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Doada por Milena Marques

// A Ideia
Era uma jovem, que tinha uma familia perfeita, e a mais desejada do seu vilarejo alem de ser a mais linda jovem, era também filha do homem mais poderoso dali, mais um dia quando ela e seu irmã vão passear no bosque, encontram uma casa a principio abandonada e com uma grande curiosidade, eles entram nela e a partir dai a vida desses dois jovens muda de cabeça para baixo.

// Sugestões
Bom a historia se passa a alguns anos atras e ira contar a historia da principal e do Niall o irmão dela, que assim que eles entram na casa acontece coisas que eles nunca imaginavam, sendo o Harry o principal e o vilão também.
// Notas

// Leitor Doador
Nome: Milena Marques

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A Casa do Bosque

Capítulo 1

Escrito por Natashia Kitamura

  — Meu nome é . Não liguem para meu sobrenome. Mesmo meu pai sendo Albert , ainda assim posso ter quantos amigos conseguir manter. Vocês devem conhecer meu irmão mais velho, Niall. Ele está na turma acima da nossa. Não, por que falar sobre Niall? — A garota viu sua careta em frente ao espelho e balançou a cabeça, recuperando sua postura e abrindo um enorme sorriso. — Oi, sou . Sou filha de Albert e gosto de praticar corte e costura nos meus horários livres…
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  — Quem pratica isso hoje em dia, ? Se você quer amigos legais, terá de ocultar essa informação. — A garota de cabelos longos, presos em uma longa trança olhou para trás ao ver o irmão um ano mais velho encostado no batente de seu quarto com uma expressão de riso.
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  — Niall! — disse, nervosa por estar sendo observada. — Quantas vezes lhe disse para não aparecer sem me avisar?
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  — Estou apenas tentando te ajudar — o garoto disse, rindo. Entrou no quarto sem pedir permissão para a irmã mais nova, jogando-se em sua cama. — Você está muito ansiosa para estudar. — Soltou uma gargalhada ao ver a irmã olhar para ele com os olhos brilhando, ao invés de se aborrecer como qualquer garota normal faria.
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   possuía uma saúde frágil; desde pequena o médico da família a vetou de ter aulas normais na escola do vilarejo onde nasceu e cresceu. A mansão da família , famosa por ser mantida intacta por décadas, acabou por se tornar o refúgio da garota doente, que não podia sair com frequência de dentro dela.
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  Contudo, a situação mudou algumas semanas antes quando, milagrosamente, o quadro de saúde da garota melhorou, fazendo-a ter a coragem de pedir para o médico permitir-lhe que entrasse na escola para assistir aulas normais com todos aqueles jovens que via passar em frente ao portão da mansão a pé ou de bicicleta com seus uniformes azuis e brancos. Com a permissão do médico, os pais não foram contra a decisão de sua garota mais nova em se matricular no colégio do vilarejo.
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  A notícia se espalhou com a mesma rapidez que a velocidade dos cavalos de corrida. Durante os últimos dias, tinha recebido visita de tutores para lhe ajudarem com os materiais escolares, vizinhos tinham se aproximado para apresentar-lhes as filhas e filhos que estariam na mesma sala de aula da garota.
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  O fato de pertencer à família fazia com que a atenção fosse intensa em cima de sua nova vida. Albert não era o líder do vilarejo, mas era tratado como um. Por ser a família mais antiga e com maior influência sobre os outros por estar sempre ajudando e sendo um bom conselheiro para os líderes desde os 18 anos, a força do sobrenome fez com que e Niall fossem educados para lidar com a sociedade. não conseguiu, até então, praticar seus bons modos com as pessoas, já que sua saúde não lhe permitia sair das pendências da mansão; por outro lado, Niall era visto como o filho espelho de Albert, trabalhando em ajudar no que era possível.
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  — Ontem Gabrielle, da família Kent veio me fazer uma visita durante o chá da tarde — começou a dizer, unindo suas mãos e tentando conter sua animação. — Me falou sobre a escola e todos os eventos maravilhosos que poderei participar por fazer parte dela! Você nunca me disse que eles dançam lá! — a garota disse, se aproximando do irmão, que soltou uma risada.
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  — Se eu dissesse, estaria sendo mal em lhe fazer passar mais vontade de ir à escola, . — Niall apertou a bochecha da irmã. Mesmo tendo um ano de diferença entre os dois, a maneira como foram criados fazia parecer que os dois tinham muitos mais anos entre suas idades pela maneira que comportavam. sempre teve um grande respeito por Niall, que sempre tratou a garota como se ela ainda fosse uma garotinha indefesa.
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  No dia seguinte de manhã, assim que terminaram o café, os pais de Niall e decidiram acompanhar os dois até a entrada da escola. Como bons pais, sempre acompanharam o filho mais velho, deixando a filha aos cuidados das empregadas durante o pequeno tempo de ausência dos dois. O primeiro dia de aula sempre foi importante para os alunos do vilarejo, uma tradição do local.
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  — Venha cá, querida, irei arrumar sua gravata — a mãe, Amélia, chamou por , arrumando, como informado, a gravata borboleta que fazia parte do uniforme do colégio.
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  Com as pernas para fora da saia pregueada, arrumava a camisa para dentro da saia sempre que se levantava. As meias estavam brancas e os sapatos pretos engraxados pelo caseiro da mansão. Mãe e filha caminhavam de mãos dadas enquanto pai e filho estavam logo atrás conversando animadamente sobre as aulas.
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  Na porta do colégio, vários pais e alunos se amontoavam para a despedida. Observaram entrar depois de receber um beijo da mãe e um abraço do pai, que logo trocou um olhar com Niall, sendo o suficiente para o irmão mais velho saber qual a responsabilidade dele a partir deste ano.
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  As aulas ocorreram tranquilamente. Durante o intervalo, facilmente foi incluída em um grupo de amigas que conversavam entre elas como se a vida sempre tivesse sido daquela maneira.
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  Na saída, um grupo de garotos da sala chamou o grupo de para irem se divertir em um bosque que havia perto da escola. rapidamente soube qual bosque eles se referiam, pois passava por ele no caminho de casa.
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  — Vamos? — Niall se pôs ao lado de na saída quando o grupo da sala de se organizava para se divertirem no bosque. — O bosque encantado? — perguntou ao ouvir uma das amigas mencionar para a outra. — Vocês pretendem ir para lá?
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  — Kevin disse que é um ótimo lugar para nos divertimos com o pique-esconde. — Niall reconheceu Marie, da família Kent, dizer para si. Ignorou as bochechas da garota que se tornaram vermelhas ao lhe dirigir a palavra e olhou para , que parecia encantada em ser convidada para o primeiro evento de sua sala.
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  — Vocês sabem a fama que percorre sobre o bosque encantado? — Niall aproveitou a deixa para se divertir com a ingenuidade da turma. O grupo se calou, dando atenção ao mais velho de todos, que se pôs a falar: — Houve um dia uma família de bruxos que praticava magia com os animais do bosque; quando eles foram descobertos, nosso vilarejo decidiu acabar com suas práticas, já que eles prejudicavam a fama de nossa vila e a paz de nossos animais. Contudo, parece que um garoto possuía uma magia forte demais para ser exterminado deste mundo e sua alma continua presa ao bosque.
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  — Isso é mentira! — um garoto disse ao fundo. Niall ri.
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  — Você nunca passou por lá de noite? Mesmo quando não há vento, podemos ouvir os movimentos das folhas balançadas pelo garoto que gosta de se pendurar nas árvores e assustar os pássaros.
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  Ao terminar de contar a lenda que ouviu de seus veteranos, sentiu agarrada ao seu braço, tremendo de medo.
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  — Vamos para casa, — disse, vendo-a hesitar. — Você não irá querer entrar no bosque.
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  — Podemos fazer disso uma prova de resistência — outro garoto disse, vendo vários concordarem. — Temos de entrar no bosque e caminhar lá dentro por vinte minutos. Se algo acontecer, ele estará certo. Se não, poderemos nos divertir à vontade.
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  Os integrantes do grupo, de pouco em pouco, foram concordando até chegar a vez de , que olhou para todos e então para o irmão.
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  — E-eu acho que vou… — disse, sem realmente querer dizer aquilo.
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  — , nossos pais pediram para almoçarmos com ele, lembra? — Niall tentou convencê-la a não ir. Na verdade, não queria ter de acompanhar a irmã até o bosque, mas prometeu aos pais que cuidaria dela, além disso, não queria deixa-la sozinha em seu primeiro dia de aula. Não sabia se ela teria algum ataque repentino. Os amigos não saberiam socorrê-la.
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  — Se ela quer ir, deixe ela ir, oras — um garoto ruivo com sardas nas bochechas, disse ao fundo. — São só 20 minutos, não uma eternidade!
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   engoliu seco e olhou para Niall.
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  — Eu preciso ir, Niall… — disse, medrosa. Viu o irmão suspirar e então desistir.
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  — Tudo bem. Mas irei com você para garantir que será somente vinte minutos e então voltaremos para casa. Nosso pai é capaz de nos castigar por não chegarmos a tempo do almoço.
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  A caminhada foi feita de risadas e brincadeiras. ia por último com a garota Kent e Niall logo atrás, entediado e interessado em seu relógio para ver as horas. Pediu para um amigo que fazia o mesmo caminho dele parar em sua casa para avisar qualquer um que ele e atrasariam alguns minutos devido a uma vontade dela em se divertir com os novos amigos.
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  A entrada do bosque era aberta e mostrava muitas árvores espaçadas da outra. O chão coberto de folhas e grama verde, durante o meio do dia, podia ver o mais longe que conseguiam, além do céu, mesmo com as árvores sendo extremamente altas e largas.
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  — Tudo bem, vamos nos separar em grupos. Cada grupo deverá ter ao menos uma pessoa com um relógio para ser possível contar os vinte minutos. Nos encontramos aqui mesmo na entrada e o último grupo a chegar será o primeiro grupo a contar no pique-esconde. — Niall reconheceu Blake, o filho do líder do vilarejo dizer para todos.
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  , Niall, a garota Kent e mais um casal de amigos de foram em direção ao leste. Caminhavam conversando sobre como havia sido o primeiro dia de aula. Os oito primeiros minutos passaram rápido, entretanto, uma ventania repentina começou a fazê-los terem dificuldade de enxergar à frente.
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  — É melhor voltarmos, o tempo que levaremos para voltar nessa ventania completará os vinte minutos do jogo — Niall anunciou, olhando para o relógio em seu pulso.
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  — Você está com medo, ? — James, o único garoto que fazia companhia para Niall, disse com uma expressão de riso no rosto. — Esses ventos são normais aqui dentro. Podemos ir mais afundo se quisermos. — Apontou para dentro. Apesar do vento passar com mais frequência, ainda era possível ver o bosque claro. Ao fundo, alguns grupos passavam e gritavam para os outros entre risos.
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  — Não estou com medo, mas você sabe sobre a saúde de , James. — Niall olhou para o garoto, que viu a irmã mais nova dos escondida atrás de seu veterano.
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  — Ela não me parece prestes a ter um ataque — James disse. — Pare de usar sua irmã como desculpa de seu medo, isso sim é ser um covarde.
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  — Ache o que quiser, James, eu e estamos voltando. Não deveríamos nem estar aqui. — Niall segurou na mão da irmã, que não se esforçou e se soltar, já que queria tanto quanto o irmão sair dali.
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  — Vocês serão uma piada amanhã. — James riu. — Eu, Gabrielle e Alma vamos continuar. — Colocou as mãos nos ombros das duas garotas que não o retrucaram. — Você e sua irmã podem ir embora, iremos dizer a todos que vocês desistiram porque estavam tremendo de medo.
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  Niall não disse mais nada. Deu as costas e, com ao seu lado, começou a fazer o caminho de volta à entrada do bosque. Como havia previsto, o caminho de volta levou mais tempo que achava. Contudo, estranhou não estarem próximos à entrada; tinha certeza que decorou o caminho certo. Olhou para os lados e não viu mais nenhum grupo por perto. Até ouvirem um grito.
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  — Quem é? — olhou para os lados, desesperada. — Gabrielle? Foi a voz de Gabrielle?
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  Outro grito.
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  — James? — agarrou mais o braço de Niall, que olhava para todos os lados, procurando por alguém ou algum sinal de correria do grupo. Ao ouvir o terceiro grito, decidiu não ficar parado.
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  — Vamos, . — Pegou a mão da irmã e passou a correr na direção que havia decorado ser a da saída.
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  O tempo rapidamente fechou e uma chuva se iniciou, molhando todo o uniforme dos dois. Niall somente parou quando sentiu a mão de escorregar da sua; ao olhar para trás, viu a irmã caída no chão por ter tropeçado em uma raiz de árvore.
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  — Você está bem? — perguntou, preocupado com o estado de . Ela se sentou com as mãos e uniformes sujos e olhou para o joelho que estava ralado. — Espere! — Niall gritou antes de tentar limpar com suas mãos o sangue. Retirou a mochila de couro das costas e tirou lá de dentro um lenço que costuma carregar para limpar o suor que escorre quando usa muito as mãos para escrever. Com cuidado, limpou o joelho da irmã, que resmungou de dor. — Não está sentindo nada sem ser a dor? Faltar de ar?
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  — Estou bem — disse, mas Niall sabia que ela estava tentando parecer forte.
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  — Venha, se apoie em minhas costas, vamos sair daqui logo.
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  Sem reclamar, se colocou nas costas de Niall, que a levantou, carregando a irmã e a mochila que havia tirado. Olhou em seu relógio e começou a se preocupar depois de passado mais de 10 minutos do que havia calculado. Além disso, ninguém passou por eles até o momento e as vozes dos gritos cessaram. A chuva diminuiu. Por mais quarenta minutos, Niall continuou a caminhar insistentemente com em suas costas.
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  — Desculpe — ela sussurrou em seu ouvido, chorosa. — Se eu tivesse te ouvido…
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  — Tudo bem, . Entendo sua animação no momento. — Niall tentou parecer calmo, mas não deve ter conseguido, pois ouviu a irmã fungar o nariz pouco tempo depois.
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  Devido ao tempo ter fechado, era muito mais difícil para enxergarem o caminho. Niall tomava cuidado para não tropeçar e cair. Arregalou os olhos ao ver uma cabana ao longe. Apressou os passos; se alguém morasse ali, poderia ajuda-los a mostrar a saída.
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  Ao chegar na cabana, não recebeu resposta ao bater na porta. Entretanto, ao se virar, deu de cara com um garoto moreno parado com um conjunto de pedaços de madeira cortados para o que parecia ser uma fogueira.
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  — O que querem aqui? — o garoto perguntou.
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  — Desculpe — Niall disse, com ainda em suas costas. — Estamos perdidos.
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  — Perdidos? — o garoto disse, dando um passo para trás. — Poucas pessoas se perdem aqui.
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  — Eu sei. Não sei como isso aconteceu — Niall disse. Viu o garoto olhar ao redor, como se estivesse esperando por alguém. — Você pode nos ajudar? Minha irmã está machucada.
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  O garoto demorou mais alguns minutos para responder, até voltar a caminhar e passar pelos dois.
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  — Entrem.
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  A cabana por dentro era aconchegante. Quente e organizada, era tudo ao contrário do que os contos que os adultos contavam era. Niall colocou em uma cadeira, enquanto o garoto trazia um pano limpo com água quente.
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  — Isso é extrato de babosa. É uma planta eficaz para limpar cortes ou machucados. — O garoto passou um frasco com um conteúdo verde dentro.
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  — Obrigado. — Niall pegou o pano e o frasco para cuidar da irmã. — Sou Niall.
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  — Harry — o garoto respondeu. — Como vocês se perderam?
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  — A turma dela do colégio quis vir brincar de pique-esconde, mas durante a brincadeira, o tempo começou a mudar e quis voltar mais cedo. Achei que havia decorado o caminho de volta. — Niall explicava enquanto passava o remédio no machucado da irmã que por ter sentido dores piores antes, não se importou com o ardido no joelho.
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  — Ouvimos gritos. — finalmente dirigiu sua palavra a Harry, que levantou as sobrancelhas.
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  — Gritos?
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  — Deveria ser as pessoas brincando. De alguma maneira, os gritos nos assustaram e nos fez correr. Foi assim que ela se machucou — Niall disse, apontando para o machucado.
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  — O caminho do bosque muda de acordo com a necessidade das pessoas que estão dentro dele — Harry começou a dizer, olhando para os dois. — É o que dizem.
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  — Você sabe sair daqui? — Niall perguntou.
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  — Sei o caminho da saída, mas não sei se vocês conseguiriam me acompanhar — disse, caminhando até o fogão e colocando uma chaleira para ferver.
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  — Como assim? Conseguimos te acompanhar. — Niall se levantou. Harry levantou as mãos, pedindo para seu visitante se acalmar.
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  — O que quero dizer é que o bosque prega peças nas pessoas que entram nele. Posso lhe guiar até à saída, mas não garanto que encontraremos, pois no meio do caminho, eventos pode nos separar.
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  — Que tipo de eventos? — Niall perguntou.
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  — Por exemplo… Gritos.
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Capítulo 2

