Again, Babe, Again
I wanna be your lover
I don’t wanna be your friend
So tell me that you love me
Again, babe, again
— Mais uma vez! — a voz da professora bradou na sala espelhada.
— Ah, mas nem fodend… — praguejou, mas foi interrompida pela amiga, .
— Vamos, ! Você consegue. — incentivou baixinho.
— Fala isso pro meu joelho. — alongou a perna, suspirando. — Ele não me obedece mais como antes.
— Obedecendo ou não obedecendo, você ainda é uma das bailarinas mais talentosas que eu conheço. Agora, deixa de corpo mole. — falou entre dentes para não ser repreendida pela professora.
— Quer que eu te acerte acidentalmente na cara quando eu der um giro? Porque eu faço isso. Ainda tenho um joelho bom.
limitou-se a ignorar, imitando os movimentos da professora. Já estava acostumada a receber ameaças daquele tipo de . A garota era o que chamavam de “esquentadinha”, sempre de cara amarrada e aparentemente de mau humor, soando até como grossa para quem não a conhecia bem. Mas a conhecia bem e sabia que, por baixo de toda aquela marra, existia uma mulher muito doce, sempre disposta a ajudar os seus e grande incentivadora dos sonhos dos amigos. Foi por isso que ambas acordaram em fazer uma sociedade: abriram uma escola de dança juntas e, depois do expediente, continuavam tendo aulas de balé para se manterem em forma e ensinarem de um jeito cada vez melhor aos seus alunos.
— Graças a Deus! — deitou no chão depois do desaquecimento. — Agora me deixa aqui meia hora e… argh!
O exaspero de frustração foi causado pelo toque do celular da garota, que prontamente pegou da bolsa da amiga e entregou para ela, ainda debruçada no piso revestido.
— Alô? — atendeu um tanto irritada por terem interrompido seu merecido descanso.
— ? — uma voz masculina perguntou do outro lado da linha. E sentiu um arrepio percorrer o corpo exausto ao ouvir o próprio nome naquele tom grave. — Aqui é o , lembra?
não percebeu, mas sorriu quando o rapaz se identificou.
— O moço que não tem habilitação. Eu lembro. — ela fez uma careta para ao recordar que, há alguns dias, tinha sido oficialmente apresentada ao tal .
reagiu à provocação dando pulinhos no lugar e batendo palmas rapidamente. era um dos melhores amigos de , namorado de , e o casal fez uma espécie de complô para juntar os dois amigos. gostava de dizer que “precisava de alguém” e a declaração fazia a garota revirar os olhos. Não tinha muita paciência para relacionamentos, muito menos com alguém tão diferente dela. Além das divergências culturais, o rápido contato que teve com tinha sido mais que suficiente para fazê-la perceber que ele era o oposto dela: desastrado, barulhento e uma espécie de borboletinha social. Seria dor de cabeça na certa. Uma dor de cabeça linda, com quase dois metros de altura, uma pele cor de caramelo e olhos pretos e intensos que fizeram-na errar um pouco o compasso, mas, ainda assim, uma dor de cabeça.
— Então… — seguiu, nervoso. — Eu vou ficar aqui em Nova York por mais tempo do que eu planejava, pensei que de repente você gostaria de sair comigo.
— Eu gostaria de sair com você? — repetiu em forma de pergunta e chacoalhou a cabeça, incentivando-a a aceitar o convite. — Você é que gostaria de sair comigo, é isso que você quis dizer, não é?
tapou a boca para evitar a gargalhada. , por sua vez, instalado no seu belo apartamento a alguns quilômetros dali, sentiu o celular quase escorregar das mãos suadas de nervosismo. A sensação de frio na barriga já era conhecida do rapaz, acontecia sempre que tinha o primeiro contato com alguém que lhe interessava, mas alguma coisa sobre e seu jeitinho impaciente pareciam agitar ainda mais as borboletas no estômago dele.
— Sim, sim, é claro. — ele sorriu enquanto falava e caminhava ansioso pelo quarto. — Você tem planos para o jantar?
— Eu diria para você me buscar às oito, mas lembrei que você não dirige…
deu risada da língua afiada de , gostava daquele atrevimento. Já tinha percebido que o temperamento dela não era dos mais amenos quando a conheceu, mas o que ele podia fazer? Só pensava nela desde então e, felizmente, lhe deu uma ajudinha entregando o número e o sobrenome da garota:
— Não se preocupe. — ele continuou. — Eu só preciso do seu “sim”. Eu tenho um “sim” de você, Moonson?
— Se você me aparecer de bicicleta, eu bato a porta na sua cara. — ela respondeu.
— Eu fiz meu dever de casa sobre você, . Sei que você nunca aprendeu a andar de bicicleta. — revelou uma das informações básicas que tinha recebido de .
— Dever de casa, é? — indagou, intrigada. — O que mais você sabe?
