Beijos de Ano Novo
Primeiro Capítulo:
mordia a ponta da caneta, os olhos semicerrados enquanto encarava a folha de papel diante dele. Era um rascunho caótico, palavras riscadas e versos interrompidos. A pequena mesa do estúdio improvisado em seu apartamento estava cercada por xícaras de café vazias, a única testemunha de sua batalha criativa.
Ele soltou um suspiro longo, jogando a caneta ao lado do bloco. “Por que é tão difícil?”, murmurou para si mesmo. Era madrugada, e o silêncio de Tóquio parecia ainda mais pesado naquela nova realidade. Desde que havia se mudado da Coreia, sentia-se como um estrangeiro em um lugar onde as luzes brilhavam incessantemente, mas onde ele ainda não encontrava seu espaço.
Ao olhar pela janela, viu a paisagem urbana de Asakusa, com suas ruas tranquilas e o templo Sensō-ji iluminado ao longe. Ele sempre foi atraído pela cultura japonesa, mas viver ali era diferente de visitá-lo como turista. A solidão parecia acompanhar cada um de seus passos desde a mudança.
No canto do apartamento, o violão parecia chamá-lo. pegou o instrumento e dedilhou alguns acordes, tentando encontrar uma melodia que o conectasse com as palavras na página. Mas, mesmo o som que sempre foi seu refúgio parecia vazio agora.
“Eu preciso de algo… de alguém…”, pensou em voz alta, rindo de si mesmo. Como se o universo fosse magicamente mandar inspiração na forma de uma pessoa à sua porta.
Um som abafado vindo do andar de cima o tirou de seus pensamentos. Era como se algo tivesse caído. Ele ignorou no início, mas o barulho continuou, seguido de um murmúrio abafado. “Será que está tudo bem lá em cima?”
Sem conseguir ignorar, ele se levantou e caminhou até a porta. Ao abrir, encontrou o corredor silencioso e vazio. Hesitante, ele subiu os degraus que levavam ao andar superior, sentindo o coração acelerar de forma inexplicável.
Quando chegou ao apartamento de onde o som parecia vir, bateu na porta com cuidado.
— Com licença, está tudo bem aí?
A porta se abriu, revelando uma jovem de cabelos loiros presos em um coque bagunçado e vestindo roupas manchadas de tinta. Ela parecia surpresa ao vê-lo, como se não esperasse visitas naquela hora.
— Ah, desculpe pelo barulho! — disse a jovem, inclinando-se em um gesto educado. — Eu estava tentando montar algo, mas acho que não fui muito bem-sucedida.
tentou sorrir.
— Não se preocupe. Eu só fiquei preocupado. Sou , moro no andar de baixo.
— … — ela respondeu, um pouco sem graça. — Artista plástica. E aparentemente péssima com equilíbrio.
Eles trocaram um olhar que parecia se prolongar no tempo. Algo na expressão dela, na mistura de tinta nos dedos e no brilho cansado nos olhos, despertou em uma curiosidade inesperada.
— Quer ajuda com… seja lá o que for isso? — perguntou ele, apontando para a sala bagunçada atrás dela.
hesitou, mas então abriu um sorriso, um tanto tímido.
— Se não for incômodo…
— Não será.
Enquanto entrava no apartamento, não sabia, mas aquela noite silenciosa seria o começo de algo que mudaria o curso de seu ano – e talvez, de sua vida.
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O apartamento de era uma explosão de cores e caos organizado. Pedaços de tecido, pincéis, tintas e folhas de papel estavam espalhados por toda parte, como se a própria criatividade tivesse se manifestado em forma física.
tentou não parecer curioso, mas seus olhos vagavam por cada detalhe, intrigados.
— Então… o que exatamente você está tentando montar aqui?
riu, abaixando-se para recolher uma lanterna de papel que rolara para perto da porta.
— Uma instalação de Ano Novo. É para uma pequena exposição que vai acontecer amanhã. Eu pensei que seria simples montar essas lanternas, mas… parece que sou melhor pintando do que dobrando papel.
se aproximou, observando uma das lanternas já prontas. O papel delicado estava pintado à mão com padrões intrincados de flores de ameixa e ondas estilizadas, em tons suaves de azul e dourado. Ele ficou impressionado com o nível de detalhe.
— Isso é incrível. Você fez tudo sozinha?
Ela deu de ombros, um pouco tímida.
— É o que eu faço. Arte… — disse com um sorriso tímido, colocando a lanterna em cima de uma mesa. — Pelo menos, quando não estou lutando contra prazos ou tentando lembrar como se faz uma instalação que não desmorone.
riu, pegando outra lanterna caída no chão. Ele a girou nas mãos, admirando os detalhes.
— Você tem talento. Isso deve ser um sucesso.
— Obrigada — respondeu ela, embora houvesse uma hesitação em sua voz. — Mas, honestamente? Não tenho certeza. É uma daquelas noites em que me pergunto se alguém vai realmente notar o que faço.
parou e a olhou. Ele reconhecia aquele sentimento; já o sentira muitas vezes em sua jornada como músico.
— Alguém vai. E mesmo que não notem agora, eventualmente vão. Seu trabalho tem alma. É isso que importa.
piscou, surpresa pela convicção nas palavras dele.
— Você fala como alguém que já passou por isso.
Ele sorriu, desviando o olhar para a lanterna em suas mãos.
— Eu sou músico. Então, sim… conheço bem o medo de que o que eu faço não seja bom o suficiente.
A conexão momentânea entre eles foi interrompida pelo som de algo caindo novamente. soltou um suspiro exasperado e começou a recolher as lanternas desmoronadas em um canto da sala.
— Parece que vou precisar de ajuda profissional — brincou ela, franzindo a testa para a pilha bagunçada.
— Por sorte, eu sou profissional em improvisar — disse com um sorriso. Ele puxou uma cadeira e começou a ajudar, cuidadosamente ajustando as armações de algumas lanternas.
Enquanto trabalhavam juntos, a conversa fluiu naturalmente. contou sobre sua avó, que sempre fazia questão de ensinar as tradições do Ano Novo japonês, como limpar a casa para afastar má sorte e preparar pratos simbólicos como o osechi ryori.
— Ela dizia que o Ano Novo é como um livro em branco… — explicou , enquanto ajustava a tinta de uma lanterna. — Tudo o que você faz na virada define o que você vai escrever nas páginas do próximo ano.
ouviu atentamente, absorvendo cada palavra. Ele nunca tivera uma conexão forte com as tradições de sua própria cultura e, de certa forma, as histórias de o fizeram se sentir acolhido naquele país estrangeiro.
— E você? — perguntou ela, após um tempo. — Por que veio para o Japão?
hesitou por um momento, ajustando o nó de uma lanterna antes de responder.
— Acho que precisava de uma mudança. Meus projetos na Coreia começaram a parecer… sem vida. Queria encontrar algo novo, alguma inspiração. Só não esperava que fosse tão difícil começar do zero.
sorriu de leve.
— Começar do zero é sempre difícil. Mas também pode ser o melhor presente que você pode se dar.
Eles terminaram de montar a última lanterna pouco antes do amanhecer. O sol começava a despontar, tingindo o céu de laranja e rosa.
— Obrigado por me ajudar! — disse , olhando para o trabalho finalizado com um brilho de orgulho nos olhos.
— Foi bom fazer algo diferente. — respondeu , pegando o casaco para ir embora. — Além disso, acho que sua avó estava certa. Talvez começar o ano ajudando alguém seja um bom jeito de escrever novas páginas.
riu, acompanhando-o até a porta.
— Acho que sua página já começou bem.
Enquanto ele descia as escadas, sentiu um sorriso involuntário surgir em seus lábios. Talvez, pensou ele, aquele novo ano estivesse prometendo mais do que ele imaginava.
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Segundo Capítulo:
O sol da manhã iluminava o pequeno corredor do prédio, enquanto descia as escadas em passos hesitantes. A curiosidade não a deixava em paz desde que fora embora. Ele havia ajudado tanto, e a conexão que sentiram enquanto trabalhavam juntos ainda pulsava em sua mente. Ela queria agradecê-lo apropriadamente e, quem sabe, saber mais sobre ele.