  Niall e se entreolharam.
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  — Gritos não vão nos assustar — a mais nova disse depois de engolir em seco.
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  — Ah não? — Harry perguntou com um sorriso brincando em seus lábios. — Pensei que tivesse sido o motivo de estarem perdidos. — Sorriu mais abertamente vendo fechar a cara.
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  — Não vamos nos deixar assustar desta vez, não é, Niall? — ela murmurou segurando firme a mão do irmão mais velho, que assentiu.
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  — Tudo bem então. — O estranho rapaz deu de ombros. — Mas seria bom esperar a tempestade passar. E além do mais, você não parece em condições de caminhar por muito tempo. — Apontou para que abriu a boca para protestar.
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  — Vamos esperar a tempestade, então — Niall murmurou antes que a irmã pudesse dizer qualquer coisa.
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  Harry voltou aos afazeres de antes de ser interrompido. Jogou alguns pedaços de lenha na lareira para aumentar o aquecimento da cabana que por ser de madeira, acabava deixando passar um pouco do vento por entre algumas frestas. se entreteve observando cada detalhe do lugar. Por anos imaginara como seria o interior da tão famosa casa no bosque; os adultos do vilarejo costumavam dar asas à imaginação das crianças contando que ali naquela cabana morava o Fantasma do Bosque que fazia desaparecer as crianças malcriadas ou que se perdiam no meio da floresta por desobedecerem seus pais; diziam também que a casa do bosque guardava inúmeros terríveis segredos e que o lugar deveria ser mantido trancado para não libertar o mal que se encontrava selado ali dentro.
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  Com todas aquelas histórias – que por mais que soubesse, agora que já era crescida, que eram apenas lendas e histórias para fazerem as crianças obedecerem aos pais –, não conseguia imaginar algo melhor do que um bangalô abandonado e cheio de teias de aranha e bichos estranhos em seu interior. Mas aquilo era bem diferente de seu imaginário. Era tudo muito limpo e organizado, pequeno, mas confortável e aconchegante. Tudo o que era necessário para uma boa temporada de descanso podia ser encontrado ali. Uma poltrona em frente à lareira, uma cadeira de balanço um pouco mais ao canto acompanhando uma pequena estante bastante cheia de livros; a cozinha era demarcada pela mesa quadrada de dois lugares, que no momento acomodava um lampião; além daquele cômodo, aparentemente havia mais dois, os quais a garota deduziu serem o quarto e o banheiro. “Nada mau…” ela pensou consigo mesma.
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  Niall, por sua vez, preferia manter o olhar sobre o estranho que os acolhera e na janela, para se certificar de que a chuva não havia passado mesmo. Estava louco para voltar para casa e o machucado de o preocupava. Logo agora que a irmã havia tido permissão para frequentar a escola! Os pais provavelmente surtariam com essa pequena aventura de e se caso algo mais – como uma gripe ou uma infecção no machucado – acontecesse, com certeza o senhor e a senhora voltariam a manter dentro de casa. Niall não queria que isso acontecesse. Vira a irmã se divertir e ficar tão feliz durante aquele dia na escola! O som de um trovão o fez despertar de seus devaneios.
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  — Mais alguns minutos e poderemos ir. — e Niall puderam ouvir a voz rouca do jovem morador da cabana dizer.
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  Niall encarou a janela com a sobrancelha erguida. Ainda chovia consideravelmente, como poderiam sair em alguns minutos?
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  — Querem chá? — Harry ofereceu erguendo uma xícara na direção dos dois irmãos. estava morrendo de frio e estava prestes a aceitar quando o irmão a impediu.
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  — Não, obrigado. Estamos bem — o mais velho disse, segurando as duas mãos de , que o encarou questionando.
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  Harry apenas deu de ombros e deu as costas, se voltando na direção do fogão e servindo-se de um pouco mais de chá.
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  Cerca de cinco minutos se passaram em completo silêncio, até que o barulho da chuva cessou e o dono da cabana voltou-se novamente aos irmãos com um sorriso nos lábios.
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  — Podemos ir agora — disse indo pegar um casaco que estava jogado de qualquer jeito sobre a poltrona em frente à lareira.
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  — Certo — Niall respondeu levantando do chão – onde preferira ficar, para não se afastar de – e logo se virando para ajudar a irmã a se levantar. Durante esse instante pôde ouvir o som de um trovão ao longe, a tempestade se afastava.
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  O trio saiu da cabana, Harry à frente e agarrada à Niall, logo atrás.
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  — Só uma coisa — o rapaz que os guiava murmurou antes de seguir em direção à trilha —, não importa o que aconteça, mantenham-se perto de mim e não olhem para trás — advertiu e, sem esperar resposta, voltou a caminhar com as mãos dentro dos bolsos do casaco que usava.
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   olhou para o irmão mais velho um tanto assustada.
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  — O que ele quer dizer? — perguntou ela encarando as costas de seu guia, preocupada.
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  — Não se preocupe, — Niall murmurou abraçando a irmã —, ele deve ser maluco. — Deu de ombros.
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  — Vocês vão acabar ficando para trás! — Ouviram a voz, já bastante afastada, de Harry cantarolar, o que os fez apertarem o passo para acompanharem o rapaz.
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  O bosque ficava bastante tenebroso depois de uma tempestade. O céu ainda estava encoberto e as árvores juntas não ajudavam a clarear o caminho. Harry caminhava com tranquilidade à frente dos , assobiando e às vezes cantarolando alguma coisa. Niall e permaneceram calados, apenas seguindo o caminho. olhou para os lados, não gostava daquela área do bosque, as árvores pareciam mais juntas que o normal e suas raízes invadiam a trilha que deveriam seguir. Era quase uma sensação claustrofóbica. Estava um pouco distraída, por isso acabou tropeçando numa das raízes e por pouco não caiu.
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  — Tudo bem, ? — Niall perguntou a segurando mais firme.
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  — Sim… — Quase choramingou. E pensar que se encontrava ali por querer se divertir um pouco com os novos colegas… Agora só queria ir para sua casa quentinha, iluminada e segura.
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  — Hei, Harry! — Niall chamou pelo guia, que parou, mas não se virou para encará-lo. — Será que podemos parar um instante? precisa descansar um pouco.
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  — A escolha é de vocês… — Por mais que o rapaz estivesse de costas e a certa distância, e Niall tinham certeza de que Harry dera de ombros fazendo pouco caso.
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  — Garoto esquisito. Nem sequer olhou para nós! — Niall resmungou sentando a irmã numa raiz gigante que brotava do chão.
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  — Não precisamos parar, eu estou bem! — a garota exclamou querendo se levantar, mas sendo impedida.
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  — , eu posso ouvir sua respiração daqui. — Niall encarou a irmã mais nova seriamente. — Não precisa se fazer de forte. Eu também estou cansado. — O garoto sentou-se ao lado de que a contragosto se manteve sentada.
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  — Só quero chegar em casa logo — retrucou a mais nova. Olhou de esguelha na direção de Harry que se manteve parado onde estava no caminho. — Ele não vai se sentar? — perguntou erguendo a sobrancelha.
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  — Como eu disse, maluco. — O mais velho revirou os olhos.
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  Um instante se passou em silêncio, até que o esmagar de folhas pôde ser ouvido.
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  — Ouviu isso? — perguntou um pouco aflita.
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  — Deve ser só algum animal procurando comida. — Niall olhou para trás na direção em que tinham vindo.
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  — E se for algum lobo? — também olhou na mesma direção, com medo.
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  — Melhor voltarmos a andar. — Niall levantou rapidamente. — Harry, nós… — Ele parou a frase pela metade. — Onde diabos está ele?!
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Capítulo 3

  Niall caminhou na direção em que Harry deveria estar parado – e de fato estivera alguns minutos antes – com grudada em seu braço, de olhos arregalados e um pouco assustada.
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  — Muito engraçado, Harry. Apareça! — o mais velho exclamou olhando ao redor entre as árvores que margeavam a trilha que seguiam.
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  — Estou ficando com medo, Niall… — murmurou agarrando-se mais ao braço do irmão mais velho.
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  — Tá tudo bem. — Ele a abraçou. — Vamos continuar seguindo a trilha — disse, já começando a caminhar.
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   se encolhia a cada barulho um pouco mais alto que ouvia; aquelas “histórias para crianças dormirem” voltando como um turbilhão em sua mente tomada pelo medo. Além dos medos bobos, ainda haviam os medos reais. E se não conseguissem encontrar o caminho de volta para casa? E se houvessem animais famintos e raivosos à espreita, querendo um pedaço de carne fresca? E se as lendas sobre o bosque mudar de tempos em tempos – tornando-se um labirinto – fossem reais e eles nunca mais conseguissem sair de lá para qualquer outro lugar? E quanto a Harry, onde ele estava e por que os abandonara? Eram tantas perguntas e “e se” em sua mente, que podia sentir sua cabeça latejar de tanta preocupação.
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  — Hei, baixinha — Niall chamou a atenção da irmã, que o encarou com os olhos um pouco úmidos —, não precisa ficar com medo, está bem? — Passou uma das mãos pelos cabelos da menor, bagunçando-os. — Vamos ficar bem, acharemos o caminho para casa e nem sequer precisaremos da ajuda daquele pivete — disse a última parte num tom um tanto ressentido.
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   apenas balançou a cabeça concordando e dando um risinho um pouco embargado pelas lágrimas que tentava segurar para se fingir de forte. Sempre quisera sair de sua casa, de seu quarto, enfrentar as aventuras do mundo lá fora, não podia acabar chorando na primeira aventura que estava tendo, e não choraria!
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  — Vamos lá, um pouco mais rápido. Parece que a chuva está voltando, não quero que você pegue um resfriado logo no seu primeiro dia. — Niall apertou mais a irmã sob seu braço e a encarou sorrindo largo. Ela sorriu de volta quase esquecendo do medo que sentia.
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  Caminharam um pouco mais, o joelho de incomodava um pouco quando ela andava, mas quase não sentia mais a ardência de antes. Estava se sentindo um pouco menos temerosa tendo Niall ao seu lado. O irmão sempre a protegera e ela se sentia segura em sua presença.
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  — Quer descansar um pouco? — ele perguntou já parando de andar.
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  — Não, estou bem — retrucou. — Vamos continuar, quero chegar em casa logo! — exclamou esfregando os braços ao sentir o vento frio de fim de tarde penetrar o tecido de suas roupas.
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  — Certo. — Voltaram a andar. — Hei, olhe! — Niall exclamou apontando em direção a um arbusto. — Amoras! — Sorriu caminhando na direção em que apontara.
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  Niall agachou-se na lateral da trilha observando as frutas, chamando a irmã mais nova para ver também. aproximou-se cautelosa do arbusto. Não queria ficar naquele bosque observando frutinhas, queria chegar logo em casa e se esconder debaixo das cobertas quentinhas!
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   ia se agachar ao lado do irmão quando o mesmo estendeu a mão para pegar uma das frutas. O que aconteceu depois fora rápido demais para que conseguisse assimilar direito. Num instante Niall estava ali, e então, num farfalhar de folhas, algo – algo por trás do arbusto – o puxou com força e continuou puxando para dentro da amoreira o irmão que tentava se soltar seja lá do que o estivesse segurando, agarrado à grama a sua volta. deu um gritinho de medo e tentou raciocinar. O que poderia fazer para ajudar Niall?
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  Olhou ao redor e seus olhos encontraram uma pedra mediana no chão. Não machucaria, mas talvez fosse o bastante para uma distração e a coisa soltasse seu irmão. Correu para pegar a pedra e sem hesitar, tacou-a com toda a força que dispunha na direção do arbusto, porém, a mesma pareceu atravessar as folhas sem esforço nenhum, sem encontrar um alvo para acertar.
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  — Larga meu irmão! — gritou já voltando a ficar chorosa. — Larga! Larga! — Ela correu em direção a Niall, puxando seu braço para tentar dar apoio. — Solte ele! — gritou mais uma vez, havia largado o braço de Niall e agora suas mãos cavavam um buraco entre os verdes das folhas do arbusto, tentando encontrar o que quer que fosse que estivesse ali. Nada. Era isso que havia ali. Um grande nada puxava seu irmão em direção aos arbustos, para fora da trilha. — Não! — gritou mais uma vez. — Deixe meu irmão em paz! — As lágrimas queriam começar a sair de seus olhos. — Solte-o! — Ela dava tapas inúteis nas folhas enquanto via Niall tentando se afastar.
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  O mais velho estava com a mão livre quase enterrada na terra da trilha, tentando puxar seu corpo de volta; se levantou e estendeu a mão para agarrar a do irmão, no instante em que ele levantou o braço… Não havia mais Niall. Apenas com um braço estendido para o nada. Seu irmão mais velho fora completamente engolido por um arbusto.
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  A garota ficou encarando o vazio à sua frente sem conseguir reagir. Então ouviu um novo farfalhar entre as árvores e arbustos mais à frente e seu coração disparou assim como suas pernas. Seu corpo estava correndo enquanto sua mente ainda tentava decifrar o que havia acontecido. O que estava acontecendo. Não tinha a menor ideia de para onde estava correndo, poderia estar indo diretamente na direção do inimigo agora…
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  “O caminho do bosque muda de acordo com a necessidade das pessoas que estão dentro dele”. A voz de Harry ecoou em sua mente num estalar. “Se isso for verdade, por favor, por favor, me leve a um lugar seguro…” era tudo o que o desespero lhe deixava pensar. “Por favor, por favor…” fechou os olhos por um instante um pouco mais longo do que uma piscada, mas foi o bastante para que tropeçasse em alguma raiz e caísse de bruços no chão. estava temerosa em abrir os olhos agora. Talvez fosse o fim…
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  — Bem-vinda de volta. — Ouviu uma voz rouca e levemente conhecida murmurar em algum lugar a sua frente.
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Capítulo 4

