Black & Diggory
Prólogo
O garoto de cabelos castanhos curtos corria por toda a estação de King’s Cross empurrando seu carrinho com o malão e a coruja parda, desculpando-se em voz alta sempre que acabava por esbarrar em alguém. Vez ou outra escutava os pais chamarem seu nome, mas apenas acenava com a mão para que pudessem vê-lo por entre a multidão, enquanto continuava a ir o mais rápido que podia; mal tinha dormido na noite anterior, ansioso com a viagem à Hogwarts. Nem conseguia acreditar que finalmente tinha chegado sua hora de ir para à Escola!
Parou de frente a parede com as grandes placas de 9 e 10 e então esperou os pais, que apareceram poucos segundos depois, rindo com o desespero do mais novo;
— Olha quem finalmente resolveu lembrar que precisa dos pais? — Ouviu a voz de Amos, o qual o encarou por um segundo, fingindo estar bravo com sua atitude.
— Desculpa, papai, mas vocês estavam muito devagar, eu vou me atrasar! — Disse apressado, apontando para a passagem atrás de si, a coruja piou abrindo as asas, incomodada com o barulho a sua volta.
— Não estamos atrasados, querido, você ainda tem dez minutos! — Sua mãe sorriu, passando a mão pelos cabelos curtos do mais novo, o qual concordou frustrado: Dez longos minutos até poder embarcar e finalmente começar a viver seus anos na Escola; imaginava tudo o que poderia aprender nos próximos meses, nos amigos que faria e nos jogos de Quadribol que poderia assistir.
— Vamos, eu quero ver como é do outro lado! — Pediu juntando as mãos.
Distanciou-se por um instante do portal ao ver outra família de quatro pessoas aproximando-se, uma adolescente de cabelos coloridos conversava animada com a irmã mais nova, a qual estava sentada em cima do malão, segurando a gaiola da coruja;
— … Mas eu também quero ir, Dora! Tá demorando muito! — Disse chateada, bufando.
— Dumbledore expulsaria nós duas se eu te escondesse no meu malão — a mais velha respondeu antes de atravessarem o portal. O casal passou pouco depois, ainda rindo da conversa das filhas.
— Você só precisa se concentrar, Ced — Amos falou, atraindo novamente a atenção do filho —, pode correr em direção a parede se estiver nervoso ou eu posso ir com você, se preferir…?
O garoto pensou por um segundo, negando pouco depois, querendo fazer aquilo sozinho.
Respirou fundo e então encarou a parede de tijolos vermelhos a sua frente, empurrando o carrinho em direção a mesma, fechou os olhos nos últimos passos, com medo de não conseguir.
Assim que tornou a abrir os olhos acinzentados, viu-se do outro lado e o sorriso em seu rosto aumentou; Alunos tão novos quanto ele e outros adolescentes juntos aos familiares, conversando em voz alta, fazendo novas amizades ou revendo os amigos após os meses de férias. Olhou o grande trem vermelho parado, alguns alunos já embarcando com seus malões e corujas.
— Não achei que estivesse tão empolgado para nos deixar sozinhos… — Ouviu a voz calma da mãe e virou-se para ela, a mulher de cabelos castanhos e olhos da mesma cor do filho parecia triste, prestes a chorar a qualquer segundo.
— É claro que não, mamãe, eu só quero estudar, mas não quero te deixar — ele sorriu aproximando-se e abraçando a mulher.
Rachel sorriu pequeno, era difícil separar-se do filho, ele ainda parecia tão novo para ficar tanto tempo fora de casa, mas seu garotinho estava crescendo.
— Ora, não precisamos chorar não é mesmo? Nos vemos logo, Ced! E nos mande corujas sempre que puder, ok? Queremos saber de tudo! — Amos pediu, colocando a mão sobre o ombro do filho.
Cedrico separou-se da mãe para abraçar o homem:
— Vou escrever todo dia! — Prometeu sorrindo.
— Não precisa ser todo dia querido, mas pelo menos duas ou três vezes por semana… Pelo menos no primeiro mês — a mãe pediu, acariciando a bochecha do menino, que concordou com a cabeça.
— Comporte-se bem, Ced! Tente não arrumar confusão e seja educado com todos. Estude bastante e aprenda o máximo possível — recomendou o pai. — E divirta-se bastante com seus novos amigos!
O garoto tornou a concordar, o sorriso grande ainda presente em seu rosto, até escutarem o apito do trem com o último aviso para o embarque. Cedrico abraçou os pais mais uma vez antes de pegar suas coisas, virou-se acenando para os dois antes de subir os poucos degraus e procurar um vagão para si mesmo.
Sentiu o peito apertar em um misto de emoções: Ansiedade e nervosismo por poder finalmente começar os estudos, e também a saudade que já sentia dos pais e de casa, afinal só voltaria para Ottery St. Catchpole no feriado de Natal.
●●●
Cedrico sentou-se no banco de três pernas assim que seu nome foi chamado, todo o Salão permaneceu em silêncio por alguns instantes esperando a resposta do Chapéu Seletor.
Sentia uma ligeira aflição passar em seu corpo, e se por acaso não fosse escolhido para nenhuma Casa? E se ele não fosse bom o bastante para Hogwarts? Seu coração estava acelerado, seu sonho sempre tinha sido ir para a Escola, se o mandassem de volta para casa ele não saberia o que fazer, não queria desapontar seus pais daquela forma.
”Você é bom o bastante para estar aqui, garoto, e eu já sei exatamente para qual Casa te mandar. Você tem tudo o que prezamos em Hogwarts! Não se deixe pensar o contrário.”
Ouviu uma voz falar em sua cabeça e no segundo seguinte escutou o grito do Chapéu;
— LUFA-LUFA!
Cedrico respirou fundo, sentindo-se extremamente aliviado antes de abrir os olhos e ver os estudantes da sua nova Casa aplaudindo-o em pé.
— Bem-vindo!
— Seja bem-vindo!
— O pessoal acha que todo lufano é bobo, gostamos de provar o contrário. Seja bem-vindo, Diggory!
— Nunca deixe ninguém implicar com você por ser da Lufa-Lufa, somos tão bons quanto todos, mas muito mais leais e honestos do que a maioria.
— Não é fácil corromper um lufano!
— Você deveria se preocupar se fosse para a Sonserina, isso sim é terror!
— Sou o Frei Gorducho, fantasma da Lufa-Lufa, seja bem-vindo!
UM
1991
Diggory cumprimentou com a cabeça alguns colegas que passaram por ele, enquanto esperava o horário do embarque para iniciar seu terceiro ano letivo em Hogwarts, quando ouviu a voz animada de seu pai chamar alguém, acenando com mão;
— Ninfadora! Como vai?
Cedrico virou-se em tempo de ver uma mulher de cabelos rosa aproximar-se sorridente, franziu o cenho por um instante ao reconhecê-la de seu primeiro ano na Escola; Ninfadora Tonks também pertencia a Lufa-Lufa e havia se formado em Hogwarts no mesmo ano em que Cedrico começou a estudar. Lembrava-se de terem se esbarrado no Salão Comunal algumas vezes durante aquele ano e ela ter sido simpática todas às vezes, dando algumas dicas para ele e outros primeiranistas.
— Amos! Sempre bom te ver! — Cumprimentou educada — Olá! — Virou-se acenando para Cedrico e Rachel, que responderam no mesmo instante sorrindo cordialmente.
— Ninfadora é Auror, entrou no Ministério não tem muito tempo – contou Amos, o filho arregalou levemente os olhos, era a primeira vez que conhecia uma Auror e sabia o quão difícil era aquela profissão.
— Bem, ainda não estou totalmente efetivada, falta um ano para terminar meu treinamento! — Explicou, embora parecesse confiante — Mas, por favor, me chamem de Tonks ou Dora, vocês não fazem ideia do quanto odeio esse nome. Não sei o que meus pais tinham na cabeça, honestamente! – A mulher fez uma careta engraçada, e seus cabelos mudaram de cor para um rosa desbotado. Cedrico sentiu-se solidário ao problema, pois ele mesmo detestava seu nome e qualquer apelido vindo dele, embora não tivesse nada que pudesse fazer a respeito.
— É um nome bonito, querida. – Rachel disse e Tonks agradeceu, mesmo não concordando.
— Bem, nos vemos no Ministério, Amos, tenho que ajudar a encontrar uma cabine antes que essa menina se perca. Por falar nisso, não consigo encontrá-la! – Olhou em volta, esticando-se e ficando nas pontas dos pés para enxergar por entre a multidão aglomerada, os Diggory olharam ao redor, tentando encontrar a garota que ela mencionou, na cabeça de Cedrico a menina teria cabelos coloridos como de Ninfadora. — Ela sempre some, só tirei os olhos dela por dois minutos e… Ahá! Achei! — Sorriu novamente, Cedrico riu ao reparar que os cabelos dela, aos poucos, voltavam ao rosa chamativo de antes.
— Seus pais não vieram? — Perguntou o mais velho, enquanto acompanhava o olhar da mulher, assim como a esposa e o filho, vendo duas garotinhas mais à frente, uma loira de cabelos compridos presos em um rabo-de-cavalo, e outra garota de cabelos castanhos volumosos, a qual parecia mostrar-lhe um livro.
— Papai passou mal noite passada, então tiveram que ir ao St. Mungus. Eu disse que podia embarcar a criança, mas minha mãe não pareceu muito feliz com a ideia… — Deu de ombros. — De qualquer forma, até mais! – Acenou despedindo-se sorridente antes de afastar-se em direção as garotas – Tonks, se você der mais um passo para longe do meu campo de visão, você volta comigo para casa!
Cedrico viu a menina loira virar-se assustada para a mais velha, despedindo-se rapidamente da outra garota, aproximando-se de Tonks;
— Por Merlin, Ninfadora, você parece sua mãe! — A menina cruzou os braços com a sobrancelha arqueada, rindo em seguida.
— Imitei igualzinho, não foi? — Ela riu abraçando-a de lado — Me chame de Ninfadora novamente e eu juro que vou te azarar antes de ir pra Escola!
Diggory riu baixo antes de voltar à atenção para seus pais, pouco depois pode ouvir o apito anunciando que o trem partiria. Abraçou o casal e logo embarcou, não demorando para encontrar os amigos que já ocupavam um vagão mais para o meio do trem.
O loiro sentou-se ao lado da janela, acompanhando com o olhar os últimos alunos embarcando e despedindo-se dos familiares, quando reparou nos cabelos coloridos de Ninfadora à poucos passos de seu vagão;
—… E você tem certeza absoluta que não esqueceu nenhum livro? — Perguntava para a garotinha, a qual suspirou parecendo entediada.
— Caramba, você já checou meu malão duas vezes antes de sairmos de casa e me perguntou mais umas três desde que chegamos. Você está mais nervosa do que eu!
— Eu só não quero minha mãe brigando comigo e me chamando de irresponsável se descobrir que você esqueceu alguma coisa. Você vai para Hogwarts, eu vou ficar em casa ouvindo sermão por dias!
— Olha, se eu descobrir que esqueci alguma coisa te mando uma coruja, ok? Ninguém vai saber, será nosso segredinho! – Piscou para a mais velha, a qual riu concordando com um aceno.
— Ok, ok. Bem, não se esqueça de ser uma pessoa legal, faça amizades com pessoas legais e não arranje muita confusão. Tente não ser expulsa nas primeiras semanas. E nunca se atrase para as aulas da McGonagall. Lembre do que eu disse sobre o Snape, sempre faça as lições de casa, ele é chato com todos, então cuidado com ele! E vê se vai para a Lufa-Lufa!
— Ah, não! — Negou com a cabeça, cruzando os braços, Cedrico arqueou a sobrancelha ao ver isso — Quero ir pra uma Casa legal…
— Pois fique sabendo que só as melhores pessoas vão para a Lufa-Lufa, ok? É uma honra!
A menina riu, concordando;
— Qualquer coisa vai ser melhor que a Sonserina mesmo…
— Pelo menos se você entrar na Sonserina o Snape têm mais chances de ser legal com você, já que ele é o Diretor.
— Por Merlin, prefiro a Lufa-Lufa!
Tonks rolou os olhos, balançando a cabeça;
— Tanto faz, pensa nisso depois da Seleção!
— Uhum, fácil pra você né? Passou impune! — Virou o rosto olhando para o maquinista que gritava com os últimos alunos.
— Que seja, me mande uma coruja amanhã me contando como foi o primeiro dia e se você for para Sonserina quero detalhes sobre o drama para o Dumbledore te mudar de Casa, ok? Nos vemos no Natal, , sentirei sua falta! – Abraçou-a apertado, a menina demorou alguns segundos para corresponder, ainda considerando suas opções em Hogwarts.
— Não seja tão dramática, eu sei que sou muito legal, mas não morra de saudades! — Riu para a mais velha, vendo os cabelos começar a mudar de cor para um azul claro. — Mas também vou sentir sua falta. Nos vemos daqui alguns meses, Ninfadorazinha do meu coração!
Tonks afastou-se com olhando-a séria;
— Me chame de Ninfadora mais uma vez e a Sonserina será o menor dos seus problemas!
Diggory riu tornando a olhar para frente quando escutou Emmett chamando-o para começar uma partida de Snap Explosivo.
●●●
Os alunos mais velhos já estavam sentados esperando pela Seleção antes do novo ano letivo ser oficialmente iniciado, e junto a ele o jantar de boas-vindas. Conversavam empolgados uns com os outros contando sobre as férias e as novidades das últimas semanas, até as grandes portas do Salão Principal se abrirem e a professora Minerva McGonagall aparecer, sendo seguida pelo grupo de mais ou menos vinte alunos que estariam iniciando o primeiro ano.
Cedrico, assim como os colegas próximos, sorriram para o grupo quando estes passavam por eles, já que estavam sentados na mesa próxima ao corredor central do Salão.
O grupo estava enfileirado em frente à mesa dos professores e, aos poucos, a vice-diretora chamava os nomes para serem sorteados para suas novas Casas, tão logo os alunos eram escolhidos, uma salva de palmas começava a vir das mesas correspondentes. Lufa-Lufa já tinha recebido quatro novos integrantes quando um nome bastante conhecido por todos foi chamado;
— Potter, Harry!
O burburinho começou no mesmo instante que o garoto magrelo e franzino deu os passos que faltavam até o banco de três pernas, Cedrico esticou-se em seu lugar para olhá-lo; viu o menino de cabelos bagunçados e óculos redondos ser sorteado para a Grifinória, não podendo deixar de aplaudir quando o garoto sorriu, correndo para seu lugar entre os gêmeos Weasley.
Os alunos restantes foram chamados, embora recebessem menos atenção, todos ainda queriam dar uma espiada no famoso Harry Potter, inclusive Diggory, até que um dos últimos nomes fez com que o lufano tornasse a olhar para frente;
— Tonks, ! — Gritou Minerva, e naquele instante Cedrico viu a loira sentar-se ao lado de McGonagall. Demorou um pouco para o Chapéu decidir-se e Diggory pode vê-la balançando a perna nervosamente, os olhos fechados com força parecendo murmurar alguma coisa.
— GRIFINÓRIA!
Tonks correu sorridente, parecendo incrivelmente aliviada ao procurar um lugar na mesa ao lado, e Cedrico sorriu aplaudindo levemente junto aos colegas da Grifinória. Ainda a viu cumprimentar Harry Potter antes de voltar sua atenção para a própria mesa e para os amigos quando o jantar foi servido.
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O lufano respirou fundo antes de subir na sua vassoura e iniciar o teste, sentiu o vento gelado bater em seu rosto conforme ganhava altura. Era uma vista bonita dali de cima, podia ver boa parte do terreno coberto pelas folhas caídas, tinha uma visão geral do Campo de Quadribol e das arquibancadas, as quais tinham poucos alunos assistindo à seleção de novos jogadores.
Cedrico começava a arrepender-se de ter comido tanto no café-da-manhã, sentia os ovos e o bacon embrulharem seu estômago e uma vontade de vomitar começar a atingir-lhe.
Respirou fundo, voltando a prestar atenção no teste;
Seria bem simples visto que só tinha uma vaga para Apanhador e uma para Artilheiro e apenas dois alunos interessados em cada vaga; o time da Lufa-Lufa não era o mais forte da Escola, nem o mais popular, muito pelo contrário, era sempre o motivo de piadas entre as outras Casas.
Para ser algo justo, ganhava a vaga para o time quem pegasse o Pomo-de-Ouro primeiro.
Cedrico desejou boa sorte para o garoto do quinto ano com quem disputava, mas o colega parecia concentrado demais para responder-lhe. Quando o Pomo foi solto pelo Capitão do time, Cedrico tentou manter o contato visual, mas quando pode ir atrás da bolinha, pouco mais de um minuto depois de ter sido solta, já não fazia ideia de onde ela poderia estar.
O céu claro e o sol da manhã atrapalhavam sua visão, então o garoto apenas sobrevoou o gramado olhando com cuidado para os lados e mantendo o outro colega em seu campo de visão, enquanto o resto do time fazia um treino básico para a escolha de mais um Artilheiro, o qual Diggory torcia para que fosse seu melhor amigo, o qual também fazia o teste.
Viu o quintanista rodar do outro lado do campo, próximo as balizas, parecendo até entediado pela demora para capturar o pomo. Cedrico continuou voando com calma, olhando para os lados, já faziam vários minutos que estavam naquilo e Diggory reparou que estava tomando muito tempo do que pensava quando viu vários alunos deixando o Castelo para aproveitar um pouco mais o sol antes do inverno chegar.
Depois do que pareceram horas infinitas, e poderia ter sido já que Monty já havia sido escolhido, Cedrico viu um brilho dourado na arquibancada, próximo a duas garotas que estavam entretidas conversando. Diggory voou na direção delas, os olhos cinzentos fixos no brilho dourado. Ao aproximar-se com velocidade percebeu que as meninas da Grifinória o olharam assustadas;
— O Pomo está lá! — Ouviu uma delas gritar, reparando que o brilho que visualizou anteriormente era apenas o reflexo do relógio que a mesma usava.
Reconheceu a irmã mais nova de Ninfadora e sorriu para ela, só então notando que ela gritava para ele apontando para um ponto às suas costas. Cedrico olhou por sobre o ombro, sentindo o medo dominar-lhe quando notou o outro garoto voando rapidamente para cima e, apenas alguns metros à frente, o brilho dourado do Pomo.
Pedia desesperadamente para sua vassoura voar mais rápido, precisava chegar na bola antes do outro ou estaria fora do time, e não tinha nada que ele queria mais do que fazer parte do time de Quadribol da Lufa-Lufa, independente de quão ruim eles fossem.
Por sorte, o Pomo-de-Ouro desviou sua rota, voando para o lado o qual Cedrico estava e então voou para baixo. Diggory respirou aliviado ao notar que havia ganho vantagem e, não demorou muito, sua mão esquerda fechou-se em torno da pequena bola dourada, fazendo um sorriso enorme aparecer em seu rosto ao levantar o braço direito, sinalizando a captura do Pomo.
●●●
saia do Salão Principal junto a Harry, ambos resmungando sobre os pontos perdidos na aula de Poções, os quais pareciam extremamente injustos. Logo viu um grupo de lufanos aproximar-se rindo enquanto um dos garotos estava todo molhado, por qualquer motivo que fosse, reconheceu-o pouco depois do treino de Quadribol que havia assistido no final de semana anterior, embora não soubesse seu nome sabia que o moreno tinha entrado como Artilheiro da casa, e o loiro ao seu lado era o novo Apanhador.
— Ei! — O rapaz sorriu acenando com a mão para ela quando seus olhares se encontraram.
franziu o cenho, olhando de canto para Harry; talvez o loiro estivesse cumprimentando Potter, o que não seria uma novidade. O lufano afastou-se dos amigos que entravam no Salão para almoçar, aproximando-se dos dois, ainda sorrindo;
— Olá! — Cumprimentou e então virou-se para ela — , não é?
A loira concordou com a cabeça, ainda parecendo confusa por ele conhecê-la.
— Te reconheci por causa da sua irmã! – Avisou, vendo-a parecer ainda mais confusa. – Hm… Ninfadora?
— Ah… Ela é minha prima!
— Oh, desculpe! De qualquer jeito, só quis agradecer, se você não tivesse me avisado em tempo eu provavelmente teria perdido o Pomo e não estaria no time agora… — Deu de ombros, vendo-a negar com a cabeça, abanando a mão.
— Sem problemas. Parabéns pela vaga, você voou bem!
— Obrigado! — Falou orgulhoso, aumentando o sorriso.
Harry olhava de um para o outro com a sobrancelha arqueada.
— É uma pena que seu time seja ruim, né? — brincou, desculpando-se em seguida pelo comentário. Diggory deu de ombros, sorrindo de lado;
— Quem sabe não ajudo a melhorar um pouco para variar? — Piscou para ela, logo ouvindo os amigos o chamarem. — Bem, nos vemos por aí, até mais! — Despediu-se dos dois, os quais apenas acenaram de volta vendo-o se afastar.
— Achei que você não gostava de ninguém que não fosse da Grifinória?! — Harry indagou rindo quando voltaram a caminhar em direção aos jardins.
— Eu só não falo com a Sonserina! — Avisou, dando de ombros em seguida — E não o conheço de verdade, só sei que ele entrou no time da Lufa-Lufa como Apanhador — respondeu, antes de mudarem de assunto enquanto caminhavam para o jardim, encontrando Rony e Hermione sentados próximos ao Lago Negro esperando por eles.
DOIS
1992
Cedrico tinha acabado de sentar-se à mesa da Lufa-Lufa no Salão Principal para tomar café, já carregando seus livros para a primeira aula do dia, quando notou que as vozes altas e estridentes, silenciaram-se de imediato. Olhou para o lado ao notar um bom tanto de alunos levantando-se apressadamente, e tantos outros virarem-se para à entrada, cochichando entre si.
Olhou curioso para descobrir qual tinha sido o problema, logo entendendo o motivo;
Harry Potter vinha entrando junto com mais dois amigos, e ao notar os olhares o garoto deu meia volta, falando algo para os colegas antes de retirar-se, mas então segurou-o pelo braço, falando rápido e apontando para a mesa da Grifinória. O Weasley continuou andando até sua mesa, não parecendo notar o problema. Harry e ainda discutiram por alguns instantes, até a garota continuar puxando-o pelo braço para seus lugares, ainda sob o olhar atento de grande parte dos alunos. Cedrico deu um sorriso fraco quando passaram por ele, o qual foi correspondido da mesma forma por Potter.
Achava absurda a ideia de Potter ser o responsável pelos ataques que aconteciam na Escola, mas em partes entendia a aflição dos alunos. Talvez, se também fosse um Nascido-Trouxa considerasse o moreno uma ameaça, como era Sangue Puro, por se sentir mais “seguro” conseguia ver a situação toda de uma forma mais realista e as chances de um aluno do segundo ano ser responsável por magias tão avançadas.
Também achava legal a loira tentar ajudar o amigo, já havia escutado comentários dizendo que havia perdido alguns pontos por brigar com outros alunos para defendê-lo. E, é claro, se solidarizava um pouco com o garoto, não devia ser a melhor das experiências ter praticamente todo mundo se afastando ao vê-lo chegar, com medo de ser atacado. Potter estava realmente sendo observado por todos, mais até do que no ano anterior quando era “novidade”.
Diggory mastigava um pedaço de bacon quando Emmett Montgomery apareceu, o sorriso desaparecendo de seu rosto quando viu Harry Potter na mesa ao lado, próximo do local que sentaria.
— Você também? Duvido que ele tenha feito algo… — O loiro falou antes de pegar seu suco de abóbora. — Ele está no segundo ano, não aprendemos nenhum feitiço bom o bastante nessa idade… Sem contar que ele enfrentou o Quirrell ano passado, não foi?
— Pode ser — Monty concordou devagar, olhando de canto para o moreno —, mas é suspeito que ele estivesse lá, você não acha?
Diggory deu de ombros, parecia até irônico todos julgando Potter daquela forma, quando até semanas atrás todos pareciam grandes fãs do moreno.
— Mas ele não estava sozinho, quem garante que foi o Potter e não um dos outros três?
Emmett o encarou por um instante, rolando os olhos ao notar o sorriso debochado do amigo;
— Se descobrirem que ele está mesmo envolvido com isso, você me paga uma cerveja amanteigada. E não se esqueça, eu sou Nascido-Trouxa, se eu for uma das vítimas você vai se sentir culpado para o resto da vida!
O loiro encarou o rapaz por um instante, notando a expressão brincalhona de Monty.
Havia conhecido Emmett no primeiro dia que embarcou para Hogwarts, tendo os dois sentados juntos em uma das cabines do trem e, com os dois selecionados para a Lufa-Lufa, a amizade apenas cresceu nos últimos quatro anos.
Sabia que o moreno estava ansioso com os ataques acontecendo e considerar a ideia de que seu melhor amigo pudesse ser um dos alunos petrificados parecia algo irreal, pois Diggory não conseguia imaginar um dia em Hogwarts sem as piadas do lufano.
— Talvez seja bom você evitar andar sozinho esse ano — respondeu, considerando a situação. Monty sorriu largo, piscando para o loiro;
— Não se preocupe, já estou de olho em uma garota para passar o tempo fora das aulas!
●●●
O loiro, assim como todos os colegas, estava em pé na arquibancada tentando ver o que acontecia no campo; Potter havia pego o Pomo, o que foi motivo de felicitações da maioria dos alunos visto que todos detestavam a Sonserina, mas também havia sido atingido fortemente por um Balaço e agora estava caído no campo, enquanto o resto do time desmontava de suas vassouras para ver se ele estava bem. Diggory deu alguns passos à frente quando acabou sendo empurrado com força por uma garota com um cachecol da Grifinória. A menina virou rapidamente para trás, olhando em quem tinha esbarrado na corrida, desculpou-se em voz alta quando viu o lufano, logo voltando a descer as escadas, sendo seguida pelos dois amigos e mais alguns alunos.
Diggory viu quando eles chegaram até Potter, quase ao mesmo tempo em que Lockhart se aproximava para tentar ajudar. O loiro não conseguiu ver com clareza, mas pouco depois o professor apontava a própria varinha para o braço machucado de Harry e, no instante seguinte, vários gritos foram ouvidos e o professor de Defesa Contra as Artes das Trevas afastou-se rapidamente do centro do gramado. Hagrid então abriu passagem entre os alunos, para que Harry pudesse andar, seguido de perto pelos três melhores amigos.
Cedrico saiu em direção ao Castelo quase ao mesmo tempo, já que não tinha mais nada importante acontecendo, chegando quase junto com eles na entrada principal;
— Você vai ficar muito chateado se eu disser que isso é mais nojento do que o Rony vomitando lesmas? — Ouviu a voz de , próxima a ele, ao virar-se o lufo viu Potter segurando um dos braços, o qual parecia estranhamente mole e emborrachado.
Harry virou-se para a amiga fazendo careta;
— Eu falei para não deixarem ele se aproximar!
— Pelo menos você pegou o pomo antes do Malfoy! — O ruivo tentou suavizar, enquanto subiam as escadas.
— Harry está machucado e você pensando em um jogo, Rony? — A outra garota gralhou.
— UM JOGO? — Os três falaram juntos, olhando abismados para ela.
— Caramba, Hermione, não é só um jogo!
— É Quadribol!
— Contra a Sonserina! Contra o Malfoy!
— Tinha muito mais do que pontos em jogo nessa partida! — O ruivo relembrou.
— Exatamente, superamos a Sonserina pela Taça das Casas, e, além de tudo Draco caiu da vassoura! Foi de longe o melhor dia do ano até agora! — A loira comentou sorridente.
— E resolveu alguma coisa? Agora Harry vai passar a noite da enfermaria!
— Mas ganhamos da Sonserina! — Potter respondeu rindo.
Cedrico sorriu sem olhar para eles, mas todos acabaram andando pelo mesmo corredor por algum tempo, passando por um grupo da Corvinal mais ao lado, Rogério Daves entre eles acenando com a mão para o loiro, pouco depois ele sentiu alguém puxá-lo levemente pela manga da capa.
— Ei, — virou-se vendo parando ao seu lado, enquanto Harry e os outros continuavam andando mais à frente. — Desculpe pelo esbarrão mais cedo…
— Não se preocupe, não foi nada demais! — Sorriu tranquilo, piscando para a garota que concordou também sorrindo, acenando com a cabeça, antes de afastarem-se para seguirem os próprios amigos.
●●●
Ele reparou na garota sentando-se sozinha à mesa da Grifinória, parecendo triste, olhando vez ou outra para seu lado esquerdo. Diggory então percebeu que ela deveria estar sentindo falta da amiga, a qual sempre sentava ao seu lado e agora estava petrificada na Ala Hospitalar junto de todos os outros que também tinham sido atacados. Já havia pensado na possibilidade de Monty ser uma das vítimas algumas vezes durante o ano, e a simples ideia era horrível, então conseguia imaginar o que a garota sentia ao ter Granger petrificada.
Quando levantou-se para seguir para suas aulas, Cedrico passou pela mesa da Grifinória, parando por um instante antes de sentar-se ao seu lado no banco, de costas para a mesa;
— Ei! — Chamou sua atenção, vendo os olhos da garota o encararem curiosos — Sinto muito por sua amiga! — Sorriu sem graça, vendo-a concordar pesarosa.
— Obrigada… — Respondeu tornando a olhar para frente, Diggory sentiu-se bobo por ter parado ao lado dela, não eram próximos e ele nem mesmo tinha muito o que dizer;
— Daqui a pouco ela já está de volta, não é? Não devem demorar muito para terminarem as poções! — Falou, colocando uma mão em seu ombro e apertando-o gentilmente.
— Imagino que sim, só é um pouco estranho não ter a Mione me mandando estudar e parar de perder pontos pra Grifinória… — Deu de ombros, coçando o nariz em seguida.