Mas havia um pequeno problema: ela não tinha ideia de qual apartamento era o dele no andar debaixo.
Parando no patamar, ela olhou para as portas do corredor, todas idênticas, sem nenhuma pista óbvia. “Será o da direita ou da esquerda?” murmurou para si mesma, apertando a alça da bolsa que carregava.
Antes que pudesse decidir, o som de uma porta se abrindo ecoou pelo corredor, e ela se virou rapidamente. Para sua surpresa – e alívio –, lá estava ele. saía do apartamento à esquerda, vestindo um casaco simples e um gorro preto.
Ele notou sua presença e abriu um sorriso amigável.
— Bom dia. O que faz por aqui tão cedo?
corou ligeiramente, sentindo-se flagrada.
— Ah, bom dia! Eu… só queria te agradecer de novo pela ajuda de ontem. — Ela hesitou, tentando parecer casual. — E, bem… acho que queria descobrir onde você mora.
riu baixinho, fechando a porta atrás de si.
— Acho que agora você já descobriu. — Ele deu uma olhada no relógio de pulso e depois voltou a encará-la. — Estava indo tomar café na padaria aqui perto. Quer vir comigo?
O convite pegou de surpresa. Ela piscou algumas vezes antes de responder.
— Ah, eu… claro, seria ótimo.
— Então, vamos! — disse ele, gesticulando para que ela o acompanhasse.
Caminharam juntos pelas ruas tranquilas de Asakusa, onde o movimento matinal ainda era tímido. O ar fresco da manhã trazia o aroma de pão recém-assado, e sentiu-se estranhamente à vontade ao lado de .
— Você costuma vir para cá? — perguntou ela, tentando puxar conversa.
— Sim… — respondeu ele, enfiando as mãos nos bolsos do casaco. — É um lugar simples, mas a comida é boa. Além disso, é um dos poucos lugares que me fazem sentir que estou realmente vivendo aqui, sabe? Ainda estou tentando me acostumar.
assentiu, compreendendo perfeitamente o sentimento.
— Mudar para outro país deve ser difícil. Mas você já está se adaptando bem, pelo que parece.
deu um sorriso de lado.
—Acho que ontem foi um bom começo. Conhecer você e ajudar com as lanternas foi melhor do que ficar sozinho no meu apartamento tentando escrever algo que fizesse sentido.
Ela sorriu também, sentindo uma pontada de satisfação com o comentário.
— Bem, espero que o café de hoje ajude também.
Chegaram à padaria, um pequeno estabelecimento acolhedor com mesas de madeira e uma vitrine repleta de pães e doces. segurou a porta para entrar, e ela agradeceu com um leve aceno.
Enquanto pediam seus cafés e pães, a conversa fluiu com naturalidade. contou mais sobre sua vida como músico, e compartilhou histórias de suas exposições e das peculiaridades de viver em Tóquio.
Quando finalmente se acomodaram em uma mesa perto da janela, a observou por um momento, um sorriso suave no rosto.
— Eu não esperava começar meu dia assim, mas estou feliz que você tenha me encontrado no corredor.
desviou o olhar por um instante, sentindo o calor subir ao rosto, mas logo tomou coragem.
— Para ser honesta… — começou ela, colocando a xícara de café de volta na mesa. — Eu também queria aproveitar para te convidar para a exposição de hoje à noite. É uma instalação pequena, mas significa muito para mim.
arqueou as sobrancelhas, surpreso, mas logo o sorriso em seu rosto se alargou.
— Isso é um convite oficial?
— Sim, exatamente isso, um convite oficial — respondeu , com um toque de nervosismo, mas também decidida. — Afinal, você ajudou tanto ontem. Acho justo que veja o resultado.
Ele assentiu, cruzando os braços sobre a mesa.
— Eu adoraria ir. Qual o horário?
— Começa às sete, mas você pode chegar um pouco antes, se quiser. Assim posso mostrar tudo com calma antes de todo mundo aparecer.
sorriu novamente, genuinamente encantado com o convite.
— Sete está perfeito. Mal posso esperar para ver como ficaram as lanternas.
sentiu um alívio misturado com expectativa. O simples ato de convidá-lo parecia um pequeno passo, mas também carregava uma sensação de algo novo e inesperado surgindo entre eles.
Enquanto continuavam conversando, o clima leve e descontraído transformava a manhã em algo memorável. não podia deixar de pensar no que a noite poderia reservar.
A conversa entre os dois fluiu naturalmente durante o café da manhã. sentia-se mais à vontade a cada minuto, enquanto demonstrava um charme despretensioso que a deixava intrigada. Eles falaram sobre a adaptação dele ao Japão, o amor de por arte e as dificuldades que ambos enfrentavam para expressar suas paixões de maneira autêntica.
contou histórias de sua infância na Coreia, sua jornada na música e as razões que o levaram a Tóquio. Ele falou sobre a busca por inspiração e como sentia que, de alguma forma, o destino o colocara ali no momento certo.
— E você? — perguntou ele, inclinando-se levemente sobre a mesa. — Desde quando a arte faz parte da sua vida?
sorriu, mexendo no café.
— Acho que desde sempre. Minha mãe costumava pintar, e eu me encantava vendo-a transformar telas em mundos. Mas só depois de adulta percebi que queria criar algo que fizesse as pessoas sentirem o mesmo que eu sentia quando olhava para as pinturas dela.
ouviu com atenção, admirando a paixão em sua voz.
— Acho incrível como a arte pode conectar as pessoas, mesmo quando vêm de lugares tão diferentes.
Ela assentiu, e por um momento, os dois ficaram em silêncio, apenas aproveitando a tranquilidade da padaria e a companhia um do outro.
De volta ao prédio, o clima já estava mais quente, e a caminhada foi repleta de comentários sobre a arquitetura das ruas e as peculiaridades do bairro.
— Você mora aqui há muito tempo? — perguntou , curioso.
— Faz alguns anos. Gosto de Asakusa porque tem essa mistura de tradição e modernidade. É como viver em dois mundos ao mesmo tempo.
— Faz sentido — disse ele, pensativo. — Talvez seja por isso que eu me sinto confortável aqui, mesmo sendo tão diferente de casa.
Quando chegaram à entrada do prédio, parou por um momento, virando-se para ele.
— Obrigada por aceitar o convite. Vai ser bom ter um rosto conhecido por lá hoje à noite.
sorriu, ajustando o gorro.
— Estou ansioso para ver o que você criou. Além disso, acho que agora somos oficialmente vizinhos, não?
Ela riu, assentindo.
— Acho que sim.
Com uma despedida amigável, subiu para seu apartamento, sentindo o coração mais leve. Algo na simplicidade daquele encontro a fazia acreditar que talvez aquele ano novo pudesse trazer mais do que ela imaginava.
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Terceiro Capítulo:
sentou-se no pequeno estúdio improvisado que montara em seu apartamento. O teclado repousava sobre uma mesa simples, ao lado de fones de ouvido e uma pilha de cadernos rabiscados com ideias musicais. Desde que voltara do café da manhã com , ele sentia um impulso criativo como há tempos não experimentava.
Os dedos dele deslizaram pelas teclas, criando uma melodia suave, carregada de nostalgia e esperança. Ele fechou os olhos, permitindo que as notas traduzissem o turbilhão de emoções que o encontro com despertara. A conversa sobre recomeços, arte e conexões inesperadas parecia ecoar em sua mente, guiando cada acorde.
A melodia cresceu gradualmente, ganhando camadas que refletiam tanto a leveza da manhã quanto a sensação de algo novo e desconhecido se desenrolando. Pegou a caneta e rabiscou palavras no caderno:
“Recomeços não pedem licença, chegam com o vento, silenciosos, mas certos.”
Depois de algum tempo, parou, observando o papel à sua frente. Algo ainda faltava, e ele sabia exatamente quem poderia ajudá-lo a preencher aquele vazio.
subiu as escadas com passos decididos e bateu na porta de . Ela apareceu logo, surpresa, mas sorrindo ao vê-lo.
— ? O que houve?
Ele coçou a nuca, um tanto hesitante.
