Capítulo Vinte e Um
Desvendando Seth Clearwater
Após subir para a cabana, pegou todas as suas coisas e continuou com a pesquisa durante o dia todo. Parou apenas para almoçar e auxiliar Sue nas arrumações. Por volta das dezoito horas, havia acabado parte de seu trabalho e estavam prontos os seus primeiros protótipos do emplastro. Ela já estava utilizando aquela pomada caseira há algum tempo, e observando as reações que poderia ter. Não houve nenhuma reação adversa com ela, e então planejou testar com os meninos, afinal, eles tinham uma genética totalmente diferente. Sem excluir a hipótese de aplicá-la a um grupo experimental, redigiu o Termo de Consentimento e os documentos necessários a serem encaminhados dentro dos protocolos de saúde. Enviou os documentos aos irmãos Vincent, e ambos que apoiavam sua pesquisa iriam proceder com o passo a passo da fase de testes. Logicamente, já havia dado um jeito de manter a patente original sob sua guarda.
Jacob entrou em seu quarto enrolado em uma toalha. Estava molhado, com os cabelos escorrendo por seu pescoço e o amaldiçoou mentalmente. Fingindo não ter reações sobre aquela tentação, ela o olhou rapidamente de lado, voltando sua atenção para a mesa. Ele foi andando calmamente até ela, secando seus cabelos. De pé à frente da escrivaninha, organizava os papéis na pasta, e reunia os pequenos potes transparentes com as amostras de pomada dentro. Jacob, estranhando aquela situação, parou ao seu lado. Embora o cheiro perfumado do rapaz a fizesse desejar pular em seu colo, manteve seu olhar no que estava fazendo.
— Você passou o dia todo nisso. Tem certeza de que não precisa de alguma ajuda?
— Eu já acabei, Black, mas obrigada. — Olhou para ele sorrindo e voltando à mesa.
Era verdade que não havia mais nenhum papel para organizar, mas em busca de fugir da situação, lá estava ela: mais bagunçando a escrivaninha do que arrumando. Black jogou a toalha que tinha em suas mãos em cima da cama e bagunçou seus cabelos agora secos. Quando menos esperava, ele a abraçou por trás cheirando o seu pescoço. Era habitual aquilo acontecer antes de eles brigarem e naquele momento, se indagou se, sem que notasse, havia se inserido em um tipo de jogo de Black.
— E o que você estava fazendo com estes potinhos? — O rapaz perguntou com sua voz rouca ao pé do ouvido dela.
— O que
você está fazendo, Black? — perguntou, séria.
Ele a virou de frente para ele ainda enlaçado à sua cintura. Olhou para a mulher com expressão de dúvida e confusão.
— Nós tínhamos combinado de não forçar as situações — esclareceu ela.
— E você tinha dito que eu podia te abraçar quando quisesse.
Embora a olhasse com certa ingenuidade nos olhos, tinha certeza absoluta de que tudo havia sido premeditado. E não sabia se Jacob respeitaria o acordo. Na verdade, desconfiava de que ele encontraria inúmeras concessões no meio de uma cláusula ou outra que a própria impusesse. Ela pegou um dos potinhos em cima da mesa atrás de si, e ele a encarou. Estendeu o remédio a ele, que o pegou, finalmente a soltando.
— É um emplastro caseiro para cicatrizes. Teste. Eu vou entregar os outros aos meninos.
Saiu do quarto pegando seus potinhos e indo até a cabana de Sue e pôde ouvir uma risada fraca de Black assim que deu as costas a ele. Certamente, ele sabia muito bem o que estava fazendo a provocando daquele jeito.
Assim que explicou à Sue e Billy sobre o seu remédio, ambos acharam uma boa ideia testar com os garotos da reserva, e iriam distribuí-los entre eles. Em seguida, foi até o quarto de Seth e após três batidas na porta, ouviu sua voz dizendo:
Ele estava enrolado em uma toalha também, e observava o guarda-roupa como se escolhesse o que vestir.
— Ai desculpe! — exclamou ao vê-lo decomposto e daria meia volta, mas Seth riu baixo e chamou:
— ! Relaxa, pode entrar. Precisa falar comigo?
retornou, sem graça, e estendendo a ele o remédio que foi apenas uma desculpa, já que na verdade estava ali para saber se estaria tudo bem com ele.
— Uma pomada que eu fiz e estou testando com vocês, use-a quando se machucar. Ela é uma espécie de “super” cicatrizante.
— Ok. Obrigado! Eu não vou morrer não, né?
— É o que estamos tentando descobrir. — Eles riram e Seth guardou o potinho em seu guarda-roupa, enquanto o observava atenta.
— Não consigo escolher uma roupa bonita.
— Hm… Vai sair com alguma garota, bonitão? — A mais velha sorriu zombeteira observando Seth enrubescer.
— É, digamos que sim… — Seth riu apesar de um pouco envergonhado.
achou uma graça o trejeito de irmão mais novo com vergonha da irmã mais velha ao saber de suas namoradinhas. Sentia verdadeiramente um carinho fraterno pelo garoto. Ela se aproximou do armário e vasculhou entre as peças de roupa penduradas, escolhendo uma camisa e um jeans, ambos escuros, e apontou para os tênis claros que havia no espaço dos sapatos. Seth gostou da sugestão e arrancou sua toalha para vestir-se. Obviamente, virou-se surpreendida cobrindo os olhos e ele riu divertido, a avisando que poderia abrir os olhos, pois ele estava de cueca. De fato, os quileutes eram menos pudicos com seus corpos, lidando com naturalidade selvagem à nudez. Seth vestiu-se e calçou-se e perguntou, curioso, pelo fato da amiga ainda estar desarrumada:
— Você não deveria estar se arrumando para o seu encontro com Scott?
— Céus! Não! Eu já estava me esquecendo de novo! Quantas horas? — Ela procurou desesperadamente um relógio pelo quarto de Seth.
— Calma. Ainda não deu sete horas. O encontro é às oito, certo?
— Eu apenas estranhei porque vocês garotas demoram demais escolhendo suas roupas… Imaginei que você já estaria pensando sobre isso, mas pelo visto…
— Você não esteve nem um pouquinho preocupada com este compromisso. — Seth, sem querer acusá-la, acabou fazendo-o pela forma como a olhava.
— Ei! Primeiro, não tem essa de “garotas demoram a se arrumar e frufru!” — falou apontando a ele seu dedo indicador, tão incisiva na atitude quanto ele no olhar. — E depois, não é como se eu desse a mínima, eu só acabei me ocupando o dia todo com trabalho.
— E se esqueceu que tinha que sair com Scott. Você mesma disse! — O mais novo bufou ao dizer aquilo de modo frustrado, até irritado. E percebeu.
— Vamos lá, Seth! Por que você está agindo assim? Até parece que eu tenho dado furo com você e não com o Scott.
— Eu espero que você não continue com isso, . De verdade. — Seth a olhou decepcionado e abaixou a cabeça.
Foi então que , preocupada com ele, mas principalmente com o modo como as atitudes dela pareciam ser julgadas por ele, puxou Seth pela mão até sua cama e se sentou convidando-o a fazer o mesmo. Queria passar a ele a segurança de que não iria ferir os sentimentos do irmão mais velho de seu melhor amigo e nem mesmo os próprios.
— Olha, eu sei que você desaprova esta situação, mas eu já falei que eu não vou iludir o Scott. E eu sei que tem mais alguma coisa nesta história que está te afetando. O seu desconforto com minhas relações com Jacob ou Scott na verdade tem a ver com outra coisa, não é? Então… Se abre comigo? — Ao terminar de falar aquilo, o viu desviando o olhar, então cuidadosa, puxou o rosto do rapaz para que ele a encarasse.
— É muito difícil você amar alguém e não poder conviver com a pessoa. Mas imagino o quão pior é amar e poder estar todos os dias lado a lado da pessoa, mas não tê-la verdadeiramente. — Seth iniciou seu desabafo. — E é isso o que você faz com Scott. Pode ser involuntariamente, você diz que não quer e não vai magoá-lo, você diz que não abrirá mão da amizade dele apenas por Scott provavelmente não saber lidar com a sua negativa… Mas ele já tem o seu não desde que você chegou e tem lidado com isso. Então, , talvez não seja direita a sua escolha, se é melhor vocês se verem com frequência ou não. Talvez o Scott é quem deva saber o que é melhor. O coração partido, afinal, tem sido o dele.
ficou perplexa com todas aquelas palavras. Nem parecia o mesmo garoto dizendo a ela para dar uma chance a Scott dia antes.
— De repente você tem tanta certeza que eu não devo dar uma chance a ele… O que mudou?
— Não é isso que eu digo — Seth justificou. — Eu achei que deveria dar uma chance a ele se você realmente fosse capaz de gostar dele. Mas você está apaixonada pelo Jake, embora tente miseravelmente fingir que não, e ele por você. Então ninguém mais deveria se envolver nisso, que é apenas uma questão de tempo para acontecer.
— Seth… Eu prometo que cada palavra sua está sendo levada em consideração, ok? Eu nunca havia visto por este ângulo, mas estou preocupada. Esta sua reação de defesa pró-Scott… Tem algo a mais acontecendo?
— Hã… Sei lá… Você… Você reagiu como um lobo em defesa dele.
— O que está querendo insinuar? Pode falar abertamente.
— Você gosta do Scott? — Depois que as palavras foram proferidas, estranhou sua própria pergunta que já não lhe soava tão óbvio como dentro da sua cabeça.
— Você realmente acha que eu sou gay? — Seth sorriu de canto, ainda um pouco alarmado — Então esta é a impressão que eu causo? — Seth não estava bravo, mas surpreso.
— Não, é só que… Você reagiu como se quisesse defender alguém que ama muito.
— E quero. Estou tentando defender você de erros que podem te machucar.
— Eu não entendo como poderia me machucar por me aproximar do Scott…
— Eu que não entendo! — Seth gargalhou prestes a se explicar: — Só pra deixar claro, o Scott não faz o meu estilo. Eu prefiro pessoas com um pouco mais de curvas e não precisa de muitos seios ou pernas grossas. Não sou tão exigente, só tem que ser mulher, ok?
Os dois começaram a rir e sentiu-se envergonhada pelo que havia insinuado. Mas algo não passou despercebido por ela, que logo emendou:
— Entendi… E será que eu posso saber quem foi esta pessoa que você amou e não pôde ter? — Assim que terminou de falar, viu que Seth havia mudado sua expressão. Ele beijou o rosto da amiga e, levantando-se em direção à porta do quarto, disse para ela antes de sair:
— Talvez algum dia você possa me desvendar. Por ora, acho que deve correr para se arrumar. — E enviou um beijo no ar, seguido de um sorriso enquanto segurava a maçaneta da porta.
— Posso pelo menos saber o nome da pessoa de curvas com quem vai se encontrar hoje?
— Ela não é muito de curvas. Uma garota de curvas não olha para mim.
— Você é tão modesto! Acho que só precisa sair um pouco mais da reserva pra encontrar a pessoa certa.
— E você pelo visto teve que entrar, não é? — Seth riu divertido.
— Desculpe, eu não consegui entender o nome, você falou muito baixo. — , comentando com ironia, desconversou, tirando o foco do assunto sobre Jacob de novo.
— Sério? A caçula dos Parker? Acho que você deveria fugir daquela família.
— E acho que você vai se atrasar se continuar na minha cama. Geralmente as meninas que acabam na minha cama, custam a sair mesmo. É normal. Mas sabe… Você pode voltar quando quiser — o rapaz falou de modo divertido e caminhou até ele, risonha, e bateu com as costas da mão no abdômen do mais novo respondendo:
— Me respeite, garoto! Eu poderia ser sua irmã mais velha.
— Nem é para tanto. Formaríamos um belo casal. — Seth ainda sorria travesso e enquanto fechava a porta, os dois ouviram Leah gritar do outro lado do corredor:
— Ei! Vocês dois aí!
A garota os olhava desconfiada e parou em frente ao irmão de braços cruzados, calada, encarou e Seth ainda sustentava o sorriso travesso. Leah se direcionou mais perto de Seth para farejar o ar na altura de seu pescoço.
— Aonde você vai? Por que está tão cheiroso assim? A mamãe sabe? O que vocês dois estavam fazendo lá dentro? — Assim que terminou de falar, olhou para de maneira inquisidora e antes que o som saísse da boca de , Seth se pronunciou:
— Grosseiro da sua parte pensar isto. — Leah, já percebendo que os seus pensamentos estavam sendo compartilhados, retornou o olhar ao irmão. — E fica feio você se expressar desta forma: “comer”. Eu não como mulheres, eu dou carinho a elas.
— … Desculpe, eu não… — Leah falou para a amiga, extremamente sem graça e bronqueando o irmão, disse: — Seu moleque, não tem que externar o que eu penso!
— Constrangedor, não é? — Ele devolveu mencionando uma vingança pelo que ela também havia feito com ele.
E assim que ele se virou para seguir adiante no corredor, Leah, tentando não sair por menos, bradou:
— Sai mesmo! Vai lá dar “carinho” a quem quer que esteja te esperando.
ficou observando a expressão furiosa da irmã que havia sido exposta, e ao mesmo tempo que estava constrangida, estava ciumenta por Seth. aguardou a loba recuperar sua calmaria e se pronunciou:
— Você precisa parar de agir como se ele fosse um garotinho. Já pensou que talvez por isso ele não se abra com você?
— É eu sei… De ontem para hoje pude notar que se tem algo que Seth não é mais, é um garoto.
— Pois é… E fala sério! Você realmente pensou que eu e ele estávamos no quarto dele, fazendo…
— Por que não pensaria? Depois de ontem no meu quarto, eu não sei se você se lembra, mas eu estive na mente dele!
— Eu tenho idade pra ser a irmã mais velha dele.
— E isso não quer dizer nada.
— Que nojo, garota. Não chega nem aos pés! Ele é meu irmão, não seu.
— Para mim é como se fosse.
— Como assim? Está dizendo que o Seth pensa nestas coisas comigo? Você viu o que na cabeça dele, hein? E puxa… Que invasão de privacidade, Leah!
— Escuta… Você não tem um encontro?
O modo como Leah se pronunciou deixou claro que ela não manteria aquele assunto e achou mesmo que era melhor nem saber o que quer que fosse que a irmã de Clearwater tinha em mente. E claro, aquilo a pegou de surpresa! Entre todos os rapazes da reserva, Seth, aos olhos dela, era só um garoto, não imaginou que ele teria algum tipo de atração por ela.
