An Ode to Odi
O pequeno ouriço não fazia ideia de onde iria parar ou qual seria sua missão de vida a partir daquele instante, ele mal tinha um nome! Sua mãe o chamava de “Hkaa”, mas era na língua dos ouriços e ele não sabia traduzir aquilo para algo que fosse entendível, já os humanos que cuidavam dele desde que havia chegado ao mundo – não fazia muito tempo, diga-se de passagem – o chamavam de “filhote 1” e a sua irmã de “filhote 2”. Eram humanos até que simpáticos e sua mãe ouriço confiava neles, então “Hkaa”, ou “filhote 1”, sentia-se tranquilo na presença deles.
Algum tempo depois de seu nascimento, sua mamãe explicou a ele e a sua irmã que os dois já estavam grandes o bastante, e por isso, logo mais aquela família se separaria, mas “era algo natural da vida” dizia ela. Os dois irmãos não gostaram muito da ideia de se separarem e de se separarem da mãe, mas depois de certo tempo, a ideia começou a se assentar na mente dos pequeninos filhotes.
Segundo os humanos, era abril quando um novo humano foi introduzido ao “filhote 1”, aparentemente era um macho, esguio e bastante alto aos olhos do pequeno ouriço. De imediato o animal não havia ido muito com a cara do humano, ele parecia um tanto desanimado enquanto olhava para “filhote 1”, não era bem aquela energia que o ouriço queria ter por perto.
— Que gracinha, olha essa carinha! — Outro humano, daquela vez uma fêmea – muito menor que o macho –, exclamou parecendo muito animada.
Aquela energia interessou a “filhote 1”.
Depois de muita conversa entre os humanos novos e os humanos antigos, a fêmea humana animada perguntou ao macho humano antigo se podia pegar Hkaa.
— Ele pode demorar um pouco para se acostumar, aproxime-se devagar — orientou o macho antigo.
A humana animada se aproximou com cuidado tentando parecer calma, mas Hkaa podia sentir toda a empolgação que percorria internamente o corpo miúdo. O pequeno filhote de ouriço não conseguiu refrear o impulso de se aproximar um pouquinho da mão da humana, que soltou um gritinho baixo quando foi tocada. Hkaa se encolheu,
havia machucado ela? — Yah, ! Assim você vai assustar o coitado! — o humano alto e tristonho ralhou baixinho.
— Desculpe, desculpe! — a humana animada – – exclamou colocando as mãos na boca. Hkaa achou aquele gesto engraçado. — Desculpe, amiguinho! Eu só fiquei animada por poder te tocar!
O ouriço encarou a humana miúda e farejou o ar. Ela tinha um cheiro doce e agradável que o pequeno animal não fazia ideia do que poderia ser, ele não tinha se aventurado muito além do lugar onde os antigos humanos o colocavam junto de sua família.
— Vamos, Soobin, tente você já que é você quem vai adotar um bichinho. — cutucou o humano tristonho que voltou o olhar para o pequeno filhote.
Hkaa conseguia quase tocar a tristeza daquele macho humano, sua primeira reação foi se afastar da tentativa de toque dele, que não fez menção de tentar uma reaproximação.
— Ora, vamos lá, filhote! — a humana animada exclamou, deixando sua energia fluir até ele. — Soobin pode ser grandão e assustador, mas é um amorzinho!
A humana miúda insistiu para que o humano tristonho – Soobin – tentasse novamente, mas daquela vez ela também estendeu a mão para o ouriço que, desconfiado, cheirou o ar. O humano macho tinha um cheiro mais salgado e destacado, mas não era um cheiro desagradável. Com a mistura das duas energias, “filhote 1” se sentiu menos arredio e se permitiu ser tocado por ambos.
Mais uma vez, a humana animada deu um gritinho que sobressaltou um pouco a Hkaa que
daquela vez estava um pouco mais acostumado ao som, apesar do susto; o ouriçou olhou para cima e percebeu que o humano tristonho ainda o acariciava – um tanto sem jeito – e também tinha um pequeno sorriso nos lábios. Daquele jeito, ele não parecia tão ruim…
O fato é que naquele mesmo dia, Hkaa se viu sendo levado de seu lar com os antigos humanos para um novo lugar bastante diferente.