— Eu estava trabalhando em uma música e… — fez uma pausa, como se estivesse escolhendo as palavras. — Bem, a verdade é que você meio que me inspirou.
piscou, surpresa, mas antes que pudesse responder, ele continuou:
— Gostaria de ouvir? É só uma ideia, mas pensei que talvez você pudesse me ajudar.
Ela sorriu, intrigada, e pegou o casaco pendurado perto da porta.
— Claro. Eu adoraria.
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De volta ao apartamento dele, olhou ao redor, admirada com o espaço. Apesar de simples, o ambiente era acolhedor, cheio de personalidade, com partituras espalhadas e instrumentos cuidadosamente posicionados.
— Então, é aqui que a magia acontece? — brincou, enquanto se sentava em uma cadeira ao lado do teclado.
riu, ajustando o banco.
— Pode não parecer grande coisa, mas tem funcionado.
Ele colocou os fones de ouvido sobre o teclado e tocou a melodia que havia criado, observando a reação dela com atenção. fechou os olhos, deixando-se levar pelas notas, e quando a música terminou, ela abriu os olhos lentamente, parecendo emocionada.
— É linda, . Tão cheia de significado…
Ele sorriu, mas balançou a cabeça.
— Ainda não está completa. Precisa de letras que capturem o que eu estou tentando transmitir. Algo sobre recomeços, encontros inesperados…
inclinou-se para a frente, animada.
— Você quer ajuda com isso?
— Eu adoraria.
Ela pegou o caderno ao lado dele e começou a rabiscar algumas palavras, murmurando ideias enquanto a observava. O brilho nos olhos dela era contagiante, e, por um instante, ele percebeu que aquele momento íntimo — duas pessoas criando algo juntas — era exatamente o que ele precisava para se sentir conectado àquele novo capítulo de sua vida.
Aos poucos, as palavras se transformaram em versos. ajustou a melodia para encaixá-los, e, juntos, eles deram vida a uma música que parecia capturar a essência de tudo que os unira até aquele momento.
Quando terminaram, o olhou, os olhos brilhando de entusiasmo.
— Isso ficou incrível.
sorriu, sentindo-se genuinamente grato.
— Tudo graças a você.
O clima entre os dois era tão natural que, por um momento, ambos ficaram em silêncio, apenas trocando olhares. Até que , percebendo o passar do tempo, levantou-se, ajeitando o casaco.
— Bem, acho que preciso me preparar para a exposição.
assentiu, embora quisesse prolongar aquele instante.
— Estarei lá. E, quem sabe, um dia a gente apresente essa música juntos.
Ela riu, abrindo a porta.
— Talvez. Até mais tarde, vizinho.
Quando a porta se fechou, ficou sozinho, mas sentia-se mais completo do que nunca. A música que haviam criado não era apenas sobre recomeços. Era um recomeço em si.
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Quarto Capítulo:
As luzes suaves do salão da galeria criavam um contraste com o céu escuro da noite em Asakusa. As grandes janelas revelavam a vista urbana enquanto os convidados circulavam pelo espaço, admirando as obras de arte cuidadosamente expostas. estava parada perto de uma de suas telas favoritas, ajustando a postura para parecer tranquila, embora seu coração estivesse acelerado.
A exposição era uma oportunidade de ouro para ela, um espaço para mostrar ao mundo sua visão e seu talento. Mas, mesmo com tantos elogios vindos de críticos e amigos, algo parecia incompleto. Era como se ela esperasse por algo — ou alguém.
Não demorou muito para que uma figura familiar cruzasse a porta. entrou, usando um casaco preto elegante, que contrastava com o sorriso caloroso que ele lançou assim que a viu. Ele parecia deslumbrado com o ambiente, mas seus olhos rapidamente encontraram os dela, e ele se aproximou com passos firmes.
— Uau — disse ele, parando em frente a ela. — Isso aqui é incrível, .
Ela sorriu, sentindo o calor subir às bochechas.
— Obrigada. Eu estava começando a achar que você não viria.
— Eu nunca perderia isso. Você sabe disso.
desviou o olhar para as telas próximas. Ele parou em frente a uma em particular, uma pintura abstrata que parecia misturar cores e formas de maneira caótica, mas harmoniosa.
— Esta é sua, certo? — perguntou ele, apontando.
assentiu.
— Sim. Chama-se Fragmentos. É sobre… momentos que parecem desconexos, mas que, quando você olha de longe, fazem sentido.
Ele ficou em silêncio, admirando a obra, e então a olhou.
— Como você consegue traduzir sentimentos assim em algo tão visual?
— Acho que é o mesmo jeito que você faz com suas músicas — respondeu ela, sorrindo.
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Enquanto os dois circulavam pela exposição, o apresentava a algumas das suas peças favoritas e compartilhava as histórias por trás delas. ouvia atentamente, como se absorvesse cada palavra, cada emoção que ela transmitia.
Eles pararam em frente a uma escultura, um trabalho minimalista que evocava delicadeza e força ao mesmo tempo.
— Isso me lembra você — comentou , inesperadamente.
arqueou uma sobrancelha, surpresa.
— Como assim?
Ele coçou a nuca, ligeiramente embaraçado.
— Bem, é simples, mas cheio de camadas. E… não tem como não reparar.
Ela riu, tentando esconder o quanto o comentário a afetara.
— Você é cheio de surpresas, .
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Conforme a noite avançava, o salão ficava mais cheio, mas eles permaneciam próximos, como se o restante do mundo fosse apenas um plano de fundo.
— Você já pensou em expor fora do Japão? — perguntou ele, enquanto tomavam uma taça de vinho perto de outra grande janela.
— Já, mas sempre fico com receio de que não seja o momento certo.
— Eu acho que qualquer lugar ficaria melhor com a sua arte — disse ele, com sinceridade.
olhou para ele, sentindo o peso daquelas palavras. Antes que pudesse responder, uma voz chamou por ela, quebrando o momento.
— ! Você precisa vir aqui. Estão querendo falar sobre sua obra principal.
Ela assentiu, pedindo licença para , mas antes de se afastar, tocou levemente em seu braço.
— Não vá embora ainda, tá?
— Nem penso nisso — garantiu ele.
ficou observando-a se afastar, sentindo-se ainda mais inspirado. Não era apenas o talento dela que o fascinava, mas também a forma como ela parecia enxergar o mundo de um jeito único e especial.
Ele sabia que aquela noite seria inesquecível, e, de alguma forma, sentia que estava apenas começando.
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voltou ao salão após atender ao chamado, sentindo a energia frenética de elogios e perguntas sobre sua obra principal. Ela havia sorrido, conversado e agradecido a todos que se aproximaram, mas agora só queria retornar para perto de .
Quando o avistou novamente, ele estava parado em frente à mesma tela abstrata que haviam discutido antes: Fragmentos. parecia perdido na pintura, os braços cruzados e a cabeça ligeiramente inclinada, como se estivesse tentando desvendar algo mais profundo.
Ela se aproximou silenciosamente, mas ele percebeu sua presença antes que pudesse dizer algo.
— Você voltou — disse ele, virando-se para encará-la.
— Voltei — respondeu ela, com um sorriso suave. — Desculpe a demora.
balançou a cabeça, indicando que não havia problema. Ele apontou para a tela à sua frente.
— Acho que entendi por que isso aqui me prende tanto.
arqueou as sobrancelhas, curiosa.
— Por quê?
Ele hesitou por um instante, como se tentasse encontrar as palavras certas.
— É como… um espelho. A gente passa a vida olhando para pedaços desconexos, tentando entender como tudo se encaixa. E, de repente, percebe que o caos faz parte da beleza.
o observou, sentindo o impacto daquelas palavras. Era raro encontrar alguém que entendesse sua arte tão profundamente.
— Você realmente tem uma sensibilidade especial para interpretar as coisas — disse ela, quase em um sussurro.
riu, levemente encabulado.
— Talvez eu só esteja projetando — respondeu ele, mudando de assunto com um sorriso. — Mas e você? O que queriam com você?
suspirou, cruzando os braços.
— Era sobre a minha obra principal. Eles queriam saber se estou disposta a levá-la para uma exposição em Kyoto no próximo mês.
