Capítulo 1
Terça-feira é considerada um dia qualquer na vida de qualquer ser humano com uma vida normal. Depois da segunda-feira, ninguém odeia, tampouco ama a terça porque ela não é o primeiro dia de uma longa semana, nem está perto do final de semana. Para um músico, terça-feira é como sábado. Difícil fazer show, fácil ter o dia livre.
Assim estava sendo para o All Time Low, que naquele dia estavam separados, cada um vivendo sua vida particular. Na verdade, aquela era uma das poucas vezes que os quatro se encontravam, de fato, separados, já que dia livre ou dia ocupado, os quatro amigos costumavam passá-los sempre juntos.
Na casa dos null, a tensão e tristeza estava estampada no rosto de cada um dos familiares, que desta vez não se juntaram para assistir a estrela da família brilhar em cima do palco.
- Mãe, eu não posso ficar com eles! – null protestava no escritório de sua casa onde seus pais e os advogados da família estavam presentes tão sérios quanto ele. Se encontrava sentado na única poltrona dentro da sala, enquanto os outros se mantinham em pé ou sentados nas poucas cadeiras que havia no ambiente. Não era um lugar muito usado pelo dono da casa, tanto que ele diversas vezes pensou em transformar aquilo em um lugar mais útil, como, por exemplo, uma sala para deixar os presentes e cartas de suas fãs. Olhou para seus pais que estavam logo atrás de si sérios e visivelmente mais calmos que o filho, e disse: – Eu os adoro, de verdade, vocês sabem disso. Mas eu tenho uma vida! Eu tenho turnês, tenho eventos que me faz estar em dois cantos de um país em um dia; eu não posso ficar levando eles comigo para todos os lados sempre!
Houve um longo silêncio que o fez achar que havia convencido os pais de que ficar responsável por crianças naquele momento de sua vida não era uma boa ideia. Encarou-os ansioso para vê-los desviar seus olhares para os advogados presentes e dizer que não havia solução com relação a ele, mas, ao contrário disso, se mantiveram calados, aumentando os nervos de null.
- Isso é definitivamente um grande problema. – um dos advogados finalmente quebra o silêncio, desviando a atenção de todos para si. Olha para os outros dois advogados que o acompanhavam e estes concordam de que deveria continuar falando. Torna a olhar para a família, abrindo uma pasta parda que havia em mãos, provavelmente com o testamento deixado: – Aqui diz que os seis têm de ficar com o senhor null null, caso contrário, todos serão levados para uma casa de adoção.
- Mas por que diabos eles serão levados para uma casa de adoção se eles têm uma família inteira pra cuidar deles? – null estende os braços apontando para fora do escritório, onde o resto da família aguardava a reunião dos três com os advogados. Estava nervoso, com sua paciência no limite.
Amava seu primo, mas ele deixara um grande problema em suas mãos. Os dois nunca falaram sobre o assunto, nem o primo avisara ou dera algum indício de que o colocaria como responsável. Talvez ele soubesse que null dissesse que não poderia por causa de sua vida. Talvez fosse por isso que o colocou sem seu consentimento.
null e Chuck eram os primos mais apegados que alguém poderia conhecer. Apesar da grande diferença de idade – dez anos – desde pequenos, os dois viviam juntos fazendo tudo o que podiam fazer. Logo que cresceram, null, aos quinze anos, começou sua carreira no All Time Low e Chuck, com vinte e cinco, se dedicava ao trabalho como corretor de imóveis. null aproveitava a vida de solteiro com diversas garotas de milhares de lugares diferentes, enquanto Chuck lidava com a responsabilidade de ter engravidado sua namorada quando ainda tinha 19 anos, situação essa que não fora um grande pesar, uma vez que todos sabiam que os dois eram feitos um para o outro. Quatro anos depois do nascimento da primeira filha, quando Chuck tinha vinte e três e null treze, o segundo filho do primo de null viera. E então, cinco anos depois deste, vieram os gêmeos. null já estava acostumado a ser chamado de tio desde seus nove anos de idade, quando a filha mais velha de Chuck – Amy – aprendera a falar antes mesmo de completar seus dois anos. Três anos depois do nascimento dos gêmeos, null estava com 21 anos e percorrendo os Estados Unidos inteiro, e Chuck com 31, encarando a quarta neném. E quatro meses atrás, quando Chuck estava com 34 anos e null com 24, veio a última criança do casal. E não era porque eles queriam parar. O destino decidira pará-los por eles. Chuck e a mulher sofreram um acidente de carro numa noite chuvosa, quando voltavam de um encontro de casais que costumavam fazer em mês alternados. Acidente este que lhes custara suas vidas.
Haviam preparado um único testamento – paranóia da mulher -, deixando todos os seus pertences a null, inclusive os seis filhos. E não citaram mais nada. Nenhuma pessoa para ajudar da família null, nem da família da mulher. O caso havia causado um grande desentendimento por parte de ambas as famílias, as da mulher de Chuck, por saberem que null era um artista e não tinha tempo e nem cabeça para educar seis crianças que precisam de atenção. E a família do próprio Chuck, por não poderem ajudar null em nada.
null em si ficara louco. Seus pais, ao perceberem que o filho estava começando a se ceguear com a raiva, se entreolharam e decidiram que agora era o momento para tomarem alguma atitude:
- Os senhores se importam de eu e meu marido conversarmos com nosso filho? – ouvira a mãe dizer em seu sempre tom calmo e tratou de fechar os olhos. Era óbvio que ela iria dizer algo para manter as crianças com ele, amava-os tanto quanto o filho, mas ele não via uma maneira disso acontecer. Não enquanto sua vida se resumisse a turnês e vida na estrada.
Assim que os advogados e escrivão saíram de dentro da sala de escritório, os pais se puseram a sentar nas cadeiras onde dois dos três advogados estavam, de frente para null e a mãe dele começa a falar:
- Filho, você é a última esperança deles terem uma família normal… – null logo a corta:
- Mãe, não interprete como se eu não quisesse ficar com eles. Eu quero, mas não posso, entende? Há uma grande diferença nisso. Eles são pequenos demais e eu não poderia deixá-los sozinhos, muito menos levá-los comigo em uma turnê! Imagina como eu cuidaria de Sarah e Benjamin, enquanto milhares de garotas estivessem berrando meu nome? Ou o que eu faria se no meio de uma entrevista, Liam começasse a chorar? Ou quando Amy estiver de TPM e estivermos no meio do nada dentro do ônibus– nem há espaço para todos eles no ônibus! Não há ônibus de turnê com berços ou cerquinhas para deixá-los brincando seguros.
Os pais não o respondem. null tinha razão. O ambiente que ele vivia não era apropriado para seis crianças crescerem. Se encostam nas cadeiras pensativos. O filho não gosta quando vê seus pais se entreolharem, como se estivessem pensando em uma solução. Solução esta que não demora a chegar:
- E se você contratar uma babá? Uma que não ligasse para o fato de você ser famoso ou da sua banda ser famosa, e só se importasse em cuidar das crianças? – o pai que até então estava calado, abre a boca. Sua mulher lhe encara com uma careta:
- Querido, você sabe a fama das crianças com as babás. – ela pousa sua mão no ombro do marido, como se estivesse o consolando. Ele não desiste:
- Tudo bem, eles não gostam das babás velhas e chatas, mas e se null achar uma que seja nova, da idade dele, mais ou menos? Com certeza há no mundo uma pessoa que consiga ser assim. Jovem e despreocupada com fama e dinheiro. Não é como se fosse um absurdo, vamos lá… – ele diz ao ver as caretas dos dois que ouviam. – Ainda existem garotas assim no mundo.
- Vamos ter que abrir uma vaga mundial. – null resmunga. Ao ver o olhar do pai em si, respira fundo. – Não sei se é uma boa idéia. Ben acabou de nascer, precisa de–
- Eu acho que se for uma opção, você deve aceitar, null. – a mãe o corta, visivelmente mais animada. Olha para o marido que concorda com a cabeça com um sorriso nos lábios. – Chuck deixou dinheiro o suficiente para pagar uma babá mensal. Você ainda receberá o dinheiro da casa e da indenização dos dois, a família deles já disse que não se importa se você ficar com isso, não é? – Ela e o marido trocam olhares mais uma vez. – Pelo menos as crianças ficarão juntas.
null passa a mão pelo rosto e respira fundo. Em que encrenca estava se metendo?
Para ajudar.
Favorito: 24 anos.
Amy: 15 anos.
Alec: 11 anos.
Liam: 6 anos.
Egan: 6 anos.
Sarah: 3 anos.
Benjamin (Ben): 4 meses.
Capítulo 2
Nada demais acontecia naquela quinta-feira. Era dia de reabastecer o estoque para o final de semana que se aproximava e criar a lista para enviar às empresas que forneciam os medicamentos. Resumo: Dia chato.
Exceto pelo fato de ver uma de suas amigas adentrar correndo no local afobada e vermelha, gritando por seu nome:
- null! null! null! – a garota ouvia ser chamada pela amiga. Olha para o lado e levanta as sobrancelhas em surpresa, vendo Emma se aproximar. – Consegui uma entrevista de um emprego melhor pra você!
A garota nada diz. Olha para os lados e lentamente se dirige para mais longe da porta principal, onde havia alguns clientes que agora procuravam pela dona da voz estridente. Odiava chamar a atenção e isso era tudo o que Emma estava fazendo naquele momento. Olha para a amiga, que tinha suas bochechas muito vermelhas pela suposta corrida até a farmácia onde trabalhava. Sorri paciente depois de estarem no quarto com medicamentos de tarja preta:
- É mesmo, Emma? Aonde? – ela pergunta em uma falsa animação. Emma era uma ótima amiga, exceto quando cismava que achava empregos melhores para null. Nunca eram empregos melhores, mas null sempre se esforçava em ir para não magoar os sentimentos da melhor e única amiga. Via a animação em seus olhos, não podia desanimá-la com um desinteresse.
- É de babá. – ela mostra o panfleto que segurava para a farmacista. Esta pega e levanta uma sobrancelha para a amiga antes mesmo de olhar o conteúdo. – Não me olhe com essa cara, esse emprego é diferente, é do All Time Low, sabe? Aquela banda–
- Eu estou vendo. – a corta ao desistir de fazê-la lhe pedir desculpas por lhe oferecer um emprego inferior ao que ela estava, e ainda com tempo integral, como dizia no panfleto. A foto dos quatro integrantes estava estampada na folha inteira, praticamente. – Não sabia que aqueles marmanjos precisavam de babás para–
- Não, sua lerda! O null, sabe? – null concorda com a cabeça olhando para o indicado pelo longo dedo da amiga. – Então, ele precisa de uma babá para cuidar de seis crianças. Viu aí? Ele oferece moradia, carro para levar as crianças às obrigações diárias, alimentação e o pagamento mensal de três mil dólares.
null arregala os olhos e pisca-os milhares de vezes, tentando nutrir a informação. Não era tão mal quanto da última vez que Emma chegou com um panfleto. Admitia que quando ela chegava com jornais era bem pior. Com três mil dólares ela conseguiria pagar sua faculdade e ainda sobraria para depositar em sua conta bancária, começando a sua tão sonhada poupança. Sem perceber, começa a imaginar tudo o que faria com o dinheiro daqui a alguns anos, quando as crianças crescessem e não precisassem mais dela. Estava tão ausente do mundo que mal viu sua amiga lhe chamar, tendo esta que balançar os braços em sua frente para lhe tirar do transe:
- Só tem um problema. – ela diz sem graça. null fica séria. Emma nunca falava sobre os poréns logo assim de cara. Se havia algum, talvez seja algo grave – A entrevista é hoje.
- Hoje?! – quase grita, fazendo Emma balança a cabeça sem graça. – Mas hoje eu fico até mais tarde! – olha para o calendário em seu relógio digital, que ganhou em um evento social que participou da universidade para ganhar horas extras. Amava usar relógios, odiava perder o tempo.
- Não dá pra você trocar com alguém? Cobra aquele favor do Aaron que ele te deve! É só duas horas e você volta! Vamos, eu te deixo de carro lá! – ela já colocava a mão no avental da amiga, para tirá-lo e esta a encara ainda mais séria, a fazendo soltá-la.
- Você tentou fazer essa entrevista, não é? – null a olha desconfiada e a amiga encolhe os ombros.
- Culpada. – apenas diz e a amiga balança a cabeça. – Você sabe que eu sou louca por aquela banda, mas você tinha que ver as outras meninas de candidatas, algumas até iam de mini-saia! Tipo, sem nenhum perfil de babá, sabe? Teve uma que disse que odeia choro de bebês, fiquei sabendo.
null suspira. Ela amava bebês e crianças. Preferia eles aos adultos. Estava cursando o terceiro ano da faculdade. O meio dele. Faltavam apenas mais um ano e meio para ela se formar e finalmente tentar ganhar um emprego melhor. No momento, trabalhava numa drogaria. Era órfã de ambos os pais e crescera em um orfanato. Quando completara seus dezoito anos sem ser adotada, tivera de se virar para começar a trabalhar e pagar seus estudos e moradia, além da condução e alimentação. Com sorte, conseguira uma bolsa completa na faculdade, o que tivera a opção de usar a metade dele, e a outra metade pagar o quarto dentro do campus tendo que pagar apenas metade da mensalidade, que já não era barata. Ela era o tipo de garota que não gostava de chamar a atenção ou de ser o centro dela. Andava com as pessoas mais discretas possíveis e nunca, jamais aumentava o tom de voz.
Olha para Emma por mais um tempo e então abre a porta da sala, chamando Aaron. Diz que havia uma urgência na faculdade e que teria de se ausentar por algumas horas, mas que voltaria antes do fim da tarde. O homem concorda sem pestanejar, sabia da dívida que tinha com a garota e esse modo de pagamento não era assim tão mal. null fora então se trocar: Jeans skinny, uma blusinha de algodão branca sem manga e um salto. Gostava de se arrumar para si mesma sempre. Via as celebridades e gostava de sentir que se vestia tão bem quanto elas e sem gastar muito.
Meia hora depois estava na frente da porta da casa onde Emma havia feito a entrevista mais cedo. Podia ver que a amiga não estava mentindo e nem exagerando quanto a quantidade de meninas ali e a vulgaridade pulando sobre seus olhos. Desce do carro e olha para a amiga, que diz:
- Eu venho te buscar, é só me dar um toque.
- Obrigada. – ela diz e vê a amiga dizer um ‘boa sorte’ e se afastar dentro do carro.
Olha para a porta da casa e as garotas que estavam em volta. Olha para o papel que a amiga havia lhe dado. “Falar com null null“. Ótimo. Corre os olhos e caminha até a garota mais próxima, que conversava com um grupo de amigas. – Com licença, existe alguma fila ou senha? – vê as quatro garotas desviarem o olhar para si e a analisarem da cabeça aos pés, até que uma delas disse em sua voz fina:
- Não, uma mulher apenas sai e escolhe uma de nós para entrevistar. – null assente.
Olha para o sol que batia em todas e então para o relógio. Ela tinha horário, não podia se dar ao luxo de esperar a boa vontade do tal null null. Estava decidida, se em uma hora ninguém lhe chamasse, iria embora.
Para ajudar.
Favorito: 24 anos.
Amy: 15 anos.
Alec: 11 anos.
Liam: 6 anos.
Egan: 6 anos.
Sarah: 3 anos.
Benjamin (Ben): 4 meses.
Capítulo 3
- Não aguento mais. Elas são todas iguais. – null se jogava para trás no sofá, depois de ter dispensado outra garota. – Essa daí tinha dezoito anos!
- Você disse jovem, mas não especificou idade. – null olhava o panfleto em mãos.
Já haviam perdido a conta. Desde as oito da manhã estavam entrevistando uma garota atrás da outra, cada uma mais absurda que a outra. Os companheiros de banda estavam ali para ajudar o amigo a se decidir por uma babá. Como null, todos estavam cansados de ver sempre o mesmo tipo de perfil que queria os impressionar, mas não as crianças. Pela primeira vez em suas vidas, os quatro caçavam uma garota que não fosse siliconada.
Haviam se decidido por uma garota que não fosse mais nova que o mais novo da banda, assim ela seria bem mais madura que todos eles. Além do mais, como ela estaria em turnê porque os advogados falaram que há um prazo de um ano para o responsável a partir do documento deixado pelos enteados falecidos ficar com as crianças para que então ele possa passar a responsabilidade por alguém da família. Combinara com a família da mulher de Chuck que assim que este um ano acabasse, as crianças iriam morar com um dos avós, qual dos ainda não fora decidido, mas não havia pressa.
Para ajudar na escolha, as crianças foram postas juntas para que a família visse suas reações quando as babás entrassem. Até agora, a maioria das garotas que ali entraram tentaram manter algum tipo de contato, mas as crianças menores se assustavam cada vez mais com as ousadias delas.
- Tudo bem, agora chega. – a mãe de null diz nervosa. – Só mais uma e então paramos. Se não der certo, falamos com os advogados.
null solta o ar um tanto aliviado e passa a mão pelo rosto quando seu nervosismo volta ao olhar para a cada das seis crianças que estavam pela sala. Sente a mão do pai em seu ombro, olha para o lado e o vê lhe dar um sorriso calmo:
- Pelo menos você tentou, filho. Chuck sabe disso.
- Você. – null ouve uma voz chamar e desvia sua atenção do condomínio que era mesmo de luxo, com todo aquele verde. Olha para trás, vendo uma mulher parada à porta e apontando em sua direção. Olha para os lados, mas logo ouve: – É, você mesma. De calça. – procura por alguma garota que trajasse calça, mas por incrível que pareça, ela era a única. Se aproxima rapidamente da mulher que tinha uma expressão cansada e sorri calma, apertando a mão dela, que a analisa desconfiada. – Qual o seu nome?
- Vinte e três, se considerar meu aniversário mês que vem, vinte e quatro. – tenta parecer o mais simpática possível enquanto segue-a para o lado de dentro da casa. A mulher lhe manda um novo olhar de análise, com um pouco menos de intensidade agora, até enfim dizer:
- É uma boa idade, entre. – e aponta para a sala, onde null disfarçadamente arregala os olhos ao ver o tanto de gente que havia ali. Nunca havia feito uma entrevista com tanta gente presente.
- Boa tarde. – ela diz tentando transparecer calma. Cumprimenta a todos com um aceno de cabeça.
- Oi! – ela ouve durante o caminho à poltrona que a mulher que a chamou indicou. Olha para o lado e vê um menininho loiro que sorria e dava pequenos pulinhos:
- Olá. – sorri de volta, parando para conseguir vê-lo melhor.
- Você vai cuidar de mim? – ele pergunta um pouco mais alto do que o normal.
- Quem sabe? – ela ri e vê um outro garoto idêntico à aquele aparecer, apenas trajado em roupas diferentes. – Nossa, acho que estou vendo em dobro. – os dois riem sapecamente e trocam uma batida de mão, como se o plano que fizessem tivesse sido um sucesso.
- Não, nós somos gêmeos! – o que chegara por último diz pulando ainda mais animado.
- É mesmo? Que legal! – sorri animada. – Vocês são mesmo bem iguais, sabia? Eu sou null. – ela estende as duas mãos para cumprimentar um de cada.
- Eu sou Egan! – o primeiro que apareceu diz, apertando sua mão e sacudindo-a.
- Eu sou Liam! – o segundo o imita, a fazendo rir.
- Muito prazer, Egan e Liam. – ela aperta a mão dos dois. – Vocês tem um bom aperto de mão. – Os dois riem mais e então saem correndo para longe dela dizendo qual dos dois apertava a mão mais forte.
null assistiu os dois se afastarem com um sorriso, até ouvir:
- Pode vir se sentar, null. – ela ouve a voz da mulher que lhe chamara e desvia a atenção, vendo que todos a olhavam com um sorriso. Sorri sem graça e termina seu caminho, se sentando lentamente e colocando o cabelo atrás da orelha.
- Obrigada. – diz em tom baixo, bem mais tímida do que antes.