•–•–♦–•–•
19:55 da noite.
Billy, Sue, Charlie, Emy, Sam, Leah e Embry estavam na varanda da casa dos Black e o vozerio ecoava junto às risadas. acabara de calçar seus saltos quando a porta do quarto entreabriu revelando um rosto preocupado: Jacob Black.
— Aconteceu alguma coisa? — perguntou ao notá-lo com sua expressão mesclada entre preocupação e surpresa.
Deparou-se com o olhar frenético e firme de Jacob sobre si, até que ele sorriu de lado como se acordasse de algum devaneio.
— Minha Mani vai sair com um menininho. Nem posso acreditar que este dia chegou — zombou, mas sem rir.
— O que? Estou tão infantil assim? — falou correndo ao espelho, um pouco preocupada. — É este penteado! Eu sabia, vou soltar o cabelo.
— Não precisa ficar insegura, você está linda. E não tem nada de… — Black emudeceu-se um momento quando ela sacudiu os cabelos, soltando-os e se virando para ele, continuando após um breve silêncio: — infantil.
— Em todo caso, vamos manter as madeixas livres. Cabelo solto não tem erro! — sorriu.
— Parece animada com o encontro… Você pretende dormir em casa?
— O quê? Você quer o quarto livre pra você hoje? Porque eu posso…
— Não! Não é isso! Pode ficar com ele todinho… O meu quarto, no caso! Eu vou estar na cama te esperando. Esperando você chegar, eu quis dizer.
sorriu enviesado de um jeito divertido encarando um Black atrapalhado com as palavras e, porque não dizer, transbordando ciúme.
— Tudo bem, Black, não me espere acordado — ela avisou e depositou um beijo no rosto do rapaz, seguindo em direção à porta logo depois.
Enquanto ela saía pelo corredor, Jacob, que vinha logo atrás, parou um pouco antes na saída do quarto e murmurou de um modo que só ele escutou:
Em seguida foi atrás de . Os dois chegaram juntos à varanda e todos olharam para ela. Os meninos com tom provocadores faziam piadinhas e assim que o carro de Scott surgiu à frente da casa de Billy, uma redoma foi formada nos degraus abaixo da cabana. Sam, Embry, Paul, Quil, e Jacob, respectivamente nesta ordem, desceram os degraus e formaram uma fileira à frente de . Scott desceu do carro e aproximou-se tranquilo, nem um pouco ameaçado com os quileutes em torno da amiga. Ele olhou para , sorrindo radiante como em todas as vezes que eles se viram. Leah, sentada na cerca da varanda, falou um pouco mais alto, em direção à amiga:
— Nossa, ele está mesmo um gato!
As mulheres na varanda riram e não pôde deixar de rir também. Afinal, quem mais imprópria do que Leah para externar um momento como aqueles? não pôde deixar de se sentir especial quando Charlie parou ao seu lado com os braços cruzados, olhou-a de canto sorrindo e voltou sua expressão séria para Scott. O convidado cumprimentou todos os rapazes que foram corteses embora intimidadores, e pousando os olhos em Jacob apertou sua mão. ficou atenta naquela interação. Jacob apenas acenou com a cabeça enquanto, com um aperto de mão, devolveu o cumprimento. Parando um degrau à frente dela, Scott deu boa noite a todos e logo pousou seu olhar aflito sobre Charlie.
— Apenas Charlie, Carter. — O homem assentiu sorrindo para o rapaz. — Onde pretende levar minha filha? — Aquela pergunta espantou a maioria dos meninos, mas não espantou Jacob, Billy, Sue e muito menos . Se algo a confortava imensamente era a paternidade adotiva que Charlie correspondia a ela. sentia falta do que era ter uma família, e se não fosse calejada com aquilo, provavelmente teria chorado com a atitude do mais velho. Teve vontade de abraçá-lo, porém, contendo-se, não o fez.
— Você não pretende beber e dirigir, não é?
— Não mesmo, senhor delegado. — Scott conteve um sorriso tranquilo e cúmplice ao dela.
— Charlie… Acho que eles não são mais adolescentes. — A voz de Sue ecoou doce ao ouvido de Charlie.
— É, Charlie! Daqui a pouco você vai dizer que horas o mocinho deve trazer a sua filhinha para casa! — Leah zombou, arrancando risadas de todo mundo e despertando o delegado Swan daquele transe.
— Não se preocupe, Charlie, vamos ficar bem — disse sorridente e amável para o senhor Swan.
— Em todo caso… — Charlie sorriu para Scott e para ela e, voltando a ficar sério, respondeu: — Eu ficaria tranquilo se ela voltasse ainda esta noite. — Tanto quanto Scott abaixaram a cabeça sorrindo e Sue cutucou o delegado. Os demais já haviam se entretido após o comentário humorado de Leah, de volta aos seus lugares.
Scott e ela seguiram para o carro, acenando e se despedindo de todos. Emy gritou um “divirtam-se” para eles e ao passarem por Black, os dois sorriram em cumprimento. Jacob apenas sorriu de volta, sem tirar os olhos de . Da janela do carro a “sua” Mani observou quando Black entrou de volta à cabana sem pronunciar nada a ninguém.
— Parece que a senhorita encontrou uma porção de irmãos para defendê-la — Scott disse sorrindo antes mesmo de o carro sair pelo portão da reserva.
— Sim! Enfim encontrei uma família.
— Meu pai tinha razão, afinal.
— As premonições de seu pai ainda não devem ser concluídas.
— Mas estão caminhando para isso — Scott afirmou e eles sorriram.
— Silverdale, então? — perguntou puxando assunto.
— Espero que goste de dançar…
— Muito! — ela respondeu animada observando Scott rir.
— Country? — então o olhou em dúvida, Scott deu risadas animadas enquanto vigiava a reação dela.
— Bem, eu não sou lá uma “expert”. Mas eu aprendo rápido.
— Você vai gostar! Temos a noite toda para eu te ensinar… A menos que…
— Não se preocupe com Charlie, ele estava apenas brincando! — sorriu prevendo o que Scott diria.
— Não é bem com o Charlie que eu me preocupo.
— Os meninos não irão atrás de nós! — ela disse e Scott a observou desconfiado, então reforçou: — Nenhum deles!
— Bem, então hoje é o dia que você sairá de Silverdale dançando country!
— Hoje eu sou toda sua. Me ensine.
Embora animada e ingênua com a resposta, Scott observou a mulher com certa malícia, que logo se desfez em seu cavalheirismo iminente. Seja lá o que tinha se passado em sua mente, ele já havia afastado. E para , a expressão dele serviu como um alerta para pensar um pouco mais antes de falar, pois como havia prometido a Seth, não iludiria Scott.
— Você está linda. Não que isto seja difícil para você.
— Obrigada, mas você poderia ter dito que eu iria dançar country hoje, teria vindo à caráter!
— Então agradeçamos por eu não ter dito nada! — Ele sorriu ligando o aparelho de som do carro e uma música qualquer embalou o diálogo.
— Acredita que Seth saiu para um encontrinho com a Lili Parker?
— Não!? — Ele olhou surpreso para . — Ele não sabe onde está se metendo!
— É, eu avisei a ele, mas ele não quis me ouvir. Meninos…
— “Encontrinho”, “meninos”… Por que se refere ao Seth como se ele fosse um pré-adolescente? Ele não é tão mais novo do que nós.
— Tem razão… Acho que eu peguei esta mania da irmã dele.
— Leah sempre verá o irmão como um moleque de 15 anos.
— Verdade, mas Seth é mais maduro do que ela pensa.
— Ele passou por muita coisa, afinal! — Scott comentou como se soubesse de algo que os outros, incluindo a própria família de Seth, não sabiam.
— Claro! Eu falava disto com Leah… — tentou pescar algo com aquela conversa através de Scott. — As pessoas agem diferente diante das perdas.
— E Seth amadureceu muito com as duas perdas na mesma época, não é? — Scott, ao observar o cenho de , desentendido com aquele comentário, notou que talvez ela não estivesse falando da mesma coisa que ele e, portanto, desconversou: — Mas Lili Parker? Ele não está em seu juízo! Eu vou perguntar ao Peter que tipo de amigo ele é para não avisar ao Seth do problema que é se meter com aquela família de mulheres obsessivas!
Os dois sorriram um para o outro dentro do carro e percebeu que Scott realmente sabia de alguma coisa.
— Acho que já que você não quer entrar na família e o sonho de Peter é conquistar Daniela, ele está tentando arrastar o melhor amigo para a mesma aventura.
— Precisamos salvar estes garotos!
O resto da viagem correu tranquila, e ao chegarem no restaurante onde Scott havia feito as reservas, não demoraram muito para jantar, embora estivessem agradáveis com o clima, a comida e a presença um do outro. Logo eles se apressaram para seguir à danceteria que Scott havia prometido levá-la. Noite do Country. Assim que adentraram, uma banda típica do local estava no palco não tão pequeno. Pessoas gargalhavam, um
flashmob country ocorria no centro do salão, os mais tímidos aplaudiam. Os grupos de amigos bebiam, alguns pelos balcões, outros pelas pequenas mesas que circundavam os cantos do estabelecimento. E Scott puxou pela mão sorrindo animado.
— Vamos para alguma das mesas e eu pego algumas bebidas pra nós no balcão.
Ela concordou e eles rondaram em busca de alguma mesa. Assim que encontraram uma vazia, Scott perguntou o que ela queria beber e antes de sair, um homem alto e forte apareceu ao lado dele, chamando pela amiga:
— Seth? Como assim? — Eles riram da coincidência e o jovem Clearwater abraçou Scott cumprimentando-o.
— Por que não disse que viriam para cá?
— Eu não sabia. Scott fez uma surpresa.
— Está tudo bem, Seth? — Carter perguntou ao notar que Seth estava extremamente feliz em vê-los.
— Bem, agora que vocês chegaram vai melhorar. — Seth, olhando para , completou: — Eu devia ter te escutado e ficado em casa! Aquela Lili é completamente insana.
— Nós vamos te salvar, garoto. Senta aí — Scott disse e foi buscar as bebidas. Seth disse que não bebia, então Scott não precisava se incomodar.
Sentando-se ao lado de e a abraçando como se ela fosse sua salvação, Seth olhou em direção ao banheiro feminino, impaciente. observava as danças pelo salão e assim que Scott chegou, eles começaram a desvendar qual tipo de furada Seth havia se metido. O mais novo explicou:
— Ela é insana! Ela acha que somos namorados e é a primeira vez que saio com ela! Ela não para de falar um minuto e, pelo amor de Deus… Ela não fala nada de útil!
Scott e só conseguiram rir enquanto conversavam com Seth.
— Na fila para o banheiro há uns 10 minutos. Bendita fila!
— As mulheres da família Parker são ótimas para serem suas amigas, até o ponto em que não cismam com você. Sempre chega um momento em que elas forçam uma situação. E se você não se cuidar, acaba sendo engolido pelos compromissos fantasiosos delas! — Scott explicou.
— Scott, eu mato seu irmão!
— Viu só? Eu sabia que o Peter tinha empurrado o Seth pra esta aventura, Scott!
— Ei, Seth, pode ficar conosco aqui o tempo que quiser. — Carter mencionou.
— De forma alguma, eu não vou atrapalhar mais o encontro de vocês!
— Ei, Seth, não tem problema! Scott e eu estamos ainda mais animados por ter encontrado você.
— É, a é ótima com as Parker. Tem algo na comunicação delas que é muito… Íntimo — Scott zombou rindo da amiga, enquanto ela sorriu fazendo uma careta vencedora.
— Olha, Seth, tem várias garotas por aqui e você facilmente encontra alguém. Claro que você não vai ser cafajeste de largar a Parker que você mesmo inventou de trazer, mas conversa com ela que o interesse não é mútuo. Talvez ela não seja como as irmãs. — Scott olhou para incrédulo com a sugestão que ela deu.
— Ok. Talvez ela não seja tão superficial como as irmãs. — Carter raciocinou, concordando.
— Pode ser, mas eu vou dar uma volta pra aproveitar que já vão completar 20 minutos que ela está na fila do banheiro. — Seth sorriu bem mais animado.
Scott e acenaram e em seguida brindaram.
— O que você está bebendo?
— É só um suco. Relaxe… Eu não me atreveria a desobedecer uma ordem do delegado Swan. — Ele riu.
— Eu vou te acompanhar no próximo. Não gosto de beber sozinha.
— Tem certeza? Eu posso cuidar de você se por acaso você não conseguir andar em linha reta até o fim da noite.
— Você já fez isso uma vez!
— Não necessariamente! Você apenas pegou no sono!
— É, mas hoje eu prometo que não vou dormir! E aí, quando começa a minha aula de dança?
— Agora! — Scott depositou os copos na mesa pegando as mãos dela, ele a guiou até o centro do salão onde ocorria “a grande dança”.
De longe, observou Seth dançando com outras meninas e logo Lili Parker o encontrou, ela se aproximou timidamente. Seth foi um cavalheiro exímio e continuou a dançar com sua acompanhante, fazendo com que ela sorrisse abertamente. Talvez a caçula dos Parker não fosse uma caça-dotes como as irmãs, mas sim estivesse encantada por Seth.
Entre danças e danças, risadas e mais risadas, a noite correu muito divertida e alegre. Seth e Lili se juntaram aos outros dois, algumas vezes na mesa e descobriu que a garota era realmente mais tragável do que as irmãs. Embora, ainda assim, perdurasse a marca registrada dos Parker: “o egocentrismo”. Nada que não houvesse salvação para ela. Após a chegada de e Scott, indubitavelmente, Seth ficou mais relaxado, então, de certa forma, a noite estava sendo boa para ele também.
Na saída, observou que Seth havia pegado o carro de Jacob emprestado. Ela disse a ele um “até logo”, o garoto deu de ombros ainda em dúvida se eles se veriam logo ou não. Talvez Seth não voltasse para casa aquela noite. não poderia afirmar se mesmo após a sua chegada, as impressões dele sobre a jovem continuavam as mesmas.
Scott e ela voltaram de Silverdale para Forks muito mais animados do que antes. Conversaram sobre como ela se saiu bem dançando country, apesar de estar desengonçada devido ao seu vestido e saltos. Eles prometeram um ao outro que repetiriam a dose, porém, da próxima vez, vestidos à caráter. Quando finalmente chegaram à estrada de Forks, Scott pronunciou-se a respeito do encontro:
— Foi uma noite incrível.