— Uau! Isso é incrível, ! E você disse sim?
— Ainda não. Eu queria pensar um pouco.
Ele franziu a testa, claramente surpreso.
— Pensar? Isso é uma oportunidade enorme! Por que a hesitação?
Ela deu de ombros, olhando para a pintura.
— Acho que é o medo de sair da minha zona de conforto. De não estar pronta para algo maior.
inclinou a cabeça, estudando-a.
— Você sabe o que eu acho? — começou ele, com um tom sério. — Acho que você subestima o impacto que a sua arte pode ter. Se você conseguiu tocar alguém como eu — que mal entende de pintura —, imagine o que pode fazer em Kyoto.
sorriu, tocada pela sinceridade dele.
— Você realmente acha isso?
— Tenho certeza — respondeu ele, sem hesitar.
Por um instante, o mundo ao redor pareceu desaparecer. Eles estavam apenas os dois ali, conectados por algo mais profundo que palavras.
— Talvez você tenha razão — disse ela, finalmente.
sorriu, como se estivesse aliviado por ela ter aceitado suas palavras.
— Você vai arrasar, . Tenho certeza disso.
Ela desviou o olhar, um pouco envergonhada, mas profundamente grata por tê-lo ali.
— Obrigada, . Por acreditar em mim.
Ele apenas sorriu novamente, um brilho nos olhos que a fez sentir que, de alguma forma, tudo estava no lugar certo.
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Com a exposição chegando ao fim, os convidados começaram a se dispersar. caminhava ao lado de , conduzindo-o até a saída. O ar da noite estava frio, mas agradável, e as ruas de Asakusa ainda vibravam com o burburinho típico daquela época do ano.
Eles andavam lado a lado, conversando sobre detalhes do evento, mas a presença de tornava cada troca de palavras especial. Quando chegaram à porta da galeria, ele hesitou, como se algo estivesse pesando em sua mente.
— Então, já vai embora? — perguntou , ajeitando a echarpe ao redor do pescoço.
parou, olhando para ela por um momento antes de enfiar as mãos nos bolsos do casaco.
— É, acho que sim. Já está ficando tarde.
Ela assentiu, mas algo em sua expressão indicava que talvez preferisse que ele ficasse mais um pouco. , percebendo isso, respirou fundo e tomou coragem.
— ?
— Sim? — respondeu ela, curiosa.
Ele desviou o olhar por um segundo, reunindo forças.
— Eu estava pensando… Você já sabe como vai passar a virada do ano?
piscou, surpresa pela pergunta repentina.
— Bem, eu não tenho nada planejado ainda. Geralmente fico em casa ou vou até o templo para as orações tradicionais. Por quê?
deu de ombros, tentando parecer casual, mas havia um leve nervosismo em sua voz.
— Eu também não tenho nada planejado. Pensei que talvez pudéssemos fazer algo juntos. Quero dizer, se você não se importar.
Ela sorriu, claramente surpresa, mas também animada com a ideia.
— Fazer algo juntos? Como o quê?
— Ainda não sei exatamente. Mas talvez explorar a cidade, assistir aos fogos, ou até mesmo só conversar enquanto o ano novo chega.
o encarou por um momento, sentindo o calor de suas palavras em meio ao frio da noite.
— Isso parece… uma ótima ideia. Eu adoraria.
relaxou visivelmente, um sorriso genuíno se formando em seu rosto.
— Sério?
— Claro — respondeu ela. — Acho que seria uma ótima maneira de começar o ano novo.
Eles ficaram em silêncio por alguns segundos, apenas trocando olhares que diziam mais do que qualquer palavra poderia expressar.
— Então está combinado — disse ele, finalmente. — Nos vemos mais tarde.
— Combinado — confirmou ela, sorrindo.
Enquanto se afastava, acenando de forma descontraída, sentiu o coração acelerar. Algo lhe dizia que aquele ano novo seria diferente de todos os outros — e talvez fosse exatamente isso que ela precisava.
💋💋💋
Quinto Capítulo:
estava em seu apartamento, sentado no pequeno sofá da sala, segurando um livro que não tinha conseguido ler desde que abrira. Ele olhava para as páginas, mas as palavras pareciam dançar, sem sentido, enquanto sua mente divagava.
Ele fechou o livro com um suspiro frustrado, jogando-o de lado.
— Por que estou tão nervoso? — murmurou para si mesmo, passando a mão pelos cabelos, bagunçando-os ainda mais.
Levantou-se e foi até a cozinha, servindo um copo d’água. Tentou pensar em outra coisa, mas a expectativa de encontrar naquela noite parecia consumir todos os seus pensamentos. Ele deu um pequeno sorriso, quase irônico.
— É só uma noite entre vizinhos… Nada demais.
Mas, no fundo, ele sabia que aquilo era mais do que um “nada demais”. Desde que a conhecera, algo em o fazia sentir-se diferente, mais leve, mas também inquieto. Era como se, ao lado dela, o mundo tivesse mais cores, mais possibilidades.
Olhou para o relógio na parede. Ainda faltavam algumas horas até o encontro, mas o tempo parecia passar devagar demais. Decidiu colocar uma playlist para tocar e, quem sabe, organizar o apartamento para se distrair.
💋💋💋
Enquanto isso, no andar de cima, entrava em seu apartamento às pressas, sentindo o coração bater acelerado.
— Droga, já é tão tarde! — exclamou, olhando para o relógio e percebendo que tinha menos de uma hora para se arrumar.
Jogou a bolsa no sofá e foi direto para o quarto. Abriu o armário com certa ansiedade, puxando algumas roupas. Colocou um vestido preto básico sobre a cama, depois uma blusa brilhante com uma saia, e logo em seguida uma combinação completamente diferente.
— Nada disso parece certo… — disse, mordendo o lábio inferior.
Após alguns minutos de indecisão, escolheu um vestido vermelho simples, mas elegante, que destacava suas curvas sem ser exagerado. Ela o vestiu rapidamente e correu para o espelho, ajustando os detalhes.
Foi até o banheiro para fazer a maquiagem, mas, ao encarar seu reflexo, sentiu uma pontada de insegurança.
— Será que isso está bom? — murmurou, experimentando um tom de batom e depois apagando, até finalmente decidir por algo mais neutro.
Arrumou o cabelo com rapidez, mas ainda com cuidado. Por fim, calçou um par de botas de salto baixo, práticas e confortáveis. Quando estava quase pronta, pegou um perfume e borrifou nos pulsos e no pescoço, inspirando profundamente para acalmar o coração.
Antes de sair, deu uma última olhada no espelho.
— Ok, . É só uma noite. Nada demais.
Mas, assim como , ela sabia que havia algo especial naquela virada de ano.
Ela pegou sua bolsa e saiu do apartamento, descendo as escadas com pressa. Quando chegou ao andar de , bateu suavemente na porta.
Ele abriu poucos segundos depois, já vestido com uma camisa preta e um casaco longo, que davam a ele um ar casual, mas sofisticado. Ele a observou por um momento, os olhos brilhando.
— Você está linda… — disse ele, com um sorriso sincero.
sentiu as bochechas corarem levemente, mas retribuiu o sorriso.
— Obrigada. Você também.
Os dois se olharam por alguns segundos, em um silêncio confortável, antes de perguntar:
— Pronta para a virada?
— Prontíssima — respondeu ela, sentindo a expectativa vibrar no ar.
E juntos, saíram para o que prometia ser uma noite inesquecível.
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e saíram do prédio juntos, a brisa fria da noite de inverno envolvendo-os enquanto caminhavam pela calçada iluminada pelas luzes festivas. olhou para o céu, onde os primeiros sinais de uma noite estrelada começavam a surgir.
— Então, para onde vamos? — ele perguntou, os olhos brilhando de curiosidade.
sorriu, ajustando o cachecol ao redor do pescoço.
— Vou te levar ao centro de Tóquio. É uma loucura durante a virada do ano, mas também é lindo. As ruas ficam tomadas por pessoas, luzes e, claro, tem uma contagem regressiva épica.
sorriu de volta, animado com a ideia.
— Parece incrível. Acho que nunca vivi algo assim.
