Natashia Kitamura
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Bad Luck

  Antes de nós nascermos, os anjos deveriam nos ensinar em como lidar com os sentimentos mortais. Coisas do tipo, “como aprender a andar sem cair”, “como ser inteligente sem fazer muito esforço”, “como saber qual caminho seguir e se dar bem”, e o mais importante, “como saber quando ele, na verdade, está te dando um fora”.
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  Não que eu seja uma obcecada por Cam, meu agora-ex-namorado. Mas convenhamos. Ele é apaixonado por mim ainda. Me ama, me adora, me quer, mas está inseguro com um relacionamento tão longo e forte. Afinal, não se pode ignorar uma relação de praticamente uma vida inteira apenas porque uma poetisa francesa surgiu em sua vida e tem muito mais coisas parecidas com você do que sua namorada de anos.
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  Aparentemente, Cam não pensa da mesma maneira que eu. Ainda não consegui entender por que ele terminou comigo. Éramos perfeitos juntos. Nossos sorrisos eram sempre os mais bonitos nas fotos de casais quando saíamos juntos, quando íamos esquiar, usávamos a mesma cor de abrigo para todos terem certeza de que éramos um casal jovem e feliz, nós falávamos em nos casar quando abordavam o assunto e então vinham o papo de filhos e o resto que todo mundo sabe, gostávamos de falar isso, sorríamos imaginando como seria tudo.
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  E então, um belo final de semana de Setembro, ele foi até os Estados Unidos visitar alguns museus com seus amigos de trabalho na Brown, sim, a universidade, e me ligou de lá às três da manhã para terminar comigo.
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  Ele terminou comigo por telefone às três da manhã. Quão estúpido isso pode soar?
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  Lhe mandei diversas mensagens e ele trocou o número, fiquei sabendo por minha melhor amiga Coreene. Tudo o que soube sobre ele, fora que ele conhecera essa tal de Marguerite, uma artista plástica poestisa francesa, que se tornou o guia turístico particular de Cam. Hugh, namorado de Coreene e melhor amigo de Cam que nunca foi com a minha cara, ainda ‘acidentalmente’ deixou escapar enquanto estava no vivavoz numa conversa com Cori, que os dois – Cam e Maggie, como ele agora a chama – haviam transado cinco vezes antes dele finalmente me ligar. Hugh sabia que eu estava com Cori, afinal, com quem uma amiga estaria uma hora depois de saber que sua melhor amiga havia tido um término de relacionamento por telefone?
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  Como sempre, procurei não falar mal de Hugh para Coreene, já que o manual da melhor amiga nos ensina que quando o assunto é o namorado dela, devemos ser agradáveis e passar a informação de que temos a melhor imagem dele.
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  O fato é que depois de dois meses, vi que isso acabou comigo. E como sempre dizem, quando se acontece um desastre, todos os outros desastres aproveitam para aparecer e ‘alegrar’ ainda mais sua vida infeliz. Ossos do ofício.
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  Eu sou publicitária. Pelo menos foi nisso que me formei há quatro anos. O problema de uma vida publicitária, é que você tem de ser ousado e criativo. A ordem dos fatores não altera o resultado. Como qualquer garota em seu luto previsto depois de um término desses, minha criatividade não estava colaborando comigo e minha ousadia passou para depressão. A única coisa que eu fazia sem falta, era beber uma garrafa de vinho tinto toda noite enquanto assistia ao Grey’s Anatomis e comia um pote extra-big de Ben & Jerry’s sabor morango. Péssima combinação, ótimo para estados depressivos. Meu apartamento parecia mais um burburinho de feira dos domingos de manhã. Cori tem sido uma boa amiga passando alguns dias da semana para ver como estou e limpando a sujeira que faço, mas com o final do ano se aproximando e a época de natal também, ela tem dado mais atenção aos preparativos e o fato de Hugh – o namorado escroto que NUNCA a traiu – estar voltando para passar as festividades com ela.