- Bom, podemos ver que tem jeito com crianças. – a mulher que a havia chamado afirma apontando com a cabeça para os dois que brincavam no lado externo da casa, onde todos conseguiam ver por ser separado por uma parede de vidro que também servia como porta. null sorri e concorda com a cabeça:
A mulher sorri e olha para o papel que pegou quando havia se sentado. Haviam algumas perguntas padrões para a garota:
- Tem alguma experiência com elas?
- Cresci num orfanato, a partir dos quinze anos somos responsáveis por cuidar das crianças menores, não haviam muitos adultos para cuidar do número de crianças que tinham lá.
- Você é órfã? – a mulher pergunta, desfazendo o seu sorriso. null não conseguia dizer se fora uma coisa boa ou ruim ter dito sobre sua falta de família.
- Sou. – confirma firme. A mulher olha para a folha e pergunta:
- E trabalha? – null murmura um ‘sim’. – Você está ciente de que este trabalho é integral, não é? E que por boa parte do tempo, estará na estrada com a banda de meu filho. – e aponta para os quatro, que a encaram curiosos.
- Estava escrito no panfleto. – ela aponta para algumas amostras jogadas na mesa de centro.
- Como ficou sabendo dessa entrevista? – um homem que estava sentado ao lado da mulher lhe pergunta.
- Hum, minha colega de quarto da universidade me indicou. Disse que eu me identificaria porque mexia com crianças.
- De todas as idades? – o homem continua a perguntar. Ela concorda com a cabeça. – E qual a sua programação hoje?
- Hum, bom. – cruza a perna. – Estou no penúltimo ano da faculdade, então as coisas ainda estão calmas, exceto quando chega o final do semestre e eu tenho que focar nos trabalhos e provas finais. Trabalho das duas da tarde até às onze da noite numa drogaria no centro.
- E o que você cursa? – a mulher pergunta.
- Qual o seu horário disponível? – ela continua perguntando. Ela era quem anotava todas as respostas de null, ou talvez marcasse alguma coisa que devesse perguntar. Olha para a garota, enquanto ela dizia:
- Tirando o horário de aula, que varia a cada dia, estou disponível.
- As crianças possuem um horário restrito com aulas individuais. E há a turnê.
null concorda com a cabeça. Isso era um problema, mas pelas expressões exaustas no rosto de todos presentes, eles poderiam estar dispostos a mudar algumas coisas para o horário dela. Só deveria saber como manusear até essa permissão se tornar oficial.
- Poderia escrever nesta folha como andam seus horários? – a mulher diz, estendendo um pedaço de papel. – Sem o seu trabalho.
Ou talvez não houvesse chance de ganhar a permissão.
Com um pequeno sorriso, null pegou o papel e a caneta que senhora null entregou e escreveu apoiada no caderno de capa dura que lhe entregaram o horário de suas aulas. Enquanto escrevia, viu um hipopótamo roxo de pelúcia ser colocado em cima do papel. Olhou para o mesmo e então para a garotinha com os cabelos muito compridos e o dedo na boca que o segurava:
- Qual o nome dele? – null pergunta, parando de escrever.
- Hipo. – a garota responde.
- E o que ele faz? – encara a garotinha curiosa.
- É mesmo? E ele saberia me dizer o seu nome?
- Sim, ele sabe o nome de todo mundo! – ela sorri, mostrando a banguela de seus dentes. – Ouve só! – e leva a pelúcia para mais próximo do ouvido de null, que se inclina para ouví-lo, já que a menina era pequena demais para alcançá-la. Olha para a mulher que lhe entrevistava e que agora tinha um sorriso nos lábios e a vê dizer ‘Sarah’.
- Uhum, entendi. Ele fala bastante, né? – null volta a olhar para a garota, que balança a cabeça confirmando.
- Às vezes ele não me deixa dormir de noite, eu tenho que tampar a boca dele pra dormir, senão mamãe brigava. – ela dizia sem parar com sua voz finíssima.
- É, ele falou que seu nome é Sarah. E que você gosta de desenhar. E que ele vai com você para todo lugar.
- É verdade! É verdade! – ela tira o dedo da boca com a animação. – Ele disse que eu gosto de enfeitar meu cabelo? Ele é grande, olha! – e se vira.
- Acho que ele se esqueceu, ele falou muita coisa. – null sorria. – Ele é grande mesmo, nossa! O meu é pequenininho perto do seu.
- O seu é bonito também. – ela toca no cabelo da mais velha, que sorri. – Você deixa eu pentear ele?
- Claro. – null sorri. Os olhos da menina arregalam e ela abre um enorme sorriso.
- Cuida do Hipo! – ela diz e olha para a pelúcia, coloca o ouvido para perto dele e então concorda com a cabeça. – Ele disse que tudo bem ficar com você porque ele gostou de você.
- Olha só, muito obrigada, então. – null sorri e segura Hipo, vendo a garota sair correndo para o andar de cima.
Volta a atenção para a folha e continua a escrever os horários. Parava para pensar, e verificava se não havia nenhuma aula de apoio durante a semana que pudesse acrescentar. Pula ao ver um lagarto em sua frente.
- Vim ver se o Yuc gosta de você também. – um garoto, muito maior do que Sarah diz, fazendo null olhar para ele. – Você gosta de lagartos?
- Nunca vi um de verdade, mas posso garantir que não gosto do que eles comem. – ela coloca um dedo cuidadosamente no bicho, que não se mexe.
- Ele não morde mais. Comeu um pedaço de aço que o deixou banguela. Agora ele só come lesmas e minhocas.
- Mesmo? – ela arregala os olhos.
- Você alimentaria ele enquanto eu estou na escola? – o garoto pergunta com os olhos interessados em uma resposta.
- Ah… ele come outra coisa sem ser insetos?
- O café da manhã dele é larva.
null se cala e o fica observando com a boca fechada. Olha para o lagarto que não se importava em estar onde estava, não se mexia.
- Ele é bem nutritivo, né? – ela comenta. O menino levanta os ombros. – Eu teria alguma outra opção?
- Podemos esconder ele na minha mochila e eu alimento ele na escola.
- Acho que sua professora surtaria.
- É. Ela gritou comigo da última vez. – ele olha para o lado.
- Hum… Acho que… Bom. Não tenho escolha, né?
- Então você daria para ele?
- Não é como se eu tivesse que tocar nos insetos, não é?
- Não, é só deixar perto. Ele gosta de capturar.
- Vivos? – ela faz uma careta. O menino concorda com a cabeça. Ela limpa a garganta. – B-bom…
- Com certeza Yuc pode esperar você voltar da escola para comer, não é, Alec? – a mulher diz, fazendo com que null se sentisse bem mais aliviada.
- Tudo bem, então você pode colocá-lo no sol? O médico dele disse que ele tem de ficar em um lugar com sol até às nove da manhã.
- Isso eu posso fazer. Como se pega ele?
- Assim. – o menino ensina, e ela tenta, percebendo que ele era mais pesado do que o normal. – Assim tá bom.
- Legal. – ela sorri e o vê pegar o bicho de suas mãos, se virando para a família e dizendo.
- Ela é legal. – aponta para a garota que levanta as sobrancelhas e olha para todos, voltando a escrever rapidamente antes que o bicho do garoto começasse a vomitar o café da manhã em cima dela.
Assim que conseguira terminar, entregou a folha de volta à mulher, que deu uma olhada por cima.
- Meu curso é um tanto exigente… – ela diz sem graça.
- E como faz quando tem essas aulas de apoio?
- Hum, eu pego o plantão da farmácia. Fico até às 3 da manhã.
Ficam calados a olhando boquiabertos. Olham para uma garota que aparentava ter em torno de seus 15 anos e ela suspirou:
- Você gosta de fazer compras. – afirma.
- Eu gostei do seu sapato.
- E eu das suas luzes. – ela aponta para o cabelo da garota, que para e a olha séria.
- É, ficou bonito mesmo. Você quem fez?
- Leite, é eu sei. – null sorri. – Ficou mais bonito no seu cabelo do que no da minha amiga quando fomos tentar.
- Tem de usar o creme com base de chocolate para hidratar. – ela diz agora interessada na conversa.
- Mesmo? Choco– Ah… sim. Queratina. Você é boa. – ela aponta para a garota, que sorri.
- Posso fazer em você se quiser.
- Em mim? Acho que prefiro meu cabelo assim.
- E quanto você calça? Eu poderia usar os seus sapatos? Eles não me entendem, acham que eu tenho demais, mas é sério. O último que eu comprei foi há oito meses atrás.
- Está bem fora de moda. – null diz compreensiva.
- Você é tão fashion, é sério! A sua escarfe é daquelas da Zara?
- Forever 21. Promoção. Pechincha. Dois por 30 dólares. – ela aponta para a escarfe e o sapato de salto em seus pés. Viu os olhos da garota brilhar.
- Quero ela. – e aponta para a garota, que sorri, vendo Sarah escalar a poltrona para começar a pentear se cabelo.
- Acho que temos que dividir a poltrona, então? – diz para a menina, que fica em pé encostada no encosto da poltrona enquanto null via a garota mais velha falar animada com a família, que tentava acalmá-la.
- Tudo bem, tenho que falar. – aquele que era a cara da mulher que lhe entrevistava desencostou do sofá e juntou as mãos, a encarando. – Olha só, estamos com um problema. Queremos você. Já deu para perceber que todos gostaram do seu perfil. Acontece que estamos em turnê este e o próximo ano inteiro. E eu preciso de alguém que fique um ano inteiro comigo e elas no ônibus. Ou no avião. Entende? Viajando o mundo.
null arregala os olhos com a sinceridade. Limpa a garganta e olha para o resto da família, que suplicava para que ela dissesse que não havia problema, mas havia problema.
- Bom, eu tenho a faculdade…
- E tem a escola das crianças, não é? – olha para elas. Um dos amigos do tal null lhe cutuca.
- Bom… estávamos pensando em fazê-la ensinar elas, sabe? Compraríamos algumas apostilas para seguir e tudo mais.
- Vocês querem que eu pare a faculdade e tudo o que eu faço para me dedicar nesse trabalho de babá?
- Podemos te chamar de assessora pedagógica, se achar menos inferior. – null diz e recebe um cutucão de null ao seu lado.
- Não é por nada. – null diz. – Mas eu preciso me formar. Eu não posso ter um trabalho decente na minha área sem um diploma. E a faculdade é mesmo muito cara. Se eu sair e voltar, eu perco a minha bolsa integral. E isso é muito importante para mim, porque é uma universidade muito boa.
Todos ficam calados. Claro que entendiam o ponto de vista da garota.
- Você tem que cuidar da gente. – a garota que gostava de moda diz, chamando atenção de null. – Eles não vão entrevistar mais ninguém. Se não for você, os advogados vão enviar a gente pro orfanato.
- Orfanato? – null se assusta com a ação repentina. – Por quê?
- Está nos documentos. – ela levanta os ombros. – É sério. Você não pode deixar a gente assim na mão.
- Amy. – a mulher que entrevistava diz séria. – Você pode fazer o que você quiser, null.
A garota engole seco e olha para as crianças.
- Sinto te dizer, mas precisamos de uma resposta agora. Os meninos saem em turnê daqui a uma semana e meia e nós temos de confirmar a compra das passagens e o espaço no ônibus. – a moça diz calma, vendo null morder o lábio sem saber o que fazer. Antes mesmo de concluir qualquer pensamento, a mulher se mexe: – Ah, há também Ben. – ela aponta para o bebê de quatro meses que voltava no colo de uma senhora bem vestida.
- Finalmente uma? – a mulher diz com a criança no colo. – Ela ficará com as crianças?
- Ainda não. – a outra responde. – Ela está se decidindo.
- Podemos aumentar o salário para 4 mil – a mulher com Ben no colo diz. – Precisamos de uma babá, null não conseguirá cuidar delas e elas precisam ficar com ele por um ano. Você pode ver pelas peças lá fora que não tem sido fácil para nós conseguirmos alguém decente.
- E as crianças te adoraram. – o homem que lhe fizera algumas perguntas antes disse.
null estava confusa. Não queria os deixar na mão, mas não podia desistir assim da faculdade. Ou podia? Se lembra dos comentários de alguns colegas de quarto no orfanato, falando que ela era muito certinha e que tudo o que ela fazia era minimamente pensado para que o futuro dela fosse previsível. Ela nunca correra risco nenhum e sempre fora a garota chatinha. Por isso os adultos gostavam dela e os jovens da idade dela não. Olha para o tal null, que a encarava ansioso junto com todos os outros da sala.
- Sabe, somos quatro marmanjos que gosta de andar pelado por aí. – null diz. – Imagina como essas pobres crianças sairão depois de um ano com a gente…
- null. Não será assim que você a irá convencer de vir conosco. – null diz.
- Nudez sempre é a solução. – ele diz e olha para a garota. – E então? Você está considerando bem mais, não está?
- Claro. Porque meu hobby é ver homens pelados. – null responde, o fazendo rir. Suspira. – Vocês precisam para agora, agora? A resposta?
- Agora imediatamente. – a mulher diz.
- Se eu aceitasse… Quando eu começaria?
- Hoje? – a menina se mexe na poltrona, sentindo a escova correr pelo seu cabelo com Sarah cantarolando para Hipo.
- Pagamos o mês integral, mesmo estando a uma semana dele acabar. Não nos importamos. – a mulher com Ben no colo diz.
null suspira. Um ano. Um ano não programado. Sem programação. Sem saber o que virá. Olha para Ben, que mexia os bracinhos e ria ao ver a mulher lhe falar palavras em uma voz fina, típica para falar com bebês. null aperta os lábios e, mesmo com medo do que viria no dia seguinte, olha para a mulher que a entrevistava e diz:
Para ajudar.
Favorito: 24 anos.
Amy: 15 anos.
Alec: 11 anos.
Liam: 6 anos.
Egan: 6 anos.
Sarah: 3 anos.
Benjamin (Ben): 4 meses.
Capítulo 4
Depois que null concordara com o emprego, viu os ombros dos quatro integrantes da banda relaxarem e o sorriso aparecer nos lábios de todo mundo. Sarah começara a pular comemorando e Amy se levantara rapidamente, vindo falar para null que gostaria de ir com ela pegar as coisas dela.
- Minhas… coisas? – null a encara espantada. Amy olha para a mulher que entrevistara null e esta diz:
- Sou Carla, mãe do null. – finalmente se apresenta. – Você irá morar com o null e as crianças durante essa semana e meia. Ele não ficará em casa, então não se preocupe. É bom para você se acostumar à rotina delas e criar uma rotina enquanto estiverem viajando. Dará para se conhecerem e fazer as compras para Ben, os gêmeos e Sarah.
- Eu te ajudo a cuidar deles. – Amy diz sorridente.
- Olha o milagre acontecendo! – null comenta sentado no sofá e a menina lhe manda um olhar feio.
- null e Amy tem um problema de comunicação. – Carla diz baixo para null, que olhava de um para o outro. Ele rindo da sobrinha, que brigava com ele. – Eles só brigam. Se puder evitar deixar os dois juntos…
- Entendi. – a garota concorda com a cabeça.
- Bom, acho melhor primeiro eu apresentar as crianças apropriadamente, não? – a mulher que tinha Ben no colo diz. – Sou Amélia, mãe da mãe das crianças.
null concorda.
- Eu vou dispensar aquelas meninas da frente de casa. – Carla diz, se afastando e indo em direção à porta.
- Os pais das crianças faleceram semana passada. – Amélia diz, se aproximando e se sentando na poltrona ao lado da de null.
- Oh! Sinto muito! – ela diz chocada e olha para Amy, que fechara a cara. – Mesmo.
- Está tudo bem, querida. – a mulher parecia bem menos assustadora do que quando null ainda estava pensativa sobre ficar ou não. – Elas terão de ficar com null até completarem um ano com ele. O acordo começa a partir do próximo mês. – e olha para o homem, que nada faz senão prestar atenção na conversa, como todo mundo na sala, menos Sarah e Ben. – Amy tem quinze anos, é a mais velha. – null sorri para a garota, que retorna o sorriso. – Em seguida temos Alec, com 11, os gêmeos, com 6, Sarah, com 3 e Benjamin com quatro meses. Você deve ver que são idades complicadas. – null concorda. – Precisam de atenção. Ben é bastante carente, os gêmeos gostam de bagunçar e Sarah gosta de falar. Muito. – olham para a garotinha que continuava penteando o cabelo de null e a falar com Hipo. – Ben teve icterícia, deve tomar banho de sol todos os dias. Mas passe sempre o protetor.
- Trinta. Por estarem em turnê, você terá de controlar bastante a alimentação das crianças. Os gêmeos tem o intestino preso, deve fazê-los comer muita fruta e legumes.
- É, boa sorte com isso. – o homem diz entre risos. – Sou Matt, pai do null. – null sorri para ele. – Os dois inventam mil maneiras de não comerem o que é verde.
- Posso dar um jeito nisso.
- Sobre as aulas, Amy precisa de um preparatório mais forte–
- Vovó! – ela fala alto, fazendo a mulher ignorá-la.
- Ela deve ter uma boa educação para que possa ingressar em uma boa faculdade no ano que vem.
- E que faculdade ela pretende cursar? – null olha para Amy, que olha para o lado emburrada.
- Ela ainda não sabe. – a mulher se aproxima de null e sussurra. – Este é o problema.
- Ah. Ah, sim. – ela sorri. – Bom, podemos ver isso mais para frente, não é? – null diz para Amy, que não a responde.
- Sou Matt. – null olha para o lado e vê um cara com um piercing no lábio e um boné preto da Disney. Sorri e lhe aperta a mão. – A babá dos quatro. – e aponta para a banda, que levanta as sobrancelhas para ele. – Na verdade, falam que sou o empresário, mas eu mais cuido deles do que administro, então…
- Trabalho duro. – null comenta e ele suspira pesaroso.
- Você nem sabe… Mas bem. Vou ensinar a lidar com os quatro. – sorri. null levanta a sobrancelha.
- Achei que fosse criar de crianças.
- Não são muito diferentes.
- Hey! Hey! – null diz abrindo os braços.
- Este é null. – começa pelo que protestou. – Ele ronca e é sonambulo. Além disso, ele adora atrasar, então se você o ver andando sozinho, me ligue. – e passa um cartão para a garota, que ri. – Ele gosta de fugir.
- Não tenho culpa se a imprensa me ama. – null resmunga.
- Eles só querem tirar foto do seu cabelo para enviar para aquele programa de moda que acabam com os artistas. – null diz rindo. – Oi, eu sou o null. Eu gosto de groupies.
null levanta as sobrancelhas, desacreditando que ele seja assim, tão aberto.
- Ele gosta mesmo. – Matt diz. – E de sumir com elas também.
- E ficar pelado. – null completa.
- Principalmente ficar pelado. Como todos os outros. Você não tem vergonha de ver bíceps, banhas e essas coisas, não é?
- Não é como se eu visse todos os dias. – null diz. – Mas também não é como se eu nunca tivesse visto um na vida.
- Bom, tudo o que você não viu, vai ver durante esse ano. – Matt diz e aponta para um outro integrante sentado no sofá. – null gosta de beber. Se o ver bebendo antes do show, me liga também.
- Você quer dizer, álcool.
- Sim, mas ele costuma colocar álcool em recipientes não alcoólicos, então você pode achar que ele está tomando água, mas ele não está.
- Ah, sim. Profissa. – ela olha para null, que sorri.
- E o null gosta de pregar peças. Tipo, muitas. Não ache que porque você é garota, que irá se safar. Ele gosta de fingir que está afim de você, quanto não está. Às vezes chamamos ele de Heartbreaker, essas coisas. Me ligar não será a solução. – ele diz, fazendo a garota olhar para null, que sorri para ela.
- Vou sobreviver. – ela sorri de volta para Matt. – Eu vou receber algum tipo de calendário com horário de saída e chegada, essas coisas? As crianças tem bastante limitação com os horários…
- Então. – Matt coça a nuca. – Pode ser que sim. Pode ser que não. Pode ser que seja com antecedência, ou de última hora. As coisas mudam. Os horários do voo mudam.