Enquanto caminhavam em direção ao ponto de metrô, continuou:
— Mas… Antes da meia-noite, gostaria de passar em um templo. É uma tradição que minha avó me ensinou.
arqueou uma sobrancelha, intrigado.
— Tradição?
— Sim. Ela sempre dizia que a melhor maneira de começar um novo ano é com uma oração e boas vibrações. A gente toca os sinos, faz desejos e, de certa forma, limpa as energias para o que está por vir.
considerou aquilo por um momento antes de assentir.
— Isso soa especial. Eu adoraria ir com você.
lançou-lhe um olhar de surpresa e gratidão.
— Sério?
— Claro — respondeu ele com um sorriso caloroso. — Acho que seria uma experiência única.
Ela relaxou, sentindo o peso de sua insegurança diminuir. Era importante para ela manter viva aquela tradição, e compartilhar isso com fazia a noite parecer ainda mais significativa.
Os dois entraram no metrô, conversando sobre os planos para a noite. A animação no ar era palpável, e sentia que, de alguma forma, aquele momento estava mudando algo dentro dele.
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O centro de Tóquio estava um espetáculo de cores e energia. As ruas estavam tomadas por uma multidão animada, e as luzes neon brilhavam intensamente, refletindo nas vitrines e na neve fina acumulada em alguns cantos. mal podia conter a empolgação enquanto olhava ao redor, absorvendo o clima vibrante da cidade.
— Isso é incrível — disse ele, quase em um sussurro, enquanto passavam por um grupo de pessoas fantasiadas celebrando em uma esquina. — É como estar em outro mundo.
sorriu ao vê-lo tão encantado.
— Eu sabia que você ia gostar. É impossível não se deixar levar pela energia daqui.
Eles caminharam lado a lado, parando em uma barraquinha que vendia yakisoba e takoyaki. pediu duas porções de bolinhos de polvo e entregou uma para .
— Experimente. São meus favoritos.
Ele pegou um dos bolinhos com o palito, observando o vapor subir antes de morder. Seus olhos se arregalaram de surpresa.
— Isso é muito bom!
riu da expressão dele.
— Eu avisei.
Eles continuaram explorando, experimentando mais comidas típicas e se aquecendo com copos de amazake, uma bebida doce e quente feita de arroz fermentado. A cada gole, o calor reconfortante da bebida os protegia do frio da noite.
Em determinado momento, enquanto passavam por uma praça iluminada por lanternas e pequenas árvores decoradas, parou de repente, olhando para uma vitrine de loja que exibia uma instalação artística. Ele ficou imóvel por alguns instantes, admirando as pinceladas abstratas que pareciam dançar na tela.
parou ao lado dele, observando-o em silêncio.
— Você realmente gosta de arte, não é? — ela perguntou suavemente.
virou-se para ela, um sorriso tímido nos lábios.
— É mais do que gostar. Acho que é a única forma que eu tenho de me expressar completamente.
Por um momento, os olhos de ambos se encontraram, e o barulho da multidão ao redor pareceu se apagar. Havia algo no olhar de que o fazia se sentir à vontade, mas também o deixava inquieto de um jeito novo.
Ela desviou o olhar, um leve rubor tingindo suas bochechas.
— Você é incrível nisso. Dá para perceber pela maneira como você fala sobre arte.
inclinou levemente a cabeça, estudando-a.
— Eu poderia dizer o mesmo de você. Sua exposição… É impossível não sentir algo ao olhar para suas peças.
riu, nervosa.
— Pare. Vai me deixar sem graça.
— Só estou sendo honesto — ele disse, a voz baixa e sincera.
Eles continuaram andando, mas o clima entre eles estava diferente agora. O toque ocasional de seus braços enquanto caminhavam fazia os dois se entreolharem, e cada sorriso trocado parecia carregado de algo mais profundo.
Em uma ponte que cruzava o rio Sumida, com as luzes da Tokyo Skytree ao fundo, parou novamente, apoiando-se no corrimão e olhando para a cidade abaixo.
— Acho que essa é a noite mais especial que já tive desde que me mudei para cá — confessou ele, sem tirar os olhos da vista.
se aproximou, o vento brincando com seus cabelos.
— Ainda nem chegamos à virada do ano — disse ela, tentando disfarçar a própria emoção com um tom leve.
se virou para ela, os olhos brilhando com algo mais do que gratidão.
— Talvez você seja o motivo.
ficou sem palavras por um instante, sentindo o coração acelerar. Mas antes que pudesse responder, ele se afastou do corrimão e estendeu a mão para ela.
— Vamos? Ainda temos um templo para visitar.
Ela assentiu, pegando a mão dele sem hesitar. Enquanto seguiam juntos pela multidão, percebeu que aquele passeio estava mudando mais do que só a forma como ela via . Talvez estivesse mudando tudo.
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Sexto Capítulo:
O templo estava situado em uma colina afastada do barulho do centro da cidade, cercado por árvores que balançavam suavemente ao ritmo do vento gelado. Pequenas lanternas iluminavam o caminho de pedra que levava ao portão principal, criando um contraste entre a agitação que eles haviam acabado de deixar para trás e a serenidade quase mágica daquele lugar.
parou por um momento, observando o cenário ao redor. O portão torii vermelho, as lanternas penduradas, as árvores que pareciam tocar o céu estrelado — tudo parecia saído de um sonho.
— Uau… — ele murmurou, enfiando as mãos nos bolsos do casaco para se proteger do frio. — É como se estivéssemos em outro mundo.
sorriu ao vê-lo admirando o lugar.
— Minha avó costumava dizer que os templos são portais para a alma. Aqui, tudo fica mais claro, como se você pudesse escutar o que seu coração realmente quer.
Eles continuaram andando, subindo os degraus de pedra que levavam ao pátio principal. Algumas poucas pessoas estavam ali, cumprindo seus rituais de fim de ano, como tocar os sinos, rezar e purificar as mãos na fonte de água.
— É tão tranquilo — comentou , olhando ao redor. — Acho que nunca estive em um lugar assim antes.
parou ao lado de uma tigela de água, pegando a concha de bambu para derramar o líquido sobre as mãos, como mandava a tradição. Ela fez um gesto para que ele a imitasse, e , ainda um pouco confuso, seguiu seu exemplo.
— Você lava as mãos para se purificar antes de fazer um desejo ou uma oração — explicou ela, com paciência. — É um jeito de começar limpo, renovado.
assentiu, respeitoso, e depois os dois se aproximaram do sino grande que ficava no centro do pátio. Um grupo pequeno estava reunido ali, esperando para tocar o sino, e o som grave e ritmado ecoava pelo ar, criando uma atmosfera ainda mais mística.
— A tradição é tocar o sino 108 vezes para purificar os desejos mundanos — disse , olhando para o objeto imponente. — Mas cada pessoa geralmente toca só uma vez.
olhou para o sino e depois para ela, um sorriso suave nos lábios.
— E o que você deseja para o próximo ano?
desviou o olhar, fingindo pensar.
— Eu acho que… quero coragem. Para seguir em frente, para arriscar mais, para não ter medo de viver.
ficou em silêncio por um momento, absorvendo as palavras dela. Então, ele deu um passo para mais perto, os olhos fixos nos dela.
— Parece um bom desejo.
Ela corou ligeiramente, mas antes que pudesse responder, o som de uma contagem regressiva começou a ecoar ao longe.
— Dez minutos para a virada — disse ela, verificando o relógio no celular. — É melhor fazermos nossos desejos antes que o tempo acabe.
Eles se aproximaram do sino, e segurou a corda, olhando para por um instante antes de fecharem os olhos e fazerem seus pedidos silenciosos. O som grave do sino preencheu o ar, como se carregasse com ele não apenas os desejos dos dois, mas também algo mais profundo, algo que ambos ainda não sabiam como colocar em palavras.
Ao terminarem, eles se afastaram um pouco, observando o céu escurecer ainda mais. As luzes das lanternas pareciam mais brilhantes agora, e a calma ao redor os envolvia como um cobertor.
— Obrigado por me trazer aqui — disse , quebrando o silêncio. — Isso significa mais do que você imagina.
— Eu também precisava disso — respondeu , sorrindo suavemente.
