boyfriend
– Qual você acha que fica melhor?
Apontei para o vestido em sua mão esquerda, imaginando o quão perfeito o caimento ficaria; não era difícil escolher algo que combinasse com ela, ainda mais quando eu a conhecia como a palma da minha mão – além de saber as cores exatas que combinavam consigo. A peça em si foi um dos presentes que eu a dei de natal, e só de ver a sua animação em recebê-lo, já era o bastante para mim. Observei a minha melhor amiga se arrumar energeticamente, ignorando o pequeno grande incômodo ao me relembrar do motivo de sua euforia: o seu mais novo namorado. sempre foi uma garota simpática, contrastando comigo, que era séria e não se importava com muita coisa. Nossa amizade surgiu ainda quando crianças, e não havia um dia sequer que ficávamos sem nos ver ou conversar. Então, crescemos grudadas o suficiente para que todos os seus detalhes se tornassem o motivo do meu sentimento por ela.
Ser apaixonada pela sua melhor amiga poderia ser um título de livro, o qual eu escreveria páginas e páginas descrevendo o quão esse sentimento é bom e ao mesmo tempo, sorrateiro. Amar é uma das coisas mais fáceis do mundo, uma vez que o seu sorriso poderia facilmente iluminar uma cidade inteira. É por isso que nunca foi nem um pouco difícil de ter concorrentes querendo a sua atenção por inteira; sinceramente, eu não posso chamá-los de concorrentes por não ser nem considerada como uma opção, mas não é difícil ter a noção de que sou bem melhor do que todos eles. Arrogância ou não, a verdade é uma só: nenhum deles se esforçava para fazer a minha melhor amiga feliz. Foram incontáveis vezes em que ela vinha visivelmente chateada por conta de mais um término, e isso partia o meu coração. Por mais que eu a amasse romanticamente também, sempre foi a minha prioridade, e sempre torci por sua felicidade e para que o seu parceiro a tratasse da melhor forma possível. Mas, vê–la triste por culpa de alguns que não deram o devido valor a mulher que tinham ao lado, só me faz ter a certeza de que eu seria um namorado bem melhor do que eles.
*
– ? – me chamou, sorrindo brincalhona. – Está pensando no quê?
– No quão linda você está. – suas bochechas coraram rapidamente.
– Engraçado, pensei a mesma coisa de você, honey! – não pude deixar de soltar um risinho com o seu comentário, e logo saímos do carro em direção a boate.
– Baby? – ela me olhou curiosa, aguardando que eu prosseguisse. – Damas primeiro, eu insisto.
Era um costume eu abrir a porta para , seja do carro ou de casa; a sua reação não mudava, e assim que a minha amiga passava por mim, seus dedos entrelaçavam nos meus, me puxando para o nosso destino.
A boate estava lotada, e eu não esperava menos da grande gestão de marketing do meu querido amigo, o dono do lugar. Ter conexões e tirar um bom proveito delas é algo que havia sido ensinado para mim desde o berço, e se tem uma coisa que não preciso me preocupar na vida, é com dinheiro. Comentei com que ela poderia pedir o que quisesse, que era só dar o meu nome e ela rolou os olhos, alegando que eu a mimo demais e que o seu novo namorado faria questão de pagar suas despesas, como nos outros encontros. Levantei minhas mão em sinal de derrota, sem vontade de adicionar alguma fala a nossa conversa e caminhei para o bar, onde meu querido estava como barman.
– Feliz Ano Novo, . – ele sorriu, me entregando o meu drink favorito. – Cadê a ?
– Feliz, Joe – brindamos. –, provavelmente com o novo namorado.
– Oh, pelo menos uma de vocês vai passar a virada dando um beijo apaixonado. – ele descansou o queixo no punho, fingindo animação com o fato. “Não fode.”, o respondi enquanto virava o restante do líquido na minha boca, solicitando por mais. – Por que você não a rouba dele, ?