— Você vai ter que aceitar sair comigo pra descobrir. — provocou e um sorriso triunfante formou-se no canto da boca carnuda.
— Então eu vejo você às oito. Mas não fique se achando. — avisou, como se soubesse que sorria convencido ao telefone. — Eu só vou porque eu sou curiosa.
— Eu sei disso também. Agora eu só preciso saber onde eu busco você.
— Não foi você que fez o dever de casa? Te vira. — desligou o telefone.
— Moonson! — repreendeu. — Por que você é tão má?
— Que é? Se ele tiver dois centavos de inteligência, vai pegar meu endereço com você ou com o . Eu não fui má.
— Você foi sim. Mas ele gosta. — rebateu e as duas riram.
***
Não foi difícil para conseguir a localização de , assim como não foi difícil arrumar um motorista particular, o próprio museu no qual trabalharia indicou alguém para a tarefa. O rapaz sentia-se muito honrado e agradecido por ter sido requisitado pelo MET, Museu Metropolitano de Arte, para realizar a organização da amostra de um renomado artista nova-iorquino. Pediram por para a curadoria, especificamente, e por aquele motivo, ele organizou-se para uma temporada mais longa na cidade, onde ele tinha um apartamento pronto que havia alugado pensando em oportunidades como aquela.
No entanto, mesmo a empolgação de um projeto profissional tão importante — era um grande entusiasta de arte e amava o que fazia — não se comparava ao nível de excitação que tomava conta dele enquanto esperava descer do apartamento dela para jantarem juntos. Parado diante da porta do carro, não parava de cruzar e estalar os dedos atrás da cabeça, velho hábito de quando estava nervoso. Quando finalmente surgiu, usando um justo vestido preto com tiras no decote, o rapaz congelou na posição, boquiaberto.
— Uau! Você tá muito linda! — ele disse, baixando os braços malhados para abrir a porta do carro para ela.
— E você continua muito mais alto do que eu. — checou o salto, o maior que tinha. — Se eu soubesse que não ia adiantar, teria vindo de coturno mesmo.
— Você poderia ter vindo até descalça que estaria linda mesmo assim. — ajudou a entrar no carro e entrou, em seguida, pelo outro lado.
— Não tenha tanta certeza. Pés de bailarina não são lá muito atraentes. O que me faz lembrar que eu ainda não sei o que você faz vida, … — ela esperou que ele completasse com o sobrenome.
— . Usamos o sobrenome na frente lá na Coreia.
— É, eu aprendi isso depois de uns 6 meses chamando o de Jeon. — confessou e riu. — Então, , com o que você trabalha?
— Sou curador de arte. Sou responsável pela seleção e organização de peças de artistas plásticos para exposições em museus.
— Adoro essa palavra. Organização. — sentiu seu lado metódico vibrar.
— Você é organizada? Achei que você fosse uma rebelde!
— Eu sou virginiana, senhor curador de arte. Meus amigos não te contaram isso quando te deram o dossiê completo sobre mim?
— Bom, na verdade, não houve um dossiê. Além do lance da bicicleta, eu só sei que você é meio esquentadinha. E que gosta de azul.
— A cor favorita é uma informação importante. — assentiu. — Foi a ou o ?
— Fui eu mesmo. Acabei de descobrir por que você sorriu quando viu a minha camiseta. — ele bateu as mãos grandes sobre o peito coberto pelo azul vivo da camisa embaixo do blazer.
ruborizou um pouco e revelou as covinhas mais adoráveis que a garota já tinha visto. Por alguns instantes, a ideia de encaixar o mindinho numa delas quase a fez levantar a mão para executar o movimento. Resistir ao sorriso encantador do rapaz, porém, não foi o único desafio de naquela noite: estava ficando cada vez mais complicado para ela prestar atenção em qualquer coisa que dizia, porque ele movia as mãos de um jeito muito sexy ao falar, num inglês perfeito e sem sotaque algum. Os cabelos eram tão escuros quanto os olhos e ali, frente a frente numa mesa intimista a meia-luz, percebeu que aquela boca que falava tão apaixonadamente sobre arte deveria beijar muito, muito bem…
Apesar das maravilhosas distrações que encontrou durante o jantar, tudo correu de um modo muito gostoso e natural e ambos se deleitaram com a companhia um do outro, até que uma notificação no celular de deixou a garota inquieta na cadeira:
— Você não para de olhar o celular desde que terminamos de jantar. Algum problema? — perguntou, apreensivo.
— Não… — hesitou. — É que… Tem um Pokémon muito raro por aqui em algum lugar e eu queria muito capturá-lo. — ela falou baixinho, quase se desculpando.
— V-você… você joga Pokémon Go? — o semblante do rapaz iluminou-se quando confirmou com a cabeça. tirou o celular do bolso e, quando o visor acendeu, pôde ver um Charizard como papel de parede.
— Tá brincando? Você também é fã de Pokémon?
— Sim. E jogo Go desde que lançou. Nível 22. — mostrou a tela de início no jogo, envaidecido.