Os dois ficaram em silêncio por mais alguns minutos, aproveitando a serenidade do momento, enquanto esperavam o início do novo ano que estava prestes a chegar.
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e continuaram caminhando pelo templo, o som distante dos sinos ainda ecoando suavemente no ar. O vento frio fazia as folhas das árvores balançarem, criando sombras dançantes no chão iluminado pelas lanternas.
Eles não trocavam muitas palavras, deixando que a tranquilidade do lugar falasse por si. Após algum tempo, chegaram a um jardim discreto, onde uma grande cerejeira se destacava, mesmo sem flores devido à estação. olhou para a árvore com um sorriso nostálgico.
— Minha avó adorava cerejeiras — ela disse, parando perto do tronco robusto. — Ela dizia que, mesmo no inverno, quando parece que está morta, ela ainda guarda vida dentro de si, esperando pela primavera.
observou a árvore e depois os olhos dela, que brilhavam sob a luz suave do lugar.
— É um pensamento bonito — comentou. — Talvez a gente também seja assim… carregando coisas boas, mesmo quando tudo parece estéril ou difícil.
assentiu, um sorriso pequeno surgindo em seus lábios. Ela se sentou no banco de madeira ao pé da árvore e fez um gesto para que a acompanhasse. Ele hesitou por um momento, mas acabou se acomodando ao lado dela.
— Você pensa muito sobre recomeços, não é? — ele perguntou, virando-se um pouco para encará-la.
— Acho que sim — respondeu ela, pensativa. — Talvez seja porque eu sempre sinto que estou buscando algo… algo que me faça sentir inteira de novo.
ficou em silêncio, as palavras dela ressoando em sua mente. Ele inclinou a cabeça para o lado, observando-a com uma atenção que a deixou um pouco inquieta.
— Você não parece incompleta para mim — ele disse, baixinho, mas com sinceridade. — Na verdade, você parece mais… inteira do que muitas pessoas que já conheci.
piscou, surpresa pela intensidade das palavras dele. Seus olhos se encontraram, e o ar ao redor pareceu mudar, ficando mais denso, mais carregado de algo não dito.
Ela abriu a boca para responder, mas nada saiu. , por outro lado, parecia querer dizer algo mais, mas hesitava, o olhar oscilando entre os olhos dela e seus lábios.
O silêncio entre eles foi quebrado pelo som de vozes distantes começando uma contagem regressiva.
— Dez! Nove! Oito!
desviou o olhar rapidamente, a magia do momento se dissipando como fumaça.
— Já está quase na hora… — ela disse, levantando-se apressada, tentando esconder o leve rubor em suas bochechas.
também se levantou, ajustando o cachecol ao redor do pescoço.
— Sim, melhor encontrarmos um lugar para ver os fogos.
Ambos começaram a caminhar de volta para o pátio principal, onde uma pequena multidão já se reunia. O som da contagem regressiva se tornava mais alto, e a tensão que os envolvera minutos antes parecia se diluir no entusiasmo geral ao redor.
A contagem regressiva alcançava os últimos números, e e se posicionaram ao lado da multidão que lotava o pátio do templo. As lanternas iluminavam os rostos ansiosos, e os sinos ao fundo pareciam prontos para anunciar o novo ano.
— Três! Dois! Um!
O som dos sinos ecoou pelo templo exatamente no momento em que a multidão gritava em uníssono:
— Feliz Ano Novo!
O céu acima deles foi iluminado por fogos de artifício que, embora distantes, pintavam as nuvens com cores vibrantes. olhou para o alto por alguns instantes, maravilhado, mas logo desviou o olhar para .
Ela estava com os olhos fixos nos fogos, um sorriso suave nos lábios. O brilho das lanternas misturado ao reflexo das luzes no céu dava a ela uma aura quase mágica. não conseguia desviar os olhos, o som ao redor ficando abafado em sua mente.
— Feliz Ano Novo, — ele disse, sua voz baixa e carregada de sinceridade.
Ela virou a cabeça para ele, os olhos brilhando não apenas pelas luzes, mas também pela emoção do momento.
— Feliz Ano Novo, .
Houve um momento de silêncio entre eles, apenas os ecos dos sinos e os risos da multidão preenchendo o ar. Sem pensar muito, deu um passo à frente, diminuindo a distância entre eles.
— Eu sei que isso pode parecer repentino, mas… obrigado por hoje — ele disse, quase em um sussurro. — Foi o melhor dia que eu tive em muito tempo.
sorriu, os olhos fixos nos dele.
— Para mim também foi especial. Acho que… recomeços podem ser mais significativos quando não estamos sozinhos, né?
assentiu, o coração batendo forte. Ele queria dizer algo mais, talvez confessar que sentia uma conexão com ela desde o momento em que ouviram música juntos, mas a coragem parecia fugir.
Foi quem deu o próximo passo. Com o calor do momento, ela estendeu a mão, segurando a dele com delicadeza.
— Vamos fazer um pedido? — sugeriu, olhando para o céu iluminado pelos fogos que ainda continuavam.
olhou para a mão dela na sua e depois para o rosto dela, um sorriso pequeno e terno surgindo em seus lábios.
— Vamos.
Eles fecharam os olhos ao mesmo tempo, cada um mentalizando seus desejos para o ano novo. Quando abriram os olhos novamente, a atmosfera parecia diferente, mais íntima, mais carregada de expectativa.
apertou levemente a mão dela.
— Não sei qual foi o seu pedido, mas o meu… acho que já está se realizando.
arqueou as sobrancelhas, surpresa e curiosa.
— É mesmo?
— Sim — ele respondeu, o olhar fixo nos dela.
Ela não precisou perguntar mais nada. O silêncio entre eles falava mais do que qualquer palavra poderia dizer, e o mundo ao redor parecia ter desaparecido por um instante. soltou um suspiro, reunindo coragem enquanto seus olhos deslizavam dos olhos dela para os lábios, hesitante, mas incapaz de esconder o desejo.
— … — ele disse, sua voz baixa e quase engasgada pela intensidade do momento.
— Sim? — ela respondeu, a respiração um pouco mais rápida, como se já soubesse o que estava por vir.
— Posso… — ele começou, mas parou, franzindo as sobrancelhas ligeiramente, como se lutasse para encontrar as palavras certas. — Posso beijar você?
A pergunta pairou no ar como uma promessa, e sentiu o coração disparar. Ela sabia que não era só o encanto da virada de ano; era algo mais profundo, algo que eles tinham construído nos pequenos momentos que compartilharam desde que se conheceram.
Ela não precisou pensar muito. Com um leve sorriso que misturava timidez e confiança, assentiu.
— Sim, pode.
não esperou mais nada. Ele se inclinou devagar, fechando os olhos quando a distância entre eles desapareceu. Os lábios dele tocaram os dela com delicadeza, como se ele quisesse prolongar cada segundo daquele momento.
O beijo começou suave, mas logo ganhou mais profundidade, um misto de nervosismo e desejo evidente entre os dois. O mundo ao redor parecia ter se calado novamente, e tudo o que importava era a sensação de estarem juntos ali, sob as luzes dos fogos e a atmosfera mágica do templo.
Quando se separaram, ainda próximos, os olhos de encontraram os dela, um brilho misturado de felicidade e surpresa iluminando seu rosto.
— Isso foi… — ele começou, mas riu baixinho, sem saber como terminar a frase.
— Foi mesmo — completou, sorrindo com um tom brincalhão, mas o olhar dela era tão intenso quanto o dele.
Eles ficaram ali por mais alguns instantes, o mundo lentamente voltando a invadir sua bolha. Mas algo havia mudado. O novo ano não era apenas uma promessa; era uma realidade que eles estavam prontos para explorar, juntos.
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Sétimo Capítulo:
Enquanto voltavam para o centro de Tóquio, a energia da noite de Ano Novo ainda vibrava no ar. As ruas estavam cheias de pessoas celebrando, e a cidade parecia ainda mais iluminada do que antes. e caminhavam lado a lado, as mãos se tocando casualmente de tempos em tempos, até que ele tomou a iniciativa e entrelaçou seus dedos nos dela, arrancando um sorriso surpreso e tímido.
