All these years
“Your hair’s grown a little longer
Your arms look a little stronger
Your eyes, just as I remember
Your smile’s just a little softer”
Eu parei subitamente de andar e minhas colegas de trabalho fizeram o mesmo, batendo os olhos
nele, assim como eu. Nossos olhares se encontraram assim que ele subiu os olhos da grande mala para cima.
Ele parecia mais maduro agora. Os cabelos, um pouco mais longos, emolduravam seu rosto de um jeito diferente, quase suave. E seus braços… marcavam o tecido justo do blazer que ele usava, revelando uma força que antes parecia sutil, mas que agora se destacava com intensidade.
Seus olhos, ainda os mesmos, me encaravam com a profundidade de sempre, e por um momento, me senti mergulhar em tudo o que um dia compartilhamos. Ele abriu um sorriso, mas havia uma suavidade que antes não existia, como se cada traço carregasse agora histórias que eu não conhecia.
Sem perceber, dei um passo à frente, sentindo minha própria hesitação, mas fui interrompida pela voz de uma colega ao meu lado.
— Você conhece ele? — ela sussurrou, mas tudo o que consegui fazer foi assentir, meus olhos ainda presos aos dele, enquanto o mundo ao redor parecia ter desaparecido.
“And I, and I never prepared for a moment like that
Yeah, in a second, it all came back, it all came back”
Minha mente girava com a lembrança de tudo o que fomos, e antes que eu pudesse responder, ele quebrou o silêncio com uma voz grave, que parecia ter ganhado uma maturidade que eu não conhecia.
— Somos velhos conhecidos, não é,
? — ele disse, com um leve sorriso nos lábios.
Engoli em seco, incapaz de esconder o nervosismo que a proximidade dele me causava. Balancei a cabeça, tentando me recompor e ignorar o calor que se espalhava pelo meu rosto.
— Seja bem-vindo de volta à Inglaterra — consegui dizer, a voz saindo mais baixa do que eu pretendia.
Ele me observou por um instante, os olhos revelando algo que parecia tanto nostalgia quanto curiosidade. Era como se, em um segundo, todo o tempo e a distância entre nós tivessem se dissipado, e de repente, eu estivesse novamente naquela versão de mim mesma que o conhecia tão bem.
Ele inclinou levemente a cabeça, como se estivesse analisando minha reação, e sorriu de canto, aquele sorriso que parecia carregar uma provocação velada.
— Parece que não te prepararam para a minha volta. A empresa não avisou a vocês que eu viria? — perguntou, a voz carregada de uma leve ironia que só aumentava o meu nervosismo.
Engoli seco, tentando ignorar o aperto que ainda sentia no peito. Forcei um sorriso, buscando uma naturalidade que, naquela situação, parecia impossível.
— Você é o dono disso tudo,
— respondi, tentando manter a compostura. — Não precisa avisar que vem.
Ele deu uma risada baixa, e pude ver que os outros colegas trocavam olhares curiosos, notando a tensão no ar. Eu mantive o sorriso no rosto, mas sabia que minhas mãos tremiam ligeiramente, escondidas no bolso do casaco.
— É verdade — ele disse, com um brilho divertido nos olhos. — Parece que algumas coisas não mudaram tanto assim, não é?
E ali, naquele instante, percebi que nossa história estava longe de estar enterrada no passado.
“’Cause after all these years
I still feel everything when you are near
And it was just a quick hello
And you had to go
And you probably will never know
You’re still the one I’m after all these years”
olhou para o relógio em seu pulso e suspirou levemente antes de voltar os olhos para mim.
— Não quero atrapalhar seu horário de almoço. Nos vemos depois… — disse ele, com um meio sorriso que parecia carregar uma despedida breve, mas carregada de algo mais.
Eu apenas assenti, incapaz de encontrar palavras enquanto ele se afastava. Com a ajuda do porteiro, ele entrou na empresa com a mala, desaparecendo pela entrada principal.
Assim que ele sumiu de vista, minhas colegas de trabalho, que haviam acompanhado tudo em silêncio até então, começaram a sussurrar animadas.
— Então você é uma das poucas pessoas que conhece o senhor ? — uma delas perguntou, com olhos arregalados.
Outra, ainda olhando na direção de , comentou com um tom surpreso:
— Dizem que ele raramente visita a filial daqui, então isso é uma surpresa. Nunca imaginei que ele fosse tão…
jovem.
— E tão
bonito também, né? — outra completou, sorrindo de lado.
