ao invés de mim. Que eles pudessem desejar que fosse Caíque em meu lugar.
0
Comente!x

  Naquela época concluí que eu não era só café com leite nas brincadeiras com meus irmãos e seus amigos. Era também café com leite também para meus pais, que sempre trataram Caíque tão bem quanto eu, sua filha de sangue. Os dois ficaram tão preocupados com o garoto órfão de pai e cuja mãe precisava passar o tempo inteiro fora trabalhando para pagar as contas, que se esqueceram de tentar criar um vínculo com a garota de casa.
0
Comente!x

  No fim, eu fui a única que me senti órfã. Sem pais e nem irmãos, já que Caíque os roubou de mim.
0
Comente!x

  - Apesar de você ter sido muito infeliz em ouvir a conversa deles, você sabe que não foi isso o que os dois quiseram dizer, não é, amiga? – Fabi fez um carinho na minha cabeça. – Eles amam você.
0
Comente!x

  Balancei meus ombros, sentindo o alívio em ter contado pelo menos para Fabi sobre o trauma de meu passado. Guardar comigo todo esse tempo foi um peso enorme; coloca-lo para fora me fez perceber que eu estive, durante todo esse tempo, sendo muito imatura.
0
Comente!x

  - Eles nunca disseram que estavam orgulhosos de mim. De que adianta eles falarem para as outras pessoas, se eu não sei? Eles sempre falaram para os meus irmãos e Caíque. Eu só fui a decepção. E nem quando eu decidi fazer moda para mostrar a eles que era uma garota, eles se importaram e mudar o argumento para nada mais do que “péssima escolha de profissão”.
0
Comente!x

  - Esse tempo todo você esteve buscando a aprovação dos seus pais? – ouvi a voz magoada de Fabi. – Ah, amiga…
0
Comente!x

  - Eu não me importo mais. – menti. – Não falta muito mais tempo agora. – limpei minhas lágrimas com o lençol da cama e empurrei o edredom para longe, a fim de respirar melhor. – Logo mais arranjarei um bom emprego e também poderei sair de casa. Então não vou precisar mais ouvir o quanto o Jonas e o Caíque fazem falta, ou a discussão de pais orgulhosos decidindo a qual lado da família os gênios dos gêmeos puxaram.
0
Comente!x

  - Você podia falar sobre isso com seus pais, Lívia… – Fabi manteve seu carinho em minhas costas.
0
Comente!x

  - O pior é que eu já tentei. – ri, amargurada. – Foi por isso que eu briguei tão feio com Jonas.
0
Comente!x

  - Ah…
0
Comente!x

  Fabiana nunca soube a razão de eu ter brigado com Jonas há seis meses. Álvaro e Alan disseram que foi um exagero porque eles não presenciaram toda a conversa.
0
Comente!x

  Flashback

  - Eu só queria que vocês me ouvissem dessa vez. – pedi, quando mencionei que não estava feliz com a vida que tinha.
0
Comente!x

  Papai e mamãe sempre fizeram questão de garantir que nossa família era feliz da maneira que era. Nunca disse o oposto porque tinha medo de magoá-los, mas a maturidade e um pouco de rebeldia me fizeram discordar logo no meio do jantar, quando eles entraram no assunto.
0
Comente!x

  Jonas havia voltado para o interior só para nos visitar. Desde quando mudou para São Paulo, vem com menos frequência, o que fazia mamãe morrer de saudades dele.
0
Comente!x

  - Por que você não está feliz, filha? – papai perguntou, como sempre, tentando ser compreensivo.
0
Comente!x

  - Porque a amiga dela conseguiu um ótimo emprego e ela não. – Jonas brincou, o que chamam de brincadeira de mal gosto. Ninguém na mesa pareceu perceber o fato, e eu não podia deixar passar.
0
Comente!x

  - Sim. Tenho inveja da minha amiga, mas não a ponto de desejar o mal para ela. – concordei com Jonas, que riu. – Minha maior inveja é que eu não precisaria, assim como você, aturar os sermões da mamãe e do papai e os lamentos de você estar tão longe.
0
Comente!x

  - Lívia! – mamãe gritou, ofendida. – Isso é coisa que se diga sobre seus pais?
0
Comente!x

  - É isso que estou tentando dizer, mãe! – apertei os lábios e respirei fundo. – Vocês só se importam com Jonas e os gêmeos. “Será que ele precisa de dinheiro?”; “Será que precisamos trocar os carros dos gêmeos?”… o que custa me dar um pouco de atenção? Vocês pedem que eu estude na frente de vocês para saberem que estou me esforçando, mas não me dão um elogio quando chego com uma nota boa! Meu boletim está sempre com notas acima de 8,0! Quando chego uma vez com uma nota 6,5, é motivo para castigos e corte de mesada!
0
Comente!x