— O que acha de aproveitarmos um pouco mais antes de voltarmos para casa? — sugeriu, olhando para ela com um brilho animado nos olhos.
— Acho uma ótima ideia. Onde quer ir? — respondeu, rindo levemente.
— Não faço ideia. Você é a guia oficial da noite — ele brincou, apertando a mão dela de leve.
Eles decidiram explorar as ruas ainda movimentadas, parando em um barzinho local decorado com lanternas vermelhas e uma vibe tradicional, mas descontraída. Lá, pediram saquê quente e algumas porções para compartilhar.
— Você já bebeu saquê assim? — perguntou enquanto ele observava o copo fumegante em suas mãos.
— Nunca — respondeu, rindo. — Mas confio em você.
— Bom, só não exagera, ou vai acabar dormindo no meio da rua.
— Vou tentar me controlar — ele respondeu com um sorriso travesso antes de dar o primeiro gole.
Entre goles e risadas, a conversa fluía naturalmente. A cada história que compartilhavam, a conexão entre eles parecia crescer, e o clima leve era pontuado por olhares cada vez mais intensos.
Depois de saírem do bar, eles se encontraram em um pequeno beco iluminado por luzes de neon e lanternas penduradas, que davam ao lugar um ar de filme romântico. Ali, a proximidade dos dois se tornou ainda mais palpável. parou de repente, segurando pela cintura e a puxando delicadamente para mais perto.
— Está se divertindo? — ele perguntou, a voz baixa e um pouco rouca.
— Muito — respondeu, as mãos instintivamente repousando nos ombros dele. — E você?
— Mais do que eu imaginava.
Ele não precisou dizer mais nada. Com um sorriso que revelava sua intenção, inclinou-se para beijá-la novamente. Dessa vez, o beijo foi mais ousado, alimentado pelo clima descontraído e pelo álcool que os fazia sentir-se mais corajosos. As mãos de desceram até a cintura de , enquanto ela se entregava ao momento, sentindo os dedos dele traçarem delicados círculos na lateral de seu corpo.
Quando se separaram, ambos riam baixinho, como se estivessem compartilhando um segredo que o resto do mundo nunca entenderia.
— Acho que estamos chamando atenção — brincou, olhando em volta e notando alguns curiosos lançando olhares furtivos.
— Quem se importa? — respondeu, pegando a mão dela novamente e começando a andar de volta para a rua principal.
Eles continuaram explorando, parando para experimentar mais algumas comidas de rua e uma bebida diferente em outra barraca. experimentou um taiyaki recheado com creme, elogiando o sabor, enquanto o observava com um sorriso, satisfeita em vê-lo tão à vontade.
A noite se estendeu em uma sequência de momentos espontâneos, beijos roubados, sorrisos cúmplices e uma leve embriaguez que os fazia rir mais alto e esquecer qualquer preocupação.
Enquanto caminhavam pelas ruas iluminadas, olhou para e percebeu que a ideia de passar o Ano Novo sozinha havia se transformado em algo completamente diferente do que ela imaginava. E, de alguma forma, parecia perfeito.
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O metrô seguia quase vazio àquela hora, o movimento frenético da cidade começando a ceder à calma do amanhecer. e estavam sentados lado a lado, com o calor da noite ainda pairando entre eles. A cidade passava pelos vidros das janelas como um borrão, e o som monótono do vagão nos trilhos oferecia uma melodia tranquila que contrastava com a energia da noite anterior.
, exausta depois de tantas emoções, deixou escapar um suspiro suave e, sem dizer nada, deitou a cabeça no ombro de . Ele ficou momentaneamente surpreso, mas logo relaxou, inclinando-se levemente para que ela ficasse mais confortável.
O silêncio entre eles era reconfortante, e aproveitou aquele momento para observá-la mais de perto. A luz fraca do vagão iluminava o rosto dela de forma suave, destacando os traços delicados que ele começava a conhecer tão bem. Ele hesitou por um instante antes de levantar a mão, permitindo que seus dedos deslizassem gentilmente pelo cabelo dela, afastando uma mecha que havia caído sobre o rosto.
Seu coração bateu mais rápido quando ele passou a ponta dos dedos pela linha do queixo dela, um toque quase imperceptível. Era como se cada detalhe — a curva dos lábios, a leveza dos cílios, a expressão serena que ela carregava enquanto dormia — fosse uma obra de arte que ele queria memorizar.
Ele respirou fundo, tentando acalmar o turbilhão de emoções que começava a surgir. Era tão diferente do que ele havia esperado ao se mudar para o Japão. Nunca imaginou que encontraria alguém como , alguém que o fizesse sentir-se tão à vontade e, ao mesmo tempo, tão nervoso.
Enquanto o metrô continuava sua jornada silenciosa, se pegou sorrindo. Ele não sabia exatamente o que era aquilo que estava sentindo, mas tinha certeza de que queria descobrir.
Quando o vagão desacelerou, indicando que estavam próximos de sua estação, ele inclinou a cabeça para falar baixinho perto da orelha dela:
— , estamos quase chegando.
Ela abriu os olhos devagar, piscando algumas vezes para se situar. O calor do ombro dele e o tom suave da voz a fizeram sorrir sonolenta.
— Desculpa… Acho que apaguei — murmurou, ajeitando-se enquanto uma pequena risada escapava.
— Sem problema. Foi… agradável — ele respondeu, um leve tom de timidez marcando suas palavras.
Ela o encarou por um momento, os olhos brilhando em meio ao cansaço. Não disseram mais nada enquanto se levantavam e seguiam para a saída, mas o silêncio entre eles estava repleto de uma cumplicidade que dispensava palavras.
Depois de saírem do metrô, o ar da madrugada estava mais fresco, quase anunciando o amanhecer. As ruas estavam silenciosas, como se a cidade ainda recuperasse o fôlego da agitação da noite de Ano Novo.
e caminhavam lado a lado, suas mãos se encontrando de forma natural, como se tivessem sido feitas para se entrelaçarem. Ele a puxou suavemente para perto quando uma leve brisa soprou, e ela sorriu para ele, sentindo o calor reconfortante de seus dedos entrelaçados com os dela.
— Foi uma noite incrível, não foi? — ela perguntou, sua voz carregada de uma felicidade genuína.
— Foi mais do que isso — respondeu, olhando para ela com um brilho nos olhos. — Acho que não vou esquecer tão cedo.
Quando chegaram ao prédio, a entrada iluminada parecia tranquila, como se estivesse esperando por eles. Eles subiram os poucos degraus em silêncio, as mãos ainda unidas, até pararem diante da porta do apartamento de .
Ele se virou para ela, relutante em deixar o momento terminar. o olhou de volta, seus olhos refletindo a mesma hesitação. Antes que ela pudesse dizer algo, ele deu um passo à frente, diminuindo a distância entre eles.
— … — ele começou, a voz baixa, quase um sussurro.
Ela ergueu o olhar para ele, e, antes que qualquer palavra fosse dita, os lábios de tocaram os dela. O beijo foi delicado no início, mas logo se tornou mais intenso, cheio de emoção e de tudo o que eles estavam sentindo naquela noite.
As mãos dele se moveram para a cintura dela, puxando-a para mais perto, enquanto os dedos dela subiam pelo peito dele até repousarem em sua nuca. A respiração de ambos ficou ofegante, mas eles não se afastaram, como se o mundo ao redor tivesse deixado de existir.
Até que um som distinto quebrou o momento — o barulho de uma porta se abrindo ao longe.
Ambos se separaram rapidamente, ainda próximos o suficiente para sentir a respiração um do outro. olhou para o corredor e, ao ver que ninguém havia surgido, soltou uma risada nervosa, cobrindo a boca com a mão.
— Parece que estamos sendo observados — ela brincou, tentando disfarçar o rubor que coloria suas bochechas.
passou a mão pelos cabelos, igualmente constrangido, mas não conseguiu evitar um sorriso.
— Talvez seja melhor deixar a cena de filme para outro momento — ele respondeu, com um tom divertido, mas ainda incapaz de esconder o quanto estava encantado.
Ela riu, e, depois de uma troca de olhares cúmplices, fez um gesto em direção à porta dele.
