7 Heavens

  Tamborilava as mãos pela mesa da cafeteria, já começando a ficar impaciente pelo atraso dos amigos. Seokjin detestava atrasos – na verdade ultimamente ele vinha detestando muitas outras coisas também – ele esperava que pelo menos Namjoon já estivesse lá, o psicólogo costumava ser pontual.

  Bufou olhando para o relógio de pulso e então viu Hoseok e Jimin adentrarem juntos o recinto e ele permaneceu de cara fechada. Os amigos sabiam que ele estava irritado e não só pelo atraso deles. A vida do jovem de trinta anos havia virado de ponta cabeça: ele havia perdido o emprego de chef de um dos restaurantes mais famosos da Coréia (tudo bem que ele já estava para inaugurar o próprio restaurante com Yoongi, mas ainda doía quando ele lembrava da facada nas costas do antigo sócio), havia literalmente acabado de se divorciar (inclusive havia assinado os papéis do divórcio hoje), agora ainda teria que encarar a ex mulher nos tribunais para a divisão dos bens, e teria que lidar com todos comentando sobre o chifre que ele havia levado e especialmente com os comentários sobre a festa de casamento da ex mulher que havia acabado de assinar os papéis de um divórcio caótico.

  A pontinha de esperança que ele tinha era a inauguração do restaurante com Yoongi, que ele tinha certeza não o apunhalaria pelas costas como o antigo sócio! Jimin ergueu a mão na direção do amigo mais velho que segurou a mão dele, ainda de cara fechada.

  - Já chegamos Seokjin! Não precisa mais ficar com essa cara! Deu!

  Hoseok ralhou com ele antes de se sentar à mesa. Os dois se encararam.

  - Quase meia hora depois! Vocês tem notícias dos outros?

  - Namjoon se enrolou numa consulta mas já saiu de lá! E eu e o Hoseok nos atrasamos porque acabamos ficando presos numa sessão de fotos infinita! Os outros eu não sei!

  - Yoongi acabou de chegar! – ele quase esboçou um sorriso ao ver o amigo e agora sócio-

  Yoongi cumprimentou os amigos com a cabeça e então se sentou ao lado de Seokjin. Um a um o restante dos amigos foram chegando: Namjoon, depois V e por último Jungkook. Há quanto tempo eles se conheciam? Há tempo suficiente para considerarem um ao outro família. Eles sabiam tudo da vida um do outro: tudo. E sempre estavam lá, um para o outro. Sempre.

  Os sete ficaram em silêncio avaliando o cardápio do local, como se já não soubessem exatamente o que pedirem, como se já não houvessem decorado o cardápio, de tanto que eles se encontravam lá. Depois que cada um deles fez seus pedidos, Namjoon foi o primeiro a reparar nos cortes discretos no rosto de Jungkook.

  - O que foi isso aí no seu rosto maknae?

  O mais novo do grupo deu de ombros e então cruzou os braços abaixo do peito.

  - Boxe! Como sempre! Nada demais, não precisam se preocupar!

  - A gente sempre se preocupa Jungkook! Você costuma ser um pouco imprudente, não só quando se trata de boxe, na sua vida como um todo! – Jimin gargalhou enquanto bagunçava os cabelos –

  - Como se você fosse um modelo a ser seguido né Jimin! – Jungkook rolou os olhos –

  Jimin e Jungkook eram a dupla dinâmica do grupo (ok, haviam outras duplas dinâmicas também), inseparáveis os dois só não moravam mais juntos! Os dois tinham sonhos diferentes de vida, mas as personalidades eram parecidas, e os gostos também!

  Os dois tinham o lema de “you only live once”, só se vive uma vez, sabe? Então as baladas, bebidas e etc faziam parte da rotina dos dois amigos. Bom, Jimin era um pouco mais responsável… Jungkook gostava da sensação de adrenalina correndo nas veias, gostava de ver o circo pegar fogo enquanto ele segurava um galão de gasolina. Uma mulher a cada noite, zero sentimentos, zero responsabilidade afetiva (apesar que ele estava começando a aprender sobre isso com Namjoon), muita bebida, mas zero drogas porque ele amava o boxe! E Jimin a mesma coisa, mas com um pouco mais de juízo e de responsabilidade afetiva, mas os dois eram “a tampa e panela”.

  Suga e Seokjin eram a outra dupla dinâmica do grupo, os amigos mais velhos, mais responsáveis, mais ranzinzas… eles cuidavam dos mais novos, aconselhavam, cuidavam deles nas noites de bebedeira e ressaca. E os dois tomavam vinho a noite, quase todas as noites em que não iam para a balada com os mais novos. Os dois cozinhavam juntos e tinham seus “programinhas de idosos” como os outros membros chamavam. Quando tudo desabou no casamento de Seokjin, Suga foi o primeiro a saber, foi para ele que o amigo correu primeiro.

  E aí nós temos o trio mais improvável desse grupo: Taehyung, Namjoon e Hoseok. Os três eram o completo oposto um do outro, mas estranhamente conseguiam se completar e se entender mesmo assim! Quando eles não estavam os três, estavam só dois do trio juntos, já que nem sempre a agenda dos três batia…

  Mas independente de qualquer coisa, de qualquer “separação” ou “grupo” os sete eram inseparáveis e se gostavam muito: como uma família mesmo! E no fim do dia, era aquilo que importava!

  - Você podia se consultar com o colega que te indiquei! – Namjoon tirou os óculos do rosto, parecendo cansado –

  - Eu não preciso disso, Namjoon! Nada contra o seu trabalho! Longe de mim! Admiro muito você como profissional! Mas eu não preciso disso, não há nada de errado comigo!

  Namjoon trocou alguns olhares com os amigos, e então os pedidos deles começaram a chegar.

  - E então? V, conta para a gente! Como tá a ansiedade para finalmente assumir uma nova equipe lá na delegacia? – Hoseok deu alguns tapinhas nas costas de V –

  O sorriso quadrado brotou nos lábios de Taehyung, carinhosamente chamado de V pelos amigos. Ele estava radiante de felicidade de assumir uma equipe nova! A antiga só tinha causado problemas, já que por ele ser considerado “novo demais” para o cargo os subordinados o boicotaram. Foi um período difícil e ele quase pediu exoneração do cargo. Mas aí, veio uma nova maré e trouxe uma nova equipe, que ele assumiria amanhã. Pessoas novas, mais na faixa etária dele e com o mesmo sangue correndo nas veias. Ele estava empolgado.

  - Eu to mega empolgado! – bebeu de seu café – Mal tenho dormido de tanta ansiedade e vontade de conhecer todo mundo e começar logo!

  - Dessa vez eu boto fé que vai hein! – Seokjin piscou para o amigo – Você é foda! Vai ser o melhor delegado de Seul!

  - Já é! – Jimin corrigiu o amigo –

  - Verdade! Já é! – ele se retratou enquanto os amigos riam –

  - Temos muita coisa a fazer e eu quero começar a fazer logo! Minha divisão precisa ser a melhor e para isso preciso dos melhores ao meu lado.

  - Eu tenho certeza que isso vai acontecer hyung! O seu chefe já te elogiou inúmeras vezes!

  - É! – Namjoon complementou a fala de Jungkook – Justamente por isso ele está te dando outra equipe, ele certamente selecionou só gente boa!

  Taehyung assentiu para os amigos. Era sempre assim: eles eram a força um do outro! A tarde seguiu com eles desabafando sobre seus problemas diários, sobre as profissões, sobre o cotidiano. Conversaram bastante sobre o restaurante de Seokjin e Suga, sobre como estavam ansiosos e com as expectativas altíssimas. Eles só não conversaram sobre um tópico: o amor.

  Eles achavam que estava tudo bem. Tudo parado demais e até que no momento atual, aquilo não era importante. Mal sabiam eles que aquilo mudaria, e breve.

  O cheiro doce – aliás extremamente doce – de invadiu as narinas de , que soube que era a amiga exatamente por causa daquele cheiro. Ela precisava de coisas como aquela para conseguir reconhecer cada uma das amigas, já que graças á um acidente aos dezoito anos e um trauma cerebral, ela havia desenvolvido a prosopagnosia, ou para facilitar a cegueira facial que é uma doença caracterizada pela incapacidade de reconhecimento total ou parcial das feições do próprio rosto ou de pessoas conhecidas, como amigos ou familiares, causando sintomas como dificuldade de interação social, medo ou transtorno de ansiedade, por exemplo.

  Então ela passou a reconhecer as amigas por características como: o perfume ou cheiro (era assim com , e ) ou então por acessórios que as amigas nunca tiravam – tudo isso para ajudá-la – como colares, pulseiras, anéis ou a mesma bolsa por exemplo (e era assim com , e ). Não era nada fácil, todos os dias eram uma batalha diferente para , numa cidade tão caótica como Seul, com tantas pessoas, com tantos rostos. Mas ela queria ter uma vida “normal”, como qualquer outra pessoa. Ela queria trabalhar, ler, estudar, namorar, ter uma vida social…

  E trabalhava muito duro! Muito duro mesmo para conseguir tudo aquilo! Tinha a ajuda das amigas, já que havia se mudado para a Coreia do Sul aos dezesseis anos para fazer um intercâmbio e havia decidido ficar por lá!

  Aos dezoito um grave atropelamento quase lhe tirou a vida… e com isso veio a prosopagnosia e tudo havia mudado com força. Ela reconhecia a mãe pelos trejeitos, e o pai pela voz grossa. Falava com eles basicamente todos os dias e morava com . As amigas eram sua família, ou melhor o mais próximo que ela conseguia disso.

  Amava o trabalho, apesar das dificuldades já que ser bibliotecária implicava em ver vários rostos diferentes, a todo momento e todos os dias. Mas ela dava conta do recado, apesar de todas as dificuldades. E ainda tinha a luta diária contra o transtorno de ansiedade que havia desenvolvido com a doença. Fazia o tratamento a anos, mas não havia cura, infelizmente. Mas o tratamento ajudava muito a lidar com a doença e com como ela afetava a vida de de forma tão direta e intima.

  - Hola cariño! – beijou a bochecha da amiga –

   levantou os olhos e então percorreu os mesmos pelo rosto de . O nariz protuberante, os lábios finos e pintados de vermelho, a boina preta na cabeça… piscou algumas vezes, aquela boina fez o coração de acelerar. Era ? Voltou a sentir o cheiro da amiga, aproximando o nariz do pescoço dela.

   levou as mãos até a boina, retirando a mesma da cabeça. O acessório era novo, ela não costumava usar e aquilo poderia desenvolver uma crise de ansiedade na amiga.

  - Sou eu! ! No te preocupes! – o cheiro e o sotaque tipicamente espanhol da amiga lhe acalmaram o coração – Desculpe, eu comprei ontem e esqueci de te falar que usaria a boina hoje!

  - Tudo bem! Seu cheirinho nunca engana! – sorriu –

  Logo se juntou às amigas e soube que era olha por causa dos olhinhos pequenos e puxados, já que ela era a única coreana do grupo. procurou pelo colar de coração que estava sempre no pescoço da coreana: e sim, era ela! ! repetiu mentalmente para si mesma.

  - Eu andei essa cidade quase toda hoje, e nada!

  - Tirei foto de alguns funcionários lá da empresa para te mostrar! Vai que algum deles te agrada! – deu de ombros –

  - Então vai me mostrando!

  Antes que pudesse pegar o celular, apareceu e depositou um carinho na cabeça de , colocando a bolsa sobre a mesa. olhou para bolsa de ursinho e soube que era .

  - Ainda não achou ninguém que prestasse?

   fez um biquinho enquanto balbuciava um “hum-hum” para a amiga.

  - Onde você estava a manhã toda?

  - Passei a manhã toda atendendo! Graças a Deus! – pegou o cardápio – Vocês não vão comer?

  As amigas eram dividas entre: se vamos sair precisamos comer e se vamos sair precisamos apenas de bebidas alcoólicas. E era do time que precisava comer! Elas se conheciam há anos! Cada uma de uma nacionalidade diferente, cada uma se mudou para a Coreia com um objetivo diferente e os caminhos dela haviam se cruzado de forma tão inesperada que só podia ser o destino unindo as sete. Pelo menos era assim que falava! E no fundo, no fundo, as amigas acreditavam também.

  - Ai não! Olha bem para a cara desse moço! Ele parece que não dorme há pelo menos duas semanas!

  - Que nem a , né? – a risada escandalosa de ecoou anunciando que ela havia chegado –

   sorriu. A risada e os brincos de pérola, ajudavam a mulher a reconhecer a amiga.

