Bloodlines
I
— Estou com fome… — o menino pálido de cabelos escuros e olhos claros reclamou sentando no acostamento da estrada em que se encontravam.
— Vamos Jesse, estamos quase chegando — a garota tão pálida quanto o menino respondeu estendendo a mão para que o garoto pudesse se levantar.
— Eu quero parar — reclamou novamente.
— Sabe que isso não funciona comigo, Jesse, não manda em mim com esse seu dom. Agora levante ou não chegaremos nunca.
— Mas … — Jesse choramingou, mas cedeu e se levantou recebendo um cafuné da garota logo em seguida.
Jesse Turner era um Cambion, ou mais popularmente conhecido como anticristo. Metade humano, metade demônio tinha o poder de destruir qualquer coisa com palavras, literalmente. havia encontrado o garoto numa praia na Austrália havia um ano. O garoto estava bastante perdido, e com toda a certeza não fazia parte daquele lugar, não com uma blusa de frio em plena praia ensolarada. Fora uma amizade imediata, afinal, os dois tinham algo em comum…
— Por que não podemos parar para comer alguma coisa, ? — Jesse questionou enquanto caminhava pendurado no braço da garota.
— Não podemos arriscar, Jesse, você não será capaz de nos manter escondidos por muito tempo e então tudo estará acabado, ao menos pra mim — respondeu sem parar de caminhar.
— Acha que eles estão perto? — o menino perguntou observando o rosto e a expressão de sua nova amiga.
— Sim, bastante perto. — Ela sorriu ao dizer isso. — Bem perto.
II
O Impala preto corria na estrada vazia e desértica do Arizona, um verdadeiro caos estava se instalando por perto, consequência da futura guerra entre céu, inferno e Terra. Dean discutia com Sam sobre informações e os acontecidos nos arredores, não estava exatamente distraído, mas não viu quando uma garota pálida literalmente surgiu na frente de seu carro, a freada foi brusca, o que fez com que vários objetos soltos no veículo voassem para a frente.
— WOW! — Dean exclamou com sua melhor expressão de surpresa no rosto.
Ele e o irmão estavam estáticos pelo susto e encaravam a garota que estava parada a centímetros da frente do carro. Ela sorriu para eles e acenou.
Dean acenou de volta, o que lhe custou um tapa doído de Sam.
Os dois irmãos saíram do carro, obviamente sem esquecer da munição.
— Olha moça, acho que o meio da estrada não é o lugar mais inteligente para se ficar parada… — Dean murmurou com seu melhor rosto simpático.
— Ah, por favor, me chamem de ! É um prazer e enorme alívio finalmente conhecer os irmãos Winchester. — sorriu largamente.
Sam e Dean se entreolharam ao ouvirem o sobrenome, sacaram as armas e miraram na garota que revirou os olhos.
— Deus, vocês são bastante desconfiados! — ela murmurou cruzando os braços.
— Quem é você e o que quer? — Sam perguntou sem baixar a arma.
— — respondeu simplesmente.
— O que quer?
— Estou aqui com um amigo e velho conhecido de vocês… Certo, velho não, mas… Ah, onde ele se meteu? — vasculhou ao seu redor com o olhar não encontrando nada a não ser o deserto árido da estrada. — Droga — resmungou. — JESSE, APAREÇA! — gritou, e num instante um garoto pálido surgiu ao seu lado mastigando um hambúrguer.
— Jesse? Jesse Turner? — Dean e Sam exclamaram ao mesmo tempo se entreolhando.
III
— Oi, pessoal. — O garoto sorriu acenando.
— Mas o quê… — Dean começou a falar, mas foi cortado e ignorado.
— Onde você se meteu, Jesse? — ralhou com o garoto que encolheu os ombros.
— Eu estava com fome, fui comprar algo para comer… — Jesse fez sua melhor expressão de cão sem dono, o que fez revirar os olhos.
— Pessoal…
— Não podia ao menos ter avisado antes de sumir? — reclamou indignada.
— Eu disse para você que estava com fome, .