  - Lívia, você está completamente errada sobre seu julgamento! – papai disse em seu tom mais sério. – Eu e sua mãe prezamos muitas coisas que você faz ou fez.
0
Comente!x

  - E quando foi que eu fiquei sabendo disso? Tudo o que sei, é que vocês sentem mais a falta de Jonas, que está na capital, do que de mim quando decido dormir na casa de uma amiga sem avisar. Vocês sabem de cor todas as refeições favoritas dos garotos, mas nunca fizeram um prato preferido meu no meu aniversário, que, a propósito, é comemorado com sopa no jantar. Sopa! O prato que mais odeio na face da Terra! Por que sempre saímos para restaurantes nos aniversários dos meus irmãos? No de Caíque, pelo amor de Deus!
0
Comente!x

  - Caraca… – Jonas disse, em seu tom de riso. – Você é mesmo mesquinha, hein, Lívia? Antes de julgar, por que você não pergunta para os dois por que não saímos para um restaurante no seu aniversário?
0
Comente!x

  - Por quê? – olhei para meus pais, que não responderam.
0
Comente!x

  - Você foi a única que perdeu um carro que nossos pais compraram para você. – Jonas disse. – Você quem decidiu fazer uma profissão que até quem possui mais sucesso na carreira diz ser um suicídio. Para de culpa-los pelos erros que você cometeu. Isso tudo é o quê? Inveja de Caíque? Você, por acaso, pagou um jantar no melhor restaurante em São Paulo para os nossos pais como forma de agradecimento? Caíque pagou. Você ligaria a cada quinze dias para nossos pais? Caíque liga. Então pare de se fazer de vítima, garota. Antes de jogar sua inveja nas costas de quem não fez nada de errado, aprenda a observar seus erros. E se você quer se manter nessa miséria toda que inventou para se vitimizar, então foda-se.
0
Comente!x

  Fim do flashback

  - Caramba, o Jonas causou também. – Fabiana disse, a irritação óbvia em seu tom de voz. – Se eu soubesse, teria dito umas boas verdades na cara dele! Como da vez que eles se esqueceram de buscar você no clube porque foram na apresentação escolar do Caíque, ou das cartas que você preparava todos os anos nas datas festivas para seus pais e no dia seguinte os encontrava jogado em algum canto da casa. E teve a vez que você fugiu de casa, mas acabou voltando depois de três dias porque eles nem ligaram para perguntar se você estava lá. Agora me lembro bem. Eu fiquei com ódio de Caíque naquele dia. A mãe dele o havia deixado na sua casa para passar o feriado, não é?
0
Comente!x

  Senti o choro entalar em minha garganta. Eu tinha motivos para odiar Caíque, mas não eram motivos para odiá-lo diretamente. A culpa não era dele. Nunca foi.
0
Comente!x

  - Agora estou com raiva, amiga. Por você. – ela disse. – Por que você tem que sofrer tudo isso, por causa da falta de atenção dos seus pais e da despreocupação dos seus irmãos? Aff, vamos sair. Vou apresentar todo mundo que eu conheço para você e arranjar um emprego decente aqui em São Paulo!
0
Comente!x

  Abri um pequeno sorriso. Se todo esse tempo passei por situações difíceis com meus pais, então recuperei o tempo perdido com Fabi.
0
Comente!x

  - Você é mesmo uma idiota. – ouvimos da porta.
0
Comente!x

  - Ai meu… – Fabi começou a falar, mas foi logo cortada pelo barulho da porta batendo na parede e os rostos vermelhos de Jonas, Álvaro e Alan.
0
Comente!x

  Encaramos nós duas os três parados dentro do quarto e Caíque logo atrás encostado no batente do quarto.
0
Comente!x

  - Todo esse tempo você… – Jonas cortou-se, seu rosto ficando cada vez mais vermelho. – E eu achando que era só uma birra, quando você ouviu aquela merda toda—
0
Comente!x

  Meu irmão mais velho nem terminou de falar. Puxou-me pelo braço e apertou-me em um forte abraço.
0
Comente!x

  - Menina idiota. – murmurou, seu rosto afundado no dorso do meu pescoço. – Como pode pensar que nós…
0
Comente!x

  Álvaro e Alan, sem dizerem nada, apenas se uniram ao abraço que Jonas havia me puxado. Por um longo tempo somente fechei meus olhos e me permiti receber o carinho que vinha pedindo desde criança.
0
Comente!x

  - E-eu não quero mais ser café com leite… – murmurei, ouvindo a risada dos cinco. – Sou melhor que o Caíque no Rayman.
0
Comente!x

  - Isso é verdade. – ele disse ao fundo, fazendo com que todo mundo risse novamente.
0
Comente!x

  - Você nunca foi café com leite, sua boba. – Jonas falou. – Nós só inventamos aquilo para você não precisar passar sua vez para outra pessoa e sair do jogo.
0
Comente!x

