Inevitável
Centésimo Décimo Capítulo – The sound of silence
- Tá, as meninas estão perguntando o dia exato do aniversário da lá no grupo já que ela comentou que tava chegando e a gente ainda disse que ia ser bom porque cairia bem no final de semana!
- Mas a disse que não queria comemorar, já que esse é o primeiro aniversário dela sem o Mário!
As duas amigas se encararam em silêncio, pensando no que falariam para todas lá no grupo onde estavam só elas. fez um bico, o bico típico de quando ela estava pensando na solução de algo.
- E se a gente fizesse alguma coisa para ela? Tipo, surpresa! Mas só pra gente e os meninos! E a família dela é claro!
- Aonde nós faríamos isso? Sua casa?
voltou a fazer bico, para forçar o cérebro.
- Que tal no condomínio dela mesmo? A gente pede ajuda ao Jin! Os pais dele moram lá também, eles podem reservar o salão para a gente.
- Daí a gente pode encomendar uns salgadinhos, comprar refrigerante e um bolo. Bem simples e decorado com alguns balões só! Acho que pode ser!
- Então aproveita que tá com o celular na mão e cria um grupo com todo mundo, menos com ela!
- Tá bom!
Nesse momento Jimin adentrou o refeitório, sem Chloe dessa vez. As duas amigas olharam para o mais novo e ele olhou de volta para as duas, parecendo surpreso por encontrar as duas comendo no refeitório. Silêncio enquanto ele se sentava na mesa ao lado da delas.
- Aproveitando que você está aqui, Jimin! Esse sábado é aniversário da , e nós estamos planejando uma comemoração surpresa para ela, bem simples! Podemos te colocar no grupo? Você teria o mínimo interesse de aparecer por lá nem que por cinco minutos? Ela gosta de você…
Jimin encarou , sentindo o peito pesar, já que ele gostava dela e sentia falta da amiga. Mas voltar a se envolver muito diretamente com ela, seria horrível já que ela e eram melhores amigas… mas ele não queria mais que o restante dos amigos pagassem pelos erros de .
- Pode me colocar! Eu apareço por lá e contribuo com o que for necessário, eu também gosto da !
- Ah, sei! – levou o garfo a boca –
- ! – Jimin bufou – Você sabe sim! Eu não quero brigar com você!
- Mas nós já estamos brigados, você não fala comigo!
- ! – chamou a amiga – Vocês estão na empresa, melhor não! Deixa ele! Lá na festa da vocês conversam se for o caso! Eu já acabei de almoçar, perdi a minha fome!
Jimin balançou a cabeça em negativa e quando se levantou os dois se encararam.
- Ninguém tem nada haver com o que aconteceu entre a gente Jimin! A gosta muito de você! Que bom que pelo menos com o J-Hope e com os garotos você voltou a falar!
- Como você soube? – ele franziu a testa –
- A comentou que você foi na reunião que o V fez, mas sem maldade da parte dela… enfim! – balançou a cabeça – Eu já criei o grupo amiga, você fala com o pessoal?
- Claro! – fez que sim para ela – Pode ir escovar os seus dentes, no café a gente se encontra.
Antes de sair do refeitório, e Jimin se encararam, e ele esperou que ela pena deixasse o local, já que os dois não se falavam mais direito. Mas não:
- Você não é esse babaca que vem demonstrando ser! Pare de fingir ser um otário Jimin! E pare de usar a Chloe como se ela fosse um brinquedo, ela não é! Nem os seus amigos! Nem eu… Só isso, já que agora não tenho de fato mais nada a ver com a sua vida! – ele fechou os olhos, e contou: 2! –
terminou seu almoço em silêncio e Jimin respeitou. Quando ela estava prestes a sair Jimin a chamou:
- Eu gosto de você, , mas é complicado!
- Eu concordo, é complicado! Mas concordo ainda mais com a ! Você não é esse babaca! Pensa nisso!
Silêncio no refeitório agora vazio, só com ele lá sentado.
Acordou sem muitas dificuldades, olhou no relógio e ainda eram nove e meia da manhã. Um bom horário para levantar, e assim o fez. Após sair do banheiro, ainda de pijamas, ela entrou no quarto que antes era do irmão. O coração dela partiu ao meio quando encontrou as coisas lá exatamente do jeito que Mário havia deixado. Os olhos dela marejaram instantaneamente enquanto ela terminava de fechar a porta atrás de si.
Nunca uma data tão especial, doeu tanto dentro do peito de quanto aquele aniversário sem o irmão por perto para abraçá-la com força e dizer as palavras de sempre. se sentou na beirada da cama do irmão, fechou os olhos e passou as mãos pelo lençol.
Depois, abriu os olhos e encarou as fotografias do irmão. Pegou um dos porta retratos, com uma foto só de Mário, acariciou o rosto do irmão com o polegar, desejando imensamente que estivesse o acariciando de verdade.
- Oi! – ela engoliu seco tentando segurar o choro – Eu tô tentando ficar bem… Mas confesso que é difícil sem você! E todos os dias eu tento me convencer de que você está bem. E de que eu vou ficar também! Mas… mas o silêncio grita a tua voz! E por um momento eu posso até sentir seu cheiro! E a única vontade que eu tenho é… é de tocar você! E essa ausência me faz perceber o quanto eu te odeio, por me fazer sentir tanta falta de você! Que raiva Mário!
E deixou que as lágrimas enfim escorressem quentes por suas bochechas enquanto continuava acariciando o rosto do irmão no vidro.
Assim que ela chegou à cozinha cumprimentou Cida, responsável por fazer a limpeza da casa duas vezes por semana. estranhou ela estar lá num sábado, mas não perguntou, estava triste o suficiente e queria ficar mais calada.
- Dona , tem uma encomenda para a senhora lá nos fundos! Chegou hoje cedinho, e eu pedi para colocarem lá na mesa dos fundos, porque ela é meio gradinha!
- Para mim? Ou para os meus pais?
- Tá falando na caixa que é para a senhorita e tem um bilhete também para a senhora! Hoje não é seu aniverśario? – assentiu – Então, deve ser algum presente! Inclusive meus parabéns!
Cida sorriu e ergueu os braços para abraçar , que aceitou o abraço de bom grado e agradeceu. Caminhou em passos lentos e preguiçosos até a varanda e então encarou a grande caixa sobre a mesa de madeira. Seria algum presente das amigas? Ou de Jin? Coçou a cabeça e então desfez o laço que segurava a caixa e a abriu. As mãos dela começaram a tremer um pouco e levou as mãos até os lábios, tapando-os. O presente dentro da caixa era um telescópio, e somente uma pessoa sabia da paixão dela pela lua, pelo céu e pelos planetas num geral… somente uma pessoa sabia da vontade que ela tinha de ter um aparelho daqueles: Mário.
Sim, somente o irmão, nem as amigas, nem os pais, nem Seokjin, ninguém! Só ele! pegou o bilhete que havia sido entregue junto com o telescópio e ainda tremendo ela o abriu, reconhecendo de imediato a caligrafia do irmão. Os olhos marejaram pesadamente outra vez e ela se controlou para não chorar, já que queria muito ler com clareza o que tinha no bilhete para ver se entendia como aquilo era possível.
“Ei minha astronauta! Que tal o presente? Provavelmente a uma hora dessas eu já te acordei com um bolo e nós já tomamos café com os velhos! E aí eu te levei até o presente que encomendei para você basicamente um ano antes dessa data chegar, e eu não quis buscá-lo porque queria fazer uma surpresa! Eu mesmo tive que providenciar essa geringonça para você já que você não se mexia para comprar um! Você já deve estar cansada de saber disso, mas eu gosto de falar: você é a pessoa mais incrível que existe no mundo para mim! O seu jeito de sempre saber levar as coisas com calma e fluidez, o seu riso despreocupado enquanto o mundo tá pegando fogo! Sua altivez, sua força de vontade de viver a vida, sua garra para conquistar todos os seus objetivos, seu cuidado e carinho comigo e com os nossos pais! Com as suas amigas também! Tudo em você é tão oposto em mim, que eu só sei te admirar e me inspirar em cada atitude sua. Celebre seu dia minha astronauta! Viva o seu aniversário como se ele nunca fosse acabar! Você merece comemorar a vida, eu comemoro todos os dias o seu nascimento! A vida é curta demais para a gente não celebrar todos os bons momentos! Agora pare de chorar e venha aqui me dar um abraço daqueles que só você tem! Feliz aniversário, feliz novo ciclo, feliz vida bebê! Eu te amo!
Mário.”
, ainda com o bilhete em mãos, deixava as lágrimas escorrerem espontaneamente pelo rosto, com a visão começando a ficar embaçada. O peito dela doía como se ela estivesse acabando de receber a notícia da morte de Mário, a sensação era a mesma! A cabeça dela latejava enquanto o peito subia e descia com o choro já descontrolado. Os pais agora se faziam presentes, sem entender e preocupados com a crise de choro repentina da filha. Eliana tentava abraçar a filha para acolhê-la do que quer que fosse que lhe causasse tamanha dor e Willian observava o bilhete nas mãos trêmulas de .
- O que foi? O que é esse bilhete? E esse telescópio aqui minha filha?
- O que aconteceu? – Eliana lhe beijou a cabeça –
Ela entregou o bilhete para o pai e Eliana soltou a filha para ler o bilhete junto com o marido. Logo estavam os três aos prantos, abraçados.
- Nós sabemos, filha, que você sente muita saudades dele até hoje! Nós dois também! Mas pensa pelo lado positivo! – Eliana olhou para Willian, que ainda chorava – Você recebeu um presente dele, ele deixou uma lembrança bonita para você!
O pai enxugava as lágrimas de com o polegar agora.
- Nós fizemos um café da manhã para você! Para a gente tomar juntinhos como sempre fazemos! Você tem que aproveitar seu dia, ele não ia gostar de ver você triste hoje! Hum?
assentiu a cabeça, só porque queria ver os pais tranquilos e então ela tentou se acalmar, ou parecer mais calma para que eles pudessem voltar para a cozinha. Aquele presente e aquele bilhete havia sido como um empurrão penhasco abaixo. Ela já estava lá perto do penhasco desde a morte do irmão, e doía todos os dias, mas aquilo tudo havia sido só a gota de água para ela perceber que não, ainda não havia superado aquela dor toda.
Os três tomaram o café da manhã especial que os pais haviam preparado para ela, e então quando eles acabaram, buscou o bilhete e o telescópio e voltou para a cozinha. Encarou os pais que agora arrumam a mesa e as louças, junto a Cida.
- Vou me deitar um pouco! Eu ainda preciso de um tempo… para assimilar esse bilhete e todas as emoções que vieram com isso!
Os pais apenas se entreolharam e então subiu, com o telescópio.
Nesse intermédio, as amigas e Jin chegaram no condomínio para preparar o salão com a decoração que haviam escolhido e comprado. Eles comentaram que ela não havia respondido as mensagens enviadas por eles até o momento e também não havia comentado nas postagens feitas por e nas redes sociais, apesar de estarem preocupados, os três acabaram entendendo que talvez ela estivesse um pouco chateada pela carga emocional de ser o primeiro aniversário sem o irmão e talvez quisesse passar por parte do dia mais reclusa.
A mãe insistiu que saísse do quarto para almoçar, mas ela não conseguiu fazer a filha sair. Os dois estavam começando a ficar preocupados novamente com a filha! Apesar de que sim, poderia ser somente a dor de não ter o irmão no aniversário, e ela ainda tinha a festa surpresa das amigas então aquilo poderia ajudar a animar a morena.
A festa já estava praticamente pronta lá no salão, as comidas já haviam chegado, basicamente todos os meninos e meninas também! Menos Namjoon, Hoseok e Jimin, e eles haviam confirmado suas presenças no grupo, então estavam todos contando com a presença do trio. tentava se distrair o suficiente enquanto ajeitava os balões pela milésima vez. percebeu.
- Preparada para encarar os Namseok? – ela tocou rapidamente a mão da amiga – Os balões estão ótimos, acho que podemos passar para os doces, colocar mais um pouco!
respirou fundo e quando ia responder que não estava preparada para ver os dois homens, Jin chegava com eles e com Jimin. Os dois agora andavam só juntos? De repente viraram amigos? Quando os olhos dela cruzaram com os de Namjoon, ela umedeceu os lábios. Ele parecia ainda maior e mais bonito, os cabelos mais compridos deixavam ele com cara de ainda mais sério.
- Se você ainda não tinha se preparado, agora não tem mais tempo! – sussurrou para a amiga –
Ela voltou a se concentrar em arrumar mais doces sobre a mesa, mas quando ela voltava com a bandeja de doces para colocá-los, foi impedida exatamente por Namjoon, parado em sua frente. Os olhos dela subiram até o rosto mais magro dele. O coração de acelerou e ela respirou fundo. O que diriam um para o outro?
- Oi! – ele quebrou o silêncio e depois coçou a nuca, como sempre fazia quando estava sem jeito –
- Oi! – respondeu de volta – Eu preciso colocar esses doces ali na mesa, se me der licença!
Namjoon balançou a cabeça para ela em positivo, mas não se moveu nem um centímetro. então resolveu desviar do grande corpo dele, indo de encontro a mesa. Namjoon foi atrás dela, com as mãos nos bolsos, mas queria mesmo era poder puxá-la para si e lhe acariciar o rosto…
- Tá tudo bem com você?
- Tudo! – ela não olhou para ele, apenas continuou colocando os doces sobre a mesa – E você?
- Tudo bem!
Namjoon soltou um suspiro e olhou para ela ali, arrumando os doces de qualquer jeito, só para fugir dele. Resolveu se juntar aos garotos, e reparou em como eles estavam divididos em “os meninos desse lado e as meninas desse”. E então ele observou Hoseok fazer a mesma coisa que ele… quis alertá-lo que seria perda de tempo, mas não teve tempo.
- ? – ele mordeu o lábio antes de prosseguir, incerto de como seria essa aproximação – Você, está bem? Como tem passado? Tenho sentido sua falta…
A respiração dela ficou entrecortada ouvindo a voz dele falar e falar. Ela também sentia falta dele, aliás, deles! Mas não estava preparada para encarar os dois ainda.
- Hoseok! – ela olhou para ele rapidamente antes de voltar a mexer nos doces – Estou bem e você? Me desculpe, é que estou na correria aqui para terminar logo!
Hoseok até abriu a boca tentando formular alguma frase coerente, mas ela nunca havia sido tão fria… ele umedeceu os lábios.
- Tudo bem… e, hã… eu entendo! Vou deixar você terminar!
Quando ele se virou, os olhos se cruzaram com os de Namjoon, mas ele rapidamente desviou o olhar. Não queria encarar o advogado, não depois do que havia acontecido entre eles.
Enquanto as garotas terminavam de ajeitar alguns últimos detalhes, os garotos conversavam entre si, até que surgiu o assunto sobre os presentes que haviam comprado para e Namjoon perguntou se Seokjin havia comprado algum presente especial para a aniversariante, e ele sentiu as bochechas esquentarem.
- Eu comprei um item significativo para nós dois! E bom… – ele pausou, e encarou os amigos – Eu estou pensando em pedi-la em namoro.
- Hoje? – Suga arregalou levemente os olhos –
Seokjin mordeu o lábio e disse que sim para os amigos com a cabeça. Eles comemoraram e V, que já sabia da ideia, abriu um mega sorriso.
e resolveram que estava então na hora de ir até a casa de para chamá-la!
- Como assim tia Eliana? – cruzou os braços embaixo dos seios – E agora?
mexia nos cabelos de , enquanto pensava no que as duas poderiam fazer para reverter a situação.
- Ela se enfurnou no quarto desde que recebeu o presente e leu o bilhete, não saiu para nada! E eu tentei, até agorinha antes de vocês chegarem, porque eu sabia que já estava quase na hora da festa! Mas nada!
As duas se encararam profundamente e então subiram as escadas silenciosamente, andando até o quarto de . deu duas batidas na porta do quarto da amiga e suspirou.
- ! Sou eu, amiga!
- E eu amiga! – escorou o ouvido na porta – A gente veio te tirar desse quarto! Hoje é seu aniversário, e você precisa sair daí!
- A gente soube do que aconteceu! – as duas se olharam – E sabemos o quanto isso deve ter quebrado seu coração, e trago a tona emoções que você não controla… mas o Mário ia adorar ver você se divertindo com a gente e curtindo! Não acha?
Silêncio.
- ! Estamos preocupadas com você! Que tal você abrir a porta?
Silêncio.
- A gente preparou uma surpresa para você! Lá no salão! E bom, viemos buscar você! Vai ser divertido, prometo! Porque não se arruma e vem com a gente amiga?
Silêncio. e voltaram a se encarar. passou as mãos pelos cabelos, um pouco exasperada e então elas resolvem descer.
- É! Também não conseguimos! Ela nem falou com a gente!
mordeu o lábio.
- Acho que a gente deve cancelar! Não tem clima tadinha!
Eliana e William se olharam.
- E se vocês trouxessem as coisas para cá? Lá para o fundo! Vamos transferir para cá, talvez ela se sinta mais confortável se for aqui! – Willian deu a ideia –
e voltaram a se encarar, depois de alguns segundos pensando elas resolveram tentar. Poderia dar certo!
Voltaram para o salão e encararam as feições confusas dos amigos. foi a primeira a se pronunciar:
- Aconteceu um probleminha! Vocês se lembram que comentamos que ela não queria comemorar por ser o primeiro aniversário sem o irmão? – os amigos assentiram – Ele acabou deixando um presente para ela, quando ainda estava vivo e mandou entregar! Junto com o presente tinha um bilhete e isso acabou fazendo com ela ficasse ainda pior!
- Os pais dela deram a ideia de passarmos para o fundo da casa deles, para que quem sabe assim, ela saia do quarto e aproveite a festa se sentindo mais confortável por estar lá! Vocês topam tentar?
Os amigos se entreolharam.
- Podemos mexer nessa decoração? Não corre o risco de estragar? Eu começo por onde?
V foi um dos primeiros a se prontificar. Logo os outros amigos começaram a se prontificar também, e aos poucos eles foram levando a decoração, as bebidas e comidas para a varanda da casa de , foi perceptível que os amigos todos ficaram bem sensibilizados com a situação e que todos queriam de alguma forma ajudar, e pareciam todos torcer para que ela se sentisse confortável o suficiente para sair do quarto e aproveitar sua festa, por mais simples que ela fosse.
Jin pigarreou depois de cumprimentar os pais de e então ele olhou para os amigos reunidos.
- Será que eu posso tentar tirá-la do quarto? Digo, convencê-la a aparecer mesmo que seja só para cantarmos o parabéns… quem sabe eu não consiga?
Ele coça a nuca enquanto sentia os lábios ficarem levemente secos, e tem o aval dos amigos e dos pais de . Eles relembram para o artista plástico onde ficava o quarto da programadora e então ele entra na cozinha, passa pela sala e sobe apressadamente os degraus. Encara a porta fechada do quarto de e então bate duas vezes:
- … sou eu… Jin! Hum… – ele pausa por alguns segundos e nada – Eu imagino a dor que está sentindo hoje, e na verdade eu sei que nada do que eu diga vai tirar isso de dentro de você! Mas suas amigas se empenharam tanto nessa surpresa! E nós também… tá todo mundo esperançoso de você aparecer, e eu acho que seu irmão ficaria imensamente feliz…
Silêncio por alguns segundos e então Jin bate de novo na porta. Somente aí então ele ouve alguns barulhos, até que a porta é aberta e ele sente uma das mãos de o puxando para dentro do quarto e a porta é fechada logo em seguida.
A morena se joga nos braços de Seokjin o abraçando com força, e ele claro, retribui o abraço com a mesma intensidade deslizando as mãos pelas costas dela num afago sincero. Os dois permaneceram assim por demorados segundos e então quando Jin afastou minimamente o corpo do dela, sentiu as mãos de lhe segurarem o rosto e os dois se encararam. Ela não chorava, mas tinha os olhos levemente inchados e os olhos bem vermelhos. Os lábios de procuraram pelos dele, com pressa e logo a língua dela estava pedindo passagem, Seokjin demorou um pouco para ceder, mas acabou deixando que as línguas se encontrassem dando início a um beijo acalorado por parte de .
As mãos de Seojin seguraram firmemente as costas dela quando ele sentiu suas mãos lhe puxarem com força os cabelos e ele se atreveu a colocar uma delas embaixo da nuca úmida de , para dar ainda mais suporte ao corpo miúdo dela. Foi quando as mãos de saíram dos cabelos de Jin e adentraram a camiseta azul que ele usava, deslizando pelas costas dele, deixando alguns arranhões pelo caminho. Involuntariamente os pelos de Seokjin se arrepiaram com o repentino contato das unhas de com sua pele, e ela percebendo continuou. Desgrudou os lábios dos dele, e desesperadamente ela começou a distribuir beijos no pescoço do fotógrafo, que segurou as costas dela com ainda mais firmeza. Ele parecia não estar entendendo muito bem…
- ! – ele chamou baixinho tentando obter a atenção dela –
Ela continuou depositando os beijos e mordidas pela extensão do pescoço de Seokjin, e então levou uma das mãos até o membro dele coberto pela calça jeans, que começava a reagir às investidas dela.
- Ei! ! – ele segurou a mão dela com certa força – Não!
- Porque não? Vai me dizer que não quer mesmo? – ela encostou os lábios nos dele –
- Não assim, com você nesse estado! Você só está tentando substituir um sentimento por outro! Quer sentir outra coisa que não seja dor… não é certo comigo, nem com você! Não vai ser transando comigo agora que essa dor vai embora, e você sabe disso!
se afastou dele e então lhe deu as costas, enquanto cruzava os braços abaixo do peito. Seokjin foi atrás dela e lhe segurou a cintura.
- !
- O que você quer? Que eu finja que tá tudo bem, como eu venho fazendo desde que o Mário morreu? Eu não superei a morte dele, e não sei quando vou superar isso tudo, e sim, só queria poder sentir outra coisa no dia do meu aniversário, e achei que você pudesse me ajudar!
Seokjin umedeceu os lábios, entendendo que ela só estava reagindo daquela forma por estar com raiva da circunstância, não dele em si.
- Eu quero te ajudar! Claro que quero, mas você sabe que não é assim que vou ajudar você! Hum?
Seokjin lhe apertou a cintura com força e então perguntou:
- Você quer ler o bilhete? – se virou de frente para ele –
- Me mostra! – ele assentiu para ela –
Assim que a soltou, ela foi em direção a cama e pegou o bilhete que estava em cima de seu travesseiro e entregou para Jin. Os dois se sentaram na beirada da cama dela e então Jin começou a ler o conteúdo do bilhete escrito por Mário. Os olhos de Jin marejaram rapidamente e então ele colocou o bilhete sobre a cama, e encarou .
A morena fechou os olhos e então desabou de chorar com as mãos tapando o rosto. Seokjin a envolveu em um abraço e deixou que ela chorasse o quanto quisesse. Depois, ergueu o rosto e então Seokjin limpou o restante de lágrimas pelo rosto dela enquanto ela suspirava e seu peito subia e descia.
- Eu sei que dói! Deve ser uma dor que dilacera o peito…mas ele mesmo fala aqui no bilhete , para você viver seu dia! – ela encarou os olhos pequenos de Jin em silêncio – Vou aproveitar que estamos só os dois aqui para te entregar o seu presente!
sorriu sem mostrar os dentes e então viu Jin segurar um de seus pulsos, os dois olharam para a grande pulseira no braço dela. Jin delicadamente a retirou do pulso de e a depositou sobre a mesa de cabeceira perto dos dois na cama.
- Não Jin! – ela protestou –
- Calma! Eu sei que ela é muito especial para você, para nós dois na verdade, mas eu comprei outra coisa mais bonita! E que também é bem significativo para nós dois, para substituir essa pulseira. Quer ver? – que fez que sim para ele –
Seokjin retirou o pequeno saquinho de dentro do bolso e entregou para , que observou o mesmo minuciosamente antes de desfazer o laço que o mantinha fechado.
Ela retirou o colar de dentro do embrulho e então, sorriu genuinamente quando viu o pingente do mesmo: uma nuvenzinha branca com a borda prata.
- Sempre chove quando a gente tá junto… eu bati o olho nele e pensei na gente na hora! – foi a vez de Seokjin sorrir – Chuva é uma coisa nossa! Pelo menos eu considero nossa!
o abraçou com força enquanto os olhos voltavam a marejar.
- Posso colocar em você? – ele perguntou quando os dois se separaram –
entregou o colar para Jin que retirou o mesmo da embalagem e então ela virou as costas para ele, levantando os cabelos para cima. Jin então colocou o colar em seu pescoço e o abotoou. Quando se virou de frente para ele novamente, os dois olharam para o colar pousado lá no pescoço dela. Jin sorriu.
- Tá todo mundo lá no fundo esperando você, para te dar os parabéns e entregar os presentes também! Você não precisa ficar muito tempo, só o suficiente para eles verem você!
respirou fundo e segurou a mão dele com força.
- Tudo bem! Me dê só um momento para eu me trocar, pode ser?
O sorriso que ele abriu fez querer abraçá-lo outra vez. Ele se levantou.
- Vou esperar você lá de fora!
Ele saiu e pacientemente esperou que se ajeitasse, quando ela saiu de lá, os dois deram as mãos e ela respirou fundo mais uma vez antes de eles descerem.
- Me deixa ir na frente para avisar que você tá indo! – ele pediu enquanto eles desciam as escadas da casa –
Quando Jin chegou a varanda, os amigos e pais de ficaram em silêncio o encarando, em expectativa.
- Podem cantar os parabéns! Ela está vindo! – ele sorriu –
Os amigos se entreolharam surpresos, mas felizes e então o coro de “parabéns para você” ecoou na varanda quando apareceu. Ela conseguiu esboçar um sorriso enquanto o coração, mesmo que temporariamente, se aquecia! Ela olhou em volta, admirando a decoração simples que as amigas e amigos haviam arrumado e tudo parecia ter sido realmente feito com muita afeição e carinho, ela agradeceu ao Universo por tê-los ali e agora. Quando o parabéns acabou de ser cantado ela apagou a vela do bolo que era segurado por e então olhou outra vez para os amigos.
Enquanto voltava com o bolo para a mesa, abraçou a amiga com força. Ela não disse nada, nem os parabéns ou coisas do gênero, o abraço entre as duas já dizia exatamente o que sentiam uma pela outra. Depois foi a vez de , em seguida V, depois e Suga, Hoseok e Jimin, e por último e .