— Tenho certeza que daqui há pouco ela voltará a fazer isso, e provavelmente vai reclamar dos pontos que você perdeu nesse meio tempo! — Piscou, vendo-a rir baixo ao concordar.
— Obrigada… — Olhou-o com a cabeça inclinada, pensativa — Reparei que até hoje não fomos formalmente apresentados…?
— Cedrico Diggory, — estendeu a mão, fazendo pose ao apertar a da loira, fazendo-a rir baixo — muito prazer!
— Tonks, igualmente!
●●●
andava em direção à sua cabine no trem, enquanto carregava dois copos de suco de abóbora e alguns sanduíches que tinha comprado quando alguém abriu uma das cabines e saiu sem olhar para frente, esbarrando nela e, por consequência, derrubando os copos que ela carregava, assim como a comida.
— Caramba! Desculpa! — Ouviu a voz do rapaz, olhando para cima encontrou os olhos cinzas do lufano. — Nossa, me desculpa, ! — Pediu novamente ao ver quem era a garota e que o suco havia caído sobre sua roupa.
— Hm, tudo bem… — Falou abaixando-se, o lufano fez o mesmo ajudando-a a pegar tudo, ainda desculpando-se pelo acontecido. — Não, tudo bem, não foi nada… Acontece…
— Eu deveria ter olhado antes de sair… Te compro outro suco, tudo bem? E desculpe pela camiseta…
— Sem problemas, já estamos quase chegando em Londres mesmo…
— Por favor?!
olhou rapidamente em direção ao vagão em que os amigos esperavam por ela, por fim concordou com a cabeça, seguindo o lufo até encontrarem a senhora vendendo guloseimas.
— Dois sucos de abóbora, por favor!
Enquanto estavam parados, lado a lado, percebeu o quão mais alto Cedrico era e, ao reparar em outra colega da Corvinal que olhava para ele dando risadinhas, percebeu o quão popular deveria ser; Talvez por jogar Quadribol, embora o time da Lufa-Lufa não fosse dos melhores, ou porque ele era bonito, além de educado. Pensando por um instante, considerou que Cedrico Diggory era, de longe, o garoto mais bonito de Hogwarts. Embora Montgomery e Daves também fossem bonitos, o lufano parecia ainda mais do que os outros dois amigos, não que ela reparasse muito em garotos… Mas agora que pensou sobre o assunto…
Observou-o pelo canto do olho e então pensou nas últimas vezes que o viu na Escola enquanto caminhava pelos corredores, haviam sempre garotas por perto, fossem andando com ele ou o cumprimentando sorridentes quando ele passava. E então considerou o número de meninas que o rapaz provavelmente namorava, porque lembrou-se de já o ter visto pelos cantos com pelo menos três garotas naquele último ano.
— Aqui! — Virou-se entregando os copos para ela, fazendo-a piscar distraída devido aos devaneios anteriores. Sorriu sem graça, agradecendo, tomando cuidado para não derrubar nada do que carregava, deu meia volta e começou a andar em direção ao seu vagão.
Cedrico a olhou por alguns segundos;
— Precisa de ajuda?
— Não, tudo bem! — Ela riu negando, antes de agradecer mais uma vez e começar a afastar-se — Boas férias! — Falou por sobre o ombro.
— Pra você também! — Respondeu um pouco mais alto, vendo-a a alguns passos de distância.
Cedrico pegou seu sanduíche e o próprio suco que tinha saído para comprar antes de entrar no vagão com os amigos, ainda pode escutar e Potter conversando no corredor, dois vagões à sua frente:
— Nossa que demora, achamos que tinha se perdido!
— Olha que engraçadinho você, Cicatriz, seu ladrãozinho de Snap Explosivo!
— Eu não roubei, você quem se distraiu… — Falou rindo.
— Da próxima vez eu faço aquela carta explodir na sua cara, Potter!
— Credo, você está muito estressada, toma logo seu suco pra ver se fica mais calma!
Diggory riu baixo da conversa, tornando a sentar-se ao lado dos amigos, iniciando uma nova discussão sobre Quadribol e outros acontecimentos daquele ano.
TRÊS
1993
Prima e tia tentavam alegrar a garota, Dora não parava de fazer piadas – as quais em sua grande maioria ignorava, mas sorria vez ou outra extremamente forçado. Compreendia a preocupação das duas mulheres e as amava ainda mais por tentarem distrai-la, mas naquele momento ela só queria estar sozinha e em silêncio. Já tinha visto os amigos há alguns metros junto com a família de Rony, mas eles não pareciam ter a reconhecido do meio da multidão, e a loira aproveitou para tentar “esconder-se” ficando atrás de Andrômeda.
evitava ao máximo o contato com qualquer colega da Grifinória, mas em especial seus três melhores amigos. A verdade era que, pela primeira vez na vida, ela não queria ir para Hogwarts ou encontrar com ninguém, só queria poder voltar para casa e ficar em sua cama até que todo aquele pesadelo acabasse. Infelizmente não parecia um desejo que seria concedido.
Viu os Malfoy atravessarem o portal e Draco conversar com os pais, parecia animado. Olhando ao redor, todos pareciam felizes reencontrando os amigos ou despedindo-se de seus familiares para iniciar mais um ano letivo. A felicidade parecia reinar por todo o lado, menos para ela;
era a pequena nuvem cinza no meio do céu azul.
Suspirou pela enésima vez, atraindo a atenção de Andrômeda e Ninfadora, que ainda tagarelava ao seu lado.
— Vamos, , não fique assim, vai ficar tudo bem. — Dora tornou a dizer, segurando o ombro da mais nova, ela virou-se para a mulher de cabelos rosados e apenas concordou com a cabeça.
— Não são os Diggory ali? — Andrômeda perguntou distraída, as duas olharam para o local que ela apontava.
— Sim, Amos, a mulher e o filho, todos muito simpáticos, gosto deles — Dora tornou, sorrindo.
— Você os conhece, ? — Andy virou-se para a sobrinha, tentando fazer a garota se distrair, ela apenas deu de ombros.
— Já vi Cedrico em Hogwarts algumas vezes, foi ele quem derrubou o suco na minha camiseta, lembra? — Contou — Não sabia que vocês se conheciam…
— Eu e Ted estudamos com Amos e Rachel, — a mulher explicou, acariciando os cabelos da mais nova — então vocês não são amigos? — tornou a perguntar, vendo-a negar com a cabeça.
— Mal nos conhecemos…
— Não? Mas ele parece ser legal e, olhando agora, é bonito também! — Ninfadora intrometeu-se, analisando melhor o garoto alto a alguns passos à frente.
— Por Merlin, Dora! Esse garoto é muito mais novo que você! — Ralhou a mulher.
— Ei! Não sou assim tão mais velha que ele, eu acho… E não estou dizendo pra mim, mãe! — Piscou olhando sugestivamente para , que arregalou os olhos .
— Como é que é? — Questionou ligeiramente assustada.
— Ué, ele parece legal, é bonito, não deve ser muito mais velho do que você… Ambos em Hogwarts o ano inteiro… De repente arranjando um namoradinho você se distrai!
— Você não existe, Ninfadora! — negou com a cabeça, cruzando os braços e olhando para o lado oposto dos Diggory.
Dora arqueou a sobrancelha irritada, odiava quando a chamavam pelo nome. Depois sorriu travessa, pensando em divertir-se um pouco com a cara da mais nova, era sempre divertido constrangê-la, mesmo que não fosse mais tão fácil quanto quando era uma criança;
— Olá, Amos! — Acenou animada para o homem.
e Andrômeda abriram a boca, chocadas com a cara de pau da outra, a mais nova ficando vermelha só de imaginar o que a prima poderia fazer.
Sr. Diggory, um homem alto e robusto com uma barba rala castanha, virou-se ao ouvir seu nome e sorriu reconhecendo a Auror ao longe.
— Ninfadora! — Disse contente, trocou uma palavra rápida com a mulher e o filho e os três caminharam até as mulheres. riu baixinho quando ouviu o homem chamar a prima pelo nome de batismo, vendo-a rolar os olhos e respirar fundo.
— Andrômeda, como está? E Ted? — Perguntou o homem cordialmente.
— Ele não pode vir, Amos, precisou resolver umas coisas no Ministério..
— Óh, sim, uma pena… Acredito que nem todos fomos apresentados — sorriu ao olhar para , apontando para a esposa e filho — Rachel e meu filho, Cedrico!
— Olá! — Dora sorriu educada — Minha mãe, Andrômeda, — apontou, olhando diretamente para o Diggory mais novo, vendo a loira olhar para o lado, vermelha — e minha prima, ! Acho que vocês dois já devem se conhecer, não? — Perguntou apontando para os estudantes.
O rapaz sorriu, concordando com a cabeça.
— Já nos vimos na escola algumas vezes… Tudo bem? — Perguntou olhando para a garota que apenas concordou com a cabeça, completamente sem graça. — Era pra ela que eu precisava da camiseta, mãe — Falou, apontando com a cabeça para a garota.
— Ah, esperamos que sirva! — Rachel sorriu em sua direção, vendo-a franzir o cenho confusa — Ced quem escolheu!
— Não precisava — falou em voz baixa, sentindo o rosto esquentar.
— Realmente, não precisavam se incomodar, — Andy continuou ao reparar que o estado da sobrinha. — Não manchou nem nada, saiu bem fácil!
Cedrico deu de ombros;
— Agora já foi, te entrego depois, ok? Não faço ideia em que parte do meu malão está… — Riu, vendo-a concordar com a cabeça, sorrindo fraco em sua direção.
— Você está bem, querida? Parece um pouco pálida… — Sra. Diggory perguntou olhando mais atentamente para a garota que pareceu ligeiramente desconfortável.
— Ela esteve um pouco doente, sabe? Mas agora já está melhorando, não é? — Dora sorriu para os Diggory e olhou para a prima que, novamente, apenas concordou com a cabeça.
— ?
Virou-se ao ouvir o grito, assim como todo o grupo. ergueu a mão dando um tchau rápido para Hermione, vendo Harry e Rony também olharem em sua direção, acenando para que se aproximasse. A loira sentiu-se insegura, apenas fazendo um sinal com a mão para conversarem depois.
— Essa menina não tem modos mesmo, cada dia mais mal-educada! — Dora observou balançando a cabeça, as mãos na cintura enquanto fazia uma pose séria. — Não foi assim que eu te criei, sabia? — Fez piada, vendo-a dar língua, sem nada dizer.
— Ela estava doente, parece cansada, compreensível estar tão quietinha — A mãe de Cedrico sorriu para a menina, defendendo-a. sorriu de canto, agradecida, e Andy acariciou seus cabelos, dizendo baixinho que estava tudo bem.
As duas famílias conversaram por mais alguns minutos, embora Cedrico e ficassem a maior parte do tempo só escutando Amos e Ninfadora falando sobre o Ministério, enquanto as duas mulheres conversavam sobre coisas do dia-a-dia. Cedrico vez ou outra cumprimentava algum amigo que passava por ele, mas reparou na mais nova olhando para baixo, como se quisesse evitar o contato com qualquer pessoa. Pouco depois ouviram o maquinista chamar os estudantes na hora de embarcar.
— Tenha um bom ano, filho! — Rachel abraçou o rapaz que sorriu, abraçando-a de volta.
— Não se esqueça de escrever, Ced! — Amos recomendou, despedindo-se.
Dora e Andrômeda abraçaram a mais nova, Andy fez algumas recomendações rápidas e por fim a abraçou novamente, com força e demoradamente.
— Nos vemos no Natal! — Sorriu, colocando as duas mãos em seu rosto, para olhá-la nos olhos. suspirou ao afastarem-se;
— Não quero ir pra Hogwarts. — Disse baixinho, os olhos marejados.
Os Diggory olharam para a garota surpresos ao ouvirem aquilo e reparam no estado em que ela se encontrava. Em seguida Amos voltou a falar com o filho, como se não tivessem escutado nada, pois não era educado ficarem ouvindo a conversa dos outros, contudo, por mais que soubesse disso, Cedrico continuou prestando atenção, não conteve a curiosidade e ficou olhando as três mulheres conversando ao lado;
— , já conversamos sobre isso. Você ficará bem, não tem com o que se preocupar!
— Você não me disse que tentaria entrar para o time de Quadribol esse ano? Como é que vai ficar em casa? — Dora perguntou, tentando animá-la. — E como é que a Grifinória vai perder mil pontos sem você lá para fazer isso acontecer?
rolou os olhos, passando a mão pelo rosto enquanto respirava fundo, acalmando-se.
— Encontre seus amigos, estude bastante, distraia-se um pouco, se você realmente não estiver se sentindo bem, no Natal nós conversamos sobre isso, está bem? — Andy sorriu docemente para a garota. — Vai ser melhor do que ficar em casa pensando besteira…
— E você precisa estudar, tenho certeza que depois de chegar em Hogwarts e ver todos os seus amigos isso vai passar!
A garota olhou para baixo, mordendo o lábio inferior antes de se dar por vencida.
— Tudo bem, se ninguém me quer mais em casa — resmungou, cruzando os braços, ouvindo-as rirem.
— Se tiver algum problema fale com a McGonagall! — Andrômeda aconselhou — E nos mande uma coruja, está bem? Quero saber como estão as coisas. Sentiremos saudades! — Andy a abraçou mais uma vez, beijando-lhe a bochecha.
Ao notar que o assunto familiar estava encerrado, os Diggory voltaram a virar-se para as três, simpáticos como sempre.
— Tenha um bom ano, querida! — Rachel disse para a garota.
— Obrigada! — Agradeceu dando um sorriso de lado, agora constrangida por saber que o lufo tinha visto todo o drama familiar.
— Filho, você poderia ajudá-la se ela precisar de alguma coisa, não? – A Sra. Diggory disse gentilmente a Cedrico, ainda sorrindo para a garota que ficou extremamente vermelha. Dora riu baixinho e levou uma leve cotovelada da mãe no mesmo instante.
Cedrico, alheio às risadas e ao constrangimento da mais nova, concordou com a mãe e depois sorriu para .
Os dois tornaram a se despedirem dos familiares e seguiram juntos para o trem;
— Está tudo bem com você? — Ele perguntou simpático, assim que embarcaram. Tonks o olhou por alguns segundos, concordando.
— Está, obrigada, bem… Até mais, Cedrico. — Acenou com a mão virando-se e afastando-se do lufano o mais rápido que conseguiu.
Se dependesse dela, passaria o ano todo sem vê-lo, apenas para garantir que ele se esquecesse de tudo o que tinha acontecido antes do embarque.
●●●
— Você vai acabar doente, sabe disso, não é?
— Caramba, Mione, eu já disse que não estou com fome. Se eu comer contra vontade, vou vomitar e terminar na Ala Hospitalar.
— Não seja grosseira, estou preocupada com você!
— Tudo bem… Me desculpe, só estou cansada. Quer um abraço?
— Não tenta me comprar com essa carinha inocente! Você pode até enganar os Professores, mas eu te conheço, !
— Eu não te entendo, fica reclamando quando eu sou grosseira e quando eu me desculpo você briga comigo? Assim não tem condições, Granger.
— Ridícula!
— Você quem é!
As duas riram abraçando-se de lado, Cedrico viu a cena com a sobrancelha arqueada, sorrindo com a pequena discussão das duas. Aproximou-se pouco depois, vendo Hermione o olhar confusa quando ele a cumprimentou, quando seus olhos encontraram com os de , notou que as bochechas dela ganharam um tom avermelhado, o que ele achou extremamente engraçado.
— Oi, tudo bem?
— Oi… Tudo e você?
— Aham… — Coçou a nuca sem graça, rindo em seguida — Juro que não estou te perseguindo nem nada, mas minha mãe ficou preocupada com você aquele dia e me mandou uma carta para perguntar se você está ok… — Deu de ombros, colocando as mãos nos bolsos da calça, completamente constrangido.
A garota riu baixo concordando com a cabeça, Diggory gostou de ouvir a risada mais animada dela, tirando momentaneamente a imagem da garota quase chorando na Plataforma 9 ¾.
— Pode dizer que eu estou bem, obrigada. Hermione ficou encarregada de ser minha babá esse ano, não tem com o que se preocupar!
— Ei! Só estou sendo legal, sua mal-agradecida — A outra reclamou, acertando-lhe um tapa no braço.
— Certo — ele riu junto das duas —, ah, antes que eu me esqueça mais uma vez — abriu a mochila que carregava, tirando um embrulho de dentro. — Estou para te entregar fazem dias, mas nunca te encontro quando lembro e quando te vejo pelos corredores esqueço de entregar! — Explicou-se rindo, antes de virar-se em sua direção — Aqui! Espero que goste e que te sirva.
— Obrigada, mas realmente não precisava… — Sorriu sem graça, pegando o pacote.
— Ah, bom, agora já comprei! — Deu de ombros — Preciso ir para aula, até depois, meninas!
— Tchau! — Falaram juntas, vendo-o se afastar.
— Por que ele está tão interessado em você? — Mione perguntou em voz baixa quando Cedrico se afastou, olhando curiosa para o pacote embrulhado — E o que é isso?
A loira rolou os olhos;
— Ele não está interessado em mim, Mione, só está fazendo o que a mãe dele pediu, não ouviu? — Respondeu, abrindo o pacote — E lembra que no último dia de aula eu derrubei o suco na camiseta? Bem, foi ele quem esbarrou em mim, aí achou que precisava me comprar outra.
— Nossa, que linda! — Granger exclamou ao ver a camiseta vermelha, cor da Grifinória, com alguns detalhes em dourado — Se não te servir ou não gostar eu aceito, viu? Pode até ser meu presente de Natal antecipado! — Avisou rindo, antes de tornar a guardá-la, cuidando para não a amassar e levantarem para a aula de Feitiços. — Mas ele é bonito, não é? — Hermione insistiu, olhando de canto para a loira.
— Sei lá, acho que sim… — deu de ombros, tentando não prestar atenção na conversa, como se estivesse muito ocupada evitando esbarrar nos colegas ao saírem do Salão Principal. Granger apenas riu, fingindo não reparar no rosto avermelhado da amiga.
Era claro achava Diggory bonito, assim como, possivelmente, todas as garotas de Hogwarts, mas jamais admitiria aquilo em voz alta, dando a chance de ouvir piadinhas da amiga sempre que vissem o lufano!
●●●
Cedrico estava sentado junto com os amigos na mesa da Lufa-Lufa no Salão Principal, terminando o dever de Poções quando viu um grupo de alunos da Grifinória entrarem rindo, atraindo a atenção de boa parte dos outros estudantes.
Olívio Wood, Capitão do time de Quadribol, pegou uma taça em cima da mesa da Casa e ergueu para que os colegas de time e outros estudantes pudesse ver;
— Bem-vindos ao time, façam por merecer essas vagas! A Taça será nossa este ano, entenderam?
— Nada como um discurso motivador do Olívio para começar o dia!
— Sem qualquer pressão nos novos jogadores, é claro! — Fred e Jorge Weasley riram antes de sentarem-se à mesa, servindo-se do que havia restado do café-da-manhã.
Ao olhar novamente para o grupo, Cedrico focalizou sentada entre Harry Potter e Angelina Johnson, vestindo a capa de Quadribol por cima das roupas, e só então percebeu que a garota tinha entrado para o time da Grifinória, lembrando-se do comentário de Ninfadora no dia do embarque. Sorriu para ela quando seus olhares se encontraram, vendo-a sorrir de lado apontando a própria taça em direção ao lufo, em um brinde silencioso, antes de virar-se para conversar animada com Potter.
Diggory ainda manteve o olhar na garota por mais alguns instantes, sem nem mesmo reparar, até sentir uma cutucada nas costelas e a risada vinda de Emmett;
— Achou uma nova paquera, foi?
Sentiu o rosto esquentar, tornando a encarar o pergaminho aberto;
— Ah, cala a boca!
●●●
O loiro estava concentrado em terminar sua prova de Transfiguração na sala da Prof. Minerva, enquanto a professora corrigia alguns trabalhos, faltavam apenas duas perguntas para encerrar, tinha acabado de molhar a pena em seu tinteiro quando alguém abriu à porta da sala;
— Professora! — Virou-se ao ouvir o chamado em voz alta — Me desculpa, juro que não era minha intenção atrasar desse jeito, e não que eu queira culpar ninguém, mas foi o Snape quem me pediu um trabalho enorme… Quer dizer, dois pergaminhos inteiros sobre lobisomens?! Ele nem é nosso professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, só estava substituindo o Professor Lupin, acho que ele não tinha direito de pedir um trabalho desse tamanho! — entrou na sala apressada, falava muito rápido e vestia as roupas de Quadribol, carregando sua mochila por sobre um ombro e a vassoura na outra mão — Passei a noite inteira fazendo esse trabalho e ainda tinha o Wood gritando sobre o jogo contra a Lufa-Lufa no sábado, ele é assustador, sabe? Sempre achei que Olívio era mais legal, mas eu estava enganada, ele me dá medo!
— Srta. Tonks, caso não tenha reparado, está atrapalhando um aluno fazendo prova! — Minerva ralhou apontando para Cedrico, a menina virou-se confusa para o garoto que sorriu levemente para ela.
— Desculpe! — Pediu sem graça, e olhou novamente para a professora — Enfim, professora, eu consegui terminar o trabalho, tive que perder os dois tempos de Adivinhação, não que eu me importe muito, mas terminei! — Sorriu retirando um rolo de pergaminho de dentro da mochila e deixando-o na mesa.
Minerva olhou para a aluna e então para o trabalho recém entregue.
— A Srta. sabe que isso não é desculpa, não é? Quadribol e outras aulas. Descontarei alguns pontos do seu trabalho pelo atraso.
— O QUÊ? — A garota pareceu indignada piscando algumas vezes, atordoada. — Professora, eu nunca fiz um trabalho tão rápido na minha vida, é um pergaminho inteiro!
— Então já sabemos que não foi tão cuidadosa quanto seus colegas! — Reclamou a mais velha abrindo o pergaminho e fazendo careta em seguida. — É, bem se vê que não tivemos o mínimo esforço com esse trabalho. Nem uma introdução foi feita e…
— Mínimo esforço? Professora, a senhora me escutou? Eu passei a noite em claro fazendo o trabalho do Snape e…
— Professor Snape, Srta. — Minerva cortou.
— … Trabalho do Prof. Snape, depois de horas treinando Quadribol na chuva com Wood gritando o tempo inteiro e ainda tive aula de Poções no primeiro horário, Snape me tirou dez pontos por ter atrasado cinco minutos para a aula, nem almocei para ficar fazendo esse trabalho para entregar para a senhora, perdi duas aulas de Adivinhação e ainda estou atrasada para o treino de hoje, e a senhora vai ter coragem de me descontar nota? Professora, isso é injusto. — Reclamou a garota após enumerar todos os problemas, cruzando os braços.
— Injusto? Seu colega, Cedrico Diggory, é Apanhador e Capitão do time de Quadribol da Lufa-Lufa, além de Monitor da Escola, e as notas dele são excelentes, é o melhor aluno do quinto ano. Nunca se atrasa, nunca perde um trabalho, só está fazendo uma prova agora porque se machucou durante um treino e ficou na Ala Hospitalar ontem. — Diggory ficou extremamente constrangido ao ouvir a professora falando dele, e sentiu o rosto e pescoço esquentar rapidamente ao notar a garota o olhando com a sobrancelha arqueada. — E a Srta. está atrapalhando a concentração dele. Creio que descontar nota do seu trabalho não seja nenhum pouco injusto, estou sendo até muito generosa por aceitá-lo, devia ter sido entregue ontem.
virou-se para a professora, jogando os cabelos para trás antes de respondê-la;
— Também acho errado a senhora dizer que não sou boa aluna na frente dos outros, sabe? Não é necessário dizer que o Diggory é mais inteligente e dedicado desse jeito, professora. É muito constrangedor e pode atrapalhar minha confiança, porque me lembrarei dessas palavras. Pode arruinar para sempre meu futuro acadêmico! — Argumentou com a professora, que arqueou a sobrancelha.
Cedrico segurava uma risada olhando para a prova.
— Já terminamos Srta. Tonks, pode se retirar agora! — Declarou Minerva.
A garota suspirou, virou-se para pegar suas coisas e andando para fora da sala, parou antes de chegar à porta e olhou novamente para a mais velha;
— Gostaria de deixar registrado que tenho certeza que se fosse o Professor Lupin, ele teria aceito meu trabalho sem descontar nota nenhuma e ainda ficaria impressionado com a minha dedicação perante todos os problemas pelos quais venho passando esse ano. — A olhou significativamente por um instante, e então virou-se para Cedrico, que mordia o lábio para não rir — Desculpe-me pela interrupção, Cedrico-Capitão-Monitor-Exemplo-de-Estudante-Diggory. Até mais, Professora! — Encerrou, fechando a porta ao passar.
Diggory não aguentou mais segurar a risada, colocando a mão na boca para disfarçar o barulho. Minerva o olhou séria e ele se desculpou no mesmo instante. A Professora balançou a cabeça tentando conter ela mesma um sorriso divertido.
— Ela é sempre assim? — O lufo questionou.
— Normalmente costuma argumentar mais, adora fazer um drama pra ver se eu vou perdoar algum deslize nas aulas — contou, voltando a olhar para o trabalho da garota. — Parece muito com o pai… — Minerva arregalou levemente os olhos, pigarreando em seguida — Quer dizer, a prima também não era a pessoa mais dedicada que conheci, Ninfadora. Era sempre muito simpática, mas um tanto irresponsável com os trabalhos. não era assim, bem, sempre deixou para entregar os trabalhos no último instante, é claro, mas esse ano está um tanto aérea… Deve ser o Quadribol…
Cedrico concordou com a cabeça, sorrindo sozinho ao lembrar da expressão da garota ao se desculpar pela interrupção e a forma como disse seu nome, antes de voltar a prestar atenção na prova que fazia.
●●●
O lufo devolvia os livros de Herbologia que havia pego, estava cansado e precisava urgentemente dormir direito, as olheiras já começavam a ser visíveis, mas ainda tinha que fazer sua ronda pelo castelo antes de poder voltar para o Salão Comunal. Aquele excesso de atividades extracurriculares estava cansando-o de uma forma irritantemente insuportável. Não tinha mais ânimo para ficar junto dos amigos e menos ainda para estudar, cada dia que passava tinha menos vontade de continuar como Monitor – embora gostasse do reconhecimento por seus esforços, o número de tarefas estava começando a atrapalhar seu desempenho nas aulas. Precisava dedicar-se aos estudos, ao seu trabalho como Monitor e ainda pensar no time de Quadribol, organizar as novas táticas e marcar mais alguns treinos antes do primeiro jogo. Todos sabiam que ele não era Capitão do melhor time de Quadribol, mas ele faria de tudo para deixar a Lufa-Lufa entre os primeiros.
Aguardava pacientemente Madame Pince inspecionar todos os livros para certificar-se que não tinha nenhum estrago, quando a porta da biblioteca abriu e duas alunas da Grifinória entraram.
Cedrico sorriu pequeno ao reconhecer a loira de coque frouxo e, por mais que detestasse admitir aquilo, reparou que parecia cada vez mais procurá-la pelo Salão Principal durante as refeições, ou sempre que via um grupo da Grifinória passando, mesmo que inconscientemente. Nem mesmo sabia o motivo, já que não conversavam;
— Você poderia me ajudar com isso, Mione! — A garota pediu baixinho para a amiga que negou com a cabeça, as duas pararam próximas ao lufano, não parecendo notar sua presença. — Não é pra fazer meu trabalho, é só para me dar uma pequena ajuda…
— Boa tarde, eu queria devolver esses livros! — Granger sorriu para a bibliotecária, retirando quatro livros grossos da mochila. Madame Pince a encarou.
— Um instante, estou terminando estes. — Apontou para os livros que o rapaz tinha entregue, Mione sorriu para a mulher e virou-se para a amiga.
— Já disse que vocês três precisam fazer as coisas sozinhos, não vou ficar ajudando, vocês são muito irresponsáveis!
— Hermione, não tenho tempo de fazer essas coisas, Snape me deu outra detenção, já foram cinco esse mês! Ele está de implicância comigo. — Fez cara de sofredora, a morena rolou os olhos.
— Se você não tivesse dormido na aula dele, isso não aconteceria.
— Olha, tenho Quadribol quase todas as noites, trabalhos e aulas, não está fácil pra mim, sabe? Ainda não consegui organizar meus horários, então tenho que fazer os deveres depois dos treinos e durante as aulas tenho sono, porque não durmo à noite. E se Snape não pedisse quinhentos trabalhos difíceis por semana eu não passaria tantas noites sem dormir! — Protestou. — Está vendo essas marcas roxas, é falta de horas de sono! — Disse apontando para o próprio rosto.
— Isso não é desculpa, você se inscreveu para o Quadribol porque quis, agora encare suas responsabilidades.
— Você é pior que a Andrômeda e a McGonagall, é sério. Não sei como ainda perco meu tempo pedindo ajuda para você. — Bufou, virando-se para sair da biblioteca — Só não se esqueça de que eu estou pedindo sua ajuda para estudar e conseguir entregar tudo direito, então se eu não passar de ano parte da culpa será sua que recusou essa ajuda. E ainda se diz minha amiga! — Reclamou indignada passando pela porta.
Cedrico viu Hermione suspirar mordendo o lábio inferior, provavelmente sentindo-se culpada. A morena passou a mão pelos cabelos e então olhou em sua direção, sorrindo pequeno.
— Você é Monitor, não é?
— Sim, pela Lufa-Lufa.
— E joga Quadribol também? — Ele confirmou com a cabeça — Como consegue administrar seus horários?
Ele sorriu, cansado.
— Não é muito fácil, você podia tentar entender o lado dela, é realmente complicado administrar as aulas e o Quadribol, ainda mais conhecendo o Wood como conheço. Ele é bem exigente…
Hermione suspirou olhando para a porta.
— Muito bem, Sr. Diggory, está tudo certo. — Anunciou Madame Pince.