— Foi mesmo. Obrigada pela segunda chance. Sei que eu andei vacilando muito contigo, mas acho que posso afirmar que foi uma das noites mais divertidas que tivemos.
— Já notou que toda vez que saímos é sempre divertido, ? Por isso que eu adoro quando você finalmente encontra um tempinho para nós.
— Prometo ser uma amiga mais atenciosa — ela falou sorrindo e os dois olharam-se, amenos, mas não pôde evitar ser sincera: — Sabe, Scott, eu tenho muito medo de te magoar. De te iludir. Eu sei dos seus sentimentos, mas lamento não poder correspondê-los como você merece.
— Eu sei de tudo isso, . E não fique com medo, eu não vou te pedir em casamento ou algo do tipo. Eu só quero estar com você e ficar o máximo que puder ao seu lado, porque é como eu disse, nós nos divertimos muito.
— Eu queria tanto poder corresponder seus sentimentos, de verdade. — suspirou pousando sua mão sobre a coxa direita de Scott, ele a olhou um pouco espantado. — Mas acho que expectativas não devem ser criadas de nenhum dos lados.
— Concordo. Eu só quero deixar as coisas irem acontecendo. E, no momento, se a sua amizade é a minha melhor oferta, eu a agarrarei.
— Pra ser sincera, você tem alguns méritos. Aquele beijo… Eu não o esqueci. — deixou escapar e logo em seguida arregalou os olhos espantada. Pensou “mas o que eu estava fazendo?!”.
Não podia negar que Scott tinha sua parcela de atração, no entanto, que sujeirada ela armaria se o fizesse crer naquilo para depois negá-lo. Estavam na entrada da reserva e ela nem notou que o carro já havia parado. Scott e ela se olharam tímidos, sem imaginar qual passo dar a seguir. Ele se aproximou de , prestes a beijar seu rosto em despedida, mas imediatamente olhou para a cabana dos Black e se recordou do dia em que viu Jacob e Bruh se beijando. De ímpeto, ela segurou a nuca de Scott aproximando os rostos e mordeu levemente o lábio inferior do rapaz. Carter segurou os cabelos dela os puxando para trás com calma, e os dois encostaram os lábios novamente, mas quando decidiu avançar impetuosa para Scott, ele segurou firme os braços da mulher a impedindo:
— Eu adoraria! E quero muito, mas eu acho melhor nós esperarmos outras saídas, para ter certeza se devemos…
— Você tem razão… — respondeu despertando do transe que aquelas lembranças haviam trazido.
Scott estava totalmente certo. não sabia se estava agindo por vingança ou se, ao lembrar de Jacob com Bruh, ela imaginava que Scott era o próprio Black. De qualquer modo, Scott ou Black, as reações foram as mesmas: ambos haviam negado seu beijo. Ela não culparia Scott por aquilo, ele estava protegendo seus sentimentos. Aliás, ela faria o mesmo se estivesse no lugar dele. Será que faria? Talvez não fizesse. Se Jacob se aproximasse daquele jeito, ela o teria beijado, mesmo sabendo que ele não a amava. Mesmo sabendo que no final da noite, o frio da sua cama continuaria esperando por ela.
Os dois se afastaram naquela atmosfera de quem não deveria agir por impulso e se despediram com um abraço. desceu do carro e não avistou o automóvel de Black na porta de Sue. Talvez Seth não houvesse voltado. Scott saiu da reserva e adentrou à cabana pé por pé, sem fazer barulho para não acordar os moradores. Tudo estava apagado e ela não quis acender a luz, afinal, Black dormia na sala e poderia acordá-lo. Entrou no quarto, fechou a porta, acendeu as luzes e, ao se virar, lá estava Black.
Sem camisa e deitado na cama, abraçado à camisola dela, o que pegou de surpresa. Ela achou a cena um tanto quanto fofa e sorriu sem perceber. Ele dormia pesado, então pegou suas coisas pronta a tomar um banho rápido e se preparar para dormir, saiu do quarto o deixando ali, com todo o cuidado em não o acordar ainda. Quando retornou, ficou em pé perto da cama, observando a figura de um homenzarrão todo encolhido, abraçado à uma peça de roupa com o cheiro dela. Ela sabia que as ações seguintes poderiam gerar uma extrema dor de cabeça, contudo, ela não conseguiu negar a oportunidade. Sair com Scott e não se beijarem no final foi um soar divino de que não era a coisa certa apagar um amor com outro, ou com uma tentativa frustrada, com outra prestes a ser também frustrada.
Algo no universo havia evitado que ela se afundasse ainda mais nos seus devaneios. Então, afastou o edredom e se deitou ao lado de Jacob. Aninhou-se em seu pescoço e enquanto esperava o sono chegar, se inebriou com o cheiro do rapaz, ela repensou em tudo que Seth, Leah e Billy disseram sobre Black e seus sentimentos a respeito dela. recordou-se de toda a conversa com Seth e, de fato, era melhor evitar corações feridos.
Scott foi maduro com a hipótese de continuarem se vendo, mesmo sem qualquer relação. No entanto, a sua mágoa sobre Jacob tê-la evitado durante tanto tempo, continuava. Ela não sabia se era correto se entregar ao desejo, independente do que ocorrera anteriormente. Não seria nada bacana que Black acordasse e a encontrasse em seus braços, pois estaria claro que ela poderia investir em quem quer que fosse, mas seria nos braços dele que ela desejaria estar. E o orgulho de a impedia de permitir tal descoberta. Ao mesmo tempo, era ali que a mulher queria estar e não se importava naquele momento, com o que aconteceria no dia seguinte. Desde que ela acordasse antes de Black, tudo poderia ficar bem.
Capítulo Vinte e Dois
Desvendando Seth Cleawater II
mal pôde acreditar quando abriu seus olhos e deu de cara com Jacob, que ainda dormia. Estava tudo resolvido: ela levantaria, tomaria um banho e faria o café antes que ele acordasse e quando perguntassem, ela diria que o sofá era um pouco desconfortável. Seria o plano perfeito se, por acaso, não tivesse ela se esquecido de que Billy era praticamente a coruja da madrugada. Ao sair pelo quarto, a mulher sentiu ainda no corredor o cheiro do café.
“Droga Billy! Por que você não dorme?” pensou e, irritada, retornou ao quarto para pegar seu roupão. Após cobrir-se e sair com todo cuidado para manter os olhos de Jacob bem fechados e seus sentidos adormecidos, bufou pelo corredor em direção ao banheiro. Enquanto escovava os dentes, ela praguejava mentalmente contra Billy Black:
“Mas que droga, fica de guarda a noite toda?”, “Ele já tem idade, era para ser mais sonolento!”, “Aposto que Charlie está dormindo, afinal de contas, ele tem a Sue!”, “É isto: Billy precisa de uma mulher pra mantê-lo exausto!”. secou o rosto, jogou seus cabelos que eram mais bonitos ao acordar do que quando os penteava, para trás, e de repente começou a rir sozinha no banheiro. Afinal de contas, que pensamentos eram aqueles contra Billy? Quando foi que ela havia se tornado uma adolescente de novo? Parecia até que seu pai havia a proibido de dormir com seu namorado. Enquanto ela abria a porta e saía sorrindo, se recordou de que em todo modo, Billy teria notado que nem ela e nem Black dormiram na sala. O que ela deveria fazer então?
— Bom dia, Billy — disse assim que adentrou a cozinha. — Tudo bem se eu fizer um bolo?
— Bom dia, . Não está muito cedo para você acordar? — ele respondeu, a mulher desconfiou do que ele estaria querendo insinuar com aquilo. — Afinal, você deve ter chegado tarde ontem. Como foi a sua noite?
— Ah, foi muito divertida, Billy, aprendi a dançar
country! Acredita que Scott e eu encontramos Seth e Lili em Silverdale? Nossa, nos divertimos muito.
— Wow! Alguém ficou realmente empolgada. — Ele riu divertido e até mesmo ela, não entendia aquele tagarelar matutino do senhor Black — Eu nem sabia que Seth estava saindo com uma garota.
— Na verdade, ontem foi o primeiro encontro deles e não tenho certeza se repetirá.
— A princípio ele não se deu muito bem com Parker — respondeu e riu.
— Bem, isso deve ter mudado, afinal, Sue está com os nervos exaltados porque ele não voltou para casa e nem avisou que não dormiria. — Billy gargalhou com a travessura de Seth. — Ela não entende que o filho dela já não é mais um menino! Imagine, como se ele fosse ligar…
— Eu fico feliz por ele ter se divertido então. Eu posso conversar com Sue sobre isso depois… Acha que ela ficará chateada comigo, Billy?
— De forma alguma! É apenas ciúme de mãe. Ela é mente aberta, afinal, foi ela quem fez o Charlie se tocar ontem, não é?
Enquanto já misturava os ingredientes do bolo, os dois morriam de rir lembrando as reações de Charlie. Na verdade, ela estava rindo muito mais por contágio da alegria de Billy aquela manhã. Ele não era muito de brincar, mas estava mais animado que o habitual. No meio dos risos, a garota se recordou de algo que talvez Billy pudesse esclarecer.
— Ei, Billy… Ontem Scott me disse algo que eu não entendi muito bem. Ao falarmos sobre a maturidade de Seth, ele disse que
“Seth havia passado por duas perdas ao mesmo tempo, e que embora difícil, aquilo ajudou ele a amadurecer”. Você sabe do que ele estava falando?
— Não, . Não faço ideia! A única perda significativa para ele foi o pai. E agora você também me deixou curioso.
— Fica entre nós, Billy… Leah e eu temos achado Seth um pouco introspectivo, e eu tenho tentado conversar com ele. Nós duas achamos que seja lá o que for, ele pode acabar me contando. Então poderíamos deixar isso entre nós?
— Claro, saiba que se precisar pode contar comigo com isso. Se nosso Seth precisa de cuidados, faremos o que for preciso.
— Quer deixar entre nós também você e Jacob terem dormido juntos de novo?
Na hora em que bebia seu café, pois já havia batido a massa de bolo que naquele momento Billy colocava ao forno, a mulher engasgou diante àquela pergunta.
— Você sabe que sou discreto, mas não posso deixar de perguntar: o que aconteceu?
— Ah, isso… Droga Billy! — exclamou correndo até a porta da cozinha para se certificar de que Black não estaria ouvindo, e o pai dele apenas sorriu. — Não aconteceu nada! Estava cansada demais para deitar no sofá. Ele é quem não deveria ter dormido no quarto.
— Bem… Eu não posso iludir ele, nós gostamos de sair e somos bons amigos. Vocês todos que criaram expectativas sobre ontem.
— Eu criei mesmo, mas só quando fui ao quarto de Jacob ontem o chamar e o peguei dormindo aninhado à sua camisola, e ao acordar hoje pela manhã e não ver nenhum dos dois no sofá que voltei a sentir esperança.
— Com todo respeito, Billy, você precisa de uma namorada! — Ele se espantou com a colocação de , que logo foi se justificando: — Não quero ser uma abusada, mas se você tivesse uma namorada não ficaria “de guarda” a noite toda e eu teria conseguido acordar antes dos dois.
Billy gargalhou com as ideias da moça e enquanto estava emburrada, o ancião guiou sua cadeira até ela. Estava sentada à mesa e ele pegou na mão da jovem sobre a mesa, e acariciando-a parou de rir, transformando o riso em um sorriso paterno:
— Os cães devem ficar de guarda. Desculpe este lobo velho que quase não tem mais sono. Eu não queria deixar você sem saída. Eu juro!
— Pois é, mas meus planos foram por água abaixo. Planejei acordar antes de todos e fingir que dormi no sofá!
— Jacob a ama, . — O velho Black a encarou tenro, mas ao mesmo tempo, firme. — Depois que você saiu, ele entrou e foi para o quarto. E não saiu mais de lá. Quando fui vê-lo, havia dormido e tive pena de acordá-lo. Afinal, eu nem sabia se você voltaria para casa. Achei melhor deixá-lo lá. E você? Quer falar sobre o que aconteceu quando chegou?
— Bem… Quando o vi dormindo com minha roupa… Eu não sei explicar, mas me senti culpada. E ao mesmo tempo feliz. Eu queria estar com ele, no entanto, senti que não devia. Foi aí que decidi deitar lá e ficar abraçada a ele, e no dia seguinte
se tudo desse certo — mencionou com certa ênfase — eu acordaria como se nada tivesse acontecido.
— Entendo… Mas não acha cruel fazer isso? Você mata a sua vontade de estar com ele, porém, ele acorda com a triste lembrança de uma peça de roupa nos braços?
— Desde quando você é poético, senhor Black?
— Estou gostando da nossa relação! — Billy confessou risonho com mais uma ironia da mulher. — Mas é sério, . Você o ama, não tem motivos para não viverem isto.
— Pode ser um pouco cruel, mas… E o que ele fez comigo? Não estou falando de Ateara, estou falando de todas as outras vezes que ele não soube apenas dizer o que sentia, fazendo eu me sentir uma completa idiota que achava que conseguiria quebrar as barreiras no coração dele.
— Sabe, eu não tenho o direito de te contar sobre o passado dele, e é por isso que vou deixar que ele conte quando achar que deve. Apenas pare de remoer os erros entre vocês dois. Isso não está ajudando nem você e nem ele. Acabam se afastando quando sentem falta um do outro, e sabem que juntos são muito mais felizes.
— Você tem razão, mas… Ele teve o tempo dele e eu tenho o meu.
— Devo ficar quieto sobre tudo então?
— Eu mesma contarei a ele que dividimos a cama esta noite. — sorriu revirando os olhos, de um jeito teimoso, e perguntou tímida: — Posso te dar um abraço, senhor Black? — Billy assentiu e após receber um abraço do velho lobo, atentou-se ao forno, pois o bolo estava pronto.
Jacob havia acordado e entrou na cozinha com uma expressão de mau humor, como há muito tempo Billy e ela não viam, mas ao colocar os olhos em vestida de roupão com o tabuleiro nas mãos, ele sorriu abertamente dizendo:
— É, eu também não acredito, Billy podia me dar este forno quando eu me mudar! Eu nunca vi um bolo assar tão rápido — comentou arrancando um sorrisinho sarcástico do mais velho.
— Não, eu estou dizendo que… Achei que você não dormiria em casa! — Jacob respondeu beijando a testa dela após se aproximar um pouco eufórico e confuso por não ter certeza se ela havia ou não dormido em casa.