- Poderemos participar das after parties? – Amy pergunta.
- Não. – null responde. – Só maiores de 21 podem.
- null pode ir responsável por mim. – a garota sorri e a mais velha levanta a sobrancelha. null a encara e ela limpa a garganta.
- Não sou muito de festas. Sabe como é, antissocial.
- Essa palavra não existe na nossa equipe. – null diz apontando para a garota. – Você vai deixar de ser uma rapidinho. Gosta de beber?
- null. – null, null, null e Matt falam juntos e o integrante levanta os ombros, perguntando o que havia de errado.
- Cuidado. São quatro solteiros loucos. – Matt diz.
- Tudo bem, eles não são minha prioridade. – null diz.
- Esse é o recorde mundial do fora. – null comenta, batendo as mãos nas pernas. – Tomei um antes mesmo de atacar. Sentiu o poder, null? – se vira para o amigo.
- Isso é muito sexy. – responde concordando com a cabeça, fazendo null rir.
- Vamos almoçar. – Carla diz, entrando na sala. – null, gostaria…?
- Não, obrigada. – ela responde. – Tenho que ir, na verdade, deixei meu trabalho para vir, então tenho que voltar para lá. E, hum, pedir minha demissão.
- Ah, tudo bem. null, querido, leve a garota?
- Claro. – ele se levanta.
- Não precisa se preocupar. – ela se levanta e vê Sarah reclamar. – Tenho que ir, mas quando eu voltar você pode pentear mais, tudo bem?
- Promete? – ela levanta o dedo mindinho, e null retribui o movimento. – Vamos, Hipo! Vamos pentear o cabelo da Susi! – e pula da poltrona, sendo chamada pela avó para ir comer.
- Minha amiga vai vir me buscar. – null sorri para null, que volta a se sentar.
- Você poderia vir amanhã pela manhã? Ou talvez no dia seguinte?
- Provavelmente depois de amanhã. Tenho de ver os documentos da faculdade para trancar e liberarem meu quarto. Muito o que fazer.
- Antes – o pai de null se levanta. – Venha cá assinar um contrato.
null sorri para os presentes e se afasta, seguindo o pai do integrante do All Time Low.
- E então? – Carla pergunta à mesa, onde as famílias e amigos estavam reunidos. – Boa, a garota.
- Achei ela melhor do que eu esperava. – Amélia responde. – Não imaginava que fossemos conseguir uma jovem da idade de null que fosse consciente assim.
- Ela é gostosa. – null comenta, recebendo aprovação dos amigos.
- null. – Carla olha feio para o filho, que levanta os ombros. – Ela é a babá das crianças. Por favor, não dê em cima dela.
- Mãe, nem fui eu quem fiz o comentário! Não é como se eu fosse dar em cima de toda garota bonita que aparece na minha frente!
Todos se mantém calados, até ele bufar.
- Talvez eu fizesse algumas brincadeiras…
- null. Todos nós dependemos dela. E as crianças gostaram dela, sabe o quão difícil isso é? Nós nem sabemos por quanto tempo ela irá aguentar, já que histórico dos cinco com babás…
- Acho que ela consegue dar conta. – Amélia diz segura. – A garota é centrada. Acho que homens não são sua prioridade.
- Talvez ela tenha levado esse negócio das crianças irem para um orfanato para o lado pessoal. – null comenta.
- Não me importo, contanto que ela me ajude a domar essas feras. Principalmente a Amy. – null diz, recebendo sermões dos mais adultos. – Todo mundo sabe que ela não me ouve! Eu provavelmente a deixaria no meio da estrada sem água e comida se me atormentasse muito.
- O que me conforta, é que ela pode até melhorar a alimentação de vocês. – Carla diz para os garotos, que levantam a sobrancelha.
- Não seria mal comer comida de verdade de vez em quando e sem pagar caro. – null comenta, e todos riem. – Devemos implementar a nossa cozinha móvel? – olha para Matt, que levanta os ombros.
- Acho melhor não. Vocês podem querer se divertir para criar moda e botar fogo no ônibus. – todos riem.
- Eu não acredito que você conseguiu! – Emma falava enquanto ajudava null a arrumar suas coisas no quarto. – Quero dizer, claro que eu sabia, comparado com todo mundo lá, você era a melhor opção.
- Por que te dispensaram? – null perguntou e viu a amiga corar. – Você deu em cima deles?
- Não… – ela respondeu mais baixo. – As crianças não gostaram de mim.
- Por quê? – null a olha enquanto dobrava as roupas que se encontravam nos cabides. Emma levanta os ombros.
- Falaram que eu sou baixinha demais.
- Eles te dispensaram porque você não é alta? – null pergunta, desacreditando no que ouvia.
- Quem se importa, afinal? Não é como se eu precisasse desse trabalho como você. – ela sorri, mudando rapidamente de assunto, fazendo null desconfiar que aquela não era a única razão. – Falando nisso, como você vai fazer com a universidade?
- Falei com a coordenadora Millis. Ela disse que por eu ser uma aluna com méritos, ela deixaria eu fazer novamente uma prova de bolsa quando voltasse. Apesar de que me deu um sermão por eu deixar os estudos para ser babá.
- Típico dela. – Emma revira os olhos. – Eu acho que esse trabalho será ótimo para você amadurecer.
null a ficara encarando como se não ouvisse direito, ou Emma fosse louca o suficiente para achar que ela era madura e null não.
- Não é isso! – ela disse, tacando uma das blusinhas em null, que concordou com a cabeça mostrando que agora sim podia continuar a respirar. – O que eu quis dizer, é que você se acostumar a viver sem uma rotina vai te fazer ter uma visão mais ampla do mundo. Você fica aí toda fechada, fazendo as coisas para que amanhã não dê nada de errado.
- Eu sei. – null rapidamente responde. – Foi um dos meus pensamentos enquanto eles me pressionavam para me decidir logo.
- Não… – null responde incerta. – Na verdade, eu estou mais ansiosa. Quero dizer, não que eu ache legal você estar aqui um dia e no outro em outro lugar. Eu só acho que isso vai me fazer ter pensamentos mais rápidos sobre o que eu quero, e não me fazer demorar dias para tomar uma decisão que no final das contas, é simples.
- Viu? Vai te amadurecer. – Emma aponta para a amiga em um tom convencido. null ri e balança a cabeça. – A única coisa chata nisso tudo, é que deixaremos de ser colegas de quarto e não nos formaremos mais juntas. Mas por conseguir alguns VIP cards do All Time Low, até que está valendo a pena.
- Não é como se eu fosse nos shows deles, Em. Você sabe que eu estou indo pelas crianças. Tenho que ficar com elas no hotel ou no ônibus.
- Até parece que você não vai ter Free Pass para todos os lugares.
- Não é porque eu terei, que eu irei. Olha só, eu nem sei quem são eles direito. Ouvi algumas músicas, mas não sei suas letras. Então para mim tanto faz ir em um show ou dois. Eu só quero o dinheiro.
- E cuidar das crianças. – Emma completa, fazendo null encará-la séria. – Ah, qual é, null! Até parece que você não ficou toda tocada quando eles vieram com essa história de orfanato. – null bufa. – Você sabe como é viver em um orfanato cheia de espectativas por uma adoção. Mas eles teriam medo, não é? Porque nenhum casal seria louco o suficiente em querer adotar seis crianças de uma vez. Você não sabe o que quer, mas sabe o que não quer para aquelas crianças.
null não retrucara, pois sabia que a amiga estava certa. Por um lado, ela tinha razão. Não queria que aquelas crianças, que de primeira vista pareciam adoráveis, jogadas em uma casa enorme esperando por alguém responsável adotá-las. Suspirou e balançou a cabeça, jogando tais pensamentos para longe. O outro lado, era que ela estava sim fazendo aquilo pelo dinheiro.
- Ela está atrasada. – null dizia com as mãos na cintura em frente à casa com Benjamin em seu colo. Sua mãe estava ao lado, regando as flores do jardim de frente de null. Havia sido acordado às seis da manhã com o choro de Benjamin e desejou que Chuck estivesse vivo para cuidar de seu filho caçula. Infelizmente, Benjamin continuou chorando até ele se levantar e ir até o quarto onde o bebê estava dormindo.
- Não, ela só chega daqui a uma hora e meia. – a mãe diz calma.
- Por que falou para ela chegar às 11? As crianças acordam mais cedo. – seu mau humor matinal estava ainda pior por ter sido acordado com o barulho do choro de bebê.
- Filho, ela vai morar aqui. Pare de descontar nela. Você deveria ter ido buscá-la. Imagina o tanto de malas que ela tem para trazer?
O filho resmunga algumas palavras e olha para Benjamin, que não parava de se mexer e de vez em quando resmungava, como ele estava fazendo agora. Volta a encarar a mãe sério:
- E por que a senhora vai embora? Como ela vai saber o que fazer com todo mundo, se vai estar sozinha aqui em casa?
- Filho. Pare com isso. Vá se sentar um pouco. – a mãe responde ainda de costas para ele. null resmunga mais um pouco antes de perceber o carro do táxi parando em frente à casa e null saindo do mesmo com algumas bolsas menores.
O motorista saíra para ajudá-la com as malas maiores do porta-malas e Carla se aproximou com a mangueira fechada.
- Achei que viesse mais tarde. null, venha ajudar!
- É, mas eu acabei tudo antes e achei que fosse melhor vir mais cedo. – null sorri para a mulher e olha para null com Benjamin no colo. – Acho que tinha razão. Vamos trocar? – ela pergunta para null, apontando para suas malas.
- Sim, por favor. Ele não para de se mexer, acho que vai vomitar.
- Você está fazendo ele quase vomitar. – null diz, pegando o bebê cuidadosamente e o colocando de bruços em seu colo e fazendo carinho nas costas. Enquanto isso, null pega as malas maiores e menores. null retira uma nota de cinquenta do bolso de trás da jeans e entrega para o motorista. – Pode ficar com o troco. – sorri e o mesmo agradece, se afastando e entrando dentro de seu carro. Olha para mãe e filho. – Era cinquenta cents de troco. – ela levanta os ombros e olha para Benjamin, que voltara a dormir.
Caminham para dentro da casa de null, onde Egan e Liam pulavam como os cangurus.
- Oiiii! – Sarah vem correndo e abraça a perna de null. – Vamos brincar de boneca?
- Sarah, agora ela vai arrumar as coisas dela no quarto dela. – Carla diz carinhosa.
- Ela vai dormir comigo! – Sarah pega na mão livre de null, que sorri.
- Não, ela vai dormir no quarto dela. Venha, null.
- Posso dormir com você então? – Sarah pergunta correndo para acompanhar seus passos.
- Vamos ver. – null sorri para a criança que a acompanha até o segundo andar da casa. Carla ia dizendo qual era o quarto de Alec, Liam e Egan, o quarto de Sarah e Amy e o de Benjamin, que dormiria com ela.
- Achamos melhor assim. – Carla disse. – Sentimos total confiança em deixar Ben junto com você.
- Tudo bem. – null sorri. – Será melhor também para as crianças não dividirem o quarto com ele agora. – Carla concorda e vê null colocar Benjamin adormecido em seu berço. O cobre com uma leve manta e vê Sarah se jogar em sua cama. – Hey, assim não terá espaço para mim. – ela ri, vendo Sarah formar uma estrela com o corpo na cama de casal.
- Cabe sim, eu sou pequenininha! Mas tem o Hipo e Mr. Popkins! – ela aponta para o hipopótamo roxo e a girafa de pelúcia.
- Acho que dá para ficar todos em uma cama. – null sorri e vê os gêmeos entrarem e se jogarem em sua cama também.
- O que é isso? Virou festa no quarto dela? Vamos sair e deixá-la arrumar suas coisas. Vamos, vamos. Já tomaram café da manhã? – Carla dizia, tentando tirá-los do quarto. Mas não fora possível.
- Bom, então eu posso voltar a dormir? – null pergunta depois de colocar a última mala dentro do quarto e Amy entrar atrás dele, o empurrando para ele sair da frente dela. – Delicadeza de garota. – resmunga. Ela faz uma careta para ele, que respira fundo. – Não mexe comigo de manhã, Amy.
- Pode ir dormir, eu tomo conta deles agora. – null sorri e se vira para os dois que pulavam na cama. – Vocês querem me fazer dormir em colchão quebrado? Pular na cama, só sentado. – ela pega Liam pela mão e o coloca sentado e em seguida pega Egan, mas os dois voltam a se levantar. – Vamos fazer assim. Eu sou a chefe. Se vocês desobedecerem, vão ter que dormir mais cedo.
Imediatamente os dois se sentam e começam a pular sentados na cama, a fazendo sorrir.
- Isso mesmo. Vocês querem me ajudar a desfazer as malas? – ela pergunta, e se vira, vendo null e Carla parados na porta sorridente. – Querem que eu faça mais alguma coisa?
- Vou pedir para trazerem o café da manhã aqui, acho que eles não vão sair daqui sem você. – Carla sorri. – Eu vou embora, tenho que voltar para casa porque a bagunça agora é lá. Você consegue cuidar das crianças, não é? Qualquer coisa, meu número está salvo no ramal. – ela aponta para o telefone ao lado da cama de null. – É o 2. Está tudo marcado aí.
- Tudo bem, estou bem à vontade. – null sorri e a vê se retirar do quarto. Olha para null, que tentava se manter em pé, com Liam agarrado em suas pernas. – Se você quiser ir dormir.
- Estou tentando. – ele diz, e aponta para baixo, fazendo null rir e ir até ele.
- Solte e deixo mais cinco minutos vendo TV. – ela diz, depois de agachar e sussurrar no ouvido do menino, que imediatamente se deixou pegar pela garota.
- Obrigado. – null sorri e ela retribui, vendo Liam voltar correndo para a cama onde Egan continuava pulando sentado. null fica a encarando por mais alguns minutos tentar os manter calados. Ri ao vê-la tentar dar atenção para todos que pediam por ela. Sai de fininho do quarto, com uma expressão de riso e pula ao ver Alec parado atrás de si com uma cara de sono e Yuc em mãos. – Quer me matar do coração?
- Você gosta da tia? – ele olha para a porta que null havia fechado e volta a encarar o tio.
- Sou mais agradecido a ela. Por quê? – ele volta a caminhar para o fim do corredor, onde se localizava seu quarto.
null estranha a resposta do sobrinho e olha para trás para procurá-lo, mas tudo o que vê é a porta do quarto de null ser fechada, o que significava que ele havia entrado no mesmo.
Assim que acordou, cerca de quatro horas depois, ouvia a gritaria das crianças no andar de baixo. Fez uma careta, se perguntando se a nova babá não estava dando um jeito nelas. Depois de quinze minutos tentando voltar a dormir, percebeu que não sentia sono algum, se levantando e tomando uma ducha antes de descer e encontrar todos arrumados.
- Vão sair? – ele levanta as sobrancelhas.
- Sua mãe ligou e disse que deixou uma lista de compras para levar na viagem. Seria bom se comprasse com antecedência porque eles vem buscar algumas coisas para deixar no ônibus antes.
- Sim, esqueci de te avisar. – null diz, pegando Benjamin, que se aproximava da escada. O coloca no chão perto de null, que agradece. – Tenho o dia livre, mas combinei com os caras de sair para encontrar com uns amigos.
- Tudo bem, vamos ficar o dia inteiro fora. Vou comprar algumas coisas para a cozinha, vi que não tem muitos legumes e como os gêmeos precisam…
- É. Desculpe por isso também. – null sorri sem graça. – Tem dinheiro?
- Tenho. Sua mãe me deixou um cartão para gastos das crianças e seu. – ela diz, terminando de amarrar os cadarços dos gêmeos. – Venha, Sarah! Vamos colocar o seu sapato!
- Mas eu gosto de meias! – ela diz sentada na escada apenas com as meias nos pés.
- Mas sem os sapatos, você não poderá ir comigo no mercado. – null diz. – Vamos, poderemos ver um monte de garrafas coloridas! – fora o suficiente para fazer a menininha vir correndo até a babá e colocar os pés dentro da sapatilha. – Quer alguma coisa? – ela pergunta, pegando Ben no colo e pendurando a bolsa transversal no ombro.
- Energético. – ele diz e ela concorda, lhe dando as costas e pegando as chaves da Caravan e indo com as crianças para o lado de fora da casa, onde o carro estava estacionado. – E amendoins! – grita, recebendo outra confirmação de volta de null.
Ainda ouve alguma gritaria por dez minutos, até todas estarem dentro do carro em seus cadeirões.
Desde que contrataram a garota há menos de 48 horas atrás, null era o assunto da roda de amigos do All Time Low.
- Não sabia que vocês eram tão terríveis a ponto de terem de contratar mais uma pessoa para cuidar de vocês. – um dos amigos dizia entre risos.
- Você vai calar a sua boca quando ver o quão gostosa ela é. – null responde, fazendo os amigos rirem ainda mais. – Ela pode cuidar de mim quando ela quiser. – e abre um sorriso malicioso.
- Pelo que vocês disseram, ela não vai te dar muita bola, null. – outro amigo diz. – Você não é o tipo de homem que ela gosta.
- É, ela curte os inexperientes. – comentam e riem ainda mais.
null mantinha a conversa com risos, mesmo não gostando de focarem sempre na garota. Não gostava que ficassem imaginando o quanto a babá de seus sobrinhos era gostosa, afinal, ela estava ali a trabalho. Se manteve calado, sem dar opinião sobre a garota até finalmente respirar aliviado por ver os amigos mudarem de assunto.
Quando chegou em casa já era tarde da noite. Viu várias luzes apagadas e apenas a da cozinha acesa. Estranhou e caminhou lentamente até o ambiente, vendo Amy sentada na cadeira conversando com null, que tinha um pano de prato em mãos e balançava a cabeça de acordo com que Amy ia dizendo as coisas.
Ao ver null parado à porta, parou repentinamente, corando as maçãs.
- É feio bisbilhotar. – ela diz e null ri.
- Por quê? Acha que eu vou ligar de ver Adam dando em cima de você? – e caminha até a geladeira para pegar uma garrafa d’água. – Não se preocupe, estava ocupado tentando ouvir a opinião de null sobre o assunto.
A garota, que até o momento apenas ouvia as provocações do tio e da sobrinha, olhou surpresa para o chefe, entendendo o que Matt havia dito sobre null e suas brincadeiras.
- Está com fome? Fiz um prato para você, senão Alec comeria tudo. – null retirou um prato com um grande pedaço de lasanha do forno. null levantou as sobrancelhas ao vê-la desconversar a indireta que ele lhe mandou sem demonstrar que estava fazendo aquilo propositalmente. Geralmente as garotas ou davam risadinhas, ou demonstravam malícia na resposta.
- Não, comi na festa. – ele responde agora mais sério. Ficou encarando a babá por mais alguns minutos, até desistir e balançar a cabeça, se virando e devolvendo a garrafa de água de volta à geladeira. Ouviu a risada de Amy e lhes deu as costas, se retirando da cozinha. Ouviu as garotas voltarem a conversar como se nada tivesse acontecido e olhou pasmo para a porta. Havia um bom tempo que uma estranha não se importava com sua presença. Respira fundo e balança a cabeça. Poderia lidar com isso.
Para ajudar.
Favorito: 24 anos.
Amy: 15 anos.
Alec: 11 anos.
Liam: 6 anos.
Egan: 6 anos.
Sarah: 3 anos.
Benjamin (Ben): 4 meses.
Capítulo 5
Os dias que se passaram, null se mantivera fora de vista das crianças e de null. Todos os dias, ao acordar, o café da manhã feito pela garota estava à mesa, e quando voltava de noite, ou ela estava lendo algum livro, ou já estava dormindo.
Dificilmente ele ouvia Benjamin chorar por muito tempo, como fora nos dias que ela não estava na casa. Por mais que fosse uma única pessoa, sua ajuda fora fundamental para a estabilidade das crianças.
