PRÓLOGO
11 de outubro de 2023, Napoli – Itália
Era provavelmente a nona chamada que ela fazia para o telefone de e, de novo, caía na caixa de mensagens. Aquilo não era normal, as duas coisas: e
le não ter chegado ainda no trabalho e
não atender as ligações. era a personificação de pontualidade e responsabilidade, nunca havia faltado ao trabalho, desde que se entendia por gente, ele era responsável, afinal de contas os dois se conheciam desde criança já que as famílias eram amigas.
e compartilhavam uma amizade desde a infância, frequentando os mesmos eventos familiares e compartilhando risadas nos campos de vinhedos que suas famílias possuíam. No entanto, à medida que a adolescência os envolvia, uma nova dimensão se revelava em sua relação.
A paixão pelo processo de produção de bebidas finas os aproximou ainda mais. Juntos, eles exploravam os segredos dos vinhos da família , mergulhando em um mundo de aromas e sabores. O tempo passado nas adegas tornou-se momentos preciosos de intimidade, e a sutil troca de olhares começou a carregar um significado mais profundo.
Em uma noite estrelada, durante uma festa familiar sob as vinhas iluminadas, e compartilharam um beijo apaixonado, marcando o início de um romance que floresceria com o tempo. O namoro adolescente deles foi doce e cheio de descobertas, enquanto eles se apoiavam mutuamente em seus sonhos e ambições.
À medida que o tempo avançava, e decidiram canalizar sua paixão por bebidas finas para suas carreiras. Ambos embarcaram em jornadas educacionais e se especializaram na arte da vinificação e destilação. Com dedicação e habilidade, conquistaram seus lugares na Cantina Famiglia .
, nascido de pais italianos e coreanos, trazia consigo uma riqueza de influências culturais. Sua dupla nacionalidade adicionava uma camada fascinante à sua personalidade, tornando-o uma ponte entre tradições distintas. Essa diversidade cultural enriqueceu não apenas a vida deles, mas também o processo criativo na produção de bebidas, resultando em blends únicos e inovadores.
O amor de e floresceu em meio à tradição e inovação, criando uma base sólida tanto na vida pessoal quanto profissional. Contudo, na atualidade, a ausência de gerava apreensão, lançando uma sombra sobre o equilíbrio perfeito que eles haviam construído ao longo dos anos.
O sol começava a banhar o escritório da mãe de , Francesca , com uma luz dourada, contrastando com a tensão que se instalava no coração de . Ela bateu levemente na porta antes de entrar, encontrando sua mãe imersa em documentos e registros da Cantina Famiglia .
- Mãe, você tem um minuto? – perguntou, com um suspiro preocupado.
Francesca ergueu os olhos do papel percebendo então a expressão da filha:
- , claro. O que está acontecendo?
A mais jovem fechou a porta atrás de si e se aproximou da mesa da mãe, preocupação evidente em seus olhos.
- ainda não chegou e ele não atende minhas ligações. Isso não é normal, mãe! Ele nunca se atrasa e sempre está disponível…
A mulher colocou os documentos de lado, preocupada.
- Eu entendo, , vamos tentar manter a calma… Talvez ele tenha tido algum problema ou imprevisto!
- Eu sei, mãe, mas algo não está certo! Eu sinto isso… Ele nunca faria isso sem avisar.
Francesca se levantou da cadeira e foi até a filha, colocando uma mão reconfortante em seu ombro.
- Vamos tentar ligar para alguns contatos dele, ver se alguém sabe onde ele está. Às vezes as coisas não são tão ruins quanto parecem.
assentiu, agradecendo pelo apoio materno, mas a angústia persistia em seus olhos.
- Eu só preciso saber que ele está bem, mãe! Não posso deixar de me preocupar!
Mãe e filha compartilharam um olhar compreensivo, sabendo que, independentemente dos desafios, a força da família era o alicerce que os sustentaria. Juntas, iniciaram a busca por notícias de .
e Francesca, começaram a ligar para os contatos mais próximos de , buscando qualquer informação sobre seu paradeiro. O clima no escritório da Cantina Famiglia tornou-se mais tenso a cada ligação sem respostas conclusivas.
As mãos de tremiam enquanto discava o número dos pais de . Após alguns toques, a chamada foi atendida:
“Olá, bom dia! Vocês sabem algo sobre ? Ele não chegou ao trabalho e não atende minhas ligações… estou bem preocupada!” “, não sabemos de nada. Ele saiu para trabalhar no horário normal. Vamos tentar refazer o caminho que ele faz para a Cantina e te avisamos se soubermos de algo ok, filha? Não se desespere!” – pediu a mãe de .
e Francesca continuaram ligando para os amigos mais próximos do rapaz, mas ninguém tinha informações recentes sobre ele. A ansiedade crescia a cada resposta negativa.
A incerteza se instalou no coração de , enquanto as respostas negativas acumulavam-se. Onde estaria ? A ausência dele começava a parecer mais do que apenas um atraso casual, aumentando a preocupação e a apreensão no escritório da Cantina Famiglia .
***
O cheiro característico de hospital e a agitação na recepção envolviam e Francesca quando chegaram ao local. Seus passos apressados ecoavam pelo corredor até encontrarem os pais de , ansiosos, na sala de espera.
- Onde está o ? O que aconteceu? – ela perguntou com os olhos marejados enquanto abraçava a sogra.
- , Francesca! – a sogra respondeu também com os olhos marejados.
Francesca cumprimentou Hyunwoo, o pai de .
- Por favor, nos digam o que aconteceu! – pediu a mulher.
- sofreu um grave acidente a caminho do trabalho… Um motorista distraído o atingiu. Ele está na sala de cirurgia agora.
O silêncio pesou no ar e sentiu um nó na garganta. A notícia a atingiu como um golpe, e a realidade da situação começou a se desdobrar diante dela.
- Como ele está? Há algo que podemos fazer? – perguntou com a voz trêmula.
- Os médicos estão fazendo o possível! A situação é delicada, mas estão cuidando dele da melhor forma possível, filha! – informou Hyunwoo com a voz trêmula também.
olhou para a mãe em busca de apoio, e Francesca colocou uma mão reconfortante sobre os ombros da filha.
- Onde podemos ficar informadas sobre o estado dele?
- Os médicos nos manterão atualizados. Vamos atravessar isso juntos, como uma família, querida!
Giorgia segurou as mãos da moça com força.
A sala de espera do hospital transformou-se em um espaço de angústia compartilhada enquanto todos aguardavam notícias sobre . A incerteza pairava, mas a determinação de enfrentar a situação unidos era visível nos olhos de , sua mãe e seus sogros.
, sentindo o peso da preocupação em seu coração, decidiu buscar refúgio na capela do hospital. Com passos silenciosos, ela atravessou os corredores até encontrar a pequena sala de oração. Ao entrar, a atmosfera tranquila e a suave luz das velas a acolheram.
As lágrimas, até então contidas, começaram a escorrer pelo rosto da moça enquanto ela se ajoelhava diante do altar. Com as mãos entrelaçadas, ela fechou os olhos, buscando forças em uma prece silenciosa.
- Por favor, cuide dele! Dê-lhe força para superar este momento difícil! Eu não sei o que fazer, mas confio que o Senhor está guiando os médicos e cuidando do !
A luz das velas dançava ao redor dela, proporcionando uma sensação de paz temporária. continuou a orar, compartilhando seus medos e esperanças. A capela tornou-se um refúgio onde ela podia expressar as emoções que, por enquanto, eram difíceis de articular para os outros.
Após um tempo, permaneceu ajoelhada, respirando fundo, sentindo uma leve calma emergir dentro dela. Com a fé como seu alicerce, ela se levantou, determinada a enfrentar o que viesse pela frente, sabendo que cada pensamento, prece e esperança eram parte de seu apoio emocional durante esse período difícil.
***
O momento tenso na sala de espera foi interrompido quando um médico se aproximou de , Francesca e dos pais de . Seus passos eram cautelosos, refletindo a seriedade da notícia que estava prestes a compartilhar.
- Familiares de Bianchi? – Eles se levantaram, indo em direção ao médico. – Sou o Dr. Rossi. A cirurgia foi realizada, mas preciso ser honesto sobre o estado dele…
Os olhares ansiosos se voltaram para o médico, esperando por notícias, por mais difíceis que fossem.
- Como ele está, doutor? – Giorgia perguntou com a voz trêmula e fraca.
- O estado de é muito grave! Ele está em coma profundo e há uma preocupação séria com o risco de ocorrer morte cerebral.
Um silêncio pesado pairou no ar, e os olhares dos presentes demonstravam a compreensão dolorosa da situação.
- O que isso significa, doutor? – Os olhos dela voltaram a marejar pesadamente.
- Estamos monitorando de perto as funções cerebrais de . Infelizmente, existe a possibilidade real de morte cerebral, o que tornaria a situação irreversível!
A notícia os atingiu como um soco, e um pesar profundo se instalou na sala. O médico continuou a explicar o plano de tratamento, discutindo opções e decisões difíceis que teriam que ser consideradas.
- Eu não posso acreditar… – sussurrou.
- Nós faremos o que for melhor para o , não é? Obrigada, doutor.
O Dr. Rossi se retirou, deixando a sala de espera envolta em silêncio, exceto pelos sussurros de consolo e apoio entre os familiares. Os pais de tinham os rostos marcados pela angústia, trocaram olhares carregados de preocupação. As mãos de Giorgia tremiam levemente, enquanto Hyunwoo, de semblante firme, tentava esconder a dor que se refletia em seus olhos.
A incerteza do futuro pesava sobre eles como uma sombra impenetrável. Cada palavra do Dr. Rossi reverberava em seus pensamentos, trazendo à tona a dura realidade que agora enfrentavam. As mãos dos pais se encontraram, buscando conforto um no outro diante da inquietação que se instalara em seus corações.
- Como isso pode estar acontecendo? sempre foi tão cuidadoso no trânsito… – A voz embargada de Giorgia ecoou na sala.
- Vamos dar o nosso melhor para ele, como sempre fizemos. Não podemos perder a esperança, querida! – O marido a abraçou.
As palavras de consolo de Hyunwoo buscavam amenizar a dor, mas o medo do desconhecido pairava forte. O amor e a preocupação dos pais de , agora expressos em olhares trocados e gestos de apoio, destacavam a união da família diante da adversidade.
, observando os pais de , sentia uma onda de empatia por sua dor. Enquanto a incerteza do futuro os envolvia, a sala de espera tornou-se um espaço onde o apoio mútuo era a única âncora em meio à tempestade de emoções desconcertantes.
***
O tic-tac do relógio na sala de espera ecoava como um lembrete constante do tempo que passava. As horas se arrastavam dolorosamente, e a incerteza sobre o destino de pairava sobre a sala, tornando cada minuto uma eternidade.
, envolta em pensamentos e preocupações, sentiu o impulso de buscar consolo na capela mais uma vez. As lágrimas já secas deixavam um rastro em seu rosto, e o cansaço emocional começava a pesar em seus ombros.
Silenciosamente, ela se dirigiu à capela, os corredores do hospital agora silenciosos à medida que a noite avançava. Ao entrar na sala de oração, a luz suave das velas ainda dançava, criando uma atmosfera de tranquilidade em contraste com o tumulto emocional que enfrentava.
- Por favor, dê força ao ! Guie os médicos em seus cuidados. Não sei quanto mais posso aguentar essa angústia…
A oração de era um desabafo silencioso, uma expressão de vulnerabilidade diante da incerteza que dominava sua vida. Cada palavra uma súplica por um milagre, por uma luz de esperança em meio à escuridão.
As horas passaram enquanto ela permanecia na capela, uma mistura de preces e reflexões preenchendo o tempo. A sensação de estar enredada em um pesadelo persistia, mas a capela oferecia um refúgio, um lugar onde as emoções podiam ser compartilhadas com o divino, buscando conforto e forças para enfrentar o que quer que o destino reservasse.
Ao sair da capela, retornou à sala de espera, encontrando-a mais silenciosa do que antes. Uma solidão sutil pairava no ar, e ela percebeu que apenas sua mãe permanecia ali.
- Onde estão os pais do , mãe? – Ela arregalou os olhos, apreensiva.
- Eles foram autorizados a entrar e ver . O médico deve estar também os atualizando sobre o estado dele… – assentiu, compreendendo a necessidade de os pais estarem com o filho neste momento crítico.
- Eu também gostaria de vê-lo!
- Eles sairão em breve, minha filha, e você terá a chance de ficar ao lado dele um pouco!
As palavras da mãe trouxeram um conforto momentâneo, mas a ansiedade de continuava a pulsar em seu peito. Ela se sentou na sala de espera, aguardando o retorno dos sogros, seu olhar perdido no chão, mergulhada em pensamentos e orações silenciosas.
O tempo passou lentamente até que os pais de emergiram da sala. Os olhos de sua mãe estavam vermelhos e seu pai, normalmente firme, parecia abatido pela gravidade da situação.
- Agora é a sua vez, querida! Vá, fique com ele um pouco… nós estaremos aqui quando sair.
se levantou, sentindo uma mistura de apreensão e determinação. Ela seguiu em direção à sala onde estava, preparando-se para enfrentar o desconhecido, ao mesmo tempo em que mantinha viva a esperança de um milagre.
Com passos hesitantes, se dirigiu à porta da sala onde estava. O brilho suave da luz hospitalar contrastava com a tensão que pairava no ar. Ao abrir a porta, ela foi recebida pelo som dos monitores e pela visão do namorado deitado na cama, frágil e imerso em um sono profundo.
O coração de apertou ao ver o rosto sereno de , que agora estava pálido e marcado pelos traços da batalha que ele enfrentava. Com um suspiro trêmulo, ela se aproximou da cama, tomando a mão dele entre as suas.
- , você precisa lutar! Por nós, por tudo o que construímos juntos… – ela sussurrou. – Amor, você é a luz da minha vida. Juntos, construímos tantos sonhos, superamos desafios e compartilhamos momentos inesquecíveis. Lembra-se da nossa primeira colheita nos vinhedos? Das risadas sob as estrelas?
Ela fechou os olhos deixando as lágrimas caírem.
- Estamos conectados por laços que vão além do tempo. Nossa história é uma tapeçaria de amor e superação. Você é minha âncora, meu confidente, meu melhor amigo. Nossas vidas estão entrelaçadas de uma maneira que vai além da compreensão comum… – Ela apertou a mão dele. – Lembro-me do dia em que você me disse “eu te amo” pela primeira vez, e aquele momento tornou-se o refrão constante da nossa jornada. Cada sorriso compartilhado, cada abraço apertado, são tesouros que guardo em meu coração.
Ela ficou em silêncio mais alguns segundos, deixando as lágrimas caírem livremente por suas bochechas.
- Agora, enfrentamos um desafio que jamais imaginamos. , preciso que ouça, que sinta: sua força é imensa. Você é capaz de superar até mesmo os momentos mais sombrios. Eu acredito em você, em nós. Prometo que estarei aqui a cada passo do caminho. Nossa história não está completa; há capítulos que ainda não foram escritos. Então, por favor, meu amor, lute. Lute por nós, por nossa história, por todos os momentos que ainda estão por vir. Eu não consigo imaginar minha vida sem você!
permaneceu ao lado de , sua voz cheia de amor ecoando na sala de cuidados intensivos. As palavras de encorajamento fluíam como uma melodia, uma expressão de esperança em meio à incerteza.
Ela acariciou suavemente o rosto do rapaz:
- Você é minha inspiração, . Juntos, construímos um amor que transcende as adversidades. Nossa história é um testemunho do poder do compromisso e da fé inabalável. Eu sei que você pode superar isso, porque o amor que compartilhamos é mais forte do que qualquer obstáculo!
A sala permaneceu tranquila, com perdendo-se em lembranças e promessas. Ela continuava a falar, como se suas palavras fossem um bálsamo para a alma de .
- Este não é o fim da nossa história, meu amor! Estou aqui, aguardando, torcendo por você. Sei que o caminho à frente pode ser desafiador, mas nossa jornada ainda não está completa. Você é meu porto seguro, minha âncora, e juntos enfrentaremos o que vier.
A cada palavra, expressava seu amor e compromisso, enquanto o destino de permanecia suspenso entre o presente e o desconhecido futuro. A sala de cuidados intensivos tornou-se um refúgio onde as promessas de amor ecoavam, na esperança de alcançar a consciência de , encorajando-o a lutar contra as sombras que ameaçavam apagar a luz da vida.
Após sua comovente conversa com o namorado na sala de cuidados intensivos, retornou à sala de espera, onde os pais de aguardavam com apreensão. Unidos pela incerteza do destino, compartilharam lembranças reconfortantes do rapaz, destacando momentos de alegria, risadas e amor que compartilharam com ele ao longo dos anos.
As horas passaram em uma mistura de esperança e ansiedade. A sala de espera tornou-se um refúgio de apoio mútuo, onde histórias de eram compartilhadas e o amor por ele se fortalecia ainda mais a medida em que enfrentavam juntos os desafios do momento.
No entanto, a tensão atingiu seu ápice quando o médico finalmente voltou, trazendo consigo uma notícia difícil de ser dita. Com palavras cuidadosas, ele informou que, infelizmente, o estado de não havia melhorado, e a morte cerebral havia sido confirmada.
A notícia abalou a sala, e um silêncio pesado substituiu as histórias de momentos felizes. Os olhares trocados entre e os pais de expressavam uma tristeza profunda, enquanto a realidade da perda começava a se instalar. O médico ofereceu condolências e o eco do vazio permeou o espaço antes preenchido por esperanças e amor.
, agora confrontada com a dolorosa realidade, enfrentou o desafio de aceitar a perda de seu amor. A sala de espera testemunhou a mistura de emoções, desde a saudade até o choque da despedida, enquanto todos tentavam encontrar forças para seguir em frente diante da perda irreparável.
Ela permaneceu estática por um momento, processando a notícia que acabara de receber. Seus olhos, antes cheios de esperança, agora refletiam um vazio doloroso. A sala parecia diminuir ao redor dela, enquanto a realidade da perda pesava em seus ombros.
- Não pode ser… Não pode ser verdade… – proferiu em um sussurro, quase como uma prece.
As lágrimas, que ela havia segurado começaram a escorrer lentamente pelo seu rosto. A dor da perda era avassaladora, envolvendo-a em uma onda de tristeza e incredulidade. sentou-se, quase automaticamente, enquanto os pais de compartilhavam olhares de pesar, unidos na dor.
- Minha querida, sinto muito! Eu estou aqui por você, querida! – A mãe abraçou pelos ombros.
A dor compartilhada uniu as três almas na sala de espera, enquanto enfrentava a angústia de perder o amor de sua vida. As palavras de consolo pareciam distantes, abafadas pelo eco da notícia devastadora.
Os momentos felizes compartilhados com tornaram-se uma lembrança amarga, e sentiu-se envolvida por uma saudade que transcendia o presente. A dor da perda reverberava em seu ser, e o futuro agora parecia um caminho incerto, obscurecido pela sombra da ausência de .
***
12 de outubro de 2023, Napoli – Itália
O velório de foi realizado em um local tranquilo, cercado por flores e fotografias que capturavam os momentos mais felizes de sua vida. Amigos, familiares e colegas se reuniram para prestar suas últimas homenagens.
permaneceu ao lado do caixão, suas lágrimas silenciosas testemunhando a despedida dolorosa. As palavras de conforto e apoio preenchiam o espaço, mas a tristeza era inegável. Os pais de recebiam abraços apertados, compartilhando a dor da perda com aqueles que se aproximaram para oferecer apoio.
Os momentos de recordação destacavam a personalidade vibrante de , suas paixões e conquistas. , embora abalada pela dor, encontrou consolo nas histórias compartilhadas e no apoio caloroso daqueles que vieram homenagear o homem amado que partira.
O momento do enterro chegou, e uma atmosfera solene envolveu o local escolhido para o descanso final de . O caixão foi colocado sobre a terra, cercado por coroas de flores que simbolizavam o amor e a memória eterna.
, vestida de preto, permanecia com os olhos fixos no caixão, seu rosto expressando a dor de uma despedida prematura. As palavras do celebrante ecoaram, destacando a vida vibrante de e o impacto positivo que ele deixou em todos ao seu redor.
O som do solo sendo lançado sobre o caixão ressoava como um lamento coletivo. Amigos e familiares depositaram flores, simbolizando não apenas a perda, mas também a gratidão por terem compartilhado a jornada da vida com .
, entre lágrimas, lançou uma rosa sobre o caixão, prometendo manter viva a chama do amor que compartilharam. O silêncio pairou por um momento, enquanto o adeus se tornava uma realidade inegável.
O enterro foi um adeus doloroso, marcando o fim de uma jornada terrena para . , apoiada pela comunidade que a cercava, enfrentou o difícil processo de aceitar a ausência de seu amado e buscar forças para continuar a jornada da vida sem ele.
***
30 de outubro de 2023, Napoli – Itália
mergulhou de cabeça no trabalho na Cantina Famiglia , buscando uma fuga nas atividades diárias para lidar com a dor avassaladora da perda de . O ambiente familiar da Cantina tornou-se tanto um refúgio quanto um lembrete constante do amor compartilhado com seu namorado e parceiro de negócios.
Apesar dos sorrisos forçados e da determinação de em manter as aparências, o luto era evidente em seus olhos. No entanto, ela continuava a liderar com a mesma paixão e dedicação que compartilhava com o namorado, mantendo viva a visão que os dois construíram juntos.
Um dia, Francesca notou a exaustão que começava a se acumular em e decidiu abordar a situação.
- , minha querida, você está se sobrecarregando! É importante que você cuide de si mesma durante esse período difícil…
- Eu sei, mãe! Só estou tentando manter as coisas funcionando aqui, como faria.
- Eu entendo, minha filha, mas não precisa carregar o peso do mundo nos ombros! Falei com os outros sócios e acho que seria melhor adiarmos a inauguração da filial na Coreia… Precisamos cuidar de você antes de nos aventurarmos em novos projetos.
- Não, mãe, não podemos adiar! e eu sonhamos com isso juntos, e seria um desrespeito aos nossos planos não seguir adiante. Eu vou liderar essa inauguração em homenagem a ele.
O tom de voz da mãe sugeriu preocupação:
- , você está certa de que é isso que quer fazer? Talvez seja melhor dar um passo atrás por um tempo.
A convicção de se fez presente enquanto ela encarava a mãe.
- Eu entendo suas preocupações, mãe, mas seguir em frente com o plano é a melhor maneira de honrar o . Além disso, eu já decidi… vou me mudar para a Coreia como planejado.
Francesca colocou a mão no ombro da filha com carinho e preocupação.
- , entendo que você queira honrar os planos que compartilhava com , mas a morte dele ainda está muito recente. Lidar com algo tão grande assim pode trazer mais sofrimento do que você está preparada para enfrentar neste momento, minha filha!
- Mãe, eu compreendo toda a sua preocupação, mas adiar a inauguração e mudar nossos planos seria como negar tudo o que eu vivi com ele! Ele acreditava nesse projeto tanto quanto eu, e eu sinto que seguir adiante é a maneira certa de homenagear a memória dele.
- Eu sei o quanto vocês dois sonhavam com isso… -Francesca sorriu, melancólica. – Não quero que tome decisões precipitadas enquanto ainda está lidando com a dor. Mudar de país, liderar uma inauguração… isso é muita coisa para suportar agora!
- Eu entendo a gravidade da situação, mãe, mas acredite, essa decisão não é impulsiva. Eu já refleti muito sobre isso. e eu construímos esse sonho juntos e não posso deixar que a dor nos impeça de realizá-lo. Além do mais, vai ser uma forma de me afastar um pouco daqui! Aqui, tudo, absolutamente tudo, me lembra ele!
- , a vida na Coreia será uma mudança significativa. Você está preparada para enfrentar tudo isso enquanto ainda está lidando com a perda?
- Eu sei que será difícil, mãe. Mas não posso permitir que o luto me impeça de viver. Eu já tomei minha decisão. Vou para a Coreia, liderar a inauguração e continuar o legado que construímos com .
O olhar de refletia não apenas determinação, mas também a firmeza necessária para enfrentar o futuro incerto que se desenhava diante dela. O diálogo, embora carregado de emoções, deixava claro que estava determinada a seguir em frente, mesmo que isso significasse enfrentar os desafios da mudança em um momento tão delicado de sua vida.
Curiosidade: Essa fanfic veio da minha vontade de dar para o personagem Seojun de Beleza Verdadeira um final mais feliz haha
Capítulo 1
O dia amanhecera nublado em Napoli, refletindo o clima sombrio que envolvia sua partida iminente para a Coreia e observava as grandes malas dispostas pelo quarto quando Francesca deu dois toques na porta e a abriu. Mãe e filha se olharam e então Francesca olhou no relógio antes de olhar para a filha outra vez.
- Vamos? – quebrou o silêncio. – Não quero me atrasar, sempre que neva aqui em Napoli o trânsito fica um caos!
Quando Francesca entrou no quarto, notou a hesitação nos olhos da mãe. Um silêncio carregado pairava entre elas, pesado com emoções não ditas. pôde perceber que a preocupação de Francesca não era apenas com o caos do trânsito causado pela neve.
- Você quem sabe minha filha! Estamos com tempo, mas você tem razão, o trânsito com neve fica caótico!
Apesar das palavras tranquilizadoras de Francesca, captou o tom sutil de desapontamento em sua voz. Era como se as palavras de sua mãe escondessem uma preocupação mais profunda, uma tristeza não expressa pela partida iminente de para a Coreia.
engoliu em seco, o peso da mudança iminente pesando ainda mais em seu coração. Ela se perguntava se estava tomando a decisão certa, se estava sacrificando demais em sua busca por seguir em frente. No entanto, seu compromisso com os planos que compartilhara com permanecia firme, apesar das dúvidas que agora assombravam sua mente.
caminhou pelos corredores da casa, seus passos ecoando suavemente em meio ao silêncio que pairava no ar. Cada canto, cada objeto familiar, parecia contar uma história de tempos mais felizes, agora tingidos pela sombra da despedida iminente.
Ao se aproximar dos funcionários da casa, sentiu um aperto no coração. Eles não eram apenas empregados, eram parte da família, testemunhas silenciosas dos altos e baixos, dos risos e das lágrimas que permeavam a vida naquela casa.
- Obrigada por tudo, todos vocês! Vocês foram mais do que funcionários, foram companheiros em momentos difíceis. Vou sentir falta de cada um de vocês! – ela pronunciou com a voz embargada.
As expressões dos funcionários refletiam uma mistura de tristeza e gratidão. Eles se despediram de com abraços calorosos e palavras de encorajamento, desejando-lhe sucesso em sua nova jornada.
Em seguida, dirigiu-se aos cômodos da casa, cada detalhe familiar evocando lembranças preciosas. Ela acariciou os móveis, observou as fotografias nas paredes e respirou fundo, tentando gravar na memória cada pedaço daquele lugar que um dia chamou de lar.
Ao entrar no carro ao lado de sua mãe, lançou um último olhar para a casa, sentindo um aperto no peito diante da despedida iminente. Era como se estivesse deixando para trás não apenas um lugar, mas uma parte de si mesma, uma parte de sua história que agora pertencia ao passado.
Com um suspiro resignado, deixou que as lágrimas escorressem livremente pelo rosto enquanto o carro se afastava lentamente, levando-a em direção a um futuro incerto, mas permeado pela esperança de novos começos.
O caminho até o aeroporto foi marcado por um trânsito caótico, a neve caía tornando as ruas ainda mais perigosas e congestionadas. O som dos carros e buzinas incessantes ecoava pela cidade, enquanto e sua mãe permaneciam em silêncio dentro do veículo.
A moça estava recostada no banco traseiro, seu rosto marcado pelas lágrimas silenciosas que escorriam sem controle. Cada quilômetro percorrido parecia uma eternidade, uma jornada dolorosa em direção a um futuro incerto.
Francesca dirigia com cuidado, respeitando o momento de sua filha. Ela não tentava quebrar o silêncio, sabendo que as palavras seriam inúteis diante da dor avassaladora que enfrentava.
O interior do carro era preenchido apenas pelo som do motor e pelo som abafado do choro da jovem. O olhar de Francesca ocasionalmente encontrava o da filha pelo espelho retrovisor, compartilhando uma troca de olhares carregada de compaixão e amor materno.
Enquanto o carro avançava lentamente pelas ruas congestionadas, segurava firmemente a mão de sua mãe, buscando conforto na presença silenciosa e solidária dela.
O caminho até o aeroporto se estendeu como um tormento, cada minuto arrastando-se dolorosamente até que finalmente chegaram ao destino. O silêncio que os envolvia era uma expressão tangível da despedida iminente, do adeus doloroso que os esperava no portão de embarque.
O carro finalmente parou em frente ao terminal do aeroporto, e o silêncio que havia preenchido o interior do veículo agora se estendia para fora, envolvendo mãe e filha em uma atmosfera de despedida iminente.
enxugou as lágrimas dos olhos e virou-se para encarar sua mãe, cujos olhos expressavam uma mistura de tristeza e apoio.
- Obrigada, mãe… Por tudo. Por estar aqui por mim, por me apoiar… Mesmo quando tudo parece tão difícil. – A voz embargada de atravessou os ouvidos de Francesca.
Com a voz trêmula, a mãe respondeu:
- Minha querida… Você é a luz da minha vida, e ver você partir dói mais do que consigo expressar em palavras. Mas sei que você é forte, minha filha. Você vai enfrentar o que vier com a mesma coragem e determinação que sempre teve.
soltou um soluço contido e lançou-se nos braços de sua mãe, abraçando-a com força, como se pudesse absorver todo o amor e apoio que Francesca estava disposta a oferecer.
- Eu te amo, mãe! Mais do que palavras podem dizer! – Entre lágrimas, apertou-se no abraço da mãe.
- Eu também te amo, minha querida! Sempre estarei aqui, torcendo por você, não importa onde a vida te leve. – Francesca acariciou os cabelos da filha.
O momento de despedida foi permeado por um silêncio carregado de emoções indescritíveis. Mãe e filha compartilhavam um vínculo inquebrável, uma conexão que transcendia a distância e o tempo.
Com um último abraço apertado, afastou-se de sua mãe e dirigiu-se para o interior do aeroporto, carregando consigo não apenas suas malas, mas também as palavras de amor e apoio de Francesca, que continuariam a guiá-la em sua jornada, não importa o que o futuro reservasse.
***
Com um nó na garganta, se despediu de sua mãe e pegou suas grandes malas, carregando consigo não apenas roupas e pertences, mas também memórias preciosas de uma vida que agora parecia distante e irreal.
Ela caminhou até o balcão de despache de bagagens, onde cuidadosamente entregou suas malas para o embarque. Cada mala despachada era um lembrete tangível da jornada que estava prestes a começar, uma jornada que ela tinha planejado com tanto cuidado ao lado de .
Enquanto aguardava o processo de despache, permitiu-se mergulhar em suas lembranças. Ela fechou os olhos por um momento, deixando as memórias de inundarem sua mente.
Ela se lembrou dos dias felizes que passaram juntos, das risadas compartilhadas e dos momentos de ternura que agora pareciam tão distantes. Cada lembrança era uma faca afiada em seu coração, uma saudade que a consumia por dentro.
Com um suspiro, abriu os olhos e dirigiu-se para o setor de embarque. Ela se instalou em um dos assentos, perdida em seus pensamentos enquanto aguardava o chamado para o seu voo.
O tempo parecia desacelerar enquanto ela mergulhava na dor da perda, permitindo-se sentir cada emoção, cada lembrança de como se fosse a última. Ela sabia que não seria fácil seguir em frente sem ele ao seu lado, mas estava determinada a enfrentar o desafio, honrando o amor que compartilharam e construindo um futuro que ele teria orgulho.
encontrou um pequeno café no setor de embarque do aeroporto e decidiu fazer uma pausa para comer algo antes do embarque começar. Ela pediu um café e um croissant, sentindo-se grata pela distração momentânea que a comida proporcionaria.
Enquanto saboreava seu café e o croissant fresco, retirou um livro de sua bolsa. Era um romance que havia lhe presenteado em seu último aniversário juntos, e ela ainda não havia tido a chance de lê-lo.
mergulhou na história, deixando-se envolver pelas palavras do autor e pelo mundo imaginário que se desenrolava diante dela. O livro proporcionava uma fuga bem-vinda da realidade, um refúgio temporário das dores e desafios que ela enfrentava.
À medida que as páginas passavam, se viu absorvida pela narrativa, perdendo a noção do tempo enquanto aguardava o chamado para o seu voo. O aroma do café e o sabor do croissant combinavam-se perfeitamente com a atmosfera tranquila do aeroporto, criando um momento de calma em meio ao caos e à incerteza que cercavam sua vida.
Ela sabia que o futuro seria desafiador, mas também estava determinada a enfrentá-lo com coragem e determinação. Enquanto esperava pelo embarque, encontrou conforto na companhia de um bom livro, saboreando cada página como uma promessa de novos começos e possibilidades.
O anúncio final de embarque ecoou pelos alto-falantes do aeroporto, chamando os passageiros para seus respectivos voos. guardou seu livro na bolsa e se levantou, pronta para encontrar seu assento no avião.
Ela seguiu as placas indicativas e finalmente chegou à sua fileira. Com um suspiro de alívio, encontrou seu assento no corredor e começou a arrumar suas coisas, acomodando sua bolsa no banco a seu lado e ajustando o cinto de segurança.
Poucos minutos se passaram, e então um homem se aproximou, olhando para o número do assento ao lado dela. Seus olhos se encontraram por um breve instante antes que ele se virasse para com um sorriso amigável.
- Com licença, bom dia! – O homem asiático se sentou ao lado da moça.
mesmo com os olhos inchados, sorriu de volta para o mesmo, deitando a bolsa do banco logo em seguida e a acomodando em seu colo.
- Pode se sentar, perdão!
O estranho sorriu agradecido e se acomodou confortavelmente em seu assento, colocando sua bagagem de mão no compartimento acima. notou que ele era incrivelmente bonito, com traços refinados e um sorriso cativante.
Enquanto ele se ajeitava em seu assento ao lado de , ela não pôde deixar de notar o charme e a elegância natural que ele exalava. Seus olhares se encontraram mais uma vez, e um breve momento de reconhecimento passou entre eles, mesmo que fosse apenas por um instante.
se viu intrigada pela presença do homem a seu lado, sentindo-se atraída pela aura de mistério que o envolvia. No entanto, ela rapidamente afastou esses pensamentos, lembrando-se de que eles eram completos estranhos e que não sabiam nada um sobre o outro.
Enquanto o avião se preparava para decolar, tentou concentrar-se em seu próprio mundo, afastando qualquer pensamento sobre o homem ao seu lado. Ela mergulhou em seu próprio espaço, procurando encontrar conforto na familiaridade de suas próprias emoções e pensamentos.
O asiático, por sua vez, parecia perdido em seus próprios pensamentos, seus olhos ocasionalmente encontrando os de enquanto ele ajustava seu cinto de segurança e acomodava-se em seu assento. Uma sensação de curiosidade pairava no ar, uma faísca de conexão que ambos sentiam, mesmo que não soubessem exatamente por quê.
Enquanto o avião começava a taxiar pela pista, e ele trocaram mais alguns olhares fugazes, cada um capturando um vislumbre da alma do outro sem dizer uma palavra. Era um encontro fugaz, um momento de conexão em meio ao caos e à agitação do mundo ao seu redor.
Conforme o avião começava a decolar, sentiu uma mistura de emoções enquanto observava a cidade se afastar rapidamente pela janela. Era como se estivesse deixando para trás uma parte de si mesma, enquanto se dirigia para um futuro incerto.
Poucos minutos após a decolagem, o homem retirou um notebook de sua grande mochila, revelando um grande adesivo com a inscrição “
InnovateTech“. observou o adesivo com curiosidade, sua mente lutando para fazer a conexão entre aquela marca e suas memórias.
Um franzir de cenho se formou em sua testa enquanto ela tentava recordar de onde conhecia aquela marca. Ela revirou sua mente, buscando pistas que pudessem elucidar o mistério, enquanto observava ele concentrar-se em seu trabalho no notebook.
Um lampejo de reconhecimento atravessou sua mente, e sentiu uma sensação de déjà vu enquanto tentava associar a marca a uma lembrança específica. Ela se perguntou se talvez tivesse visto a marca em algum lugar antes, talvez em uma publicidade na rua ou em algum produto que já havia encontrado.
- Algum problema? – ele perguntou enquanto desviava o olhar para que ainda tinha a testa franzida.
- Ah, não! É só que pareço conhecer a marca da sua empresa!
O moreno abaixou um pouco a tampa do notebook e os dois olharam para lá.
- É uma empresa de tecnologia!
- Da Coreia mesmo? – Ela coçou a nuca.
- Sim senhora! – ele respondeu levantando a tampa outra vez.
Ela franziu o cenho outra vez.
- A senhorita trabalha com o que? Talvez já tenha contratado nossos serviços alguma vez!
sentiu um leve rubor subir às suas bochechas enquanto respondia:
- Na verdade, eu sou dona de uma produtora de bebidas finas chamada Cantina Famiglia !
Ele arqueou as sobrancelhas, demonstrando interesse.
- Ah, sim, eu já ouvi falar da Cantina Famiglia … Suas bebidas têm uma reputação bastante sólida. Vocês não vão inaugurar uma loja em Seul?
assentiu, sentindo-se ligeiramente mais relaxada ao ver que o homem reconhecia sua empresa.
- É uma honra ouvir isso! Sim! Semana que vem inauguramos a loja! Estou indo para isso… E você, trabalha com qual área da
InnovateTech?
O homem sorriu, inclinando-se levemente para frente.
- Eu sou engenheiro de software, trabalhando principalmente no desenvolvimento de novas tecnologias para nossos produtos.
- Deve ser um trabalho fascinante. Eu sempre tive interesse na interseção entre tecnologia e indústria alimentícia.
Ele sorriu mais uma vez, e os dois mergulharam em uma conversa animada sobre seus respectivos campos de trabalho, deixando temporariamente para trás as preocupações e incertezas do voo que os aguardava.
O voo transcorreu em um ritmo constante, com e seu companheiro de poltrona aproveitando o tempo de diversas maneiras.
Inicialmente, os dois conversaram animadamente sobre a Coreia e a Itália, trocando histórias e experiências sobre suas respectivas culturas e tradições. ficou fascinada ao ouvi-lo descrever a vibrante vida urbana de Seul, enquanto ele mostrava interesse pela riqueza histórica e culinária da Itália, lar de .
Durante o voo, foram servidas refeições deliciosas, permitindo que e Cha Eunwoo experimentassem uma variedade de pratos tradicionais tanto da culinária italiana quanto coreana. Eles compartilharam suas impressões sobre os sabores e ingredientes únicos de cada prato, enriquecendo ainda mais sua experiência culinária.
Enquanto alguns passageiros aproveitavam para dormir, encontrou refúgio na leitura de seu livro, mergulhando nas páginas enquanto o tempo passava. Enquanto isso, o homem aproveitava para trabalhar em seu notebook, imerso em projetos e ideias que pareciam consumir sua atenção.
Apesar das horas voando, o tempo parecia passar rapidamente, impulsionado pela energia compartilhada entre e ele. Eles alternavam entre conversas animadas, momentos de tranquilidade e períodos de concentração em seus próprios interesses, criando uma dinâmica cativante ao longo do voo.
À medida que o avião se aproximava do destino final, e o homem coreano trocaram olhares significativos, conscientes de que suas vidas estavam prestes a mudar de maneiras inesperadas. O voo não era apenas uma jornada física, mas também uma jornada emocional, que os aproximava cada vez mais de um futuro cheio de possibilidades e promessas.
O avião pousou suavemente no aeroporto de Incheon, marcando o fim da longa jornada de e seu novo “amigo”. Assim que desembarcaram, eles seguiram em direção à esteira de bagagens, ansiosos para recuperar suas malas.
se viu um pouco sobrecarregada com suas inúmeras malas, mas antes que pudesse se preocupar, o quase desconhecido se ofereceu para ajudá-la. Com um sorriso de gratidão, aceitou a ajuda dele, sentindo-se aliviada ao dividir o peso de suas bagagens.
Enquanto esperavam suas malas aparecerem na esteira, e o homem finalmente tiveram a oportunidade de se apresentar formalmente.
- Muito obrigada por me ajudar com as malas. Sou !
- O prazer é meu, ! Eu sou Cha Eunwoo.
Um sorriso caloroso se formou nos lábios de ambos, enquanto trocavam um aperto de mãos. Apesar de terem compartilhado o voo juntos, este momento de apresentação formal parecia marcar o início de uma nova fase de sua jornada juntos na Coreia.
e Eunwoo trocaram números de telefone, cada um digitando os contatos do outro em seus celulares com um sorriso no rosto.
- Aqui está meu número, . Se precisar de alguma coisa ou quiser sair para conhecer a cidade, não hesite em me ligar!
- Obrigado, Eunwoo… Eu também vou deixar meu número. Pode deixar que se eu precisar de ajuda com algo ou quiser companhia para explorar Seul, eu ligo!
Enquanto terminavam de trocar os contatos, não pôde deixar de mencionar seu convite para a inauguração da Cantina em Seul.
- Ah, e falando nisso, gostaria muito de convidá-lo para a inauguração da nossa filial da Cantina em Seul. Seria ótimo ter você lá conosco para celebrar esse momento especial.
- Seria um prazer, ! Fico honrado com o convite e adoraria comparecer à inauguração.