  - Não mentiu! – ela se jogou em uma das cadeiras – Eu estou exausta meu Deus! O seu psicólogo não tem um psiquiatra para me indicar? Preciso de um remédio para conseguir voltar a dormir!

  - Posso perguntar! – levantou os olhos do livro que lia – Mas eu acho que você e o Yugyeom precisam se mudar daquele bairro!

  O bairro onde morava com o melhor amigo, não era dos melhores! E ela morava com ele desde que havia pisado na Coréia basicamente. As amigas tinham razão, ela precisava agora convencer Yugyeom já que ele era cabeça dura!

  - A gente vai mesmo ficar aqui? As comidas daqui são horríveis! – mordeu o lábio e depois riu –

   voltou a erguer os olhos e então reconheceu pelo cheiro de lavanda. Todas as roupas dela, tinham aquele cheiro. Aproximou o nariz da jaqueta jeans da amiga para ter certeza que era a brasileira.

  - Mas as bebidas são deliciosas! – protestou – E vai me dizer que você não está louca para tomar um soju, para acalmar esse coração já que amanhã você finalmente começa como investigadora!

   sorriu abertamente e então deitou a cabeça no ombro de . Estava radiante, mas também muito nervosa. Era um sonho sendo realizado depois de muito esforço, mas ela continuava sendo nova demais, estrangeira demais e mulher…

  - Tem razão! Preciso de algumas garrafas de soju!

  - Precisamos! E vamos pedir!

  - E o que vamos comer?

  Então elas começaram a discutir o que pedir, se iam comer, o que iam comer, e tudo isso ao mesmo tempo, enquanto observava as amigas, com um sorriso no rosto. gargalhou e depois sentiu os pelos do corpo todo arrepiar.

  - Espera! Espera! – as amigas pararam de falar – Alguma coisa vai acontecer!

  - Ah não começa ! – , a última chegar – Eu acabei de chegar!

  - E foi exatamente a sua chegada que trouxe o pressentimento!

   arregalou os olhos. A amiga não costumava errar, apesar de que as amigas eram um pouco céticas com a taróloga, às vezes.

  - Ai ! – se sentou e depois abraçou o próprio corpo –

   olhou para a amiga procurando pelo colar com as duas sapatilhas que ela usava, e os encontrou, acalmando o coração logo em seguida. fechou os olhos.

  - Eu to falando sério! Alguma coisa vai mudar nossa vida…

  - Eu não sei se gostei muito! – ela analisou o prédio e depois olhou no relógio de pulso –

   falava sozinha, enquanto analisava o prédio cheio de tijolos a sua frente, mas aquele prédio era a sua última esperança! Ela tinha dois dias para sair do apartamento em que morava, bom, apartamento não! Kitnet basicamente. O dono do cômodo havia pedido o mesmo para , e havia dado apenas quinze dias para que ela achasse outro lugar. Já que agora ela ganharia um pouco mais, porque não procurar alguém para dividir um apartamento um pouco maior? As amigas ou já dividiam apartamentos minúsculos ou moravam com os pais, então ela não poderia morar com nenhuma delas. Os outros apartamentos que ela havia visitado eram um pior do que o outro e os companheiros de quarto/apartamento não eram nada agradáveis.

  Ela tocou o interfone do apartamento de número 303 e então respirou fundo. Ouviu uma voz grave soar do outro lado, e então ela raspou a garganta.

  - Sou a ! Vim para ver o apartamento…

  - Ah claro! Estou descendo para buscar você, só um instante!

   se surpreendeu com o tom de voz agradável do dono do apartamento e com a presteza dele de descer para buscá-la, então fez uma careta. Aquilo não era normal, os sul-coreanos não costumavam ser tão agradáveis assim! Especialmente os mais velhos.

  Alguns minutos depois, lá estava ele. umedeceu os lábios, um tanto quanto surpresa com a aparência do possível colega de apartamento. Ele não era um velho cáquetico e com a cara carrancuda como todos os outros que ela havia conhecido em busca do apartamento perfeito, e sim alto, esguio, jovem, com os cabelos levemente bagunçados e úmidos, e um sorriso quadrado. E o homem era bonito! O coração de , inexplicavelmente, começa a bater rápido dentro do peito, um tanto quanto perturbada com a visão do moreno.

  - Olá! Sou Kim Taehyung, prazer senhorita! – ele fez uma curta reverência para cumprimentá-la –

   devolveu a reverência, sendo educada.

  - Prazer! Sou Machado!

  - Vamos subir?

  - Claro! – ela ajeitou a bolsa no ombro –

  Seguiu atrás do moreno e então eles subiram alguns lances de escada com observando os detalhes do lugar.

  - Aqui pode não parecer, mas é bem seguro! Tem os porteiros revezando, então não fica sem gente na portaria hora nenhuma!

  - E esse bairro aqui é uma das regiões mais tranquilas de Seul também, não é?

  - Sim! – ele parou subitamente na porta do apartamento –

   , que não esperava a parada tão súbita, acabou batendo o corpo nas costas de Taehyung que com o impulso bateu na porta, mas devagar. As bochechas de estavam vermelhas e V gargalhou enquanto pegava as chaves do apartamento no bolso.

  - Me desculpe!

  - Não precisa se desculpar, eu devia ter avisado que era aqui o apartamento!

  Ele abriu a grande porta de madeira e então fez menção para que a loira entrasse primeiro e assim o fez. O apartamento estava incrivelmente organizado e ela passou a língua pelos lábios enquanto vislumbrava a grande TV presa a um painel preto, depois passeou os olhos pelo sofá creme reclinável que parecia extremamente confortável e então viu algumas plantas dispostas pela sala, alguns quadros. Tudo bem minimalista e claro como ela gostava.

  - Como você pode ver, aqui é a sala! – ele caminhou –

  Quando passou por , ela inalou o cheiro bom que vinha do pescoço dele, de forma involuntária, já que o cheiro era forte e ele havia passado a centímetros do nariz pontudo dela. Engoliu seco, ele precisava cheirar tão bem?

  - Aqui fica a cozinha! – olhou para ele que tinha o braço erguido enquanto apontava para o cômodo –

  Caminhou até lá e Taehyung observou o rosto bonito da mulher. Os traços dela eram delicados e fortes ao mesmo tempo, ela tinha um rosto marcante. observou a pequena cozinha, com um fogão, um microondas e outros equipamentos. Depois observou a pequena mesa de quatro lugares preta, e então voltou a olhar para Taehyung.

  - Por aqui ficam os quartos! – ele fez menção para adentrar o corredor –

  Passou uma das mãos pela parede branca sentindo o cheiro de limpeza do lugar, e se sentiu em casa… Taehyung abriu a porta do primeiro cômodo revelando um quarto.

  - Esse seria o seu quarto! Pode entrar e avaliar! Eu não decorei ele, nem nada para que a pessoa que fosse ficar com ele, pudesse fazê-lo da forma que achasse melhor!

   assentiu para ele e então entrou no quarto, que não era muito grande, mas também não era muito pequeno. Certamente era infinitamente maior do que o cubículo que ela morava hoje! As paredes eram brancas e havia uma cama de casal no quarto, além de uma TV de poucas polegadas e um guarda-roupas. Estava ótimo, especialmente pelo cheiro de limpeza…

  - Eu também não tenho muitas coisas para trazer! – deu de ombros –

  - Aqui fica o banheiro! – caminhou até lá depois de fechar a porta do quarto –

  O cheiro de limpeza invadiu outra vez suas narinas e ela até fechou os olhos. Taehyung voltou a reparar no rosto dela… Quando ela abriu os olhos observou o banheiro que até o momento era o menor cômodo do apartamento, mas estava ótimo já que ela mal tinha um chuveiro.

  - Não precisa me mostrar o seu quarto! – ela riu e Taehyung a acompanhou – Está ótimo! Eu posso te dar a resposta até hoje a noite?

  - Claro! Sem problemas!

  Os dois ficaram se encarando por alguns segundos em silêncio enquanto reparavam nos traços um do outro. Taehyung pensou no quanto ela era bonita e pensou a mesma coisa. E então ele olhou para o relógio de pulso, o que fez com que voltasse a si e então caminhasse em sentido a porta, Taehyung a acompanhou e então os dois voltaram a se encarar quando saiu do apartamento.

  - Vou levar você lá embaixo! – ele voltou a olhar o relógio –

  - Não precisa! Eu vou sozinha! Obrigada e até mais!

  - Até mais! – ele assentiu para ela –

   sorriu sem mostrar os dentes e então foi embora. Desceu as escadas e então o porteiro abriu para que ela saísse pelo portão. Foi a vez dela olhar o relógio no pulso e então resolveu que tomaria um café com alguma das amigas até que desse a hora de finalmente ir para o trabalho. Mandou uma mensagem no grupo que elas tinham no kakao perguntando qual das amigas já estava de pé e queria tomar um café com ela. respondeu que topava e então elas marcaram de se encontrar na mesma cafeteria de sempre.

  Adentrou a delegacia com um sorriso de canto nos lábios e então se juntou a Yugyeom, que a abraçou.

  - Eu nem acredito que estamos juntos nessa Gyeom!

  - Acredite! Depois de tudo o que suamos para conquistar isso aqui! – ele sorriu enquanto fechava os olhos –

  - Precisamos esperar o restante da equipe, não é? Aqui?

  - Foi o que o nosso novo chefe pediu! Ele disse que já vinha inclusive!

  - Você já o conheceu? – ergueu as sobrancelhas –

  Yugyeom fez que sim para ela com a cabeça.

  - E como ele é?

  - Ele é da nossa idade, assim, da nossa geração e foi bem formal!

  - Não é um velho barrigudo e carrancudo?

  - Não! – Yugyeom gargalhou e apertou o nariz dela – Ele é como nós!

  - Uau! – bateu palminhas, empolgada –

  Uma moça, pequena e um tanto quanto muito magra adentrou a delegacia e olhou para Yugyeom e . Fez uma reverência para os dois e então se apresentou:

  - Sou Jia! Park Jia! Prazer!

  - Prazer! – sorriu para a mais baixa – Machado.

  - Você é o que? Espanhola?

   revirou os olhos discretamente e Yugyeom segurou a risada, pois sabia que a amiga odiava aquilo.

  - Sou brasileira, mas moro aqui há quase dez anos!

  Jia nada disse, apenas olhou para Yugyeom. A diferença entre os dois era gritante, já que Yugyeom era quase um gigante com seus um metro e oitenta dois centímetros, e Jia deveria ter seu um metro e cinquenta.

  - Kim Yugyeom! – ele respondeu simplesmente –

  Yugyeom só era simpático e carinhoso com quem ele conhecia e tinha intimidade. Ele era conhecido por ser meio badboy e frio, especialmente no boxe que era o que ele amava! Não que ele não gostasse de ser investigador, ele também gostava da profissão, mas só estava nela para honrar a memória do pai, que havia sido um grande investigador da polícia. Yugyeom e se conheciam por causa de , já que os dois moravam juntos desde sempre, então Yugyeom andava bastante com as meninas.

  Após mais um pequeno período de espera, outro investigador havia chegado e se juntou a eles, era Jungsu. mexia no celular quando ouviu alguém pigarrear e então ela guardou o mesmo na bolsa e lançou um olhar na direção do barulho. Seus olhos verdes se arregalaram com força.

  - Bom dia a todos! – Taehyung passou os olhos pela nova equipe –

  Se deteve especialmente em . Os olhos se arregalaram também e ele umedeceu os lábios. O que ela fazia ali? Taehyung olhou para os papéis em suas mãos, pela primeira vez, e então soube que ela era uma das suas investigadoras. Que grande coincidência!

   tinha os lábios entreabertos, um tanto quanto surpresa. Ele era o delegado? balançou a cabeça tentando se concentrar. Atrasada, ela respondeu ao bom dia do chefe.

  - Sejam todos muito bem vindos! Eu sou Kim Taehyung, delegado chefe da nova divisão de homicídios e desaparecimento aqui de Sinchon! Eu espero que possamos fazer um bom trabalho juntos e eu estava muito ansioso para que nos conhecêssemos!

  Os colegas de trabalho faziam reverências e falavam todos juntos, inclusive Yugyeom. era a única que permanecia estática, com o olhar parado em Taehyung. Como aquilo era possível?

  - Machado? – ele perguntou, como se já não soubesse pela foto ali na ficha quem ela era –

  - Sim! – ela raspou a garganta e ergueu a mão –

  As bochechas dela coraram com força e os dois voltaram a cruzar os olhares.