Tentei sorrir e manter o tom casual, mas meu coração ainda batia acelerado com o reencontro inesperado. Eu sabia que, para elas, isso era apenas uma coincidência curiosa, mas para mim, era uma lembrança que ressurgia de um passado que eu achava ter deixado para trás.
❄️❄️❄️
Fomos até o restaurante de sempre, acompanhadas por alguns colegas de trabalho e da equipe. A conversa ao redor da mesa logo se animou, com risadas e vozes que ecoavam pelo ambiente acolhedor. Eu tentava prestar atenção, respondendo quando alguém me chamava e concordando com as piadas, mas minha mente continuava presa ao que tinha acabado de acontecer.
. Depois de todos esses anos. As vozes das minhas colegas de trabalho pareciam distantes, como se fossem apenas um ruído de fundo, enquanto meu pensamento voltava para cada detalhe daquele breve reencontro. Seus olhos, o sorriso quase sutil, a forma como parecia ter mudado e, ao mesmo tempo, continuava tão familiar.
— …? Tá tudo bem? — A voz de uma colega me trouxe de volta, e percebi que todas estavam me olhando, esperando minha resposta.
— Ah, sim, sim… só estava pensando em… algumas coisas do trabalho — menti, forçando um sorriso.
Elas continuaram a conversa, mas minha mente voltava para ele, involuntariamente repassando cada palavra, cada gesto. Eu me perguntava o que o tinha trazido de volta à Inglaterra, e por que não havia avisado.
A cada novo pensamento, a realidade parecia se embaralhar com as lembranças, e eu me sentia como se estivesse presa entre o passado e o presente, sem saber exatamente em qual deles deveria estar.
Depois do almoço, voltamos para a empresa, e me forcei a focar nas tarefas da tarde. Concentrei-me nas planilhas e nos relatórios que precisavam ser finalizados, revisando as metas para a nova equipe. Mas, de tempos em tempos, meu pensamento escapava, voltando para o rosto de e o que ele havia dito mais cedo. A tensão do reencontro ainda permanecia, como uma constante sensação de alerta que eu tentava ignorar.
Quando o dia já se encaminhava para o fim, um dos presidentes convocou uma reunião para apresentar oficialmente o novo CEO, especialmente para aqueles que haviam entrado recentemente e ainda não o conheciam pessoalmente. Embora eu fosse uma das diretoras mais experientes e já o conhecesse bem demais, me juntei aos demais da equipe, sabendo que muitos dos meus funcionários eram novos e que minha presença também os tranquilizaria.
Entramos na sala de reuniões, onde alguns já aguardavam, curiosos e animados. Logo, entrou, e o ambiente pareceu mudar instantaneamente. Ele estava com um ar impecável, seu blazer perfeitamente alinhado e o olhar firme enquanto cumprimentava o presidente e trocava algumas palavras formais com os diretores.
Quando o presidente começou a falar, explicando sobre as metas e a nova fase que lideraria, meus olhos, inevitavelmente, ficaram presos a ele. Eu o observava, notando a segurança e a naturalidade com que falava, algo que antes era menos evidente. Ele se dirigiu à equipe com uma confiança serena, explicando que queria conhecer cada área pessoalmente e entender melhor os projetos em andamento.
— Acredito que juntos poderemos realizar grandes mudanças para a empresa e tornar essa filial um exemplo de inovação e eficiência — ele dizia, com aquele tom seguro, mas tranquilo. — Conto com cada um de vocês para isso.
A sala ficou em silêncio por um momento, e eu me dei conta de que segurava a respiração. Ele era o mesmo, e ao mesmo tempo era como se houvesse se transformado em alguém que eu estava conhecendo novamente.
Então, seu olhar encontrou o meu por um instante, e senti um arrepio involuntário. Eu sabia que todos ao redor o admiravam, alguns até sussurrando elogios e comentando sua postura. Quando ele concluiu, cumprimentou alguns diretores e coordenadores, e eu me preparei para sair discretamente, sem chamar atenção.
Mas, antes que eu pudesse me afastar, ouvi sua voz mais uma vez.
— — ele chamou, com uma leve inclinação de cabeça. — Podemos conversar um instante depois?
Eu apenas assenti, sentindo meu coração acelerar, enquanto as palavras dele ainda ecoavam na minha mente.
Voltando para minha mesa, tentei me concentrar novamente nas tarefas finais do dia. Mas, como eu suspeitava, não demorou para que algumas colegas e membros da minha equipe começassem a conversar sobre a apresentação de .
— Ele é realmente impressionante, não é? — comentou uma das funcionárias, ajeitando os óculos enquanto suspirava. — A postura, a confiança… tudo nele parece tão… sólido.