Com os números de telefone trocados e o convite feito, e Cha Eunwoo se despediram, com ela mal podendo esperar para começar suas aventuras na Coreia.
***
saiu do aeroporto e procurou por um serviço de carro. Rapidamente, um motorista se aproximou e ofereceu sua assistência. agradeceu e o acompanhou até o carro, onde ele ajudou a colocar suas malas no porta-malas.
Ela acabou cochilando levemente e quando acordou eles já estavam em Seul, e não mais em Incheon. Seus olhos brilharam!
Enquanto o carro se movia por Seul, observava os prédios altos e modernos que pontilhavam a paisagem urbana de Seul. Lembranças de inundaram sua mente, recordando-se das vezes em que ele falava sobre a cidade com entusiasmo e admiração.
Ela se lembrou das histórias que ele compartilhava sobre as ruas movimentadas, os mercados animados e os monumentos históricos que tornavam Seul tão única. costumava falar sobre a energia vibrante da cidade e sua rica cultura, e agora podia ver isso com seus próprios olhos.
Apesar da tristeza que ainda a envolvia pela perda de , sentiu uma sensação de esperança e curiosidade crescer dentro dela enquanto explorava a cidade que ele tanto amava. Ela sabia que, de alguma forma, ele estava com ela, guiando-a em sua nova jornada na Coreia.
chegou ao prédio de seu apartamento, sentindo uma mistura de emoções enquanto subia os degraus em direção à porta. Ela estava ansiosa para finalmente ver o lugar que ela e planejavam chamar de lar juntos, mas também sentia uma pontada de tristeza pela ausência dele.
Ao abrir a porta, foi recebida por uma visão surpreendente. O apartamento estava lindamente decorado, com cada detalhe cuidadosamente escolhido por . As paredes estavam adornadas com fotos dela e de juntos, capturando momentos felizes e memórias preciosas que compartilharam.
sentiu as lágrimas brotarem em seus olhos ao ver o amor e a dedicação que havia dedicado à decoração do apartamento. Cada móvel, cada peça de decoração, contava uma história de seu amor e compromisso um com o outro.
Ela se viu caminhando pelos cômodos, admirando cada detalhe com reverência. Cada objeto parecia carregar um pedaço de , como se ele estivesse ali com ela, guiando-a através das lembranças de seu tempo juntos.
Apesar da tristeza que ainda a envolvia, sentiu uma sensação de conforto e gratidão por estar cercada pela presença de , mesmo na ausência física dele. Aquela surpresa, aquela demonstração de amor e cuidado, era uma lembrança tangível de que seu amor ainda vivia dentro daquele lugar, esperando por ela para continuar sua jornada.
Com um suspiro de emoção, pegou o telefone e ligou para sua mãe para avisar que havia chegado com segurança. Depois de uma breve conversa, ela desligou e começou a arrumar suas roupas dentro do guarda-roupas.
Enquanto organizava suas roupas, ela não pôde deixar de admirar os detalhes cuidadosamente preparados por em todo o apartamento. Ela notou os pequenos toques pessoais em cada canto, desde as fotografias emolduradas até os móveis cuidadosamente escolhidos.
Cada item parecia contar uma história, relembrando os momentos felizes que eles compartilharam juntos. sorriu ao lembrar das vezes em que ela e discutiam sobre o estilo de decoração, e como ele sempre conseguia encontrar o equilíbrio perfeito entre suas preferências.
Enquanto vislumbrava mais detalhes do apartamento, sentiu uma sensação de paz e conforto se instalar em seu coração. Apesar da ausência de , seu amor e cuidado estavam presentes em cada cantinho daquele lugar, lembrando-a de que ele sempre estaria com ela, não importa a distância.
***
No dia seguinte, Eunwoo chegou à
InnovateTech com determinação, cumprimentando os funcionários que encontrava pelo caminho. Ele caminhou pelos corredores familiares do prédio até chegar à sua sala, onde sua equipe já o aguardava.
Ao entrar na sala, Eunwoo foi recebido com sorrisos calorosos e cumprimentos entusiasmados de sua equipe. Ele retribuiu os cumprimentos, expressando sua gratidão por trabalhar com uma equipe tão dedicada e talentosa.
Depois de se acomodar em sua mesa, Eunwoo mergulhou no trabalho, concentrando-se nas tarefas do dia. Ele revisou os projetos em andamento, trocou ideias com sua equipe e fez planos para o futuro da empresa.
Poucos minutos depois, bateu à porta da sala de Eunwoo, chamando-o para um café. Eunwoo sorriu e assentiu, reconhecendo a oportunidade de uma pausa bem-vinda e uma conversa informal com seu chefe e colega. Ele fechou seu laptop e seguiu até a cafeteria, ansioso por um momento de relaxamento e camaradagem.
Enquanto caminhavam em direção à cafeteria, Eunwoo percebeu o semblante cansado e até tristonho de . Preocupado com seu amigo, ele decidiu abordar a situação.
- , você parece um pouco abatido hoje… Aconteceu alguma coisa?
suspirou, parecendo hesitante por um momento antes de responder:
- Ah, não é nada demais, apenas algumas preocupações pessoais!
Eunwoo assentiu, respeitando a privacidade de seu amigo, mas ainda preocupado com seu bem-estar.
- Se precisar conversar sobre isso, estou aqui para você, meu amigo! Às vezes, compartilhar nossos fardos pode torná-los mais leves, você sabe que pode contar comigo!
sorriu levemente, agradecendo o gesto de Eunwoo.
- Obrigado, Eunwoo. Talvez eu aceite sua oferta em breve…
Eles continuaram seu caminho em direção à cafeteria, com Eunwoo determinado a oferecer apoio a seu amigo sempre que fosse necessário.
Ao chegarem à cafeteria, Eunwoo e encontraram uma mesa livre e se sentaram. Enquanto faziam seus pedidos, decidiu iniciar uma conversa.
- Então, como foi a viagem para a Itália, Eunwoo? Conseguiram resolver tudo com o cliente lá?
Eunwoo assentiu, pegando sua xícara de café antes de responder:
- Sim, a viagem foi produtiva. Conseguimos finalizar os detalhes pendentes com o cliente e garantir que tudo estivesse em ordem. Parece que o projeto está avançando conforme o planejado.
parecia interessado, inclinando-se ligeiramente para frente enquanto ouvia.
- Isso é ótimo de ouvir… Fico feliz que tenha sido uma viagem proveitosa. E você, como está se sentindo sobre a mudança de volta para a Coreia e o início do trabalho aqui na InnovateTech?
Eunwoo sorriu, expressando sua empolgação com a nova fase de sua vida.
- Estou ansioso para recomeçar, na verdade. A mudança de volta para a Coreia é um passo importante para mim, e estou animado para fazer parte da equipe aqui na InnovateTech. Tenho certeza de que teremos muitas oportunidades interessantes pela frente.
assentiu, compartilhando o entusiasmo de seu amigo.
- Estou certo de que você se encaixará perfeitamente aqui. Bem-vindo a bordo, Eunwoo!
Com sorrisos de camaradagem, os dois amigos continuaram sua conversa, desfrutando do café e da companhia um do outro enquanto discutiam sobre os desafios e oportunidades que os aguardavam na InnovateTech.
Após terminarem seus cafés, Eunwoo e voltaram para a empresa. Enquanto caminhavam pelos corredores, Eunwoo decidiu abordar novamente o assunto que havia notado anteriormente.
- , desculpe se estou sendo intrometido, mas você parece realmente preocupado desde mais cedo. Não quer mesmo compartilhar?
hesitou por um momento, mas depois decidiu abrir o jogo com seu amigo.
- Na verdade, Eunwoo, aconteceu sim… Eu e Nari, terminamos. Ela saiu de casa e estamos tentando descobrir como seguir em frente.
Eunwoo ficou surpreso com a revelação, mas imediatamente expressou seu apoio a .
- Sinto muito ouvir isso, ! Se precisar de alguém para conversar ou qualquer tipo de apoio, estou aqui para você. Terminar um relacionamento pode ser incrivelmente difícil, mas tenho certeza de que você encontrará uma maneira de superar isso.
assentiu, agradecendo a compreensão de Eunwoo.
- Obrigado, Eunwoo! Significa muito para mim saber que posso contar com você…
Com seus laços de amizade fortalecidos pela confiança mútua, Eunwoo e continuaram a caminhar em direção à InnovateTech, prontos para enfrentar os desafios que surgiam em suas vidas pessoais e profissionais com coragem e determinação.
Durante a semana seguinte, se esforçou para se adaptar à sua nova vida na Coreia. Enquanto lidava com a dor do luto pela perda de , ela também tentava se concentrar em seu trabalho na Cantina . Apesar das lembranças constantes de seu amado, ela encontrou conforto ao conhecer pessoalmente sua assistente, Jia, e os outros funcionários da empresa.
correu contra o tempo para ajustar os últimos detalhes antes da inauguração da filial da Cantina em Seul, trabalhando incansavelmente para garantir que tudo estivesse perfeito para o grande dia. Entre os momentos de trabalho, ela trocava mensagens com Eunwoo, encontrando conforto em sua amizade e até se encontrando com ele para almoçar algumas vezes, o que proporcionava um alívio temporário para sua dor.
E enquanto isso, Eunwoo e enfrentavam seus próprios desafios pessoais. Eunwoo continuava a se adaptar à sua nova posição na InnovateTech, mergulhando de cabeça nos projetos da empresa. No entanto, ele também encontrou tempo para tentar ajudar seu amigo a lidar com o término de seu relacionamento com Nari.
Durante a semana, Eunwoo e tiveram várias conversas, tentando entender e superar a situação. Eles compartilharam conselhos e apoio mútuo, buscando maneiras de seguir em frente. Enquanto o caminho à frente ainda parecia incerto, os dois amigos sabiam que podiam contar um com o outro para enfrentar os desafios que surgissem em suas vidas pessoais e profissionais.
***
Eunwoo caminhou até a casa de com determinação, decidido a convencer seu amigo a acompanhá-lo na inauguração da Cantina . Ele sabia que havia resistido à ideia algumas vezes, mas estava determinado a fazer com que ele reconsiderasse.
Ao chegar à porta de , Eunwoo respirou fundo e bateu com firmeza. abriu a porta, visivelmente surpreso ao ver seu amigo ali.
- , precisamos conversar.
franziu o cenho, claramente relutante em deixar Eunwoo entrar, mas ele cedeu e deu espaço para que seu amigo entrasse.
- Eunwoo, o que está fazendo aqui?
- Vim te convencer a ir comigo na inauguração da Cantina . Eu sei que você disse que não queria ir, mas a conta com sua presença, eu já disse a ela que levaria um amigo! Seria uma oportunidade de nos divertirmos juntos e quem sabe até esquecer um pouco dos problemas.
suspirou, ainda resistente à ideia.
- Eunwoo, você sabe que não estou exatamente em um bom momento para festas…
Eunwoo colocou a mão no ombro de , olhando-o nos olhos com determinação.
- Eu entendo, . Mas sei também que, às vezes, é exatamente o que precisamos. Além disso, não precisamos ficar até tarde se não estivermos nos sentindo confortáveis. , por favor!
olhou para Eunwoo por um momento, percebendo a sinceridade em suas palavras. Ele suspirou, resignado, e finalmente assentiu.
- Tudo bem, Eunwoo! Vou com você!
Eunwoo sorriu, aliviado, e abraçou seu amigo com gratidão.
- Ótimo! Vai ser divertido, você vai ver!
Com o acordo feito, os dois amigos se prepararam para a noite que estava por vir, prontos para enfrentar juntos o que quer que o destino lhes reservasse.
***
estava radiante na inauguração da Cantina em Seul. Enquanto recebia os convidados com um sorriso caloroso, ela não podia deixar de sentir uma mistura de emoções borbulhando em seu peito.
Por um lado, havia uma sensação de realização ao ver seu sonho se tornar realidade. Desde o início, ela e haviam imaginado expandir a Cantina para além das fronteiras da Itália, e agora isso estava se tornando uma realidade. Era um momento de orgulho e alegria, um testemunho do trabalho árduo e da dedicação deles.
No entanto, havia também um vazio doloroso em seu coração. A ausência de era sentida profundamente em cada momento da inauguração. Ele deveria estar ali ao seu lado, compartilhando aquele momento especial com ela. não pôde deixar de se perguntar como as coisas teriam sido se ele ainda estivesse vivo, e a dor da perda pesava sobre ela…
Mesmo assim, tentou se concentrar no presente, apreciando a presença dos amigos, e colegas que vieram celebrar com ela. Ela sabia que estaria feliz por ela, e isso a ajudava a encontrar forças para seguir em frente, mesmo nos momentos mais difíceis.
Enquanto a noite avançava e a festa continuava, se permitiu mergulhar na alegria do momento, honrando a memória de enquanto olhava para o futuro com esperança e determinação. A inauguração da Cantina em Seul marcaria o início de um novo capítulo em sua vida, um capítulo que ela estava determinada a viver plenamente, em homenagem ao amor que compartilhou com .
Eunwoo e chegaram à inauguração da Cantina, sendo recebidos pela animação e agitação do evento. Enquanto caminhavam pelo local, cumprimentando conhecidos e até colegas de profissão, não pôde deixar de ficar impressionado com o ambiente.
- Uau, esse lugar é incrível. Sua amiga realmente fez um trabalho maravilhoso aqui.
Eunwoo sorriu, concordando com o amigo.
- Com certeza. É impressionante ver como ela conseguiu transformar a visão dela em realidade. Estou feliz por estar aqui para testemunhar isso!
Enquanto continuavam a explorar o local, Eunwoo e encontraram mais alguns conhecidos, trocando cumprimentos e pequenas conversas. A atmosfera festiva da inauguração era contagiante, e ambos se sentiam envolvidos pelo espírito de celebração.
Enquanto observava o ambiente ao seu redor, ele não pôde deixar de se sentir grato por ter sido convencido por Eunwoo a comparecer ao evento. Apesar de suas reservas iniciais, ele estava começando a perceber que aquela noite poderia ser exatamente o que ele precisava para afastar um pouco a dor do término de seu relacionamento.
Com uma nova sensação de otimismo e esperança no coração, Eunwoo e continuaram a desfrutar da inauguração da Cantina , prontos para criar novas memórias e celebrar o futuro que os aguardava.
Capítulo 2
conversava animadamente com os convidados da inauguração, ela teve a oportunidade de conhecer um pouco mais da cultura coreana através de suas interações. Alguns dos convidados compartilharam histórias e tradições locais, explicando detalhes fascinantes sobre a vida na Coreia.
Enquanto absorvia essas novas informações, não pôde deixar de sentir um aperto no peito ao pensar em … Ela se perguntava como ele teria reagido àquelas conversas, se ele teria ficado tão encantado quanto ela em aprender sobre uma cultura tão rica e diversificada mesmo ele tendo pais coreanos. A lembrança dele estava sempre presente, tingindo até mesmo os momentos mais felizes com um toque de saudade.
Apesar da dor da perda, tentou se concentrar no presente, apreciando cada momento da inauguração e as novas experiências que ela proporcionava. Ela sabia que estaria feliz por ela, e isso a ajudava a encontrar um pouco de conforto em meio à dor que ainda persistia em seu coração.
Enquanto tirava algumas fotos para a imprensa, focada em posar com um sorriso radiante, Eunwoo, que estava andando pela cantina com , avistou-a de longe. Um sorriso caloroso iluminou o rosto de Eunwoo enquanto ele observava , admirando sua beleza e determinação.
percebeu o olhar de admiração de Eunwoo e seguiu seu olhar até avistar a mulher. Embora ele não a conhecesse pessoalmente, não pôde deixar de notar a presença cativante dela, mesmo à distância.
Seus olhos vagaram pelos contornos delicados de seu rosto e pelo brilho radiante de seu sorriso, reconhecendo instantaneamente sua beleza, no entanto, enquanto observava , também notou a expressão encantada de Eunwoo ao vê-la. Ele percebeu o brilho nos olhos de seu amigo e, por um momento, ponderou sobre a possibilidade de Eunwoo estar interessado na moça.
Com um tom de curiosidade na voz ele questionou o amigo:
- Você parece estar muito interessado nessa … você olha para ela encantado, meu amigo!
Eunwoo desviou o olhar da mulher, um tanto surpreso pela percepção de . Com um sorriso leve, ele respondeu:
- Na verdade, eu só a admiro muito como empresária. Nos conhecemos recentemente e estamos nos tornando bons amigos.
assentiu, compreendendo a explicação de Eunwoo. Então, Eunwoo sugeriu:
- Vem, vou te apresentar para ela! Você vai gostar de conhecê-la. — Com um gesto convidativo, Eunwoo liderou o caminho em direção a , ansioso para apresentar seu amigo a ela.
Conforme Eunwoo e se aproximavam da moça, ela continuava a conversar com o pessoal da imprensa ao lado de Jia, sua assistente. Ao perceber a aproximação dos dois, Jia se aproximou deles com um sorriso educado:
- Olá, posso ajudá-los? Vocês são da imprensa?
e Eunwoo trocaram olhares breves, surpresos pela abordagem, antes de Eunwoo responder com um sorriso:
- Ah, não, nós não somos da imprensa! Eu sou Cha Eunwoo e este é meu amigo . Somos da
InnovateTech e viemos como convidados da inauguração pela .
- Ah, sim! Ela me falou que você viria! Sua empresa é a responsável pelos nossos novos softwares, né? – Eunwoo assentiu para a morena.
Jia sorriu e então voltou-se para para informá-la da chegada dos dois. Enquanto isso, observava com curiosidade, sentindo uma mistura de nervosismo e expectativa se aproximando dela.
Jia se aproximou de com um sorriso discreto e sussurrou algumas palavras em seu ouvido, informando-a da chegada de Eunwoo e . assentiu, agradecendo a informação, e então Jia apontou na direção dos dois homens.
Quando a mulher olhou na direção indicada por sua assistente, um choque repentino percorreu todo o seu corpo. Uma sensação de vertigem a atingiu, fazendo com que ela se sentisse tonta e desequilibrada. Seus olhos se fixaram em , cujos traços pareciam saltar diretamente de uma memória de . Cada detalhe do rosto do homem lembrava tanto o de seu falecido namorado que mal conseguia acreditar no que via.
Um turbilhão de emoções a invadiu naquele momento. Uma mistura avassaladora de choque, incredulidade e dor a deixou paralisada, enquanto ela lutava para processar a semelhança surpreendente entre e . A presença dele despertou lembranças dolorosas de seu amado, e sentiu como se estivesse revivendo o momento de sua perda tudo de novo.
Por um instante, ela teve que apertar os olhos para ter certeza de que não estava sonhando, e então, uma onda de emoções a fez perder o equilíbrio, mas antes que pudesse cair, Jia correu para ampará-la. Logo em seguida, Eunwoo se aproximou, preocupado, oferecendo apoio enquanto tentava recuperar o controle de si mesma diante da presença avassaladora de .
- , está tudo bem? Você pareceu um pouco tonta. – A voz de Eunwoo ecoou longe em seus ouvidos.
ainda mantinha os olhos fixos em , que também parecia preocupado com a situação. Jia respondeu à pergunta de Eunwoo, tentando acalmar a situação.
- Acho que foi uma queda de pressão devido ao estresse e à correria da inauguração.
Eunwoo assentiu com a cabeça, compreendendo. Enquanto tentava se recuperar do choque, ela finalmente conseguiu reunir coragem para perguntar a Eunwoo sobre o homem que a deixara tão abalada.
- Quem é ele? – perguntou, ainda com a voz um pouco trêmula, indicando discretamente com um gesto de cabeça.
Eunwoo olhou brevemente para e fez um gesto com a cabeça, chamando-o para se aproximar. O homem se aproximou com uma expressão serena, mas podia sentir seu coração acelerar ainda mais ao vê-lo de perto, surpreendida com o quão idêntico ele era a .
- Esse é o , meu amigo e dono da
InnovateTech. Lembra que te falei dele?
tentou manter a compostura enquanto cumprimentava o rapaz, mas não pôde deixar de notar a semelhança impressionante entre ele e . Cada traço, cada expressão, cada gesto parecia uma cópia exata de seu amado, fazendo-a sentir como se estivesse diante de um fantasma do passado. Ela engoliu em seco e forçou um sorriso, tentando disfarçar a tumultuada torrente de emoções que a invadiu naquele momento.
percebeu a reação estranha de à sua presença e decidiu abordá-la com delicadeza. Ele ergueu a mão na direção dela com um sorriso gentil nos lábios e disse:
Sua voz era calma e reconfortante, e seu gesto amigável transmitia uma sensação de tranquilidade. A moça olhou para a mão estendida por um momento, sentindo uma mistura de emoções confusas, antes de finalmente estender a dela para cumprimentá-lo.
examinou delicadamente o rosto de , procurando uma explicação para a semelhança impressionante entre ele e . Cada traço, cada linha, cada expressão parecia ecoar a imagem de seu amado perdido. Ela sentiu um aperto no peito enquanto seus olhos percorriam o rosto de , em busca de pistas que pudessem explicar aquele mistério.
Por um momento, ela se viu perdida em suas próprias lembranças, revivendo momentos compartilhados com e comparando-os com a presença de diante dela. Era como se estivesse olhando para um espelho distorcido do passado, uma versão ligeiramente diferente daquele a quem ela amara profundamente, mas, por mais que examinasse o rosto de , não conseguia encontrar uma explicação clara para aquela semelhança. Uma sensação de perplexidade a envolveu enquanto ela lutava para compreender como duas pessoas poderiam ser tão idênticas, e ao mesmo tempo tão diferentes.
notou o leve tremor na mão de enquanto ela tocava na dele, e seus olhos examinaram o rosto da mulher intensamente. Embora achasse aquilo um tanto estranho, ele optou por não comentar e apenas soltou suavemente sua mão quando ela recuou.
Eles se entreolharam por um momento, um silêncio tenso pairando entre eles antes que se virasse para Eunwoo, ainda atordoada pela experiência.
- Fiquem à vontade! Tem uma mesa com o nome de vocês. Eu… eu preciso tomar um ar. – Sua voz estava um pouco trêmula, e ela rapidamente se afastou, deixando e Eunwoo sozinhos por um momento.
observou-a partir com uma expressão pensativa, sua mente girando com perguntas não respondidas sobre aquela estranha e inesperada reação.
Jia lançou um olhar significativo na direção de e Eunwoo antes de se afastar, seguindo que havia saído da sala principal da cantina. Quando encontrou a mulher escorada na parede em um canto mais escuro do ambiente, Jia se aproximou com uma expressão preocupada.
- Chefe, está tudo bem? Você quer um copo de água?
olhou para cima, surpreendida por encontrar a assistente ao seu lado, mas agradeceu o gesto com um sorriso fraco.
- Obrigada, Jia! Um copo de água seria ótimo, obrigada.
A moça assentiu e rapidamente se afastou para buscar a água, deixando a chefe sozinha por um momento para coletar seus pensamentos e tentar acalmar os sentimentos tumultuados que a invadiam naquele momento.
fechou os olhos por um momento, deixando-se levar pelas lembranças que inundavam sua mente. Ela recordou os momentos felizes ao lado de , os sorrisos compartilhados, os sonhos construídos juntos. Mas logo essas memórias deram lugar a outras mais sombrias, repletas de dor e perda.
Ela pensou no acidente trágico que tirara de sua vida, na angústia da espera no hospital, na terrível notícia da morte cerebral. Recordou-se do velório solene, das lágrimas que haviam inundado seus olhos e do vazio que sentira ao se despedir do homem que amava. E então, em meio a essas lembranças dolorosas, o rosto de surgiu em sua mente, trazendo consigo uma torrente de emoções conflitantes. Ela tentou conter as lágrimas que ameaçavam transbordar, mas era impossível ignorar a semelhança assombrosa entre ele e , uma semelhança que a deixava ainda mais vulnerável à dor da perda.
engoliu em seco, lutando para controlar as emoções que a consumiam, mas as lágrimas acabaram vencendo, escorrendo silenciosamente por suas bochechas enquanto ela se permitia sucumbir ao peso de sua dor.
Jia voltou com o copo de água em mãos, pronta para oferecer conforto a sua chefe, mas ao se deparar com chorando, seu coração se apertou de preocupação. Ela se aproximou rapidamente, segurando o copo de água enquanto observava a mulher com uma expressão de angústia.
- Chefe, o que está acontecendo? Por que você está chorando?
não respondeu imediatamente, sua respiração soluçante interrompendo qualquer tentativa de fala. Em vez disso, ela simplesmente estendeu os braços em silêncio, convidando Jia para um abraço. Sem hesitar, Jia envolveu em seus braços, oferecendo-lhe o apoio silencioso e reconfortante de uma amiga.
se entregou ao choro, soluçando enquanto os braços de sua assistente envolviam seu corpo em um abraço reconfortante. A moça não questionou nada, apenas acalentou em seus braços, oferecendo-lhe um ombro amigo para chorar suas mágoas.
Por alguns instantes, o único som no ambiente era o suave murmurar das lágrimas de e a batida compassada de seus corações. Jia permaneceu ao lado dela, sustentando-a com sua presença silenciosa e empática, sem pressa para entender ou resolver nada além do simples ato de estar ali para sua chefe em um momento de vulnerabilidade.
E assim, juntas, elas compartilharam o peso da dor com encontrando conforto na companhia da assistente, que agora, já era amiga.
Com o tempo, começou a se acalmar um pouco, seus soluços diminuindo gradualmente até se transformarem em suspiros silenciosos. Ela se soltou lentamente do abraço de Jia e pegou o copo de água que ainda estava com a assistente. Levando-o aos lábios, ela tomou pequenos goles, sentindo a água refrescante acalmar sua garganta ressecada pelo choro.
- Obrigada, Jia. Desculpe por isso… Eu só… Eu só não consigo evitar algumas lembranças às vezes. — Sua voz ainda estava embargada pelo choro, mas havia um leve tom de gratidão em suas palavras enquanto ela olhava para a amiga ao seu lado.
Jia apenas sorriu gentilmente, oferecendo-lhe um apoio silencioso e compreensivo.
- Não precisa se desculpar, . Estou aqui para o que precisar.
assentiu, sentindo-se grata pela presença reconfortante de Jia ao seu lado. Com um suspiro resignado, ela voltou sua atenção para o copo de água, concentrando-se em recuperar sua compostura e enfrentar o restante da noite com determinação e força.
***
e Eunwoo finalmente encontraram sua mesa e se acomodaram, mas a expressão pensativa de não passou despercebida pelo amigo. Eunwoo observou com preocupação enquanto parecia absorto em seus pensamentos, sua expressão refletindo uma mistura de curiosidade e inquietação.
- Hyung, você está bem? Você parece um pouco distante…
piscou, como se voltasse à realidade, e lançou um olhar preocupado para Eunwoo.
- Ah, sim… Eu estou bem. Só estava pensando na reação estranha da sua amiga quando me conheceu. Parecia que ela tinha visto um fantasma ou algo do tipo…
Eunwoo franziu o cenho, preocupado com a forma como havia reagido à presença de . Ele conhecia bem o amigo e sabia que o rapaz não costumava passar despercebido, então a reação dela realmente o intrigou. e Eunwoo trocaram olhares confusos, compartilhando a mesma sensação de perplexidade diante da reação da mulher.
- Realmente, foi estranho… Mas talvez ela esteja realmente sobrecarregada por causa da inauguração e tenha tido uma queda de pressão! Ou esteja, sei lá, passando por algo que eu ainda não saiba…
assentiu, ponderando sobre a possibilidade de que estivesse lidando com questões pessoais desconhecidas por eles. No entanto, a peculiaridade da reação dela ainda pairava em sua mente.
- Pode ser… Mas mesmo assim, foi como se ela me reconhecesse de algum lugar, mas isso é impossível!
Eunwoo concordou, achando a situação cada vez mais intrigante.
- Talvez seja só uma coincidência. Vamos tentar não pensar muito nisso e aproveitar a noite…
Os dois concordaram em deixar o assunto de lado por enquanto, decidindo focar na inauguração e nas interações com os outros convidados. No entanto, a estranha reação de permanecia como um enigma que os deixava curiosos e um tanto inquietos.
e Eunwoo decidiram deixar de lado a estranha reação de e se concentrar em desfrutar a noite. Aproveitaram para experimentar os diferentes vinhos, whiskys e tequilas oferecidos na inauguração, apreciando os sabores e trocando impressões sobre cada bebida. Além disso, deliciaram-se com a variedade de pratos servidos, desfrutando das iguarias da culinária italiana e coreana que estavam disponíveis.
Aos poucos, a atmosfera animada e descontraída da festa começou a contagiar os dois amigos, que se deixaram envolver pelo clima festivo. Conversaram com outros convidados, riram juntos e até arriscaram alguns passos de dança quando a música animada começou a tocar.
Enquanto a noite avançava, e Eunwoo esqueceram temporariamente as preocupações e aproveitaram o momento, celebrando o sucesso da inauguração e desfrutando da companhia um do outro.
***
, após o breve momento de desespero e emoção do lado de fora da cantina, decidiu reunir suas forças e voltar para dentro do evento. Jia a acompanhou de perto, oferecendo apoio silencioso enquanto observavam os convidados desfrutando da festa.
De volta à cantina, se esforçou para manter a compostura e focar nas interações com os funcionários e os outros convidados. Ela evitou deliberadamente a mesa onde Eunwoo e estavam sentados, optando por circular pelo ambiente e garantir que tudo corresse bem na inauguração.
À medida que a noite avançava, Eunwoo e eventualmente se despediram de . Eunwoo se aproximou dela, expressando palavras de admiração pela inauguração e pela cantina, e perguntando gentilmente se ela estava se sentindo melhor. assentiu com um sorriso grato, segurando a mão de do amigo por um momento enquanto agradeceu pelo apoio.
Enquanto isso, permaneceu mais afastado, observando a cena de longe. Ele fez um gesto de cabeça em direção a e uma breve reverência ao se despedir, antes de se afastar silenciosamente. Apesar da distância, a mulher sentiu olhar de sobre ela, deixando-a com uma sensação de intriga e curiosidade sobre aquele homem que parecia tão familiar.
***
finalmente chegou ao seu apartamento, sentindo-se aliviada por estar em casa após um dia tão intenso. Antes de abrir a porta para Jia, que se ofereceu gentilmente para passar a noite com ela, a mulher fez um comentário enigmático:
- Agora você vai entender o porquê de todas aquelas reações…
Jia olhou curiosamente para sua chefe, mas não teve tempo de fazer perguntas antes de entrar no apartamento. Assim que acendeu a luz da sala, Jia passou os olhos pelo ambiente e deteve-se nas fotos espalhadas pelas prateleiras e paredes. Seus olhos se arregalaram de surpresa ao ver as imagens dispostas por lá, e ela olhou para em estado de choque, buscando uma explicação para aquela descoberta inesperada.
observou a reação surpresa de Jia e, compreendendo sua confusão, decidiu explicar:
- Esse era o , meu namorado falecido… – começou, sua voz embargada pela emoção. – Era um sonho dele abrir a Cantina aqui na Coreia, por ser o país onde ele nasceu. E eu abracei esse sonho junto com ele, mas ele faleceu antes de nos mudarmos para cá para a inauguração.
Jia escutou atentamente, absorvendo as palavras de sua chefe com compaixão. Ela se aproximou e abraçou com carinho, oferecendo apoio silencioso diante da dor da amiga. se deixou envolver pelo abraço reconfortante de Jia, agradecendo silenciosamente por ter uma amiga tão compreensiva ao seu lado.
- Eu não consigo acreditar… Ele é tão parecido com o … Como isso é possível? – murmurou Jia, sua voz transbordando perplexidade.
afastou-se ligeiramente do abraço e olhou nos olhos da amiga, sentindo o peso da confusão que também a assombrava.
- Eu… Eu não sei… – confessou , sua voz embargada pela incerteza. – Foi uma reação instintiva… Eu… Não sei como lidar com isso.
respirou fundo, tentando controlar as emoções que a assaltavam, e então se afastou um pouco para encarar Jia com determinação.
- Desculpe por não ter te contado antes… É tudo tão confuso para mim também. Não sei como lidar com a semelhança entre o e esse tal de … – confessou a mulher, sua voz carregada de pesar.
Jia segurou as mãos de com firmeza, oferecendo seu apoio incondicional.
- Não se desculpe, . Estou aqui para você, não importa o que aconteça. E vamos descobrir juntas como lidar com isso, está bem? – respondeu a moça, sua expressão refletindo determinação. – sorriu levemente, reconhecendo a amizade sincera de sua assistente.
- Obrigada, Jia. Eu não sei o que faria sem você ao meu lado – disse , sentindo-se grata pela presença reconfortante da amiga.
Juntas, as duas compartilharam um momento de solidariedade, fortalecendo ainda mais o vínculo que as unia.
se deitou na cama, deixando escapar um suspiro cansado. Mesmo com a presença reconfortante de Jia ao seu lado, sua mente continuava a vagar para os pensamentos tumultuados sobre . Ela se perguntava como era possível que alguém pudesse ser tão parecido com , trazendo à tona lembranças dolorosas e sentimentos conflitantes.
Enquanto tentava desviar seus pensamentos, sentiu o peso do cansaço e da tristeza se acumulando sobre ela. Ela fechou os olhos, desejando encontrar um pouco de paz em meio ao turbilhão de emoções que a consumia.
Capítulo 3
“Como assim minha filha? Você deve estar muito afetada com a perda do ainda, o que é normal, e por isso fantasiou todas essas coisas, porque estar na cidade natal dele, realizando um sonho que era de vocês dois, pode ter mexido ainda mais com a sua cabecinha!” respirou fundo ao ler a mensagem da mãe e então balançou a cabeça em negativa. A mãe estava achando que ela estava louca… mas também! Como não achar? Ela se colocou no lugar da mãe, se fosse ela lendo aquela mensagem, também acharia que a pessoa que mandou pudesse estar louca, ou delirando, ou qualquer outro sinônimo dessas palavras.
estava na cozinha de seu apartamento, os olhos semicerrados por causa da dor de cabeça que a acompanhava desde que acordara. A noite mal dormida e os pensamentos incessantes a deixaram exausta. Ela colocou a água para ferver e preparou o pó de café, tentando se concentrar na tarefa simples enquanto sua mente revivia o
“encontro” com na inauguração da cantina.
A cozinha estava silenciosa, exceto pelo barulho suave da água fervendo. apoiou as mãos na bancada, inclinando-se para frente enquanto deixava escapar um suspiro profundo. O rosto de parecia estar gravado em sua mente, cada detalhe, cada expressão, e a semelhança perturbadora com … Ela balançou a cabeça, tentando afastar os pensamentos, mas eles voltavam com força.
“Como é possível?” ela se perguntava, enquanto despejava a água fervente sobre o pó de café. O aroma forte do café encheu a cozinha, trazendo um breve alívio à sua mente atribulada.
“Por que ele é tão parecido com ?” pegou duas canecas e começou a servir o café. O cheiro familiar trouxe uma sensação de conforto, mas não o suficiente para acalmar seus nervos. Ela sabia que precisava de respostas, mas não sabia onde encontrá-las. Enquanto mexia o café, os eventos da noite anterior continuavam a girar em sua cabeça, cada momento mais confuso que o anterior.
Com as canecas em mãos, se dirigiu à sala, onde Jia estava se levantando do sofá, parecendo ainda meio adormecida. entregou uma das canecas para Jia, que agradeceu com um sorriso sonolento.
- Bom dia. – Jia disse, bocejando.
- Bom dia. – respondeu , tentando esconder sua exaustão.
Elas se sentaram em silêncio por um momento, saboreando o café quente. não podia deixar de pensar em como as coisas haviam mudado tão rapidamente. A inauguração da cantina, que deveria ser um momento de celebração, havia se transformado em um turbilhão de emoções e confusão. E tudo por causa de um homem que parecia uma cópia de .
Jia, percebendo a tensão no rosto de , falou suavemente:
- Sei que tudo isso é muito estranho, . Mas estamos juntas nisso. Vamos descobrir o que está acontecendo.
olhou para Jia, grata pela compreensão e apoio da amiga. Ela sabia que não estava sozinha nessa jornada confusa e dolorosa. E com um pequeno sorriso, ela tomou um gole de café, tentando encontrar forças para enfrentar o que quer que viesse a seguir.
e Jia desceram juntas até a portaria do prédio, a atmosfera ainda carregada com os eventos da noite anterior. As duas amigas trocaram um olhar cúmplice, cientes de que a conversa sobre e ainda não havia terminado, mas que precisavam seguir com suas responsabilidades.
- Vou passar em casa para trocar de roupa e depois vou direto para a cantina. – disse Jia, tentando soar animada –
- Tudo bem. Nos vemos lá. – respondeu , oferecendo um sorriso fraco –
Elas se despediram rapidamente, cada uma entrando em seu carro de aplicativo. observou Jia se afastar antes de fechar a porta do seu próprio carro. O motorista, um senhor simpático, deu bom dia e iniciou o trajeto até a cantina.
Enquanto o carro se movia pelas ruas movimentadas de Seul, não conseguia afastar os pensamentos que a atormentavam. A semelhança perturbadora entre e era um enigma que não saía de sua mente. Ela olhava pela janela, observando os prédios passarem rapidamente, mas sua mente estava a quilômetros de distância, revivendo cada detalhe do encontro com .
Ela se lembrava da expressão confusa de ao perceber sua reação, da preocupação de Eunwoo e da forma como Jia a amparou quando ela quase desmaiou. As perguntas se acumulavam em sua mente:
“Como é possível? Será que existe alguma ligação entre e que eu não conheço?” O trânsito de Seul era familiar, mas naquele momento, parecia apenas uma distração distante. sabia que precisava encontrar uma maneira de confrontar seus sentimentos e talvez até descobrir a verdade por trás daquela semelhança assustadora. Mas, por enquanto, tudo o que podia fazer era focar na cantina e nas responsabilidades que tinha.
Quando o carro finalmente parou em frente à cantina, agradeceu ao motorista e saiu, respirando fundo antes de entrar no local. Ela precisava de clareza e forças para enfrentar o dia, mesmo com tantas perguntas sem resposta pairando sobre sua cabeça.
sabia que a responsabilidade de abrir a cantina era toda sua, especialmente porque ainda não tinha contratado um gerente ou encontrado alguém de confiança para delegar essa tarefa. Ao chegar em frente à cantina, ela respirou fundo, tentando afastar as dúvidas e preocupações que a assombravam. Com passos decididos, ela destrancou a porta e entrou, a familiaridade do ambiente oferecendo um pouco de consolo.
A cantina estava silenciosa, as mesas e cadeiras ainda arrumadas desde a noite anterior. caminhou pelo salão, acendendo as luzes uma a uma, observando cada detalhe do espaço que tanto ela quanto haviam sonhado em construir juntos. As paredes decoradas com fotos e lembranças de suas viagens, o bar bem abastecido e as prateleiras exibindo orgulhosamente as garrafas de vinhos e bebidas finas. Cada canto da cantina carregava uma memória, uma parte de sua história.
Ela se dirigiu ao balcão, ligando os equipamentos e preparando a área para o início do dia. Enquanto fazia isso, seus pensamentos voltavam ao encontro com . A semelhança com ainda a deixava perturbada, mas ela sabia que precisava focar no presente e nas responsabilidades que tinha.
Logo, os primeiros funcionários começaram a chegar. Jia foi uma das primeiras a entrar, ainda exibindo um sorriso acolhedor, apesar das poucas horas de sono. Ela acenou para e se aproximou.
sorriu de volta, tentando transmitir confiança.
- Sim, tudo sob controle. Vamos ter um dia cheio, então vamos nos preparar.
Outros funcionários chegaram em seguida, cumprimentando e se dirigindo às suas respectivas áreas de trabalho. A cantina começava a ganhar vida novamente, o barulho dos passos e das conversas enchendo o espaço vazio. sentiu uma onda de gratidão por ter uma equipe dedicada e disposta a trabalhar duro para o sucesso da cantina.
Ela passou algum tempo orientando os funcionários, garantindo que tudo estivesse em ordem para o dia que se iniciava. Mesmo com a responsabilidade pesando em seus ombros, sentia-se determinada a honrar a memória de e fazer da cantina um sucesso, não apenas por ele, mas por todos os sonhos que compartilharam.
Enquanto o relógio marcava o início do horário de funcionamento, fez uma última inspeção no salão, certificando-se de que tudo estava perfeito. Com um último olhar para as fotos de nas paredes, ela sussurrou para si mesma:
- Vamos fazer isso por nós, . Eu prometo.
Com esse pensamento em mente, abriu as portas da cantina, pronta para enfrentar mais um dia e todos os desafios que ele pudesse trazer.
***
Eunwoo caminhou pelo corredor até a sala de , batendo suavemente na porta antes de abrir e espiar para dentro.
- , posso entrar? Precisamos discutir alguns detalhes do novo projeto.
levantou os olhos do computador e acenou para que o amigo entrasse.
- Claro, Eunwoo, entre. Temos muito o que revisar.
Eunwoo fechou a porta atrás de si e se sentou na cadeira em frente à mesa de . Ele colocou alguns documentos sobre a mesa, indicando os pontos principais.
- Precisamos finalizar os detalhes sobre o orçamento e o cronograma. O cliente quer uma atualização até o final da semana.
pegou os documentos e começou a revisar, assentindo ocasionalmente enquanto discutiam os aspectos técnicos e financeiros do projeto. Eles trabalharam em silêncio por alguns minutos, trocando ideias e ajustando os planos conforme necessário.
