Bad at love
2019 – 4 anos atrás
Olhei para as coisas ao meu redor, apenas para me certificar de que estava tudo organizado, e nada que pudesse me constranger estivesse aparecendo.
Logo que confirmei, o som da campainha soou. Era ele. Leo.
Leo e eu estamos saindo faz um mês.
Nos conhecemos em uma festa da universidade vizinha, onde ele estuda, e acabei me encantando com seu estilo bad boy e todo o charme que a imagem de um cara que se parecia com o Johnny Depp nos anos 90. Eu só queria ser sua Kate Moss.
– E aí? – ele falou erguendo um braço, assim que se fez visível quando eu abri a porta.
– Entra – dei espaço para ele passar.
O sapato de couro mal rangeu no piso gelado do apartamento onde eu estava vivendo. Não era grande, mas era só meu. Havia encontrado esse lugar um pouco mais afastado da faculdade, mas que preenchia os requisitos mais importantes das minhas exigências: eu poderia morar sozinha e havia um locker da Amazon no hall principal, o que me permitia fazer todas as minhas compras pela internet sem precisar sair de casa.
Eu e Leo não fazíamos quase nada a não ser nos beijarmos, transarmos e assistirmos televisão. Era o suficiente. Mas após 1 mês dessa mesmice, eu estava enjoando.
Seus beijos tinham gosto de conhaque e ele parecia lento em tudo o que fazia. Enquanto assistimos à TV, seu celular tocou umas 5 vezes.
– Ei, posso chamar meus amigos para vir aqui?
Olhei para ele. Seu braço estava relaxado em torno de meu pescoço e o som de um filme noir passava na televisão. Eu esperava que pudéssemos preencher algum dos meus fetiches naquele dia, mas ele só quis fazer algo rápido e voltar para sua maconha.
– Na verdade, eu prefiro que não.
Aquilo pareceu chamar sua atenção.
– Como?
Ergui os ombros.
– Eu nunca gostei deles. Nunca me receberam bem, você não percebeu?
Senti, na mesma hora, seu braço magro tensionar.
– Eles são meus amigos.
– E nós estamos ficando; será que eles não poderiam ser um pouco mais calorosos?
Leo decidiu se levantar, não importando de empurrar minha cabeça para frente de forma rude.
– Ai!
– Eles seriam legais, se você não fosse uma vaca.
Olhei para ele incrédula?
– O quê?
– Eles a chamaram diversas vezes para ir até a república tomar umas. Você sempre recusou com um olhar de nojo.
– Eles me chamaram para uma orgia com as líderes de torcida do time de futebol americano!
– Como poderia ser uma orgia se eu estaria lá para ficar com você? – ele pegou a mochila e a chave do carro – Se você fosse um pouco menos vadia, eles a chamariam para algo mais decente.
– Leo! – gritei, ofendida com a maneira gratuita com que ele explodiu e decidiu me xingar.
Sem dizer mais nenhuma palavra, ele me deu as costas e foi embora.
2021 – 2 anos atrás
Queria poder dizer que havia sido para sempre. Que, no momento em que nos reencontramos no último ano da faculdade, eu praticamente cuspi em seu sapato, e não simplesmente deixei que ele me arrastasse para o seu carro velho, onde transamos loucamente como se não houvesse amanhã.
Leo estava diferente, apesar de seu jeito cafajeste de agir.
Enxergou que seus amigos, na verdade, eram um bando de parasitas dos próprios pais que não chegariam a lugar algum. Ele, com apenas uma mãe trabalhando arduamente como enfermeira, não poderia ter esse mesmo luxo.
Disse que começou a trabalhar naquele ano, e que estava limpo. Sem maconha, sem cigarros, sem álcool excessivo, apenas seu famoso Jack e, de vez em quando, uma cerveja.
Aparentemente, essa mudança de vida o tornou mais vivo. Nos dois meses que se seguiram, Leo e eu dividimos nosso tempo no meu apartamento – ele ainda morava em república –, e fazíamos sexo nas posições mais diversas existentes.
Era extremamente divertido.
– Quando é sua formatura? – ele perguntou, abraçando-me por trás enquanto eu preparava uma massa.
– Mês que vem.
– E o que você vai fazer depois?
Era a pergunta que eu estava esperando. A ideia de discutirmos o nosso futuro me animava. Leo aceitava a maioria das loucuras que eu colocava em jogo, então achei que ele não se importaria de aceitar mais um, o meu maior sonho.