Ah, a pergunta de um milhão de reais foi feita! Não é como se eu nunca tivesse pensado nessa possibilidade, no entanto, não posso forçar ninguém a gostar de mim, e a última pessoa que eu gostaria de magoar seria . Foram incontáveis vezes que nos imaginei em um relacionamento, em que fugimos de seu casamento arranjado para vivermos nosso amor sem ninguém poder nos impedir – uma fantasia que só ocorre em filmes, sinceramente. nunca acreditava quando eu dizia que gostava dela, sempre falava que também gostava de mim e que eu era a sua pessoa favorita no mundo, então não tinha nenhum espaço para eu tentar “roubá-la” de algum de seus namorados.
– A ideia é tentadora, contudo, você sabe muito bem que ela não acredita nos meus sentimentos românticos, Joe. – brindamos novamente, e meu amigo suspirou, simpatizando com a situação.
– Mais uma por conta da casa, certo? – o homem empurrou duas taças na minha direção, me fazendo inclinar a cabeça pro lado, sem entender para quem era a segunda bebida. – Problemas no paraíso, ?
Eu e Joe ficamos conversando por tanto tempo que por um momento eu esqueci que estávamos em uma festa de ano novo, e achei que minha melhor amiga estava se divertindo com o namorado, todavia, ao olhar a sua feição, já tinha entendido o que houve: ele foi embora e lhe deu uma desculpa pouco elaborada.
– Obrigada, Joe – ela agradeceu e se sentou. –, basicamente Jeremy disse que ia viajar no dia seguinte e precisava ir para casa, e eu falei que ele não precisava mais mandar mensagem.
– Não é algo que me surpreenda a essa altura. – sussurrei mais para mim do que para .
– Entendo, – nosso amigo se debruçou no balcão, chegando mais perto. –, mas, não acha que os seus relacionamentos dão errado por não ser o que você realmente quer?
Quase engasguei com a bebida e tentei esconder o meu riso, virando para o lado contrário do que estávamos; não é como se eu tivesse achando graça da “desgraça” alheia, entretanto, eu cansei de falar praticamente a mesma coisa para minha amiga ao longo dos anos, e a mulher simplesmente ignorava.
– Você não está errado, Joe. – apontei com a taça para si. – Vejamos… se fosse eu, eu nunca teria te deixado aqui sozinha, grudada no seu telefone, para outra pessoa te levar para casa.
enrijeceu a postura, engolindo a seco; a encarei normalmente, não entendendo a sua reação em um todo e prossegui, despreocupada.
– Não é difícil saber o que você quer, e acho incrível como todos os seus antigos parceiros parecem não perceber o quão fácil você é de ser lida. – peguei sua mão gentilmente, a levando para uma parte mais privada. – Se veio até a mim em busca de algum conselho, pode dar meia volta, já que só tenho um a oferecer.
Mesmo que pareça que estou sendo grossa, a minha voz saiu na tonalidade de sempre, mostrando que esse era um assunto que eu não queria conversar por muito tempo. Não me importava de escutá–la falando sobre suas desilusões, mas, tudo tem um limite, e hoje é um dia que eu não queria que passássemos pensando em outras pessoas.
– E qual é?
– Hum?
– O conselho. – ela se aproximou, descansando a cabeça no meu ombro. – Qual é?
– Você quer mesmo saber? – brinquei com seu cabelo, pondo meus lábios a poucos centímetros de sua orelha. – Você deveria ir embora comigo hoje.
me encarou, seu rosto estava perto o suficiente para eu sentir a sua respiração; tirei uma mecha de seu rosto, fazendo um carinho em sua bochecha que foi bem recebido.