  - Bem vinda! – ele sorriu –

  - Obrigada! – ela abaixou o olhar, envergonhada –

  - Park Jia? – ele correu os olhos até a pequenina –

  - Eu! – ela levantou as mãos, empolgada –

  - Bem vinda!

  - Choi Jungsu? – bateu os olhos no loiro –

  - Eu mesmo!

  - Bem vindo! – Jungsu fez outra reverência em agradecimento – Kim Yugyeom?

  Aquele nome não era estranho para Taehyung… ele observou o mais alto que sorriu sem mostrar os dentes com a mão erguida. Mas nada…

  - Bem vindo! Vamos entrar? Já temos muito o que fazer!

  Os quatro se sentaram numa sala reservada só para eles e Taehyung sumiu.

  - Tá tudo bem? – Yugyeom sussurrou no ouvido de –

  - Ta! – ela forçou um sorriso – Vamos começar!

  - ! – Yugyeom franziu a testa – Você já conhecia o delegado? Ele fez algum mal para você?

  - Não Gyeom! – ela balançou a cabeça em negativa – Quer dizer! Sim, mas não dessa forma!

  Taehyung voltou e abriu a porta com certa dificuldade, já que estava cheio de pastas e papéis. Jungsu ajudou o chefe. Os papéis e pastas sendo jogados sobre a mesa fizeram barulho, se assustou e encolheu os ombros. Taehyung achou graça.

  - Todos esses papéis aqui, são de casos arquivados! Dois casos para ser mais exato, e nós precisamos resolvê-los! Como você é escrivã Jia, não precisa participar ainda! Você vai ficar emprestada por esse período, nós puxamos você se precisarmos ok?

  Ela assentiu para o chefe e então Taehyung saiu com ela.

  - Vai me explicar ou vou ter que perguntar para ele? – Yugyeom estava com o modo super protetor ativado –

  - Não é nada demais Yugyeom! É que eu estou procurando um apartamento, se lembra disso?

  - Sim! E ai, já achou?

  - Eu achava que sim! E o apartamento em questão é justamente o do nosso chefe! Eu visitei o apartamento dele hoje de manhã, minutos antes de vir para cá! Mas quando fiz isso, não sabia que ele seria nosso chefe!

  - Ah! Então é isso? Está surpresa com a coincidência, não é?

  - Isso! – ela bateu as unhas pintadas de branco na mesa –

  - Mas você não vai fechar negócio com ele?

  - Como? Ele é meu chefe! Acho que nem posso fazer isso!

  - Nada a ver! Não tem nada que proíba isso !

  - Mas vai ficar chato! Não sei se vou conseguir… o problema é que só tenho mais dois dias para achar um apartamento e o dele foi único que gostei!

   bufou e logo em seguida Taehyung voltou para a sala. Sorriu para o restante da equipe e então se sentou novamente.

  - Bom, eu pensei que nós devêssemos nos dividir! Cada dupla fica com um caso! Primeiro vamos reler todo o caso, e estudar as pistas e tudo o que já foi feito. Bom, vocês sabem como devemos fazer nessa primeira etapa, certo?

  - Certo! – os três responderam para Taehyung em uníssono –

  - Você fica com o Jungsu, pode ser Yugyeom? E eu fico com a detetive !

  - Se estiver tudo bem para ela! Bom, eu e nos conhecemos há bastante tempo, senhor Kim, então…

  Yugyeom e se olharam.

  - Não! Tudo bem! Posso ficar com o delegado! – assentiu para Yugyeom –

  Não queria ser insubordinada no primeiro dia de trabalho e contrariar seu superior, até porque ela sabia como essas coisas de hierarquia eram importantes na Coreia.

  - Só se estiver tudo bem mesmo! – Taehyung se assegurou –

  - Sim! – ela se ajeitou na cadeira, ficando mais próxima do chefe –

  - Ótimo! Então podemos começar! Tenho cadernos novos lá na minha sala, vou buscar para vocês, junto com mais algumas pastas, canetas e etc.

  - Precisa de ajuda? – Yugyeom se levantou –

  Taehyung assentiu para ele, e então os dois saíram. Jungsu e sorriram um para o outro. Sem graça e sem saber o que dizer um para o outro, eles desviaram o olhar para as paredes.

  - Acho que seu amigo tem razão! Pode até ser bom para você dividir o apartamento com o chefe!

   franziu a testa com o atrevimento do colega, que só a conhecia há alguns minutos.

  - O que exatamente você quer dizer com isso Jungsu?

  - Bom… – ele umedeceu os lábios – Você sabe!

  - Não, eu não sei! – ela se preparou para ler um sermão para o colega mas Yugyeom e Taehyung estavam de volta –

  - Pode nos ajudar com o que ficou na minha sala Jungsu? – Taehyung pediu –

  - Claro! Deixa comigo! – ele deu dois tapinhas nas costas de Taehyung –

  O sorriso quadrado estava de volta… arrepiou os pelos do braço. Pensou em : “Eu tô falando sério! Alguma coisa vai mudar nossa vida…”

  - Machado? – Taehyung tentou pronunciar o sobrenome da brasileira trazendo-a de volta – Desculpe, seu sobrenome é díficil, posso te chamar de mesmo?

  - Pode! – piscou, diversas vezes –

  Taehyung sorriu. Porque ela estava tão nervosa? Os dois se sentaram lado a lado e então ele entregou alguns papéis para ela, que retirou seus óculos de leitura de dentro da bolsa, colocando os mesmos. “Ficou ainda mais bonita!”Taehyung pensou…

  - Pessoal! – eles olharam para o chefe – Atenção total nessas leituras, eu preciso do melhor de cada um de vocês, ok? Precisamos resolver esses casos!

  - Tudo bem! – Jungsu respondeu –

  - Pode contar com a gente, chefe! – Yugyeom voltou a olhar para seus papéis –

   e Taehyung se olharam e ela apenas assentiu para ele.

  Um pouco mais de uma hora e meia havia se passado e então Yugyeom e Jungsu haviam saído para comprar o almoço dos quatro deixando e Taehyung sozinhos.

  - Já se decidiu sobre o apartamento? Eu preciso muito de alguém!

   engoliu seco e então fingiu que não ouviu, que estava concentrada demais nas leituras e anotações. Taehyung não era bobo.

  - Vai me dizer que só porque descobriu que eu sou seu chefe, não vai querer o apartamento?

  - Hã? – ela encarou Taehyung – Eu não ouvi…

  - Ouviu sim! Qual a razão para não querer o apartamento? Eu ser seu chefe? Eu sei separar as coisas ! Pode ficar tranquila… Gostaria muito que você topasse! Eu recusei todas as ofertas anteriores, ninguém me agradou o suficiente. Só você! E agora então, sabendo que você faz parte da minha equipe, me deixou ainda mais seguro e confortável de abrir as portas do meu apartamento para alguém!

  Muita informação de uma vez… chegou a cadeira para trás e então se levantou. Taehyung fez a mesma coisa.

  - Você pareceu ter gostado de lá! E eu juro que sou um cara legal…somos policiais! Temos isso em comum, e sabe-se lá quantas coisas mais!

  - Eu também preciso de um lugar bem rápido! Tenho dois dias para deixar o lugar que moro hoje! Mas eu não sei! Você vai ser meu chefe, e se isso acabar complicando as coisas para gente como chefe e subordinada?

  - Eu garanto que não! – ele se pôs ao lado dela – Não da minha parte!

  - Vai ser estranho… – ela mexeu no anel prata que usava no dedo anelar –

  - Quem disse? Faça um teste! Se não der certo eu mesmo arrumo outro lugar para você!

  Os dois se encararam. Porque diabos Taehyung estava se esforçando tanto para que fosse morar com ele? Nem ele estava entendendo… Aonde aquilo levaria os dois?

  - Tá bom! – fechou os olhos e continuou mexendo no anel – Mas sem compromisso, pode ser? Sem assinar o contrato…

  - Claro!  – sorriso grande e quadrado brotava nos lábios do moreno outra vez – Precisa de ajuda com a mudança?

  - Não! O Gyeom e as minhas amigas me ajudam!

  - Gyeom? O Yugyeom?

  - Isso! – abriu os olhos e sorriu – Desculpe! Vou tratá-lo formalmente! Nossa amizade não vai atrapalhar o trabalho.

  - Eu acredito! – ele colocou as mãos nos bolsos – Você e ele são só amigos?

   franziu o cenho.

  - Desculpe! Não tenho nada haver com isso, mas é que como vamos ser colegas de trabalho e de apartamento, talvez se nos conhecêssemos um pouco mais… não teria nada de mal nisso, eu acho!

  - Ele não é meu namorado… nem de nenhuma das amigas! Nós só o conhecemos há muito tempo, e bom, ele é um amigo incrível.

  - Entendi! – Taehyung balançou a cabeça –

  Yugyeom não era namorado dela, mas ela teria um namorado? Balançou a cabeça em negativa, afastando os pensamentos sobre a loira. Yugyeom e Jungsu voltaram.

  - Nosso almoço está no refeitório, vamos?

   e Taehyung assentiram. Yugyeom olhou de Taehyung para . Ela saiu com Jungsu e então Yugyeom viu Taehyung fechar a porta.

  - Tudo bem? – ele perguntou á –

  - Sim! Relaxa…. – ela bateu o cotovelo nele –

  Taehyung e Yugyeom se olharam quando começou a andar.

  - Eu não sou inimigo de vocês Yugyeom! Muito menos da . Não precisa se preocupar com ela e comigo.

  - Você deve realmente ser um bom detetive, senhor Kim. Percebeu no ar…

  - Você não disfarça suas emoções muito bem, o que facilita para mim! – Taehyung deu de ombros –

  - Espero que eu não precise mesmo me preocupar com ela!

  - Tem a minha palavra!

  E os dois acompanharam os colegas.

  Ao final do dia de trabalho, a noite já havia caído em Seul e os quatro se encontravam exaustos. Na saída Taehyung segurou levemente o braço de .

  - Te deixo em casa!

  - Não precisa, o Yugyeom já vai fazer isso!

  O semblante dele mudou assim que ele bateu os olhos em Yugyeom escorado em seu carro, que parecia ser aqueles de corrida ou algo do gênero. Respirou fundo, precisava colocar a cabeça no lugar.

  - Tá certo! Mas quando você se mudar, acho que pode ir comigo…

  - Posso pensar a respeito! – ela piscou algumas vezes –

  Ele acompanhou o movimento dos cílios fartos de . O coração dele começou a acelerar. Não! Rápido demais… rápido demais! Eles ainda nem se conheciam.

  - Até amanhã, senhorita Machado!

   sorriu com o sobrenome dela saindo desajeitadamente dos lábios dele.

  - Boa noite, senhor Kim!

  Os dois se olharam uma última vez antes de ela alcançar Yugyeom.

  - Eu acho que você deveria recusar o apartamento! – Yugyeom havia mudado de idéia –

  - E porque? Você estava me incentivando de manhã!

  - Não sei! – ele olhou para baixo – Que tal você perguntar para a ? Ela é boa nessas coisas!

   riu e então acariciou o rosto bem feito de Yugyeom, caminhou até a porta do carona.

  - Eu fiz um combinado com ele! Um teste, sem assinar o contrato, se der tudo errado ele mesmo vai arrumar outro lugar para mim.

  - Ainda assim! – Yugyeom respondeu depois que eles já estavam no carro – Consulte o tarot!

   e ele se encararam, sérios dessa vez. E se ele tivesse razão?

   nunca havia pisado naquele lugar, ela não concordava com aquela prática, achava o boxe e qualquer outro esporte que envolvesse violência física desnecessário. Por isso nunca havia ido até a academia que o melhor amigo treinava todos os dias de sua vida desde que ela se entendia por gente. Mas agora lá estava ela, olhando para os letreiros do local, perdida e desconfortável por ter que estar lá!

  Yugyeom precisava de um remédio, que havia esquecido em casa antes de ir treinar. Ele tomava insulina por possuir diabetes tipo 1 (herdada da mãe). Ele nunca esquecia de tomar a insulina antes do treino, mas hoje, por estar empolgado com o começo na delegacia ele havia saído sem tomar e não poderia começar a treinar sem antes tomar sua insulina, ligou desesperado para que lhe deu um bronca, mas aceitou levar o remédio para ele, já que eles moravam bem perto da academia.

   coçou a cabeça e então pegou o celular no bolso da calça de moletom e ligou para o número do amigo. Chamou, chamou, chamou e caiu. soltou um muxoxo. Quando ela foi ligar outra vez, começou a andar de um lado para o outro e sentiu os ombros serem atingidos por um peso e então ela quase caiu, mas amparada por duas mãos, que lhe seguraram os ombros fortemente.