— Nível 30, ok? — revelou a pontuação dela. — Fale comigo quando chegar aqui em cima.
— Meu santo Mewtwo, … você é mesmo incrível. — admirou a mulher na sua frente, embasbacado.
— É, eu tô sabendo. E também estou quase te deixando aqui para ir atrás dessa belezinha. — mordeu o lábio e ficou nervoso com a visão, mas em vez de atender ao ímpeto de beijá-la, ele chamou o garçom para encerrar a conta.
— Anda! Vamos sair daqui agora! — disse, tomando pela mão depois de pagar tudo.
Os dois saíram praticamente fugidos do restaurante, arrancando olhares indiscretos dos outros clientes: por que um jovem casal estaria tão alvoroçado correndo entre as mesas de um estabelecimento fino como aquele? O fato de dois adultos estarem rindo como duas crianças por causa de um Pokémon certamente não passou pela cabeça de nenhum dos curiosos, mas não poderia se importar menos com o que quer que estivessem pensando deles e adorava isso nela.
Caminharam cada qual com seu celular em mãos, e mesmo absorto na missão, cuidava para que não tropeçasse em algum obstáculo do belo parque onde foram parar durante a caçada, oferecendo a mão para ela toda vez que aparecia um degrau ou declive. Tinha mais zelo pela que por ele mesmo: o estabanado quase deu de cara com um poste e a garota precisou sentar-se no chão para se recuperar da gargalhada. Depois de alguns minutos procurando pelo espaço verde ao lado do restaurante, os aparelhos dos dois apitaram ao mesmo tempo:
— Ali! — os dois gritaram juntos e se entreolharam.
— Não vem não! Esse aí é meu! — avisou, apontando o Pokémon magenta e gelatinoso que o mapa acusava.
— Só porque você está alguns níveis acima? Nada disso. — relutou. — Eu quero esse Ditto. Preciso dele para…
— Completar a tarefa 3/9 da missão Meltan. — interrompeu. — É melhor você sair da minha frente, ou esse sapato no meu lindo pezinho pode parar na sua testa.
— Agressão, senhorita Moonson? É assim que você pretende chegar à Liga Pokémon?
A fala de fez lembrar dos seus outros atributos e trocar de abordagem. Ela tinha reparado os olhos negros do rapaz escorregando para o decote dela a noite toda e resolveu tirar vantagem da situação ao jogar o cabelo para trás e suspirar tão doce e inocentemente quanto pôde:
— Tem razão. — fez um biquinho. — Você é mesmo um cara muito legal, . Eu me diverti bastante essa noite, acho que você merece isso. Pode ficar com ele.
— Hã… você… você tem certeza? — perguntou, confuso com a mudança de atitude.
— Sim. Eu só preciso fazer uma coisa antes. — ajeitou o colarinho do rapaz e subiu a mão pelo pescoço dele. — Tudo bem por você?
— Tudo sem bim. — gaguejou, hipnotizado pelo falso olhar ingênuo que dissimulava tão bem e pelo carinho inesperado. — Quer dizer, tudo bem sim.
se aproximou do rapaz e ficou na ponta dos pés para deixar um demorado selar nos lábios dele. , sem se aperceber da armadilha, aceitou e intensificou o beijo, curvando o pescoço para alcançar a boca da garota, que tinha um gosto bom do brownie que comeram na sobremesa. esqueceu de tudo naquele momento, o jogo, a volta para casa e até mesmo o próprio nome. Tudo o que ele sentia era o êxtase de ter uma mulher maravilhosa nos seus braços, com as mãos em volta da sua nuca e um perfume delicioso invadindo suas narinas. Completamente envolvido no beijo, despertou de repente com um barulho de notificação e soltando-se dele num rompante:
— Perdeu! — ela esfregou o celular e o Pokémon capturado na cara dele, que sequer se importou de ter sido usado tão descaradamente.
— Não sei não, . Depois desse beijo, estou achando que eu ganhei. — o rapaz sussurrou.
puxou de volta, apertando o corpo dela contra o peitoral imenso, e devolveu o beijo com calma, carinho e um pouco mais de língua dessa vez. podia jurar que viu estrelinhas quando os dedos do rapaz afundaram no seu cabelo e ele afastou um pouco o rosto, roçando o nariz pelo dela. Brincou um pouco ali, provocando-a antes de beijá-la de novo, e ela estava prestes a implorar por aquilo, ansiosa por prensar os lábios contra os dele, até que eles enfim chocaram-se novamente e os dois beijaram-se até que ficassem sem ar.
***
— Porra! Que susto, ! — bradou ao acender a luz da sua sala e encontrar o amigo tomando uma cerveja.
— Susto é o cacete. — respondeu, matando a garrafa. — Você que me deu uma cópia da chave. E a me expulsou do apartamento para poder fofocar em paz sobre você com a . Como foi?