Ninguém tocou no assunto da perda do irmão, ninguém tocou no assunto do telescópio e muito menos no bilhete… e foi melhor assim. Depois que eles entregaram os presentes para foi a hora de aproveitarem a comida, o clima ao contrário do que todos podiam esperar, estava agradável. estava se esforçando ao máximo para se entreter com os amigos e não deixar transparecer a dor que ainda sentia, até porque hora ou outra ela pensava no quanto queria que o irmão estivesse ali… então a mente sempre viajava até ele. Os pais de Seokjin e Eun passaram por lá também para cumprimentar , e os amigos repararam em como os pais de Seokjin tratavam a aniversariante bem, quase como uma filha, o que arrancou o riso de alguns dos amigos, como Suga e Jungkook.
agradeceu aos amigos pela surpresa e por terem se empenhado tanto pela presença dela, e então os amigos entenderam que talvez estivesse na hora de irem embora. Quando todos já haviam ido, inclusive e que ajudaram Cida com a arrumação da bagunça, Jin subiu com até o quarto, esperou que ela tomasse um banho, visto que já havia anoitecido e então os dois se abraçaram com força.
- Se cuida! E amanhã me dá notícias suas! Feliz aniversário !
sorriu sem mostrar os dentes enquanto encostava a testa na dele. Jin era uma pessoa tão boa! Ela se perguntou se de fato ele a merecia daquele jeito, incompleta e destruída! Os dois esfregaram as pontas dos narizes e então Jin terminou de se despedir dela. Os pais esperavam por ele na sala, os olhares cheios de esperança dos mais velhos fizeram Jin corar. E então depois de se despedir e se deixar à disposição, ele foi embora.
Três dias completos haviam se passado, já caminhava para o quarto… Jin e os amigos só tinham a notícia de que , não saia do quarto para nada, nem para se banhar. Todos estavam preocupados com a situação, e os pais mesmo desesperados mantiveram calma o suficiente para procurar um profissional, afinal de contas ela poderia estar voltando com a depressão por não ter superado de fato a morte do irmão. A decisão tomada por Willian e Eliana poderia ser “drástica”, mas era necessária.
Willian deu espaço para que Seokjin entrasse, horas antes eles haviam falado com e , para comunicarem a decisão tomada. Agora era a vez de Jin.
- Sabemos que vocês dois vem desenvolvendo uma relação, seja ela de amizade ou algo mais, então decidimos pedir sua ajuda, já que no aniversário dela funcionou… e também queremos comunicar você que decidimos levar a á um psiquiatra já que só as sessões de terapia não tem surtido efeito! – Willian e Eliana se entreolharam – Ela pode estar desenvolvendo um quadro de depressão outra vez e não podemos deixar isso acontecer!
- Concordo! E como eu posso ajudar? – ele estava ansioso, as mãos suavam de preocupação –
- Nós marcamos consulta para ela com um psiquiatra renomado de São Paulo! Então pretendemos levá-la para lá para a consulta e também já marcamos uma viagem para um hotel fazenda por lá, porque achamos que ela precisa de um tempo e que isso pode ajudar! Especialmente se estivermos os três!
Seokjin engoliu seco. Teria que se separar dela por tempo indeterminado de novo, logo agora que as coisas estavam se ajeitando. Mas era para um bem maior, ela precisava daquilo e ele não podia ser egoísta!
- Acha que pode conversar com ela? Nós tentamos, mas ela não respondeu nada, ficou calada…
Umedeceu os lábios e limpou as mãos suadas na própria calça jeans.
- Claro! Agora? – ele se levantou –
Deu duas batidinhas na porta. Silêncio.
- Sou eu! – ele esperou um pouco antes de bater de novo – Pode me deixar entrar? Preciso ver você… quero ver você!
Mais alguns segundos e ela abriu a porta. Seokjin encheu os olhos de água ao vê-la naquele estado e então eles se abraçaram. Já sentados na cama dela com a cabeça escorada em seu peito, ele respirou fundo algumas vezes.
- O que você achou da proposta dos seus pais?
Ela ficou em silêncio. Não estava raciocinando direito sobre a proposta, ou sobre qualquer outra coisa… o cheiro de Jin em suas narinas era como dopamina, mas não o suficiente.
- O que você achou da proposta dos meus pais?
- Achei boa! Você precisa sair dessa! E a ajuda de um profissional e dos seus pais, seria o ideal agora! Vocês três precisam passar por isso juntos. E você não pode se entregar assim…
- Eu não quero precisar de ajuda profissional para superar uma coisa que muitos superam sozinhos! Me sinto fraca fazendo isso!
Jin a apertou em si.
- Não existe isso! Não se compare com os outros! Cada um lida de uma forma, cada um tem seu tempo para superar esse tipo de coisa, e isso vai ser importante para você não sofrer mais por essa dor desse jeito!
- Não quero ficar longe de você! Não de novo! – afundou o rosto na curva do pescoço cheiroso de Jin – Nem das minhas amigas!
- Eu também não queria ficar longe de você de novo ! Mas eu estou tão apaixonado por você que preciso te ver bem! Te ver assim, me machuca também! Quero te ver feliz. Se dê essa chance! Por você primeiramente, e depois por nós!
Seokjin sente as lágrimas geladas dela em seu pescoço e então lhe acaricia os cabelos.
- Você espera por mim?
- Claro! – ele depositou um beijo sobre a cabeça de –
Enquanto tomava seu banho, ele e Eliana arrumam algumas malas de e a mãe dela não pode deixar de reparar que ele hora ou outra limpava alguma lágrima.
- Pedi aos seus pais para me darem notícias suas, já que você vai ficar sem telefone por esse tempo! Por favor, se cuide e cuide da sua saúde mental! – assentiu para ele em cada palavra – Faça o tratamento direitinho e volte para mim!
apertou as mãos dele antes de se abraçarem. Os pais dela e dele observavam a cena. Os dois selaram demoradamente os lábios, sem se importar com a presença dos mais velhos. O coração de ambos despedaçado outra vez… será que demorariam muito para se verem novamente? Ainda seriam um do outro quando ela voltasse?
Quando o carro dos pais de deu partida, eles acenaram um para o outro até se perderem de vista. apertou o colar dado por Jin em suas mãos e fechou os olhos com força. A chuva começou a cair…
Centésimo Décimo Primeiro Capítulo – Karma
Sung Hoon tinha um pouco de dificuldade com o aparelho celular, mas por sorte a enfermeira de confiança dele e de Hoseok estava lá, então ela o ajudou a atender o telefone sem muitas dificuldades. O número era desconhecido, mas a voz não…
Sung Hoon fechou os olhos e então pediu para ficar sozinho, a enfermeira assim o fez. Ainda de olhos fechados ele ouvia a voz da mulher chamá-lo pela segunda vez.
“Sung Hoon?” – ela suspirou pesadamente do outro lado – “Sou eu, Hayun! Ainda se lembra de mim?”
Se Sung Hoon se lembrava dela? Ele não se lembrava de tê-la esquecido ou de ter deixado de pensar nela nesses vinte e sete anos! Uma vida inteira basicamente esperando por uma ligação como aquela, por uma ligação dela! Sung Hoon abriu os olhos e voltou a suspirar.
“Por onde você andou Hayun? Sua voz continua a mesma, nem parece que o tempo passou para você!”
Silêncio em um breve momento.
“Como você tem passado Sung Hoon? Como estão as coisas?” Sung Hoon podia jurar que a voz dela agora estava embargada.
“Como você acha que tenho passado Hayun? Desde que você nos deixou tudo o que faço é sofrer! Você não tem noção do rombo que deixou na nossas vidas?”
Silêncio por parte da mulher. Sung Hoon sabia que ela conseguia imaginar o caos que havia deixado na vida dela e do filho, ela não era uma inocente, uma coitada! No fundo Sung Hoon, hoje, já não sentia mais tanta raiva ou mágoa da ex mulher! Hoje em dia ela era só uma lembrança ruim! Hayun era só uma mulher imatura que tomou uma decisão errada na vida sem pensar nas consequências que deixaria para uma criança pequena que cresceu sem mãe… mas claro que hoje, vinte e sete anos depois ela certamente imaginava o buraco emocional que deixara.
“Sinto muito Sung Hoon! Sinto muito de verdade! Só Deus sabe a angústia que tenho vivido de uns anos para cá! Deve ser o carma, não é? Por todo mal que fiz à você e a Hoseok!” – ela suspirou- Por falar em Hoseok… como ele está?”
“Agora você quer saber do seu filho Hayun? Vinte e sete anos depois!”
“Nunca é tarde para se arrepender Sung Hoon! E eu tenho o direito de saber dele!”
“Ele está ótimo Hayun! No presente, ele está ótimo! Mas durante anos ele esteve no fundo do poço, e por sua causa! Você imagina o quando esse menino sofreu por ter sido rejeitado por você de forma tão dura?”
Silêncio por mais alguns segundos.
“Mas ele sempre teve você! Eu sei que você cuidou desse menino com toda sua força e amor Sung Hoon! Ele não precisou de mim certamente por você ter feito os dois papéis com excelência!”
“É claro que ele precisou de você Hayun! Um pai não substitui a importância da convivência com a mãe e vice e versa! E eu fiquei doente, não só da mente, fisicamente também! Eu mal ando Hayun! O Hoseok quem cuidou de mim, desde que ele tinha dezesseis anos, esse menino dá a vida por mim! E ele comeu o pão que o diabo amassou por sua culpa, não se omita! O Hoseok sofreu o peso do bullying na escola porque foi abandonado por você, ele não teve sequer um amigo nesse período! E depois disso, ele nunca deixou ninguém entrar na vida dele por medo! Medo do abandono Hayun!”
O choro da mulher agora era audível e Sung Hoon voltou a fechar os olhos.
“Hoje em dia ele encontrou um grupo de amigos que o acolheram, está apaixonado, está vivendo a vida dele, vida essa que a sua memória roubou dele esses anos todos!”
“E o que ele faz da vida Sung Hoon? Ele terminou os estudos?”
“Com muita luta! E hoje ele é químico, o meu menino é tão inteligente Hayun! Você teria ficado orgulhosa quando ele se formou…”
Silêncio. As lágrimas escorriam pelo rosto de Hayun do outro lado do telefone. A mais velha as limpou depois de algum tempo em silêncio. Ficou feliz de saber que o primogênito havia conseguido terminar os estudos e agora parecia estar bem.
“O que você realmente quer com essa ligação? Conheço você o suficiente para saber que essa ligação não foi a toa!”
Hayun raspou a garganta e então criou coragem para dizer à Sung Hoon porque de fato havia ligado.
“Eu queria primeiramente saber de vocês dois, como vocês dois tinham passado, como estão agora! Fico imensamente feliz de saber que está tudo bem e que Hoseok se formou!”
“Certo! O que mais?”
Silêncio por alguns minutos e então a enfermeira voltou ao cômodo, preocupada com Sung Hoon. Os dois se encararam, e ele deixou que ela se sentasse em frente a ele depois de afirmar com a cabeça que estava tudo bem.
“Eu tive outro filho, Sung Hoon! E ele tem quinze anos! Gostaria que ele e o Hoseok se conhecessem! E gostaria de conhecer o Hoseok!”
Sung Hoon engoliu seco e fechou os olhos sentindo os mesmos marejarem. Aquilo poderia doer demais em Hoseok, a volta da mãe e a existência de um irmão…
“Não acho uma boa idéia! Mas não quero me meter nisso, o Hoseok tem vinte e oito anos! Se ele quiser ver você, tudo bem! Essa escolha é mais dele, do que nossa Hayun!”
“Você pode me passar o endereço do trabalho dele? Bom, eu não digo que foi você! Invento alguma coisa, pode ficar tranquilo! Acho que se eu aparecer na frente dele, não vai ter como ele fugir de mim… Por favor Sung Hoon! Se ele não quiser falar comigo, eu não o incomodo mais e vou embora!”
“Você está no Rio?”
“Sim! Apesar de não conhecer nada dessa cidade mais, cresceu tanto!”
Silêncio e então Sung Hoon encarou a enfermeira.
“Sung Hoon! Eu prometo…”
Hayun caminhava enquanto encarava os prédios altos do Rio de Janeiro, ventava muito então ela tentava ajeitar os cabelos para que eles parassem quietos. O motorista de aplicativo havia deixado ela quase um quarteirão antes do endereço, pois de acordo com o mesmo o endereço era uma área muito comercial, cheia de prédios e empresas, então seria muito difícil para ele parar exatamente lá. Hayun é claro, estava perdida.
- Por gentileza! – ela chamou o moreno alto que mexia no celular – O senhor poderia me ajudar?
Ele ergueu os olhos e bloqueou o celular, olhando para a mulher de meia idade a sua frente.
- Pois não? – ele guardou o celular no bolso – Se estiver ao meu alcance!
- Onde fica esse prédio? O senhor sabe? Parece que é um prédio conhecido…
Hayun observou o homem lendo o papel que ela o entregou e então os dois se encararam.
Hoseok olhava o relógio de pulso pela segunda vez, ele precisava almoçar ou a cabeça explodiria de dor, afinal de contas já havia passado uma hora quase de seu horário de almoço habitual. Foi quando ele parou de andar subitamente e encarou Namjoon do outro lado da rua. O que ele fazia ali? Como ele havia descoberto onde Hoseok trabalha? Ou seria uma coincidência, já que ele estava acompanhado de uma senhora de meia idade? Os olhos de Hoseok passaram por ela rapidamente…
- É aquele prédio ali, do outro lado da rua! Posso acompanhar a senhora até a entrada dele se quiser!
- Ah, eu ficaria grata! Você é muito gentil! – ela sorriu –
Namjoon sorriu de volta, mas sem mostrar os dentes. Enquanto eles atravessavam a rua, os olhares de Hoseok e Namjoon finalmente se cruzaram. O coração do advogado acelerou, tendo em vista que depois de tudo o que havia acontecido entre eles, os dois não haviam se falado mais, especialmente sobre o que havia acontecido. Somente haviam se visto no aniversário de … e se Namjoon chamasse ele para almoçar? É, ele faria isso!
Os olhos de Hayun bateram em Hoseok lá, parado perto das escadas que levavam à entrada do prédio. Será que era ele? Afinal de contas seria muita coincidência não é?
- Hoseok! – ela ouviu o homem ao seu lado chamar o nome de seu filho –
- Namjoon! – ele respondeu depois de um suspiro –
- O prédio que a senhora estava procurando! – Namjoon apontou – Só subir as escadas, deve ter algum recepcionista, você sabe de alguma coisa Hoseok?
Os olhos de Hoseok se voltaram para a tal senhora e ela o encarava com os olhos completamente marejados, e a intensidade do olhar da mulher fez o corpo de Hoseok se arrepiar. Quem era ela?
- Você é mesmo o Hoseok? Hoseok Jung?
Os olhos de Hoseok se arregalaram enquanto Namjoon franzia a testa. Ele continuou encarando os olhos da mulher e então fez que sim para ela com a cabeça, raspou a garganta quando sentiu a mesma querer fechar.
- Não está me reconhecendo, não é? – a mulher deu alguns passos na direção de Hoseok até ficar de frente para ele –
Hoseok engoliu seco enquanto fazia que não para ela. Ele olhou para Namjoon, que deu de ombros, tão confuso quanto ele. Depois Hoseok passeou os olhos pelo rosto da mulher, os olhos começaram a marejar também. Será? Não podia ser!
- Sou eu! Sua mãe!
Os olhos de Namjoon se arregalaram com a notícia e então ele encarou a mulher. Os olhos de Hoseok marejaram ainda mais, com ainda mais intensidade. Ele engoliu seco mais algumas vezes e então cerrou os punhos. Aquilo deveria ser alguma brincadeira de mau gosto, a mãe dele havia sumido! Ela não voltaria assim do nada, voltaria? Porque?
- Meu Deus! Eu sempre quis saber… – ela pausou deixando suas lágrimas caírem por seu rosto – Como você seria quando crescesse!
Agora eram as lágrimas de Hoseok que desciam por sua face e então ele bagunçou os cabelos, desarrumando-os completamente quase. Namjoon engoliu seco encarando o químico.
- Você ficou muito melhor do que eu imaginava! Olha só para você! Quem homem bonito você se tornou Hoseok-ah!
Namjoon encarou o chão enquanto Hoseok apenas chorava e sentia o peito ser rasgado outra vez. Era como se alguém tivesse simplesmente enfiado uma faca na ferida! A mãe estava finalmente ali, frente a ele. Nunca em um milhão de anos ele imaginou ver o rosto dela! Voltou a bagunçar os cabelos e então tapou brevemente o rosto, se entregando mais um pouco ao choro. Depois encarou a mãe, que atrevidamente ergueu a mão e passeou pelo rosto quente dele. Hayun limpou as lágrimas do rosto do filho enquanto chorava também. O toque das mãos da mãe também era quente, e ela tremia. Hoseok nunca havia sentido aquilo: o toque da mãe. E ele não sabia explicar exatamente quais eram os sentimentos e sensações que ele estava sentindo no peito com aquilo. Não adiantou muito, logo mais lágrimas escorriam pelas bochechas dele. Namjoon sentiu os próprios olhos marejarem de leve.
O advogado, pigarrou, mas os dois continuaram um encarando o outro. Bom, o convite para o almoço certamente teria que ser adiado, Hoseok precisava agora conversar com a mãe. Quem sabe um jantar? Ele certamente precisaria conversar com alguém…
As mãos de Hoseok tremiam, então ele optou por esconder elas por baixo da mesa. Os olhos dele fitavam o prato que havia acabado de chegar, a mãe pedira já que ele não havia dito muita coisa desde que eles haviam chegado lá. O coração dele não parava de bater rápido e o raciocínio dele parecia lento. Toda aquela raiva que ele sentia pela mãe, ainda estava lá, mas de alguma forma ele não conseguia externá-la! Ele simplesmente não conseguia ter nenhuma reação, nem boa, nem ruim. Ainda parecia que ele estava tendo um sonho, ou alguma alucinação, estava numa espécie de transe. Parecia dopado, ele queria reagir, queria gritar com ela! Dizer para ela sobre toda a dor que ela havia causado e ainda causava, ele queria berrar na cara da mãe que ela havia o destruido, que ele era má, que ele a achava uma pessoa ruim e sem coração, que ele tinha medo de construir relações por culpa dela, que ele era sozinho por causa do abandono dela… mas ele não conseguia!
- Eu estava perdida! Essa cidade cresceu muito! Aí eu encontrei aquele moço do outro lado da rua do prédio do seu trabalho, e por sorte ele era seu conhecido! Vocês são próximos? Ele foi muito gentil!
A simples menção à Namjoon fez o beijo dos dois voltar a ecoar na mente bagunçada de Hoseok. Ainda tinha aquilo para ele resolver! Além da situação com e agora a mãe! Hoseok resolveu apenas fazer que sim para a mãe com a cabeça.
- Você já comeu? – Hoseok ergueu o rosto e encarou a mãe –
Ele fez que não para ela, em silêncio. A mãe assentiu.
- Eu não estou com fome! – Hayun voltou a assentir, meio sem saber o que dizer também –
- Ok! – ela abaixou os olhos rapidamente – Como está o trabalho? Está tudo bem?
Hoseok voltou a encher os olhos de água com força e balançou a cabeça.
- Está tudo bem, eu acho! – foi o que ele conseguiu dizer –
- A propósito… – ela pausou rapidamente, sem jeito – Isso aqui…
Hayun abaixou o braço e levou uma das mãos até a grande sacola que estava no chão do restaurante, pegando-a. De lá ela retirou um embrulho, relativamente grande, os olhos de Hoseok ainda marejados foram para lá.
- É para você! Eu não sabia muito bem o que você precisava, visto que você é um homem feito agora… – ela soltou um riso nasalado – É um par de tênis! Eu pensei que poderia ser útil! Espero que eles sirvam em você! Tomara que eu tenha adivinhado o seu tamanho. Pega, por favor!
Hoseok meio no automático pegou o embrulho, rasgando-o devagar para não atrair a atenção do restaurante que estava silencioso até demais. Abriu a caixa e vislumbrou o par de tênis cinza que a mãe havia comprado. Como aquilo era estranho! Especialmente porque, ele havia gostado! Tanto do tênis, quanto do gesto.
- Obrigado! Vou fazer um bom uso deles!
- Enquanto eu comprava o presente, eu pensei muito em você Hoseok! – os olhos da mãe voltaram a ficar cheios de água – Eu me perguntei o quão alto você poderia ser… eu perguntei como seu rosto deveria ter mudado! Sinto muito Hoseok!
Hoseok abaixou a cabeça lentamente enquanto sentia a vontade de chorar lhe invadir outra vez.
- Eu deveria ter vindo mais cedo para te ver! Mas eu estava muito ocupada…
Hoseok balançou a cabeça para ela, com raiva, mas de novo ele não reagiu.
- Tudo bem!
O telefone de Hoseok tocou dentro do bolso e quando ele retirou o aparelho de lá, era o pai. Hoseok se perguntou se ele sabia que a mãe havia reaparecido… mas ele sabia que sim e que provavelmente ele havia dado o endereço do trabalho dele.
- Oi pai! – engoliu o choro e viu a mãe abaixar a cabeça – Sim! Eu estou com ela… Não! Está tudo bem… eu te ligo depois! Pode ser?
A porta foi aberta por uma mulher quase da idade de Hayun, vestida de branco e as duas se encararam. Sung Hoon havia se casado de novo?
- Pode entrar! O senhor Sung Hoon está aqui na sala esperando a senhora já!
Ela adentrou a casa, passeou os olhos pelo local que era simples, mas a casa era grande pelo que ela podia ver. Não se lembrava muito de lá… mirou Sung Hoon. Os olhos dele marejaram e então Hayun abaixou a cabeça. Já bastava toda a dor que ela havia encontrado nos olhos de Hoseok.
- Senta! – ele pediu apontando para o sofá em frente a ele –
Hayun se sentou e os dois se encararam.
- Agora que estamos aqui frente a frente Hayun… porque apareceu?
- Seu irmão não te contou pelo visto… nem que eu ligaria, e nem o resto…
- Não! Ele não contou! Mas você mesma pode contar!
- Só não conte ao Hoseok, por favor! Ele me odiaria ainda mais se soubesse… e eu não suportaria vê-lo me odiar ainda mais!
Sung Hoon sentiu o peito doer, o filho já sofria tanto! O que ele pudesse fazer para que o filho não sofresse, ele faria.
- Não contarei!
- Meu filho Sung Hoon! Está doente e precisa de uma cirurgia! É uma cirurgia cara, da qual eu já tenho boa parte do dinheiro, mas não tudo! E a doença…
Sung Hoon a interrompeu.
- Eu não quero saber da doença do filho que você ama e cuida, enquanto você nunca se importou com o Hoseok! Quanto você precisa?
As mãos de Hoseok suavam, e ele as limpava na blusa de moletom hora ou outra. Ele e o pai se encararam, em silêncio. Quando Hoseok falou com o pai no telefone depois do almoço com a mãe, eles não conseguiram conversar muito, Hoseok só conseguia chorar. O pai tentou a todo custo acalmá-lo, mas não conseguiu. Então eles conversaram quando Hoseok, mais cedo, chegou em casa. Ele chegou informando que não sabia o porquê, mas havia chamado a mãe para jantar lá, e Sung Hoon não soube definir se aquilo era bom ou ruim. O pai não mentiu para ele, disse que ela havia ligado, disse que ela insistiu com o encontro, que ele não teve nada haver com a decisão de Hayun e que a única coisa que fez foi passar o endereço. Hoseok se aninhou no colo do pai nesse momento e voltou a chorar. Ele confessou que queria conseguir externalizar toda a raiva que sentia da mãe, mas que não conseguia! Ele confessou também que estava começando a ficar feliz por Hayun ter voltado, e que sentia raiva de si mesmo por isso… o pai disse a Hoseok que não precisava se sentir daquele jeito, que ele era humano e podia sim ficar feliz por ver a mãe e que ele precisava agora, viver os momentos com cautela, mas que não precisava se culpar.
Então Hoseok havia encomendado o jantar num restaurante tipicamente coreano do Rio, que já havia chegado, e os dois esperavam Hayun aparecer.
- E se ela não vier? E se ela fugir de novo? Sem ter me dado nenhum contato dela…
- Calma meu filho! Ela não está atrasada, ainda falta um minuto para a hora combinada com ela!
Hoseok soltou todo o ar preso em seus pulmões e então o pai sorriu para ele. Hoseok observou os olhos marejados do mais velho e sorriu de volta. Ele sabia que a cabeça do pai estava tão confusa quanto a dele e que provavelmente ele era o mais machucado agora! Quando a campainha da casa tocou, Hoseok se levantou num supetão e apressado ele foi receber a mãe, deixando o pai ainda sorrindo ao observar a cena.
O jantar correu bem! Hoseok falou para a mãe que ele não era dos melhores na cozinha e que havia encomendado a comida, o que a mãe disse que ele provavelmente havia então a puxado, já que ela não tinha esse dom também, mas que a comida estava realmente boa. Comeram em silêncio boa parte do tempo, depois conversaram algumas amenidades sobre o Rio de Janeiro, sobre o trabalho de Hoseok. Hayun havia ficado encantada ao saber que o filho havia se tornado químico, então ela quis saber todos os detalhes. Depois, o pai resolveu que iria se deitar e Hayun acabou ajudando Hoseok a levar o pai para o quarto. Ela se sentiu mal por ver o estado de saúde do ex marido daquele jeito e pensou que a vida realmente não devia ter sido fácil para os dois.
Depois ela e Hoseok ajeitaram as louças e então se encararam. Ela quis tocar o rosto dele outra vez, mas não teve coragem.
- Bom! Eu já vou… está ficando tarde e amanhã você trabalha cedo não é?
- Sim! Eu entro cedo… – Hoseok colocou as mãos nos bolsos da calça de moletom –
A mãe sorriu para ele, na esperança que ele sorrisse de volta, mas Hoseok abaixou a cabeça. Hayun engoliu seco e então pegou a bolsa, retirando o celular de dentro dela para pedir seu carro.
Os dois foram juntos para fora da casa esperar pelo carro da mãe, fazia frio na cidade e Hoseok se preocupou, já que Hayun vestia apenas uma blusa de frio fina.
- Posso esperar o carro sozinha! – ela olhou para Hoseok –
Ele ficou em silêncio e então a mãe passou delicadamente a mão sobre a dele… logo as duas mãos estavam entrelaçadas. Hoseok sentia o coração acelerar gradativamente dentro do peito com o quente da mão dela. Eles apertaram a mão um do outro e Hoseok quis chorar. Olhou então para as mãos entrelaçadas e depois para Hayun. Silêncio, e as mãos continuavam entrelaçadas, com força.
- Está chegando! – ela olhou para Hoseok –
Quando o carro parou em frente a casa, Hoseok soltou a mão dela e engoliu seco. O químico se aproximou do carro e abriu a porta do mesmo para a mãe.
- Por favor, entre! Está frio!