   ergueu a cabeça lentamente ainda receando abrir os olhos; quando finalmente o fez, seu olhar focalizou Harry. O rapaz estava sentado numa cadeira de balanço na varando da cabana, balançando para frente e para trás, despreocupadamente, um sorriso torto estampando seus lábios.
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   se endireitou no chão, sentou-se ainda atordoada e olhou ao redor. A trilha pela qual seguia anteriormente sumira às suas costas e de alguma forma ela havia tropeçado e caído diretamente na clareira onde a cabana daquele peculiar rapaz fora construída. Não conseguia entender o que exatamente tinha acontecido, mas estava aliviada por estar em um lugar muito menos ameaçador do que entre as árvores e arbustos. Lembrar dos arbustos fez com que ela se arrepiasse e as lágrimas voltassem a querer escorrer por seu rosto, mas fungou e se segurou. Ela observou com a visão embaçada o rapaz na varanda se levantar da cadeira e sem dizer mais, adentrar a cabana, deixando a porta aberta.
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   levantou-se desajeitada do chão, suas roupas estavam praticamente esfarrapadas e agora sujas de barro por conta da terra molhada após a chuva. Tentou se limpar um pouco, mas era inútil quando ela toda estava imunda. Caminhou mancando em direção à cabana e com um pouco de receio passou pela porta aberta.
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  — Chá? — O garoto de cabelos cacheados e olhos verdes, ofereceu, estendendo uma xícara na direção da visitante.
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  A garota encarou a xícara e depois o rapaz, e então se deu conta do quanto estava cansada e assustada; então finalmente as lágrimas escorreram em abundância por seu rosto. Havia perdido Niall; estava ainda mais perdida em um bosque; sentia frio, medo; estava suja e provavelmente, prestes a pegar uma bela gripe. Suas pernas cederam e ela caiu ajoelhada, chorando como uma criança, aos soluços.
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  Harry nada disse, indiferente à sua convidada. Apenas deixou a xícara no chão, à frente de . Depois fechou a porta e caminhou em direção à poltrona, pegando um livro qualquer na estante.
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   continuou a chorar, até estar cansada demais para continuar, os soluços e lágrimas parando gradativamente. Ela pegou a xícara de chá, ainda soluçando levemente, e bebericou. Incrivelmente, por mais que tivesse demorado bastante enquanto chorava, o líquido ainda estava quente, numa temperatura ideal para relaxar e acalmar. Aos poucos, sua respiração voltava ao normal, as lágrimas secaram e tudo o que restou como vestígio do choro foi o nariz úmido que a fazia fungar de vez em quando.
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  Quando por fim se acalmou, seus olhos voltaram-se na direção de Harry, que permanecia sentado. Lendo. Ignorando completamente seu desespero e sua presença.
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  — Como pôde nos deixar lá? — ela finalmente conseguiu dizer entredentes, o medo que sentira poucos minutos antes, tornando-se raiva e indignação.
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  — Eu avisei para não olharem para trás — disse simplesmente, sem tirar os olhos do livro que lia.
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  — Se tivesse dito que desapareceria, talvez nós tivéssemos mais cuidado! — retrucou.
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  — Você continua dizendo nós, mas onde está seu irmão? — Harry perguntou, deixando o livro de lado para encarar a visitante.
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   engoliu em seco, o choro querendo voltar.
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  — Ele… Ele desapareceu. — Ela soltou num quase sussurro, baixando o olhar.
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  Harry balançou a cabeça em concordância, levantando-se e indo em direção à estante guardando o livro em seu lugar.
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  — O bosque exclui aquilo que não faz parte dele — disse analisando alguns títulos de uma das prateleiras.
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  — E por que não me levou também? Por que levar Niall? — questionou fungando mais uma vez.
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  Houve um minuto de silêncio, Harry parou onde estava de costas para . Ele se contraiu levemente por um instante antes de quebrar o silêncio.
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  — Quer mais um pouco de chá? — ofereceu, mudando o assunto e já caminhando em direção ao fogão, parecendo um pouco menos a vontade.
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  — Quero ir para casa — resmungou enquanto dava mais uma fungada.
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  Logo após a garota concluir sua frase, o som tenebroso de um trovão pôde ser ouvido não muito longe dali.
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  — Não vai poder sair agora para tentar achar o caminho para casa. — Harry virou-se para que continuava sentada no chão. — Acho que vai querer tomar mais um pouco de chá e talvez comer alguns biscoitos agora. — Ele deixou uma xícara em cima da mesa da cozinha, junto com um pote de vidro cheio de biscoitos.
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   deu-se por vencida quando ouviu mais um trovão soar mais próximo do lugar ecoando e fazendo-a se encolher um pouco assustada. Ela se levantou com um pouco de dificuldade já que o machucado em seu joelho voltara a arder e a incomodar, caminhou lentamente na direção da pequena mesa e deixou-se desabar sobre a cadeira de madeira posicionada em frente à mesa. Harry havia desaparecido naquele meio tempo, provavelmente adentrando o que imaginava ser o quarto, que tinha a porta entreaberta naquele instante.
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   pegou a xícara de chá com ambas as mãos e a manteve por alguns instantes entre as palmas, aquecendo suas mãos que estavam frias, tanto pelo tempo quanto pela situação que estava passando. Ela mordiscava um biscoito sem muito ânimo quando ouviu a porta bater e Harry surgiu por ela com algumas cobertas entre os braços.
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  — Provavelmente terá de passar a noite, então deixarei algumas cobertas para você aqui. — Largou as mesmas no sofá e voltou-se novamente para a visitante. — Vai querer tomar um banho, com certeza — ele afirmou analisando o estado em que a garota se encontrava, lastimável. — Tenho algumas roupas de… — Parou por um instante antes de continuar. — Roupas de minha irmã. Elas estão um pouco velhas, mas vão servir para que você não morra com uma pneumonia. — Concluiu. — O banheiro fica logo ali. — Apontou para a segunda porta que observara, do outro lado do cômodo.
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  Ele já ia se recolhendo para seu quarto quando finalmente murmurou:
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  — Obrigada. — Sua voz era fraca e a palavra quase não passou de um sussurro, mas o silêncio naquela cabana era tão grande que Harry pôde escutar perfeitamente.
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  O rapaz parou de caminhar em direção ao quarto e ficou parado por um instante de costas para .
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  — Não te ofereço meu quarto porque hoje à noite vai ser fria, você vai querer ficar perto da lareira. Tenha certeza disso — disse sem se virar para a garota que apenas assentiu, mesmo sabendo que o rapaz não estava vendo.
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  — Obrigada… — murmurou mais uma vez vendo Harry se afastar e se trancar no outro cômodo.
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   não havia percebido, mas estava faminta. Comera vários biscoitinhos que Harry havia deixado em cima da mesa e bebericou aos poucos o chá que ia ficando morno. Quando terminou, arrumou tudo da maneira que pôde, lavando a louça suja e recolhendo as migalhas que deixara cair sobre a mesa; depois, caminhou com dificuldade até o sofá e viu a muda de roupas que seu “anfitrião” havia lhe deixado, assim como uma toalha nova. Seguiu com essas coisas na direção do banheiro. Era um ambiente pequeno, com uma pia, um chuveiro e um vaso sanitário. Havia também um banquinho de madeira num canto, destinado às roupas, muito provavelmente.
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   colocou as roupas sobre o banquinho; abriu as torneiras da banheira e deixou a água enchê-la; se despiu logo depois encarando o que vestia anteriormente. Parecia que suas vestes haviam entrado em uma briga com cães e obviamente levado a pior; estavam sujas, desfiadas, rasgadas… Não teria salvação para aquilo, afinal.
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  Depois de embolar os agora trapos, ela se enfiou na banheira, ainda por encher, e sentiu a água quente em contato com seu corpo. A sensação de conforto que o vapor da água lhe dava logo foi substituída por culpa. Como ela podia estar ali, no calor e comodidade daquela cabana, enquanto seu irmão estava lá fora, perdido na floresta, correndo perigo? As lágrimas se misturaram com as gotas d’água, e mais uma vez ela chorou naquele dia. Ela precisava encontrar Niall, precisava achar o caminho de volta para a vila, precisava voltar para casa; e quanto mais pensava naquilo, mais as lágrimas inundavam seus olhos.
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  Ao sair do longo banho, vestiu as roupas que lhe foram oferecidas, secou os cabelos com a toalha o máximo possível e voltou para a sala. Pegou um dos cobertores, se enrolou e se encolheu deitada no sofá, cobrindo-se completamente, tentando desaparecer do mundo. O sono veio numa pancada logo em seguida, trazendo sonhos inquietantes de uma floresta com vida própria, coisas invisíveis que engoliam pessoas e a silhueta de um rapaz que de longe controlava tudo aquilo…
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Capítulo 5

   despertou com o sol batendo sobre parte de seu corpo, a aquecendo de forma um tanto incômoda, levando em conta que na noite passada havia se coberto com dois cobertores grossos para se livrar do frio. Abriu os olhos relutante, sentindo seus músculos reclamarem pelo peso das cobertas e pela posição que havia dormido. A vista ainda estava embaçada quando percebeu o contorno de alguém sentado na poltrona a frente do sofá no qual dormira, observando-a silenciosamente.
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  Ainda estava um tanto perdida em relação à onde estava, sua primeira reação foi dar um gritinho de susto, mas nessa fração de segundos, o estranho se manifestou.
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  — Podemos sair depois do café para procurarmos a trilha para o vilarejo se quiser. — Ouviu a voz rouca e já conhecida de Harry. O instinto de soltar o grito se esvaiu quase que imediatamente e ela se ouviu suspirar de alívio e se endireitar no sofá, se espreguiçando.
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  — Bom dia — murmurou o encarando, recebendo de volta uma erguida de sobrancelha, o que a fez franzir o cenho em resposta.
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  O rapaz continuou a encará-la em silêncio, o que a deixou desconfortável. Logo ela seguiu em direção ao banheiro para lavar o rosto e se arrumar melhor.
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  No banheiro, olhou-se no espelho e percebeu o quão desgrenhado estava seu cabelo e seu rosto parecia o de alguém extremamente cansado. Respirou fundo ao se lembrar dos estranhos e pavorosos acontecimentos do dia anterior. Niall, foi a primeira coisa que lhe veio à mente. Onde ele poderia estar? O que poderia ter acontecido com ele? Estaria bem? Eram tantas as perguntas, mas sentia que estava longe de descobrir as respostas ou o caminho para elas. Decidiu que precisava encontrar o irmão antes de poder voltar para casa e que começaria imediatamente, mas antes, precisaria pedir mais uma roupa emprestada para seu “anfitrião”, já que não achava que uma camisola de mangas compridas pudesse ser adequada para um dia de busca em meio à floresta.
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  — Harry, eu gosta- — Ela interrompeu a frase no meio. Mal havia aberto a porta para pedir as roupas emprestadas e ele já as estendia a sua frente.
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  — Achei que ia precisar. — Deu de ombros, entregando a nova muda de roupas para , que apenas balançou a cabeça, sem ter outra reação para esboçar.
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  A garota trancou-se novamente no banheiro e trocou-se rapidamente. Olhou para si mesma e riu um pouco. Aquelas com certeza não eram roupas adequadas para uma moça de família da alta sociedade como ela era. Estava vestida com uma camisa branca um tanto justa – obviamente era feminina, já que havia alguns detalhes bordados – e uma calça cáqui que ia até pouco mais abaixo dos joelhos. Se sua mãe a visse naquele momento, usando tais trajes, com toda a certeza surtaria, faria com que ela voltasse para dentro de casa e trocasse de roupa para algo “mais adequado para uma mocinha”. Revirou os olhos já imaginando a cena e depois de dar mais um risinho, saiu do banheiro. Ela pensara que veria Harry a esperando sentado em algum lugar para que pudessem sair em busca da trilha – agora de Niall –, mas o cômodo principal estava vazio e silencioso. achou estranho, estava prestes a chamar pelo rapaz quando o apito de uma chaleira fez-se ouvir. Assustada, ela correu em direção ao fogão e tirou a chaleira do fogo com cuidado. Ao lado do fogão, na pia, havia uma xícara preparada para receber o chá; uma peneira estava posta para filtrar o líquido, o separando das folhas com as quais fora feito.
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   serviu-se da bebida que o dono da cabana havia preparado e, com certa pressa, comeu alguns biscoitos e engoliu o líquido quente – na temperatura certa – em três goladas. Depois de lavar a xícara, saiu correndo pela porta da frente que estava aberta. Parou por um instante encarando a natureza ao seu redor. Aquele bosque não parecia tão assustador durante um dia ensolarado e quente. Deu alguns passos à frente observando ao redor, maravilhada.
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  — Harry? — chamou, sem parar de observar tudo o que seus olhos conseguiam. — Harry? — chamou mais uma vez, mas não recebeu resposta. Deu mais um passo à frente quando ouviu o farfalhar de folhas no meio da mata. Um pouco hesitante, caminhou na direção em que achou que vinha o barulho, a boca seca pelo nervosismo. — Harry…? — chamou mais uma vez, se aproximando dos arbustos que rodeavam a clareira em que se encontrava, os braços estendidos à frente.
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  — Você não deve andar sozinha pelo bosque sem conhecê-lo — Harry murmurou às suas costas, assustando , que pulou de espanto, o coração palpitando. — Desculpe, não queria te assustar. — Sorriu torto, encarando-a de cima.
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  — Não me assustou — respondeu ela, tentando se recompor, mas a respiração descompassada e a palidez a denunciavam, o que fez com que o rapaz risse de lado.
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  — Vamos caminhando… — Ele antecipou-se indo a frente.
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  — Espere — murmurou, fazendo o rapaz voltar o caminho para poder encará-la. — Não posso ir embora sem meu irmão! — ela exclamou o óbvio, Harry apenas a encarou por um instante, pensativo, e deu de ombros, voltando a caminhar.
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   encarou o garoto a poucos passos a sua frente e, bufando, correu para ficar ao seu lado. Não seria deixada para trás daquela vez e não se atreveria a sequer olhar para os lados enquanto estivessem em meio à floresta. Ela caminhava quase agarrada ao braço de Harry, que vez ou outra olhava de canto de olho em sua direção, um sorriso torto aparente, toda vez que fazia isso. estava bastante receosa por estar de volta àquelas trilhas – por mais que mal conseguisse diferenciar um lugar do outro com todas aquelas árvores iguais a rodeando – e se perguntava por onde deveriam começar a procurar por Niall. Andaram por longos instantes em silêncio, apreensiva demais para começar algum tipo de conversa.
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  O medo era tanto que qualquer mísero barulho a mais, a garota se agarrava ao braço de Harry, que se segurava para não rir tão descaradamente do desespero da companheira. Passaram boa parte da manhã caminhando entre as árvores, vez ou outra, chamando pelo nome do mais velho, sem sucesso na busca.
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  O sol estava a pino quando Harry decidiu parar numa pequena clareira para descansar.
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  — Hora do almoço, devo presumir — ele disse encarando o pouco do céu que podia ser visto por entre as folhas; sentou-se sobre a raiz de uma árvore e esticou o braço para apanhar algumas frutas num arbusto. O gesto fez se desesperar, lembrando-se da forma como o irmão havia sido puxado por algo nos arbustos; ela correu na direção do rapaz e o puxou para longe, quase o derrubando no chão, não fosse o aparente super equilíbrio que ele possuía.
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  — O que houve? — ele retrucou num misto de irritação e confusão.
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  — Os arbustos… — ela murmurou, ainda agarrada ao braço pelo qual puxara Harry.
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  Harry encarou a menina com a sobrancelha erguida, agora achando um pouco de graça na expressão quase aterrorizada que se estampava no rosto de . Ele se soltou delicadamente das mãos firmes da garota e voltou a se aproximar cuidadosamente dos arbustos.
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  — São só arbustos — murmurou com certa cautela, como que ao falar com alguém perigoso a ponto de ter um surto psicótico. — E frutas. — Completou estendendo um punhado de amoras para , que encarou as mãos do rapaz com desconfiança. — Vamos, . São só frutinhas — retorquiu.
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  Ela tornou a encarar as mãos de Harry, fez uma pequena careta e então apanhou algumas frutas oferecidas.
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  — Mas vamos caminhando, precisamos encontrar Niall! — ela retrucou já se endireitando.
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  Harry bufou, mas logo se levantou e espanou a sujeira de sua roupa, voltando-se rapidamente para o arbusto de frutas, pegando um punhado e estendendo para .
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  — Não sabemos quanto tempo mais ficaremos no bosque, é bom termos o que comer — explicou, vendo a cara de confusão da garota. — Coloque nos bolsos. — Deu de ombros entregando as pequenas frutas recém-apanhadas nas mãos de , que fez o que lhe fora dito.
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  Harry apanhou mais um punhado de frutas e guardou-as nos próprios bolsos, logo depois, sem mais dizer, voltou a caminhar na direção da trilha que estavam seguindo. bem que gostaria de saber como aquele garoto peculiar conseguia se localizar em meio àquelas árvores tão parecidas.
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  — Vamos, quero voltar para a cabana a tempo do chá das cinco! — ele exclamou já a uns bons passos de distância.
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Capítulo 6