— Mas o…
— Calem a boca por um minuto! — a única garota no lugar falou e o garotinho a sua frente e os dois rapazes ao seu lado ficaram mudos de imediato. — Eu não quero que suma desse jeito de novo, Jesse, é perigoso — disse ela por fim. — Estamos entendidos? — perguntou e o garoto acenou positivamente com a cabeça. — Ótimo. — sorriu. — Hum, o que você queria dizer mesmo, Dean?
— Alguém pode me explicar o que diabos está acontecendo aqui?! — o rapaz exclamou encarando a garota e o menino que havia conhecido há pouco mais de um ano.
Jesse olhou para que deu de ombros.
— Resolvi fazer a minha escolha, quero ajudar vocês, e eu queremos — o menino respondeu timidamente.
Dean e Sam se entreolharam curiosamente e ficaram em silêncio encarando as duas figuras a sua frente.
— Ah, qual é, rapazes, sabemos muito bem que tem uma guerra prestes a estourar aqui na Terra, então será que poderiam ser rápidos e dizer sim ou não para nós? — a garota murmurou impaciente.
— Ahn… — Sam deixou escapar… — Claro que aceitamos a ajuda de vocês… Não é, Dean? — disse olhando para o irmão.
— Claro, ajuda de estranhos é sempre bem-vinda! — Dean disse ironicamente.
— Escuta, , você é como Jesse? — Sam ignorou o irmão.
A garota abriu a boca para responder, mas alguém respondeu em seu lugar.
— Não, ela é um Néfilin.
IV
— Néfilin? Achei que estavam extintos — Sam murmurou.
— O quê? — foi tudo o que Dean conseguiu murmurar incrédulo.
— Néfilins, Dean. Filhos de anjos com humanas que… — Sam começou a explicar.
— Eu sei o que é um néfilin, Sammy. Mas essas criaturas não deveriam ser masculinas, ou sei lá o quê?
— Na maioria das vezes, sim — Castiel respondeu à questão dessa vez. — Mas temos algumas raras exceções como podem ver. — O anjo inclinou a cabeça sutilmente na direção de que encarava a cena dos três conversando com curiosidade.
— Ah, que maravilha! O filho de um demônio e a filha de um anjo no mesmo lugar e de mãos dadas… O mundo tá mesmo pra acabar, não tá? — Dean exclamou num tom entre irônico e desesperado enquanto encarava a mão de segurando a de Jesse.
Casa de Bobby Singer, algumas horas mais tarde…
— Escutem, rapazes, não sei se podemos confiar nesses dois — Bobby murmurou discretamente, sabendo que “os dois” mencionados estavam no andar de cima de sua casa. — Ambos são causadores do caos por natureza e…
— Bobby, Jesse é só uma criança, mas fez a escolha certa ao vir até nós, sabe disso. Se Lúcifer o tivesse em mãos… — Sam fez careta só de imaginar a situação.
— Talvez o menino, mas a garota…? — O homem ainda tinha suas dúvidas. — Sabe que as lendas sobre néfilins não trazem boas notícias, são criaturas ruins, rapazes, e… — Bobby parou de falar ao perceber a presença de Jesse ao pé da escada.
— não é ruim — foi tudo o que o garoto disse encarando os três presentes na sala com o olhar sério.
— Não foi isso que…
— Foi ela quem cuidou de mim, ela me convenceu a vir até aqui. Me disse que era a coisa certa.
— Do que tá falando, Jesse? — Sam chegou mais perto do garoto que permanecia sério.
— Ele achava que não tinha escolha, achava que tinha que ser como a criatura que lhe deu origem. — apareceu na escada também, fazendo todos se surpreenderem com sua presença.
— Mas me mostrou que não. — Jesse completou.
O garoto caminhou até perto de uma cadeira e se sentou ali, esperando que os três homens lhe permitissem contar sua história, o que claro, não demorou muito.
— Depois de tudo que descobri há um ano sobre mim, eu achei que não tinha opção a não ser virar o monstro que todos esperavam, então decidi deixar papai e mamãe, ficar longe deles para não lhes fazer mal e fui para a Austrália, onde encontrei . — O menino olhou na direção da garota e sorriu, recebendo um sorriso igual em resposta. — Ela virou minha amiga quase que instantaneamente, sabíamos que tínhamos algo em comum e que tínhamos que ficar juntos.
