Behind The Scenes – Sticky
Ouça a música Sticky – The Maine
— Bom dia! — exclamou ao chegar no prédio da Cube com seu sorriso radiante habitual.
— Bom dia, — cumprimentou de volta com um sorriso educado.
— Bom dia — respondeu sorrindo de forma aberta como costumava fazer quando via a moça toda saltitante, o que era praticamente sempre…
— Nossa está feliz hoje? — perguntou fazendo uma cara engraçada enquanto prestava atenção no comportamento de sua amiga.
— E tem
algum dia que ela não tá feliz? — perguntou se sentando em uma das cadeiras da sala de reuniões em que se encontravam.
O No Name e o BTOB haviam criado o hábito de sempre se encontrarem e se reunirem por ali na agência antes de começarem o dia de cada grupo, hábito que havia se iniciado após as gravações do Perfect Match.
— Algum motivo em especial pra essa alegria toda? — perguntou erguendo a sobrancelha.
— não precisa de motivo para estar alegre, amigo… Ela simplesmente
acorda assim… — Nari murmurou encarando a guitarrista e companheira de banda com a expressão de quem não consegue entender algo.
— Mas hoje eu tenho um motivo! — exclamou dando “pulinhos” na cadeira em que estava sentada. — Changbin aceitou o nosso convite para fazer um feat especial em nossa música! — a moça disse com tanta alegria e empolgação que os outros tiveram a impressão que ela logo teria um treco.
— Hum… — soltou assentindo, mas lançando um olhar de rabo de olho para que não parecia lá muito feliz com algo.
— Oh, então vocês fizeram amizade com os garotos do Stray Kids?
— Bem… e fizeram, para ser mais exata — Yumi respondeu dando de ombros. — Se encontraram num dos shows do SKZ e
claro que as duas foram tietar no camarim.
— Felix é um cara legal — murmurou se lembrando da época em que havia interagido com o australiano durante as gravações do Kingdom. — Eles têm talento.
— Eu tô
muito feliz! — exclamou se levantando em um pulo de onde estava, começando a dar pulinhos em seu lugar.
— Ai, amiga… Vamos. Vamos extravasar essa energia toda nos ensaios, vem — murmurou já puxando a amiga para fora da sala de reuniões. A mais baixa a acompanhando saltitando como uma criança.
— A gente também devia ir — disse em seu tom calmo, levantando de onde estava com seu celular em mãos e caminhando para fora da saleta sendo acompanhado por , Yumi e Nari.
voltou seu olhar para que ainda tinha uma expressão não muito satisfeita estampada no rosto.
sentiu o celular vibrar em seu bolso e o pegou para verificar do que se tratava. Uma mensagem de , que ainda estava ao seu lado na sala de reuniões. ergueu o olhar e encarou o amigo, questionando.
— Assiste. As melodies e o nameless estão bombardeando nossas redes com esse vídeo. Não sei como você ainda não viu… — ergueu a sobrancelha antes de levantar e sair, deixando sozinho sem entender direito o que estava acontecendo.
mordia o lábio inferior com certa ansiedade quando “Best Friend” terminou de ser tocada. Era chegada a hora e ela já não tinha mais tanta certeza de que queria fazer aquilo.
— Amiga, não vale amarelar! — exclamou de seu lugar na bateria e embora a baterista tivesse dito aquilo longe dos microfones, obviamente a frase foi captada.
A guitarrista respirou fundo e foi até seu microfone.
— Bem Nameless, escrevi essa música faz pouco tempo e acho que é uma das poucas canções que eu escrevo e
eu canto. — Ela riu.
Geralmente era a responsável pelas composições mais reflexivas, e elas eram cantadas por Nari. Já as românticas ficavam por serem interpretadas no palco por , já que diziam que seu tom e jeito combinavam melhor com aquele tipo de música.