  Se ainda estivesse bem em relação ao passar do tempo naquela floresta, ela e Harry estavam há horas caminhando por aquelas trilhas à procura de Niall, e o pior, sem nenhum vestígio dele. Chamavam, vez ou outra se desviavam da trilha, mas nada que pudesse indicar que o garoto estivera ali foi encontrado.
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  A esperança de ia se esvaindo a cada passo que dava. Como poderia explicar o sumiço do irmão aos pais quando voltasse para casa? Aliás, como voltaria para casa? Ela começou a quase ter um ataque de pânico quando pensou no fato. Da primeira vez que tentara sair do bosque, perdeu seu irmão e ainda voltara para a clareira da cabana de Harry; parecia que aquelas árvores, aqueles arbustos e todo o resto tinham vontade própria e naquele instante brincavam de pregar peças em . Não poderia ficar ali, além do mais, o que seria dela? Moraria com o peculiar rapaz que a estava guiando naquele instante para o resto da vida? Deveria esquecer de tudo e todos antes do bosque?
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  — Claro! — foi tirada de seus devaneios pela exclamação de Harry.
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  — Desculpe, o quê? — Ela parou para encara-lo, assustada.
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  — Não estava prestando muita atenção, estava? — o rapaz perguntou sorrindo torto ao encarar a garota, que apenas meneou a cabeça, encolhendo os ombros. Por um instante ela pensara que aquela exclamação havia sido para seu pensamento anterior. Que boba ela era! — Eu dizia que os Riesen estão estranhamente quietos hoje e me perguntava o porquê. — O garoto começou a explicar novamente. — Quando me lembrei que os Riesen costumam tirar uma soneca durante o tempo de lua cheia. — Ele deu de ombros.
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   assentiu ao compreender e instintivamente olhou para o céu. Aquela área tinha as copas das árvores um pouco menos densas, o que deixava o céu amostra em alguns pontos. Ela se lembrou do comentário da professora de ciências na primeira e única aula que tivera na escola, que aquele dia – o dia da aula – era o último dia de lua cheia do mês.
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   sentiu o coração acelerar e as mãos começaram a suar de nervosismo. Ela não fazia ideia do que poderiam ser os Riesen, mas tinha a ligeira impressão de que não eram coisas agradáveis de se encontrar num bosque estranho e assustador. Apressou o passo para ficar ao lado de seu guia e se agarrou instintivamente em seu braço quando ouviu o barulho de folhas sendo pisoteadas.
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  — Harry… — murmurou agarrando-se ainda mais ao braço do rapaz, mas sendo ignorada. — Harry…! — chamou mais uma vez.
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  — O quê? — perguntou um pouco impaciente, olhando para a expressão assustada da menina que o acompanhava.
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  — … Passamos da lua cheia há pelo menos um dia… — murmurou por fim, os olhos grandes demonstrando todo o seu medo.
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  — Não se preocu- — A frase de Harry foi cortada.
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  — HARRY! — exclamou pulando de susto. Um enorme animal que parecia um cão selvagem, mas de tamanho gigante e presas imensas, havia pulado de trás de um arbusto, surpreendendo Harry e o abocanhando na clavícula.
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  Por mais que aquilo parecesse doer muito, o rapaz apenas se contorcia tentando se livrar do animal – ou o que quer que aquilo fosse – sem aparentemente estar realmente sentindo alguma dor. Mas deveria ser a adrenalina e o inconsciente, ao menos era naquilo que se forçava a acreditar.
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  Ficou encarando Harry lutar contra as mandíbulas do feroz animal que aparentemente queria arrancar o braço do tronco do rapaz que, de alguma maneira, estava conseguindo se soltar. Mais uma vez estava sem reação em um momento importante no qual precisavam dela. E mais uma vez seus músculos estavam travados, sua mente confusa e inebriada pelo medo.
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  — Solte-me! — Harry exclamou com certa raiva. O enorme cão arreganhou a boca e rosnou eriçando os pelos da nuca, mas soltando sua atual presa. O rapaz deu um soco de mão fechada no grande focinho do cão – o que para seu porte, provavelmente não passou de um peteleco – que ganiu se encolhendo um pouco. — Stopio a mynd! — ele gritou em tom estridente, quase que como se estivesse extremamente irritado com o animal; o mesmo ganiu mais alto e deu meia volta, saltando de volta aos arbustos e desaparecendo.
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  A fúria estampada nos olhos verdes de Harry esvaiu-se assim que constatou que estavam – ele e – fora de perigo. E então o torpor e a adrenalina se foram, a grande mordida que levara começou a doer infinitamente e seus joelhos bambearam, fazendo-o cair sobre a relva que ele tinha a impressão de estar úmida.
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  — HARRY! — exclamou, as pernas finalmente se movendo como ela queria. Ainda um pouco trêmula, ela se postou ao lado do corpo caído do rapaz. — Harry? Harry? Está me ouvindo? — perguntou pousando cuidadosamente a cabeça do garoto em seu colo. Ele resmungou qualquer coisa em resposta. — Ai meu Deus… — Ela deixou escapar quando percebeu que havia uma quantidade considerável de sangue ao redor do corpo. — Tudo bem, tudo bem — disse a si mesma tentando se manter calma, mas falhando horrivelmente, já que seus olhos se encontravam marejados e ela tentava ao máximo não chorar. — Harry, fale comigo, por favor… — choramingou, virando o rosto do rapaz em direção ao seu. — Olhe para mim, o que devo fazer? — Naquele instante a garota não conseguia mais se controlar, as lágrimas finalmente transbordaram e ela começou a soluçar.
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  — Deseje… — Ouviu o murmurar fraco, quase um sopro, que Harry soltou antes de ficar completamente inconsciente.
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  Desejar? Desejar o que? xingou internamente o rapaz, aquela não era uma situação para charadas ou brincadeiras; logo anoiteceria, ele estava ferido e algo lhe dizia que aquele enorme cão não tardaria a ressurgir para continuar o lanchinho da tarde.
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  Ela não sabia o que fazer e era isso. Aquele seria o fim de . Num bosque confuso e estranho que engolira seu irmão mais velho. Com um estranho guia morador do bosque definhando em seus braços…
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   curvou-se sobre o corpo inerte de Harry e chorou. Desejou não estar ali, perdida e encharcada de sangue alheio; desejou poder estar em casa com seus pais e Niall; mas acima de tudo, desejou que pudesse estar em algum lugar seguro onde pudesse pensar direito e cuidar dos ferimentos de Harry.
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Capítulo 7

  Harry despertou em um pulo, o coração acelerado e a respiração descompassada. A cortina de seu quarto estava aberta, assim como a janela que deixava a luz do sol passar e acertar diretamente a cama em que esteve deitado. Os lençóis estavam praticamente encharcados e ele demorou certo tempo até conseguir fazer sua respiração e seu coração se acalmarem. Esfregou o rosto com as mãos tentando ordenar a bagunça em que sua mente se encontrava. O que havia acontecido? Como acordara em seu quarto se sequer lembrava-se de ter ido se deitar ou qualquer coisa do tipo?
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  Com certo esforço o rapaz colocou as pernas para fora das cobertas e se endireitou sentado na cama, ainda tentando entender. Foi quando ouviu o ranger leve da porta do cômodo quando esta foi aberta minimamente por uma moça que espiou pela fresta por um instante antes de escancarar a porta com um sorriso radiante.
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  — Você despertou! — ela vibrou saltitando na direção de Harry, que manteve-se parado e estático onde estava, os olhos ligeiramente arregalados. — O que foi? — a moça perguntou parecendo confusa. — Parece que viu um fantasma… — Ela ergueu a sobrancelha, mas logo deu de ombros e voltou novamente em direção à porta. — Venha, vamos tomar chá, você deve estar faminto! — ela exclamou sorrindo largamente antes de desaparecer porta afora.
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  Harry continuou sentado na beirada de sua cama, completamente confuso. Sua cabeça começava a latejar a medida em que tentava reorganizar seus pensamentos e lembranças; tudo estava misturado, confuso. Sua mente parecia ter-se perdido no tempo; não conseguia encaixar as imagens que lhe vinham com alguma realidade. Aliás, será que aquilo era real? Sua cabeça deu uma pontada forte quando pensou naquilo. Talvez fosse melhor falar com aquela moça que estranhamente estava invadindo sua cabana.
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  Então ele se levantou e lentamente caminhou para fora do quarto, logo dando de cara com a garota sorridente servindo duas xícaras de chá dispostas uma de frente para a outra sobre a mesa da cozinha. Ela o olhou e de alguma forma parecia que até seus olhos sorriam para ele, o que estranhamente o fazia se sentir bem. A moça fez um gesto para a cadeira em frente a ela, convidando-o para sentar-se, o que ele fez de bom grado e com um sorriso nos lábios.
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  — Fiz chá de folhas de laranjeira, do jeito que você gosta! — ela disse num tom quase que orgulhoso. — E biscoitos de gengibre. — Apontou para uma travessa que estava no balcão que dividia a cozinha da sala de estar da cabana.
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  Harry não pôde deixar de sorrir com certo orgulho da garota a sua frente. Ele não tinha ideia do porquê. A verdade era que seu corpo e suas reações pareciam completamente desligados de sua mente, de sua razão. Por um lado, se questionava quem poderia ser a bela moça; por outro, sentia que a conhecia muito bem e que ela era importante para ele… Mas por quê?
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  Mordiscou um dos biscoitos de gengibre e bebeu um pouco do chá. Fez careta. Estava sem açúcar.
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  — O que há com você, Harry? — A moça torceu os lábios numa espécie de bico. Aquele gesto fez o estômago do rapaz dar um nó. — Não vai falar comigo? — retrucou ela fazendo um instante de silêncio para ver se o rapaz lhe responderia de alguma maneira, mas nada recebeu além de mais silêncio. — Só porque Albert disse que o bosque não é um lugar seguro? — Fez careta e aquilo lembrou Harry de algo. Ou melhor, de alguém.
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  — Você não deveria estar aqui, certo? — Harry permitiu-se dizer, um tanto inseguro, mas conseguiu mascarar com um tom de voz neutro.
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  — E quem disse que Jenna liga para o que os outros dizem?
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  Naquele momento um vento cortante atravessou a porta aberta, contrastando com o tempo aberto e brilhante do lado de fora da cabana; tudo parecia voar ao seu redor, mas a moça a sua frente permanecia sentada, a expressão serena e o sorriso nos lábios.
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  A confusão brotou novamente na mente de Harry, ia se levantar para chegar mais perto da garota, mas quando o fez, sentiu uma terrível fisgada no ombro que se aprofundou por um instante e depois tornou-se uma ardência dolorosa. Sua visão ficou turva, tudo o que pôde ver foram os grandes olhos dela, agora arregalados e marejados o encarando com certo desespero.
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“E quem disse que Jenna liga para o que os outros dizem?… Quem disse… Liga… Jenna liga… Jenna … Jenna …”

  — Vamos, Harry, vamos! — O rapaz ouviu um murmurar baixo e embargado. Abriu os olhos com certa dificuldade e arfou reprimindo um grito de dor ao sentir algo frio sendo colocado sobre seu ombro. — Harry! — Ouviu alguém exclamar em um misto de alegria e medo.
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  O rapaz sentia o corpo pesar, mas se esforçou para sentar-se no sofá, ignorando os protestos da garota que estava ao seu lado. Depois de respirar profundamente por várias vezes para tentar controlar as pontadas de dor no ombro, ele finalmente encarou sua companheira que estava agachada ao lado do sofá, um pano ensanguentado nas mãos e grandes olhos marejados o encarando de volta…
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  Agora Harry se lembrava do porquê não podia deixar partir.
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Capítulo 8

   sentia o coração palpitar, as lágrimas escorrendo initerruptamente. Ela mal sabia como havia ido parar no meio da clareira onde se encontrava a cabana, mas naquele instante, pouco lhe importava. Harry estava em seus braços, desacordado e com um grande ferimento no ombro que sangrava demais. Ver todo aquele sangue a fazia se desesperar ainda mais, e o desespero não a deixava pensar direito. Ficou por longos instantes parada, apenas observando o cenário no qual se encontrava, até ouvir um farfalhar leve na grama que a fez despertar. Ela não podia ficar ali no meio do bosque com um rapaz machucado à mercê de animais ferozes e famintos como aquele que atacara Harry. Levantou-se com certa dificuldade, já que ficara sentada sobre suas pernas por um bom tempo, e ponderando a melhor forma de levar o rapaz desacordado para dentro da segurança da cabana. Tinha medo de pegá-lo da forma errada e acabar ferindo-o ainda mais, mas depois de pensar um pouco mais, decidiu que aquele ferimento estava feio, mas ia ficar pior se não entrassem imediatamente na casa para cuidar do mesmo.
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   conseguiu, depois de muito esforço e medo de piorar a situação, sentar o rapaz e ergue-lo passando um dos braços em torno de seus ombros. O equilíbrio que conseguiu era precário, mas com passos lentos ela alcançou a entrada da casa. O grande desafio foi passar pelos poucos degraus da varanda, não tinha ideia de como conseguira passar por eles sem derrubar o corpo de Harry e a si própria. Enfim conseguiu adentrar a cabana e por certo momento a garota pensou se não seria melhor e mais confortável levar o rapaz para seu quarto, porém, em sua opinião, não era educado ou certo invadir a privacidade de alguém, ainda mais um desconhecido; portanto, optou por deitar o dono da cabana em seu sofá, não se importando muito com a possível futura mancha de sangue que surgiria ali. Olhou ao seu redor a procura de alguma coisa, seus pensamentos desordenados a deixando um tanto afoita. O que faria agora?
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  Encarou uma bacia de tamanho médio encostada num canto da cozinha. Limpar. Ela precisava limpar o ferimento antes que virasse uma infecção.
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   pegou água e jogou na maior panela que conseguira encontrar e deixou esquentando enquanto corria desesperadamente atrás de panos limpos. Pôde avistar alguns no varal. Não poderia garantir que estivessem totalmente limpos, mas era o máximo que conseguiria por ora. Pegou os panos e a água e voltou para a frente do sofá; com uma faca cortou o que restara da camisa do rapaz e por um segundo deixou-se abalar ao ver a carne dilacerada no ombro de Harry. engoliu em seco e respirou fundo, mergulhando o pano na água e depois passando-o sobre o ferimento. As lágrimas logo voltaram aos seus olhos. E se Harry não despertasse? Se ele morresse, como ela ficaria ali naquele bosque? Os pensamentos se perdiam a cada passada de pano que dava no ferimento, até que ouviu um grunhido baixo e o rapaz se remexeu um pouco. prendeu a respiração e a centelha de esperança se reavivou.
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  — Vamos, Harry, vamos! — ela murmurou baixo, a voz ainda embargada pelo choro. Ele tinha que acordar!
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  Harry se remexeu mais um pouco à sua frente e resmungou alguma coisa até que, enfim, abriu os olhos encarando-a enquanto continuava limpando o ferimento com água agora fria. O rapaz grunhiu e parecia se esforçar para não gritar de dor ao sentir seu toque.
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  — Harry! — soltou com alegria e também um pouco assustada, não esperando um despertar daqueles.
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  O rapaz parecia um tanto desorientado e com certo esforço sentou-se no sofá. A garota protestou, mas não tentou fazê-lo deitar novamente, não tinha aquela intimidade para isso. Harry respirou profundamente por várias vezes e então encarou-a. Ela o encarou de volta com os olhos marejados. Poderia ser apenas impressão, mas algo havia mudado na maneira como o rapaz do bosque a encarava, havia um brilho ali… De reconhecimento? Talvez fosse apenas agradecimento por, de alguma maneira, ter podido ser útil e de certa forma ter salvado sua vida; mas havia algo de diferente, ela sabia.
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  Harry endireitou-se da maneira que podia sentindo dor pelo corpo e, após fazer algumas caretas, encarou e sorriu. Não o sorriso debochado que normalmente lhe dirigia, mas um que aparentava ser no mínimo verdadeiro.
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  — Você desejou… — ele murmurou mais para si mesmo, o sorriso não se desfazendo.
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  — Desejei o quê? — perguntou a garota, a expressão ficando engraçada num misto de confusão e lágrimas que ainda escorriam.
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  — Não importa — respondeu, agora sorrindo de lado como sempre. Com certa dificuldade se levantou, mas antes que pudesse dar o primeiro passo, o interrompeu.
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  — Não pode andar por aí com um machucado desses! — exclamou limpando as lágrimas e fechando a expressão para tentar transmitir alguma seriedade.
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  — Posso lidar com isso. — Harry deu de ombros e começou a caminhar na direção da cozinha. — E além do mais, a comida não vai ficar pronta sozinha…
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Capítulo 9

   encarava a floresta à sua frente com certo desânimo. O sol iluminava quase toda a clareira e ela havia acabado de terminar de lavar os panos que usara na noite anterior no ferimento de Harry. Estava sentada no degrau da varanda, as pernas dobradas e o queixo encostado nos joelhos. Ela queria muito sair correndo dali, voltar para casa; qualquer leve movimento, fosse da brisa ou de algum pequeno animal passando por perto, a fazia sentir calafrios por todo o corpo. Não era agradável. Mas simplesmente não podia sair correndo. primeiro lugar porque não sabia para onde correr, e em segundo porque não podia deixar Harry sozinho machucado da forma que estava. Preferiu por algum tempo não mais mencionar uma tentativa de voltar para casa. De alguma forma sentia-se culpada pelo acontecido com o rapaz, se ela não tivesse insistido tanto para procurarem Niall e a trilha, talvez aquela criatura não tivesse atacado…
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  Haviam se passado alguns dias desde o ataque, mas ainda sentia calafrios quando ouvia qualquer barulho vindo da floresta; desde o farfalhar das folhas por conta do vento, até o barulho de pequenos animais passando por perto. Harry parecia não estar muito preocupado com ser atacado novamente e parecia nem se lembrar direito do ferimento em seu ombro, já que todas as manhãs ele saía pelas trilhas ao redor da cabana para caçar ou arrumar mais lenha para a lareira. não conseguia entender como o rapaz podia agir daquela forma. Como não estava estirado em sua cama, amuado e gemendo de dor? Mas não importava realmente, ela estaria apavorada se fosse o caso. Deu graças a Deus por Harry ser um rapaz peculiar.
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   pôs-se em alerta quando ouviu o barulho de folhas sendo esmagadas na trilha a sua frente. Levantou-se em um pulo e prestou maior atenção, caso tivesse de correr.
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  — Trouxe nosso jantar! — Ouviu Harry exclamar e surgir em meio à mata segurando uma lebre pelas patas.
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  — Mas mal estamos na hora do café… — murmurou mais para si mesma enquanto tentava se localizar nas horas.
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  — Vamos demorar um tempo para preparar o jantar, então é melhor começarmos logo. — Harry sorriu e parecia orgulhoso. Adentrou a casa e foi direto para a cozinha. — Vamos ter ensopado de lebre!
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   riu. Na noite anterior, Harry – contra todos os protestos de – preparara uma sopa com alguns legumes que estavam separados em uma cesta e havia ficado incrivelmente bom.
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  — Ficaria melhor como um ensopado de lebre — o rapaz murmurou fazendo careta para a colher a sua frente. — Ou talvez de cervo. — Deu de ombros.
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  “Então vamos de lebre dessa vez” ela pensou.
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  — Quer me ajudar a limpar a lebre? — o rapaz perguntou para a garota que arrumava as panelas ao seu lado. Três segundos de silêncio absoluto foram o suficiente para ele saber a resposta. — É, achei que não. — Riu. — Que tal então me ajudar com os legumes?
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  — Isso eu posso fazer — respondeu quase que de imediato, fazendo Harry gargalhar enquanto pegava uma grande faca afiada para começar a tirar a pele do animal.
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  Levou-se algum tempo até o jantar daquela noite ficar pronto. ajudou a cozinhar os legumes e temperar o ensopado com algumas ervas do “quintal” da cabana. Quando finalmente sentaram para comer, estava faminta. Ela tomou algumas colheradas do ensopado antes que pudesse fazer qualquer outra coisa. Seu desespero por comida fez Harry gargalhar mais uma vez. Aquilo a deixou um pouco desnorteada. Desde que chegara ali, não ouvira o rapaz rir abertamente daquela maneira nenhuma vez, e naquele dia ele o fez duas vezes. Poderia ser algo com o que se preocupar, mas a fome era tanta e o ensopado estava tão bom que ela decidiu ignorar.
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  Os dois comeram e conversaram um pouco, a maior parte da conversa girando em torno da comida.
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   pensava em como Harry podia ser tão bom na cozinha. Ele era melhor do que ela, certamente. E era um rapaz! Ela fez um pequeno bico de mágoa com os lábios e quase engasgou de susto quando Harry aproximou-se com a já conhecida xícara de chá estendida a sua frente.
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  — Chá? — ofereceu. — Faz bem para a digestão — explicou.
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  — Obrigada. — sorriu pegando a xícara e dando uma golada. É, até mesmo o chá de Harry era muito bom.
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Capítulo 10