— Eu vou ver se o Seth já chegou e acalmar a Sue para tomar um café conosco. Pela hora Charlie já foi trabalhar. — Billy piscou para e saiu balançando a cabeça. Jacob estava ainda mais confuso.
— Vai, senta aí para tomar café — ordenou sorrindo para Black.
— Black… — Ela o interrompeu. — Do que você está falando? Eu dormi com você. — Black estava mais confuso ainda. — Você não percebeu que dormi ao seu lado? — ela perguntou.
— Não foi um sonho, Jacob. Eu cheguei tarde ontem e você dormia na cama abraçado com minha camisola, e eu estava cansada demais para dormir no sofá. Apenas deitei ao seu lado. Só não imaginei que minha presença fosse tão imperceptível.
— Não é isso… — Não pretendendo se explicar, Jacob apenas sorriu e afagou os cabelos dela.
Eles tomaram o café da manhã com contando para Jake as partes divertidas da noite. Ela não contou nada sobre Scott e ela, e o que havia ocorrido. Beijando-o ou não, decidiu que não havia por que dar explicações a Jacob sobre aquilo, não naquele momento. Quando Sue chegou, as duas se abraçaram e novamente a mulher contou sobre a noite para os presentes, inclusive comentou sobre Seth estar em um encontro. Sue ficou visivelmente incomodada enquanto Billy e Black riram do garoto.
Depois que havia se arrumado para o trabalho e quando saía pela porta da cabana, encontrou Seth descendo do carro, indo em direção à casa dos Black. Ela bateu em sua mão quando pararam de frente um para o outro na varanda.
— Então você não dormiu em casa…
“A Parker é um chata, a Parker isso, a Parker aquilo” — zombou dele fazendo voz de criancinha.
— Ei! Ela continua não sendo o meu tipo, ok?
— Ah, cachorro! Agora você diz isso né?
Seth, beijando as mãos da amiga mais velha e olhando para ela com cara de súplica, explicou:
— Eu não dormi com a Parker, tudo bem?
— O quê? Seth, você tem muito a me contar!
— Mais tarde, agora estou com fome e com sono! Você tem que trabalhar, né?
— Sim, eu tenho! E
tô pensando seriamente em te empregar, sabia? — zombou de novo, mas havia um tom de verdade na sua fala.
— Ok. — Ele beijou-a na testa. — Bom trabalho, até mais tarde.
‘Tô em fuga pra casa de Jake, porque quero evitar minha mãe. Tem café aqui?
— Tem bolo que eu acabei de preparar, café, frutas, queijo, leite… E tem também uma outra coisinha…
— Ok, ok! — Seth disse se virando e a ignorando.
— Bom café da manhã explicando-se para sua mãe.
Imediatamente ele voltou até , a segurando pelo braço e a guiando até o carro dela, como se realmente ele fosse um fugitivo.
— E aí, vai encarar ela na sua casa ou na casa dos Black?
— Se eu for para casa, posso tomar café por lá e dizer que estava o tempo todo no meu quarto.
— Eu acho que ela procurou pelo filho dela no quarto dele, né?
— Tem razão. Vou dizer que saí com o Quil e acabei dormindo lá.
— Seth… Sem mentiras, ok? — a amiga aconselhou revirando os olhos sem entender o que Sue poderia fazer de tão ruim ao garoto. Tudo bem que ela era muito ciumenta, mas aquilo era exagero. — Até porque eu contei para eles que ontem nos encontramos. — Assim que terminou de falar, Seth respirou fundo e enfim entrou na cabana dos Black. entrou em seu carro e seguiu para o trabalho na cidade.
Na hora do almoço ela passou no mercado dos Carter para fazer umas compras, almoçou, voltou ao trabalho na farmácia e após as 15 horas, deixou Stuart trabalhando e finalizou suas tarefas de gerência do dia.
Seguiu para a reserva e antes de prosseguir, parou em sua casa. O bairro Kalil parecia ainda mais assustador, e a casa com todas as coisas dela ali e sem movimentação deixavam o ambiente pior. pegou suas plantas colocando-as no carro e continuou seu caminho de retorno para a reserva.
Assim que chegou, pediu a Billy e à Sue para deixar os vasos de plantas nas varandas deles até que ela tivesse, enfim, uma casa na reserva. Perguntou onde estavam todos e Emy, muito animada, respondeu:
— Atrás da cabana de Sue, preparando o alicerce para a sua cabana!
— Não brinca! Eu quero ver isso! — correu para trás das cabanas e sorriu de orelha a orelha ao ver todos engajados daquele jeito.
— Café da tarde, alcateia! — Sue gritou da janela de sua cozinha.
Os meninos todos olharam para ela e, largando pouco a pouco suas ferramentas, foram se encaminhando para a casa. Passaram por a cumprimentando com beijos e abraços suados. Embry lambeu a bochecha da mulher que apenas fez cara de nojo, e Seth ia em sua direção aparentemente exausto.
— Obrigada por isto. — pegou sua mão andando acompanhada ao amigo. — Mesmo cansado está ajudando com minha cabaninha.
— Ei, não tem que agradecer… — Seth sorriu beijando-lhe a mão.
— Eu assumo daqui, pode ir tomar um banho, comer e descansar!
— Valeu! Vou mesmo aceitar! — Ele sorriu aliviado e enquanto estava de costas, gritou:
— Tranquilo! Sobre ontem, te conto depois!
sorriu afirmando. Olhando para trás, Black e Charlie estavam vindo no mesmo rumo que ela, então a mulher os aguardou. Agradeceu aos dois e recebeu seus abraços de volta, depois continuaram andando em direção à cozinha de Sue.
— Desde quando ele conta sobre as noitadas dele para você e não para mim? — Black perguntou se referindo a Seth.
— Eu sou muito mais divertida e posso ajudá-lo com as mulheres melhor do que você.
— Também posso! Na verdade, era eu quem vinha fazendo isso e muito bem por sinal! — Charlie e riram do ciúmes de Black. abraçou a Charlie de lado e ignorou a cena de Jacob.
— Obrigada por ser meu pai aquela noite — disse ela para Charlie. — Eu nunca soube como era.
— Eu que agradeço por me deixar fazer parte disso.
— Eu posso me habituar facilmente a chamar você de pai, gostaria de saber se teria algum problema — confessou um pouco tímida e no mesmo instante o delegado parou com sua caminhada.
Disfarçando a emoção, Charlie puxou para um abraço e beijou o topo de sua cabeça. Swan revelou:
— Eu serei muito feliz com isso.
O delegado se afastou da mulher, um pouco constrangido e sorriu feliz sentindo Jacob parado ao seu lado e sorridente com a cena. Black a abraçou pelos ombros, contando:
— Ele sente falta. E Leah mesmo depois de aceitá-lo, nunca pôde chamar ele de pai. Nem Seth. Mas Charlie entende. O Sr. Clearwater era muito amado por todos, inclusive por Charlie.
apenas sorriu de volta para Black, se aninhando cada vez mais em seus braços, Jacob a acompanhou pela sala de Sue. Charlie, saindo do banheiro e os encontrando, disse:
— Black! Solte minha garota e vá lavar suas mãos.
Ao restante da tarde, todos voltaram seus trabalhos à nova cabana. Foi necessário voltar à cidade, e decidiu ir acompanhada de Emy e Leah para comprar alguns materiais de construção e assim, elas aproveitaram para ouvir os detalhes da noite de fofocados pela própria. Ao contar do quase beijo, tanto Emy quanto Leah concordaram que manter a amizade de Scott era o melhor caminho e assim que comentou sobre sua conversa com Billy pela manhã, as duas quileutes assinaram embaixo de tudo o que velho lobo dissera.
O restante da tarde e início da noite foi de muito trabalho focado na construção da cabana. Os rapazes quileutes estimaram que no máximo em três meses a cabana de estaria pronta. O jantar foi feito na casa de Sue para comemorar o primeiro dia de trabalho na cabana da nova quileute. estava mesmo muito feliz, mas em determinado momento, sentiu falta de Seth e foi ao seu quarto. Deu duas batidas na porta e logo Embry estava ao seu lado. Havia saído do quarto de Leah com um CD em mãos.
— Sim. Que música vamos ouvir?
— Leah e essas bandas esquisitonas que ela escuta… — Embry riu mostrando a capa de uma banda que não fazia ideia de quem era. — Escuta… Está tudo bem com Seth?
— É isto que eu vim conferir. Estar cansado sobre ontem, ok. Mas ele não está apenas cansado. Você sabe de alguma coisa?
— Vocês estão muito amigos, não é? — Embry sorriu nostálgico.
— Eu sou amiga de todos vocês. Só que vocês oscilam em momentos diferentes. E que bom, porque eu não daria conta de ser psicóloga de todos ao mesmo tempo. — Embry sorriu a abraçando e ralhou apontando: — Sabe qual o problema? Essa falta de privacidade mental de vocês!
— Não, isso é algo que todos estamos habituados. O que está mexendo com ele é algo que aconteceu há algum tempo. Ele tem remoído isto, mas ficará bem. Mas é como a Leah diz… Seth não se sente mais à vontade como antes para se abrir com a gente, mas com você tem sido diferente. Agora acho que pode ser justamente pelo o que você disse: este vínculo que vocês não têm deve deixá-lo mais confortável para falar sem medo.
— Você é sempre tão esperto. — abraçou Embry e disse que o encontraria logo, no andar de baixo.
Estranhando a demora de Seth em atender as batidas à sua porta, ela resolveu abri-la devagar e deparou-se com ele dormindo. A mulher não sabia se deveria acordá-lo, mas sentiu que poderia entrar e observá-lo de perto. Então, avançou alguns passos, e encostou a porta. Ele estava de costas para ela, se sentou na beira da cama e, tal como uma irmã preocupada, iniciou um cafuné em seus cabelos.
Seth remexeu-se um pouco na cama e virou para o lado dela. Em outros momentos, outros dias, estaria sem graça pelo que fez. Acharia que estava invadindo o espaço dele, mas a verdade é que ela sentia que pertencia cada vez mais àquela imensa família, e sentia por Seth a mesma preocupação que sentiu quando Embry precisou do seu ombro amigo. Pensava nisto enquanto afagava os cabelos de Seth, e mal percebeu quando ele passou as mãos em sua cintura e a puxou sobre ele colocando-a deitada ao seu outro lado da cama. ficou tão assustada e inerte com aquilo e já ia gritar com ele, quando ele, se aninhando a ela, deitou seu rosto no pescoço da amiga e sussurrou um nome: “Anna”.
Anna? Quem diabos era Anna? E por que Seth a estava confundindo com essa tal de Anna? observou melhor o rosto dele e pôde notar as lágrimas que escorriam de seus olhos. Lembrança ou apenas sonho, Seth estava sofrendo. Ela colocou a mão em seu rosto a fim de acordá-lo e sussurrou seu nome baixinho, Seth, em resposta, colocou a mão sobre o rosto da amiga e esboçou um sorriso confuso. Ao abrir os olhos fracamente, ela disse para ele:
Ele soltou o rosto da amiga, confuso, e foi se afastando devagar. Sentou-se na cama e a encarou envergonhado.
— Tudo bem… Não precisa ficar mal. O que aconteceu só vai ficar entre nós, ok? — disse e Seth levantou apavorado. Ao se olhar apenas de cueca, correu para pegar sua bermuda e a mulher não pôde deixar de rir com aquilo.
— O que aconteceu ? — ele disse espantado.
— Nós transamos — a outra zombou, dizendo de forma calma e séria.
— O quê? — Seth correu até a porta do seu quarto, trancando-a, desesperado: — Como assim? Não é possível… O que eu…
Era nítido o pavor no rosto dele, e mesmo com ela rindo da situação Seth não desconfiou de nada, então resolveu parar com a “trolagem” antes que ele saísse correndo perguntando aos outros o que havia acontecido.
— Senta aqui, Seth. Nós não fizemos nada, seu idiota, se acalma. — Seth, sem entender, respirou fundo se acalmando, e colocou a mão sobre os olhos quando a ficha caiu de que tudo não havia passado de uma brincadeira.
— Você enlouqueceu ou o quê, ?
— Nossa, não precisava ficar apavorado… — Ela riu.
— Não! Imagine!
— Por que este desespero?
— Você é mulher proibida, ! — Seth disse óbvio voltando a sentar-se ao lado dela na cama.
— Que papo é esse, lobinho?
— Você é a mulher do meu amigo…
— Ei! — interrompeu o discurso. — Desconheço este fato!
— Desconhece por enquanto…
— O que você sabe que eu não sei? — ela perguntou já imaginando se ele saberia sobre a outra noite que havia dormido novamente com Jacob.
— O que aconteceu para você ficar preocupada assim? Agora você vai me contar!
Ela tratou de desconversar, pois notou que ele havia se reanimado como antes:
— Olha, eu vim até seu quarto saber de ontem, o que aconteceu e tal… Mas aí você estava dormindo, me aproximei, te fiz um carinho e você praticamente me jogou nos seus braços e me chamou de Anna. Quem é Anna? A mulher de curvas que dormiu com você ontem?
Seth arregalou os olhos e ficou um tempo em silêncio. Tempo aquele que estava a incomodando bastante e já pensava em falar algo quando ele disse que iria ao banheiro de seu quarto escovar os dentes, porque não iria explicar nada a ela com “bafinho de sono”. Ela aguardou que ele voltasse ainda sentada na cama, e logo Seth se juntou à amiga. Ele cruzou as mãos e como quem procurava as palavras iniciou:
— Vamos lá, podemos falar sobre ontem primeiro?
— Podemos falar sobre tudo o que você quiser.
— Podemos começar por você?
— Podemos, mas não sei se vou falar tudo que aconteceu comigo ontem antes de você falar o que aconteceu com você.
— Você transou? — Seth perguntou travesso.
— Não. O que isso tem a ver?
— Então o que você não iria me contar? — ele disse sorrindo e ela assentiu, e ele continuou: — Já eu, transei. Então tecnicamente não posso te contar nada. Vamos lá, comece!
— Ei! Você vai me contar sim! Não precisa explicitar sua noite sórdida, mas temos um acordo de manos aqui! Não temos?
— Um acordo de manos? — ele disse zombeteiro. — Se eu tivesse um mano como você, teríamos realmente transado.
— Cala a boca que você quase caiu para trás com a minha brincadeira. Faltou sair correndo pelo corredor.