— Obrigado! — Agradeceu pegando sua mochila — Não se sinta culpada, mas é realmente estressante, sabe?
— Eu sei, tenho mais aulas do que ela e está complicado organizar tudo, mas estou me virando, só acho que ela poderia tentar um pouco mais… é muito dramática também… — Ela riu fraco e o lufo concordou sorrindo ao lembrar-se da garota reclamando com McGonagall dias antes — Vou falar com ela, obrigada!
— É meu dever de Monitor ajudar os outros. — Riu piscando para a garota, a qual sorriu constrangida — Até mais.
QUATRO
Cedrico ainda vestia seu uniforme de Quadribol, molhado e sujo de lama. Estava sentado em um banco no corredor lateral ao que dava acesso a Ala Hospitalar, um tanto entediado, embora continuasse preocupado. Ouviu o barulho de passos e olhou para o lado vendo alguém aproximar-se, após alguns segundos reconheceu , ainda usando o uniforme da Grifinória, tão molhada e suja quanto ele mesmo; a garota tinha lama seca em parte do rosto e nos cabelos loiros, e teve certeza que era devido a ela ter caído da vassoura durante a partida, quando mergulhou para recuperar a Goles e trombou-se com um dos Artilheiros da Lufa-Lufa.
A garota parecia distraída, andava de cabeça baixa, já estava para virar o corredor sem nem mesmo ter reparado em Diggory. O loiro demorou alguns segundos para decidir se tornaria a tentar falar com algum dos jogadores da Grifinória, chamando-a antes que ela sumisse;
— Ei! – A garota virou-se, olhando para o lufo que levantava apressado do banco em que estava — Hm, , oi… — Ela o cumprimentou rapidamente, ainda parada com o cenho franzido, curiosa, esperando que o rapaz prosseguisse. — Hm… Sabe, eu só… Eu… — Cedrico sentiu-se muito mais constrangido e sem graça do que estava nas outras duas vezes que havia feito aquela pergunta, e, pensando bem, por alguma razão sempre parecia constrangido quando a garota o olhava; lembrava-se claramente de ter ficado roxo quando ela o viu aos beijos com uma aluna da Corvinal semanas atrás em um canto deserto da biblioteca, embora apenas tivesse dado uma risadinha e se afastado sem nada dizer — Eu só queria perguntar… Potter está bem?
A garota riu, concordando com a cabeça;
— Ele está bem sim, só terá que passar o fim de semana na Ala Hospitalar, ordens da Madame Pomfrey, mas ele sobrevive! – Piscou olhando para o loiro, que sorriu de volta.
— Obrigado. Sei que é estranho, mas fiquei preocupado com ele… — Disse balançando a cabeça — Não é desse jeito que eu quero ganhar. Falei com a Madame Hooch, quero que façam um novo jogo, mas ela não aceitou… — Explicou-se passando a mão pelos cabelos úmidos, frustrado.
— Não é preciso fazer um novo jogo, Cedrico, foi um acidente. — Falou, Diggory tornou a olhá-la — Você não teve nada a ver com o que aconteceu. Vocês ganharam de forma justa, simples assim. Obviamente se Harry não tivesse caído da vassoura vocês não ganhariam, porque continuaríamos marcando vários gols no seu goleiro, mas fora isso… — Comentou displicente, vendo-o negar com a cabeça com um sorriso de canto.
— Realmente, até fico triste de você ter entrado para o time, ou por não ser da Lufa-Lufa, nos ajudaria bastante! — Piscou, colocando as mãos nos bolsos da capa.
A loira riu alto, Cedrico sorriu junto, gostando de ouvir a risada dela;
— Infelizmente não sou legal o suficiente para entrar na Lufa-Lufa, então é a Minerva quem tem que me aguentar mesmo — Respondeu, ainda sorrindo.
— Ah, você é legal, até achei que não fosse falar comigo hoje… — Confessou, rindo baixo.
— Por que eu não falaria? — Questionou curiosa, vendo-o dar de ombros, sem graça.
— Primeiro, porque da última vez que você me viu na sala da McGonagall não pareceu muito feliz, e segundo, porque eu perguntei do Potter para os gêmeos e eles me ignoraram…Também perguntei para o seu outro amigo Weasley… Rony?
— Ah, eles só estão chateados por causa do jogo! Esse é o último ano do Olívio, entende? Ele quer mais do que tudo ganhar a Taça de Quadribol, essa derrota não estava nos planos dele. Na verdade, acho que nunca está nos planos dele levar um único gol, imagina perder, não é mesmo? — Disse divertida, completando instantes depois — E meu problema naquele dia era com a McGonagall, não com você!
— Vocês vão ganhar! – Cedrico afirmou após rir junto com ela, arqueou a sobrancelha, um tanto surpresa com a confiança do outro. — Vocês têm o melhor time, todos sabem! Só não ganharam ainda por “problemas técnicos”. — Falou fazendo aspas com os dedos, o que a fez rir.
— Na verdade, só não ganhamos ainda porque é meu primeiro ano jogando! — Disse convencida, Cedrico rolou os olhos, embora risse.
Ouviram um grito e viraram-se ao mesmo tempo, vendo Monty aproximar-se correndo;
— Caramba, Diggory, estou te procurando pelo castelo inteiro! Só estamos esperando você para comemorar a vitória! Vem logo! — O moreno falou, puxando Cedrico pelo braço.
O loiro fez uma careta em sua direção a garota, ao tempo que deixava-se levar pelo amigo, tornou a sorrir para ele, acenando com a mão e virando-se para voltar ao Salão Comunal da Grifinória, precisava urgentemente de um banho.
O lufo virou-se uma última vez para olhar a garota que havia deixado no corredor, após livrar-se momentaneamente de Emmett, mas ela já não estava mais por lá.
Voltou a acompanhar o amigo para o Salão Comunal da Lufa-Lufa, não queria comemorar, não considerava aquela uma vitória justa, não era daquele jeito que ele queria vencer no Quadribol. Achava certo ter outro jogo, entretanto, era como todos diziam: ele não teve culpa do acidente de Harry Potter, e ninguém parecia achar necessário um novo jogo.
Ao passar pela entrada secreta ouviu gritos e palmas, e logo começou a receber tapinhas nas costas e, quando se deu conta, dois ou três colegas já o carregavam nos ombros para que todos pudessem vê-lo. Era tudo muito exagerado em sua opinião, ao mesmo tempo em que entendia a felicidade dos colegas, afinal era raro o time deles vencer – principalmente a Grifinória que todos sabiam ter os melhores jogadores. E, ao lembrar-se daquilo, sorriu sozinho pensando na artilheira da Casa rival, a qual parecia realmente confiante ao dizer que era uma excelente jogadora. Não que estivesse errada, de fato, Diggory ficou bem impressionado ao ver o desempenho dela em sua primeira partida. Realmente o deixava triste saber que ela não poderia entrar para a Lufa-Lufa, seria uma ajuda enorme.
Saiu dos devaneios ao reparar que todos o olhavam admirados, logo pedindo por um discurso, o qual Cedrico era tímido demais para fazer, por isso preferiu apenas agradecer os companheiros de time pela partida e declarar que ainda precisavam melhorar alguns pontos para os próximos jogos.
Tentou ir para seu quarto algumas vezes, mas todos o puxavam no último segundo e lhe davam mais um copo de cerveja amanteigada, tortinhas ou bolo para experimentar.
Precisou de, no mínimo, mais meia hora para conseguir livrar-se de algumas colegas do quinto e sexto ano, as quais queriam que ele contasse detalhadamente algumas coisas sobre o jogo, embora achasse que não era realmente isso que elas queriam saber, pois ouvia as risadinhas e os olhares demorados em sua direção, além de sempre que podiam, tocarem em seus braços. Quando finalmente a euforia passou e ele declarou estar cansado e precisando de um banho, as colegas o deixaram ir para o dormitório.
Cedrico ainda puxava algumas roupas limpas do seu malão quando ouviu uma risadinha, olhou para o lado vendo uma garota do quarto ano encostada na porta do dormitório, sorrindo para ele.
— Olá, Capitão! — Ela riu aproximando-se, Cedrico sorriu constrangido voltando a mexer nas suas coisas.
— Desculpe, mas estou cansado e preciso mesmo de um banho, estou coberto de lama e suor… — Comentou, enquanto pegava sua toalha pendurada em uma cadeira.
— Talvez você possa esperar mais um pouco, Diggory! — Ela piscou sorridente.
Cedrico a encará-la por alguns segundos; A garota era bonita, um ano mais nova do que ele e havia tentado entrar no time no ano anterior. Os dois já haviam conversado algumas vezes, mas tinha certeza que se a beijasse iria acontecer igual com sua última namorada: eles saíram juntos duas vezes e, de repente, todos diziam que estavam apaixonados.
Diggory nunca tinha se apaixonado realmente, havia gostado de algumas garotas e saído com boa parte delas, mas nunca foi nada muito sério, nem mesmo com a garota com quem teve o primeiro beijo, dois anos antes. O mais próximo que chegou de realmente gostar de alguém, foi quando saiu com a Apanhadora do time de Quadribol da Corvinal no ano anterior, mas depois de algumas semanas descobriu que era apenas uma atração e que ele não tinha quase nada em comum com Cho Chang.
Se ele não parasse Coulson naquele instante, teria um sério problema mais tarde.
Não queria ser rude com a garota, mas não sabia exatamente como dizer que não tinha vontade de beijá-la naquele momento.
— Escuta, Coulson…
— Pode me chamar de Dani, Ced! — Ela sorriu enquanto enrolava uma mecha do cabe-lo claro no dedo, Diggory concordou, embora um sinal em sua cabeça o avisasse que agora ele realmente não iria beijá-la nem se quisesse, odiava quando o chamavam de Ced, somente seus pais e Monty faziam isso, e o melhor amigo só o chamava daquele jeito para irritá-lo, o que facilmente conseguia.
— Tudo bem, Dani… — Suspirou olhando para o lado e passando a mão pelos cabelos castanhos — Não quero parecer rude, mas… Bem… Digamos que… — Tentou imaginar uma desculpa convincente — Eu… estou interessado em outra garota — deu de ombros com um leve sorriso no rosto, viu quando Coulson abriu a boca, descrente.
— Quem é? — Perguntou interessada, cruzando os braços e aproximando-se dele.
— Não é da Lufa-Lufa, você provavelmente não a conhece. — Disse simplesmente, não precisava inventar uma namorada, e tinha certeza que logo a história se espalharia e todos comentariam que Cedrico Diggory, o grande herói do jogo contra a Grifinória, tinha uma namorada secreta.
— E de qual Casa ela é? É a Cho? — Tornou a perguntar, o lufo suspirou cansado e virou-se pegando suas coisas em cima da cama.
— Olha, não quero ser mal-educado, mas acho que isso não é da sua conta. — Olhou rapidamente para a garota, a qual pareceu ofendida — Você é bonita, é sério, tenho certeza que qualquer outro cara do time gostaria de sair com você, mas eu gosto de outra… — Sorriu para ela antes de andar até a saída do dormitório — Boa noite! — Segurou a porta aberta para a garota sair. Coulson o olhou por um longo tempo e então passou sem dizer mais nada.
●●●
Sabendo dos boatos que começavam a circular pelos alunos da Lufa-Lufa, e não querendo aumentar a história de estar apaixonado por qualquer garota que fosse, no próximo encontro que teve, Diggory resolveu ser o mais discreto possível. Não que já não o fosse, mas não era assim tão cuidadoso com os locais que escolhia para encontrar alguém. Por fim, resolveu seguir a (em sua opinião, péssima) ideia de Rogério Daves. Sentiu-se ridículo ao sugerir o local, mas não era como se Alice Spinnet – uma colega de sala que era aluna da Grifinória, tivesse se importado, pareceu até bem divertida com a ideia.
E agora estava ali, ajeitando-se como podia dentro do armário de vassouras, esperando alguns instantes antes de sair e voltar para seu Salão Comunal após a morena ter saído primeiro. Achou o local realmente péssimo, além de escuro era muito apertado, claro que tinha lá suas vantagens, e conseguia imaginar o motivo de Rogério costumar usar o espaço, mas o fazia sentir um tanto claustrofóbico. Fora que volta e meia esbarrava em algo ou batia a cabeça, porque o lugar era pequeno demais. Estava pronto para sair quando começou a ouvir vozes se aproximando, suspirando derrotado ao voltar a encostar-se no armário, esperando que passassem logo para que pudesse sair.
—… Eu disse que você perderia pontos, não foi?
— E como é que aquilo foi minha culpa? Estou te dizendo, Mione, ele nos odeia desde o primeiro dia e sem nenhum motivo!
— Está dizendo que vocês não dão motivos para Snape tirar pontos, ?
— É claro que sim, mas não nas primeiras semanas de aula… Eu acho que ele simplesmente odeia todo mundo, só não entendo porque ainda é professor!
— Não acho que ele odeia o pessoal da Sonserina… — Rony respondeu pensativo.
— Ah, bem, não dá pra ele odiar os alunos da própria Casa, não é? — Harry concordou com a loira.
Diggory riu baixo ao reconhecer as vozes, em partes concordando com eles; Severo Snape sempre parecia odiar todos os alunos que não fossem da Sonserina. Já começavam a se distanciar quando, para sua completa infelicidade, ouviu alguém gritando pelas garotas.
— Tonks! Granger!
— Gina, você não deveria estar em aula? — Hermione perguntou na mesma hora.
— Ai, calma, eu ainda tenho alguns minutos — a mais nova respondeu entediada.
— Você disse isso antes e na última vez perdeu 5 pontos!
— A gente perde muito mais do que isso toda semana — Harry replicou rindo.
— É, mas…
— Meu Gryffindor! Jamais imaginaria ser a pessoa que fala isso, mas ainda tenho um trabalho de Astronomia para terminar! Conta logo, Ruiva! — pediu, escutando a Weasley rir.
— Vocês não fazem ideia do que eu fiquei sabendo! Adivinha quem conseguiu um encontro? O Córmaco! E adivinha com quem? Com a Patil! Não dá pra acreditar, né? — Disse tudo rápido, não dando tempo para ninguém responder qualquer coisa.
— O Córmaco? Mas ele é tipo… Sei lá, um Trasgo, só que pior!
— Eu juro que disse a mesma coisa quando eu soube! — Gina gargalhou ao concordar com . — Coitada da Patil, não sabe o que a aguarda!
— Com qual das duas ele vai sair? — Hermione questionou curiosa.
— Não sei direito, a Chloe ouviu umas meninas da Corvinal falando sobre, mas não estava perto o suficiente pra pegar todos os detalhes…
— Aposto que é a Padma, ela não conhece o McLaggen o suficiente, coitada — respondeu no mesmo instante.
Diggory negou com um aceno, ouvindo divertido a conversa do grupo, apenas imaginando as expressões das garotas, enquanto fofocavam sobre o assunto.
— Por que coitada? — Potter perguntou levemente curioso.
— Porque o Córmaco é horrível! — Gina respondeu de imediato.
— É simplesmente impossível aquele garoto ser bom em um encontro! — A loira concordou.
— E desde quando vocês três entendem disso? — Rony debochou.
— Com certeza entendemos muito mais do que você, Ronald! — A ruiva replicou ignorando o irmão.
— Mas por que a Parvati não diria pra Padma recusar? — Granger considerou.
— Talvez tenham brigado e ela queira sabotar a irmã — Tonks replicou.
— E se foi a própria Parvati quem aceitou? — Gina tornou rindo.
— E por que ela faria isso? — As outras duas questionaram em voz alta.
— De repente perdeu uma aposta…
— Ah, boa! Isso explicaria qualquer uma das duas saindo com ele — adicionou agitada, fazendo a ruiva rir. — Na verdade, acho que essa é a única forma de qualquer garota querer sair com ele. Isso ou não ter passado mais do que cinco segundos ao lado do Córmaco!
— Caramba, vocês são horríveis — Harry falou, segurando uma risada — Ainda bem que somos amigos!
— E você acha que isso nos impediria de falar mal de você? — disse aos risos.
— Por que estamos falando do Córmaco mesmo? — Rony reclamou — Não tem nenhum assunto mais interessante, não?
— Ninguém te chamou na conversa — a Wesley respondeu — Eu só chamei a e a Mione! Ficou de fofoqueiro!
— Bem, se é esse o caso…
— Não quis dizer você, Harry… — Gina disse apressada, fazendo-o rir.
Diggory pode ouvir as vozes dos dois garotos enquanto se afastavam, dizendo que as encontrariam durante a aula.
— Enfim… Quem diria… Córmaco num encontro… — recomeçou, instantes depois.
— Ah, mas ele até que é bonitinho, vai… — Mione comentou em voz baixa.
— Ew! — As duas garotas gritaram no mesmo instante.
— Do que adianta ser bonito se por dentro ele é equivalente a duas aulas de Poções, uma hora de História da Magia e trinta minutos de Adivinhação? — rebateu com desgosto. Diggory precisou segurar a risada ao ouvir a comparação.
— Exatamente, tem gente muito melhor em Hogwarts! — A Weasley confirmou.
— Como seu namoradinho, é? — A loira respondeu rindo.
— Ai, cala a boca!
— Relaxa, Gina, vou guardar seu segredo!
— Que de segredo mesmo, não tem nada — Hermione acrescentou divertida —, só ele quem não percebeu ainda…
— É, até é bonitinho mesmo, mas não podemos dizer que é muito inteligente, não é? — A loira continuou, gargalhando em seguida quando ouviu a ruiva reclamar.
— E você, Tonks, abre o jogo aí! Tá de olho em quem?
Diggory, que até então estava parado achando engraçada a conversa, mas torcendo para que o grupo simplesmente fosse para outra parte do castelo, sentiu-se subitamente interessado na resposta.
— E quem foi que te disse que eu estou?
— Não precisa estar interessada em nenhum garoto, boba — Gina riu — até porque acho que depois de ter azarado aqueles meninos ano passado, a maioria ainda têm medo de você!
— Sigo com zero arrependimentos, inclusive! — Riu junto da ruiva, enquanto Hermione reclamava sobre os 30 pontos perdidos — Aí Mione, estava ajudando o Harry, foi um bom motivo! E você? Vai me dizer que o único garoto que acha bonito é o Córmaco, Granger?
— Claro que não! — Respondeu no mesmo instante. — Acho que é quase unanimidade o Daves e o Diggory…
Cedrico sorriu de lado, sentindo o ego inflar.
— Montgomery também não é nada mal — Gina concordou.
— Deixa só eu contar pro Potter que você está achando outros garotos bonitos, Ginevra!
— Ai, cala a boca! — A menina deu um gritinho ansiosa.
Diggory arqueou as sobrancelhas ao entender que era de Harry que a Weasley gostava.
— Acho engraçado você desviar do assunto sendo que fica toda vermelha perto de um certo aluno…
— Não sei do que está falando, Granger… — respondeu.
— Quem é? — Gina perguntou apressada — Me conta!
— Achei que você tivesse aula, Wesley! — Tonks replicou entediada.
— Pelas barbas de Merlin! Temos aula de Herbologia! Tchau, Gina!
— Mas eu quero saber quem…?
— Tchau, Ruiva!
— Eu vou te matar, ! — A Weasley resmungou em voz alta.
Diggory ainda esperou mais um minuto completo antes de finalmente sair do lugar, sentindo-se tão curioso quanto Gina por não saber quem seria o possível interesse de . Não que se importasse, é claro, apenas queria saber já que havia escutado e restante da conversa. Apenas por isso, tinha certeza.
●●●
A garota bocejou pela quarta vez em menos de cinco minutos, estava cansada e queria dormir, faziam semanas que não tinha uma boa noite de sono. Culpava os estudos e o Quadribol, mesmo sabendo que não eram essas suas maiores preocupações naquele ano, os últimos acontecimentos estavam mexendo com seu psicológico e por mais que tentasse negar a si mesma, e aos outros, andava mais preocupada que o normal.
Tentava esquecer dos problemas com os treinos e estudo, achava que se estivesse ocupada o tempo inteiro, e extremamente cansada à noite, não teria tempo para pensar em mais nada.
E, por algumas semanas aquilo funcionou, tanto que chegou a escrever para os tios dizendo que não tinham com o que se preocupar, embora suas notas não estivessem muito boas, ela não estava mais com a cabeça presa nos acontecimentos recentes.
Entretanto, após pouco mais de um mês, tornou a não conseguir dormir muitas horas, pois sua mente nunca parecia desligar por completo e acabava sonhando com coisas ruins, sempre o mesmo pesadelo, sempre as mesmas pessoas.
colocou os braços sobre a mesa, deitando a cabeça nos mesmos, fechou os olhos por alguns instantes, apenas para tentar relaxar, só precisava de um minutinho para descansar os olhos…
— Acho que aqui não é o melhor lugar para dormir, talvez você devesse ir para seu dormitório… — Ouviu uma voz suave e abriu os olhos rapidamente, virando-se para o lado.
Cedrico Diggory estava parado, com um sorriso calmo nos lábios e dois livros grossos em mãos.
— Lá é muito barulhento, se quer saber… — Deu de ombros ouvindo-o rir baixo, suspirou estalando os dedos antes de voltar a pegar a pena que havia deixado de lado — E preciso terminar esse trabalho de Astronomia…
— Precisa de ajuda? — Diggory perguntou prestativo ao vê-la suspirar olhando para o pergaminho aberto, com pouco mais de dois parágrafos escritos e um gráfico pela metade.
— Olha, isso é um pouco humilhante, sabe? — Comentou e Cedrico franziu o cenho — Você é Monitor, Capitão e Apanhador de Quadribol, o melhor aluno da sua sala, bem popular na Escola o que provavelmente significa que deve ter vários amigos para passar o tempo, e ainda tem espaço na sua agenda para me ajudar? Eu começo a achar que Hermione tem razão sobre eu precisar organizar melhor meu tempo…
Cedrico riu baixo ao entender ao que ela se referia, negando com um aceno.
— Não é muito fácil e, se quer saber, também costumo dormir pelos cantos algumas vezes, só não conte a ninguém que eu te disse isso, ok? Preciso manter a pose de aluno exemplar! — Piscou para ela — Mas estou em ano de N.O.M.S, então preciso estudar um pouco mais do que o normal, além de revisar a matéria dos outros anos. Pensando bem, ajudar você não seria exatamente um problema, porque eu estaria relembrando o conteúdo, entende?
concordou com a cabeça, coçando os olhos e evitando bocejar mais uma vez;
— Então, você pode mesmo me ajudar? — Perguntou com a voz baixa, Cedrico concordou sorridente. — Eu devia ter começado a falar com você antes, teria sido muito mais fácil nestes últimos anos, sabe?
Diggory riu, deixando os dois livros que havia pego em cima da mesa em que a garota estava, sentando ao seu lado e puxando um dos pergaminhos que ela tinha aberto;
— Sobre o que é seu trabalho?
CINCO
O lufo despediu-se dos amigos no Três Vassouras, saindo do estabelecimento acompanhado de Alice, com quem havia passado algumas horas proveitosas. Ao abrirem a porta do bar, sentiu o vento gelado bater em seu rosto, bagunçando seus cabelos, respirou fundo e deu dois passos em direção à rua, antes que a vontade de voltar para a roda de amigos e esquentar-se por mais um tempo fosse mais forte. Reparou então que a garota ficou parada, fazendo uma cara sofrida.
— Se importa se eu ficar mais um pouco?
— Não, tudo bem, tenho que estudar mesmo…
— Nos vemos depois então, Ced, — a morena sorriu, dando-lhe um selinho, o qual foi devolvido sem muito ânimo após escutá-la o chamar por seu “apelido” — adorei a tarde de hoje!
— É, eu também, — sorriu para ela, piscando antes de acenar com a mão — até mais.
Já tinha andado alguns metros, pensando se a chamaria para sair uma terceira vez, quando reparou em uma garota sentada sozinha em um banco, com toda aquela neve caindo sobre ela. Quem quer que fosse, estava encolhida, abraçando os próprios joelhos com a cabeça baixa. Não fazia ideia de quem era, mas ao ver o cachecol vermelho e dourado deu passos incertos em direção a menina, para certificar-se que estava tudo bem, pois não fazia sentido em sua cabeça alguém estar naquele frio por opção.
Tocou em seu ombro e se surpreendeu ao reconhecer .
Embora tivessem combinado de estudarem juntos algumas vezes, e o tivessem feito por quase um mês, a garota tinha cancelado as “aulas” nas últimas duas semanas, e, agora que pensava sobre o assunto, reparou que não a via desde então, fosse pelos corredores ou no Salão Principal.
— Você está bem? — Perguntou preocupado, ela apenas acenou com a cabeça, nem mesmo parecendo reconhecê-lo — Que pergunta idiota, é óbvio que você não está bem! O que aconteceu? — balançou a cabeça, sem responder. — Tudo bem se não quiser conversar… — Disse aproximando-se um pouco mais — Se importa se eu me sentar aqui com você?
Ela tornou a negar, mantendo o olhar fixo no chão coberto de neve. Permaneceram em silêncio por algum tempo e, conforme a neve continuava caindo, Cedrico voltou a sentir frio, embora fizesse o possível para evitar de bater os dentes ou mostrar as mãos trêmulas. Olhou em direção ao vilarejo, desejava estar em qualquer outro lugar quente e aconchegante, mas não a deixaria sozinha.
— Se quiser eu posso procurar seus amigos… Eles não sabem que você está aqui, sabem? – A garota negou, ainda sem olhá-lo — Quer que eu os chame?
o encarou, os olhos marejados apenas por pensar nos amigos, Cedrico notou as lágrimas caírem no momento seguinte;
— Ei, não precisa chorar! Não sei o que aconteceu com você, mas não chore. Você vai ficar com os olhos inchados e vão começar a te chamar de Murta-Que-Geme! — Disse sorrindo, Tonks respondeu fracamente, baixando a cabeça e escondendo o rosto nas mãos.
Cedrico abaixou-se em sua frente, puxando-lhe os braços para baixo, tocou seu rosto com a mão esquerda, fazendo com que a garota o olhasse nos olhos, e então colocou a mão na bochecha da loira, reparando o quão gelado seu rosto estava.
— Não sei o que aconteceu, e sei que você não quer falar. Não te culpo por isso, nós mal nos conhecemos, mas… — Suspirou ainda a encarando; estudavam juntos, mas não conversavam muito, apenas banalidades do dia-a-dia, eles não eram amigos. O que é que ele poderia dizer para ajudá-la? — Quando você quiser falar com alguém diferente, eu estarei aqui, ok? – A garota parecia nervosa, olhando-o em dúvida — Qualquer dia, a qualquer hora… Menos nas aulas de Poções, o Snape não ficaria muito feliz se eu pedisse pra sair, sabe como ele é, provavelmente iria nos deixar presos nas masmorras por uns três dias sem comida, ou algo do tipo.
Os dois riram brevemente, a garota suspirou voltando o olhar para o chão, respirando fundo e tentando acalmar-se, evitar que mais lágrimas caíssem. E então voltou a encarar os olhos cinzas do rapaz, que não perderam nenhum movimento que ela havia feito no último minuto.
Cedrico pensava em mais alguma coisa para dizer e tentava ignorar a dor no joelho por ficar agachado no chão gelado, quando, de repente, a garota o abraçou. Literalmente jogou-se em seus braços, escondendo o rosto gelado no pescoço do rapaz. Diggory sentiu um arrepio por todo o corpo, abrindo a boca surpreso por um instante. Demorou alguns segundos para retribuir, ainda um pouco atordoado. Manteve os braços em torno do corpo da garota quando, desajeitadamente, sentou-se no banco ao lado dela, podendo manter o abraço, tocou-lhe a parte dos cabelos que não estavam cobertos pela touca preta que usava, enquanto a ouvia chorar baixo contra seu peito.
Depois de incontáveis minutos, embora não estivesse mais tão incomodado com o frio, Diggory achou melhor levá-la de volta para a Escola, a neve caía com mais intensidade e a garota tremia levemente contra seu corpo, e o lufo não mais sabia se era devido ao choro. Afastou-a gentilmente de si, tornando a colocar as mãos em seu rosto, notando o quão gelado estava, antes de sugerir que voltassem para o castelo, dizendo que poderiam tomar um chocolate quente ou algo do tipo, vendo-a concordar com a cabeça.
Os dois voltavam juntos de Hogsmeade, Cedrico a abraçava de lado, mantendo-a próxima a ele, ignorando os olhares curiosos que recebiam dos colegas que o reconheciam. A garota parecia extremamente alheia a tudo aquilo, olhando para os próprios pés enquanto caminhavam. Já parecia mais calma do que quando ele a encontrou, mas ainda estava quieta e com o nariz vermelho, assim como os olhos que também estavam um tanto inchados devido ao choro recente. Passaram pelos portões de Hogwarts e continuaram caminhando até o Castelo, até que a garota parou e Cedrico virou-se para olhá-la, manteve o olhar baixo e as mãos dentro dos bolsos do agasalho.
— Preciso ir ao Corujal… — Disse simplesmente.
— Tudo bem, posso ir com você. — Ele sorriu, vendo-a negar.
— Não precisa, você já me ajudou bastante…
— Eu insisto. — Declarou por fim, puxando a mão da garota e começando a caminhar em direção a Torre. Pela segunda vez em menos de uma hora, sentiu-se estranho ao encostar na garota, mas disfarçou no instante seguinte, pigarreando e olhando para o lado.
— Ainda não escrevi minha carta… — Argumentou alguns passos depois.
— Você tem pergaminho e pena? — Parou para olhá-la, concordou com a cabeça — Então eu posso esperar e aproveito para enviar uma aos meus pais.
Cedrico estava próximo a uma das janelas, as mãos dentro dos bolsos, encarava os terrenos da Escola, já tinha enviado sua carta faziam bons minutos e esperava pacientemente pela garota.
, ele notou com o canto do olho, não tinha começado a escrever.