A mãe sorriu com a gentileza do filho e o respondeu com um baixo “ok”, antes de entrar no carro prata. Ela impediu delicadamente que Hoseok fechasse a porta para ela:
- Hoseok! – ela umedeceu os lábios – Você quer me ver amanhã? Antes que eu parta de volta para a minha cidade…
Então ela não morava no Rio? E já ia embora amanhã mesmo? Hoseok sentiu o coração querer partir de novo…
- Queria almoçar com você de novo! Se você estiver livre…
Hoseok a interrompeu.
- Eu vou! – ele engoliu seco – Pode ser no mesmo horário?
Hayun sorriu satisfeita para Hoseok e balançou a cabeça para ele.
- Poderia me dar o seu número? Para combinarmos melhor…
- Ok! – ela pegou o celular de Hoseok e deixou seu número lá – Até amanhã, meu filho!
O coração de Hoseok saltou no peito ao ouvir Hayun dizer “meu filho”! Durante quanto tempo ele quis ouvir aquilo? Hoseok fechou a porta do carro para ela.
- Vá para casa em segurança! – ela, ainda sorrindo, fez que sim para o filho –
- Tchau! – os dois acenaram um para o outro antes do carro dar partida –
Achou melhor não incomodar o pai, que já dormia. Hoseok ficou observando-o dormir durante alguns segundos, pensando no quanto amava o pai… depois foi para seu próprio quarto. Ele pensou em mandar uma mensagem para Jimin, mas o amigo certamente estaria na balada, já que ele estava indo basicamente todos os dias. Balançou a cabeça. Não podia falar com a também…
O celular vibrou em suas mãos com uma mensagem de Namjoon… ele bloqueou o celular para não encarar a notificação. O celular vibrou e a tela voltou a ficar brilhante com mais uma mensagem de Namjoon. Desbloqueou o celular e as leu:
“Você está bem?”
“Quer conversar sobre o que aconteceu mais cedo?”
Hoseok respirou fundo. Sim, ele queria conversar sobre a mãe… mesmo que fosse com Namjoon! Antes que ele pudesse responder, outra mensagem:
“Que tal irmos jantar? Acho que pessoalmente pode ser melhor de conversar, não?”
“Bom! Eu já jantei!”, Hoseok sorriu ao enviar a mensagem.
“Mas você pode me acompanhar, e tomar uma cerveja! Certeza que está precisando!”
Hoseok exitou por alguns segundos.
“Pode ser!”, se levantou e procurou pelas chaves da moto e de casa e as encontrou sobre a escrivaninha. Outra mensagem: “Vem aqui para casa! Daqui vamos ao bar Jobi, pode ser?”
Namjoon observou Hoseok se livrar do capacete e depois ajeitar os cabelos e não pôde evitar pensar em como ele ficava atraente fazendo-o. Mas agora não era hora para pensamentos como aqueles! Hoseok provavelmente precisava de um ombro amigo, e os dois agora pareciam ter apenas um ao outro, o que era bizarro!
Os dois se cumprimentaram com um aceno de cabeça e então entraram no carro de Namjoon. Dez minutos e eles estavam no tal bar. Se sentaram em uma mesa que pareceu estar reservada para Namjoon, já que ele cumprimentou o garçom com um toque de mãos.
Se encararam, depois Namjoon voltou os olhos para o cardápio, como se não soubesse exatamente o que pediria. Alguns segundos depois, os dois voltaram a se encarar.
- Ela era mesmo sua mãe?
Hoseok balançou a cabeça.
- Sim! A própria!
- E como isso aconteceu? Como ela achou você?
- Ela entrou em contato com um tio meu! – Hoseok continuava balançando a cabeça – Esse tio passou o telefone do meu pai, e meu pai o endereço do prédio!
- E ela foi encontrar justamente comigo? – Namjoon sorriu sem graça –
- O que você estava fazendo por lá, aliás?
O garçom se aproximou rapidamente assim que Namjoon levantou a mão. Namjoon mostrou a ele no cardápio o que desejava e então pediu dois chopps.
- Não vai comer nada? – Hoseok fez que não para ele – Só isso então!
O garçom deixou os dois sozinhos de novo. Hoseok ainda esperava a resposta do advogado.
- Eu estava visitando um cliente que tem um estabelecimento bem perto do seu trabalho! E aí na saída encontrei sua mãe. Ela não sabia direito onde ficava o prédio e me pediu ajuda! E aí você já estava do lado de fora do prédio e enfim… – ele fez um gesto com as mãos para dizer “e o resto você já sabe” –
- Que coincidência! – Hoseok soltou um riso nasalado –
- Sim! Mas o que aconteceu depois?
- Nós fomos almoçar! – Hoseok engoliu seco sentindo vontade de chorar de novo –
- E como foi esse almoço? – Namjoon alongou os braços atrás da cabeça, parecendo cansado –
- Não sei definir! – Hoseok voltou a balançar a cabeça e aí encarou o advogado – Foi estranho! Eu não conseguia falar! Não consegui colocar as coisas para fora!
Ele levou a mão até o próprio peito e Namjoon acompanhou a mesma.
- Que coisas exatamente Hoseok? Sua raiva?
Hoseok sorriu de canto enquanto olhava para Namjoon.
- Sim! Eu não consegui explodir, como sempre imaginei que seria se um dia eu a visse de verdade, apesar de acreditar que isso nunca aconteceria! Eu travei, não sei explicar!
- Acho que é normal! A gente sempre fala que agiria de tal forma ou que falaria tal coisa em determinada situação, mas tudo é hipoteticamente falando! Até acontecer…
- Exatamente! A minha cabeça, uma confusão! Ainda está! E um misto de sentimento muito grande! A raiva ainda tá aqui, a dor também! Mas ao mesmo tempo, parece que eu tô feliz?
- E qual o problema de ficar feliz porque sua mãe voltou? – Namjoon deu de ombros –
Os chopps foram depositados sobre a mesa. Hoseok deu um longo gole do mesmo, seguido por Namjoon.
- Ela não voltou! Só veio me ver, ao que tudo indica! Amanhã a noite ela já vai embora!
- E isso te magoou? – os dois se encararam por alguns segundos – Não minta! Eu sou bom em identificar essas coisas!
Hoseok gargalhou e depositou o copo sobre a mesa outra vez. Era bom conseguir rir mesmo com a vida e a mente uma bagunça.
- Me esqueci que você é advogado, e que vira e mexe no meio das conversas você ativa esse modo! – foi a vez de Namjoon rir – Eu fiquei chateado sim! Achei que ela morasse aqui, ou que fosse ficar mais tempo…
- Achou que ela quisesse recuperar todos esses vinte e tantos anos que perdeu! – Namjoon assentiu como se adivinhasse os pensamentos de Hoseok –
- É! Achei que ela quisesse, sei lá… – ele abaixou a cabeça outra vez – Mas que ingenuidade né? Pelo menos ela veio me ver!
- Tá tudo bem ficar feliz com isso Hoseok!
- Hoje ela jantou lá em casa também! Comigo e com meu pai!
- E como seu pai está com tudo isso?
- Ele não falou muito sobre! Eu sinto que ele está sofrendo… por vê-la de novo! Acho que assim como comigo, as memórias se desbloquearam para ele também. Mas ele pareceu feliz por nós dois termos nos encontrado!
- Que bom! Você cuidou muito bem dele, esse tempo todo! Ela chegou a te pedir desculpas? Ou explicar o que fez da vida durante esse tempo?
- Não! – eles se olharam enquanto bebiam – Ela só disse que sentia muito não ter vindo antes, e que estava ocupada…
A comida que Namjoon havia pedido, chegara. Ele ofereceu a mesma para Hoseok, que educadamente recusou e então ele se pôs a observar Namjoon comer. Hora ou outra, Hoseok sorria, quando Namjoon demonstrava que a comida estava boa ou algo do gênero.
Depois que Namjoon terminou sua refeição, os dois acabaram mudando de assunto e tomaram mais alguns chopps. Já dentro do carro de Namjoon de novo, o advogado olha para o semblante abatido de Hoseok e tem uma ideia.
- Acho que precisamos de um ar fresco! – Hoseok olhou para ele –
Os olhos de Hoseok brilharam delicadamente quando ele desceu do carro e admirou a bela paisagem que a lagoa Rodrigo de Freitas proporciona aos cidadão da cidade. Logo, lado a lado os dois começaram a caminhar em volta da mesma. Pelo horário o lugar estava relativamente vazio, já que estava tarde.
- Eu vou vê-la novamente amanhã, antes que ela vá mesmo! E também, na hora em que esperávamos pelo carro que ela pediu, ela segurou a minha mão. E me chamou de meu filho!
Os dois se olharam e Namjoon sorriu para Hoseok, feliz por ele! Hoseok esboçou um sorriso de volta.
- E qual foi a sensação?
- Foi boa! A mão dela é quentinha! Que nem mão de mãe mesmo sabe? Pelo menos eu sempre imaginei assim!
- Estou ficando com inveja! Mas deixa isso para lá!
- Inveja? – Hoseok aumentou o sorriso –
- Acho que sua mãe sentiu muito a sua falta! Ela veio até aqui, só para ver você! Afinal de contas, porque ela não ia querer ver um filho assim como você! Bonito, bem sucedido, que conseguiu vencer mesmo não tendo ela ao lado! Ela sabe que perdeu você virando um homem incrível!
Silêncio enquanto os dois caminhavam e se olhavam. As bochechas de Hoseok ficaram vermelhas e ele desviou o olhar. Será que Namjoon achava tudo aquilo dele mesmo?
- Eu não devia estar com inveja! – Namjoon passou as mãos pelo rosto, atraindo a atenção de Hoseok outra vez – Eu adoraria que minha mãe fosse atrás de mim no meu escritório! Mas esquece isso! São situações diferentes! Eu não tenho o direito de sentir inveja de você! Aliás, estou feliz por isso estar acontecendo e sinto muito que ela tenha que ir embora…
Os olhos de Namjoon marejaram e Hoseok percebeu. Subitamente ele parou de andar e grudou os braços em Namjoon, juntando o corpo dos dois num abraço totalmente inesperado pelo advogado. O corpo dele tenciona num primeiro instante com o súbito contato, mas conforme as mãos de Hoseok descem por suas costas, num afago, Namjoon relaxa e acaba se entregando ao abraço dado pelo químico. O nariz dele acabou se encostando na curva do pescoço de Hoseok e imediatamente o cheiro bom do químico invadiu suas narinas. Namjoon apertou o corpo de Hoseok ao seu enquanto o abraçava de volta e Hoseok apenas fechou os olhos. O corpo de Namjoon agora estava sendo balançado com delicadeza por Hoseok, como se o químico estivesse fazendo-o dormir e Namjoon sorriu.
- Você tem seus amigos! Mesmo que não tenha sua mãe com você, tem seus amigos! E tem o Hoseokie!
O sorriso nos lábios de Namjoon se alegraram mais um pouco e eles se soltaram. Agora, parados perto da lagoa, os dois admiravam a mesma em silêncio. Namjoon retirou o celular do bolso e então se afastou o suficiente para conseguir tirar uma foto de Hoseok, com a lagoa de fundo.
Quando Namjoon colocou o carro na garagem de casa ele observou Hoseok com o capacete da moto no braço.
- Você quer entrar? – ele engoliu seco –
Hoseok acompanhou o movimento que o pomo de adão dele fez e então subiu os olhos para o advogado.
- Melhor não!
Namjoon entendeu o recado e então o acompanhou até a calçada onde estava a moto de Hoseok. Os dois se encararam, meio sem saber como se despedir, mas acabaram optando por outro abraço. As mãos de Namjoon continuaram segurando a cintura de Hoseok quando os olhos se encontraram depois do rápido abraço e então as pontas dos narizes se tocaram. Os olhos de Hoseok baixaram para os lábios de Namjoon, que provocativamente passou a língua pelos mesmos.
Hoseok encostou os lábios nos dele, numa espécie de teste… o advogado fechou os olhos. Hoseok pressionou os lábios nos de Namjoon e fechou os olhos também vendo o advogado deixar o beijo acontecer. Quando a língua de Namjoon pediu passagem, Hoseok cedeu e o beijo tomou forma. As mãos de Hoseok subiram para a nuca de Namjoon que apertou com delicadeza a cintura dele, não queria assustá-lo com um toque muito firme, porque não queria que esse beijo fosse tão rápido quanto o primeiro. A língua dos dois dançava uma com a outra e então Namjoon se atreveu a deixar uma leve mordida no lábio inferior de Hoseok e então os dois se separaram com as respirações agora descompassadas.
- Boa noite! – Hoseok colocou o capacete sobre o rosto com as mãos na Namjoon ainda em sua cintura – Tchau!
As mãos de Namjoon ficaram no vácuo por alguns segundos enquanto o químico subia em sua moto e saia em disparada. Mais uma vez Hoseok fugia da conversa que eles definitivamente teriam que ter em algum momento e aquilo fez Namjoon se sentir frustrado, mesmo confuso. Quando o advogado se deitou para dormir, ele finalmente viu a notificação de no Instagram. Namjoon havia postado nos stories a foto que havia tirado de Hoseok e marcado o mesmo na publicação… havia respondido a publicação com um simples emoji com a carinha pensativa. Os três precisavam dar um jeito…
“É Spring Residence, quarto número 1803, certo?”
“Isso mesmo Hoseok-ah!” – a mãe sorriu –
“Estou saindo agora, vou levar uns vinte minutos!” – ele pegou as coisas sobre o balcão –
“Certo! Até daqui a pouco! Ah!” – ela riu – “Teria como você trazer um álbum de fotografias? Se você e seu pai tiverem um é claro! Eu quero ver suas fotos… de quando você era criança!”
“Vou passar em casa para pegar alguns então! Uns trinta minutos e tô aí!”
Quando ele entrou em casa, a mesma estava silenciosa, aparentemente, até que ele caminhou devagar até a varanda, a enfermeira então arregalou os olhos com a presença dele.
“Certo! Isso mesmo, o nome dela é Hayun Lee!” – o pai não viu Hoseok já que estava concentrado ao telefone – “Então ela deve já ter recebido o dinheiro? Está tudo certo? Obrigada! Qualquer coisa se ela alegar não ter recebido eu entro em contato!”
O coração de Hoseok apertou dentro do peito, como se fosse um pressentimento ruim.
- Que dinheiro? Com quem estava falando pai?
A enfermeira pediu um breve “licença” e passou por Hoseok, deixando os dois sozinhos. Sung Hoon fechou os olhos com força. Agora não tinha como ele fugir daquele assunto, pediu aos Céus que aquilo não machucasse o filho como ele temia que machucaria.
- Hayun teve outro filho Hoseok! E ele está doente, precisa fazer uma cirurgia urgente e sua mãe não tem todo o dinheiro! Ela achou que um de seus irmãos pudesse lhe ajudar, mas ele precisaria vender uma terra, e isso levaria tempo! Acho que se ela tivesse outra escolha não teria pedido esse dinheiro para nós! Para mim na verdade!
- E aí ela nunca teria voltado…- os olhos de Hoseok pesaram com a água que agora se formava lá – Não é? Não é pai?
Ele agora falava mais alto e Sung Hoon voltou a fechar os olhos. Depois ele se levantou com ajuda da bengala. Ele sabia o quanto aquilo poderia destruir o filho ainda mais.
- Fala! Pode falar! Ela só voltou porque precisava desse dinheiro! – ele passou as mãos pelo rosto, exasperado – Só por causa do dinheiro, não foi por mim! Não foi por saudades, não foi por arrependimento… meu Deus como eu fui burro!
- Hoseok! – o pai chamou – Ela quis ver você, não fui eu que propus, nem nada do gênero, ela realmente quis! Ela precisa do dinheiro, sim, precisa, mas…
- Mas o que? Ah pai, por favor pare de querer defendê-la! Até hoje! Você é bobo! Até mais do que eu! Ela só está usando nós dois!
- Ela quer salvar a vida do filho!
- E eu? – ele apontou para si mesmo enquanto as lágrimas caiam – Eu não sou filho dela? Eu não preciso dela? E eu pai? O que eu faço com toda essa dor de novo? Você não vê? Você nunca entendeu, não é? Meu Deus, dinheiro! E você deu! Você deveria ter falado comigo!
- Para você ficar nesse estado outra vez? Você acha que eu gosto de ver você assim? Tudo o que eu pude fazer para manter você longe dessa notícia, eu fiz! E sim, eu dei! O seu irmão não tem culpa!
- ELE NÃO É MEU IRMÃO! – Hoseok berrou, fazendo o pai se desequilibrar e se sentar novamente na cadeira de balaço – ELE NÃO É NADA MEU CARAMBA! VOCÊ E EU NÃO TEMOS NADA HAVER COM ISSO! VOCÊ É UM BOBO, E ELA FAZ O QUE QUER DE VOCÊ!
Os olhos de Sung Hoon marejaram pesadamente com a resposta do filho. Hoseok balançava a cabeça freneticamente enquanto as lágrimas apenas escorriam por seu rosto.
- Se acalma! Bebe uma água meu filho!
Hoseok nada disse, apenas saiu da casa deixando o pai sozinho e preocupado com quais seriam seus próximos passos. E se ele fizesse alguma besteira?
O vento cortava seu rosto enquanto ele acelerava a moto. Hoseok não sabia para onde iria, ele só sabia que queria ir para longe, bem longe!
Escorado em sua moto ele apenas olhava o horizonte com o celular nas mãos. A mãe já havia ligado uma porção de vezes, mas ele não atendeu. Ele tinha um irmão? A mãe havia tido outro filho… e tinha cuidado dele! Estava inclusive preocupada e com medo que ele morresse, enquanto havia deixado Hoseok ao léu por vinte e sete anos! Nunca havia se importado em saber se ele estava vivo ou morto, nunca havia se questionado como havia sido o crescimento dele, a vida dele… ela não importava! Para ninguém…
As vozes das crianças voltaram a ecoar em sua cabeça, dizendo que ninguém se importava com ele, que a mãe havia o abandonado porque ele não era querido o suficiente, que ela nunca o havia amado. E eles tinham razão… um filho! Um homem, como ele… e ele era amado! Hoseok não…
Quando a porta se abriu Sung Hoon sentiu o coração se aliviar instantaneamente! Ele deveria estar dormindo, afinal de contas já era bem mais de meia noite, mas sem notícias do filho ele não conseguia! Os olhos do mais velho bateram direto na grande sacola com o nome de uma farmácia escrita lá…
- Graças a Deus você apareceu meu filho! O que é essa sacola? Está passando mal?
Hoseok não respondeu, apenas subiu as escadas e deixou o pai chamando seu nome. Ele já tinha se decidido.
Centésimo Décimo Segundo Capítulo – The reason I hate home
“Antes de iniciarmos este capítulo, gostaria de ressaltar que os temas abordados a seguir podem ser sensíveis e/ou desencadear gatilhos emocionais em algumas pessoas. Sugerimos que você pare de ler imediatamente se sentir desconforto e procure ajuda se necessário. Depressão e ansiedade tem tratamento! Se você precisar de ajuda, aqui está o número do Centro de Valorização da Vida: 188.”
Namjoon franziu seriamente a testa quando viu o número de Hoseok brilhar em sua tela numa ligação e então ele o atendeu, é claro.
“Hoseok?” – ele engoliu seco –
“Olá querido! Não é o Hoseok! É o pai dele!”
Namjoon se levantou de sua mesa, ainda com a testa franzida e saiu do escritório, aquela ligação soou muito estranha aos ouvidos do advogado.
“Pois não senhor Sung Hoon! Aconteceu alguma coisa?”
Silêncio durante alguns segundos do outro lado da linha, até Namjoon perceber que o senhor parecia chorar e aquilo fez tudo ficar ainda mais estranho.
“Senhor Sung Hoon?”
“Você foi a primeira pessoa que pensei e consegui ligar querido, porque foi a última pessoa que conversou com o Hoseok! Me desculpe se eu estiver atrapalhando, mas preciso avisar os amigos dele, não é?” – Namjoon engoliu seco –
O que havia acontecido? O coração dele começou a saltar mais rápido então ele escorou na parede ao lado da porta do escritório.
“E o que aconteceu senhor Sung Hoon?”
“O Hoseok está no hospital! Seria muito eu pedir para você vir para cá?”
“Não! Claro que não! Qual hospital? Eu estou indo para aí!”
Namjoon bateu os olhos em Sung Hoon sentado em uma das cadeiras da recepção, cabisbaixo. O coração dele pulava dentro do peito e então rapidamente ele se aproximou do mais velho.
- Eu vim o mais rápido que eu pude senhor Sung Hoon! O que exatamente aconteceu? Como o senhor está? Está sozinho aqui?
Namjoon olhava ao redor, atônito.
- Estou com a minha enfermeira querido! Ela foi pegar café para nós dois! – Namjoon e Sung Hoon se encararam – Foi justamente ela que encontrou o Hoseok caído no banheiro lá de casa com um monte de embalagem de remédio! O pulso dele tava fraquinho quando ela mediu! Rapidamente nós dois chamamos a emergência… eles disseram que mais um pouco e seria tarde demais para salvá-lo!
Os olhos do mais velho se encheram de água, e então ele tapou os olhos com as mãos para chorar. Namjoon delicadamente passou as mãos pelas costas de Sung Hoon, numa tentativa de consolá-lo.
Namjoon pensou que certamente havia acontecido algo entre ele e a mãe, provavelmente algo desagradavel, e resolveu perguntar:
- Aconteceu algo entre ele e a mãe, senhor Sung Hoon? Porque bom, eu o encontrei no dia em que ele e a mãe se reencontraram e ele estava empolgado! E com medo também… então eu presumi que algo deve ter dado errado!
- Deu sim meu filho! – a enfermeira agora retornava com os cafés – E a culpa foi minha!
Sung Hoon balançou a cabeça, voltando a chorar.
- Ela me pediu dinheiro para pagar uma cirurgia para o meio irmão de Hoseok! E bom, ela me pediu segredo, e eu claro, guardei! Aquela descoberta destruiria o meu filho por inteiro! Mas não consegui guardar o segredo, ele chegou bem na hora que eu falava com o gerente do banco! E como eu disse, isso acabou de destruir o Hoseok por dentro e agora estamos aqui!
- Ela teve outro filho? E cuidava dele? – Namjoon balançou a cabeça meio incrédulo – Meu Deus, com certeza isso fez o Hoseok se sentir ainda mais rejeitado e a dor deve ter voltado com ainda mais força!
Namjoon esfregou os olhos ainda incapaz de acreditar que a mãe do químico havia tido outro filho…
- Sim! E ele não suportou! E a culpa é toda minha!
- Claro que não senhor Sung Hoon! A única culpada disso tudo é ela! Ela deveria ter sido honesta com o Hoseok desde o começo… o senhor só queria proteger o seu filho, eu teria feito a mesma coisa! Mas como ele está agora? Bem?
Namjoon torceu para que a resposta do pai de Hoseok fosse positiva…
- Está estável e dormindo ainda! Eu chamei você aqui porque vi que vocês dois parecem próximos, eu não sei mais notícias do Jimin e nem da moça que ela estava apaixonado, , o nome dela eu acho! Então eu chamei você! Acho que o apoio dos amigos dele quando ele acordar vai ser muito importante para ele se recuperar! Você poderia ser o porta voz!
Os pensamentos de Namjoon pousaram em … ela precisava saber! E Jimin também, os dois eram muito importantes para Hoseok e o pai tinha razão, ter os dois por perto poderia ser fundamental para Hoseok sair dessa.
- O senhor tem razão! Eu vou chamar a e o Jimin! Depois gradativamente eu aviso aos outros!
Namjoon retirou o celular do bolso e então se levantou, começou a andar enquanto digitava uma mensagem para :
“Preciso falar com você urgente! Quando eu te ligar, por favor me atenda, ! Eu não estaria mandando isso, se não fosse um caso de vida ou morte!”
Namjoon esperou alguns segundos para que desse tempo de pelo menos visualizar a mensagem na tela do celular e então ligou para ela.
arregalou levemente os olhos com a mensagem e alguns segundos depois Namjoon a ligava, ela pediu licença para Chloe e então saiu da sala para atender, não queria que ela escutasse nada.
“Oi Namjoon!”
“…” – ele pausou alguns segundos – “O Hoseok precisa de você! Ele está no hospital! Uma tentativa de suicidio! Aliás, ele precisa não só de você, de todos nós, mas de você um pouquinho mais! Vou te mandar o endereço, por favor venha para cá! E traga o Jimin com você!”
“Como assim uma tentativa de suicidio Namjoon? O que aconteceu?” – ela entrou de novo em sua sala e pegou sua bolsa sobre a mesa – Chloe eu vou precisar sair, vou avisar o chefe, por favor segure as pontas para mim!
“Ah é uma história um pouco longa que eu te explico melhor quando vocês chegarem, só venha logo!”
não bateu na porta da sala dos amigos, apenas a abriu. Encarou primeiro e depois Jimin, os dois olharam para ela.
- Você está pálida, o que aconteceu? – perguntou –
- Jimin! O Hoseok está no hospital, uma tentativa de suicidio! Nós precisamos ir para lá agora!
Jimin se levantou subitamente da cadeira, pego de surpresa pela notícia.
- O que? Como assim ? Suicidio? – ele começou a arrumar as coisas cegamente –
permaneceu estática e com os olhos arregalados, ela apenas piscava vez ou outra. Jimin olhou para ela:
- Você segura as pontas aqui, ?
- Claro! Me deem noticias dele por favor!
Os dois saíram disparados ao elevador enquanto digitava freneticamente no celular. Jimin sentiu a cabeça rodar enquanto ele tentava se recuperar da notícia e raciocinar.
- Estou avisando o chefe!
- E quem avisou você sobre isso? Como você soube?
- O Namjoon! Agora como ele soube disso eu não sei!
- E o que exatamente aconteceu? – eles entraram no elevador –
- Ele disse que nos explicaria quando chegássemos lá! Os dois estão tão próximos assim?
Jimin umedeceu os lábios enquanto o elevador levava eles para o estacionamento, ele ficou em silêncio até que ele ficou sem graça.
- Eu não sei! Não tenho falado muito com o Hoseok! – Jimin sentiu o peso da culpa lhe pesar os ombros –
- Podemos ir no seu carro? – Jimin assentiu para ela –
Já dentro do carro passou as mãos pelas pernas, nervosa enquanto Jimin tentava não chorar.
- Como deixamos as coisas chegarem nesse nível Jimin?
- Eu não sei, ! Eu não simplesmente não sei! Só sei que tô me sentindo muito mal, eu mal tenho falado com ele e ele não tem culpa de nada!
- Eu também não falo com ele desde o dia da inauguração! Toda essa bagunça dentro de mim fez com que eu me afastasse completamente, e isso pode ter influenciado nessa decisão!
- Agora temos uma segunda chance, !
Já no hospital Jimin consegue encontrar o pai de Hoseok com os olhos arregalados e quando os dois se aproximam, Namjoon e uma senhora estavam frente a frente e pareciam discutir:
- Eu não imaginei que ele fosse ficar tão bravo quando descobrisse sobre o irmão e sobre o dinheiro que o Sung Hoon me emprestou! Quer dizer, eu sabia que ele poderia me odiar um pouco mais, mas que ele faria algo dessa gravidade?