– Ser cantora?
De repente, suas mãos não estavam mais em mim. Pelo contrário. Ele próprio estava do outro lado da cozinha, encostado na pequena mesa de jantar.
– Eu componho faz uns anos. Tenho sido bem aceita na internet, e…
– Alguma gravadora te ligou?
– Não, mas…
– Esqueça. Você não é mais nova, não pode simplesmente achar que, aos 21 anos de idade, irá conquistar a atenção de uns caras importantes. Você não viu a treta da Kesha? Eles vão abusar de você e então jogar você fora.
– Não será assim. Eu posso começar só compondo e então…
– . Você não foi feita para ser estrela da música – a voz dele parecia calma, mas seu olhar passava a tentativa de se manter tranquilo, como se eu fosse uma criança que precisava ser orientada. – Olha, estamos indo bem. Meu trabalho paga bem, você logo mais poderá ser efetivada em um cargo fixo. Podemos seguir bem juntos.
– Leo. É meu sonho. – falei baixo, mas ele não me ouviu.
Continuou falando sobre uma vida monótona em que ele voltava do trabalho e eu o recebia com nossos filhos de banho tomado e o jantar quente na mesa.
Uma lâmpada se acendeu em minha cabeça. Aquilo estava errado.
Achei que ele estava diferente. Que seus vícios ruins eram a causa de sua chatice.
Mas não. Ele simplesmente era assim. O destino havia trazido de volta um cara que não tinha nada a ver com o que eu queria para minha vida. E me perguntei se eu precisava aprender algo com isso.
E a única coisa que veio para mim, foi que eu tenho muito azar no amor.
E que, de alguma forma, sempre cometo o mesmo erro de ceder para esse amor azarado.
Talvez seja por isso que minhas músicas sejam boas.
Todo artista tem uma história de merda antes de estourar, não é?
2023 – Hoje
Suspirei fundo enquanto dirigia para a casa de Logan, um dos meus grandes amigos da época da faculdade.
Ele havia dito que faria uma festa em sua mansão no Calabasas, e que a presença da nossa turma era imprescindível. Todo mundo estava indo porque sabia que encontraria celebridades importantes no local. Logan trabalhava como produtor; seu tio era dono da gravadora mais importante da Costa Oeste do país, o que permitia que ele tivesse contato com todos os maiores artistas musicais.
Eu estava indo, porque, para variar, estava solteiro de novo e não suportava a ideia de ficar sozinho em casa.
Meu último relacionamento, Willow, era a garota típica da Califórnia; seus cabelos louros com luzes, o bronzeado natural da pele e as sardas nas maçãs do rosto. Apesar disso, o que a tornava mais charmosa era o fato de que ela não era nada californiana. Seu sotaque inglês que todo mundo ama, mostrava que era somente uma mulher londrina se divertindo em um lugar mais ensolarado.
Achei que ela seria A pessoa, afinal, tinha um sorriso bonito, era simpática e gostava de cachorros. Nosso papo se encaixava, e nossos corpos também. Ela era tudo o que eu queria.
Mas não durou um mês.
Nesse meio tempo, Willow começou a sair com umas garotas erradas. Em menos de 2 semanas, ela começou a cheirar linhas de pó branco. No momento em que fez as fileiras na mesa de centro da minha casa, eu soube que era hora de me despedir.
Nós podíamos ser perfeitos juntos, mas eu já havia namorado antes uma viciada.
Com esse tipo de gente, você nunca é prioridade, não importa o quanto eles digam que sim.
– Achei que não viria! – Logan gritou de dentro da piscina.
A festa era mesmo uma festa, e não uma orgia infinita para todo mundo que quisesse se envolver sem a pressão da mídia. As pessoas estavam bem-vestidas e se comportando de forma decente, apesar do DJ, da equipe de entretenimento e dos diversos quiosques de bebidas espalhados por toda a área aberta da mansão.
Aproveitei para colocar o social em dia. Fazer novos contatos. Fortalecer antigos.
Decidi que, naquele dia, eu seria puramente profissional. Mostraria minha cara para os artistas se lembrarem de que há um produtor musical muito bom ali, e não era o dono da festa.
Mas ninguém me avisou que uma avalanche como surgiria na minha frente.