A garota nem mesmo sabia como colocar em palavras o que estava sentindo. Por fim, resolveu não escrever muita coisa, encontraria com a família em pouco mais de duas semanas;
“Olá,
Eles já sabem tudo sobre ele, logo vão saber sobre mim também.
Posso voltar para casa agora?
X .”
Cedrico olhava o Campo de Quadribol com um leve sorriso no rosto pensando sobre a próxima partida contra a Sonserina, quando algo chamou sua atenção. No meio da neve um ponto preto rondava próximo a Torre em que estava com a garota, olhando mais atentamente reparou ser um cachorro, um grande cachorro preto.
Achou estranho o animal estar sozinho, perdido pelo terreno.
Virou-se para , querendo contar sobre, quando reparou que ela já prendia sua carta em uma coruja castanha. Sorriu assim que ela o olhou.
— Olha, tem um cachorro ali! — Disse tornando a olhar pela janela, apontando para o animal com a cabeça, se aproximou procurando com o olhar.
— Não parece ser o cachorro do Hagrid… — Comentou, tentando enxergar melhor, ambos afastaram-se andando para as escadas, lado a lado, saindo do Corujal.
— Será que está perdido? — Cedrico questionou ainda olhando para o cachorro, o qual estava sentado no fim da escadaria, encarando os dois estudantes. — Até parece que está nos esperando.
Os dois terminaram de descer e aproximaram-se devagar, o cachorro continuava parado olhando de um para o outro.
— De repente ele está com fome… — pensou, virando-se para o rapaz ao seu lado.
— Posso pegar alguma coisa para ele comer na cozinha, — falou — só não deixe ele se afastar muito, talvez o tirem da propriedade antes de conseguirmos dar alguma comida para ele. — Diggory tornou a olhar para o cachorro, o qual parecia atento a conversa deles, mexeu com a mão tentando atraí-lo para perto — Não parece perigoso. — Disse, ao vê-lo aproximar-se com calma, sem tirar os olhos da garota, enquanto cheirava a mão do lufo. — Acho que ele gostou de você! — Riu ao passar a mão na cabeça do animal e reparar que ele esperava alguma atitude da loira, aproximando-se com calma dela.
esticou a mão para acariciar o pelo negro do cachorro, estava molhado e gelado devido a neve.
— Acho que ele também precisa de um banho! — Exclamou com uma careta leve.
Cedrico gargalhou e o cachorro latiu.
— O coitado está perdido, acho que ele não tem como tomar banho, ainda mais nesse frio! — Defendeu-o ainda fazendo carinho no animal, que parecia extremamente contente com a atenção que recebia. — Parece ser um cachorro esperto, é uma pena ele não poder ficar no terreno, seria legal para variar um pouco…
— Você vai contar para alguém? — virou-se para Diggory.
— Não, mas acho improvável que alguém não veja um cachorro desse tamanho por aqui… Mas talvez Hagrid o pegue, ele poderia ficar com o Canino, não é mesmo? — Cedrico sugeriu, parecendo animado.
— Mas e se não deixarem? Vão levá-lo embora? — tornou a questionar olhando para o animal, que não tirava os olhos dela.
— Não sei… Talvez… Bem, vou buscar um pouco de comida para ele, acho melhor levá-lo para o Campo de Quadribol, ninguém vai vê-lo lá. Volto logo! — Cedrico avisou, acenando com a mão e caminhando de volta para o Castelo.
chamou o cachorro e seguiram para o lugar proposto pelo outro, a garota sentou-se em um canto da arquibancada, ajeitando o cachecol em seu pescoço e o cachorro deitou ao seu lado.
— Você é um cachorro bonito, mesmo fedendo… — O cão latiu novamente para ela, fazendo-a rir levemente — Só estou falando a verdade, sinto muito se te ofende! — Disse, tornando a acariciar a cabeça do bicho, que encostou uma pata e a cabeça na perna dela, fechando os olhos em seguida — Você é bem folgado, não é mesmo? – Comentou ainda fazendo carinho nele. — Talvez eu te veja quando voltar do feriado… Se você não tiver ido embora… — Suspirou tristemente — E se eu voltar para a Escola. — O cachorro abriu os olhos afastando-se levemente da garota, parecia agitado.
Ela o olhou estranho por alguns segundos, era como se pudesse entendê-la.
Demorou um pouco para o cão se acalmar novamente e ela voltar a acariciar os pelos negros dele, e cerca de vinte minutos depois o cachorro ergueu as orelhas virando-se para o lado oposto, atento ao barulho que escutava.
também se virou e logo viu Cedrico voltando, segurando um embrulho grande.
O cachorro ficou em pé e correu em direção ao lufo, pulando em volta do garoto, abanando o rabo agitado, enquanto latia alto.
— Fique calmo, você não pode fazer tanto barulho, alguém pode te ouvir! — Pediu em vão, vendo o cachorro continuar a latir e tentar pegar o embrulho que o rapaz carregava consigo.
— Ele, definitivamente, está com fome! — sorriu assim que Cedrico se aproximou o suficiente para escutá-la.
Diggory sentou ao seu lado e abriu a toalha com comida, colocando-a ao chão. Os dois ficaram assistindo o animal comer rápido e desesperadamente todos aqueles pedaços de bacon, pernil, pão e frango.
— Imagina há quantos dias ele está sem comer… — Diggory comentou com pena.
— Será que é ele? Talvez seja ela… — falou distraída, o cachorro parou de comer e olhou para os dois, latindo. Ambos riram da reação.
— É ele! — Cedrico declarou e o cachorro voltou a comer.
— Precisa de um nome, não é? — perguntou com a cabeça inclinada admirando o animal, que já terminava de comer o último pedaço de frango. — Mas não sou muito boa com nomes…
— Hm… Vou falar vários que vierem à cabeça, se ele der algum sinal à gente fica com o nome, okay? — Sugeriu e a garota concordou, o cão terminou de comer e sentou em cima da toalha, olhando para os dois ao tempo que lambia o próprio focinho de qualquer resquício de comida. — Dingo? Hammer?
— Hammer? — questionou rindo, Cedrico deu de ombros sorrindo constrangido.
— Jack? Eddie? Dexter? Ginger? Logan? Lobo? — E o cachorro latiu com o último.
— Lobo? — olhou com a sobrancelha arqueada e o cão abanou o rabo.
— Bem, o Lobo já está alimentado! — Diggory sorriu estendendo o braço para passar a mão no animal que se aproximou com o rabo balançando.
— Mas ainda precisa de um banho! — deu de ombros vendo Lobo latir para ela, fazendo-a rir junto com Cedrico.
●●●
abraçou os amigos desejando-lhes boas festas e, antes de sair do Salão Comunal, virou-se para os três.
— Seus presentes estão com a Hermione! Feliz Natal! — Sorriu brevemente, pegando sua mala e caminhando para o quadro da Mulher Gorda.
— Hermione! — Rony olhou para a amiga — Você poderia nos entregar agora, não é?
— Pode esquecer, só vai receber no dia! — A amiga avisou antes de retirar-se em direção ao dormitório das garotas.
— Mas…
— Desiste, Rony — Harry riu — era mais fácil se a estivesse aqui para entregar, Mione não vai fazer isso antes do Natal.
Assim que passou pelo quadro, a loira começou a descer as escadas com certa dificuldade devido à grande mala que carregava, quando finalmente chegou ao hall de entrada do castelo, deixou-a junto com algumas outras que estavam ali e andou em direção ao Salão Principal, pegando algumas torradas, pães e um pedaço grande de torta de rins e embrulhando tudo em alguns guardanapos, escondendo dentro da capa, então caminhou para fora do Castelo poucos minutos depois.
Cedrico olhava o cachorro terminar de comer um tanto sonolento, estava cada dia mais cansado com tantos afazeres, mal podia esperar para poder dormir até tarde durante aquelas semanas de feriado, recostou-se nos bancos da arquibancada pronto para fechar os olhos, mas assustou-se quando o cão pulou ao seu lado, sentando-se no banco e lambendo a mão do garoto, que riu do gesto acariciando-lhe a orelha.
— Você é bem esperto, não é mesmo? Às vezes acho que você entende o que eu falo. — O cão latiu duas vezes e então deitou-se fechando os olhos e descansando. — Se eu te contar uma coisa você não vai contar para ninguém, não é mesmo? — Ele sorriu, negando com a cabeça, achando-se idiota por falar com o animal daquela forma, o cão apenas o olhou esperando que continuasse. — Acho que estou gostando de uma garota…
Lobo abriu a boca, claramente bocejando. Diggory franziu o cenho para ele, fechando a cara e cruzando os braços, revoltado com a falta de atenção que recebia, era algo grande para ele; Claro que já havia se interessado por outras garotas, mas não daquela forma.
— Não é uma menina qualquer, é a ! — Falou exasperado encarando o cachorro que estava com os olhos fechados.
Assim que disse o nome da garota, Lobo abriu os olhos, sentando-se sobre as patas traseiras e encarando o rapaz
— Ah, agora eu chamei sua atenção? — Sorriu esperto, esticando a mão para acariciá-lo, mas o animal afastou-se do lufo, ainda olhando diretamente para os olhos cinzas do garoto — O que foi? Ficou com ciúmes? Não vou fazer nada. Nem mesmo acho que ela goste de mim… — Deu de ombros, chateado. — Só queria dizer isso em voz alta e, se eu falar para qualquer um dos meus amigos, e toda Hogwarts vão ficar sabendo dois minutos depois… Sem contar que ela também é um pouco mais nova, tem não acho que tenha qualquer interesse em sair comigo, e, ao que parece, nem com nenhum outro cara, pelo menos nunca a vi com ninguém sem ser os amigos… E lembro dela não ter respondido uma conversa sobre o assunto um tempo atrás… O que é uma pena… Não à parte dela não sair com outros caras, obviamente, mas não seria nada mal dar uns beijos nela, entende?… — Suspirou, passando a mão pelos cabelos, escutando o cachorro rosnar em sua direção. — Que foi? Acabei de dizer que não vou fazer nada… Só disse que gostaria de beijá-la, o que não quer dizer que eu vou fazer! Embora quisesse… — Desabafou, sorrindo de canto — muito! Caramba, ela deve ser a garota mais legal de Hogwarts, e você deveria vê-la voando, por Merlin! Ela é de longe a melhor jogadora de Quadribol desse lugar, uma pena que jogue na Grifinória… — Comentou, suspirando — Acha que eu deveria chamá-la para sair quando voltarmos do feriado? Estive pensando em fazer isso… — Divagou olhando para o cachorro, que, novamente, rosnou em sua direção, fazendo-o rolar os olhos — Não deixaria de vir te dar comida se estivesse saindo com ela, ok? Na verdade, seria uma desculpa ainda melhor para ficarmos sozinhos e darmos uns beijos sem correr o risco de sermos pegos pelo Filch ou algum professor… — Disse pensativo, passando a língua pelos lábios, suspirando em seguida — De qualquer forma, já devo ter dado, no mínimo, umas três indiretas nos últimos dias e, ou ela não entendeu ou simplesmente me ignorou de propósito porque não quer sair comigo! Acredita nisso? Não sei o que tenho feito de errado… — Cruzou os braços, chateado — Sempre funciona com as outras garotas… Acha que eu deveria apenas beijá-la? — Virou-se com a sobrancelha arqueada para o cachorro, vendo-o latir, parecendo bravo — Tudo bem, tudo bem, já entendi o recado… Além do mais, acho que se eu a beijasse sem ter certeza dela querer, provavelmente terminaria na Ala Hospitalar por dias! Ano passado azarou três garotos de uma só vez, acredita? — Relembrou rindo — Tudo bem que eram da Sonserina e teve toda aquela história do Potter e a câmara secreta, mas mesmo assim… Imagina o que ela não faria comigo?
Suspirou, pensativo por um instante. Cedrico tornou a recostar as costas na arquibancada, esticando as pernas para relaxar um pouco, olhou o relógio no pulso, ainda tinha trinta minutos antes de sair;
— Não sei o que você vai fazer durante esses dias… — Comentou de olhos fechados, mudando de assunto — Passarei uns dias fora e também vai pra casa. Não contei para ninguém sobre você, porque podem falar que temos um cachorro no terreno e te levarem embora… — Virou-se para o animal que ainda o olhava sem reação, mantendo-se a distância — Mas não sei como você vai comer esses dias… — Pareceu realmente preocupado. O cachorro latiu baixo, se aproximando lentamente e lambendo a mão do garoto, que sorriu antes de lhe acariciar a cabeça.
No instante seguinte Lobo levantou as orelhas e pulou por cima do garoto, pisando em sua coxa, o que o fez resmungar com a dor. Desceu as escadas da arquibancada e correu para a entrada do Campo, balançando o rabo freneticamente. Diggory virou-se no mesmo instante, não demorando para entender o motivo da afobação do cão;
riu ao ver o cachorro pulando em volta dela e abaixou-se para fazer carinho no mesmo, que deitou-se sobre a neve e fechou os olhos, o rabo ainda abanando para os lados, animadamente.
viu Cedrico mais à frente e começou a andar em sua direção, seguida de perto por Lobo, que não parava de latir e pular, atraindo sua atenção durante o percurso.
— Olá! — Sorriu para o garoto sentando ao seu lado. — Trouxe comida, mas pelo jeito você foi mais rápido!
— Tudo bem, na verdade eu estava pensando sobre isso… Não temos como alimentá-lo durante alguns dias, talvez ele guarde para mais tarde.
— Pensei nisso também, quase falei para Hermione para ela alimentá-lo, mas certamente acabaria contando para alguém, porque é contra as regras da Escola… — Rolou os olhos e Cedrico riu concordando. — E Harry e Rony com certeza chamariam a atenção de algum professor…
— Tenho mais um pouco de comida aqui, podemos deixar em um canto para ele, tenho certeza que ele não vai morrer de fome, e é esperto o suficiente para procurar algo em outros lugares sem ser visto… — Comentou olhando o animal que cheirava o embrulho que deixou de lado.
— Espero que ele continue aqui, me acostumei com ele. — Falou distraída, Diggory concordou.
— Ninguém o viu até agora, acho que ele pode continuar escondendo-se.
Permaneceram em silêncio enquanto o cachorro corria sem parar pelo Campo, fazendo-os rir quando parava e começava a cavar a neve. Lobo vez ou outra olhava para os dois, latindo antes de voltar a correr.
— Feliz Natal, Cedrico! — A loira virou-se para o garoto, retirando um pacote do bolso da capa e entregando a ele. Diggory olhou surpreso — Pela ajuda que você me deu nas últimas semanas com os estudos e todo o resto… — Piscou, sorrindo de canto.
Lobo parou de correr quando notou que não tinha mais atenção dos estudantes e voltou correndo para perto dos dois, cheirando o embrulho que estava nas mãos de Cedrico antes que o rapaz tivesse tempo para abri-lo.
— Curioso! — Acusou.
Sorriu ao retirar o pequeno objeto e virou-se para a menina, abraçando-a sem jeito.
— Obrigado, é fantástico! — Tornou a olhar para seu pequeno Pomo-de-Ouro dentro de uma redoma de vidro pouco maior que sua mão. O pomo não voava, era uma peça presa em um suporte de madeira e tinha seu nome gravado, além das cores da Lufa-Lufa, ao invés do habitual dourado. — Comprei um presente pra você também, mas não sabia se te veria hoje… — Virou-se para sua mochila ao lado do banco e retirou um pequeno pacote prateado, entregando-o para a menina — Não sabia o que comprar na verdade…
— Não precisava! Você já tem feito muito por mim, sabe? E ainda me deu uma camiseta que Hermione estava tentando roubar — Contou rindo.
— Não importa, espero que goste. — Encolheu os ombros, esperando pela reação dela. Diggory torcia para que ela gostasse, passou dias pensando no que poderia dar de Natal para , tinha que ser melhor do que apenas chocolates da Dedos de Mel ou algum logro da Zonkos, como havia feito com Monty, por exemplo.
O cachorro olhava de um para outro em silêncio, com os olhos estreitos.
abriu o pacotinho e virou-o em sua mão, de dentro caiu uma corrente de prata com um pingente com a inicial de seu nome e outro com o leão símbolo da Grifinória.
sorriu verdadeiramente para o lufo, abraçando-o apertado em seguida.
— É lindo! Obrigada!
Cedrico afastou-se minimamente dela, ainda sorrindo para a garota, encarando os olhos que tanto gostava e que vinham dominando seus pensamentos nas últimas semanas. Seu olhar recaiu sobre os lábios dela, ainda sorria para ele… Cedrico gostava tanto de vê-la sorrir… Curvou-se ligeiramente, mas antes que pudesse se aproximar o suficiente o cachorro latiu alto, assustando-os, e então pulou no meio deles.
Cedrico riu sem graça, dando um beijo rápido na bochecha dela, vendo-a corar em seguida, e então fez uma careta para o cão, olhando-o frustrado; tinha certeza que havia sido proposital.
— Desculpe, mas o seu só chega depois, não encontrei nada para cachorros em Hogsmeade! — falou passando a mão no cão, que se virou rapidamente e lambeu sua bochecha, fazendo-a gargalhar empurrando-o para o lado.
Cedrico riu passando a mão na cabeça de Lobo, mesmo que ainda um tanto irritado com a interrupção, e virou-se para ajeitar suas coisas. Pegou o que sobrou da comida juntando-a com o que levou e fechou na toalha, daria para uns dois ou três dias, pelo menos. Virou-se para os dois que ainda brincavam sentados na arquibancada e sorriu.
— Sua comida está aqui, se você não comer tudo de uma só vez deve dar para alguns dias… — Apontou para a toalha e o cachorro latiu para ele. — Acho melhor irmos ou perderemos o trem!
concordou levantando e pegando sua capa, Cedrico se aproximou do cachorro, passando as mãos nos pelos do bicho, que abanou o rabo contente.
abaixou-se na frente do animal.
— Até mais, Lobo! Comporte-se bem, Feliz Natal! — Sorriu beijando a cabeça do cachorro, o qual se levantou e pulou nela como se estivesse a abraçando, deixando as duas patas dianteiras sobre seus ombros. Tonks riu passando as mãos pelo corpo esbelto dele, mantendo-o sobre as duas patas traseiras por alguns instantes.
Lobo tornou a lamber a bochecha dela, fazendo-a gargalhar novamente.
SEIS
Diggory terminou suas anotações e então olhou para , sentada logo a sua frente na mesa da Grifinória. Por algum motivo a garota estava sozinha fazendo seus trabalhos, parecia concentrada, embora, após algum tempo a observando, ele notasse que a garota segurava a pena em mãos, mas não escrevia nem uma palavra. Tinha o olhar fixo no livro à sua frente, mas não parecia estar lendo-o. Cedrico franziu o cenho, olhando ao redor e localizando Harry e Rony sentados juntos, do outro lado da mesa, fazendo seus deveres e vez ou outra conversando. O ruivo às vezes lançava um olhar para , que não parecia notar. Hermione nem mesmo estava por lá.
Achou estranho estarem todos separados, mas desde que voltaram do Natal, dez dias atrás, das vezes que encontrou com , ela parecia mais quieta do que de costume respondendo apenas o necessário quando ele lhe dirigia a palavra. E, pensando bem, todas as vezes que encontrou com ela, a menina estava sozinha; Andando para a aula de Poções, voltando das estufas de Herbologia, saindo da sala de Transfiguração ou indo para o treino de Quadribol, após o horário das aulas.
Ela também havia cancelado de vez as aulas que teriam juntos, dizendo que já poderia dar conta dos estudos sozinha e agradecendo pela ajuda que o lufo tinha dado anteriormente. O que tinha o deixado realmente frustrado, pois agora suas chances de ficar sozinho com para a convidar para sair pareciam ainda menores, e mesmo que não saíssem, ele também gostava da companhia dela, sempre dava boas risadas ao seu lado.
Cedrico também não tinha encontrado com ela em nenhuma das vezes que tinha ido levar comida para o cachorro, que agora estava escondido na Estufa número 5, a qual dificilmente era utilizada para aulas. E pelo olhar triste de Lobo, e a forma que o cachorro ficava olhando para a porta sempre que Cedrico entrava, o rapaz considerou que talvez ela não estivesse indo visitá-lo.
Tentou voltar sua concentração para os estudos, mas pouco depois viu Potter e Weasley passarem pelo corredor em direção a saída, sem nem mesmo olharem para a garota, que baixou ainda mais o olhar quando notou a aproximação deles.
Diggory desistiu por completo dos estudos quando a viu guardar o material e sair do Salão Principal. Fechou seu livro, jogando-o de qualquer jeito dentro de sua mochila, enrolou os pergaminhos que usou e colocou-os junto, fechou o tinteiro e pegou sua pena, guardando-os apressado. Avisou aos amigos que estava de saída e que encontraria com eles mais tarde, antes de colocar a alça da mochila por sobre o ombro e andar para a saída.
Olhou para os lados e não precisou de muito para localizar andando em direção aos jardins, seguiu-a de longe por algum tempo, e então quando ela deixou a mochila de lado e sentou-se embaixo de uma árvore, próxima ao Lago Negro, Diggory aproximou-se.
— Ei…
o olhou por alguns segundos, sorrindo de leve antes de voltar a olhar para frente, ignorando-o por completo. Não era bem sua intenção fazer aquilo, mas no momento não queria ver ninguém, nem mesmo Diggory.
Esperou por alguns instantes, parado em pé ao lado da garota. Olhou para o castelo e então suspirou deixando a mochila no chão, sentando-se ao seu lado, em silêncio. Nem entendia essa necessidade de estar perto dela, mas sabia que ela não estava bem, mesmo que não soubesse o motivo.
parecia perdida nos próprios pensamentos e, ao olhá-la, Cedrico apenas confirmou que ela não estava muito interessada em conversar, mas manteve-se ao seu lado, não querendo deixá-la sozinha. Minutos depois a garota suspirou, encostando a cabeça no ombro do loiro, Diggory sorriu levemente, passando o braço esquerdo pelos ombros dela, puxando-a para mais perto.
— Seja lá o que for, vai ficar tudo bem! — Disse baixinho, acariciando seus cabelos.
Se mantiveram em silêncio por um longo tempo, Diggory encarava o Lago Negro, sentindo a brisa gelada em seu rosto, se soubesse que ficaria tanto tempo do lado de fora do castelo teria se agasalhado melhor. Considerou sugerir para irem a outro local, mas a loira não parecia se importar com o frio. Sabia que ela chorava em silêncio, pois vez ou outra ela fungava baixinho. No fundo estava desesperado para saber o que poderia ter acontecido para deixá-la daquele jeito, talvez fosse uma briga com os amigos, mas aquela também não era a primeira vez que a garota ficava daquele jeito. Lembrava-se bem do dia do embarque para o início do ano e de como ela não queria vir para Hogwarts! Aquilo parecia irreal em sua cabeça, mas por algum motivo preferia ficar em casa. E qualquer que fosse o problema, parecia a atrapalhar o ano todo.
Independente do que pudesse ser, deveria ser sério.
Talvez alguém estivesse doente em sua família ou algum parente próximo poderia ter morrido e ela sentia falta… Então se lembrou que Ninfadora havia dito que estava doente no verão… Seria possível que ela tivesse alguma doença grave e por isso estava daquele jeito? Será que corria algum risco de vida?
Pensou por alguns instantes, mas não se lembrava de tê-la visto passando mal ou com algum sintoma diferente… Nas primeiras semanas de aulas parecia bem, das vezes que a tinha visto a garota estava normal, talvez um pouco atarefada após entrar no time da Grifinória, parecia cansada, mas era só… Será que estava indo para a Ala Hospitalar e ele não sabia?
Sentiu-se subitamente nervoso com a ideia da loira estar realmente doente, não eram melhores amigos, por vezes mal se falavam, e quando conversavam não era nada muito importante, mas havia se acostumado rápido com a presença dela. Gostava de passar um tempo ao seu lado, mesmo que fosse apenas para verem o cachorro comer, como aconteceu antes do feriado. E, estava de fato interessado na garota, não seria nada mal conseguir um encontro, por exemplo. Fora, é claro, as piadas dos amigos, afinal seu tempo extra com ela não passou despercebido; Montgomery, Daves e Parker volta e meia comentavam sobre, insistindo no interesse do lufo na loira, o que ele seguia negando veementemente – eles não precisavam saber que Diggory queria sim sair com ela. Apertou-lhe o ombro por um instante, e se estivesse mesmo doente?
— Não quer conversar sobre isso? Juro que não conto pra ninguém! — Garantiu, afastando-se apenas o suficiente para encará-la. Agora precisava saber se ela estava bem. Torcia para que fosse outra coisa, qualquer coisa, mas precisava saber! Talvez não conseguisse nenhum encontro, mas a ideia da garota estar doente ou algo do tipo parecia perturbadora.
o encarou de volta por alguns segundos, desviando o olhar pouco depois. Queria conversar, precisava falar daquilo com alguém, sentia que poderia sufocar a qualquer instante com tudo. Mas tinha medo do que poderia acontecer se contasse, e se outras pessoas descobrissem? O que aconteceria quando todos soubessem a verdade sobre ela? Suspirou cansada, exausta. Tornou a olhar para Cedrico sentado ao seu lado, parecia preocupado; não o conhecia há tanto tempo, não eram assim tão próximos, mas ele estava ali a ajudando mais uma vez… Talvez ele fosse a pessoa certa para conversar.
concordou com a cabeça, sugerindo que procurassem outro lugar primeiro e, no momento seguinte, Diggory a seguia de volta para dentro do castelo.
Entraram em uma sala vazia no primeiro andar e o lufo tocou a porta com a varinha, trancando-a para terem um pouco mais de privacidade. Encostou-se em uma das mesas ao canto, deixando sua mochila de lado, próxima das coisas da garota. Tonks estava de costas, olhando pela janela, pensando na melhor forma de começar o assunto, reparando que não tinha um jeito fácil de falar nada daquilo.
A cada minuto que a garota não dizia nada, Diggory apenas confirmava o quão sério deveria ser o assunto, e sua curiosidade apenas aumentava. Por fim, após o que lhe pareciam horas, mas deveria ser apenas uns cinco minutos, suspirou, olhando-o sem graça;
— Você sabe que moro com meus tios, não é? — Perguntou em voz baixa, vendo-o concordar com um aceno.
— Imaginei… — Pigarreou, parecendo sem graça — Bem, no começo não pensei nada sobre o assunto, mas depois imaginei que talvez… Seus pais… — Interrompeu-se sem saber como falar. — Seus pais morreram…?
A garota negou com um aceno lento.
— Meus pais estão vivos, Cedrico… — Começou, mordendo o lábio inferior e desviando o olhar no instante seguinte, completando em voz baixa — Eles estão em Azkaban.
Diggory abriu a boca, completamente chocado com a informação.
Em nenhum momento, nem em um milhão de anos, pensaria naquela possibilidade. No fundo realmente não havia dado muita atenção ao assunto, num primeiro momento nem mesmo pareceu se dar conta de que a garota morava com os tios ao invés dos pais, depois, conforme começaram a conversar, imaginou que pudessem ter morrido, o que por si só já parecia ruim o bastante. Mas Azkaban? A prisão dos bruxos? Aquilo jamais passaria pela sua cabeça.
Não soube o que dizer num primeiro instante, não era o tipo de coisa que ele esperava ouvir. E, o mais importante, não era por qualquer crime que um bruxo era condenado a Azkaban, apenas os mais cruéis.
A loira tornou a olhar pela janela, evitando encará-lo.
Imaginava o quão difícil deveria ser para ela saber que pai e mãe estavam na prisão e, considerando tudo aquilo, imaginou qual seria o motivo.
— Eles eram Comensais, não eram? — Perguntou, vendo-a concordar com um aceno. — Eu sinto muito! — Disse por fim, embora não parecesse o suficiente.
permaneceu olhando pela janela quando voltou a falar.
— Você lembra que anos atrás era comum uma família de Sangue-Puro manter relações e matrimônios com outras, não lembra? Para não se misturarem com Nascidos-Trouxas ou Mestiços? — O olhou por um momento, vendo-o confirmar. — Minha família era assim; Extremistas que prezavam o Sangue-Puro e davam mais importância ao sobrenome e a quantidade de ouro no Gringotes — começou a contar, tornando a olhar para o lado, sentindo um nó se formar em sua garganta conforme falava —, adoradores das Artes das Trevas mesmo antes de Você-Sabe-Quem tomar o poder. — Respirou fundo antes de começar a explicar melhor suas origens, sabendo o que poderia significar contar tudo aquilo para o loiro. — Walburga e Cignus Black eram irmãos e herdeiros de uma das famílias mais importantes do mundo bruxo; Walburga casou-se com o primo, Orion, e juntos tiveram dois filhos, Sirius e Régulo. — Diggory aproximou-se, sentando na mesa em frente a garota, prestando atenção em tudo o que ela contava, sem saber realmente como reagir ao que ouvia — Cignus casou-se com Druella Rosier e tiveram três filhas, Bellatrix, Andrômeda e Narcissa. Ele morreu de Varíola de Dragão alguns anos após o nascimento de Narcissa. Druella ainda era jovem e com um sobrenome importante, casou-se um ano depois com Frank Lestrange, que também estava sozinho com os dois filhos, Rodolfo e Rabastan, após a esposa ser mandada à Azkaban por matar um grupo de Trouxas anos antes. Frank e Druella tiveram mais uma filha, Victoria. — suspirou, passando a língua pelos lábios antes de continuar, ainda evitando olhar a expressão do lufo, com medo do que veria. — Anos depois, Rodolfo e Bellatrix se casaram, seguindo juntos para o lado de Você-Sabe-Quem; os dois estão em Azkaban desde a queda Dele. Andrômeda casou-se com Edward Tonks, um Nascido-Trouxa que conheceu em Hogwarts, os dois tiveram uma filha, Ninfadora. Obviamente, Andrômeda foi a vergonha de toda a família ao juntar-se com um Nascido-Trouxa como Ted, e por isso foi banida. — Diggory arqueou a sobrancelha, era tão irônico a mulher ser considerada a vergonha com todos os outros envolvidos com as Artes das Trevas… — Narcissa casou-se com Lucius Malfoy; vindo de uma família de Sangue-Puro com ouro o suficiente no Gringotes para ter alguma relevância, mesmo que não fosse um sobrenome tão conhecido. Draco nasceu um ano depois do casamento. — Cedrico entendeu pouco depois o que viria a seguir e o motivo dela explicar tudo aquilo, olhando para as próprias mãos quando a loira voltou a falar — A quarta das irmãs, Victoria, casou-se com Sirius, herdeiro dos Black. Antes de serem condenados à Azkaban, eles também tiveram uma filha…
— Você. — Cedrico disse baixinho, o encarou, concordando com um aceno.