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  O fato do natal estar chegando é ainda pior. Meus pais são separados, por isso, tenho a obrigação de me dividir entre eles durante a noite da véspera de natal e o almoço de natal. Por sorte, uma data é mais importante que a outra, por isso, não houve nenhuma discussão quando estávamos em frente ao juiz e eles decidiram que me dividiriam assim na época. Lembro-me bem do olhar de dó da juíza sobre mim, mas nunca iria imaginar que tinha a ver com a personalidade dos meus pais, não com o fato de eu estar presenciando uma situação triste na vida de um casal.
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  - Se você tivesse engravidado como eu havia lhe dito, não estaria solteira nos seus quase trinta anos. – ouvir minha mãe no telefone dizendo barbaridades como essa era a pior maneira de terminar uma sexta-feira. Liguei para desabafar por ter recebido um aviso prévio de meu chefe, se eu não entregasse novas ideias para o novo produto da empresa até segunda-feira, além de solteira, também receberia o título de desempregada. – Veja só o que o amor faz com a vida das pessoas. É por isso que me separei de seu pai.
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  - Mãe, sua separação com o papai não tem nada a ver com o amor. – resmungo, indo entrando no vagão do metrô. Costumo ir no primeiro, pois são poucas as pessoas que têm paciência de ajudar aos idosos e cadeirantes que têm direitos por lá. – A senhora o traiu, fim.
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  - Você fala como se eu tivesse traído primeiro. – ela resmunga. – Sempre do lado do seu pai, aquele velho resmungão.
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  - Mãe, quer parar? Já não estou passando por um bom momento, tê-la falando mal do pai que eu amo não está ajudando.
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  - Tudo bem, me desculpe, não vou mais falar no seu pai. Espero que faça o mesmo com ele quando decide falar sobre mim.
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  - Ele não fala sobre a senhora, mãe. – suspiro, cansada.
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  - Claro que não. Tem medo de aborrecer aquela namoradinha bronzeada dele. Pois saiba que estou muito melhor que o seu velho.
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  É sempre assim. No fundo sei que minha mãe ainda está abalada com o término do casamento – que acabou há dezessete anos. Ela insiste em dizer que papai ainda não a superou e quer arranjar defeitos nela, quando na verdade é ela quem faz isso. Admito que meu pai não aborda o assunto da minha mãe para não aborrecer as namoradas dele, mas pelo menos ele aproveita muito mais a vida com elas do que minha mãe com seu único rolo Dimas, o dono da floricultura da cidade dela. Meu pai continua vivendo aqui em Londres, de modo que nos encontramos com muito mais frequência do que eu e minha mãe. Além disso, ele sempre namorar garotas da minha idade ou mais novas que eu facilita na nossa comunicação; depois dos vinte anos aceitei que ele não pararia de gostar das ‘novinhas’ só porque tem uma filha na faculdade.
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  - Mãe, papai não está mais namorando a Cinthia fazem anos.
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  - Não sei como ele não engravidou ninguém até agora.
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  - Claro que a senhora sabe. – ouço-a se calar. É claro que ela sabia. Assim que desconfiou da fidelidade do meu pai, tratou de manda-lo fazer uma vasectomia. Mal ela sabe que piorou o fogo do homem. Que macho alfa ficaria vivendo uma vida sem sexo sabendo que independentemente do tanto de mulheres que dormisse, não iria engravidá-las nunca? – Sabe mãe, acho que a senhora poderia, não sei, viajar e tentar conhecer mais pessoas.
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  - Olha quem fala.
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  Bufo. Tudo bem, eu não sou um exemplo de pessoa sociável e Cam foi meu único namorado da vida, mas o que importa? Estive num relacionamento com ele por mais tempo que ela e meu pai.
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  - Preciso desligar. – anuncio da maneira mais amigável possível. Sempre que eu e mamãe começamos a comparar nossos relacionamentos, as coisas acabam desastrosas e eu precisava de um pouco de carinho familiar durante a ceia de natal ou seria o fim para mim. – Levarei o vinho e a sobremesa, então não se preocupe.
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  - Ah! Aquele bolo de mirtilo que eu amo? – sua voz rapidamente muda de nervosa para animada. – Se não for ele, não ouse entrar no seu carro e vir para Wokinghan!