— E aquele sotaque? — disse outra, rindo baixinho. — É suave, mas dá pra perceber que ele não é daqui. Tão charmoso!
— E a presença dele, vocês perceberam? Ele tem um jeito de olhar que quase faz a gente congelar no lugar! — completou uma terceira, suspirando.
Eu sorri para elas, mantendo o profissionalismo, mas minha mente já estava a quilômetros de distância, imersa nas memórias. Me lembrei do dia em que conheci pela primeira vez, há anos, quando ele havia acabado de se juntar à filial em outro país. Ele era tão jovem e cheio de determinação, com aquele sotaque coreano marcado e o olhar curioso, explorando cada detalhe ao seu redor como se absorvesse o ambiente.
Ele tinha uma postura confiante desde aquela época, mas, de alguma forma, ainda mostrava uma vulnerabilidade que, aos poucos, eu aprenderia a decifrar. Ele parecia, ao mesmo tempo, tão seguro e tão perdido em um mundo diferente, e, naquele dia, eu me vi intrigada pela presença dele de uma maneira que nunca havia sentido antes.
Voltei ao presente quando percebi uma das funcionárias me olhando com curiosidade.
— Diretora , você conhece ele há muito tempo, né? Ele mencionou algo assim…
Sorri educadamente, tentando esconder o turbilhão de lembranças e emoções.
— Sim, trabalhamos juntos em alguns projetos no passado — respondi, mantendo o tom casual.
Mas, enquanto voltava a olhar para minha mesa, sabia que aquela
“história passada” era bem mais complexa do que eu deixava transparecer.
❄️❄️❄️
A empresa já estava praticamente vazia. A maioria dos funcionários havia saído, e o silêncio agora dominava os corredores e salas antes repletos de conversas e telefonemas. Eu estava revisando os últimos detalhes de um relatório, concentrada o suficiente para quase esquecer que o dia estava acabando.
Mas então, uma sensação familiar tomou conta de mim, como um instinto que me fez levantar o olhar.
estava ali, encostado no batente da porta da minha sala, me observando em silêncio, com aquele meio sorriso enigmático. Os braços cruzados de forma descontraída, e o olhar calmo e intenso ao mesmo tempo, me faziam sentir como se o tempo tivesse parado.
Por um segundo, eu congelei, sem saber o que dizer ou fazer, enquanto sentia o peso do olhar dele sobre mim. Todos os anos que havíamos passado sem nos ver pareciam desaparecer naquele instante.
Ele descruzou os braços devagar e deu um passo para dentro da sala, com uma naturalidade que só ele conseguia ter.
— Achei que já tivesse ido embora — comentei, tentando manter o tom casual, apesar do nervosismo que se acumulava.
deu de ombros, aproximando-se um pouco mais.
— Quis esperar que você terminasse — respondeu, sua voz baixa, suave, como se não quisesse quebrar o silêncio que pairava no ar. — Senti que precisávamos de um pouco mais que um “
olá” rápido, não acha?
Eu respirei fundo, tentando manter a calma, mesmo sabendo que a presença dele ali, no final de um dia tão inesperado, trazia à tona todas as emoções que eu achava ter controlado.
— Talvez tenha razão — murmurei, desviando o olhar por um instante, antes de encontrar os olhos dele novamente. — Muito tempo se passou, afinal.
Ele assentiu, e um sorriso suave apareceu em seu rosto, algo entre saudade e curiosidade.
— Temos um passado que merecia, no mínimo, uma conversa — ele disse, a voz carregada de uma leveza que contrastava com a intensidade do momento. — Podemos começar agora?
Assenti, sentindo o coração acelerar com a perspectiva de finalmente esclarecer tudo o que ficara entre nós.
deu um passo à frente, como se estivesse prestes a dizer algo importante, quando o som do toque de um telefone quebrou o silêncio. Ele fechou os olhos por um instante, murmurando um
“droga!” quase inaudível, enquanto tirava o celular do bolso.
— Preciso atender — disse em um tom de voz baixo e frustrado, olhando para mim com um pedido de desculpas silencioso antes de virar-se e sair da sala, falando em um tom sério e profissional com a pessoa do outro lado da linha.
A oportunidade inesperada para evitar aquela conversa fez meu coração bater mais rápido. Sem pensar muito, comecei a juntar minhas coisas rapidamente, sentindo uma mistura de alívio e ansiedade que me impulsionava a sair dali antes que ele voltasse.