As crianças pulavam de um lado para o outro animadas por irem viajar. De acordo com os avós delas, não houve uma viagem decente que Chuck fizera com as crianças, já que o fato dele ter de pagar por oito era muito para as despesas da família. Como metade a empresa de null estava pagando e a outra metade a família estava arcando, não era uma grande preocupação o quanto de dinheiro eles estavam gastando.
- Egan, pare com isso e venha para o carro! – null gritava pelo sobrinho, que corria com seu boneco do super homem para todos os lados. Enquanto isso, null estava no andar de cima com as garotas, que não conseguiam se decidir pelas roupas e bonecas que levariam. – null! – ele berra e ouve um “já estamos indo!” – Liam, é sério. Se você não parar de correr agora, você vai cair–
Ele mal terminara de dizer e viu o sobrinho cair no chão, ralando seu joelho e começando a chorar muito alto. null veio correndo para a frente da casa, onde null estava com as mãos na cintura, dizendo que havia lhe avisado para parar de correr, e Egan começou a chorar junto por ver o irmão machucado. Alec já se encontrava no carro com Yuc e fingia não ouvir null chamá-lo para vir ajudar a socorrer o irmão.
- O que aconteceu? – null deixa o cadeirão de Benjamin com o mesmo brincando com um brinquedo de borracha e correu até os gêmeos, que choravam. Ao ver null, Liam levantou os braços em desespero, querendo que ela o pegasse no colo. Algo que ela fizera com facilidade. Gritava “sangue, sangue” e balançava as mãozinhas, desesperado enquanto lágrimas saiam de seus olhos. – Calma, meu amor, é só um raladinho, vamos fazer um curativo e a null vai dar um beijinho mágico, tudo bem? – ela sorri calma para Liam, que concorda com a cabeça ainda chorando. Vê Egan ao lado diminuindo o choro e sorri. – Vamos lá você também. Vem. – e estende a mão para o menino, que prontamente retribui a ação e caminham os três juntos para dentro de casa. – Amy, poderia colocar Sarah e Ben no carro, por favor?
- Ta bem. – a mais velha diz, indo pegar o cadeirão e pegando na mão de Sarah, que continuava falando sem parar com Hipo.
null encarava todos agirem como se ele não estivesse ali e colocou as mãos na cintura nervoso. Respirou fundo e caminhou até o lado do motorista no carro, se sentando e ficando ali, mexendo em seu celular e conversando com os amigos, que o apressavam para chegar logo.
Quinze minutos depois, null colocava os gêmeos já sorridentes nos bancos próprios para crianças e voltava para dentro de casa.
- O que ela tem que pegar mais? – null olha pelo retrovisor para Amy, que revira os olhos.
De fato, null estava carregando milhares de malas sozinha para o segundo carro, que Matt enviou para levar as malas que faltavam para o ponto de encontro da banda. null suspirou e saiu do carro, indo até ela e pegando as malas grandes que estavam penduradas em seus ombros. Olhou surpresa para o lado e ao ver quem era, sorriu agradecida:
- Obrigada. – ela diz e volta correndo para dentro de casa, trazendo mais malas. – Desculpe o atraso, Sarah demorou para decidir quais bonecos ela gostaria de levar. – sorriu sem graça ao ver a expressão séria de null em sua direção. Limpou a garganta e desviou o olhar, colocando a mala no porta malas.
Durante todo o caminho, se manteve calada, mesmo com as crianças não parando de falar no banco de trás. Espiava null com o canto dos olhos, que manteve o semblante sério e mau-humorado. Apenas foi dizer algo quando null, null e null apareceram sem camisas com as barrigas escritas em batom vermelho “Welcome – to – Hell”, o que tirou muitas risadas de null, mas null teve de socorrer Sarah, que começara a chorar dizendo que não queria ir para o inferno quando Alec leu o que estava escrito para ela e fazer os gêmeos pararem de chutar os três.
Depois de apenas uma hora e meia, o ônibus finalmente saiu do lugar com todos dentro. Ele era muito maior do que os outros ônibus e a banda achou até satisfatório ter as crianças com eles, já que o espaço para as festas dele na sala de TV estava bem maior.
- Aconteceu alguma coisa, null? – null perguntou, enquanto null e null instalavam o videogame com Matt e outro pessoal da staff, que estava acomodada nos sofás embutidos. null e as crianças ficaram na parte de cima do ônibus, que possuía um segundo andar com futons e travesseiros espalhados no chão para as crianças ficarem durante o dia.
- Hum? – ele pergunta, olhando para o amigo, que o encarava com uma cara de riso com Matt. – Não… Nada.
- Nada? – null pergunta, desistindo da TV e indo até a geladeira, lhe entregando uma garrafa de cerveja. – Você nunca está com ‘nada’ quando está com essa cara. Fala aí, qualé a do pensamento fechado?
null ficara encarando os amigos, que aguardavam que ele começasse a desabafar e olhou para Matt, que se sentou no sofá e disse:
- Temos dezoito horas de viagem pela frente. – e abre sua garrafa de cerveja. null então desiste de tentar disfarçar e respira fundo:
- É só que eu achei que as crianças fossem ficar mais no meu pé.
Parou para ouvir zoação, mas nada veio. Olhou confuso para os amigos, que aguardavam que ele continuasse. Balançou a cabeça, mostrando que o problema era este e passaram a rir.
- null, você está falando sério? – null pergunta, se sentando com o controle do videogame em mãos. – Você está triste porque as crianças estão longe de você?
- Claro que não… – ele resmunga. – Estou dando amém.
- Então por que– Ah… – a confusão logo foi tomada pela malícia. null parecia ser o único que entendeu da maneira safada e olhou para os amigos, procurando por apoio, mas teve de revirar os olhos e bufar. – null está bundão assim porque queria a null correndo atrás dele para pedir ajuda.
- Ah… HUMMMM… – os amigos falam em coro, fazendo null rir, uma risada mais sem graça do que pela graça que os amigos fizeram.
- Calem a boca, é claro que não é isso.
- É por que então? – null pergunta com um tom de riso na voz, fazendo null olhar feio.
- É só que… – e para. Não sabia como explicar. Olha para o lado e pensa em alguma maneira, mas os amigos já haviam interpretado como se fosse verdade o que achavam.
- O que ela fez para te deixar nervosinho assim, null? – null pergunta ao lado do amigo. Ele levanta os ombros.
- Não sei, só achei que ela fosse menos madura.
- Não é toda garota que vive de aparências, né null? – ele responde. – Além do mais, você nem é tão bonito assim…
null solta uma gargalhada e dá um soco no braço de null, que ria loucamente com null, o único que havia ouvido a tiração de sarro de , já que o resto da turma já estava de olho no jogo de videogame.
- null? – Matt chamava por null, que conversava com algumas pessoas da equipe. Olhou para o empresário, que apontou para a porta fechada que dava para o corredor das camas. Levantou as sobrancelhas e ouviu ele falar: – null quer falar com você.
- O que ela quer? – ele pergunta, se levantando. Matt coloca as mãos na cintura:
- Tenho cara de caixa de mensagens agora?
null ri e dá dois tapinhas no ombro do amigo, que olha para null e pergunta: – Isso foi um sim?
- Foi um sim. – null rapidamente concorda, vendo Matt balançar a cabeça em pesar.
null fechou a porta e viu null em pé arrumando o bunk de Alec, que já dormia com Yuc em seu aquário, parado como sempre.
- Aconteceu alguma coisa? – ele pergunta, vendo a expressão nervosa de null.
- Sim, Ben está vomitando. – ela diz e null arregala os olhos. – Acho que é alguma coisa em seu estômago, mas não tenho certeza, ele só bebeu leite até agora.
null olha para o relógio:
- Brow disse que só chegaremos daqui a cinco horas. – ela responde, vendo ele encará-la nervoso. – Gostaria de saber se poderíamos parar na próxima cidade e procurar por um pronto socorro.
null olha para trás onde a barulheira dos amigos se concentrava; ouve null dizer:
- Eu posso ficar com ele lá e pegar um ônibus para a cidade que estamos indo. Mas não consigo sossegar até saber o que acontece com ele. – Ouvem o grito de Amy no andar de cima “null! Ele vomitou de novo!”. Ela suspira e olha para null. – Você poderia ver com Matt se é possível desviarmos o caminho por meia hora? É só o tempo de achar algum–
- Claro, claro. – ele balança a mão e ela sorri ainda insegura, lhe dando as costas e correndo para o andar de cima, onde Ben chorava. Ouviu passos e Amy apareceu com a cara feia.
- O que foi? – ela pergunta.
- Estão todos dormindo já? – null pergunta, a vendo lhe ignorar e entrar no banheiro. Bufa e volta para onde os amigos estavam, indo até Matt e explicando o que acontecia. O empresário correu até Brow e pediu para que entrassem na primeira cidade que viam e ligou para o local onde ficariam para avisar que atrasariam cerca de uma hora para chegarem.
Assim que acharam ao pronto socorro, null desceu correndo com Benjamin no colo, null atrás de si com Matt. As enfermeiras levaram o bebê para dentro do ambulatório, deixando os três no lado de fora.
- Amy dormiu? – null pergunta para null, que assente. Matt olhava de um para outro e dá uma risada, chamando a atenção dos dois.
- Vocês parecem um casal de pais com medo que algo de errado aconteça com seu primeiro filho. – e cruza os braços entre risos.
- Matt. Isso não tem graça. – null diz sério, vendo o amigo diminuir as risadas. – Benjamin está doente. Não é motivo de piadas.
- Eu não estou fazendo piada sobre a situação do bebê. Estou fazendo piada sobre você e null.
Olham para a babá, que não prestava atenção no que diziam. Percebeu a atenção virada para ela e piscou, encarando-os surpresa:
- Nada… – os dois resmungam.
A espera era de cerca de meia hora e ninguém saia para informar o que acontecia com Benjamin. Matt dizia que não podiam demorar muito mais e null brigava com ele para esperar.
- Acho melhor vocês irem. – null diz cansada. – Fico aqui com Ben, vocês podem ir para a cidade.
Matt olha para null, que encarava a babá sério.
- Eu sou responsável por ele. – ele diz.
- Eu sei, mas você tem que ir descansar para o show e cumprir um horário, então é melhor irem. Eu pego um táxi até a rodoviária daqui e pego um ônibus para a cidade.
Matt continuava encarando null, que se mantinha pensativo, até então concordar e conversarem com as enfermeiras do plantão, perguntando se havia uma rodoviária na cidade e se havia táxis trabalhando de madrugada para levarem null até o local. Depois de tudo visto, o ônibus partiu, deixando null e Benjamin para trás.
null encarava o celular de quinze em quinze minutos depois de duas horas de estrada. Havia pedido para null o ligar assim que tivesse alguma notícia de Benjamin, mas não recebera nada.
- null, está tudo bem, vá dormir. – null diz, pegando o celular da mão do amigo.
Ele nada disse, não queria discutir com o amigo, mas não podia ficar sem o celular. Pegou-o da mão de null e caminhou em direção ao seu bunk, vendo Sarah na ponta dos pés, tentando ver o bunk de null.
- O que você está fazendo acordada? – null pergunta, a assustando e deixando Hipo cair no chão.
- Tive pesadelo… – ela diz chorosa. – null disse que dormia comigo… Cadê ela?
null suspirou e falou:
- Pode dormir comigo? null está ocupada com Benjamin. – por estar ainda sonolenta, Sarah concordara com a cabeça e se deixara pegar por null, sendo colocada em seu bunk e tendo o tio deitando ao seu lado, servindo de barreira para que não caisse da cama.
Já fazia uma hora que ele tentava ligar sem parar para a babá. Ela havia ligado, dizendo que Ben estava ótimo, e que o problema era alergia ao leite que tomava, estava pegando um ônibus para onde a banda estava e levaria cerca de três horas e meia para chegar. Até lá, null teria de cuidar das crianças.
O que não estava sendo nada fácil.
Os gêmeos faziam baderna por não quererem tomar o café-da-manhã, Sarah ignorava as chamadas de null e ficava apenas conversando com Hipo, Amy e Alec se prenderam dentro de seus quartos e ignoravam o tio. Devido à isso, null começara a ligar constantemente para null, mas ela não atendia ou era informado que o telefone estava fora de área. Olhou para os amigos, que se esforçaram em ajudá-lo, mas acabaram por desistir e se sentou exausto no banco do hall de entrada, ouvindo algumas fãs o chamarem, mas, para o azar delas, ele estava cansado demais para se levantar. Fechou os olhos e sem perceber, adormeceu.
Acordara apenas quando ouviu a voz de null ao fundo. Abriu os olhos rapidamente e limpou-os ao vê-la ao seu lado com um sorriso e Benjamin em seus braços adormecido.
- Tudo bem? – ela pergunta.
- Não, as crianças não me ouvem e nem obedecem, então estão espalhadas pelo hotel e não tomaram o café da manhã. – ele diz em uma voz arrastada, se levantando. Vê null diminuir o sorriso, mas não desaparecer com ele.
- Sem problemas, vou tomar conta deles. Obrigada. – e lhe dá as costas, mas é segurada pelo braço por null, que já estava em pé.
- Seria possível se eu me juntasse com vocês em alguns dos passeios nos dias livres? – ele pergunta, vendo null levantar as sobrancelhas surpresa. Ele abre um sorriso e ela muda a expressão para uma compreensiva.
- Ah… entendi. – ela ri. – Quase caí nessa… Heartbreaker. – e pisca, lhe dando as costas, o fazendo desfazer o sorriso e abrir a boca para protestar.
Respira fundo e balança a cabeça, indo até a porta do elevador.
Os dias que se passavam, null não vira a cor das crianças ou o som de algum grito ou choro delas por perto. null estava fazendo bem o seu trabalho de babá e mantinha as crianças longe da banda para que elas não atrapalhassem. Durante os shows, ela escolhia por ficar com as crianças no hotel e as fazia dormir cedo. Nas refeições, ela cuidava para que não somente as das crianças, mas como a da banda e equipe fosse nutritiva, recheada de legumes e verduras. null costumava dizer para as bandas que eles encontravam nos shows que faziam, que a garota saíra “melhor que encomenda”.
- null. – Travis, um amigo próximo da banda por estarem sempre encontrando, já que sua banda, We The Kings, diversas vezes caiam na mesma data que o All Time Low, se senta ao lado de null em uma das caixas de som, enquanto os dois aguardavam a chamada para a passagem de som.
null sorri e cumprimenta o amigo, perguntando como ele estava.
- Bem, bem. – Travis sorri. – Fiquei sabendo que você está amarrado na babá.
null se vira para ele sério:
- E quem contou essa merda?
- Sua banda. E equipe. E a menina estilosa que diz que te odeia.
- Amy? – null abre a boca surpreso e Travis ri.
- Claro que não. – null volta a apoiar os braços.
- Hum… achei que estava tomando um jeito na vida. – Travis brinca, rindo com null.
- Olha só quem fala, aquele que muda de namorada mais do que de cueca.
- Não tenho culpa, o mercado anda bom. – Travis levanta os ombros entre risos com null. – A propósito, quer me apresentar à sua babá?
- Claro, o encontro de vocês seria com seis crianças atrás berrando e querendo sua atenção ao mesmo tempo. – null sorri e Travis solta uma grande gargalhada.
- Você está mesmo querendo manter ela só para você, isso é muito egoísmo.
- Estou aqui fazendo minha boa ação–
- null, cai na real. – Travis o corta com um sorriso no rosto. – Você quer que a garota fique apenas com você.
- Você já foi melhor em percepção, Clark. – null dá risada e Travis o acompanha.
- Continuo sendo o melhor, null. Você é quem continua péssimo. – o vocalista dá dois tapinhas nas costas de null, que respira fundo.
- Se você acha que eu estou mentindo, então por que não vai comprovar por você mesmo? – e aponta para o lado.
- Talvez eu vá mesmo, ando ouvindo só coisas boas sobre ela. – ele sorri.
- Então vai. – null diz agora mais aborrecido, vendo o amigo soltar uma risada e se levantar.
A passagem de som demorara a acontecer devido à instabilidade do instrumento de null. Por causa disso, as outras bandas deveriam fazer a passagem apenas no dia seguinte.
O All Time Low jantava no restaurante do hotel entre risos e brincadeiras, o bom humor contagiando até os funcionários do hotel, que sorriam mais.
- Alguém perdeu a namorada… – null comenta, apontando com a cabeça para a porta. Os amigos acompanharam a ação e olharam para o local, onde puderam ver Travis acompanhando null, que ria de algo que ele falava. Tinha um dos gêmeos sentado em seus ombros e outro agarrado em sua perna. Sarah estava no meio dos dois pulando e falando sem parar, enquanto Amy e Alec riam com null.
null ficara encarando a cena da babá com Travis, não achava que ele levaria a sério quando dissera para ir se encontrar com ela. Desviou os olhos quando os dois se aproximaram:
- E aí, Travis? – null sorri malicioso, fazendo o vocalista rir. – Ajudando a null a cuidar das crianças?
- Nah, estão bem educadas. – e dá dois tapinhas carinhosos na cabeça de Egan, que não largava de sua perna. – Até que não é tão problemático assim.
- Claro, você tem a mesma espontaneidade que eles. Não deve ser tão difícil de se entenderem. – null comenta com um sorriso o fazendo rir e olhar de volta para ela.
- E você acompanha a gente muito bem.
Enquanto null olhava de um para o outro, percebendo claramente no clima que havia entre os dois, o resto do All Time Low olhava do “casal” para null, que se mantinha sério, tentando entender o que estava acontecendo entre a babá e o colega.
- E Benjamin? – ele finalmente pergunta, vendo null o encará-lo e limpar a garganta sem graça.
- Está ótimo. Tem um leite próprio–
- Ótimo. – null a corta. – Só queria saber como ele está. – diz grosseiramente, a fazendo se calar e assentir. Travis olha de um para outro e sorri para as crianças.
- Jantar à beira da piscina, quem topa? – levanta a mão rapidamente, voltando a segurar a perninha de Liam, que se encontrava sentado em seus ombros. As crianças comemoram e os mais velhos sorriem em concordancia. null acompanha e acena para o All Time Low, que devolve o aceno, vendo-os partir.
- Cara, não dava para ser mais estúpido? – null pergunta ironicamente, fazendo null pegar seu copo de cerveja e beber outro gole da bebida alcoólica. – Foi você quem jogou o Travis para ela e agora fica aí todo sentido.
- Quando é que vocês vão se tocar que meu problema não é os dois juntos? – null olha impaciente para os amigos, que levantam uma sobrancelha. – Ela está aqui a trabalho, não para se divertir.
- null, ela está trabalhando bem. – null comenta. – O Travis só–
- Mas que se dane o Travis! Meu problema não é ele! – null bate o copo na mesa nervoso e se levanta. – Vou sair. – não é impedido por nenhum dos amigos, caminhando livremente para fora do restaurante. Segue para o hall do hotel, por onde passava por um espaço que mostrava parte da área da piscina. Ouve a risada das crianças e as vozes de Travis e null e se aproxima cuidadosamente. Os vê alegres, com as crianças em volta fazendo baderna enquanto Travis os acompanhava e null tentava fazer o pedido para o garçom.
null balança a cabeça e dá dois passos para trás. Talvez ele fosse para o quarto, ao invés de sair. Mas apenas por aquela noite.
Para ajudar.
Favorito: 24 anos.
Amy: 15 anos.
Alec: 11 anos.
Liam: 6 anos.
Egan: 6 anos.
Sarah: 3 anos.
Benjamin (Ben): 4 meses.
Capítulo 6
Os dias que se passaram não foram das melhores para null. Com o We The Kings coincidindo os oito próximos shows com o All Time Low, era possível ver Travis mais no ônibus da banda de null se divertindo com as crianças e null, do que em seu próprio ônibus com sua própria banda, o que era motivo para cara feia e horas fora do automóvel para null.