Após algum tempo, Eunwoo começou a guardar os papéis, se preparando para sair.
- Acho que cobrimos tudo por hoje. Vou finalizar esses ajustes e enviar para você revisar mais tarde.
acenou, ainda concentrado nos documentos.
- Certo, parece bom. Obrigado por isso, Eunwoo.
Quando Eunwoo estava prestes a abrir a porta para sair, o chamou de volta.
- Eunwoo, você tem notícias da sua amiga? Desde a inauguração, tenho pensado na reação dela. Foi… incomum.
Eunwoo parou, segurando a porta entreaberta, e olhou para o amigo.
- Na verdade, não falei com ela ainda. Mas vou mandar uma mensagem para ela mais tarde para saber como ela está.
assentiu, a preocupação ainda evidente em seu rosto.
- Acho que é uma boa ideia. Ela parecia bastante abalada. Talvez você possa descobrir o que realmente a incomodou.
Eunwoo deu um sorriso tranquilizador.
- Vou ver o que consigo descobrir. Até mais tarde, .
- Até mais, Eunwoo. E obrigado!
Eunwoo saiu da sala, fechando a porta atrás de si. Ele caminhou pelo corredor, sua mente agora dividida entre o trabalho e a preocupação com . Decidiu que, assim que tivesse um momento, mandaria uma mensagem para ela, esperando poder oferecer algum conforto ou ajuda, caso ela precisasse.
se sentou de volta em sua cadeira depois de pegar uma xícara de café, ainda pensando na estranha reação de na inauguração. Ele suspirou, tentando se concentrar novamente no trabalho, mas a mente voltava constantemente para Nari. Ele pegou o celular e, hesitando por um momento, finalmente decidiu enviar uma mensagem para a ex-namorada.
“Oi, Nari. Podemos nos encontrar para conversar? Acho que precisamos esclarecer algumas coisas.” Ele enviou a mensagem e colocou o telefone de lado, esperando uma resposta. Após alguns minutos, o aparelho vibrou com a resposta de Nari.
“Oi, . Podemos nos encontrar sim, mas só à noite. Estou ocupada durante o dia. Que tal às 20h no café onde costumávamos ir?” sentiu uma mistura de alívio e ansiedade ao ler a resposta. Ele não esperava que ela concordasse tão rapidamente. Respondeu confirmando o horário.
“Perfeito. Nos vemos lá às 20h. Obrigado.” Ele colocou o celular de volta na mesa e tentou se focar novamente no trabalho, mas a mente estava dividida entre a preocupação com e a iminente conversa com Nari. Sabia que essa conversa poderia ser um passo importante para resolver as questões pendentes entre eles e, quem sabe, trazer um pouco de paz para ambos.
***
Resumo da Manhã
InnovateTech:
Na InnovateTech, a manhã foi movimentada. Eunwoo e conduziram várias reuniões com suas equipes, discutindo novos projetos e estratégias para os próximos meses. , embora dedicado, tinha a mente dividida entre o trabalho e a futura conversa com Nari. Eunwoo, percebendo a distração do amigo, tentou manter o foco nas metas da empresa. A equipe trabalhou em sincronia, resolvendo problemas e avançando em várias frentes.
Cantina :
Na Cantina, chegou cedo para abrir o local e preparar tudo para o dia. Ela acendeu as luzes, arrumou as mesas e verificou os estoques. Jia chegou logo em seguida e, juntas, as duas começaram a receber os funcionários, distribuindo tarefas e assegurando que tudo estivesse em ordem para receber os clientes. , embora ainda afetada pelos eventos da noite anterior, manteve-se profissional e focada no trabalho.
Hora do Almoço:
e Jia decidiram almoçar em um restaurante próximo para discutirem alguns detalhes da gestão da Cantina. Quando chegaram ao restaurante, avistaram Eunwoo e entrando também. sentiu uma leve tontura ao ver , mas Jia rapidamente a amparou, ajudando-a a se estabilizar.
Eunwoo e , ao perceberem a presença das duas, se aproximaram para cumprimentá-las.
- Olá, ! Olá, Jia! Que coincidência encontrá-las aqui… – disse Eunwoo com um sorriso –
- Olá! – respondeu , esforçando-se para manter a voz estável –
, notando a reação de , mas não entendendo o motivo outra vez, deu um leve aceno de cabeça.
- Prazer em vê-las novamente. – disse , tentando ser cordial –
Jia, percebendo a tensão, tentou aliviar o momento.
- Sim, que coincidência! Vamos nos sentar? Talvez possamos juntar nossas mesas e almoçar juntos?
assentiu, tentando agir com naturalidade, embora o coração ainda estivesse acelerado. Os quatro se sentaram juntos, e a conversa fluiu de forma descontraída. evitou tocar no assunto da semelhança de com , mas não conseguia falar muito enquanto os outros três interagiam normalmente.
Ela se esforçava para participar da conversa, mas as palavras pareciam ficar presas em sua garganta. Sua mente estava em tumulto, e os pensamentos sobre e a inexplicável semelhança de não lhe davam descanso. Ela não conseguia tirar os olhos de , cada detalhe de seu rosto parecia trazê-la de volta ao passado.
, por sua vez, começou a perceber os olhares constantes de . Ele notou como ela parecia perdida em pensamentos, e embora achasse estranho, decidiu não tocar no assunto. Ele também começou a reparar nela, intrigado pela intensidade de seus olhos e a mistura de emoções que ela parecia carregar.
- Então, como estão indo os preparativos finais da Cantina? – perguntou Eunwoo, tentando incluir na conversa –
- Estão indo bem, graças à Jia e à equipe. – respondeu , forçando um sorriso –
- É um belo lugar. Tenho certeza de que será um grande sucesso. – disse , com um olhar sincero –
- Obrigada, ! – disse , desviando o olhar rapidamente –
Enquanto a conversa continuava, lutava para manter a compostura. Sentia-se dividida entre a dor do passado e a necessidade de seguir em frente. A presença de era ao mesmo tempo reconfortante e perturbadora, uma lembrança constante do que havia perdido.
Os outros três continuaram a conversar, discutindo diversos assuntos, desde negócios até cultura coreana. tentava se concentrar nas palavras, mas sua mente continuava a vagar. Mesmo assim, a companhia e a tentativa de normalidade ofereciam algum conforto, e aos poucos, ela começou a relaxar um pouco, embora ainda sentisse a inquietação no fundo de sua mente.
, observando a expressão distante de , decidiu quebrar o silêncio e perguntar diretamente:
- , você está se sentindo melhor? No dia da inauguração, você pareceu ter um mal-estar. Foi só isso mesmo?
olhou para Jia, incerta sobre o que falar. Jia deu-lhe um olhar encorajador, mas sabia que não poderia contar a verdade naquele momento. Decidiu mentir, oferecendo uma explicação mais simples.
- Ah, sim, foi só um mal-estar… A rotina corrida e o estresse da inauguração me pegaram de jeito. Não estava me alimentando bem, mas estou tomando medidas para melhorar. Vou ao médico em breve para me certificar de que está tudo bem. – respondeu , tentando soar convincente –
assentiu, parecendo satisfeito com a resposta, embora ainda houvesse uma leve preocupação em seus olhos.
- Entendo. É importante cuidar da saúde, especialmente em momentos tão importantes como esse. Espero que você se recupere completamente. – disse , com um tom genuíno de preocupação –
- Obrigada, . Estou me cuidando, pode deixar… – respondeu, sorrindo ligeiramente –
Eunwoo, percebendo a tensão, tentou aliviar o momento.
- é forte. Tenho certeza de que ela vai superar isso e continuar brilhando à frente da Cantina.
Jia assentiu, apoiando a amiga.
- Sim, ela é uma guerreira. Estamos todos torcendo por ela.
A conversa continuou de forma mais leve, e , embora ainda um pouco abalada, conseguiu relaxar um pouco mais. Mesmo com os pensamentos sobre e a semelhança perturbadora com , ela encontrou algum consolo na companhia de seus novos amigos.
O almoço chegou ao fim, e todos começaram a se levantar para se despedir. Eunwoo e agradeceram pela companhia, e a atmosfera estava mais leve do que no início.
- Foi ótimo almoçar com vocês. Vamos repetir isso em breve, que tal? – disse Eunwoo com um sorriso, apertando a mão de –
- Com certeza. Porque não? – respondeu , tentando soar despreocupada –
Quando chegou a vez de se despedir de , e ele deram as mãos e, mais uma vez, ela não conseguiu evitar examinar seu rosto com atenção. percebeu o olhar fixo dela e ficou um pouco sem graça, mas manteve a compostura.
- Até logo, . Cuide-se. – disse ele, com um leve sorriso –
- Até logo, . – respondeu , tentando esconder sua confusão –
e Eunwoo trocaram um rápido abraço, já que eram mais íntimos e Eunwoo pediu que ela lhe desse notícias.
Enquanto e Jia saíam do restaurante e se dirigiam de volta para a Cantina, Jia não pôde deixar de notar a expressão pensativa de .
- Você está bem, ? — perguntou Jia, preocupada – A situação não melhorou com o almoço não é?
- Sim, estou… só estou tentando processar tudo isso. A semelhança entre e é perturbadora. Eu sei que já falamos disso, mas não consigo parar de pensar nisso… – admitiu , soltando um suspiro –
- É compreensível. É quase como se fosse um sinal ou algo assim. Mas você tem que se lembrar de que ele não é o . É só uma coincidência estranha… – disse Jia, tentando acalmar a amiga –
- Eu sei. Mas é difícil. Quando olho para ele, sinto uma mistura de tristeza e curiosidade. Quero saber mais sobre ele, entender como pode ser tão parecido com o … É como se eu precisasse de respostas. – respondeu , com os olhos marejados –
Jia assentiu, compreendendo a profundidade dos sentimentos de .
-Talvez, com o tempo, você consiga encontrar essas respostas. Por enquanto, tente focar na Cantina e em seguir em frente. Eu estou aqui com você para o que precisar – disse Jia, oferecendo um sorriso encorajador –
- Obrigada, Jia. Você tem sido uma grande amiga. Vamos voltar ao trabalho e tentar manter a mente ocupada. – disse , tentando se recompor –
As duas voltaram para a Cantina, prontas para enfrentar os desafios do dia, mas com ainda refletindo sobre o enigma que era .
***
decidiu ir até a Cantina para escolher um vinho especial para levar de presente para Nari na conversa que teriam mais tarde. Ao chegar, ele notou que o local estava bastante movimentado, com vários clientes apreciando os produtos e o ambiente.
, que estava na área de atendimento, notou a entrada de e sentiu seu coração acelerar novamente. Ela sabia que não poderia evitar encontrá-lo, especialmente com a loja cheia. Respirando fundo, ela decidiu enfrentar a situação e foi até a área dos vinhos para atendê-lo.
- Olá, . Bem-vindo à Cantina , outra vez. Posso ajudá-lo a encontrar algo? – perguntou , tentando manter a voz estável –
olhou para ela com um sorriso cordial, embora percebesse a tensão em seus olhos.
- Olá, . Estou procurando um vinho especial para um presente. Você tem alguma recomendação? -respondeu ele, apreciando a dedicação dela ao trabalho –
tentou se concentrar na tarefa, afastando os pensamentos perturbadores sobre a semelhança entre e .
- Claro, temos algumas excelentes opções. Para que ocasião é o presente? – perguntou ela, enquanto o guiava pelas prateleiras –
- É para uma conversa importante com uma pessoa especial. Quero algo que transmita elegância e sinceridade, sabe? – explicou , observando atentamente os rótulos dos vinhos –
assentiu, compreendendo a importância do momento para ele. Ela pegou uma garrafa de vinho tinto de uma safra especial e mostrou para .
- Este é um dos nossos melhores vinhos. É elegante, sofisticado e tem um sabor que agrada a muitos paladares. Acho que seria perfeito para a ocasião. – sugeriu ela, tentando parecer profissional –
pegou a garrafa, examinando-a com interesse.
- Parece ótimo. Vou levar este. Muito obrigado pela ajuda, . – disse ele, sorrindo –
- De nada. Espero que sua conversa seja produtiva e que gostem do vinho. – respondeu , forçando um sorriso –
- Eu volto para dizer o que ela achou! Obrigada mais uma vez.
observou se afastar com o vinho escolhido, enquanto tentava afastar os pensamentos tumultuados que sua presença despertava. Ela retornou ao balcão de atendimento, ocupando-se com outras tarefas para distrair a mente. No entanto, mesmo concentrada, as dúvidas persistiam.
Enquanto organizava algumas prateleiras, não conseguia deixar de se questionar sobre a natureza da conversa de com aquela “pessoa especial”. Seria uma reunião de negócios com uma potencial cliente? Ou talvez um encontro pessoal? A ideia de que ele pudesse ter uma namorada ou esposa também cruzou sua mente, deixando-a incerta e perturbada.
”Será que ele está envolvido romanticamente com alguém?”, pensou , mordendo o lábio nervosamente. “E se for algo mais pessoal… ele parece tão reservado sobre sua vida pessoal…”
As conjecturas tumultuavam seus pensamentos enquanto ela continuava com suas responsabilidades na Cantina. tentava manter a calma e a compostura, mas a proximidade de mexia com ela de maneira inesperada. Cada encontro com ele parecia trazer à tona sentimentos que ela ainda não conseguia compreender completamente.
Ao final do expediente, enquanto fechava a Cantina, se pegou pensando novamente em e na garrafa de vinho que ele havia escolhido. Ela suspirou, ciente de que teria que lidar com essas emoções de alguma forma, enquanto se preparava para ir para casa.
Capítulo 4
Assim que viu Nara entrar no restaurante, sendo guiada pelo
maitre, se levantou sentindo as pernas vacilarem por causa da ansiedade.
Olhar para ela depois do fim era estranho, trazia um misto de sentimentos que não entendia direito. se levantou com o coração acelerado, as pernas vacilando de leve por conta da ansiedade. Olhar para ela depois de tanto tempo era como revisitar uma parte de si mesmo que ele acreditava ter deixado para trás, mas que, na verdade, ainda estava ali, embaixo da superfície, esperando para emergir.
Ele sentia uma mistura confusa de nostalgia, culpa, e talvez um traço de ressentimento. Por um lado, havia o conforto de estar diante de alguém que conhecia tão bem, alguém que compartilhou momentos importantes e significativos com ele. Mas, por outro, essa mesma familiaridade trazia à tona lembranças do fim — da dor, das palavras que nunca foram ditas e da sensação de fracasso.
Ver Nara agora, depois de todo o tempo e espaço que os separaram, o fazia questionar se ele realmente havia superado aquele capítulo, ou se ainda havia partes dele que ansiavam por respostas, reconciliação ou até uma espécie de fechamento que ele nunca teve.
A ansiedade pesava no peito, enquanto ele lutava para manter uma expressão serena. não sabia o que esperar daquela conversa. Seria uma oportunidade de encerrar feridas abertas? Ou apenas reacender dores que ele achava ter esquecido?
Nara se aproximou com um sorriso leve, e ao chegar perto de , o cumprimentou com um rápido beijo na bochecha. O gesto, embora familiar, parecia carregado de uma estranheza desconfortável. Ambos ficaram sem jeito, como se o simples toque tivesse reacendido uma série de sentimentos e memórias que nenhum dos dois sabia como lidar.
deu um passo para o lado, abrindo espaço para ela se acomodar na mesa. Os dois trocaram olhares breves, mas havia uma tensão palpável entre eles. Ele sorriu, tentando mascarar a própria ansiedade, enquanto Nara, ainda de pé por um segundo, ajeitava o cabelo com um gesto nervoso, como se tentasse ganhar tempo antes de se sentar.
– Você está bem? – ela perguntou suavemente, quebrando o silêncio enquanto se sentava de frente para ele.
– Sim, e você? – respondeu , com uma voz um pouco mais baixa do que pretendia.
Ela assentiu, desviando o olhar por um instante, e o ambiente ao redor pareceu intensificar o desconforto que ambos sentiam.
Nara ainda parecia nervosa, mexendo nos cabelos e ajustando a postura repetidamente. O silêncio entre eles era quebrado apenas pelo som suave dos talheres e das conversas ao redor. Quando os cardápios foram entregues, ambos os pegaram, mas não havia real necessidade de olhar. Sem precisar de muitas palavras, os dois acabaram pedindo exatamente o que costumavam pedir quando frequentavam aquele restaurante juntos – uma espécie de hábito compartilhado que, por alguns instantes, os conectou novamente ao passado.
Depois de fazerem os pedidos, pegou a garrafa de vinho que havia escolhido cuidadosamente na Cantina e a entregou a Nara. Ela ficou visivelmente emocionada ao segurar o presente, seus olhos brilhando com um misto de tristeza e culpa. Sem conseguir encará-lo por muito tempo, ela devolveu a garrafa a ele, balançando a cabeça em negativa.
— Eu… eu não posso aceitar isso, — disse Nara, sua voz ligeiramente trêmula.
franziu o cenho, confuso.
— Por que não? — Ele perguntou, genuinamente surpreso e um pouco ferido pelo gesto. Ele havia escolhido aquele presente com cuidado, querendo trazer um toque de elegância e conforto àquela situação delicada.
Nara umedeceu os lábios, hesitante. Ela sabia que precisava contar a verdade, mesmo que fosse doloroso. Respirou fundo antes de começar a falar, sentindo um nó apertar sua garganta.
— , tem algo que eu nunca te contei… sobre o motivo pelo qual tudo acabou entre nós — ela começou, sua voz baixa e cheia de hesitação. — Eu… eu conheci outra pessoa enquanto ainda estávamos juntos. E eu acabei te traindo com ele. Mantive o caso por meses, até que explodi e fui embora.
A confissão caiu pesada sobre a mesa, fazendo o coração de afundar. Ele a encarou, incrédulo, sua expressão oscilando entre a surpresa e o desapontamento. Nara continuou, claramente aflita, enquanto evitava os olhos dele:
— Eu fui embora porque não sabia como lidar com isso… E, agora… — Ela pausou, como se reunir forças para continuar. — Eu estou grávida. Mas… não sei de quem é o bebê, se é seu ou dele.
ficou em silêncio, as palavras dela ecoando em sua mente.
Grávida? Ele mal conseguia processar a ideia de que Nara o havia traído, e agora isso? Havia um turbilhão de emoções dentro dele – raiva, confusão, tristeza – mas, acima de tudo, um sentimento avassalador de perda.
— Não posso aceitar esse vinho. E eu precisava contar isso para você … afinal de contas, e se esse filho for seu?
ficou estático, as palavras de Nara se repetindo em sua mente
. “Se esse filho for seu…” Ele mal conseguia acreditar no que estava ouvindo. Tentou manter a compostura, mas o choque e a dor eram evidentes em seus olhos. Ele finalmente abriu a boca para falar, mas as palavras pareciam travadas.
— Eu… não sei o que dizer, Nara — respondeu ele, a voz mais baixa do que ele gostaria. — Você me traiu, foi embora sem nenhuma explicação… e agora isso?
Nara abaixou o olhar, claramente arrependida, mas sabia que precisava ser honesta.
— Eu sei que errei, e sinto muito, de verdade. Mas eu não podia mais esconder isso de você. Se o filho for seu, você tem o direito de saber, — repetiu ela, a voz carregada de peso.
passou as mãos pelos cabelos, tentando organizar os pensamentos. Ele nunca imaginou que a situação entre eles poderia ter chegado a esse ponto. Parte dele queria se levantar e sair, mas outra parte sabia que, por mais doloroso que fosse, ele precisava enfrentar a verdade.
— E como você pretende resolver isso? — perguntou ele, finalmente, encarando-a com seriedade.
Nara respirou fundo, tentando não se perder na própria culpa.
— Eu vou fazer um teste de paternidade assim que for possível. Só então saberemos com certeza. Eu não espero que você me perdoe ou que queira fazer parte da minha vida de novo, mas achei que precisava ser justa com você, com essa situação.
balançou a cabeça, sem conseguir disfarçar a mistura de tristeza e frustração.
— Justa… — ele murmurou, mais para si mesmo do que para ela. — Você me traiu, foi embora sem uma palavra, e agora espera que eu simplesmente aceite tudo isso?
Nara sentiu o peso da culpa afundando ainda mais.
— Eu entendo se você me odiar. Mas precisava te contar… não posso continuar com essa dúvida sem você saber.
soltou um suspiro pesado, seu coração dividido entre o ressentimento e a necessidade de entender o que fazer a seguir. Ele sabia que essa situação não teria uma resposta fácil, mas agora estava preso a uma incerteza ainda maior:
a possibilidade de ser pai. — Vamos esperar o teste, então — disse ele, sem muito mais o que acrescentar, a voz carregada de uma frieza contida.
Nara apenas assentiu, percebendo que o que restava entre eles agora era apenas o silêncio.
O jantar seguiu em um silêncio tenso, com a atmosfera carregada pelo que havia sido dito momentos antes. mal conseguia olhar para Nara, e ela, por sua vez, parecia perdida em seus próprios pensamentos, movendo o garfo pelo prato sem muito entusiasmo.
Quando os pratos chegaram, a familiaridade do pedido que sempre faziam juntos não trouxe o conforto que costumava. Ambos mexiam na comida mais por hábito do que por fome, e cada garfada parecia pesar no ar.
finalmente quebrou o silêncio, a voz mais baixa e controlada.
— Por que não me contou antes, Nara? Por que esperar tanto tempo? — perguntou, olhando diretamente para ela agora, buscando respostas.
Nara engoliu em seco, deixando o garfo de lado por um momento. Seus olhos se encheram de culpa novamente.
— Eu não sabia como dizer, . No começo, achei que poderia simplesmente desaparecer, deixar tudo para trás. Mas… quando descobri a gravidez, tudo mudou. Eu precisava resolver isso, e achei que você tinha o direito de saber — respondeu ela, ainda sem coragem de encará-lo completamente.
se recostou na cadeira, olhando para o vinho que ele havia trazido e que agora permanecia fechado ao lado deles, como um lembrete do que restava do passado. Ele respirou fundo, tentando processar tudo.
— Você realmente achou que sumir era a melhor solução? — ele perguntou, a voz tingida de mágoa. — Nós tínhamos algo… ou pelo menos eu pensei que tínhamos. E você simplesmente foi embora. Como você acha que isso me fez sentir?
Nara fechou os olhos por um momento, como se as palavras de fossem um golpe direto em seu coração.
— Eu sei que fui egoísta, e não vou pedir perdão por algo que talvez seja imperdoável… — respondeu ela com a voz embargada. — Eu estava confusa, insegura, e fiz escolhas erradas. Só posso esperar que, no meio de toda essa bagunça, você consiga seguir em frente.
O silêncio voltou a cair sobre a mesa, pesado e opressor. desviou o olhar, olhando para o prato sem realmente vê-lo, sua mente uma confusão de pensamentos.
— E esse outro cara? — ele perguntou, de repente. — Você ainda está com ele?
Nara hesitou antes de responder, mexendo no guardanapo sobre o colo.
— Não… não estamos mais juntos. Quando descobri a gravidez, eu decidi seguir sozinha. Não achei justo ficar com ninguém com tantas incertezas.
assentiu lentamente, processando a informação, mas sem saber se aquilo o ajudava a se sentir melhor ou pior. Havia tantas perguntas em sua mente, mas ele não sabia por onde começar.
O jantar, que uma vez fora um momento de conexão entre os dois, agora era apenas um ato mecânico, sem vida.
***
O jantar finalmente terminou, mas o desconforto permaneceu. Nenhum dos dois havia conseguido comer muito, e a conversa estava longe de ser resolutiva. Quando o garçom trouxe a conta, a pegou rapidamente, sem dar chance para Nara protestar.
Ambos se levantaram, o silêncio entre eles mais pesado do que qualquer palavra dita. Enquanto caminhavam em direção à saída do restaurante, se virou para Nara, os olhos sombrios, mas decididos.
— Nara, eu quero que você me avise assim que fizer o teste de paternidade — ele disse com firmeza. — Se esse filho for meu, eu vou assumir todas as minhas responsabilidades. Eu quero estar presente na vida dessa criança. Mas… só isso.
Nara o olhou, surpresa, embora a culpa ainda estivesse estampada em seu rosto. Ela parecia tentar processar o que ele havia dito, suas mãos trêmulas segurando a bolsa com força.
— Claro, eu vou avisar assim que souber… — ela murmurou, quase como se estivesse com medo da decisão dele. — E eu entendo que você só queira isso… Eu mereço.
assentiu levemente, seu olhar fixo nela por um momento antes de se afastar.
— Cuidar dessa criança é o mínimo que eu posso fazer, mas além disso… não tenho mais nada a oferecer. — Ele deu um passo para trás, como se a despedida fosse uma barreira física entre eles. — Espero que você tenha uma boa noite, Nara.
Nara tentou sorrir, mas falhou miseravelmente. As lágrimas estavam à beira de cair, mas ela as segurou, assentindo em silêncio.
— Boa noite, .
Com isso, ele se afastou em direção à rua, sem olhar para trás. Aquele encontro havia sido um encerramento de um capítulo que ele nem sabia que precisava terminar. Agora, ele teria que lidar com as consequências de tudo, mas pelo menos uma coisa estava clara: se a criança fosse dele, ele faria o que era certo.
Enquanto Nara permanecia na calçada, observando-o se afastar, uma parte dela sabia que nunca poderia consertar o que tinha quebrado entre os dois.
entrou em seu carro, jogando as chaves no banco do passageiro com um suspiro pesado. O vinho, que ele havia comprado com tanto cuidado para presentear Nara, agora repousava ao lado, como um lembrete amargo do encontro. Ele fechou a porta e colocou o cinto, seus dedos apertando o volante com força antes de dar partida.
Enquanto dirigia pelas ruas noturnas de Seul, a cidade parecia um borrão ao seu redor, as luzes dos postes se misturando à confusão em sua mente. A cada semáforo, seu olhar inevitavelmente se desviava para a garrafa de vinho ao lado, o rótulo luxuoso refletindo discretamente as luzes da rua.
“Não posso aceitar esse vinho…” As palavras de Nara ecoavam em sua cabeça, carregadas de uma verdade que ele não queria ouvir, mas que já estava clara. A traição, a possibilidade de ser pai… nada parecia fazer sentido. Ele havia se preparado para uma conversa complicada, mas a revelação sobre a gravidez havia sido um golpe inesperado.
A cada vez que olhava para o vinho, sentia o gosto amargo da situação. A garrafa simbolizava mais do que um simples presente rejeitado — era a quebra definitiva de tudo que ele e Nara haviam sido. Uma relação que, até pouco tempo, ele não compreendia por que havia terminado tão abruptamente, agora fazia sentido.
respirou fundo, passando a mão pelo rosto enquanto diminuía a velocidade em outro semáforo. Ele sabia que a decisão estava tomada: se o filho fosse dele, ele estaria presente, mas apenas isso. O passado entre eles estava encerrado.
Com mais um olhar para o vinho, ele se deu conta de que talvez ele mesmo precisasse daquela bebida mais tarde, para processar tudo. Mas por enquanto, só queria chegar em casa e afastar da mente o turbilhão de emoções que o encontro havia causado.
O semáforo ficou verde, e ele acelerou, dirigindo em silêncio com a garrafa ao lado, como uma companhia silenciosa de todas as dúvidas e incertezas que o esperavam.
***
Jia foi a primeira a chegar no local marcado por Eunwoo. Ela pegou o celular dentro da bolsa e então discou o número da chefe — e agora, amiga — e esperou que ela atendesse.
“Eu já cheguei chefe… você está a caminho?” revirou os olhos antes de gargalhar e responder:
“Fora da Cantina eu não sou sua chefe Jia! E sim, já estou chegando. Para você ter me ligado com esse tom de voz o Eunwoo ainda não chegou, já é?” Jia mordeu o lábio antes de responder para que ela havia sido a primeira a chegar. voltou a rir do outro lado.
“Porque está tão nervosa Jia? Você foi convidada para uma noite entre amigos. Não estou entendendo…” “Porque acho que deveria ter recusado, o Eunwoo é caidinho por você chefe, e eu só vou atrapalhar as coisas.” ficou em silêncio por um momento do outro lado da linha, processando as palavras de Jia. Depois, soltou uma risada curta, cheia de descrença.
“Jia, você está louca? Eunwoo não sente nada por mim além de amizade! Nós somos só amigos, e ele nunca demonstrou qualquer coisa que fosse além disso.” “Ah, , por favor!” — Jia respondeu, hesitante. —
“Eu vejo como ele olha pra você. Pode até ser que ele nunca tenha dito nada, mas está na cara que ele gosta de você!” suspirou, balançando a cabeça enquanto andava pela calçada em direção ao restaurante.
“Jia, eu acho que você está vendo coisas que não existem. Se ele tivesse algum interesse, eu já teria percebido. Nós trabalhamos juntos, somos amigos, e eu valorizo muito isso. Mas te garanto que não há nada além disso. Ele me vê como uma amiga, e é assim que vai continuar.” Do outro lado, Jia continuava mordendo o lábio, claramente desconfortável com a ideia de ser o
“terceiro elemento” naquela noite.
“Tudo bem, se você diz…” — Jia murmurou, ainda não totalmente convencida.
“Vamos lá, Jia, relaxa! Não tem nada para se preocupar. É uma noite para nos divertirmos, só isso. Vou chegar aí em cinco minutos, ok?” — tentou tranquilizá-la, sorrindo sozinha enquanto se aproximava do local.
“Tá bom, vou tentar relaxar. Até já.” desligou o telefone, ainda rindo da ideia absurda de que Eunwoo pudesse sentir algo por ela.
“Caidinho por mim? Onde já se viu…” pensou consigo mesma, balançando a cabeça. Mesmo que fosse verdade, ela sabia que seus sentimentos por Eunwoo eram puramente de amizade, e não imaginava que ele pudesse querer algo mais do que isso.
chegou ao local e logo avistou Jia parada próxima à entrada, olhando em volta como se tentasse manter a calma. Aproximando-se com um sorriso descontraído, ela acenou e chamou:
— Jia!
Jia se virou rapidamente, visivelmente aliviada ao ver .
— Você chegou rápido — comentou Jia, dando um pequeno sorriso. — Eu já estava começando a ficar impaciente.
— Eu disse que estava a caminho — brincou, abraçando a amiga de leve. — Então, mais relaxada agora?
Jia deu um suspiro, ainda um pouco tensa.
— Estou tentando, mas ainda não consigo entender por que eu vim. Parece que eu estou sobrando.
riu e balançou a cabeça.
— Para com isso! Como eu já disse, não tem nada disso. É só uma noite entre amigos, e você faz parte do grupo agora. Além do mais, eu não vou deixar você escapar tão fácil.
Jia riu, finalmente começando a relaxar um pouco.
— Ok, ok. Vou tentar acreditar em você.
— Isso! Agora vamos entrar. Ainda não vi o Eunwoo por aqui, então acho que ele deve estar a caminho também. — puxou Jia em direção à porta, as duas entrando no local.
Enquanto caminhavam para a mesa, Jia ainda olhava ao redor, tentando se sentir mais à vontade. , por outro lado, parecia completamente em casa, sorrindo com confiança e animada para passar um tempo com os amigos.
— Vamos pedir alguma coisa enquanto esperamos por ele? — sugeriu , sentando-se e pegando o cardápio.
Jia concordou, sentando-se ao lado dela e finalmente se permitindo relaxar um pouco mais.
e Jia estavam folheando o cardápio, discutindo sobre as opções de bebidas.
— Eu estava pensando em um vinho branco — sugeriu , correndo os dedos pelas descrições. — Algo mais leve, sabe? Não quero nada muito forte hoje.
— Acho que um coquetel seria bom para mim — respondeu Jia, ainda um pouco indecisa. — Talvez algo com frutas, pra dar uma animada.
assentiu, ainda analisando as opções.
— Eles têm um
mojito incrível aqui. Pode ser uma boa pedida. Vou te acompanhar no coquetel. Que tal?
Jia sorriu, começando a relaxar de verdade.
— Ok, você me convenceu. Vamos de
mojito então!
Antes que pudesse chamar o garçom, a porta do restaurante se abriu e entrou. Ele olhou ao redor, procurando por alguém, até que seus olhos se fixaram em e Jia. Uma leve surpresa se estampou no rosto delas — claramente, as duas não sabiam que ele também fora convidado.
, ao perceber , sentiu o coração dar um leve salto. Ela rapidamente disfarçou, fingindo que não estava nervosa com a presença dele, enquanto Jia olhava de relance, também tentando não transparecer o desconforto.
, mantendo a calma, caminhou até a mesa e deu um leve sorriso para as duas.
— Olá, meninas. — disse ele, acenando. — Parece que a noite ficou mais interessante.
sorriu educadamente, tentando manter o controle.
— , que surpresa! — ela comentou. — Não sabíamos que você viria.
— Eunwoo me convidou de última hora… — respondeu ele, pegando uma cadeira e se juntando a elas. — Espero que não se importem.
— De jeito nenhum… — Jia respondeu rapidamente, lançando um olhar a , que mantinha o sorriso, embora os pensamentos estivessem a mil.
pegou o cardápio novamente, tentando parecer natural.
— Estávamos decidindo o que beber. Quer se juntar a nós? — perguntou ela, tentando manter o tom casual.
pegou o cardápio e sorriu para as duas.
— Por que não? O que vão pedir?
— Mojitos! — respondeu ainda com os olhos no cardápio —
—Mojitos parecem uma boa escolha. Peçam três então.
Jia chamou o garçom e fez o pedido.
— Três mojitos, por favor.
Enquanto o garçom se afastava, voltou sua atenção para , que ainda parecia concentrada no cardápio, mas ele percebia a tensão sutil em seu rosto. Ele resolveu puxar conversa de forma mais leve, tentando aliviar o ambiente.
— A propósito, o vinho que você me recomendou na cantina era excelente — comentou ele, com um sorriso.
desviou os olhos do cardápio para ele, surpresa.
— Não era um presente? — perguntou, antes de perceber que talvez estivesse sendo intrometida. — Ah, desculpa… Não queria ser invasiva.
deu uma leve risada, balançando a cabeça.
— Não, tudo bem. Acabei ficando com ele para mim. A situação… não saiu como o planejado, então decidi que o vinho merecia uma ocasião melhor.
se sentiu um pouco desconfortável, mas sorriu de volta, ainda sem saber exatamente o que ele quis dizer com
“a situação”. Ela resolveu mudar de assunto, aliviada por ele não parecer incomodado com o comentário.
— Fico feliz que tenha gostado, então. É realmente uma das melhores opções que temos.
Jia, que estava ouvindo a conversa, olhou de relance para , percebendo o clima sutil entre os dois, mas decidiu não se intrometer por enquanto, focando-se em observar o ambiente ao redor, até que os mojitos chegassem.
, percebendo que o assunto sobre o vinho havia relaxado um pouco o ambiente, decidiu continuar a conversa.
— Você mencionou que aquele era um dos melhores vinhos que vocês têm na cantina. Fiquei curioso… vocês vendem apenas vinhos ou têm outras bebidas especiais por lá? Me lembro vagamente de ter lido sobre outras bebidas no dia da inauguração… — perguntou, genuinamente interessado.
, agora um pouco mais à vontade, sorriu levemente.
— Nós temos uma seleção bem ampla de bebidas. Além dos vinhos, também vendemos destilados como whisky, rum, tequilas e vodcas importadas. A ideia da Cantina sempre foi oferecer uma experiência mais sofisticada, com bebidas de qualidade. Alguns dos nossos rótulos são exclusivos, e estamos tentando expandir ainda mais as opções.
assentiu, impressionado com a explicação.
— Parece que vocês estão construindo algo realmente especial. E qual seria o
carro-chefe? Os vinhos são os mais populares?
deu uma risadinha.
— Sim, sem dúvida. Temos uma clientela fiel que vem especificamente pelos nossos vinhos, mas estamos começando a ver um aumento nas vendas de destilados, especialmente em eventos. Muitos clientes gostam de fazer festas mais refinadas, e acabam comprando mais variedades.
— Faz sentido… — comentou, interessado. — Vocês oferecem consultoria para ajudar os clientes a escolherem as bebidas?
— Sim, inclusive é algo que eu gosto bastante de fazer. Ajudo a combinar as bebidas com os tipos de eventos e os pratos que serão servidos. É algo que realmente agrega valor.
— Então, quer dizer que, se eu quiser organizar um jantar ou um evento mais especial, eu poderia te pedir ajuda? — ele perguntou com um tom brincalhão, mas havia um toque de sinceridade.
riu.
ficou mais sério por um momento, analisando o rosto de , e então perguntou:
— E por que você decidiu abrir uma filial da Cantina aqui na Coreia? Quero dizer, é um mercado competitivo… deve ter sido uma decisão difícil.
A pergunta pegou de surpresa. Ela sentiu seu coração apertar ao lembrar de . Seus olhos começaram a se encher de lágrimas, mas ela respirou fundo, tentando se controlar. Não queria que visse aquela fraqueza ou soubesse o que estava por trás daquela decisão. Não agora.
Ela desviou o olhar por um momento, mordendo o lábio, antes de responder com uma voz suave, porém carregada de emoção.
— Uma pessoa muito especial me fez conhecer e amar a cultura coreana — disse ela, forçando um pequeno sorriso, mas seus olhos denunciavam a profundidade do sentimento. — E eu quis tentar… Fazer algo novo, desafiador, em um lugar que aprendi a admirar por conta dessa pessoa.
percebeu que havia algo mais profundo ali, algo que ela preferia não discutir. Ele não insistiu, respeitando o espaço dela.
— Isso é admirável, . Dá para ver que você realmente coloca seu coração nas suas decisões — respondeu ele, com um sorriso suave.
Ela apenas assentiu, tentando mudar o foco da conversa para algo menos pessoal.
Logo após a breve troca de palavras, os mojitos finalmente chegaram à mesa. Os copos gelados foram colocados diante deles, com as folhas de hortelã e as fatias de limão dançando no topo da bebida, criando uma visão refrescante.
— Perfeito! — comentou com um sorriso, segurando o copo com as mãos enquanto tentava manter o clima descontraído.
— Vamos brindar? — sugeriu Jia, levantando seu copo e olhando para os dois.
sorriu, pegando o seu copo também.
— Claro, um brinde… ao quê?
olhou ao redor por um momento antes de dizer:
— Ao sucesso da Cantina na Coreia e… a novas amizades?
Eles riram e então todos brindaram, batendo os copos levemente. O som de vidro contra vidro ecoou pelo ambiente enquanto eles tomavam o primeiro gole da bebida refrescante.
Nesse momento, Eunwoo entrou no restaurante, os olhos rapidamente escaneando o lugar até que encontrou o trio reunido. Ele sorriu e caminhou até eles.
— Desculpem a demora! O trânsito estava terrível. — disse Eunwoo, se aproximando com um sorriso.
— Chegou na hora certa — brincou Jia. — Já estávamos brindando.
Eunwoo puxou uma cadeira e se sentou ao lado de , pegando o cardápio enquanto olhava para os outros.
— O que vocês estão bebendo? Parece bom.
—
Mojitos! — respondeu , com um leve sorriso, ainda sentindo um resquício da tensão de momentos atrás, mas tentando relaxar agora que Eunwoo havia chegado.
— Parece ótimo. Acho que vou pedir o mesmo — disse Eunwoo, enquanto o clima entre eles começava a ficar mais leve com a chegada dele.
pegou o celular discretamente quando ele vibrou em cima da mesa, e ao abrir a notificação, viu uma mensagem de Nara. Era uma foto de um sapatinho de bebê, seguido de uma mensagem:
“Marquei o teste de paternidade para daqui a três dias. Te aviso o horário.” Seu corpo imediatamente ficou tenso. Ele prendeu a respiração por um segundo, sentindo o estômago revirar. Os pensamentos começaram a girar em sua cabeça, enquanto ele tentava assimilar a informação. O futuro, que até então parecia tão distante, agora se aproximava rapidamente e o deixava inquieto.
Eunwoo, que estava sentado ao lado dele, percebeu a mudança na expressão do amigo. Sempre observador, notou o desconforto nos ombros tensos e o olhar distante de .
— O que foi? Está tudo bem? — perguntou Eunwoo, preocupado.
hesitou por um momento, mas sabia que podia confiar em Eunwoo. Ele virou o celular para o amigo, mostrando a foto do sapatinho de bebê e a mensagem de Nara.
Eunwoo arregalou os olhos por um momento, claramente surpreso.
— Uau… Isso é… sério? — ele perguntou, olhando de volta para .
— Sim! — respondeu , com a voz baixa. — O teste de paternidade vai ser em três dias. Ela disse que vai me avisar o horário.
Eunwoo coçou a cabeça, sem saber o que dizer de imediato. Era uma situação delicada, e ele sabia que estava lidando com muita coisa ao mesmo tempo.
— E como você está com isso? — perguntou Eunwoo, tentando mostrar apoio.
suspirou, passando a mão pelos cabelos.
— Eu não sei, cara. Não faço ideia. Se for meu filho… quero estar presente. Mas tudo está acontecendo tão rápido…
Enquanto Eunwoo e conversavam em um tom mais baixo, Jia e perceberam a tensão crescente entre os dois. , atenta aos detalhes, notou a expressão perturbada de e como ele parecia desconfortável. Isso a fez sentir um nó no estômago, uma sensação de tensão que se espalhou por todo o seu corpo.
Ela levou o copo de mojito aos lábios, bebendo lentamente, mas seus pensamentos estavam longe. A curiosidade a estava corroendo por dentro, mas ela se culpava por isso.