Peguei minha bolsa, desliguei o computador e respirei fundo. Com passos apressados, saí da sala, aproveitando o silêncio da empresa vazia e tentando não pensar demais no que aquele reencontro tinha mexido dentro de mim.
Saí pela porta da frente, sentindo o ar fresco da noite bater em meu rosto. E enquanto caminhava para casa, cada passo parecia ao mesmo tempo uma fuga e um suspiro de alívio, como se estivesse escapando de uma conversa que ainda não sabia se queria ter.
❄️❄️❄️
“Couldn’t help but overhear ya
It sounds like you’re happy with her
But does she kiss you like I kissed ya?
Ooh, I wish I loved you like I miss ya…”
A semana passou arrastada. Eu evitava o máximo que conseguia, desviando discretamente sempre que o via pelo corredor ou disfarçando o olhar quando ele aparecia inesperadamente nas reuniões. Mas, apesar das minhas tentativas de manter distância, era impossível evitar todos os olhares trocados — rápidos, furtivos e carregados de uma tensão que ninguém além de nós parecia notar.
Cada vez que nossos olhares se encontravam, memórias de momentos compartilhados surgiam em minha mente sem que eu pudesse evitar. Os beijos que trocávamos, as risadas e as longas conversas ao final de dias cansativos… memórias que, de alguma forma, pareciam ainda tão vívidas quanto o presente.
Na sexta-feira, dia da
festa de fim de
ano da empresa, tentei me preparar mentalmente para a inevitável presença de . Ele estaria lá, claro — agora, como CEO. Mas o desafio não seria apenas vê-lo; seria encará-lo e agir com naturalidade diante dos colegas, enquanto meu coração ainda reagia ao simples fato de tê-lo tão perto outra vez.
Quando cheguei ao salão onde o evento seria realizado, percebi que ele já estava ali, conversando com alguns dos diretores da empresa. Eu me aproximei do grupo de longe, o suficiente para ouvir o tom amigável e descontraído da conversa deles, e senti meu estômago revirar ao ouvir o nome de outra mulher.
— Sim, estou feliz com ela — dizia , com um leve sorriso no rosto. — Ela é incrível, e tem uma visão de vida inspiradora.
Desviei o olhar, sentindo meu peito se apertar, tentando ignorar a pontada de ciúme que surgia.
Será que ela o beijava do mesmo jeito que eu o beijava? Será que ele sentia falta de mim como eu sentia dele? — Parece que você encontrou alguém que te entende, então — comentou um dos diretores, e apenas assentiu, ainda com o mesmo sorriso tranquilo.
Fechei os olhos por um segundo, tentando me recompor, me perguntando se, de alguma forma, ele já havia me esquecido completamente. Quando abri os olhos e os diretores se dispersaram, percebi que ele tinha notado minha presença.
Nossos olhares se encontraram, e em seu rosto, o sorriso havia desaparecido. Havia algo a mais em seus olhos, algo que ele parecia tentar esconder. O ar entre nós ficou denso, como se todas as palavras não ditas estivessem implícitas naquele momento silencioso.
Sem saber ao certo o que fazer, sustentei o olhar dele por um instante, incapaz de disfarçar a intensidade do que eu ainda sentia.
se aproximou devagar, taça de champanhe na mão, os olhos fixos nos meus como se quisesse desvendar o que se passava na minha mente. Antes que pudesse me conter, deixei escapar:
— Uma
chaebol? É assim que vocês falam, não é?
Ele franziu o cenho, confuso com a pergunta repentina, e por um breve momento o semblante despreocupado de antes deu lugar a uma expressão séria. Percebendo o que tinha acabado de dizer, balancei a cabeça, sentindo um calor subir pelo rosto.
— Eu não tenho nada a ver com isso, né? — completei, apressada. — Esqueça.
Virei-me para sair antes que a situação piorasse, mas senti a mão dele segurar meu braço firmemente. O toque foi o suficiente para atrair os olhares de alguns poucos presentes, que começaram a notar a tensão entre nós.
— Está chamando muita atenção — sussurrei entre os dentes, tentando manter a compostura, mas incapaz de esconder a irritação que crescia. — Me solte,
senhor .
permaneceu imóvel por um instante, mas logo afrouxou a mão no meu braço, ainda me olhando com intensidade, como se quisesse dizer algo que as palavras não alcançavam.
— Me desculpe — ele murmurou, baixando a voz, como se a formalidade no meu tom tivesse o afetado mais do que ele gostaria de admitir.