Aproveitava as after parties para se divertir com seus amigos e as garotas bonitas que se aproximavam dele. null fora em apenas duas dessas festas por vontade de Amy, que queria ir de qualquer maneira. Nas duas, null não dera atenção para as duas, mesmo estando ao redor as observando. Por esta mesma razão, ele não conseguia se aproximar de null, que o levava cada dia menos a sério, acreditando muito em sua fama de Heartbreaker. Se mantinha profissional e só falava com ele quando precisava de alguma permissão para fazer algo. Sem tomar conta de seus modos, null a respondia friamente, mantendo-a ainda mais afastada de si.
- null, até quando isso vai continuar? – null pergunta cansado, depois que null se retira para colocar as crianças na cama a pedido de null. – Cara, você nunca foi chato assim.
- Se eu não for chato, as crianças não vão me respeitar–
- Acho que as crianças não tem nada a ver com o seu mau humor, null. – null comenta. – Elas nem se aproximam ou falam com você.
- Devem ter medo dessa sua cara feia que anda fazendo desde a primeira cidade. – null comenta comendo um pacote de batatas. – Estamos para completar um mês na estrada e eu nunca pensei que fosse enjoar do seu comportamento assim tão rápido.
null balança a cabeça, bebendo mais um gole de seu energético, voltando a assistir a TV.
- null, você deveria dar o melhor de você para seus sobrinhos. Olha, eles estão crescendo e você é o responsável por eles. Querendo ou não, você vai ser uma lembrança para a vida deles no futuro, você vai mesmo querer ser a parte ruim dela? – null diz calmo, o encarando sério. null lhe retorna o olhar, vendo que os amigos concordavam com null.
- O que eu posso fazer? Não sou de ficar acariciando cabeça de menino que chuta minha perna. – ele diz. – Nunca fui o tio favorito deles, fui só o primo favorito de Chuck.
- null, você não precisa educá-los, apenas dar um pouco de atenção. – null comenta. – Leve-os para algum parque ou para almoçar em alguma lanchonete legal, não custa nada e só gasta umas três horas do seu dia.
null respira fundo, pensativo. Olha para cima e fecha os olhos, afundando no sofá que estava sentado.
Mesmo recebendo sermões constantes dos amigos, null optara por não fazer nada até, de acordo com ele, as crianças não estarem acompanhadas de Travis. Acreditava que dois machos alfas em um grupo não daria certo, e era claro para todo mundo quem venceria a competição caso houvesse alguma.
Resolvera conversar com null para combinar a programação com as crianças, assim que chegaram em Orlando. Eles teriam dois dias seguidos de folga, e todo mundo sabia que a babá levaria as crianças para o parque da Disney. Seria o aniversário de 7 anos dos gêmeos e eles estavam mais do que animados para comemorarem no parque. Desde que Amy dera a ideia, os dois não param de falar sem parar sobre todos os personagens que irão encontrar, em que brinquedos irão e quantas vezes irão em cada.
Era uma terça-feira, as crianças se encontravam do lado de fora do ônibus em uma competição com null e null de bexigas d’água. O All Time Low havia se apresentado pela manhã e gasto o resto dela dando autógrafos e fotos para os fãs em sua tenda, e agora aguardavam a noite para fazerem um acústico para o PunkRock, um dos patrocinadores do evento. null voltava com várias garrafas d’água para as crianças se hidratarem e estranhou ver que null, Ben e Egan não estavam no meio da algazarra. Perguntou para null que estava afastado conversando com os integrantes do We Are The In Crowd e foi informado que Egan estava com ensolação, por isso null o levara para dentro do ônibus, onde havia ar condicionado para ele melhorar.
Subiu no automóvel e caminhou para o andar de cima, onde viu null passar um creme no rosto de Egan, que estava dormindo calmamente ao lado de Ben.
- Ele está bem? – perguntou, fazendo a babá pular. – Desculpe.
- Vai ficar. Falei para ele não sair pela manhã do ônibus, mas ele não me obedeceu. Acho que isso o ensinará a não fazer as coisas escondidos mais. – ela lhe responde baixo, trocando a água do pano que deveria estar quente. O rosto de Egan estava muito vermelho e null podia ver as maçãs brancas pelo creme hidratante que passara para aliviar o calor.
- E ele? – aponta com a cabeça para Ben, que parecia até um boneco, por não se mexer. – Melhorou o estômago?
- Alergia. – ela lhe corrige. Ele balança a mão. – Contanto que eu não deixe ele comer nada que tenha leite e o null não quase dê chantilli para ele… acho que ele sobrevive. – dá uma risadinha, acompanhada de null.
- Escuta… – ele diz depois de um tempo calados. Ela lhe desvia o olhar, encarando-o com atenção. Parecia até que ele nunca havia lhe dado nenhuma cortada, a fazendo se calar rapidamente. – Semana que vem é o aniversário dos gêmeos na terça…
- Quarta. – ela comenta. Ele para. – O aniversário deles é na quarta-feira.
- Ah. Ah, sim. Quarta. A questão é que temos dois dias de folga. Terça e quarta. Acho então que seria bom se eu passasse um tempo com eles, sabe, não andamos muito juntos ultimamente…
- Claro, seria ótimo! – ela sorri e ele se cala. – Você quer fazer isso, não é? Não está se obrigando?
- Eu quero! – null responde expontâneo demais, a fazendo sorrir.
- Tudo bem, vou comprar os ingressos pela internet e compro o seu também então.
- Ótimo. – limpa a garganta. – Quero dizer, obrigado.
Ela lhe responde com um sorriso e volta a dar atenção aos dois que estavam dormindo. null ficou mais um tempo por ali até resolver sair e ir brincar com os sobrinhos que estavam bem e acordados.
O fim da semana passara rápido. Ele não trocara mais tantas palavras com a babá, que procurava ao máximo se manter afastada dele, o que estava causando um certo desconforto. Amy estava insuportável se aproveitando da situação entre os dois, pois dizia que null estava tendo uma “quedinha” por null, que nada dizia a não ser ignorar as provocações. Ao contrário de null, que devolvia-as ficando mais tempo dentro do banheiro durante a manhã para que Amy não pudesse se produzir.
A medida que Orlando ia chegando, as crianças ficavam cada vez mais animadas, principalmente Egan e Liam, os aniversariantes da semana. Aparentemente, eles tinham um tipo de hábito de, no dia da semana de aniversário, os outros fizessem o que eles queriam. Até o momento, tudo o que os dois pediram foi para que null deixasse eles comerem duas sobremesas ao invés de uma, pedido este que teve protesto pela parte de Alec, que insistia em dizer que Yuc também devia comer doces, principalmente os que não exigiam dentes como sorvetes e mousses.
Era segunda-feira de noite quando todos estavam no último bunk do ônibus, um milagre, apenas porque os gêmeos queriam assistir ao desenho na enorme TV que eles tanto idolatravam por causa das propagandas de null e null.
- Nunca mais tento me aproveitar das crianças. – null resmunga por ter sido proibido de jogar seu vídeo-game até as crianças irem dormir. Além do mais, eles também não podiam beber álcool excessivo na frente das crianças, pois Sarah, ao ver null bebendo Curaçao Blue, foi experimentar escondida e chorou pela sensação de “queimando” seu estômago.
Era possível todos verem Egan e Liam cochichando entre si, Sarah querendo participar dos segredos e sendo exclusa. null tinha de lhe dar mais atenção, chamando-a para pentear o seu cabelo com seu hipopótamo de pelúcia. Até que então, sem ninguém se tocar, os gêmeos deslicam a TV e berram, chamando a atenção de todos.
- Nós temos um pedido! – Amy revira os olhos e null sorri para os dois, o All Time Low se cala para prestar atenção em que tipo de baboseira as crianças pediriam. Era impressionante como não havia pedidos de celulares ou video-games, eles apenas queriam mais atenção. – Queremos que tio null fique com a gente amanhã e depois também! – Egan diz pulando no sofá.
Todos olham surpresos para null, que tinha o olhar surpreso em cima das crianças. Abre a boca e então sorri, levantando o polegar e piscando para os sobrinhos:
- Amanhã sou de vocês. E depois também.
Os gêmeos pulam em cima do tio em forma de expressar sua alegria. null brinca com os dois, puxando Sarah, que tentava novamente se juntar ao grupo. Olha sem querer para null, mas volta o olhar ao achar que havia visto um sorriso terno em seus lábios.
Não era engano. Havia ali um sorriso muito terno.
Para ajudar.
Favorito: 24 anos.
Amy: 15 anos.
Alec: 11 anos.
Liam: 6 anos.
Egan: 6 anos.
Sarah: 3 anos.
Benjamin (Ben): 4 meses.
Capítulo 7
O dia seguinte começara cedo para null. Quando ainda estava acordando, com os olhos ainda fechados, pode ouvir alguns cochichos ao seu lado. Sorriu ao sentir pesos em cima de si e Egan e Liam berrando para ele acordar, pois eles iriam brincar no Sea World. Por mais que null quisesse enrolar, não pode muito, pois o bunk era pequeno demais para os três, considerando que os gêmeos não se importavam com o aperto e nem de pisar em null.
Enquanto null terminava de passar o protetor solar nos dois, null fora colocar uma bermuda e camiseta. Ao sair do ônibus, pode ver null, null e null já prontos. Levantou as sobrancelhas por detrás dos óculos de sol.
- Alguém tem que cuidar de você. A null é babá só das crianças. – null sorri e null diz:
- Diga por você, eu vou para ver a orca! – e bate palma, esfregando as mãos uma na outra.
Sarah corria até null, pedindo para ele pegá-la no colo junto com hipo:
- É claro, eu sou forte e consigo pegar vocês dois juntos! – null sorri e a coloca em seu ombro, Sarah balança as perninhas dizendo para Hipo o quão altos os dois estavam e que o ar era até mais gelado ali em cima.
null não demora a sair com Liam e Egan, que, para variar, pulavam de um lado para o outro ansiosos para brincar na água. Amy descera atrás da babá com a saia de praia e uma bolsa. Seus óculos de sol eram maiores que seu rosto e o chapéu conseguia fazer sombra em todo seu rosto tamanha aba que possuía.
- Todos aqui? – null pergunta e todos respondem, alguns civilizadamente como null e Amy, outros escandalosamente, como o resto. – Tudo bem, vamos para a van então.
Matt havia alugado uma van para levar a todos no parque. Ir com o ônibus seria chamar mais a atenção, e eles não queriam trabalhar nos únicos dias que tinham de folga. As crianças não paravam de falar durante toda a viagem, Alec até estava mais tagarela, mesmo estando sem Yuc em mãos, já que null não o deixara levá-lo por não poder entrar no parque com animais. Matt teve de cuidar do bicho naquele dia.
Ao chegarem, as crianças correram cada um para um lado, fazendo null olhar assustada para todos e null rir:
- Eu vou atrás dos gêmeos. – ele diz.
- Alec – null levanta a mão.
- Sarah – null sorri e sai correndo.
null, que estava com Benjamin no colo, e Amy olham para null, que sorri animado para elas:
- Vamos ver quando é que o Free Willy se apresenta?
- Free Willy é a orca do filme, null, a orca daqui não se chama Free Willy. – Amy diz parecendo aborrecida. null levanta a sobrancelha e cruza os braços.
- E a senhorita sabe tudo sabe qual é o nome da orca?
- Claro que não, eles mudam de orca a cada apresentação, seu burro. – ela suspira e balança a cabeça. – Vamos logo, precisamos entrar em alguma fila. – e dá as costas para null, que olha para null e aponta para Amy que se afastava dos três.
- Essa menina… – começa. – Ela não precisa jogar assim na cara o quão burro os outros são.
null ri e levanta os ombros, caminhando ao lado de null, seguindo Amy.
Fora necessário meia hora para fazer com que todos estivessem reunidos novamente. null teve problema com os gêmeos, pois ao contrário do costume, os dois não queriam ir nos mesmos brinquedos, mas queriam ir com null, se esquecendo de que o tio não tinha um gêmeo para poder ir no brinquedo com os dois ao mesmo tempo.
null olhava para Benjamin que estava animado por ver tantas coisas diferentes, principalmente os bonecos em tamanho real, fantasiados por um homem que ia até ele conversar. Ao contrário dos outros bebês, Benjamin queria tocá-los e abraçá-los.
- Quando vamos ver as estrelas do mar? – Sarah pula enquanto segurava Hipo com uma mão e a mão de null com a outra.
- Depois que vermos o Free Willy. – null responde por todos.
- null, Free Willy é o nome da orca no filme, não é o nome– – null começa a falar, mas null berra:
- E DAÍ QUE ELE NÃO É A ORCA DO FILME? NINGUÉM SABE O NOME DELE E ELE É UMA ORCA, ENTÃO VAMOS CHAMÁ-LO DE FREE WILLY! – null olha para null e aponta para null e Amy, que estavam um ao lado do outro. – Essa chatisse toda é de família!!!
A babá ri e olha para null, que não entendia nada do que null falava, Amy revira os olhos e Benjamin bate palmas ao ver null vermelho.
- Vamos ver logo o horário da apresentação, antes que null estrague o aniversário dos gêmeos. – null diz com Alec a seu lado falando sozinho e perguntando de vez em quando se poderia levar algas para Yuc comer.
- Vamos sentar em baixo. – null diz correndo à frente com os gêmeos.
- Nada disso– – null começa a falar, mas null levanta a mão para impedí-lo de continuar.
- Está tudo bem, trouxe toalhas. – e aponta para a mochila nas costas. null então percebe o número de bolsas que ela carregava. Uma mochila, a grande bolsa de Benjamin, a pequena bolsinha transversal de Sarah e a bolsa de Amy. E Benjamin, que não parava de querer descer de seu colo.
- Me dê aqui essas mochilas. – ele diz, pegando a alça da mochila de toalhas, e provavelmente roupas.
- Está tudo bem, o peso está bem balance–
- Você é algum tipo de burro de carga? – ele fala entre risos. – Sou mais forte, me dê.
null ri e resmunga algo como ‘só porque é homem acha que…’, mas entrega a mochila e a bolsa de Benjamin.
Eles escolhem sentar bem para cima para poderem assistir a tudo. No local, havia uma risca que informava até qual fila a água que a orca espirrava propositalmente ia, null, Alec, Sarah, null, Egan e Liam estavam sentados um ao lado do outro, null com Sarah em seus ombros. Quando a orca, chamada Azu aparecera, null teve que se levantar, pois Sarah lhe gritava que não conseguia enxergá-lo.
null retirara a máquina fotográfica da mochila de toalhas e fotografou um pouco. Amy reclamou que estava morrendo de sede e perguntou se não poderia ir comprar alguma coisa para beber. null disse que iria com ela, porque queria ir ao banheiro.
- Ver toda essa água ativou meu sistema digestório. – ele disse e Amy o olhou como se ele fosse uma ameba.
- É digestivo, e o que isso tem a ver? – perguntou e não recebeu uma resposta.
Benjamin fora deixado entre as pernas de null, em pé, e flexionava os joelhos como se estivesse dançando. Na hora que a orca batia palmas, rodopiava ou pulava, ele parecia até que iria se jogar para dentro do tanque com o mamífero. null e null riam ao vê-lo dar suas risadas esganiçadas e tentar bater as palmas e se manter em pé ao mesmo tempo.
null arriscava olhar para null de vez em quando, fingindo estar olhando o público no geral. A via rir durante a apresentação e bater palmas de vez em quando, aprovando alguma coisa. Sorri sem perceber e desvia o olhar rapidamente ao vê-la fazer menção de virar o rosto para ele, mas é impedida pelos gritos de Sarah com null à frente, em que eles pediam por água junto com os outros.
Depois de muito pedir, a orca balançou o rabo por perto deles, deixando-os enxarcados. Não satisfeitos, o grupo pedia por mais, chamando a atenção de Emilie, a treinadora. Os seis gritavam que era aniversário dos gêmeos, e a treinadora começou a rir, fazendo com que Azu batesse palmas para os dois e lhes desse um bom presente de aniversário. E mais uma vez água era lançada no grupo.
- PODEMOS IR DE NOVO? – os gêmeos gritavam para null e null, que iam atrás de todos para terem certeza de que – as crianças – estavam com toalhas e não pegariam uma gripe.
- Outro dia. – null responde, terminando de colocar o vestido seco em Sarah.
- AHHHHHHHH. – os dois, Alec e null falaram.
- Mais uma vez, por favorzinho! – Sarah junta as mãos e as balança na frente de null, que sorri.
- E com quem eu vou nos brinquedos e nas ondas artificiais? – null coloca as mãos na cintura, vendo os gêmeos pularem até ele e pegarem cada um, uma mão de null.
null se levanta ao ter Sarah correndo até null e pega Benjamin do colo de Amy, que já reclamava em ter de carregá-lo.
- Ele está se esforçando, não está? – null lhe pergunta um tempo depois, a assustando. – Oi. – sorri, levantando uma mão.
null dá uma risada sem graça:
- De null, claro. Ele sentiu muito quando foi estúpido com você aquela vez com Travis, então está tentando se redimir.
- Ele não precisa se esforçar comigo, só com as crianças–
- null, a partir do momento que você trabalha conosco, você automaticamente entra para a família. – ele sorri e a vê sorrir de volta. – Posso perguntar o que está rolando entre você e o Travis?
- Eu e Trav– Por Deus, não está havendo nada! – ela diz assustada com a pergunta do amigo de null. Ele a olha com uma expressão que não havia caído naquela e ela gagueja: – É-é verdade! Ele só foi um cara legal que se deu bem com as crianças…
- Não foi isso o que ele me disse… – null levanta os olhos por detrás dos óculos de sol. Ria internamente. Talvez ele quissesse dar um empurrãozinho para null e null.
- O que ele disse? – ela pergunta ansiosa e ele aguarda um momento até dizer:
- Acho que não deveria falar isso…
- Diga! – ela diz parecendo implorar. null a encara por algum tempo e volta a olhar o caminho que faziam.
- Acho que ele quer mais do que uma amizade… talvez ele queira algo mais colorido, entende?
- Não nessas palavras, claro.
null olha para a paisagem pensativa. Volta a olhar para null:
- Não há nada entre nós. Sou muito profissional.
- Ele nem é da banda. – null levanta os ombros. – E todo mundo é livre para ficar com quem quiser.
null nada responde. Olha para frente e agradece por estar com os óculos de sol, assim null não veria seus olhos na direção de null.
Para ajudar.
Favorito: 24 anos.
Amy: 15 anos.
Alec: 11 anos.
Liam: 7 anos.
Egan: 7 anos.
Sarah: 3 anos.
Benjamin (Ben): 4 meses.
Capítulo 8
O dia se passou rapidamente entre o All Time Low, a babá e as crianças. Até Amy, que no início se recusava a se divertir, conseguiu no final do dia estar tão hiperativa quanto o resto dos tios e irmãos.
No retorno para o estacionamento onde estava o ônibus, todos capotaram assim que se sentaram no banco da van, menos null. Ela olhava para todos os presentes, e pela primeira vez desde que saíra da faculdade cujo curso trancara, pensava em como era louca de ter aceitado este emprego.
Vê as luzes de Orlando muito acesas, mesmo tendo o comércio fechado. A cidade agora vazia mostrava uma beleza que não era possível se ver durante o dia, devido ao estresse do trânsito. Nunca havia parado para pensar em como um lugar pode ser tão bonito. O fato de gostar de luzes também colaborava com a beleza; null era apaixonada por tudo que brilhava. Em pouco mais de um mês, tivera a chance de conhecer tantos lugares, ver tantos rostos novos. Não se preocupava com a entrega de trabalhos, as horas extras, as provas e exames finais. Sem estresse, apenas preocupação com a alimentação das crianças. Não podia negar estar curtindo o trabalho, mesmo ele não sendo tudo aquilo que esperava, pelo menos ela estava se divertindo e ganhando bem.