   encarava o teto de madeira da sala da cabana de Harry. Era madrugada e ela não conseguira pegar no sono por algum motivo. Sentia-se bastante cansada e os olhos ardiam, mas toda vez que se atrevia a fechar os olhos, algum pensamento mais profundo se agitava em sua mente, fazendo-a despertar contrariada. Turbilhões de pensamentos puxavam uns aos outros em sua cabeça; como deveriam estar seus pais? Ainda deveria haver esperança para Niall? Deveria haver esperança para ela? Eram tantas possibilidades para cada uma das perguntas e seu cérebro parecia fazer questão de especular cada uma das respostas naquela hora da madrugada; mal percebeu o momento em que finalmente caíra no sono.
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  Abriu os olhos de súbito, o coração palpitando e a respiração ofegante por algum motivo. Levou algum tempo para se estabilizar e se localizar, estava tão confusa e os pensamentos tão em desordem… E também havia aquele calor excessivo. Sentou-se lentamente e olhou ao redor. Ainda era noite e a lareira estava acesa, a fonte do calor. Não se lembrava de tê-la acendido, mas apenas deu de ombros e bocejou, talvez Harry o tivesse feito, apesar de ter quase certeza de que no momento em que se deitara o clima estava agradável o bastante para não ser necessário a lareira.
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   levantou-se do sofá e caminhou em direção ao fogo, pegou o atiçador e cutucou um pouco a lenha de forma distraída. Havia despertado de uma forma tão repentina que tinha quase certeza de que não voltaria a pegar no sono tão cedo. Brincava com o fogo e prestava atenção ao seu crepitar quando teve a leve impressão de ouvir um sussurro. A primeira vez não deu atenção, deveriam ser seus sentidos ainda tentando despertar, apenas continuou a brincar com o atiçador na lareira. Mais alguns instantes e ouviu algo um pouco mais alto e mais próximo; desta vez deixou o atiçador de lado e ergueu-se lentamente, como se qualquer movimento brusco fosse desfazer o que quer que estivesse acontecendo.
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  — Harry? — ela soltou num sussurro um pouco engasgado pelo medo. Nada de respostas. — Harry, para com isso, já estou assustada o suficiente com tudo o que vem acontecendo — murmurou novamente sem sair do lugar.
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  O silêncio permaneceu e bufou, tinha certeza de que Harry tentava lhe pregar uma peça, mas ela não cairia naquilo.
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  — Ele nunca dorme.
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   ouviu um murmúrio baixo ao pé do ouvido, o que a fez pular de susto e se afastar em direção à lareira.
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  — Quem foi que disse isso?! — exclamou, agachando-se para agarrar o atiçador da lareira para se proteger do que fosse. — É bom desaparecer! — disse segurando sua “arma” com força e olhando ao seu redor. — HARRY! — gritou por ajuda.
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  — Menina tola! — Uma voz alta e grossa soou ao mesmo tempo em que o fogaréu atrás de se expandiu em enormes labaredas, quase a pegando.
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  — HARRY! — ela gritou novamente e correu para a porta do que deveria ser o quarto do rapaz. — HARRY, SOCORRO! — Ela bateu na porta com força e desespero.
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  Enquanto gritava e batia, sentiu algo quente transpassar seu corpo e no mesmo instante, pôde-se ouvir o barulho das dobradiças se movendo. A porta estava aberta enfim.
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   deu um passo para trás, assustada. Sentia um incômodo arrepio na espinha e, embora soubesse que deveria dar as costas e sair correndo, algo a impulsionava a ir em frente, escancarar a porta e finalmente desvendar o mistério por trás dela. Não havia percebido, mas naqueles poucos segundos de hesitação, ela inconscientemente já estava quase adentrando o cômodo. Sua respiração estava hesitante, tinha medo de respirar e acabar desmaiando ou acabar chamando a atenção de alguma coisa. Quando finalmente abriu a porta, prendeu a respiração. Não havia nada de anormal ali. Apenas Harry. Sentado em uma cadeira com um boneco ventríloquo ao seu lado.
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  O rapaz estava sentado ereto, mas sua cabeça pendia para a frente, como se tivesse pegado no sono daquela maneira.
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  — Harry? — chamou insegura.
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  Não recebeu resposta.
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  — Harry, por favor, para de brincar… — ela choramingou dando um passo à frente.
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  No mesmo instante, o rapaz ergueu a cabeça e em sincronia, o boneco ventríloquo também o fez. Harry se levantou da cadeira e esperou.
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  — Não deixe ela escapar! Não deixe ela escapar! — o boneco cantarolou sozinho e o rapaz deslizou uma faca afiada pela manga de sua blusa.
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   correu em direção à porta, mas a mesma bateu com estrondo e se trancou.
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  — NÓS NÃO GOSTAMOS DE ENXERIDOS! — o boneco vociferou e Harry disparou na direção de com a faca empunhada. Ele a prensou contra a porta e encostou lâmina da faca em sua garganta. Os movimentos e expressão do rapaz eram selvagens, desvairados, mas seu olhar era vazio, assustadoramente vazio. — ENXERIDOS DEVEM MORRER! — gritou o boneco. — MATE-A! MATE-A! — ele cantarolou aos berros.
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  — NÃO! — pulou do sofá onde estivera deitada. Seu coração disparado parecia querer sair pela boca e era difícil respirar, quase como se tivesse corrido durante aquele tempo todo. Sentou-se e olhou ao redor. A lareira permanecia apagada como quando fora se deitar e tudo estava quieto e escuro como deveria. Olhou para a porta fechada do quarto de Harry. Levantou-se e caminhou lenta e silenciosamente em sua direção. Estava prestes a tocar a maçaneta quando sentiu uma mão lhe tocar o ombro.
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  Soltou um berro de susto e se virou para encarar um Harry de sobrancelha erguida.
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  — Eu só ia perguntar se queria um chá — disse ele apontando a chaleira no fogão.
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  — Você quase me matou de susto! — reclamou. — E como é que fez chá no escuro? — perguntou, indignada.
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  — Acendi uma lanterna enquanto o fazia. Eu tinha acabado de apagar quando você acordou — explicou. — E então, quer o chá? — perguntou novamente.
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   assentiu e o rapaz sorriu indo pegar uma xícara para servir sua hóspede que bebericou o líquido respirando ainda um pouco ofegante.
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  — Com o que sonhou? — Harry perguntou curioso. — Você acordou gritando…
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  — Eu sonhei com… — se deteve. Sentia as memórias se esvaindo de sua mente agora desperta, as imagens de seu pesadelo sendo sugadas por seu inconsciente, estranhamente no mesmo ritmo em que engolia o chá de temperatura perfeita. Não havia sobrado muito agora. — Deixa para lá — ela disse finalmente. — Não consigo me lembrar. — Deu de ombros, lavou sua xícara e voltou para seu sofá.
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Capítulo 11

   estava em pé na pequena varanda da cabana encarando Harry de braços cruzados e expressão fechada.
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  — Venha, , não há perigo algum! — o rapaz exclamou estendendo a mão.
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  — E os monstros que te atacaram? — ela resmungou séria, mais para tentar esconder seu temor de pensar em sair da segurança daquela casa no meio da floresta.
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  — Eles só aparecem na lua cheia, … — Harry disse num suspiro, tentando ter paciência, a mão ainda estendida para a garota que fez careta.
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  — Foi o que disse quando atacaram. — Apontou acusadoramente. — Esse bosque é perigoso! — Quase choramingou em contraste à última frase.
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  — Venha, , não confia em mim? — ele perguntou simplesmente, deixando a mostra um vestígio de seu sorriso torto costumeiro.
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   parou para pensar e encarou o rapaz a sua frente. Ela confiava nele? Devia? Alguma coisa bem lá no fundo de sua mente lhe dizia que não devia seguir aquele garoto singular, mas a xícara de chá de minutos atrás lhe dizia que não havia lugar no mundo mais seguro do que ao lado de Harry. Por fim, deu-se por vencida e ainda com certo receio desceu os degraus à passos hesitantes até chegar perto da mão estendida. Ela a encarou, mas preferiu ignora-la, o que fez com que Harry desse de ombros e começasse a caminhar. correu para ficar ao seu lado imediatamente, não queria correr o risco de ser deixada para trás e… Se perder.
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  Harry decidira que aquele era um bom dia para levar a hóspede em um passeio mais agradável em um lugar diferente. Os dois passaram boa parte do caminho em silêncio, sempre bastante próxima do rapaz, com medo do que o bosque poderia lhe reservar. Ela pulou de susto e agarrou o braço de Harry por instinto quando uma folha caiu da árvore roçando em suas costas. O rapaz apenas riu.
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  — São só folhas! — exclamou.
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   baixou o olhar, completamente envergonhada por se deixar levar por sua imaginação assustada. Só então notou que ainda agarrava o braço de Harry. Mas o rapaz não fez menção de afasta-la, então decidiu permanecer daquela maneira, aquele bosque ainda lhe causava arrepios na espinha.
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  Caminharam por mais alguns minutos. As densas folhagens e altas árvores foram diminuindo e rareando a certa altura. Foi quando se depararam com uma pequena barragem na trilha. Harry a pulou com facilidade e elegância, mas não tinha a menor ideia de como faria aquilo sem acabar machucada ou presa de alguma maneira.
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  — Segure minha mão, vou te ajudar a subir. — O rapaz estendeu a mão do alto da barragem e daquela vez ela não hesitou em pega-la.
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  Com certo esforço e cuidado, os dois conseguiram se equilibrar no topo da barragem e quando finalmente conseguiu parar no lugar e olhar ao redor, seus olhos se iluminaram e se arregalaram.
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  — Chegamos — seu guia disse por fim, pulando para o chão do outro lado da trilha e estendendo os braços para ajudá-la a descer também.
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   mal se deu conta de quando pulara para os braços do rapaz que a ajudou a cair em pé no gramado verde, seus olhos estavam muito ocupados admirando cada centímetro da nova paisagem. Estava de frene para um pequeno lago de águas cristalinas e uma gruta escura, mas que poderia pertencer a algum conto de fadas. Dali podia-se ver o céu azulado e o sol muito melhor do que no bosque. Atravessar a barragem parecia ter levado os dois para um cenário completamente diferente… E aquilo agradava muito .
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  — Esse lugar é… — A garota parou no meio da frase tentando encontrar a palavra certa para dizer. — Mágico! — exclamou finalmente, sorrindo e lançando seu melhor olhar encantado para quem a trouxera até ali.
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  Harry sorriu de canto e sem mais nem menos, correu na direção do lago e, após se livrar da camisa no meio do caminho, pulou para dentro dele. Atingiu a água com uma perfeição quase sobrenatural. apenas observou atônita e percebeu o quanto as coisas relacionadas a Harry eram peculiares sempre.
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  — Venha, ! — Seus devaneios foram interrompidos pelo convite do garoto na água.
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  Ela balançou a cabeça negando, mas se aproximando de uma rocha na beirada do lago. Ela não estava em trajes para um mergulho e tampouco podia fazer como Harry e se despir. Ela era uma moça. Apesar de não estar vestida como uma.
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  — Acho que vou passar. — Ela sorriu parando na grama antes de chegar à rocha.
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  Harry revirou os olhos e depois de resmungar um pouco, voltou a nadar.
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  Após algum tempo deitada na grama e encarando o céu vibrante, foi surpreendida pela sombra de Harry sobre seu rosto.
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  — Aqui, você deve estar com fome. — Ele sentou-se ao seu lado entregando algumas frutinhas para que ela pudesse comer.
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  — Obrigada — agradeceu. Harry ainda estava ensopado do mergulho e a brisa suave deveria causar algum calafrio em qualquer um, mas é claro que não naquele rapaz peculiar.
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  Eles passaram horas ali, conversando, observando a paisagem e aproveitando o bom tempo que fazia.
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  O sol estava mais fraco quando Harry decidiu dar um último mergulho e decidiu que não haveria problema em sentar-se um pouco mais perto do lago. Resolveu ir até a rocha à beira do mesmo. Ficou receosa quando chegou perto o bastante para constatar que a pedra estava úmida, mas que mal haveria?
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  Escalou um pouco para conseguir chegar ao topo da rocha, se endireitou para observar melhor a imagem do lago, porém, quando o fez, seus pés descalços escorregaram na pedra lisa e ela por sua vez escorregou direto para dentro do lago.
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   entrou em pânico pelo susto. Nunca foi a melhor nadadora e o pânico apenas deixou evidente o motivo de nunca terem permitido que ela se aproximasse demais de locais com águas fundas.
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  Estava quase acabando com seu estoque de oxigênio quando algo a agarrou pelos braços e a puxou para a superfície. estava ofegante e desesperada por ar quando percebeu que seu salvador havia sido Harry, que naquele instante a segurava pela cintura para mantê-la fora da água, apesar do lago não ser tão fundo assim.
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  Quando finalmente conseguiu se recuperar do susto, estava tão agradecida a Harry que poderia beija-lo. E se não estivesse entorpecida pelos acontecimentos anteriores, ela poderia jurar que ele também.
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Capítulo 12

   passeava nos arredores da cabana e vez ou outra parava para colher alguma planta ou flor para enfeitar o interior da casa. Achava que o lugar estava muito sem cor e sem graça e era seu dever mudar aquela situação. Naquela caminhada também aproveitaria para pegar um pouco de água de um riacho ali por perto. Segurava um balde e colocava as flores e plantas no bolso de seu recém-adquirido avental.
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  A manhã estava linda como agora era costumeiro ser. Não se parecia em nada com o dia em que… Em que… Bem, com os dias de chuva que tiveram durante algumas semanas. parou pensativa. Ela sentia que havia algo errado consigo. Algo errado com seus pensamentos. Não exatamente com os pensamentos, mas com o que não estava pensando. Sabia que deveria pensar em alguma coisa – e seus instintos diziam que era alguma coisa séria –, se lembrar de pensar nela, mas toda vez que tentava, tudo o que lhe vinha era um imenso vazio. Aquilo certamente a incomodava.
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  Foi tirada de seus pensamentos pelo piar de um pássaro que aparentemente estava perto, mas escondido o bastante para não ser descoberto pela visão de , que respirou fundo e continuou sua caminhada. Era estranho como suas pernas haviam simplesmente se acostumado àqueles caminhos, elas andavam automaticamente sem nem ao menos hesitar entre uma curva ou outra.
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  Finalmente chegou ao riacho que fazia seu caminho tranquilo atravessando o bosque. Ela sorriu, o barulho da água correndo era calmante e temporariamente a fazia se esquecer de praticamente todos os problemas. tirou os sapatos surrados que usava e dobrou a barra da calça até pouco abaixo dos joelhos, adentrou o riacho e caminhou para um pouco mais adiante, onde poderia encher o balde de água fresca. Enquanto esperava a água deslizar para dentro do utensílio, perdeu-se em pensamentos enquanto encarava seu reflexo na água clara. Ele parecia expressar uma carranca apesar da garota ter certeza de que seu rosto tinha uma expressão neutra. Achou melhor deixar para lá o fato, já que muitas coisas naquele bosque eram estranhas. Assim que o balde se encheu, levantou-se e caminhava na direção de seus sapatos quando ouviu um murmurar.
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  — Quem está aí? — perguntou afastando-se do rio um pouco mais. Não houve resposta. — Devo estar ficando maluca… — sussurrou para si mesma.
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  — Não, mas vai ficar se não sair deste bosque logo. — Ouviu alguém dizer. Olhou ao redor em busca da pessoa, mas não encontrou ninguém. Era estranho, mas parecia que a voz vinha não de cima ou dos lados, mas de baixo. encarou novamente seu reflexo no rio abaixo de si e conseguiu reprimir um gritinho assustado quando o mesmo continuou a dizer. — Você não deveria estar aqui — o reflexo resmungou.
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  — Oh meu Deus! — conseguiu exclamar e saltitar para fora da água.
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  — Você precisa voltar para casa! — o reflexo continuou a dizer.
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  — Essa é a minha casa! — exclamou de volta como se fosse óbvio.
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  — Esse bosque não é o seu lugar! — A voz sem corpo continuou.
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  — Não, cale a boca! — se viu gritando e tapando os ouvidos como uma criança assustada.
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  — Já esqueceu de mamãe e papai?! — o reflexo gritou do rio. — E quanto a Niall?!
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   parou de tentar não ouvir os berros vindos do riacho quando ouviu o nome de Niall ser citado. Como pôde se esquecer de Niall? De seu irmão?
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  Os soluços começaram pouco depois das lágrimas. O que ela estava fazendo ali? Por que parara de procurar por seu irmão ou pelo caminho de volta para sua casa? Seus olhos estavam embaçados e uma pressão irritante nos ouvidos a impedia de ouvir direito, mas conseguiu captar algo como “cuidado com o chá” vindo do riacho.
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  Segundos depois, despertou no rotineiro sofá da cabana, o corpo suado e os olhos marejados. Ela precisava voltar para casa.
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Capítulo 13