– Eu te amo, , e sempre amei. – respirei fundo, encostando as costas na parede. – Sempre que me perguntam quem é a pessoa mais especial para mim, eu não hesito em dizer o seu nome e sobrenome, de modo que sai tão naturalmente da minha boca. Não sei se você é muito devagar ou se não queria acreditar, porém, todas as minhas declarações por você eram verdadeiras. E está tudo bem em não corresponder, só queria que soubesse que a única pessoa que eu sou cem porcento comprometida e séria sobre é você. – a olhei fixamente, sorrindo fraco. – E é frustrante em ver como eu poderia ser um cavalheiro melhor do que eles, e não ter como fazer muita coisa.
O silêncio caiu em nossos colos, e nenhuma ousou em cortá–lo. Sentei na beirada da cama que tinha em um dos quartos da boate, na área VIP do local. Mesmo de longe, dava para ouvir as vozes eufóricas da preparação para a contagem de virada do ano, e eu massageei meu pescoço, ponderando se conseguiríamos assistir a tempo ao sairmos do quarto.
– Além de ser devagar, eu não quis acreditar nos seus sentimentos. – parou na minha frente, se encaixando entre as minhas pernas. – Você é a minha melhor amiga, e a pessoa que eu não quero perder, então achei que seria melhor não nos envolvermos. Mas, do que adianta eu continuar mentindo para mim mesma quando na verdade eu queria poder te beijar que nem naquela vez no meu aniversário de dezesseis?
A encarei boquiaberta com a sua sinceridade, sem fazer a mínima ideia de que os meus sentimentos também eram correspondidos.
– Você manteve isso guardado por sete anos, … – segurei sua cintura, apertando levemente. – Eu ia falar que você poderia ter me usado como quisesse, no entanto, sei que minha melhor amiga não teria coragem de me dar falsas esperanças sem ter certeza do que quer fazer. O que eu faço com você, ?
– O que você quiser, honey. – ela sorriu, deslizando seus dedos pelo meu pescoço.
– Mas antes… – fiquei de pé, a puxando para mim; encostei meus lábios no seu ombro nu, beijando toda a pele até chegar ao seu pescoço. – Baby, eu quero escutar os seus sentimentos por mim, e quero que saiba que eu não vou desistir de você, mesmo que eu tenha que te roubar dele.
– Honey? – ela segurou meu rosto em suas mãos. – Você é o amor da minha vida, como acha que ele pode competir com isso? Por quanto tempo me fará esperar pra sentir o gosto da tua boca novamente? Mais sete anos? – gargalhou.
– E a culpa é minha?
A contagem regressiva chegou ao zero, e mais uma vez, o ano virou, trazendo com ele o inesperado. Os gritos de felicitações não passavam de um leve ruído ao ter minha atenção toda voltada a minha melhor amiga, que me beijava com toda a urgência acumulada por sete anos. Diferente de sua língua, suas mãos exploravam o meu corpo calmamente, enquanto eu me deliciava igualmente do seu.
– Eu acho que o universo deve ter adivinhado e dado um empurrãozinho hoje, não é?
– Quem sabe? – sorri. – Mas… poderia ter feito isso antes.
– É, concordo… – encostou as nossas testas, suspirando. – Você sabe que sempre será um melhor namorado que eles, certo? Já que, nesse exato momento, eu gostaria de saber se minha melhor amiga aceita ser a minha namorada?
– Ainda bem que você reconhecesse, – ela me deu um tapa fraco no braço e riu. – E, para a sua pergunta: sim, eu aceito ser seu namorado, sua namora, sua amante, o que você quiser que eu seja. Feliz Ano Novo, baby.
– Feliz Ano Novo, honey.
Fim
N/A: Espero que gostem da songfic! Ela acabou saindo mais fofinha do que eu imaginava, mas, faz parte HAHAHAHA
Beijos e boas festas <3
AI QUE LINDAAAAA *0*
Tava ansiosíssima por essa songfic, fiquei super feliz quando vi que tu quem escreveu ♡
Tá uma fofurinha, ameeeeei
Fe!
Que bom te ver por aqui, e fico muito feliz que tenha gostado! <3