— Você e a são péssimos informantes. — largou o blazer num canto. — Me disseram que a não é muito fã de contato físico.
— E ela não é.
— Então por que ela me tascou um beijo na boca? — umedeceu os lábios, ainda saboreando lembrança do primeiro beijo e dos que vieram depois.
— Porque você é um gostoso! — soltou dois beijinhos. — Vem cá, seu garanhão!
— Sai fora! — censurou o amigo brincalhão.
— Vocês vão sair de novo?
— É o que eu pretendo descobrir, mas não quero fazer isso por mensagem. Você vai deixar a na aula amanhã?
— Sim. Quer uma carona?
— Por favor.
— Então dá aqui um beijinho! — zombou e recebeu uma almofada na cara como resposta.
No dia seguinte, beijou vezes demais para o gosto de ao se despedir da namorada. Ficou esperando o amigo no carro, que entrou no estúdio de balé junto com para encontrar e convidá-la para sair novamente. Tinha planejado um passeio por um museu, um café e encerrariam a noite no cinema, mas sequer teve tempo de apresentar a programação porque foi surpreendido pela resposta cortante:
— Não, obrigada. — sentenciou, seguindo com seu aquecimento e quase enlouquecendo ao se alongar.
— Oh… — sentiu o maxilar travando de frustração. — É que, depois de ontem, eu pensei…
— Olha, , eu vou ser bem honesta. — o deteve, empertigando-se. Tomou um fôlego e tentou ignorar como ficava ainda mais sensual meio zangado como estava. — Eu realmente gostei de ficar com você, mas isso não vai dar certo. Logo mais você tem que ir embora, é mais seguro para nós dois que sejamos só amigos.
tentou articular alguma réplica, mas o queixo trincado causado por aquele fora dificultou um pouco a situação. A noite anterior tinha sido fantástica, os dois se deram divinamente bem e ele não esperava aquela recusa. No entanto, o nó que sentiu no coração e na garganta sinalizou que tinha razão e ele poderia acabar gostando dela muito mais do que pretendia, tornando sua despedida desnecessariamente dolorosa para ambos.
— Eu sinto muito. — continuou. — Mas é melhor assim, você não acha?
— Não muito… Mas eu entendo. — coçou a nunca e esforçou-se para sorrir.
— Obrigada por isso. — beijou o rosto do rapaz e virou-se rapidamente para voltar à aula. Mais uma encarada daqueles olhos rasgados e ela retiraria tudo que tinha acabado de dizer.
deixou o estúdio cabisbaixo e entendeu que não era preciso perguntar ou falar nada, apenas deixá-lo processar o que tinha acontecido e pensar sobre o que faria a seguir. , no entanto, não era tão discreta quanto o namorado e, quando contou que havia negado, ela explodiu em protestos:
— Amiga, tá maluca? Você não gostou de sair com o ? — perguntou aos gritos.
— Gostei. Gostei até demais. Esse é o problema. — tocou a orelha por causa do escândalo da amiga e procurou seu lugar na barra.
— Qual o problema em gostar de alguém, ? — juntou-se a ela.
— Problema nenhum quando o alguém mora no mesmo continente que você. Daqui a pouco o se manda pra Coreia, e aí? É melhor encerrar por aqui e ficar com uma lembrança boa.
— Ou você pode continuar saindo com ele e fazer lembranças melhores ainda… — insinuou, arqueando as sobrancelhas e a perna esquerda sobre o apoio. — O Nam disse ao que vai passar três meses aqui! Em três meses dá tempo fazer bastante coisa com aquele pedação de homem! — brincou com a amiga ao baixar a perna, fazendo cócegas nela.
— Sai de perto de mim. — esticou os braços.
— Eu saio. Mas só se você admitir que tá louquinha pra escalar feito uma árvore. — abraçou a amiga, rindo.
— Tá. — aceitou o abraço a muito contragosto. — Aquele homem conseguiu me quebrar no primeiro beijo. Se passar disso, eu vou acabar ficando emocionadinha, então eu tô parando por aqui. Feliz?
— Ainda não. Mas você admitir isso já é um começo.
— Eu desço a mão na sua cara, . — espalmou a destra em ameaça. — Na sua e na do , se vocês contarem isso ao .
— Nós não precisamos falar nada ao Nam pra ele querer você, . Ele simplesmente te quis. — encarou a amiga. — Ele ainda quer. Pensa nisso, tá?
E pensou. Mais do que gostaria, até. A professora teve que alertá-la durante a aula em várias ocasiões porque, logo ela, que sempre foi tão pé no chão, estava aérea. era prática e realista, eram raras as vezes em que se permitia voar, tanto mentalmente quanto literalmente. Era por isso que detestava o comando “en l’air” do balé, na primeira vez em que arriscou um salto, a queda que seguiu a tentativa danificou-lhe o joelho e provocou na garota uma dor pungente da qual ela ainda se lembrava vividamente. Por sorte, a lesão não a impediu de dançar, mas limitou muitos dos seus movimentos. Desde então, tinha uma certa aversão a tudo que a deixasse “no ar”, fosse uma paixão ou um passo de balé. Estar nas alturas não era um lugar confortável para ela, o que era, no mínimo, irônico, uma vez que as coisas que ela mais amava estavam justamente lá em cima: o céu e as estrelas.