  Limpei minhas lágrimas, boquiaberta.
0
Comente!x

  - Então isso significa ser café com leite? Uma jogadora vitalícia?
0
Comente!x

  - É bem melhor jogar contra alguém ruim do que aguentar o Jonas perdendo. – Alan disse, recebendo um tapa. – Você é um péssimo perdedor, Jonas.
0
Comente!x

  - Ele ainda não aprendeu isso, Alan. – Caíque disse. – É melhor deixar pra lá.
0
Comente!x

  Ding dong!
  - Hum? Quem deve ser? – Fabi olhou em direção à porta.
0
Comente!x

  - Está esperando alguém? – foi Álvaro quem perguntou, mas Jonas quem respondeu.
0
Comente!x

  - Pedi para o Bruno trazer KFC. – e me soltou, indo até a porta.
0
Comente!x

  - Bruno? – Alan perguntou para Caíque.
0
Comente!x

  - Nosso vizinho de frente. Ele trabalha lá, então nós pedimos com frequência para ele trazer para nós uns baldes. Além de ganharmos desconto, não precisamos ir até a portaria receber o pedido. Direto na porta de casa. – ele sorriu e ergueu o dedão em um sinal de joinha.
0
Comente!x

  - Eu AMO KFC! – Fabi pulou da cama, correndo até a sala, com Álvaro e Alan em seu alcance.
0
Comente!x

  Assim que senti o olhar de Caíque em mim, senti vergonha por todos anos que o tratei mal por achar que ele era o motivo de eu ter perdido o carinho que achava que deveria ter recebido dos meus pais e meus irmãos.
0
Comente!x

  - Eu… Hum. – cocei a nuca sem graça. – Acho que te devo um pedido de desculpas.
0
Comente!x

  - Também acho. – ele sorriu e se aproximou, sentando-se ao meu lado na cama. – Vamos lá.
0
Comente!x

  Apertei meus lábios, sentindo mais vergonha do que jamais havia sentido antes. Não sabia como começar ou o que dizer para tentar redimir minha idiotice. No fim, fui patética ao somente dizer:
0
Comente!x

  - Desculpe.
0
Comente!x

  Caíque esperou um tempo e mexeu a cabeça, confuso.
0
Comente!x

  - Só isso?
0
Comente!x

  - O quê?
0
Comente!x

  - Só… “Desculpe”?
0
Comente!x

  - Devo dizer algo mais?
0
Comente!x

  - Noooossa… – ele se inclinou para trás. – Você me tratou mal nos últimos 14 anos e tudo o que tem para dizer é “desculpe”?
0
Comente!x

  - Ahhhh, o que mais posso fazer para você me desculpar? – disse, afobada. – Eu não sei!
0
Comente!x

  - Bem, tenho uma solução. – ele deitou na cama de Fabi e levou as mãos atrás da cabeça, encarando o teto. – Saia comigo.
0
Comente!x

  Olhei para ele, em choque. Ele estava me chamando para sair?
0
Comente!x

  - Para onde?
0
Comente!x

  - Se eu escolher, será um encontro.
0
Comente!x

  - Quê?
0
Comente!x

  Caíque me olhou. Em seguida, pude perceber um pequeno rubor em suas maçãs do rosto enquanto ele voltava a encarar o teto.
0
Comente!x

  - Acho que me expressei mal nos últimos anos. Ou em todos os anos desde que nos conhecemos. – deu uma risada abafada.
0
Comente!x

  - O que quer dizer?
0
Comente!x

  - Eu quero dizer que enquanto você achava que eu estava roubando o seu lugar, tudo o que eu estava tentando fazer era mostrar para você que tinha um lugar especial em meu coração.
0
Comente!x

  Quê? Pensei novamente. Ele está se declarando?
0
Comente!x

  - Se isso não é uma declaração, então eu realmente não sei como deixar mais explícito meus sentimentos por você.
0
Comente!x

  - Você lê mentes? – abri a boca.
0
Comente!x

  - Não, você quem fala o que pensa. – ele ri. – Sempre foi assim.
0
Comente!x

  - Eu sempre falei o que pensava?
0
Comente!x

  - Em murmúrios, sim. – Caíque sorriu. – No começo, era difícil compreender. Depois ficou mais claro.
0
Comente!x

  Fiquei calada e boquiaberta, encarando o cara que eu pensava estar roubando meu lugar na minha família esse tempo todo.
0
Comente!x

  - Fabi disse que você estava saindo com uma garota da Dolce.
0
Comente!x

  - Ah, é. – ele olhou para o relógio. – Na verdade, eu saí com ela algumas vezes para ver como funciona essa coisa de conseguir emprego nesses lugares. Para ver se conseguia trazer você para São Paulo. É bem difícil. – ele fez uma careta. – Mas ela disse que tem uma garota estagiária que não está aguentando o trabalho, provavelmente irá sair quando o contrato acabar, no final do mês que vem. Disse que vai me avisar caso aconteça.
0
Comente!x