❄️❄️❄️
Assim que ele soltou meu braço, dei um passo para trás, tentando recuperar o fôlego. Sem pensar muito, me virei e segui rapidamente em direção ao banheiro, tentando ignorar o burburinho e os olhares curiosos ao redor.
Entrei e fechei a porta atrás de mim, apoiando as mãos na pia enquanto respirava fundo, buscando alguma calma no meio do turbilhão de emoções que tomava conta de mim. O reflexo no espelho mostrava meu rosto levemente corado, os olhos ainda brilhando com uma mistura de frustração e algo que eu tentava ignorar. Ele estava tão próximo de mim… Tão perto, mas tão distante ao mesmo tempo.
Fechei os olhos por alguns segundos, tentando deixar o peso das memórias se dissipar. Respirei fundo uma última vez e, quando senti que estava pronta, saí do banheiro, preparando-me para voltar ao salão e tentar retomar o resto da noite com alguma dignidade.
Mas, assim que abri a porta, dei de cara com ele. estava encostado no batente, esperando. Seus olhos fixos nos meus pareciam buscar algo, e a intensidade do olhar dele me fez prender a respiração. Não esperava que ele estivesse ali, aguardando… tão próximo.
— , o que você está fazendo aqui? — perguntei, tentando soar firme, mas minha voz saiu quase como um sussurro.
Ele manteve o olhar em mim, sem se mover, como se escolher as próximas palavras fosse crucial.
“And I, and I never prepared for a moment like that
Yeah, in a second, it all came back, it all came back”
não respondeu à minha pergunta. Em vez disso, deu um passo à frente, segurando meu braço suavemente e me empurrando de volta para dentro do banheiro antes que eu pudesse reagir. Em um movimento firme, fechou a porta e girou a trava, trancando-nos ali.
O pequeno espaço parecia ainda menor com ele tão perto. O cheiro familiar de seu perfume, a presença imponente, tudo parecia como antes, mas ainda mais intenso. Ficamos em silêncio, próximos o suficiente para sentir a respiração um do outro, e meu coração começou a bater descontroladamente.
O olhar de desceu dos meus olhos para os meus lábios, e naquele instante, como uma avalanche, as memórias vieram à tona. O primeiro beijo impulsivo que trocamos, cheio de expectativa e desejo contido. A primeira vez que ele deslizou os dedos por meu rosto, me puxando para mais perto, enquanto o mundo ao nosso redor parecia desaparecer. Cada toque, cada sorriso, cada palavra sussurrada no escuro voltaram com força total.
Senti meu corpo reagir a ele da mesma forma de antes, como se o tempo não tivesse passado, como se ele nunca tivesse ido embora. E então, a tensão entre nós se tornou quase insuportável, como se ambos estivéssemos à beira de algo que nem o silêncio e nem os anos podiam apagar.
“Oh
‘Cause after all these years
I still feel everything when you are near
And it was just a quick hello
And you had to go
And you probably will never know
You’re still the one I’m after all these years”
Eu engoli em seco, tentando reunir forças para dizer algo, qualquer coisa que rompesse o silêncio denso entre nós.
— … — minha voz saiu como um sussurro, quase implorando. — Me deixe ir… Isso é errado.
Ele balançou a cabeça, mantendo o olhar firme nos meus.
— Não, — respondeu, sua voz baixa, mas carregada de intensidade. — Eu passei tempo demais tentando te esquecer… fingindo que tudo estava bem. E agora… agora não vou simplesmente te deixar ir de novo.
Antes que eu pudesse protestar, seus lábios encontraram os meus. O beijo começou suave, mas rapidamente se transformou em algo mais profundo, cheio de saudade e desejo contido. Era como se todos os anos de distância tivessem se dissipado em um segundo. Cada sensação parecia se intensificar, cada toque reacendendo as memórias que nunca deixaram de existir.
Meus dedos deslizaram involuntariamente para o cabelo dele, enquanto ele me puxava ainda mais para perto. Eu senti seu coração batendo acelerado contra o meu, e naquele momento, nada mais importava. Todo o tempo, todas as promessas de seguir em frente… tudo desapareceu, e ali estávamos, como antes, como sempre.
O beijo de se tornou urgente, como se ele estivesse tentando compensar cada segundo que passamos longe um do outro. Seus lábios se moviam sobre os meus com uma mistura de suavidade e fervor, e eu me vi respondendo com a mesma intensidade, incapaz de resistir. Suas mãos firmes deslizaram pela minha cintura, trazendo-me para ainda mais perto, eliminando qualquer distância que restasse entre nós.