Imersa em devaneios sobre ter ou não tomado a decisão certa, errou um passo e o joelho falhou mais uma vez, fazendo-a apoiar o tornozelo completamente errado e torcê-lo. acompanhou a amiga até o hospital e, alguns exames depois, a contusão foi confirmada por um médico, que recomendou uma semana de repouso, uma tala imobilizadora e remédios para dor.
Sem saber do pequeno acidente, seguia irrequieto depois da conversa com . Não queria ser invasivo ou forçar qualquer contato, respeitava a decisão dela, afinal. Mas ela mesma tinha sugerido que os dois mantivessem a amizade e ele precisava ao menos ouvir a voz dela para tentar acalmar aquele aperto esquisito no peito. Pegou o telefone e ligou para :
— Alô?
— ? — o rapaz afastou o celular do ouvido para verificar a tela. — Eu liguei pra você? Esse número não é da ?
— É, mas ela não pode falar agora, estamos no hospital. — respondeu.
— O quê? O que houve? Algum problema com a ?
— Eu estou bem também, viu? Obrigada por perguntar! — ironizou, sentida com o amigo. — contundiu o pé na aula de dança, estão imobilizando.
— Ela está bem? — entendeu por que estava tão aflito. tinha se machucado, era quase como se ele sentisse também.
— Está. Mas vai precisar de ajuda para subir as escadas do prédio dela. Pede um táxi e vem pra cá. Agora.
— Eu? O não está com vocês?
— Mesmo que estivesse, seu bocó. — enunciou bem o xingamento. — Essa é uma excelente oportunidade de amolecer a esquentadinha com seu cavalheirismo. E seus músculos. Anda logo.
chegou afobado ao hospital, mas logo voltou a respirar aliviado ao ver inteirinha e sem dores muito fortes, apenas com uma faixa branca no pé e um receituário de um bom anti-inflamatório. dirigiu até o apartamento de e a ajudou a descer do carro, colocando o braço dela em volta do seu pescoço:
— Eu vou levantar você agora, tá?
— E tem alguém te segurando? — rebateu quase como um reflexo.
— … seja boazinha, ok? — aconselhou. — O rapaz só está sendo gentil!
— Tudo bem, desculpa. Estou estressada e com dor. — se justificou. — Sou toda sua, .
— Antes fosse… — murmurou em coreano. Quanto mais o “maltratava”, mais encantado ele ficava por ela. Achava uma delícia aquela implicância.
— Como é que é?
— Nada não. Com licença. — ele deslizou as mãos pela parte de trás das coxas da garota e aquele toque parecia um carinho. E tinha gostado.
— Será que é uma boa ideia? — perguntou, enlaçando o pescoço do rapaz e admirando o rosto bonito dele de pertinho. — Não gosto de tirar os pés do chão e você costuma derrubar as coisas…
— É verdade, mas eu não vou soltar você por nada. — respondeu, encarando . — Você confia em mim?
— Eu confio. — respondeu sincera.
— Você não vai se arrepender, prometo. — os olhos dele quase sumiram com o sorriso.
O rapaz carregou a moça até o andar do apartamento dela, seguindo , que largou na frente para indicar o caminho e abrir a porta. No primeiro giro da chave na fechadura, houve um barulho de patinhas apressadas correndo e latidos de alegria:
— Oi, filha! — logo cumprimentou sua cachorrinha, , que agora estava agitada e com uma carinha confusa que dizia “quem é esse cara grandão e por que você está pendurada nele assim?”
colocou sentada no sofá e posicionou um pufe para que ela apoiasse o pé. sumiu na cozinha, avaliando o que tinha na geladeira e falando com ao telefone, pedindo que ele trouxesse algumas compras para um jantar com quatro pessoas — das quais duas eram coreanos que comiam como se nunca tivessem visto comida na vida. sentou-se ao lado de e subiu na dona, que a abraçou, acalmando-a:
— Eu estou bem, meu amor. Foi só um dodói. A tia e o moço bonito aqui me ajudaram, diga obrigada!
examinou , farejou um pouco e depois simplesmente saltou sobre ele, lambendo seu rosto:
— Parece que alguém gostou de você. — riu de , totalmente à vontade com a visita.
— Queria que a dona dela gostasse de mim assim também. — provocou baixinho, brincando com a .
— Desculpa. Não vai dar pra ficar pulando no seu colo com meu pé desse jeito. — disse, sem se dar conta do pensamento impuro que acometeu naquele momento. O corpo robusto e cheio de curvas de , sempre muito exposto, vinha passeando na mente do rapaz desde a primeira vez em que ele pôs os olhos nela.