  Os olhos assustados de subiram e encontraram o par de olhos de jabuticaba do homem que a segurava. Os olhos dele eram bonitos, ela lembrou de pensar.

  - Precisa prestar mais atenção no caminho, pode acabar se machucando desse jeito! Se eu não tivesse te segurando, você teria se estabacado ai no chão!

   franziu a testa, surpresa com a forma rude que o homem de repente falava com ela.

  - Você também precisa prestar atenção, afinal de contas foi você que esbarrou em mim, seu mau educado! – ela se livrou das mãos dele com força –

  Um sorriso sarcástico brotou nos lábios finos do rapaz e então viu o piercing que ele tinha por lá brilhar.

  - Mau educado? Eu salvei você! E só dei um conselho, você é maluca, ou o que?

  - “Você é maluca ou o que?” – ela imitou o moreno e então se virou de costas para ele –

  Jungkook gargalhou enquanto voltava a mexer no telefone. Os olhos de Jungkook passearam rapidamente pelo corpo da mulher e depois ele observou o rosto marcante dela. Seus olhos eram tão verdes que lhe davam a impressão de serem transparentes, os lábios dela eram carnudos e Jungkook até se imaginou mordendo os mesmos, umedeceu os próprios enquanto ouvia ela falar com alguém, mas não prestava atenção no que ela falava.

  Alguns segundos depois, ele a viu cruzar os braços abaixo dos seios enquanto batia o pé no chão, parecendo impaciente. Jungkook gargalhou fazendo-a olhar para ele.

  - O que foi? E porque você ainda está aqui? Pode ir embora!

  - Eu treino aqui, meu bem! – ele ajeitou a grande mochila nas costas –

   revirou os olhos com a notícia e então ela viu o melhor amigo caminhando até a entrada da academia. Os músculos dela começaram a relaxar com a presença do amigo se aproximando. Yugyeom era o lugar seguro de desde que ela havia chegado na Coreia praticamente. Os pais de e os pais de Yugyeom haviam sido colegas de faculdade, então quando a filha quis se mudar para lá os pais de Yugyeom pediram ao filho que a abrigasse até ela se estabelecer melhor, mas ela nunca mais quis sair de perto dele, tamanha conexão eles tinham. Yugyeom cuidava dela, e ela dele e isso sempre foi assim!

  As feições de Jungkook mudaram automaticamente assim que ele pôs os olhos em Yugyeom, e a mesma coisa aconteceu com Yugyeom. Os dois se odiavam, desde sempre! Treinavam na mesma academia e ninguém nunca soube explicar exatamente o porque os dois sempre se odiaram e nem quando esse ódio começou. Ele apenas estava lá desde sempre…

   entregou a bolsinha térmica para o mais alto e depois se jogou nos braços Yugyeom, afundando o rosto no pescoço dele que a segurou com força pela cintura fina. Jungkook levou a língua até a bochecha esquerda enquanto observava os dois. Desde quando Yugyeom tinha uma namorada? E porque ela tinha que ser tão atraente? Pelo menos aos olhos de Jungkook…

  - Tá tudo bem? – Yugyeom perguntou segurando o rosto dela entre as mãos depois de colocar a bolsinha térmica em um dos ombros –

  - Comigo sim, e com você? Porra né Yugyeom? E se você passa mal no caminho?

  Jungkook continuava observando a dinâmica entre os dois.

  - Esse babaca incomodou você?

  - Quem? – franziu a testa – Ah!

  Ela voltou a olhar na direção de Jungkook. Até o amigo sabia que ele era um babaca?

  - Vocês se conhecem?

  - Infelizmente sim! – Jungkook soltou um muxoxo – O seu namorado treina comigo… E o pior é que ele acha que é bom no boxe!

  Yugyeom travou o maxilar com força e isso não passou despercebido por que o conhecia como a palma da mão.

  - Aposto que ele é muito melhor do que você, e não só no boxe!

  Jungkook e cruzaram os olhares, que fulminavam um ao outro agora. Yugyeom deixou um sorriso escapar dos lábios rosados, especialmente por não ter desmentido a parte deles serem namorados…

  - Ah meu bem! Que doce ilusão!

  - O que você tá fazendo aqui? O seu treino já deveria ter começado! Vá cuidar da sua vida!

  - Tem razão! Depois dá uma passada lá para você ver como se faz boxe de verdade!

  - Otário! – Yugyeom respondeu entre os dentes –

  Antes de entrar na academia, Jungkook trocou um último olhar com e a viu umedecer os lábios. A maldita era uma das mulheres mais bonitas que Jungkook já havia visto.

  Assim que ele entrou Yugyeom deixou os músculos relaxarem um pouco e então acariciou o rosto de .

  - Um grande babaca! Só isso! Não liga para ele Gyeom!

  - Eu não ligo! Mas ele te incomodou? Deu em cima de você? Ele não pode ver mulher… Ele foi grosseiro?

   riu e então acariciou a mão dele. Resolveu mentir.

  - Não! Ele só se esbarrou em mim e aí eu liguei para você! Só isso!

  Os dois continuaram se encarando. Yugyeom não tinha certeza se acreditava em .

  - Vai treinar!

  - Não quer assistir? – ele sorriu –

   sorriu de volta para ele. O sorriso de Yugyeom era sempre tão brilhante, ela amava quando ele sorria!

  - Eu prometo que venho na sua primeira luta! Não quero atrapalhar seus treinamentos. Agora vai! Te espero em casa!

  - Me avise quando chegar! – os dois se abraçaram outra vez –

  - Me avise quando estiver indo!

  Depois de aplicar sua insulina ele voltou para o ringue. Não sem antes passar por Jungkook, que já treinava. Os dois se encararam por um breve momento.

  - Porque eu nunca soube da existência da sua namorada?

  Yugyeom saia do chuveiro com a toalha enrolada na cintura enquanto Jungkook se livrava da camiseta, ensopada.

  - Porque você não tem nada a ver com a minha vida!

  - Então ela é sua namorada? – Jungkook pareceu decepcionado e Yugyeom adorou –

  - Que diferença isso faz para você?

  Jungkook agora entrava embaixo do chuveiro.

  - Ela é muito bonita para você! – Jungkook gargalhou – Aonde você arrumou uma mulher como ela?

  - Uma mulher como ela? – Yugyeom rangeu os dentes e passou as mãos com força pelos cabelos molhados – O que você quer dizer com isso, com essa sentença?

  - Calma aí Yugyeom! Tá achando ruim o que? To elogiando sua namorada!

  - Você não tem que elogiar a ! Aliás você não tem nem que pensar nela, Jeon!

  Então o nome dela é …

  - A boca dela é bonita, deve ser boa de morder! – Jungkook seguiu provocando –

  - Você é um grande babaca Jungkook! – Yugyeom balançou a cabeça com veemência – Eu só não arrebento a sua cara, porque não vale a pena! Ainda, Jungkook, ainda!

  A risada de Jungkook explodiu dentro do vestiário da academia enquanto outros homens adentraram o lugar. Yugyeom sentia o sangue ferver dentro das veias, tamanha raiva ele sentia. Só Jungkook era capaz de despertar tamanha ira no mais alto. Era inexplicável. Yugyeom saiu, mal havia se vestido direito, mas preferiu sair.

  Já de fora da academia, dentro do carro, Yugyeom mantinha os olhos fechados tentando se acalmar, já que a raiva ainda pulsava em suas veias. O barulho ensurdecedor da moto de Jungkook ecoou nos ouvidos de Yugyeom e então os dois se encararam. O que aquele filho da mãe queria ainda?

  - Traga ela mais vezes Kim! Vai ser gostoso ver ela andar aí pela academia! – Jungkook provocou antes de colocar o capacete –

  Yugyeom cerrou os punhos com força antes de batê-los no volante ao assistir Jungkook sumir de suas vistas sobre a moto.

  O jantar estava sendo posto quando Yugyeom fechou a porta do apartamento atrás de si. Ele encarou que parecia ainda não ter notado sua presença. Colocou as chaves do carro sobre o balcão junto com a carteira e então olhou para o melhor amigo e sorriu, desarmando Yugyeom completamente. Ele passou as mãos pelo rosto antes de gargalhar, o acompanhou na risada.

  - Já está de banho tomado? Você disse que não gosta de tomar banho lá na academia!

  - Não gosto mesmo, mas é mais prático e hoje eu queria só chegar e jantar enquanto converso com você!

   voltou a sorrir para o melhor amigo. Depois os dois se sentaram à mesa quando ela terminou de colocar as coisas por lá. Comeram em silêncio por alguns minutos e logo estavam falando sobre o primeiro dia de trabalho de Yugyeom e . Yugyeom voltou a manifestar seu incômodo pela pressão de ter uma carreira perfeita como a do pai na polícia. Depois Yugyeom ajeitou as louças e a cozinha para eles e então passou pelo quarto da melhor amiga. Ela já dormia pesadamente, então ele depositou um beijo demorado em sua cabeça e a observou. Quando ele finalmente criaria a coragem necessária para se declarar para ?

  Olhou as mensagens das amigas no grupo e se esforçou para sair da cama. não gostava de ficar deitada na cama mexendo no celular, ela achava que isso sugava toda a sua energia e dificultava ainda mais o processo de finalmente acordar. Mais um namoro dela havia acabado. Bem no dia em que ela havia proferido para as amigas que algo mudaria a vida de todas elas… às vezes a própria se assustava com as coisas que sentia.

  Em conversa com as amigas no dia seguinte ao término em um almoço – onde só não havia estado, já que havia almoçado na delegacia por ser seu primeiro dia por lá – ela chegou a conclusão sozinha de que o problema deveria estar nela, já que nenhum de seus namoros chegava a durar mais de um ano. As amigas disseram que não necessariamente, mas que ela precisava sim entender porque repetia sempre os mesmos ciclos na área amorosa, porque eram sempre os mesmos tipos de cara, porque os terminos eram sempre tão parecidos… ela sempre jogava o tarot para si mesma em busca de respostas, mas ela entendia tudo errado quando se tratava de si mesma, parecia que a intuição dela só funcionava com terceiros e nunca com ela. Ela sempre achava que estava conhecendo sua alma gêmea, mas nunca era.

  As amigas orientaram que procurasse um psicólogo/terapeuta, o profissional seria o ideal para que ela encontrasse o que estava fazendo-a enfrentar os mesmos ciclos tantas vezes. indicou seu neuroterapeuta. O nome dela era Kim Namjoon, e bom pelo que a amiga podia acompanhar o terapeuta fazia um bom trabalho com , então ela se sentiu segura o suficiente para marcar uma consulta com o psicólogo. Que era hoje inclusive, agora pela manhã.

  Tomou um banho gelado, afinal de contas ela acreditava que o banho gelado tinha poderes curativos e estava precisando. Depois que saiu do banho, se trocou com a roupa que havia deixado arrumada na noite anterior e então foi preparar seu café da manhã. Enquanto preparava, ela respondeu as amigas no grupo, tranquilizando-as. Avisou para elas que iria na consulta, que não desistiria. Procurou pelo ex no aplicativo e nada, nenhuma mensagem… mordeu o lábio. Não teria volta mesmo? Não! Nunca tinha…

  Depois de lavar as louças, ela se sentou em seu cantinho e olhou para os próprios baralhos de tarot. Qual ela escolheria dentre uma infinidade de decks? Respirou fundo, fechou os olhos e deixou que sua intuição a guiasse. De olhos fechados ela escolheu o baralho cigano. Não gostava muito de tirar cartas para si mesma, ela nunca sabia como interpretar muito bem então ficava muito mais confusa.

  Resolveu tirar uma carta só, uma energia só era suficiente! Embaralhou as cartas e então as espalhou pela mesa. Fechou os olhos e pensou no tal terapeuta para trazer a energia dele para a mesa, mesmo que nunca tivesse o visto, pensar no nome já ajudaria. “Kim Namjoon”, ela repetiu em sua mente, algumas vezes até pegar uma das cartas dispostas pela mesa. franziu o cenho ao se deparar com a figura da carta “A Torre”. Ela sempre significava mudanças abruptas.