Minhas mãos se enroscaram ainda mais em seus cabelos, e o toque familiar despertou memórias que eu havia tentado enterrar. Eu senti o calor de seu corpo pressionado contra o meu, e a intensidade desse contato reacendeu cada sensação, cada momento que dividimos. Seus dedos traçavam um caminho lento e cuidadoso pela minha cintura, subindo até minhas costas em uma carícia que me fez arrepiar.
afastou os lábios dos meus, apenas o suficiente para que nossos olhos se encontrassem. O olhar dele era intenso, profundo, como se estivesse tentando decifrar cada reação minha, cada emoção que eu ainda não conseguia esconder. Ele passou o polegar delicadamente pelo meu rosto, contornando a linha do meu maxilar enquanto seus lábios desciam até o meu pescoço, deixando um rastro de beijos lentos e carregados de significado.
Eu soltei o ar que nem percebia estar prendendo, sentindo o coração bater descompassado. Estávamos tão próximos que eu podia sentir cada batida do coração dele, cada inspiração e exalação se mesclando a minha. E naquele instante, o tempo parecia ter parado, deixando apenas nós dois, envoltos em tudo aquilo que ainda sentíamos, mesmo depois de todos esses anos.
E, por mais que minha razão gritasse que aquilo era um erro, meu corpo não conseguiu resistir.
voltou a capturar meus lábios, dessa vez com ainda mais intensidade, como se quisesse que aquele momento jamais acabasse. Nossas respirações se misturavam, ofegantes, enquanto ele pressionava o corpo contra o meu, e pude sentir o quanto ele me desejava, o quanto o corpo dele reagia ao meu, pedindo por mais.
Meus dedos desceram lentamente, explorando o peito dele sobre o tecido da camisa, sentindo os músculos tensos sob meus toques, até que minha mão chegou mais abaixo, onde ele já exibia seu desejo evidente. Ele ofegou contra meus lábios, reagindo ao toque, e eu me perdi ainda mais, minha mão deslizando pelo membro dele com uma leve pressão, acompanhando o calor que emanava de seu corpo.
gemeu baixinho, a voz carregada de desejo, e por um instante ele parou, encarando-me com aqueles olhos intensos que pareciam devorar cada centímetro do meu ser. Os anos de distância, de memórias suprimidas, tudo parecia ter culminado naquele instante, onde nada mais existia, além do que sentíamos um pelo outro.
Ele segurou meu rosto com as duas mãos, o olhar carregado de uma mistura de carinho e anseio, e voltou a me beijar, deixando que o momento nos envolvesse completamente, como se não houvesse mais volta.
Nossos lábios ainda estavam colados quando meus dedos, em um impulso, começaram a desabotoar o botão da calça dele. soltou uma respiração pesada contra minha boca, parecendo surpreso, mas sem nenhuma intenção de me parar. Seus dedos deslizavam pela minha nuca, entrelaçando-se no meu cabelo, enquanto eu sentia cada músculo de seu corpo tensionar.
Minha mão adentrou pela abertura, tocando-o diretamente, sem nenhuma barreira de tecido entre nós. O calor de sua pele sob meus toques fez com que meu coração disparasse ainda mais, enquanto ele fechava os olhos e inclinava a cabeça para trás, entregando-se a sensação. Eu o acariciava lentamente, sentindo-o reagir a cada movimento dos meus dedos, e apertou levemente minha cintura, como se precisasse de algo para se segurar.
Ele abriu os olhos, e me encarou, como um brilho intenso que dizia tudo o que palavras jamais poderiam expressar. Ali, naquele instante, estávamos conectados de uma forma que o tempo não havia apagado, como se cada toque e cada suspiro fossem uma lembrança viva do que ainda existia entre nós.
com a respiração acelerada e os olhos fixos nos meus, deixou uma das mãos deslizar pela lateral do meu corpo, enquanto a outra se dirigia á barra do meu vestido. Com um movimento firme, ele a levantou, expondo minhas coxas ao ar frio do ambiente. Seu toque era ao mesmo tempo cuidadoso e urgente, comonse cada segundo fosse precioso demais para ser disperdiçado.
Ele se aproximou ainda mais, com os lábios roçando suavemente os meus antes de descer o olhar para onde suas mãos estavam. Seus dedos, com uma lentidão quase torturante, deslizaram pela lateral da minha cintura até alcançarem a renda delicada da minha calcinha. Ele puxou o tecido para baixo, movendo-se com cuidado, sem nunca desviar os olhos dos meus.
