After Midnight
Capítulo 1
’s POV:
Nenhuma mensagem… era isso! Os dias haviam se passado, nós havíamos voltado cada um para suas casas, para suas vidas, a minha rotina entediante seguiu, a rotina dele como idol de K-pop também… eu acompanhava o grupo e ele pelas redes sociais, assim como eu sabia que ele também acompanhava as minhas.
Tudo que eu e vivemos durante a passagem de ano havia sido a coisa mais mágica que havia acontecido em toda a minha vida durante meus quase trinta anos de jornada pelo mundo.
A lembrança daquela noite ainda queimava dentro de mim. O som das ondas ao fundo, o gosto das bebidas misturado ao sabor dos beijos dele, a forma como seus toques incendiaram minha pele… Tudo parecia ter sido um delírio, um sonho impossível de reviver. Mas a verdade é que foi real. Cada olhar intenso, cada provocação sussurrada, cada momento em que nossos corpos se encaixaram com um desejo incontrolável…
Eu me perguntava se ele pensava nisso tanto quanto eu. Se, no meio de sua rotina exaustiva, em meio a shows, entrevistas e ensaios, a memória daquela noite o assombrava da mesma forma que me assombrava. Ou se para ele tudo aquilo havia sido apenas uma lembrança distante, um capítulo que ele já havia deixado para trás.
Eu deveria ter seguido em frente, mas como seguir quando tudo ainda parecia tão vivo dentro de mim?
E o silêncio dele só tornava tudo aquilo muito mais difícil.
— Também, quem mandou você se envolver com um famoso, sua idiota!
ergueu os olhos de seu computador e me encarou com a testa franzida.
— Acho que você precisa de um café, vamos lá!
Eu a vi se levantar da mesa e me lançar um olhar mortal ao ver meu semblante de total descrença encarando-a.
— Você pode pegar para mim, amiga linda! — forcei um sorriso e ergui minha caneca de Friends na direção dela.
— Vem logo !
Observei caminhar pelo corredor em direção à porta da grande sala, seus passos determinados ecoando no ambiente silencioso. Ela nem se deu ao trabalho de olhar para trás, já sabendo que eu a seguiria, mesmo que fosse arrastando os pés.
Bufei, largando o lápis sobre a mesa e com minha caneca de Friends nas mãos, me levantei.
— Isso é um abuso de autoridade disfarçado de amizade — murmurei para mim mesma enquanto saía da sala, ajeitando a blusa no processo.
A grande copa da empresa estava relativamente vazia, apenas algumas pessoas conversavam baixinho perto da máquina de café. já estava lá, mexendo impaciente no celular enquanto esperava o café encher sua caneca.
Caminhei até ela, ainda com a expressão de poucos amigos.
— Eu realmente precisava levantar? — questionei, encostando-se ao balcão enquanto esperava minha vez.
— Sim, precisava — ela respondeu sem tirar os olhos da tela. — Você estava entrando numa espiral autodestrutiva e, francamente, eu não tenho paciência pra isso hoje.
Revirei os olhos, mas não consegui segurar um pequeno sorriso. sabia exatamente quando me tirar do meu próprio buraco.
— Me desculpe, eu só pensei alto. Vou manter meus pensamentos e minha auto sabotagem só para mim novamente.
— Você não manda mensagem para ele porque não quer, porque é orgulhosa. Se você mandasse uma mensagem, um ‘oi’ que fosse, acabaria logo com essa angústia dentro do seu peito. Pelo bem ou pelo mal.
Eu sabia que ela tinha toda a razão do mundo, mas eu não podia dar o braço a torcer. não sabia como haviam sido todos os jogos entre eu e , e eu não podia ser a primeira a ir atrás. Além do mais, se ele estivesse tão perdido nas lembranças quanto eu, ele teria mandado algo, não teria?
— Você não entende , não é tão simples assim. Ele é famoso! — dei uma desculpa e dei de ombros.
— Ele é famoso, mas vocês transaram e vocês trocaram números. Ele deve estar esperando uma mensagem, é um homem ocupado, deve ser por isso que não mandou.
— Fala baixo! — sussurrou quando notou alguns olhares sobre elas — Nada haver! Ele só me esqueceu, e tudo bem.
— E tudo bem? Você estava praguejando sobre isso agora mesmo, aliás, você tem praguejado sobre isso desde que voltou da viagem.
cruzou os braços e me lançou um olhar cético, como se esperasse que eu desmentisse a mim mesma.
— Eu não estou praguejando! — retruquei, virando de costas para encher minha caneca com café, evitando encará-la.
— Ah, claro. Então a senhorita “eu não ligo” estava falando sozinha e se chamando de idiota por quê mesmo? — ela rebateu, arqueando uma sobrancelha.
Suspirei, sentindo o cheiro quente do café subir até meu rosto.
— Eu só… não sei o que fazer. — Finalmente admiti, deixando o cansaço transparecer na minha voz.