- O Hoseok não está bravo! Ele está numa situação de dor! O que ele sente é dor! E você o colocou lá! Justamente a pessoa que mais deveria amá-lo no mundo! – ele pausou por alguns segundos enquanto as veias do pescoço dele dilatam ainda mais – Ele nunca pensou ser bom o bastante, mas você tinha que tornar as coisas ainda piores? Você sempre o tratou como se ele não fosse nada, como se ele não importasse e mesmo assim ele continuou preso na esperança de que você mudasse. Você o arruinou, quebrou o coração dele em um milhão de pedaços!
Hayun se preparou para argumentar que queria ver o filho, mas Sung Hoon não deixou.
- Vai embora Hayun! Aliás você já deveria ter ido, não sei o que está fazendo aqui ainda! O Hoseok não vai querer ver você quando acordar e eu não vou permitir!
- Mas Sung Hoon eu tenho direito de vê-lo!
- Você perdeu esse direito quando o deixou há vinte sete anos atrás Hayun, por favor, vá embora!
Os dois se encararam e então com lágrimas nos olhos, Hayun resolveu ir embora, não sem antes esbarrar os ombros em , que agora segurava uma das mãos de Jimin com força. Os dois, confusos, foram recebidos pelo pai de Hoseok enquanto Namjoon caminhava até o bebedouro.
- Senhor Sung Hoon, o senhor pode nos explicar direito o que aconteceu? – Jimin pediu calmamente –
Sung Hoon começou a contar para os dois toda a história, desde o começo: a mãe reaparecendo, se encontrando com Hoseok, jantando lá, ele descobrindo sobre o dinheiro e sobre o meio-irmão, ele sumindo depois disso, as sacolas com o remédio, ele sendo encontrado pela enfermeira, o pai explicou porque chamou Namjoon, depois contou que Hayun apareceu lá depois que ele disse o que tinha acontecido e ele não sabia como ela havia descoberto o hospital que Hoseok estava, e que Namjoon havia tido aquela reação quando ouviu a mãe de Hoseok dizer que queria vê-lo…
Os olhos de e do advogado se encontraram. Ela se perguntou desde quando os dois haviam começado a gostar um do outro e ficado tão próximos, mas não incomodou com aquilo… quem sabe ela havia servido para ser a ponte entre uma bela amizade entre os dois?
A enfermeira do hospital se aproximou deles, com um modesto sorriso nos lábios.
- O Hoseok acordou! Vocês já podem vê-lo! Quem será o primeiro? O senhor? – a moça olhou para Sung Hoon –
Ele olhou para os amigos de Hoseok, como se pedisse permissão a eles para ser o primeiro e os amigos assentiram para ele, afinal de contas os dois precisavam daquele momento.
A enfermeira abriu a porta do quarto para que Sung Hoon pudesse entrar e assim que os olhos de Hoseok e dele se encontraram, ambos sentiram os olhos marejarem. O pai então se aproximou do filho que fechou os olhos deixando as lágrimas caírem pelas bochechas.
- Me desculpe pai! – ele pediu baixinho enquanto segurava a mão de Sung Hoon – Eu só queria acabar com toda a dor, só isso!
Sung Hoon balançou a cabeça para ele enquanto também chorava e apertava a mão do filho na sua. Ele sabia que o filho estava tão consumido pela dor que viu uma única saída para acabar com aquilo tudo… não podia julgá-lo!
- Você é tão importante para mim Hoseok! Tão valioso meu filho! Eu quero que você saiba que você é amado. Sua vida tem um valor inestimável, e estou aqui para ajudá-lo a superar isso. Sei que posso não entender completamente o que você está passando filho, mas estou disposto a ouvir e aprender. Quero ajudar de qualquer maneira que eu puder!
Hoseok apertou a mão do pai enquanto levava a outra para o próprio rosto, limpando as lágrimas que caiam sem parar.
- Me desculpe também por ter deixado a Hayun voltar para as nossas vidas e por não ter falado tudo para você! Eu não deveria ter passado o endereço do seu trabalho, ela só trouxe desgraça para a nossa vida!
Hoseok balançou a cabeça em negativa para o pai enquanto as lágrimas voltavam a cair por sua face.
- Você não tem culpa de nada! Nem eu tenho! Não existem culpados… eu só… – ele tapou parte do rosto com a mão livre – Eu só não aguentei passar por toda essa dor de novo! Foi muito para mim… e eu acabei… acho que talvez eu precise de ajuda!
O pai passou a mão pelo rosto de Hoseok, que chorou ainda mais.
- Lembre-se de que pedir ajuda não é um sinal de fraqueza, Hoseok! E sim de coragem. Vamos procurar profissionais que possam nos orientar nesse processo meu filho!
Hoseok assentiu para o pai e então os dois se abraçaram com ele voltando a pedir desculpas para o pai. Quando os dois se soltaram o pai voltou a acariciar o rosto do filho que fechou os olhos.
- Tem mais gente querendo falar com você…
- Pai, se for ela… – o pai o interrompeu –
- Não filho! Claro que não é a Hayun! São outras pessoas…
- Outras pessoas? – ele franziu o cenho, confuso –
- Seus amigos, meu filho! Você agora tem amigos… – o pai sorriu para ele –
Hoseok piscou algumas vezes, ainda atônito e confuso.
A porta voltou a se abrir e Hoseok enxergou Jimin entrando no quarto, com a camisa social branca com alguns botões desabotoados e os olhos cheios de água. Hoseok também marejou os olhos ao ver o amigo ali.
- Amigo! – Jimin engoliu seco – Eu nunca soube o quanto você estava sofrendo. Sinto muito por não ter percebido antes… Você não está sozinho, estamos juntos nisso! Me desculpe por estar tão babaca! Você não tem culpa de nada que tem acontecido comigo, e você é o meu melhor amigo!
Jimin fechou os olhos deixando as lágrimas quentes descerem finalmente, agora que estavam a sós.
- Você também é o meu melhor amigo Jimin-ah! E eu sinto a sua falta! – Hoseok também chorava agora –
- Me desculpe J-Hope! – ele limpou as próprias lágrimas – Porque você não me procurou quando a sua mãe apareceu?
- Você está sempre ocupado com a Chloe… eu não quis incomodar ou atrapalhar!
- Não importa! A Chloe não é mais importante que você… desculpe se pareceu isso! Você é meu amigo, meu melhor amigo! Não podemos deixar nada afastar nós dois de novo, me prometa que de agora em diante vamos nos falar todos os dias?
- Todos os dias? – ele viu Jimin erguer o dedo mindinho na direção dele e então esboçou um sorriso –
- Todos os dias, de domingo a domingo! Vamos! Faça a promessa!
Hoseok ergueu a mão e então o mindinho dos dois se cruzou um com o outro, com força.
- Acho que você é quem vai precisar se esforçar para manter essa promessa hein?
- Não vai ser esforço nenhum, porque somos amigos! Eu não estive muito presente, sei disso! Mas isso muda a partir de hoje!
- Eu acredito em você! – os dois deram as mãos –
- Tem mais gente esperando para ver você, então eu vou sair! Mas volto! Já até combinei com o seu pai de dormir aqui essa noite com você!
- Eu vou precisar ficar aqui essa noite? – ele piscou algumas vezes –
- Em observação, porque você está fraco e um pouco desidratado. Mas amanhã devem te liberar, e eu vou ficar aqui com você até isso acontecer!
O amigo sorriu e então Jimin apertou a mão dele outra vez antes de soltá-la.
tremia um pouco quando segurou a maçaneta da porta do quarto, respirou fundo e então a abriu. Ela se lembrou de quando ficou internada por causa da cirurgia de apêndice e ele foi ficar com ela… os olhos marejaram. Ele tinha os olhos fechados e a morena se perguntou se ele havia pegado no sono e se não seria melhor voltar outra hora… quando encostou a mão na maçaneta pronta para dar meio volta, Hoseok abriu os olhos:
- Minhas quedas nunca foram tranquilas, tenho tendência ao desastre. Me desculpe!
- Eu que te devo desculpas na verdade, não é? Por tudo que causei…
- Por eu ter me apaixonado por você? Foi uma escolha minha continuar com as coisas do jeito que estavam, eu nem tinha o direito de explodir com você como eu explodi!
- Não vamos falar disso agora! – ela caminhou em direção à cama dele – Você ainda está fraco, não é hora! Precisa descansar!
se atreveu a colocar a mão sobre a testa dele e depois lhe acariciou os cabelos.
- Senti tanto sua falta! – Hoseok fechou os olhos e se permitiu chorar outra vez –
fechou os olhos e então debruçou o corpo magro sobre a cama, sobre o dele, o abraçando e se rendendo ao choro também (mesmo achando que já não tinha lágrimas o suficiente tantas vezes havia chorado desde que se afastara deles).
- Não pense nisso! Eu to aqui agora! Fiquei tão preocupada quando recebi a notícia! Me senti tão culpada!
- Você não tem culpa de nada! – ele passou as mãos desajeitadamente pelas costas dela – Eu só sinto sua falta, só isso! Me desculpe por ter feito o que eu fiz! É que alguns minutos podem ficar na sua cabeça por horas…
- Não! Não me peça desculpas por nada! Você não precisa! – ela se afastou dele o suficiente para conseguir limpar suas lágrimas –
Hoseok segurou uma das mãos dela.
- Quando não consigo dormir, eu gosto de imaginar eu e você. Sei lá, só achei que você deveria saber…
depositou um beijo demorado na testa dele e então ela limpou as próprias lágrimas.
- Você não está sozinho e sabe disso, não sabe? Nós vamos te ajudar a se recuperar mais uma vez de tudo que essa dor te causou! O Namjoon e o Jimin iam terminar de avisar os meninos e as meninas, tenho certeza que poderemos te ajudar!
- O Namjoon também ficou sabendo?
- Sim! O seu pai ligou para ele, porque ele era sua última conversa do Whatsapp… foi ele que me avisou! Ele está aí, deve ser o próximo a vir falar com você inclusive…
Hoseok não soube o que dizer, e então examinou o rosto de procurando por alguma reação ruim ou estranheza da parte dela, mas pareceu não encontrar.
- Ah! – ele apertou a mão dela, já que agora eles tinham as mãos dadas – Ele…
o interrompeu.
- Você não precisa me explicar nada sobre vocês dois! Talvez só sejamos cobaias para os erros de alguém que só vai ser melhor com o próximo… Se vocês estão se aproximando e se ele tem sido legal com você eu fico feliz! Inclusive ele falou algumas coisas para sua mãe! Achei incrível ver ele defendendo você! Ela queria ver você, e o Namjoon acabou falando poucas e boas para ela…
Hoseok engoliu seco… resolveu fechar os olhos. Uma coisa de cada vez!
Quando Namjoon abriu a porta, Hoseok olhou para as próprias mãos. Ele se sentia estranho ao estar tão vulnerável na frente de Namjoon… especialmente depois de tudo havia acontecido com eles.
Antes que Namjoon se aproximasse, Hoseok despejou:
- Me desculpe Namjoon! – ele mexeu no cobertor – Especialmente pelo meu pai ter te envolvido nisso tudo! É que ele se desesperou e não soube com quem falar e você foi minha última conversa!
Namjoon deu um sorriso de canto enquanto se aproximava da cama dele.
- Desculpas pelo que? Não tem problema nenhum! O seu pai não me incomodou me avisando sobre o que tinha acontecido! E outra coisa: eu gosto de você e me importo com você Hoseok!
Namjoon reparou que as bochechas pálidas de Hoseok ficaram levemente rosadas e ele alargou o sorriso.
- Que bom que você está vivo! E bem! Você tem muitas pessoas que se importam com você Hoseok!
Ele assentiu enquanto ainda olhava para as próprias mãos no cobertor.
- Eu não soube como encarar a dor toda de novo! – Hoseok ergueu os olhos –
- Sinto muito por ter te incentivado de alguma forma quando saímos para falar da sua mãe!
- Não! Não precisa me pedir desculpas! – ele balançou a cabeça em negativa – Fiquei sabendo que você discutiu com a minha mãe aqui no hospital…
Um sorriso sem mostrar os dentes surgiu nos lábios de Hoseok.
- Não foi nada demais para mim falar umas verdades para ela! Eu só não queria que ela machucasse você ainda mais! Não ia ser bom ver você se machucar ainda mais pela presença dela aqui!
- Seu pai disse que você falou algo sobre precisar de ajuda! Eu tenho alguns profissionais para recomendar… você vai procurar ajuda, não vai?
Hoseok olhou outra vez para o advogado e disse para ele que sim.
- Nem eu, e nem o pessoal queremos passar esse susto de novo Hoseok! – Namjoon sorriu – E se sinta à vontade para me procurar! Sempre! E quando quiser repetir o programa que fizemos na noite passada, é só me mandar uma mensagem! Podemos sair sempre que você precisar e quiser…
Hoseok tentou sorrir genuinamente para o advogado.
- Eu agradeço!
Jimin abriu a porta para verificar se o amigo estava acordado e por sorte ele estava! Sorriu para ele, que sorriu de volta e então ele entrou no quarto com a mochila nas costas. Depositou a mesma em uma poltrona e então olhou para o quarto como um todo. Hoseok ainda estava pálido e continuava tomando soro para se hidratar e fortalecer o corpo.
- Acho que cabe todo mundo! – ele ajeitou uma mesa que havia no quarto trazendo mais para o centro do mesmo – E aqui cabem as coisas!
- Como assim? Do que está falando Jimin? – Hoseok gargalhou baixo –
- Você verá! – Jimin piscou para o amigo –
Ele caminhou até a porta do quarto e a abriu, colocando a cabeça e quase todo o corpo para fora e então fez um gesto com a mão antes de abrir a porta do quarto totalmente. Hoseok, curioso e com os olhos levemente arregalados, observava sem entender nada. Logo os barulhos começaram a ser ouvidos e então Namjoon, seguido de: Jin, Suga, , , Jungkook, Taehyung, , e entraram no quarto. Eles seguravam alguns balões, caixas de pizza e bebidas não alcoólicas (sucos e refrigerantes), além de pratos e copos de plástico, guardanapos, garfos e também um pequeno bolo.
- O que? O que é isso? Não é nem meu aniversário! – Hoseok sorriu com toda a força que ele tinha ao ver os amigos –
Alguns amigos arrumavam as coisas sobre a mesa, enquanto outros colocavam os balões na parede, amarravam-nos na cama de Hoseok e falavam todos juntos. Jimin observava o amigo, sorrindo por ele parecer feliz com a visita de todos.
Suga foi o primeiro a se aproximar dele na cama e então os dois deram as mãos e as apertaram.
- Que susto você deu na gente J-Hope! Quando o Namjoon avisou para gente tudo o que tinha acontecido com você eu havia acabado de sair de uma sessão de fisioterapia e estava pensando no progresso do seu pai? Acredita?
- Sério? – Hoseok perguntou depois de soltar as mãos do fisioterapeuta –
- Sim!
- O Namjoon contou para a gente toda a história da sua mãe… e aí nós entendemos o quanto deve ter sido difícil para você todas essas descobertas!
deixou um beijo rápido na bochecha dele. Depois se aproximou, sendo seguida por Namjoon. se debruçou delicadamente sobre a cama e abraçou Hoseok. Os olhos de Namjoon bateram lá e ele pareceu ter ficado inquieto.
- Todo mundo tem os seus próprios problemas! Então estamos todos tentando encontrar o caminho… Dia após dia é uma luta nesse mundo. Basta saber que você não está sozinho Hoseok!
Namjoon engoliu seco ao pensar no tempo em que estava demorando debruçada sobre Hoseok, que ainda estava fraco. Ele abriu a boca, mas não disse nada e a fechou outra vez. o observava…
- Obrigada ! – ela finalmente soltou Hoseok e levantou o corpo –
foi a próxima a abraçar o amigo, Namjoon cruzou os braços, preocupado.
- Você tem que se levantar Hoseok! Se erguer de novo! Você tem que se levantar e dar um passo, porque o mundo jamais te verá até você se ver! Então, você precisa mostrar para eles!
Hoseok assentiu para ela enquanto lhe afagava vagarosamente as costas. Depois foi a vez de V, que tinha os olhos marejados quando abraçou Hoseok com certa força.
- V! – Namjoon não aguentou – Cuidado! Ele ainda está fraco…
- Ah! – ele soltou Hoseok – Me desculpe, é verdade! Você assustou mesmo a gente cara! Agora que estamos conseguindo ensinar você a jogar, você tem que ficar firme para conseguir ganhar de mim!
Os amigos e Hoseok riram e então V voltou a abraçá-lo, com mais delicadeza dessa vez, visivelmente emocionado e emotivo. Depois foi a vez de Jin, que segurou a mão de Hoseok ao invés de abraçá-lo.
- Assim está bom Namjoon? – os amigos riram – Complementando o que a disse, você precisa mostrar para o mundo o seu eu verdadeiro sabe? Você precisa mostrar o que você tem! Não, deixe acharem que você não é forte!
Hoseok assentiu para Jin também, começando a ficar emocionado. O próximo a se aproximar dele foi Jungkook. Abraçou o amigo com os olhos bem pesados, mais até do que os de V. Hoseok sorriu enquanto tentava retribuir o abraço apertado do mais novo, que o apertava.
- Jungkook! – Namjoon deu dois tapinhas gentis nas costas de JK – Cuidado! Hum? Vai com calma.
ajeitou o cabelo atrás da orelha, observando como Namjoon estava super protetivo com Hoseok, depois ela coçou a sobrancelha enquanto os amigos riam. Porque aquele comportamento todo com Hoseok? Os dois realmente estavam tão próximos assim? Ela ficou curiosa… desviou os olhos dos de Namjoon quando ele olhou para ela.
- E você não tem que ser perfeito, J-Hope! Porque ninguém é perfeito… Desculpe ter te apertado! É porque eu fiquei muito mexido com a possibilidade de… enfim!
Ele limpou uma lágrima que escorria do canto de seu olho e Hoseok também se permitiu chorar antes de se desculpar. V também chorava…
- Sem choro Hoseok! Nós temos muito o que celebrar agora! – sorriu e se aproximou da cama, perto de Namjoon – Você nem sempre precisa ser forte só por conta própria… está tudo bem em pedir ajuda! As pessoas te julgarão, mas elas não irão te definir. E você encontrará pessoas que te ajudarão a se reformular… por exemplo, nós todos aqui! Pode ser? Que tal?
Os dois sorriram um para o outro e lhe afagou os cabelos, olhando para Namjoon logo em seguida e arrancando mais algumas risadas dos amigos.
- E cadê a ? – ele olhou pra e pra –
- Eu já ia ligar para ela agora! A acabou tendo uma recaída depois do aniversário dela, por causa do irmão. Você se lembra do que aconteceu não é? – Hoseok assentiu – Então, ela aceitou ajuda e está em tratamento lá em São Paulo! Ela pediu que eu ligasse para ela, em um momento em que ela pudesse mexer no celular, que ela quer falar com você! Ou seja, tratamento é muito importante senhor Hoseok!
- Viu só como você é importante? Nem eu recebi uma chamada de vídeo ainda! – Jin brincou fazendo todos rirem outra vez –
ligou para a amiga e quando ela atendeu as duas sorriram uma para a outra e acenaram com as mãos, depois ela virou a câmera do celular para que pudesse ver todos os amigos. Os olhos dela bateram em Jin, e ele sorriu abertamente para ela, que sorriu de volta. Cumprimentou os amigos e então se aproximou de Hoseok, virou a câmera e virou o celular na direção dele. Hoseok sorriu para sem mostrar os dentes.
- Ei! – ela chamou – Que susto hein mocinho?
Hoseok soltou um riso nasalado.
- Eu espero que você já esteja um pouco melhor!
- E eu o mesmo com você !
- Eu não posso ficar muito com o celular então o que eu quero te dizer é o seguinte: posto que você não achava que chegaria tão longe assim! Agora, aqui está você! Você é forte, você é inteligente, você vale mais do que mil motivos Hoseok! Não há ninguém no mundo como você! E procure ajuda ok? Me prometa que vamos os dois, ficar bem!
- Ok! – os olhos dele marejaram outra vez com o discurso de – Eu prometo!
se despediu rapidamente da amiga e então elas desligaram.
Eles começaram a comer e a conversar, e as risadas – baixas é claro – preenchiam o cômodo hora ou outra. Ao longo da noite o clima foi parecendo mais leve e o coração de Hoseok se encheu de amor, o que foi mais um incentivo para que ele se recuperasse logo.
Já do lado de fora do hospital, V que observou basicamente a noite toda resolveu agir. Estava angustiado demais!
- ! – ele se aproximou dela, que estava próxima a , Suga e Namjoon – Você precisa de carona para casa?
Ela achou estranha aquela pergunta vindo dele e então olhou para antes de responder.
- O Suga disse que ia me levar… porque?
- Porque eu gostaria de te levar… preciso falar com você!
- Falar comigo?
- Sim! – ele olhou para os outros amigos presentes –
Eles entenderam. acariciou as costas da amiga então ela e Suga saíram, Namjoon seguiu o mesmo rumo que os dois, indo de encontro a e , deixando os dois sozinhos.
- Nós já vamos então! – e Jungkook se aproximaram deles – Te espero em casa!
beijou a bochecha do irmão e depois fez a mesma coisa com e depois foi a vez de Jungkook se despedir deles. O coração dela começou a tamborilar.
- Vamos?
Os dois se despediram dos amigos restantes e então seguiu V até seu carro, entrando no banco do carona assim que ouviu o barulho do alarme. Quando ele entrou no carro, observou o perfil dele e depois os cabelos que agora estavam mais longos. Como ele havia conseguido ficar ainda mais bonito depois desse tempo todo em que tudo havia dado errado? Ela engoliu seco, mas continuou observando o perfil dele, hipnotizada. Até que o carro começou a se movimentar e ela se deu conta que estava sem o cinto de segurança. Colocou-o logo em seguida. Os primeiros minutos foram feitos em silêncio.
- E o que você quer falar comigo Taehyung?
Ele olhou rapidamente para ela e depois olhou para o trânsito.
- Podemos esperar eu te deixar em casa? Não quero falar sobre no meio do trânsito!
- Tudo bem! – ela deu de ombros, como se não estivesse morrendo por dentro –
Silêncio, até que enfim eles chegaram na porta do prédio dela. se desfez do cinto e ele também.
- Não quero mais ficar longe de você! – Taehyung umedeceu os lábios –
acompanhou o movimento com os olhos e surpresa, ela olhou para ele. O coração saltou no peito…
- Tudo isso que aconteceu com o Hoseok, me fez refletir muito! Sobre tudo na minha vida! E isso inclui você, é claro! A vida é um sopro, a gente não sabe de nada na verdade! Me afastar de você completamente e manter esse rancor aqui dentro de mim, pareceu sempre a coisa certa a ser feita! – ele voltou a umedecer os lábios –
engoliu seco enquanto aproximava o rosto do dele.
- Naquela época pareceu a melhor solução. Agora eu já não sei mais… na verdade eu sei sim! Não é a melhor solução!
assentiu para V enquanto via ele segurar uma de suas mãos.
- Quero voltar a ser seu amigo! Quero poder falar com você todos os dias, quero poder contar as coisas da minha vida, quero poder voltar a ouvir as suas piadas, quero voltar a rir com você e ser seu melhor amigo de novo! Podemos por favor voltar com a nossa amizade ?
ouviu atentamente as palavras sinceras de Taehyung, sentindo seu coração acelerar com cada frase. Ela viu a mudança em seus olhos e percebeu o quanto ele havia amadurecido desde a última vez que se falaram. Apesar de ter tido esperanças sinceras de que a proposta seria outra, ela ficou feliz com ele querendo voltar com a amizade. Claro que ela gostaria que os dois pudessem recomeçar como um casal, mas aquilo já era incrível! Lentamente, um sorriso brotou em seus lábios enquanto ela segurava a mão dele de volta.
- Taehyung, eu senti sua falta! E mesmo que o passado tenha sido difícil, acredito que as pessoas podem mudar e evoluir e claro, eu aceito sua oferta de amizade novamente!
Os olhos de Taehyung brilharam de gratidão e alívio ao ouvir as palavras de . Ele a puxou para um abraço apertado, expressando sua felicidade pela reconciliação.
***
Os olhares de e Jimin se cruzaram, ele dormiria com Hoseok, mas havia ido até a porta do hospital para se despedir de todo mundo. Enquanto os dois ainda se encaravam, Jimin pensou se deveria se aproximar dela para lhe agradecer por ela ter ido até o hospital ver Hoseok. Mas qual o sentido daquele agradecimento? Ele fechou os olhos e balançou a cabeça, quem ele queria enganar? Só estava procurando uma desculpa para se falar com ela… não podia!
também queria falar com ele, e assim o fez.
- Jimin! – ela umedeceu os lábios – Só vim te pedir para deixar de lado tudo que aconteceu entre a gente e voltar a falar com o Hoseok! Na verdade não só com o Hoseok, com todo mundo! Isso que aconteceu hoje, eu acho que serviu muito para mostrar que a vida é um sopro! A qualquer momento podemos perder para sempre as pessoas que amamos, e sei que você ama o Hoseok! Então não é justo com ele e nem com o restante da turma que você se afaste por minha causa! E não é justo com você também! É só me ignorar, você não precisa falar comigo e nem eu com você, só não deixe de comparecer mais nos eventos em que todos estivermos! Como eu disse, vou respeitar seu espaço! E também estou cansada de brigar!
respirou profundamente, soltando o ar preso nos pulmões e fechando os olhos. Havia falado tudo de uma vez, ou então não teria coragem. Abriu os olhos e então encarou de Jimin de volta. Ouviu a chamando… Jimin assentiu para ela com firmeza, sabendo que dessa vez ela tinha razão. Os dois se encararam por mais alguns segundos e chamou outra vez. Os olhos de Jimin desceram para os lábios dela e foi a vez dele umedecer os próprios lábios. Se amaldiçoou por sentir saudades do beijo dela. voltou a respirar profundamente.
- Boa sorte na vida Jimin! Você é um cara legal, não se perca da sua essência por minha causa! – ela assentiu para ele e então foi de encontra a –
Jimin fechou os olhos e contou: 3!
Centésimo Décimo Terceiro Capítulo – COMPLETE MESS
Jungkook ajeitou a grande mochila nas costas e depois retirou as chaves do carro do bolso da calça jeans, destravou distraidamente o mesmo e então parou de andar quando percebeu os quatros pneus furados e praticamente vazios… ele coçou a cabeça achando aquilo estranho.