“Por que estou tão curiosa?”, pensou, recriminando-se internamente
. “Isso não é da minha conta.” Mas a mente continuava divagando.
não podia evitar imaginar o que tinha acontecido para deixar tão preocupado. A tensão entre os dois homens era palpável, e ela sentia que algo importante estava acontecendo ali. Ainda assim, tentou desviar a atenção para a bebida, forçando-se a não perguntar nada, a não se envolver. Mas era difícil, especialmente porque seu interesse por , de uma forma ou de outra, parecia crescer a cada interação.
Jia, ao lado dela, também havia notado o clima estranho, mas não disse nada, preferindo observar em silêncio. , por sua vez, tentava se concentrar na conversa anterior, mas os pensamentos sobre o que estava acontecendo entre e Eunwoo não saíam de sua mente.
Eunwoo, ao perceber o desconforto de , deu um leve toque em seu ombro, tentando aliviar a tensão no ar.
— Ei, , tenta não se preocupar tanto com isso agora — disse, com um tom tranquilizador. — Eu sei que é difícil, mas não há nada que você possa fazer até o teste de paternidade. Tenta viver um dia de cada vez.
olhou para Eunwoo, ainda visivelmente tenso, mas assentiu lentamente.
— Você está certo. Eu só… não sei o que pensar. É uma situação complicada. Mas você tem razão, preciso focar no que está aqui agora, não no que pode acontecer depois — respondeu ele, soltando um suspiro.
— Exato! — continuou Eunwoo, tentando mudar o clima. — Aproveita a noite, estamos aqui para relaxar e conversar. Distraia-se um pouco, vai fazer bem.
sorriu, embora o peso da preocupação ainda estivesse em seus olhos. Ele sabia que o conselho de Eunwoo era válido, mas desligar-se do turbilhão de pensamentos parecia quase impossível.
— Vamos fazer o seguinte, por enquanto a gente só se concentra nos mojitos… — brincou Eunwoo, tentando animar o amigo.
riu suavemente, tentando, ainda que por um momento, afastar as preocupações que o assombravam. Ele sabia que mais tarde precisaria encarar a realidade, mas por enquanto, poderia tentar seguir o conselho de Eunwoo e viver um dia de cada vez.
Os três estavam começando a se soltar um pouco mais, especialmente com a ajuda dos mojitos que estavam fluindo. Entre risadas e conversas descontraídas, percebeu que Jia ainda parecia um pouco mais reservada do que o habitual, talvez por causa da tensão inicial com a presença de Eunwoo e .
Depois de pedirem mais drinks, resolveu quebrar ainda mais o gelo com uma brincadeira.
— Viu só, Jia? — disse com um sorriso malicioso, olhando para a amiga. — O Eunwoo chamou o para vir também. Você não vai ficar jogada nem sobrar hoje, pode relaxar.
Jia, que estava levando o copo aos lábios, quase engasgou com a provocação, arregalando os olhos para .
— ! — ela exclamou, visivelmente envergonhada, enquanto Eunwoo e olhavam curiosos.
— O quê? Estou falando a verdade! — deu de ombros, rindo. — Não tem por que ficar tensa. Estamos todos aqui para aproveitar a noite.
Eunwoo, percebendo a brincadeira, sorriu também, lançando um olhar brincalhão para Jia.
— Não sabia que a minha presença te deixava tão nervosa, Jia. — ele provocou, piscando para ela.
Jia, já completamente corada, balançou a cabeça, tentando se defender.
— Não é isso! Vocês estão me interpretando mal!
, que até então estava mais quieto, se juntou à brincadeira, rindo levemente da interação.
— Parece que a noite está mais animada do que eu esperava. — ele comentou, olhando para Jia, que ainda tentava esconder o embaraço.
apenas observava, satisfeita por ter conseguido aliviar a tensão e fazer a amiga rir, mesmo que de forma nervosa. A noite parecia estar, finalmente, se tornando mais leve.
Conforme a noite avançava e os drinks iam sendo servidos um após o outro, o grupo começou a relaxar cada vez mais. As risadas eram constantes, as conversas fluíam sem pressa, e o clima no bar estava agradável. Entre piadas e histórias, notava que estava ficando mais “
altinha“, sentindo o efeito do álcool começar a deixar suas barreiras mais frouxas.
Ela tentou manter a postura no início, controlando seus olhares para , mas conforme o tempo passava, disfarçar se tornava uma tarefa difícil. Toda vez que seus olhos se encontravam com os dele, ela desviava rapidamente, mas com cada novo drink, essa reação ficava menos sutil. A leve tontura que sentia era uma mistura de álcool e uma atração que ela estava se esforçando para ignorar.
Jia, animada e rindo de algo que Eunwoo havia dito, não percebia o que se passava. , por outro lado, notava os olhares de , mas não dizia nada, mantendo sua expressão leve. Porém, a tensão entre eles se intensificava discretamente, e ele começava a perceber que a conexão entre eles talvez fosse mais forte do que imaginava.
, por sua vez, lutava com os pensamentos confusos e se perguntava se aquilo era apenas o álcool ou se os sentimentos estavam começando a sair do controle.
Eunwoo soltou uma risada alta em resposta a uma piada e, de tão entretido, acabou deitando a cabeça no ombro de . A cena fez Jia e trocarem olhares rápidos e cúmplices. , já um pouco alterada pelos drinks, sentiu uma súbita coragem tomar conta de si.
— Ei, Eunwoo… — começou ela, com um sorriso travesso no rosto —, A Jia aqui acha que você é afim de mim! Vai, diz para ela que não é assim, pra gente acabar logo com essa história!
Jia ficou visivelmente desconcertada, seu rosto corando de leve enquanto tentava esconder o nervosismo.
Eunwoo, percebendo a situação, se endireitou imediatamente, levantando a cabeça do ombro de , com uma expressão de surpresa e riso nervoso.
— Ah, Jia, por favor, não pense assim! — explicou ele, balançando a cabeça — Eu tenho muito carinho pela , mas é só amizade! Ela é minha amiga, pode ficar tranquila. Não tem nada além disso.
Jia soltou uma risadinha tímida, claramente sem saber como reagir àquela situação inesperada, mas aliviada pela explicação. No entanto, antes que o clima pudesse voltar ao normal, decidiu se intrometer, rindo de leve.
— Eu também achei que o Eunwoo estava apaixonado — disse , lançando um olhar divertido para o amigo.
Eunwoo fez uma careta brincalhona e balançou a cabeça, fingindo exasperação.
— Não acredito que até você pensou isso! Vocês estão todos errados!
O grupo caiu na gargalhada, e o clima ficou mais leve, dissipando qualquer desconforto que pudesse ter surgido.
***
Fora do bar, o ar fresco da noite os envolveu, trazendo um alívio agradável após o tempo que passaram bebendo e rindo. Jia olhou para o relógio e depois para os outros.
— Ainda está cedo… Não acham? — sugeriu, com um brilho nos olhos, como se já tivesse algo em mente.
riu, já um pouco mais “soltinha”, como ela mesma diria, e olhou para Jia com curiosidade.
— O que você está pensando? — perguntou, cruzando os braços com um sorriso.
Antes que Jia pudesse responder, Eunwoo se animou e deu um leve tapa nas costas de .
— E se fôssemos para um karaokê? — propôs Eunwoo, empolgado. — A noite ainda está jovem, e cantar parece a maneira perfeita de continuar se divertindo!
Jia bateu palmas, animada com a ideia, enquanto riu ao pensar em como seria hilário ver , tão sério, em um karaokê.
— Um karaokê? Eu topo! — disse Jia, já se imaginando escolhendo músicas.
olhou para , arqueando uma sobrancelha.
— E você, ? Vai mostrar seus talentos musicais? — provocou, sorrindo de maneira brincalhona.
deu de ombros, rindo levemente.
— Não sou muito bom cantando, mas por que não? Pode ser divertido.
Com a ideia aceita, o grupo começou a andar pelas ruas, buscando o karaokê mais próximo, ainda rindo e falando sobre o que cantariam primeiro.
Eunwoo e Jia saíram na frente, rindo e cambaleando levemente enquanto caminhavam pelas ruas. Eunwoo, visivelmente animado pelos drinks que tinham tomado, passou o braço pelos ombros de Jia de forma casual, puxando-a para mais perto. Jia sentiu o cheiro amadeirado de seu perfume e, de repente, seu coração acelerou com a súbita proximidade. Ela tentou disfarçar o nervosismo, rindo com ele, mas não conseguia deixar de pensar em como aquele abraço a afetava.
Enquanto isso, e acabaram ficando um pouco para trás, mantendo um ritmo mais lento. A noite havia esfriado, e começou a sentir o vento gelado em sua pele, o que a fez tremer discretamente. , sempre atento, percebeu o desconforto dela. Sem dizer uma palavra, ele começou a tirar seu sobretudo e, com um gesto suave, colocou-o sobre os ombros de .
— Aqui, vai te aquecer — disse ele, sua voz calma, mas cheia de consideração.
olhou para ele, surpresa com o gesto, e sorriu, sentindo o calor não só do casaco, mas também do cuidado que ele demonstrava.
— Obrigada, ! — respondeu, puxando o casaco um pouco mais para se cobrir.
Eles continuaram andando em silêncio por alguns instantes, uma tensão leve, mas não desconfortável, pairando entre eles, enquanto viam Eunwoo e Jia mais à frente, ainda rindo e se divertindo.
Enquanto caminhavam lado a lado, puxou discretamente o casaco de para mais perto, sentindo o tecido macio e confortável. Instintivamente, levou o nariz até o colarinho e inalou o perfume dele. O cheiro era amadeirado, com notas de cítrico e um toque leve de frescor, bem diferente do que ela estava acostumada quando pensava em . Aquela diferença a surpreendeu, e de repente, sem aviso, ela riu baixinho.
, curioso com a risada repentina, virou-se para ela com um sorriso intrigado.
— O que foi tão engraçado? — perguntou ele, sem esconder a curiosidade.
balançou a cabeça, tentando conter a risada e pensar em uma resposta que fizesse sentido.
— Ah, é só que… — ela hesitou por um momento, percebendo que não podia dizer a verdade sobre o que estava pensando — …eu estava pensando em como o seu casaco é confortável, diferente do que eu esperava.
levantou uma sobrancelha, ainda mais intrigado.
— Diferente do que esperava? — repetiu ele, rindo de leve.
— Sim, algo assim… — respondeu, tentando não revelar o verdadeiro motivo da comparação.
Quando e finalmente chegaram ao karaoke, encontraram Jia e Eunwoo já na entrada, rindo alto e ainda abraçados pelos ombros, como se a leve embriaguez tivesse deixado ambos mais à vontade. Eunwoo parecia contar alguma piada, fazendo Jia gargalhar de forma despreocupada.
— Finalmente vocês chegaram! — brincou Eunwoo, ainda segurando Jia pelos ombros. — Achamos que tinham desistido da nossa incrível noite de karaoke!
— Vocês estavam rápidos demais! — respondeu , ajeitando o casaco que havia colocado sobre seus ombros. — Mas parece que a noite só está começando, né?
sorriu discretamente, sem tirar os olhos de enquanto ela brincava. Ele notou a mudança de humor dela desde que saíram do bar, mais solta e descontraída, e isso o deixou curioso.
— Vamos entrar logo antes que mudem de ideia! — sugeriu Jia, puxando Eunwoo em direção à porta, onde foram recebidos por um atendente do karaoke.
Eles entraram em um espaço acolhedor, iluminado com luzes coloridas e suaves, e foram guiados até uma sala privativa. Assim que se acomodaram, a vibração animada da noite tomou conta, com os microfones sendo distribuídos e as primeiras músicas escolhidas.
, ainda com o casaco de sobre os ombros, sentiu uma onda de excitação, talvez por causa dos drinks, ou talvez pela atmosfera leve e divertida que começava a dominar o ambiente.
Jia e Eunwoo se jogaram animadamente no sofá mais próximo, rindo e pegando o catálogo de músicas. A sintonia entre eles era clara, e logo começaram a debater qual música escolheriam para começar a noite.
, um pouco mais quieta, acabou se acomodando no outro sofá, ao lado de . O espaço era pequeno e os dois ficaram próximos, o que a fez sentir uma leve tensão no ar. Ao olhar para , seus olhos automaticamente começaram a percorrer o rosto dele. Não conseguia evitar a comparação com .
Eram quase idênticos. O mesmo formato de mandíbula, os olhos expressivos e aquele sorriso contido que aparecia de vez em quando. Mas, ao olhar mais de perto, reparou em algo que os diferenciava: uma pequena cicatriz na bochecha de . Ela piscou, um pouco surpresa, como se esse detalhe fosse uma prova de que, apesar da semelhança, era alguém completamente diferente.
Ele percebeu o olhar dela e sorriu levemente, inclinando a cabeça como se perguntasse, sem palavras, o que ela tanto analisava.
— Está tudo bem? — ele perguntou, a voz suave, mas com um toque de curiosidade.
se sobressaltou levemente, sentindo o rosto esquentar por ter sido pega no ato de observá-lo tão de perto.
— Ah, sim… — ela disse rapidamente, desviando o olhar, mas ainda sorrindo. — É só que… você se parece muito com alguém que eu conhecia.
arqueou as sobrancelhas, mas não insistiu. Ele apenas assentiu, como se entendesse que, por enquanto, não era algo que ela gostaria de aprofundar.
Jia e Eunwoo finalmente decidiram por uma música para fazer um dueto, rindo e trocando provocações enquanto ajustavam o microfone. observava de perto, mas sem muita expectativa — afinal, Eunwoo já estava mais animado pelos drinks. Ela imaginava que talvez ele estivesse se divertindo mais pela brincadeira do que pelo canto em si.
Quando a música começou, no entanto, a voz de Eunwoo preencheu o ambiente de uma forma que surpreendeu a todos. Jia, que estava ao lado dele, segurando o microfone para cantar sua parte, quase perdeu o compasso ao ouvir a voz dele, grave e aveludada, harmonizando perfeitamente com a melodia. , que estava ao lado de , também ficou visivelmente impressionada.
Ela trocou um rápido olhar com Jia, e ambas riram de forma surpresa, sem acreditar no talento escondido de Eunwoo.
— Uau… — murmurou, enquanto Eunwoo continuava a cantar com uma habilidade que ninguém esperava. — Eu não fazia ideia de que ele cantava assim!
Jia tentou acompanhar o dueto, mas claramente estava distraída pela voz dele. Ainda assim, eles terminaram a música em perfeita harmonia, com os dois rindo ao final. Quando a canção terminou, Jia deu um leve empurrão de brincadeira em Eunwoo.
— Por que não me contou que cantava tão bem? — ela disse, rindo, claramente impressionada.
Eunwoo deu de ombros, um sorriso tímido surgindo em seus lábios.
— Ah, não é nada demais… só uma diversão.
e Jia trocaram outro olhar, ainda surpresas, enquanto Eunwoo descia do pequeno palco, claramente satisfeito por ter surpreendido a todos.
observava a diversão de Jia e Eunwoo, um sorriso discreto nos lábios. Virando-se para , ele perguntou, com um brilho curioso nos olhos:
— E então, ? Que tal você e eu cantarmos juntos também? Fazer como eles?
, pega de surpresa pela sugestão, hesitou por um momento. A proposta a fez recordar de imediatamente… Eles adoravam cantar juntos, especialmente em momentos mais íntimos. A voz dele, melódica e grave ao mesmo tempo, sempre a deixava fascinada, e ela amava quando ele pegava o violão e começava a cantar para ela, com aquele jeito despreocupado e apaixonado. Um nó formou-se em sua garganta ao relembrar esses momentos.
Antes que pudesse recusar ou até mesmo processar os pensamentos, Jia, animada, empurrou o microfone para as mãos de .
— Vai lá, ! Canta com ele! — disse Jia, empolgada.
— É, não tem como escapar agora — Eunwoo acrescentou rindo, já percorrendo o catálogo para escolher uma música para o dueto entre e .
piscou algumas vezes, tentando afastar as memórias de e focar no presente. O microfone estava agora em suas mãos, e a olhava com uma expressão de expectativa tranquila.
— Eu não sei se… — começou, mas antes que pudesse continuar, Eunwoo já havia escolhido uma música.
— Pronto, essa aqui é perfeita para vocês! — ele disse, entregando o controle para que a música começasse a tocar.
olhou para , meio sem graça, mas ao ver o sorriso dele, resolveu se deixar levar pelo momento. Talvez cantar fosse uma boa maneira de fugir dos pensamentos que insistiam em voltar.
segurou o microfone e, com um olhar suave, deu início à canção. Sua voz ecoou pelo pequeno espaço, firme, mas ao mesmo tempo carregada de emoção, surpreendendo . Ele cantava com uma suavidade que fez o ar ao redor parecer mais denso, preenchendo o ambiente com sua melodia.
, já de pé, fechou os olhos ao ouvir a primeira nota. A voz de parecia invadir seus ouvidos como uma onda suave, mas ao mesmo tempo intensa. O tom era incrivelmente familiar, e de repente, ela foi transportada para momentos passados. Não conseguia afastar as lembranças de – a semelhança entre eles era inquietante, desde os traços no rosto até a voz. Era como se cada palavra cantada por a fizesse reviver aquelas noites em que dedilhava seu violão e a envolvia com sua voz grave e melodiosa, enquanto ela se perdia naquele som que era só deles.
Por um instante, foi como se o tempo tivesse retrocedido, e ela estivesse novamente nos braços de , cantando juntos, rindo e se amando. Seu coração apertou no peito, e mordeu o lábio para conter a emoção que ameaçava transbordar.
A música continuava, e ela abriu os olhos devagar, vendo cantar com concentração e naturalidade. Cada detalhe parecia feito para despertar memórias, mas ao mesmo tempo, sentia algo novo. não era , e isso começava a ficar mais claro — ele era uma pessoa diferente, ainda que compartilhasse traços que despertavam tantas lembranças.
olhou para enquanto cantava, com um sorriso suave no rosto, como se seus olhos dissessem:
“Não vai cantar também?”. Ele a observava com uma expressão encorajadora, esperando que ela se juntasse a ele na música.
percebeu o olhar de , e isso a trouxe de volta à realidade. Ela sentiu o peso daquele momento, a semelhança entre ele e ainda pulsando em sua mente, mas tentou afastar as lembranças e focar no presente. Fechou os olhos novamente, respirando fundo, deixando a melodia a envolver, e então, começou a cantar.
Sua voz, no início hesitante, logo encontrou o tom certo. A harmonia entre as duas vozes encheu a sala de uma maneira única, e se sentiu, pela primeira vez naquela noite, mais leve. Cada palavra que ela cantava a fazia se desprender um pouco mais do passado, como se estivesse, aos poucos, aceitando que a vida a empurrava para um novo caminho.
Ela abriu os olhos brevemente, encontrando o olhar de sobre ela, e viu que ele sorria. Não havia julgamento, apenas incentivo. Isso a fez cantar com mais confiança, deixando a melodia fluir, sem pensar no que havia sido antes, mas no que estava acontecendo ali, naquele momento.
O dueto seguiu, suas vozes se complementando, e por um breve momento, era só a música que importava.
Capítulo 5
Assim que o dueto terminou, sentiu os olhos marejarem pesadamente. As lembranças e a intensidade da música mexeram com ela de uma forma que não conseguia controlar. Tentando disfarçar, ela limpou rapidamente os olhos e murmurou:
— Eu… preciso ir ao banheiro.
Levantou-se antes que alguém pudesse perguntar algo e caminhou rapidamente para fora da sala, sentindo o nó na garganta apertar cada vez mais. Ao chegar no banheiro, se trancou em uma das cabines, permitindo que as lágrimas finalmente caíssem. As memórias de , a semelhança de com ele — tanto na voz quanto na aparência — a haviam atingido com força. Era como se tudo estivesse voltando à tona, e ela se sentia sufocada pelas emoções reprimidas.
Ela encostou a cabeça nas mãos, tentando controlar os soluços, mas foi inútil. A dor de perder ainda estava presente, e o peso das lembranças, misturado à pressão de seguir em frente, era quase insuportável.
— Por que isso está acontecendo comigo? — sussurrou entre as lágrimas, sentindo-se perdida.
Minutos depois, a porta do banheiro se abriu suavemente, e Jia entrou, procurando por . Assim que ouviu os soluços abafados, soube onde a amiga estava. Jia hesitou por um segundo, mas então bateu levemente na porta da cabine onde estava.
— ? Está tudo bem? — Jia perguntou com cuidado, a voz suave e cheia de preocupação.
respirou fundo, tentando se recompor um pouco, mas a dor ainda estava lá, como uma ferida aberta. Lentamente, destrancou a porta e olhou para Jia, os olhos ainda marejados e vermelhos.
respirou fundo, tentando se recompor um pouco, mas a dor ainda estava lá, como uma ferida aberta. Lentamente, destrancou a porta e olhou para Jia, os olhos ainda marejados e vermelhos.
— Desculpa, Jia… Eu só… eu só precisava de um momento. — forçou um sorriso fraco, mas as lágrimas ainda desciam por seu rosto.
Jia se aproximou, sem hesitar, e a puxou para um abraço, apertando-a de forma acolhedora.
— Não precisa se desculpar. Eu estou aqui, tá? Você não precisa passar por isso sozinha.
Enquanto isso, na sala de karaoke, e Eunwoo já estavam começando outra música. Eles cantavam juntos, rindo e se divertindo, sem perceber o que estava acontecendo no banheiro.
Jia continuou abraçando por alguns instantes, sentindo a tensão e a tristeza da amiga. Quando começou a se acalmar, ela se afastou levemente, segurando as mãos dela.
— Vamos, respira fundo. Vai ficar tudo bem. — Jia disse suavemente, oferecendo um lenço para que secasse as lágrimas. — Se precisar sair, a gente vai embora, sem pressão.
respirou fundo algumas vezes, tentando se recompor. Ela pegou o lenço, limpando os olhos e o rosto com cuidado. O sorriso de Jia era acolhedor, e sabia que podia contar com ela. Mesmo assim, ainda sentia o peso das lembranças e a dor de tudo que havia enfrentado.
— Obrigada, Jia… — disse, a voz um pouco fraca, mas cheia de sinceridade. — Acho que consigo voltar. Não quero estragar a noite de vocês.
— Ei, você não está estragando nada. A gente só quer que você fique bem. — Jia deu um sorriso encorajador, colocando o braço ao redor de e a guiando para fora do banheiro.
Elas caminharam de volta para a sala de karaoke, e à medida que se aproximavam, puderam ouvir a música e as risadas de Eunwoo e . Os dois continuavam cantando, já animados e imersos no momento. As vozes deles se misturavam em uma melodia divertida e descontraída, fazendo com que o ambiente parecesse mais leve.
Ao entrar na sala, Jia deu um leve sorriso ao ver os dois tão envolvidos na música. Ela lançou um olhar rápido para , que respirou fundo e tentou relaxar. Elas se sentaram discretamente, observando a cena enquanto e Eunwoo seguiam com a performance animada.
ainda sentia o coração pesado, mas ao ver os amigos se divertindo, ela começou a se sentir um pouco melhor.
Enquanto Eunwoo terminava de cantar e todos batiam palmas, Jia sugeriu que pedissem algo para comer.
— O que acham de pedirmos um pouco de frango frito coreano e soju? — perguntou Jia, animada.
— Ótima ideia! — respondeu Eunwoo, sorrindo. — Eu estava pensando exatamente nisso.
pegou o cardápio e começou a examinar as opções, mas logo sugeriu:
— Acho melhor pedirmos metade sem pimenta, só para garantir. — Ele olhou para com um leve sorriso. — Você é estrangeira, e pode não estar acostumada com a pimenta daqui.
Antes que Jia ou Eunwoo pudessem responder, levantou a mão levemente e interveio:
— Está tudo bem, . — Ela sorriu de canto, erguendo uma sobrancelha. — Eu gosto de comida apimentada. Na verdade, quanto mais apimentada, melhor.
Eunwoo riu e bateu palmas, impressionado.
— Olha só, , corajosa! Você vai se sair bem na Coreia. — brincou ele, enquanto Jia também ria.
assentiu, surpreso, mas apreciou a confiança dela.
— Bom saber. — ele respondeu, com um toque de respeito na voz. — Então, frango apimentado para todos, e soju para acompanhar.
Todos concordaram, e fez o pedido para o garçom, garantindo que a noite continuasse animada. Enquanto esperavam, as conversas fluíram de maneira mais leve, e o clima foi ficando mais descontraído. , ainda que com os pensamentos distantes, se sentia um pouco mais integrada ao grupo.
Após mais uma rodada de drinks e risadas, Jia, já mais à vontade, olhou para e sugeriu:
— , o que acha de cantarmos juntas agora? Vamos escolher uma música de um
girl group coreano!
hesitou por um momento, ainda se sentindo um pouco fora de sua zona de conforto, mas o entusiasmo de Jia era contagiante. Ela assentiu, sorrindo:
— Tudo bem, Jia. Você escolhe a música, e eu te acompanho.
Jia rapidamente navegou pelo catálogo do karaokê e encontrou
“Cheer Up” do
TWICE, uma música icônica e animada. Ao ver a escolha, riu, reconhecendo o refrão que já havia ouvido em algum lugar antes.
— Essa é animada! — comentou , ajustando o microfone.
Quando a introdução começou, Jia assumiu a liderança, começando a cantar com confiança e muita energia. , ainda um pouco cautelosa com a letra em coreano, entrou na música no segundo verso, acompanhando Jia. A sintonia das duas foi surgindo à medida que relaxava e entrava no ritmo da música.
Os dois rapazes, e Eunwoo, observavam sorrindo, impressionados com a tentativa e a energia delas. Jia dançava um pouco, incentivando a se soltar mais, e logo ambas estavam fazendo pequenas coreografias e brincando com as partes mais icônicas da música.
Quando o refrão chegou, Jia liderou o famoso
“Shy shy shy” e , rindo, tentou acompanhá-la, ainda que com um leve sotaque. Isso só fez Jia rir mais e abraçar a amiga brevemente, incentivando-a a se soltar ainda mais.
Ao final da música, todos aplaudiram, e até o garçom que trazia os pedidos de soju e frango frito riu, contagiado pela energia delas. , ofegante e sorridente, sentiu-se um pouco mais parte daquele momento, um pouco mais próxima das pessoas à sua volta.
Enquanto todos riam e aplaudiam o dueto de Jia e , Eunwoo teve uma ideia. Ele pegou o controle do karaokê e se aproximou dos outros, sorrindo animado:
— Pessoal, que tal trocarmos as duplas agora? — sugeriu Eunwoo. — , que tal você cantar comigo desta vez? E Jia, você pode fazer um dueto com o . O que acham?
Jia olhou rapidamente para , que hesitou por um momento, mas acabou sorrindo e assentindo.
— Acho uma boa ideia! — respondeu , tentando parecer mais confiante do que realmente se sentia. A ideia de cantar com Eunwoo, que tinha uma voz tão bonita, a deixava um pouco nervosa, mas ela também queria se desafiar.
— Ótimo! — respondeu Eunwoo, empolgado. Ele começou a procurar uma música no catálogo, enquanto Jia se aproximava de , tentando esconder um pouco a ansiedade de fazer um dueto com ele.
— Vamos fazer um bom dueto, Jia? — perguntou com um sorriso encorajador.
Jia assentiu e se aproximou do microfone ao lado de . Enquanto isso, Eunwoo finalmente escolheu uma canção para ele e , e a música começou a tocar.
respirou fundo, olhando para Eunwoo, e ele sorriu calorosamente para ela, sinalizando que tudo ficaria bem.
Eunwoo escolheu uma música especial para seu dueto com . Ele navegou pelo catálogo e parou em uma que achava apropriada para a ocasião:
Count on Me de Bruno Mars. Ele sabia que falava inglês fluentemente e, mais do que isso, queria transmitir uma mensagem para ela, algo que dissesse que ele estaria por perto, mesmo sem saber exatamente o que a estava afligindo.
Quando a música começou, reconheceu a melodia imediatamente e sorriu para Eunwoo, como se entendesse o gesto. Ele iniciou o dueto com a voz suave e calorosa, cantando:
“If you ever find yourself stuck in the middle of the sea, I’ll sail the world to find you…”
sentiu um calor familiar no peito ao ouvir as palavras e, quando foi a sua vez, ela respondeu à melodia com um tom mais leve, tentando não se emocionar:
“If you ever find yourself lost in the dark and you can’t see, I’ll be the light to guide you…”
À medida que a música avançava, os dois continuaram trocando versos, a atmosfera leve e, ao mesmo tempo, repleta de significado. Eunwoo observava com um olhar encorajador, sorrindo suavemente a cada verso. Era como se, através da música, ele estivesse lhe dizendo que, não importa o que estivesse acontecendo, ele estaria ao seu lado.
Quando chegaram ao final, Eunwoo e cantaram juntos:
“You can count on me like one, two, three, I’ll be there…”
A música terminou com um silêncio momentâneo e, instintivamente, Eunwoo deu um passo à frente e abriu os braços. , sentindo uma onda de gratidão e conforto, não hesitou em retribuir o gesto. Eles se abraçaram de forma sincera, por um breve momento, enquanto os outros aplaudiam animadamente.
Aquele abraço, mesmo sem palavras, foi um pequeno consolo para , que sentiu o apoio e a amizade sincera de Eunwoo naquele instante.
Depois do abraço sincero entre Eunwoo e , Jia se animou e decidiu escolher uma música para cantar com . Ela folheou rapidamente o catálogo de músicas e sorriu ao encontrar uma das suas favoritas:
“Ddu-Du Ddu-Du” do BLACKPINK. Jia sabia que tinha um lado divertido e achou que ele toparia o desafio.
Ela mostrou a escolha para , que deu um risinho de quem estava aceitando o desafio e disse:
— Vocês realmente querem ver o meu lado
idol hoje, hein? Vamos nessa!
Assim que a música começou, Jia começou a cantar a primeira parte, encarando a tela e entrando no ritmo. Quando chegou a vez de , ele começou a cantar também, com confiança, acompanhando a melodia. Aos poucos, ambos começaram a se empolgar e a incorporar alguns dos movimentos icônicos da coreografia do
BLACKPINK.
Enquanto Jia fazia os gestos com os braços, balançando o quadril no ritmo, a acompanhava com uma expressão séria e exagerada, o que arrancava risadas de Eunwoo e , que observavam encantados. Quando chegaram ao refrão, Jia e tentaram imitar os movimentos característicos, com Jia liderando e tentando seguir da melhor forma possível.
Eunwoo gargalhava alto, balançando a cabeça como se não acreditasse no que via, enquanto ria com uma mão na boca, quase sem fôlego. O dueto de Jia e , além de impressionar pela escolha ousada, era pura diversão.
Quando terminaram, ambos estavam ofegantes e sorrindo amplamente, recebendo aplausos e risadas dos outros dois. A energia no karaokê era leve e cheia de uma felicidade que, mesmo por um momento, fazia todos esquecerem suas preocupações.
Os sojus e o frango frito finalmente chegaram, sendo servidos em uma bandeja com vários acompanhamentos e garrafas geladas. Eunwoo logo se posicionou ao lado de Jia, enquanto e tomaram seus lugares no outro lado da mesa.
— Isso parece muito bom! — Jia exclamou, olhando para os pratos coloridos à sua frente.
— Vamos ver se é mesmo tão picante quanto dizem — comentou, pegando um pedaço de frango com o hashi e provando, sem hesitar.
Eles começaram a comer, conversando e rindo sobre as músicas que haviam cantado e as performances desajeitadas de dança. Eunwoo fazia brincadeiras, tornando o ambiente ainda mais descontraído. Enquanto isso, concentrava-se em experimentar o frango, que estava realmente bem apimentado, como ele imaginava.
Em meio à conversa, observava , e percebeu que ele havia se distraído, e parte do molho havia sujado o canto de sua boca. Num impulso instintivo, sem nem perceber o que estava fazendo, ela pegou um guardanapo e se inclinou um pouco em sua direção, limpando gentilmente o canto dos lábios dele.
ficou surpreso, arregalando ligeiramente os olhos. , percebendo o que havia feito, congelou por um segundo, encarando-o. Os dois ficaram assim por um momento, trocando olhares. podia sentir sua respiração levemente acelerada, enquanto parecia procurar algo nos olhos dela, talvez uma explicação para o gesto inesperado.
— E-eu… — começou a falar, hesitante, mas foi interrompida pelo sorriso suave de , que quebrou o silêncio.
— Obrigado… — ele disse, ainda mantendo os olhos fixos nos dela.
desviou o olhar rapidamente, voltando sua atenção para o frango à sua frente, tentando disfarçar o constrangimento. No entanto, o leve sorriso de permanecia, e o clima entre eles ganhou uma nova tensão silenciosa, perceptível apenas para os dois.
Enquanto isso, Eunwoo e Jia continuavam conversando e bebendo, sem notar a troca sutil de gestos e olhares do outro lado da mesa.
Após terminarem de comer, todos se sentiam mais relaxados e satisfeitos. O frango apimentado, acompanhado dos shots de soju, havia aquecido não apenas seus corpos, mas também o clima entre eles. Conversas fluíam, risadas surgiam mais fáceis, e até os pequenos momentos de silêncio não pareciam desconfortáveis.
— Acho que é hora de voltar para as músicas, não? — Eunwoo sugeriu, se levantando e esticando um pouco os braços.
— Mais uma rodada de canções antes de irmos, hein? — acrescentou, terminando seu último gole de soju.
e Jia assentiram, animadas. Eles se dirigiram novamente ao karaokê, cada um escolhendo suas últimas músicas da noite. e Eunwoo, já um pouco mais soltos pela bebida, riam enquanto procuravam algo divertido para cantar. Jia estava um pouco mais tímida, mas seu sorriso revelava o quanto estava se divertindo.
— Vamos escolher algo que todos conheçam agora, certo? — sugeriu.
Eunwoo e Jia escolheram uma música animada, cheia de energia, de um famoso grupo de K-pop. Eles subiram juntos ao palco improvisado, e logo começaram a cantar e dançar, contagiando o ambiente com sua animação. e se sentaram para terminar seus drinks, observando os dois se apresentarem com entusiasmo.
— Eles realmente formam uma boa dupla — comentou, rindo baixo.
— Formam mesmo… — concordou, enquanto observava Jia e Eunwoo rirem e se soltarem no palco.
Os drinks foram sendo finalizados conforme o ritmo das músicas ia aumentando, e a atmosfera leve e despreocupada envolvia o grupo. Quando chegou a vez de e cantarem novamente, eles escolheram uma canção mais lenta, algo que permitisse encerrar a noite com um toque de nostalgia.
A cada nota, a pequena sala do karaokê parecia vibrar com a energia criada entre eles. Mesmo já levemente embriagados, todos pareciam aproveitar ao máximo os últimos momentos da noite, com seus sorrisos e olhares carregados de amizade e uma pitada de algo a mais.
Os quatro estavam sentados, recuperando o fôlego e se recompondo das últimas apresentações no karaokê. Já era tarde, e todos começavam a sentir o cansaço da longa noite de diversão. Eunwoo e se entreolharam, como se tivessem chegado a um acordo silencioso.
— Acho que é hora de encerrarmos, né? — Eunwoo disse, se levantando. — Vamos cuidar da conta, ?
assentiu, e ambos se dirigiram ao caixa para fechar o valor do tempo que passaram na sala de karaokê. e Jia ficaram de pé, esperando os rapazes terminarem o pagamento. Do lado de fora, o vento frio da madrugada soprou, fazendo se encolher levemente dentro do casaco que ainda usava de .
Logo, os dois rapazes saíram, rindo baixo de alguma piada interna.
— Pronto, já está tudo resolvido. — anunciou. — Vamos providenciar os carros agora.
— Como já é tarde, acho melhor acompanharmos vocês até em casa — Eunwoo sugeriu, olhando para Jia e . — É mais seguro assim.
Jia abriu um sorriso tímido e agradeceu, enquanto tentava não demonstrar a surpresa em seu rosto. Estava acostumada a ser independente e, no fundo, não queria parecer frágil. Mas também não conseguia pensar em uma desculpa rápida para recusar a oferta sem soar grosseira.
— Que tal fazermos assim: eu acompanho Jia, e vai com você, ? — Eunwoo continuou, tentando organizar de forma prática.
sentiu uma leve apreensão crescer em seu peito. Estava cansada e um pouco mais solta do que o normal devido às bebidas, o que tornava difícil manter a fachada de indiferença diante da companhia de . No entanto, ela não queria ser ingrata nem parecer desconfortável na frente dos amigos.
— Ah, claro… pode ser… — ela murmurou, forçando um sorriso que não chegava aos olhos.
Eunwoo se encarregou de chamar os carros no aplicativos, e em poucos minutos os eles começaram a chegar. Ele se aproximou de Jia, sorrindo, e a guiou gentilmente em direção ao carro que os levaria. Jia lançou um olhar rápido para , como se dissesse silenciosamente
“boa sorte”. Enquanto observava Eunwoo e Jia se afastarem, respirou fundo. Estava agora sozinha com , que mantinha uma expressão calma e amigável, mas seus olhos carregavam uma curiosidade que parecia sempre atenta.
— O carro para a gente já está vindo também. — comentou casualmente, tentando aliviar o clima de leve tensão que havia se instalado.
apenas assentiu, agradecendo mentalmente por ele não insistir em uma conversa profunda naquele momento. Eles se acomodaram próximos à calçada, esperando o carro de aplicativo chegar.
Enquanto esperavam o carro, se perdeu por um momento em suas próprias lembranças. As risadas, a música, e até a leve embriaguez haviam feito sua mente vagar de volta para os momentos que compartilhara com . A semelhança de com ele não ajudava a afastar esses pensamentos; pelo contrário, fazia-os parecer ainda mais reais, como se estivesse de alguma forma presente ali.
Sem perceber, seus olhos começaram a se encher de lágrimas, e ela piscou rapidamente, tentando afastá-las antes que escorressem. No entanto, , que a observava discretamente, notou seu olhar distante e o brilho em seus olhos.
— Está tudo bem? — ele perguntou, em um tom cuidadoso, sem pressão, apenas preocupado.
se virou um pouco abruptamente, surpresa por ele ter percebido. Ela forçou um sorriso e respirou fundo, lutando para manter o controle sobre suas emoções.
— Sim, está tudo bem… — ela respondeu, a voz ligeiramente trêmula. — Foi só o vento… ele faz meus olhos lacrimejarem um pouco às vezes.
ficou em silêncio por um segundo, observando-a. Ele claramente sabia que aquilo era apenas uma desculpa, mas escolheu não pressioná-la.
— Entendo, — ele respondeu, assentindo lentamente, respeitando o espaço dela. — Esse vento pode ser traiçoeiro mesmo.
Ele deu um meio sorriso, quase reconfortante, e desviou o olhar, dando-lhe um momento para se recompor. se sentiu grata por isso. Precisava apenas de um instante para recuperar sua fachada e manter o que estava sentindo no fundo.
Logo, o carro de aplicativo parou na frente deles. abriu a porta para ela, que entrou rapidamente, ainda tentando não deixar transparecer sua fragilidade. Depois, ele entrou no carro e fechou a porta, e o motorista deu a partida.
No silêncio que se seguiu, olhou pela janela, sentindo a leve vibração do carro na estrada. Mesmo com as emoções à flor da pele, ela soube que ao menos naquele momento, tinha lhe dado o espaço de que precisava.
Durante o caminho até o condomínio de , o silêncio predominou, mas não era desconfortável. Ambos estavam imersos em seus próprios pensamentos, e a música baixa tocando no rádio do carro proporcionava uma atmosfera mais leve, quase reconfortante. se manteve focada na paisagem noturna de Seul, observando as luzes dos prédios e o movimento nas ruas, enquanto tentava reorganizar seus sentimentos e pensamentos.
, por sua vez, respeitou o espaço dela, olhando ocasionalmente na direção dela para garantir que estivesse bem, mas sem insistir em conversar. Ele também parecia perdido em pensamentos, refletindo sobre o que havia visto naquela noite e o que ainda não sabia sobre ela.
À medida que o carro avançava pelas ruas tranquilas, começou a sentir um peso menos intenso em seu peito. A presença silenciosa de , embora evocasse algumas memórias dolorosas, também trazia um estranho senso de segurança. Ela sabia que ele poderia facilmente pressioná-la para falar, mas ele optou por respeitar sua escolha, o que fazia com que ela se sentisse um pouco mais aliviada.
Quando o carro finalmente parou em frente ao condomínio de , ela se virou para ele, oferecendo um pequeno sorriso agradecido. retribuiu o gesto de forma discreta, e ambos desceram do carro.
Quando desceram do carro, uma brisa fria passou, fazendo encolher os ombros instintivamente. , sempre observador, notou o gesto e, antes que ela pudesse disfarçar, comentou:
— Você ainda está com frio — ele disse, olhando-a com preocupação. — Acho melhor você subir para o seu apartamento, . Não se preocupe, eu já peço outro carro e volto para casa logo.
Ela hesitou por um instante, sentindo-se dividida entre a cortesia e a sensação estranha de estar prolongando demais aquele encontro inesperado. Mas o vento frio e o cansaço da noite pesaram na decisão, e acabou assentindo levemente, tentando ignorar a pontada de culpa por estar deixando-o do lado de fora.
— Tudo bem, mas se demorar, me avise — respondeu, tentando sorrir para aliviar o momento.
apenas assentiu com a cabeça, oferecendo um sorriso tranquilizador.