— Quem tá com fome? — surgiu na porta um tempo depois, cheio de sacolas de supermercado. — Isso aí foi no balé mesmo ou você chutou a cara de alguém, hein? — ele apontou o pé de e entrou, deixando as sacolas no balcão e um beijo na .
— Começa a cozinhar, amor. Eu vou colocar uma cadeira no banheiro da e ajudá-la a tomar banho e trocar de roupa. E você, Nam… — tentou achar uma incumbência para o amigo. — Você fica parado aí e tenta não quebrar nada.
contraiu os lábios e meneou a cabeça:
— Vem, , fica aqui do meu lado. — ele bateu no sofá e pulou para descansar a cabeça nas pernas dele. — Só você me entende nessa casa. — exasperou, dramático.
Depois de ajudar a tomar um banho e se vestir, trouxe a amiga de volta para a sala. Quando viu a cena da sua cachorra confortavelmente instalada no colo alheio, desatou a gargalhar e ficou fascinado pelo som.
— Você pegou meu lugar, filha? — sentou-se com dificuldade e novamente colocou o pé para cima.
— Se você não quer, tem quem queira. — disparou.
— Ainda chateado por causa de hoje mais cedo?
— De jeito nenhum. Eu já superei você, , estou em outra agora. Ela sim me valoriza. — aninhou-se com a e se cachorros soubessem falar, ela diria: “por favor, mãe, podemos ficar com ele?”
— Nesse caso, estou muito feliz por vocês. — fez uma gracinha para .
— Eu também. — o rapaz respondeu. — Mas se você estalar os dedos, eu volto rapidinho.
piscou e sorriu, bagunçando o cabelo dele. Não conseguia entender como ele era capaz de confundir os seus sentidos e afetar o seu julgamento em tão pouco tempo de convivência. Sua cabeça a alertava constantemente: “ele vai partir em breve”, mas seu coração gritava de volta: “vamos aproveitar enquanto ele está aqui!”.
e finalizaram e serviram o jantar e a noite terminou com todos reunidos dividindo um soju, que foi obrigada a rejeitar por conta do remédio. se ofereceu para lavar a louça e, apesar de as panelas terem escapado das mãos ensaboadas dele algumas vezes, ficaram todas limpas e inteiras.
— Obrigada, gente. — agradeceu pela ajuda. — Vocês são demais.
— Você ouviu alguma coisa, amor? — perguntou para , deitando-se no tapete. — Parece que a está tentando ser fofa com a gente, mas eu não ouvi direito.
— Eu não ouvi nada. — ele deitou-se em seguida, apoiando a cabeça na barriga da namorada. — E espero no mínimo ser chamado de cozinheiro bonitão.
— Vocês não vão embora não? — convidou.
— Não. — e responderam em uníssono, e simplesmente corou.
— Doutor Estranho 2 acabou de entrar no Stream! — disse, checando o celular. — Coloca aí, vamos assistir!
rolou os olhos, pegando o controle e ligando a TV. Aqueles dois eram grudentos, mas ela os amava. E não queria admitir, mas ficar no escurinho com era sim uma excelente ideia. O filme era bem longo, o remédio estava começando a bater e sentiu o corpo pender para o lado e se apoiar perfeitamente no ombro largo de . Os olhos da garota pesavam e ela só conseguia pensar no quanto ele cheirava bem e em como a camisa se movendo enquanto ele respirava parecia ter um efeito calmante sobre ela. era o clichê do protetor grande e forte e, mesmo renegando o papel de mocinha indefesa, se permitiu descansar. Simplesmente parecia certo baixar a guarda quando estava com .
— ! — chutou o amigo e indicou caída de sono. — Ela dormiu. Devemos acordá-la?
— Acordar a ? Se quiser, vá em frente, cara, a vida é sua. — desafiou, sussurrando.
— Mas ela não pode dormir aqui! Esse sofá vai deixá-la dolorida!
— O quarto dela é a segunda porta ao final do corredor. Tem uma parede com uma galáxia pintada, não tem erro.
— Você quer que eu a carregue de novo?
— Eu é que não posso, já estou carregando meu pacotinho aqui. — beijou o topo da cabeça de , também adormecida no peito dele.
O rapaz preparou-se para tomar no colo outra vez e seguiu naturalmente, como se ele já fizesse parte da casa, enquanto ele, com redobrado cuidado, levava até o quarto dela. Deitou-a na cama e arrumou uma almofada embaixo do pé enfaixado, estendendo um cobertor sobre o corpo da garota, que se mexeu um pouco, acomodando-se melhor na coberta fofinha. tentou subir na cama e falhou, sendo ajudada por , que a pegou nos braços e a deixou ao lado da “mãe”:
— Cuida dela pra mim, tá bom? — pediu ao animalzinho, fazendo um carinho numa das orelhas de .