  “Cuidado com o chá” era tudo o que ecoava em sua mente. Desde que despertara na madrugada anterior daquele pesadelo horrível, aquela era a frase que permanecia insistente em sua cabeça. O chá, o que poderia haver de errado com o chá que Harry lhe oferecia? Era certo de que era estranho o rapaz oferecer a bebida a todo instante, principalmente depois de pesadelos e noites mal dormidas, mas aquelas atitudes deveriam ser suspeitas? tinha medo da resposta. Ela tentou não pensar no sonho que tivera, mas a imagem de seu reflexo lhe fazendo acusações e dizendo que ela havia esquecido dos pais e de Niall simplesmente não saía de sua cabeça. Como ela pôde? Como conseguira passar tanto tempo sem sequer pensar na família? Ela não sabia a resposta, mas estava disposta a mudar aquilo. Voltaria a tentar achar seu caminho de volta para a vila e torceria para encontrar Niall – por mais que o tempo tivesse passado, ela ainda tinha esperanças débeis de encontrar o irmão vivo.
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  Naquela manhã, decidiu beber apenas água nas refeições, não aceitando nenhum dos chás que Harry lhe oferecia. Poderia ser só coisa de sua cabeça doente por estar por tanto tempo longe da civilização, mas não custaria nada se abster da bebida por algum tempo, tempo esse que usaria para voltar para casa. Daquela vez ela decidira que não contaria com a ajuda do peculiar rapaz dono da cabana, parecia que quando pedia ajuda a Harry, coisas sinistras tendiam a acontecer e ela já estava cansada de coisas sinistras.
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  Depois de ajudar a preparar o jantar, e Harry sentaram-se à mesa como de costume, um de frente para o outro e uma vela no centro da mesinha iluminando ambos. O rapaz estava um tanto calado naquele instante, talvez se ressentindo por mais uma recusa da parte de ao seu chá recém-preparado. Ele parecia bastante chateado… Ou talvez apreensivo, não sabia dizer direito, embora as duas expressões fossem claramente diferentes em pessoas normais. Mas não se tratava de uma pessoa normal, se tratava de Harry.
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  Os dois comeram em silêncio por algum tempo, até a garota fazer uma careta e começar a falar.
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  — Não acho justo nós dois compartilharmos a mesma casa por semanas e não sabermos nada um do outro — ela disse simples, fazendo o rapaz encara-la de forma curiosa.
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  — Você é e eu sou Harry Styles, o que mais poderíamos querer saber um do outro? — Ele ergueu a sobrancelha, divertido, deixando de lado seus talheres.
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  — Qual sua cor favorita? — perguntou, fazendo o rapaz gargalhar. — O quê?
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  — Sério, ? — Styles questionou ainda com vestígios da gargalhada no rosto. — Minha cor favorita?
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  — Oras, precisamos começar por algum lugar! — a garota reclamou da zombaria fazendo bico.
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  Um longo instante de silêncio perdurou.
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  — Preto — disse por fim.
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  — Hum? — perguntou distraída, já que estava ocupada pensando em outra pergunta melhor para fazer.
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  — Minha cor favorita. Preto.
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  — Previsível — ela soltou num sussurro para si mesma. — A minha é azul — declarou sem se importar se o outro gostaria o não de saber daquilo.
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  — Você parece mais o tipo que gosta de rosa… — Harry murmurou e depois gargalhou quando deu-lhe língua.
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  Após uma rodada de perguntas triviais da parte de ambos, maquinava pensando no que mais poderia perguntar. Foi então que surgiu a dúvida em sua mente.
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  — Harry… — Ela começou um pouco hesitante. — Como foi que você veio parar aqui, nessa cabana? — perguntou encarando o rapaz a sua frente.
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  Harry, que até então brincava com o resto de comida em seu prato, ergueu o olhar sério para encarar .
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  — Quero dizer, você mora aqui sozinho, no meio desse bosque esquisito e cheio de armadilhas… Como foi que- — Ela foi interrompida com o levantar brusco de Harry, que desviou o olhar dela e agora se encaminhava em direção à pia com seu prato e copo nas mãos.
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  Ele lavou sua parte da louça com rapidez e manteve-se calado, o que incomodou .
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  — Harry… — Ela aproximou-se do rapaz, que se esquivou indo em direção à porta de seu quarto.
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  — Boa noite, — murmurou ele antes de fechar a porta sem esperar retorno de sua hóspede.
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Capítulo 14

  Harry encarava a parede branca de seu quarto, a cabeça latejando como sempre acontecia quando algo saía da forma errada, contra seus planos. Você precisa fazer. Precisa! “Cale a boca!” era tudo o que o rapaz – agora com a cabeça entre as mãos – queria berrar de volta. Mas como calar uma voz que está em sua própria cabeça?
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  Ele olhou para o boneco ventríloquo encostado no canto da parede a sua frente, ele mantinha aquela expressão irritante e congelada de sempre, como a de todo boneco como ele.
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  Faça! Faça! A voz berrou novamente e Harry cobriu os ouvidos tentando se manter sob controle. A cada palavra dele, sentia que sua cabeça explodiria. Faça! Faça!
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  — CALE A BOCA! — ele finalmente berrou, não conseguindo segurar a onda de raiva dentro de si, avançou na direção do boneco e o atirou longe.
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  Não vai poder relutar por muito tempo mais. Você sabe que tem que fazer! A voz voltou a atormenta-lo de forma irritante.
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  — Não — Harry disse enfaticamente encarando o boneco. — Não farei mais isso!
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  Ela merece! Por tudo o que você passou.
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  — Não — repetiu. — Não ela. Ela não tem nada a ver com isso!
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  É chegada a hora, Harry.
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  O rapaz fechou a expressão e desviou o olhar do boneco caído de forma torta no chão.
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  Fechou a mão em punho e socou a parede. Ele não queria mais envolver naquilo. Não queria mais prosseguir com o plano que havia traçado há algum tempo atrás. Não queria que pagasse por algo que ocorrera há tantos anos. Não. não tinha nada a ver com aquilo, não podia fazer nada com ela. Não seria capaz.
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  Você esperou por esse dia por tempos!
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  Sim, ele havia esperado, era verdade. Se vingar dos . Ah, como havia esperado por aquele momento! E há algumas semanas parecia que o tal momento havia chegado, Niall e , perdidos em seu bosque. Só poderia ser o destino lhe dando uma chance! Mas então o destino decidira que era hora de brincar. Não, não daria a Harry o momento assim tão facilmente. Ele teria de jogar de acordo com as novas regras, e com essas regras ele não estava acostumado a jogar.
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  Você terá sua vingança contra os como sempre desejou!
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  Sim, a vingança!… Não, cale a boca! Cale a boca!
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  Sua mente estava um caos e isso se manifestava como intensas dores de cabeça. Estava se sentindo tonto.
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  VOCÊ PRECISA FAZER LOGO! MATE-A! VINGUE-SE E MATE-A!
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  — Não! — Harry berrou tapando os ouvidos. — PARE COM ISSO!
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  Ela é indigna de qualquer afeição de sua parte. Ela é uma ! Lembre-se do que um lhe fez!
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  — CALE A BOCA! — Harry berrou avançando novamente na direção do boneco o jogando com ainda mais força no chão. — EU NÃO VOU MAIS MATA-LA! — No mesmo instante em que gritou aquilo, sua cabeça explodiu de dor, a tontura o fez cambalear e virar-se para a porta, onde percebeu, estava aberta uma fresta por onde um par de olhos arregalados o encarava.
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Capítulo 15

  “EU NÃO VOU MAIS MATA-LA!” Fora aquilo que Harry gritara para o boneco no chão enquanto cambaleava e voltava seu olhar para ela.
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   agora corria em disparada em meio à floresta, os olhos embaçados pelas lágrimas que queriam escorrer por seu rosto. Ele queria matá-la!
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  , volte! Deixe-me explicar! — Ela podia ouvir Harry gritar em alguma parte do bosque logo atrás dela. Mas ela não pararia. Não enquanto ainda tivesse forças para continuar correndo, não quando quem lhe chamava queria sua morte.
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  — ! Eu nunca te machucaria! — A voz dele parecia quase desesperada. Mas era um truque. Um maldito truque!
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   continuou correndo, a respiração descompassada, as pernas queimando pelo esforço. Ela não podia parar!
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  — EMMA?! — Pôde ouvir uma voz há um bom tempo esquecida, mas familiar, gritar por seu nome em algum ponto a sua frente.
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  Ela parou por um instante para tentar lembrar de quem poderia ser aquela voz. Papai! Exclamou mentalmente e voltou a correr ao ouvir a voz de Harry lhe chamar cada vez mais perto. Papai está aqui! Preciso encontrá-lo! Pensava enquanto deixava as lágrimas de desespero finalmente escorrer.
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  Enquanto corria, sentiu suas pernas bambearem e um pouco depois, acabou tropeçando em uma raiz de árvore que ela tinha quase certeza de não estar lá segundos antes.
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  Choramingou enquanto tentava se levantar o mais rápido possível, mas seu corpo estava cansado demais. Ouviu passos esmagando as folhas caídas em algum lugar ao seu redor. Engoliu em seco. Estava perdida…
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  — ? — Ouviu alguém murmurar um pouco surpreso. Mas não era voz de Harry que a chamava…
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  — Papai! exclamou ao encarar a pessoa ao seu lado. A expressão era de surpresa e alívio.
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  — Ah, ! — Albert exclamou ajoelhando-se ao lado da filha e a abraçando com força. — Estávamos preocupados!
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  — Me desculpe, papai! Me desculpe! — ela choramingou agarrando-se à camisa do homem que lhe afagou os cabelos.
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  — Tudo bem, meu amor.
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  Alguns instantes se passaram com os dois abraçados no meio da floresta que começava a escurecer, até que mais barulho de passos puderam ser ouvidos. agarrou-se ainda mais ao pai.
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  — Tudo bem, querida — sussurrou. — Encontrei ela! — exclamou logo em seguida.
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  Um grupo de homens do vilarejo surgiu ao redor de pai e filha, todos fazendo bastante barulho e comemorando o encontro.
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  — Vamos, Albert, está começando a escurecer. Melhor voltar ao vilarejo antes que anoiteça! — um dos homens exclamou pousando a mão no ombro do pai de .
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  — Você consegue andar? — Albert perguntou se levantando e ajudando a garota a fazer o mesmo.
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  — Sim… — murmurou levantando com certa dificuldade.
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  — Tudo bem, estamos prontos para ir — Albert anunciou dando o braço para que a filha pudesse conseguir alguma firmeza para caminhar.
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   andou a passos pequenos, agarrada ao braço do pai, ainda muito assustada com a possibilidade de encontrar Harry pelo caminho. Harry… Só de pensar naquele nome sentia-se arrepiar de medo. Como pudera confiar nele? Como pudera passar tanto tempo acreditando que ele era um bom rapaz? Como pudera se esquecer de sua família?
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  Enquanto pensava naquelas questões, sentiu uma ligeira sensação de que alguém a estava observando ao longe…
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Capítulo 16

  Já era quase noite quando finalmente o grupo de busca chegou ao vilarejo. Albert despediu-se dos amigos agradecendo a ajuda na procura e encaminhou-se para sua casa. ainda tremia um pouco por conta da adrenalina e do medo que passara vários minutos antes.
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  — Entre, filha — Albert disse. — Tome um banho e prepare-se para o jantar.
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  — Sim, papai — murmurou ainda um tanto atordoada. Após abraçar sua mãe, caminhou em direção ao corredor de quartos para preparar uma muda de roupas.
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  — Aonde você estava, baixinha? — Ouviu a quase esquecida voz de Niall perguntar. O garoto estava parado em frente à porta de seu quarto encostado no batente e de braços cruzados.
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  — NIALL! — ela exclamou com entusiasmo indo dar um forte abraço no irmão mais velho.
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  — Nossa, até parece que não nos vemos há meses… — murmurou ele erguendo as sobrancelhas de surpresa.
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   soltou-o e o encarou com seriedade.
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  — Niall, você desapareceu na floresta faz semanas!
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  — , você sumiu no bosque tem apenas algumas horas — o garoto murmurou lentamente como que com medo de desencadear algum tipo de loucura na irmã.
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   encarou o irmão com confusão. Do que diabos ele estava falando?
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  — Ni, nós fomos brincar no bosque junto com alguns garotos e acabamos nos perdendo. — Quem falava lentamente agora era ela. O mais velho assentiu. — Começou a chover e encontramos uma cabana. E Harry!
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  — , nós nos perdemos sim no meio do bosque, mas não encontramos cabana nenhuma. E quem diabos é Harry?
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  — Você não se lembra…? — sussurrou quase desolada.
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  — Me lembro de ter escutado um barulho no meio das árvores e lembro de você sair correndo como louca com medo de alguma coisa. Foi aí que te perdi.
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  — O quê?
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  — Foi aí que te perdi e corri de volta para casa para pedir ajuda ao papai para te encontrar. — Niall suspirou pesadamente.
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  — Mas Niall…
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  — , vai tomar um banho, você está péssima. Deve estar assustada e cansada por isso está confusa. Vamos, logo mamãe irá nos chamar para o jantar — Niall disse já empurrando a mais nova em direção à porta do banheiro.
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   ficou encarando o irmão lhe dar as costas e se enfiar no quarto deixando a porta entreaberta.
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  Ele havia mesmo esquecido de tudo o que haviam passado naquele bosque? Havia esquecido de Harry? O que estava acontecendo afinal? Decidiu pensar a respeito enquanto tomava banho.
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  Talvez tivessem alterado a memória de Niall. Talvez quando ele fora arrastado por seja lá o que, algo tivesse acontecido. Ou talvez ela estivesse todo aquele tempo num mundo paralelo. Ou simplesmente estivesse perdendo o juízo. Preferiu não pensar daquela forma. Tudo aquilo havia sido real. Ela sabia que havia.
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  Alguns minutos depois de sair do banho, a senhora chamou a família para o jantar, como previsto. Estavam todos despreocupados e conversando sobre o dia enquanto comiam. Não parecia que havia passado dias fora de casa.
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  — , querida, como foi o primeiro dia de aula? — a mãe perguntou lhe lançando um sorriso radiante.
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   encarou a mulher com certa surpresa no olhar. Primeiro dia de aula?
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  — Hm… Bem, eu acho… — disse com dúvida.
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  — Acha?
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  — Bem, é que aconteceram tantas coisas que parece que o primeiro dia de aula foi dias atrás. — Tentou disfarçar.
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  — Claro, claro — a mãe concordou.
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  — Filha, prometa-me que não vai mais brincar naquele bosque, por favor? — Albert se pronunciou encarando diretamente a filha mais nova.
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   apenas assentiu. Não queria chegar nem perto daquelas árvores. Não quando sabia que Harry estava atrás dela.
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  O jantar seguiu daquela forma até todos terminarem de comer e se retirarem. estava exausta e sentia as pernas fraquejarem a cada passo que dava. Quando finalmente foi deitar em sua cama, o sono chegou quase que instantaneamente.
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   abriu os olhos, estava no quarto, mas havia algo diferente… Ah, era o quarto que antes ela dividia com Niall quando menores! Estava escuro e apenas a fraca luz da lua iluminava um pouco o cômodo. Levou um pequeno susto quando viu Niall parado ao seu lado, o olhar fixo em um ponto escuro da parede.
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  — Ni? — chamou e o irmão apenas pediu silêncio apontando para o ponto que encarava.
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   olhou para onde o irmão apontava. Havia uma sombra ali. Com um formato de gente. Estranhamente constatar aquilo não a fez ficar com medo. Apenas voltou a se deitar em sua cama e murmurou:
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  — Peter Pan deve ter perdido a sombra novamente… — E fechou os olhos.
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  Segundos se passaram em silêncio até que sentiu alguém a cutucar de leve. Abriu os olhos novamente.
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  — Veja, está saindo pela janela! — Niall sussurrou empolgado. — Vamos segui-la!
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  — Ah, Ni. A Terra do Nunca é muito longe… — murmurou bêbada de sono.
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  — Ela vai escapar! Vamos, ! — E saiu correndo em direção à janela.
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   queria gritar para que o irmão não seguisse a sombra de Peter Pan pois poderia ser perigoso, mas estava com tanto sono que apenas virou-se de lado e dormiu.
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Capítulo 17