  Pense em uma estrutura ou fundação que entra em colapso. Um relacionamento, um emprego, uma amizade e em alguns casos, até mesmo estruturas físicas. Em uma leitura mais abrangente, alguns exemplos são perder o emprego, terminar um relacionamento, romper uma amizade, contrair dívidas ou até mesmo se mudar pode trazer à tona sentimentos conflitantes. Você pode achar que conhece alguém, ou que sabe a verdade sobre algo e acaba levando um choque de realidade quando descobre que estava errado. É como se você encarasse a situação questionada como uma coisa, quando de repente se mostra outra, tornando necessário gerenciar seus sentimentos, abraçar a mudança e seguir em frente, deixando o que quer que seja para trás. A Torre simplesmente pode sugerir que estamos enganados em relação a algo e temos a chance de reparar nossos erros, mesmo que de maneira dolorosa. O significado básico é a arrogância, ou seja, podemos estar errados a respeito de alguma coisa e precisamos reconhecer, tentando reparar o engano.

   odiava aquela carta com todas as forças. Para ela aquela carta significava uma coisa apenas: caos. Caos total! Respirou fundo e pensou se deveria tirar outra carta, para complementar aquela, mas não! Não era necessário, a espiritualidade havia sido clara com ela. Arrumou o baralho e o guardou em sua caixa outra vez.

  Terminou de colocar seus acessórios e pegou sua bolsa. Ela iria de metrô, então sairia mais cedo para não se atrasar. Avisou as amigas que já estava saindo de casa para a consulta, enviou até uma selfie no grupo para que as amigas acreditassem. Caminhou apressadamente até a estação 316 da Linha Laranja que ficava perto de onde ela morava e então aguardou, não demorou muito para que ela entrasse no vagão. Sempre que andava de metrô, ela contemplava a bela vista que Seul tinha para lhe oferecer.

  Parou em frente ao grande prédio onde ficava localizado o consultório do tal terapeuta, e seu primeiro pensamento foi: como a consegue chegar aqui? Até que ela balançou a cabeça pensando que uma coisa não tinha nada a ver com a outra, porque a dificuldade da amiga era com rostos e características físicas e não com endereços…

  Adentrou o prédio e então sorriu na direção dos recepcionistas.

  - Bom dia! Eu preciso ir ao consultório do meu terapeuta… – ela foi interrompida pelo belo recepcionista –

  - Kim Namjoon?

  - Ele mesmo! – , educada, sorriu para ele outra vez –

  - Décimo nono andar, sala 612! Pode subir senhorita, vou anunciar para a secretária dele que a senhora está subindo!

  - Obrigada!

  Entrou dentro do grande elevador, e logo ele ficou bem cheio. apertou o número 19 e por sorte ela seria a última a descer, então não se preocupou em como faria para descer sem passar vergonha. Acalmou o coração.

  Assim que saiu do elevador ela encarou exatamente a numeração da sala do terapeuta: 612. O coração dela voltou a dar piruetas dentro do peito e o famoso arrepio percorreu seu corpo. Se lembrou da tiragem. E se ela fosse embora? E se ela desistisse e recorresse ao tarot terapia? O celular dela tocou dentro da bolsa e quando ela olhou para o visor viu a foto de . Atendeu.

  - Você já chegou no consultório? Manda foto lá no grupo…

   engoliu seco.

  - Estou parada aqui na porta, basicamente! – caminhou até ficar de fato parada em frente ao consultório – Mas…

  - Mas nada ! Entre! E mande foto! Estamos esperando! Não invente!

  Não deu nem tempo de ela guardar o celular de volta na bolsa e a porta foi aberta. e a coreana se encararam, e a nativa sorriu para ela.

  - Senhorita Constâncio? – sorriu com a dificuldade da secretária de pronunciar seu sobrenome –

  - Isso! – ela respirou fundo mais uma vez –

  Outro arrepio. Esse um pouco mais longo que o anterior. A secretária abriu a porta o suficiente para que entrasse. Mais um arrepio… ela exitou. O celular voltou a vibrar, cheio de mensagens. Entrou.

   passeou os olhos pelo local, que lhe transmitiu uma certa paz. As paredes na cor gelo, os dois sofás marrons, uma mesa fica no centro com uma suculenta, um tapete vermelho quebrava a decoração preta e branca…

  - Vamos fazer um rápido cadastro?

  - Claro! – se sentou na cadeira que havia em frente a mesa grande da secretária –

  Enquanto elas estavam fazendo a ficha, se acalmou. Nenhum outro arrepio.

  - Só aguardar! Ele está acabando com o paciente antes de você, já te chama!

  - Tudo bem!

   se sentou em um dos sofás e encarou as estantes repletas de livros, depois passeou os olhos pelos quadros. A recepção era repleta deles.

  - Você pode pegar um livro para ler, se quiser! Temos jornal também…

  - Ah! – ela se assustou, olhou para a mulher – Obrigada!

  Tirou uma foto da recepção, discretamente e então enviou para as amigas, para finalmente acalmá-las. Depois, ´se levantou para dar uma olhada nos livros, Ficou impressionada logo de cara com os primeiros títulos que encontrou.

  - Ele mesmo escolheu esses livros?

  - Sim! Ele inclusive já os leu!

  - Uau! – ela riu – Uau!

  Perdida entre os livros, ela não percebeu o terapeuta saindo com o paciente e depois confirmando com a secretária que ela era a próxima. Namjoon a chamou, mas ela não ouviu. O mais alto pigarrou.

  - Senhorita Constâncio? – ele resolveu tocar levemente o ombro dela depois de aproximar –

   encolheu o ombro, se assustando outra vez e então olhou para o homem. O corpo dela voltou a se arrepiar, com força dessa vez. Encarou o homem nos olhos, por trás dos óculos. Ela sentiu algo que não soube explicar, era como se já o conhecesse. Os arrepios vindo um atrás do outro, como se eles quisessem avisar algo a ela. Mas ela não conseguia ouvir com clareza. Fechou os olhos e se viu segurando a carta da torre outra vez.

  - Tudo bem? – ele voltou a lhe tocar os ombros –

   balançou a cabeça positivamente e se forçou a abrir os olhos para encarar o homem outra vez. Quem era ele? E porque a presença dele havia provocado essa reação nele?

  - Vamos?

  - Vamos? – ela repetiu a pergunta –

  - A senhorita tem um horário marcado comigo, agora!

  - V-você é o terapeuta Kim Namjoon?

  - Sou! – ele sorriu, deixando as covinhas aparecerem – Vamos entrar?

   fez que sim com a cabeça para ele enquanto piscava várias vezes, tentando voltar a si e permanecer alerta. Caminhou atrás do psicólogo e observou as costas largas do homem sobre o tecido branco da camisa social que ele usava. Ela entrou e então Namjoon fechou a porta. já se encontrava sentada na cadeira que ficava perto da mesa escura dele. Namjoon gostou, ela pareceu pró-ativa. Normalmente os pacientes costumavam esperar ele ditar os pŕoximos passos.

  - E então senhorita ? Tudo bem mesmo?

  - Tudo! – ela balançou a cabeça em negativa, logo em seguida – Quer não tudo, porque se eu to aqui…

  Namjoon se permitiu rir enquanto relaxava a musculatura na grande e confortável cadeira.

  - Vamos começar então com uma rápida apresentação da minha parte, pode ser? Depois você decide se quer se apresentar para mim sentada aí mesmo ou se prefere se deitar.

   passeou os olhos outra vez pelo rosto de Namjoon. Se arrepiou. Ele era bonito! Não uma beleza dessas comuns, ele era diferente, os traços dele apesar de bem coreanos, ainda tinham algo diferente. Os olhos dele pareciam os de um dragão, o rosto dele era redondo e o queixo muito bem desenhado. Ela quis morder a ponta do nariz dele, tão bonita ela era.

  - Senhorita?

  - Pode me chamar só de , por favor! – engoliu seco – Desculpe! É que estou meio atônita, não sei bem como fazer esse tipo de coisa!

  - Tudo bem! – ele assentiu – É perfeitamente normal! Como você soube do meu trabalho? – Namjoon pegou seu bloco de notas e uma caneta –

  - Tenho uma amiga que faz neuroterapia com você! Ela é portadora de prosopagnosia e foi ela que me recomendou os seus serviços.

  - A senhorita Greene? – fez que sim para ele –

  Mais um arrepio lhe percorreu pelo corpo, começando na ponta da coluna e indo até os fios de cabelo. Mas que diabos era aquilo?

  - Certo! Bom, eu sou Kim Namjoon, me formei há quase cinco anos atrás na Universidade Nacional de Seul e uma das minhas principais especialidades é a neuropsicologia, mas não é a única! Portanto vou abordar sempre os melhores e mais distintos métodos durante seu tratamento aqui comigo. Gosto que meus pacientes saibam que eu sou uma fonte de energia, que o meu principal objetivo é encontrar a causa raiz dos problemas e cortá-la. Peço que você não se sinta intimidada, e que não tenha vergonha de nada, eu não estou aqui para julgar a senhorita, minha opinião pessoal nunca será imposta, apenas a profissional! Nada do que é conversado aqui dentro dessa sala, sai daqui! A senhorita pode ter total confiança!

   ainda sentia o corpo arrepiar, mas estranhamente, ela já confiava nele!

  - Quer ficar sentada aí? Ou prefere se deitar?

  - Acho que vou ficar por aqui mesmo! – se ajeitou na cadeira – Bom…

  Ela pausou e encarou o psicólogo. “Caramba como esse homem é bonito!” pensou.

  - Antes, você pode começar com o trivial. Quantos anos você tem, sua profissão, estado civil, um hobby, essas coisas!

   umedeceu os lábios.

  - Tenho vinte e nove anos! Sou terapeuta holística – fechou os olhos – Não vai falar nada?

  - Você não quer falar mais nada a respeito de si mesma?

  - Não vai falar nada sobre minha profissão?

  - Não! Na verdade, o que faz uma terapeuta holística?

  A loira pigarreou.

  - A Terapia Holística é um conjunto de terapias que visam a promoção da saúde, a prevenção de doenças e seus agravos, alívio de sintomas e até a cura, através do cuidado integral do ser humano. Têm berço na medicina oriental e trazem consigo uma mistura entre o conhecimento prático e científico. Baseiam-se principalmente em métodos de relaxamento, alívio de pontos gatilhos, manipulação de energias e mudanças nos hábitos de vida. E quando unidos aos tratamentos tradicionais, mostram fortes benefícios e vantagens para o paciente – ele anotava algo no grande bloco de notas amarelo – Eu amei o seu bloco de notas!

   se sentiu estúpida pelo último comentário.

  - Quais métodos a senhorita utiliza? Ah, obrigada! É a minha cor favorita!

  - A minha também. – o corpo dela arrepiou de novo, de forma mais leve – Então, as técnicas que me especializei foram a acupuntura, o reiki, a massoterapia e a herbologia! E também ofereço consultas de tarot e runas!

  - Acupuntura e a massoterapia eu já ouvi falar bastante, mas o restante não… quer me explicar melhor?

  O psicólogo notou como os olhos dela brilhavam ao falar sobre a profissão, então incentivou que ela continuasse as explicações.

  - O reiki consiste na manipulação das energias a partir da imposição de mãos sem que essas realmente toquem o paciente. Ocorre uma drenagem de energias negativas e transmissão de energias positivas. o reiki é o uso da energia vital universal que está disponível a todos. Porém, devido às sujeiras energéticas provocadas por pensamentos, sentimentos, atitudes negativas e alimentação sem vida, os alimentos industrializados no caso, nossos canais ou chakras são obstruídos. Assim, a energia não entra por inteira, limitando a capacidade de auto cura.

  Namjoon balançava a cabeça positivamente enquanto anotava mais no bloco.

  - A herbologia baseia-se no meio mais ancestral de tratamento, o uso de plantas medicinais. Existe um longo catálogo contendo as ervas, flores, sementes, folhas, caules e raízes, que podem ser usadas como fontes terapêuticas, assim como os efeitos medicinais que apresentam.

  - E você se formou para isso? Ou não precisa?

  - Não na Universidade Nacional de Seul – ela ficou com as bochechas vermelhas – Mas me especializei e tenho todos os certificados e autorizações necessárias!

  - Perdão se a minha pergunta pareceu uma ofensa! Não era! Era só uma curiosidade mesmo ! Bom, sobre o tarot, eu também sei do que se trata… e as runas?

  Namjoon olhou diretamente para a loira.