— Eu preferia que você cuidasse… — respondeu, torpe de sono e de remédios.
— O quê? — soltou um riso fraco.
— Isso pode ser o analgésico falando, mas… eu aceito sair com você de novo. E aceito um beijo de boa-noite também.
O rapaz sentiu o coração disparar de felicidade. Por pouco, não fez uma dancinha de comemoração constrangedora diante de e como plateia.
— Ótimo. Eu vejo você amanhã. Boa noite, . — encostou os lábios mornos na bochecha da garota e demorou-se ali.
— Não era bem aí que eu estava pensando… — reclamou do local do beijo.
— Nem eu. Mas você nem sabe se está dormindo ou se está acordada. — olhou para , que o encarava docemente com olhos enormes. — Além disso, eu não quero que o seu cão de guarda me morda.
— A ? — riu de olhos fechados. — É mais fácil eu te morder.
— Mal posso esperar por isso.
acariciou o cabelo da morena e deixou o quarto, sorrindo feito um bobo, enquanto as mesmas palavras se repetiam na sua mente:
“Again, babe, again…”
***
Um trimestre nunca passou tão rápido. acompanhou o trabalho de durante a curadoria, visitou a exposição algumas vezes e, no tempo livre de ambos, o rapaz a levava em passeios pelos parques, livrarias e outros de seus lugares favoritos. falava sobre a dança, seus avanços no Pokémon Go, os estresses do trabalho e como ela usava o seu mais novo hobby de fazer crochê para aliviá-los. Sentia-se confortável para falar qualquer coisa para e achava que ele ficava a cada dia mais lindo e mais apaixonante, especialmente ao acordar com o cabelo bagunçado e a carinha de sono.
Era comum que dormissem juntos quase todas as noites, revezando as camas e os apartamentos. já estava habituada ao cheiro do sabonete dele pela manhã e à mania deliciosa que ele tinha de dormir sem blusa — e sem cueca. O peito quente e grande de era, sem dúvida, o melhor travesseiro que teve na vida e ele era também o melhor amante que ela havia conhecido.
O que a atingia como um soco no estômago era justamente o fato de que, dali a dois dias, ela não teria mais nada disso. estava prestes a voltar para a Coreia e, no dia seguinte, sairiam juntos como despedida. A garota sabia que seria incapaz de manter um relacionamento à distância e, apesar da insistência e dos inúmeros exemplos que listou sobre casais que deram certo dessa forma, preferia não arriscar. Tinha os dois pés bem fincados no chão e, no momento, estavam calçados com um tênis, porque havia avisado que andariam um pouco naquele último encontro.
— Você me trouxe à noite para o meio do nada, ? — disse quando o motorista os deixou ao pé de uma pequena montanha. — Se a minha rinite atacar…
— Deixa de ser resmungona! — selou os lábios da garota e a tomou pela mão. — Seu pé tá 100%? Tem um pouquinho de subida, mas a vista é maravilhosa, vai valer a pena.
— Eu deveria fazer você me carregar nas costas. É cada uma que você me apronta. — ela reclamou enquanto caminhavam até o topo.
— Já chegamos. Não foi tão ruim, foi? — sorriu e não conseguia ficar com raiva dele quando aquelas malditas covinhas apareciam.
abriu a bolsa tiracolo que sempre carregava consigo e estendeu uma toalha no chão de grama. Acendeu algumas velas eletrônicas e arrumou as comidas e bebidas que havia separado para levar. Depois de comerem, deitou-se e olhou ao redor: a vista era muito bonita, árvores grandes de troncos retorcidos e folhas pesadas se estendiam pelo chão e a cidade pulsava acelerada lá embaixo, mas ela ainda não entendia por que tinha escolhido aquele lugar.
— Então? — deitou-se sobre o tronco do rapaz, abraçando-o. — Essa é a vista maravilhosa que você me prometeu?
— Não. É aquela lá. — abraçou de volta e levantou a mão, indicando o céu estrelado, lotado de pontinhos luminosos.
Os olhos de cintilaram junto com as estrelas e ela, sempre tão durona, quase sentiu vontade de chorar. Chorar de alegria, de euforia e também de saudade. Porque, sim, já tinha saudade. Ele nem havia partido e ela já sentia falta do movimento das mãos dele ao explicar os quadros do museu, da respiração ofegante no ouvido dela quando estavam na cama e até de como ele ria da sua irritação. apertou mais o abraço, como se lesse o coração dela e soubesse o que se passava nele, e ficaram observando o alto sem os prédios ou as luzes da cidade competindo com a paisagem. Eram apenas eles dois, debaixo daquele céu, brincando de desenhos e constelações com os brilhinhos acima deles.
— Agora eu entendo, … — voltou o olhar para , acariciando o rosto dela.
— Entende o quê? — não conseguia parar de olhar para cima.
— Você gosta de azul e de estrelas, faz sentido que você seja tão esquentadinha. Estrelas azuis são as mais quentes. — concluiu sorrindo e finalmente o fitou.