— Boa noite, .
— Boa noite, .
Ele a observou enquanto ela caminhava pelo corredor em direção ao seu próprio apartamento, sentindo o coração ainda acelerado. Mesmo depois que ela desapareceu de vista, o sorriso não deixou seu rosto.
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De volta a seus respectivos apartamentos, a madrugada ainda fresca no ar, tanto quanto seguiram para um banho relaxante.
sentiu a água quente escorrer pelo corpo, tentando acalmar a mente que estava agitada. Ele encostou a testa na parede do chuveiro, revivendo cada detalhe da noite: os sorrisos de , o som da risada dela, o toque de suas mãos, e, claro, o gosto dos beijos que haviam compartilhado. Ele passou os dedos pelos cabelos molhados e riu consigo mesmo. “Como é possível alguém mexer tanto comigo em tão pouco tempo?”, pensou, enquanto seu coração ainda batia mais rápido do que o normal.
No apartamento acima, fazia o mesmo. Envolta pela água quente, ela mordia o lábio, perdida nos pensamentos. Os olhos fechados traziam flashes de : o jeito como ele sorria, a delicadeza em seus gestos, e a intensidade do último beijo que compartilharam. Ao sair do banho, envolveu-se no roupão, sentindo as bochechas queimarem só de lembrar da sensação das mãos dele em sua cintura. “Ele é diferente… E perigoso. Não para mim, mas para o controle que eu achava que tinha sobre o meu coração.”
Ambos caíram no sono com essas lembranças frescas na mente, embalados por uma mistura de excitação e nervosismo para o que poderia acontecer a seguir.
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Quando acordou, o relógio marcava quase meio-dia. Ele esfregou os olhos e se espreguiçou, olhando para o teto com um sorriso preguiçoso. A fome começou a dar sinais, mas era outra ideia que dominava seus pensamentos: . Ele se levantou, decidido.
Pegando o celular, enviou uma mensagem simples:
“Bom dia! Você já almoçou? Que tal comermos juntos? Eu conheço um lugar que acho que você vai gostar.”
Do outro lado, estava enrolada em um cobertor, ainda acordando, quando o som da notificação ecoou pelo apartamento. Ao ler a mensagem, um sorriso suave apareceu em seus lábios.
“Bom dia! Ainda não, mas parece uma boa ideia. Me dá uns 20 minutos para me arrumar?”
rapidamente respondeu:
“Perfeito. Te encontro no corredor!”
Ele sentiu uma onda de empolgação enquanto escolhia uma roupa casual, mas arrumada, pensando no que o dia poderia trazer. , por outro lado, lutava contra a ansiedade enquanto passava um pouco de maquiagem e escolhia um vestido leve e confortável. Embora o convite fosse simples, ela não podia evitar sentir que cada encontro com ele se tornava mais significativo.
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Oitavo Capítulo:
estava parado no corredor, encostado na parede, quando ouviu a porta de abrir. Ele se virou para vê-la sair, com os cabelos soltos e um sorriso tímido.
— Você está linda, como sempre. — ele disse sem pensar, e desviou o olhar, tentando esconder o rubor nas bochechas.
— Obrigada… Você também não está nada mal… — ela respondeu com um sorriso travesso.
— Então, vamos? — Ele estendeu a mão, e ela a segurou sem hesitar.
E assim, os dois seguiram para mais um momento juntos.
Enquanto caminhavam lado a lado pelas ruas tranquilas de Tóquio, o clima era leve e confortável. O céu estava limpo, o ar fresco e as ruas movimentadas o suficiente para criar uma atmosfera animada, mas não caótica.
— Você sempre gosta de explorar a cidade a pé? — perguntou , olhando para de soslaio.
— Sempre que posso — ela respondeu, sorrindo. — Acho que é a melhor forma de conhecer os detalhes que você não percebe andando de carro ou metrô.
— É uma boa filosofia. Talvez eu comece a adotar isso também — ele disse, genuinamente encantado com a maneira como ela enxergava as coisas.
Conforme se aproximavam do restaurante, um pequeno local acolhedor com janelas amplas que revelavam mesas de madeira e decoração rústica, sentiu seu coração acelerar. A conversa fluía tão naturalmente entre eles que parecia quase surreal o quanto estavam em sintonia.
Antes de entrarem, ele parou abruptamente, segurando levemente o braço de .
— O que foi? — ela perguntou, olhando para ele com curiosidade.
— Só… — ele hesitou, mas então soltou um sorriso tímido. — Acho que preciso fazer algo antes que fiquemos rodeados de pessoas.
Sem dar tempo para ela responder, deu um passo à frente, aproximando-se. Ele inclinou-se devagar, dando a ela tempo para recuar, caso quisesse, mas ela não se mexeu. Pelo contrário, seus olhos brilharam em antecipação.
Quando seus lábios se encontraram, o mundo ao redor pareceu desaparecer. O beijo foi suave, carregado de ternura e uma intensidade contida, como se ele quisesse transmitir tudo o que sentia naquele momento, mas ao mesmo tempo, segurando-se para não se perder completamente.
Quando se afastaram, os olhos de estavam fixos nos dele, como se buscassem alguma explicação.
— Eu precisava fazer isso antes de entrarmos — ele admitiu, com um sorriso quase envergonhado. — Só para ter certeza de que isso é real.
riu baixinho, tocando de leve o rosto dele.
— É real, . Agora vamos almoçar antes que você invente mais desculpas.
Eles riram juntos enquanto entravam no restaurante, com sorrisos que pareciam impossíveis de esconder. A conexão entre eles era inegável, e ambos sabiam que aquele simples gesto tinha mudado algo de maneira definitiva.
Depois do almoço cheio de risadas e conversas que fluíram naturalmente, e caminharam de volta para o prédio. Dessa vez, o silêncio que compartilhavam era confortável, como se não precisassem de palavras para expressar o que estavam sentindo.
No caminho, ele segurou a mão dela novamente, entrelaçando os dedos com os dela como se fosse a coisa mais natural do mundo. Ela não protestou, apenas apertou de volta com um sorriso que iluminou ainda mais o rosto dele.
— Foi um ótimo começo de ano — comentou, olhando para ela de lado.
— Concordo. Não é todo dia que você conhece alguém especial que transforma sua rotina em algo… novo.
Ele parou na entrada do prédio, observando-a com um olhar que parecia querer gravar cada detalhe de seu rosto.
— Então, você acha que podemos transformar esse “novo” em algo constante? — ele perguntou, quase brincando, mas o tom suave de sua voz entregava a seriedade por trás da pergunta.
sorriu, inclinando a cabeça levemente.
— Acho que já estamos no caminho para isso.
sorriu como se tivesse ganho o maior presente do mundo.
— Nesse caso, posso convidar você para me acompanhar em algo mais tarde? Tenho uma música que terminei, inspirada em você… Pensei que talvez pudesse ser a primeira pessoa a ouvir.
Os olhos de se iluminaram com surpresa e emoção.
— Eu adoraria.
Naquela noite, eles se encontraram no estúdio improvisado de , onde ele tocou a melodia e cantou os versos que pareciam feitos sob medida para ela. A música falava sobre recomeços, sobre encontrar beleza nas mudanças e sobre a coragem de abraçar o desconhecido.
Enquanto os últimos acordes da música ecoavam pelo pequeno espaço, se aproximou e o abraçou, um gesto simples, mas carregado de significado.
— Está perfeito — ela sussurrou.
Ele sorriu, sentindo o calor do abraço dela.
— Assim como você.
A noite terminou com os dois assistindo à vista de Tóquio da janela do estúdio, sentados lado a lado, sonhando com o que o futuro guardava para eles. A virada do ano tinha trazido promessas que agora eles estavam prontos para cumprir: recomeços, novas possibilidades e, acima de tudo, um ao outro.
Eu adoraria ter um Hongjoong como vizinho e receber umas ajudas dele HAHAH
E eu teria oportunidade de receber ajuda se morasse em apartamento porque eu adoro me aventurar montando coisas/móveis sozinha. Aí, destino, pode mandar HEHEHEHE
Um vizinho desses, um pacote de bolacha e água, tudo resolvido <3