  - A leitura de runas é uma ferramenta de conexão divina que usa pedras com símbolos para responder questões do passado, presente e futuro. As pedras rúnicas também podem ajudar a obter um esclarecimento ou conselhos sobre como lidar com certos problemas. Vem da mitologia celta e a palavra “runa” significa mistério, sussurro ou segredo.

  Namjoon voltou a anotar. coçou a nuca ao pensar no quão atraente ele ficava todo concentrado anotando.

  - Meu trabalho vai contra todo o seu, não é?

  - Eles são um pouco opostos!

  Os dois se encararam por mais alguns segundos.

  - Porque me procurou ? O que te aflige tanto?

  Ela umedeceu os lábios, de repente ficou nervosa e ansiosa.

  - Eu acho que tem algo de errado comigo. Sigo repetindo os mesmos ciclos há anos e não consigo sair.

  - Quais ciclos? Se sente preparada para falair?

  - Amorosos. – ela voltou a umedecer os lábios –

  - Eu tenho café e água aqui, você quer? Parece estar com os lábios secos…

   sentiu as bochechas corarem.

  - Eu aceito!

  - O café ou a água?

  - A água! Eu não tomo café…

  O pisicólogo assentiu para ela e então se levantou, depositando o bloco de notas – fechado – sobre a mesa. Caminhou até o bebedouro.

  - Natural, eu suponho? – ele sorriu, divertido –

  - Gelada! Errou! – ela sorriu de volta –

  O arrepio…

  Andava apressada pelas ruas de Seul, estava um pouco atrasada mas nada que a preocupasse intensamente. Quando ela chegou na porta de seu estúdio, bufou alto e então bateu as mãos na lateral do corpo.

  - Tá fazendo o que aqui Doyoon? Já não basta a lambança que você fez com o meu nome para a sua família? Você sabia que a sua mãe foi atrás da minha mãe para continuar me difamando depois das mentiras que você contou?

  Doyoon coçou a cabeça e então bagunçou os cabelos e se aproximou de .

  - Não contei mentiras !

  - Ah não? – ela alterou levemente o tom de voz –

  Algumas alunas começaram a chegar, e a cumprimentá-la. começou a ficar vermelha.

  - Preciso abrir o meu estúdio, cheguei atrasada e nem tive tempo de organizá-lo e de trocar de roupa para receber minhas alunas, vá embora!

  - Não posso! Preciso falar com você ! – a loira bufou –

  Como ela queria um cigarro!

  - Você vai ser rápido? Vou abrir o estúdio e colocar uma música para as minhas alunas irem aquecendo.

   sabia que se não cedesse Doyoon não iria embora. Ele concordou e então ela assim o fez: abriu o estúdio, providenciou uma música e pediu às quatro alunas que já haviam chegado que fizessem o aquecimento de forma improvisada enquanto ela estava lá fora. Suspirou alto e então recebeu mais quatro alunas, – as últimas que faltavam – os alunos do outro estúdio de dança também começaram a chegar.

  - Fala Doyoon! Você tem cinco minutos! – olhou o relógio de pulso –

  - Eu não menti ! – ele fechou os olhos – Eu só…

  - Hum! – ela começou a perder a paciência –

  - Só precisava dar um jeito de melhorar as coisas para o meu lado! Você também, nunca me ajuda não é?

   soltou uma risada sarcástica, atraindo a atenção de alguns pais e mães que passavam por ali com seus filhos.

  - Então nada é suficiente e de acordo com você, eu sou aquela que mente! E que você me deu tudo, me deu o mundo! – ela gesticulava com as mãos, chamando ainda mais atenção –

  Os olhos de Hoseok pousaram nela, e ele fez uma cara de desgosto. Será que ela não sabia falar baixo? Ali estava cheio de crianças saindo e entrando. Jihoon olhou para o pai que havia parado de andar.

  - O que foi appa? – Jihoon segurou a barra da blusa de frio longa que o pai usava –

  - Nada querido! Vamos entrar, você não pode se atrasar para a sua primeira aula de dança ou o professor vai ficar muito bravo, hum?

  O pequenino assentiu para o pai enquanto soltava a barra da blusa dele e voltava a caminhar. Hoseok observou o pequeno, que era tudo que ele tinha na vida!

  - Fala baixo ! Você nunca soube se portar, não é mesmo?

  O sangue de ferveu nas veias e ela rangeu os dentes. “Esse filho da puta” ela pensou…

  - Que você sempre me amou, que você nunca fez nada, que sou eu quem te faz sofrer, não é Doyoon?

  - Nós deveríamos voltar, é por isso que estou aqui! Eu disse a todo mundo… – o interrompeu a plenos pulmões –

  - E você diz às pessoas que você está procurando por mim, que você me ama, que sem mim de amor você morre! E isso são apenas rumores, que foi tudo um engano,  que é por isso que agora você é assim!

  Doyoon fechou os olhos, com raiva. Porque ela não podia simplesmente voltar a acatar todas as ordens que ele dava?

  - Me ouça! Eu mudei, tudo mudou ! – ele se aproximou dela – Você deveria tentar me entender!

  Hoseok observou a cena, há alguns metros dali e observou as meninas dentro do estúdio, fazendo o mesmo, parecendo preocupadas. Ela era a professora das pequenas?

  - Doyoon! Implorando pra te ouvir e dizendo que tudo mudou! E você diz a eles que faria qualquer coisa para me ter, para voltar no tempo e que eu deveria tentar te entender! Mas não vejo nada Doyoon, nada além de você falar e falar!

  - ! Não seja assim! – Doyoon segurou um dos pulsos de – Você me ama! Me ama !

  Os olhos de Hoseok desceram para lá.

  - E não pense que foi fácil, me esquecer dos seus beijos, de suas mãos, de nós! Desse amor que eu achava tão verdadeiro… Isso em um segundo você matou e tudo foi deixado para trás!

  - Não foi ! Você sabe que não vive sem mim! Vamos voltar… devemos voltar, você sempre foi minha!

  Doyoon apertou o pulso dela em sua mão e tentou se desvencilhar dele, que começava a machucá-la. Não era a primeira vez que Doyoon saia falando dela para os amigos e para a família, se vitimizando, distorcendo as coisas e indo atrás dela para tentar tê-la de volta. Mas era a primeira vez que ele era agressivo…

  - E mesmo se você ficar de joelhos para me dizer que tudo mudou, eu só quero que você entenda e que você aceite de uma vez que você e eu já não! Me desculpe, mas acabou tudo, não sobrou nada entre nós dois! Vai embora Doyoon, eu preciso trabalhar. Me solta!

  A pressão sobre o pulso de aumentou e logo a outra mão dele também segurava seu outro pulso, com ainda mais força. Os olhos da loira se arregalaram enquanto ela tentava em vão se livrar do ex-namorado.

  - Doyoon, você está me machucando! Vai embora!

  Hoseok cerrou os punhos, e então foi na direção dos dois.

  - Ei! – ele chamou enquanto colocava uma mão sobre o ombro de Doyoon – Você não ouviu a senhorita?

  Os olhos de Doyoon saltaram para os olhos de Hoseok, e eles se encararam.

  - Não se meta!

  - O senhor está a machucando, senhor Doyoon! Vai soltá-la ou eu vou precisar chamar a polícia? – ele levou uma das mãos até o bolso pegando o telefone celular –

  A pressão nos pulsos de só aumentavam, e então, tentando se desvencilhar do ex ela acabou soltando um gemido de dor. Os olhos de Hoseok ficaram ainda mais negros, de raiva.

  - Ou você a solta agora, ou antes da polícia chegar eu mesmo vou dar um surra em você! – Hoseok trincou os dentes –

  Doyoon soltou os pulso de num impulso e então empurrou o até então desconhecido com força e mesmo atônita se pôs na frente do moreno com os braços abertos, afinal de contas Doyoon era bem mais alto e parecia ser mais forte que o desconhecido.

  - Vai embora Doyoon! Aqui tá cheio de testemunhas!

  Hoseok levava o telefone até os ouvidos. Doyoon trincou os dentes.

  - , você me paga! Eu não acabei aqui com você!

  Quando V finalmente atendeu, Doyoon resolveu ir embora. Não sem antes lançar um olhar raivoso para Hoseok, que não cedeu. Não tinha medo.

  - Taehyung! Preciso que você mande alguém aqui em Haebangchon! Vou te mandar a minha localização, rápido! Foi um caso de agressão, sei que não é a sua divisão, mas pode me ajudar?

  Taehyung olhou para os colegas que ainda estavam concentrados em suas anotações e então se levantou, preocupado com o amigo.

  - Hoseok! Se acalme! O que aconteceu? Me explica melhor…

  Hoseok vislumbrou caminhando de volta para dentro do estúdio e as meninas abraçaram a professora pelas pernas, todas com as feições preocupadas.

  - Eu trouxe o Jihoon para a primeira aula de dança dele aqui, se lembra que era hoje? Aí acabei presenciando sem querer uma agressão! Um homem, um tal de Doyoon, agrediu a ex-namorada aqui no estúdio do lado! Manda logo alguém!

  E ele desligou, enviando a própria localização para o amigo. Adentrou o estúdio onde a loira havia entrado e sorriu para as crianças que ainda pareciam assustadas.

  - Onde tá a tia? – ele umedeceu os lábios –

  - Eu preciso que um de vocês vá até Haebangchon! Um amigo meu presenciou uma agressão! Um homem agrediu a ex-namorada. Sei que não é nosso departamento, mas… Yugyeom, pode dar uma olhada?

  - Claro delegado Kim! – ele se levantou da mesa – Me manda o endereço?

  - Agora! – o delegado assim o fez – Chegou aí?

  Yugyeom franziu o cenho assim que abriu a localização, era o mesmo lugar onde o estúdio de ficava.

  - O seu amigo disse o nome da vítima?

  - Não, mas disse o do agressor: Doyoon!

   e Yugyeom olharam um para o outro, em choque.

  - Desgraçado! – Yugyeom acabou batendo a mão na mesa assustando Jungsu e Taehyung –

  - Eu preciso ir com o Yugyeom, delegado Kim!

  - Como assim? O que está acontecendo?

  - A vítima é uma das nossas melhores amigas! Ela tem um ex-namorado chamado Doyoon e ele já vinha cercando-a há alguns dias!

  - Eu vou acompanhar vocês então! Segura as pontas aqui para mim Jungsu?

  - Claro chefe!

   estava nos fundos do estúdio e Hoseok pode ouvi-la falando no telefone com alguns pais e mães, alegando que teria que cancelar as aulas de hoje e se poderiam buscar as filhas. Os olhos dela, pesavam de tão marejados. Quando ela finalizou uma das ligações, viu Hoseok parado lá. encarou o moreno, que mantinha o semblante sério.

  - A polícia está vindo!

  - A polícia? – ela arregalou os olhos – Você chamou mesmo a polícia?

  - Claro! Ele agrediu você! Olha os seus pulsos, devem estar marcados!

   levantou as mangas do cardigan e viu os pulsos vermelhos.

  - Mas que droga! Por que eles estão demorando tanto!

  Hoseok começou a andar de um lado para o outro.

  - Meu Deus, os pais e mães das minhas alunas vão chegar e ver a polícia aqui, o que eles vão achar?

  - Que você foi agredida por uma ex-namorado e está prestando uma queixa! Se você quiser eu entrego as crianças para os pais enquanto você conversa com a polícia!

  - Um estranho entregando as filhas para os pais e a polícia aqui? Meu Deus não!

  Ela bagunçou os cabelos e então foi para a frente do estúdio, alguns pais já chegavam e ela tentou disfarçar o nervosismo ao entregar as crianças.

  Por sorte, o carro da polícia chegou quando faltavam apenas três crianças para serem entregues. Hoseok correu até o outro lado da rua, passando por Yugyeom, que andava rápido na direção de , com atrás.

  - Onde tá o Doyoon?

  - Ele foi embora! – ela abraçou a si mesma –

  - Como assim vocês deixaram ele ir embora? Ele poderia ser pego em flagrante !

   abraçou a amiga, que quis fortemente chorar.

  - Consegue me explicar o que aconteceu senhora Raismen?

   agora abraçava a amiga pela cintura enquanto Yugyeom andava de um lado para o outro. levantou as mangas da blusa, mostrando os pulsos vermelhos. Yugyeom pegou o celular no bolso e começou a fotografar os pulsos da amiga.

  - Nós terminamos há cerca de três ou quatro meses e desde então ele tem inventado algumas mentiras sobre mim, se vitimizando e não me deixa em paz! Hoje segurou meus pulsos com tanta força que me machucou.

