A Vida Como Ela É (Pra Mim)

  Chegar em um lugar novo, desconhecido, nunca é fácil. Acho que quanto mais longe o lugar, mais difícil é, menos gente você conhece e é com menos frequência que você pode visitar sua família. Na verdade, acho que nunca é fácil sair da casa dos pais para fazer a própria vida, mesmo que eles morem no fim da rua, porque você precisa lidar com responsabilidades que antes você nunca tinha lidado e responsabilidades nunca são legais. E vou contar como foi a minha versão desse “amadurecimento forçado”.

  Meu nome é Anna e tive que me mudar para a França porque meus pais decidiram me colocar em um colégio interno em Paris. Obviamente, quando cheguei não conhecia ninguém e lugar nenhum, e também odiei tudo e todos por conta disso, dessa mudança forçada, ao mesmo tempo em que todos diziam que iria ser bom pra mim. Como uma coisa que eu não concordo pode ser bom pra mim?

  Como ainda são meus pais que decidem tudo por mim ainda, eu tive que ir; tudo porque, aparentemente, precisava ser mais culta para o meu pai. Um escritor famoso não pode ter uma filha que não estudou em algum outro país alguma vez na vida, não é mesmo? Bullshit. Deveríamos ter uma regra contra isso, se o filho não quer fazer alguma coisa, os pais não poderiam obrigar. É!

  Mas vamos ao que interessa: Como tudo acabou.

  É meio óbvio que no começo eu odiava tudo, odiava o lugar, odiava as pessoas, odiava as aulas, odiava meu pai pela ideia estúpida. Daria tudo para voltar para a minha casa com a minha mãe, com os meus amigos, mas não é assim que as coisas funcionam, certo?

  Depois de um tempo, decidi parar de ser a menininha mimada e chata, pois, afinal, estava presa em uma cidade maravilhosa por um ano, por que não aproveitar? Comecei a me abrir mais e, consequentemente, fazer mais amigos e ter com quem conversar sobre o que estava passando.

  E uma coisa que eu comecei a notar é que quando não estamos sozinhos, a coisa começa a melhorar… Não que fique fácil, nunca disse isso, apenas fica um pouco melhor. E foi assim que eu me senti quando conheci melhor meus novos amigos… Menos sozinha.

  Sempre disseram que lar não é o lugar onde você está, mas as pessoas com que você convive, nunca dei muito crédito a isso, pensando ser mais uma besteira filosófica e sem sentido, mas depois desse tempo aqui, descobri que isso é totalmente verdade. Nós construímos nosso lar em torno das pessoas da nossa vida, aquelas que nos fazem sentir amadas e especiais.

  No fim, isso que foi Paris para mim, um novo lar, não melhor e nem pior que o meu antigo lar, mas diferente. Eu volto para casa diferente, gosto de pensar que uma Anna melhor. Talvez até possa considerar uma Anna pré-Paris e uma Anna pós-Paris, porque tudo na minha vida tomou outras proporções, problemas enormes que tinha em Atlanta viraram probleminhas fáceis e sem importância, e agora tenho muito mais fé em mim mesma e passei a crer que posso tudo o que eu quero.

  E quem sabe essa seja a vida, né? Um infinito de descobertas e superações, onde, com o tempo, você descobre que pode tudo!