   despertou cansada no dia seguinte, havia tido um sono conturbado, contudo, não se lembrava direito do que havia sonhado.
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   caminhou em direção ao banheiro a fim de se arrumar para mais um dia na escola, estranhou um pouco ao perceber que a porta do quarto de Niall permanecia fechada. Geralmente ele era o primeiro a acordar… Mas deu de ombros e foi tomar um banho para poder revigorar as energias e despertar de vez.
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  Dez minutos se passaram e então ela já estava pronta com seu uniforme posto, desceu até a cozinha e deu bom dia à mãe que terminava de preparar o café.
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  — Onde está Niall? — perguntou depois de ter certeza de que o irmão mais velho não se encontrava em nenhum lugar do térreo da casa.
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  — Parece que ele está mais cansado do que pensamos. — A mãe virou-se para encarar a filha. — Pode ir acordá-lo, por favor, ? Vão acabar se atrasando para a escola.
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   assentiu e correu até o quarto do irmão, abriu a porta com cuidado e percebeu que Niall realmente continuava dormindo.
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  — Niall! Hora de acordar, vamos nos atrasar para a escola! — exclamou atravessando o quarto para escancarar a janela do aposento. — Niall? — chamou novamente quando sequer um resmungo recebeu como resposta. — Niall, acorda! — Ela o cutucou no braço, mas nem um único movimento foi visto. — Niall? — o chacoalhou e então sentiu o quão anormalmente frio ele estava. — MAMÃEE! — Gritou com certo desespero. — MAMÃE!
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  — O que foi, o que houve? — A mulher chegou esbaforida até o quarto do mais velho, seguida de Albert.
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  — Mamãe, Niall não acorda! — exclamou sentindo seus olhos arderem enquanto tentava segurar o choro.
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  Os dois, pai e mãe, se aproximaram da cama e se afastou receosa. Ambos tentaram acordar Niall de todas as formas possíveis, mas o garoto permanecia imóvel e de olhos fechados.
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  — Albert, chame o médico! — a mulher exclamou para o marido com expressão de desespero no rosto.
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  Pouco mais de quinze minutos mais tarde, o médico da vila chegou para avaliar o estado de Niall. Segundo ele, o garoto havia entrado em coma por nenhum motivo aparente, já que não havia nenhum hematoma ou sinal de pancada na cabeça ou coisa parecida. Teriam de observar as reações do corpo de Niall durante algum tempo para saber o que fariam em seguida.
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  — , querida, venha — Albert murmurou para a filha depois de dispensar o médico. — Vou levá-la até a escola.
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   estava abalada e estava prestes a retrucar que não queria ir naquele dia quando subitamente algo atravessou sua mente. O sonho que tivera. Ela e Niall haviam visto um vulto no sonho, um vulto que agora ela tinha a ligeira impressão de conhecer. E Niall o havia seguido para sabe-se lá onde…
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  — Não precisa me levar, papai. Fique com a mamãe. Ela está bem abalada — murmurou tentando parecer corajosa e normal.
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  — Filha… — Albert murmurou encarando a caçula seriamente.
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  — Vou ficar bem, papai. Não é como se a escola fosse do outro lado do mundo! — insistiu e finalmente o homem cedeu com um suspiro. — Tchau, papai — despediu-se com um beijo estalado na bochecha do pai e então saiu caminhando em direção à escola.
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  Quando já estava longe o bastante dos olhos do pai, desviou seu caminho sorrateiramente, tomando cuidado para que nenhum de seus colegas ou conhecidos que caminhavam na rua a vissem.
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  Ela precisava ir até o bosque novamente. Precisava encontrar Harry. E precisava trazer Niall de volta para casa.
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Capítulo 18

  #Flashback — memórias de Harry#

  Era um dia comum no vilarejo, crianças corriam com alegria em frente à escola que havia acabado de liberar seus alunos no começo da tarde. Os adolescentes do sétimo ano conversavam em meio a uma rodinha, combinando um encontro na entrada da floresta nos limites da vila.
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  — Às duas horas nos encontramos lá! — um dos garotos na rodinha exclamou e todos os outros, meninos e meninas, concordaram com entusiasmo. — Não se esqueçam de que estamos “indo fazer um trabalho em grupo” — disse.
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  Os moradores mais velhos da vila não gostavam que as crianças – como sempre veriam seus filhos – ficassem brincando muito perto da floresta com medo que os jovens se perdessem, o que acontecia de vez em quando. Havia animais perigosos no meio da mata e ninguém queria arriscar uma perda. Por isso aquele grupo de adolescentes decidiu mentir a seus pais quando fosse hora de sair. A verdade era que eles queriam desvendar os grandes mistérios do bosque que fazia parte de lendas e cantigas que se contavam no povoado. E aquele parecia ser um bom dia para isso.
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  Harry caminhou em direção à sua casa do outro lado da vila, não estava realmente interessado naquela empreitada, mas não queria ser o chato da turma, já bastava a certa discriminação que sofria por ser filho de mãe solteira. Já estava a cerca de três metros longe do grupinho de alunos do sétimo ano quando uma voz fina e empolgada lhe chamou.
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  — Harry! — Era Jenna que corria em sua direção com uma expressão animada.
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  — Olá, Jenn — respondeu sorrindo timidamente.
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  — Você vai? — ela perguntou simplesmente, acenando discretamente em direção à rodinha de alunos que aos poucos se dispersava.
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  Harry ergueu a sobrancelha um tanto surpreso. Jenna e ele eram da mesma turma e ele tinha a sensação de que aquele tipo de aventura não fazia o tipo da garota.
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  — Não sei. Prometi ajudar minha mãe com algumas coisas… — desconversou.
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  — Ah, vamos, Harry! — A garota puxou o braço do rapaz como uma criança pidona. — Vamos, pode ser divertido! — exclamou empolgada.
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  — E desde quando você se interessa por essas coisas, ?
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  — Ah, Harry! — ela choramingou, agora parecendo ainda mais uma criança. — Você sabe como a maior parte do tempo eu passo em casa…
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  — Porque está sempre doente. — Ele observou.
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  — Mas hoje eu não estou e quero ir com nossos colegas até o bosque! — Jenna exclamou, logo depois tapando a boca por ter falado um tanto alto. — E eu só vou se você for… — Ela fez bico.
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  Harry encarou a garota e se xingou mentalmente por sempre ceder aos pedidos de Jenna, suspirou de forma cansada e então assentiu.
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  — Ah, Harry, você é demais! — Jenn exclamou saltitando de alegria.
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  — Jenna, o que você está fazendo aí? — Uma voz grossa e autoritária soou às costas dos dois adolescentes. Era Albert , irmão mais velho de Jenna. — Papai mandou você ir direto pra casa, esqueceu? — retrucou lançando um olhar nada amigável a Harry, que desviou o olhar não querendo se encrencar.
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  — Eu já estava indo, Alb. — Jenna soltou um tanto amarga. — Nos vemos depois, Harry — ela quase sussurrou para o amigo que apenas concordou com a cabeça.
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  A verdade era que naquele lugar ninguém gostava muito de Harry e de sua mãe, já que a mulher havia engravidado sem ter se casado e se recusava a dizer quem era o pai da criança. Para os moradores da vila, aquilo era uma afronta. E agora ninguém fazia muita questão de fazer amizade com Harry. Apenas Jenna se aproximara espontaneamente.
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  Os minutos se passaram rapidamente e logo já era hora de ir se encontrar com o pessoal do sétimo ano. Não se incomodara em dizer à mãe para onde iria, já que ela não se importava realmente.
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  Encontrou-se com Jenna no meio do caminho para o bosque e ambos caminharam e conversaram animadamente até chegar aos limites da vila onde um pequeno grupo já havia se formado.
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  — Achei que não viriam! — Jeremy, o mais velho da turma, exclamou cruzando os braços. — Aparentemente só nós vamos entrar. — Apontou para o grupinho. — Os outros ficaram com medo — debochou.
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  — Certo, vamos ou não? — Outro garoto se pronunciou impaciente. — Parece que vai chover. Temos que voltar antes da chuva — disse olhando para o céu que começava a formar nuvens cinzentas.
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  — Ok. Vamos nos separar em dois grupos, um vai para a direita e o outro para a esquerda — Jeremy anunciou e todos se separaram formando dois grupos.
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  Jenna ficou ao lado de Harry e agarrou seu braço antes de adentrarem o denso bosque. Começaram a seguir para o lado esquerdo junto com o restante da turma que caminhava cautelosamente entre raízes gigantes e mato.
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  — Não acho que tenha sido uma boa ideia ter vindo… — Harry sussurrou para Jenna enquanto uma brisa suave, porém fria, passou por eles.
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  — Vai ser divertido, Harry! — Jenn exclamou cutucando o braço do garoto de leve. — E o que de mais pode acontecer…?
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  Assim que murmurou, um grito estridente se fez ouvir em algum ponto à direita do bosque.
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  — O que foi isso? — Um dos garotos que ia à frente do grupo perguntou um tanto assustado.
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  — Será que foi o grupo do Jeremy? — uma garota murmurou apreensiva.
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  — CORRAAM! — O grupo ouviu alguém gritar e no desespero, simplesmente correram, sem averiguar quem havia dito aquilo.
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  Harry e Jenna ficaram tão atônitos e confusos que acabaram sendo atropelados pelo grupo de colegas que correram na direção oposta da que estavam seguindo. Jenn foi empurrada bruscamente e ao cair acabou machucando o joelho. Harry correu em sua direção, preocupado.
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  — Estou bem, só ralei um pouco o joelho… — ela murmurou fazendo bico.
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  — Venha, vamos embora daqui. — O garoto ajoelhou-se para ajudar a amiga a se segurar em seu ombro e levantar.
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  Os dois começaram a caminhar na direção em que pensavam ser a saída do bosque, mas mais alguns minutos andando e nada de enxergarem os limites da vila.
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  — Harry…? — Jenna deixou escapar com a voz embargada de medo.
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  — Calma, vamos encontrar a saída. — Ele tentou tranquilizar a garota, mas ele mesmo quase não conseguia manter a calma.
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  Mais alguns minutos se passaram e então o céu escureceu e as gotas de chuva enfim começaram a cair.
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  — Droga! — Harry resmungou olhando ao seu redor para encontrar algum lugar para se abrigarem. — Vamos, Jenn — disse puxando a garota para uma direção qualquer.
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  Os dois caminharam por alguns instantes sob a chuva que aumentava até Harry perceber que Jenna tremia com o frio e o vento. O garoto despiu a camiseta que usava e jogou-a sobre os ombros da menina que o encarou confusa.
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  — Não faz muita diferença, mas talvez ajude a te aquecer. — Ele sorriu voltando a puxar a garota para voltarem a caminhar.
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  — Mas Harry…
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  — Shh. — E os dois continuaram a caminhar.
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  Depois de vários minutos caminhando a esmo, encontraram um pequeno amontoado de galhos e folhas que improvisava uma boa cabana para protegê-los da chuva e do vento por enquanto. Os dois correram para de baixo da “cabaninha” e lá se encolheram tentando recuperar a temperatura corporal.
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  A chuva durou, talvez, pouco mais de uma hora, mas fora o bastante para que os dois se sentissem um tanto doentes. Quando o temporal finalmente parou, ainda era possível sentir o vento frio açoitando corpos desprotegidos.
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  Jenna espirrou e Harry sentiu a garganta coçar. Eles pegariam um belo resfriado se não chegassem logo em casa…
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  Decidiram que naquele momento era melhor permanecerem ali, ao menos estariam protegidos da chuva e do vento da noite. O problema era a fome. Os estômagos dos dois roncavam logo que começou a escurecer para o cair da noite. O que fazer? Ora, estavam num bosque cheio de árvores, em algum lugar deveriam encontrar algo comestível, certo?
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  — Jenn, fique aqui, eu vou procurar algo para que nós possamos comer e passar a noite — murmurou já se posicionando para levantar e sair do pequeno esconderijo.
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  — Não, Harry! — Jenna exclamou com a voz um tanto estranha, já sendo pega pela dor de garganta. — Você sabe o que as pessoas dizem sobre o bosque. Ele prega peças e te engana! Vamos acabar nos perdendo ainda mais! — choramingou.
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  — São só lendas, Jenn. — Harry se aproximou novamente e abraçou a menina que fungou.
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  — Mas…
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  — Eles dizem que eu sou filho de um demônio na vila. Você acredita? — Harry perguntou ficando sério.
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  — É diferente! — Jenna exclamou fazendo bico. — Eu conheço você, você é meu amigo. Mas esse bosque… Esse bosque é estranho, é assustador…
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  — Mas antes de ser seu amigo, você não achava que eu era filho de um demônio?
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  — Eu não sei, Harry… Pra mim, você sempre foi… O Harry…
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  — Então veja esse bosque só como um bosque, Jenn. — Ele riu se levantando novamente.
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  — Mas Harry…
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  — Eu volto logo, Jenna. Fique aqui — ele disse e logo se afastou.
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  Harry caminhou por vários minutos procurando por vestígios de frutas no chão, mas até aquele instante não havia achado nada. Não seria possível que dentre centenas de árvores não houvesse uma que desse frutos comestíveis!
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  O garoto caminhou por mais alguns minutos e então a noite finalmente se fez presente tornando ainda mais difícil enxergar para onde caminhava. Ele tropeçou em uma raiz protuberante e acabou caindo de frente a um arbusto. Amoras! Harry pôde constatar pelo cheiro. Enfim, algo para comer!
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  Depois de comer algumas amoras, apanhou um bocado e enfiou nos bolsos da calça o máximo que conseguiu para poder dividir com Jenna. Já fazia o caminho que pensou ser o de volta quando ouviu um grito agudo vindo da direção contrária. Ele correu. O grito só poderia ter vindo de Jenna.
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  Harry correu o máximo que suas pernas permitiram, os músculos queimavam pelo esforço, mas ele tinha de chegar até sua Jenn. Quando seus pulmões já reclamavam pelo cansaço, ele finalmente viu a silhueta desacordada da amiga encostada no tronco de uma árvore. Harry correu em sua direção.
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  — Jenna? Jenna! — chamou dando leves tapinhas no rosto pálido da garota. — Jenna, o que houve? — perguntou quando pareceu que a menina havia recobrado parte da consciência.
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  — Harry…? — murmurou um pouco confusa.
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  — Sou eu, Jenn, o que houve? Eu pedi para você esperar!
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  — Mas eu esperei… — Jenna disse num sussurro, lutando contra a inconsciência. — Esperei por dias, mas você não voltou… — ela choramingou. — Então vim atrás de você…
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  — Tudo bem, tudo bem, estou aqui agora — disse ignorando a conta errônea de passagem de tempo da amiga. — Veja, encontrei amoras. Coma um pouco. — Pegou as frutinhas de seu bolso e direcionou algumas à boca de Jenna que parecia fraca demais até mesmo para mastigar.
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  Harry recostou-se ao lado da garota e a abraçou para tentar aquece-la um pouco mais. Ela tremia e parecia estar febril. Por várias vezes ele tentou carregar Jenna para um lugar mais protegido do frio, mas ele também se encontrava fraco demais para tanto. Então ele decidiu apenas continuar ao seu lado, faria qualquer coisa para mantê-la viva.
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  Mais uma noite chegou e com ela uma chuva fraca, mas constante. Os dois amigos estavam doentes e fracos, mas ainda tentavam lutar pela vida. Nos primeiros raios de sol da manhã, Jenna despertou com a sensação de que alguém a havia chamado, mas poderia ser apenas um sonho?
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  — Jenna! Onde você está? Jenna! — Não, era a voz de Albert, seu irmão!
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  Ela tentou gritar, mas sua voz não saía, então simplesmente fechou os olhos e começou a rezar para que seu irmão achasse o caminho até onde estava.
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  Passou longos instantes daquela forma até sentir alguém puxa-la para um abraço apertado e quente.
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  — Ah, Jenna! — Albert exclamou enquanto apertava a irmã caçula contra seu peito. — Nunca mais faça isso! — exclamou com lágrimas de alívio nos olhos. — PESSOAL, ENCONTREI! — gritou, e logo vários homens surgiram ao redor dos dois irmãos.
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  — Graças a Deus! — um senhor exclamou fazendo o sinal da cruz e uma breve oração.
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  — Vamos embora, vai cair uma tempestade novamente. — Outro homem se pronunciou se encolhendo com o vento frio.
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  — E o que fazemos com ele? — o senhor perguntou apontando para um garoto desacordado perto de onde Jenna estava.
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  — Esse diabinho… — outro senhor se pronunciou com certa raiva. — Deixem-no aí. Não tem ninguém para sentir falta — disse amargamente.
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  Os outros homens apenas concordaram e começaram a fazer o caminho de volta para casa.
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  “Não! Não o deixem!” Jenna queria gritar, mas seu corpo estava fraco demais para obedecer suas vontades. Tudo o que conseguiu foi encarar o rosto de seu melhor amigo ficando para trás.
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Capítulo 19