Eu já a conhecia de nome; quero dizer, quem não conhecia , a cantora que estourou após fazer diversas parcerias com artistas famosos?
Foi de repente. Em um dia eu a via de longe sorrindo e fazendo comentários carismáticos aos seus amigos, e no dia seguinte nós trocávamos mensagens 20 horas por dia, falando sobre coisas aleatórias que só duas pessoas muito doidas fariam.
– 02:03 am
Você já parou para pensar o que aconteceria com o Pinóquio se ele dissesse “meu nariz irá crescer agora”?
Você já parou para pensar o que aconteceria com o Pinóquio se ele dissesse “meu nariz irá crescer agora”?
– 02:14 am
Caralho, estou mentalmente exausto, mas essa pergunta me pegou. Ele está falando a verdade ou a mentira?
Caralho, estou mentalmente exausto, mas essa pergunta me pegou. Ele está falando a verdade ou a mentira?
– 02:14 am
¯\_(ツ)_/¯
¯\_(ツ)_/¯
Em questão de semanas nós sabíamos mais sobre aleatoriedades e também sobre a agenda do outro, do que nossos amigos mais próximos.
– Nós vamos ficar nessa friendzone? – perguntou um dia. Quase bati o carro, se não fosse quase 4 da manhã e a rua estivesse deserta. Ela apenas riu, achando graça.
– Vamos? – joguei a pergunta de volta para ela.
Estacionei próximo ao parque em que havíamos combinado de comer um lanche. Nós dois estávamos trabalhando até de madrugada, e ela falou que sairia de uma sessão de fotos às 3h30. Como eu estava para finalizar meu trabalho, não me importei de ficar mais 1 hora esperando. A busquei próximo do horário que ela informou e partimos em direção ao melhor lugar que fazia lanches naquela hora da madrugada, mesmo sendo do outro lado da cidade.
Enquanto eu terminava de pedir para podermos comer dentro do carro – não podia mais andar livremente nas ruas sem ser abordada –, observei ela lá dentro mexendo no celular. De vez em quando fazia uma careta ou soltava uma risada.
Quando entrei no carro, ela me mostrou os vídeos curtos que estava assistindo. Ri e fiz caretas assim como ela. Falamos sobre amenidades e sobre nossos problemas. Depois de uma hora, decidimos caminhar e ver o nascer do sol de um lugar melhor do que o estacionamento de um parque.
Apesar de já haver pessoas correndo pela manhã, ninguém se importou com e seu boné e óculos de sol.
O sol nasceu às 5h43. Os primeiros raios surgiram e então, aos poucos, o céu passou a receber um tom mais alaranjado.
– Eu sou ruim com essa coisa toda de amor. – eu disse, de repente, confidenciando a ela algo que eu jamais diria para outra pessoa.
Como resposta, soltou uma risadinha de quem guardava um segredo que não dividia com ninguém também. Colocou-se, então, em minha frente, tomando minha visão inteira para ela.
– Não se preocupe – ela disse, envolvendo seus braços em meu pescoço –, eu também sou muito ruim no amor… – seus lábios roçaram nos meus. Fechei meus olhos, permitindo-me perder no aroma de seu perfume e na possível maciez que tinha certeza que seus lábios eram – Mas é aquela história… se não pode vencê-los, transforme-os em música.
You know I’m bad at love
But you can’t blame me for tryin’
nem pra dar um boa noite, pelo amor
achei chique esse locker
amiga, dá um tapão nele, bora
QUE ÓDIO, TOMARA QUE SE FODA BABACA
foi livramento, amiga
amiga não acredito que você voltou com esse embuste
EMBUSTEEEEEEE
segue teu sonho e larga esse fdp
ERRADÍSSIMO AMIGA
você tem um ponto, amiga
melhores amizades surgem assim
atacanteeee
ai que final gostosinhoooo
Nat, adorei a fic! Claro, passei raiva com o embuste, mas esse final foi tudo!
a definição de asshol* foi atualizada aff
nessas horas falta uma amiga pra dar um tapa na cara e dizer pra acordar pra vida e largar o boy lixo, né não?
AIIIIIIIIII, entregou tudo e mais um pouco essa songfic, ameeeeeeeeeeeeei <3
sou apaixonada nessa música e sempre achei que daria uma boa história, mas na minha cabeça não surgia nada hehehehehe ficou perfeita, Nat *-*