— Simples, manda uma mensagem e descobre.
Me virei para encará-la, segurando a xícara entre as mãos.
— E se ele não quiser falar comigo? Se ele me ignorar ou for frio? Se tudo o que aconteceu naquela virada de ano não significou nada para ele?
suspirou e relaxou a postura.
— E se significou? Você vai ficar se torturando para sempre sem saber?
Mordi o lábio inferior, refletindo sobre suas palavras. Parte de mim queria acreditar que só estava ocupado, que no meio da correria, ele ainda pensava em mim. Mas a outra parte, a que estava tentando me proteger, insistia que se ele quisesse, já teria me procurado.
— Eu só… não quero parecer desesperada.
— Você não está desesperada, . Está apenas sendo honesta com seus sentimentos.
Fiquei em silêncio, encarando a xícara de café como se a resposta estivesse ali. Talvez estivesse certa. Talvez eu devesse parar de tentar adivinhar e simplesmente descobrir. Mas será que eu estava pronta para isso?
🌟🌟🌟
’s POV:
Me joguei no sofá com o copo de café que a staff havia me dado e soltei um suspiro pesado ouvindo os elogios de assim que terminei minhas gravações da última música do novo álbum.
Eu estava exausto, aliás, nós todos estávamos. A agenda de comeback estava puxada, com ensaios, sessões de fotos, gravações e reuniões intermináveis. O tempo parecia escapar por entre meus dedos, e eu mal percebia os dias passando.
Mas, no meio de toda essa correria, minha mente insistia em vagar para um único ponto: .
Passei a mão pelo rosto, tentando afastar o pensamento. Era ridículo. Já fazia semanas, e eu ainda me pegava lembrando de cada detalhe daquela virada de ano. O gosto dos lábios dela, o som da sua risada abafada pelo travesseiro, a forma como seu corpo se encaixava no meu…
— Você tá estranho. — A voz de me tirou do transe.
Levantei o olhar e o vi me observando do outro lado da sala, os braços cruzados. e estavam discutindo sobre algum detalhe da coreografia ao lado, sem prestar atenção na nossa conversa.
— Só cansado. — Dei de ombros, levando o café aos lábios.
— Cansado? — Ele estreitou os olhos. — Não me convence. Você está calado demais ultimamente.
Bufei, desviando o olhar para a tela do celular, como se tivesse algo importante ali. Nada. Nenhuma mensagem dela. Nenhuma notificação além de trabalho.
Se ela quisesse falar comigo, teria falado, não teria?
— Se for sobre uma certa pessoa, você sabe que pode mandar mensagem, né? — comentou, como se lesse minha mente.
Trinquei o maxilar e apertei o copo entre os dedos.
— Não é tão simples assim.
Ele suspirou e se jogou ao meu lado no sofá.
— Você já tentou complicar menos?
Não respondi. Porque, no fundo, eu sabia que ele estava certo.
esperou por uma resposta que não veio. Eu apenas levei o copo de café à boca, mesmo que já estivesse praticamente frio, apenas para não precisar encará-lo.
— Você não é de agir assim, . — Ele continuou, ignorando meu silêncio. — Quando quer algo, vai atrás. O que te impede agora?
Soltei um riso curto e sem humor.
— Você mesmo disse: estou estranho.
— Tá mais pra medroso.
Virei o rosto para encará-lo, semicerrando os olhos.
— Não começa.
— Só estou sendo sincero. — deu de ombros. — Você não quer admitir que se envolveu de verdade, e agora não sabe como lidar.
Joguei a cabeça para trás, soltando um suspiro frustrado.
— Não se trata disso.
— Então do que se trata?
Eu não tinha uma resposta simples. Talvez fosse orgulho. Talvez medo de que a gente se tornasse apenas um momento perdido no tempo. Ou, pior, que para ela, já tivesse sido isso.
Antes que eu pudesse me aprofundar ainda mais nesses pensamentos, chamou a atenção de todos, avisando que precisaríamos rever algumas partes do cronograma. Aproveitei a deixa para me levantar.
— Vou pegar outro café. — Murmurei, me afastando antes que pudesse insistir no assunto.
Mas, enquanto caminhava pelo corredor em direção à copa, tudo que eu queria era desbloquear o celular e digitar um simples “Oi”.
O problema era que eu não sabia se teria coragem de enviar.
Ah, não, já começou a palhaçadaaaa!
Mas gente, e ficam os dois pensando a mesma coisa E NO FINAL NINGUÉM MANDA MENSAGEM PRA NINGUÉM. Eu fico de cara com as pessoas que ficam assim, claramente QUEREM mandar mensagem, mas não mandam. Se tá com vontade de falar com a pessoa, fale, uai!
Às vezes é melhor se arrepender de ter feito algo do que se arrepender de não ter feito UHASNDONADOINIO
Os dois sçao cabeça dura viu? Um pior que o outro hahah