— Ok, desculpe, mas é como eu disse…
— Eu não sou mulher de amigo seu e nem de ninguém! — corrigiu e mudou a rota do assunto de vez: — Vamos ao ontem… Depois que deixamos vocês lá em Silverdale, Scott e eu voltamos para casa conversando o caminho inteiro sobre como a noite havia sido divertida e quando chegamos aqui, nós quase nos beijamos. Mas Scott foi mais sensato do que eu e nos parou antes que o fizéssemos. Decidimos que é cedo para “deixar rolar”. É isso, e você?
—
‘Tá faltando coisa — Seth falou com uma expressão desconfiada e um sorriso cretino para ela.
—
‘Tá nada! Que história é essa?
— Você morde o lábio inferior quando mente ou está escondendo algo, ! — A amiga olhou para ele sem entender desde quando Seth havia notado aquilo, mas o rapaz explicou: — Jacob e Embry me contaram isso. Na verdade, Embry soube primeiro e Jacob apenas concordou depois.
— Droga… Não posso sequer mentir pra vocês… — suspirou e contou sem deixar de apenas rodear pelo assunto: — Eu cheguei e vi Jacob dormindo com minha camisola em seus braços, e ele estava na minha cama, então… Eu estava cansada, não ia dormir no sofá! — Seth começou a gargalhar e sussurrou um “eu sabia!”. — Sabia do que, garoto?
— Mas e aí, o que aconteceu depois?
— Nada, oras! Dormimos e acordamos.
— Espera… — disse Seth óbvio após ouvir seu relato. — Não é a primeira vez que vocês dormem juntos, não é? — Seth gargalhou ainda mais.
— Quando foi que eu disse isso?
— Não precisa nem dizer! “Dormimos e acordamos”? É óbvio que se fosse a primeira vez que isto aconteceu, você estaria toda desesperada sobre essa atitude! Eu não sou bobo, tá?
— Ok. Você venceu. Já aconteceu antes, há muito tempo. E não, nós não transamos.
— E por que não transaram ontem?
— Seth! Você acha que é assim que funcionam as coisas?
“Ei, Black, vem cá, vamos acasalar!” — Ah, cala a boca, garoto!
— Se eu tivesse a mulher que amo ao meu lado, não hesitaria.
— Bem, isso me lembra que minha história acabou. Sua vez.
— Ok. — Seth suspirou pesadamente. — Eu trouxe a Lili para casa ontem. Conversamos e expliquei que ela estava fantasiando muito e criando expectativas e, diante disso, eu não queria magoá-la, e achava melhor irmos devagar. Ela concordou comigo. Falou que se divertiu bastante, e quando eu quisesse era só procurá-la. Então voltei para o carro e meu telefone tocou. Era a Paige, uma amiga do colegial. Ela chorava muito e perguntou se eu podia ir encontrá-la na casa dela. Eu já estava na rua mesmo, então eu fui. Assim que cheguei lá, os pais dela não estavam em casa porque tinham viajado. Meu alerta mental soou dizendo
“cai fora” imediatamente. — Ele parou de contar e vagueou em suas memórias tristonho.
— Então. Por que mesmo você tinha que cair fora? — atraiu de volta a atenção dele.
— Ela disse que havia sonhado e que ninguém mais podia acalmá-la se não eu. Ela começou a desabafar sobre como eram difíceis as lembranças para ela, mesmo depois de tanto tempo. E no meio das lágrimas e do choro que consumiu nós dois, eu acabei não resistindo e quando ela tentou me beijar, eu correspondi. E dali por diante… Bem você já sabe né.
— Tá… — pensava sobre o que havia escutado. — Não preciso de Jacob e nem de Embry para me dizerem que também está faltando história… O que ela sonhou? Por que vocês dois estavam chorando sobre estas lembranças e que lembranças são estas? E afinal, quem é Anna?
— Droga… — Seth deixou uma lágrima escorrer. — Eu vou ter que me abrir com você.
— Não precisa fazer isto se não quiser, Seth, eu só quero ajudar.
— Eu sei. Desculpe. Eu só posso fazer isto com você… Não me sinto confortável de falar com mais ninguém sobre isto.
— Tudo bem, eu estou aqui…. — virou-se para Seth e o abraçou apertado sendo correspondida.
— Um pouco antes do meu pai morrer… Eu tive um
imprinting com uma garota chamada Anna. Meu pai era o único que sabia. Ele havia dito que era muito cedo para ter acontecido meu
imprinting e que não era para eu me preocupar com aquilo, apenas aproveitar a companhia da Anna. Éramos amigos desde o dia em que fui para o colégio na cidade.
“Algumas semanas depois, meu pai faleceu e Anna me apoiou da melhor forma que pôde. Sem meu pai, eu não sabia como contar para minha mãe sobre aquilo ou apenas com quem desabafar. Peter Carter não sabia de nós, e na verdade nem eu sabia que ele descendia de outra tribo da região. Então eu pensei em falar com algum dos meninos, mas além das coisas estarem muito conturbadas na época, eu observava como todo o assunto da
matilha deixava de ser pessoal. E como a Leah sofria em relação ao Sam, eu não queria nenhum deles controlando. Todos estavam ocupados demais com as… As coisas que iam acontecendo em nossas vidas. E eu ainda tinha minha mãe para ajudar a consolar. Peter acabou sendo o amigo que eu tive para contar certas coisas.
“Eu não havia dito nada para ele sobre
imprinting, mas confessei gostar da Anna. E era correspondido. Estava tudo voltando a ficar bem, mas numa noite Peter me ligou dizendo que Anna havia sido internada. Ela estava doente e por isso foi levada para Phoenix. Quando eu pude ir vê-la, ela já estava muito mal, e na primeira noite que eu dormi no hospital, Anna não resistiu. Eu perdi meu pai e meu
imprinting na mesma época.
“Quando voltei, Peter, que sabia dos meus sentimentos, notou que eu não superava Anna e foi quando ele me contou sobre a Paige. Paige era a irmã gêmea de Anna e confidente dela. Eu achei estranho não conhecer ela ou Anna nunca ter mencionado a irmã. Peter disse que Paige morava em outro país e Anna não falava muito sobre a irmã para evitar as saudades e a melancolia. Mas depois que ela havia falecido, Paige estava vindo. Então eu tive que me preparar, afinal, a irmã gêmea da minha garota estava vindo a Forks.
“Quando todos souberam, acharam que Anna era apenas uma paixonite de colegial e Embry foi quem mais parou de viver o caos do mundo para viver meu caos comigo. Mesmo assim eu não tive coragem de dizer a ele que eu havia perdido não uma paixonite, mas o meu
imprinting. Só se tem um
imprinting uma vez na vida, e enquanto todos sonham em como será o seu, eu já não teria o meu.”
Seth chorava como se tudo aquilo que ele estava contando para tivesse acontecido aquela semana. E a única reação dela foi de abraçá-lo e confortá-lo. Sobre aquilo de
imprinting, ela não poderia opinar a respeito, apenas tentar compreender. A medida que Seth foi se acalmando, perguntou:
— E o que aconteceu quando Paige chegou?
— Peter se apaixonou por ela e nós dois nos tornamos muito amigos. Anna era e é tudo o que temos em comum. Eu contei a Peter logo depois sobre o
imprinting, foi quando descobri que na tribo dele há algo parecido. Ele acreditou e me compreendeu e se compadeceu da minha tristeza. E durante esses anos, eu superei e tudo ficou bem. Mas… Depois de você aqui …
— Oh-oh… Não gosto quando as pessoas dizem isto.
— Tudo bem, não é como se você fosse culpada de algo, mas você chegou e Jacob mudou, Embry mudou, Leah finalmente encontrou o seu
imprinting e você não sabe como fiquei feliz com tudo isso! E aí, você e Scott começaram esta história e ao mesmo tempo você e Jacob… Fiquei pensando sobre os sentimentos de Scott, perguntei a Peter e ele me garantiu que não é algo como um
imprinting que Scott sente. E eu fiquei aliviado. Sei o quão doloroso é não ter quem você mais sonhou um dia encontrar. E não é o caso entre vocês, mas me peguei pensando de novo nisso tudo. E procurei a Paige depois de todo esse tempo. Andamos nos vendo e conversando sobre a Anna… Até então ela estava bem, me apoiando e dizendo que eu logo encontraria alguém… Tudo parecia bem até ontem. Quando ela desabou com toda essa história que eu desenterrei e acabou se entregando para mim, e eu idiota que fui… — Seth parou de falar fechando os olhos de um jeito culpado.
— Entendo, mas, Seth, não se culpe. Tem sentimentos demais de ambos os lados. O que houve com a Paige e o Peter?
— Terminaram há muito tempo. Como você sabe, Peter é apaixonado por Daniella Parker. Mas ainda me sinto sujo de ter dormido com ela. Ela era minha amiga, gêmea da garota que eu amava e ex-namorada do meu melhor amigo.
— Não, não pensa assim. Vocês dois estavam fragilizados e acabaram cedendo a algo que já existia dentro de vocês. Este interesse não veio de agora, pode ter sido notado agora, mas não se culpe! Você não fez nada de errado e nem ela. E quanto ao Peter, ele virou a página e não acho que tenha motivos para dizer isso a ele. A menos que você e Paige decidam…
— Não! — Seth interrompeu a fala da amiga, enfático. — Não vai acontecer mais nada. Hoje pela manhã me desculpei com ela e ficamos numa boa. Só é duro lidar com a minha consciência.
— Ei, imagino o quanto tudo isto deva ser difícil, mas você precisa continuar. Sabe disso, não é? Olha a sua irmã! Havia desistido de amar, e entendo que com ela aconteceu o inverso do que com você, mas não é porque a pessoa do seu
imprinting não está aqui que não exista mais ninguém possível para você amar. Seth, você está me entendendo?
— Você é mesmo incrível — ele disse sorrindo para ela, a olhando com ternura.
— Obrigada por compartilhar isto comigo, Seth.
— Eu só não entendo… Eu não sou como vocês, não posso entender exatamente a força disto tudo… Do
imprinting… — Seth, ouvindo-a, sorriu franco. — Você tem várias pessoas que entendem e te acolheriam, cuidariam de você… Então por que não compartilhar com eles?
— Por entender, eles me olhariam com pena. Isso se tornaria um fantasma sobre quem eu seria dentro da
matilha. E não é este o olhar que quero.
— Por causa da Leah, não é?
— Exatamente, eu vi o que ela passou.
— Bem, todos estão preocupados com você agora. Sua irmã, me pediu para conversar contigo. Embry, Billy… O que eu faço?
— Apenas diga que eu me apaixonei pela pessoa errada. — Seth encarou firme a amiga e, compartilhando seu olhar mais carinhoso, completou: — Mas já estou me curando.
Os dois ficaram ali abraçados um tempo. Se acomodaram na cama e com sua cabeça no peito de , ela fez cafuné em Seth até que ele adormecesse novamente. Na verdade, por mais que tentasse, não sabia como lidar com aquilo. Os quileutes não a prepararam para saber lidar com “
imprintings” perdidos. Este capítulo era desconhecido e ela sentiu o quanto aquela tradição, ou benção, ou seja lá o que fosse, era algo profundo e íntimo para os lobos. Doía ver que Seth, no auge de seus 20 anos, teria aquela bagagem toda de perdas. E após saber daquilo, pôde compreendê-lo melhor. sempre soubera que as pessoas se tornam aquilo que as suas experiências transformam elas. E Seth se tornou um homem íntegro, maduro, amoroso da melhor maneira, mas sob as mais difíceis circunstâncias. Ela orgulhava-se ainda mais dele após saber daquilo tudo.
Antes da conversa com , quando foi lavar seu rosto, Seth destrancou a porta e alguns segundos após ele adormecer no colo da amiga, alguém abriu lentamente a porta os procurando. Era Jacob. O quileute olhou para os dois, curioso e espantado e sorriu fazendo um sinal com a mão para ele entrar. Um diálogo breve em sussurros, para não acordar Seth, iniciou-se entre eles:
— Dor de amor. Mas ele ficará bem.
— O que eu faço? Embry pediu para eu vir vê-los e todos esperam uma resposta.
— Eu já desço. Deixa só eu conseguir me soltar dele sem acordá-lo.
Jacob saiu um pouco contrariado. Devagar e delicadamente desvencilhou o seu corpo do de Seth e ajeitando-o da melhor maneira que ela pôde, a amiga fraternalmente beijou o rosto do rapaz longamente, acariciou seus cabelos e se retirou devagar do quarto.
Parada à porta, antes de fechá-la, o observou uma última vez aquela noite e, enfim, deixou uma lágrima escorrer. Ela segurou o máximo que pôde, mas aquela pequena lágrima teimosa insistiu em descer de seus olhos revelando a realidade de alguém que, por conhecer o medo da solidão também, temia por ela. enxugou seu rosto e foi ao encontro de todos.
Capítulo Vinte e Três
O Ataque Surpresa
desceu as escadas da cabana de Sue ao encontro de todos à varanda e Jacob a esperava no último degrau. Eles se entreolharam, e ela não pôde deixar outra lágrima guardada. Jacob, se compadecendo da situação de Seth mesmo sem saber ao certo do que se tratava, enxugou aquela trilha molhada no rosto de e abraçados os dois seguiram casa à fora.
— Está tudo bem com o Seth, ?
— O que ele tem? Conseguiu descobrir? — Leah perguntou disfarçando sua aflição.
— Ele se apaixonou por alguém que não pode corresponder.
Todos assentiram encarando , curiosos. Leah olhava profundamente nos olhos da amiga e nos olhos de Jake. Então, Paul, prosseguindo com o falatório daquela tarde, concluiu:
— Ele vai ficar bem quando o
imprinting dele acontecer.
E percebendo que ninguém ali teria a dimensão do que o Seth precisava, sorriu se despedindo, afirmando que ia descansar, até estava mesmo cansada, mas Embry e Leah ficaram a observando, estranhos. A mulher correspondeu ao olhar curioso deles como alguém que implorava para que eles entendessem o que os seus olhos tentavam dizer. Ela deu as costas em direção à cabana de Billy e ouviu passos a seguindo devagar, porém não olhou para trás. Apenas depois que estava deitada na cama de Jacob ela o ouviu entrando no quarto, e se sentando ao lado dela. Black passou um dos braços acima do abdômen da mulher, com as mãos apoiadas na cama, em uma espécie de abraço discreto.
— O que houve com ele, de verdade?
— Eu não tenho este direito, Jacob.