Se fosse apenas um dos pneus, tudo bem, essas coisas acontecem! Um prego, uma pedrinha e etc… mas os quatro pneus? E outra, ele não havia tirado o carro do estacionamento do prédio nem para ir almoçar. Alguém havia furado aqueles pneus… o coração dele saltou no peito enquanto ele pegava o celular dentro do outro bolso para ligar para o seguro, pois como os quatro pneus estavam furados, ele precisaria de auxílio. Depois de resolver com o seguro, ele resolveu ligar para Namjoon… no fundo, no fundo, Jungkook sabia que aquilo só podia ser obra de uma única pessoa! Antes que ele pudesse ligar, uma mensagem de texto de um número desconhecido brilhou na tela. Jungkook a abriu:
“Fique longe dela!”
Era apenas essa frase contida na tal mensagem de texto. Jungkook umedeceu os lábios. Era o stalker, ele tinha certeza!
“Jungkook…” – Namjoon atendeu –
“Hyung…” – Jungkook pausou, enquanto ainda observava os pneus – “Aconteceu uma coisa estranha!”
“E o que foi?”
“Eu saí agora do trabalho e meus quatro pneus estão furados… e também recebi uma mensagem de texto de um número desconhecido dizendo ‘Fique longe dela!’.”
Namjoon ficou em silêncio por alguns segundos.
“Notícias da ? Eu vou procurar saber alguma coisa com o delegado da penitenciária e avisar a ele sobre esse ataque que você recebeu! Vou procurar saber notícias da também, não conte nada para ela por enquanto, pode ser?”
“Pode! Só me dê notícias também!”
“Claro! Eu já te ligo aí! Está em um local seguro? Precisa que eu vá para aí?”
“Daqui a pouco o pessoal que o seguro vai enviar deve chegar! E hora ou outra o pessoal do prédio vem pegar os carros… eu não tenho medo dele Namjoon!”
“Não é porque você não tem medo dele que deve ficar exposto! Espere dentro do carro!”
Cerca de quinze minutos depois o pessoal começava a trocar os pneus de Jungkook e ele andava de um lado para o outro, inquieto e sem notícias de e Namjoon. Até que o celular tocou…
“Oi hyung!” – umedeceu os lábios e passou a mão livre pelo pescoço –
Jungkook sentia como se estivesse sufocado.
“A está bem! Conversei com o V antes de te ligar, achei melhor que ele soubesse também e nós dois combinamos de não contar nada para a por enquanto… Jungkook…”
“O que foi hyung?”
“Ele fugiu Jungkook! Outros três presos estão foragidos também! Eles conseguiram render dois agentes penitenciários e acabaram conseguindo fugir!”
“E você e o Taehyung realmente acham uma boa ideia a não saber disso?”
“Você acha uma boa ideia ela saber e se desesperar? Tem dois dias apenas, ainda há chances de ele ser pego! Preciso que você vá comigo até a penitenciária para entregar seu celular para uma rápida perícia! Eu não vou deixar nada acontecer com você e com a !”
Jungkook confiava no trabalho do advogado e sabia que ele faria o possível e o impossível para proteger os dois, especialmente . Jungkook olhava para o nada enquanto sentia os olhos marejarem, se o stalker não fosse não fosse preso logo, Jungkook infelizmente teria que se afastar de outra vez, e aquilo doía. Mas ele não podia colocar a vida dela em risco! Quando o pessoal enviado pelo seguro terminou o serviço ele os agradeceu e finalmente entrou em seu carro.
Jogou a cabeça para trás fechando os olhos com força. Ele tinha que proteger .
Namjoon abriu a porta devagar e então vislumbrou Hoseok ainda deitado na cama, com os fones no ouvido e os olhos fechados. Namjoon adentrou o quarto em silêncio, fechou a porta atrás de si e pôs-se a observar Hoseok que parecia dormir. Passeou os olhos pelo rosto delicado do químico, observou os olhos rasgados dele fechados, depois observou o nariz pontudinho de Hoseok, e sorriu involuntariamente. Aí os olhos dele baixaram para seus lábios, finos e rosados… Namjoon engoliu seco e então se aproximou a passos lentos dele na cama.
Voltou a engolir seco e se abaixou o suficiente para ficar com o rosto próximo ao de Hoseok enquanto ainda observava os lábios dele. Namjoon fechou os olhos e então depositou um selinho demorado em seus lábios… Hoseok sentiu o contato dos lábios de Namjoon nos seus e então abriu os olhos rapidamente, encarando Namjoon com os lábios grudados delicadamente aos seus.
Namjoon se afastou de Hoseok e então o viu com os olhos abertos e levemente arregalados! Os dois engoliram seco juntos quase que sincronizadamente e mais uma vez lá estava Namjoon com as bochechas coradas, o que era raro aos olhos de Hoseok.
- Eu vim buscar você! Você já ganhou alta! – ele pausou respirando fundo – A deve tá chegando também!
- O meu pai tinha dito que a Maria viria me buscar, e eu até insisti dizendo que não precisava! – Hoseok piscava os olhos com os grandes cílios batendo uns nos outros –
- Eu e a combinamos ontem a noite com ele de buscarmos você no lugar dela! Mas seu pai provavelmente achou melhor deixar como uma surpresa!
Namjoon sorriu enquanto dava de ombros. Hoseok se livrou dos cobertores e do fone de ouvido e se sentou na cama. e o médico entraram no quarto e o doutor sorriu para Hoseok que sorriu de volta, mas sem mostrar os dentes.
encarou Namjoon e fez a mesma coisa que Hoseok, sorriu para ele sem mostrar os dentes. Namjoon sentiu o coração acelerar quando ela ajeitou os óculos no rosto e ficou vermelha… ele passou a língua pelos lábios. O médico e Hoseok conversavam, e ele aconselhava Hoseok a procurar um especialista e um terapeuta, afinal de contas o que havia acontecido era considerado grave.
O médico fez algumas checagens padrões, aferiu sua pressão, mediu os batimentos cardíacos e verificou se ele estava com febre. Tudo estava tranquilo e então Hoseok ganhou finalmente a tão esperada alta. O médico se despediu de e Namjoon e os deixou sozinhos. Silêncio no quarto por alguns segundos. Como aquilo era estranho, pensaram os três.
- Você já arrumou suas coisas? – quebrou o silêncio –
- Ainda não! Mas tá praticamente tudo arrumado! Eu só preciso me livrar dessa roupa de hospital! – ele se levantou e então Namjoon procurou pelas malas dele com os olhos –
- Tá aqui! – apontou para a mochila preta sobre o sofá –
Ela caminhou até o mesmo e a pegou com as duas mãos e então Namjoon andou até ela, ajudando-a já que a mochila parecia pesada. Em seguida ele caminhou até Hoseok, depositou a grande mochila sobre a cama e a abriu. cruzou os braços abaixo dos seios, observando a dinâmica entre os dois. Hoseok vasculhou a mochila em busca de um par de roupas, e então retirou uma calça jeans de lá e uma camiseta branca lisa e simples. Hoseok então começou a levantar a camisola do hospital. Namjoon engoliu seco e então retirou o próprio blazer do corpo com rapidez e tapou Hoseok o máximo que podia. se aproximou, abrindo um sorriso sapeca, ficou na ponta dos pés e então tentou observar Hoseok se trocando e arrancou uma das gargalhadas gostosas dele, enquanto Namjoon franziu a testa e levantou ainda mais o blazer.
- Porque você está cobrindo ele? Não tem nada aí que eu já não tenha visto Namjoon!
- Uma coisa não tem nada a ver com a outra ! E o Hoseok é tímido, então é melhor cobrir! E você, anda logo Hoseok! Vire-se e olhe para o outro lado!
ergueu as duas sobrancelhas e ainda com o sorrisinho sapeca nos lábios ela virou o rosto para o lado oposto, virando-o novamente logo em seguida e fingindo espiar, apenas para arrancar outra gargalhada de Hoseok.
- Pronto Namjoon, já estou vestido! – Hoseok avisou –
Namjoon voltou a vestir o blazer e então e Hoseok se encararam profundamente e finalmente depois de um tempo.
- Vamos? – ela enrolou uma mecha do cabelo nos dedos – Acho que a gente podia aproveitar para almoçar, não? Já são quase meio dia!
- Nós três? – Hoseok arregalou os olhos –
- Qual o problema? – Namjoon deu de ombros gostando da ideia –
Hoseok chegou a abrir a boca para falar, mas não conseguiu. Então era isso? Os três não teriam uma conversa sobre tudo? Eles passariam por cima de tudo que aconteceu – aliás de tudo que vinha acontecendo – e saíriam para almoçar como se fossem melhores amigos? A cabeça dele deu um nó…
Dentro do carro de Namjoon, resolveu ir no banco de trás, ela não ficaria confortável ao lado de Namjoon no banco da frente, não com Hoseok lá, então ela se sentou no meio e colocou seu cinto. Hoseok e Namjoon fizeram a mesma coisa.
- E se a gente almoçar lá perto do seu trabalho, ? Já que você tá sem carro, é mais fácil, não?
- Pode ser! Quando você volta para o trabalho, Hobi?
Namjoon reparou no sorriso gostoso que ele soltou ao ouvir chamando-o pelo apelido novamente e então ele sorriu também. As coisas pareciam estar voltando ao normal… mas que normal? Namjoon se perguntou.
Os três foram conversando sobre opções de psicólogos, elogiou bastante a profissional que a atendia, disse que ela também atendia a , já Namjoon disse que conhecia alguns profissionais bons e que também poderia recomendar várias opções… mas Hoseok pareceu mais interessado na profissional indicada por , o que não incomodou Namjoon.
Os pratos foram chegando e e Namjoon repararam que Hoseok mal levava o garfo à boca, e só mexia na comida dentro do prato. Os dois olharam um para o outro e então pigarrou.
- Porque não está comendo?
- Eu? – Hoseok apontou para si mesmo –
- Sim senhor! – Namjoon respondeu – Você está se sentindo bem?
- Se não estiver, pode falar! Nós levamos você para casa!
- Eu só não estou com fome! – ele balançou a cabeça para os dois – Me lembrei de quando almocei com a minha mãe!
e Namjoon voltaram a se encarar.
- Você não pode deixar ela te assombrar de novo! Ela não pode acabar com você Hobi!
esticou a mão, colocando a mesma sobre a de Hoseok. Namjoon tocou e segurou o ombro dele com firmeza.
- Você não precisa dela Hoseok! Nunca precisou! Olha quanta coisa você conquistou…olha o quão longe você chegou!
- E você precisa comer! Passou dois dias comendo comida de hospital, que eu sei que é só sopa! E você estava desidratado, perdeu peso…
- Tem que se forçar, só um pouquinho! Por nós dois, que tal?
- Por você e pela ?
- É! – ela tocou a mão de Namjoon também –
Namjoon bateu os olhos nas mãos de pousadas sobre as mãos dele e de Hoseok, e então ele sentiu o coração acelerar gradativamente com a sensação. E se aquilo tudo fosse de fato normal? E se os três ali, sentados, almoçando, tocando uns nos outros, conversando, rindo, fosse de fato o normal? E porque aquilo não assustava Namjoon? Porque aquilo não o incomodava? Especialmente quando ele viu Hoseok comer e a mão de continuou sobre a dele… fechou os olhos e sentiu o coração saltar dentro do peito. Quando acariciou rapidamente a bochecha de Hoseok enquanto lhe apertava a mão, pela primeira vez Namjoon não sentiu ciúmes e muito menos ficou incomodado com aquela demonstração de afeto de com Hoseok, ele gostou inclusive… Aquilo parecia certo: os três ali, juntos.
Hoseok olhou para e Namjoon, sentindo o calor reconfortante da carícia de e do toque de Namjoon sobre seus ombros. Suas palavras ecoaram em sua mente, tocando lugares profundos dentro dele. Era verdade, sua mãe ainda assombrava seus pensamentos e afetava sua relação com os outros e consigo mesmo. Mas ali, naquele momento, ele tinha duas pessoas incríveis ao seu lado, dispostas a apoiá-lo incondicionalmente.
O celular de Suga vibrou com a resposta da namorada: “Para que você quer um currículo meu?” ele sorriu, sabia que ela ficaria na defensiva e que aquela seria a primeira resposta dela para a mensagem de “Me manda um arquivo com seu currículo.”
“Anda logo , me manda! Depois eu te conto o que vou fazer com ele, oras. Não confia no seu namorado?” ele digitou rapidamente. Alguns minutos depois o arquivo já estava sendo aberto por Yoongi. Ele leu cuidadosamente o currículo da namorada e então começou as mudanças. Nada demais, claro, ele não inventou nada, mas é claro que dar uma floreada não faria mal algum certo? Formatou o mesmo e então ele releu. Depois de mais algumas modificações ele julgou a mudança perfeita e voilà! Imprimiu algumas cópias para deixar em seu próprio consultório, ele faria propaganda da namorada é claro! Vai que algum de seus pacientes, ou filhos de seus pacientes precisam de uma professora particular para aulas de reforço? Ou vai que ele arruma um emprego para ela com alguma diretora de escola? Sim ele estava otimista!
O telefone tocou três vezes e então finalmente atendeu, ouvindo a voz rouca do namorado do outro lado da linha.
“Curiosa para saber o que eu fiz com o seu currículo mocinha?” ele sorria do outro lado da linha.
“Sim! Eu hein, nunca vi essa de namorado pedir currículo!” gargalhou fazendo o sorriso dele se alargar.
“Eu dei uma reorganizada nele, formatei e mudei algumas coisas porque ele tava bem antiguinho né meu bem?”
voltou a gargalhar achando o namorado a coisa mais fofa do mundo.
“Certo meu bem! Muito obrigada!”
“Acho que tá na hora de você voltar a pensar em ser professora! É o seu sonho não é?”
soltou um muxoxo, ficando sensível ao pensar nesse assunto. Ele ouviu ela murmurar um “uhum”.
“Vou te ajudar nesse sonho! Confia em mim?”
“De olhos fechados Yoongi!” foi a vez de sorrir.
“Então pronto!”
“Vamos jantar com os meus pais hoje né? Se não quiser ir, sem problemas!”
“Não! Eu vou! Adoro jantar com seus pais!”
O vento bagunçava os cabelos de Seokjin e ele tentava em vão os deixar no lugar enquanto fotografava o grande mar à sua frente. Depois ele deu um giro em volta do próprio corpo e a avistou chegando à praia com o grande chapéu e a saia balançando com o vento. Ela ajustou o grande chapéu de uma forma que o vento não fizesse com que ele tapasse seu rosto ou sua visão. E lá ela ficou, admirando o mar. Ele precisava de inspiração para as fotos, já que a próxima exposição seria composta apenas pelas mesmas. Quem sabe ela não podia posar para ele? De longe mesmo ele começou a tirar algumas fotos da estranha, claro que depois ele falaria com ela. As fotos iam ficando uma melhor que a outra e Seokjin sorriu. Cegamente e ainda mexendo na máquina, ele se aproximou dela.
- Com licença! – Seokjin umedeceu os lábios com a língua –
A loira observou o movimento da língua dele e pensou no quanto os lábios dele eram bonitos.
- Me desculpe por atrapalhar seu momento de lazer! Você pode não acreditar, mas… – ele pausou alguns segundos – Eu sou fotógrafo e artista plástico…
Os olhos da estranha desceram para a grande máquina que ele carregava consigo.
- E estou montando uma nova exposição, inspirada no mar! Precisava de uma modelo! Me atrevi a tirar essas fotos suas, que claro, se você não topar minha proposta, elas serão apagadas! – ele mostrou as fotos para a desconhecida –
Os olhares se cruzaram e Jin voltou a umedecer os lábios, mais uma vez ela acompanhou o movimento e umedeceu os próprios.
- E qual o seu nome? – ela ergueu uma sobrancelha –
- Seokjin! Aqui está o meu cartão! Se você quiser, podemos tomar um café para você entender a minha proposta! É um trabalho sério, não estou tentando ludibriar você!
- Kim Seokjin? – ela sorriu – Conheço você! Já participei de um seminário que você deu na minha faculdade! Eu também sou amante da fotografia e estou tentando me especializar!
- Ah! – ele sorriu satisfeito e um pouco envergonhado –
- A sua galeria é linda a propósito! As fotos expostas na entrada são maravilhosas!
- Você conhece a minha galeria?
- Sim! – foi a vez da loira enrubescer – Sou Maísa, a propósito!
Ela ergueu a mão e Seokjin a segurou com firmeza enquanto os olhos verdes dela pareciam querer engolir os dele.
- Eu aceito o seu café!
Os dois sorriram.
Já sentados numa cafeteria perto da praia mesmo, ele foi logo explicando:
- Você será paga pelo trabalho, e tudo será extremamente profissional! Caso você esteja achando estranho essa abordagem no meio da praia! Eu só tirei fotos suas para que você pudesse ver a qualidade do meu trabalho…
- Que é incrível! – Seokjin ficou vermelho –
- Eu não costumo fazer isso! Normalmente é a minha assistente quem me ajuda a achar uma modelo ou um modelo através de uma agência. Meu trabalho é sério!
- E eu acredito! Agora porque eu?
- Porque você combina com o tema da exposição, você tem cara de praia e mar… achei até que você fosse modelo!
Maísa sorriu, achando que fosse um elogio. Não deixava de ser, mas provavelmente não da forma que a loira estava imaginando.
- E eu sou! E aceito sua proposta!
- Mas eu nem te falei o valor… e qual a minha idéia!
- Não precisa, eu sei que vai ser incrível! Você só precisa falar com a minha agência! Tá aqui o cartão com o telefone do meu agente, vou adiantar o assunto com ele! Os detalhes e etc, podem ser acertados com ele, mas você tem o meu sim!
Eram poucos minutos, mas ele estava feliz de poder falar com o tempo que fosse. Mesmo que só dez minutos… vê-la, saber como ela estava, poder observar suas feições mesmo que por vídeo já iria satisfazê-lo! Ajeitou os cabelos enquanto esperava atender, e quando o rostinho dela totalmente livre de maquiagem apareceu na tela, Seokjin sorriu automaticamente, sentindo o peito vibrar de felicidade.
- Oi! – sorriu de volta para ele –
- Oi! – ele fechou os olhos, mas os abriu rapidamente – Eu to tão feliz de ver você que podia começar a chorar agora sabia?
- Não! – ela gargalhou – Não chora, se não seus olhos vão ficar embaçados e você não vai conseguir ver a novidade!
- Que novidade? – ele colocou a mão no queixo e gargalhou de novo –
Ela afastou a câmera do rosto de repente e então mostrou o pé que havia quebrado completamente livre do gesso e recuperado. Seokjin voltou a sorrir enquanto aproximava novamente a câmera do rosto.
- Viu? – Seokjin, ainda sorrindo fez que sim para ela – Me livrei finalmente do gesso e agora to andando normalmente!
- To muito feliz! E você, ficou feliz?
- Muito! Foi um alívio tirar isso para sempre!
- E como tem sido as consultas? – ele viu se ajeitar e pensou que ela provavelmente estaria sobre uma cama em seu quarto ou algo do tipo –
- Tem sido boas! Você tinha razão, eu precisava! As coisas tem começado a se ajeitar aqui dentro! – ela apontou para o próprio peito – São ótimos profissionais, já fiz amizade com quase todos eles e um deles até me disse que se eu quisesse podia jogar escondido!
Os dois gargalharam juntos.
- E como está ai na cidade? Você e o pessoal tem aproveitado muito?
- A gente conheceu bastante coisa aqui já! Mas é muito grande, tanto quanto o Rio! Então ainda queremos ir em mais lugares… mas à noite fomos num karaokê! – ela gargalhou parecendo se lembrar de algo – As salas desse karaokê são individuais e eu fui ao banheiro em determinado momento e quando voltei acabei entrando na sala errada! E aí eu não percebi, já fui pegando o microfone, cantando e fazendo gracinha e até performance! Daí percebi que estava numa sala cheia de estranhos! A vergonha Jin! Não! – ela riu –
A gargalhada alta de Jin preencheu os ouvidos de , que sentiu o coração aquecer de saudade de ouvi-la. Ainda rindo ele soltou:
- Esse é um dos motivos pelos quais eu amo você!
gelou e sentiu os músculos do corpo ficarem tensos. O que ele havia acabado de falar?
Se dando conta finalmente que havia soltado um “amo você”, ele cessou as risadas e os dois se encararam sem saber exatamente o que falariam. Aquilo não deveria ter sido dito daquela forma e naquele momento e Seokjin sabia disso, mas havia sido espontâneo. Então ele mudou de assunto:
- Hoje eu conheci uma moça na praia, Maísa, o nome dele! Ela vai ser a modelo das minhas fotos da próxima exposição! Foi engraçado porque eu só achei que ela combinava com o tema e quando fiz o convite, ela já me conhecia! De um seminário que dei na faculdade dela, ela também mexe com fotografia além de ser modelo…
Foi o primeiro assunto que ele pensou para mudar o foco dos dois. mudou levemente o semblante enquanto ouvia ele contar sobre a tal modelo…
- Saudades de quando eu era sua única musa inspiradora! – ela tentou rir e sorrir –
- Eu jamais venderia um quadro ou uma fotografia sua! Não quero ninguém tendo fotos suas em casa, só eu!
conseguiu finalmente soltar um sorriso sincero na direção dele.
- Bobo! – Seokjin sorriu vendo as bochechas dela ficando vermelhas –
Os dois continuaram aproveitando os minutos restantes que lhes sobraram conversando o máximo de coisas que podiam, e deixando sempre claro em casa oportunidade que tinham a saudade que estavam sentindo um do outro e o quanto eram importantes.
Centésimo Décimo Quarto Capítulo – We’re not friends
Hoseok encarou a conversa dos dois lá, aberta pela nona ou décima vez durante o almoço. Ele mastigava sem pressa nenhuma como se não tivesse que voltar para o trabalho há menos de quinze minutos. A coragem enchia e esvaziava seu peito, mas estava pertubado com tudo aquilo, os dois precisavam de uma conversa. Digitou rapidamente, inflando o peito de ar, e ao apertar em enviar, ele soltou todo o ar preso em seus pulmões.
Namjoon ria distraído de algo que um dos sócios dizia até se dar conta do celular sobre a mesa do restaurante com a tela brilhando. O nome de Hoseok fez o coração saltar, e ele rapidamente pegou o aparelho em suas mãos.
“Oi Namjoon! Tudo bem? Acho que precisamos conversar sobre algo importante. Será que podemos marcar um encontro para falarmos pessoalmente?”
O coração de Namjoon continuou dando saltos dentro do peito, será que Hoseok queria conversar sobre o que estava acontecendo entre os dois? E o que será que ele havia decidido sobre tudo isso que estava acontecendo? Na verdade, Namjoon também não sabia direito o que ele mesmo havia decidido sobre tudo isso também! Precisava parar para pensar com mais clareza e analisar tudo o que vinha acontecendo e todos os sentimentos que andava sentindo desde que se descobriu apaixonado por , e talvez até por Hoseok também… precisava falar com alguém, as pessoas de fora costumavam ter outra visão e aquilo poderia ajudar. Fitou os sócios e chegou a abrir a boca, mas eles não eram nem de longe as pessoas ideais! Eles não falavam muito sobre suas vidas pessoais, e jogar aquelas informações na mesa durante um almoço seria pedir para eles o ridicularizarem…Umedeceu os lábios e voltou a encarar o celular.
Hoseok entrava no elevador quando sentiu o celular vibrar dentro do bolso da calça social e então fechou os olhos. Só podia ser Namjoon com a sua resposta.
“Claro, Hoseok! Estou disponível para nos encontrarmos. O que você acha de nos encontrarmos hoje à noite, por volta das oito na minha casa?”
Hoseok leu a mensagem algumas vezes, começando a se arrepender da proposta. Mas agradeceu mentalmente por Namjoon estar disposto a conversar. Respirou fundo e se sentou em sua cadeira, encarando o microscópio, ele ainda tinha muitas amostras para analisar… mas precisava sair no horário para conseguir se preparar o suficiente para aquela conversa. Ele pensou em Jimin… balançou a cabeça.
Desbloqueou o celular, leu a mensagem outra vez.
“Perfeito! Hoje à noite na sua casa. Obrigado por estar disposto a conversar, Namjoon!”
Logo Namjoon estava digitando de volta:
“Não há de quê, Hoseok. Estou aqui para você! Nos vemos mais tarde. Cuide-se até lá!”
Hoseok deixou um sorriso escapar dos lábios com a parte final da mensagem. Finalizou o assunto:
“Até mais tarde, Namjoon. Obrigado novamente!”
Jimin havia chegado primeiro, então se ajeitou na cadeira depois de ajeitar sua mochila na cadeira ao seu lado. Tirou os óculos escuros do rosto e os depositou sobre a mesa do lugar, logo em seguida ele ajeitou os anéis e retirou o relógio do pulso.
Hoseok havia ligado para ele algumas horas antes e o questionado se ele conseguiria sair uma hora mais cedo do trabalho para que os dois pudessem conversar. Ele se preocupou um pouco, mas depois se tranquilizou, deveria ser algum gatilho causado pela volta da mãe, e ele ajudaria o amigo.
O moreno chegou, segurando o capacete em uma das mãos, com força. Ele se livrou da pasta, depositando-a na mesma cadeira onde estava a mochila de Jimin e os dois se encararam. Jimin sorriu para o amigo e Hoseok, mesmo tenso, sorriu de volta para ele.
- E então? Uma cerveja?
- Uma só! Eu meio que tenho um compromisso mais tarde…
- Um compromisso? Com a ? – Jimin alargou o sorriso –
- Não! Com o Namjoon…
Hoseok engoliu seco e viu o semblante de Jimin ficar confuso.
- Ah! Com o Namjoon…
Hoseok levantou o braço, chamando um garçom. Eles pediram a cerveja e então voltaram a se encarar.
- Aconteceram algumas coisas, e elas me deixaram confuso!
- O que? Quais coisas J-Hope?
O garçom voltou com dois copos e a cerveja e os serviu, retirando-se logo em seguida. Hoseok e Jimin brindaram rapidamente antes de tomarem a cerveja.
- Eu e o Namjoon nos beijamos! E não foi só uma vez! – ele engoliu seco –
Jimin franziu o cenho e arregalou os olhos, completamente surpreso com a informação. Desde quando o amigo beijava homens também? E Namjoon? Os dois não se odiavam? As informações deram um nó em em seu cérebro e Jimin levou o copo até os lábios outra vez.
- E você gostou? Aliás, isso é novo para você não é?
- Mais ou menos novo… – Hoseok voltou a engolir seco – E bom…
Ele respirou fundo reunindo coragem para se aprofundar no assunto.
- Eu gostei dos beijos Jimin! – ele gaguejou um pouco antes de continuar – E eu… no passado, quando a gente ainda fazia faculdade…
Bebeu mais cerveja, quem sabe o líquido ajudaria.
- O que que tem? Você beijou homens lá?