  #Flashback — memórias de Harry#

  Jenna havia sido levada por seu irmão mais velho, e eles o haviam abandonado ali, como se fosse nada. “Deixem-no aí. Não tem ninguém para sentir falta” fora o que o velho Arnecker havia dito antes de dar-lhe as costas. Aquilo doeu em Harry. Doera mais do que ele achou que doeria. Era a mais pura verdade. Não havia ninguém para sentir sua falta na vila, nem mesmo sua mãe que provavelmente agradeceria aos céus por não ter mais de sustentá-lo, o filho não desejado que só lhe trouxera desgosto.
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  Harry ainda se sentia fraco, mas levantou-se pouco depois de ser deixado. Decidira que ficaria na floresta, não teria de ser mais peso para ninguém e não teria de aguentar os olhares de reprovação que todos lhe dirigiam naquela cidadela.
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  O garoto caminhou a esmo se embrenhando cada vez mais no bosque denso, mal ligando para o frio e as gotículas de chuva que aos poucos o molhavam. Ele só precisava encontrar um lugar para montar sua nova morada, qualquer lugar. Foi enquanto pensava nisso que ela surgira como uma miragem surge aos olhos de quem perambula sedento pelo deserto: uma pequena casa de madeira, um tanto descuidada e de aspecto nada convidativo, mas era um teto para se abrigar.
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  A casa no bosque acolhera Harry naquele tempo e ele aceitara ser acolhido. O rapaz correu em direção à entrada e depois de encostar a porta às suas costas, pôde dar uma olhada no interior de seu novo lar. Havia folhas secas de árvores espalhadas por todo o local, mas nada que uma rápida varrida não desse jeito. O lugar já estava mobiliado – tudo bastante empoeirado –, até parecia estar à espera de um novo morador.
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  Depois de acender a lareira com alguns pedaços de lenha e se aquecer um pouco, Harry foi vasculhar o restante dos cômodos. Havia um banheiro e um quarto. O quarto possuía uma cama e um armário, e logo mais ao canto havia uma banqueta baixa e um boneco ventríloquo largado sobre ela. Harry aproximou-se do estranho boneco com certa cautela, ao virá-lo para encarar melhor o objeto, ele percebeu que se tratava de um daqueles bonecos que usavam em apresentações de circo que às vezes paravam na pequena vila. Apesar de nas apresentações os bonecos terem uma aparência amistosa, naquele instante, sem um ventríloquo ou uma plateia animada, chegava a ser assustador.
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  Harry deixou de lado o brinquedo estranho e já se voltava para sair do quarto quando uma voz ecoou por todo o ambiente.
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  “Você deveria se vingar deles” disse.
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  — Quem está aí? — Harry perguntou virando-se bruscamente na direção do quarto, o coração palpitando.
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  “Ele foi um grande idiota ao te deixar no bosque para morrer. O tal Albert” a voz continuou.
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  O garoto encarou ao seu redor iluminando o local com sua lamparina, não havia ninguém no quarto. Mas a voz continuava.
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  “Você devia se vingar” repetiu.
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  Foi então que Harry percebeu que a voz vinha do boneco. Quase saiu correndo da casa quando as imagens ainda frescas de Jenna sendo levada e o deixando para trás começaram a passar em sua mente. Ele sentiu-se desolado por ser abandonado por sua única amiga; sentiu vazio por saber que ninguém se importaria se ele desaparecesse… Mas acima de tudo, sentiu ódio. Um ódio descontrolado que ele mal sabia que podia sentir. E então ele decidira. Se vingaria da família .
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Capítulo 20

   adentrou o bosque sem saber exatamente para onde ir. Da primeira vez que encontrara Harry fora por puro acaso e pelo tempo que havia estado naquele lugar, ela sabia bem que o bosque tinha suas próprias regras para encontrar ou não um caminho.
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   parou no meio de uma pequena clareira e então desejou o mais profundamente que conseguiu. Desejou que pudesse encontrar Harry e a casa do bosque. Ou que eles a encontrassem, não fazia diferença, ela só precisava falar com ele. Fechou os olhos e continuou desejando.
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  — Então você decidiu voltar? — Uma voz conhecida desdenhou às suas costas.
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   abriu os olhos e voltou-se na direção da voz. Harry estava ali, encostado no tronco de uma árvore, os braços cruzados e a expressão mais sombria do que ela poderia imaginar ser possível. Engoliu em seco reunindo coragem para dizer o que precisava.
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  — O que fez com Niall? — perguntou sendo direta. Ela só voltara por causa do irmão e sabia que o rapaz à sua frente sabia disso.
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  Harry encarou a garota com certa raiva e ressentimento.
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  — Por que acha que fiz alguma coisa a ele?
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  — Você nos perseguiu no sonho! O persuadiu a segui-lo de volta até o bosque! — acusou, mesmo sabendo que aquelas frases faziam pouco sentido para pessoas sãs. — Desfaça o que quer que tenha feito, Harry! Isso não é justo! O que fizemos? — gritou com o pouco de coragem que havia lhe sobrado.
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  Harry encarou a garota de forma irada, seus olhos brilhavam perigosamente.
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  — Justo? — vociferou avançando em direção à que cambaleou para trás. — Você quer saber o que não é justo? — disse entredentes. — Não é justo ser deixado para trás para morrer no meio de um bosque estranho e frio mesmo depois de ter feito de tudo para manter uma garotinha mimada viva! — exclamou dando mais um passo em direção à mais nova.
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   estava confusa e atordoada demais para conseguir se afastar do rapaz irado que se aproximava cada vez mais.
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  — O que isso tem a ver comigo e Niall, Harry? — ela conseguiu perguntar num fio de voz.
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  O garoto riu com desprezo.
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  — Albert foi quem me deixou para morrer neste bosque, — disse com raiva.
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  A menina deixou a surpresa estampar seu rosto e deu alguns passos recuando.
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  — Jenna e eu havíamos nos perdido enquanto explorávamos o bosque juntos. Quando Albert nos encontrou, encolhidos e morrendo de frio, ele salvou apenas a ela e me deixou para morrer. Desde aquele dia eu planejo me vingar de Albert .
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  — Não, papai nunca… — murmurou atordoada.
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  — Isso não é verdade. — Uma voz grossa se fez ouvir.
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  — Você… — Harry rosnou para um Albert que saía de seu esconderijo em meio às árvores.
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  — Não é verdade o que acaba de dizer à minha filha — o homem disse se aproximando dos dois jovens.
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  — Não é verdade que me abandonou neste bosque anos atrás para morrer? — O garoto encarou o homem com o olhar brilhando de ira.
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  — Sim, nós o deixamos aquele dia no bosque — Albert admitiu, sentiu uma pontada de desapontamento em seu âmago. — Mas você já estava morto! — Ele continuou sem hesitar ou a voz falhar.
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  Um silêncio ensurdecedor caiu sobre aquele trio peculiar, todos tentando absorver os fatos que estavam presenciando.
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  — É mentira. — Harry soltou entredentes, o fulgor em seus olhos cada vez mais intenso.
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  — Harry, quando encontramos Jenna ela estava fraca e fria e você… Você estava tão frio quanto ela e seu coração não mais pulsava.
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  — MENTIRA! — o rapaz berrou com ódio uma energia imensa começava a se aglomerar ao seu redor. — PARE DE MENTIR, ! — Assim que ele terminou a frase, um grupo de cães selvagens gigantes surgiu rodeando a Albert e , que logo reconheceu os tais Riesen de outrora.
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  Albert empurrou a filha com agilidade para longe quando o grupo de animais estranhos decidiram atacar. foi jogada para fora do alcance dos riesen e se encolheu em meio à uma moita sem saber o que fazer para ajudar o pai que tentava se livrar dos bichos. Ela pôde perceber após alguns instantes que Harry parecia controlar os riesen diretamente. Mas como? pôs-se a raciocinar e tentar lembrar de cada dia que passara naquele bosque na companhia do estranho garoto. Qual seria a fonte de seu poder, se é que havia alguma? Foi então que se lembrou de seu último dia na casa do bosque. E do motivo que a fizera correr como se sua vida dependesse daquilo (e dependia): Um boneco ventríloquo. Tinha de ser ele!
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  Ela encarou Harry que parecia exclusivamente concentrado em Albert, sua ira transbordando e refletindo em seus olhos que tinham adquirido até mesmo um tom diferente. Era sua chance. precisava encontrar o maldito boneco ventríloquo e destruí-lo para salvar seu pai. Ela se esgueirou furtivamente entre moitas e troncos de árvores e tentou se situar. Ela precisava encontrar a cabana na qual fora hóspede por só Deus sabe quanto tempo.
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  Fechou os olhos e desejou novamente, desejou que pudesse encontrar seu caminho até a pequena casa. Quando abriu os olhos, o cenário em que se encontrava havia mudado ligeiramente. Às suas costas Harry e seu pai ainda pareciam travar uma batalha desigual e injusta, mas à sua frente, lá estava, a casa do bosque.
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   correu para a entrada da cabana sem mais se importar se seria impedida ou não por Harry, entrou e fechou a porta logo se encaminhando para o quarto que pertencia a Harry. Nada havia mudado naquele lugar, por sorte. Lá estava o boneco ventríloquo sentado na banqueta no canto mais afastado do pequeno quarto. caminhou em sua direção com passos firmes e sem pestanejar ou se preocupar com possíveis defesas do artefato, ela o arrancou com fúria de seu lugar e, segurando-o firmemente, caminhou para o ambiente que servia de cozinha e sala de estar. Olhou ao seu redor a procura de algo que pudesse servir para destruir aquele brinquedo maldito quando seus olhos bateram sobre o machado encostado ao lado da lareira que estava acesa.
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  Sem pensar nem mais um segundo, pegou o pesado machado e jogou o boneco no chão à sua frente. Com fúria, começou a desferir vários golpes no brinquedo, fatiando-o o máximo possível. Quando apenas pedaços praticamente irreconhecíveis de madeira sobraram, os pegou – todos num grande e forte abraço – e com determinação os jogou em direção ao fogo da lareira.
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  Albert tentava se livrar dos animais que o cercavam e avançavam em sua direção quando uma forte explosão fez várias coisas irem aos ares. Depois de ser jogado com violência contra uma árvore por conta da explosão, o homem ergueu a cabeça para tentar entender o que se passava. Havia uma casa em chamas. E Harry… Harry berrava enquanto chamas azuis o envolviam com rapidez e então, ele mesmo desapareceu numa explosão de luz e energia. E então, tudo havia acabado. Não havia mais Harry ou cães gigantes, apenas os destroços de uma casa que aos poucos parecia se livrar das chamas que havia pouco tempo a envolviam. Foi quando Albert se lembrou de , sua pequena ! Onde ela estaria? Teria corrido para tentar escapar? Estaria escondida em algum lugar?
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  O senhor se levantou ainda um tanto atordoado e começou a caminhar um tanto trôpego, procurando ao seu redor por sua filha caçula. Foi então que percebeu uma silhueta logo mais à frente que tentava se fazer nítida em meio à fumaça que a casa às suas costas soltava.
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  Quando finalmente Albert conseguiu enxergar direito, lágrimas começaram a escorrer com insistência por seus olhos. Era . abraçando ternamente o corpo inerte de Harry e lhe lançando um sorriso que misturava tristeza e felicidade.
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  — Ele precisa de mim aqui — foi tudo o que ela disse antes de acenar e desaparecer para sempre.
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  Naquele mesmo instante, Niall despertava confuso em sua casa.
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Epílogo

  Marie havia entrado no bosque para brincar de esconde-esconde com seus coleguinhas de escola, mas de alguma forma havia se perdido de seu grupo de amigos e agora estava sozinha no meio de um bosque silencioso e assustador. Ela se encolheu encostada à uma árvore e começou a soluçar. E se nunca mais alguém conseguisse encontrá-la? Nunca mais veria papai e mamãe!
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  — Olá, pequenina. — Marie ouviu uma voz suave se pronunciar. A menininha ergueu a cabeça limpando as lágrimas que haviam escorrido por seu rosto e se deparou com uma moça de expressão calma e simpática. — O que houve?
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  Marie olhou ao seu redor e confusa constatou que havia uma casinha à sua frente que definitivamente não estava lá antes.
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  — Eu… Eu me perdi… — ela murmurou um tanto desconfiada para a moça.
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  — Que tal tomarmos um chá enquanto a ajuda não chega? — Um rapaz soturno, de vestes escuras surgiu também segurando uma xícara de chá, o sorriso tão simpático quanto o da bela moça que surgiu primeiro.
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  Marie começou a se sentir menos preocupada e triste e, sem hesitar muito, aceitou o convite para o chá.
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  Niall procurava um tanto desesperado pela pequena Marie pelo bosque. Ele, agora com seus 20 anos, havia ficado responsável por cuidar das crianças mais novas da escola da vila. Haviam todos combinado de não se embrenharem no meio do bosque e ele deixaria que as pequenas brincassem de escalar árvores e o que mais quisessem por ali. Mas Marie havia sumido.
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  — Marie! — gritou olhando ao redor procurando por qualquer sinal de movimento. — Marie!
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  — Oi, tio Niall! — A menina surgiu de trás de uma árvore com um enorme sorriso nos lábios e parecendo bastante contente e muito pouco assustada.
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  — Marie! — ele disse num tom de repreensão. — Onde você estava? — perguntou analisando a pequena e constatando que ela estava inteira e sem sinal de machucados.
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  — Estava tomando chá com uma moça e um moço! — anunciou alegremente começando a andar na direção em que Niall havia surgido. O rapaz apressou-se para alcançar a menina e, antes de dar as costas completamente para o bosque, ele teve a ligeira impressão de ter vislumbrado a imagem de sua finada irmã mais nova ao lado de um peculiar rapaz que ele achava que um dia havia conhecido, ambos sorrindo lado a lado observando os visitantes do bosque se afastar.
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Fim

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2 anos atrás

Continueeee!! 

Comentário originalmente postado em 11 de Abril de 2016

KellyO_
KellyO_
2 anos atrás

CARAMBAAAA!
Na hora que vi o título da história no grupo de capistas do facebook, falei: Essa história vai ter uma pegada de suspense. E ta-dah! Vou correr pra ler mais uns capítulos e ver se encontro elementos bacanas para montar a capa!
ótima escrita!

Comentário originalmente postado em 08 de Julho de 2018

Ray Dias
9 meses atrás
   possuía uma saúde frágil; desde pequena o médico da família a vetou de ter aulas normais na escola do…" Read more »

lá vem a Natashia com essas coisas que me traumatizam, mas eu não quero chorar ein

Ray Dias
9 meses atrás

Minha nossa, eu cheguei no fim do capítulo prólogo e já estou APAIXONADA por esse mistério! Mas com tanto sono que serei obrigada a degustar essa narrativa aos poucos. Enfim, vamos lá tentar sair desse bosque e fugir do Harry que é o vilão certo? ai, ai, deu até medinho. Ótima contribuição da Nat ♥


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