— Ele já teve um
imprinting, não é?
— Eu acho que você deveria perguntar a ele.
— Eu não vou contar para ele e nem o torturar por isso. Seth pode ter se esquecido, mas, as pessoas que mais o compreenderiam com isso sou eu, e talvez a Leah.
— Seja como for, ele não se abriu comigo para que eu saísse contando a vocês o que o aflige.
— Tudo bem. Mas e sobre você, pode me contar?
— Para alguém que “não acreditava em amor” como Embry insistia em dizer, e para alguém que não compreende a dimensão de um
imprinting… Você ficou bem abalada.
— E você está achando que sabe demais, não é?
— Não precisa ficar nervosa. — Ele riu.
— Não está. Devo me preparar para ser mordido? — Jacob olhou para ela, zombeteiro.
— Sabe, eu queria muito morder você agora. De verdade!
Jacob a estava irritando com aquele assunto e não sabia ainda o motivo para se incomodar tanto com aquele sentimento antigo. Algo que havia ficado no passado, tão remoto, tão distante, e que se iniciou numa latente recordação de dor.
— Você pode me morder — e, se aproximando do rosto dela, Black sussurrou — quando você quiser.
— Você está confundindo as concessões que lhe dei, Black.
— Uma coisa por vez, primeiro, conte-me o que te magoou tanto com a situação de Seth.
— Eu enterro certas coisas que nem mesmo a minha sombra reencontra.
— Uau. Entendi. Isto nos faz pular para a próxima pauta.
olhou para ele, confusa, e saltando sobre ela, calmo e com sua respiração próxima e olhar fulgurante, Jacob se deitou ao seu lado. Apoiou a cabeça em uma das mãos e a encarou sedutor:
— Nós? Não há um nós, Black. Há eu e há você.
— Você e Scott se beijaram?
— Achei que falaríamos sobre “nós” e não sobre mim.
— Você precisa se decidir…
— Eu não acho que lhe devo alguma explicação da minha relação com Scott.
— Não, não deve. Mas eu estou tentando consertar as coisas entre nós dois.
— Ah é, e posso saber por quê?
— Porque é estupidez demais continuar negando um para o outro o que sentimos.
— As coisas sempre são assim contigo? Na sua hora?
— Ora, vamos, ! Você é extremamente teimosa!
— Pode até ser, mas quando eu quis investir nisso — a mulher apontou para os dois — você ergueu um muro de Berlim! E agora, porque você quer, acha que pode vir e dizer “Scott, cai fora!”?
se virou na cama, sendo espelho dele e o encarava furiosa.
— Eu só quero que saiba que eu já me arrependi de tudo o que eu não fiz. E quero que fiquemos bem de novo.
— Nós estamos bem, eu te disse quando voltamos do galpão. Até te abracei.
— Que merda, Jacob! O que você quer?
— Você e Scott estão juntos mesmo ou não?
— Ele me ama — confessou enquanto seus olhos e os de Jacob encaravam-se de forma apreensiva um pelo outro.
— Tantas vezes quanto as que corri atrás de você. — Ela lançou e novamente um silêncio se prostrou entre eles, até que ela falou um pouco mais duramente: — Não… Não corri tanto assim atrás de você. Não foi preciso, você me dispensou bem rápido. Ele disse que me ama muito mais do que isso. Não é segredo para ninguém nesta cidade, e só você não enxerga que eu poderia ter tido qualquer cara desde que cheguei…
Ela decidiu não continuar a frase. Não poderia esclarecer para Jacob o poder que ele tinha sobre ela.
— E você pretende dar uma chance a ele?
— Por que isso te interessa agora?
— Porque eu amo você e estou disposto a lutar por isso — Jacob confessou de um jeito totalmente firme.
Ele se aproximou dela lentamente. Seus olhos hipnotizados um no outro. Ele umedeceu seus lábios, tão chamativos, e quando os roçou aos de , ela o empurrou. Levantou da cama um pouco ansiosa, com uma das mãos na cintura e a outra bagunçando os próprios cabelos. Já Black a encarava tranquilo. queria bater nele por ele fazer aquilo depois de tanto ela sofrer. A mulher pegou o próprio casaco as chaves do seu carro e saiu do quarto com Jacob a seguindo, mas parando quando ela pediu:
— Me dê um tempo. Eu quero ficar sozinha, Black.
Billy, Sue e Charlie conversavam ainda na varanda de Sue, e estranharam a saída repentina dela.
— Onde vai, ? — perguntou Charlie com autoridade paternal.
— Só dar uma volta, pai! — ela gritou sem perceber o que havia dito, e ao fechar a porta do carro, o olhou pedindo: — Er.. Desculpe, Charlie.
Ele apenas sorriu, indicando que ela poderia chamá-lo por “pai” quando quisesse. Sue o abraçou de lado e sussurrou feliz algo para ele obtendo o cativo sorriso de emoção do delegado. observou o pequeno grupo pelo retrovisor uma última vez, e lá estava Billy a analisando com sua habitual feição indecifrável. Jacob surgiu na porta da cabana e, encostado nela, olhou sereno para ela. Os dois trocaram olhares cheios de significados e ela deu partida sem pensar duas vezes.
Dirigiu pela estrada, devagar. Não estava nervosa e nem com medo, nem sentia ódio ou raiva, estava, na verdade, feliz. Feliz pelo que havia escutado. E confusa. Confusa porque era como se Jacob estalasse os dedos para que ela fosse em sua direção. já havia passado de Erick a Embry, de Embry a Jacob, de Jacob a Erick, de Erick a Jacob, e enfim, de Jacob a Scott… deu-se conta de que ultimamente ela brincava de malabares com os corações. Inclusive o seu próprio. Se pegou indagando para si:
“Se eu, não tivesse me envolvido com a reserva, Erick e eu estaríamos juntos?”. Chegou rapidamente à conclusão de que não. Eles eram muito diferentes.
E não haveria como ela não se envolver com La Push, uma vez que foi a Forks justamente pelo desejo de conhecer La Push. Bella havia falado tanto naqueles e-mails sobre a reserva, a praia, os indígenas… Era claro que nunca quis conhecer Forks. Nem mesmo quando no passado…
— Ei, linda, e se fôssemos até aquela cidade aonde o pai de Bella mora? Como se chama mesmo, Bell? — Forks. Não acho que gostaria de Forks. Ela é ensolarada demais para um distrito como aquele. — Exatamente, Theo! —
disse beijando o namorado. — Não vamos mudar os planos! Iremos para a Califórnia nas férias! — Theo, por favor, nós custamos a convencer René… — Eu sei, Bell, mas não acho que sua mãe se importaria caso quiséssemos voltar uma semana mais tarde, apenas para você visitar o seu pai. — Theodor… Eu não vou a Forks. Eu odeio lugares frios! Bella riu, olhando cúmplice para Theo. Ele pegou sua namorada no colo, enchendo-a de carinhos e sussurrou em seu ouvido: “Eu faço tudo por você, você não poderia fazer isto por mim?!”.
Após ser tomada por aquela memória triste, balançou a cabeça afastando as lembranças. Theo… Ela já não chorava por ele há muito tempo. Dirigindo ainda, ela olhou para o céu à sua frente e a mistura de tons indicavam um céu sombrio e estrelado que só existia em Forks. deu-se conta de que não havia ido a Forks nem mesmo por Theo, o que fazia ela sentir que o traíra por isto. Ela havia ido a Forks exatamente por La Push: o paraíso escondido de Bella. E quão falso aquilo soava, uma vez que Bella havia ido embora como fumaça que se esvai sob a chuva. Não havia sequer o fantasma de sua antiga amiga.
Às vezes sentia como se tudo houvesse existido apenas em sua mente. Todos aqueles e-mails pareciam histórias fantasiosas de alguém criativo o suficiente para se tornar um escritor. Por onde estaria Bella? E como ela pôde sumir do mapa, abandonar o pai, La Push… E Se Embry não tivesse o
imprinting com Leah, eles estariam juntos? E se estivessem juntos, ela e Black teriam se tornado amigos? também sentia como se fosse empurrada para Black desde o primeiro instante. Aquele Jacob do quarto era tão oposto daquele homem que esbarrou com ela enquanto caminhavam na areia da praia. Tão oposto daquele que socorreu o seu carro quebrado na estrada. Tão diferente daquele que a levou até Sue, e tão diferente daquele em sua cozinha no escuro, o qual já havia instigado desde aquele momento nela, algum fascínio…
Se fosse responder sobre amá-lo ou não, talvez diria que não o amava, mas que dependia dele. Aquela era uma sensação tão estranha e doentia. Tudo soava como se Forks não fosse o seu lugar sem ele. E se ela não pudesse tê-lo, por que estar ali? Se ela desejasse e pudesse amar a Scott seria tão prudente. Tão mais fácil! Eles poderiam ser uma família comum de pessoas apaixonadas com filhos divertidos, que se reúnem aos domingos na casa dos avós… E… Oras… O que ela estava pensando? Nada naquele lugar era comum. Nada. Nenhuma pessoa. Tudo em Forks era peculiar demais para quem deseja ser medíocre.
Rompendo com aquela confusão de pensamentos atravessados, parou o carro em frente à grande casa branca da cidade. Abriu o portão preto, alto, de grades pontiagudas ouvindo-o ranger. Caminhou na curta trilha de pedras, e bateu à porta.
— Ótima. Que surpresa! Ora, entre.
Dando-lhe espaço para entrar, ela avistou que o senhor Carter estava sentado em sua poltrona, mas dobrou os jornais em seu colo e se levantou para cumprimentá-la.
— Como vão as coisas, ? — Eles apertaram as mãos.
— Hã… Algumas décadas são necessárias para uma grande novidade surgir outra vez em Forks.
— Entendo, depois da “amiga da misteriosa Bella”, vão levar alguns anos. — fez piada e eles riram breves, mas rápida ela explicou sua presença ali: — Desculpem-me atrapalhá-los a esta hora, mas eu gostaria de saber se o Scott estaria em casa.
— Oh, querida — Eva voltou com uma xícara de café para ela, respondendo um tanto chateada: — Lamento, mas ele saiu.
— Certo, tudo bem. Não era nada importante… — bebericou o café com os olhos do casal sobre si.
Viu que foi uma péssima ideia ter ido até lá. Peter descia as escadas e sorrindo ao vê-la, se aproximou e logo a abraçou.
Eva pigarreou olhando-o reprovadora.
— Ér… Ele não deve demorar. Você sabe como ele é em relação as Parker.
— Tudo bem, Peter! Você me acompanha até lá fora?
— Claro, se quiser aguardá-lo eu te faço companhia.
— Pode ser. Tenho mesmo que falar contigo sobre um assunto aí…
Os dois saíram pela varanda e Peter fechou a porta da casa sob sussurros e caretas aos pais. sorriu discretamente por notar que eles haviam mesmo ficado surpresos. Caminharam até o carro dela e Peter acomodou-se no banco do carona enquanto entrava pelo outro lado.
— E aí, o que você quer saber do Scott?
— Eu não quero saber nada dele. Quero saber que ideia estapafúrdia é esta a sua de empurrar o Seth para a Lili, Peter?
— Bem, antes eu podia contar com meu irmão para me aproximar de Daniela, mas aí você surgiu…
— Você sabe que ela é apaixonada pelo Scott, não sabe?
— Ela é apaixonada pelo dinheiro da nossa família, e não por algum de nós.
— Você sabendo disso não acha também que merece uma pessoa melhor?
— Eu gosto dela. Não dá para evitar por quem nos apaixonamos… Não é, ?
Um breve silêncio se fez até Peter se pronunciar novamente.
— Posso te perguntar uma coisa?
— Ele é muito especial para mim, um amigo que eu sinto que posso contar tudo e que sempre estará ao meu lado. Não importa o que eu faça de errado. E… É como se ele fosse igualzinho a mim, sabe? O mais próximo da realidade que eu já pertenci um dia. Não sei explicar. É um sentimento fraternal.
— Então, por que você dá esperanças a ele?
— Eu não dou, Peter. Seu irmão e eu acordamos que não vamos evitar um ao outro independente de nossos sentimentos.
— Típico dele. Escolheu se contentar com a sua amizade mesmo sabendo que isso o destruirá por dentro.
— Peter, do jeito que você fala é como se eu fosse um veneno para ele.
— E é. Scott sempre deixa os sentimentos dele o intoxicarem. E eu torço a cada dia para que ele um dia se apaixone por alguém capaz de amá-lo.
começou a se sentir afetada e culpada com a sinceridade expressa nas palavras de Peter. Ela sorriu sem graça para ele e girando a chave de seu carro, se despediu:
— Bem, Peter, eu não quero fazer mal ao seu irmão… Fique tranquilo quanto a isto. — Sorrindo ainda sem jeito, concluiu: — E eu preciso ir agora.
— Não era a minha intenção constranger você, eu não tenho nada a ver com a relação de vocês, me desculpe.
— Imagina! Tudo bem, eu realmente tenho que ir.
Peter beijou o rosto de e saiu do carro. O sr. Carter aproximou-se da porta do motorista sem que ela percebesse e a assustou ao dizer:
— , tenha cuidado na volta para casa, certo?
— Obrigada, Sr. Carter. — Ela o olhou em dúvida, sentindo que os olhos do velho Carter se tornaram diferentes, mais opacos.