Olhando para o céu escuro, pensa em como será a vida daqui a quase um ano, quando o contrato tiver chego ao fim e ela ter de voltar para sua vida normal. Olha para as crianças novamente e se lembra do que Travis havia dito em uma de suas conversas:
”Pare de se prender nas memórias, apenas viva. Vai aproveitar mais a vida.” E com um sorriso nos lábios, deu uma piscadela que a fez rir sem graça. Sem graça por ele, que não tinha um bacharelado e nem ao menos um diploma escolar, saber mais sobre o sentido da vida do que ela, que enfiara a cara nos livros desde adolescente.
- Está tudo bem? – ouve em sua frente e vê null acordado a encarando. Cora e gagueja alguma coisa que o faz rir. – Não gosto de ver as pessoas muito pensativas, só isso.
- Por quê? – ela pergunta curiosa. O vê desviar o olhar afora, a luz da lua iluminando metade de seu rosto. Seus olhos estavam bem mais brilhantes.
- Eu acho que quando pensamos demais, escolhemos a opção errada. – ele diz. Ela levanta as sobrancelhas, em parte confusa pela opinião do chefe. – Para mim, pensar muito é sinal de insegurança. Você quer, mas não sabe exatamente se o quer. Você tem vontade, mas não sabe exatamente se tem essa vontade, entende? Quando você pensa, você sempre considera a sua opinião algo inferior à uma segunda opinião. E então começa a comparar os prós e contras, até optar por um deles, que na maioria das vezes, não é a opção certa.
null tinha seus olhos pregados em null. Em partes, ela sabia que ele estava certo. Por outro lado, para ela, pensar significava ter certeza de sua escolha, o que justificava que ele estava certo, mas com uma conclusão errada. Não ousaria enfrentá-lo e querer argumentar. Seus olhos agora estavam mais fechados, indicando que ele estava cansado. null nada disse, apenas encostou a cabeça na lateral da van e olhou de volta para as ruas. Em um momento, arriscou olhar para null, que agora tinha seus olhos fechados. Pela respiração calma, ela sabia que ele estava dormindo.
Encarou o rosto do chefe, cuja expressão agora parecia muito mais indefesa do que quando estava com os olhos abertos. Admitia achá-lo um homem bastante atraente. Talvez não fosse o seu tipo, principalmente sabendo que ele era um dos tipos que gostava de quebrar o coração das mulheres, porém, ao conviver um pouco mais com ele e a banda, mudou um pouco sua concepção para uma de que talvez não fosse ele quem quebrasse o coração delas, mas sim elas quem se iludiam com ele. Em todas as festas que fora e todas as vezes que haviam mulheres de programa dentro do ônibus, a diversão era sempre garantida, mas nunca era null quem tomava a iniciativa, pois sem nem ao menos ter a chance, várias delas já estavam em cima dele. Tudo o que ele fazia, era retribuir o flerte. Ainda assim, ele não era o tipo dela, que gostava de homens sérios. Um músico na idade de null dificilmente gostaria de ter compromisso sério com alguém, e ela entendia perfeitamente. O perfil dele e dos amigos da banda são de homens que gostam de diversão. Que faz qualquer situação se tornar divertida. Sem preocupações, sem pensar nos problemas, ou nas contas que têm de pagar no mês seguinte.
Ela os invejava. Queria ter essa liberdade de espírito. No entanto, ela crescera na pobreza. Por não ter tido pais e saído sem nada do orfanato, desde pequena soube que para ser alguém, tinha de lutar muito, dar muito de si, pensar muito no que fazer, como fazer. Tinha de ser uma mulher séria, esforçada, independente. Não tinha muitas amigas, as que tinha mal poderiam ser chamadas de amigas. Ao ver o relacionamento da banda, dos companheiros e até das crianças, pensava onde aquele afeto estava durante toda a sua vida. Ela tinha esse afeto para dar, mas nunca teve para receber.
Balança a cabeça, espantando todos os pensamentos. null estava certo. Travis estava certo. Quanto mais ela pensava, mais depressiva se sentia. Não podia se dar ao luxo.
Os dias que se passaram, pode sentir que null estava mais próximo das crianças. Durante o tempo que ela devia dar banho nos menores, null fazia seu papel de tutor e tomava conta para que eles não quebrassem todo o ônibus. Os gêmeos, principalmente, estavam bastante apegados ao tio, e sempre queriam assistir a performance da banda direto do palco. Depois que eles chamaram os dois para dar oi para o público e recebeu todo aquele afeto das fãs, os dois inventaram de que queriam entrar no All Time Low. null então começou a ensinar alguns truques para que eles pudessem subir ao palco mais uma vez algum dia desses. Amy continuava emburrada e toda vez perguntava se ela não poderia voltar para Baltimore e sair com os amigos. Sentia falta de gente da idade dela. null percebera que de fato, ela era tratada como criança pela banda, e Amy não era mais uma menininha. Estava para fazer 16 anos e tinha um cérebro muito mais inteligente do que de muitas garotas por aí.
- null? – chamara o chefe, que estava deitado em seu bunk. Vê a cortina se abrir e o rosto dele aparecer. – Você tem um minuto?
- Claro. – ele diz, terminando de abrir a cortina e saindo de dentro de seu bunk. – Lá em cima?
- Pode ser aqui. – ela olha para trás. – Eu queria falar com você sobre Amy…
Ele revira os olhos. Amy não era seu assunto favorito. Se mantivera calado, pois sabia que a babá nunca falaria nada que não fosse necessário. Talvez Amy estivesse saindo com algum cara de alguma outra banda que encontraram durante a turnê. Talvez estivesse transando escondida de null, ele a via fazendo esses tipos de coisas.
- Não há nada de errado com ela. – null antecipa, o vendo encará-la confusa. – É só que… Bem. Não sei se devo mesmo falar sobre isso, mas acho que como tutor dela, você gostaria de saber sobre maneiras de… hum, você sabe… se darem bem.
null solta uma risada nasalada:
- Você sabe que eu e ela somos imãs de mesmo pólo, não nos damos bem. Isso fora desde quando ela era uma criancinha. Não sei qual o problema dela. – null diz.
- Bom, talvez você devesse tentar. – null encolhe os ombros.
- Tudo bem. – null diz depois de um tempo. – Qual é o plano?
null se mexe ansiosa. Olha para trás e apura os ouvidos para saber se Amy poderia estar ouvindo a conversa. Não, ela ainda estava ao telefone com a amiga, fofocando e falando mal da viagem, mesmo tendo se divertido no parque no aniversário dos gêmeos.
- Eu acho que você e os meninos a tratam como uma criança.
- Não, null. Vocês a tratam como tratam Sarah, ou Egan e Liam, entende? – null diz paciente. – Veja bem, ela está para debutar. Poderá tirar sua carteira de motorista, mesmo assim, vocês falam com ela como se ela ainda estivesse no ginásio. Ela quer sair, quer conhecer gente nova, quer se divertir. Mas tem de ficar presa com crianças de três, sete e onze anos, entende meu ponto de vista?
null assente. Talvez ele a tratasse mesmo um tanto infantilmente, mas não é como se fizesse de propósito. Para ele, Amy era aquela criança irritante que ficava chorando e gritando ao seu ouvido para que brincasse de boneca com ela.
- Tenho receio de que ela comece a agir escondida. Como uma garota rebelde. Ela tem uma opinião muito forte sobre tudo, e não tenho o poder de discutir com ela, apenas de conversar e lhe explicar o certo e o errado. Mas não posso simplesmente impedir de não fazer sexo com os caras que dão em cima dela, ou proibí-la de ir às festas.
- Bom, isso eu posso fazer. – null responde brincalhão. null solta uma risadinha e troca o peso de perna. – Entendi, entendi. Mas você quer que eu faça o quê? Chame-a para vir à balada? Ela ainda não pode entrar.
- null. Você é uma celebridade. Não precisa de uma balada para estar em uma festa. Vocês festejam todos os dias, o tempo inteiro. Poderia incluí-la no círculo, mostrar que aqui também há gente legal com quem ela possa conversar. Verá a conta do celular dela no próximo mês, você simplesmente terá um infarto. – a babá diz entre risos.
- Tudo bem, vou me esforçar.
null sorri e então balança a cabeça, dando força para o chefe.
- Obrigada por me ouvir. – ouve a voz de Sarah chamando-a no andar de cima. – Bem na hora! – ela ri com null. – Bom, então eu…
- Hey. – ele segura em seu braço, a fazendo olhar para ele novamente. – Obrigado. Você sabe. Por tudo isso.
- Estou fazendo a minha obriga–
- Não. – ele a corta. – Sua obrigação é fazer as crianças não parecerem animais. – os dois riem. – Mas está fazendo muito mais do que isso. Está sendo como uma mãe para eles. – ele sorri e a vê corar. – Não sei o que seria de mim sem a sua ajuda.
null nada diz. Estava sem graça demais para responder. Nunca havia ouvido esse tom em null. Nem com ela, as crianças, os amigos, a família ou as fãs. Parecia um novo null. Levanta o olhar, arriscando encará-lo dessa vez, diferente do dia em que estavam na van voltando do parque, null estava com seus olhos bem abertos e sua atenção completamente virada à ela, o que a fez desviar novamente e gaguejar alguma coisa, indo rapidamente para o andar superior.
Ao ver a babá subir as escadas correndo, null soltou uma risada. Fazia tempo que não se divertia dessa maneira. Se lembra da época de escola, quando algumas garotas facilmente se apaixonavam por ele e ele se divertia às custas dos sentimentos delas, se aproveitando para ganhar tudo o que queria.
Mas agora ele era um homem. Crescera. Amadurecera.
Olha para as escadas que levavam ao andar de cima e abre um sorriso. Não podia negar que a sensação de ter alguém se apaixonando por ele o fazia querer voltar às brincadeiras escolares.
Para ajudar.
Favorito: 24 anos.
Amy: 15 anos.
Alec: 11 anos.
Liam: 7 anos.
Egan: 7 anos.
Sarah: 3 anos.
Benjamin (Ben): 6 meses.
Capítulo 9
- Oi. – null diz para Amy, que desvia o olhar do celular para o tio. – E aí? Alguma coisa interessante?
- Não. – ela retruca. – null não está.
- Eu sei. – ele se aproxima da sobrinha. – Posso? – aponta para lugar ao lado dela no banco de dentro do ônibus. Amy olha suspeitando do tio, mas assente, curiosa em saber por que de repente ele viera com esse súbito interesse em conversar com ela. – Estranhando eu vir aqui?
- Você não tem ideia. – ela responde, o fazendo soltar uma breve risada. – Quem te obrigou? Vovó? Sua mãe?
- Não e não. Não posso amadurecer e vir aqui te enfrentar?
- Sabe, é por isso que não nos damos bem. – null diz um pouco mais aborrecido. – Estou vindo aqui em paz, querendo conversar, melhorar a nossa relação, e você só sabe me criticar. E olha que sou o mais velho aqui!
- Bem, você sempre quer jogar na minha cara que sou uma pirralha intrometida. – ela levanta os ombros. – É claro que vou ficar na defensiva… – fala mais baixo, como se quisesse dizer para si mesmo, mas não conseguisse controlar o volume de sua voz. null ao ouvir, encara-a e fecha os olhos, suspirando fundo.
- Ok, eu prometo que vim em missão de paz. – levanta a mão em um tom brincalhão, mas se lembra de null na noite anterior dizer que ela não gostava de ser tratada como uma criança. Limpa a garganta sem graça. – Bem, seu aniversário é quando?
- Já foi. – ela diz e ele arregala os olhos. – Foi ontem.
- Ontem– Por que não falou nada?
- De que ia adiantar? Você tem os shows, entrevistas, fãs e todo esse blábláblá que temos de ver você fazer todos os dias. Iria me levar na Disney também? – ela pergunta aborrecida. – De qualquer maneira, null disse que vai me levar para fazer compras no sábado. Vamos estar em Nova Jersey mesmo. Ela disse que lá há várias lojas com preços legais, então vou poder comprar o dobro de coisas do que se saíssemos ontem lá em Tucson.
- null sabia que era seu aniversário?
- Ela sabe o dia de aniversário de todos nós. Só pedi para ela não falar o meu, porque eu não queria chamar a atenção de todo mundo e receber um brinquedo de aniversário.
null a encarava boquiaberto. Sua sobrinha debutara e não dissera nada. Enquanto garotas do mundo inteiro organizavam imensas festas de dezesseis, Amy estava na estrada sozinha. Se sentiu bastante mal. Mesmo que não fosse sua sobrinha predileta, ele sempre soube, desde quando ficou responsável por eles, que teria de arcar com uma Amy organizando sua festa de debutante. Estava psicologicamente preparado, portanto, essa foi uma notícia muito surpresa para ele.
Sem dizer mais nada, se levantou e foi até o andar de baixo. Saiu do ônibus, que estava parado para reabastecer e poderem esticar os braços e as pernas, além de comer, descansar e ir ao banheiro. Andou apressadamente até null, que estava saindo do banheiro com Sarah segurando em sua mão, Egan a outra e Benjamin enrolado em um pano que o fazia ficar pendurado em sua frente.
- Ontem foi o aniversário de Amy? – ele perguntou nervoso. null abre a boca para responder, mas ele não deixa. – Por que não me contou? Tenho que descobrir tudo agora?
- Me desculpe, null, mas ela ameaçou fugir se eu te contasse! – null diz. null fecha a boca e vê o olhar suplicante da babá pedindo perdão. Fecha os olhos e suspira. – Me desculpe, de verdade.
- Ta, ta. – ele balança a mão. Volta a encarar a garota. – O que faço agora?
- Sobre isso? O que devo fazer? Devo comprar algo para ela? Levá-la para sair? Uma balada, talvez?
- Talvez se você passar um dia com ela fazendo algumas compras. Disse que a levaria–
- Nova Jersey, eu sei. – ele olha para o ônibus, e então para null novamente. – Há uma balada…
- Não acho que ela vá conseguir entrar, null. E você teria de ser o responsável dela.
- Eu sou o responsável dela. O responsável legal. – ele a retruca nervoso. null o encara séria.
- null. Convenhamos. Quando você está em uma balada, ser o responsável legal não muda nada o fato de você facilmente trocá-la por uma das garotas que dão em cima de você.
Contrariado, ele abre a boca, mas logo a fecha ao ver que ela em partes tinha razão. Ele, de fato, esquecia do mundo quando estava rodeado por mulheres, mas também não era tão ruim assim com a sobrinha. Ou será que era?
- Bem, então vá você também.
- Não é por nada, null, mas eu ir em uma balada com ela não fará você se sentir melhor com ela ou ela com você. – null segue em frente por ser puxada por Egan e Sarah. Entram na loja de conveniências do posto, que era até que grande, e encontram o resto da equipe e banda comendo. Se dividem para todos os lados, mas não fazem nada, por ser um lugar fechado. null grita um “fiquem por perto e não saiam sem mim!”, mas duvidava que algum deles tenha ouvido-a.
Ao se virar de volta para null, vê em seu olhar que ele estava um pouco perdido. Não sabia o que fazer, travava uma luta consigo mesmo. Respira fundo e pensa em alguma maneira de ajudá-lo.
- Bem, estamos quase em Novembro, mas sei que já estão à venda os ingressos para o desfile da Victoria’s Secret. Não sei se você tem algum contato, mas ela gosta bastante de moda. Seria um bom presente você levá-la em um desfile e depois levá-la à alguma festa privada onde ela possa conhecer alguma celebridade.
- Você acha que eu sou famoso assim? Eu sou um músico, não um artista de cinema.
- Você tem um agente, que provavemente tem contatos. Não precisa ser algo extravagante, apenas um desfile. Há vários que permitem a entrada de pessoas comuns.
null para para pensar. Talvez Gab Saporta pudesse ajudá-lo, ouvira dizer que ele sabia exatamente os bons lugares para se ir e ter contato. Pega o celular e se afasta da null.
- Bom, está feito. – ele diz sendo o último a entrar no ônibus, onde todos o esperavam sair da ligação com Gab para poderem voltar à estrada. Neste momento, todos estavam no bunk conversando, bebendo, rindo e jogando video-game. – Você. – Aponta para Amy, que levanta as sobrancelhas, demonstrando sua surpresa, por ser a primeira pessoa que o tio se comunicou. – Não agende nada para o dia seis de novembro.
- Falta apenas uma semana, tio, como eu faria isso? Nem sei onde estarei daqui a uma semana.
- Você estará comigo em Nova Iorque em um desfile da Burberry.
Por um instante, o ônibus inteiro se mantivera calado, até que todos de uma vez começaram a fazer diversas perguntas sobre a programação chique de null e Amy.
- Por que não posso ir? – a namorada de um dos amigos dizia inconformada. null ri.
- Porque não é seu aniversário. E você não é minha sobrinha. Fale com seu namorado. – aponta para o amigo, que lhe manda o dedo do meio. Amy ainda estava boquiaberta encarando o tio. Olhou então para null e disse:
- Você contou para ele, não foi?
- Que eu saiba, foi você quem contou–
- Que eu amo moda. Mais precisamente a Burberry.
- Bom, na minha entrevista você falou sobre roupas, cabelos e sapatos. Não é como se isso fosse uma incógnita total.
- Apenas aconteceu de estarmos no dia do desfile da Burberry, Amy. – null disse. Era mentira, vira o fundo de tela do celular e do notebook da sobrinha, e lá estavam os modelos da marca. Não sabia se era por que ela amava a marca ou os modelos em si, mas qualquer um que fosse o caso, achou que se daria bem escolhendo a Burberry como desfile.
- Então… – Amy disse. – Então você quem fez tudo? – apontou para null, que levantou os ombros. Olhou de esguela para null, para saber se ela estaria aborrecida por estar recebendo parte do crédito que ela havia criado, mas ela estava ocupada demais participando do teatro de Sarah e Hipo.
- É, foi. – respondeu. Logo então recebeu um grande abraço da sobrinha.
- Obrigada! Obrigada! Obrigada! – dizia sem parar. – Esse é o melhor presente do mundo! Vamos sentar em que fileira? Quarta? Quinta?
- Você tá achando que eu sou o quê? Segunda. – faz o número dois com a mão e ouve o grito da menina, que agora pulava em sua frente e ria ao mesmo tempo.
- Eu
tenho que falar para as meninas, eu vou assistir ao desfile da Burberry na segunda fila! – tira o celular do bolso, e então null a corta:
- Sobre isso… – chama sua atenção. – Será que você poderia maneirar nas ligações? Sua conta veio extremamente alta esse mês e sua avó fez uma certa ligação para mim, me dando uma bronca por não lhe dar limites… Mas você é uma adolescente, deve saber seus próprios limites.
- Claro! – Amy rapidamente diz, arregalando os olhos. Desliga o celular. – Claro, com certeza! Eu vou maneirar, pode deixar! Só vou falar para elas, uma mensagem só, prometo! – junta as mãos e então sai correndo gritando “Eu não acredito, vou ver o desfile da Burberry!”
- Acho que alguém lá em Washington ainda não ouviu a novidade. – null comenta e null concorda com a cabeça.
- Deixem ela… – null finalmente tomou partido. – Só está feliz.
- É. É como quando assinamos contrato com a Hopeless. null ficou falando nisso por três meses.
- Isso é diferente, tudo bem? – null resmunga. – Era meu ticket para fora daquela vida escrava que eu tinha no Burger King.
Faz uma careta ao ouvir as risadas dos amigos e então cada um volta ao seu devido lugar. null se levanta anunciando a hora de dormir, fazendo com que todos reclamassem e pedissem para ficar mais um pouco. Por causa de Egan e Liam, que diziam não querer dormir enquanto todos não fossem dormir, todo mundo deveria fingir que estava indo dormir também, indo até seus bunks e se deitando. Algumas vezes, null e null acabavam adormecendo de verdade, outras vezes todos voltavam a se levantar e os gêmeos ainda não haviam adormecido, dando mais trabalho para null colocá-los de volta na cama. null tentara os deixar de castigo, mas mesmo no andar de cima em suas camas, os dois insistiam em ficar tagarelando, fazendo que Sarah, Amy e Alec reclamassem do blábláblá.