Enquanto abaixava a peça, ele me olhava com uma intensidade que fez meu coração saltar, como se cada gesto dele carregasse uma promessa silenciosa.
Enquanto nossas respirações se misturavam, minha mão encontrou um ritmo firme e intenso, acariciei o membro dele com mais profundidade, percebendo como cada movimento o fazia suspirar contra a minha pele. Em resposta, deixou seus dedos deslizarem lentamente pela minha intimidade já tomada pelo desejo que sentíamos um pelo outro.
Ele acariciou o local de maneira delicada, explorando cada reação minha, os toques precisos intensificando tudo que eu já sentia. A sensação de seus dedos experientes, tão familiares e ao mesmo tempo intensos, trouxe à tona uma onda de lembranças e emoções. Eu o envolvi ainda mais, entregando-me ao momento, enquanto ele se inclinava, voltando a roçar os lábios nos meus, como se cada toque e cada carícia dissessem tudo aquilo que as palavras não conseguiam expressar.
Nossos lábios se encontraram novamente, em um beijo profundo, carregado de toda a saudade e intensidade acumuladas ao longo dos anos. A cada toque e carícia, parecíamos mergulhar mais fundo no que sentíamos, explorando o desejo e a familiaridade que ainda existia entre nós.
Minhas mãos continuavam a deslizar pelo corpo dele, explorando cada detalhe que eu tanto conhecia, enquanto ele mantinha os dedos em minha intimidade, provocando reações intensas e fazendo com que eu me perdesse completamente em suas mãos. Seus toques eram precisos, como se mesmo depois de tanto tempo, ele ainda soubesse exatamente como me fazer estremecer, e eu retribuía da mesma forma, sentindo o corpo dele reagir a cada movimento meu.
O beijo se tornava cada vez mais intenso, nossas respirações ofegantes se misturando, e nada mais parecia existir além desse momento, como se o tempo nunca tivesse passado.
Entre beijos e carícias, cortou o beijo abruptamente, levando os lábios até meus ouvidos, e sua voz rouca e entrecortada pelo desejo fez meu corpo estremecer.
— Eu preciso estar dentro de você — ele sussurrou, sua respiração quente causando um arrepio que percorreu minha espinha — Eu te quero, agora.
Suas palavras, carregadas de uma urgência crua, reverberaram em mim de um jeito inegável. Encarei-o, sem conseguir esconder o quanto eu também desejava aquilo.
— Eu também quero! — Respondi, minha voz mal saindo, em um sussurro, enquanto eu o olhava nos olhos, deixando claro que cada parte de mim ansiava por ele da mesma forma.
segurando-me firmemente pela cintura, me ergueu, colocando-me sobre a pia do banheiro, os olhos dele brilhando com uma mistura de desejo e ternura que me desarmava. Ele se posicionou entre minhas pernas, aproximando-se devagar, os lábios ainda nos meus, enquanto nossas respirações ofegantes se misturavam. Com um último olhar, ele murmurou contra minha pele:
— Senti tanta falta disso, falta de você… — ele disse, a voz baixa e rouca. — Da sua boceta quente, apertada, de como ela me engole.
O membro dele pressionou minha entrada já pronta para recebê-lo e eu gemi baixo em resposta.
— … — sussurrei, entrelaçando minhas mãos em seus ombros e me entregando completamente — Eu também senti falta disso, deu você. Nada nunca foi igual…
Ele me puxou para ainda mais perto, como se quisesse me fazer entender, sem palavras, o quanto cada segundo do momento importava para ele. O membro dele enterrou fundo dentro de mim e sem esperar mais, nos movíamos juntos, sincronizados, um misto de urgência e entrega nos guiando. Nos olhávamos, nos conectavamos, e cada movimento de nossos corpos juntos era uma confirmação silenciosa de tudo que ainda existia entre nós.
❄️❄️❄️
Enquanto terminava de ajeitar a alça do vestido, dei um passo para o lado, tentando me recompor. Quando levantei o olhar, encontrei o reflexo de no espelho ao lado do meu. Ele também ajustava a camisa, e nossos olhares se encontraram, presos por uma fração de segundo que pareceu se estender. Seus olhos me observavam com uma mistura de ternura e algo não dito, algo que parecia pesar no ar entre nós.
Ao vê-lo ali, as memórias começaram a se misturar com a razão. Todas aquelas conversas silenciosas que eu tinha comigo mesma sobre o futuro impossível entre nós, sobre a realidade que sempre me forçava a entender. era o filho mais velho de sua família, o herdeiro, com responsabilidades que eu jamais poderia partilhar. Ele precisava se casar com uma coreana, com alguém que representasse o que eu, inglesa, jamais poderia ser. Nós sempre soubemos disso, mas, ali, com ele tão perto, parecia que eu tinha esquecido por alguns instantes.