— Como vamos chama-lo? — questionou enquanto ajudava Soobin a arrumar o novo lar do ouriço.
— Dizem que nomes de comida em pets dão sorte e vida longa aos animais… — o humano tristonho murmurou pensativo.
— Que tal
Odi? — a humana animada perguntou.
Hkaa viu os dois humanos se encararem, o macho fazendo uma cara engraçada para a fêmea ao seu lado. Depois de alguns minutos discutindo algo que não era de interesse de “filhote 1”, finalmente haviam decidido: seu novo nome seria “Odi”.
O tempo foi passando e Hkaa, agora Odi, foi sendo apresentado a sua nova família humana. Ele havia conhecido mais quatro humanos machos que pareciam conviver bastante com o seu novo humano. Odi precisava admitir que não gostava muito de interagir com outros além de seu humano e da humana animada, mas tentava tolerar pois, da primeira vez que ele havia mordiscado o dedo de um dos companheiros de Soobin, a reação dele e de não fora muito calorosa e Odi não gostou da energia que aquilo trouxe.
O pequeno ouriço se mostrou bastante adaptado a sua nova rotina, apesar de um tanto arisco nas primeiras semanas. A energia que o humano tristonho emanava ainda não era muito reconfortante para o animal.
— Você tendo uma companhia como Odi vai te ajudar a se sentir melhor — a humana animada um dia disse para Soobin.
Eles conversaram bastante sobre algo chamado…
depressão. Odi não fazia ideia do que aquilo significava, mas aparentemente era o que deixava seu humano
tristonho. disse naquele mesmo dia que contava com a ajuda do pequeno ouriço para animar
seu Soobin. Desde então, Odi havia decidido que
aquela seria sua missão de vida, ajudar o seu humano tristonho a se livrar daquela tal depressão.
O ouriço não sabia o que seu humano fazia da vida, mas ele saía constantemente de sua toca e ficava fora por longas horas. Odi não se importava muito em ser deixado sozinho, contanto que tivesse comida e água o bastante e também espaço para que pudesse se entreter, mas decidiu que gostava quando Soobin chegava de fosse lá onde e o cumprimentava de forma cada vez mais alegre a cada dia que passava.
Apesar de ter começado a gostar desse novo estado de energia do humano tristonho, sua companhia favorita ainda era de , a humana animada. Quando ela aparecia para fazer uma visita, Odi “fazia a festa” como Soobin costumava dizer. Embora a energia daquela humana pudesse baixar um pouco de vez em quando, ela nunca deixou de emanar
animação.
Um dia seu humano – não mais tão tristonho – apontou um negócio esquisito em sua direção, um objeto retangular e fino que às vezes acendia e fazia barulhos engraçados. Odi ficou desconfiado, por isso correu para se esconder em sua toca. Aparentemente era o que os humanos chamavam de
celular, e Soobin havia feito um vídeo do ouriço para sabe-se lá quais fins.
— Você é famoso e querido,
uri Odi! — exclamou pegando o bichinho no colo para encará-lo olhos nos olhos. O animal não tinha ideia do que “ser famoso” significava, mas dada a alegria e empolgação da humana, não podia ser algo ruim, certo?
— MOAs te acham fofo e apertável — Soobin completou.
O ouriço se questionou o que seriam “MOAs”, e obviamente não teve uma resposta direta, já que seu humano não entendia muito bem a língua dos ouriços – apesar de já ter aprendido que “
skeek” significava “me deixe” ou “se afaste” ou “não quero interação, humano”, e que
“keek” significava “eba!” ou “estou feliz” ou “gosto de você” –, mas havia entendido que fosse o que fosse ou quem fosse, MOA era algo que deixava, na maioria das vezes, seu humano feliz.
Numa noite incomum na qual todos os humanos da família de Odi estavam reunidos na mesma toca – e
claro que aquilo incluía –, o ouriço ouviu o que Soobin chamou de “entrevista do TXT” na qual os quatro outros machos e seu humano falaram de seus “bichos de estimação”. Taehyun, o humano
um tanto mais calmo que os outros, tinha uma cobra chamada Aengdu que Odi agradeceu por nunca ter encontrado; Beomgyu, o humano de cabelos levemente mais longos que os demais, tinha um papagaio chamado Toto que Odi gostou de conhecer, mas ambos preferiam se manter longe.