Ela deu partida deixando os dois homens para trás acenando em sua direção. Scott chegou antes que ela pudesse se afastar demais, constatou ela pelo retrovisor. Mas não quis mais ficar e falar com ele, por isso apenas continuou acelerando. Ao passar pela sua casa à beira da estrada, parou o carro no que antes era um gramado. Sem cerimônias, abriu a porta da sala deixando um rastro de pegadas na varanda empoeirada. acendeu as luzes e foi até a cozinha. Havia esquecido algumas coisas na geladeira que acabaram por apodrecer e como se fosse melhor momento para aquilo, ela iniciou uma limpeza em sua cozinha. Então, o seu celular alertou a chegada de mensagens:
“
Aconteceu alguma coisa? Onde você está? —
Scott.” “Está tudo bem, Scott. Estou em casa, no Kalil. —
” “Posso passar aí? Você veio até aqui e eu não estava… Daniela me chamou para um jantar na casa dela e eu não deveria ter ido. Foi extremamente desagradável. — Scott.” “Que chato. Você é gentil demais para se livrar da Daniela, não é mesmo? Fique tranquilo, não precisa se explicar. —
.” “Desculpe… Isto é ciúmes? 😀 — Scott.” “Não. É só um toque. Se não gosta da situação, por que não se livra disso? —
”. “Algumas situações eu simplesmente não sei como me livrar… Você não respondeu se posso passar aí. :/ —
Scott.” “Precisa aprender. E acho melhor não, Scott, eu comecei uma faxina. Nos vemos depois, beijos! :* —
”. Scott digitava uma mensagem quando o interrompeu enviando outra:
“E antes que pergunte, eu não estou chateada” — . Ele não digitou mais nada. Depois de limpar toda a cozinha, subiu as escadas com os objetos de limpeza em mãos. Abriu a porta do seu quarto e então estranhou a janela aberta. Pensou por alguns segundos recordando o último dia que estivera ali, e não havia engano. Alguém havia invadido a casa. Assustada, ela enviou uma mensagem a Jacob:
“Estou no Kalil. Venha rápido, acho que tem alguém em minha casa” — . Ela estava com medo demais para sair do quarto ou fazer qualquer barulho. Sua mente dizia para ter coragem e ir até o corredor vasculhar outros cômodos, mas algo dentro dela estava fazendo-a sentir frio demais. Seu corpo congelava e aquele vento assobiando pela janela do quarto não trazia uma boa sensação. novamente pegou o telefone e discou uma chamada para Erick, mas ele não atendeu. Então telefonou a Charlie que, ao atender, disse:
— Não faça nada , você está bem? — Fique onde está. Tem alguém com você aí? — Não sei. A janela do meu quarto estava aberta quando cheguei. Alguém esteve aqui ou está — sussurrou de novo.
Então, ouviu o barulho das tábuas rangendo no andar inferior da casa.
— Ouvi barulhos, tem alguém na sala.
— Esconda-se e não faça nada! Estamos chegando. desligou e discou novamente para Erick, a chamada ainda não havia sido atendida, então ela colocou o celular em seu bolso depois de abaixar ainda mais o volume dele. Saiu cautelosa do quarto, embora Charlie houvesse pedido para não se mexer. Há algum tempo, ela escondia tacos de beisebol em lugares estratégicos da casa. Pegou um deles embaixo da sua cama e saiu pelo corredor sorrateiramente. No alto da escada, olhou para a sala e não avistou ninguém, felizmente, as luzes estavam acesas. Ela desceu degrau por degrau com o taco de beisebol a punho. Nenhuma sombra. Nenhum som. Deu as costas para a entrada da cozinha, e foi quando ela ouviu a voz dele:
— Você é muito mais bonita do que nas fotos espalhadas pela casa.
Um tom de voz sedutor e firme. se sentiu ainda mais fria do que antes, e poderia afirmar ter tido uma queda considerável da sua pressão arterial. Virou-se, amedrontada, mas curiosa, para o homem. Ele vestia uma blusa fina de mangas compridas, preta e justa. Calças jeans surradas que caíam levemente de sua cintura. Botas pretas de cadarços. Era forte, notava-se pelos braços cruzados à frente do corpo. Seus olhos eram pequenos e escuros, quase negros e sua barba bem-feita e ruiva no mesmo tom dos cabelos, também impecáveis.
— Quem é você e o que faz na minha casa?
— O que você faz sozinha numa casa como essa? Pode ser perigoso sabia? — Ele se aproximou aos poucos, rodeando-a à medida que ela fugia devagar em passos cuidadosos para longe dele.
— Responde a minha pergunta! — ela disse enérgica tentando passar confiança ao seu corpo em tremores.
— Que brava! — O homem sorriu mostrando os dentes. — Eu posso ser seu amigo. Ou não. Depende de você.
Chegando à frente dela, ele segurou firme o taco de beisebol na mão de e retirou-o com agilidade sussurrando:
— Mas posso garantir que um taco de beisebol não é uma boa arma para defesa,
gracinha.
se manteve muda, o encarando com a respiração muito mais ofegante do que ela esperava. Ele aproximou-se do pescoço dela afastando os seus cabelos. notou um anel em seu indicador direito, com as iniciais “KM”. O homem cheirou o local do pescoço dela roçando seu nariz gelado na pele macia e dourada de .
— Doce… Mas há algo diferente em você,
gracinha.
Mantendo um invasivo contato visual e hipnotizada nele, o deixou parar novamente em frente ao seu corpo. Muito, muito perto. O homem puxou o braço dela com agressividade e sentindo a veia sobressaltada no punho de , ele levou o braço novamente ao seu nariz.
— Mas embora confundível… Doce. O que é você?
— Quem é você? — insistiu.
Com uma risadinha irônica ele puxou o braço em suas mãos fazendo seu corpo chocar-se ao de . Tão mais perto, ela pôde notar que os olhos escuros dele não eram como achou, quase negros, mas sim, tinham uma tonalidade de vermelho sangue, um vinho escuro…
— Eu quero você comigo — ele declarou roçando o nariz dele na face de .
E de repente a porta da casa se abriu revelando Erick, com a arma apontada na direção dos dois. O policial gritou:
— Solte-a e se afaste imediatamente!
O homem continuou rindo e quando Erick ameaçou atirar, ele beijou os lábios de . Ela encarou Erick de olhos saltados, à espera de que ele fizesse algo a mais do que largar a arma no chão e sair pela porta da frente. Que raios de reação foi aquela de Erick? Era sério que ele a abandonaria ali?
Ao partir do beijo, o homem sorriu para ela. Havia um olhar maligno nele. estava assustada demais para se mexer, então ele afastou seus corpos e voltando-se em direção à cozinha parou próximo à mesa de recados. Pegou o porta-retratos de e o observou lhe perguntando:
— Qual seria o seu último…
Imediatamente parou de falar e olhou descontente em direção à porta da sala. Deixou o porta-retratos no lugar e sorrindo com a mesma ironia de antes, concluiu para :
— Qual seria o seu último desejo? Reflita sobre isso,
gracinha.
E saiu pela cozinha ao terminar de falar. escutou o barulho de portas de carro. E logo, Charlie surgiu com a arma empunhada, a encontrando sozinha e trêmula.
— Tem mais alguém por aqui? — perguntou se aproximando dela cauteloso, balançou a cabeça silenciosa, negativamente e logo ele estava a abraçando. — O que houve, filha? Está tudo bem?
— Eu o fiz vir de carro comigo, desculpe.
— Não havia ninguém lá fora e nenhuma viatura. Ele esteve aqui? — disse Charlie confuso.
— Sim! Entrou e ameaçou o cara. Deixou a arma cair ao chão antes de sair pela porta. Parecia hipnotizado.
— Vamos sair daqui, Jake sabe se cuidar e vai nos encontrar na reserva.
aguardou Charlie no sofá da sala enquanto ele verificava e trancava os cômodos da casa. A ficha dela caiu e a partir dali a mulher se deu conta do risco corrido. Afinal, quem era aquele homem?
Ao entrar na viatura, Charlie não perguntou nada até chegarem à reserva.
Capítulo Vinte e Quatro
Os frios
Passados alguns minutos que a viatura de Charlie havia saído da casa de , ela se lembrou de que havia deixado o carro parado em frente à sua casa. Contudo, antes mesmo de retornarem, Jacob telefonou para ela. Enquanto ela o lotava com indagações pertinentes a quem era aquele homem estranho, Jacob pediu calmo para que também se acalmasse. E assim, avisou que os encontraria na reserva. pediu para que ele levasse o seu carro, cujo as chaves, a mulher havia deixado na mesa da sala.
— Como vou entrar para pegar a chave? — Jacob perguntou a respeito de estar tudo trancado.
— Não importa mais, pode arrombar a porta se for preciso. Amanhã mesmo eu retornarei para esvaziar esta casa!
— Tudo bem, tente se manter calma. Charlie e ela não conversaram no caminho até a reserva. observava a mata do lado de fora imaginando se aquele homem peculiar estaria por lá rondando a região. Olhou para o rosto de Charlie na intenção de afastar os seus pensamentos e se distrair, porém, a face sempre tão pacífica do delegado se emoldurava num cenho ranzinza e meticuloso. O que o senhor Swan estaria a pensar? Decidida que sua curiosidade esperaria, manteve o silêncio, deixando Charlie a sós com seus pensamentos.
A viatura parou no pátio da reserva e Billy balançava-se em sua varanda, numa cadeira de balanço. Sue, ao seu lado, conversava com Seth. O jovem lobo, ao notar a chegada, ergueu-se indo em direção à e Charlie.
— ! Você está bem? — disse Seth abraçando-a apertadamente.
— O que houve, Charlie? — O delegado apenas encarou Seth e e, abaixando a cabeça, seguiu na direção dos mais velhos.
— Viemos em silêncio todo o caminho, ele compenetrado em seus pensamentos. Onde estão os meninos?
— O que você acha que está acontecendo?
— Primeiro me conte a sua história — Seth pediu.
Os dois foram andando na direção dos outros, e logo contou sobre o ocorrido. Billy, Sue e Charlie se entreolharam duvidosos. Ela já conhecia muito bem aqueles olhares e sabia que não conseguiria arrancar nenhuma informação antes da hora. Apenas aguardou Black voltar, bem como os demais garotos. Seth e ela conversavam afastados dos mais velhos, e com ele, sentiu que poderia arriscar uma resposta.
— E então, o que você acha, Seth? Será que era apenas um ladrão?
— Eu diria que pode ser um ladrão ou um assassino, ou qualquer coisa. As características físicas não podem definir. No entanto, a reação de Erick me preocupa… Você disse que ele pareceu hipnotizado?
— Erick não abandonaria o seu posto. E jamais me deixaria em risco, apesar de nossas diferenças. Ele ficou estático ao perceber o homem, largou a arma e foi embora!
— É, uma reação incomum demais para o policial “caça lobos”.
— Eu realmente gostaria de entender, numa outra hora, esta rixa de vocês.
— Não temos nada contra ele. Como eu disse, ele que é um “caça lobos”. Sobre o seu amiguinho misterioso… Vamos aguardar Jake chegar, com ou sem informações.
— Eu li a respeito dos “frios”, Seth, e Emy me contou sobre os vampiros. Os Cullen. Os Volturi. E Bella.
Seth olhou para ela, boquiaberto por uns instantes e, notando que enfim descobrira os últimos segredos, ele se posicionou sobre o assunto.
— E eu acho que aquele homem, também era um deles — concluiu.
— Achamos o mesmo, então.
Jacob surgiu com o carro dela atraindo a atenção de todos. Primeiro, ele caminhou até seu pai e falou algumas coisas em baixo tom, permitindo Charlie e Sue o ouvirem, enquanto Seth e ela apenas observavam do canto da varanda, mas não demorou muito para que ele viesse na direção da mulher.
Seus olhos aflitos. Urgentes. Preocupados. Com passos firmes ele se aproximou dos dois, e , que estava sentada, mal conseguiu processar as ações de Black quando ele a puxou com ferocidade para seu corpo, envolveu-a em um abraço apertado, e afundou seu nariz no pescoço dela. Como de costume, ela deveria morder seu ombro. Aquele era o cumprimento deles, mas não pôde. Ele havia se declarado para ela quando a mulher saiu desnorteada atrás de Scott. não conseguiu reagir ao abraço carinhoso de Jacob, porque não sabia como fazê-lo.
Ela deveria fingir que não ouviu Black dizer que a amava e lutaria por ela?
Ela deveria agir como sempre, correspondendo o carinho amigo que eles tinham?
Ela deveria se entregar ao desejo profundo de aceitar os sentimentos dele, e com isso abraçá-lo sem pudor?
Ela não sabia o que fazer, mas instintivamente, fez: abraçou Black de volta. Ela teve medo de nunca mais ver aqueles olhos e a postura ranzinza, o sorriso solar…
Jacob, ainda abraçado a ela, afastou sua cabeça do pescoço de e olhou para Seth tocando seu ombro. Seth sorriu para os dois, um cretino sorriso de alguém que acha saber mais do que há.
— Por que saiu daquele jeito,
Mani? — Fora a primeira coisa que Jacob disse. Seth beijou a testa da amiga e se retirou para deixá-los a sós.
— E se colocar em risco é a sua forma de pensar?
— Não. Eu fui dar uma volta na cidade. Quando estava a caminho da reserva, decidi parar em casa para…
— Sua casa é aqui agora, .
— É, eu sei. Não vem bronquear comigo não, como eu imaginaria que…
— Você veio para cá ciente dos perigos que corria no Kalil. Não deveria estar lá a esta hora!
— Por que você está falando desse jeito comigo!? — começou a se irritar.
— Porque eu tive muito medo hoje, ! Um absurdo medo de perder você!
— Ei… — Ela notou o descontrole despreocupado de Jacob e, cuidadosa, tocou em seu rosto. — Eu estou bem, você não vai me perder. Não vai ser tão fácil assim…
Os olhares de ambos se cruzavam enquanto ela o consolava. Não conseguia decifrar o que os olhos dele diziam para ela, mais uma vez. Mas ela estava feliz por vê-lo preocupado consigo. sorriu de canto a fim de passar falsa calma a ele, e exatamente após soltar seu rosto, Jacob puxou o pescoço de em sua direção, segurou os cabelos dela com uma força abrasadoramente confortável, e finalmente beijou a boca da mulher. Um beijo cheio de desejo, carinho e necessidade. E o correspondeu no mesmo tom. Eles puderam ouvir a risada fraca dos três mais velhos na varanda e os murmúrios comemorativos de Seth.
Não sabia qual a razão de uma lágrima escorrer por um dos seus olhos, mas Luan sentiu o mesmo acontecer a Black, molhando suas faces de um jeito cúmplice. Parecia um encontro de almas e ele sorriu entre o beijo. O primeiro beijo deles. E depois, quando suas bocas se distanciaram satisfeitas, eles se encararam, sorridentes. Jacob abraçou o corpo de sua Mani ainda mais forte, apertou sua cintura e iniciou um segundo beijo, mais calmo. À medida que suas respirações voltavam ao normal, eles deram-se as mãos. O quase silêncio era acolhedor, mesmo com o som baixo da vitrola de Billy num instrumental de guitarra já conhecido por . Agora eles tinham uma trilha sonora como todo casal que se preze.