  - Foi a primeira vez que ele machucou a senhorita? – V anotava, já que os outros dois policiais por serem amigos da vítima, não pareciam estar em condições –

  - Fisicamente sim! – ela umedeceu os lábios e engoliu seco –

  - Eu vou arrebentar a cara dele!

  - Investigador Kim! Por favor! Se contenha, você não pode fazer isso, deixa que a delegacia cuida do tal Doyoon!

  - A sua equipe conhece a professora?

  - Sim! – respondeu – Obrigada por ter ligado!

  Hoseok assentiu para ela e então olhou para que ainda parecia assustada.

  - Vocês podem esperar só um pouco? Eu preciso entregar uma aluna à mãe… eu não consigo dar aulas agora de manhã!

  - Claro! – V assentiu para ela –

  - Que coincidência né? – comentou, voltando a botar os olhos em Hoseok – O seu amigo ter presenciado isso tudo e ligado para você, e nós dois sermos amigos da e da sua equipe!

   balançou a cabeça, atônita com a quantidade de informações que ela mesmo havia dito.

  - A diria que é destino! – Yugyeom sorriu, lembrando da amiga –

  - Sim! – riu –

   voltou para os braços da amiga. Taehyung respirou fundo.

  - Senhorita Raismen, a senhora quer prestar queixa contra o senhor Doyoon? Podemos levá-la até a delegacia específica, para a senhora pedir uma medida protetiva para que isso não volte a se repetir.

  - Ela quer! – Yugyeom se apressou –

  - É! Ela quer, não quer senhorita Raismen?

  Hoseok complementou enquanto encarava a loira. Ela encarou o chão, tão profundo era o olhar do até então desconhecido. E se a queixa e a medida protetiva piorasse as coisas?

  - E se isso piorar as coisas?

  - Claro que não amiga! – segurou o rosto delicado da amiga entre as mãos – Isso vai proteger você! Você precisa parar do Doyoon!

   pensou mais um pouco, e Hoseok bufou, perdendo a paciência.

  - Ele não vai parar nunca, se você não fizer nada! – Hoseok parou na frente dela – Acabe logo com isso, antes que ele acabe com você!

  - O amigo do delegado tem razão !

  Ela respirou fundo e então fez que sim com a cabeça.

  - Tá bom! Tenho mais duas alunas para devolver, já vou com vocês!

  - Me dê o endereço V! Eu levo a professora quando ela acabar aqui!

  - Tem certeza Hobi?

  - Tenho! Vocês devem estar ocupados.

   e se abraçaram com força, e depois a amiga voltou a segurar o rosto de .

  - Por favor, me dê notícias suas quando estiver em casa? Para mim e para as meninas, hum?

  - Sim! Eu dou sim! Obrigada , você é sempre tão incrível! – os olhos de e de marejaram –

  Taehyung abaixou a cabeça sorrindo, achando a detetive ainda mais interessante.

  - Denuncie esse babaca ! E se precisar que eu traga você aqui todos os dias, eu trago! E te levo para casa também.

  - Obrigada Gyeom! – ela acariciou o rosto do grandão que depositou um beijo na palma da mão dela –

  - Me avise quando vocês registrarem a queixa hyung! – eles apertaram as mãos – Fez bem em ter ligado! To orgulhoso de você!

  Hoseok deixou um sorriso de canto brotar nos lábios com as palavras do amigo.

  - Se cuide, senhorita Raismen! E aceite a ajuda do investigador Kim, se precisar de mim também só avisá-los.

  - Obrigada delegado!

  Quando o delegado e os amigos foram embora, e Hoseok se encararam. desviou o olhar primeiro, os olhos dele eram sempre muito densos e ela ficava desconcertada. Os dois voltaram para o estúdio e Hoseok aguardou do lado de fora enquanto ela conversava com as duas últimas crianças que esperavam os pais para serem levadas para casa. Hoseok reparou em como as crianças pareciam gostar da professora, e o mesmo com ela. Ela seria uma boa mãe, diferente da mãe de Jihoon…

  Já dentro do carro de Hoseok, ela voltou a passar as mãos pelos pulsos, agora já menos marcados.

  - Você acha que só as marcas que ele fez no meu pulso vão ser suficientes para uma medida protetiva ser aceita?

  Ela tinha razão, aquilo infelizmente poderia ser considerado “pouco” aos olhos da polícia. Ainda mais com ela sendo estrangeira. Hoseok respirou fundo.

  - Vamos tentar! O importante é tentar, quem sabe com uma queixa e ele tendo que responder por agressão já não seja o suficiente para ele deixar você em paz!

  - Ou ele pode ficar ainda mais irado… – fechou os olhos –

  - Você tem o seu amigo! O meu amigo também pode ajudar! E bom… o meu filho terá aulas de danças no estúdio ao lado do seu, todos os dias! Eu posso ficar de olho em você.

   olhou para o perfil bem desenhado do homem.

  - Eu nem perguntei seu nome…

  - Sou Jung Hoseok! Você eu já sei!

   respirou fundo, ainda olhando o perfil bonito de Hoseok.

  - Obrigada!

  - Eu só fiz o que qualquer pessoa deveria fazer numa situação dessas!

   assentiu e então desviou o olhar para a janela. Seul era tão bonita! Ela amava viver lá.

  Hoseok entrou junto com ela para registrar a queixa, já que era uma das principais testemunhas do ocorrido. O descaso dos policiais com o caso fez ele ficar um pouco raivoso e revoltado e com ainda mais descrença. A medida protetiva seria analisada e eles disseram que dariam notícias para após registrarem todos os dados de contato dela e anexarem a queixa e ao pedido da medida.

   sentiu o vento gelado da manhã tocar seu rosto e então ela e Hoseok se olharam.

  - Aonde você mora?

  - Um pouco longe daqui! Vou de metrô.

  - Não! Não pode ir de metrô sozinha!

  - Tem muita gente na rua, nas estações, dentro do metrô! Pode ficar tranquilo!

  - Aonde você mora?

  - Moro em Jung-gu!

  - Eu levo você!

   bufou.

  - Você é teimoso Jung!

  - Dizem isso! – ele deu de ombros – Vamos!

   olhava outra vez a paisagem, até que se lembrou que Hoseok comentou sobre ter um filho.

  - Você foi pai novo?

  - Depende do ponto de vista! Eu tinha vinte e dois anos!

  - No meu ponto de vista ainda é bem novo! Quantos anos ele tem?

  - Seis anos! – Hoseok sorriu ao se lembrar do filho – Inclusive eu tenho que avisar que vou atrasar para buscá-lo!

  Hoseok bateu com a mão na própria testa.

  - Viu só? Me deixa no metrô!

  - Não! Você também é bem teimosa! O estúdio é de um grande amigo, ele fica com o Jihoon para mim até eu deixar você!

  - Você é amigo do Hyeon?

  - Você o conhece?

  - Desde que ele inaugurou o estúdio lá! Os espaços são da minha família, e os pais dele são amigos dos meus! Eu conheci o estúdio antigo dele…

  - Ele é incrível, me formei bailarino graças a ele!

  - Você é bailarino?

  Hoseok percebeu que estava indo longe demais. Ela não precisava saber da vida dele.

  - Sou! – ele ficou em silêncio e mudou o semblante –

   entendeu. Ele não queria papo. Tudo bem!

  - Obrigada por ter me trazido! E por ter ligado para o seu amigo! Até qualquer dia!

  - Tudo bem! – ele olhou para ela que agora já batia a porta do carro dele – Toma cuidado!

   assentiu e então procurou pelas chaves dentro da bolsa, antes de entrar ela trocou um último olhar com Hoseok. Mas logo ele partiu com o carro e ela fechou a porta. Respirou fundo: que dia!

  - Eu sei! Eu tenho menos de um mês para conseguir alguém se eu quiser ser promovida, eu sei! – ela bufou ao telefone –

  Caminhava despretensiosamente pelas ruas de Seul, pois ela queria e precisava achar alguém “anônimo”, essa era a regra da promoção. trabalhava em uma das maiores – se não a maior – agência de modelos e publicidade de Seul, a B16!

   era agente de moda, ou seja ela criava os looks para as campanhas, era ela quem “vestia” os modelos para as sessões de fotos, campanhas de vídeo e etc. Formada em moda, ela amava a função, mas os agentes de modelo, ganhavam quase o dobro e ela queria isso!  E bom, não havia nada nesse mundo que quisesse que ela não conseguisse! Depois de desligar o telefone ela retirou os óculos escuros para conseguir mexer melhor no celular, ao invés de parar de andar para responder o chefe, ela continuou andando.

   , não era distraída, nem um pouco! Ela conseguia inclusive fazer várias coisas ao mesmo tempo, e todas com perfeição, então ela não entendeu quando tropeçou sobre algumas caixas que estavam dispostas pela calçada quase caindo. Mas foi amparada por dois braços que a seguraram pela cintura e então ela automaticamente levou as mãos até os ombros largos dele.

   subiu os olhos e encontrou os olhos pequeninos do homem que a havia segurado, impedindo que ela caísse ao chão com o tropeção. Eles continuaram se olhando por alguns segundos, ela ainda tinha as mãos apoiadas nos ombros do homem e ele ainda apertava sua cintura.

  Ele engoliu seco e então finalmente a soltou. raspou a garganta e então passeou os olhos por toda a extensão do corpo magro do homem e depois fez o mesmo com o rosto delicado dele. pensou em como a beleza dele era tipicamente coreana, mas ainda sim ele tinha algo mais… que ela não soube explicar. Especialmente quando ele passou a língua pelos lábios carnudos. Era ele!

  O coração de acelerou dentro do peito. Era ele! Tinha que ser ele! Ela precisava que fosse ele, não acharia ninguém tão perfeito para a campanha e para salvar sua promoção quanto aquele homem ali, parado em sua frente com os cabelos agora ao vento.

  - Você está bem, senhorita? – ele perguntou –

   piscou os olhos algumas vezes.

  - Estou ótima! Nunca estive melhor! Qual seu nome?

   mexeu na bolsa, procurando por algo.

  - Oi? – o homem ergueu uma sobrancelha –

  - Seu nome, anjo! – No Eul ergueu a cabeça para encará-lo –

  - Mas… – Seokjin pausou franziu agora o cenho completo – Isso importa?

   , respirou fundo e então voltou a procurar pelos malditos cartões dentro da bolsa.

  - Mas que droga! Eles estão sempre comigo, não é possível que hoje eu os tenha esquecido!

  - Você pode por favor dar licença para as pessoas que querem passar? – Seokjin voltou a segurar a cintura dela –

   sorriu com o toque nada gentil das mãos dele levando-a para mais longe um pouco da calçada.

  - Eu estou procurando o meu cartão!

  - Eu não quero o seu cartão! Não estou interessado na senhorita!

   voltou a sorrir, ele era bem arisco! Ela gostava de um desafio, não se negava a passar por nenhum deles, afinal de contas, ela ganhava todos!

  - E nem eu em você! É um cartão profissional! Para você participar de uma campanha publicitária na agência que eu trabalho!

  - Também não tenho interesse!

  - Deixa a menina falar pelo menos! – ouviu uma voz mais grave surgir de dentro do cômodo onde eles estavam parados – Desculpe a falta de educação do meu sócio, senhorita!

  - Tudo bem! – ela sorriu para o ruivo – Então, vai seguir o conselho do seu amigo?

  Seokjin bufou e então bagunçou os cabelos, colocou uma das mãos na cintura e encarou outra vez.

  - Eu não vou cair num golpe Yoongi!

  - Golpe? – gargalhou alto, jogando até a cabeça para trás – Eu não vou te aplicar um golpe querido! Sou uma agente de modas da B16, só preciso achar o meu cartão!

  Ela voltou a remexer as coisas dentro da bolsa em busca dos cartões enquanto Seokjin olhou para Yoongi, que tinha um sorriso divertido no rosto.

  - B16? – Seokjin cruzou os braços, desconfiado – A maior agência de Seul? E você não tem nenhum cartão?

   ergueu o rosto com um sorriso vitorioso nos lábios e esticou o cartão na direção dele.

  - Você conhece o mundo da moda e publicidade então?

  - Não! Eu só conheço a agência porque dois amigos meus trabalham para a B16!

  - Nossos! – Suga corrigiu e Seokjin revirou os olhos –

  - Quem? – ergueu uma das sobrancelhas – Eu provavelmente os conheço!