Diggory voltou a olhar para baixo, pensando sobre tudo o que ouviu.
— Como é que ninguém sabe disso?
suspirou, dando de ombros;
— Era o meio de uma guerra, não? Poucas pessoas sabiam que eles tinham uma criança, apenas alguns conhecidos mais próximos, não foi muito difícil passar despercebido… E Andrômeda ainda era próxima deles, se dava bem com Sirius, aparentemente ninguém sabia que eles trabalhavam para Você-Sabe-Quem… Ela estava comigo na noite em que ele foi levado à Azkaban… Depois que Victoria também foi mandada para lá, conseguiram fazer um acordo com a Ministra da Magia da época, Millicent Bagnold. Quando Fudge assumiu o cargo, ele concordou em manter tudo em sigilo… — Contou, parecendo cansada — Andrômeda e Ted mudaram da casa que viviam para um bairro Trouxa para evitarem muitas perguntas e, por fim, mudaram meu nome para Tonks.
Diggory mais uma vez concordou, assimilando lentamente toda a história.
— E por que não te criaram para chamá-los de pais? Seria mais fácil se ninguém sabia sobre isso, não?
deu de ombros;
— Eu já tinham quase dois anos quando aconteceu, sabia que eles não eram meus pais, só não sabia o motivo de morar com eles…
— Acha que foi por isso que Black tentou invadir a Torre da Grifinória? Pra tentar chegar até você?
A garota mais uma vez suspirou, negando com um aceno;
— Acham que ele está atrás do Harry, para se vingar…
Diggory passou a língua pelos lábios, concordado devagar.
— Mas é por causa dele que você está assim…?
olhou para baixo.
— É só uma questão de tempo até todo mundo descobrir a verdade…
— Seus amigos já sabem? — Perguntou por fim, vendo-a negar — Deveria contar pra eles — aconselhou, a loira deu um sorriso triste.
— Sirius Black é uma das razões dos Potter terem morrido, Cedrico. Foi ele quem os entregou a Você-Sabe-Quem! Eles eram todos amigos… Como vou falar para o Harry que a mãe e o pai dele estão mortos por causa do meu pai?
Diggory abriu a boca, mais uma vez chocado com o que ouvia;
— Você já sabia? Quando começou a falar com Potter…?
— Descobrimos aquele dia em Hogsmeade… — Explicou.
Cedrico não precisou de muito para saber a qual dia ela se referia; foi por isso que ele a encontrou chorando sozinha.
— Eu sinto muito. — Repetiu, sem saber o que mais poderia dizer. Não deveria ser uma situação fácil, saber que os pais eram Comensais já era ruim o suficiente, mas saber que eram responsáveis pela morte da família de um dos seus melhores amigos?
Diggory não fazia ideia de como reagiria a tudo aquilo se fosse com ele. Agora entendia a preocupação da garota, o motivo de estar sempre triste.
— Então, você está com medo que seus amigos descubram e não queiram mais conversar com você? Que eles saiam correndo? — A garota olhou para o lado, sem responder. Cedrico negou com a cabeça, aproximando-se — Olha, , eu sei que não deve ser a coisa mais fácil do mundo, e, particularmente, não queria estar no seu lugar… Acho que ninguém queria. Mas… Todos que te conhecem sabem que você não tem nada a ver com eles, não é minimamente parecida. Você não é uma pessoa ruim e não tem culpa do que aconteceu. Você não pediu para ser filha deles e não tem culpa das escolhas que eles fizeram. Sofreu tanto ou mais do que todas as outras pessoas…
A menina continuou em silêncio, olhando para as próprias mãos.
— Eu duvido que eles vão deixar de falar com você, é sério. — Diggory tocou o ombro dela, atraindo sua atenção — Vocês são amigos, eles te conhecem muito melhor do que eu, e se eu que te conheço há apenas alguns meses não penso em ficar longe ao saber de tudo isso, por que eles que estão ao seu lado há três anos se afastariam?
concordou com a cabeça depois de alguns instantes, suspirando derrotada.
— Mas também acho que você deveria contar logo para o Potter, mostrar que você confia nele, entende? É melhor do que se ele descobrir por outra pessoa.
— Obrigada.
— Não precisa agradecer. — Ele sorriu apertando gentilmente o ombro dela — E se eu estiver errado, pode deixar que eu uso meu poder de Monitor e o coloco de detenção pelo resto do ano! — Piscou malandro, fazendo-a rir baixo antes de abraçá-lo.
O lufo respondeu o abraço no mesmo instante, feliz que ela tivesse confiado nele o suficiente para aquilo, embora ainda não tivesse certeza se realmente compreendia tudo. Achava que demoraria dias para finalmente cair a ficha de que era tudo verdade. Mas sabia que a garota não era culpada por nada daquilo, jamais a olharia diferente por saber quem eram seus pais.
— Eu sei que é meio óbvio, mas gostaria que não falasse disso pra mais ninguém. — Pediu ao se afastarem, o loiro concordou de imediato, piscando em sua direção;
— Eu sou ótimo com segredos, não se preocupe!
SETE
— Ora, ora, veja só quem está perdido pelos corredores de Hogwarts! — Ouviu a voz zombeteira de Rogério, o qual saía de um banheiro do primeiro andar.
— Perdido? Você por acaso não tem aula também? — Rolou os olhos, seguindo junto do moreno para a aula de Transfiguração.
Daves riu concordando, logo passando o braço pelos ombros do amigo;
— E você não vai abrir o jogo sobre seu último encontro, é?
Diggory franziu o cenho, olhando-o com a sobrancelha arqueada;
— Alice? Não sai mais com ela, só aquele dia no Três Vassouras — deu de ombros, o moreno negou com a cabeça sorrindo de lado.
— Estou falando da loirinha, Diggory!
— Que loira?
O corvino rolou os olhos parando de andar, encarando o amigo. Nunca sabia se Cedrico estava falando a verdade quando comentava que não havia encontrado alguém ou apenas privando os detalhes de seus encontros.
— Da Grifinória, é claro. Tonks!
Cedrico negou com a cabeça, passando a mão pelos cabelos antes de voltar a andar;
— Já disse que não estamos saindo.
— Ah é? — Rebateu de imediato — Pois eu soube que viram vocês dois saindo juntos de uma sala vazia após o horário ontem, parecendo muito íntimos!
— O quê? Quem disse isso? — Perguntou mais alto, parando no lugar ao encarar o outro. Rogério riu divertido ao notar o rosto corado do loiro.
— Ouvi algumas meninas comentando hoje cedo durante o café, indignadas que o bonitão aqui estivesse saindo com a chatinha da Grifinória.
— não é chata!
— Que lindo, defendendo a namoradinha e tudo! — Falou, colocando a mão sobre o peito. Diggory rolou os olhos, tornando a negar;
— Não é minha namorada e não estamos ficando.
— Diggory! — Ouviram um grito vindo do início do corredor, no qual Montgomery andava apressado até os amigos — Jura que eu tenho que saber pelos outros sobre você e Tonks? Que amizade é essa? — Questionou indignado, falando alto o suficiente para vários alunos que passavam escutarem. Cedrico sentiu o rosto esquentar ao ver os olhares sobre ele, negando rapidamente.
— Não é nada disso — falou assim que Monty se aproximou, puxando-o para o lado enquanto pedia para o moreno parar de gritar —, acabei de falar para Davies, não estou ficando com a !
— Não foi isso que eu escutei! — Resmungou cruzando os braços e o olhando desconfiado. Rogério sorriu largamente ao encarar o loiro, divertido com tudo.
Cedrico suspirou, passando a mão pelos cabelos nervosamente;
— Não tem nada acontecendo, só conversamos e é isso.
— E por que estavam sozinhos depois do horário?
— É, que conversa é essa?
O loiro travou a mandíbula, respondendo irritado:
— Não interessa o que conversamos, já disse que não estamos ficando. E parem de falar sobre isso! — Finalizou antes de voltarem a andar para a aula.
●●●
— !
A loira virou-se assim que ouviu o chamado de Gina, a qual andava apressada em sua direção.
— Não acredito que você não contou! — Disse chateada.
sentiu a boca ficar seca, imaginando que de alguma forma a ruiva soubesse sobre sua família. Será que Diggory teria dito para alguém? Já havia notado alguns olhares em sua direção ao longo da manhã, mas imaginou que era coisa da sua cabeça, estava ficando paranoica com tudo aquilo.
— Contei o quê? — Perguntou baixo, sentindo as mãos tremerem.
— Sobre você e o Cedrico! Por que não disse que estão juntos?
— Eu… Cedrico…? O quê? — Tornou confusa, a ruiva colocou as mãos na cintura.
— Você não está saindo com Diggory? Chloe e Evie perguntaram hoje cedo se era verdade, eu disse que não, mas ouvimos Cedrico falando disso com os amigos enquanto saía da aula do Binns!
— O quê? — Repetiu descrente.
— É, Emmett estava reclamando por ele não ter contado antes! Acho que todas as meninas estão falando disso, e a maioria odiou saber, se quer a verdade!
abriu a boca, completamente sem reação. Por que Diggory estaria falando que estavam juntos? Que tipo de brincadeira era aquela?
— Você não está mesmo com ele? — A ruiva tornou ao ver a expressão da amiga — Então não é verdade que estavam sozinhos em uma sala depois do horário?
— Como…?
— Alguém disse que viu vocês dois saindo abraçados de uma sala ontem, muito próximos. E hoje ouvi Cedrico falando disso…
Tonks começou a negar, quando viu o loiro mais ao canto junto com um grupo de amigos. Travou a mandíbula, decidida a tirar aquela história a limpo. Deixou a Weasley de lado e andou diretamente até o grupo, sentindo a respiração descompassada. Se fosse verdade que Cedrico estava inventando coisas… Ele não faria isso, faria? Mas Gina havia visto ele falando com os amigos; a ruiva poderia ser fofoqueira (assim como ela mesma), mas não era mentirosa!
— Diggory, posso falar com você? — Pediu em voz alta ao se aproximar, ignorando os olhares dos amigos do rapaz. Cedrico pareceu surpreso, mas concordou.
— Ah, lá vai o casalzinho! — Emmett riu, fazendo o loiro ficar constrangido, mas não respondeu nada.
parou a apenas alguns metros do grupo, não querendo correr o risco de escutarem a conversa, e então virou-se para Cedrico;
— Por que está dizendo que estamos juntos?
— O quê? — Falou surpreso.
— Gina ouviu você falando sobre isso mais cedo, contando para seus amigos que estamos juntos! — Cruzou os braços, encarando-o com a sobrancelha arqueada.
Diggory abriu a boca, surpreso de como as coisas chegaram naquele nível tão rápido.
— Não estou dizendo para ninguém que estamos juntos! — Explicou de imediato, passando a mão pelos cabelos — Foi justamente o contrário; Monty e Daves ouviram alguém falar sobre isso e vieram me perguntar, mas eu disse que não estamos ficando. Todo mundo que me perguntou sobre isso eu neguei, mas também não posso controlar o que outras pessoas dizem!
A garota o olhou desconfiada por um instante:
— Então por que Montgomery falou que somos um casal se você desmentiu?
Cedrico sentiu o rosto esquentar;
— Emmett é um babaca, sempre fala isso de brincadeira… — Suspirou, tornando a olhá-la — Não estou inventando coisas sobre você, , só não sabia explicar o motivo de estarmos sozinhos até mais tarde ontem, então deve parecer estranho… Mas não estou dizendo que estou ficando com você — Garantiu, embora, no fundo, desejasse que fosse verdade.
A garota suspirou, concordando com um aceno.
— Desculpe… Não achei que você realmente faria isso, mas Gina me garantiu que você estava falando disso para seus amigos…
— É sério, não estou inventando coisas sobre você — repetiu, a garota concordou. Cedrico passou a língua pelos lábios antes de perguntar em voz baixa — Já conversou com seus amigos sobre aquele assunto?
o encarou por um instante antes de negar.
— Talvez amanhã… Ainda tenho um trabalho e Quadribol hoje… De qualquer forma, nos vemos depois, Diggory!
— Se precisar de algo, estou aqui — avisou, escutando-a agradecer —, e só para você saber, mesmo se tivéssemos ficado, não sou do tipo que beija uma garota e sai contando por aí, não se preocupe — piscou, vendo-a rir baixo ao olhar para o lado com as bochechas coradas, acenando antes de se afastar.
●●●
Os dois estavam sentados no chão da estufa, vendo Lobo ir buscar a bolinha que Cedrico jogava e trazê-la de volta animado, o rabo balançando de um lado para o outro.
— Você vai me fazer perguntar ou vai me contar sozinha?
— O que quer dizer? — A garota virou-se para olhá-lo, no mesmo instante em que o cachorro voltava com a bolinha colorida, a qual era seu presente de Natal dado por , e o loiro jogava mais uma vez.
— Bem, tem dias demais que não a vejo com seus amigos, levando em consideração que era para ter conversado com Potter sobre tudo o que aconteceu…
franziu o cenho, negando com a cabeça enquanto olhava para o cachorro, o qual tornava a se aproximar animado.
— Potter é um babaca. — Falou baixo, vendo Lobo sentar-se ainda com a bolinha na boca.
Diggory suspirou entendendo o que a garota quis dizer, mexeu com a mão para o cachorro aproximar-se mais uma vez e ele poder jogar a bola, mas dessa vez o animal permaneceu parado, sentado em frente aos dois, deixando o objeto no chão.
Cedrico franziu o cenho estranhando a reação do cachorro, virou-se então para a garota que não pareceu perceber.
— O que ele disse? — Perguntou curioso.
— Nada que eu já não esperasse. — Deu de ombros, movendo-se desconfortável. — Parece que você estava errado, não é mesmo? — Comentou após alguns instantes naquele silêncio incômodo. Cedrico olhou-a confuso. — Você me falou que ele obviamente entenderia que a culpa do que aconteceu com os pais dele não era minha, pois bem, aparentemente você errou sobre isso.
Diggory travou a mandíbula, fechando os olhos por alguns instantes;
— Bem, talvez Potter seja mais estúpido do que eu imaginei.
— Ele não é o único.
— Hermione e Rony concordam com ele?
— Rony parecia perdido, mas ficou do lado de Harry. Hermione começou a chorar, então não deu pra entender muito bem o que ela quis dizer — coçou o nariz distraída, pensando sobre o assunto. — Mas não conversamos depois disso, acho que deixa tudo bem claro.
— Pode ser só questão de tempo até assimilar…
— Tempo? — Virou-se para ele — Não vejo como o tempo vai ajudar em alguma coisa, Cedrico. Não vou deixar de ser filha de quem eu sou ou isso já teria acontecido nos últimos doze anos, não acha?
— Só quis dizer que talvez ele esteja nervoso agora e depois se desculpe…
— Não preciso das desculpas dele, Diggory. Se Potter acha que eu ajudaria Sirius Black a matá-lo, problema é dele. Não preciso daquele magrelo estúpido para absolutamente nada. — levantou-se de repente, passando por Cedrico e Lobo sem olhar para trás.
Diggory suspirou frustrado, passando a mão pelos cabelos.
— Agora me diga, por que foi que ela gritou comigo se eu não fiz nada? — Perguntou retoricamente para o cachorro que manteve o olhar preso no rapaz. — Caramba, Potter quem estraga as coisas e sou eu quem quase apanha? — Cedrico levantou-se ainda parecendo chateado — Até parece que é nossa culpa ela ser filha de Black… — Passou a mão na calça, tirando o pouco de terra presente, antes de agachar-se e passar a mão no cachorro — Até mais, Lobo.
●●●
estava encostada na parede gelada com os braços cruzados, sentindo-se um tanto aborrecida com a demora. Detestava ficar esperando. Viu mais um grupo de quintanistas saindo, mas Diggory ainda não estava entre eles. Fazia quase quarenta minutos que estava esperando, deixou de tomar café para falar com o lufo e já começava a se arrepender dessa escolha idiota. Podia ter deixado para conversar com ele mais tarde, depois das aulas talvez. Mas não, lá estava ela, sentindo um buraco no estômago de tanta fome e começando a se cansar de ficar igual idiota esperando pelo rapaz.
Sem contar os olhares dos lufanos ao se depararem com a garota da Grifinória parada em frente a passagem para a Sala Comunal da Lufa-Lufa, a qual deveria ser secreta.
Olhou no relógio para confirmar o que já sabia: Estava há tempo demais esperando por Diggory, e se ele não aparecesse em cinco segundos então ela não se daria mais ao trabalho de se desculpar.
Seu ego torcia para que ele não aparecesse!
— Finalmente, Diggory, por que você demorou tanto? — Reclamou quando viu o rapaz saindo, ajeitando o cachecol, enquanto colocava a mochila nas costas.
Cedrico arqueou a sobrancelha quando a viu parada à sua espera. Os amigos que estavam com ele olharam para a garota, a qual sentiu o rosto esquentar ao notar que ele não estava sozinho, depois riram para Diggory que rolou os olhos, logo vendo-os se afastarem pelo corredor.
Cedrico arqueou a sobrancelha quando a viu parada à sua espera. Os amigos que estavam com ele olharam para a garota, a qual sentiu o rosto esquentar ao notar que ele não estava sozinho, depois riram para Diggory que rolou os olhos, logo vendo-os se afastarem pelo corredor.
— Não sabia que estava me esperando… — Deu de ombros, parando em sua frente — Algum problema?
o encarou por alguns segundos, pensando no que diria. Um simples “me desculpa” deveria ser o suficiente, certo? Então por que ela não dizia?
— Reparei que você tem me evitado nos últimos dias, imaginei que talvez você estivesse chateado comigo…
Cedrico cruzou os braços, olhando sério para a loira.
— Talvez?
— Olha, eu vim até aqui e fiquei te esperando por uma eternidade, vamos pular essa parte? — A garota sorriu sem graça. Diggory negou com a cabeça, suspirando em seguida.
— Por que você sempre faz isso? — Questionou cansado.
— Faço o quê?
— Você sabe que seria muito mais fácil se você simplesmente tivesse falado comigo no mesmo dia quando me viu na hora do jantar, mas preferiu me ignorar. E no dia seguinte quando eu fui falar com você, tornou a ser grosseira. Agora vem como se nada tivesse acontecido e espera que eu faça o mesmo?
— Eu não… — Suspirou, enquanto Cedrico continuava a encará-la de cara fechada — Não é com você meu problema, Diggory, sabe disso.
— Bom, então não desconte em mim.
abriu a boca para respondê-lo, mas pensou melhor e apenas suspirou, passando as mãos pelo rosto e jogando o cabelo para trás.
Cedrico continuava parado esperando seu pedido de desculpas, achava justo já que ela havia sido extremamente rude com ele nas duas últimas vezes que se encontraram, realmente não era culpa dele se ela ainda estava brigada com os amigos.
— O que você quer que eu diga? — Olhou-o finalmente, Cedrico deu de ombros, vendo-a bufar irritada — Caramba, Diggory, eu vim até aqui, fiquei um tempão procurando a droga da passagem pro seu Salão Comunal, nem tomei café, estou morrendo de fome, vou me atrasar para a aula do Lupin e você fica de frescura?
— Frescura? — Reclamou em voz alta.
— Eu não sei se você percebeu, Cedrico, mas eu não costumo me desculpar com as pessoas… — Diggory negou com a cabeça, virando-se para sair do corredor — E mesmo assim eu passei os últimos cinquenta minutos aqui esperando pra falar com você! — Disse mais alto ao vê-lo se afastar.
Cedrico parou por um instante, suspirou antes de virar-se, sabia que não conseguiria muito mais do que aquele falho pedido de desculpas. simplesmente não sabia se desculpar, mas aquilo o incomodava.
— Não adianta você vir aqui e dizer que sente muito se na próxima briga que tiver com seus amigos voltar a me tratar mal. Não sei se percebeu isso, Tonks, mas estou sempre tentando te ajudar da melhor forma que posso! — Frustrou-se consigo mesmo ao encarar os olhos da garota e sentir-se culpado por estar dizendo tudo aquilo — Eu gosto de você, gosto muito — admitiu, sentindo o estômago rodopiar —, mas não vou ficar correndo atrás de você para ser tratado dessa forma. Sei que você está com vários problemas e, de verdade, quero te ajudar, mas não é minha culpa que você e seus amigos não estão se falando. Não é em mim que você tem que descontar suas frustrações!
baixou a cabeça por um instante, concordando em silêncio;
Sabia que ele estava certo e não queria ser grosseira, mas às vezes não conseguia evitar. Infelizmente tudo estava fora de seu controle aquele ano e Cedrico acabou sendo o que mais sofreu com suas atitudes impensadas, não era a primeira vez que aquilo acontecia e, se fosse sincera, duvidava que fosse a última.
— Sinto muito, Diggory. — Disse em voz baixa, ainda sem olhá-lo.
O rapaz respirou fundo, passando a mão pelos cabelos, dando um passo em sua direção.
— Tudo bem, esqueça.
— Não, você está certo… — Continuou, o olhando tristemente — Você tem sido ótimo comigo o ano todo e eu sempre te trato mal, mesmo nunca sendo com você meu problema. — Admitiu, sentindo os olhos marejarem, a última coisa que queria era chorar mais uma vez na frente dele, mas também não parecia capaz de evitar — Esse ano tem sido horrível de tantas formas… — Suspirou, passando a mãos pelo rosto — Eu sabia que seria péssimo desde que descobri que ele escapou de Azkaban, por isso não queria voltar pra cá depois das férias e menos ainda depois do Natal — disse, sentindo um nó se formar em sua garganta. Diggory franziu o cenho, não sabia sobre a possibilidade da garota não ter voltado após o feriado — Você tem sido realmente incrível, eu sinto muito de verdade por não ter te tratado tão bem ou demonstrado o quanto aprecio sua amizade. — Encarou-o por um instante, sorrindo triste — Eu entendo você não querer mais falar comigo e sinto muito por tudo isso, ok? Obrigada de qualquer forma!
Encerrou, virando-se para sair do corredor antes que começasse a chorar mais ainda em sua frente – a ideia de agora não ter nem mesmo o loiro ao seu lado parecia pior, pois sabia que aquilo era sua culpa, diferentemente da situação envolvendo os três amigos.
Diggory fechou os olhos, negando com a cabeça;
— Eu nunca disse que não queria mais falar com você — Avisou, vendo-a parar alguns passos de distância, virando-se para olhá-lo mais uma vez — Só fico cansado de sempre ser tratado da mesma forma sem ter feito nada errado.
A loira concordou, mantendo o olhar baixo enquanto passava a mão pelo rosto, limpando as lágrimas. Cedrico ajeitou a alça da mochila que escorregava sobre o ombro, aproximando-se dela, sentindo-se estranho por saber que a garota agora chorava em partes por causa dele.
— Eu realmente gosto de você, , — repetiu, passando a língua pelos lábios finos, esperava que ela entendesse o que ele queria dizer, mas também sabia que tudo o que ela precisava era de um amigo ao seu lado naquele momento, e ele queria ser essa pessoa também — é até um tanto frustrante brigar com você e, ao mesmo tempo, sentir sua falta.
— Você sentiu minha falta? — Perguntou surpresa, vendo-o rolar os olhos, rindo baixo.
— Talvez um pouco… — Deu de ombros, vendo-a sorrir e, no instante seguinte, sentiu os braços da garota em volta da sua cintura, em um abraço apertado que foi correspondido da mesma forma;
— Gosto de você também, Diggory, espero que saiba disso!
O lufo fechou os olhos por um instante, beijou-lhe a testa no momento seguinte;
— É melhor irmos antes que eu perca pontos por me atrasar para a aula do Flitwick!
A loira riu, começando a andar ao seu lado pelos corredores;
— Você alguma vez já perdeu algum ponto? — Questionou, vendo-o negar com um aceno — Deveria tentar algum dia, é uma sensação ótima!
— Sabe o que é ainda melhor? Ganhar pontos ao invés de perdê-los! — Respondeu da mesma forma.
— Para sua informação, já ganhei vários pontos para a Grifinória, ok? Porém devo ter perdido o triplo!
— Exatamente, não acha que seria melhor só ganhá-los ao invés de perdê-los? — Riu enquanto subiam um lance de escadas.
A garota fez careta, negando com um aceno.
— É assim que funciona, Cedrico, eu perco e a Mione recupera… — Começou, então ficando em silêncio por uns instantes, lembrando-se que não estava mais conversando com Granger — Ou algo assim…
Diggory olhou-a de lado, passando o braço por seus ombros;
— Você sabe que logo vai estar conversando com eles de novo, não é?
— Não, eu não sei, Ced. — Negou, suspirando — E é esse o problema.
Diggory ficou em silêncio por um segundo, parte de si revirando-se com o chamando de Ced, mas feliz o suficiente por estarem conversando de novo para importar-se com aquele detalhe.
— Pois eu tenho certeza que é uma questão de tempo para, no mínimo, você voltar a conversar com a Hermione, afinal ela é bem esperta, não é?
— Sim, — concordou, sorrindo pequeno — pra você ver como ser a bruxa mais inteligente da idade dela não significa muita coisa…
Diggory riu da brincadeira, olhando-a de canto;
— Bem, não diria a mais inteligente da idade dela… Quer dizer, você sabe que é bem esperta também, não é? É sério! — Acrescentou quando a viu rolar os olhos em sua direção — Todas as vezes que estudamos juntos não foi nenhum pouco difícil te ensinar as coisas… Você só precisa focar nas aulas!
— Primeiro que não temos a mesma idade; sou um ano mais velha que eles, entrei depois em Hogwarts porque faço aniversário em novembro, então tive que esperar mais um ano — explicou, e então Diggory parou ao seu lado, olhando-a incrédulo;
— Por que não me disse que fez aniversário em novembro? Eu não fazia ideia!
A garota riu, dando de ombros, antes de continuar;
— E segundo, é exatamente esse o meu problema, — respondeu, fazendo careta — detesto prestar atenção nas aulas, a única que ainda tento me manter concentrada é na da McGonagall, mas apenas porque eu achei incrível ela ter virado um gato no primeiro dia!
●●●
O rapaz fazia seus últimos trabalhos como Monitor antes de seguir para o Campo de Quadribol, para assistir Grifinória vs Corvinal, ainda não tinha visto naquele dia, e esperava fazê-lo antes do jogo.
Sabia que ela ainda estava chateada por ter brigado com Potter, e pensou em falar com o garoto quando o viu mais cedo, mas achou que pioraria as coisas. Decidiu-se por não se envolver, embora ainda achasse que Harry Potter estava sendo realmente burro em pensar que a garota poderia ajudar Sirius Black ou qualquer outra coisa do tipo.
Depois de separar um princípio de briga entre dois quartanistas, Cedrico andou para o Salão Principal para comer alguma coisa antes da partida. Não demorou muito tempo e grande parte do time da Grifinória apareceu com seus uniformes vermelhos, Diggory reparou que não estava com eles, mas que Wood sorria largamente.
Notou uma movimentação maior na mesa da Casa e depois de ouvir a palavra Firebolt resolveu ver o que era. Esqueceu-se momentaneamente que estava sentindo uma certa raiva de Harry ao ver a vassoura que ele tinha conseguido, ainda melhor que sua antiga Nimbus 2000.
— Parabéns, é realmente incrível! — Falou para o garoto, o moreno o encarou por dois segundos, mas acabou agradecendo sorridente.
— Presente de Natal! — Deu de ombros. Cedrico novamente parabenizou-o e então voltou para seu lugar para terminar sua refeição.
Acabou demorando mais tempo do que imaginou conversando com os amigos, mas quando finalmente saiu do Salão, encontrou (já com as vestes de Quadribol) e Hermione descendo as escadas de acesso ao hall, aparentemente as duas discutiam sobre alguma coisa, gesticulava bastante com as mãos e parecia estressada, mas ao menos estavam conversando, o que fez Cedrico ficar feliz pela loira, a qual ele sabia sentir falta da amiga.
— Harry só está com vergonha de ter sido idiota, vergonha de pedir desculpas! — Mione dizia, vendo-a negar.
— Problema dele que é ridículo, não tenho que falar com ele. — Cruzou os braços olhando para o lado oposto.
— Só estou pedindo para você não tentar enfeitiça-lo quando ele for se desculpar, sabe como ele e Rony são ruins com desculpas, embora não sejam piores do que você, é claro. — A outra arqueou a sobrancelha, vendo Hermione rir — Harry provavelmente vai enrolar muito e só vai dizer coisas desconexas. Garotos são ridículos, !
Cedrico aproximava-se com as mãos nos bolsos da calça, mas parou ao ouvir a última frase, com as sobrancelhas erguidas. As duas garotas viraram-se para ele ao chegarem no final da escada, riu da cara do rapaz.
— Cedrico é exceção! — Piscou para ele, que sorriu de lado.
— Bem, vou comer alguma coisa, nos vemos depois do jogo, boa sorte! — Hermione falou, abraçando a amiga e acenando com a cabeça para o lufo.
— Queria dizer boa sorte antes da partida, mas tenho certeza de que vocês vão ganhar! — Deu de ombros, ainda com um sorriso fraco nos lábios. A garota gargalhou.
— Obrigada mesmo assim!