— Ela se chama
Sticky e tem um significado especial para mim. — sorriu quando ouviu os gritinhos dos fãs empolgados. — Eu conto com vocês para que essa mensagem chegue até a pessoa certa. — Completou dando uma piscadela antes de dar uma arranhada na guitarra e olhar para que assentiu e começou a contagem com as baquetas.
When I see your face
Quando vejo seu rosto
It’s like I hit rewind
É como se eu tivesse rebobinado
Because you’re on repeat
Porque você está repetindo
Just like “so good” in Sweet Caroline
Tipo “tão bom” em “Sweet Caroline”
Após começar a tocar e cantar, se sentiu muito mais relaxada e leve. Ela se lembrou de quando havia voltado a falar com há algumas semanas, após o pocket show que a Cube havia promovido. Era estranho o quanto ela e ele acabavam se entendendo mesmo sem trocarem palavras. E apesar de não querer interpretar as coisas de forma errônea, não havia nada que a fizesse tirar da cabeça a ideia de que Missing You havia sido dedicada a ela naquela apresentação.
And I swear
E eu juro
These days
Nestes dias
You’ve been stuck in my brain
Você ficou preso no meu cérebro
Want to play you over and over again
Quero tocar você de novo e de novo
Sticky just like the song in my head
Grudado como a música na minha cabeça
Back to that summer soundtrack
De volta àquela trilha sonora de verão
Want to play you over and over again
Quero tocar você de novo e de novo
Sticky just like the song in my head
Grudado como a música na minha cabeça
—
Ainda não consigo te esquecer, volte para mim, mesmo se o final for o mesmo — foi o que cantarolou assim que ela foi ao seu encontro após o pocket show.
Mesmo depois de tantos meses afastados, aquele reencontro não havia sido estranho ou desconfortável, parecia que os dois haviam dado uma pausa nas coisas e estavam retomando tudo de onde tinham parado. E talvez aquilo parecesse muito esquisito para quem visse de fora, mas era perfeitamente normal e
certo para os dois.
And I’ve made mistakes
E eu cometi erros
But you were not one
Mas você não foi um deles
And I finally found those letters lost
E eu finalmente encontrei aquelas letras perdidas
Under my tongue
Sob minha língua
sorriu ao cantar aquela parte. Ah, Deus sabia o quanto ela tinha cometido erros durante a vida, principalmente com questões amorosas. E talvez fosse por aquele motivo que sua “defesa” contra aquilo fosse simplesmente ignorar, ainda que de forma inconsciente, as tentativas sutis de aproximação e investida de possíveis pessoas apaixonadas. Ela costumava tratar a todos como seus amigos, e ao menor sinal de um possível interesse amoroso, ela simplesmente fazia brincadeiras, até flertava de volta, mas nunca admitindo que os sentimentos fossem reais, ou aceitando um envolvimento maior além da amizade.
Mas agora, ela havia percebido aquele seu mecanismo. E as palavras que ela costumava perder quando alguém se aproximava dela – com outras intenções que não a de ser amigo – com foram encontradas. Talvez porque tudo tivesse começado de uma forma leve e sutil. Eles eram amigos muito antes de qualquer coisa. E embora muito entre eles tivesse sido tratado como brincadeira, ambos sabiam que havia um fundo de verdade em cada pequena coisa.
Mesmo que tivesse entendido a declaração de
completamente errado, ela gostaria de finalmente dizer aquelas palavras para ele e para o mundo. Ela queria poder se permitir sentir e viver aquele momento, mesmo que fosse por um curto período de ilusão.