— E as mais bonitas! Olha como tá lindo lá em cima!
— Tá mais lindo aqui embaixo. — disse, contornando a boca da garota e chamando-a para um beijo gostoso e demorado.
aceitou o convite pedindo ao universo que o tempo parasse ali, passaria de bom grado a noite inteira sentindo a maciez dos lábios do rapaz na pele dela. Passaria a vida inteira, se pudesse. a deixava em êxtase, prestes a levitar, e aquele voo, ao contrário de todos os outros, não a assustava. Pelo menos não até lembrar que, depois daquela noite, ela faria um pouso forçado num chão firme — e muito mais sem cor e sem graça — de realidade.
finalizou o beijo mordendo o lábio de , impelido a beijá-la novamente, tão viciante que a garota lhe era. Tudo na aura de o puxava para cada vez mais perto, como se ela fosse a sua grande e linda estrela azul e ele orbitasse em torno dela, hipnotizado pelo brilho que ela irradiava. Desgrudou-se dela por um minuto e voltou a apontar o céu:
— Tá vendo aquela estrela bem no meio? – pegou a mão de , usando-a para indicar a direção.
— Aquela imensa e brilhante? — brincou com os dedos dele, entrelaçados nos seus.
— Essa mesma. É sua.
— O quê? Minha?
Ele levantou-se e mexeu na bolsa. Um certificado numa moldura com coordenadas geográficas e uma foto tirada por telescópio daquele mesmo céu que eles admiravam provavam o que o rapaz tinha acabado de dizer: ele havia comprado uma estrela, um pedacinho infinito de calor e luz, e colocado nas mãos de um pouco de eternidade.
— Eu a batizei de . — ele disse, vendo os olhos da garota marejarem. — Assim, sempre que você olhar para ela, você vai lembrar de mim. Da gente.
— , isso… Isso foi a coisa mais bonita que já fizeram por mim. — apoiou a mão na curva do pescoço do rapaz e deslizou delicadamente o polegar pela bochecha dele, memorizando cada detalhe daquele rosto que lhe fazia tão bem.
— Podem passar eras e eras, , mas aquela estrela vai ser pra sempre sua. – se rendeu ao carinho. — E eu também.
O rapaz ajeitou-se para abraçar por trás e contou-lhe ao pé do ouvido a história milenar daquele corpo celeste que agora pertencia a ela. cerrou os olhos e se deixou levar pela voz baixa e o hálito quente do rapaz, sussurrando as palavras calmamente. Era um arrepio diferente que lhe tomava conta do corpo, não sabia como reagir, sentia-se em casa e só queria abraçar e não o soltar nunca mais.
— … você tem mesmo que ir? — quis saber, dolorida, e derreteu ao ser chamado pelo apelido.
— Tenho. — ele beijou o ombro e o pescoço dela. — Você quer me dizer alguma coisa antes que eu vá? — ele perguntou baixinho.
A garota procurou pelas palavras que conhecia, mas todas evaporaram da sua mente. O que veio a seguir não foi filtrado nem calculado, apenas sentido. virou-se, encostou a testa na de e confessou sem pensar:
— É que eu… eu acho que te amo.
— Eu sei que te amo. — ele imediatamente respondeu de volta. — É por isso que eu preciso ir.
— Como assim? — estava confusa.
— Eu tenho que resolver umas coisas na Coreia antes de me mudar de vez para cá. — ele revelou, com a cara mais cínica do mundo.
— O quê? — não conseguia decidir se queria dar um tapa ou um beijo em . — Você vai morar aqui?
— Vou. — ele começou a rir. — Ainda tem muita coisa que eu quero fazer aqui, mas, principalmente, , aqui tem você. De todas as sensações que eu experimentei, de todas as coisas bonitas que eu vi, você foi a que me fez querer ficar.
— Por que você não me contou isso antes? — enfim fez sua escolha e acertou um soco no braço definido do rapaz.
— E perder a chance de ouvir você dizer que me ama? — ele disse, apertando o braço atingido. — Você é dura na queda, Moonson! Esperou até o último minuto para admitir!
— Eu odeio você!
— É mentira. — agarrou , sentando-a no seu colo. — Você me ama. E eu nunca vou deixar você esquecer que disse isso.
— Eu disse que acho que te amo. Eu acho. Posso mudar de ideia rapidinho.
— E eu posso aguentar essa sua marra a vida toda. Porque eu te amo, minha estrelinha azul.
e beijaram-se apaixonadamente e amaram-se ali mesmo, sentindo que eram o céu um do outro. Mesmo presos à terra pela gravidade, quando estavam juntos, os dois sentiam-se arrebatados, querendo-se cada vez mais, de novo e de novo.
Fim
Nota da autora: Essa história foi escrita há alguns anos e agora está aqui, vendo a luz do jeitinho que foi escrita. Espero que você tenha gostado!
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