  - O que a senhorita quer afinal? Eu não estou com muito tempo…

  - Eu quero que você faça uma campanha para um cliente da B16! De ternos e roupas masculinas, você é o perfil perfeito para o estilo da campanha! Você deve saber que nós pagamos bem, afinal seus amigos devem comentar sobre a agência!

  De fato, Jimin e Hoseok amavam trabalhar para a B16 e ganhavam uma nota por cada campanha feita. Mas os dois eram profissionais da área e amavam o que faziam. Jin não era modelo, não queria ser e nunca quis! Ele amava cozinhar, era para aquilo que ele vivia.

  - Eu não sou modelo, senhorita!

  - Seus amigos certamente não nasceram sendo modelos, não é? Eles aprenderam! A B16 é conhecida justamente por transformar anônimos em modelos de primeira classe!

  - Mas eu não tenho interesse em me tornar modelo de primeira classe! Obrigada!

   , mantinha o sorriso nos lábios, como se estivesse adorando! E de fato estava…

  - Ainda! – ela se aproximou o suficiente do mais alto e então depositou o cartão dentro de um dos bolsos da calça preta social dele – Aguardo sua ligação para gente tomar um café, para eu te explicar melhor sobre a campanha!

   piscou na direção dele e então se virou para dentro do cômodo, encarando o outro homem, o ruivo. Ela voltou a mexer na bolsa e entregou um cartão para ele também.

  - Caso seu amigo turrão, não me mande mensagem, você manda! – ela piscou para ele também –

  Seokjin encarava o corpo esbelto dela enquanto ela saía de dentro do restaurante. Antes que ela fosse embora, voltou a olhar o rosto bonito de Seokjin. Ele seria um modelo incrível! Vislumbrou rapidamente o letreiro com o nome do que ela presumiu ser um restaurante: “Mar Amarelo”.

  - Vocês abrem que horas? – ela perguntou enquanto olhava para o relógio branco no pulso –

  - Ainda não inauguramos! A inauguração é esse final de semana! Vamos abrir tanto para o almoço, quanto para os jantares!

  - Yoongi! – Seokjin brigou enquanto cerrava um dos punhos – Ela não vai me deixar em paz agora!

  - Ótimo! Desde que ela consuma as nossas comidas! – Yoongi deu de ombros – Será bem vinda!

  - E ainda trago mais clientes para vocês! Se a comida for boa é claro! – foi a vez dela dar de ombros –

  Seokjin bufou e então caminhou outra vez até a calçada, pegando duas das cinco caixas que estavam por lá.

  - Vou ficar esperando sua mensagem… e seu nome!

  - É Kim Seokjin o nome dele! – o amigo respondeu –

  - Por Deus Yoongi! Vá lá para dentro! Estamos atrasados.

   sorriu para Yoongi que sorriu de volta antes de acenar para ela e se retirar.

  - Aguardo seu contato, senhor Kim! – ela fez uma reverência para ele antes de rir –

  - Eu já disse que não tenho o menor interesse, senhorita! Pode por favor me deixar trabalhar?

   gargalhou outra vez. Assentiu para ele e então passou os olhos pela estrutura corporal dele. Seokjin sentiu as bochechas ficarem vermelhas com a intensidade do olhar dela.

  - Perfeito meu Deus! Você precisa aceitar!

  Seokjin bufou e então se virou, começando a andar para dentro do futuro restaurante.

  - Porque você disse o meu nome Yoongi? – ele colocou as caixas sobre uma das mesas do restaurante –

  - Ah Seokjin! – o ruivo fez um muxoxo – Você precisa viver a sua vida!

  - Eu tenho trinta anos Yoongi, já vivi bastante coisa!

  - Bastante coisa o que? Você foi casado durante quase sete anos, vivia uma vida monótona com a Soojin, saia com a gente para as boates e bares sempre com a Soojin a tiracolo… ela vivia com a cara fechada e você ficava meia hora, uma hora no máximo nos lugares! Você viveu o que?

  Seokjin ficou em silêncio sentindo uma faca cravada na garganta. O amigo até tinha razão, mas aquilo doeu dentro do peito dele. Apesar de todos os defeitos de Soojin, ele havia a amado como nunca amara ninguém! E estava ainda destroçado por dentro, o restaurante era sua forma de “começar a recomeçar a vida” e cozinhar era o tudo ele mais amava agora. Estava apostando todas as suas fichas nesse restaurante!

  - Justamente! Olha quanta decepção não é mesmo? Não vou mais me arriscar com nada além desse restaurante Yoongi! E não se fala mais nesse assunto ridículo de campanha!

  - Porque não? – Yoongi colocou as duas mãos na cintura – Isso pode fazer parte do seu recomeço! Um novo hobby, uma história engraçada para contar, uma boa lembrança! Você é muito novo para deixar esse divórcio acabar com a sua vida Jin! Se permita fazer coisas novas, conhecer pessoas novas, ter novas experiências!

  - Por enquanto estou focado no restaurante, e enquanto não inaugurarmos e ficarmos estáveis, eu  não vou fazer mais nada! Não discuta comigo, eu sou mais velho!

  Seokjin voltou a pegar as caixas e então as levou para a cozinha enquanto ouvia Yoongi resmungar algo.

  Colocou as caixas sobre um dos balcões da cozinha e então fechou os olhos. A respiração dele estava descompassada e irregular, um pouco por raiva e um pouco por tristeza. Seokjin tinha um pouco de dificuldade com os amigos quando eles inventavam de dar lição de moral ou quando eles tocavam em alguma ferida. Levou a mão até o bolso e retirou o cartão da B16 de dentro do mesmo. “Kang ”, ele leu algumas vezes o nome da agente de modas e então jogou o cartão dentro do lixo. Não tinha tempo para perder com aquilo!

   chegou ao escritório com um sorriso de orelha a orelha e cumprimentou os colegas antes de se sentar em sua mesa e dar uma olhada na agenda do dia. Ela tinha quatro sessões de fotos em que ficaria responsável e uma delas começaria daqui uma hora inclusive. A morena deu uma olhada no tema da sessão, na marca que o cliente exigia que o modelo usasse e então por último ela leu o nome do modelo que havia ficado com o trabalho: Park Jimin.

  Nunca havia trabalhado com ele antes e se sentiu importante por pela primeira vez pegar uma campanha tão importante, com o principal modelo da agência. As más línguas diziam que ele era metido e um saco de se trabalhar, mas as boas diziam que ele era exatamente o oposto. Bom, agora descobriria…

  Fechou o notebook e então saiu rumo aonde as roupas da grande marca ficavam dispostas. Antes ela passou em seu cofre para pegar as chaves do lugar, lá nesse cofre ficavam todas as chaves importantes para ela.

  Deu uma olhada geral na sala quando a abriu e então adentrou a mesma, fechando a porta atrás de si mesma. Ela precisava de pelo menos cinco looks diferentes. Pegou a ficha com os dados de Jimin e algumas das milhares fotos que ele já havia feito, para entender um pouco mais sobre a estrutura corporal do modelo. Depois releu mais um pouco sobre o tema da sessão de fotos e tentou captar exatamente o que o cliente queria passar para seus clientes com a sessão de fotos, porque as roupas e acessórios precisavam condizer com o propósito tanto quanto o ambiente e o modelo.

  Selecionou as roupas em menos de meia hora e então partiu para os acessórios. Depois de tudo pronto, ela correu até o estúdio onde as fotos seriam feitas e deu algumas batidinhas na porta, entrando com o carrinho que continham as roupas e os acessórios selecionados por ela, quando foi autorizada. Lá ela viu Jimin sentado em sua cadeira, virado para o espelho é claro, sendo maquiado.

   cumprimentou todas as pessoas presentes na sala e então colocou os cabides na arara, em ordem de uso. Depois ela colocou os acessórios sobre uma das mesas, colocando-os também em ordem de uso. Jimin observava calado o trabalho de .

  - Você escolheu meus looks de hoje?

   se virou, encarando o modelo. Ele não era o tipo de homem que cairia de amores, nem nada do gênero, mas ela jamais poderia dizer que ele não era bonito. Na verdade ele parecia um anjo, ou uma daquelas pinturas renascentistas, Jimin nem parecia um ser humano real de tão bonito. E os lábios dele fizeram se lembrar de Seokjin…

  - Senhorita? – Jimin gargalhou enquanto se levantava –

  - Ah! Desculpe senhor Park! Sou Kang , a agente de moda responsável pelo seu shoot de hoje!

  - Espera, Kang ? – ele arregalou levemente os olhos –

   sentiu a garganta secar. O que havia de errado? Ela pediu ao Universo que nada, afinal de contas ele o bibelô da agência e estaria na rua ao mínimo sinal de desconforto que ele expressasse.

  - Isso senhor Park…

  - Caramba! Eu não sabia que você trabalhava aqui de verdade! – ele bateu uma das mãos na testa e depois coçou a nuca –

  - Desculpe, eu não entendi…

  - Um amigo meu me mandou uma mensagem agora a pouco perguntando se eu conhecia a senhorita Kang e se ela trabalhava mesmo aqui, e eu disse que não conhecia nenhuma Kang !

  - Esse amigo foi o Kim Seokjin? – se desesperou –

  - Não! – Jimin balançou a cabeça – Foi outro…

  - Yoongi? Ah não, eu quero o Seokjin! – ela fechou os olhos enquanto cerrava os punhos –

  - A senhorita conhece meus amigos? – Jimin voltou a coçar a nuca –

  - Eu os conheci hoje! Eu acabei me atrapalhando com algumas caixas que estavam na calçada do restaurante deles! O seu amigo, Seokjin me salvou de levar um tombo, e bom… – umedeceu os lábios – Eu o achei incrivelmente bonito e perfeito para uma de nossas campanhas! Então deixei meu cartão com os dois para que ele pudesse me chamar… só isso!

  - O Seokjin modelo? – Jimin segurou a risada o quanto pôde, mas depois explodiu em gargalhadas –

  Isso atraiu a atenção dos outros presentes na sala e , sorriu, como se não estivesse morrendo por dentro com a situação.

  - Me desculpe, senhorita Kang! É que o Seokjin é um senhor de oitenta anos, preso no corpo de um homem de trinta! Ele jamais toparia! E eu o conheço desde que ele tinha vinte e eu dezessete!

   engoliu seco. Um desafio e tanto, mas eu já disse para vocês que ela encarava todos?

  - Entendo senhor Park, mas eu preciso que ele aceite! A minha promoção depende disso… e eu tenho um feeling espetacular, modéstia parte! Sei que posso convencê-lo…

  - Você gosta de desafios? Porque esse será um dos grandes!

  - Eu amo! – ela sorriu enquanto ajeitava os cabelos atrás da orelha – E eu soube que ele seria um pela forma que me tratou!

  - Ah Jin hyung! – Jimin balançou a cabeça – Vou corrigir a informação que passei para o Yoongi!

  - Você pode me passar o telefone dele? – os dois se encararam –

  - Ele me mataria senhorita Kang! Desculpe!

  - E do Yoongi? – ela tentou –

  - Do Yoongi eu acho que não tem problema! Quer anotar?

  - Claro! Por favor!

  Ela pegou o grande iphone no bolso da calça jeans e então anotou os números ditos pelo modelo.

  - Você já está pronto para se vestir? Preciso acompanhar e fazer alguns ajustes se forem necessários!

  - Claro! Qual minha primeira roupa?

   pegou o cabide com o look all black e entregou para Jimin.

  - Se precisar de ajuda para se vestir, só me chamar senhor Park!

  - Por favor, me chame de Jimin! – ele piscou na direção dela –

   sorriu para o mais novo e piscou de volta para ele. Respirou fundo quando ele saiu para se trocar e então pegou o celular no bolso outra vez, digitando rapidamente:

  “Sei que você vai me ajudar! Não sei porque, mas senti que você quer que seu amigo aceite essa proposta tanto quanto eu… que tal uma parceria?”

  Guardou o celular outra vez no bolso e sorriu sem mostrar os dentes. Eu disse que ela não desistia…

  - Senhorita Kang? Pode me ajudar aqui?

  - Claro Jimin! – ela sorriu vitoriosa antes de ir atrás do modelo –

  - Só você mesmo para colocar a gente numa potencial furada dessas! – balançou a cabeça com veemência enquanto seus cabelos castanhos batiam no rosto de –

  A amiga riu enquanto se livrava dos fios de cabelos cheirosos de , outra característica que a ajudava a definir que era : os cabelos cheirosos.

  - Vocês querem ou não querem me ajudar? – bateu as mãos na lateral do corpo enquanto elas saiam do metrô –