And I hear your name
E eu ouço seu nome
In every single line
Em cada linha
Of every single song I’ve ever heard and I
De cada música que já ouvi e eu
Still feel the same
Ainda sinto o mesmo
É claro que desde que havia conhecido ela ponderou a possibilidade de se apaixonar, afinal, ele era seu favorito no BTOB e depois dos meses de convivência no Perfect Match, talvez fosse inevitável. Mas com seu “mecanismo de defesa” ativo, não se permitiu se deixar levar por aqueles pensamentos. estava em perfeita sintonia com ela, e é claro que aquilo só podia ser porque ele havia se tornado seu melhor amigo. Ele lhe trazia segurança; a compreendia e sabia respeitar seu espaço; tinha quase sempre
aquele sorriso no rosto que tornava as coisas muito mais leves de se levar… Ah, merda… Não tinha mais como negar…
Want to play you over and over again
Quero tocar você de novo e de novo
Sticky just like the song in my head
Grudado como a música na minha cabeça
Quando a música terminou, sentiu-se livre do peso e da ansiedade que a acompanharam durante aquelas últimas semanas.
—
Oppa, essa foi pra você! — a na gravação exclamou de forma divertida e brincalhona característica apenas dela.
E estava com a boca ligeiramente aberta, um tanto sem reação, o cérebro tentando processar aquela mensagem logo pela manhã. O upload daquele vídeo datava de quase uma semana atrás, o que significava que os dois vinham agindo de forma normal um com o outro até então. A questão era exatamente a que havia trazido:
como não tinha visto aquele vídeo antes? E o amigo não estava brincando quando disse que o fandom dos dois grupos estava bombardeando as redes sociais do BTOB com aquilo.
Quando chegou à sala de ensaios, tinha uma expressão sugestiva no rosto, mas apenas ignorou, ele tinha muito o que pensar sozinho além das novas coreografias que precisava aprender.
À certa altura da tarde, o No Name decidiu fazer uma visitinha ao BTOB durante uma pausa nos ensaios da banda. continuava radiante como naquela manhã e todos podiam perceber o quão empolgada ela estava só pelo fato dela estar muito mais falante do que o normal.
— Vamos fazer uma pausa também — disse após alguns minutos com as quatro integrantes da banda assistindo ao ensaio.
— Podemos comer alguma coisa? Eu tô morrendo de fome… — Yumi murmurou e todos concordaram.
havia ficado um pouco para trás do grupo que saía da sala, esperando por que não parecia ter pressa. O silêncio reinou durante alguns instantes após a saída de todo o resto do grupo.
— Você ia fingir que nada está acontecendo até quando? — perguntou quando a moça fez menção de seguir os amigos.
A guitarrista deu meia volta e encarou o amigo com um sorriso
quase sem graça.
— Então você recebeu o recado… — murmurou num tom baixo, recebendo um aceno positivo de . — Bom… A questão é que enquanto você não soubesse dessa música, nada
realmente estaria acontecendo. — Deu de ombros. — E eu não queria deixar as coisas estranhas entre a gente caso você não quisesse comentar sobre o assunto.
abriu a boca desacreditado. bem havia dito que era completamente
inocente quando o assunto se tratava de relacionamentos amorosos –
lerda havia sido a palavra exata que a baterista do No Name havia usado para se referir à amiga –, mas para o rapaz, ele tinha sido bastante óbvio em relação ao que sentia por aquele pequeno ser radiante e saltitante que estava à sua frente.
— Você é inacreditável… — murmurou soltando um risinho. — Então, onde isso nos coloca? — Ele se aproximou de – muito além do que seria o normal entre os dois até aquele instante.
A moça fez uma cara pensativa e soube que ela estava ficando um tanto sem graça, mas aquilo a deixava ainda mais fofa e atraente aos olhos dele e por um momento de egoísmo, ele não se afastou, pelo contrário, se aproximou ainda mais, mesmo sabendo que aquela proximidade toda poderia estar sendo desconfortável para .
— Bem, se nós dois estivermos de acordo… — ela murmurou erguendo o olhar para poder encará-lo. —
Talvez isso nos coloque no patamar de “casal”… — Deu de ombros, ao mesmo tempo em que dava um sorrisinho divertido na direção do mais alto, numa clara tentativa de não deixar o clima estranho.