- Não! O Namjoon é o primeiro homem que eu beijo! Mas não é o primeiro homem que me sinto atraído! E eu fugi disso a vida toda, porque achava errado, porque tinha medo… e com isso eu acabei fugindo de você!
- De mim? – o semblante de Jimin voltou a ficar confuso –
- De você! Por isso eu sumi depois que me formei!
- Eu ainda não entendi J-Hope… – foi a vez de Jimin engolir seco e tomar um longo gole da cerveja –
- Eu fiquei muito confuso com o que eu sentia por você! E aí acabei fugindo Jimin! Eu tive medo de estar atraído por você, e achava errado! Além de saber que você não me corresponderia e que nossa amizade acabaria, daí preferi fugir do que passar pela dor de perder você por um sentimento bobo do qual eu não tinha certeza! A minha cabeça estava uma bagunça! E eu não podia me sentir atraído pelo meu melhor e único amigo! E eu também evitava contato com muitas pessoas naquela época, especialmente com outros homens, justamente porque eu não queria sentir atração por alguém do mesmo sexo que eu!
Hoseok deixou que todo o ar preso em seus pulmões saísse num suspiro pesado e sôfrego. Jimin encarava o amigo com os olhos parcialmente arregalados, a cerveja em sua mão estava na metade do caminho, pois ele não havia conseguido levar a mesma aos lábios pela quantidade de informações. Hoseok já havia se sentido atraído por ele? Então Hoseok era bissexual? Ou ele havia finalmente se entendido apenas como gay? Ou será que ele estava confuso sobre sua sexualidade por causa do envolvimento com Namjoon e aí não sabia se era homo ou bi? E desde quando Namjoon beijava outros homens? Jimin piscou várias vezes, colocando o copo de volta sobre a mesa, tentando alinhar seus pensamentos para ajudar o amigo.
- Porque você não conversou comigo na época Hoseok? Meu Deus!
- Porque eu não tinha coragem de falar com ninguém sobre esse assunto Jimin! E eu tinha medo de perder sua amizade! Caramba, foi muito difícil na época tomar a decisão que tomei quando a gente se afastou!
- Eu teria entendido você! E juntos nós dois teríamos arrumado uma solução para isso! Eu não teria me afastado de você, achei que me conhecesse!
- Me desculpe! – Hoseok serviu seu próprio copo com mais cerveja – Na época eu não soube como agir! Hoje te conheço o suficiente para saber que você não vai fugir de mim, nem me julgar! Por isso marquei com você antes de falar com o Namjoon!
- Você e ele tem um encontro? – Jimin sorriu largamente e depois gargalhou –
Hoseok ficou com as bochechas coradas e também gargalhou, mas de nervoso.
- Não é um encontro Jimin! – Hoseok voltou a respirar fundo – Nós dois precisamos conversar sobre tudo isso que aconteceu entre nós dois!
- E quando esses beijos aconteceram? – Jimin ajustou as mangas da camisa –
- Um deles, o primeiro, foi no dia daquela reunião que fizemos na casa do V! Quando ele me deixou em casa! Mas ele estava meio alcoolizado né? Então eu fiquei achando que ele tinha feito aquilo por causa da bebida na cabeça! E o segundo, aconteceu no mesmo dia que minha mãe reapareceu!
- No mesmo dia? – Jimin franziu a testa –
- Acredita que ele estava na rua do meu escritório quando a minha mãe apareceu, e foi ele que levou ela até lá? Daí eu estava saindo para almoçar, e topei os dois! Ele presenciou toda a cena da minha mãe dizendo que era minha mãe… a noite, depois que jantei com ela, ele me mandou mensagens e acabamos nos encontrando.
Hoseok sentiu as bochechas esquentarem com o sorriso que Jimin soltou.
- Eu precisava conversar com alguém, e você estava esquisito! Então aproveitei que ele havia me oferecido apoio!
- E até mais do que isso não é? – Jimin voltou a gargalhar quando sentiu uma das mãos de Hoseok lhe acertarem um tapa de leve –
- Para Jimin! – ele gargalhou tapando a boca – Quando estávamos na casa dele, do lado de fora para ser mais exato… acabou rolando outro beijo.
Hoseok abaixou o tom de voz ao final da frase, como se não quisesse que ninguém mais ouvisse aquela parte e Jimin revirou os olhos.
- E nesse beijo vocês estavam sóbrios?
- Mais ou menos! Mas estávamos mais sóbrios que no primeiro beijo!
- E o que você sentiu nos dois beijos?
Hoseok voltou a corar enquanto levava o copo até a boca. Aquela pergunta precisava mesmo ser respondida?
- Eu senti a mesma coisa que sentia beijando a …
- Detalhes Hoseok, detalhes! Preciso saber exatamente como se sentiu para a gente poder pensar juntos no que pode tá acontecendo!
- O meu coração acelerou! No primeiro beijo eu demorei um pouco para deixar as coisas acontecerem, porque eu fui pego de surpresa! Mas o meu corpo cedeu rápido demais Jimin! E eu gostei! – ele engoliu seco – Parecia certo, não parecia errado como eu achei a vida toda que seria!
Hoseok fechou os olhos relembrando os dois beijos trocados com o advogado.
- O segundo beijo foi eu que tomei a iniciativa! O que me surpreendeu! Eu simplesmente não consegui não beijá-lo quando olhei pros lábios dele! Eu senti desejo, isso eu sei que senti! E ele tem bagunçado minha cabeça com a forma que tem me tratado, e com a pessoa que ele é de verdade! Aquele Namjoon que eu conheci, não existe! Não sei se a dor de ter perdido a fez com que ele mudasse, ou se essa personalidade incrível dele estava só escondida… pelo medo que ele tem de amar. Que nem eu!
Os olhos de Jimin brilharam rapidamente e outro sorriso genuíno voltou a brotar nos lábios do mais baixo.
- Você está se apaixonando amigo! Se é que já não se apaixonou!
- Me apaixonando? – Hoseok gargalhou de nervoso outra vez – Acho que é muito forte essa sentença!
- Como você soube que estava apaixonado pela ?
- Porque eu sentia por ela, algo que nunca havia sentido por ninguém! Porque as sensações que ela me provocava, eram únicas! Ela me fazia extremamente bem, me fazia feliz!
Hoseok fechou os olhos com força se lembrando de .
- E você não sente as mesmas coisas com o Namjoon?
- Sinto! – ele sussurrou enquanto balançava a cabeça positivamente para o amigo –
- Então bingo J-Hope! Você só precisa decidir o que vai fazer com esses sentimentos, pela , porque sei que você ainda gosta dela, e pelo Namjoon! E a propósito, caso você não saiba, você é bissexual e tudo bem!
- Mas isso é possível de verdade? – a pergunta havia sido feita mais para ele mesmo do que para Jimin – Não sei! Sempre me pareceu que o certo era escolher um dos lados para ficar! E que o lado certo, ou melhor dizendo, o lado que a sociedade prega, é que gostar do mesmo sexo é errado! Imagina gostar dos dois ao mesmo tempo?
- Você sabe o que é certo e melhor para você, Hoseok! Ninguém além de você! Você sabe que gosta dos dois! No seu íntimo você sabe… então porque não seria possível? Não tem nada de errado nisso! O que você precisa fazer agora é conversar com o Namjoon, da forma mais sincera o possível e esperar que ele faça o mesmo com você. Um passo de cada vez! Resolva sua situação com o Namjoon primeiro, depois você vai dando outros passos!
Hoseok assentiu com firmeza para o amigo enquanto o coração batia rápido no peito.
Quando os olhares de Seokjin e Namjoon se encontraram, os dois sorriram um para o outro e o advogado se levantou para cumprimentá-lo com um aperto de mãos, e depois os dois se abraçaram rapidamente. Seokjin estava curioso para saber o porque Namjoon havia o chamado para aquele café, já que os dois eram sim próximos, mas era a primeira vez que o advogado pareceu precisar de ajuda.
Os dois se sentaram e resolveram fazer seus pedidos primeiro, depois conversaram sobre amenidades, Seokjin comentou sobre a compra da casa de campo dos pais de , até falou de eles marcarem outro acampamento, e aí um pequeno filme passou pela cabeça de Namjoon… como as coisas estavam diferentes naquela época!
- Seria uma ótima ideia! – o sorriso nostálgico tomou conta dos lábios de Namjoon –
- O que te perturba Namjoon? Precisa de ajuda com alguma coisa?
Namjoon inspirou profundamente e depois soltou o ar, fazendo Seokjin sorrir, tentando tranquilizar o amigo.
- Entre todos os garotos, eu achei que você fosse a pessoa ideal! Por ser o mais velho de nós, eu imagino que você já deva ter passado por muitas coisas, além de ser o mais maduro de nós! Bom, eu te imagino assim!
Os dois gargalharam juntos.
- Me chamando de velho assim na minha cara? Que audácia! – Namjoon voltou a gargalhar antes de encarar Seokjin – Pois me diga então meu amigo!
Namjoon engoliu seco e pigarreou, depois ele coçou a nuca e encarou Jin novamente:
- Acho que talvez isso seja uma informação irrelevante para você, mas eu sou bissexual! Eu me descobri assim no período da faculdade!
- Jura? – Seokjin ergueu uma das sobrancelhas – Eu não estou aqui para te julgar, saiba disso!
Namjoon sorriu para ele sem mostrar os dentes e continuou:
- Fazia algum tempo, que bom, eu não ficava ou me interessava por algum homem.
- Até porque você estava com a até pouco tempo, mesmo não sendo sério… – os dois assentiram um para o outro –
- Sim! Mas recentemente acabei me envolvendo novamente com um! E isso tem mexido comigo!
- Em que sentido, já que você se entende bissexual há muitos anos?
Os pedidos haviam chegado e a conversa fora pausada. Depois de um gole no café, Namjoon prosseguiu:
- É que nesse caso em específico é um pouco complicado! – Namjoon coçou a nuca outra vez –
- E porque? – foi a vez de Seokjin levar a xícara até os lábios –
- Porque esse homem é o Hoseok!
Seokjin quase cuspiu o café quente para fora da boca, o pescoço e rosto dele ficaram vermelhos e Namjoon arregalou os olhos, se preocupando com o artista plástico.
- Como assim? Vocês dois não estavam quase saindo no soco esses dias pela ?
O advogado, coçou a nuca outra vez depois de soltar uma gargalhada nervosa
- É verdade! Eu não sei explicar em que ponto isso mudou… eu sempre tive curiosidade de saber porque a tinha tanta dúvida entre nós dois…
Os dois se olharam outra vez.
- E em uma conversa que nós dois tivemos, no acampamento inclusive! Enquanto corríamos atrás das coisas do aniversário da , eu percebi que talvez ele também fosse bi, e aí uma coisa levou a outra e agora estamos nessa situação!
- Estão confusos?
- Acho que ele um pouco mais do que eu, acredito que eu tenha sido o primeiro…
- Não conversaram sobre o que sentem?
- Não! – Namjoon balançou a cabeça e bebeu mais de seu café – Eu não tive coragem e muito menos ele! Quer dizer, ele me mandou uma mensagem hoje querendo me encontrar para conversar…
- Ótimo! Agora vocês dois podem finalmente entender o que sentem! E alinhar as expectativas, eu sei melhor do que ninguém o quanto isso é importante Namjoon.
- Eu sei! É que eu fugi do amor da vida toda e agora tô completamente apaixonado por duas pessoas de uma vez só!
Seokjin lhe apertou um dos ombros.
- Não tenha medo meu amigo! O amor pode ser muito bonito! Vocês dois, ou três, não sei… só precisam conversar! Com sinceridade. E claro, seja empático com o J-Hope, já que para ele isso deve ser ainda mais novo do que para você!
Namjoon balançou a cabeça positivamente para o mais velho.
Ele abriu a porta da casa e tinha exatamente uma hora livre antes que Hoseok chegasse. Os olhos de Namjoon passearam pela sala repleta de papéis, e ele teve uma espécie de déjà vu, um flashback:
“- Sei que é impossível, mas não repara na bagunça! – ele riu desgostoso enquanto fechava a porta –
– Que papelada meu pai! – gargalhou – Como você encontra os papéis que precisa nessa bagunça?
Ele amava a sinceridade dela! Ela sempre dizia o que pensava, Namjoon sorriu enquanto passava uma das mãos pelas costas dela.
– Assim, eu não sou das mais organizadas não! Longe de mim! Mas vamos dar um jeito nisso? – ela largou a bolsa no braço do sofá –
Namjoon coçou a nuca, sem jeito, e então abriu a boca para protestar mas resolveu não falar nada.
– Você tem um escritório, certo? – Namjoon assentiu – E lá tem algum espaço para gente mover alguns desses papéis para lá? Porque se não nem cabe a gente aqui nessa sala Namjoon!
– Deve ter sim! Eu tenho um monte de pastas vazias! É que fico com preguiça de guardar de novo quando mexo! – ele voltou a coçar a nuca enquanto ficava vermelho –
sorriu, achando extremamente fofo um homem daquele tamanho corar.
– Então vamos lá pegar! É essa porta aqui? – ela apontou para a porta que ficava entre a cozinha e a sala –
Namjoon assentiu enquanto caminhava até a mesma para abri-lá. Assim que ela acendeu a luz se estranhou com o quanto o lugar estava organizado até demais.
– Como assim? – ela perguntou apontando para o lugar impecavelmente organizado – Que dualidade é essa? Agora to imaginando seu quarto, será que ele se parece com o escritório ou com a sala?
Os dois gargalharam e Namjoon voltou a corar. Ele caminhou até um grande armário que ficava lá e então abriu o mesmo pegando as pastas. Entregou algumas para ela e ficou com as restantes, os dois então foram para a sala.
– E onde estão os papéis que você precisa para dar a resposta para o cliente?
– No escritório!
– Então vai lá ler e ligar logo pro homem se não ele vai ficar bravo! Eu vou organizando por aqui!
– Sim senhora! – ele bateu continência rindo –
– Ó, não me provoca Namjoon! – ela bateu com uma das pastas nele -”
Ele sorriu com a lembrança enquanto o coração no peito pulava. Aquela havia sido a primeira vez dos dois… apertou os olhos uns nos outros. Ali ele já deveria estar apaixonado por ela, mas não se deu conta… Não deixaria que aquela cena se repetisse, então colocou a pizza que havia comprado na cozinha e o vinho na geladeira, deixou a pasta dentro do escritório e voltou para sala, desfazendo o nó da gravata no caminho. Ele recolheu os papéis espalhados pela sala, se atentando em organizá-los em ordem alfabética, fez a mesma coisa com os papéis que estavam sobre a mesa da cozinha, depois com os papéis do escritório e depositou os mesmos dentro das pastas. Ajeitou a capa no sofá e abriu as cortinas e a janela para que a casa pegasse alguma ventilação. Olhou ao redor e agora sim a casa parecia apresentável. Olhou no relógio e ele tinha cerca de meia hora agora. Aproveitou o banho para pensar no que aquela conversa traria para os dois, e em como ele se expressaria sem deixar Hoseok ainda mais confuso… o que Hoseok queria falar?
Quando ele saiu do banho, com a toalha enrolada na cintura e caminhava em direção ao seu quarto para se vestir, o interfone da casa tocou. Só podia ser Hoseok… o advogado umedeceu os lábios e passou as mãos pelos cabelos, ajeitando-os para trás e correu até a sala, pegando a chave da porta e o controle do portão elétrico. Ele o abriu o suficiente para que Hoseok pudesse entrar e aí caminhou até a porta, abrindo-o.
Hoseok caminhou pela garagem com o capacete nas mãos, ele olhava para baixo enquanto se espremia entre o 4×4 de Namjoon e a parede. O coração de Namjoon queria se acalmar, mas não conseguia, já o de Hoseok, bateu forte dentro do peito quando encarou o advogado apenas de toalha na porta esperando por ele. Foi inevitável, os olhos de Hoseok passearam pelo abdômen desnudo de Namjoon e ele inclusive acompanhou algumas gotinhas de água que escorriam por lá. Umedeceu os lábios sentindo os mesmos ficarem secos. Ele abriu a boca, mas nada disse.
- Entra! – ele deu passagem –
Hoseok adentrou a casa do advogado, sentiu as pernas vacilarem.
- Eu só vou me trocar, fica à vontade!
“Graças a Deus!” Hoseok pensou antes de dar uma última olhada nele e assentir.
Enquanto o advogado se trocava ele se sentou no sofá e depositou o capacete no braço do mesmo, ao seu lado. Balançava a perna sem parar de ansiedade. Havia repassado todo um discurso em sua mente durante o caminho, mas agora já não se lembrava de nada.
Ouviu os passos de Namjoon ecoarem pelo corredor e rapidamente ele já estava lá, em frente a Hoseok. Os dois se olharam e as orbes de Namjoon pareciam ainda mais intensas naquela noite. Hoseok subitamente se levantou, ficando bem próximo ao advogado.
- Pode ficar sentado! Vou ligar a TV para você e buscar a pizza que peguei para nós dois!
- Eu ajudo você!
Namjoon concordou e os dois foram para a cozinha. Enquanto o mais alto pegava os pratos e talheres, Hoseok tirava a pizza da sacola e abria a tampa que cobria a mesma, sentindo o cheiro bom da pizza invadir a cozinha. Namjoon serviu os dois pratos com um pedaço para cada e então Hoseok os pegou, levando-os de volta para a sala. Namjoon caminhou até ele com o vinho e duas taças.
Em silêncio ele ligou a TV e os dois se sentaram no sofá, cada um com seu prato e calados. Assim os dois comeram, e tomaram uma ou duas taças de vinho. Namjoon se levantou, indo até a cozinha colocar seu prato agora vazio lá. Quando ele voltou, encarou rapidamente o químico que engolia seu último pedaço. Hoseok precisava falar.
- Eu me pergunto se estou sendo realista… eu falo o que penso ou eu filtro como me sinto? – Namjoon olhou para o perfil bonito dele – Eu me pergunto: não seria bom viver em um mundo que não é preto e branco?
Eu me pergunto como é ser meus amigos, espero que eles não pensem que eu os esqueci… Eu me pergunto, e me pergunto, e me pergunto…
Hoseok sorriu enquanto balançava a cabeça em negativa. Umedeceu os próprios lábios, se levantou, depositou a taça sobre a mesa de centro da sala de Namjoon e caminhou até a cozinha depositando seu prato na pia ao lado do de Namjoon. Ele voltou para sala e então continuou:
- Eu me pergunto por que sou tão medroso? Porque tenho tanto medo de falar algo errado? Eu me pergunto, quando eu choro com minhas mãos em meu rosto:Estou condicionado a sentir que isso me torna menos homem? E eu me pergunto se algum dia você estará ao meu lado, e vai me falar que tudo vai ficar bem? Eu me pergunto…
Namjoon engoliu seco e fechou os olhos quando sentiu o olhar de Hoseok sobre si.
- Logo antes de fechar meus olhos, a única coisa que está em minha mente… é você! Tenho sonhado que você também sente isso, e também me pergunto! Me pergunto como é ser amado por você! É, eu me pergunto como é ser amado por você!
Hoseok engoliu seco e então se levantou para pegar sua taça de vinho, dando um longo gole nela. Namjoon permaneceu de olhos fechados.
Hoseok olhou fixamente para Namjoon por um momento, processando as palavras corajosas que o advogado acabara de compartilhar. Seu coração batia acelerado no peito, e ele lutava para encontrar as palavras certas para responder. Por fim, ele deu um suspiro profundo e se aproximou de Namjoon, colocando uma mão gentilmente em seu ombro. Namjoon abriu os olhos, encarando Hoseok.
- Hoseok, eu entendo o medo que você está enfrentando! Descobrir esses sentimentos pode ser assustador e confuso, especialmente quando há tantas camadas envolvidas. Eu não sei como as coisas estão aí dentro de você, mas eu sei como as coisas estão aqui… – ele colocou uma de suas próprias mãos no peito – Eu posso ter perdido a por medo de amar, não quero perder você também!
Hoseok olhou Namjoon de volta por um momento, pensando em como expressar seus próprios sentimentos sem diminuir a importância da presença de na vida e no coração dos dois.
- Eu tenho me questionado e me descoberto de uma forma que nunca pensei ser possível. Eu fugi disso a vida toda Namjoon! Por uma infinidade de motivos, mas você arrancou as minhas amarras de repente, sem nenhum aviso prévio! E eu não tive muitas escolhas… eu me sinto em queda livre! Deveria ser errado, eu não deveria gostar do que você me provoca! Não devia ser tão bom… e ainda tem a !
Hoseok apertou o ombro de Namjoon com delicadeza e desespero ao mesmo tempo. Namjoon se levantou, ficando a centímetros de Hoseok, ele sentia a respiração descompassada dele batendo em seu rosto.
- Não precisa sentir medo Hoseok! Sei que a tem um lugar especial em nossos corações… Não temos todas as respostas agora, mas podemos consegui-las juntos! Vou estar ao seu lado e sempre pronto para te dizer que tudo vai ficar bem!
- Às vezes sou tão pateticamente inseguro!
A ponta do nariz de Namjoon se encostou na de Hoseok, que fechou os olhos.
- Não sei o nome disso que estamos sentindo um pelo outro e também não me importa! Pode ser o ápice ou o precipício, e tudo bem… E também não sei se teremos habilidade para cultivar isso por três semanas ou por três décadas inteiras. Só sei que agora estou interessado em saber como será o próximo passo. Não fuja do sentimento e nem de mim! Sinta Hoseok… viva a vida Hoseok!
Namjoon segurou o rosto delicado dele entre as mãos e então os lábios roçaram um no outro, e logo os dois estavam se beijando, com urgência, com sentimento, com vontade…
As mãos de Hoseok se embrenharam nos cabelos pretos e longos de Namjoon, eles ainda pareciam estar úmidos. Uma das mãos de Namjoon desceu para a cintura fina dele, colando ainda mais o corpo dos dois. A língua dos dois não demorou muito para baterem uma contra a outra e o corpo de Hoseok se arrepiou, enquanto a mão grande de Namjoon tratou de lhe apertar a cintura com força. E Hoseok se indagou, porque diabos o beijo dos dois encaixava tanto? Não tinha mistério, e eles não precisavam se esforçar para que aquilo tudo fosse gostoso… o beijo foi ficando ainda mais intenso e quando o corpo de Hoseok começou a reagir, ele parou o beijo, agora começando a ficar atônito.
- Esquece! Isso não pode acontecer! É errado, e eu e você sabemos disso!
- Errado? Errado porque? – Namjoon segurou a cintura dele –
Hoseok se desvencilhou de Namjoon procurando por seu capacete.
- Nós dois estávamos disputando a mesma mulher até semanas atrás, e agora estamos aqui?
- Atraídos um pelo outro? Sim! Estamos, pare de fugir! Isso só vai destruir você…
- Eu preciso ir embora! – ele tremia e Namjoon percebeu –
Hoseok atravessou Namjoon e pegou seu capacete, pronto para ir embora.
- Hoseok! – Namjoon, paciente, chamou pelo químico –
- Somos amigos! É isso! É o melhor, é o ideal! Amigos!
Namjoon segurou Hoseok pela cintura outra vez quando o químico se aproximou da porta de sua sala impedindo que ele continuasse. Agora Hoseok estava outra vez frente a frente com Namjoon.
- Temos mentido para nós mesmos, agindo como se fôssemos outra coisa! Como entramos neste baile de máscaras? Há um segredo em seus olhos Hoseok, e é o mesmo que está nos meus! Caramba, você não está cansado de ser assim? Chame do que quiser, chame mas não mudará nada! Chame do que quiser, mas no final do dia… Somos um beijo às 2 da manhã que tem gosto de vinho, como esse que acabamos de trocar! Estamos voltando para casa no escuro com nossos dedos entrelaçados… Você e eu continuamos tentando fingir, mas você e eu, sim, temos que admitir Hoseok! – Hoseok balançava a cabeça em negativa, atônito outra vez – Somos um conjunto extra de roupas no chão do quarto, onde eu vejo você o tempo todo, mas ainda quero te ver mais! Você e eu continuamos tentando fingir, mas você e eu, Hoseok, não somos amigos!
Hoseok e ele se encararam nos olhos e o moreno umedeceu os lábios.
- Não, não somos amigos, Hoseok! – Namjoon segurou o rosto dele entre as mãos outra vez –
Namjoon juntou a testa na dele e fechou os olhos. Hoseok aproveitou para passear os olhos pelo rosto bem desenhado dele e então se atreveu a colocar as duas mãos na cintura do advogado se permitindo sentir os lábios dele roçarem os seus levemente, e logo os dois estavam se beijando novamente. Quando o beijo tomou intensidade e os dois acabaram se sentando de volta no sofá com os corpos ainda colados um ao outro, as mãos de Namjoon desceram para a cintura dele, enquanto as de Hoseok subiram para o rosto de Namjoon, invertendo os papéis de antes. Quando o beijo tomou certa intensidade, ele afastou Namjoon com delicadeza. Os dois estavam ofegantes quando finalmente se olharam de novo. Logo em seguida Hoseok fechou os olhos e respirou profundamente:
- Acho que talvez você tenha razão… mas toda essa minha reação é porque eu tô ainda muito inseguro de mim mesmo, e não acreditando absolutamente que alguém possa me curtir bem assim como eu sou. Eu não tenho quase experiência dessas transações, me enrolo todo, faço tudo errado, acabo me sentindo confuso. Tudo isso é tão íntimo, e eu já estou tão desacostumado de me contar inteiramente a alguém, tão desacreditando na capacidade de compreensão do outro, sei lá, não é nada disso, sabe? Conviver é difícil, as pessoas são difíceis, na verdade viver é difícil.
Namjoon usou o polegar para acariciar a bochecha do químico que abriu os olhos.
- Mas chega de fugir! Você tem razão, toda a razão! Não posso ignorar esses sentimentos e seguir a vida como se isso não fosse me sufocar, quando sei que vai! E eu preciso parar de fugir, não posso ter medo da rejeição para sempre…
Hoseok balançou a cabeça em negativa antes de segurar com força um dos braços de Namjoon, que ainda acariciava a bochecha dele.
- É só irmos devagar com as coisas, um passo de cada vez! Não vamos atropelar nada, tudo bem? Eu também não sei amar direito, eu sempre fugi disso Hoseok! Então, você vai ter que ter um pouquinho de paciência comigo!
- Teremos! Você comigo também!
Os dois encostaram as testas uma na outra, os lábios voltaram a se engolir.
Os olhos de Jimin pareciam vidrados em cada movimento que fazia, o jeito que ela jogava o cabelo para trás, a forma que ela o colocava para trás da orelha, o jeito que o corpo dela se inclinava para trás ou para frente quando ela gargalhava de algo que o novato da área de marketing digital dizia, o que na cabeça de Jimin estava acontecendo com certa frequência… então ele era tão divertido assim? Porque ela estava umedecendo tanto os lábios? Ela queria beijá-lo? Estava seguindo mesmo a vida sem remorso algum? Porque nele ainda doía tanto tudo o que havia acontecido, enquanto que para ela, ali, agora, tudo o que havia acontecido com eles parecia nunca ter acontecido.