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  - Claro, mãe, como poderia não levar o seu bolo favorito? Já encomendei. – falo, digitando em meu tablet “comprar bolo de mirtilo”. – Chegou minha estação, até mais, eu te amo.
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  Suspirei, aliviada por ter desligado antes que ela surgisse com um novo assunto sobre o término do meu relacionamento ou do dela e massageio minhas têmporas resmungando quão trabalhoso é ter uma mãe solteira e ser filha única. Olho para o resto do vagão e vejo um homem sentado à minha frente com uma expressão de riso. Se ele não fosse tão lindo, maravilhoso e do tipo que acabou de sair de um anúncio da Versace, eu definitivamente teria mandado um olhar tenebroso que o faria ter pesadelos essa noite.
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  - Mal dia?
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  Abri a boca, chocada por vê-lo puxar assunto comigo. Olho para os lados para me certificar que não há nenhuma modelo digna de sua atenção para lhe responder, mas só há grávidas e pessoas de idade sentadas nos bancos estofados do metrô.
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  - Você nem sabe o quanto.
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  - Que bom que hoje é sexta. – meu Deus, seu sorriso é perfeito. Do tipo, PER-FEI-TO. Retos, brancos e medianos. O maxilar masculino é tão maravilhoso que tenho vontade de mordê-lo. Calma, Victoria, calma.
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  - Amém. – junto as mãos, fingindo rezar e o vejo soltar uma gargalhada tão perfeita quanto seu sorriso.
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  Ouvi o som da voz automática anunciando o Waterloo Station, simbolizando que eu deveria sair. Suspirei, com preguiça de ter de levantar, principalmente agora que havia conhecido um homem perfeito dentro do metrô. Olhei para meu relógio e deveria chegar à confeitaria antes que o bolo de mirtilo acabasse ou a loja fechasse. No momento, não ouvir minha mãe no meu ouvido era mais importante do que arranjar um novo sexo casual.
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  - Até mais então. – levanto uma mão para ele, mais triste por deixa-lo ali sozinho no meio de todos aqueles idosos, do que por ter de enfrentar o frio da rua.
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  Assim que saí do vagão, não olhei mais para trás. Seria muito tentador voltar e tentar pedir o seu telefone. A verdade é que continuo envergonhada demais pelo fim do meu relacionamento com Cam – que eu ainda acho que me ama, mas está encantado demais com a francesa -, então decido apenas seguir minha vida solitária. Caminho pelos corredores repletos de banners de peças de teatro e filmes e subo uma imensa escada rolante até chegar ao térreo e ver a rua já escura por ter anoitecido. Passo até a confeitaria que há perto de casa e, pela primeira vez no dia, tenho sorte em pegar o último bolo de mirtilo disponível na vitrine. Sequer tive dó quando a senhora com o chapéu de lã olhou para mim derrotada ao chegar dez segundos depois de mim e ver que eu havia pego o último.
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  - Talvez o de morango, então? Ele me parece muito bom. – ouço uma voz masculina e olho para o lado, vendo o homem perfeito do metrô sorrindo para a senhora que, claro, não ousou em dizer ‘não’ para ele, concordando em levar o bolo de morango.
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  “Eu levaria o bolo de morango se ele sorrisse assim para mim.” Pensei. Balancei a cabeça, tentando me colocar em foco, quando meus olhos encontraram com o dele.
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  - Veja só. – o ouvi. Abri um pequeno sorriso. – Quanta coincidência.
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  - Bastante. – sorrio, sem graça.
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  “Que mico!” Penso. Eu geralmente sou muito generosa com senhoras de idade. Em um dia normal, eu cederia o bolo para ela e levaria o de morango para minha mãe, mesmo arriscando em ouvir o dia inteiro sobre o bolo que não levei. Mas eu precisava dele para fazê-la ter um motivo a menos para encher meu ouvido. Eu necessitava dele. Isso. Era uma necessidade.
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  Me afastei com as bochechas queimando para pagar. Quanto mais longe eu ficasse do homem bonito, menos eu pagaria micos. Contudo, ele me pareceu frequentar a loja, já que escolheu o bolo de chocolate rapidamente e se por atrás de mim para esperar sua vez de pagar.