  - Você está saindo com a garota para conseguir um trabalho para mim? – perguntei, chocada.
0
Comente!x

  - O que tem?
0
Comente!x

  - Não passou pela sua cabeça estar enganando ela?
0
Comente!x

  - Ela quem me traiu primeiro. – ele ergueu os ombros. – O que foi ótimo, porque não queria ter de criar argumentos quando você conseguisse o trabalho e eu chutasse ela para ficar com você.
0
Comente!x

  - E o que faz você pensar que eu ficaria com você se viesse para cá?
0
Comente!x

  - Ora, por agradecimento? – ele perguntou. – Até há pouco eu me via como um ótimo pretendente; sou melhor amigo do seu irmão, seus irmãos mais novos me adoram, seus pais me amam, conheço muito de São Paulo, arranjei o emprego pra você, apareceria convenientemente em todos os lugares que você precisasse de ajuda, levaria você para comer…
0
Comente!x

  - Mas agora você sabe que eu te odiei minha vida inteira.
0
Comente!x

  Caíque voltou a encarar o teto.
  - É, isso se mostrou ser um grande problema.
0
Comente!x

  - De fato. – concordei, me divertindo com a maneira como ele mostrava ser, tão diferente do garoto que enxerguei todo o tempo. Caíque agora parecia mais legal, divertido, bonito, atraente… – Mas convenientemente, você precisa se desculpar para mim o equivalente a 14 anos, o que me leva de novo à estaca do “tenho boas vantagens”. – ele me encarou e abriu um sorriso. – Um encontro é uma boa maneira de começar a se desculpar.
0
Comente!x

  - Nossa. Você é realmente um aproveitador.
0
Comente!x

  - Eu aprendi a aproveitar a utilizar as oportunidades quando elas aparecem. – ele sorriu. – Como agora.
0
Comente!x

  - Agora? – ri.
0
Comente!x

  - É. Eu consegui um encontro com a minha garota.
0
Comente!x

  - E agora eu já sou sua? Cai na real, Caíque! – dei-lhe um leve empurrão, que acabou me custando um pouco mais caro, já que ele segurou meu pulso e me puxou em sua direção, de modo que acabei caindo em cima dele.
0
Comente!x

  - A real é que mais uma vez a oportunidade surgiu convenientemente na minha frente. – vi seus olhos descerem até minha boca. – E vou finalmente conseguir provar o sabor dos seus lábios.
0
Comente!x

  E sem esperar eu retruca-lo, ele me beijou.
0
Comente!x

  Um beijo terno, gostoso e… bem, muito gostoso.
0
Comente!x

  - VOCÊ TA DE BRINCADEIRA, SEU PALERMA! – meu corpo foi puxado de cima de Caíque e então enforcado no meio de dois braços e um peitoral até que forte de Jonas. – CINCO MINUTOS QUE DOU AS COSTAS E É ISSO O QUE VOCÊ FAZ?
0
Comente!x

  - Eu disse que a beijaria. – Caíque se sentou, bagunçando ainda mais os cabelos, ao invés de arrumá-los.
0
Comente!x

  - Eu tenho o trabalho de trazer ele para cá comigo, e na primeira vez que você vem para cá e encontra com ele, deixa ele abusar de você? – Jonas me encarou feio.
0
Comente!x

  - Ela já tem idade suficiente para beijar garotos, Jonas.
0
Comente!x

  - Não enquanto ela for café com leite. – ele murmurou. – Venha, Liv, vamos jogar e comer frango frito com Coca-Cola. Você é café com leite e o Caíque com certeza está de fora.
0
Comente!x

  Olhei para trás a tempo de ver Caíque rir do ciúme repentino e inesperado – para mim – de Jonas, e me enviar uma piscadela, querendo dizer que mais tarde nós conversaríamos melhor.
0
Comente!x

  E tenho certeza que ele não vai me deixar ser café com leite.
0
Comente!x

Fim

  Nota: Uma das histórias mais rápidas e que mais gostei do resultado!
  Espero que tenham aproveitado também!

  Saiba mais sobre outras histórias minhas em minhas redes sociais!

0 0 votes
Article Rating
Subscribe
Notify of
guest
1 Comentário
Oldest
Newest Most Voted
Inline Feedbacks
View all comments
Liv
Liv
2 anos atrás

Ahhh, que fic maravilhosa! Confesso que me imaginei nela, já que eu e a pp compartilhamos o mesmo nome! Hahaha

<3

Comentário originalmente postado em 31 de Março de 2018


You cannot copy content of this page

1
0
Would love your thoughts, please comment.x