Cedrico reparou que ela usava o colar que ele tinha lhe dado no Natal, sorrindo com aquilo.
— Não vai comer? — Perguntou enquanto caminhavam lado a lado para fora do castelo.
— Levantei mais cedo hoje, — comentou coçando levemente o nariz. — Hermione queria conversar comigo antes do jogo…
— Pelo que vejo, fizeram as pazes, uh? — Questionou, vendo-a concordar sorridente.
— Ah, também já deixei comida para o Lobo, então não precisa levar até à noite! — Avisou — Aliás, eu acho que ele está engordando…
— Ele realmente parece gostar de você, não é? — Diggory comentou distraído, descendo as escadas em direção ao jardim.
— É claro, damos comida para ele todo dia!
— Mesmo assim, ele não fica tão feliz ao me ver como com você, acho que você é mais legal… — Fez uma careta leve, a menina aproximou-se apertando suas bochechas, fazendo-o gargalhar.
— Acho você a pessoa mais legal de Hogwarts, ok? — Disse sorrindo.
Cedrico parou no degrau de baixo, virando-se para olhá-la com um sorriso nos lábios, encarou-a por um instante e inclinou-se ligeiramente em sua direção, mas antes que pudesse aproximar-se mais do que dois centímetros, ouviu o grito de Wood vindo da entrada do Castelo;
— Tonks! Vamos logo, quero repassar as jogadas de hoje!
— Te vejo depois, Ced! — Sorriu, antes de virar-se para seguir Olívio e o restante do time, que já desciam as escadas em direção ao Campo de Quadribol. Diggory puxou-a pela cintura antes que ela se afastasse;
— Bom jogo! — Disse, beijando-lhe demoradamente a bochecha, fazendo-a rir quando a soltou.
OITO
Os dois andavam juntos por Hogsmeade até Cedrico sugerir que parassem para comer alguma coisa, pois ele já estava morrendo de fome. Entraram em um café próximo, o qual tinha bolos maravilhosos de vários sabores, fizeram seus pedidos e sentaram-se em uma mesa mais ao canto, conversando sobre diversos assuntos, sendo o principal deles as últimas partidas de Quadribol; Corvinal havia perdido para Grifinória e Lufa-Lufa perdeu por dez pontos da Sonserina, o que significava que Lufa-Lufa e Grifinória disputavam a Taça, e a diferença de pontos era mínima.
No fundo Cedrico tinha certeza que a Casa de Godric Gryffindor ganharia; era, em sua opinião, o melhor time de Hogwarts desde que ele havia entrado na Escola. No fundo desejava que parte daqueles jogadores fossem da Lufa-Lufa ou que sua Casa tivesse melhores jogadores.
Só mudaram de assunto quando foram servidos, após alguns instantes saboreando a comida;
— Achei que você não sairia tanto comigo agora que está conversando de novo com seus amigos. — Cedrico confessou sentado despojadamente em sua cadeira, olhando para a garota a sua frente.
Ela arqueou a sobrancelha e terminou de engolir seu pedaço de bolo antes de respondê-lo.
— Admito ter pensado que você, Cedrico Diggory, aluno modelo, Monitor e Capitão do time de Quadribol, tivesse algo melhor para fazer do que andar com uma garota do terceiro ano da Grifinória! — Respondeu, dando de ombros.
Cedrico ficou em silêncio por algum tempo, encarando seus olhos .
— Isso é sério? — Perguntou por fim, ela apenas concordou. — Nossa, devo parecer muito insuportável…
— E eu devo parecer muito mais arrogante e metida do que eu sou. — o olhou com o cenho franzido, ele riu negando com a cabeça.
— Desculpe, me enganei, mas não acho você metida, muito pelo contrário. — Ele sorriu antes de tomar um gole de seu chocolate quente.
— Quer dizer que eu sou arrogante? — Colocou as mãos na cintura, vendo-o gargalhar.
— Contra certos fatos não existem argumentos…
rolou os olhos, sorrindo em seguida.
— Você até que é bem legalzinho…
— Legalzinho?
— Você é o tipo de pessoa que todos querem ter por perto, Diggory! — comentou enquanto mexia em seu chá. Cedrico olhou para a garota por algum tempo, um sorriso calmo nos lábios.
— Gosto da sua companhia. — Disse simplesmente antes de colocar outro pedaço de bolo na boca.
— Você também não é dos piores, sabe? — Comentou com desdém, fazendo-o rir e concordar agradecendo com uma careta.
Após passarem a tarde juntos em Hogsmeade, resolveram voltar para a Escola, ainda rindo de uma história que Cedrico havia contado sobre seu primeiro ano em Hogwarts e como havia sido ingênuo o suficiente para acreditar que poderia entrar no Lago Negro sem problemas, e acabou na Ala Hospitalar por duas semanas após ser atacado pela Lula Gigante.
— Olá, Cedrico! — Uma quintanista da Corvinal o cumprimentou sorrindo quando chegaram na entrada do castelo — Ainda estou esperando nosso segundo encontro! — Piscou divertida, vendo-o rir sem graça.
— Às vezes penso se uso uma Capa da Invisibilidade sem saber ou algo do tipo, — comentou displicente, após alguns segundos — suas namoradas nunca nem me dizem oi, que mal-educadas!
— Não são minhas namoradas — Cedrico respondeu de imediato, sentindo o rosto esquentar.
— Estou brincando, Diggory, mas sabe, andar ao seu lado quase me deixou tão popular quanto você! — Lembrou-se rindo, vendo-o arquear a sobrancelha, curioso;
— Não que você não seja, porque basicamente todo mundo nesse lugar te conhece, mas por que diz isso?
— Um garoto da Lufa-Lufa me chamou para sair essa semana, — deu de ombros, o colega parou de andar por um instante, encarando-a — me chamou para ir à Hogsmeade com ele, mas disse que já tinha marcado com voc… Que foi?
— Quem foi que te chamou para sair? — Questionou interessado, uma súbita vontade de bater em quem quer que fosse.
— Ah, aquele Ernesto qualquer coisa, — rolou os olhos — bem sem noção na verdade, porque me lembro muito bem dele me acusando ano passado por causa da Câmara Secreta, dizendo que eu deveria estar envolvida junto de Potter nos ataques! Sinceramente, tem umas pessoas que realmente não deveriam ter ido pra Lufa-Lufa, viu? Dá má fama a Casa… Você está bem? — Tornou a perguntar ao vê-lo parado, olhando para baixo.
Cedrico apenas concordou, sorrindo pequeno e voltando a andar ao seu lado. Sentia o coração bater apertado, não tinha aceitado sair com MacMillian, mas e se na próxima vez que alguém a chamasse ela aceitasse o convite? E se ela começasse a beijar algum outro aluno? Que é que ele diria sobre isso?
— Então, você está pensando em sair com alguém? — Soltou de repente, só depois notando que deveria ter cortado qualquer coisa que ela dizia, pois a garota demorou alguns instantes para entender o que ele falou.
— O quê?
— Ah, você sabe, Ernesto te chamou para sair, e embora ele seja chato mesmo, — explicou-se, um tanto afoito — imagino que não deva ser o único, não é? Quer dizer, você é legal e bonita, além de jogar Quadribol super bem, aposto que deve ter vários caras te convidando para fazer alguma coisa…
riu, negando com a cabeça;
— Não, foi só ele mesmo. Embora Simas tenha tentado me beijar na festa depois do jogo contra a Corvinal — deu de ombros, e Cedrico sentiu o estômago afundar: como poderia ter sido idiota ao ponto de não ter imaginado que não deveria ser o único cara interessado na loira? — Não que eu ache que signifique alguma coisa, porque ele também tentou beijar mais umas três garotas aquele dia! — Explicou, rindo da situação, mexendo nos cabelos logo depois.
Diggory sorriu forçado, rindo nervoso de qualquer coisa que ela disse em seguida. Tinha que tomar alguma atitude e rápido;
— Quer sair comigo? — Perguntou de súbito, sem nem mesmo reparar no que havia dito. Foi só quando parou em sua frente, com a expressão confusa que ele notou ter dito aquilo em voz alta;
— Acabamos de voltar de Hogsmeade, Diggory!
— Eu sei, eu só… — Pigarreou, sem saber o que fazer, suspirando em seguida — Quero dizer, você não quer ir comigo ver o Lobo?
Cedrico manteve-se anormalmente quieto enquanto os dois estavam sentados, lado-a-lado, no chão da estufa 5. O cachorro corria atrás do próprio rabo, fazendo a garota rir. Diggory mantinha um sorriso de canto nos lábios, embora não prestasse atenção em nada daquilo, ainda pensando sobre o que havia dito cerca de meia hora antes.
Sentia-se realmente estúpido por não pensar que deveriam ter outros caras interessados na loira, se ele até quando mal a conhecia sentiu uma vontade enorme de chamá-la para um encontro, imaginava como deveria ser para os outros colegas de turma ou de Casa que conviviam com ela diariamente.
Travou a mandíbula ao pensar em Ernesto MacMillian a chamando para sair, aquele babaca… Até parecia que ele seria bom o suficiente para sair com ela… E ao pensar nisso, Cedrico passou a mão pelos cabelos, frustrado; e se ele também não fosse bom o suficiente para chamá-la para sair? E se um dia o fizesse e ela negasse, assim como tinha feito com Ernesto?
E, mais uma vez, ao pensar no colega da Lufa-Lufa, sentiu uma vontade enorme de socá-lo, principalmente por saber que todos na Casa continuavam fazendo piadas e dizendo que era sua namorada; O próprio MacMillian já havia feito aquela brincadeira por diversas vezes, como ainda a convidava para um encontro?
Não que Cedrico se incomodasse tanto com os comentários, no fundo desejava que fossem verdade, não seria nada mal ter como sua namorada.
Então um segundo pensamento o ocorreu; será que queria mesmo chegar tão longe?
Pensou por um momento, olhando-a de perfil, os cabelos loiros soltos, apenas a franja presa para o lado com uma presilha prateada, usava jeans e a camiseta que Cedrico havia lhe dado no ano anterior, o que o fez sorrir sozinho ao lembrar-se.
A garota era bonita, por Merlin, ela era linda.
E era, de fato, bem popular, fosse por ser amiga de Harry Potter ou por sempre estar envolvida nas mesmas confusões que o outro. E isso aumentou ainda mais após ela ter começado a jogar pelo time da Grifinória, principalmente por jogar tão bem. Contudo, no fundo, Cedrico tinha certeza que não era só aquilo que atrairia a atenção dos garotos; além de tudo era engraçada, divertida, sempre tentava ajudar os amigos e até sua arrogância parecia charmosa vindo dela. Além de ter um sorriso encantador e uma risada contagiante. Ele também gostava quando ela mexia nos cabelos, em gestos automáticos ou quando ria irônica, até aquele sorriso de lado ficava bem nela.
Entretanto, seria aquilo suficiente para ele realmente gostar dela? Talvez Diggory ainda estivesse apenas atraído por não ter conseguido beijá-la, mesmo após todo aquele tempo desejando poder fazê-lo. E se após a beijar algumas vezes descobrisse que não era nada do que ele imaginava? Poderia arruinar a amizade dos dois com aquilo.
Pensou novamente no que sentiu ao saber do interesse de outros na garota, e como tinha ciúmes de quando a via com Potter, mesmo sabendo que eles eram amigos.
Talvez ele realmente só se sentisse atraído por ela, um lance físico que acabaria após darem uns amassos, mas ele também sabia que se sentiria extremamente frustrado se a visse beijando qualquer outra pessoa. E, enquanto pensava nisso tudo, reparou que desde que começaram a andar juntos, quanto mais aumentava seu desejo de beijá-la, mais diminuía sua vontade de sair com outras garotas; não que não o tivesse feito ou aproveitado os encontros que teve após o retorno do feriado, mas nas duas vezes reparou que preferia, e muito, estar ao lado de , mesmo que fosse apenas para conversarem ou verem o cachorro brincar.
— Cedrico? — A garota chamou, tocando-lhe a mão.
Virou-se para olhá-la, quando encarou seus olhos e sentiu o corpo arrepiar-se com aquele simples toque, confirmou o que mais temia:
Cedrico Diggory estava completamente apaixonado por Tonks.
— Precisamos ir! Está chovendo! — Disse, apontando para o teto da estufa, o loiro reparou no barulho que o mesmo fazia. — Tchau, pra você! — virou-se para o cachorro, lhe acariciando a cabeça — Até depois, durma bem!
— Eu acho que vou ficar mais um pouco… — Falou no instante seguinte, agora que tinha certeza do que realmente sentia por ela, não sabia como permanecer ao seu lado, parecia estranho.
— Tem certeza? — Viu-o confirmar com um aceno — Até amanhã, Diggory! — Sorriu, beijando-lhe a bochecha antes de levantar-se, saindo pouco depois.
O cachorro sentou-se ao lado do rapaz, encarando-o por algum tempo ao notar o olhar perdido do mesmo. Latiu uma vez, chamando sua atenção.
Diggory sorriu de canto, suspirando em seguida;
— Eu sei que você vai odiar saber disso, porque quase me mordeu da última vez, — começou a dizer em voz baixa, ainda olhando para o animal — mas eu realmente preciso chamar para sair, antes que mais alguém faça!
O cão negro latiu mais duas vezes.
— Você não entendeu, — respondeu, frustrado com a situação inteira — já tem outros garotos a chamando para sair! E se ela aceitar? E se ela realmente sair com outro cara? — Balançou a cabeça em negação, bufando. — Que é que eu faço agora?
Cedrico encostou a cabeça na parede, olhando a chuva bater no teto da estufa;
— Com tantas garotas em Hogwarts, eu tinha que gostar da única que não consigo conquistar? — Indignou-se — E somos amigos! Não posso chamá-la para sair e esperar que isso não vá atrapalhar as coisas. E se algo der errado quando sairmos? E se nem mesmo sairmos, porque ela vai dizer não? Como é que vou continuar falando com ela depois disso? Com sabendo que eu tenho interesse nela? Que droga, viu? — Tornou a olhar para o cachorro, que estava quieto, apenas o encarando — Talvez se eu tivesse continuado no Três Vassouras no dia que te encontramos, nada disso estaria acontecendo!
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No último final de semana de maio os alunos esperavam ansiosos pela última partida de Quadribol da temporada, na qual seria decidido o Campeonato no jogo entre Grifinória x Sonserina.
Lufa-Lufa tinha uma vantagem de 50 pontos para Grifinória, e apenas uma vitória da Sonserina os manteria em primeiro lugar, Diggory queria mais que tudo aquela Taça, mas, assim como os colegas de Casa, sabia que seria quase impossível.
Próximo às dez horas da manhã os alunos começaram a caminhar em direção ao Campo, sentando-se nas arquibancadas e esperando o começo da partida. Cedrico estava junto com os companheiros do time, parte de si queria a derrota da Grifinória, pois assim seu time venceria, mas os outros cinquenta por cento gostariam de ver o sorriso no rosto de se o time da garota vencesse. E, de qualquer forma, segundo lugar não seria terrível, era a melhor colocação que tiveram em anos.
Viu os dois times entrarem em campo, sob uma salva de aplausos e gritos de todos os cantos, Cedrico logo localizou entre Angelina Johnson e Katie Bell, os cabelos loiros mesmo presos em um rabo-de-cavalo ainda voavam com o vento.
Sentiu uma lambida em sua mão ao tempo que algo passava por suas pernas e, ao olhar para baixo, viu apenas a rabo do cachorro negro embrenhando-se entre os estudantes da Lufa-Lufa, subindo para o último degrau da arquibancada. Abriu a boca aterrorizado ao notar, olhando para os lados, com medo que mais alguém reparasse no animal, mas todos pareciam distraídos demais para notá-lo.
— Esse é, considerado por muitos, o melhor time que Hogwarts já viu em anos — dizia Lino Jordan, ao narrar o começo do jogo —, o Capitão e goleiro Olívio Wood faz sua última partida em Hogwarts, e vem para vencer a Taça junto de seus jogadores; os batedores Fred e Jorge Weasley, ao lado das três artilheiras, Angelina Johnson, Katie Bell e Tonks, e, completando o time, o apanhador Harry Potter, que joga mais uma partida com sua belíssima Firebolt!
— Jordan, se você começar a fazer propagando dessa vassoura mais uma vez, eu vou tirar esse megafone da sua mão! — Pode-se ouvir McGonagall reclamando ao fundo, fazendo com que parte dos alunos rissem.
— Muito bem, muito bem, lembrando a todos que Lufa-Lufa lidera o campeonato com 50 pontos à frente, após ter vencido a Corvinal no último jogo, uma belíssima partida, vale-se lembrar. É realmente impressionante o que Cedrico Diggory fez com o time amarelo! — Jordan comentou, e Cedrico sentiu palminhas em suas costas — De qualquer forma, Grifinória vem logo atrás e precisa vencer a Sonserina com uma diferença de 60 ou mais pontos para levar a Taça! E vamos ao início do jogo! — Disse ao ouvir o apito de Madame Hooch e, segundos depois, a goles ser lançada. — E Grifinória com a goles, Bell voando direto para as balizas da Sonserina, em boa forma, Katie! Arre, não! A goles foi interceptada por Warrington, Warrington da Sonserina partindo em velocidade pelo campo — PAM — uma boa rebatida de um balaço por Jorge Weasley, Warrington deixa cair a goles, que é apanhada por… Johnson, Grifinória com a posse da bola outra vez, aí Angelina — ótimo passe para Tonks, que desviou-se com facilidade de Montague — se abaixa , aí vem um balaço! E ELA MARCA! DEZ A ZERO PARA A GRIFINÓRIA!
A loira deu um soco no ar, sobrevoando próximo a Angelina, agradecendo o passe. O mar vermelho nas arquibancadas berrou de felicidade, enquanto o grupo da Lufa-Lufa e da Sonserina ficaram em silêncio, Cedrico precisou segurar a vontade de aplaudir, não pegaria nem um pouco bem para o Capitão do time adversário ficar feliz com um gol que, possivelmente, ajudaria os rivais a ganharem a taça.
— Pênalti para Grifinória! Pênalti para Sonserina! Após Marcos Flint, esse sujo!, desculpe professora, colidir com Angelina, Fred Weasley acertou-lhe em cheio com o bastão, boa Fred! Aí Katie, — tornou a gritar Lino, no silêncio que ficou em volta do campo, enquanto esperavam as cobranças — SIM, SENHORES! ELA FUROU O GOLEIRO! VINTE A ZERO PARA A GRIFINÓRIA! É claro que Wood é um esplêndido goleiro! — Tornou a dizer quando o time da Sonserina aproximou-se para cobrar a penalidade — Esplêndido, difícil de vazar, muito difícil mesmo, SIM SENHORES! EU NÃO ACREDITO! ELE AGARROU A BOLA! SE ESSE ANO A GRIFINÓRIA NÃO GANHAR A TAÇA, EU NÃO SEI O QUE EU FAÇO DA MINHA VIDA! QUE TIME, SENHORAS E SENHORES, QUE TIME!
O grupo de torcedores vermelhos gritavam, extasiados com a partida que o time fazia;
— Grifinória com a posse, não! Sonserina com a posse, não! Grifinória retoma a posse com Tonks, Tonks da Grifinória com a goles, a jogadora corta para o lado… FOI INTENCIONAL!
Montague, um artilheiro grandalhão da Sonserina, cortou a frente de e, em vez de agarrar a goles, puxou-a pela cabeça, fazendo com que a garota desse uma cambalhota no ar, devido à velocidade, mas continuou montada na vassoura, embora tivesse deixado a goles cair.
Diggory não conteve-se em gritar o primeiro xingamento que lhe veio à cabeça, escutando em seguida Emmett rir ao seu lado, surpreso com a reação do outro;
— O que o amor não faz, hein? — Cochichou, vendo-o negar, embora estivesse vermelho.
Um minuto depois preparou-se para cobrar o pênalti, ainda massageando o pescoço dolorido;
— TRINTA A ZERO! TOMA SEU SUJO! SEU COVARDE…
— Jordan!
Com o decorrer da partida, embora a Sonserina parecesse mais determinada do que o normal a contundir os jogadores da Grifinória, querendo mais que tudo, acabar com as chances deles vencerem a Taça.
— Angelina Johnson pega a Goles para a Grifinória, VAI, VAI! ELA MARCOU, ELA MARCOU! GRIFINÓRIA LIDERA POR OITENTA À VINTE! VAI POTTER, PEGA O POMO! VAMOS GRIFINÓRIA!
— Jordan, é para ser imparcial!
— Desculpe, professora… Tonks intercepta Warrington, boa garota! Excelente garota! Se for verdade que não está saindo com o Diggory e quiser ir comigo ao Três Vassouras… Brincadeira, professora! — Jordan disse sem graça, mas fosse verdade ou brincadeira, Cedrico notou boa parte dos colegas virarem-se em sua direção, esperando pela reação do rapaz que tentava, mais que tudo, permanecer com o olhar no jogo, ignorando todo o resto, embora sentisse o estômago rugir ao imaginar que Lino talvez a chamasse para sair. — Tonks aproxima-se da baliza, desviou de Flint, vai marcar… MARCOU! MEU GRYFFINDOR QUE PARTIDA DESSA MENINA! É O QUINTO GOL DE TONKS! GRIFINÓRIA GANHA DE NOVENTA A VINTE DA SONSERINA! Tonks, se quiser sair mais tarde me avisa!
Em meio à confusão dos gols da Grifinória e os olhares que Diggory recebia agora que Lino parecia, realmente, ter chamado a garota para sair, mal repararam quando Potter e Malfoy mergulharem atrás do Pomo de Ouro.
Diggory, assim como todos os outros, pararam por um instante para observar. Não sabia mais se queria que eles ganhassem a partida; e se fosse comemorar a vitória nos braços de Jordan?
— PEGOU! — Lino gritou emocionado, e o mar vermelho explodiu nas arquibancadas, era possível até ouvir Minerva McGonagall chorando ao fundo, abraçada ao aluno que narrava ao seu lado. — A TAÇA DE QUADRIBOL É DA GRIFINÓRIA! A GRIFINÓRIA VENCEU!
Diggory respirou fundo, os braços cruzados, parte de si desapontada sabia que seria quase impossível, mas tinha um pouco de esperança. Contudo, ao ver Wood chorando agarrado a Potter, antes dos gêmeos e das três artilheiras aproximarem-se abraçando-se enquanto comemoravam, deixou um sorriso pequeno brotar nos lábios.
O grupo de jogadores foi carregado nos ombros pelos colegas da Casa e então arrastados até a arquibancada principal, na qual os professores e o diretor assistiam às partidas. sentiu o abraço apertado de Minerva, a qual parecia tão emocionada quanto os outros, parabenizando-a pela partida que tinha feito.
Dumbledore aproximou-se entregando a enorme Taça de Quadribol para Olívio Wood, o qual estava em prantos, mal conseguindo enxergar. O Capitão ficou no meio de seus jogadores que continuavam abraçados, rindo e chorando ao mesmo tempo e, então, sob uma chuva de aplausos vindo das arquibancadas, levantaram a Taça no ar.
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Assim que passaram pela grande porta de entrada, os dois andaram para a lateral esquerda até chegarem a uma parte pouco iluminada, diminuindo as chances de serem pegos por Filch.
— Não acredito que você deixou o Lobo ficar exposto desse jeito! — A garota olhou-o surpresa ao saber do acontecimento.
— Acho que seria muito pior se eu o pegasse no colo para tirá-lo dali, não é? E foi tudo bem, ninguém o viu e ele pode assistir ao jogo! — Piscou, vendo-a rir ao pensar no cão.
— Ele é bem estranho, não é? Muito inteligente para um cachorro de rua… — Comentou, passando a língua pelos lábios.
Cedrico concordou lentamente, encarando-a de lado por um instante.
Desde que finalmente admitiu para si mesmo o quanto gostava da garota, parecia que tudo tinha piorado, porque agora pensava nela o tempo inteiro, o que o distraía de seus afazeres e estudos e sempre que estavam juntos, ele sentia uma vontade ainda maior de beijá-la.
Suspirou, olhando para o lado;
— Então… Vai aceitar o convite do Lino? — Perguntou após alguns segundos de silêncio.
— Que convite? — Questionou curiosa, não fazendo ideia do que ele dizia.
— Você não ouviu? Ele te chamou para sair na frente da Escola inteira!
— Ah, — riu, negando — então foi isso… Vi os gêmeos falando algo sobre você e o Lino, mas não entendi muito bem…
— Como assim? O que eles disseram? — Virou-se curioso, vendo-a dar de ombros;
— Algo sobre ele ter que conversar com você antes de qualquer coisa ou teria problemas porque você é um aluno muito avançado e deve saber vários feitiços para atacá-lo, e eu não estava entendo sobre o que eles estavam falando… — Riu baixo — Enfim, ele não me chamou para sair, conversamos normalmente durante à festa e foi só.
Diggory pensou por um momento, parecendo um tanto mais aliviado.
— E por que ele teria que falar comigo?
A garota corou de leve, parecendo extremamente sem graça ao explicar;
— Ah… Por que ainda ficam fazendo piada achando que estamos juntos, sabe? Mesmo eles sabendo que não é verdade… — Sorriu pequeno, sem conseguir olhar para Cedrico.
O lufo concordou, tão sem graça quanto ela, mas resolveu aproveitar a oportunidade que teve, em último caso diria que estava só brincando;
— Nossa, e seria assim tão ruim sair comigo? — Questionou, fazendo-se de ofendido, ouvindo-a rir ao dar-lhe um tapa leve no braço.
— Não seja bobo, Diggory.
— Por quê?
— Nós dois sabemos que não tem nada acontecendo, independente do que digam, então…
Cedrico concordou, sorrindo forçado, mas ela não reparou. Ficou em silêncio por alguns instantes, chateado com a resposta; sabia que era verdade e que realmente não tinham nada, mas a forma que ela havia dito só o fez ter mais certeza que a garota não tinha qualquer outro interesse nele além da amizade.
— Bem, acho que vou pra cama, estou cansado! — Avisou após alguns minutos, espreguiçando-se, querendo afastar-se dela.
— Já vai me abandonar? — Perguntou chateada — Fazem meses que não conversamos direito porque você só estuda para os NOM’s, e no único tempo que temos livre você já vai dormir? Sem contar que você nem comemorou comigo a vitória, acho errado não poder entrar no nosso Salão Comunal só por ser de outra Casa… — Suspirou, Cedrico riu.
— Bem, eu comemorei o segundo lugar com o pessoal, não foi? E você é muito dramática! Não faz tanto tempo assim que não conversamos…
— Como não? Faz pelo menos umas duas semanas que não conversamos direito, só te vejo pelos corredores quando você está com seus amigos. E eu não sou dramática!
— , se tem uma coisa que você é, essa coisa é dramática. E arrogante também, mas não vem ao caso…
— Ah, vamos começar a falar os defeitos um do outro, agora? Espera, deixa eu ir ao meu quarto pegar minha listinha! — Ironizou tornando a olhar para o lado, escutando-o rir mais alto.
— Esqueci que você também é irônica. — Completou, apoiando os cotovelos no degrau de cima e inclinando a cabeça para o céu. — E não são exatamente defeitos, são pontos da sua personalidade.
— Você esqueceu de colocar que eu não me desculpo — Lembrou-o, sorrindo amarelo.
— Faz parte da arrogância, . — Piscou, vendo-a rolar os olhos — E quais seriam meus defeitos? — Perguntou interessado.
A garota ficou em silêncio por alguns instantes, o cenho levemente franzido, deu de ombros em seguida.
— Ainda estou procurando.
Cedrico arqueou as sobrancelhas, descrente.
— Ah, é. Você é muito responsável, credo.
— Responsabilidade é um defeito?
— Sim. Talvez. Não sei bem… — Deu de ombros de novo — Foi a única coisa que eu pensei! — Justificou-se, podendo escutá-lo rir mais uma vez.
Após alguns instantes de silêncio, a garota virou-se para ele;
— É sério?
— O quê?
— Que você acha tudo isso? Ninguém nunca reclamou…
Cedrico demorou alguns instantes para entender ao que a garota se referia.
— Digamos que são detalhes, algo que te diferencia das outras pessoas, entende? — concordou, embora ainda não parecesse convencida, Cedrico sentiu a necessidade de se explicar com medo que a tivesse ofendido sem reparar. — Quer dizer… — Sentou-se direito, olhando para a garota que o encarou curiosa — Não é algo que você faça porque quer, é natural, sabe? Por exemplo… — Pensou um pouco, sorrindo ao lembrar-se — Quando você joga o cabelo para trás antes de responder alguma coisa que você sabe ou quando te fazem um elogio, é algo que você faz automaticamente, ou… hm… Quando você sorriu de lado quando eu fui te parabenizar pela conquista da Taça, foi algo automático…
— Até meu sorriso é arrogante agora?
— Não, calma… Foi um sorriso do tipo “eu sei que sou muito boa”, — ele deu de ombros — eu, particularmente não vejo problemas, e tenho certeza que todo mundo que te conhece sabe que você não é metida, embora pareça às vezes… É algo natural em você, entende?
— Igual quando você fica vermelho quando eu te faço um elogio? — Questionou com a sobrancelha arqueada.
Diggory abriu a boca surpreso, sentindo o rosto esquentar no mesmo instante.
— Mais ou menos isso… — Respondeu em voz baixa, olhando para o lado oposto. — Não é algo que possa controlar, entende? Apenas acontece…
— Hm… Certo…
— Em todo caso, não é algo ruim em você, na verdade eu meio que gosto… Faz você ser… Diferente, em um bom sentido, sabe? — Deu de ombros sorrindo leve, novamente sentiu o rosto esquentar quando os olhos dela encontraram com os seus e ela sorriu tranquila.
— Eu acho engraçado como você fica enrolando para dizer algo simples.
— O que quer dizer? — Perguntou confuso.