- Só mais um pouquinho, null! – diz Liam agarrando na perna da babá.
- Não, eu já deixei o mais um pouquinho, são nove e quinze. Agora vamos todos escovar os dentes e por o pijama.
- Mas eu queria jogar um pouco mais… – Egan diz com a voz trêmula.
- Amanhã de tarde você joga, mas apenas se for um bom menino. Vamos, a semana do aniversário de vocês acabou e a única pessoa que pode fazer pedidos agora é a Amy.
- Eu quero que vocês durmam logo, porque se eu for dormir e ouvir a voz de vocês, eu vou ter um grande surto!
Sem dizer mais nada, os dois rapidamente se levantam e vão até null, que levanta com Benjamin já adormecido no colo e Sarah segurando sua mão, parecendo um zumbi bêbado de tão mole que estava. null então se levanta e a pega no colo, deixando-a dormir em seus braços.
- Por que tio null não vai dormir?
- Ele já está indo, está terminando de falar com a mãe dele.
- Meninos, vamos parar de olhar para os outros e apenas nos aprontar para dormir?
- Você vai dormir com “nóis” hoje, né? – Egan diz erroneamente.
- É “conosco”, Egan. – ela diz subindo as escadas. – É claro que vou dormir com vocês, eu durmo todos os dias.
- Não. Você sempre dorme com a Sarah e o Hipo dela.
- Mas ela é mais nova que vocês, devo proteger ela, não devo?
- Mas eu também quero ser protegido por você… – Liam diz mexendo no cabelo da babá.
- Eu também… – Egan imita o irmão. null olha para null, que sorria achando graça da cena, enquanto tirava a pantufa dos pés de Sarah, que já estava de pijama e a deixa deitada no futon que cobria o segundo andar inteiro do ônibus. As crianças e null dormiam ali no chão mesmo. Por mais que fosse chão, o futon era uma coberta bem grossa, que parecia até que estavam em cima de um colchão. null, Amy e Alec dormiam mais perto das escadas, para não haver perigo de uma das crianças se levantarem e caírem. Mesmo tendo uma gradezinha para segurar, Liam era sonâmbulo e uma vez pisou em cima da barriga de Alec, o que o fez chorar pela primeira vez e correr até null, que teve de ficar a noite inteira fazendo carinho na barriga do menino mais velho.
Demorou quarenta minutos para os dois dormirem. null havia fechado a porta da escada no andar de baixo, para o som sair mais abafado do que já estava, por ter a porta do bunk fechada. O silêncio acima era mesmo completo quando as portas eram fechadas. Ao ver os dois, Sarah e Benjamin adormecidos, null fecha os olhos e se joga no futon de braços e pernas abertos.
- Isso aqui é melhor que os bunks. – ele solta uma risada. null sorri.
- Você poderia ficar aqui por mais cinco minutos? Vou colocar o meu pijama.
- Vai rápido, porque senão vou acabar dormindo aqui.
- É rapidinho. – null sai correndo para o quartinho que havia no andar de cima. Ele era minúsculo e ela tinha de ficar corcunda para ficar lá dentro. Mas dava para se trocar, sempre utilizava porque se fosse esperar para poder usar o banheiro do andar de baixo, não iria colocar o pijama nunca.
Ao sair do quartinho, sentira o silêncio reinando e então o ronco de null. Se aproximou e passou a mão em cima do rosto dele, mas não o acordara. Suspira então e envia uma mensagem para Amy dizendo para ela e Alec dormirem nos bunks, se quisessem. Claro que eles queriam. Tudo o que queriam eram os bunks, pois não teriam de ser acordados no meio da noite pelas crianças querendo ir ao banheiro, ou pela manhã quando Benjamin estivesse com fome.
null cobre null, e tira os sapatos dele. O vê se mexer agora se aconchegando em seu espaço e sorri ao vê-lo se encolher para caber no cobertor. Pega seu próprio e o troca, colocando o maior no chefe, que dormia tranquilamente. Tira o relógio do pulso dele e o deposita ao lado para que encontrasse assim que acordasse. Depois de vê-lo dormindo confortavelmente e as crianças também, se deita em seu canto, e se cobre com o cobertor menor. Apaga as luzes e deixa apenas a luz do luar entrar pela “janela” que vinha da frente do ônibus.
De costas para null, null abre os olhos. Se remexe em baixo do cobertor que havia sido colocado em si e abre um sorriso.
Para ajudar.
Favorito: 24 anos.
Amy: 16 anos.
Alec: 11 anos.
Liam: 7 anos.
Egan: 7 anos.
Sarah: 3 anos.
Benjamin (Ben): 6 meses.
Capítulo 10
- null? – ela ouve. Em seguida, sente duas mãozinhas pousarem em seu corpo. Suspira e abre lentamente os olhos. Vê Benjamin se mexendo ao seu lado e Sarah com os olhos bem abertos quase em cima dela.
- Sarah, ainda não está na hora de descer.
- Mas eu queria fazer xixi… – ela se levanta e começa a saltitar mostrando que quer ir ao banheiro.
- Mas eu quero ir no banheiro… – ela continua saltitando. null suspira mais uma vez e se senta, mexendo nos cabelos bagunçados. Olha para o local onde null estava dormindo e o vê ainda adormecido, os gêmeos agora mais pertos do tio. Os três descobertos. null então se levanta e cobre os três. Segue com Sarah e Benjamin até o banheiro no andar de baixo e vê Amy e Alec no corredor.
- Qual é o milagre que os fez acordar? – ela diz brincalhona. Os dois a olham sérios, não pareciam acordados.
- Matt nos acordou dizendo que chegamos no hotel. Era para descermos, já ia te chamar. – Amy disse enquanto Alec apoiava os braços em um dos bunks vazios e pousa a cabeça no colchão, fechando os olhos.
null riu e entrou no banheiro com as crianças. Trocou Benjamin e também Sarah. Ao sair, deu de cara com Matt:
- Ah! Achei que tivesse que te acordar, ainda bem que já está de pé.
- Acordo cedo, lembra? – aponta para o bebê em seu colo e Sarah em pé no meio dos dois. Matt ri:
- Havia me esquecido desse detalhe. – bagunça o cabelo de Sarah, que começa a arrumá-lo emburrada. – Já fiz os check ins, vocês podem entrar e continuar dormindo nos quartos.
- Alec e Amy vão amar. Estamos todos juntos?
- Toda a pirralhada e você. – ele bate continência, a fazendo rir.
- Obrigada, Matt. Vou pegar os gêmeos e descer. – Ouvem ao fundo a voz de Amy: “Anda logo, null! Quero dormir!”
- Acho melhor correr. – ele diz. – Ela é pior com sono, acho que puxou o null. – os dois riem.
- O null ouviu isso. – o músico diz descendo os últimos degraus da escada que dava para o segundo andar. – Bom dia.
- Bom dia. – null responde. – Matt, pode ficar com os dois por um segundo?
- Meio segundo, tenho que ir até a casa de show ver se os instrumentos já chegaram. – ele pega Benjamin no colo.
- Eu posso cuidar dele. – null diz olhando a babá dar preferência ao empresário do que ao próprio tio.
- Acho melhor você se arrumar.
- Concordo. Você tem que ir na passagem de som, vai null.
O músico olha para os dois sérios e se vira para entrar no banheiro. null solta uma risada com Matt e sobe correndo, vendo os gêmeos ainda adormecidos. Pega um por um no colo e os troca lentamente. Era mais fácil quando estavam dormindo do que sonâmbulos ou acordados. Ouve passos subirem as escadas e olha para trás, vendo null aparecer.
- Eu levo ele. – pega Liam no colo, já que ele já estava pronto. – Estou indo com as crianças na frente.
- Já terminei com Egan. – null imita o chefe e pega o gêmeo no colo. – Vamos.
- Dormiu com a babá, né Heartbreaker? – null começou a falar quando estavam na van de volta para o hotel. null olhou para os amigos, que o encaravam com olhares maliciosos.
- Ah sim! – null diz. – E aí?
- Qual é, null! Não tentou nada?
- Ela é a babá das crianças, calem a boca!
- Agora ela é só a babá… – null murmura ao fundo. – Para ficar putinho com o Travis, não precisa ser só a babá.
- Cala a boca null. – null diz emburrado.
- null, por que você não admite que é atraído por ela?
- Porque eu NÃO SOU! Parem de me irritar com esse assunto! – null se estressa. – Eu não gosto dela, ela é só uma empregada que eu contratei pra cuidar das crianças! – Vê null fazer careta. – Eu não vou nunca gostar dela! Posso ser um tanto mulherengo, mas não pego empregadas! Ela nem ao menos tem peitos para eu olhar para eles! – null se engasga ao fundo. – Eu não quero ter um relacionamento, principalmente com alguém que estou pagando para não me dar trabalho, mas aparentemente, ela está me dando trabalho, porque vocês estão insistindo nessa merda de–
- ! – null berra, o fazendo pular com o susto.
- Que é! – null responde nervoso e vermelho. null aponta para um ponto atrás de null, que ao se virar, vê null parada na porta, espantada. Ele arregala os olhos ao vê-la ali. Abre a boca para dizer algo, mas não consegue. null então limpa a garganta e diz:
Depois do ocorrido, null evitou ficar perto de null. Por mais que ele estivesse correto, a maneira que ele falara a fez se aborrecer com ele. Amy não parava de falar no tio depois que ele preparou sua surpresa de aniversário, o que a fazia se tornar em uma pessoa ainda mais calada.
Por outro lado, null, orgulhoso, não tinha coragem de ir falar com a garota. Via ficar longe de si propositalmente e não querer em hipótese nenhuma se aproximar dele. Se sentia perturbado e em vários momentos ameaçava ir falar com ela, mas por alguma constância do momento, acabava por desistir.
Era sábado, dia do desfile com Amy. Colocara uma jeans e uma camisa apenas para não parecer um estrupício na frente de todos. Amy parecia que estava indo para algum tipo de premiação. Não parava de seguir null e falar com ela sobre como seria o desfile e todas as pessoas que encontrariam nele. Falava como suas amigas não paravam de enviar mensagens de texto pedindo por fotos, mas como havia prometido para o tio, não iria exceder novamente a conta de telefone.
- E se a gente encontrar com o George Ono do One Night Only? E a Emma Watson? E o null Pettyffer! Ai meu Deus, o null lindo!
- Quem é lindo? O null? – Matt sai do ônibus e vê null sentada em uma cadeira de praia com Benjamin no colo conversando com o bichinho de pelúcia, enquanto as outras crianças estavam no estacionamento brincando.
- Não
esse null, claro. Ele não chega nem aos pés do Pettyffer. – Amy diz em tom de desprezo. null ri e balança a cabeça. – Onde está o tio null? Vamos nos atrasar e todas as celebridades vão ter entrado!
- Seu tio é uma celebridade, Amy. – Matt diz entre risos. Ao ouvir o nome do chefe, null disfarça um pequeno sorriso e propositalmente volta sua atenção a Ben.
- Estou pronto, estou pronto. – null sai do ônibus. Olha para null e pensa em algo para dizer, mas como sempre é interrompido por alguém.
- Tio null! Vamos brincaaaaaaar! – Liam corria até o tio, que sorri.
- Hoje não, Liam, vou levar sua irmã na festa dela, lembra? – null aponta Amy, que lia alguma mensagem no celular e ria sozinha.
- Só quem é maior que isso pode ir. – ele faz uma altura que fosse um pouco mais baixo que Amy, mas muito mais alto que as crianças.
- É um lugar chato, Liam. – Alec diz se aproximando. – Só tem gente que fica sorrindo e apertando as suas bochechas, como a tia Gertie.
Liam faz uma cara de horrorizado e rapidamente coloca as mãos nas bochechas, como se quisesse protegê-las de serem apertadas.
- Eu não quero mais ir. – ele resmunga.
- Vá brincar com seus tios, eles eu tenho certeza que não vão apertar suas bochechas.
- Tá bom. – Liam levanta os ombros e sai correndo atrás de Alec, que estava com null procurando insetos moles para dar para Yuc.
null então se vira para null, que continuava com sua atenção em Benjamin e Sarah, que se aproximara e se sentara no pé da cadeira da babá. null colocara Benjamin no chão com Sarah e agora os dois mexiam com os bichos de pelúcia da irmã mais velha. Ele rindo e ela resmungando “Não Ben, não é para morder! Não é de verdade!”, ou “Não, é para mexer ele assim ó!” null estava inclinada para frente participando da brincadeira com os dois e apenas olhou para null quando Amy se pronunciou:
- Vamos? – ela disse animada. null sorriu e assentiu:
- O táxi já está lá na frente. – disse. Olha para null e diz: – Voltamos de madrugada.
- Ok. – ela simplesmente disse. Ele ficou por um tempo mais olhando para a babá que estava de costas para ele e não se atreveu se mexer para olhá-lo. Acenou para as crianças e os amigos, e começou a caminhar em direção à saída do estacionamento.
Não fora necessário dar 10 passos, quando ouve uma voz:
Ao reconhecer a voz, vira o rosto para trás rapidamente.
Travis se aproximava do grupo do All Time Low com sorrisos. null dessa vez se levantou e abraçou o vocalista do We The Kings, que lhe deu um longo beijo em sua bochecha.
- Tio null, vamos! – Amy começou a puxar o tio pelo braço.
null olhou para Travis e null por mais um tempo e então voltou a andar com Amy. Não havia gostado de vê-la toda sorrisos para Travis e aquilo ficaria a noite inteira na sua cabeça.
Para ajudar.
Favorito: 24 anos.
Amy: 16 anos.
Alec: 11 anos.
Liam: 7 anos.
Egan: 7 anos.
Sarah: 3 anos.
Benjamin (Ben): 6 meses.
Capítulo 11
Mesmo sendo reconhecido por várias pessoas no desfile e respondendo alguns jornalistas na entrada, null não conseguia parecer naturalmente feliz por estar ali, ao contrário de Amy, que era apenas sorrisos.
- Isso é perfeito. Perfeito, perfeito, perfeito! É o melhor presente de aniversário do mundo, tio null! – a garota dizia assim que se sentaram.
O músico apenas abriu um sorriso e olhou para o celular afim de ver se havia alguma ligação perdida de null para falar sobre alguma das crianças. Mas não havia nada. Nenhuma ligação. Conferiu a bateria e ela estava cheia. Conferiu o sinal dentro do evento e estava ótimo. Deixou os ombros caídos e se encostou na cadeira. Amy estava tão animada que não dizia nada, apenas olhava as pessoas entrarem. Quando todos os artistas se sentaram na fileira à frente dos dois, as luzes se apagaram e uma introdução musical fora iniciada, calando todos os presentes.
Mesmo as modelos mega produzidas, ou as palmas a cada entrada, ou no final o designer desfilando ao som das palmas e assobios da platéia, null não pareceu estar ligado nos fatos. Sua cabeça estava ainda no estacionamento com null e Travis. Apenas se viu na hora de levantar quando Amy gritou seu nome. Ele a levou em um restaurante onde a maioria dos convidados especiais que não queriam ir ao after party iam. null havia reservado uma mesa para os dois e por um momento houveram alguns paparazzis perguntando se ela era alguma nova namorada. Tudo o que Amy fez foi rir enquanto null os ignorava.
Ao pedirem a entrada – que Amy ao ver o preço, começou a ler minuciosamente o cardápio para ter certeza do que pediria -, a sobrinha de null apoiou os braços na mesa e olhou séria para o tio, que olhava avoado para um ponto qualquer.
- Tio. – ela o chama, vendo-o desviar os olhos em sua direção. – Você não está sendo uma boa companhia hoje.
- Desculpe. – ele passa a mão no rosto. – Estou–
- Apaixonado. – ela responde. A surpresa para null fora tão grande que ele não soube responder a sobrinha. – Olha tio, eu sei que você deve me achar uma pirralha, mas eu sou mulher e se formos pensar, mulheres são mais evoluídas que homens, então eu não posso ser tão pirralha assim para a sua mentalidade. – ela se explica, o fazendo continuar ouvindo-a calado. – Tá na cara que você gosta da null e ficou perturbado que o Travis está lá com ela esse tempo todo, sendo que é você quem gostaria de estar. Eu só acho que se você gosta dela, você não deveria ficar esperando ter certeza, porque às vezes a certeza vem com a prática.
null solta uma risada. Ouvir conselhos amorosos da sobrinha não era o que ele planejava para o aniversário dela.
- Você até que é bem grandinha, hein? – ele apoia os braços na mesa e ela levanta os ombros:
- Eu sempre disse que era. Você quem é bobão demais pra enxergar, como está sendo com relação aos seus sentimentos por null. Fica aí todo away e distraído pensando na morte da bezerra. Se você esperar demais, Travis vai simplesmente pegar ela para ele e você vai rodar. Não que eu queira ver vocês dois namorando, é muita areia para o seu caminhão, mas antes você do que outra pessoa. – ela levanta os ombros.
null fica encarando a sobrinha surpreso e um tanto feliz. Ela fora muito mais madura e direta do que seus amigos e suas brincadeirinhas. Talvez ela estivesse certa: Mulheres realmente amadurecem mais rápido que os homens.
Assim que chegaram ao ônibus, a banda e equipe estavam reunidos fora do ônibus, conversando em uma roda de cadeiras de praia e garrafas de bebida para todos os lados. null levantou as sobrancelhas:
- Queríamos beber, mas null liberou as crianças para jogarem video-game até às onze, então esquecemos de voltar. – null disse.
- As crianças foram dormir? – null perguntou.
- Sim, null colocou os pequenos para dormir e saiu com Travis. – null respondeu e recebeu um cutucão de null. Ao perceber o que havia falado, olha para null sem graça: – Bem…
- Ela saiu? – null pergunta surpreso. – Só os dois?
Ninguém o responde. null ao se ver preso na situação, limpa a garganta e se aproxima do grupo, puxando uma cadeira e abrindo uma Stela Artroi. Todos continuam calados observando a reação de null. Amy suspira e balança a cabeça antes de dizer boa noite para todos e entrar no ônibus. Os amigos se entreolham na roda, um fazendo careta para o outro tomar a iniciativa de falar com null, que tomava sua cerveja calado. Até que ele mesmo inicia a conversa:
- O que vamos fazer amanhã?
Quinze para as quatro. Os amigos riam esganiçadamente; null e null faziam graça enquanto bebiam mais cerveja. A essa altura do campeonato qualquer bebida era água.
null voltava sozinha com as mãos nos bolsos dos shorts jeans, vê o grupo fazendo palhaçada e solta uma risada. Matt vem correndo até ela um tanto bêbado, mas não louco como os outros estavam demonstrando estar.
- null! Salvadora! Você está acostumado a cuidar de gente normal! – ele começa a rir, fazendo null sorrir sem graça. – O null tá dando a louca lá atrás do ônibus, acho que ele exagerou na dose, é melhor você dar uma olhada.
– Eu? – null dá um passo para trás assustada. Matt olha entorpecido para a garota e coloca uma mão no ombro dela.
- null. Vocês tem que superar essa situação. – Ele não estava apenas alegre, null tivera certeza de que ele estava completamente bêbado, assim como os outros. – É apenas uma pedra ruiva no caminho e no orgulho do null, mas vocês conseguem passar por cima disso e ficar juntos.
- Do que mais! Do único casal que pode dar certo nessa turnê, oras! – Matt levanta os braços e null sentiu alguns pingos de cerveja cair em cima de si. – Força! – ele grita e dá dois tapinhas no ombro da garota, se virando e voltando para o grupo de bêbados.
null ficara um tempo calada olhando para eles, ouvira dizer que os bêbados eram bem mais sinceros quando estavam bêbados do que sóbrios, e Matt não era desses que ficava bêbado muito fácil. Suspirou e balançou a cabeça, resolvendo ir ver o estado de null. Ao dar a volta no ônibus, viu null com ele. null estava sentado com a camiseta suja com seu próprio vômito.