— Pode deixar. Vá descansar. Eu me viro por aqui.
deu um último olhar para ele antes de se virar para entrar no prédio, o casaco de ainda aquecendo seus ombros. Ela sabia que ele estava apenas sendo gentil, mas a preocupação dele a tocava de uma forma inesperada, um contraste tão grande com as lembranças de que, por algum motivo, fez com que ela se sentisse um pouco menos solitária naquela noite.
entrou no elevador, pressionando o botão do seu andar antes de recostar-se contra a parede metálica. A porta se fechou, e o silêncio a envolveu. Conforme o elevador subia, sua mente começou a vagar, relembrando os eventos da noite e as memórias que surgiram a cada nova interação com . Era estranho o quanto ele a fazia se lembrar de , e, ao mesmo tempo, o quanto as pequenas diferenças entre os dois a deixavam desconcertada.
Quase sem perceber, seus dedos tocaram o tecido do casaco que ele havia colocado sobre seus ombros. Ela levou o tecido ao rosto, inspirando o perfume suave e desconhecido que não era o de , mas que era inegavelmente agradável. Por um momento, ela quase sorriu ao perceber como essa pequena descoberta a havia feito rir mais cedo.
Quando o elevador estava prestes a chegar em seu andar, olhou para o casaco novamente e uma sensação de urgência a invadiu. Ela percebeu que havia ficado com o casaco de e, sem pensar muito, apertou o botão para descer de volta ao térreo. Seu coração batia acelerado enquanto o elevador mudava de direção. Ela precisava devolver o casaco antes que ele fosse embora.
Quando as portas do elevador se abriram no térreo, saiu apressada, seu olhar varrendo o saguão na esperança de vê-lo ainda por ali. Mas a rua estava vazia, apenas o vento frio cortava o silêncio, balançando as árvores da calçada. não estava mais lá.
ficou parada por um instante, casaco nas mãos, sentindo-se estranhamente desapontada e culpada por não ter se despedido adequadamente. A noite, que havia começado como um encontro inesperado, terminava com a sensação de que havia algo inacabado. Com um suspiro, ela se preparou para voltar ao elevador, o casaco de ainda nos ombros, como uma lembrança silenciosa da noite que acabara de ter.
***
Três dias depois…
Três dias se passaram desde aquela noite no karaokê, e se sentia ainda mais inquieto. A mensagem de Nara e a foto do sapatinho de bebê pairavam em sua mente, trazendo à tona um turbilhão de dúvidas e medos. Agora, ele estava diante de uma clínica discreta, esperando por Nara e o outro suspeito de paternidade,
Jung Hyeon.
Quando Nara chegou, percebeu que sua barriga, embora ainda pequena, já dava sinais evidentes de gravidez. A tensão no ar era palpável, e a expressão de Nara não deixava dúvidas sobre o quanto ela também estava nervosa com aquele encontro. Ela vestia um casaco leve, mas a curva suave em sua barriga era impossível de ignorar.
tentou desviar os olhos, mas acabou focando naquele detalhe por um momento. Uma sensação de realidade começou a se impor sobre ele; a ideia de que ele poderia ser o pai do bebê era agora uma possibilidade inescapável.
Pouco depois, o terceiro envolvido chegou. Jung Hyeon era um homem na casa dos 30, de aparência séria e olhar direto, mas claramente desconfortável com a situação. Ele fez um leve aceno de cabeça em direção a e Nara, mas não disse uma palavra. O silêncio entre eles era quase opressor.
Dentro da clínica, foram guiados a uma sala onde uma enfermeira preparava os kits para a coleta de material genético. O ambiente era clínico e frio, contrastando com o peso emocional que carregavam consigo.
Enquanto os procedimentos aconteciam, observou Nara. Ela mantinha uma postura tensa, quase rígida, e parecia evitar encarar tanto ele quanto Hyeon. Por mais que quisesse dizer algo, uma parte de sabia que qualquer palavra agora seria inútil. Tudo dependia dos resultados que, em breve, mudariam o rumo das suas vidas de uma forma ou de outra.
O processo foi rápido. Eles recolheram o material genético de cada um, e a enfermeira informou que os resultados ficariam prontos em uma semana. Aquela semana que os separava da verdade parecia esticar-se como uma eternidade.
Quando tudo terminou, Nara olhou rapidamente para , hesitou por um segundo, mas não disse nada. Ela apenas se virou e saiu, Hyeon seguindo logo atrás. ficou ali parado, vendo-os partir, sentindo o peso de algo incontrolável e incerto pairando sobre ele.
Capítulo 6
Seul, começo de dezembro de 2023:
Um mês e meio havia se passado praticamente, e a Cantina estava em plena ascensão. O movimento aumentava a cada semana, os elogios aos pratos e ao ambiente se multiplicavam, e o nome do restaurante começava a ser comentado em revistas gastronômicas locais. A rotina de trabalho era intensa, mas gratificante, e se orgulhava de como o negócio estava crescendo.
Durante esse período, e Eunwoo fizeram uma viagem de quinze dias a negócios, representando a
InnovateTech. Foram reuniões intensas com investidores, apresentações de novos projetos tecnológicos e negociações de parcerias estratégicas em várias cidades. A viagem foi extremamente produtiva, consolidando importantes acordos para o crescimento da empresa, mas também foi cansativa, com agendas lotadas e poucas horas de descanso.
, como CEO, carregava o peso das decisões tomadas, enquanto Eunwoo, sempre ao seu lado, desempenhava brilhantemente o papel de braço direito, garantindo que tudo corresse conforme planejado. Apesar do sucesso alcançado, ambos estavam ansiosos para voltar para casa e recarregar as energias.
Ao chegar em seu apartamento, ele soltou um suspiro aliviado ao finalmente largar as malas na sala. Estava prestes a tomar um banho e relaxar, quando seu celular vibrou com a chegada de uma mensagem.
Era de Nara… A mensagem dizia:
“O resultado do teste de paternidade saiu. Gostaria de conversar com você pessoalmente. Você pode encontrar comigo amanhã?” ficou parado por um momento, lendo e relendo as palavras. Um peso familiar se instalou em seu peito, misturado com a curiosidade e a ansiedade. Ele sabia que aquela conversa poderia mudar tudo, mas respirou fundo e respondeu com um simples:
“Claro. Onde, e que horas?” A resposta de Nara veio quase de imediato, sugerindo um café discreto no dia seguinte. Enquanto se dirigia ao banheiro, sentiu o cansaço da viagem ser sobreposto pela expectativa daquela conversa que vinha sendo adiada por tanto tempo.
Após responder a mensagem de Nara, desbloqueou o celular para conferir as notificações pendentes e percebeu que Eunwoo havia criado um novo grupo no
KakaoTalk. O nome chamou sua atenção imediatamente:
“Natal e Ano Novo 🎄✨“. Franziu o cenho, intrigado, antes de clicar para abrir o chat.
Dentro do grupo estavam Eunwoo, Jia, e ele. A primeira mensagem de Eunwoo era entusiasmada:
“Oi, pessoal! 🎅🎉 Como vocês sabem, Natal e Ano Novo estão chegando, e eu estava pensando… e , vocês não têm família por aqui, então quero muito que vocês passem o Natal com a minha família! Meus pais já adoraram a ideia, e prometo que vai ser incrível! Jia, você está super convidada também, claro. Não aceito desculpas, hein!” sorriu ligeiramente, tocado pela iniciativa do amigo, mas continuou rolando as mensagens. Logo abaixo, Eunwoo havia adicionado outra proposta:
“Ah, e para o Ano Novo, já que meus pais vão viajar e vou ficar sozinho em casa, pensei em fazer uma festa para a gente! Nada muito grande, só nós quatro (ou quem mais quiser vir), mas seria legal começarmos o ano juntos. O que acham? 🎆🍾“ havia respondido com um emoji de riso seguido de:
“Eunwoo, você sempre com esses planos mirabolantes, mas gostei da ideia! Contem comigo.” Jia, por sua vez, reagiu com:
“Natal em família e festa no Ano Novo? Parece perfeito! Estou dentro também. Quem mais vai cozinhar, além da sua mãe no Natal, Eunwoo? 👀“ parou por um instante, refletindo sobre o convite. A lembrança do Natal passado, solitário e distante de qualquer calor humano, a não ser por Nara, que na verdade ficou mais no celular do que com ele, fez o convite parecer ainda mais acolhedor. Eunwoo, como sempre, havia pensado em tudo, tentando incluir todos no espírito festivo.
Decidiu digitar sua resposta, mesmo que ainda estivesse processando a ideia:
“Obrigado pelo convite, Eunwoo. Parece uma boa ideia. Vou organizar minha agenda e confirmo com você, mas agradeço muito por pensar nisso.” Eunwoo, rápido como sempre, respondeu:
“Nada de agenda! É Natal, hyung. Você está mais que confirmado. 🎄“ sorriu novamente, balançando a cabeça.
Eunwoo era sempre assim: incansável, empático e atencioso.
***
No dia seguinte, acordou antes mesmo do despertador tocar, algo que já se tornara quase uma rotina quando estava ansioso. O relógio marcava
6:30 da manhã, mas o sono já não tinha mais espaço em sua mente. A ansiedade o consumia, e o pensamento sobre a conversa com Nara fazia seu peito apertar. Ele sabia que aquele encontro, mais do que qualquer outro, poderia mudar o rumo das coisas, e não conseguia afastar a sensação de que o que quer que acontecesse ali, ele não estava totalmente preparado.
Com passos leves, ele saiu da cama e foi direto à cozinha. Preparou um café preto forte, o cheiro amargo preenchendo o ambiente enquanto ele se organizava mentalmente. As palavras de Nara ainda estavam frescas em sua mente, e ele sabia que ela tinha a intenção de finalmente esclarecer tudo.
Enquanto o café passava, ele pegou algumas anotações sobre o trabalho para deixar organizadas, já que a moça que cuidava da sua casa viria mais tarde. Colocou os papeis sobre a mesa, checando se tudo estava em ordem. Não queria deixar nada ao acaso enquanto se preparava para o encontro, por mais que tivesse a sensação de que sua mente estaria longe do trabalho por um tempo.
Após pegar a caneca de café e beber um gole, ele respirou fundo e foi até o banheiro. A água gelada no rosto ajudou a clarear seus pensamentos, mas a tensão permanecia. Em frente ao espelho, ele se ajeitou com um olhar atento. O reflexo mostrava um homem cansado, mas determinado. E, por mais que tentasse disfarçar, a incerteza ainda estava ali, nos seus olhos.
Ele vestiu uma camisa preta simples, algo sóbrio, mas confortável, e um blazer para manter um toque de formalidade. Não queria que Nara sentisse que ele estava despreparado ou desinteressado. Colocou os sapatos de couro e, antes de sair, deu uma última olhada ao redor. Seu apartamento estava uma bagunça, mas a sensação de que a conversa com Nara seria qualquer coisa menos simples o incomodava.
Ao sair para o carro, ele sentiu o frio da manhã tocar sua pele, mas não o suficiente para desviar sua atenção. Seu pensamento estava voltado para o que encontraria, para as palavras de Nara e o que o destino, em suas mãos, reservaria.
colocou o capacete com um movimento rápido e preciso, ajustando-o até ficar confortável. Ele estava acostumado a sair de moto, e aquele pequeno ritual o ajudava a concentrar sua mente. Antes de dar partida, pegou o celular no bolso e digitou uma mensagem rápida para sua secretária:
“Oi, Yun. Vou chegar um pouco mais tarde hoje. Fique tranquila, tudo está sob controle. Até logo.” Ele enviou a mensagem, guardou o celular novamente e, com uma leve exalação, girou a chave da moto, fazendo o motor roncar suavemente. O som da moto ecoou pelo ambiente, e ele deu partida, sentindo a vibração do motor em suas pernas. A estrada estava ainda tranquila, com poucas pessoas nas ruas, e o vento frio da manhã logo começou a invadir seu rosto, clareando seus pensamentos.
Com a moto deslizando pelas ruas de Seul, foi se aproximando da cafeteria onde havia combinado com Nara. O vento contra seu rosto parecia ajudá-lo a afastar as nuvens de tensão que pairavam em sua mente. Ele sabia que aquele encontro seria importante, talvez um dos mais decisivos de sua vida. Mas, por enquanto, ele apenas se concentrou no caminho, na sensação de liberdade que a moto lhe proporcionava, e no que o aguardava ao chegar.
***
estacionou a moto em frente à cafeteria, desligou o motor e tirou o capacete, sentindo o alívio do ar fresco em seu rosto. Ele observou por um momento a fachada aconchegante do lugar antes de caminhar até a entrada. Assim que entrou, a campainha acima da porta fez um leve som, anunciando sua chegada.
Nara já estava lá, sentada em uma das mesas perto da janela. Ela parecia tranquila, mas não pôde deixar de notar a tensão nos seus ombros e a expressão séria em seu rosto. Ela levantou os olhos para ele assim que ele se aproximou, e ele fez um pequeno aceno com a cabeça.
– Oi, . Obrigada por vir. – Nara disse, com um sorriso um tanto forçado, enquanto gesticulava para que ele se sentasse.
Ele se sentou na cadeira em frente a ela, sentindo o peso da situação pairar entre os dois. O ambiente ao redor estava calmo, com poucas pessoas. O aroma do café fresco preenchia o ar, mas, para , parecia que o mundo ali havia diminuído de tamanho, como se nada mais importasse naquele momento.
– Obrigada por esperar até hoje.. – respondeu, tentando manter a voz firme, mas sentindo a ansiedade crescer em seu peito.
Nara olhou para ele por um momento, e então, sem mais delongas, disse:
– O teste de paternidade… O resultado saiu.
As palavras dela pairaram no ar entre eles, e sentiu seu estômago apertar.
Nara pegou um envelope de dentro de sua bolsa e o estendeu na direção de . Ele olhou para o envelope branco, simples, sem grandes adornos, mas com um peso que parecia muito maior do que qualquer documento poderia carregar. Sua mão hesitou por um segundo antes de pegar o papel, o olhar de Nara fixo sobre ele.
– Esse é o resultado, … – Nara disse com uma expressão grave, como se as palavras que estava prestes a dizer fossem mais pesadas do que qualquer coisa já dita entre eles.
Ele olhou para o envelope nas suas mãos, o coração acelerando, mas demorou um pouco para abrir.
O que ele esperava? O que queria? Ele não sabia. Mas, no fundo, a dúvida ainda persistia, mesmo quando o momento finalmente chegava.
puxou a aba do envelope e retirou o papel cuidadosamente, os olhos percorrendo as palavras na folha. Cada sílaba parecia aumentar a pressão em seu peito. Quando terminou de ler, uma onda de emoção passou por ele.
– Então… é isso? – ele perguntou, a voz baixa, tentando processar a informação.
Nara assentiu, sua expressão suavizando um pouco.
As palavras dela caíram como uma pedra no silêncio entre eles. sentiu uma mistura de surpresa, ansiedade e uma sensação difícil de descrever, tudo ao mesmo tempo. Ele sabia que essa era a resposta, mas agora, com isso sendo confirmado, o peso da responsabilidade se instalava.
Por um momento, ele não disse nada. Apenas manteve os olhos no papel, tentando se convencer de que aquilo não era um sonho, que não estava vendo errado. Ele olhou para Nara, que não parecia nem aliviada nem feliz com a revelação, mas apenas… esperava.
– Eu… não sei o que fazer com isso… – murmurou, mais para si mesmo do que para Nara.
– Eu vou entender se você não quiser assumir esse bebê, se não quiser vínculo nenhum conosco . O Hyeon disse que mesmo o filho não sendo dele, eu terei o apoio dele.
franziu a testa no instante em que ouviu as palavras de Nara. Sua expressão, que antes refletia confusão e incerteza, mudou rapidamente para algo mais firme, decidido. Ele levantou os olhos para ela, o semblante endurecido.
– Esse filho não é dele, Nara, é meu – disse, a voz carregada de convicção. Ele colocou o envelope de lado e continuou: – Pode deixar comigo. Eu não vou abandonar esse bebê. Ele não tem culpa de nada do que aconteceu entre nós.
Nara pareceu surpresa com a intensidade da resposta dele, como se não esperasse tanta determinação vinda de . Ela olhou para ele em silêncio por alguns segundos, tentando interpretar as palavras, a postura. Seus olhos buscaram qualquer sinal de hesitação, mas não encontrou nada.
– Você tem certeza? – perguntou, a voz levemente trêmula. – Porque isso muda tudo, . Não é algo que você pode decidir e voltar atrás depois.
Ele assentiu, cruzando os braços como quem desejava mostrar que estava absolutamente seguro da escolha que acabara de fazer.
– Tenho certeza. Esse bebê é meu tanto quanto seu, e eu não vou me esconder dessa responsabilidade. Seja o que for que aconteça, ele vai ter o meu apoio e a minha presença.
Nara desviou o olhar por um momento, como se precisasse absorver a declaração. Então, respirou fundo, uma expressão indecifrável surgindo em seu rosto.
– Tudo bem. Eu espero que você mantenha essa promessa, . Porque não é só sobre mim ou você. É sobre o bebê. Ele precisa de estabilidade, de segurança.
balançou a cabeça positivamente, sua voz saindo mais suave desta vez, mas não menos firme.
– Eu sei disso, Nara. E é isso que eu vou dar a ele.
Nara suspirou pesadamente, passando a mão pela barriga que já começava a se destacar sob o vestido leve.
— Ainda não consegui organizar tudo. Estou tentando lidar com isso da melhor forma possível, mas é muita coisa para assimilar… — Ela desviou o olhar, visivelmente desconfortável.
inclinou-se um pouco para frente, os cotovelos apoiados sobre a mesa.
— Você já tem um médico? Fez exames recentemente? Sabe como está a saúde do bebê? — Sua voz soava firme, mas carregada de preocupação genuína.
— Não, ainda não. Eu tinha marcado uma consulta, mas acabei adiando… — Nara respondeu, hesitante.
Ele assentiu lentamente, os olhos fixos nos dela.
— Isso precisa ser uma prioridade agora. Se precisar de ajuda para encontrar um bom obstetra ou agendar os exames, pode contar comigo. Não dá para deixar essas coisas para depois, Nara.
Ela pareceu surpresa com a seriedade dele, mas também aliviada.
— Eu não esperava que você fosse se importar tanto, para ser honesta.
respirou fundo, tentando controlar a mistura de sentimentos que o dominava.
— Esse bebê é meu filho, Nara. E eu quero ter certeza de que vocês dois estão bem.
Nara finalmente sorriu, ainda que de forma tímida, enquanto um pequeno nó se desfazia dentro dela.
— Tudo bem, eu aceito a sua ajuda.
— Ótimo. — Ele sorriu de leve, pegando o celular. — Vamos resolver isso juntos.
***
deixou a cafeteria após se despedir de Nara, ainda processando tudo o que havia acabado de acontecer. Ele precisava organizar seus pensamentos, mas sabia que a primeira coisa a fazer era garantir que ela e o bebê recebessem os cuidados necessários.
Ao chegar à InnovateTech, ele caminhou rapidamente até sua sala, cumprimentando brevemente os colegas que encontrava pelo caminho. Sentando-se à sua mesa, chamou Yun pelo interfone.
— Yun, pode vir até aqui, por favor? — Sua voz soava profissional, mas com um toque de urgência.
A secretária não demorou a entrar em sua sala, carregando um tablet para anotações.
— Bom dia, senhor . Precisa de algo?
assentiu, cruzando os braços sobre a mesa.
— Preciso que você pesquise os melhores médicos de obstetrícia da cidade. Quero opções confiáveis, com horários disponíveis antes das festas de fim de ano. Assim que tiver uma lista com os melhores, me passe os horários disponíveis para consultas.
Yun piscou algumas vezes, surpresa com a solicitação incomum, mas manteve a compostura.
— Isso mesmo. — Ele confirmou com firmeza. — Não precisa se preocupar com os detalhes, apenas me entregue a lista até o final do dia.
Yun anotou tudo no tablet e sorriu levemente.
— Entendido. Vou cuidar disso agora mesmo.
Quando ela saiu da sala, respirou fundo e se recostou na cadeira. Ele sabia que a decisão de se envolver ativamente era certa, mas a responsabilidade começava a pesar em seus ombros.
Enquanto ajustava sua mente de volta ao trabalho, sentiu-se grato por ter alguém tão eficiente como Yun ao seu lado, ajudando a dar os primeiros passos em sua nova realidade.
***
O restante do dia de na InnovateTech foi um misto de esforço para se concentrar e lapsos de distração. Ele mergulhou em uma série de reuniões com equipes de desenvolvimento e marketing, analisando relatórios de progresso e discutindo estratégias para o próximo trimestre. Sua postura era sempre séria e objetiva, mas os pensamentos sobre Nara e o bebê o assaltavam em momentos inesperados.
Eunwoo, que acompanhava algumas dessas reuniões como braço direito de , notou a mudança no comportamento do amigo. Embora fosse conhecido por ser metódico e reservado, havia algo diferente naquele dia. Ele estava mais introspectivo, e às vezes sua atenção parecia se desviar mesmo nos momentos mais críticos das discussões.
Durante uma pausa para o café, Eunwoo o observou por alguns segundos antes de arriscar um comentário casual:
— Parece que você não dormiu bem na viagem de volta. Tudo certo?
ergueu os olhos da tela do laptop, onde revisava um relatório.
— Sim, só um pouco cansado — respondeu evasivamente, com um tom que não convidava a mais perguntas.
Eunwoo franziu levemente o cenho, mas decidiu não insistir. Ele conhecia o amigo o suficiente para saber que, se houvesse algo importante, falaria no momento certo.
O restante do dia seguiu nesse ritmo. Apesar de estar fisicamente presente e participativo, era claramente consumido por pensamentos externos. Ele encerrou o expediente agradecendo Yun pela lista de médicos que ela havia organizado com eficiência e se despediu de Eunwoo com um breve aceno, sem estender a conversa como de costume.
Naquele dia, a empresa avançou em suas metas, mas sabia que sua mente estava longe de estar completamente focada no trabalho. O peso das decisões que precisava tomar começava a se acumular, mas ele respirou fundo e se comprometeu a lidar com cada coisa a seu tempo.
***
— Pode me acompanhar até a
Cantina quando sairmos daqui hoje? Quero contratar os serviços da para a nossa festa de fim ano. O que acha?
Eunwoo ergueu uma sobrancelha, surpreso com o pedido inesperado.
—
Festa de fim de ano? Desde quando a InnovateTech faz festas assim? — ele perguntou com um tom descontraído, claramente interessado no rumo que a conversa estava tomando.
— Desde agora — respondeu com simplicidade, olhando adiante. — Acho que seria uma boa maneira de fechar o ano com a equipe. Um ambiente descontraído, algo que mostre nosso apreço pelo trabalho deles.
Eunwoo sorriu, colocando as mãos nos bolsos enquanto continuavam andando.
— E a escolha da Cantina foi por causa da , ou porque realmente gosta do lugar?
lançou um olhar breve e impassível para o amigo, antes de responder:
— As duas coisas. Ela faz um bom trabalho e é alguém que merece apoio.
Eunwoo assentiu, reconhecendo o tom decidido de .
— Tudo bem, eu te acompanho. Mas espero que a gente consiga mais do que só boa comida — Eunwoo brincou, com um sorriso de canto. — Quem sabe um sorriso da para você e um desconto para a empresa?
ignorou a provocação e continuou andando em direção à sua sala.
— Nos encontramos no final do expediente. Não se atrase — ele disse, encerrando a conversa com a mesma objetividade de sempre.
Eunwoo riu baixinho, balançando a cabeça, enquanto seguia para sua própria sala.
***
No final da tarde, Yun bateu à porta do escritório de antes de entrar com uma pasta em mãos. Ele estava debruçado sobre alguns relatórios, mas ergueu o olhar ao vê-la se aproximar.
— Aqui estão os contatos que você pediu, senhor — ela disse, entregando a pasta com um pequeno sorriso. — São os melhores médicos de obstetrícia que consegui encontrar, junto com os horários disponíveis até o final do ano.
pegou a pasta e a abriu rapidamente, dando uma olhada nos papeis.
— Obrigado, Yun. Você foi eficiente, como sempre — ele disse, fechando a pasta e a colocando em uma gaveta de sua mesa.
Yun hesitou por um momento, claramente curiosa, mas sem querer ultrapassar os limites. percebeu o brilho curioso nos olhos dela e soltou um meio sorriso antes de falar:
— Eu vou ser pai, Yun. É por isso que pedi esses contatos.
Os olhos dela se arregalaram levemente, mas ela logo recompôs a expressão.
— Meus parabéns, senhor! Isso é… uma grande novidade.
Ele assentiu, agora com um olhar mais sério.
— Obrigado. Mas, por favor, mantenha isso entre nós, pelo menos por enquanto. Nem o Eunwoo sabe ainda.
Yun fez um gesto afirmativo com a cabeça, respeitosa.
— Claro, senhor. Não comentarei com ninguém.
— Ótimo — ele respondeu, voltando a abrir um dos relatórios na mesa. — Pode voltar ao trabalho.
— Sim, senhor. Se precisar de mais alguma coisa, é só chamar — disse ela antes de sair do escritório, fechando a porta atrás de si.
suspirou, passando a mão pelos cabelos enquanto olhava para a gaveta onde havia guardado os contatos dos médicos.
“É real”, ele pensou consigo mesmo, sentindo o peso daquela responsabilidade crescer ainda mais em seus ombros.
***
Na saída do prédio, encontrou Eunwoo já esperando próximo à porta giratória. O amigo estava encostado em seu carro, mexendo no celular, mas logo levantou a cabeça ao perceber a aproximação de .
— Pronto? — Eunwoo perguntou, guardando o celular no bolso.
— Sim, mas vamos no seu carro — respondeu , ajustando a mochila no ombro. — Estou de moto, e prefiro chegar com você.
Eunwoo arqueou uma sobrancelha, visivelmente surpreso.
— Está certo — ele respondeu, um tanto hesitante.
Por um momento, Eunwoo pareceu prestes a perguntar algo, mas mordeu a língua e apenas destravou o carro, abrindo a porta do motorista. notou o olhar curioso do amigo, mas decidiu não comentar, entrando no veículo pelo lado do passageiro.
Enquanto colocava o cinto, ele observou Eunwoo dar partida no carro em silêncio, algo incomum para o amigo, que normalmente preenchia qualquer espaço com comentários ou piadas.
“Ele sabe que algo está diferente”, pensou , mas preferiu manter o foco na visita à Cantina. O silêncio no carro pairou por mais alguns instantes antes de Eunwoo finalmente ligar o rádio, preenchendo o ambiente com uma melodia suave.
O carro de Eunwoo estacionou suavemente em frente à Cantina , cuja fachada estava bem decorada com luzes que anunciavam o clima natalino. desceu primeiro, seguido de Eunwoo, que ajeitou o blazer antes de empurrar a porta de entrada.
O som animado de uma música ambiente e o aroma de café e doces recém-assados receberam os dois homens. Uma funcionária simpática que estava no balcão de atendimento notou a entrada deles e sorriu.
— Boa tarde! Bem-vindos à Cantina . Como posso ajudá-los?
Eunwoo deu um passo à frente, inclinando levemente a cabeça em cumprimento.
— Boa tarde. Eu gostaria de falar com Jia, se possível. Além disso, precisamos de um serviço específico diretamente com a .
A funcionária piscou algumas vezes, surpresa com a menção direta a ambas as proprietárias, mas manteve a postura profissional.
— Claro, senhor. Por favor, aguardem um instante. Vou avisar a Jia.
Ela saiu apressada em direção à cozinha, deixando os dois sozinhos na área de atendimento.
Eunwoo cruzou os braços e olhou ao redor, observando o espaço acolhedor da Cantina. Ele abriu um pequeno sorriso ao notar os detalhes festivos espalhados pelo local, desde pequenas guirlandas até arranjos discretos de pinhas nas mesas.
permaneceu em silêncio ao lado dele, apenas acompanhando com os olhos os movimentos da funcionária que desaparecia pelo corredor. Ele estava acostumado com a eficiência daquele lugar e sabia que logo seriam atendidos.
Pouco tempo depois, Jia apareceu no salão, segurando um pano de prato na mão. Assim que avistou Eunwoo e , seu rosto se iluminou com um sorriso caloroso, e ela caminhou na direção deles com passos firmes.
— Eunwoo! ! A que devo a honra da visita de vocês dois? — perguntou, cruzando os braços de maneira descontraída, mas claramente surpresa.
Eunwoo foi o primeiro a responder, inclinando levemente a cabeça em cumprimento antes de abrir um sorriso casual.
— Olá, Jia. Na verdade, estamos aqui porque precisamos falar com a . Queremos contratar os serviços dela para uma festa corporativa de fim de ano. Será que ela tem um momento para nos atender?
O sorriso de Jia cresceu, e ela fez um gesto para que eles se sentassem em uma das mesas.
— Ah, entendi. está na cozinha agora, mas posso chamá-la. Tenho certeza de que ela vai adorar saber disso. Fiquem à vontade, eu já volto.
Com isso, Jia deu meia-volta e voltou para a cozinha, deixando os dois sozinhos novamente no salão da Cantina. , que havia ficado em silêncio até então, cruzou os braços e olhou ao redor, claramente mais à vontade no ambiente acolhedor do que minutos atrás.
— Parece que a ideia foi bem recebida, pelo menos — comentou ele, com um leve sorriso no canto dos lábios enquanto aguardavam.
***
Jia entrou na cozinha com passos rápidos, um leve traço de preocupação em seu rosto. , que estava finalizando a montagem de um prato, levantou o olhar imediatamente, franzindo o cenho.
— Desembucha, mulher — disse , já acostumada a ler as expressões da amiga.
Jia parou ao lado dela, soltando um suspiro curto antes de falar.
— e Eunwoo estão aqui e querem falar com você… sobre negócios.
ficou imóvel por um instante, os olhos piscando rapidamente enquanto absorvia a informação. Sua mão foi automaticamente até o avental, limpando a palma suada.
— Negócios… — murmurou, quase como se estivesse processando a palavra. Ela umedeceu os lábios, sentindo uma leve tensão no peito ao pensar em ver depois de quase vinte dias. Era sempre um choque vê-lo, uma mistura de sentimentos que ela ainda não sabia como lidar completamente.
Mas negócios eram negócios, não é? Ela ergueu o queixo, adotando uma postura mais firme.
— Vamos. Vou recebê-los no meu escritório — respondeu, tirando o avental e pendurando-o rapidamente em um gancho próximo.
Jia a observou por um momento, hesitante, mas não disse nada. Apenas seguiu enquanto ela se dirigia para o salão, já com o semblante determinado e profissional que a caracterizava quando tratava de trabalho.
atravessou o salão principal com passos firmes, embora seu coração batesse mais rápido a cada metro que a aproximava deles. Assim que avistou Eunwoo e , parados próximos à entrada, ela ajustou o sorriso no rosto, mantendo a compostura profissional.
Eunwoo abriu os braços ao vê-la.
Ela correspondeu com um abraço rápido, mantendo o tom leve.
— Digo o mesmo, Eunwoo. Bem-vindo de volta.
Ao se afastar, vo ltou os olhos para , que a aguardava em silêncio. Ele estendeu a mão para cumprimentá-la, e o toque firme das mãos fez algo no estômago dela revirar.
— Mudou o cabelo — comentou, quebrando o silêncio antes de qualquer outra formalidade. Sua voz era baixa, mas o tom de surpresa e aprovação era claro.
piscou, um tanto desconcertada pelo comentário inesperado.
— Ah, sim. Resolvi mudar um pouco. Ficou bom? — perguntou, tentando soar despreocupada, mas a curiosidade era evidente.
— Ficou ótimo — ele respondeu de imediato, os olhos fixos nos dela por um momento antes de desviar.
Eunwoo, que observava a interação com um sorriso de canto, resolveu aliviar o clima.
— Eu também notei, mas deixei para o ser o primeiro a comentar. Ele sempre é mais observador, não é? — brincou, arrancando um sorriso breve de .
Ela indicou o caminho com um gesto.
— Por que não vamos para o meu escritório? Assim podemos conversar com mais calma.
— Ótima ideia — Eunwoo respondeu animado, seguindo ao lado dela, enquanto caminhava um pouco atrás, ainda observando os reflexos alaranjados no cabelo dela quando a luz os tocava.
Jia deu um sorriso rápido, como se já soubesse que a conversa seria algo relacionado aos serviços da cantina, e então saiu do escritório para buscar os cafés, deixando e os dois rapazes sozinhos.
se acomodou na cadeira atrás da mesa, observando os dois à sua frente, e aguardou com curiosidade. A atmosfera entre eles era profissional, mas algo mais parecia pairar no ar, uma tensão de negócios misturada com os laços pessoais. Ela fez um gesto para que se sentassem, e se acomodou em uma das cadeiras enquanto Eunwoo, mais relaxado, se jogou na outra.
— Então? — perguntou, sua voz tranquila, mas com um brilho de curiosidade nos olhos. — O que traz vocês aqui?
foi direto ao ponto, mantendo o tom sério.
— Preciso dos seus serviços para a festa de fim de ano da InnovateTech — ele começou, encarando de forma direta. — Me lembro que na noite do karaokê você me disse que ofereciam uma espécie de serviço assim, com os vinhos e tequila da cantina combinados com alguns pratos. Eu tenho interesse.
levantou uma sobrancelha, surpresa, mas ao mesmo tempo satisfeita com a proposta. Ela se recostou na cadeira, refletindo por um momento, e ao ver o olhar de , percebeu que ele não estava brincando. Ele realmente queria que ela organizasse a festa da empresa dele.
— Ah, sim… — ela disse, com um sorriso começando a se formar. — Temos uma variedade de pacotes para festas corporativas. Combinamos a bebida com pratos exclusivos da nossa cozinha, e temos algumas opções de degustação que podem ser interessantes para um evento como o seu. Posso te enviar os detalhes e algumas sugestões por e-mail, mas me diga… o que você está pensando para a festa? Um tema específico? O que mais você gostaria de incluir?
pensou por um momento, então se inclinou ligeiramente para frente, parecendo mais relaxado ao falar sobre isso.
— A ideia é criar uma noite descontraída, mas com uma atmosfera sofisticada. Algo que combine o estilo da InnovateTech com a vibe mais descontraída de fim de ano. Com o seu toque, tenho certeza de que vai ser um sucesso.
sorriu, claramente gostando do desafio.
— Adoro esse tipo de evento, podemos acertar todos os detalhes com calma. Vou te enviar as opções logo, e a partir daí podemos ir ajustando.
Ela fez uma pausa, seus olhos passeando brevemente para Eunwoo, que parecia observando atentamente a conversa. Ela então acrescentou, com um tom mais leve:
— E você, Eunwoo? Vai dar uma mãozinha para organizar tudo, ou está mais para o
“homem de negócios” que só aprova os detalhes mesmo o sendo o dono?
Eunwoo sorriu, cruzando os braços.
— Vou deixar a parte de organização com os especialistas — ele disse, com um sorriso. — Mas, com certeza, vou estar lá para garantir que tudo corra bem.
Jia entrou novamente na sala com os cafés e os entregou a cada um, dando uma olhada rápida na interação entre eles antes de se afastar, deixando-os à vontade para continuar a conversa.
olhou atentamente para , sua mente já começando a processar as possibilidades para o evento. Ela pegou uma caneta e um bloco de notas, pronta para anotar os detalhes enquanto ele falava.
— Em uma semana? — ela perguntou, sua voz baixa, mas firme. — Isso é bem em cima da hora, mas não é impossível. Podemos montar algo, mas precisarei organizar os fornecedores rapidamente. Vou te enviar uma proposta com as opções, e se estiver de acordo, podemos finalizar os detalhes bem rápido.
fez uma leve careta, sentindo o peso do tempo apertando, mas sabia que não poderia esperar mais. Ele estava decidido a fazer tudo acontecer e contava com a experiência de para transformar a festa em algo memorável.
— Eu entendo que é um prazo apertado, mas seria ótimo se conseguíssemos fazer isso. A festa é para comemorar o fim de um ano produtivo, e a InnovateTech realmente precisa de um evento marcante para seus funcionários — ele explicou, com um olhar de seriedade. — Podemos contar com sua expertise, ?
sorriu, o brilho nos olhos voltando a aparecer com a confiança de em sua capacidade.
— Pode deixar, . A Cantina tem a experiência necessária para transformar qualquer evento em algo inesquecível. Vou me organizar e te mando tudo o mais rápido possível. Se tiver alguma solicitação específica, me avise o quanto antes.
Eunwoo, que até então estava mais tranquilo, interrompeu com um sorriso brincalhão.
— Se alguém pode dar conta disso em uma semana, essa pessoa é você, . — Ele fez uma pausa, como se pensando em algo. — Só espero que, no dia da festa, a tequila da cantina não seja a principal atração.
riu, balançando a cabeça.
— Não se preocupe, Eunwoo. Vou garantir que a festa seja equilibrada. Mas quem sabe um pouco de tequila não ajude a animar a galera? — Ela piscou para ele antes de se voltar novamente para . — Podemos agendar uma reunião para revisar os detalhes em breve, e se você tiver alguma dúvida ou precisar de mais alguma coisa, estarei à disposição.
assentiu com um sorriso agradecido.
— Perfeito. Acredito que estamos no caminho certo. Agradeço muito, . Tenho certeza de que será um grande evento. Vamos acertando os detalhes nos próximos dias.
Com isso, a conversa começou a se encerrar. Eles haviam resolvido o que precisavam e estavam prontos para seguir para os próximos passos.
***
Uma semana depois:
A semana passou rapidamente para , que se viu dividido entre a ansiedade e as responsabilidades. Nara fez o primeiro ultrassom, e , apesar de seu ritmo agitado, se fez presente durante o exame, querendo garantir que tudo estava correndo bem com o bebê. O momento, embora carregado de emoções, trouxe-lhe um alívio silencioso, uma confirmação de que a vida que crescia dentro de Nara era real e, de certa forma, parte dele também.
Com a pressão de ser um futuro pai e a constante necessidade de estar ao lado de Nara, acabou delegando a Eunwoo a responsabilidade de cuidar dos preparativos da festa de fim de ano da InnovateTech, algo que ele havia organizado junto a na semana anterior. Embora soubesse que Eunwoo poderia lidar com os detalhes sem problemas, ele não pôde deixar de sentir um pouco de culpa por não poder se dedicar a tudo. Mas a prioridade agora era garantir que Nara e o bebê estivessem bem, e ele estava disposto a fazer o que fosse necessário.
Enquanto trabalhava nas opções para o evento, confiava a Eunwoo a tarefa de coordenar tudo, sabendo que seu amigo estava mais do que capacitado para tomar as rédeas da situação. Eunwoo, embora tivesse notado a preocupação silenciosa de durante os últimos dias, não mencionou nada. Ele sabia que o amigo estava lidando com questões pessoais complicadas, e respeitava sua necessidade de focar na família.
Ao longo da semana, manteve-se em contato com e Eunwoo, apenas para garantir que tudo estava caminhando bem, mas se esforçou para não se envolver excessivamente, deixando Eunwoo tomar as decisões necessárias. A semana passou com um ritmo intenso de reuniões, mas também de novos sentimentos, enquanto tentava se acostumar com a ideia de ser pai e de como isso mudaria sua vida.
***
O dia da festa chegou, e se sentia um misto de ansiedade e expectativa. A InnovateTech estava comemorando os resultados positivos do ano, e o evento corporativo era uma oportunidade para se aproximar de clientes e parceiros, além de celebrar as conquistas da empresa. Ele sabia que a festa seria um sucesso, com a colaboração de e sua equipe. No entanto, havia algo que o deixava inquieto. Ele esperava que fosse aparecer pessoalmente, mas ao invés disso, ela enviou Jia e alguns outros funcionários da cantina para cuidar da parte do
catering e dos serviços de bebidas.
Assim que Jia chegou ao evento, ela percebeu imediatamente a expressão de leve decepção no rosto de . Ele tentava disfarçar, mas não conseguia esconder que esperava ver . Jia, atenta como sempre, percebeu a pequena frustração e se aproximou dele com um sorriso gentil.
— Ela mandou a gente, … — disse Jia, tentando aliviar a tensão. — estava ocupada com outros compromissos, mas ela realmente queria estar aqui.
assentiu, tentando manter a compostura.
— Eu entendo, Jia. Apenas… esperava vê-la.
Jia sorriu de forma compreensiva e deixou para cuidar de outros detalhes do evento. O restante da noite seguiu com o ritmo agitado de uma festa corporativa bem-sucedida. Executivos e funcionários da InnovateTech circulavam pelo salão, trocando ideias e fazendo contatos. Os garçons serviam pratos sofisticados, enquanto a seleção de vinhos e tequila da Cantina impressionava a todos. A decoração estava impecável, com um toque de sofisticação que refletia o espírito da empresa.
A música ambiente era suave, mas suficiente para manter um clima descontraído, e as conversas fluíam naturalmente entre os presentes. , embora tentasse se concentrar no evento e nas conversas de negócios, não conseguia deixar de olhar para a entrada, esperando, em algum momento, que aparecesse. Ele sabia que isso era irracional, mas o sentimento não desapareceu.
Jia estava por toda parte, garantindo que todos os detalhes estivessem sendo cumpridos. Ela interagia com os convidados e se certificava de que tudo estava em ordem. Ela até se aproximou de em alguns momentos para ajustar detalhes, mas sempre sentia uma certa distância no olhar dele.