— Eu não sou boa com desculpas, mas você sempre se enrola para me explicar alguma coisa que não seja sobre aulas. Por exemplo, você poderia só ter dito que eu pareço metida, mas que você não acha que eu seja…
— Realmente, parece mais fácil agora que você comentou…
— Diggory? — O rapaz tornou a olhá-la — Eu também gosto de você exatamente como você é!
O lufo concordou com um aceno, um sorriso tímido presente em seus lábios.
NOVE
O cachorro via o loiro andar em círculos na estufa enquanto estava deitado no chão, olhando-o sonolento, vendo o rapaz resmungar sozinho, frustrado;
— Olha, eu desisto, ok? — Disse por fim, virando-se para o cão — Eu já tentei tudo, tudo mesmo. Usei tudo que eu sei e não funcionou! Você venceu, não precisa mais ter raiva de mim, não vou tentar mais nada! — Bufou, passando a mão pelos cabelos, logo sentando-se ao lado do animal — Eu disse “Você quer sair comigo?”, e sabe o que ela me disse? “Do que você está falando, Cedrico, nós saímos o tempo todo!” — Afinou a voz, imitando-a, o cachorro o olhava de lado — O que eu estou fazendo de errado? — Perguntou como se esperasse uma resposta, bufando mais uma vez. — Eu realmente desisto agora, quer dizer, parece óbvio que ela não quer nada comigo além de amizade, pois bem, vou manter apenas isso — falou decidido, batendo com a cabeça na parede em seguida, frustrado. — Isso é um saco, sabia? Eu estava muito melhor saindo casualmente com algumas garotas sem gostar de ninguém. Que grande saco de bosta de Dragão! — Suspirou, fechando os olhos por um instante.
O cachorro aproveitou o momento de silêncio para fechar os olhos por um instante, mas logo tornou a abri-los quando o rapaz xingou frustrado.
— E sabe do que mais? Parte disso é sua culpa! — Acusou, olhando de canto para o cachorro que se virou para encará-lo — Eu estive perto assim — mostrou o polegar e o indicador com poucos centímetros de distância — de beijá-la duas vezes e você pulou no meio, e eu sei que foi de propósito! Seu ingrato! Eu venho aqui toda hora te dar comida e água, eu brinco com você todos os dias, você poderia no mínimo não me atrapalhar já que não quer me ajudar — Virou a cara para o lado, abraçando os próprios joelhos — E eu nem sei por que você não gosta de mim, sempre te tratei bem, ok? — Resmungou em voz baixa, chateado.
Cedrico sentiu uma lambida molhada em sua bochecha, virando-se com uma careta para o cachorro, que estava sentado ao seu lado, olhando-o com a língua de fora. Rolou os olhos, rindo baixo.
— É, tá legal, tá legal, também gosto de você. — Disse, passando a mão pela cabeça do cão. — Mas fique sabendo que seria muito melhor ela sair comigo, ok? Pelo menos você sabe que eu sou legal, e se ela começar a sair com alguém muito pior? Hein? Hein? O que você vai fazer? Morder o cara? — Arqueou a sobrancelha, vendo-o latir — Aham, até parece… De qualquer jeito, a melhor coisa que eu tenho a fazer é chamar alguma outra garota pra sair, assim não fico pensando nela, certo? — Questionou retoricamente, embora não parecesse tão otimista, suspirando mais uma vez.
Lobo tornou a lhe lamber a bochecha como se quisesse animá-lo, o que o fez rir de leve.
— Eu estava pensando, — começou, olhando para o cachorro — em duas semanas acabam as aulas e vamos voltar para casa e mesmo eu sabendo que Hagrid cuidaria muito bem de você, não sei se poderia ficar em Hogwarts… — O cão continuou o olhando esperando a conclusão do raciocínio — Então, pensei que poderia te levar para casa comigo, o que acha? Tenho certeza que meus pais não se importariam, eles gostam de animais, vou comprar uma cama confortável para você dormir todas as noites e você sempre teria comida e alguém para te levar passear… Tem um parque perto de casa, daria pra você brincar com outros cachorros. Quem sabe não encontra uma namorada? — Riu, vendo-o latir — O que acha de ter uma casa? Com tanto que você não destrua o sofá ou algo do tipo, porque minha mãe surtaria. — Sugeriu sorridente, vendo-o aproximar-se mais uma vez, agora lambendo sua mão — Só temos que planejar como te colocar no trem de volta pra Londres sem que nenhum professor ou o maquinista te vejam, mas não deve ser problema, não é? Você até conseguiu assistir o último jogo de Quadribol sem ninguém te ver na arquibancada! Bem, de qualquer forma, ainda tenho duas semanas para pensar em como te levar escondido, pelo menos até uma das cabines, não acho que algum dos meus amigos vá falar alguma coisa depois que você já estiver lá… E o ano já terá terminado também…
Esticou-se minutos depois, olhando o relógio e levantando-se;
— Preciso ir, ainda tenho que fazer uma ronda antes de poder descansar, te vejo amanhã, ok? — Acariciou a cabeça do cachorro mais uma vez antes de andar em direção à porta, sendo seguido por Lobo.
Diggory olhou para o lado com o cenho franzido ao ver Tonks, Potter, Weasley e Granger correndo em direção a cabana de Hagrid;
— Bem, está explicado porque ela não pode vir te ver, uh? — Arqueou a sobrancelha para o cachorro, que continuava a olhar na direção em que os quatro adolescentes corriam. — Até mais, Lobo.
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O rapaz permaneceu sentado, mal respirava. A cor sumindo de seu rosto à medida que entendia o que aquilo significava, a boca ligeiramente aberta com o choque da notícia.
— Cedrico? — chamou baixo, o garoto não se mexeu.
Não podia acreditar no que estava ouvindo, aquilo era algum tipo de brincadeira, talvez ela começasse a rir.
— Diggory?
— Você pode repetir essa última parte? Acho que não entendi direito… — Sussurrou apavorado com a ideia de que aquilo fosse real.
— Hm… Meu pai na verdade era o cachorro que a gente cuidava, por isso parecia tão esperto… E, pensando bem, acho que era por isso que ele ficava mais ao meu lado do que do seu… — Comentou pensativa. Cedrico olhou para baixo, desesperado. — Você está bem?
Diggory piscou algumas vezes, atordoado, seu cérebro parecia muito lento para o tanto de notícias que tinha recebido na última hora e, a pior de todas veio no final;
Ele podia aceitar tudo, menos aquilo. Não podia ser verdade!
— Eu digo que sou filha de Sirius Black e você não se importa. Depois conto que ele é inocente e passou anos preso injustamente, você acredita. Agora eu falo que ele é um Animago e você surta desse jeito? Tem algo bem errado com você! — comentou ainda olhando confusa para o Apanhador, que não parecia capaz de escutá-la naquele momento.
Cedrico estava ocupado sentindo uma enorme vontade de jogar-se da Torre de Astronomia;
Não acreditava que tinha realmente passado meses contando, sem saber, para o pai de o quanto ele queria beijá-la. Sentiu o rosto esquentar violentamente ao lembrar-se do dia que revelou ter sonhado com a garota, agora entendendo a reação exaltada do cachorro que começou a rosnar sem parar para ele.
Tudo fazia sentido naquele momento; todas as vezes que o cachorro latiu quando revelou que queria beijá-la ou quando pulou na frente dos dois quando Cedrico aproximou-se da loira.
Por Merlin, como podia ter sido tão estúpido? Por que não tinha ficado de boca fechada?
Sua cabeça girava, o ar parecia faltar em seus pulmões naquele instante.
Cedrico começou a torcer para que os anos em Azkaban não tivessem afetado a sanidade do homem e que ele não tentasse matá-lo na próxima vez que o visse.
Olhou para o lado ao sentir a mão de encostar na sua, a garota parecia preocupada;
— Você está bem? Quer que eu chame alguém?
— Ele disse alguma coisa? Sobre ser o cachorro…? — Ignorou a primeira pergunta, seu coração batia acelerado.
— Bem, ele agradeceu pela comida, disse que estava morrendo de fome até a gente aparecer. Falou também que você parece legal e é ótimo com cachorros. E que vai sentir falta da companhia diária e das conversas. — Sorriu para ele, Cedrico sentiu o estômago revirar e o rosto esquentar. — Também disse que espera poder te encontrar qualquer dia, mas como ele mesmo!
O loiro suspirou, o alívio atingiu todo seu corpo; Pelo menos o homem não havia contado sobre seu interesse amoroso na garota. E, pensando bem, era óbvio que ele não contaria, Sirius Black provavelmente não queria Cedrico Diggory perto de sua filha.
Merlin, ele estava tão ferrado!
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O lufo estava sentado embaixo de uma árvore aproveitando o dia quente, sentindo o vento bater em seu rosto e bagunçar seus cabelos. Poderia aproveitar aquele tempo para dar uma descansada, o ano tinha sido exaustivo. Tantas coisas para fazer, tantas coisas a se pensar, mas no geral havia sido um bom ano;
Estava relativamente nervoso com seus NOMs, mas sabia que deveria ter ido bem, estudou o suficiente e estava focado nas provas nos dias anteriores. Conseguiu levar a Lufa-Lufa à disputa da Taça de Quadribol até o final, ficando com o segundo lugar. Tinha aprendido inúmeras coisas novas e feitiços realmente bons, havia se divertido junto com os amigos e, frustrado com o resultado ou não, apaixonou-se pela primeira vez.
Diggory estava distraído olhando os outros estudantes passeando pelos terrenos da escola, gostava de ter aqueles momentos de silêncio e tranquilidade, embora, no fundo, esperasse que alguém fosse encontrá-lo ali. Olhou por sobre o ombro para o castelo, não vendo ninguém que chamasse sua atenção.
Já estava acostumado com todos falando que a garota da Grifinória era sua namorada, e, assim como ela, não se importava. Continuava gostando dela, mas estava realmente decidido a manter a amizade, já tinha demonstrado mais de uma vez que o considerava apenas um bom amigo e era aquilo que eles seriam. Suspirou ignorando esses pensamentos e tornando a relaxar, talvez devesse fazer uma ronda, afinal era Monitor, mas naqueles últimos dias de aula estava liberando-se dessas obrigações.
Tornou a encostar a cabeça na árvore e fechou os olhos, aproveitando o calor e o movimento calmo.
— Que bonito Sr. Diggory! – Cedrico abriu os olhos assustado – Eu acabo de quase ser reprovada pelo Snape e você dormindo, realmente esse mundo não é justo! – estava parada em pé com as mãos na cintura, com uma expressão engraçada do rosto.
O lufo deu um sorriso de lado, puxando-a para sentar-se com ele.
— Como foi a prova? – Perguntou quando ela encostou ao seu lado.
— Sei lá, Severo me odeia, então acho que sempre tenta dar um jeito de me reprovar, – deu de ombros, sem realmente se importar – eu devia ter pedido para Sirius tê-lo mordido na surdina quando era um cachorro… – Suspirou pensativa, arrancando uma gargalhada de Cedrico.
— Snape já sabe que Sirius é Animago, não? – Disse olhando a garota, ela apenas concordou com a cabeça com um sorriso brincalhão no rosto.
— Tanto faz, seria engraçado do mesmo jeito!
— De qualquer modo, acho improvável você não tirar uma nota mínima com ele…
Ela o encarou com a sobrancelha arqueada.
— Nota mínima? Nossa, mas você é realmente bem sincero, não? Até a Hermione diria que eu fui bem o suficiente, para não me preocupar… – Balançou a cabeça em negação. Cedrico riu desculpando-se no mesmo instante e puxando-a para um abraço. – Não quero seus abraços, Diggory! Você está ficando muito abusado.
— E você muito fresca, se bem me lembro foi você quem me abraçou primeiro, pouco depois de nos conhecermos!
A garota abriu a boca indignada, sem saber o que responder.
Ele tinha razão.
Fechou a cara e fez menção de levantar-se.
— Tudo bem, estou de saída!
Cedrico segurou seu pulso, impedindo-a de se afastar quando a mesma estava em pé.
— Não seja boba, nunca disse que não gostei.
virou-se pronta para dar alguma resposta arrogante, por pura pirraça, é claro, mas quando viu os olhos cinzas do rapaz que naquele momento pareciam ter um brilho diferente, algo que o deixava ainda mais bonito, apenas sorriu incapaz de dizer qualquer coisa que fizesse aquele olhar carinhoso sumir.
— Pois eu me recuso a te abraçar novamente!
Ele tornou a arquear a sobrancelha e, no instante seguinte, embora não soube exatamente como, quando deu por si já estava caída por cima do loiro, que a abraçava apertado.
Os dois riram e a garota rolou para o lado, encostando as costas na grama verde do terreno. Diggory não parecia satisfeito, por isso logo tratou de voltar a abraçá-la, ficando parcialmente por cima dela.
— Não preciso que me abrace, posso eu mesmo fazer isso. – Disse de forma petulante. Ela gargalhou.
— Saiba que só não irei reclamar, porque gosto dos seus abraços!
Cedrico riu ainda olhando para os olhos dela.
Havia prometido a si mesmo que esqueceria o que sentia por ela, sabia que não seria de um dia para o outro, mas ele faria o possível para esquecer e manter apenas a amizade. Contudo, era tão difícil para ele tê-la por perto e não sentir-se extremamente tentado a manter um contato maior; fossem abraços ou apenas segurar sua mão, embora, é claro, quisesse muito mais do que aquilo.
Culpava-a por isso, mesmo sabendo que era irracional; talvez se ela não tivesse olhos tão bonitos, ou um sorriso lindo ele não teria se apaixonado.
Diggory sentia-se a pior das pessoas com tudo o que sentia; queria ser apenas o amigo que ela precisava que ele fosse, mas sabia que parte do motivo de se importar tanto era por, no fundo, ainda querer transformar a amizade em algo a mais. Tentava evitar tudo aquilo, tentava não pensar nela, focar-se em outras coisas, mas só o que havia conseguido com tudo aquilo foi sentir-se ainda mais frustrado ao reparar que não era nenhum pouco fácil.
— Está tudo bem? — perguntou ao notar a tristeza nos olhos do rapaz.
— Estou um pouco preocupado com minhas notas, só isso.
— Sabe que vai se sair bem, não é? Provavelmente o melhor de toda a Escola!
Ele sorriu virando-se para o lado, caindo de costas no gramado verde, embora ainda mantivesse um braço em torno da cintura da outra.
— Tem certeza que é só isso? Não gosto de te ver triste… — Falou após olhá-lo de perfil.
Diggory concordou, embora não a olhasse.
— Gosto de você. — Confessou em voz baixa, ainda olhando para os galhos das árvores, não conseguindo encarar seus olhos .
— Espero que saiba que também gosto muito de você, Ced!
O rapaz a encarou por um instante, reparando no sorriso doce que ela tinha nos lábios. Sorriu triste, sabendo que não era o mesmo; ela gostava dele como amigo.
Cedrico sentiu uma pontada no peito e uma súbita vontade de chorar.
Parte de si queria afastar-se o máximo possível, era essa parte que mais o fazia se sentir culpado, porque nada daquilo era culpa de . Ela não sabia como ele se sentia, menos ainda o quanto o machucava todas as vezes que ela dizia que eles eram amigos.
No fundo ainda achava que era a parte mais sensata que tinha, talvez se ele realmente se afastasse dela deixasse de gostar tanto da loira. Contudo, metade de si sabia que as chances daquilo acontecer seriam mínimas, porque mesmo se não estivessem juntos ele ainda pensaria nela, por Merlin, ele até estava sonhando com a garota! E, mesmo que a distância o ajudasse a esquecer o que sentia por ela, não tinha tanta certeza que escolheria aquela saída; gostava da companhia de Tonks, e, de fato, a amizade que tinham era realmente boa para ele, mesmo que ainda o deixasse triste.
— Você tem alguma ideia de como eu detesto que me chamem de Ced? — Questionou, preferindo mudar o foco. riu ao seu lado, fazendo-o sorrir de leve ao ouvir sua risada.
— Quer dizer que preciso esperar mais três anos pra ter esse privilégio? Porque Montgomery te chama de Ced o tempo todo!
— Ele faz isso desde que nos conhecemos — contou, negando com um aceno —, justamente porque sabe que eu não gosto!
— Eu sei, Ced! Ced! Ced!
— Chega! Eu já entendi! — Colocou a mão sobre a boca dela, soltando logo depois. deu língua.
— Enfim, eu queria saber… – Ele afastou-se minimamente para tornar a olhar nos olhos dela – Você vai continuar me ajudando a estudar no próximo ano, não é? É sério, Diggory! Ficou mil vezes mais fácil de entender com você explicando, até mesmo Poções!
— Então é por isso que você gosta de mim? Por que eu te ajudo a estudar?
— É claro que não! – Explicou-se rápido – Gosto porque… Não sei… Porque você é uma pessoa legal e fofa – ela apertou-lhe as bochechas, Cedrico fez uma careta leve, manteve o sorriso no rosto embora a cada palavra sentisse o coração pesar —, acho que quando eu quiser elogiar alguém vou dizer “Você está muito Diggory hoje!”
Pela primeira vez em semanas Cedrico gargalhou verdadeiramente, esquecendo-se de tudo por alguns instantes.
— Não seja bobo, pare de rir! – Esperou alguns minutos até que ele se acalmasse e então cutucou-o nas costelas.
— Não reclame se eu começar a rir de novo – disse esquivando-se das mãos da garota, aquilo causava-lhe cócegas.
suspirou olhando para o Lago Negro, a preguiça começando a tomar conta de seu corpo.
— Acho que vou para meu quarto… — Falou, Cedrico apoiou-se nos cotovelos, erguendo parcialmente o tronco e tornando a olhar para ela. — Tenho que arrumar minhas coisas ainda, e não tenho certeza do lugar que deixei parte dos meus livros…
— Fique mais um pouco, você pode procurar isso mais tarde!
— Mas vamos para casa amanhã, se não arrumar hoje terei que acordar cedo – fez cara de sofrida, Cedrico sentou-se e apertou-lhe as bochechas, da mesma forma que ela tinha feito poucos minutos atrás.
— Sinceramente? Queria passar mais tempo com você, porque vamos ficar bons dois meses distantes e não sei se consigo sobreviver sem esse sorriso! — Piscou para a garota que corou fortemente.
— Eu sei que você me adora! — Respondeu marota, Diggory rolou os olhos, negando com a cabeça. — Hm… Você vai me escrever, não vai? – Perguntou após alguns segundos de silêncio.
— Obviamente. – Respondeu rápido, os dois riram. – Me diz uma coisa, — Cedrico sentou-se ao seu lado, coçou o queixo antes de continuar — você já sabe se vai realmente para a Copa Mundial?
— Espero que sim, mas ainda não tenho certeza, Dora ficou de me dizer amanhã, por quê?
— Talvez… Bem, eu vou. Você poderia ir comigo se ninguém puder te levar! – Sugeriu animado.
A garota concordou tranquilamente.
— Mas você realmente não consegue ficar longe de mim, não é? – Comentou de forma pretensiosa, Cedrico sorriu constrangido. — Saiba que também sentirei saudades! – Ela piscou para o garoto que concordou, ainda sem graça – Te vejo no jantar, tudo bem? Preciso mesmo arrumar minhas coisas agora.
Despediram-se e Cedrico olhou-a se afastar, notando quando ela parou junto a uma roda de alunos da Grifinória. Diggory encarou aquela cena com os olhos estreitos, quem era aquele garoto abraçando-a de lado? Olhou mais atentamente, reparando que se tratava de Olívio Wood. Suspirou, passando a mão pelos cabelos, frustrado ao vê-la beijar a bochecha do goleiro, após rir de algo que ele havia dito.
— Muito bem, agora ela não pode estar perto dos amigos que você também quer morrer. — Resmungou sozinho, tornando a olhar para o Lago Negro vendo a Lula Gigante com os tentáculos esticados no gramado, tomando um pouco de sol. — É, Diggory, você está acabado!
DEZ
Cedrico ainda ria da piada do amigo durante o jantar quando deixou seu olhar vagar pela mesa da Grifinória, encontrando instantes depois sentada entre um dos gêmeos Weasley e Wood. O grupo de Quadribol parecia festejar, ao tempo que se despediam do Capitão que finalizava seu último ano em Hogwarts. Fez uma careta ao notar que, mais uma vez, Olívio e estavam abraçados, rindo juntos.
Por que era tão difícil para ele até mesmo vê-la próxima de outros garotos? Eles nem estavam fazendo nada. E por um instante imaginou o que faria se os dois se beijassem;
Helga Hufflepuff que o segurasse, porque ele tinha certeza que se jogaria da torre mais alta daquele castelo.
Encarou as ervilhas que estavam em seu prato, precisava parar de pensar na garota daquela forma ou surtaria a qualquer instante. E nem mesmo a culpava por nada daquilo, o que era ainda mais frustrante em sua visão.
Respirou fundo, virando-se para o amigo quando este o cutucou na costela;
— O que acha de uma última festinha antes de encerrarmos o ano? — Monty sugeriu com um sorriso de canto, Cedrico arqueou a sobrancelha.
Talvez fosse exatamente aquilo que ele precisasse para começar seu processo de “superação”.
— Quem você chamou?
●●●
A garota olhou pela terceira vez no relógio de pulso, esperando o lufo para se despedir antes de pegar o trem e voltar para casa, mas ele não estava em lugar nenhum.
Viu alguns amigos do rapaz, mas não quis perguntar sobre ele, apenas acenando com a cabeça quando Monty olhou em sua direção. Talvez ele estivesse fazendo sua ronda de Monitor ou terminando de arrumar suas coisas.
Caminhava em direção à cozinha, já que a passagem para o Salão Comunal da Lufa-Lufa era na mesma direção, quando ouviu uma movimentação e algumas risadinhas no corredor.
Olhou para o lado e parou no mesmo lugar, não acreditando no que seus olhos viam;
Cedrico Diggory estava ali, mas não era como Monitor.
A garota respirou fundo, dando um passo para trás, esbarrando em uma armadura e quase derrubando a mesma.
Cedrico e a garota com quem ele estava olharam na direção do barulho. O lufo piscou algumas vezes assustado, reconhecendo no momento seguinte, a qual olhava para o lado. Abriu a boca para dizer algo, mas ela foi mais rápida;
— Desculpem, não quis atrapalhar. – Falou baixo, virando-se e saindo o mais rápido possível daquele lugar, sentindo o coração pesar.
Sentia as mãos tremerem e uma súbita vontade de chorar. Respirava entrecortado, enquanto andava apressada, só queria sair dali e não o ver nunca mais.
Ao virar o corredor em direção às escadas acabou dando de cara com alguém e, antes que pudesse se dar conta do que estava acontecendo, tinha caído no chão gelado.
— Eu… Desculpe. – Pediu pela segunda vez em menos de dez minutos.
— ? – Olhou para cima, vendo Harry encará-la preocupado – Você está bem? O que aconteceu? – Ajudou-a a levantar e colocou as duas mãos nos ombros da garota, olhando-a nos olhos, vendo-os marejados.
— Hm… Não foi nada, eu só…
Potter negou com a cabeça, não acreditando em nada do que a amiga dizia.
— Ahn… Minha… Minha cabeça dói, só isso. – Harry a encarou desconfiado por alguns segundos, suspirando em seguida, puxando-a pela mão pelo corredor.
— Vamos ver a Madame Pomfrey!
— Não é preciso, Harry, já vai passar, só preciso de um pouco de ar ou… ou…
— Já arrumou suas coisas? – Tornou, vendo-a concordar com a cabeça. – Ótimo, então vamos perto do Lago ou sei lá, assim você respira e podemos conversar! — Ele sorriu já a puxando para fora do castelo, apenas deixou-se levar pelo amigo, passando o braço por sua cintura quando ele a abraçou pelos ombros.
Diggory ainda olhava para o ponto em que a garota tinha estado poucos minutos atrás, seu cérebro não parecia ter entendido o que havia acontecido.
O que ele tinha feito?
Balançou a cabeça atordoado e então se deu conta de Danielle Coulson ao seu lado, ou talvez em cima. A garota tinha os cabelos bagunçados, as vestes amassadas, a saia levantada e um risinho que o garoto achava que nunca mais sairia do rosto dela.
E então Cedrico deu-se conta das próprias vestimentas; a camisa de botões que usava estava parcialmente aberta, assim como o botão de sua calça, além de um certo incômodo na região.
Seu cabelo deveria estar ainda mais bagunçado do que o da garota e tinha certeza que deveria estar tão vermelho quanto ela.
O que tinha feito?
— Danielle, eu… Me desculpe, eu…
— Vai atrás daquela garota? – A menina olhou-o debochada – Você acha mesmo que sua namoradinha vai querer alguma coisa com você depois disso? – Perguntou descaradamente, apontando para ambos.
Cedrico abriu a boca para responder algo e então a verdade o atingiu em cheio; tinha o visto aos amassos com outra garota!
Por alguns segundos ele não soube o que dizer, sentiu todo o ar sair de seus pulmões, parecia que o sangue não circulava mais em suas veias. Não pensou duas vezes antes de afastar-se da colega e começar a andar rapidamente pelo corredor, tentando arrumar sua roupa da melhor forma possível.
Sentia seu coração acelerado, não sabia exatamente o que faria, mas precisava falar com , tentar explicar a situação.
Explicar o que não podia ser explicado!
O que ele diria? Ele não tinha desculpas, estava completamente consciente do que estava fazendo minutos atrás junto de Coulson, assim como sabia o que tinha feito na noite anterior.
E por um minuto ele parou de andar, respirando fundo; Por que ele deveria se explicar? Era claro para Cedrico que só o via como amigo, era uma situação realmente chata e embaraçosa a que ela tinha visto, mas não era nem a primeira vez que a loira o viu beijando outra garota. Tudo bem, ele sabia que havia passado, e muito, de poder dizer que eram só uns beijos, mas, mesmo assim, não tinha reais motivos para se explicar ou para sentir-se culpado.
Ok, então o viu naquela situação, e aí?
O que aquilo significaria, além de uma conversa um tanto constrangedora entre eles se ela resolvesse fazer algum comentário? Ela deixaria de ser sua amiga por isso? Ele duvidava muito.
Ele deixaria de ter alguma chance com ela?
— Não é como se eu tivesse alguma, de qualquer forma… — Disse em voz baixa, frustrado.
Terminou de abotoar sua camisa e encostou-se na parede gelada, respirando fundo e acalmando as batidas aceleradas do coração.
— Como vou esquecê-la sem sair com outras garotas? — Tornou a resmungar, embora ainda sentisse um aperto em seu peito, aquela sensação de culpa presente. — Bem, azar. Não é como se eu precisasse explicar qualquer coisa… — Virou-se, voltando a andar em direção ao seu Salão Comunal para buscar seu malão. — Por Merlin! — Parou de novo, pensando se deveria ir atrás dela, frustrado com si mesmo por toda aquela indecisão — Não tenho motivos para me desculpar… Então por queeee…? — Passou a mão pelos cabelos, bufando. — Azar, eu disse que desisti! Eu resolvi desistir!
Cedrico estava na fila para o embarque junto dos amigos quando a viu junto de Harry Potter, ambos rindo enquanto conversavam. O loiro ficou parado por alguns instantes, apenas olhando para os dois. Por que Potter estava sempre tão próximo? Por que ela sempre ria junto a ele? Por que eles sempre acabavam sozinhos?
“Mione disse que parte do motivo foi por Harry estar com ciúmer porque eu passo muito tempo com você e te contei antes de falar pra ele!”
Respirou fundo ao lembrar-se daquela frase dita meses antes, quando a garota explicou melhor como foi a conversa com Hermione, quando voltaram a se entender após contar sobre Sirius Black.
Se Potter sentisse ciúmes pelos mesmos motivos que Cedrico…
Diggory continuou encarando de longe e, após algum tempo, Harry virou-se para os lados, parecendo procurar alguém e seu olhar caiu sobre Cedrico o encarando de longe. Falou com , apontando com a cabeça na direção do lufo. virou-se pouco, seus olhares se encontraram, mas não pareceu feliz ao vê-lo. Apenas acenou, sorrindo pequeno antes de virar-se para o moreno novamente, antes de entrarem no trem.
Cedrico suspirou passando a mão pelos cabelos bagunçados, não era como se ele estivesse em alguma posição de cobrar algo, se ela queria sair com Potter… Se ela quisesse beijar Harry Potter, o problema era inteiramente dela e ele não se importaria com isso, porque Cedrico Diggory estava determinado a se “desapaixonar” por Black!
Passou a viagem toda em sua cabine com os amigos, saindo apenas para usar o banheiro e para comprar um sanduíche quando sentiu fome, conversaram, jogaram algumas partidas de Xadrez Bruxo e Snap Explosivo.
Cedrico dizia para si mesmo que estava tudo bem, não tinha nada com que se preocupar, embora uma parte de sua mente parecia empenhada em sabotá-lo, lembrando-o da expressão de quando o viu com Danielle.
Bufou, dando-se por vencido;
— Ok, só converse como se nada tivesse acontecido… — Falou em voz baixa enquanto pegava seu malão e coruja, desembarcando em Londres. — Tchau, boas férias, só isso. — Murmurou, esperando na plataforma para despedir-se dos amigos antes de procurar pelos pais que, para sua felicidade (ou não) estavam junto dos Tonks.
Abraçou os dois e cumprimentou educadamente Ted, Andrômeda e Ninfadora, e juntos esperaram pela loira que não demorou a aparecer, despedindo-se dos amigos.
— Finalmente! Achei que tivesse ficado em Hogwarts! — Dora comentou animada quando a prima se aproximou.
— Sentiu saudades de mim? — Perguntou ao abraçá-la, repetindo o gesto com os tios, antes de virar-se para cumprimentar os Diggory, ficando um tanto constrangida quando a mãe de Cedrico a abraçou.