Depois da apresentação de cada animal, foi a vez de os cinco humanos compartilharem histórias de seus bichinhos.
— Wah, aquele dia foi realmente assustador! — Beomgyu exclamou, fazendo os outros humanos rirem. — Eu entrei no quarto de Soobin para pegar algo e acendi a luz, Odi me encarou de um jeito nada amigável…
Ah! O ouriço se lembrava bem daquele dia! Ele havia acabado de pegar no sono, fazia poucos minutos que seu humano havia saído de sua toca, e tudo estava silencioso e escuro, perfeito para uma boa soneca, quando o humano Beomgyu surgiu acendendo a luz e fazendo um estardalhaço ao abrir a porta da toca de Soobin.
Odi se desfez da forma de bolota na qual costumava dormir, ergueu a cabeça e encarou o intruso com sua melhor feição séria e carrancuda.
Ninguém gostava de ser acordado de forma brusca, não é mesmo?
— Opa… — O humano arregalou levemente os olhos ao encarar o pequeno ouriço zangado. — Ahn… Desculpe — disse tornando a apagar a luz e saindo cuidadosamente do local, sem fazer mais barulhos.
…
— Odi realmente tem uma personalidade forte — disse rindo do humano de cabelos longos enquanto fazia carinho no bichinho que soltou uma exclamação feliz.
— Ele gosta de você, mas olha pra mim como se fosse me assassinar! — Beomgyu retrucou num tom quase ofendido.
O ouriço pensava que aquela constatação era um exagero, mas não poderia negar que era um grande sacrifício não morder o dedo daquele humano.
— Odi gosta mais dela do que
de mim! — Soobin exclamou parecendo ultrajado, mas logo rindo e também acariciando o animal.
Era verdade que à primeira vista o ouriço não havia gostado muito de seu humano, a tal da depressão o havia deixado muito
tristonho o que o fazia emanar uma energia nada agradável, mas com o tempo e com a ajuda de sua humana animada, as coisas começaram a mudar, então Odi passou a gostar
realmente de seu humano. Mas precisava admitir que gostava
um pouquinho mais da humana animada, mas nada que
realmente fizesse diferença.
Soobin pegou o ouriço nas mãos e o encarou seriamente como se estivesse tendo uma conversa de extrema importância com ele. Odi não ouviu nenhuma palavra, mas conseguia entender o que seu humano lhe dizia pelo olhar: ele agradecia pela companhia, pela ajuda e pelas alegrias no dia a dia. Ele estava
feliz.
Keeek! Odi soltou. Ele também estava feliz por ter sido útil e poder ter ajudado a mudar a energia triste de seu humano, estava feliz por ter ido parar naquela sua nova família de humanos. Estava feliz porque se sentia amado, mas muito mais do que tudo aquilo: estava feliz porque havia atingido o propósito que havia escolhido para sua vida.
— Eu também te amo, Odi — Soobin murmurou sorrindo e o colocando de volta no chão para que o bichinho ficasse mais à vontade.
Odi pensou que seu humano ainda precisava treinar um pouco mais a língua dos ouriços, já que
“keek” significava “gostar” e
“keak” era “amar”, mas ao invés de tentar explicar aquilo tudo – o que daria um baita trabalho para um pequeno ouriço como ele –, Odi apenas concordou.
Fim
Nota: Quando eu vi no resultado do Quiz um ouriço, óbvio que eu não podia deixar de lembrar do digníssimo Odi, né? Inicialmente eu pensei em fazer “toda” a trajetória do nosso ouriço fofinho na vida do Binnie, do primeiro dia ao último, mas como na minha outra fic do Quiz eu já coloquei bastante morte, resolvi deixar apenas com esse final – que ao meu ver foi fofinho LOL – pra lembrar o quanto esse pequenino foi querido pelo Soobin <3
Eu achei divertido mostrar o ponto de vista – embora em terceira pessoa kkkk – do bichinho ao invés do humano, foi uma experiência interessante e engraçadinha! Espero que tenham gostado desta pequena brisa que foi a história, bjos!
exatamente hihihi
TADINHO DO ODI MEU DEUS
estou chorando? talvez
que fofinho meu deusssss
eu vou choraaaar
QUE FIC MAIS FOFINHA E ADORÁVEL!!!!!! <3