À medida que a noite avançava, o evento foi se aproximando de seu ápice com a tradicional troca de votos e brindes, quando a equipe de levantou suas taças em um brinde aos próximos anos de inovação e sucesso. Mesmo com a ausência de , a festa foi um sucesso, mas a decepção que sentia era inegável, o que tornava a noite um tanto agridoce para ele.
***
No dia seguinte à festa, se sentia um pouco contrariado pela ausência de , mas, ao mesmo tempo, sabia que ela não havia deixado de apoiar a causa da InnovateTech e estava agradecido pela ajuda da equipe dela. Ele se levantou cedo, após uma noite de descanso necessária, e, enquanto tomava seu café da manhã, teve uma ideia para expressar sua gratidão de maneira mais pessoal.
Ele pegou o telefone e mandou uma mensagem para o florista local, pedindo um buquê elegante de flores frescas para , acompanhado de um cartão simples, mas sincero.
“Bom dia, . Queria agradecer imensamente pela sua ajuda com a festa de ontem. A presença da Cantina realmente fez a diferença, e o evento foi um sucesso, em grande parte, graças a vocês. Espero que possamos trabalhar juntos em muitos outros projetos no futuro. Um grande abraço, .” Com o pedido feito, ele se recostou na cadeira e esperou que as flores chegassem mais tarde no dia, sabendo que, apesar de tudo, seu gesto era um pequeno sinal de reconhecimento pela contribuição dela, mesmo que ela não tivesse comparecido pessoalmente.
Quando as flores chegaram à Cantina , Jia foi a primeira a perceber o pacote, ao ver a entrega do florista com um sorriso no rosto. Ela, curiosa como sempre, não conseguiu resistir e se aproximou para ver quem havia enviado o presente. Quando viu o cartão, não pôde deixar de soltar um suspiro.
— Você não vai acreditar, ! — disse Jia, com uma expressão intrigada. — São flores do . Ele enviou um buquê para você com um bilhete.
, que estava terminando alguns detalhes na cozinha, olhou para a amiga com uma sobrancelha levantada
Jia riu suavemente, olhando a reação de , que não parecia nada preparada para isso.
— Sim. Ele agradeceu pelos serviços na festa e disse que o evento foi um sucesso por causa da Cantina . Parece que ele realmente apreciou.
ficou em silêncio por um momento, o olhar fixo no buquê, sentindo uma mistura de surpresa e algo mais, que não conseguia definir. Jia a observava atentamente, conhecendo bem a amiga e percebendo a mudança sutil no comportamento dela.
— Você não vai abrir? — Jia perguntou, meio provocativa, vendo a hesitação de .
— Eu… Vou sim — respondeu , finalmente se aproximando das flores e retirando o cartão com delicadeza. Ela leu novamente as palavras de , seu coração batendo ligeiramente mais rápido do que o normal.
— Ele é educado… Que nem o . — Comentou , tentando manter a postura profissional. — Mas não precisava disso.
Jia deu uma risada baixa.
— Ele pareceu bem sincero, . Acho que isso conta, não é?
suspirou, observando as flores enquanto as segurava.
— Talvez… Talvez ele só esteja sendo educado. De qualquer forma, é um bom gesto.
— Claro, um bom gesto de um bom homem — disse Jia com um sorriso malicioso, se afastando para dar espaço à amiga. — Mas não se esqueça, . O coração não engana. Você pode ser toda prática e profissional, mas eu sei que tem algo aí.
não respondeu de imediato, mas guardou o buquê em um vaso na mesa. Ela sabia que Jia estava certa. Algo dentro dela, mesmo que pequeno, não conseguia ignorar o gesto de . Ela suspirou, tentando colocar os sentimentos de lado e focar no trabalho.
Ainda assim, enquanto olhava as flores, uma parte dela se perguntava se, talvez, havia mais por trás daquele simples presente do que apenas uma formalidade…
Capítulo 7
Seul, 24 de dezembro de 2023:
chegou à casa de Eunwoo com um sorriso discreto, o vinho da Cantina bem embalado em suas mãos como um gesto de agradecimento pelo convite. Ela sabia que, embora a festa fosse casual, o mínimo que poderia fazer era trazer algo especial, principalmente considerando a situação em que se encontrava com ele e sua família. O ar fresco da noite de dezembro dava um toque ainda mais especial à ocasião, com as luzes de Natal brilhando nas ruas de Seul.
Quando chegou à porta, Eunwoo já a esperava, um sorriso acolhedor no rosto. Ele a cumprimentou com um rápido abraço, antes de suavemente pegar o vinho de suas mãos.
— Obrigado por vir, . — disse Eunwoo, com um brilho genuíno nos olhos. — Vou deixar isso na cozinha, você pode entrar.
Ela acenou com a cabeça e entrou na casa, que estava decorada de forma simples, mas acolhedora. O ambiente tinha uma energia quente, com o cheiro de comida e a música suave ao fundo, criando a atmosfera perfeita para o Natal.
— Este é meu lugar, espero que se sinta à vontade… — Eunwoo disse enquanto a guiava pela casa. — Agora, deixa eu te apresentar à minha família.
Antes que ela pudesse responder, ele a conduziu até a sala de estar, onde vários familiares estavam conversando, rindo e trocando presentes. Alguns tios e tias de Eunwoo estavam ali, e ela foi recebida calorosamente por todos.
Ela sorriu educadamente e se apresentou a todos, sentindo-se um pouco fora de sua zona de conforto, mas grata pela recepção amigável. Cada um dos familiares de Eunwoo parecia genuinamente interessado em ela, e logo começaram a fazer perguntas sobre a cantina, sobre como havia começado na indústria e outras curiosidades.
Após algumas conversas descontraídas, Eunwoo conduziu até a sala onde seus pais estavam. O ambiente era mais tranquilo, e seus pais estavam sentados, conversando enquanto aguardavam a chegada de outros membros da família.
—
Eomma,
appa, esta é , a dona da Cantina . Eu já falei muito sobre ela… — disse Eunwoo, com um sorriso brincalhão.
se aproximou e se curvou levemente em um gesto de respeito.
— É um prazer conhecê-los.
O pai de Eunwoo sorriu com simpatia, levantando-se para apertar sua mão.
— A honra é nossa, . Fico feliz que tenha vindo. Eunwoo falou muito bem de você. Aquele evento de fim de ano na empresa onde ele trabalha foi um sucesso, não é?
— Sim, foi maravilhoso. A comida estava impecável, e o ambiente foi perfeito… — respondeu , sentindo-se mais à vontade à medida que a conversa fluía naturalmente.
A mãe de Eunwoo, com um sorriso afetuoso, observava a conversa atentamente.
— Fico feliz que a festa tenha sido um sucesso. E espero que você aproveite a nossa reunião de família hoje.
sorriu, agradecendo pela recepção calorosa. Ela podia sentir o espírito de Natal no ar, mas havia também uma leve tensão em seu peito. Estar com a família de Eunwoo, especialmente depois de tantas interações com ele, era um lembrete constante da dinâmica entre eles, que ela ainda não conseguia definir completamente.
Enquanto continuava a conversa, não pôde deixar de se perguntar como a noite se desenrolaria, e se ela seria capaz de deixar as coisas fluírem naturalmente ou se algum tipo de sentimento mais profundo surgiria, algo que ela não estava preparada para lidar ainda.
Enquanto a conversa fluía, deu um leve sorriso ao se lembrar de algo. Ela olhou para Eunwoo, que estava mais distraído com a conversa com os pais, e aproveitou um momento de pausa para se aproximar dele.
— Ah, antes que eu me esqueça — ela começou, chamando sua atenção. — Jia me pediu para te passar um recado. Ela disse que vai chegar mais tarde. Vai passar um tempo com a família dela primeiro, mas vai estar aqui assim que possível.
Eunwoo a olhou, um pouco surpreso, mas logo assentiu com um sorriso.
— Ah, que bom. Espero que ela aproveite o tempo com a família. Eu estava até achando que ela ia chegar mais cedo.. — respondeu ele, parecendo mais relaxado agora.
— Sim, ela estava um pouco preocupada em conseguir equilibrar os horários, mas prometeu que não iria demorar. — Explicou .
Eunwoo sorriu agradecido.
— Com certeza ela merece aproveitar também. Obrigado por avisar, .
deu de ombros, como quem dizia que era apenas uma informação simples, mas de alguma forma, ela sentia um peso leve de responsabilidade por manter tudo organizado.
Ela se afastou, voltando ao seu lugar e observando a interação de Eunwoo com os pais. Enquanto isso, sua mente vagou por um momento, pensando no quanto Jia era importante para ela, especialmente naquele dia, com tudo que estava acontecendo. Ela se perguntou como a noite continuaria, se mais novidades surgiriam ou se tudo permaneceria tranquilo.
Mas por enquanto, ela se contentou em estar ali, imersa na celebração com a família de Eunwoo, aguardando a chegada de Jia e vivendo aquele momento de forma simples.
***
Pouco tempo depois, a porta da frente se abriu novamente, e entrou, visivelmente relaxado, mas com um leve sorriso no rosto. Eunwoo, que estava trocando palavras com seus pais, virou-se para a entrada e, ao ver o amigo, não conseguiu segurar uma piada.
— Olha quem apareceu!— disse Eunwoo, com um sorriso travesso. — Eu quase tive que ir até lá te buscar, já estava preocupado, achei que ia precisar te resgatar no meio do caminho!
riu, tirando o casaco e deixando-o sobre uma cadeira próxima.
— Eu não sou tão imprevisível assim, você sabe. Só estava dando uma volta rápida antes de chegar.
Eunwoo deu um sorriso largo e fez um gesto para que se aproximasse.
— Claro, claro. Sempre com os ares de mistério, né? Vai lá, aproveita, os tios e tias estão por aqui, se quiser conversar com a galera.
se aproximou da família de Eunwoo, cumprimentando os tios e tias com um sorriso educado. No entanto, ele não pôde deixar de notar a atmosfera tranquila e descontraída da casa, o que tornava a noite ainda mais agradável.
, por sua vez, observava a interação deles de longe. Havia algo reconfortante em ver Eunwoo e juntos, em um ambiente onde pareciam tão à vontade. Ela sabia que os dois eram amigos há muito tempo, e era interessante perceber como eles se completavam.
Enquanto se integrava à conversa com os outros convidados, ele se sentiu mais à vontade a cada segundo. Mesmo com as preocupações e a situação complicada com Nara, aquela noite parecia um breve respiro.
Enquanto conversava com os tios de Eunwoo, seus olhos se desviaram brevemente, e ele viu em uma conversa descontraída com algumas tias e primos de Eunwoo. Ela estava rindo suavemente de algo que uma das tias acabara de dizer, os cabelos ruivos levemente iluminados pelas luzes suaves da sala. Seu sorriso parecia genuíno, mas não pôde deixar de notar o leve toque de nervosismo em seus gestos, como se estivesse se esforçando para se encaixar na conversa.
Ele a observou por um momento, sentindo um impulso de se aproximar, mas antes que pudesse tomar qualquer atitude, uma das tias de Eunwoo percebeu sua presença e o chamou com um sorriso caloroso.
— Ah, , vem cá, venha se juntar a nós! — disse a tia, com um olhar acolhedor.
Ele hesitou por um instante, mas ao ver a expressão amigável da mulher e sentir o peso de estar ali por Eunwoo, se aproximou. também o viu se aproximar e seus olhos se cruzaram brevemente, antes que ela desviasse a atenção para os outros ao seu redor. A dinâmica entre eles estava estranha, e ele não sabia se era por causa da distância que ela mesmo havia colocado ou pela maneira como as coisas estavam se desenrolando com Nara.
Ele procurou fazer a conversa fluir naturalmente com os familiares de Eunwoo, mas seu olhar sempre se voltava para , que estava visivelmente à vontade com os outros. Ela parecia se encaixar bem, mas havia algo em seu comportamento que não conseguia identificar – uma leve distância, como se ela estivesse segurando algo para si mesma.
O tempo foi passando e a interação deles permaneceu em segundo plano. continuou em sua conversa, rindo de vez em quando e se mostrando confortável com os tios de Eunwoo, mas sem dirigir muita atenção a . Ele, por sua vez, tentou focar nas conversas ao redor, embora sua mente estivesse ocupada com pensamentos sobre a distância que ela havia colocado entre eles.
Quando, finalmente, ficou sozinha, afastada de todos, ela se encostou em uma parede próxima, parecendo observar o ambiente com um olhar mais distante, quase pensativo. percebeu a oportunidade e, sem hesitar, se levantou da mesa onde estava, caminhando até ela.
— Você parece estar em um momento de reflexão… — disse ele, tentando quebrar o silêncio e, ao mesmo tempo, perceber se ela estava realmente disposta a conversar.
Ela o olhou, surpresa por ele ter se aproximado, e um pequeno sorriso apareceu em seu rosto.
Apenas tentando me acostumar com a festa. Não sou muito boa em grandes reuniões familiares… — respondeu ela, ainda um pouco distante, mas com uma suavidade que reconheceu.
A conversa entre os dois parecia uma tentativa de voltar à normalidade, mas ainda havia um fio de tensão não resolvido no ar, algo que não conseguia definir.
levantou uma sobrancelha, curioso.
— Algum trauma familiar então? — ele brincou, tentando aliviar a tensão.
soltou uma risada baixa, a tensão visivelmente se dissipando por um momento.
— Eu sou italiana, …— ela disse, com um sorriso, como se isso fosse a explicação para tudo. — Minha família é o triplo maior do que a do Eunwoo. Você já viu como os italianos são barulhentos?
não pôde deixar de rir com a descrição dela.
— Então, acho que não seria muito fácil para você se acostumar com esse tipo de reunião, hein?
Ela deu uma risada mais tranquila, e agora, parecia mais à vontade.
— Exatamente! Minha família é um caos, mas é um caos cheio de amor. Cada reunião é uma maratona de conversas, risos e… bem, um pouco de drama também… — ela acrescentou, com um brilho nos olhos. — Mas, no final das contas, é sempre caloroso, é sempre unido. Tenho orgulho das minhas raízes.
, surpreso pela sinceridade dela, se interessou genuinamente.
— Eu nunca conheci muitos italianos. Mas sempre ouvi falar sobre a energia contagiante da cultura italiana. Deve ser uma experiência única crescer em meio a tanta… energia, como você diz.
relaxou ainda mais ao perceber que estava ouvindo atentamente, interessado em conhecer mais sobre ela e suas origens. Ela se inclinou um pouco, tomando um fôlego, como se estivesse disposta a se abrir mais.
— Eu cresci em uma pequena cidade no sul da Itália, cheia de tradição e festas. Sempre tem algo acontecendo – ou alguém organizando uma festa, ou preparando um prato de massa para a família. Eu aprendi a cozinhar com a minha avó. Ela me dizia que, para um bom italiano, a comida é mais do que sustância, é afeto.
Os olhos de brilharam com interesse, e ele sorriu.
— Isso deve ser maravilhoso. A maneira como vocês colocam tanto carinho nas pequenas coisas. Eu imagino que a comida, a convivência, tudo isso seja uma maneira de manter a família próxima, apesar das diferenças.
assentiu, feliz com a direção da conversa.
— Sim, exatamente. A comida é o centro de tudo. Não importa o que aconteça, a mesa está sempre cheia, e todos se reúnem para compartilhar algo. A minha avó sempre dizia:
‘Se não podemos sentar à mesa e compartilhar uma refeição, então o que estamos fazendo juntos?’ ficou em silêncio por um momento, absorvendo tudo aquilo. Ele estava genuinamente fascinado pelas histórias e pela maneira como ela falava sobre suas raízes.
— Eu nunca pensei sobre isso dessa forma — ele disse, com uma expressão pensativa. — Na minha família, a comida era algo mais… funcional. Mas você me fez ver como ela pode ser um elo entre as pessoas.
sorriu, claramente se sentindo mais relaxada agora.
— Às vezes, é bom conversar sobre isso. As raízes nos ajudam a entender um pouco mais de quem somos, não é? — Ela deu uma pausa e olhou para ele, como se estivesse analisando algo por um instante. — E você, ? De onde vem a sua história?
hesitou por um momento. Não costumava se abrir facilmente, mas, naquele momento, havia algo acolhedor na maneira como falava sobre sua vida. Algo nele parecia querer compartilhar um pouco também.
— Eu cresci aqui em Seul, mas minha família nunca foi muito unida. Sempre muito focados no trabalho. Isso acabou criando uma certa distância entre nós. Não que eu me importe, mas… isso também moldou quem eu sou.
o observou com um olhar gentil, como se entendesse perfeitamente o que ele estava dizendo.
— Eu entendo. Às vezes, o silêncio e a distância acabam nos moldando mais do que imaginamos.
Ambos se olharam por um momento, o silêncio agora confortável entre eles. A conversa fluiu com facilidade, como se estivessem se conhecendo em um nível mais pessoal, e, por um instante, as tensões do passado pareceram desaparecer, dando lugar a uma conexão inesperada.
ficou em silêncio por um momento, pensando nas palavras que queria dizer. A conversa tinha tomado um rumo inesperado, e ele se sentia confortável o suficiente para compartilhar algo mais pessoal.
— Na verdade, … — ele começou, com uma leve hesitação — Meus pais não estão mais vivos. — Ele observou a reação dela, mas ela apenas manteve os olhos fixos nele, atenta e tranquila. — Eles faleceram há alguns anos. Nunca fomos muito próximos, sempre fomos mais distantes, sabe? Eles eram muito focados no trabalho, sempre em busca de mais conquistas, mais sucesso… e isso acabou criando uma lacuna entre nós.
sentiu uma sensação de empatia ao ouvir as palavras de . Ela podia perceber o peso que ele carregava, mas também a maneira como ele estava tentando lidar com isso, de forma reservada, mas sincera.
sentiu uma sensação de empatia ao ouvir as palavras de . Ela podia perceber o peso que ele carregava, mas também a maneira como ele estava tentando lidar com isso, de forma reservada, mas sincera. Algo em seu olhar indicava que ele estava se esforçando para manter o controle, mas que, por dentro, havia uma luta silenciosa.
Enquanto ouvia, ela não pôde evitar fazer um paralelo com e a relação dele com os pais. e eram tão parecidos fisicamente, como se fossem quase versões do mesmo homem, mas suas histórias eram completamente diferentes. A relação de com seus pais fora sempre cheia de amor, uma conexão inabalável e saudável. Seus pais eram presentes, cuidavam dele, e a perda deles, embora fosse algo distante em sua vida, não tinha o peso que parecia carregar.
Ela se lembrou de como sempre se orgulhava da relação que tinha com os pais, como falava com carinho sobre eles e sempre mencionava o quanto eles o apoiavam, o quanto o amavam. Ele nunca teve que lutar pela aprovação deles, como parecia ser o caso de , cujos pais não estavam mais vivos e com quem ele não tinha o mesmo tipo de vínculo.
se perguntava, naquele instante, como as experiências de vida de cada um os haviam moldado. , com seus pais vivos, sempre tão equilibrado, e , que, mesmo sendo um homem forte e decidido, carregava a dor de uma perda que o afastara do que poderia ter sido um relacionamento mais profundo com sua própria família. Ela se perguntou, mais uma vez, se as circunstâncias da vida realmente ditavam o destino de uma pessoa, ou se, no fundo, era o jeito como cada um lidava com suas feridas que definia quem eles realmente eram…
Ela olhou para , e o pensamento a fez sorrir levemente. Ele e eram idênticos fisicamente, mas tão diferentes em suas experiências de vida e em como se relacionavam com o mundo ao seu redor. Enquanto sempre foi cercado de apoio e amor, parecia estar tentando encontrar um caminho no meio de uma dor não resolvida, que o tornava mais introspectivo, mais solitário.
A lembrança de trouxe uma dor suave a , mas também um alívio, como se finalmente ela entendesse um pouco mais sobre a complexidade das relações e das pessoas. Ela percebeu que, talvez, a dor de fosse apenas uma forma dele também buscar o que sempre teve: um sentido de pertencimento, de ser amado sem condições. E, talvez, a amizade deles fosse a oportunidade para ele começar a curar as feridas do passado.
Ela sorriu suavemente para ele, e, por um momento, os dois se olharam em silêncio. Não era necessário mais nada. O entendimento estava ali, silencioso, entre eles. Eles podiam ser diferentes em tantos aspectos, mas de alguma forma, o olhar de para , assim como a conexão silenciosa entre eles, parecia dizer tudo. Ela compreendia mais do que ele talvez imaginasse, porque ela também carregava suas próprias dores e lutas.
— Eu sinto muito por isso… — ela disse com suavidade, tocando ligeiramente o braço dele, como se quisesse oferecer um pouco de conforto. — Eu sei como é difícil perder alguém, especialmente quando as relações nunca foram como gostaríamos que fossem.
deu um sorriso triste, um pouco forçado, mas agradecido pela gentileza dela.
— Sim, é… estranho, na verdade. Eu sempre imaginei que, algum dia, as coisas ficariam mais fáceis entre nós. Mas o tempo acabou se esgotando. E, quando eles se foram, ficou essa sensação de vazio… uma sensação de que não fizemos o suficiente para estar juntos, para nos conectar de verdade.
observou o rosto dele com atenção, sem pressa de interromper, mas a semelhança com era tanta e aquilo doía, ela preferiu abaixar o olhar para os próprios sapatos.
Ela sabia o quanto essas coisas eram difíceis de compartilhar, e também entendeu que as palavras certas nem sempre eram suficientes para curar essas feridas.
— Eu não sei se é possível consertar o que não foi feito. — continuou — Mas acho que, de alguma forma, isso me moldou. Eu aprendi a viver mais sozinho, a focar no que realmente importa. Acho que por isso prefiro a solidão de vez em quando… é mais fácil para mim.
ficou em silêncio, ponderando suas palavras antes de falar.
— Às vezes, a solidão nos ensina muitas coisas, mas também pode nos afastar de quem realmente somos. O importante é aprender a encontrar equilíbrio, não é?
Ele concordou, sentindo que ela estava certa.
— Sim, encontrar o equilíbrio… — Ele fez uma pausa, sorrindo levemente. — Talvez eu precise de mais disso.
Ela sorriu de volta, e por um momento, a conexão entre eles parecia ter se aprofundado. percebeu que, mesmo com a dor do passado, havia algo de reconfortante em ter alguém que o ouvisse sem julgamentos, alguém que entendesse o peso das palavras não ditas.
— Obrigado por ouvir — ele disse, sua voz suave. — Às vezes, só precisamos falar para entender melhor o que estamos sentindo.
acenou com a cabeça, um sorriso compreensivo no rosto.
— Estou feliz que você tenha se aberto comigo. Não é fácil, mas talvez seja o primeiro passo para encontrar o que você precisa.
A conversa então se acalmou, ambos sentindo que aquele momento compartilhado havia sido importante, uma pequena válvula de escape para as tensões que carregavam dentro de si. A noite continuava, e, mesmo com os olhares e as interações ao redor, algo entre eles parecia ter mudado, de forma sutil, mas marcante.
***
Eunwoo se aproximou dos dois com um sorriso descontraído, interrompendo a conversa em um momento que parecia natural.
— Desculpem interromper, mas achei que era um bom momento para avisar — ele disse, com um tom leve e amistoso. — Alguns aperitivos estão começando a ser servidos agora, mas, como já devem ter percebido, minha família gosta de seguir tradições. A ceia mesmo só será servida à meia-noite.
sorriu ao ouvir isso, sentindo-se grata pela interrupção que suavizou o clima intenso da conversa anterior.
— Isso é uma tradição da sua família? — ela perguntou, inclinando ligeiramente a cabeça, interessada.
— Sim, é algo que seguimos desde que me lembro. — Eunwoo deu de ombros, ainda sorrindo. — Meus pais dizem que a ceia à meia-noite traz sorte para o novo ano. E, claro, eles adoram estender a noite o máximo possível, conversando e celebrando.
balançou a cabeça, um leve sorriso surgindo em seus lábios.
— Faz sentido. Vocês sabem como criar um clima acolhedor.
Eunwoo riu, lançando um olhar para .
— E você, está acostumada com algo parecido? Ou os italianos têm outras tradições diferentes?
— Bem, na Itália, as celebrações de Natal geralmente envolvem uma grande refeição no dia 24 e outra no almoço do dia 25. E dependendo da região, podem ter pratos muito específicos. Mas acho que a ideia de prolongar a noite é algo que se encaixaria perfeitamente no estilo italiano — ela respondeu com um sorriso divertido.
Eunwoo fez um gesto para os dois.
— Então aproveitem os aperitivos enquanto podem. Ainda temos algumas horas antes da ceia, mas tenho certeza de que minha mãe vai insistir para que todo mundo prove um pouco de tudo. — Ele piscou para e olhou para . — E, claro, se precisarem de algo, me avisem.
Com isso, ele se afastou, deixando e novamente sozinhos. olhou para ele por um momento, então sorriu levemente, quebrando o silêncio.
— Parece que temos tempo para mais uma conversa antes de sermos arrastados para provar todos os pratos.
riu, relaxando um pouco mais.
— Isso parece bom. Desde que não sejam doces demais.
Ela levantou uma sobrancelha, fingindo surpresa.
— Você não gosta de doces?
Ele deu de ombros, um sorriso brincando em seus lábios.
— Não é que eu não goste. Só prefiro sabores mais equilibrados.
riu suavemente.
— Acho que Eunwoo deve ter algo assim por aqui. Afinal, ele parece preparado para agradar todos os gostos.
Ela passeou os olhos pela sala olhando brevemente para a mesa onde alguns aperitivos começavam a ser colocados. Ela cruzou os braços, um sorriso ainda brincando em seus lábios.
— Eunwoo realmente parece ser o tipo de pessoa que pensa em tudo. Acho que é por isso que ele consegue manter uma ceia tão organizada mesmo com tantos convidados.
acompanhou o olhar dela, observando o ambiente movimentado. O barulho de risadas e conversas se misturava ao som suave da música de fundo. Havia uma energia calorosa e familiar no ar, algo que ele não estava totalmente acostumado, mas que não parecia tão ruim.
— Ele é impressionante mesmo — disse , sua voz suave. — Sempre consegue deixar as pessoas à vontade.
assentiu, desviando o olhar para ele.
— E você, ? Está se sentindo à vontade? — perguntou, genuinamente interessada.
Ele olhou para ela, surpreso com a pergunta direta. Após um breve momento, deu um leve sorriso.
— Acho que sim. É um pouco diferente do que estou acostumado, mas… tem algo reconfortante em estar aqui. — Ele fez uma pausa antes de completar: — Você e Eunwoo fazem parecer fácil se misturar.
— Isso é bom de ouvir. — sorriu, ajustando a postura. — Acho que é um pouco disso que o Natal deve trazer, não é? Um sentimento de pertencimento, mesmo que temporário.
a encarou por um instante, como se ponderasse sobre o que ela havia dito.
— Você tem razão. Talvez eu esteja redescobrindo isso agora.
Ela deu um sorriso leve, mas logo desviou o olhar novamente para a mesa de aperitivos, quebrando a intensidade do momento.
— Bem, por que não aproveitamos para explorar o que o anfitrião preparou? — sugeriu ela, apontando para a mesa.
seguiu o gesto dela com os olhos, rindo suavemente.
— Boa ideia. Vamos ver se Eunwoo consegue me conquistar com algo que não seja doce.
Os dois caminharam até a mesa, onde uma variedade de pratos chamava a atenção. Enquanto provavam os aperitivos e faziam pequenos comentários, a conversa continuou em um tom leve e descontraído. Por um breve momento, o peso das lembranças e das questões não ditas parecia ter se dissipado, deixando espaço apenas para a companhia um do outro e o ambiente acolhedor que os cercava.
***
Após explorarem os aperitivos, , e Eunwoo continuaram interagindo com os outros convidados, mas frequentemente voltavam a se encontrar no mesmo canto da sala, formando uma espécie de trio natural. Entre risadas e comentários, Eunwoo compartilhava histórias engraçadas de infância envolvendo algumas das pessoas presentes, arrancando sorrisos de e até mesmo de , que começava a se sentir mais à vontade no ambiente.
, em um momento, sugeriu que os três fizessem um brinde improvisado com as taças de vinho. A conversa fluiu de maneira leve, abordando tópicos como viagens, tradições natalinas e algumas memórias engraçadas de Eunwoo e , revelando mais facetas da amizade entre eles.
, por sua vez, começou a se soltar mais. Ele fez algumas observações irônicas, mas bem-humoradas, que arrancaram gargalhadas de . Eunwoo, sempre o anfitrião impecável, circulava para garantir que tudo estava em ordem, mas voltava constantemente para se juntar aos dois.
Quando a campainha tocou, Eunwoo foi até a porta com entusiasmo, abrindo-a para encontrar Jia, carregando uma sobremesa caseira em uma embalagem bem decorada.
— Finalmente! Achei que tivesse desistido de nós! — brincou Eunwoo, dando um abraço amigável nela.
— Imagina! Só precisei de um tempo com minha família antes de vir. — Jia entregou a sobremesa para ele e olhou ao redor da casa. — Está tudo lindo, Eunwoo. Nem parece que você fez tudo isso sozinho.
— Vou fingir que isso foi um elogio — respondeu ele, com uma piscadela. — Venha, vou te apresentar a algumas pessoas.
Enquanto Jia entrava, notou a movimentação e deu um pequeno sorriso, acenando discretamente para a amiga. observou a chegada de Jia com um aceno de cabeça, mantendo a postura tranquila. Jia logo se juntou a eles, trazendo ainda mais energia para o grupo.
Os quatro, agora juntos, continuaram a aproveitar a noite, trocando histórias e aproveitando o clima festivo enquanto aguardavam a ceia que seria servida à meia-noite.
***
Com o passar das horas, a casa de Eunwoo ganhou um ar de expectativa. As conversas diminuíram levemente conforme o relógio se aproximava da meia-noite, e um burburinho de animação tomou conta dos convidados. Eunwoo, sempre atento, certificou-se de que tudo estava pronto para a ceia.
Quando o ponteiro finalmente atingiu o número doze, Eunwoo se levantou, batendo as mãos levemente para chamar a atenção.
— Feliz Natal, pessoal! — ele anunciou com um sorriso largo. — Vamos para a mesa? A ceia está servida!
Os convidados o acompanharam com entusiasmo até a longa mesa decorada com tons natalinos. Velas brilhavam suavemente, refletindo nos talheres impecavelmente dispostos. Pratos tradicionais e internacionais estavam cuidadosamente espalhados: um peru dourado no centro, acompanhamentos de batatas gratinadas, saladas variadas, e uma massa ao molho especial que não pôde deixar de admirar.
Eunwoo, sempre o anfitrião ideal, fez questão de agradecer a presença de todos antes de começarem.
— Este ano foi cheio de altos e baixos, mas é incrível poder terminar cercado por pessoas que considero minha família. — Ele ergueu sua taça de vinho, seguido pelos demais. — Feliz Natal!
— Feliz Natal! — ecoaram todos em uníssono, brindando.
Os pratos foram servidos, e o ambiente se encheu de risadas e conversas. , sentada ao lado de Jia, saboreava cada mordida, trocando comentários sobre a comida com a amiga. estava do outro lado da mesa, mas os olhares entre ele e ainda se cruzavam discretamente, criando uma tensão sutil, mas inegável.
Jia, percebendo o clima, fez questão de envolver em conversas animadas sobre o trabalho e outros tópicos triviais, ajudando a aliviar qualquer desconforto. Eunwoo, sempre circulando, garantiu que todos estivessem se servindo bem e aproveitando a noite.
Com os pratos principais servidos, os doces foram levados à mesa. Jia exibiu sua sobremesa caseira, que foi amplamente elogiada. não perdeu a oportunidade de brincar:
— Se eu soubesse que você cozinhava tão bem, teria recrutado você para a Cantina há muito tempo.
— Olha só quem fala — respondeu Jia, rindo. — Se não fosse sua cantina, nem teríamos vinho para essa noite!
O ambiente permaneceu acolhedor e festivo, e, enquanto a noite avançava, os convidados foram se espalhando pela sala, relaxando após a refeição farta. Para e , a ceia foi mais uma oportunidade de observar e sentir a presença um do outro, ainda que em silêncio, enquanto Jia e Eunwoo ajudavam a criar um clima leve e descontraído.
***
Depois das sobremesas, a festa começou a diminuir de ritmo. Alguns dos convidados já estavam sonolentos, e outros aproveitaram para se despedir. Eunwoo acompanhava todos até a porta com um sorriso caloroso, agradecendo por terem vindo.
e Jia ajudaram a recolher alguns pratos enquanto Eunwoo cuidava dos últimos convidados. Quando terminaram, as duas decidiram que já era hora de ir.
— Foi uma noite maravilhosa, mas acho que já estou no meu limite — comentou Jia, ajeitando o casaco.
— Concordo. — sorriu, pegando sua bolsa. — Vamos compartilhar um carro?
Jia assentiu, e ambas foram até a porta, onde Eunwoo ainda estava se despedindo de uma das tias. Ele as viu e abriu um sorriso.
— Vocês já estão indo?
— Sim, a noite foi incrível, Eunwoo. Obrigada por nos receber tão bem. — entregou um abraço breve, mas sincero.
— Você realmente sabe como organizar uma festa! — completou Jia, dando um tapinha no ombro dele.
— Que bom que vocês gostaram. E obrigado por terem vindo. Foi ótimo tê-las aqui. — Eunwoo disse com um sorriso caloroso.
— Nós que agradecemos, Eunwoo. Foi uma noite maravilhosa. — abriu os braços para um abraço breve, mas sincero.
— Realmente, você se superou. — Jia deu um tapinha amigável no ombro dele antes de se virar para , que estava próximo à porta. — E você, , foi uma ótima companhia. Boa noite!
assentiu com um sorriso discreto.
— Boa noite, Jia. Espero vê-la de novo em breve.
se aproximou de , hesitando por um momento antes de oferecer a mão para um aperto.
— Foi bom conversar com você hoje. Obrigada pela companhia.
Ele segurou a mão dela por um instante, o olhar sério mas cordial.
— O prazer foi meu. Tenham uma boa noite.
Com as despedidas feitas, elas saíram para esperar o carro, que chegou poucos minutos depois. Eunwoo e permaneceram na porta, acenando enquanto o veículo partia.
Jia se acomodou, soltando um suspiro enquanto olhava pela janela.
— Foi uma noite cheia de surpresas. Acho que Eunwoo realmente sabe como criar um ambiente acolhedor.
— Ele é muito bom nisso — concordou , olhando para fora com um sorriso leve.
Jia lançou um olhar curioso para ela.
— E quanto ao ? Alguma surpresa aí?
riu suavemente, sem encará-la diretamente.
— Ele é interessante, mas não sei. Ainda estou processando algumas coisas.
Jia não insistiu, mas a expressão em seu rosto deixava claro que ela estava intrigada.
O carro parou no prédio de Jia, e ela se despediu com um aceno.
— Boa noite, Jia.
O carro retomou o trajeto até o endereço de , e ela finalmente permitiu que o silêncio tomasse conta do ambiente, refletindo sobre a noite enquanto as luzes da cidade passavam pela janela. Ao chegar em casa, sabia que teria muito a pensar.
Capítulo 8
Seul, 31 de dezembro de 2023:
A última semana de dezembro parecia ter passado em um piscar de olhos, com a
Cantina em pleno vapor para atender à demanda da véspera de Ano-Novo. e Jia estavam constantemente ocupadas, coordenando entregas, organizando reservas e garantindo que tudo estivesse impecável para os clientes. Apesar da correria, ambas encontraram momentos para rir e compartilhar pequenas pausas no escritório, o que trouxe certa leveza à agitação dos dias.
Na
InnovateTech, Eunwoo e também tinham suas mãos cheias. O encerramento do ano fiscal exigia atenção aos detalhes, reuniões com acionistas e planejamentos estratégicos para o ano seguinte. Eunwoo estava mais envolvido do que nunca, e sua energia parecia contagiar todos ao seu redor. , por outro lado, mantinha sua habitual postura reservada, mas eficiente, sendo um apoio indispensável para o amigo.
Entre as responsabilidades profissionais, encontrou tempo para um momento importante e íntimo: acompanhar Nara em um mais um exame de ultrassom. Os dois haviam agendado o exame durante a semana para descobrir o
sexo do bebê. A tensão e a expectativa no ar eram palpáveis, afinal de contas aquele era um passo significativo para ambos.
***
foi o primeiro a chegar à casa de Eunwoo naquela noite, carregando uma garrafa de champanhe em uma das mãos, um gesto simples, mas que demonstrava sua consideração pelo anfitrião. Ele estacionou o carro na rua tranquila e iluminada pelas luzes natalinas que ainda decoravam algumas casas e subiu os degraus da entrada.
Eunwoo abriu a porta antes mesmo que pudesse tocar a campainha, como se estivesse o esperando.
— Você não costuma ser pontual… — Eunwoo comentou com um sorriso, afastando-se para que ele pudesse entrar. — Achei que fosse esperar até os últimos minutos para chegar, como sempre.
devolveu o sorriso de leve, estendendo a garrafa.
— Achei que seria bom mudar um pouco. Além disso, queria evitar as perguntas constrangedoras que sempre surgem quando se chega atrasado.
Eunwoo riu, aceitando o champanhe.
— Pode apostar que elas viriam mesmo. Bem, entre. Ainda estou terminando de arrumar algumas coisas, mas a maior parte está pronta.
entrou, observando a decoração simples, mas elegante, que refletia a personalidade de Eunwoo. As luzes suaves e os toques festivos criavam uma atmosfera acolhedora. Ele tirou o casaco e o pendurou em um dos cabides próximos à entrada.
— Está bem organizado — comentou.
— Obrigado. Mas espero que a comida seja o destaque da noite. Se não for, vou culpar minha mãe, já que segui as receitas dela à risca — Eunwoo respondeu, piscando.
— Alguma ajuda necessária? — perguntou, acomodando-se próximo à mesa.
— Não, está tudo sob controle. Mas fique à vontade. Pegue algo para beber, a cozinha está cheia de opções.
assentiu, relaxando aos poucos enquanto se permitia observar os preparativos e ouvir os pequenos ruídos do ambiente, esperando pelos outros convidados que certamente preencheriam o espaço com conversas e risadas em breve.
***
encostou-se na bancada próxima à cozinha, sacando o telefone do bolso. A tela iluminou-se com uma nova mensagem de Nara. Ele abriu, revelando uma foto dela segurando uma pequena pilha de presentes, todos cuidadosamente embrulhados, a mensagem dizia apenas:
“Recebi isso da família de Hyeon hoje. Eles estão sendo tão gentis… Achei que você gostaria de ver.” Ele permaneceu olhando para a imagem por alguns instantes, os dedos pairando sobre a tela como se quisesse responder, mas não soubesse exatamente o que dizer. Era um momento cheio de contrastes — a gentileza da família de Hyeon, a situação complicada entre ele e Nara, e o peso de suas próprias escolhas pairavam em sua mente.
Do outro lado da sala, Eunwoo, que acabava de passar por ali com uma bandeja de taças de vidro, notou a expressão contemplativa de . Ele não disse nada, apenas observou de relance enquanto o amigo bloqueava a tela do celular e a guardava no bolso novamente.
— Vinho ou algo mais forte? — Eunwoo perguntou, quebrando o silêncio com um sorriso casual enquanto colocava a bandeja sobre a mesa.
ergueu o olhar, notando o gesto sutil de Eunwoo ao estender uma taça de vinho. Ele aceitou, balançando a cabeça levemente em sinal de agradecimento.
— Vinho está bom.
— Certo. — Eunwoo serviu o vinho com precisão e, ao terminar, deu uma batidinha amigável no ombro de antes de pegar outra taça para si. — Se precisar de algo, sabe onde me encontrar.
Ele piscou para o amigo e, em seguida, dirigiu-se até a porta para receber os próximos convidados, deixando com seus pensamentos.
deu um pequeno gole na bebida, sentindo o calor suave que se espalhava por seu corpo. Ele sabia que Eunwoo tinha notado algo, mas também sabia que o amigo nunca o pressionaria. Era um dos traços que ele mais apreciava em Eunwoo — o equilíbrio entre curiosidade e respeito pelo espaço alheio.
Aos poucos, vozes e risadas começaram a preencher o ambiente enquanto mais pessoas chegavam, criando a atmosfera animada que Eunwoo tanto se esforçara para construir naquela noite especial.
***
Poucos minutos depois, a campainha tocou novamente, e Eunwoo foi até a porta com a habitual energia contagiante. Ele a abriu para revelar Jia e , ambas impecavelmente vestidas para a ocasião. Jia trazia consigo uma garrafa de vinho, enquanto equilibrava uma bandeja com algo que parecia ser sobremesas caseiras.
— Olha só quem chegou! — Eunwoo exclamou, abrindo os braços como se fosse abraçá-las ali mesmo. — Estão maravilhosas, como sempre.
— Nós sabemos. — Jia brincou, entregando a garrafa para ele. — Mas obrigado por dizer.
— E isso? — Eunwoo perguntou, apontando para a bandeja de . — Posso roubar um pedaço antes de todo mundo?
— Nem pensar — respondeu, rindo. — São tortinhas de limão. Elas são para depois do jantar, então controle-se.
Os três riram, e Eunwoo fez questão de pegar a bandeja das mãos dela para facilitar.
— Vocês chegaram no momento certo. Vão lá, peguem uma bebida e relaxem. A festa está só começando.
As duas caminharam em direção ao centro da sala, onde estava. Ao vê-las, ele sentiu sua postura relaxar um pouco. Jia foi a primeira a cumprimentá-lo, com um sorriso caloroso.