- Ah, ainda bem! – null disse se levantando, mas caindo de bunda. – Acho que vou precisar de uma ajudinha para levantar, se você não se importa…
null correu até o músico e o ajudou a se levantar. Ele não disse muita coisa, apenas deu dois tapinhas no ombro da garota, uma piscadela e um sorriso malicioso. Saiu de perto cambaleando. null esperou ele sair de vista para ver null sentado no chão parecendo adormecido. Suspira e corre até o porta-malas do ônibus, pegando a mangueira que carregavam para limpá-lo externamente. Liga a torneira que havia perto do lugar onde estavam estacionados e, com dificuldade, retirou a camisa suja de null, jogando-a em um saco de lixo para que lavasse no dia seguinte. Em seguida, com a água gelada da torneira, disparara em null, que acordara engasgando.
- Que porraa! – ele berra. null toma um susto e desliga a mangueira rapidamente. null ao ver quem era, fecha a boca assustado e balança a mão, como se fosse para ela ir embora.
Ela guardou a mangueira e correu para dentro do ônibus para pegar uma toalha. Enrolou null na mesma e, com ainda mais dificuldade do que tivera quando tirara a camiseta dele, o ajudou a se levantar e caminhar para dentro do ônibus.
Lá dentro, o lugar estava calado. Amy provavelmente já estava dormindo há tempos. Empurrou null para o chuveiro e ligou-o no morno para gelado, o fazendo resmungar. Por ser mais forte, null se molhara mais do que ele, mas já havia retirado seus tênis e as roupas iriam para a mala de roupa suja que iria lavar na próxima parada do ônibus. Retirou a jeans e colocou no mesmo saco que havia colocado a camisa. Meias também. Ao vê-lo apenas com a cueca, achou melhor não mexer no que não deveria. Ensaboou o corpo do músico, o que o fez rir:
- Você estava louca para me tocar, não é? – ele apoiou-se nos ombros da garota que não respondera. Continuou fazendo o trabalho calada e o fez se sentar no chão para que pudesse lavar sua cabeça. Achou que ele havia adormecido por estar calado, mas ao enxaguar os cabelos, o viu abrir os olhos e olhar para ela sério. Não parecia tão bêbado quanto antes, o que a fez terminar tudo o mais rápido possível.
Enquanto enrolava a toalha nele e o fez se sentar na tampa do vaso sanitário, correu para pegar uma camiseta e uma bermuda. Sem dizer nada, null aceitou a ajuda para se trocar. null apenas se retirou quando pediu para que null trocasse a cueca. Ao terminar de trocá-lo, levou-o até seu bunk, mas ele ainda estava tão entorpecido, que várias vezes ele caia pela cama estar mais no alto. Resolveu então levá-lo para o bunk dos fundos, que estava vazio por estarem todos fora bebendo e entrando em coma alcoólico. null colocou-o no sofá e saiu para pegar um cobertor. Ao voltar, viu null sentado mexendo no cabelo umedecido. Levantou o olhar e viu a garota com o cobertor em mãos. Se deitou e fechou os olhos para que ela se aproximasse, o que fez hesitante. Ao arrumar o cobertor em cima do músico, ele segurou em seu pulso, a assustando e de alguma maneira, os dois pararam no chão forrado do espaço. null, por cima, via o rosto vermelho de null. Por sua vez, null via os olhos brilhantes de null.
- Você… gosta de mim. – ele sussurra.
- Não… – ela responde, quase inaudivelmente. null mexe em seu cabelo.
- Gosta sim. – desta vez ela não respondeu. Sentiu os dedos de null na lateral de seu rosto. – Amy disse algo interessante hoje.
A garota não respondeu. Continuou calada apenas ouvindo-o soltar as palavras. O cheiro de álcool ainda predominava quando ele abria a boca.
- Ela me disse que a certeza vem com a prática.
null parara para pensar na frase, mas não estava conseguindo conectar as coisas. Talvez estar em baixo de null a fazia perder a linha de raciocínio, ou talvez null quem não estava mesmo dizendo palavras conexas.
Sem perceber, seus lábios estavam unidos. Decidiu que era o fato de null estar perto que a entorpecia, então não conseguiu pensar rápido para o afastá-lo. Apenas retribuiu o beijo com seus olhos fechados.
O beijo fora duradouro e explorador. As línguas se tocando fazia ambos os corpos estremecerem, não havia troca de carícias ou respiração descompassada. O calmo beijo dos dois permaneceu por um bom tempo e nenhum dos dois ouviram quando a porta fora aberta e então fechada abruptamente por alguém.
Assim que se separaram, ela não teve coragem de abrir os olhos. Ela estava sóbria. null estava bêbado. Ela lembraria no dia seguinte. Ele não.
Para ajudar.
Favorito: 24 anos.
Amy: 16 anos.
Alec: 11 anos.
Liam: 7 anos.
Egan: 7 anos.
Sarah: 3 anos.
Benjamin (Ben): 6 meses.
Capítulo 12
O dia amanheceu tarde no dia seguinte. Pelas crianças terem dormido mais tarde na noite anterior, isso gerou um crédito para o sono de null, que ao olhar para o relógio em seu pulso, constatou que eram quase uma da tarde. Ao tentar se levantar com o susto, sentiu um peso maior a segurando no chão. Ao olhar para o lado, null dormia calmamente com o braço e uma perna em cima do corpo da garota. Mais uma vez assustada, se afastou rapidamente, acordando-o com o movimento brusco.
O viu coçar os olhos e abri-los. Viu null meio deitada, meio prestes a se levantar e então fez uma careta. Coçou a cabeça e se aproximou de null, a fazendo se afastar ainda mais. Estranhou o comportamento da garota. Ela então disse:
- De ontem? – ele perguntou. Ela assente. – Claro que sim.
Ela se calou. Não era possível. Ele estava muito bêbado. Havia até vomitado. Estava mole e…
- Eu não estava bêbado. – null respondeu, fazendo null arregalar os olhos assustada.
- Estava sim. – ela retrucou. Ele balançou a cabeça. – Mas você…
- null vomitou em mim. – null disse. – Estava ajudando ele pouco antes de você chegar, quando ele vomitou em mim e com o cheiro, caí no chão e bati a cabeça no ônibus, dando um pequeno desmaio. Você me acordou com a mangueira e eu estava um pouco tonto por causa do cheiro.
null abria a boca de acordo com que null ia contando os fatos. O que ele queria dizer?
- Eu aproveitei que você estava cuidando de mim para aproveitar para me… desculpar… – ele disse mais baixo. – Achei que se eu tentasse falar com você, você iria se afastar de mim como teve feito nas últimas semanas.
- Você nunca tentou se desculpar. – ela disse acusadora.
- Como eu poderia, você saía toda vez que eu chegava! – ele diz nervoso. Se sentou e encostou na poltrona do espaço. null nada respondeu. Era verdade; mesmo que null quisesse se desculpar, ele não conseguiria, pois ela estava constantemente fugindo dele. – Eu sabia que você me ouviria ontem.
- Pois eu não conseguia acreditar em uma palavra do que disse. Para mim você estava bêbado!
- Quer que eu repita agora então? – ele perguntou sério.
null fechou a boca e estremeceu. Ele parecia tão seguro de si sobre a situação que ela se sentia a garotinha indefesa do papai. Sem saber o que fazer, ela olhou para o lado, cortando o meio de visão dos dois. null suspirou e engatinhou até perto da garota.
null rapidamente se levanta.
- Desculpe null, você é meu…
- Chefe? E daí? Na verdade, quem te contratou foi minha tia, então não é como se…
- Dá na mesma, eu obedeço as suas–
Ela não pode falar muito, pois fora com tanta facilidade que seus lábios foram capturados, que mais uma vez ela não conseguiu ter reação. Ao sentir os lábios de null cobrir os seus, descobriu que não resistia à tentação deles. Estranhamente, enlaçou os braços ao redor do pescoço de null, que a puxara para mais perto dele e juntos deitaram no chão.
null optara por manter o mesmo beijo longo da noite anterior, mas agora com as carícias. Achava que quanto mais ficasse no beijo, mais fácil seria null de esquecer toda a situação e lhe retribuir. Demorou um bocado para que isso acontecesse, mas quando pararam por ouvir batidas fortes na porta, null ameaçara se afastar, mas null não deixou. Ele, por não querer perder a oportunidade, não tentou se afastar novamente e por estarem deitados no chão, arrastou consigo um pouco para que conseguisse chutar a porta de volta. Ouviram risadinhas e então a porta da frente do ônibus se fechar.
Por mais minutos os dois trocaram beijos e carícias. Até que não havia mais ar para segurar e obrigatoriamente se separaram para respirar. Agora sim houve a respiração descompassada. null, por cima de null sorria e a garota analisava se ele estava mesmo sóbrio.
- Você gosta de mim… – null murmura, null desvia o olhar e não consegue evitar abrir um pequeno sorriso. – Gosta sim… – ele sussurra em seu ouvido e, por estarem com os corpos colados, sentiu o de null estremecer.
- Você também… – ela diz e volta a olhar para ele. null sorri e mexe a cabeça.
- É… estou à procura da certeza. – diz antes de selar novamente seus lábios.
- Agora chega né! – era possível ouvir a voz de null no corredor, batendo na porta. – Coloquem suas roupas, temos uma estrada para pegar!
null rapidamente abriu a porta e todos entraram correndo, tentando pegar null no flagra se trocando, mas tudo o que viram fora a garota coberta, sentada na poltrona e a televisão ligada em um filme.
- VOCÊS SÓ PODEM ESTAR BRINCANDO! – null berrou. – EU ME OBRIGUEI A FICAR DE BABÁ E TIVE QUE TROCAR A FRALDA DO BENJAMIN SETE VEZES ACHANDO QUE VOCÊS ESTAVAM TRANSANDO! CHEGO AQUI E É ISSO O QUE EU VEJO? – aponta para null, que ri. – Estou oficialmente aposentado como babá.
- TIO ! – ouvem as vozes de Liam e Egan. – VIDEO-GAME!!!!
- VÍDEO-GAME! – null berra e bate na mãos dos dois, desligando o filme e colocando na tela do video game.
- Ele é tão burro… – Amy diz e se senta ao lado de null. – Eu tenho que te contar o que aconteceu ontem!
- Claro que tem! – null sorri. – Que tal subirmos? – ao ver a garota concordar, se levantam e null joga a coberta em cima dos gêmeos que se divertem tentando sair debaixo dele. null então faz menção de segui-las, mas Amy o para.
- Oras, por quê? – ele reclama.
- Porque é uma conversa de mulheres! – Amy o empurra de volta para a sala.
- Não me importo se vocês estão namorando. – ao dizer, null cora e os amigos de null começam a berrar, o fazendo rir. – Mas como fui eu quem fiz os dois ficarem juntos, eu tenho créditos com você.
null levanta a sobrancelha e recebe uma piscadela da sobrinha, vendo ela empurrar null para o andar de cima. Olha para os amigos que enviavam sorrisos maliciosos enquanto Liam e Egan berravam por video-game e Alec alimentava Yuc com algumas folhas de alface. Sarah e Benjamin estavam no andar de cima com Matt, que aguardava null chegar para descer.
- … e então nós voltamos e eu vi hoje na internet que tem gente falando que nós somos namorados! – Amy não parecia se preocupar em ser a “namorada” de null; o importante é que ela estava na mídia. – Isso não é legal? Quero dizer, não que eu estou namorando o meu
tio, mas você me entendeu.
- Claro, isso é mesmo extraordinário. – null sorria calmamente como fazia sempre que ouvia as crianças contarem alguma novidade que para elas era surpreendente.
- E… vocês dois… – Amy começa a dizer. null a encara confusa. – Vocês estão namorando?
- A-ah… bem… eu não sei… acho… não falamos sobre… é. – respondeu sem saber direito o que deveria falar. Amy suspirou e se encostou na parede.
- Por mim e pelos meus irmãos está tudo bem. Nós gostamos de você. Ficar com o tio null e os outros é um saco, então ter você, tipo, para sempre, não é uma má ideia.
- Eu acho que… talvez nós precisamos conversar… – null estava perdida em seus pensamentos. Não sabia o que pensar, estava confusa. Amy levantou os ombros:
- Minha família ficaria feliz em saber que tio null finalmente sossegou o amiguinho dele. Essa fama de Heartbreaker é o pesadelo da minha tia avó.
null solta uma risadinha e se deita ao lado de Benjamin.
- Por mim vocês estão namorando. – fora a última coisa que null ouviu antes de voltar a adormecer.
Acordara quando já era de noite. Benjamin dormia ao seu lado com Sarah, Liam e Egan. Amy e Alec não estavam lá, achava que eles poderiam estar conversando com os tios e amigos. Suspirou e sentiu a preguiça abraçar seu corpo. Se encolheu debaixo do cobertor que haviam colocado nela e se virou para o outro lado ao ter certeza que Ben e Sarah estavam confortáveis. Se assustou ao ver null dormindo ao seu lado. Dividia a coberta com ela. Olhou em direção à escada e viu um cartaz de papéis sulfites colados e a mensagem: “HIHIHIHIHIHIHIHI (666)”, soltou uma risada abafada e voltou a deitar, vendo null adormecido. Mesmo já descansada, obrigou-se a voltar dormir agora mais perto de null.
Para ajudar.
Favorito: 24 anos.
Amy: 16 anos.
Alec: 11 anos.
Liam: 7 anos.
Egan: 7 anos.
Sarah: 3 anos.
Benjamin (Ben): 6 meses.
Capítulo 13
Depois do suposto início de namoro de null e null, ele insistira em dormir em cima com ela, enquanto Amy e Alec celebravam poderem dormir nos bunks. Ao ver o nome de Travis no telefone de null uma vez que ela estava no banho, null pensara em milhares de maneiras para iniciar o assunto com ela. Nunca conseguira chegar a um tema apropriado. Durante toda a turnê até o norte, null pensara se deveria conversar com a garota sobre isso, mas ela não parecia se importar em falar ou não com Travis e ele não aparecera mais, pois a banda seguira para o Sul, enquanto o All Time Low seguia para o lado oposto.
Assim que chegaram a Nova Iorque, última cidade antes de voltarem para Baltimore e o contrato de null terminar, o hotel em que ficariam era muito mais fino do que os outros. A banda tinha dois dias livres antes da última apresentação, então resolveram se dispersar nos dias. A banda, tirando null e a equipe se uniram para ficarem em uma programação “nada a ver para casais”, mas concordaram que era melhor que null ficasse com Benjamin e Sarah. Porém, na última noite antes do show, null teve uma pequena ideia enquanto fazia alguns retoques no set list com os amigos. Correu até o hotel e abriu a porta do quarto que null dividia com as crianças. Lá estava ela dando o jantar de Benjamin às seis e meia.
- Hey, o que você acha de nós dois sairmos hoje?
- Amanhã você tem apresentação, não tem? – ela responde olhando para ele se sentar na cama e então volta a atenção para Benjamin, que insistia em querer pegar a colher ele mesmo.
- É só de noite, e a passagem de som não será tão cedo, terei que acordar lá pelas 10.
null olha para null que a olhava ansioso.
- Tipo um encontro? – Amy diz da cama ao lado. Tinha o notebook no colo e os fones de ouvido.
- Pode ser, tipo isso. – null balançou a cabeça e voltou a olhar para null.
- Eu posso cuidar deles, se quiser. – Alec disse repentinamente. Todos se calaram e olharam para o irmão mais velho, que se manteve calado durante toda a viagem. Ele olhou para null: – Mas só se você fizer aquilo que eu te pedi.
- Alec, você não pode ter aulas particulares para sempre. – null diz cansada.
- Mas só mais um ano! – ele se levanta de sua cama e vem até ela. – Ou talvez eu possa ir direto para a universidade!
- Você precisa de notas escolares para ir para a faculdade. – null responde.
- Não preciso não. Eu já vi tudo, e de qualquer maneira, faltam alguns anos até eu ir para a faculdade.
- Não seria mal não ter que ir para a escola.
null olha para null, que não estava entendendo qual o tipo de conversa que estavam tendo. Alec foi até null e botou uma mão no ombro dela:
null deu uma risada com o modo adulto que ele se dirigiu à ela e então balançou a cabeça, voltando a dar atenção ao pequeno Ben, que estava ainda mais ansioso agora que a boca estava vazia.
- O que está acontecendo? – null pergunta confuso.
- Nós só queremos expandir o contrato da null por mais um ano. – Amy disse. – Se ela voltar para Baltimore e fechar, terá de estudar e trabalhar, e não nos veremos nunca mais.
null se cala. Não havia pensado nisso. Havia se esquecido que null tinha uma vida fora dali. Olha para null ansioso, mas ela não parecia estar dando ouvidos.
- Bom, podemos sair hoje?
- Pense nisso como um jantar de agradecimento. Por nos aguentar. – apontou para todos os presentes no quarto. null hesitou, mas depois de um breve tempo, concordou com a cabeça, fazendo null sorrir e bater as mãos: – Passo aqui às nove.
- Se você quiser colocar os gêmeos para dormir agora e conseguir ficar pronta até às oito…
- Não, não. – null responde rapidamente. – Às nove está ótimo. Talvez nove e meia…
- Porque não podemos ter também um momento de liberdade e não termos hora para dormir só hoje? E usar o serviço de quarto. – Amy disse.
- Você não tem horário para dormir, Amy. E serviço de quarto é caro. – null responde e a garota levanta os ombros.
- Estou me expressando pelos meninos.
null olha para null, que olha para as crianças. Suspira.
- Só hoje. Mas Benjamin deve ir para a cama agora e vocês não podem acordar ele de noite. E sem ultrapassarem dos cinquenta dólares cada um…
- Tudo bem! – Amy pula da cama e corre até os quatro irmãos. – Hey, hoje temos carta verde!
- EEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE!!!! – as crianças pulam.
null havia levado null a um restaurante que parecia ser fino, mas que por dentro se mostrou ser muito mais caseiro do que os restaurantes normais. Pediram direto o prato principal. null olhou para o homem, que lhe olhou de volta.
- Você não quer renovar o contrato? – ele perguntou. null se encostou na cadeira e suspirou.
- Acho que tenho que pensar mais em mim agora. E eu acho que as crianças irão morar com sua família, não é? Era apenas um ano.
- Eu sei. – null concorda. – Mas poderiamos dar essa desculpa para você entrar em turnê comigo novamente. – ele sorri e ela dá uma risada.
- Não acho que você vá sair tão cedo. – por estar junto com a banda, era possível ouvir algumas decisões deles, sendo a principal voltarem ao estúdio assim que chegassem a Baltimore. Não fariam turnê por alguns meses.
- E você terá tempo para mim?
- Quem deveria perguntar isso sou eu, não acha? E além de tudo, nós nem estamos namorando. – ela deu um gole em sua taça de vinho. null levantou as sobrancelhas.
- Por que não estamos namorando?
- Você não me pediu em namoro!
- Achei que você já soubesse que estamos em um namoro, todo mundo disse.
- Bem, eu acho que um casal só está em namoro quando eles decidem que estão namorando, não quando os outros dizem que eles estão. – null diz e null solta uma risada nasalada. – O quê?
- Oras, se você quisesse que eu lhe pedisse, deveria ter me falado há tempos! Estou falando para todo mundo que estamos e então você diz que não estamos?
- Nunca disse nada, ninguém nunca me perguntou nada!
null se cala. null estranha seu silêncio e pergunta:
- Ninguém nunca te perguntou sobre nosso relacionamento?
- Não. null. Sou a babá dos seus sobrinhos.
- Não deixa de ser uma garota da minha idade que pode me namorar. – ele a faz rir. – O que foi?
- Eu só acho que toda essa fama está fazendo você viajar um pouco. Eu não quero também ser reconhecida por todo mundo como sua namorada. Suas fãs podem querer me bater.
null solta algumas risadas. Os dois bebem outro gole do vinho até null soltar sua taça e depositar sua mão em cima da de null. Esta, surpresa, olha para o músico, que muito sério e calmo diz:
- Você quer namorar comigo?