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  - Você mora na região? – perguntou. Olhei para trás, surpresa com sua insistência em puxar assunto. Imediatamente ouvi a voz de Coreene dizendo que estou sendo burra em deixa-lo passar, principalmente sendo tão claro que ele é tão… Perfeito.
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  Assinto, confirmando. Ele concorda com a cabeça e murmura um ‘Humm…’ Mas que droga. Preciso voltar a tomar homeopatias para controlar o meu humor. Quero muito ter uma ótima sexta-feira com um cara lindo; por outro lado, também quero passar na Tesco da esquina de casa e comprar um vinho barato com pacotes de batata para ficar assistindo filmes clássicos na TCM.
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  Deixei a confeitaria o mais rápido que pude e caminhei apressada em direção à Tesco. Escolhi morar ali, porque além de ser perto do metrô para não usar meu carro, também era perto da melhor loja de conveniências vinte e quatro horas da cidade. Eu poderia voltar e comprar o que eu quiser, quando eu quisesse. Apertei o casaco contra meu corpo e caminhei em passos rápidos até a entrada da loja. Peguei uma cesta e fui até o corredor de vinhos, onde olhei com atenção qual era o de menor preço. Se estou prestes a perder meu emprego, preciso começar a retenção de despesas. Por sorte, meu favorito estava em promoção, deixando-o ser o terceiro mais barato. Pensando eticamente, eu estava errada em compra-lo. Mas pensando pelo lado óbvio, aquele vinho nunca entrava em promoção, era sempre um absurdo de caro, me deixava bêbada mais rápido e só era cinco libras mais caro que o mais barato de todos. Sendo assim, estou fazendo um bom negócio levando cinco garrafas.
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  Depois de comprado as batatas de diversas marcas que sempre adoro experimentar, vi que foi um erro ter comprado cinco garrafas de vinho. Carregá-las estava sendo um martírio.
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  - Acho que precisa de ajuda. – reconheci a voz ao um lado e dei um pulo com o susto.
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  - Você está me perseguindo? – dei vários passos para trás, para caso ele me mandasse um sorriso malicioso, eu tivesse tempo de sair correndo. Eu já havia ouvido falar sobre esses homens incrivelmente lindos que usam a beleza para atrair mulheres para satisfazerem seus desejos sexuais e então mata-las e esquarteja-las para não deixar nenhuma prova em evidência.
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  - Pode parecer, mas não estou. Moro por aqui também. – ouço seu tom de riso. Respondo com um ‘Hum…’ e balanço minha cabeça. – Ajuda? – aponta para minhas sacolas e a caixa do bolo. Eu queria, sim, mas ainda estou desconfiada demais para conseguir acreditar em sua honestidade. Ouço sua risada e sua caixa de bolo e sacolas são colocadas no chão. Dou mais um passo para trás e o vejo tirar uma carteira; de dentro dela, retira um cartão. – Meu nome é . Sou diretor da Mercedes UK.
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  Olho para o cartão preto com detalhes prateados mostrando seu nome, cargo e e-mail. Abro a boca, chocada com um homem tão importante estar se apresentando para mim, uma prestes-a-ser-desempregada.
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  - O que você faz andando a pé?
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  - Às sextas eu vou de transporte público, porque o tráfico é muito intenso. – ele diz, devolvendo a carteira no bolso de trás da calça e voltando a pegar suas compras.
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  - Por que mora nesse bairro?
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  Ele abriu um sorriso. Deus do céu, ele precisa parar de fazer isso.
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  - Não é porque tenho dinheiro que devo morar onde os ricos moram, certo?
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  - Errado! – dou um passo para trás. – É muito mais seguro para você morar com os ricos.
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  - Errado. – ele negou com a cabeça. – É muito mais seguro fingir ser um classe média e não chamar a atenção ao invés de morar com os ricos.
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  Ele tinha um ponto. Eu não podia negar; ninguém sabe quem é o diretor da Mercedes UK. Tirando a beleza única dele, não há nada mais que ele possa chamar a atenção. Hoje em dia, com um casaco comprido e bonito, você pode fingir ser um novo-rico com facilidade.