— ! — Ela o chamou, pegando uma taça de vinho na mesa. — Já se adaptando ao caos que é uma festa do Eunwoo?
— Tentando. — Ele sorriu de lado, aceitando a brincadeira. — Pelo menos o vinho ajuda.
logo se aproximou também, inclinando a cabeça em um gesto casual de cumprimento.
— Está gostando do clima? — ela perguntou, com um tom leve, mas genuinamente curiosa.
— Está bom. Melhor agora que vocês chegaram. — Ele falou com naturalidade, mas o leve sorriso que acompanhou as palavras parecia mais relaxado do que antes.
— Ah, sim, porque nós trazemos a diversão. — Jia brincou, dando um leve empurrão no braço de .
Eles riram juntos, e, por um momento, sentiu o peso dos últimos dias se dissipar um pouco. Estar ali, em boa companhia, ajudava mais do que ele esperava.
Eunwoo voltou para se juntar a eles, um pouco mais descontraído agora que o número de convidados estava aumentando, e fez questão de integrá-los ao restante da conversa que se desenrolava na sala. Aos poucos, o ambiente tornou-se ainda mais acolhedor, preenchido por risos e histórias compartilhadas.
***
A noite avançava com mais convidados chegando, e a atmosfera se tornava cada vez mais animada. A música ambiente era suave, mas já dava sinais de que a festa estava se aquecendo. Eunwoo, sempre o anfitrião energético, se dedicava a apresentar seus amigos a Jia, e , fazendo questão de garantir que todos estivessem confortáveis.
Jia, sempre carismática, estava se divertindo bastante, mas não demorou muito para que um dos amigos de Eunwoo, um rapaz alto com cabelos escuros e um sorriso confiante, se aproximasse dela com uma taça de vinho. Ele parecia bem à vontade, fazendo piadas e conversando com Jia de maneira animada.
— Então, você é a famosa Jia… — ele disse, com um olhar interessado, enquanto tomava um gole de sua bebida. — Eu ouvi muitas histórias sobre você e sua amiga .
Jia riu, divertida, sem perceber a mudança sutil no comportamento de Eunwoo, que observava a cena de longe.
— Olha, eu sou mais famosa do que pensava, parece. — Ela piscou para ele, brincando. — O que você ouviu, exatamente?
— Oh, nada demais — o rapaz respondeu, com um sorriso maroto. — Apenas que vocês tem um ótimo gosto em vinhos e sempre sabem como tornar qualquer festa mais divertida.
Enquanto a conversa fluía, Eunwoo observava a interação com uma expressão que misturava interesse e desconforto. Ele estava ciente de que Jia era charmosa e cativante, mas não pôde deixar de se sentir um pouco incomodado com o jeito como o amigo estava se aproximando dela. A energia no ambiente parecia mudar, e ele não podia deixar de sentir que aquele momento estava puxando mais do que deveria.
Eunwoo, tentando disfarçar o desconforto, se afastou discretamente para se juntar a outros amigos, mas não conseguiu deixar de observar a dinâmica de perto, esperando que Jia não se sentisse desconfortável com a atenção.
***
Enquanto Jia conversava com o amigo de Eunwoo, a música ficou mais alta, criando uma atmosfera mais intimista. O rapaz, aproveitando a oportunidade, colocou a mão na cintura de Jia, inclinando-se em direção ao seu ouvido como se fosse compartilhar algo confidencial. Jia, sem perceber a tensão crescente, riu e se envolveu na conversa, mas a proximidade física não passou despercebida para Eunwoo, que observava a cena com os punhos cerrados.
, notando a reação de Eunwoo, se aproximou dele e, em um tom calmo, disse:
— Por que você não vai lá?
Eunwoo permaneceu em silêncio por um momento, os olhos fixos na cena. Ele sabia que deveria agir, mas não conseguia encontrar as palavras certas. percebeu a luta interna do amigo e, com um pequeno sorriso, apenas aguardou. Ele sabia que Eunwoo precisava de espaço para tomar a atitude que fosse mais natural para ele.
Eunwoo, ainda tenso, finalmente deu um suspiro profundo e começou a caminhar na direção de Jia e seu amigo, sua presença decisiva.
Eunwoo se aproximou com naturalidade, como se nada estivesse acontecendo, e com um sorriso amigável, colocou o braço ao redor do ombro do amigo. Ele o puxou levemente para o lado, afastando-o de Jia, e perguntou, de maneira descontraída:
— Então, do que vocês estavam falando por aqui?
O amigo de Eunwoo olhou para ele surpreso por um instante, mas logo sorriu, percebendo a mudança na dinâmica. Ele deu um pequeno passo para trás, permitindo que Eunwoo se aproximasse de Jia.
— Ah, só um papo sobre a festa, nada de mais — respondeu ele, com um sorriso um pouco forçado, tentando esconder o desconforto da situação.
Jia, que estava distraída com a conversa, notou a mudança na atmosfera e sorriu para Eunwoo, aliviada pela intervenção.
— Não estava falando de nada demais, só que o mojito que você preparou é maravilhoso — ela disse, com um brilho nos olhos, sem perceber o quanto as tensões estavam se acumulando ao redor dela.
Eunwoo, ainda com o braço ao redor do amigo, olhou para ela e sorriu, tentando manter a calma.
— Fico feliz que tenha gostado. Eu sabia que você iria apreciar — ele disse, suavemente, antes de lançar um olhar rápido para o amigo, como se reafirmasse o controle sobre a situação.
O amigo de Eunwoo, um tanto desconcertado, deu um passo para trás e se afastou, permitindo que os dois iniciassem uma conversa sem maiores interrupções.
Jia, sempre com o sorriso e a língua afiada, deu uma cotovelada leve em Eunwoo enquanto brincava:
— Nossa, você ficou com ciúmes do seu próprio amigo, foi? — ela disse, rindo suavemente, sem perceber o quanto a situação estava mudando.
Eunwoo, no entanto, não sorriu de volta. Seu olhar ficou sério e ele respondeu, sem hesitar:
O tom dele foi firme o suficiente para que Jia parasse de rir. Ela olhou para ele com os olhos ligeiramente arregalados, surpresa pela sinceridade e pela intensidade nas palavras dele. Por um momento, a brincadeira sumiu, e o silêncio tomou conta entre eles.
Ele então se aproximou, como se a distância física entre eles não fosse suficiente para o que estava acontecendo naquele instante. Suavemente, segurou o rosto dela entre as mãos, seus polegares roçando levemente a pele dela. O toque de Eunwoo era gentil, mas a tensão entre eles estava palpável.
— Quem tem que cortejá-la… — ele começou, a voz baixa e séria, cada palavra carregada com intenção — …sou eu.
Jia ficou sem palavras por um instante, o olhar dela se encontrando com o dele, buscando entender a profundidade daquela declaração. Antes que ela pudesse responder, Eunwoo inclinou-se, e seus lábios se encontraram, suaves, mas carregados de uma intensidade que ambos sabiam que não podiam mais ignorar.
O beijo foi breve, mas marcou a mudança entre eles, algo que havia sido adiado e escondido por tanto tempo. Quando se separaram, os dois permaneceram em silêncio por um momento, ambos cientes do que aquilo significava, mas sem precisar dizer mais nada.
, que observava de longe, franziu a testa ao ver a proximidade entre Eunwoo e Jia se intensificar. Ela, que já havia notado a tensão crescente entre os dois, agora presenciava o momento em que as palavras se transformavam em algo mais. O beijo foi breve, mas não havia como ignorar o que acabara de acontecer.
Ela olhou para ao seu lado, e percebeu que, ao contrário dela, ele parecia muito mais calmo, com os olhos fixos no casal à frente. tentou esconder sua surpresa, mas logo percebeu que ele não estava tão indiferente quanto parecia. Ele observava a cena com um sorriso discreto no rosto, um brilho nos olhos que ela reconheceu imediatamente:
felicidade.
sentiu uma onda de alívio. Ela havia se preocupado com a tensão entre os dois amigos, mas ao ver a reação de , percebeu que ele estava mais do que disposto a apoiar Eunwoo naquele novo passo.
— Você está feliz por eles, não está? — perguntou suavemente, seu tom de voz carregado de uma curiosidade sincera.
virou lentamente a cabeça para ela, o sorriso ainda presente em seu rosto.
— Sim, estou. — Ele disse, com uma leveza na voz que ela não esperava. — Eles merecem ser felizes, e Eunwoo, bem, ele precisava disso. Eu acho que ele estava só esperando o momento certo para se abrir.
assentiu, sentindo uma sensação de compreensão tomar conta dela. Ela também estava feliz por Eunwoo e Jia, agora que as coisas estavam finalmente no lugar, e parecia que compartilhava esse sentimento. Ele, que sempre fora mais reservado, agora demonstrava uma vulnerabilidade tranquila ao falar sobre o amigo.
— Eu também estou feliz por eles — disse, sorrindo suavemente. — Parece que finalmente eles estão se encontrando.
deu um leve aceno de cabeça, seus olhos se suavizando enquanto ele observava os dois amigos se afastando um pouco da pista de dança, aparentemente mais próximos agora.
— Às vezes, as coisas só precisam de tempo — ele murmurou, antes de olhar para . — E parece que hoje foi o momento certo.
sorriu, sentindo uma conexão mais forte com naquele instante. Ela também sabia que aquele momento havia sido importante, não só para Eunwoo e Jia, mas para todos os envolvidos.
— Então, o que fazemos agora? — ela perguntou, de maneira descontraída, como se a mudança no clima da noite fosse apenas uma nova oportunidade para aproveitar o resto da festa.
, ainda com o sorriso discreto, deu de ombros.
— Agora, nós celebramos. Afinal, a noite está apenas começando.
Com isso, ambos se levantaram e seguiram em direção aos outros convidados, sentindo o ambiente ao redor mais leve e cheio de possibilidades. O beijo de Eunwoo e Jia não apenas selava algo entre eles, mas também parecia ter fortalecido a amizade entre os quatro.
Logo, Jia, radiante com o que acontecera, puxou Eunwoo para a pista de dança improvisada que se formara na sala. Ela olhou para e , um sorriso travesso no rosto.
— Vamos, venham dançar com a gente! — ela disse animada, estendendo a mão para e . — A noite está incrível, e não dá pra ficar sentado o tempo todo!
, visivelmente desconfortável com a ideia de dançar, imediatamente tentou protestar, balançando a cabeça.
— Eu não sei dançar, Jia — ele respondeu, tentando se afastar delicadamente, mas a amiga não lhe deu espaço.
— Ah, vai por mim! Você vai se divertir! — ela insistiu, pegando o braço dele e puxando-o na direção da pista.
, rindo com a situação, não resistiu ao entusiasmo de Jia e se deixou levar. Com um sorriso, ela segurou a mão de Jia e foi para a pista, começando a se mover com a música de maneira descontraída, soltando-se no ritmo e fazendo com que os outros se seguissem de alguma forma.
, por outro lado, permaneceu parado na beira da pista, sem saber muito bem o que fazer. Seus olhos estavam fixos em , que dançava com naturalidade, seu corpo se movendo com uma leveza que parecia hipnotizante. Ele não conseguia desviar o olhar, e, ao mesmo tempo, não conseguia entender o que estava sentindo. Algo parecia estranho, como se um turbilhão de emoções tivesse surgido de repente, mas ele não conseguia identificar qual era exatamente aquele sentimento.
O que era aquilo? Ele observava cada movimento dela, seu sorriso espontâneo, o jeito como ela se entregava à música com tanta facilidade. sentia uma mistura de admiração e algo mais, algo que ele não queria rotular. Talvez fosse a sensação de vê-la tão livre e alegre, algo que ele mesmo parecia buscar, mas nunca conseguia alcançar de verdade.
Com o peito apertado, ele ainda não sabia como lidar com aquilo, e continuava observando, sem se mover, perdido no próprio pensamento, enquanto a música ao redor parecia diminuir o espaço entre ele e , sem que ele realmente se desse conta.
***
continuava a observá-la, perdido nos movimentos fluidos de enquanto ela dançava e cantava, completamente entregue à música. A energia dela era contagiante, e ele se viu admirando a maneira como ela se movia com tanta liberdade, como se a pista de dança fosse o seu território. Ela fazia um coque desajeitado nos cabelos, o que só a deixava mais encantadora, deixando à vista seu pescoço delicado e parte do decote. O simples movimento do seu corpo, o jeito como os cabelos se deslizavam pelas suas costas, só aumentava a intensidade da sensação que ele estava começando a experimentar.
engoliu seco ao se pegar imaginando como seria
sentir os dedos escorregando pelo pescoço dela, ou até mesmo
seus lábios tocando a pele suave ali… O pensamento fez seu estômago dar um nó, e ele tentou afastar essas imagens. Fechou os olhos por um momento, balançando a cabeça como se tentasse se livrar de algo indesejado, mas os pensamentos não o abandonavam.
A dança dela, a liberdade que ela transmitia, tudo parecia mexer com ele de uma maneira que ele não sabia lidar. Ele começou a dar alguns passos para trás, tentando se afastar da pista, quando, de repente, sentiu uma mão forte no ombro.
— Ei, onde vai? — a voz de Eunwoo interrompeu seus pensamentos.
Antes que pudesse protestar ou dizer algo, Eunwoo já o puxava, com um sorriso grande e um brilho nos olhos.
— Vamos, . A diversão está aqui no meio — ele disse, com um tom desafiador, quase como se quisesse convencê-lo a se soltar também.
hesitou por um momento, olhando para e vendo-a tão à vontade, se divertindo completamente. O jeito como ela parecia brilhar ali, no centro de tudo, fez com que ele se sentisse ainda mais deslocado. Mas não podia simplesmente sair dali, não agora, não com todos os seus sentimentos confusos.
Sem muita escolha, ele cedeu, sendo puxado por Eunwoo para o meio da pista. Ele tentou afastar os pensamentos, mas o olhar de e o jeito como ela estava como ela fechava os olhos às vezes para cantar, sorrindo enquanto dançava, continuavam a persistir em sua mente.
***
Enquanto tentava se concentrar em não se perder em seus próprios pensamentos, alguém apareceu com mais bebidas, passando pelo grupo na pista de dança e oferecendo copos frescos para todos. Eunwoo aceitou rapidamente, animado, e virou-se para Jia, puxando-a para mais um beijo, que parecia mais natural a cada segundo. O beijo deles foi breve, mas cheio de cumplicidade, e ao se afastarem, se virou para , percebendo que ele ainda estava parado, olhando para todos, sem se mexer.
Ela não pôde deixar de rir suavemente ao ver a expressão dele, como se fosse o único que ainda estava distante da diversão. Ele estava completamente imerso nos próprios pensamentos, sem perceber o ritmo contagiante da música ao redor.
Sem pensar duas vezes, se aproximou de , pegando sua mão num impulso. Ele olhou para ela, surpreso, mas ela já o estava puxando, com um sorriso travesso no rosto.
— Vamos lá, ! — ela disse, com entusiasmo. — Não me diga que você não sabe dançar, aquele dia no karaoke você dançou
Blackpink que eu bem me lembro.
Em um movimento rápido, ela o rodopiou de leve, guiando-o suavemente. O toque das mãos dela, o jeito como ele se deixou conduzir por ela, fez um sorriso tímido escapar de seus lábios, algo que ele não podia evitar.
percebeu a mudança sutil no comportamento dele e sorriu, mais satisfeita com a reação do que imaginava. Então, ela decidiu brincar um pouco mais.
— Vamos lá, você consegue! Vou te ensinar. — Ela riu, puxando-o um pouco mais para o centro da pista, onde o ritmo estava mais forte.
Ele hesitou por um segundo, mas depois se permitiu, começando a acompanhar o movimento dela. guiava seus passos com leveza, rindo de forma descontraída, e aos poucos, começou a relaxar, sentindo o ritmo, se soltando mais.
Enquanto dançavam, ele se perdeu no momento, esquecendo por um instante as confusões em sua mente. O jeito descontraído de o fazia sorrir e se divertir de uma maneira simples e natural, algo que ele não esperava, mas que começava a gostar.
, ainda um pouco hesitante, timidamente colocou suas mãos na cintura de , o toque suave e quase imperceptível, como se estivesse buscando permissão para se aproximar mais. Ela, percebendo o gesto, sorriu e, com um movimento natural, colocou suas mãos nos ombros dele, equilibrando o toque. Eles ficaram assim por um momento, se observando.
manteve os olhos fixos nele, e seus pensamentos rapidamente a levaram para … Como ele podia ser tão parecido com , basicamente idêntico? O mesmo olhar profundo, o mesmo tipo de feição… Ela piscou, tentando afastar os pensamentos que insistiam em aparecer, mas seus olhos passearam pelo rosto dele de qualquer forma, como se estivesse tentando encontrar uma diferença sutil que fizesse com que ele fosse, de fato, apenas e não a lembrança de um passado.
, por outro lado, sentiu um calor subir em sua face enquanto mantinha os olhos fixos nela. Pela primeira vez, ele realmente prestava atenção na beleza dela, não como alguém que simplesmente observava uma amiga, mas como alguém que via o quão encantadora ela era. estava radiante, com os cabelos caindo suavemente sobre os ombros outra vez e um sorriso que parecia iluminar o ambiente. Ele percebeu, quase surpreso, o quão bonita ela era, mais do que jamais havia notado antes, e o fato de ela estar ali, com ele, fazendo parte de um momento tão íntimo, mexia com ele de uma forma que ele não estava preparado para lidar.
Os olhares de ambos se encontraram, e naquele breve instante, o mundo ao redor deles parecia ter desacelerado. Era como se o tempo tivesse dado uma pausa, permitindo que eles se vissem, de verdade, como nunca haviam feito antes. E, embora a música continuasse a tocar e a festa continuasse ao redor deles, nada mais importava naquele momento.
, sentindo uma mistura de timidez e coragem, foi aos poucos encostando o corpo de ao dele, de forma delicada, quase como se estivesse pedindo permissão a ela para se aproximar mais. A música ao redor parecia ir diminuindo em volume, e o movimento deles na pista de dança fazia tudo parecer mais íntimo, mais próximo.
, sentindo a proximidade dele, sentiu seu coração acelerar, o batimento forte e irregular, quase como se quisesse saltar do peito. Quando as pontas dos narizes dos dois se encontraram, foi como se o tempo tivesse parado, e ela não conseguiu mais pensar em nada além da presença dele ao seu redor. A proximidade, o calor do corpo dele, a intensidade daquele momento. Ela fechou os olhos por um breve instante, seus pensamentos fugindo para . Lembrou-se de tantas coisas…
do toque, dos beijos, do sorriso dele. Mas, por mais que tentasse segurar as lembranças, uma parte dela sabia que aquele momento estava sendo diferente. Estava sendo algo novo. Algo que ela não sabia ao certo como lidar.
E então, os lábios de se aproximaram dos dela. O toque suave, como uma promessa de algo mais, fez com que ela prendesse a respiração. Mas, antes que pudessem se tocar, alguém esbarrou em de forma abrupta, derrubando bebida nela. O líquido espalhou pela blusa dela, fazendo com que ambos se afastassem instantaneamente.
A pessoa que causou o acidente se apressou a pedir desculpas, visivelmente constrangida, enquanto tentava controlar a frustração. Ela olhou para , um pouco atordoada, e disse com um sorriso forçado:
— Eu… acho que vou ao banheiro. Só um segundo. — Ela, então, virou-se para ir, tentando se recompor, enquanto a pessoa continuava a se desculpar, mas ela apenas fez um gesto de mão para afastar, pedindo que não se preocupasse mais.
Antes de desaparecer pela porta que dava acesso ao banheiro, lançou um último olhar em direção a , sentindo um misto de sentimentos, algo entre o que poderia ser e o que já havia sido.
***
entrou no banheiro, fechando a porta atrás de si e, com um suspiro, pegou um pedaço de toalha de papel para secar a blusa, ainda um pouco irritada com o acidente. Ela passou um pouco de água na área afetada, tentando minimizar o estrago. Enquanto fazia isso, pensava no quanto o momento com tinha sido interrompido tão abruptamente, e uma sensação de frustração tomou conta dela. Mas ela não teve muito tempo para se concentrar nisso.
O som de batidas na porta a fez olhar para cima, surpresa. Ela abriu a porta apenas um pouco, o suficiente para ver Eunwoo com um sorriso travesso no rosto, segurando uma camisa social branca em suas mãos.
— Toma — ele disse, estendendo a peça para ela. — Tira essa blusa ensopada e coloca essa camisa. Se você estilizar, acho que vai ficar até bonito aí com a sua saia.
Ele piscou para ela, o olhar divertido e um pouco irreverente. não pôde deixar de rir, o que a fez relaxar um pouco, e então aceitou a camisa com um sorriso de agradecimento.
— Você é um anjo, sabia? — disse ela, sentindo uma onda de gratidão por ele, enquanto depositava um beijo rápido na bochecha dele.
Eunwoo ficou ali parado por um instante, surpreso com o gesto, mas logo se recompôs, dando-lhe um sorriso largo.
— Fique à vontade — ele disse, com um tom leve e amigável. — Não vou mais te atrapalhar.
fechou a porta suavemente e se trocou rapidamente, sentindo o tecido da camisa de Eunwoo confortável contra a pele. Quando se olhou no espelho, até se surpreendeu com o resultado: a camisa social dele, com as mangas arregaçadas, combinava perfeitamente com a saia, criando um look inesperado, mas estiloso.
Com um suspiro aliviado, ela sorriu para si mesma, sentindo uma energia renovada. Quando saiu do banheiro, encontrou Eunwoo esperando do lado de fora, e ela se aproximou dele, agradecendo novamente com um olhar.
Agora, mais confortável, ela estava pronta para retornar à festa, sem mais interrupções.
***
Após se trocar com a camisa de Eunwoo, ela se sentiu mais à vontade e voltou à pista de dança, onde a festa estava ainda mais animada. A música estava alta, os convidados dançavam e se divertiam, e o clima estava leve. , aparentemente mais à vontade após o pequeno incidente com , se juntou a ela, e os dois continuaram a dançar, agora mais descontraídos. Jia e Eunwoo estavam juntos, trocando beijos e risadas, curtindo o momento.
Enquanto isso, se sentiu envolvida pelo ambiente ao seu redor, observando os amigos, a dança e as conversas. Ela percebeu como a amizade deles estava sólida e como ela se sentia cada vez mais conectada aos outros, especialmente a , com quem havia compartilhado um momento de proximidade. O foco de todos estava na diversão, mas o relógio estava se aproximando da meia-noite.
À medida que o momento da contagem regressiva se aproximava, a música foi diminuindo gradualmente, e todos começaram a se reunir para a grande virada. As luzes da sala brilharam mais intensamente, criando uma atmosfera de expectativa. Alguns estavam com copos nas mãos, outros já se preparavam para o beijo tradicional de Ano-Novo.
e estavam próximos um do outro, ambos sentindo a tensão crescente no ar, mas sem deixar de sorrir. Jia e Eunwoo, de mãos dadas, também estavam ansiosos para o momento. O grupo todo, em sintonia, aguardava com entusiasmo os segundos finais de 2023, prontos para celebrar o novo ano juntos.
Com a contagem regressiva, todos contaram em voz alta, e, quando o relógio bateu a meia-noite, os amigos se abraçaram, celebrando a virada com gritos de alegria, fogos de artifício ao fundo e uma sensação de renovação no ar. e trocaram um olhar que parecia significar algo mais, mas nada foi dito — o futuro, agora, parecia cheio de possibilidades.
Com o som das contagens regulares desaparecendo, a atmosfera da sala parecia estar completamente carregada de emoção. A cada segundo que passava, os rostos dos amigos se iluminavam com sorrisos cheios de alegria, e o ar estava repleto de risadas e felicitações. Aos poucos, os abraços começaram a acontecer, com todos se desejando um Feliz Ano Novo, enquanto o calor dos novos começos se espalhava por cada canto.
Ela encontrou o olhar de , que, como ela, parecia um pouco fora de sintonia com o turbilhão de abraços e euforia. Sem um motivo aparente, os dois ficaram ali, próximos um do outro, sem saber o que fazer. Mas, como se fosse natural, acabaram se abraçando, suas silhuetas se encaixando com suavidade no calor da celebração.
, com a voz baixa e sincera, disse:
— Feliz Ano Novo, . — Ao dizer isso, ele a apertou um pouco mais, um gesto silencioso que parecia transmitir um conforto inesperado. , com os olhos fechados, sentiu o cheiro de – o perfume suave dele misturado ao seu próprio cheiro natural. A sensação foi intensa, e ela não pôde deixar de se lembrar de .
Em um instante, todas as lembranças dela com voltaram com força outra vez. O calor de suas mãos, os momentos tranquilos ao lado dele, o jeito que ele fazia com que ela se sentisse segura, como se o mundo fosse só dela e dele. Mas ao mesmo tempo, ali estava , com aquele abraço tão cheio de significado, e isso só aumentava a dor em seu peito. O confronto entre os dois sentimentos, entre as lembranças do passado e a conexão que estava crescendo com , parecia esmagar sua alma.
sentiu suas mãos se apertarem ao redor dele, e as lágrimas começaram a escapar de seus olhos sem que ela pudesse controlar. Ela tentou manter a compostura, mas a sensação de ser puxada para um lugar entre o presente e o passado a fez perder a batalha emocional. Lágrimas escorriam pelo seu rosto, sem querer, e ela se afastou lentamente de , tentando esconder seu sofrimento.
Mas , com um olhar que refletia a preocupação genuína, percebeu. Ele hesitou por um instante e, com uma delicadeza que só ele sabia ter, levantou as mãos e suavemente enxugou as lágrimas de . Ele não disse nada, apenas a olhou nos olhos, esperando que ela sentisse a calma e o carinho que ele estava tentando transmitir, sem palavras.
ficou paralisada por um momento, mas ao olhar para ele, sentiu um alívio suave invadir seu peito. Ela não sabia o que isso significava, mas naquele instante, as palavras se tornaram desnecessárias. estava ali, de uma forma que ela não conseguia explicar, mas ele estava ali, e isso era mais do que suficiente.
***
Seul, primeiras horas de 01 de janeiro de 2024:
O relógio já marcava as primeiras horas da manhã, e o som suave da brisa cortando a madrugada preenchia o silêncio da varanda de Eunwoo. O dia estava quase amanhecendo, e os quatro amigos estavam ali, ainda imersos em uma conversa despreocupada, agora um pouco mais descontraídos por conta da bebida que circulava entre eles. Entre risos e histórias, o ambiente estava envolto em uma sensação de familiaridade e amizade que tornava a noite ainda mais especial.
, no entanto, parecia pensativo, e quando o silêncio caiu brevemente sobre o grupo, ele respirou fundo, como se estivesse se preparando para algo importante. Ele olhou para os amigos ao seu redor, com um brilho discreto nos olhos, e então, de forma quase descontraída, anunciou:
— Eu vou ser pai.
As palavras caíram na mesa como uma surpresa, um choque que deixou os outros em completo silêncio por um momento. Eunwoo, que estava se espreguiçando ao lado de , quase engasgou com o que estava bebendo, e um sorriso de surpresa e felicidade surgiu em seu rosto. Ele imediatamente colocou a mão no ombro de , apertando com força, enquanto a felicidade estampada em seu rosto mostrava o quanto ele estava genuinamente feliz pela notícia.
— Então o teste de paternidade saiu, hyung? O filho é mesmo seu? — Eunwoo perguntou, com um sorriso maroto, brincando com a situação.
assentiu, um sorriso tímido se formando em seus lábios, mas os olhos brilhando com um brilho diferente. A seriedade com que ele falou antes foi substituída por uma alegria genuína, mas ainda havia uma certa apreensão, especialmente ao ver a reação das garotas. , principalmente, parecia atordoada. Ela olhou para ele, depois para os outros, tentando assimilar a informação. Ela tinha tantas perguntas, mas ainda estava processando o impacto da revelação.
Vendo a expressão confusa e atônita delas, decidiu explicar melhor. Ele deu um leve sorriso e falou, com a voz suave, como se estivesse compartilhando algo muito pessoal.
— Eu e Nara estamos esperando um filho. Descobrimos o sexo recentemente… — ele fez uma pausa, olhando para cada um deles. — Vai ser um menino. Mas eu e ela não estamos mais juntos… eu só descobri depois que nos separamos.
A notícia parecia ter causado um turbilhão nas mentes dos dois, especialmente em , que estava processando cada palavra de forma cuidadosa. Ela olhou para , tentando entender o que ele sentia. Havia um pouco de tensão no ar, mas também uma sensação de conforto, como se, de alguma maneira, todos estivessem compartilhando esse momento importante com ele.
, com um sorriso um pouco hesitante, finalmente falou:
— Uau, … isso é… isso é incrível. Não sei bem o que dizer.
Jia, ao seu lado, ainda estava sorrindo, com os olhos brilhando de emoção, e segurou a mão de , como se tentando transmitir um apoio silencioso. O grupo agora parecia mais unido, mais envolvido no momento.
Eunwoo, com um sorriso mais amplo agora, deu uma última palmada no ombro de e, com um brilho no olhar, disse:
— Cara, parabéns. Vai ser um ótimo pai.
A noite continuou, agora com um toque mais suave, à medida que todos digeriam a nova realidade de . Enquanto o dia começava a clarear, eles continuaram ali, conversando e brindando a essa nova fase que se iniciava na vida de um dos seus amigos mais próximos.
***
Enquanto Eunwoo e Jia se afastavam em direção à cozinha, rindo e conversando sobre algo, a varanda se encheu de um silêncio profundo, confortável, mas carregado de algo mais entre e . Eles estavam agora sozinhos, com a brisa da madrugada ainda acariciando seus rostos, e as luzes suaves da cidade ao fundo iluminando suas silhuetas.
não havia se movido muito, ainda sentada no mesmo lugar, tentando processar a avalanche de sentimentos e revelações da noite. Seu olhar estava distante, como se ela estivesse ainda pensando nas palavras de , mas quando seus olhos se cruzaram com os dele, ela sentiu uma sensação estranha de ser puxada de volta à realidade.
a observava com uma intensidade sutil, notando as pequenas marcas de lágrimas ainda visíveis em seus olhos. Ele engoliu em seco, um pouco nervoso, como se precisasse dizer algo, mas não sabia exatamente como. A tensão entre os dois não era desconfortável, mas havia algo no ar, algo que os deixava vulneráveis de maneiras que nenhum dos dois estava esperando.
Com um suspiro profundo, ele se inclinou um pouco à frente e falou, com a voz baixa, tentando encontrar as palavras certas:
— … — Ele fez uma pausa, como se estivesse escolhendo suas palavras cuidadosamente. — Eu sei que o que estou prestes a te contar vai parecer um monte de confusão, mas você precisa saber… A Nara não sabia quem era o pai do bebê…
o olhou, os olhos ainda um pouco marejados, mas ela não interrompeu. Ela estava escutando, querendo entender.
— Ela me deixou do nada e eu não havia entendido durante as primeiras semanas. Eu estava… perdido, sem saber o que fazer — continuou ele, visivelmente desconfortável, mas determinado a se explicar. — O vinho que comprei com você pela primeira vez… era para ela. Achei que íamos reatar quando ela quis me encontrar, mas… na verdade, ela só queria anunciar que me deixou porque me traiu e não soube como me falar.
As palavras ficaram pesadas no ar, e não conseguiu evitar o choque que se formou em seu rosto. Ela não sabia que aquela história tinha sido tão complicada, que havia tanta dor por trás dos acontecimentos.
olhou para ela, tentando ler sua expressão. Ele continuou, com uma seriedade que parecia finalmente revelar o peso de tudo o que ele havia vivido.
— E aí ela me disse que estava grávida, mas não sabia se o filho era meu. Eu… eu não sabia como lidar com tudo isso, . Não fazia ideia do que estava acontecendo.
Ele pausou mais uma vez, os olhos de ainda fixos nele, como se ela estivesse absorvendo o que ele estava compartilhando. Ele estava se expondo de uma maneira que nunca imaginou que faria, mas sabia que precisava contar a verdade, especialmente para ela.
— Eu sei que tudo isso é confuso e difícil de entender. Só… queria te contar a verdade, porque você tem sido uma boa amiga, e eu não quero que você pense que estou em cima do muro ou algo assim.
o observou em silêncio, sentindo o peso das palavras dele. Uma parte de ela queria fazer alguma piada, aliviar o clima, mas ela percebeu que ele precisava de alguém para ouvi-lo, não para julgá-lo ou diminuir o que ele estava sentindo.
Ela apenas deu um sorriso suave, mais compreensivo do que ele imaginava. Ela não sabia se as palavras dele mudariam algo, mas uma coisa ficou clara: ele estava se abrindo de verdade, e isso significava mais do que qualquer coisa que ele tivesse dito até então.
— Eu entendo, — ela disse finalmente, com um tom suave. — E eu sinto muito por tudo o que você passou. Eu… não sabia de nada disso, e me parece muito difícil. Mas você fez o certo, de contar isso agora.
Ela não tinha muito mais o que dizer, apenas sentia uma grande empatia por ele. E, de algum jeito, ela se sentia mais próxima dele, vendo-o naquele momento de vulnerabilidade. Ela sabia que o futuro dele com Nara era algo que ainda estava por definir, mas, naquele instante, ela só queria apoiá-lo.
suspirou fundo, sentindo uma mistura de compaixão e algo mais, mas o silêncio que se seguiu não era mais pesado. Ambos estavam compartilhando algo agora, algo que os ligava mais do que imaginavam.
Capítulo 9
encarou o calendário que marcava o dia 02 de janeiro de 2024, e parou para pensar em como sua vida estava…Nunca imaginou que estaria onde estava agora:
na Coreia do Sul, sozinha, sem . Estava realizando sonhos que, antes, pertenciam aos dois. Sonhos que haviam sido construídos juntos, em conversas sussurradas durante madrugadas frias, em planos feitos com empolgação juvenil e promessas de um futuro que parecia certo.
As lembranças vieram como uma onda, levando-a de volta aos abraços apertados de , ao calor do corpo dele ao seu lado, ao modo como ele sussurrava palavras doces em seu ouvido. Ela podia quase sentir o cheiro dele, ouvir a risada abafada quando brincavam um com o outro. O amor que compartilhavam parecia tão vivo em suas memórias que, por um momento, ela esqueceu que ele não estava mais ali…
Uma dor familiar apertou seu peito, e ela sentiu os olhos arderem. As promessas que fizeram um ao outro ecoavam em sua mente, e a ausência dele parecia ainda mais pesada naquela manhã silenciosa. se perguntou se Jia conseguiria tocar o dia de trabalho sem ela. Será que a amiga daria conta de assumir seu lugar no restaurante enquanto ela voltava para casa e se afundava na cama? estava abatida, e a ideia de enfrentar mais um dia parecia insuportável. Jia não conheceu , sabia apenas da história e da dor da perda da amiga e chefe, mas será que entenderia o peso que carregava agora?
suspirou, passando a mão pelos cabelos. Parte dela queria se agarrar às lembranças, mas outra parte sabia que precisava continuar. Mesmo assim, naquele instante, a saudade era mais forte.
Decidida, ela se levantou da cadeira e caminhou até a porta de sua sala. Abriu-a lentamente e avistou Jia organizando alguns papeis no balcão.
— Jia, você pode vir aqui por um momento? — chamou, com a voz baixa, mas firme.
Jia levantou o olhar, imediatamente percebendo o abatimento da amiga, e caminhou até a sala de .
— Claro, . O que aconteceu? — perguntou, preocupada.
fez um gesto para que Jia se sentasse e respirou fundo antes de falar.
— Eu… não estou bem hoje. Preciso ir para casa e descansar um pouco. Será que você consegue cuidar da Cantina hoje? Só por algumas horas…
Jia assentiu com um sorriso compreensivo.
— É claro, . Não se preocupe com nada aqui. Vai descansar. Eu cuido de tudo.
Aliviada, forçou um pequeno sorriso.
— Obrigada, Jia. Eu realmente preciso desse tempo.
Com um aceno de cabeça, Jia saiu da sala pronta para assumir o controle da Cantina, enquanto pegava suas coisas, sentindo-se um pouco mais leve por saber que podia contar com a amiga.
***
Enquanto isso, em um café próximo, estava sentado à mesa com Eunwoo, os dois com xícaras de café quente à frente. O ambiente era aconchegante, com o aroma de café fresco misturado ao som suave de música instrumental. Eunwoo, sempre observador, percebeu que o amigo estava mais calado do que o habitual.
— Então, hyung — começou Eunwoo, encostando-se na cadeira e envolvendo a xícara com as mãos. — Como você está se sentindo, de verdade? Agora que sabe que vai ser pai… E que o menino é mesmo seu?
soltou um suspiro baixo, mexendo o café com a colher, embora não precisasse. Seus olhos estavam fixos no movimento circular.
— É um misto de coisas — respondeu ele, com a voz baixa. — Alívio por saber a verdade, mas também…
medo. Eu não fazia ideia de como seria minha vida antes disso, e agora tudo parece tão incerto.
Eunwoo assentiu, um pequeno sorriso compreensivo surgindo em seu rosto.
— Faz sentido. Ninguém nasce sabendo ser pai. É normal estar assustado. Mas eu acho que você vai se sair bem.
olhou para ele, surpreso com a confiança que Eunwoo parecia ter nele.
— Você acha? — perguntou, com um toque de ceticismo.
Eunwoo deu de ombros, mas seu tom era sério.
— Claro que acho. Você tem um bom coração, hyung. E, além disso, você é responsável. Vai aprender conforme as coisas forem acontecendo. E, se precisar de ajuda, sabe que eu estou aqui, né?
Um sorriso fraco surgiu nos lábios de , e ele finalmente levou a xícara à boca, tomando um gole do café que já começava a esfriar.
— Obrigado, Eunwoo. Significa muito ouvir isso.
Eunwoo sorriu, estendendo a mão para dar um leve tapa no ombro do amigo.
— É pra isso que estou aqui. Mas, me conta, já decidiu o nome do bebê?
riu, balançando a cabeça.
— Ainda não. Estamos esperando o momento certo para decidir… Algo que pareça especial, sabe?
— Entendi. E a Nara? Como está a situação com ela agora?
O sorriso de sumiu, e ele pousou a xícara.
— Estamos conversando… Tentando entender como vamos fazer isso funcionar pelo bem do bebê. Mas não é fácil. Ainda é tudo muito recente.
Eunwoo fez uma expressão séria e deu um pequeno aceno de cabeça, respeitando o momento do amigo.
— Vai dar certo. Confie no processo.
suspirou e, pela primeira vez naquele dia, sentiu-se um pouco mais esperançoso. Eles continuaram a conversa, deixando o café morno e as palavras reconfortantes criarem um ambiente mais leve entre eles.
***
destrancou a porta do apartamento e entrou, deixando a bolsa sobre o aparador da entrada. Um suspiro pesado escapou de seus lábios quando olhou ao redor, encontrando o familiar silêncio que preenchia o lugar. Seus olhos foram imediatamente atraídos pelas fotos espalhadas pela sala, imagens que contavam histórias de um tempo que agora parecia pertencer a outra vida.
Havia uma foto dela e de na prateleira próxima à televisão, os dois sorrindo largamente enquanto seguravam taças de vinho, uma lembrança de uma viagem à Toscana. Outra mostrava os dois em uma praia, abraçados sob o pôr do sol, com os cabelos bagunçados pelo vento e os rostos iluminados pela felicidade despreocupada de quem acreditava ter todo o tempo do mundo.
O peito de apertou, e ela desviou o olhar, incapaz de suportar a onda de saudade que aquelas imagens evocavam. Seus pés a levaram automaticamente ao quarto, onde ela fechou a porta, como se pudesse se proteger do mundo e do peso que carregava.
Sem pensar muito, começou a tirar as roupas formais, peça por peça, deixando-as cair no chão. Abriu a gaveta da cômoda e pegou um pijama confortável, um conjunto de algodão macio que costumava usar nas noites mais difíceis. Após vestir-se, ela se arrastou até a cama, puxando as cobertas até os ombros e afundando o rosto no travesseiro.
O cheiro familiar do tecido misturado ao aroma suave de lavanda de seu amaciante a envolveu, mas não trouxe o conforto que ela esperava. Em vez disso, as lágrimas começaram a rolar silenciosamente por seu rosto, como se o peso de sua tristeza tivesse finalmente transbordado.
Ela não tentou se conter. Permitiu-se sentir a dor, a saudade esmagadora de . Fechou os olhos, e as lembranças vieram com força: o som da risada dele, o calor do toque, o jeito como ele olhava para ela, como se ela fosse a única coisa que importava no mundo.
— Por que você teve que ir? — murmurou, a voz embargada, quase inaudível.
Seu peito subia e descia de forma irregular enquanto soluços escapavam. Tudo o que ela queria era voltar no tempo, segurar mais uma vez, dizer que o amava mais vezes, aproveitar cada momento como se fosse o último.
A dor era avassaladora, mas, ao mesmo tempo, havia algo quase reconfortante em deixá-la sair. Era como se, ao se permitir chorar, ela estivesse honrando a memória dele, reconhecendo o espaço que ele sempre ocuparia em sua vida.
Quando as lágrimas finalmente diminuíram, ficou ali, imóvel, com o rosto ainda molhado e os olhos pesados. O silêncio do quarto parecia amplificado, mas ela não se sentia tão sozinha. Fechou os olhos, permitindo-se afundar no cansaço emocional, deixando que o sono chegasse, ainda que carregado de sonhos do passado.