Chloe, que a essa altura do campeonato já sabia de tudo – ele havia confessado em uma noite de bebedeira profunda – apoiou uma das mãos nos ombros do moreno, chamando sua atenção. A cabeça dele rodava, afinal de contas ele havia sido um dos primeiros a chegarem à confraternização da empresa, e não havia parado de beber desde então.
- Você ainda ama essa garota! Está nitido! – ela revirou os olhos – Mesmo depois de tudo…
Jimin umedeceu seus próprios lábios e então segurou Chloe pela cintura, ficando frente a ela.
- Eu a amo e a odeio ao mesmo tempo. Eu a amo tanto que meu coração quase se quebra! Mas ninguém me machucou tanto quanto ela.
- Então deixa ela para lá! Porque você não escolhe uma música e canta para nós? Tenho certeza que sua voz é muito melhor do que a do senhor Djalma! – Chloe revirou os olhos –
Jimin gargalhou e resolveu ouvir a sugestão da colega de trabalho. Assim que o senhor Djalma, um dos diretores acabou sua canção ele conversou com o pessoal da banda, mostrando a música que ele gostaria de cantar e pedindo que o ritmo da mesma fosse alterada para algo mais “acústico”.
Quando a melodia do piano começou a tocar, Jimin atraiu a atenção de todos os presentes na festa, inclusive que sentiu o peito arder como se estivesse em chamas.
“No matter how hard I try, you keep pushing me aside and I can’t break through… there’s no talking to you!”
engoliu seco e Jimin fechou os olhos.
“So sad that you’re leaving, it takes time to believe it, but after all is said and done, you’re gonna be the lonely one, oh…”
Ela olhou rapidamente para baixo e depois encarou Jimin outra vez, os presentes na festa, pareciam embasbacados com a voz doce e angelical de Jimin, menos Chloe que gritava e batia algumas palmas. Jimin abriu os olhos e encarou os de diretamente:
“Do you believe in life after love? I can feel something inside me say I really don’t think you’re strong enough now! Do you believe in life after love? I can feel something inside me say I really don’t think you’re strong enough now!”
mordeu o lábio inferior enquanto se segurava para não chorar ali na frente de todo mundo na festa e acabar provando para Jimin que ele tinha razão: ela podia realmente não ser forte o suficiente…
“What am I supposed to do? Sit around and wait for you? – ele franziu a testa para ela – Well, I can’t do that! There’s no turning back…”
Agora ele balançava a cabeça em negativa e acabou desviando o olhar, depois olhou de volta para ele.
“I need time to move on, I need love to feel strong, ’cause I’ve had time to think it through, and maybe I’m too good for you, oh!”
O sorriso de canto que ele deu na direção de fez o coração dela doer e então ela engoliu seco antes de tomar mais um gole de sua bebida.
“Do you believe in life after love? I can feel something inside me say I really don’t think you’re strong enough now! Do you believe in life after love? I can feel something inside me say I really don’t think you’re strong enough now!”ainda a encarando, ele repetiu: “Do you believe in life after love? I can feel something inside me say I really don’t think you’re strong enough now! Do you believe in life after love? I can feel something inside me say I really don’t think you’re strong enough now!”
A voz dele agora tomava um pouco mais e força e Jimin voltou a fechar os olhos enquanto cantava com mais intensidade:
“Well, I know that I’ll get through this, ’cause I know that I am strong! I don’t need you anymore, oh, I don’t need you anymore! I don’t need you anymore, no, I don’t need you anymore!”
Ao abrir os olhos e encarar de novo, os olhos dele marejaram levemente, e então sua voz acabou se tornando sofrida:
“Do you believe in life after love? I can feel something inside me say I really don’t think you’re strong enough now! Do you believe in life after love? I can feel something inside me say I really don’t think you’re strong enough now! Do you believe in life after love? I can feel something inside me say I really don’t think you’re strong enough now! Do you believe in life after love? I can feel something inside me say I really don’t think you’re strong enough now!”
Quando os aplausos começaram, e os gritos de animação também, os dois ainda se encaravam com profundidade. Mais uma vez ela sabia que Jimin havia cantado para ela…
Momentos depois Jimin observou e o novato – que no momento a bebida não o deixava se lembrar o nome – caminharem até a pista de dança. Na verdade ele havia arrastado até lá para dançar junto a uma pá de colegas que também estavam por lá. Os dois estavam virados um de frente para o outro, e fechou os olhos por alguns instantes, pensando apenas no ritmo da música. O novato então se atreveu a colocar as mãos na cintura dela… Jimin explodiu e puxou Chloe pelas mãos, até eles estarem próximos a e o novato na pista de dança.
Quando abriu os olhos, ela encarou Jimin e Chloe próximos o suficiente dos dois… encarou as mãos do novato em sua cintura e depois o encarou diretamente nos olhos. Depois encarou Jimin de novo: agora os lábios dele estavam colados aos de Chloe e os dois se beijavam.
As mãos de Chloe se embrenharam nos cabelos negros de Jimin enquanto ele em vão apertava a cintura dele, mas os pensamentos estavam todos em … os lábios dela não eram doces como os de , o toque dela não o arrepiava como o da mais baixa, a lingua dela misturada á dele não tinha gosto de nada!
sabia que ele estava fazendo aquilo para atingi-la, para deixá-la abalada e sim, ele havia conseguido. Mesmo sabendo que talvez Chloe não significasse nada para ele, quantas vezes os dois não haviam se beijado? E se eventualmente ele acabasse se apaixonando por ela? Quando o novato puxou o corpo de de encontro ao seu, ela sorriu para ele sem mostrar os dentes e então se desvencilhou dele. Encarou Jimin, que agora tinha Chloe agarrada a ele, com o rosto afundado na curva de seu pescoço. Uma lágrima discreta desceu pelo olho direito de , e então ela falou que ia ao banheiro para o novato.
Antes de sair da pista de dança, ela limpou outra lágrima torcendo que ninguém percebesse, mas Jimin havia visto. Jimin fechou os olhos com o coração quase saltando pela garganta: 4.
viu as botas dele brotarem em sua frente enquanto estava sentada na arquibancada da quadra, mesma arquibancada onde e Hoseok haviam se conhecido há quase um ano atrás… mal podia imaginar que estaria lá, quase um ano depois tentando se acalmar.
- Sente-se. Bem aqui, sente-se…Fique ou vá embora Jimin!
Ela ainda encarava as botas pretas dele. Ouvin Jimin suspirar alto.
- O que está fazendo? – ela ouviu a própria voz embargar –
- Tô me divertindo, ué! Não é isso que mandam a gente fazer? Quando a gente chora e escreve aquele monte de poesia profunda? Quando a gente se apaixona e tudo mais e enche o saco dos amigos com aquela melação toda, não fica todo mundo dizendo pra gente parar de tanto drama e se divertir? Poxa, tô só obedecendo todo mundo.
suspirou alto e então o encarou, finalmente. Ela se levantou, os dois estavam frente a frente, mas não estavam próximos.
- Como entramos nessa bagunça Jimi? E ficamos tão agressivos? Eu sei que tínhamos só boas intenções…
Jimin observou os lábios alaranjados dela pelo batom, depois olhou para ela outra vez. o encarava de volta. Os olhos dele passearam por ela dentro do vestido marrom, e ele se amaldiçoou por desejá-la outra vez! Porque ele não conseguia sentir só ódio e desprezo? O amor continuava ali, cravado no peito dele…
- Eu queria muito beijar você! – ele engoliu seco –
- Mas beijou a Chloe! – assentiu para ele com a cabeça enquanto engolia o choro –
- Querendo você! Droga ! – ele bagunçou os cabelos com força – Você precisa sair de dentro de mim, porra!
Ela encolheu os ombros com a força das palavras dele.
- Eu imaginei você o tempo todo enquanto a beijava! E eu só conseguia pensar no quanto queria que você fosse! No quanto eu ainda desejo você…
- Então me puxe para mais perto! Por que você não me puxa pra perto, Jimin? Por que você não vem aqui? Eu não posso deixar você ir…
fechou os olhos com força e cerrou os dois punhos, com raiva de si mesma e de toda a situação. Ela havia prometido para si mesma que não o procuraria mais, que o deixaria em paz! Além do mais, ele já havia beijado Chloe, mesmo que para provocá-la.
Jimin respirou fundo e contou outra vez: 5. Cortou a distância entre os dois e puxou o corpo pequeno de para si. abriu os olhos e encarou as pupilas dilatadas de Jimin, e elas brilhavam. Aquilo não podia acontecer, destruiria ainda mais os dois e acabaria com a paz que eles estavam lutando tanto para ter.
- Me solta Jimin! – ela sussurrou contra os lábios dele – Nós dois sabemos que isso vai acabar mal!
Jimin encostou a testa na dele, fechando os olhos.
- … – ela também fechou os olhos ao ouvi-lo chamá-la pelo apelido depois de tanto tempo –
- Não Jimin! – ela voltou a sussurrar enquanto abria os olhos – A Chloe tá vindo, e eu não quero confusão com essa garota!
Jimin engoliu seco e então soltou o corpo de , se afastando dela logo em seguida. engoliu seco, antes que ela pudesse ir, Jimin a segurou pelo braço.
- Ainda que soe controverso, nós éramos boas companhias um para o outro. Éramos bons nas coisas simples, no abraço apertado, no fone compartilhado, na colher de sorvete dividida… mas tudo se complicava quando o peito falava mais alto, quando meu coração gritava palavras que o teu não compreendia, quando o entendimento não se fazia presente… Parecia que tínhamos sidos feitos para durar, mas não soubemos fazer isso acontecer… Ainda acredito que somos almas gêmeas, mas somos péssimos em nos amar !
Ela sentiu o coração queimar dentro do peito, os olhos marejaram pesadamente. Ao encarar Jimin, viu que os dele também…
- Eu atrapalho alguma coisa? – Chloe, emburrada cruzou os braços abaixo dos seios –
- Nada! Não atrapalha nada! – engoliu seco – Pode me soltar Jimin? Você e a Chloe devem ter muito o que conversar, e eu preciso ir embora!
Jimin soltou o braço miúdo de , deixando-a finalmente ir embora. Relutante ele se virou para encarar Chloe. Devia desculpas a ela, e precisava acabar com aquilo tudo, não podia mais envolver a garota naquela bagunça toda, a machucaria muito e ele não queria. Encarou os olhos marejados de Chloe e engoliu seco.
-Vamos conversar, Chloe?
Jungkook abriu a porta do apartamento, suspirando, por já saber que era do outro lado. Já havia perdido as contas de quantas vezes havia aparecido por lá, bêbada. Fazia cerca de oito ou dez dias que os dois não se viam ou se falavam. Jungkook mal a respondia, só o básico e estava evitando se encontrar com ela, com a desculpa que estava trabalhando muito e sem tempo.
- Entra! – JK maneou a cabeça enquanto dava o devido espaço com o corpo para que ela entrasse –
cambaleou levemente e foi amparada por ele, que segurou sua cintura enquanto empurrava a porta com a outra mão. O estrondo da mesma batendo fez a cabeça de latejar.
- , você precisa maneirar, sabe disso melhor do que eu!
Ela, bêbada, apenas balançou a cabeça, concordando falsamente.
- Você não apareceu, então eu vim!
- Você tem vindo muito… você é complicada! Muito complicada, e complica as coisas para mim também!
- Ai quanto eufemismo Jungkook! – pronunciou o nome coreano dele com dificuldade – Algo mais?
Ela viu um sorriso de canto brotar nos lábios dele e sorriu de volta.
- Você também é indecisa e inconstante! Vai tomar um banho para tirar esse cheiro de álcool de você, e para ficar sóbria! E ai eu te levo para casa!
- Não! – a morena passou os braços em volta do pescoço dele – Me deixa dormir aqui!
- Vai tomar o seu banho, e a gente conversa!
Jungkook caminhou com , guiando-a até o banheiro e então fechou a porta, deixando a enfermeira, lá sozinha. Sua mente, bêbada e confusa a fez relembrar mais uma vez que os dois não podiam ficar juntos. O stalker estava preso, mas ainda tinha muito medo. Se algo acontecesse com Jungkook por sua culpa, ela não suportaria. Mas não conseguia se livrar da vontade de estar com ele… Então sempre que bebia, lá estava ela no apartamento dele. Dizem que todos os caminhos, nos levam ao mesmo destino: Roma. Mas por mais que ela se desviasse, sabia que o final de seu caminho, não levava a Roma, a levariam para o Jungkook.
Ela olha o próprio reflexo no espelho, com um sorriso falso nos lábios. Ainda se sentia um pouco bêbada. A porta foi aberta e Jungkook a olhou, pelo reflexo do espelho também.
- Meu dente cada dia mais torto né? – tentou descontrair o clima, quebrar o gelo –
- Eu adoro! É seu charme! – ele abaixou a cabeça, rindo – Tem uma roupa minha para você lá no meu quarto, só trocar e eu te levo!
assentiu e então ele saiu do banheiro. Caminhou até o quarto dele, e sentiu seu cheiro cítrico invadir suas narinas. O cheiro estava impregnado por todo o cômodo, então não tinha como fugir. Vestiu o samba canção e a camiseta que ele havia separado e caminhou arrastando os pés de volta para sala.
Sentou-se ao lado dele, que a olhou com ternura, como sempre fazia. Os olhos de marejaram pesadamente.
- Eu sinto como se já tivesse dado três voltas ao mundo tentando te esquecer. E eu pintei beijos sobre os teus, mas eu não consegui cobri-los…
- Você pensa demais, pelo menos quando está sóbria, até estragar as coisas boas…
“Algo mais?” pensou
- Então a gente pode aproveitar quando eu não tô!
Ela se levantou, posicionando o corpo entre as pernas dele. Deixou que o samba canção de Jungkook descesse por suas pernas e o viu fechar os olhos. As mãos dele seguravam-lhe a cintura, com força. lhe acariciou os cabelos pretos enquanto sentia o nariz dele passear pela pele de suas coxas. Em seguida ela sentiu Jungkook depositar alguns beijos pelas estrias ao redor de suas coxas, fazendo a pele de ficar ainda mais quente.
- Beije-as até eu mudar de ideia sobre todo o resto…
Jungkook encostou o rosto em sua barriga, e então ele suspirou pesadamente.
- Veste esse short! Vou te levar para casa!
Um balde de água fria caindo sobre a cabeça dela.
- Já sei! Estou bêbeda! Conheço você tão bem…
Mal sabia ela que não era só por ela estar bêbada…
- Então porque tentou? – ele se levantou, se afastando de –
A morena deu de ombros antes de vestir o samba canção dele de volta.
- Sinto falta da sua pele… Mas não vou começar esse assunto, se não a gente briga! E eu não quero brigar hoje!
Viu Jungkook fechar os olhos enquanto pegava o molho de chaves. Ele não podia falar sobre aquilo com ela ou acabaria contando.
- Prefiro brigar do que passar uma única noite tranquila com outra pessoa. – suspirou depois de balbuciar a sentença –
Jungkook abriu os olhos e respirou fundo. Como aquilo era difícil! Ele abriu a porta do apartamento devagar e então olhou para o corredor, com medo… pelo menos ali, pareceu tudo tranquilo. Na rua é que os dois teriam que tomar cuidado!
Os dois entraram no carro dele, com os olhos de Jungkook grandes e atentos a todo e qualquer movimento. Deu partida e ainda preocupado, ele saiu com o carro para a rua, pronto para deixá-la em segurança em casa. Pelo menos ele pretendia que ela chegasse sã e salva!
- Você sabe que precisa parar não é? Ou vai acabar me enlouquecendo de verdade !
achava que ele se referia às suas idas até seu apartamento todas as vezes que enchia a cara.
- Diga o que eu faço, se você está em todo lado? Você é aquele cravo que eu não consegui tirar Jungkook! – ela voltou a embaralhar o nome dele na língua – Eu bebo pra esquecer toda essa situação de merda que nos coloquei e acabo na sua rua… É que meus pés não sabem chegar a outro lugar… Acho que uma parte de mim se perdeu em você.
Silêncio da parte dele, e passou a olhar a vista da janela do passageiro do carro dele. As pernas de Jungkook balançavam, de ansiedade e medo. Temia pela vida de , mais do que pela própria.
- Tudo que eu sei é que você me cura quando estou machucada.
- Você precisa parar! – JK fechou os olhos quando paramos no semáforo –
- Tudo o que sei é que você me salvou e sabe disso, me salvou e sabe disso!
apoiou uma de suas mãos na coxa de Jungkook, enquanto fazia referência ao dia em que eles se beijaram pela primeira vez, quando ele a salvou do stalker… O peito de Jungkook doeu. Ele se lembrava daquele dia como se fosse hoje! E ele estava de volta… Jungkook olhou para ela, tão preciosa!
- Sei! Me lembro disso com frequência! E eu te salvaria de novo quantas vezes fosse preciso, mas você é maluca ! Você me puxa para você e me empurra de volta, e eu fico nesse limbo!
Foi a vez de ficar em silêncio por alguns segundos.
- Você realmente, realmente me conhece… A futura e a velha eu! Todos os labirintos e a loucura da minha mente! Você realmente, realmente me ama. – seus olhos marejaram com força – Você me conhece e me ama, e é o tipo de coisa que eu sempre esperei encontrar!
- Por favor, ! Para! – ele apertou o volante com as mãos – Você vai ter que me prometer que não vai mais beber e ir atrás de mim, hum?
balançou a cabeça em negativa, diversas vezes, deixando algumas lágrimas descerem por sua bochecha.
- Não posso!
- Eu já desisti de tentar entender! – ele balançava a cabeça em negativa –
Pararam em frente a casa dela e então o olhar de JK se encontrou com o de , embaçado das lágrimas.
- Odeio ver você chorar! – ele apertou os olhos com força, fazendo o possível para não chorar também – Me prometa!
- Não posso JK! Eu não quero ficar sem ver você caramba!
As mãos dele seguraram o rosto de , e então eles aproximaram as testas.
- Sempre achei que eu fosse difícil de amar, até que você fez parecer tão fácil, tão fácil! – selou os lábios dele rapidamente – Me toque até eu me encontrar em um sentimento, diga com suas mãos que você nunca irá embora…
- Te amar foi juvenil, selvagem e livre… – ele pausou – Te amar foi legal, quente e doce! Te amar foi luz do sol, foi estar sã e salvo, foi um lugar seguro para baixar minha guarda. Mas te amar teve consequências ! Mas você sabe bem quem eu sou, sabe que se chamar, eu vou. Droga !
Jungkook amaldiçoou em voz alta, mesmo sabendo que ela não fazia ideia do que estava acontecendo, e do quanto ele estava lutando para protegê-la.
Antes de beijá-lo, sussurrei contra seus lábios outra vez:
- Sempre achei que eu fosse difícil de amar, até que você fez parecer tão fácil, tão fácil!
Quando os lábios dela se chocaram com os de Jungkook, ele quase cedeu, mas o celular começou a vibrar no bolso. Ele afastou-se de o máximo que pode e então pegou o celular dentro do bolso da calça de moletom. Um número desconhecido, certamente era ele. Jungkook umedeceu os lábios e começou a olhar em volta preocupado. tentou segurá-lo, mas ouviu o portão de casa sendo aberto.
Taehyung apareceu, abrindo a porta do carro e encarando Jungkook, que parecia apreensivo. Os olhos dele bateram no celular dele brilhando com a chamada e os dois se encararam.
- Obrigada mais uma vez Jungkook! Você podia ter me ligado, que eu buscava essa pentelha! – Taehyung engoliu seco enquanto puxava a irmã para fora do carro –
- Tudo bem! – ele balançou a cabeça em negativa, o celular havia se apagado – Eu vou indo! Cuida dela hyung!
Taehyung assentiu para ele e antes de entrarem em casa, ele conferiu a rua. Com o portão trancado, Jungkook soltou todo o ar preso em seus pulmões e jogou a cabeça para trás, batendo a mesma no encosto do carro. Tomou uma decisão assim que leu mais uma ameaça do stalker em suas mensagens de texto: proibiria a entrada de na portaria! Aquilo tudo machucaria demais os dois – especialmente a enfermeira – mas era a melhor solução no momento.
- Quando você vai voltar para a cadeia seu infeliz? – Jungkook bateu as mãos com força no volante –
Seokjin suspirou baixo antes de bater mais aquela foto de Maísa e então olhou a mesma na câmera. Sensual demais, ele pensou. Aquele já era o terceiro dia que eles tentavam tirar as fotos para a exposição de Jin, mas da primeira vez que tentaram, o mar não ajudou muito e somente duas fotos salvaram, da segunda vez que tentaram ela fez a mesma coisa que agora lá dentro do estúdio: as poses eram sensuais demais, mesmo com ele ditando para ela como queria que ela ficasse.
- Maísa… – ele chamou enquanto analisava as fotos – Não é bem isso, sabe? Lembra quando conversamos ontem? A vibe da exposição é mais melancólica…
Maísa se aproximou dele para ver as fotos na câmera e encostou o corpo no dele, deixando-os bem colados enquanto colocava uma das mãos sobre a dele na câmera. O cheiro doce – até demais – dela invadiu as narinas de Jin e ele tentou afastar o corpo do dela, mas Maísa voltou a se jogar sobre ele para ver as fotos.
- Você é incrível, sabia? – ela olhou para Seokjin com o rosto bem próximo á bochecha dele –
Seokjin engoliu seco.
- Olha essas fotos, que incríveis! Sabe, se eu fosse sua namorada, eu adoraria ser fotografada por você sempre! E eu faria questão de exaltar o quão incrível é o seu trabalho, todos os dias! De verdade, olha isso!
Seokjin sorriu sem mostrar os dentes pelos elogios e Serena revirou os olhos. Havia detestado a garota com toda a sua alma.
- Podemos repetir para ver se dessa vez acertamos a vibe?
- Claro! Quantas vezes você quiser! – a loira piscou para ele antes de caminhar para o cenário outra vez – Vou me esforçar para alcançar todas as suas expectativas, prometo!
Jin balançou a cabeça para ela e Serena revirou os olhos com ainda mais força.
Mais alguns cliques e flashes e finalmente Maísa parecia entender o propósito de Jin, e então ele sorriu, satisfeito com as fotos que estavam saindo.
- Agora sim! Muito bem! – ele riu –
Maísa riu de volta para ele, caminhando em sua direção.
- O que acha de fazermos alguma coisa depois que a sessão acabar? Uns drinks… você parece cansado! Talvez uns drinks recarreguem sua energia!
Seokjin franziu a testa. Às vezes ela parecia confundir as coisas… mas Seokjin não queria ser grosseiro com ela!
- Ele não pode! – Serena respondeu com um tom ríspido –
- Jin? – ela ignorou a assistente de Jin – Talvez amanhã então…
- Eu vou pensar! Hoje eu tenho um compromisso em família!
- E amanhã você tem que terminar umas esculturas, olha só que pena! Não vai dar mesmo! Que tal você terminar logo essa sessão para não se atrasar?
Quando eles estavam fechando o estúdio, Maísa abraçou Seokjin, passando os dois braços em volta de seu pescoço. Seokjin sentiu os músculos travarem e então ele deu dois tapinhas discretos nas costas da loira.
- Obrigada! Você foi incrível e me deixou extremamente à vontade! Espero trabalhar mais vezes com você… obrigada!
- Eu que agradeço sua disponibilidade…
Já na porta da casa dos pais, ele sentiu o celular vibrar. Duas mensagens: uma de Maísa e outra de . Abriu a de Maísa para se livrar logo da notificação dela:
“Uma pena não ter dado certo os nossos drinks! Sua companhia é muito agradável e tenho certeza que nos divertiriamos juntos… quem sabe no final de semana, não?”
Respirou fundo e não respondeu nada, era melhor. Depois abriu a de , que era uma foto, mais precisamente uma selfie dela sorrindo:
“Para você não se esquecer do meu rosto! Saudades!”
Ele sorriu genuinamente. Como se fosse possível Jin esquecer-se dela!
Centésimo Décimo Quinto Capítulo – Lejos estamos mejor
Sentados no banco confortável do refeitório, os três conversaram animadamente sobre a possível alta de nos próximos dias, e então os pais dela se entreolharam, concordando em começar a revelar os planos para a filha:
- Sabe o que estamos pensando em fazer quando você receber alta e nós voltarmos para casa? – o pai deu mais uma colherada da gelatina –
- Não! – ela fez o gesto com a cabeça – O que?
Os pais se entreolharam e Eliana sorriu antes de segurar uma das mãos da filha.
- Nós vamos finalmente oficializar nosso casamento e fazer nossa festa!
- Mentira? – soltou um sorriso largo enquanto apertava a mão da mãe – Vocês juram?
Os pais de não eram casados oficialmente, não havia nenhum documento que comprovasse legalmente a união dos dois, mesmo que eles estivessem juntos como marido e mulher há anos! Os dois sempre foram focados em construir um império juntos e em se estabilizarem primeiro, daí os anos foram passando e o sonho de casarem de papel passado e com festa foi ficando esquecido, eles sempre confiaram muito um no outro, então um papel não mudaria nada! Mas agora sentiam a necessidade de finalmente realizarem esse sonho, Eliana sempre quisera uma cerimônia de casamento, e porque não? Os filhos sempre foram os maiores incentivadores da ideia, e bom, Mário certamente ficaria feliz de onde estivesse.
- Você poderia me ajudar a organizar e preparar todas as coisas, o que acha?
- Claro mãe! – alargou o sorriso – Que incrível! O Mário certamente amaria tudo isso!
Silêncio e então balançou a cabeça afastando os pensamentos, estava indo bem, aquilo não podia ocasionar outra crise e fazê-la voltar para a estaca zero. Fechou os olhos e tratou de fazer o que a psicóloga vinha falando sessão após sessão: ressignificar o luto. Tratou de pensar que o irmão poderia não estar presente de corpo, mas que de alguma forma ele acompanharia tudo e aquilo fazia parte da aceitação da morte de Mário que vinha tanto buscando. Abriu os olhos e encarou os pais, ainda sorrindo para ela. De onde ele estivesse, estaria feliz e ela também trataria de ficar. Piscou os olhos algumas vezes:
- Vamos começar então com a senhora me contando o que já tem planejado aí nessa cabecinha, que tal?
A música ecoava nos ouvidos de Jungkook através dos fones enquanto ele corria distraidamente pelas ruas, que àquela hora estavam desertas. Ele estava voltando da academia, que não ficava muito longe de seu prédio, pelo menos três vezes na semana ele ia se exercitar, e voltava de lá correndo, terminando assim sua rotina de exercícios com o cardio. Havia algumas semanas que ele não ia, orientado por Namjoon, devido aos últimos acontecimentos. O stalker havia conseguido fugir de uma perseguição recente e ainda estava a solta. Mas hoje ele não havia aguentado, precisava tirar toda a tensão acumulada em seu corpo, nem que fosse se exercitando.