— Que bom que nós dois estamos de acordo sobre isso dessa vez — murmurou puxando pela cintura para mais perto de si e, apesar da real urgência que sentia, a beijou com calma.
Finalmente poder fazer aquilo dava uma sensação de leveza. Apesar de já fazer um bom tempo desde que havia deixado a adolescência, se sentia como um garoto beijando pela primeira vez a garota por quem era apaixonado. Apesar da premissa ser exatamente essa, ele já havia vivido tempo o bastante para que um simples beijo não fosse mais
tão marcante assim. Mas seu coração estava batendo num ritmo mais rápido do que o normal, embora não chegasse perto dos batimentos acelerados e descompassados de um adolescente; sua mente chegava a ficar um tanto turva, os sentidos quase sendo tomados totalmente por instintos. Aquela era uma sensação boa…
Quando ele finalmente se afastou quebrando o beijo e olhou para , ela ainda tinha os olhos fechados quando soltou um resmungo:
—
Oppaaa, isso é injusto! — choramingou abrindo os olhos devagar. — Além de ocupar meus pensamentos 24/7 você ainda quer que eu não queira parar de te beijar? — retrucou, um bico se formando em seus lábios, o que fez gargalhar envolvendo em seus braços.
— Você não tem a menor ideia do seu efeito em mim, não é? — ele sorriu depositando um beijo na testa da moça no mesmo instante em que o BTOB voltava para a sala de ensaios acompanhados do No Name, o que fez com que resmungasse, escondendo o rosto no peito de .
— Ah, finalmente! — foi a primeira a se manifestar quando viu a cena. — Eu tava preocupada que vocês dois talvez estivessem tendo uma conversa difícil, mas
graças a deus não é o caso! — a baterista exclamou, radiante, e seguiu para o seu lado assentindo, os dois assumindo o ar de orgulho enquanto olhavam os amigos ficando ligeiramente sem graça.
O silêncio reinou por um instante, o suficiente para que chamasse a atenção de , que finalmente tomou coragem para parar de esconder o rosto em e olhar o grupo de amigos.
—
Yah! Parem de ficar encarando a gente! — exclamou indignada fazendo menção de sair dos braços de , mas falhando miseravelmente, já que o rapaz a segurou ainda mais firme.
voltou o olhar questionador para o companheiro, recebendo apenas um sorriso maroto em resposta e um aceno negativo. Não, ele não a deixaria sair dali tão cedo. A moça ficou extremamente sem graça e com um resmungo baixo, voltou a enterrar o rosto no peito de
seu oppa, incomodada com a atenção ainda maior que estavam recebendo.
—
Cuuuuuuuuuuuuuteeee! — BTOB e No Name exclamaram juntos em uníssono, começando uma algazarra que logo dispersou o foco da atenção do mais novo casal que acabava de se formar.
— Eles já pararam de ser bobos — disse baixinho para que ainda tinha o rosto escondido. Quando ela finalmente olhou para ele, ainda tinha as bochechas coradas. — Você fica ainda mais encantadora quando fica sem graça. — Ele sorriu e a moça o acompanhou com um sorriso acanhado. Ela
amava quando ele sorria. — Então podemos dizer que somos oficialmente um casal?
soltou um risinho e assentiu.
— Quem diria que eu formaria um casal com meu melhor amigo? — ela disse de forma marota.
— Essas palavras me traumatizaram, … — murmurou fazendo bico, mas logo voltando a sorrir.
— Por quê? — a moça questionou erguendo a sobrancelha. — Tem coisa melhor do que ter como companheiro a pessoa que melhor te entende e que está com você em todas as situações? Porque é assim que eu defino um melhor amigo…
gargalhou e acabou por roubar um selinho da moça à sua frente que se fez de ofendida e indignada, mas logo saltitou para “pegar de volta” o beijo roubado. De fato, não tinha coisa melhor do que ter como amor sua
melhor amiga.
Fim