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  Era isso. O destino armou para mim. Estiquei o braço com as sacolas com as garrafas de vinho e ele pareceu satisfeito em ter ganho nossa discussão. Dei-lhe as costas e passei a caminhar em direção à rua que levaria à rua da minha casa. Os primeiros cinco minutos foram em silêncio. Não gosto de falar enquanto atravesso a rua, porque tive conhecidos que foram atropelados assim. No entanto, depois que atravessamos a terceira rua, não havia mais nada para tirar minha atenção senão o maxilar perfeito de .
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  - Você é daqui? – pergunto.
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  - Sou alemão, mas fui mandado para cá para dirigir a empresa. Estava um pouco ruim, então apenas decidiram que seria melhor enviar alguém.
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  - Você não parece alemão.
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  - Eu apenas cresci na Alemanha, nasci aqui. – vejo seu sorriso e balanço a cabeça, concordando. – E você?
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  - Sou de Oxford. Trabalhar em Londres é melhor.
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  - Por que está tendo um mal dia? – ele perguntou depois de vários minutos. Estávamos quase chegando em casa, ele poderia ter feito a pergunta um pouco mais próximo para que eu pudesse enrolá-lo.
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  - Estou em uma situação que nunca havia estado antes. É um pouco novo e não sei lidar com mudanças drásticas.
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  - Você deve aprender com elas.
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  - Na teoria é fácil. Mas a prática não está sendo muito gentil comigo. – voltamos a nos calar.
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  Até chegarmos à frente de casa, não falamos uma palavra mais. Abri a porta e deixei as compras na mesa de entrada para voltar e pegar as sacolas com os vinhos das mãos de . Abri um sorriso sem graça, nunca fui muito boa com despedidas.
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  - Obrigada pela ajuda, não é fácil encontrar pessoas gentis para nos ajudar. – levanto as sacolas e as deixo do lado da porta. – Você está fazendo um bom trabalho em camuflar seu cargo; nenhum diretor de empresa multinacional ajudaria uma pessoa abaixo dele.
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  - Vou levar como um elogio. – ele disse entre risos. – De nada.
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  Fiquei observando aquele sorriso de dentes brancos e retos em minha direção. A rua não estava tão iluminada por causa dos postes distantes um do outro e a luz amarela. O parque à frente estava escuro e a rua, vazia. Não vi quando subiu um degrau de casa, mas percebi claramente quando seu rosto se aproximou do meu e nossos lábios se tocaram.
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  Isso não estava acontecendo. Eu estava beijando um estranho que havia visto no metrô. Não, não, não. Isso não acontece na vida real, apenas em filmes! Minha vida é medíocre demais para merecer uma cena de filme agora.
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  O beijo se desfez com calma e não pude deixar de corar. Por sorte, a falta de luminosidade me ajudou pela primeira vez em anos. Vi o sorriso de .
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  - Você não se lembra de nada, não é? – sua voz continha certa mágoa.
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  - Como? – inclino a cabeça, confusa. Ouço sua risada.
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  - Sou . magrelo.
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  “ magrelo”? Que tipo de pessoa bonita tem um apelido tão… Ah-meu-Deus!
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  - Parece que se lembrou. – pisquei para enxerga-lo melhor.
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  Estava com ambas as mãos em frente a boca e meus olhos arregalados. magrelo foi meu namorado no ginásio e colegial. Ele foi embora porque os pais dele haviam sido transferidos para a Alemanha, mas prometemos que quando nos reencontrássemos, iriamos nos casar depois de um ano. Achei que fosse uma promessa de adolescentes, não que ele fosse levar a sério.
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  - Você está namorando? – nego com a cabeça, por estar chocada demais em vê-lo assim tão bonito. – Noiva? – nego novamente. Ele estava musculoso, não mais magrelo. – Casada? – mais uma vez, balanço a cabeça. Seus olhos continuavam tão profundos quanto o oceano, o cabelo não parecia mais desordenado, as sardas do rosto haviam sumido e agora ele usava perfume. – Viúva?