Desviei o olhar, sentindo o peso de tudo que jamais foi dito, e me virei, deixando o banheiro sem pronunciar uma única palavra. Me afastei rapidamente, atravessando a sala e buscando a área externa da casa, um lugar onde pudesse me recompor longe de todos. Assim que encontrei um canto mais afastado, inspirei fundo, tentando controlar o turbilhão de emoções que ameaçava transbordar. Sozinha, não consegui mais segurar as lágrimas. Sentia-me vazia e impotente, com o coração dividido entre o que sentia por ele e tudo o que sabia que nunca poderíamos ser.
Alguns minutos depois, quando ainda tentava recuperar o controle, ouvi passos suaves se aproximando. Levantei o rosto e encontrei ali, parado diante de mim. Ele segurava uma taça de champanhe, estendendo-a em minha direção sem dizer nada. Aceitei a taça, rapidamente enxugando as lágrimas, e levei o copo aos lábios para tomar um gole, tentando esconder o tremor que ainda tomava meu corpo.
quebrou o silêncio com a voz baixa, um tom calmo que me atingiu em cheio.
O encarei, sentindo as palavras presas na garganta. Neguei com a cabeça, incapaz de responder de imediato, e virei o restante da taça, deixando que o champanhe aquecesse o peito. A coragem de dizer o que precisava surgiu aos poucos, e inspirei fundo, tentando parecer firme.
— Espero que você saiba — minha voz soou mais forte do que imaginei — que isso foi uma despedida. De nós dois.
Por um instante, o silêncio dele me despedaçou mais do que qualquer palavra. O olhar que ele manteve fixo em mim mostrava que ele havia entendido, que ele sabia o que eu estava dizendo sem precisar de mais explicações. Antes que ele pudesse responder, me virei, cruzando de volta para dentro da festa.
Me misturei à multidão de colegas, forçando um sorriso e interagindo como se tudo estivesse perfeitamente normal. Enquanto eles falavam, riam e brindavam, eu fazia o mesmo, fingindo que nada havia acontecido. Mesmo com o coração pesado, sabia que essa era a única escolha possível. Olhando de longe, eu parecia apenas mais uma pessoa na festa de fim de ano, mas por dentro, cada minuto ao lado dele era um lembrete do que nunca poderíamos ser.
Aos poucos, a música da festa foi diminuindo, e eu notei uma breve movimentação em direção ao palco improvisado. Quando olhei, vi pegando o microfone, o que atraiu a atenção de todos os funcionários ao redor. Permaneci próxima ao fundo da sala, agora com a expressão recomposta, mas com o coração ainda inquieto enquanto ele se preparava para falar.
iniciou o discurso com um sorriso discreto, e sua postura impecável reforçava o tom formal de sua voz. Ele agradeceu a cada um de nós pela dedicação e empenho ao longo do ano, mencionando as conquistas e metas alcançadas pela empresa, tudo graças ao trabalho em equipe. Suas palavras eram cuidadosas e sinceras, exaltando o valor de cada departamento e a importância de todos para o crescimento do negócio.
— Espero que saibam o quanto cada um de vocês foi essencial para a nossa jornada este ano — disse ele, enquanto os colegas ao meu redor sorriam e aplaudiam. — Vocês são o coração desta empresa, e sem o comprometimento de cada um aqui, nada disso seria possível.
Enquanto falava, ocasionalmente nossos olhares se encontravam entre a multidão, e esses momentos pareciam carregar significados não ditos. Toda vez que ele me olhava, meu coração reagia, como se tudo o que tínhamos compartilhado antes estivesse ali, exposto, pairando entre nós e escondido dos outros. Era como se apenas nós soubéssemos desse detalhe que ninguém mais podia ver.
concluiu o discurso com uma mensagem motivadora para o próximo ano, incentivando todos a buscarem novos objetivos e a continuarem contribuindo para o sucesso da empresa. Ao final, ergueu a taça em um brinde:
— Que este próximo ano seja tão incrível quanto cada um de vocês. Feliz ano novo!
Os aplausos ecoaram pela sala, e eu, ainda com o olhar preso nele, levantei minha taça, tentando segurar o peso de tudo o que se passava dentro de mim. Sabia que, para todos os outros, aquele brinde era apenas uma saudação ao futuro. Mas para mim — para nós — talvez fosse um adeus.
Fim