E foi exatamente assim que ele e um comparsa se aproveitaram do momento de vulnerabilidade de Jungkook, aparecendo por trás e o levando para o primeiro beco escuro e deserto, a poucas quadras da casa dele. Os olhos de jabuticaba de Jungkook saltaram para fora com o susto que ele havia levado ao ser rendido por um homem alto e incrivelmente forte, que o apertou o pescoço com um mata leão.
Jungkook o reconheceria mesmo que anos tivessem passado, mesmo rendido, ele não teve medo. Sabia o que iria acontecer, tentou lutar, mas o outro homem era infinitamente mais forte.
- Você sabe que não pode tê-la, não sabe? Ah Jungkook, ela é minha! Você deveria sumir! Desaparecer! Tudo seria tão mais fácil para nós dois se você simplesmente não existisse…
Jungkook lutava desesperadamente para se libertar do aperto do homem, seus olhos demonstravam uma mistura de medo e determinação. Ele tentava falar, mas suas palavras eram abafadas pela pressão no pescoço.
- Nós não estamos mais juntos, eu nem estou vendo-a mais! – ele tentou com a voz sufocada –
O homem apertava ainda mais, aumentando a angústia de Jungkook. Os pensamentos corriam em sua mente enquanto ele buscava uma oportunidade de escapar. Até que um primeiro soco fora desferido pelo stalker, fazendo com que Jungkook fechasse os olhos com força e ficasse tonto pela pancada.Ele pediu em pensamentos que alguém pudesse passar, para ajudá-lo, enquanto era agredido novamente. Mas, infelizmente, não havia ninguém por perto para ajudá-lo. A escuridão do beco parecia engolir seus gritos silenciosos.
O comparsa, com um sorriso cruel nos lábios, pressiona com mais força o pescoço dele, deixando Jungkook cada vez mais fraco. Mais e mais golpes são desferidos pelo stalker e Jungkook sente o mundo ao seu redor escurecendo, enquanto lutava para manter-se consciente.
No último momento, quando Jungkook já estava quase perdendo as forças, um lampejo de determinação cruza seu rosto. Ele reúne todas as suas energias e, com um movimento rápido, consegue desvencilhar-se do aperto do homem. Jungkook cai no chão, tossindo e recuperando o fôlego. Ele olha para o agressor, que está momentaneamente surpreso com a reviravolta. Uma fagulha de raiva e coragem acende nos olhos de Jungkook.
Com a voz trêmula, Jungkook vocifera:
- Você… nunca mais vai tocar em mim ou nela! Eu não vou permitir!
O stalker, enfurecido, parte para cima de Jungkook novamente. A violência se intensifica, cada golpe e chute ecoando pelo beco escuro. Jungkook revida, canalizando toda a sua força e raiva em cada movimento defensivo.
Apesar do medo que permeia seu ser, Jungkook mostra uma força interior surpreendente. Ele luta com todas as suas forças, determinado a proteger-se e a deixar claro que não será vencido tão facilmente. Mas as suas forças se esvaem novamente e quando ele parece perder a consciência, um apagão.
Os três se encararam em silêncio, já no hospital. Por sorte não estava de plantão por lá hoje. A polícia havia acabado de tomar o depoimento de Jungkook, um estranho havia o levado para o hospital, e quando ele estava chegando lá, no carro do estranho ainda, ele acordou. Com dor, muita dor. Por sorte ele se lembrava de algumas coisas ainda, e explicou o que de fato havia acontecido. O estranho chamou então a polícia quando eles chegaram ao hospital, e depois ele ligou para Namjoon, como se a presença dele lá pudesse trazer alguma esperança ou conforto, e Namjoon avisou V.
- Isso tomou outra proporção! Agora o risco é ainda mais real! Ele provou que não tem medo de nada! Muito menos da polícia!
- E que trabalho é esse que a polícia tem feito desde que ele foi preso? – Jungkook bufou e depois gemeu de dor –
Namjoon bufou também enquanto começava a andar de um lado para o outro na enfermaria do pronto socorro. A polícia precisava fazer alguma coisa.
- A não pode nem sonhar que isso aconteceu!
- Será que não é melhor ela saber hyung? – V coçou a cabeça enquanto marejava os olhos – Para ele ir atrás dela agora, é um pulo!
- Vou providenciar seguranças para ela, sem que ela saiba! E para você também Jungkook! Ela não precisa saber ainda, isso só vai desesperá-la ainda mais! Se ela sonha o que aconteceu com o Jungkook, ela vai se sentir culpada e pode meter os pés pelas mãos e acabar querendo sei lá, se encontrar com ele! A chance de isso acontecer é grande! Especialmente porque a tendência dele agora, deve ser procurá-la sim, mas pelo telefone ainda! Se ela descobre que ele está solto e que fez isso com o Jungkook, quando ele ligar, é muito arriscado! Ela certamente vai querer salvar o Jungkook!
Os três voltaram a se encarar e JK encarou o chão, sentindo os olhos marejarem também. O peito dele ardia de ódio, um ódio que ele jamais havia imaginado sentir na vida, por ninguém!
- Isso precisa acabar hyung! Ou eu mesmo vou ter que resolver, como da primeira vez! Isso só aconteceu porque ele teve ajuda! E me pegou num momento de vulnerabilidade! Eu teria acabado com ele! – ele tentou socar o travesseiro –
- Calma Jungkook! – V apertou os ombros do mais novo – Não diga uma besteira dessas! Algo muito pior poderia ter acontecido, deixe a polícia cuidar disso!
- Eu sei que confia em mim! Aliás, sei que vocês dois confiam em mim… eu prometo dar um jeito nisso! Vou conversar com a polícia agora, depois eu dou notícia para vocês! Eu vou resolver isso, confiem em mim!
Jungkook e V passaram por Namjoon e os policiais e então foram para casa de Jungkook no carro de V.
- Você promete que vai tomar cuidado JK? – os dois se olhavam –
- Eu prometo! – Jungkook olhou para baixo – Você também precisa se cuidar! E cuidar da , já que eu agora ofereço um grande risco e não posso te ajudar.
- Vamos cuidar dela, você vai cuidar dela mesmo de longe! Esse pesadelo precisa acabar! Eu também não aguento mais!
Jungkook assentiu para Taehyung e então os dois assentiram um para o outro.
Quando chegou à cafeteria, vislumbrou ele concentrado mexendo no notebook com a testa franzida. Será que ele ainda estava trabalhando? Caminhou até a mesa escolhida por ele e lhe afagou as costas, chamando sua atenção. Taehyung desviou os olhos da tela do notebook e olhou para .
- Você já chegou! Nem me avisou que estava vindo! – um sorriso brotou em seus lábios –
- Ah, é que aqui é bem pertinho do escritório! – coçou a cabeça, sem graça –
- Eu escolhi justamente por isso! – apontou a cadeira do lado da sua com a cabeça para ela se sentar –
assim o fez, depositando a mochila e os papéis na cadeira ao lado.
- Já fez seu pedido? – ela pegou o cardápio sobre a mesa –
- Não! Eu estava esperando você chegar… – os dois se encararam – Como está o trabalho? Você precisa me atualizar sobre a sua vida…
engoliu seco e voltou a olhar para o cardápio. Apesar do tempo afastados, não tinha tanta coisa assim para contar… estava feliz demais pela reaproximação dos dois e tinha medo de meter os pés pelas mãos.
- Ah! – ela riu – Eu só tenho trabalhado muito mais! Foi basicamente o que mudou desde que assumi meu cargo!
deu de ombros enquanto sentia o olhar de V passeando por seu rosto.
- Mas você está feliz? Ou se arrependeu?
- Não! Não me arrependi! – olhou para ele enquanto balançava a cabeça que não – Era o meu sonho, e eu batalhei muito para conseguir subir V! To muito feliz!
sorriu genuinamente ao confirmar que estava feliz. Taehyung sorriu de volta, ele também estava feliz! Por tê-la de volta em sua vida, por ela estar feliz…
- Que bom! – ele umedeceu os lábios –
- Você está de plantão?
- Não! – ele riu e se atreveu a segurar a mão dela sobre a mesa depois que ela soltou o cardápio –
engoliu seco ao sentir o toque quente da mão dele sobre a sua, de forma consciente, ela apertou a mão dele.
- Eu estou apenas aplicando o dinheiro!
- Ah! Você continua aplicando?
Eles soltaram as mãos e foi a vez de Taehyung pegar o cardápio.
- Continuo… e tenho ido bem! Inclusive eu te chamei aqui porque queria que você, depois da , fosse a primeira a saber…
- O que? – ela arregalou os olhos –
- Vamos fazer os pedidos primeiro, que tal? – ele sorriu, sapeca –
soltou um muxoxo e então ele aproximou o ombro do dela, para que eles pudessem olhar o cardápio agora juntos. Em silêncio os dois analisaram as opções e então fizeram seus pedidos.
- Tá agora por favor! Eu to muito curiosa… – lhe apertou um dos ombros –
- Você sabe que é o meu sonho abrir meu próprio restaurante, não sabe?
- Sei! A gente sempre falou sobre! Você tem um dinheiro guardado para isso, investe o restante para conseguir inteirar o valor, faz consultorias. Mas me lembro que você tinha medo de arriscar…
- Sabe aquela bolsa que eu concorri?
- Em Paris? – voltou a arregalar os olhos –
Taehyung assentiu para ela enquanto a olhava com os olhos brilhando.
- Eu finalmente recebi o resultado!
- E? – coração dela acelerou –
- E eu consegui a bolsa! Já tenho até uma data de quando minhas aulas começam!
- Mentira Taehyung? – ela abriu o sorriso mais lindo que V já havia visto –
Ele balançou a cabeça positivamente enquanto abria um sorriso de volta para . A morena se jogou sobre ele, abrindo os braços e o envolvendo em um abraço apertado. sabia o quanto aquilo era importante para Taehyung e aquilo certamente significava um grande passo para que ele pudesse se sentir confiante para finalmente abrir seu próprio restaurante.
- E quanto tempo você vai ficar por lá? – os dois se soltaram –
Taehyung passeou os olhos pelo rosto sem maquiagem dela e quis muito beijá-la, mas não podia, aliás ele precisava colocar a cabeça no lugar e os sentimentos também. O que ele sentia por ela de verdade? Conseguiria ficar perto dela sendo só amigo? A amizade seria o suficiente? O que ela ainda sentia por ele? Aquilo tudo precisava ser esclarecido antes que ele partisse…
- Trinta dias! É um curso pequeno, de aperfeiçoamento apenas.
- Que incrível V! Caramba eu to tão feliz por você! Você vai realizar um sonho!
Ele assentiu para ela outra vez e então deram as mãos. Ele precisava resolver as coisas antes de partir…
Ajeitou os cabelos para trás depois de fazer seu pedido ao garçom, ela estava com fome então resolveu se adiantar enquanto esperava por Namjoon e Hoseok. Depois ela mexeu por alguns minutos no celular, e aí viu Namjoon chegar ao local. Num impulso ela se levantou, ato que pegou Namjoon de surpresa. Os dois se encararam e então tanto o advogado quanto se viram sem jeito.
Namjoon se aproximou um pouco dela e então se atreveu a segurar sua cintura fina para finalmente abraçá-la. sentiu os músculos relaxar e então retribuiu o abraço, passando os braços em volta do pescoço dele. O abraço foi rápido, mas valeu a pena, pelo menos para Namjoon. Sentir o corpo pequeno dela colado ao seu novamente, mesmo que por alguns segundos, fez ele se lembrar que ainda era apaixonado por ela…
Sentados a mesa, Namjoon aproveitou:
- Marcaram a data da audiência !
- Do processo contra os meus pais? – ela ergueu as sobrancelhas –
Namjoon assentiu para ela, ainda sentindo o coração acelerado pelo rápido contato dos corpos.
- Eu não sei Namjoon! – coçou a cabeça – Eu só abri esse processo porque você insistiu muito, logo depois a gente…
parou de falar e sentiu os olhos marejarem levemente. Namjoon baixou a cabeça rapidamente, levantando-a logo em seguida.
- A gente parou de se falar! E por minha culpa…
- Não! – maneou a cabeça – Não foi bem sua culpa! Talvez tenha sido minha… enfim!
- Eu realmente insisti que você entrasse com esse processo, e só fiz isso porque sei que vale a pena! A causa está praticamente ganha , e além disso é um direito seu! Eu já te expliquei várias vezes os motivos desse processo… acho devemos ir até o fim!
- Então vamos! Eu ainda confio em você…
Silêncio enquanto eles se encaravam.
- Ainda confia em mim como advogado, e como homem?
respirou fundo, sendo pega de surpresa outra vez, aí os olhos dela bateram em Hoseok caminhando até a mesa deles, com o capacete nas mãos enquanto já se livrava da alça da pasta que ele carregava sempre consigo. Quando ele parou em frente a , ela subiu a cabeça e o olhar para encará-lo e então, sem mostrar os dentes, sorriu para ele. É, aquilo seria difícil e ela já não sabia mais se havia tomado a decisão correta… aliás, ela não sabia se existia uma decisão a ser considerada “correta” naquela situação.
Ele, visivelmente nervoso – ou ansioso – sorriu para a morena de volta e então se abaixou, depositando um beijo em sua testa. Logo em seguida os olhos dele se cruzaram com os de Namjoon e o sorriso nos lábios dele ficou ainda maior. reparou, é claro.
Com os três sentados, o pedido de acabou chegando e ela se desculpou:
- Eu estava com fome, então resolvi adiantar meu pedido!
Os dois, em uníssono, disseram que ela não precisava se preocupar. Com o cardápio nas mãos de Namjoon, o químico chegou à cadeira mais perto de Namjoon e juntos eles olharam o cardápio, enquanto riam e conversavam sobre as opções. tomou um longo gole de seu chá enquanto encarava os dois. Dentro dela, um misto de sensações: ao mesmo tempo que era estranho ver os dois daquele jeito, ela estava feliz por vê-los tão próximos e amigáveis!
Deu uma mordida em seu sanduíche natural enquanto observava Namjoon olhar Hoseok gargalhar, alto como sempre. Depois os olhos de Namjoon se cruzaram com os de e ele voltou a olhar o cardápio. Eles precisavam disfarçar, já que aquele ainda não era nem de longe o momento de falarem com tudo o que estava acontecendo… especialmente porque provavelmente aquela conversa havia sido marcada por para que ela pudesse falar algo importante. E bom, aquela conversa poderia simplesmente mudar o rumo de tudo!
Os dois se decidiram e fizeram seus pedidos, nisso já terminava seu sanduíche, calada. Namjoon pigarreou, chamando a atenção para si, como sempre.
- E então? Algum motivo especial para esse encontro ?
Foi a vez dela pigarrear e tomar seu chá logo em seguida. Ela tinha que falar, mesmo que agora, ali, encarando os dois homens pelos quais ela era apaixonada, a decisão que achava certa naquele momento, pros três.
- Eu chamei vocês dois aqui, para anunciar enfim, o que eu decidi, sobre toda essa situação entre nós três!
- Você, se decidiu? – Hoseok arregalou os olhos e olhou para Namjoon – E o que você decidiu?
Os lábios dele estavam secos e o coração começava a acelerar. E se ela tivesse percebido que era mais apaixonada por um deles e quisesse firmar finalmente um compromisso com um deles? O que os dois iriam fazer agora que estavam se conhecendo e tendo algo legal? Hoseok piscou os olhos várias vezes.
A mesma coisa se passava pela cabeça de Namjoon, mas ele tinha uma carta na manga… tudo dependia da resposta de . Mesmo que Hoseok não soubesse, ou tivesse medo, Namjoon tinha sim uma carta na manga, ele não era advogado à toa!
- Eu decidi que quero seguir sendo amiga de vocês dois! Acho que é o mais coerente agora! Não quero ficar longe de vocês dois mais, e no momento, o melhor é seguirmos como amigos… se vocês concordarem e estiverem confortáveis com isso, é claro!
- E porque essa decisão? Você consegue explicar para nós dois?
fechou os olhos com força depois da pergunta de Namjoon.
- Porque eu não consigo me decidir, caramba! É muito difícil para mim! Eu não quero ter que fazer uma escolha, não seria justo machucar um de vocês dois e me machucar também! Isso claro, partindo da premissa que vocês dois ainda gostam de mim! Então se formos amigos, me parece a decisão que menos vai machucar todo mundo!
Hoseok continuava piscando os olhos enquanto encarava um ponto qualquer da mesa. Namjoon ajeitou o corpo grande na cadeira desconfortável do lugar e viu abrir os olhos.
- Certo, então você não pode escolher um só, porque gosta dos dois na mesma intensidade? – ele ouviu suspirar – É isso ?
- É! É isso Namjoon! Vocês dois acreditando ou não, é! É isso!
Namjoon e Hoseok se encararam, e o advogado se perguntou se Hoseok havia pensado a mesma coisa que ele: sim, era possível, e os dois agora sabiam disso tanto quanto .
- Eu entendo, não querer machucar ninguém! – foi o que Hoseok conseguiu dizer –
Namjoon sabia exatamente a solução para todo aquele problema que os três estavam envoltos, e na cabeça dele tudo funcionaria perfeitamente! Mas o advogado sabia que não era hora… não ainda. Então guardou a ideia dentro da cabeça e apenas assentiu.
Hoseok voltou a encarar Namjoon rapidamente e depois de engolir seco, encarou que o olhou também.
- Podemos tentar! Porque também não quero ficar longe de você! Esse período longe foi um dos piores que já passei ! – ela engoliu seco – Não quero ter que pensar em você longe de mim de novo! Mas eu não consigo garantir que não vou sentir ciúmes de você ou coisas do gênero, porque os meus sentimentos por você não mudaram…
Hoseok olhou rapidamente para Namjoon, que mantinha os olhos em . Ele sentiu medo que aquilo pudesse abalar o que ele e Namjoon estavam tendo, mas ele não pareceu abalado. Hoseok suspirou, levemente exasperado.
- Nem os meus! – os dois se olharam novamente antes de olharem para ela – Mas eu concordo e respeito sua decisão!
Os pedidos de Namjoon e Hoseok chegaram, e então eles começaram a tentar colocar os planos de em prática: serem amigos. Conversaram rapidamente sobre a audiência do processo de , ela e Namjoon precisavam combinar alguns encontros para falarem sobre o caso e para que claro, Namjoon a instruísse sobre como se comportar na audiência, o que falar e etc. o admirava tanto! E Hoseok pareceu admirar também, já que hora ou outra via os olhos do químico brilharem enquanto Namjoon falava. Os dois pareciam tão à vontade agora um com o outro… ela esperava ter tomado a decisão correta.
Centésimo Décimo Sexto Capítulo – Espero um sinal
Alguns dias depois…
colocou uma das mãos por cima dos olhos, tentando se livrar pelo menos um pouco da claridade do sol, que começava a se pôr. O sorriso que brotou nos lábios dela quando viu Hoseok sair do fórum fez o estômago inteiro dele se revirar, inquieto. Vê-la feliz, o deixava feliz também! Os dois se abraçaram e então Hoseok balançou o corpo magro dela enquanto eles gargalhavam.
Depois os dois observaram Namjoon conversando com alguns advogados conhecidos que havia encontrado por lá. As covinhas na bochecha dele fizeram suspirar, e Hoseok olhou para ela. Ela gostava muito de quando as covinhas dele apareciam…
- Nós precisamos comemorar a sua vitória!
- Ah não é grande coisa essa vitória Hobi! – deu de ombros – Eu gostaria de nem tê-los visto! Ainda bem que foi por videoconferência!
- Os dois são tão diferentes de você! Bom, na personalidade…
e Hoseok se encararam, e ela ajeitou os cabelos atrás da orelha.
- Confirmou que me pareço mesmo com a minha mãe? – forçou um sorriso –
Hoseok gargalhou alto e aí Namjoon se aproximou deles, sorrindo de orelha a orelha.
- Você infelizmente é a cara dela ! – fez uma espécie de bico –
Namjoon sentiu vontade de depositar um selinho rápido nos lábios dela, mas ao invés disso, ele acariciou o rosto dela com o polegar. Hoseok acompanhou o movimento da carícia, e arregalou os próprios olhos ao perceber que ao invés do esperado, ele não se incomodou nenhum pouco com a cena. Aquilo deveria incomodá-lo, não deveria? Antigamente aquilo teria o deixado completamente irado, inseguro e insatisfeito… A cabeça dele ainda estava muito confusa com tudo aquilo… e ele tratou de tentar esvaziá-la.
- Viu só? Ganhamos! Eu não entro no tribunal para perder !
Hoseok sorriu enquanto apertava o ombro dele e sorriu.
- Obrigada advogado! O senhor é incrível doutor! – a gargalhada de Hoseok preencheu os ouvidos deles –
- Você sabe que eu odeio que me chamem de doutor! – ele revirou os olhos enquanto sorria – Ainda mais você, que não precisa dessas formalidades todas comigo!
- Eu estava falando com a , Namjoon… – o advogado olhou para ele – Acho que precisamos comemorar! Ainda mais porque você precisa nos contar como está se sentindo agora que o resultado da última etapa do concurso está chegando!
olhou de Hoseok para Namjoon, parecendo um pouco confusa e até tristonha.
- Que concurso? – o bico estava de volta –
Hoseok olhou confuso para Namjoon, não sabia da vontade de Namjoon de virar promotor? E especialmente que há um mês atrás, basicamente, ele havia prestado a última etapa para finalmente tentar se tornar promotor público? A boca do químico se entreabriu e Namjoon engoliu seco. Fazia muito tempo que os dois não se falavam, então não sabia de algumas coisas. Aliás, de muitas coisas…
- Você se lembra da minha vontade de virar promotor? – a morena fez que sim – Ontem eu fiz a prova oral do concurso público que saiu aqui para o Rio! São quarenta e quatro vagas! E a prova oral é a última etapa antes do resultado sair! É que a gente ficou um tempinho sem se falar!
O advogado coçou a nuca.
- Ah! – os olhos de brilharam – Eu tenho certeza que você vai conseguir! E agora eu concordo com o Hoseok, acho que deveríamos sair para comemorar!
A morena achou estranho que Hoseok soubesse de algo tão íntimo como aquilo, o que a fez acreditar que os dois estavam ainda mais próximos do que ela achava.
- Na verdade, eu estava pensando em outra coisa!
- O que? – Hoseok ajeitou o capacete no braço –
- Minha mãe está bem doente! E eu estava planejando ir vê-la hoje, tudo bem que eu fui ontem, mas estou tentando ir todos os dias! Queria apresentar vocês dois para ela!
e Hoseok se olharam. Daquela informação, nem Hoseok sabia! Dos amigos, a única que sabia era , porque ela também era próxima de Yuna. Namjoon temia pela vida da mãe, ele honestamente não sabia quanto tempo de vida ela tinha! Então mesmo que ela nunca se lembrasse dele, ou de quase ninguém no fim da vida, ele queria apresentar os dois para mãe. Afinal de contas, ele estava completamente apaixonado pelos dois, e gostaria que a mãe os visse, pelo menos uma vez…
- Por mim tudo bem! – concordou –
- Você acha uma boa idéia? Levar dois estranhos, com ela doente?
- Acho! Quero muito que ela conheça vocês dois! Mesmo que ela não se lembre nunca mais… vocês dois não entendem ainda, mas é importante para mim!
e Hoseok voltaram a se encarar.
- Vamos Hoseok! – ela o empurrou levemente com o cotovelo – Não custa nada e é importante pro Namjoon!
Ele engoliu seco, mas tinha razão. Se era importante para ele… concordou com a cabeça.
- Não corra! Eu vou seguir você, tá bom?
Namjoon involuntariamente se aproximou dele, pronto para lhe puxar pela cintura, como fazia sempre que estavam só os dois, mas se conteve. Fez que sim, começando a ficar corado. Quase metia os pés pelas mãos.
Ele observava e Hoseok fazendo seus respectivos cadastros na recepção do abrigo e então a médica que vinha acompanhando sua mãe, se aproximou.
- Ouvi dizer que você trouxe visitas! – ela sorriu –
Namjoon balançou a cabeça para ela, tentando sorrir também.
- Seus amigos? – a médica olhou para e Hoseok enquanto eles também se aproximavam –
“Minha namorada e meu namorado”, ele quis responder. Mas não podia…
- Sim! Meus melhores amigos!
É, aquela definição era boa também! e Hoseok sorriram para ele e depois para a médica.
- A senhora pode me dizer como ela está agora?
- Acabou de acordar! Ainda está um pouco sonolenta, mandei servir o jantar dela agora! Com sorte você consegue, quem sabe, fazê-la comer!
- Ela não quer comer, né? – o semblante preocupado de Namjoon se fez presente –
- Não! Mas estamos fazendo de tudo para não precisar introduzir a alimentação via sonda! A presença dos seus amigos pode ajudar, ela tem gostado de ver gente nova!
- Continua estável de ontem para hoje?
- O coração dela tem batido mais fraquinho hoje! Mas já vamos iniciar os exames amanhã…
Namjoon suspirou pesadamente. e Hoseok voltaram a se encarar, preocupados também. A situação parecia não estar nada boa mesmo…
Quando a enfermeira abriu a porta para os três, Namjoon foi o primeiro a entrar. Encarou a mãe, que o encarou de volta.
- Mãe! – ele sussurrou enquanto se aproximava dela na cama –
- Esse moço não esteve aqui ontem? – ela olhou para a enfermeira –
A mesma, pesarosa, confirmou com a cabeça para dona Yuna, depois de olhar para Namjoon, com pena.
- Você não é o advogado? – ela tossiu, levando a mão a boca –
Namjoon ficou feliz de ela pelo menos se lembrar que ele era advogado…enquanto ela ainda tossia ele se atreveu a colocar uma das mãos sobre as pernas dela sobre o cobertor grosso.
- É! Sou eu!
- Como é mesmo o seu nome? – ela umedeceu os lábios quando finalmente parou de tossir –
- Namjoon! Kim Namjoon!
- Ah! E eu sou Kim Yuna! Somos da mesma dinastia, olha só! Você é filho de quem?
Namjoon sentiu o bolo de lágrimas se formar em sua garganta e ele engoliu seco enquanto apertava as mãos sobre o cobertor. também sentiu os olhos marejarem. Yuna estava magra, as roupas do hospital pareciam enormes nela… e aquela pergunta certamente havia sido um soco no estômago de Namjoon.
- A senhora já comeu? – Hoseok se intrometeu –
Ele se aproximou da cama, do outro lado onde Namjoon estava em pé. Pegou o pratinho branco com a sopa de feijão e se sentou na cama, chamando a atenção de Namjoon e de Yuna.