— Algo em comum? — Dean interrompeu a narração do pequenino, que revirou os olhos como se fosse óbvio.
— Somos criaturas de origem ruim — Jesse murmurou receoso. — Eu sou filho de um demônio, o que já é ruim o bastante…
— E eu, filha de um anjo, o que é pior — murmurou fazendo careta. — Ao menos é o que a maioria pensa.
— Pior? — Sam perguntou erguendo a sobrancelha.
— Claro, Sam, um néfilin significa que um anjo caiu, pecou — Bobby murmurou vendo fazer outra careta.
V
Dean e Sam perceberam a expressão de , que se encolheu sentando-se num dos degraus da escada.
Seriam capazes de questionar a careta, mas foram parados pela voz de Jesse.
— Me disseram que néfilins são criaturas ruins, descontroladas, mas aqui está , boa e sob controle. Então percebi que eu também tinha uma chance… — Jesse se animou ao dizer a última parte. — Ela disse que a escolha é completamente nossa se queremos tomar um caminho ou outro. Ela me mostrou que não preciso ser algo só porque todo mundo acha que sou ou devo ser, eu tenho que ser aquilo que quero. — A cada palavra o garoto parecia mais empolgado.
#flash#
— Eles disseram que sou metade humano, metade demônio. Isso faz de mim uma pessoa má — Jesse choramingava encolhido na cama.
— Jesse, pequeno, só porque dizem que somos algo, não quer dizer que precisemos ser. Disseram que eu, como néfilin, só tinha um caminho a tomar, o caminho de todos os outros néfilins que já haviam existido, o caminho para o inferno. Mas sabe, por quê? — sentou-se ao lado do menino que a olhava. — Eu decidi fazer meu próprio caminho, nem que tivesse que construir cada centímetro dele, não trilharia a mesma estrada dos meus antepassados.
— Eles querem que eu escolha, . Todos os lados querem que eu escolha…
— E o que diz seu coração, pequeno? A quem seria certo escolher?
O menino pensou um pouco ficando com seu olhar distante.
— Os irmãos — respondeu por fim.
deu um sorriso largo ao menino e lhe bagunçou os cabelos.
— Essa é a escolha que eu faria. — Sorriu. — E quer saber? Deveria procurar por eles, porque você tem a chance de fazer a diferença lá, e mais, tem a chance de trilhar um caminho diferente, o seu caminho.
#flash#
O menino contou toda sua história com e estava se deliciando com a atenção que estava recebendo. Há algum tempo não falava com alguém a não ser . Ele estava prestes a contar outra de suas aventuras, quando do lado de fora da casa de Bobby se ouviu um enorme estrondo.
Sam e Dean se aproximaram da janela para espiar.
— Parece que vai ter uma festinha de demônios aqui, Bobby — Dean murmurou pegando seu material de caça, mas logo parou no meio da ação ao perceber Jesse e andando em direção à porta.
— Não são demônios, Dean, são meus irmãos — disse sorrindo.
— E onde vocês dois pensam que vão? — Bobby questionou.
— Fazer a diferença… — Começou Jesse.
— E começar a construir nosso próprio caminho. — Completou antes de sair à luta ao lado de seu jovem amigo: O anticristo e a Néfilin, juntos no caminho escolhido por ambos, no meio do fim do mundo…
adorei!
Comentário originalmente postado em 09 de Janeiro de 2018
Hahaha Dean sendo Dean
Não é pra menos kkkkkry
Aii adoro o Jesse hahaha me julguem
É isso aí, Dean, é o diabo. Ou melhor, o filho dele
Aii amo esse homem 🤣🤣🤣
MELHOR COMBINAÇÃO
Isso aí, Jess, defende ela
🥹🩷
Comentário geral agora….
Ok, dona Lelen, cadê a continuação dessa parte??? Não dá pra terminar a história assim. Enfiou o Jesse e Arabella (maravilhosa) no role Winchester e não diz fomo termina? MAS NAAAO, volte aquii com a continuação hehehehe pelamor.
Amo sempre uma história com néfilins, sempre as melhores. Aind amais quando tem o Dean envolvido (crush eterno).
🩷