***
estava sentado à mesa de sua sala, os olhos atentos na tela do computador enquanto digitava um e-mail importante. A empresa estava em pleno vapor com novos projetos, e ele mal tinha tido tempo de respirar nos últimos dias. Ainda assim, sua mente insistia em divagar, fugindo momentaneamente do trabalho.
Sem perceber, ele pensou em . A lembrança da proximidade que estavam criando veio à tona como uma brisa suave em meio à agitação de sua rotina. Ele se lembrou do toque sutil de suas mãos ao passar algo para ela, da forma como o olhar dela parecia carregar uma mistura de curiosidade e algo que ele ainda não conseguia identificar por completo. Era um misto de conexão e distância que o intrigava.
Enquanto encarava o cursor piscando na tela, sua mente voltou para o dia em que a conheceu. Era impossível esquecer a expressão de quando foram apresentados. Havia algo na maneira como ela o olhou – não era apenas timidez ou desconforto; parecia ser um medo sutil, como se ela estivesse se defendendo de algo invisível.
Ele se recostou na cadeira, os braços cruzados sobre o peito, e tentou decifrar aquela memória mais uma vez. No início, ele realmente acreditou que ela talvez estivesse sob os efeitos de um mau estar, depois ele achou que talvez fosse algo relacionado à língua ou à cultura, já que ela vinha de outro país e poderia se sentir deslocada. Mas, com o tempo, percebeu que havia mais por trás daquela reação.
suspirou, deixando a cabeça tombar para trás por um instante. Ele se perguntou se o passado de guardava alguma história que explicasse aquilo. Algo a havia deixado receosa, e ele queria entender. Não por mera curiosidade, mas porque, de algum modo, queria ser alguém com quem ela pudesse se sentir à vontade, alguém que pudesse confiar.
A proximidade entre eles estava crescendo de forma natural, mas ele sabia que precisaria de paciência para quebrar as barreiras que ela parecia erguer ao seu redor. Algo dizia a ele que, por trás de toda a delicadeza de , havia uma força imensa, mas também uma dor que ela tentava esconder. E, de alguma forma, ele queria ser parte do processo de cura dela, mesmo sem saber se isso era algo que ela permitiria.
— Você realmente está pensando demais, — murmurou para si mesmo, dando um leve sorriso antes de voltar a focar no trabalho. Mesmo assim, a figura de continuava a vagar por sua mente, como uma nota suave de uma melodia que ele ainda estava aprendendo a tocar.
***
— O que está fazendo aqui? — Jia colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha, tentando disfarçar o nervosismo que a presença de Eunwoo sempre causava. Seu sorriso era suave, mas havia um toque evidente de timidez, que não passou despercebido por ele.
Eunwoo sorriu de volta, achando adorável a forma como ela ficava vermelha e sem jeito. Sem dizer nada, deu um passo à frente, segurou o rosto dela delicadamente entre as mãos e depositou um beijo rápido em seus lábios. O gesto foi tão inesperado que Jia ficou completamente paralisada, os olhos arregalados e as bochechas ainda mais coradas.
— Eu fiquei preocupado com a também — ele disse, com a voz baixa, como se fosse um segredo entre os dois. — Pensei que talvez pudesse ir com você até o apartamento dela, para ver como ela está.
Jia congelou por um instante. A ideia de Eunwoo no apartamento de era alarmante. Ela sabia que o lugar era repleto de fotos de e , imagens que, sem sombra de dúvida, revelariam o quanto e eram idênticos. Era uma verdade que Jia conhecia, mas que vinha evitando a todo custo expor.
— Ah… eu… — Jia gaguejou, procurando desesperadamente uma desculpa que não soasse absurda. — Eu acho que não seria uma boa ideia, Eunwoo.
Ele franziu o cenho, confuso.
— Por quê? Você acha que ficaria incomodada? — perguntou, ainda segurando o rosto dela, o polegar acariciando suavemente sua bochecha.
— Não, não é isso… — Jia tentou sorrir, mas era óbvio que ela estava nervosa. — É só que… ela… talvez precise de um tempo sozinha. Eu posso ir e ver como ela está, e, se for o caso, aviso você depois, tudo bem?
Eunwoo inclinou a cabeça, desconfiado, mas não insistiu imediatamente. Ele sabia que Jia era próxima de , então talvez houvesse algo que ele não compreendia completamente.
— Se você acha melhor… — disse, ainda relutante. — Mas, se precisar de ajuda, me avise, tá?
Jia assentiu rapidamente, aliviada por ele ter aceitado, mesmo que não estivesse completamente convencido. Ela se levantou, respirando fundo, enquanto Eunwoo finalmente soltava o rosto dela, mas não sem deixar um último sorriso antes de se afastar.
Por dentro, Jia sabia que teria que se apressar. Qualquer chance de Eunwoo descobrir sobre e poderia complicar ainda mais as coisas, principalmente para , que claramente ainda estava lutando com as sombras de seu passado.
— Você já vai fechar aqui? Quer ajuda? — Perguntou Eunwoo, com toda delicadeza e gentileza evidentes em seu tom de voz.
Jia, que estava organizando algumas notas no balcão, levantou os olhos para ele e hesitou por um instante. Eunwoo sempre tinha aquela aura tranquila e acolhedora, algo que a fazia querer confiar nele mesmo quando sua mente gritava para ser cautelosa.
— Acho que vou fechar sim… — respondeu, com um sorriso tímido. — Se você realmente não se importar, uma ajudinha seria ótima.
Eunwoo sorriu, o tipo de sorriso que fazia o ambiente parecer mais leve. Ele tirou o casaco e colocou-o sobre uma das cadeiras próximas, arregaçando as mangas da camisa como quem estava pronto para o trabalho.
— Claro, só me diga o que fazer, chefe — brincou, piscando para ela.
Jia riu, balançando a cabeça, e indicou com um gesto onde ele poderia começar.
— Você pode recolher aquelas taças e guardar no armário, por favor?
— Considera feito. — Eunwoo pegou as taças com cuidado, levando-as para a pequena pia do bar antes de secá-las com um pano.
Enquanto trabalhavam juntos, Jia não pôde evitar observá-lo de soslaio. Ele era atencioso em tudo o que fazia, com movimentos precisos e um toque de descontração que a fazia se sentir à vontade.
— Obrigada por isso, Eunwoo — disse Jia, enquanto empilhava alguns papeis. — Às vezes, essas coisas parecem tão simples, mas, no fim do dia, acabam pesando.
— É pra isso que servem os amigos, né? — respondeu ele, virando-se para ela com outro sorriso que fez o coração dela bater um pouco mais rápido. — E, além disso, é bom poder passar um tempo com você.
Jia desviou o olhar rapidamente, ocupando-se com uma bandeja para disfarçar o rubor que subiu às suas bochechas.
— Bem… ainda tem mais coisa pra fazer, então acho que você terá bastante tempo pra isso — disse ela, tentando manter o tom leve, mas o nervosismo era evidente.
Eunwoo riu, notando o nervosismo dela, mas decidiu não comentar. Em vez disso, continuou ajudando em silêncio, o ambiente entre eles tranquilo, mas com uma tensão suave que Jia tentava ignorar.
Quando terminaram, ele se aproximou, pegando seu casaco.
— Pronto, missão cumprida. — Ele olhou para Jia, ainda parada perto do balcão, com um sorriso que parecia aquecer o ambiente. — Agora você pode fechar tranquila.
Jia sorriu de volta, genuinamente grata pela ajuda e pela companhia.
— Obrigada, Eunwoo. De verdade.
— Qualquer coisa, é só chamar — disse Eunwoo, dando um leve aceno enquanto caminhava em direção à porta.
Mas, antes de sair completamente, ele parou, olhando para Jia mais uma vez. Com um sorriso que misturava doçura e determinação, deu alguns passos de volta em sua direção.
— Na verdade… tem algo que eu esqueci de fazer.
— O quê? — Jia perguntou, confusa, mas não teve tempo de processar a resposta.
Eunwoo segurou delicadamente seu rosto entre as mãos, os dedos roçando sua pele como se fossem feitos para aquele momento. Sem dizer uma palavra, ele inclinou a cabeça e a beijou, desta vez sem pressa. O beijo era cálido, intenso, mas ainda carregava a gentileza característica dele. Jia se permitiu fechar os olhos, esquecendo por um instante tudo ao redor.
No entanto, o som de um pigarro os fez se separar bruscamente. Jia virou o rosto imediatamente, as bochechas em chamas, enquanto Eunwoo se virou devagar, um pouco desconcertado, para encontrar parado na entrada com um pequeno sorriso satisfeito no rosto.
— Atrapalho? — perguntou , com uma sobrancelha arqueada.
— O que você está fazendo aqui? — Eunwoo foi o primeiro a se manifestar, tentando soar casual.
— Só estava passando — respondeu , dando de ombros. — Hoje estou indo de metrô pra casa, e aqui é caminho.
O silêncio que se instalou a seguir parecia tão denso quanto o ar antes de uma tempestade. Jia mexeu nervosamente nos dedos, sentindo o peso da situação.
— Cadê a ? — perguntou , quebrando o silêncio e olhando diretamente para Eunwoo.
— Ela não estava se sentindo bem e não veio trabalhar hoje. — Eunwoo respondeu prontamente. — Jia está indo verificar como ela está.
franziu as sobrancelhas, mas logo deu de ombros novamente, sugerindo de maneira casual:
— Por que não vamos os três então?
A proposta pegou Jia de surpresa, e o desespero voltou a invadi-la.
— Acho uma ótima ideia — concordou Eunwoo, com entusiasmo, virando-se para Jia com um sorriso encorajador. — O que acha, Jia?
Ela abriu a boca para responder, mas nada saiu. O olhar ansioso de Eunwoo e o semblante despreocupado de a deixaram completamente sem palavras.
E assim, o capítulo terminou com Jia ainda em silêncio, o coração acelerado enquanto tentava encontrar uma saída para o caos que se aproximava.
Capítulo 10
— Eu só vou avisá-la que estamos indo… nós três no caso! — Jia procurou pelo celular na bolsa.
— Tudo bem. — Eunwoo deu de ombros e então encarou .
Os dois emendaram algum assunto qualquer sobre a Inovate Tech, e Jia clicou no contato da amiga e chefe torcendo que ela atendesse e a ajudasse com a enrascada que havia se metido.
Alguns toques depois, atendeu, parecendo sonolenta e Jia respirou fundo.
“Como você está?” — Jia sondou, mordendo o lábio.
“Que horas são?” — levou uma das mãos até a testa —
“Eu nem sei que horas são Jia. Aconteceu alguma coisa?” se ajeitou, sentando-se na cama após se livrar dos cobertores pesados e olhou as horas no relógio que havia sobre a escrivaninha no quarto.
“Meu Deus são seis e dez da tarde, eu apaguei depois do almoço!” Jia ainda mordia o lábio, encarou e Eunwoo que esperavam por ela.
“Eu estava pensando em passar aí, para ver como você está, para te fazer uma sopa e cuidar de você. Mas…” — ela pausou ainda encarando os homens e Eunwoo ergueu a mão, pegando o telefone da orelha e das mãos dela.
“? Eunwoo aqui! Está melhor? Eu, Jia e estamos indo para aí cuidar de você e do que mais for necessário, ok? Espere por nós, estamos a caminho.” “O que?” — a voz dela saiu em um sobressalto, assim como ela ficou de pé rapidamente, sentindo-se tonta e amparando-se na parede atrás de si.
A ligação havia sido desligada. sentiu uma onda de desespero percorrer seu corpo enquanto encarava os porta-retratos no quarto. O coração batia forte no peito, quase ensurdecedor. Eles estavam a caminho.
estava a caminho. Sem pensar duas vezes, ela começou a recolher as fotos espalhadas pelo cômodo. Pegou o primeiro porta-retrato na escrivaninha, o olhar intenso de na imagem parecendo encará-la de volta. Seu peito apertou, mas ela não podia hesitar. Com um movimento rápido, colocou a foto dentro da gaveta.
Foi até o criado-mudo e fez o mesmo, retirando as fotos que estavam ali. Depois, pegou os dois porta-retratos na prateleira acima da cama e os escondeu no fundo do armário, entre algumas caixas. Seu reflexo no espelho mostrava sua respiração acelerada e a expressão apreensiva, mas ela não tinha tempo para processar aquilo.
Quando se certificou de que o quarto estava livre de qualquer imagem de , apressou-se até a sala.
Os porta-retratos na estante chamaram sua atenção imediatamente. Correu até eles, pegando cada um e colocando atrás dos livros. Depois, desmontou um pequeno painel de fotos que ficava preso à parede ao lado do sofá, sentindo os dedos tremerem ao fazer isso.
Abriu o móvel da TV e enfiou algumas molduras lá dentro, tentando manter a organização, mas o nervosismo fazia seus movimentos serem apressados e desajeitados.
Ainda restava um grande quadro de fotos sobre a mesa de centro. o pegou, hesitando por um segundo ao ver uma foto dela e de abraçados, sorrindo um para o outro. Seu peito apertou mais uma vez, mas ela não podia se permitir fraquejar naquele momento.
Com um suspiro profundo, abriu uma das gavetas do rack e colocou o quadro ali dentro.
Agora, olhou ao redor, certificando-se de que não havia mais nada. O apartamento parecia mais vazio, mais frio. Como se ela tivesse apagado um pedaço de sua vida.
respirou fundo, tentando acalmar os batimentos cardíacos acelerados. Seus pulmões pareciam incapazes de puxar ar suficiente, e seu corpo estava tenso, como se estivesse se preparando para uma batalha.
Ela se deixou cair sobre o sofá, passando as mãos pelo rosto enquanto tentava controlar a ansiedade. Seu peito subia e descia rapidamente, a mente rodando em mil pensamentos. Tudo estava escondido. Eles não veriam nada. Mas ainda assim, a sensação de pânico não desaparecia.
Depois de alguns minutos, ela se forçou a se levantar e foi até a cozinha. Abriu a geladeira, pegou uma garrafa d’água e despejou um pouco no copo, levando-o à boca e bebendo em goles rápidos. O líquido gelado desceu cortando pela garganta, e ela tentou focar na sensação refrescante em vez da tempestade dentro de si.
Foi então que ouviu o celular vibrar no quarto. Primeiro uma vez. Depois outra. E mais uma.
Com um suspiro cansado, ela caminhou até lá, pegando o aparelho da cama. A tela brilhava com o nome de Jia e várias notificações de mensagens.
Jia: “Me perdoa, . Eu juro que tentei evitar isso.” Jia: “Eu tentei enrolar, mudar de assunto, mas o Eunwoo pegou o telefone da minha mão.” Jia: “A culpa não foi minha!!!” Jia: “Se precisar de uma desculpa para dispensar a gente, eu finjo que você me mandou embora, ok?” soltou um pequeno riso sem humor, balançando a cabeça. Jia claramente estava surtando do outro lado da tela.
Mas a questão era que não havia desculpa agora. Eles já estavam ali, no prédio, esperando para subir.
O interfone tocou mais uma vez.
fechou os olhos por um momento, respirou fundo e então caminhou até o aparelho.
Era inevitável.
Mas não havia o que temer agora, havia?
***
Assim que ela abriu a porta do apartamento deu de cara com Jia, Eunwoo e . Os três sorriam para ela.
O sorriso de Jia era o mais forçado. Seus lábios estavam curvados para cima, mas seus olhos entregavam o desespero e a tensão que ela tentava esconder. Era como se estivesse implorando silenciosamente para que não a odiasse pelo que estava acontecendo. Havia uma pitada de culpa ali também, misturada com a preocupação genuína.
Eunwoo, por outro lado, exibia um sorriso tranquilo e animado. Ele parecia genuinamente feliz em vê-la, como se não houvesse qualquer problema no mundo. Seus olhos brilhavam de gentileza, e sua postura era relaxada, carregando uma leveza que contrastava completamente com a de Jia.
Já … o sorriso dele era sutil, quase misterioso. Não era debochado, nem exagerado, mas havia algo observador ali, como se estivesse analisando cada detalhe da situação. Seus olhos escuros passaram rapidamente por , captando tudo com atenção.
Diante daquilo, tentou respirar fundo e forçar um sorriso também, mas sentiu que não conseguiria enganar ninguém.
também sorriu, mas sem mostrar os dentes, e deu espaço para que eles entrassem, antes disso, Jia passou os braços em volta do pescoço da amiga, a puxando para um abraço apertado. O corpo pequeno da amiga se encaixou contra o dela, e sentiu o aperto firme e aconchegante, como se Jia estivesse tentando protegê-la de alguma coisa—ou talvez se desculpar silenciosamente.
Por um instante, fechou os olhos, permitindo-se relaxar um pouco diante daquele gesto. Jia sempre foi assim: intensa, emotiva, e extremamente leal. O jeito como ela apertava seus ombros e escondia o rosto em seu pescoço deixava claro o quanto estava preocupada.
sorriu de canto, achando a amiga fofa. Apesar de todo o caos que Jia às vezes causava, era impossível não amá-la. Com um suspiro, ela retribuiu o abraço, deslizando uma das mãos pelas costas da amiga e dando um tapinha leve ali, como quem diz:
Está tudo bem. — Você é um grude. — brincou baixinho, mas sem afastá-la.
Jia apenas bufou, abraçando-a ainda mais forte por um segundo antes de finalmente soltá-la e encará-la com olhos cheios de emoção.
— Eu vim cuidar de você! — Jia segurou as duas mãos de e então a olhou nos olhos, como se estivesse dizendo que cuidaria da amiga depois da confusão.
riu baixinho, achando graça da amiga não ter percebido ainda que todas as fotos de estavam escondidas.
— Viemos cuidar de você! — corrigiu, lançando um olhar ofendido e brincalhão ao mesmo tempo, para Jia.
Jia revirou os olhos na direção de , soltando um suspiro exagerado.
— Sim, sim,
viemos cuidar de você, que seja. — Ela balançou a cabeça, como se estivesse concedendo a vitória a ele, mas sua expressão ainda carregava um vestígio de irritação fingida.
soltou um riso leve e virou-se para Eunwoo e , que ainda estavam do lado de fora, observando a interação das duas com expressões divertidas.
— Entrem, não fiquem parados aí. — Ela gesticulou para dentro do apartamento, tentando soar natural.
Eunwoo entrou primeiro, lançando-lhe um olhar gentil antes de se acomodar no sofá da sala. veio logo atrás, passando por ela com um meio sorriso e observando o ambiente ao redor com curiosidade.
engoliu em seco, sentindo o coração acelerar por um momento. Será que ela realmente tinha escondido tudo direito?
Assim que Eunwoo e se distraíram olhando ao redor do apartamento, puxou Jia levemente pelo braço e a arrastou para um canto mais afastado da sala.
—
O que você fez com as fotos? — Jia sussurrou, os olhos arregalados e cheios de expectativa.
cruzou os braços e assentiu, sentindo um misto de orgulho e alívio.
—
Escondi tudo! No quarto, na sala… Até atrás do armário da cozinha se fosse preciso! — Ela cochichou de volta, com um sorriso satisfeito.
Jia soltou o ar em um longo suspiro, levando a mão ao peito como se tivesse se livrado de um enorme peso.
—
Meu Deus, eu quase morri de nervoso! Eu estava prestes a inventar uma desculpa e te sequestrar para outro lugar. riu baixinho, balançando a cabeça.
—
Relaxa. Se eu consegui esconder até aquelas molduras gigantes da parede, então tá tudo certo. Jia franziu o cenho.
—
Espera… Você tirou os paineis também? —
Óbvio! Você acha que eu ia deixar logo aquilo à mostra? Jia soltou um riso nervoso, mas logo olhou de relance para os dois homens na sala, que pareciam confortáveis demais.
—
Vamos torcer para que ninguém resolva abrir um armário aleatório então…
***
e Jia voltaram para a sala, ainda sorrindo cúmplices depois da conversa apressada. Assim que ergueu o olhar, teve que segurar um riso ao ver a cena à sua frente.
e Eunwoo estavam sentados lado a lado no sofá menor de dois lugares, completamente espremidos um contra o outro. Nenhum dos dois parecia incomodado, mas a visão deles tão colados em um espaço pequeno era no mínimo engraçada.
soltou um risinho e foi se sentar no sofá maior, cruzando as pernas confortavelmente. Já Jia, ao invés de se juntar a eles, bateu levemente as mãos e anunciou:
— Bom, eu vou preparar a sopa!
— Vai precisar de ajuda? — Eunwoo perguntou, se ajeitando no sofá.
Jia negou rapidamente com a cabeça.
— Não, não! Fiquem aí conversando, eu dou conta.
Ela lançou um último olhar significativo para antes de desaparecer pelo corredor que levava à cozinha.
Eunwoo então virou o rosto para , observando-a por um instante antes de perguntar, com a preocupação evidente no tom de voz:
— O que você teve? Está se sentindo melhor?
— Eu tive um mal estar bem pesado assim que cheguei na Cantina, mas agora estou melhorando, dormindo basicamente a tarde toda, então acho que estou me revigorando.
— Não é a primeira vez que a gente presencia você passando mal dessa forma, tendo mal estar. — Sua voz saiu mais grave, carregada de preocupação genuína. — Você deveria ir ao médico, …
Ele manteve o olhar fixo nela, esperando uma resposta, e sentiu o peso daquela preocupação sincera. Diferente de Eunwoo, que tinha um jeito mais leve ao falar, parecia realmente incomodado com o fato de ela não estar se cuidando direito. Era como se a ideia de algo estar errado com ela o incomodasse de verdade.
E aquilo mexeu com algo dentro dela outra vez, e não deveria. seria pai logo logo e sabia que um filho era vínculo eterno que ele teria com a ex, mesmo que não estivessem mais juntos. E se houvesse alguma recaída durante esse período já que teriam que estar unidos, querendo ou não?
E outra, quem disse que estava demonstrando algum interesse para além da amizade que estavam construindo por causa de Eunwoo e Jia?
Engoliu seco e apenas balançou a cabeça para ele.
— Eu estou falando sério, !
— Não nos faça marcar um médico de surpresa para você… — Eunwoo completou.
— Ótima ideia! Por isso você é meu braço direito.
— E esquerdo! — Eunwoo piscou para o amigo e eles deram as mãos, num cumprimento.
observou a troca entre os dois, sentindo um sorriso involuntário ameaçar escapar. Era engraçado ver como Eunwoo e interagiam—tão diferentes, mas ao mesmo tempo, perfeitamente sincronizados.
Ela balançou a cabeça, cruzando os braços e soltando uma risada nasal.
— Vocês dois são impossíveis… — murmurou, fingindo uma falsa indignação.
Mas, por dentro, seu peito ainda estava apertado. A preocupação de não deveria mexer com ela daquele jeito, mas mexia. Ela precisava tentar sufocar qualquer sentimento bobo que insistisse em crescer.
Respirando fundo, forçou um tom mais descontraído:
— Mas não se preocupem, não precisam me sequestrar para um consultório. Se eu não melhorar, prometo que vou.
Eunwoo arqueou uma sobrancelha, claramente duvidando, enquanto apenas a encarava, como se estivesse tentando decifrá-la.
— … você não está grávida também, está?
Eunwoo abaixou um pouco o tom de voz ao fazer a pergunta indelicada e arregalou levemente os olhos.
O impacto da pergunta de Eunwoo foi imediato. sentiu o corpo inteiro congelar por um segundo, como se o tempo tivesse parado ao seu redor. Seus olhos se arregalaram levemente, e ela piscou algumas vezes, tentando processar o que acabara de ouvir.
, por sua vez, franziu a testa, claramente pego de surpresa pela sugestão absurda. Sua expressão mudou de confusa para algo mais próximo da indignação.
— Eunwoo… — finalmente conseguiu falar, cruzando os braços e estreitando os olhos para ele. — Você perdeu completamente o juízo?
— Foi só uma pergunta! — Eunwoo ergueu as mãos em rendição, mas o olhar culpado denunciava que ele sabia que tinha passado dos limites. — Sei lá, você tem passado mal direto…
— Meu Deus, Eunwoo! — Jia exclamou lá da cozinha, já se adiantando para impedir que a situação ficasse ainda mais constrangedora. Ela apareceu no batente da porta e o chamou, forçando um sorriso. — Vem me ajudar aqui! Agora!
Eunwoo olhou para ela, depois para e , percebendo que talvez fosse melhor não insistir naquela conversa.
— Tá bom, tá bom, já estou indo… — murmurou, se levantando do sofá e seguindo para a cozinha.
soltou o ar pesadamente assim que ele saiu, passando as mãos pelo rosto.
— Ele só pode estar brincando… — murmurou para si mesma.
Mas quando levantou os olhos, encontrou ainda a encarando. Ele não estava rindo. Estava observando-a de um jeito sério, intenso, como se buscasse alguma verdade oculta naquela situação.
— Você não vai dar corda para essa besteira, não é? Eu não estou grávida.
deu de ombros e olhou para o teto, elevando a cabeça.
— Seria bom investigar, não? Independente de ser isso, ou de ser outra coisa. Você precisa se cuidar.
suspirou, fechando os olhos por um breve instante antes de encará-lo novamente.
— Tá bom, eu prometo que vou ao médico.
arqueou uma sobrancelha, como se duvidasse.
— Mesmo?
Ela revirou os olhos.
— Sim, mesmo! Agora pode parar de me olhar desse jeito, tá me deixando nervosa.
Ele soltou um riso anasalado, balançando a cabeça.
— Tudo bem, vou confiar na sua palavra.
cruzou os braços e o observou por um momento, percebendo o quão genuína era a preocupação dele. Isso fez algo dentro dela se remexer outra vez, mas ela ignorou.
— Obrigada por se preocupar… — murmurou, desviando o olhar.
— Eu me preocupo com as pessoas que gosto. — Ele deu de ombros, como se fosse a coisa mais natural do mundo.
O coração de deu um pequeno salto no peito, mas antes que ela pudesse responder, Jia e Eunwoo surgiram da cozinha.
— A sopa tá quase pronta! — Jia anunciou, animada, mas seu olhar encontrou o de rapidamente, como se perguntasse em silêncio se estava tudo bem.
apenas assentiu levemente, forçando um sorriso.
— Ótimo, porque eu estou morrendo de fome! — Eunwoo disse, esfregando as mãos, completamente alheio ao clima que acabara de se desfazer na sala.
***
ajudou Eunwoo a colocar os pratos sobre a mesa enquanto tomava um banho e Jia os ajudava com os copos para servir o suco que ela havia preparado. Quando tudo já estava arrumado, Eunwoo segurou a cintura de Jia e os dois trocaram alguns selinhos, enquanto se sentava à mesa.
— Vocês dois podem parar de me transformar em vela?
Eunwoo riu, ainda segurando Jia pela cintura, e lançou um olhar divertido para .
— Você só é vela porque quer.
ergueu uma sobrancelha, cruzando os braços sobre a mesa.
— O que isso deveria significar?
— Ah, nada… só que tem gente que prefere ficar olhando em vez de agir. — Eunwoo deu de ombros, o tom casual, mas o olhar carregado de insinuações. Jia rolou os olhos e lhe deu um leve tapa no braço.
— Para com isso, Eunwoo…
— O que foi? Não tô mentindo! — Ele riu, voltando-se para . — Você podia muito bem resolver esse problema de ser vela.
suspirou, balançando a cabeça, prestes a retrucar, mas a voz de interrompeu a conversa.
— Resolver o quê?
Os três se viraram para vê-la parada na entrada da sala de jantar. Ela vestia um moletom confortável e os cabelos ainda estavam um pouco úmidos do banho.
rapidamente desviou o olhar, pigarreando. Eunwoo, por outro lado, abriu um sorriso travesso.
— Nada, só estamos falando do sendo vela…
arqueou uma sobrancelha, desconfiada.
— E desde quando isso é um problema?
Eunwoo riu, lançando mais um olhar sugestivo para , que apenas pegou seu copo de suco e bebeu um gole sem dizer nada.
— Não é um problema. Pelo menos, não se ele quiser continuar assim… — Eunwoo disse, provocando mais uma vez.
Jia suspirou, puxando Eunwoo para a cadeira.
— Tá bom, vamos comer antes que esfrie!
ainda olhou de um para o outro, sentindo que estava perdendo alguma coisa na conversa, mas apenas deu de ombros e se sentou à mesa.
Enquanto todos se serviam, o jantar seguiu em um clima agradável. O cheiro da sopa quente preenchia o ambiente, e o barulho das colheres tocando nos pratos era intercalado por conversas casuais.
Jia, que estava sentada ao lado de , a observou por alguns instantes antes de perguntar:
— Você está se sentindo melhor agora?
, que soprava a colher antes de levá-la à boca, assentiu levemente.
— Sim, o banho ajudou bastante. E essa sopa também está ótima. — Ela sorriu de lado.
— Claro que está! Eu que fiz! — Jia brincou, erguendo o queixo de maneira orgulhosa.
Eunwoo riu.
— Nem vem, você só mexeu a panela.
— E servi o suco! — Ela retrucou, fazendo todos rirem.
olhou para a amiga e apertou de leve sua mão sobre a mesa.
— Obrigada por cuidar de mim, Jia.
Jia retribuiu o gesto com um sorriso carinhoso.
— Sempre!
observava a cena em silêncio, mas seus olhos demonstravam um certo alívio por vê-la melhor.
— Só não esquece da promessa, hein? — Ele disse, referindo-se à consulta médica.
revirou os olhos com um sorriso leve.
— Eu sei, eu sei… Eu vou.
Eunwoo bateu os talheres na mesa de leve.
— Muito bem! Agora que já garantimos que vai se cuidar, podemos focar no que realmente importa: a sobremesa!
Jia riu, negando com a cabeça.
— Meu Deus, você só pensa em comida!
— Não posso evitar, sou um homem de apetites…
— Ai, Eunwoo! — Jia lhe deu um tapa no braço, e todos riram, tornando a atmosfera mais leve.
O jantar continuou, agora com um clima mais descontraído, com se sentindo um pouco mais confortável na presença deles. Mesmo que algumas coisas ainda a incomodassem, ela não podia negar que, naquele momento, era bom ter aquelas pessoas ao seu redor.
***
Enquanto Jia e Eunwoo seguiam para a sala, ainda trocando brincadeiras sobre o quanto ele pensava em comida, começou a recolher os pratos da mesa.
— Pode ir para a sala também, . Eu cuido da louça. — Ele disse de forma natural, empilhando os pratos.
cruzou os braços e arqueou uma sobrancelha.
— Eu já estou bem melhor, posso ajudar.
parou e a encarou por um instante, como se tentasse decidir se deveria insistir ou não.
— …
— Sem discussão! — Ela o interrompeu, pegando alguns copos e seguindo para a pia. — Você cozinhou, então nada mais justo do que eu ajudar com a louça.
Ele suspirou, mas um pequeno sorriso apareceu em seus lábios.
— Na verdade, foi a Jia que cozinhou.
— Eunwoo discordaria disso. — brincou, fazendo rir baixinho.
Os dois seguiram para a cozinha, enquanto na sala Jia e Eunwoo se acomodavam no sofá, já em clima de preguiça pós-jantar.
Enquanto lavava as louças, as secava, guardando-as nos lugares corretos. O silêncio entre os dois não era desconfortável, mas sentia um peso sobre os ombros todas as vezes que se pegava o observando, lavando a louça tão sereno.
— Você me avisa quando marcar o médico? Talvez eu consiga ir com você…
arregalou os olhos e sentiu o coração parar de bater por alguns segundos, acelerando logo em seguida. Ela virou o rosto na direção de , e ele já olhava para ela.
— Imagina! Sei que sua agenda é apertada, não precisa se preocupar com isso. A Jia certamente consegue ir comigo, ou eu vou sozinha mesmo.
continuou lavando os pratos com calma, mas seus olhos permaneceram em por mais alguns segundos, como se estivesse esperando que ela aceitasse sem tanta resistência.
— Eu gostaria muito de ir. — Sua voz soou firme, mas ao mesmo tempo suave. — Faço questão.
sentiu seu estômago revirar e desviou o olhar rapidamente, focando-se em secar o prato em suas mãos.
— … — Ela começou, mas não sabia exatamente o que dizer.
— Não tem problema se a Jia for com você também, mas eu realmente quero estar lá. Se precisar, eu reorganizo minha agenda. — Ele insistiu, enxaguando o último prato e colocando-o no escorredor.
apertou o pano de prato entre os dedos, sentindo o coração bater contra as costelas. Não queria se permitir pensar que aquilo significava algo além de uma simples preocupação. Não podia.
Ela respirou fundo antes de responder:
— Tudo bem… eu aviso quando marcar.
sorriu de leve, satisfeito, e voltou sua atenção para secar as mãos. desviou os olhos, tentando ignorar o calor que subia pelo seu rosto.
sentiu a presença de se aproximando antes mesmo de vê-lo. O calor do corpo dele, a respiração que parecia um pouco mais profunda, o jeito como o silêncio entre eles começou a ficar carregado de algo não dito.
Ela continuou secando o último prato, tentando ignorar a tensão crescente no ar, mas seus dedos já tremiam levemente. Quando colocou o prato no escorredor e abaixou a mão, sentiu a ponta dos dedos dele roçarem de leve contra os seus. Um toque quase imperceptível, mas que fez sua pele arrepiar.
Ela virou o rosto devagar, e seus olhos encontraram os de . Ele já estava perto, tão perto que pôde notar cada detalhe de seu rosto —o formato delicado das sobrancelhas, os cílios longos, os olhos escuros que pareciam analisá-la em silêncio. Como se ela já não soubesse cada traço daquele de cor… eles eram os mesmos traços de .
O coração dela martelava no peito, e seu instinto foi desviar o olhar, fugir daquilo antes que fosse tarde. Mas ergueu uma das mãos e tocou de leve seu queixo, obrigando-a a manter o contato visual.
— … — A forma como ele disse seu nome foi o suficiente para fazê-la prender a respiração.
O olhar dele desceu para seus lábios, e então voltou para seus olhos. Ela soube naquele instante que não havia mais volta.
Quando se inclinou para frente, o tempo pareceu desacelerar. Os lábios dele tocaram os dela de forma hesitante no começo, como se estivesse testando os limites, esperando que ela recuasse. Mas não recuou.
O primeiro toque foi suave, apenas um roçar de lábios. Mas então, como se ambos tivessem chegado ao limite do autocontrole, a intensidade aumentou. a puxou mais para perto, uma de suas mãos deslizando para sua nuca, os dedos entrelaçando-se levemente nos fios de seu cabelo. sentiu um arrepio percorrer sua espinha, e um suspiro escapou por entre seus lábios.
Ela levou as mãos até o peito dele, não para afastá-lo, mas para senti-lo, para ter certeza de que aquilo era real. O coração de batia rápido contra sua palma, e isso só fez o dela disparar ainda mais.
O beijo aprofundou-se de forma natural, as bocas se moldando perfeitamente uma à outra, como se já soubessem exatamente o que fazer. O calor aumentou, e sentiu seu corpo inteiro responder ao toque dele, ao modo como os lábios de se moviam contra os seus, explorando, saboreando.
Havia urgência, desejo, mas também havia algo a mais—algo que fazia tudo parecer mais intenso do que um simples beijo.
Quando finalmente se separaram, os dois estavam ofegantes. manteve os olhos fechados por alguns segundos, tentando processar o que acabara de acontecer.
encostou a testa na dela, sua respiração quente misturando-se à dela.
— Isso… — Ele começou, sua voz rouca. — Isso não deveria ter demorado tanto para acontecer.
abriu os olhos, encontrando os dele tão próximos, ainda carregados de algo que ela não queria nomear.
Ela engoliu em seco, ainda sentindo o gosto dele em seus lábios, ainda sentindo a eletricidade pulsando entre eles.
E, naquele momento, percebeu que nada mais seria como antes.
Continua
Nota da autora: Veio aí o primeiro beijo dos queridos! O que vocês acharam? Beijos :*
IHA, FINALMENTE ADOTARAM ESSA IDEIA MARA!
Nossa, deve ser dureza perder alguém assim jovem, né? Não é o esperado apesar de a morte ser a única certeza :B
Confesso que tô igual a mãe da pp sobre essa ideia de continuar trabalhando, mas ao mesmo tempo fico “pode dar certo pra ela passar pelo luto” e também porque sabemos o que ela vai encontrar nessa viagem, mas enfim KKKKKKKK
Eu não assisti Beleza Verdadeira, então tô moscando sobre o final do personagem, MAS FINAL FELIZ A GENTE ACEITA. Bora, mal posso esperar pra ver a cópia do mozão aparecer!
Ai Lelen… por isso amo ter você como beta <3
Cara, eu fui lendo e lendo, bastante concentrada e totalmente envolvida com a história, e quando chegou esse momento dela entrar no quarto, foi bastante emocionante, principalmente essa fala dela!
ahhhh ): a despedida dos dois foi realmente triste
Eu estava ansiosa por uma fic de Hwang In Yeop, e esse prologo já nos trouxe fortes emoções! Sienna já se mostra ser uma mulher muito forte de determinada, mesmo passando por um momento tão complicado como o luto e a perda de um grande amor, mas em Seul parece que as emoções serão ainda maiores! Aguardando ansiosa os próximos capítulos! :’) Já tá muito incrível!!! s2
você é tudo para mim <3
Gente, o pobre da Sienna ainda sofreni pelo ex-mozão, agora vai dar de cara com o futuro-novo-mozão que vai parecer com o ex-mozão, QUE LOUCURAAA.
Confesso que levei um susto quando o Eunwoo apareceu e fiquei confusa, mas aí continuei lendo e entendi kkkk
Eunwoo vai fazer papel de amigo dos dois e maybe cupido? Fofuraa <3
O pobre do Inyeop (socorro que vou demorar pra decorar esse nome, HELP!) também na merda por causa de relacionamento (mas pelo menos o mozão dele não morreu repentinamente, né), bora animar isso aí, gente! Eunwoo, faz alguma coisa!
O Eunwoo vai ser um queridoooooooo! Juro, ele e a Jia!
Ooown, finalmente os bonitos se encontraram!
Vish, imagina o nó na cabeça da pp nesse momento, acho que eu ia pensar que o amor da minha vida tinha ressuscitado ou que eu tava louca.
O que será que o Inyeop vai pensar? Será se os dois vão ter um final feliz? E o senhor Eunwoo, por um momento eu tava com medo de ele ser fura olho do amigo, mas é só um fofo mesmo <3
Ainda bem que a Sienna tem bons amigos nessas horas. BORA PRA MAIS DESSA LOUCURA TODA, TÔ PRONTA (menos se tiver mais sofrência nova, aí não tenho certeza se estou pronta mesmo kkkkk) 💪💪💪
O Eunwoo sendo adorado por todas haha, mas ele é um doceeeeeee! Mal posso esperar para vocês verem mas dele! E da Sienna com o Inyeop também, já que o Inyeop é meu xodó!
Inyeop está mexendo com a sanidade de Sienna, mas entendo. Imagina ter o namorido morto e DO NADA, surge a cópia dele na sua frente? Mas acho que eu ia fazer palhaçada do caso e só soltar um “nossa, mas você é MUITO parecido com uma pessoa que eu conheci” e talvez dizer que essa pessoa já morreu, por isso eu estaria agindo como se eu estivesse vendo um fantasma, acho que já ajudaria na nova relação 😂😂😂
E o que vai rolar nesse encontro com a Nari?
Ah, queria deixar registrado também aqui que amo Jia e Eunwoo, melhores amigos que alguém poderia pedir 🥰
Geeenteee, eu não tava esperando essa revelação na história, né. Coitado do homem, era só mais um homem apaixonado, agora tá levando na cara, gente!
E o Eunwoo, queria ele como bff na vida real 🥹🥹
Quero saber como essa história toda vai terminar porque e se essa criança for do Inyeop? Gente, a novela mexicana que isso vai virar 🫢
Tô esperando ansiosa as próximas atts (perceba o plural HEHEEHE)
Achei bonitinho esse encontro no karaokê (sou a favor de dates em karaokê, gente, me julguem HAHAHAH)
E mais uma vez, eu não consigo imaginar como seria ver a imagem do meu falecido namorado em um cara aleatório que não tem a ver com a família do ex (achamos, né). Mas acho que eu ia explanar toda a verdade pra “cópia” e pedir perdão antecipado se eu falasse/fizesse qualquer coisa estranha perto dele HAHAHAHAH
E agora, será se esse filho é do moço? Espero que não, que aí é menos uma questão para ter que lidar depois, mas… Sei lá, né HAHAHAHHA
Eu não tô engolindo a paternidade dessa criança, mas considerando que é real, ao menos essa criança tá tendo um pai responsável e consciente. O quanto isso vai interferir no início de um novo romance? DDD:
Amiga: é real! Mas tô preparando muitos momentos fofinhos de pai e filho, juroooooo! Talvez vai atrapalhar um pouquinho (?????
EU NÃO TAVA ESPERANDO ESSA CENAAAAA
E não estava esperando o jeito que ela aconteceu HAHAHAH
Eu me perdi no tempo na história, então não sei a possibilidade de a Sienna estar grávida de fato, mas pela reação, acho que é possível? /HM
Meu Deeeus, cada vez aparece mais coisa pra eu ficar ansiosa e preocupada POSHOAPDNAODNPON HELP
Mas foi uma boa surpresa? KAOAKSOAKOSKO que medo agora!
Pensando se comento um spoiler kkkkkkkkkkkkk mas deixa para você(s) descobrir com os próximos capítulos