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  - Meu Deus, estou solteira. – digo, impaciente. Vejo seus ombros relaxarem e o sorriso voltar para seu rosto. – Como queria que eu lhe reconhecesse se ficou tão… – perfeito, queria dizer. – Diferente.
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  - Você poderia estar careca e eu ainda a reconheceria. – ele sorriu.
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  Estou sem graça. magrelo não era nada parecido com . Deus abençoe os alemães, por terem o transformado neste galã.
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  - É mentira, você não me reconheceria.
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  O vi continuar sorrindo para mim, como se esperasse que eu dissesse que ainda o amava, como dizia na época da escola. Quatorze anos haviam passado, como eu poderia me dedicar todos esses anos confiando que ele um dia voltaria? Talvez nos dois primeiros anos desde nossa separação, e então Cam apareceu, mas o que importava? estava em minha frente agora.
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  - Você está solteiro? – pergunto, acanhada.
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  - . – ele deu um passo para frente, ficando muito mais alto que eu. Isso foi algo que não mudou; sempre foi muito alto, mas por ser magrelo, a altura o deixava um tanto desengonçado. – Você foi a razão para eu ter voltado. Para eu ter chego à diretoria e para eu ter escolhido este bairro para morar ao invés dos ricos.
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  Abri a boca a cada razão que ele dizia estar aqui. Não era possível.
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  - Por quê? Foi um amor de adolescência. Por que levou tão a sério? Você poderia ter uma namorada modelo russa agora.
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  Vi um pequeno sorriso se formar em seu rosto e crescer gradativamente de acordo com que memórias iam preenchendo sua mente.
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  - Quando eu era mais novo, achei que ninguém nunca me amaria por ser alvo de bullying da turma dos populares. Todos os dias era um dia de azar para mim; até que conheci você. – o vi dar um passo à frente, de modo que dei um para trás, entrando em casa. – Você dizia que me amava todos os dias. Mandava mensagens quando eu acordava e antes de eu dormir. Fazia doces que eu dizia gostar de comer e não tinha vergonha de andar de mãos dadas com um garoto magrelo e feioso como eu era. – fechou a porta com uma mão e, mesmo eu não tendo ligado a calefação da casa, o ambiente me parecia bem aquecido. – Como eu poderia me esquecer da única pessoa que me mostrou o que é ser amado? Minha vida inteira desde que te deixei para trás, foi garantir que eu cresceria bem sucedido para que pudesse retribuir tudo o que você me ofereceu quando eu era magrelo. Estou seguro que posso fazer com que seu futuro seja tranquilo e feliz.
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  Senti seus dedos entrelaçarem com os meus e foi como se tivéssemos voltado à época de escola. Eu nunca o havia visto como magrelo, apesar de gostar de seu apelido porque afastava as meninas ousadas de cima dele.
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  - Estou pronto para cumprir nossa promessa.
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  Apertei os lábios, descrente de que magrelo pudesse retornar à minha vida assim, do nada, e querer se casar comigo em um ano. Era uma promessa infantil, sem sentido.
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  Agora fazia muito sentido. Minhas reclamações sobre ser orientada antes de nascer sobre os problemas que enfrentaríamos já não fazia mais parte dos meus pensamentos. Os anjos estavam muito à frente disso; eles ensinaram meu coração a não esquecer, pois senti um palpitar forte em meu peito.
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  Achei que passaria os próximos dias e meses como sendo os piores da minha vida. Agora, nem perder o meu emprego me parece um problema. Abri um pequeno sorriso para , que logo pode compreender que eu estava tão preparada quanto ele para cumprir a nossa promessa.
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  Ele realmente estava retribuindo o que eu lhe ofereci durante o colégio. Ele totalmente acabou com minha maré de azar.
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  Mal posso esperar para apresenta-lo a meus pais e Hugh, o namorado de Coreene que nunca será tão lindo e rico quanto o meu .
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Fim

  Nota: Tive essa ideia do nada e decidi escrevê-la rapidinho. Fiquei feliz quando deu o número de páginas limite do TOP3, então decidi enviá-la para o site!
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  Espero que tenham curtido!
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