Encarou o rapaz por um instante, enquanto suas famílias voltavam a conversar;
— Boas férias, — Disse em voz baixa, as mãos nos bolsos da calça, a garota concordou, dizendo o mesmo, sorrindo leve — Escuta, sobre antes… — Começou, detestando-se por fazer aquilo, mas achando necessário — Eu…
— Não precisa se explicar, Diggory — avisou, não parecendo muito animada em dar continuidade ao assunto — Não tenho nada a ver com as garotas que você sai, não é? — Reforçou, Cedrico sentiu como se tivesse levado um soco.
— Sei que não é da sua conta, — concordou quase grosseiro, vendo-a encará-lo — mas queria confirmar que estamos, ok.
— Sim, é claro! — Falou, sorrindo pequeno, embora ele notasse a indiferença em seu olhar — Acredito que nós dois possamos sair com quem quisermos sem que isso atrapalhe nossa amizade, não é? A propósito, você ainda tem uma marca de batom no pescoço, sabia? Boas férias, Diggory!
●●●
Cedrico estava deitado em seu quarto, não tinha conversado muito com seus pais desde que chegaram em casa, alegando estar muito cansado. Ainda não entendi o motivo de sentir-se culpado com o que tinha acontecido, eles não tinham compromisso nenhum e ela mesma havia deixado claro que eram amigos e apenas isso. Frustrou-se ainda mais ao lembrar que a garota tinha dado uma indireta sobre começar a sair com outros caras, o que, teoricamente, era natural, mas não deixava de irritá-lo.
Será que agora ela tinha mesmo resolvido começar a aceitar convites para encontros? Em pouco tempo talvez estivesse namorando…
Seria tudo muito mais fácil se nem mesmo estivesse apaixonado por ela… Nem queria estar, preferia quando só saia com algumas garotas aleatoriamente, sem compromissos, sem gostar muito de nenhuma delas, apenas uma leve atração… Talvez nem estivesse apaixonado por ! No fundo poderia mesmo ser uma atração e ele só estivesse frustrado por não conseguir sair com ela, como havia feito com outras garotas que esteve interessado ao longo dos últimos dois anos… Queria tanto que fosse apenas aquilo!
E nem mesmo sabia porque estava apaixonado por ela, quer dizer… Suspirou ao pensar na loira. O que ela poderia ter de tão especial e diferente das outras?
Ele nem havia a beijado! Como poderia garantir realmente que as coisas não mudariam depois? E se o beijo não fosse bom? Já havia tido alguns bons beijos e nem por isso se apaixonou por nenhuma garota. Parecia tão incoerente gostar de alguém que nem havia saído!
Encarou o teto, pensativo.
Eles nem eram muito parecidos, não tinham tantas coisas em comum… era mais nova, vivia quebrando as regras, Diggory odiava fazer qualquer coisa que fosse fora das normas. Ela era impulsiva e ele pensava mil vezes antes de tomar qualquer decisão. Eles eram tão diferentes!
Mordeu a língua, talvez ele realmente não estivesse apaixonado. Talvez eles só fossem bons amigos, mas se tivessem um encontro seria tudo horrível! Não deveriam ser um bom par… Diggory não estava apaixonado, tinha certeza!
E então pensou mais uma vez na garota e em vários dos momentos que passou com ela ao longo daquele ano; todas as vezes que se preocupou e que sentiu aquela vontade de tê-la por perto. Que sentiu-se mal apenas por ver que a loira não estava bem, a necessidade que sentia de ajudá-la sempre que podia. A raiva sempre que tinha algum cara por perto e, principalmente, todas as vezes que sentia o peito esquentar ou o estômago revirar apenas por ela sorrir em sua direção.
Ao mesmo tempo que eram tão diferentes, a garota parecia completá-lo de alguma forma que ele não saberia explicar.
Fechou os olhos, suspirando profundamente; Cedrico poderia passar o verão inteiro tentando se convencer do contrário ou imaginando motivos para que ela não combinasse com ele, mas no fundo sabia que estava completamente apaixonado por .
E sabendo disso, seu objetivo para as férias era deixar aquele sentimento de lado. Eram apenas amigos e era daquele jeito que seguiriam, não fazia o menor sentido ele querer manter um sentimento que sabia não ser recíproco. Ela não o via da mesma forma e seria idiota de sua parte ter esperanças de mudar qualquer coisa.
Bufou, virando-se para o lado e encarando o malão intacto no canto do quarto, levantando-se da cama para tirar suas coisas de dentro dele. Abriu e começou a separar suas coisas, deixando as roupas limpas em cima da cama e jogando as sujas no chão. Deixou os livros na mesa mais ao canto, para separá-los mais tarde junto com os pergaminhos e penas, sem saber quais poderia usar no próximo ano.
— Somos amigos, Cedrico… — Resmungou, imitando a voz da loira. — Então por que me olhou daquele jeito? — Questionou-se pouco depois, segurando dois livros na mão enquanto relembrava o momento em que o viu com outra garota — Por que saiu correndo e depois nem quis falar comigo direito? Se não faz diferença com quem saio… — Passou a língua pelos lábios finos, encarando o nada — Ciúmes? — Negou com a cabeça pouco depois, achando-se idiota por imaginar que ela sentiria ciúmes dele. — Dane-se, superei, estou em outra. Azar. Vida que segue.
Ouviu um barulho ao puxar o cachecol amarelo e preto em mãos, notando algo rolar para baixo de sua cama. Suspirou, abaixando-se para pegar o que quer que fosse. Ao tatear o chão, sua mão fechou-se sobre um objeto redondo e Cedrico logo viu a pequena esfera com seu presente de Natal dado por . Viu que o vidro havia rachado na queda, rindo da infeliz coincidência; só porque seu relacionamento com a garota estava quebrado, não significava que o mesmo poderia acontecer com o seu presente.
— Relacionamento, uhum — negou, deixando o objeto sobre sua cama -, relacionamento vai ser o dela com Potter daqui uns meses, isso sim. Mas não importa! Já passou! — Tornou a dizer em voz alta, respirando fundo.
Contudo, e se ela realmente resolvesse sair com Potter? Os dois já eram extremamente próximos e Potter tinha ciúmes de quando estava com o loiro… Respirou fundo, negando com um aceno;
— Não importa, se quiser sair com ele, que saia. Tomara até que se casem! — Resmungou — Grande Harry Potter, o Menino-Que-Sobreviveu, uau. Potter tem uma Firebolt, Potter é o Apanhador da Grifinória; bem, mas caiu da vassoura e eu peguei o Pomo antes! — Dizia sozinho, amargurado. — Vai nos comparar e vai ficar com aquele irresponsável, isso sim.
●●●
estava em seu quarto, após horas de conversa com a família. Tinha ficado acordada até tarde no dia anterior, contando a eles sobre Sirius e o que havia acontecido durante o ano letivo.
Ouviu sua coruja piar e virou-se para a ave em seu poleiro, Zoe começou a limpar suas penas antes de aconchegar-se para dormir.
A garota tornou a olhar para o teto, vendo as estrelas que brilhavam no escuro coladas, era uma das coisas que mais gostava no quarto. Havia ganho de Ted anos atrás; “É um enfeite de Trouxas, sabe? Mas achei que você fosse gostar de ver o céu estrelado antes de dormir.”
Estava divagando sobre tomar banho naquela hora ou descansar mais um pouco e deixar o banho para depois do jantar, quando viu a porta do quarto abrindo e uma cabeleira rosa entrando.
— Olá! – Disse Dora parecendo um pouco triste, jogou-se na cama junto da prima, que rolou para o lado para dar mais espaço para a mais velha.
— Oi! – Sorriu um tanto sonolenta. – Achei que só chegasse mais tarde…
— Pois é… – Ela suspirou, seu cabelo tomando uma cor mais apagada – Tenho uma notícia boa e uma ruim…
— O que aconteceu? – sentou-se cruzando as pernas e encarando a prima que continuava deitada de barriga para cima, olhando as estrelas no teto.
— Você vai para a Copa Mundial! – Sorriu para a mais nova. piscou duas vezes, um sorriso largo aparecendo em seu rosto.
— Brilhante! – Exclamou empolgada.
— Mas eu terei que trabalhar e não poderei ir com você…
— O quê?
— Me colocaram para proteção extra, sabe? Por causa do excesso de bruxos que vem pra Copa, fiquei com a parte de revista, por assim dizer…
— Mas… Mas… Não pode… Quer dizer, você é Auror! Não pode fazer essas tarefas… Simples. Não quero ir sem você, não vou sem você, Ninfadora! – Reclamou cruzando os braços.
A mulher sentou-se, encarando a prima.
— Primeiro; É a Copa Mundial, você vai! – A Auror começou a enumerar com os dedos, seu cabelo tornando-se vermelho tomate – Segundo, nunca, sob hipótese nenhuma, me chame de Ninfadora! Não esqueça que, diferente de você, eu posso usar minha varinha em casa.
riu dando língua, Dora rolou os olhos, seu cabelo voltando para a cor rosa de sempre.
— E como eu vou sem você? Ted resolveu ir junto? – Perguntou confusa após rir da pequena ameaça.
— Não, ele disse que ‘tá muito velho pra essa agitação toda e não tem mais coluna para acampamentos… — As duas riram imaginando a cena — Ainda estamos pensando sobre a possibilidade de você ir com alguém, os Weasley vão?
— Não faço ideia… Sei que o pai do Rony tentaria uns ingressos, mas não sei se eles conseguiram mesmo…
— Tudo bem, depois conversarei com Arthur no Ministério… Acho que posso descolar mais alguns se eles precisarem…
bocejou concordando com a cabeça e voltando a deitar, Dora a olhou por alguns segundos.
— O que aconteceu?
— Como assim?
— Bem, você me disse em todas as suas cartas que estava muito bem com o Diggory, ontem você mal quis falar com ele na Estação, o que aconteceu? Ele parecia chateado…
— Não sei do que você está falando… – Comentou em voz baixa, encarando o teto.
— Eu acho que você sabe bem. – Arqueou a sobrancelha, encarando a mais nova.
— Não foi nada, só estava um pouco cansada e queria vir para casa, foi um ano estressante, sabe? Mas não temos nenhum problema. – Deu de ombros, ainda sem encarar a mais velha.
— Por que será que você não me convenceu? – Dora deu um leve sorriso antes de se levantar, andando em direção à porta – Quando quiser conversar sobre seu namorado estou do outro lado do corredor, priminha!
— Ele não é meu namorado! — Resmungou em voz alta, irritada.
— Oh, então é esse o problema? — Perguntou divertida, tornando a aproximar-se — O que foi? Vocês terminaram?
A loira rolou os olhos, negando com a cabeça;
— Não terminamos nada, porque ele nunca foi meu namorado, sempre fomos amigos. Só isso.
— E você gostaria de ser mais do que amiga! — Concluiu ao sentar-se na cama.
ficou em silêncio por alguns instantes;
— Não. Não sei, talvez… — Enrolou-se, sem saber ao certo o que dizer — Bem, mas não faz diferença, faz?
— Ele pelo menos sabe que você gosta dele? — Questionou interessada.
— Não importa se ele sabe ou não, porque Cedrico está ocupado saindo com todas as outras garotas de Hogwarts!
— Nossa, ele é disputado assim mesmo ou você está exagerando como sempre?
A mais nova bufou, sentando-se na cama e abraçando os joelhos;
— Infelizmente, dessa vez é verdade. Perdi as contas de com quantas garotas ele já saiu… E olha que eu só o vi com algumas, então deve ter muito mais!
— E nenhuma delas era você… — A outra solidarizou-se, colocando uma mão sobre o braço da prima — Ele nem mesmo te chamou para sair ou algo do tipo?
Ela negou com um aceno, chateada;
— Dora, entenda uma coisa: Cedrico Diggory está no quinto ano e deve ser o cara mais popular daquela Escola, ele pode sair com qualquer garota. Ele nunca chamaria uma terceiranista como eu para sair, sendo que pode ter encontros com garotas do sexto ou sétimo.
— Não sei, pelo o que você me disse nas cartas, ele parecia se importar muito com você…
— Porque somos amigos, ok? Ele provavelmente me vê como uma irmã mais nova ou algo do tipo. — Resmungou, olhando para o lado.
— Bem, talvez ele não te olhasse apenas como amiga se soubesse que você gosta dele, não é? — Sugeriu, vendo-a negar com um aceno;
— E o que eu diria? “Oi, Cedrico, reparei que você sai com várias garotas, e aí quando vai querer me beijar?” — Bufou, encostando a cabeça na parede fria e olhando para o lado — Estou falando sério, Dora, você deveria ter visto ele com aquela garota de ontem, nunca, nem em um milhão de anos ele iria querer sair comigo. Eu nem sei beijar!
●●●
estava assistindo um programa Trouxa que passava na televisão da sala, sentia o cheiro de bolo vindo da cozinha na qual Andrômeda terminava de preparar o lanche. Ouviu o barulho da campainha, mas antes que pudesse pensar em levantar, Andy já estava caminhando em direção à porta, um tanto sorridente.
A garota ouviu um barulho vindo da janela e, quando se virou, viu uma arara entrar pela sala, parando ao seu lado no sofá.
— ? – Virou-se ao ouvir seu nome chamado por Andy. Vendo uma mulher de cabelos claros sorrir docemente para ela e, pouco mais atrás parecendo completamente sem graça, Cedrico Diggory.
— Olá, querida! – Rachel sorriu, aproximando-se, a loira se levantou andando até a mulher e cumprimentando-a com um abraço. Cedrico deu um sorriso pequeno, sem saber realmente o que dizer, ficando vermelho quando seus olhares se encontraram.
— Oi! – A garota deu um sorriso amarelo, acenando de longe.
— Tudo bem? – Perguntou com as mãos no bolso, ela apenas concordou com a cabeça.
— Não acredito! Uma arara? – Ouviram Andrômeda comentar risonha, balançando a cabeça com as mãos na cintura. – Sirius se superou dessa vez!
A mais nova abriu a boca olhando assustada para a mãe de Cedrico, mas a mulher piscou gentilmente;
— Ced já me falou sobre isso, não se preocupe!
A ave piou de seu canto, mexendo a pata com um pedaço de papel amarrado. aproximou-se do sofá, ainda ouvindo Andy conversar com os Diggory;
— Aceitam um chá?
— Seria ótimo, eu te ajudo!
— Sinta-se em casa, Cedrico!
O garoto sorriu para a mulher, vendo-a ir junto de sua mãe para outro cômodo, assistiu terminar de soltar a carta da arara, estendendo o braço para a mesma, que se agarrou com força abrindo as asas vermelhas. A loira virou-se com a carta em mãos, vendo Cedrico sorrir levemente para ela, ainda sem saber o que dizer;
— Vou colocá-la com Zoe, pode sentar… Gosta de televisão? – Perguntou apontando para o aparelho. O lufo franziu o cenho ao reparar na caixa em que duas pessoas apareciam em formas pequenas. Olhou surpreso, que mágica era aquela?
riu de leve da expressão dele, andando em direção às escadas no instante seguinte.
Diggory ainda olhava um tanto intrigado para o aparelho quando as duas mulheres apareceram quase quinze minutos depois, continuava sem entender como aquilo era possível sem algum tipo de magia.
— Cadê a ? – Andrômeda questionou, olhando para os lados.
— Foi responder a carta de Sirius, eu acho…
— Oras, poderia muito bem fazer isso depois! – Ralhou a mulher sentando-se na poltrona, enquanto esperava o bolo ficar pronto.
— Ela deve sentir falta do pai, não é nada demais, Andrômeda! — Rachel abanou a mão antes de sentar-se ao lado do filho e as duas começarem a conversar sobre receitas e outras banalidades que Cedrico não fez questão de entender.
Passados mais alguns minutos começou a olhar para a escada tentando não parecer entediado, embora torcesse para a garota descer logo, mesmo que não fossem conversar ela poderia pelo menos estar ali com ele para não ficar sozinho ouvindo tudo aquilo. Contudo, talvez também fosse bom ela demorar a aparecer, porque ele não sabia como iniciar um assunto com ela e não era como se estivesse animada para fazê-lo… Haviam combinado antes de saírem de Hogwarts que trocariam cartas com regularidade, mas com quase três semanas de férias, Cedrico – embora tivesse pensado várias vezes, não havia mandado (nem recebido) nenhuma coruja.
Talvez devesse perguntar sobre Sirius, sabia que renderia alguns minutos de conversa, o homem deveria estar em algum lugar tropical para enviar uma arara ao invés de coruja; Sorriu sozinho imaginando Sirius Black na praia, com os cabelos e barbas compridos ao vento.
A garota deixou o pergaminho dobrado ao lado da cama, colocando a pena na mesa e fechando o tinteiro, a ave agora dormia no poleiro da coruja, que não parecia muito feliz com mais um pássaro extravagante ao seu lado; Já havia aguentado um papagaio e uma harpia nas semanas anteriores. passou por ela, acariciando levemente suas penas e então foi para à porta, vendo Cedrico sentando no canto do corredor assim que passou pela mesma;
— Se perdeu?
O loiro deu de ombros, um tanto constrangido.
— Andrômeda disse para eu subir e conversar com você já que o assunto delas não era tão legal, mas… Bem… A porta estava fechada…
suspirou andando até ele e sentando ao seu lado, encostando-se na parede gelada.
— Você poderia simplesmente bater, sabe?
— Achei que você poderia não querer conversar comigo… – Deu de ombros, esticando as pernas.
A loira permaneceu em silêncio por alguns segundos, apenas olhando para o rapaz que encarava a parede à sua frente. Aquele silêncio parecia à certeza de tudo o que ele desejava que não acontecesse.
— Não sei, eu… – Interrompeu-se em voz baixa, sem saber o que dizer.
Cedrico sentiu como se alguém tivesse acabado de azará-lo.
— ! Cedrico! Venham comer bolo! – Ouviram Andy chamar no andar de baixo.
levantou-se no mesmo instante, estava com fome e não sabia exatamente como puxar um assunto, aquilo a daria tempo para pensar e escolher melhor as palavras, não era como se ela pudesse admitir que estava morrendo de ciúmes, aquilo era ridículo.
Esperou que ele também levantasse para descerem juntos, mas quando olhou para Cedrico ele simplesmente virou-se andando para as escadas sem dizer nada.
Diggory estava quieto, apenas olhando e sorrindo vez ou outra quando sua mãe ou Andrômeda mencionavam seu nome. estava sentada no outro sofá quase de frente para ele, mas Cedrico não fazia questão de olhá-la. Parecia ocupado olhando para suas próprias mãos ou para o aparelho em que podia ver aqueles pequenos Trouxas, do tamanho de Tronquillhos conversando sobre algum assunto que parecia importante.
se sentou ao seu lado pouco depois, erguendo um pouco o volume do aparelho, aparentemente um jardineiro Trouxa tinha sido assassinado em algum vilarejo próximo. Diggory não se mexeu quando reparou que ela estava ao seu lado, ainda não tinha certeza de como seriam as coisas, e, naquele momento, não queria conversar com ela da mesma forma que ela parecia não querer falar com ele – achava que se dissesse qualquer coisa estragaria qualquer chance de manterem a amizade; Não podia admitir o que sentia e nem que a simples ideia de saindo com qualquer outro cara o atormentava o verão todo.
A garota esperou que as duas mulheres terminassem de comer, enquanto pensava em uma forma de explicar a Cedrico o que passava por sua cabeça; tinha medo de dizer claramente tudo o que pensava, imaginando que ele se afastasse. Não queria perdê-lo, não queria perder a amizade que havia crescido entre eles no último ano, e tinha medo que isso acontecesse no momento em que lhe dissesse o que havia descoberto nas últimas semanas. Nem mesmo sabia se queria realmente contar o quanto gostava dele, sabia que ele não seria maldoso a ponto de rir dela ou qualquer coisa parecida, mas a ideia de que ele provavelmente a olharia com pena – afinal que chances ela teria com Cedrico Diggory? – parecia muito pior do que não dizer nada.
No entanto, reparou que se não fizesse nada o perderia da mesma forma. Já estava perdendo na verdade, e nem mesmo era culpa dele; Cedrico não era culpado por ela ter ficado com ciúmes ao vê-lo com outra garota. Respirou fundo, ignorando a pontada no peito ao pensar que ela não era uma das garotas com quem ele queria sair.
Aproveitou que sua tia e Rachel estavam andando para a cozinha de novo para virar-se para o rapaz;
— Podemos conversar?
Cedrico não respondeu no mesmo segundo, aguardou alguns instantes considerando aquela proposta. Talvez ela só estivesse sendo educada…
— Tudo bem, pode falar! – Olhou-a de lado, ela balançou a cabeça puxando-o pela mão escada acima.
No segundo em que a mão dela tocou a sua, sentiu seu coração parar por um momento e então acelerar, fazia semanas que não a tinha tão perto e só então percebeu o quanto havia sentido sua falta, por mais que negasse o tempo inteiro e tentasse se distrair de mil formas diferentes. Soube naquele instante que realmente não importava a distância que tivesse entre eles, aquilo não seria suficiente para esquecer o que sentia.
sentiu o rosto esquentar na região das bochechas quando o puxou pela mão, envergonhada demais para sequer olhar em sua direção. A mão grande e quente de Cedrico fechou-se firmemente sobre a sua e era uma sensação boa, mas sentia-se constrangida; era ele quem sempre a puxava para os lados, era sempre ele quem a abraçava primeiro, raramente o contrário. Respirou fundo e abriu a porta de seu quarto, esperou Diggory entrar e então soltou a mão do Monitor, sentindo-se estranha por um segundo.
Cedrico também sentiu algo afundar em seu peito, porém nada demonstrou, andando até o poleiro no canto do quarto próximo a janela e acariciando a coruja, a qual piou baixo em sua direção, encarando a arara vermelha comer sua ração.
Diggory virou-se quando a menina fechou à porta, vendo-a andar até a cama e sentar na beirada, o rapaz aproveitou que ela estava distraída, perdida nos próprios pensamentos, para olhá-la melhor;
estava com um corte de cabelo diferente, bem mais curto desde que a tinha visto em Kings Cross, e o loiro parecia mais claro que o habitual. Ela também parecia ter um ar mais tranquilo do que no ano anterior, reparou que ela já não tinha olheiras como quando a conheceu. A garota estava bonita como sempre, mesmo que vestindo algo tão simples quanto um shorts preto e uma regata azul, junto com umas pulseiras coloridas no braço. Mordeu o lábio inferior por um instante, deixando seu olhar recair sobre suas pernas amostra, notando que era a primeira vez que a via com roupas curtas. Sentiu-se um tanto idiota por nunca ter dado muita atenção ao corpo dela, provavelmente devido ao número de roupas e capas que usavam na escola. Virou-se para o lado quando percebeu que já estava olhando a um bom tempo para o tamanho de seus seios, bem mais evidentes com a regata do que quando a garota usava o uniforme. Sentiu o rosto esquentar e o corpo formigar ao notar.
Vendo que ainda demoraria para ela dizer alguma coisa, aproveitou aqueles momentos de silêncio para olhar em volta, reparando em todos os detalhes do quarto relativamente grande; A maioria das paredes eram brancas, exceto a que ficava atrás da cama que era um vermelho escuro, parecido com o da Grifinória. Na mesma havia uma flâmula da Casa e outra de Hogwarts, e dois cordões coloridos que estavam presos ao teto com várias fotos presas nos mesmos;
Uma pequena rindo com Dora enquanto faziam bolas de sabão no quintal. Na próxima à garota estava junto com Ted e Andrômeda, em alguma festa ele presumiu devido as roupas elegantes, fazia uma careta divertida enquanto o casal sorria animado. Na terceira ela estava junto ao pessoal da Grifinória em seu primeiro ano em Hogwarts, após a cerimônia de encerramento. Tinha uma em que estava com Hermione e Gina Weasley, as duas garotas sorriam, mas Granger parecia muito concentrada nos estudos para prestar atenção em outra coisa. Na foto abaixo ela estava com Harry e Rony, os três faziam caretas assustadas segurando mandrágoras, ao mesmo tempo em que pareciam rir da situação.
No cordão seguinte ela tinha uma foto mais velha, um tanto manchada, de quando era bem pequena, segurando um cachorro de pelúcia e rindo de algo que não aparecia na imagem. Na seguinte, uma imagem tão velha quanto a outra, não parecia ter mais de um ano e estava no colo de Sirius, o qual estava com os cabelos e barba bem mais curtos do que Cedrico lembrava-se de já ter visto em algum jornal, os dois riam e ele apontava para quem tirava a foto. Diggory sorriu ao ver as fotos da garota mais nova, então olhou para as duas últimas; usava o uniforme de Quadribol e segurava a Taça que a Grifinória havia ganho no último ano, enquanto os colegas de time riam junto a ela. Na última foto, e nesse momento algo esquentou no peito do rapaz, a loira estava junto dele, ambos sentados no chão da estufa de Herbologia com Lobo (ou Sirius, melhor dizendo) no meio dos dois, latindo para a câmera enquanto o casal gargalhava ao segurá-lo. Cedrico lembrou-se sorrindo daquele dia e de como havia sido difícil para ele conseguir bater a foto, pois o cachorro não parava de se mexer, saindo quase sozinho em todas as outras fotos que ele tirou.
Tornou a olhar pelo quarto, vendo a escrivaninha ao lado do poleiro com alguns livros de Hogwarts e vários pedaços de pergaminho, penas e dois tinteiros. Em um dos pergaminhos, já enrolado e pronto para ser enviado, leu Almofadinhas. Tinha um pergaminho aberto e inteiramente escrito, supôs ser o que ela tinha acabado de receber de Sirius. Na parede ao lado havia um guarda-roupas grande e colado atrás da porta havia um pôster de uma banda que ele sabia que gostava; Marina and the Bezoar. Sorriu leve, voltando a virar para a garota que olhava pela janela.
— Então…? – Perguntou baixo, ela o olhou por alguns segundos. Cedrico fez uma leve careta ao reparar que pela primeira vez desde que se conheceram não fazia ideia do que ela sentia. Sempre foi muito bom em descobrir como ela estava apenas olhando-a nos olhos, mas naquele momento não conseguia lê-los, não conseguia descobrir o que estava a incomodando.
Ela piscou pouco depois, sorrindo tranquilamente.
Foi então que ele reparou o quão calma parecia naquele momento, e não pôde deixar de sorrir junto ao reparar no olhar carinhoso dela. Novamente sentiu algo esquentar em seu peito, gostava daquela sensação.
— Então… Não sei bem o que dizer – deu de ombros, um leve ar de riso e vergonha misturados. Cedrico concordou com a cabeça, também sem saber como continuar ou mesmo começar, uma conversa. — Não quero perder você. – Confessou simplesmente.
A loira sentiu o rosto queimar assim que notou que havia dito aquilo em voz alta.
Mordeu o lábio inferior, olhando para baixo incapaz de encarar os olhos cinzas do rapaz.
Por que tinha dito aquilo?
Não que não fosse verdade, mas não queria parecer boba e nem admitir que realmente sentiu ciúmes quando o viu com outra garota. Cedrico e ela não tinham nada, eram apenas amigos, nem mesmo queria ficar com ciúmes dele, mas não era como se conseguisse evitar. Ou como se pudesse evitar o que sentia sempre que ele estava por perto, o que, ela admitia tristemente, demorou muito tempo para entender o que significava. Talvez se não tivesse o visto beijando aquela garota nem mesmo teria se dado conta do quanto gostava do lufo, porque parte de si ainda parecia querer dizer-lhe que não era nada demais, apenas uma atração, pois Diggory era lindo.
No fundo ela sabia que não era só isso e aquilo a deixava ainda mais triste, estava apaixonada por Cedrico Diggory, o cara mais popular de Hogwarts, o qual deveria ter mil encontros por ano com garotas muito melhores do que ela.
Cedrico sorriu vendo-a com as bochechas vermelhas, era algo adorável em sua opinião. Demorou alguns instantes para notar o que ela havia dito e o que aquilo significava, então notou a expressão triste em seu rosto e não entendeu o que poderia ter acontecido.
Não tinha nada que ele detestasse mais do que vê-la triste ou chorando, Diggory sentiu uma vontade enorme de abraçá-la e dizer o quanto ela era importante para ele e foi exatamente isso o que ele fez; Quando se deu conta já estava agachado em frente a loira, com os braços envolta do corpo dela, o rosto entre seus cabelos soltos. O perfume doce da garota se fez presente pouco depois e segundos mais tarde Cedrico sentiu os braços dela apertarem-no contra si, o rosto escondido em seu pescoço.
— Eu não quero nunca ficar longe de você ou perder isso. – Declarou, ainda a abraçando apertado.
Aii, eu adorei esse primeiro capítulo!
O Ced é um fofo, e já quero acompanhar as aventuras dele na escola <3 também quero saber quando que a pp vai aparecer hihi
Comentário originalmente postado em 22 de Setembro de 2023
Uma fanfic voltada em Cedrico sendo fofo, nenhum drama sem ser jovens lidando com ciúmes e primeiro amor hahaha
Comentário originalmente postado em 06 de Outubro de 2023
Será que um dia eu vou me cansar de ler B&D e me apaixonar pelo Ced?
Já ansiosa e pronta para matar a sdds do meu casalzinho perfeito <3
Comentário originalmente postado em 25 de Setembro de 2023
COMO NÃO AMAR UM LUFANO??
Comentário originalmente postado em 06 de Outubro de 2023
Estou completamente apaixonada por essa fanfic e muito ansiosa pro momento em que ela vai entender os sentimentos óbvios do amigo! Ah, e claro, tô muito curiosa em como será que ela vai descobrir que o Lobo é na verdade o Sirius. Meu Deus Reh, que fanfic gostosa! Mande os outros capítulos logo que der, porque aqui, estamos eufóricas à espera.
Comentário originalmente postado em 05 de Novembro de 2023
Aaaaa que bom que ta gostando Ray!!! ❤️
Hahaha logo chega mais junto com o surto do Diggory até ter esse date vindo! Hahahaha
Comentário originalmente postado em 05 de Novembro de 2023