“Dream On” dominava, baixinho, o momento de muda voz e carinhos tão esperados daqueles dois.
mordeu o lábio inferior balançando a cabeça negativamente, sorrindo boba. Tola e desacreditada. Black a acompanhou numa risada muda e desajeitada. Sue, Billy, Charlie e Seth se retiraram os deixando a sós na varanda. Não que fosse necessário, pois, não havia mais nada além deles próprios e de sua nuvem de sentimentos mistos para ambos. E só quando o silêncio da vitrola de Billy pôde ser notado, que Black e saíram daquele transe temporário de dois apaixonados, se abraçando e confortando-se um sob a proteção do outro.
— Droga, Billy, podia ter esperado o fim da música para desligar — reclamou.
— Meu pai vai adorar saber que vocês vão compartilhar
Aerosmith. — olhou duvidosa para Jacob e então, ele esclareceu que
Aerosmith não era muito o seu estilo musical.
— Bem, o que você descobriu? — então se afastou um pouco dele desconversando e perguntando sobre o estranho em sua casa.
— Não consegui pegá-lo. Mas segui seu rastro até a antiga casa dos Cullen.
— Eles voltaram? Digo… Os Cullen?
— Aparentemente não, mas há outros aqui.
— Os ataques podem ser …?
— Sim, mas eu estranho não termos notado eles antes.
— Não é comum que eles transitem tanto tempo entre nós.
— Você acha que são outra coisa?
— Não, eles são
frios. Eu tenho certeza. Dois. Mas de alguma forma eles conseguiram se camuflar muito bem. A casa dos Cullen parece habitada há mais de um mês.
abraçou Jacob e eles sentaram-se na varanda compartilhando o aperto quente dos braços um do outro. Entre conversas aleatórias – que não englobavam mais o assunto dos frios e nem tocavam no assunto “casal” –, Jacob e ela riram contemplando o céu da reserva. Pouco depois, eles beberam chá e acenaram aos meninos que chegaram mais tarde. Eles perguntaram a se ela estava bem e, cansados, se despediram. Haveria tempo para que contassem sobre o que Jacob descobrira e o que aconteceu com ela naquela noite. Por fim, Jacob e foram dormir.
Tanto Black quanto ela, não estavam confortáveis para iniciar uma discussão sobre “o que” eles teriam ou quais resultados aquele beijo traria, apenas continuaram sua relação amiga e confusa. Ele pegou suas coisas e foi dormir na sala e se preparou novamente para dormir em sua cama. Antes de apagarem em sono profundo, os dois deram um último beijo de boa noite um no outro, e se direcionaram às suas respectivas camas.
No dia seguinte ao amanhecer, bem mais cedo que o habitual, acordou. Após se vestir para o trabalho, ela saiu de casa deixando Billy e Jacob ainda adormecidos. Ao passar pela sala, olhou para Black que dormia tranquilo no sofá e antes de fechar a porta o observou com carinho, mais uma vez, sorrindo. Depois saiu com seu carro, e por algum motivo que provavelmente teria a ver com o beijo do dia anterior, ela foi tomada de nostalgia musical. Colocou um CD antigo, no seu carro antigo, no aparelho de som moderno demais para aquele carro, e seguiu até sua antiga casa. Ao contrário do que pudesse parecer, ela não estava desafiando o perigo, sua intenção era outra, totalmente diferente: se livrar do casebre.
, porém, ficou estacionada, com o
rock and roll no último volume encarando a construção. Sair do carro ou voltar depois? Decidiu sair e desligou o rádio. Trancou o carro e seguiu para dentro da casa. Uma janela quebrada indicava o modo como Jacob entrou na noite anterior para pegar a chave do veículo. O tal “KM” não estaria ali, e embora ela não pudesse ter certeza, sua intuição pressentia que ele de fato não estaria.
Cautelosa, ela entrou e foi diretamente ao seu quarto. Separou todas as coisas que havia deixado lá e que eram importantes para si: lembranças da sua vida, fotografias, documentos não habituais importantes, alguns dos seus muitos livros e CD’s. Desceu e pegou no seu depósito externo à casa uma caixa de papelão guardada. Antes de retornar para dentro de casa, deu uma boa olhada à volta do quintal dos fundos. Não havia nenhum vestígio de presença humana ou de qualquer outra coisa que fosse. Então, empacotou suas coisas colocando-as no carro, em seguida dando partida à cidade.
Os comércios ainda estavam fechados, alguns de costume abriam, o relógio marcava uma hora e meia anterior ao seu horário na farmácia. estacionou em frente à loja e, caminhando lentamente, passou na banca de jornal. Comprou o noticiário impresso do dia. Cumprimentou algumas pessoas no curto caminho até o
Coffee&Bar e entrou, com o mínimo de barulho para uma manhã, mas todo o silêncio de suas botas não eram páreo para aquela sineta da porta. Dois bêbados, um grupo de quatro alpinistas – aparentemente turistas –, um senhor de barba branca, e Joe – que era motorista operador de uma extratora perfuradora de pedras, ele trabalhava na antiga pedreira de Forks – olharam em sua direção quando ela entrou. A mulher acenou discretamente com a cabeça na direção de todos. Joe, que constantemente surgia na farmácia para buscar sua medicação de rotina, sorriu e levou até a mesa em que ela foi se sentar, uma caneca limpa que a garçonete lhe entregara e a cafeteira de mão. Os dois trocaram corriqueiras palavras e ele serviu-a de café, gentil. Logo retornou ao seu lugar e a garçonete chegou.
— Desculpe, , eu estou sozinha esta manhã e aceitei a ajuda de Joe para lhe servir. Bom dia!
— Bom dia, Stacy, e não se preocupe. Pode me trazer um pão quente com bastante queijo, uma xícara de leite quente e um
muffin de chocolate?
— Não vai querer
waffles? Acabo de colocar na máquina.
Elas sorriram uma para a outra e volveu a atenção ao seu jornal. Das tragédias lidas, nada lhe surpreendera. Ela buscou nos classificados anúncios de compra à imóveis e infelizmente não havia nada. Aguardou o seu café folheando devagar cada página. Stacy estava com dificuldades para expulsar os bêbados que insistiam em atormentá-la do balcão. Aquilo irritou , então ela foi até eles.
— Vocês dois! Já é de manhã e a maioria das pessoas desta cidade tem que trabalhar. Não me interessa a vida de vocês ou o motivo para estarem aqui até agora, mas o bar já fechou. E não é porque a garçonete está sozinha por enquanto que vocês dois podem atormentá-la em seu trabalho. Olhem em volta: as pessoas estão tomando seu café da manhã para irem aos seus respectivos trabalhos. E ninguém está bêbado. A hora da farra acabou, senhores, então paguem suas bebidas e deem licença!
Os dois encararam , silenciosos, se entreolharam e, resmungando grosserias para ela, levantaram pagando suas contas e saíram cambaleantes do bar. Stacy a agradeceu informando que já estaria a caminho de sua mesa com os seus pedidos.
Enquanto voltava para a mesa, o jovem garçom da manhã adentrou o bar, atrapalhado. Com certeza, estava atrasado. Stacy o olhou contrariada e caminhou até a mesa de , e assim que ela saiu, a sineta do bar denunciou a chegada de mais alguém.
— Que apetite, hein? — olhou para frente e lá estava Erick sorridente. — Bom dia, .
— Bom dia, Erick. Sente-se.
Sem muitas delongas ele sentou-se à mesa e fez seu pedido ao garçom recém-chegado. ofereceu a ele dividir seus
waffles e sem a menor cerimônia, Erick cortou um pedaço e embebendo-o de mel, o comeu. Algo estava diferente. Erick reagia como se ainda estivessem os dois na primeira semana da mulher em Forks, muito mais receptivo, muito mais íntimo. Sem falar que não parecia estranho ou constrangido por ter abandonado em casa naquela situação de perigo.
— O que houve com você ontem? — Ela disparou o analisando.
— Engraçado você perguntar, eu não lembro de nada. Não tenho a menor memória do que eu fiz ontem, só sei que acordei hoje com dor de cabeça. Devo tê-la batido em algum lugar ou bebido muito ontem…? Não faço ideia…
Ele forçou os pensamentos em uma careta, e tentou se recordar a todo custo. perguntou a ele a data daquela manhã. Ele, mesmo estranhando o jornal à mesa, ainda assim respondeu corretamente. Ela então achou por melhor, desconversar e os dois continuaram ali tomando café juntos.
— Erick… Por que você nunca me falou absolutamente nada sobre a Bella? Você sempre soube que eu vim por ela e mesmo assim, nunca disse nada.
— Você já deve saber que ela se envolveu com um pessoal estranho, não é?
— É. Eles não fizeram nada suspeito enquanto estiveram aqui, mas tenho pressentimento de que não eram boas pessoas, mesmo Carlisle tendo sido um médico dedicado em nossa cidade por tanto tempo.
— Você ainda não respondeu a minha pergunta.
— Não queria ser eu a te dar a notícia de que ela havia ido embora com eles e deixado um rastro de mau presságio na cidade. As pessoas estranhavam os Cullen, não apenas por serem muito fechados entre si, mas porque eles passavam algo de sombrio a todos. Sabe como é, tudo o que é misterioso e desconhecido causa espanto, e com eles não era diferente. A Bella já era esquisita, e digamos que ela não se uniu com a turminha mais popular da cidade.
— Só uma brincadeira, sem malícias. — o olhou duvidosa. — Juro, ! Eu não me importo mais com a sua paixão pelos indígenas da reserva. Desde que eu e você possamos ser amigos.
teve vontade de dizer para ele naquele momento:
“Amigos não abandonam um ao outro em um momento de perigo”, mas não seria justo. Eles continuaram a conversa e, ao acabar de comer, ela se despediu. Ao caminho da loja, passou em frente à floricultura. A mesma velha senhorinha floreira, dona do lugar, estava varrendo sua calçada e observou um anúncio de trabalho colado à vitrine. Pensando em Seth, ela mandou uma mensagem para ele.
“Bom dia! Venha até a cidade e passe na floricultura. Você estava querendo trabalhar, não é? Estão precisando de carregador. Até mais, .”
Entrou na farmácia, iniciou o sistema e ao ponteiro soar seu “tic” exato às oito horas, ela abriu a loja. Separou as medicações da população local, pois era dia de distribuição gratuita. Não demorou muito para que a população idosa surgisse com suas receitas médicas, ávidas pelas suas caixinhas de anti-hipertensivos, antidiabéticos, medicações controle, entre outros. Aquele projeto dos irmãos Hernando, de distribuir as medicações que o sistema público não podia ofertar à população, era tão fantástico!
Por volta das dez e meia da manhã o movimento diminuiu. avistou Seth sair da floricultura e foi até a calçada da farmácia, a fim de acenar ao rapaz, e logo ele foi até a amiga. Havia conseguido o trabalho e agradeceu a por aquilo. Seria um trabalho de meio turno e, portanto, uma ideia que já martelava em sua mente fez-se oportuna. ofereceu a Seth outro trabalho de turno posterior como entregador da farmácia. Eles ainda não ofereciam “disque entrega”, mas já estudava que existia uma necessidade. E Seth aceitou. A amiga avisou a ele que prepararia a papelada burocrática, os anúncios com a linha telefônica e o novo serviço de entregas e assim, o chamaria para consolidar tudo.
O relógio da igreja badalou as doze horas, e já estava com muita fome de novo. Seu apetite duplicara desde que ela foi morar na reserva e parando para pensar naquilo, decidiu que precisava voltar a fazer exercícios. Às doze horas e trinta minutos, Steve surgiu para seu turno.
— Para com isso, garoto! Então, bom trabalho e qualquer coisa me liga.
Ela voltou para o
Coffee&Bar, não antes de passar no
Carter’s Market. Na frente do mercado olhava, sem entrar, para o estabelecimento à procura de Scott. E não o viu, mas foi vista por senhor Junior Carter. O senhor Carter sorriu para ela e então, a mulher se viu obrigada a entrar.
— E aí, Senhor Carter, tudo bem?
— Sim, sim! Em que posso te ajudar?
— Ah, nada não, eu só vim ver se o Scott estava por aqui e saber se ele está bem.
— Ele está bem sim. Mas não está trabalhando hoje.
— Certo… Mande um abraço meu a ele, Eva e Peter. — já ia se retirando do local quando Junior Carter a chamou de volta:
— , você não está chateada pelo que Peter disse, não é?
— De forma alguma. Peter agiu muito bem protegendo o irmão.
— Fique tranquila, nenhum de nós te culparíamos pelos sentimentos de Scott. Ele foi avisado há muito tempo do que aconteceria e decidiu assumir o risco.
— Eu só não queria ter que me afastar dele.
— E não tem. O que a faz pensar isso?
— De certa forma, Peter estava certo. Scott pode não saber o que faz, mas eu sei o que estou fazendo.
— Muitas coisas começarão a se encaixar agora, menina. Não se culpe por nada.
— Outra premonição, senhor Carter?
— Isso é bobeira que o povo diz…
— Tudo bem, senhor Carter… Eu acredito na sabedoria indígena. — Ele olhou surpreso por ela saber de sua origem, e sorriu de canto, um pouco assustado. largou-lhe um sorriso divertido e acenou para ele, já de costas.
Ao entrar no pequeno estabelecimento – que de manhã era um café e restaurante, à tarde café novamente, e no início da noite um bar – a mulher se sentou à mesma mesa da manhã, que estava vaga, e pediu ao jovem garçom o seu almoço. Erick e Scott chegaram juntos, sendo denunciados pela sineta, e olharam na direção da gerente da farmácia. Scott se aproximou, e após notar para onde ele iria, Erick acenou com a cabeça para ela e seguiu para o lado oposto. Scott beijou o rosto de e sentou-se à frente dela.
— Boa tarde, como você está?
— Boa tarde, Scott. Eu estou bem e você?
— Preocupado com ontem. O que houve?
— Do que você está falando?
— Você foi até minha casa para falar algo comigo, mas saiu antes que eu chegasse.
— Não houve nada, só estava tarde para aguardar você chegar.
— Entendo. Bem, e o que você queria conversar?
— Nada propriamente. Eu só saí um pouco para espairecer.
— Se precisava espairecer, é porque algo aconteceu…
— Eu só queria te ver, Scott. Não aconteceu nada.
Ele fez um silêncio, pouco constrangedor. Ela não queria soar uma grosseira com ele, mas após a conversa com Peter e o beijo com Jacob, não continuaria naquele jogo com Carter. Não era justo a ele, e nem a ela, além do mais, depois do que Peter disse, ponderou todas as vezes que, mesmo sabendo do sentimento de alguns amigos, e não os correspondendo, ela continuou uma amizade com quem fosse apaixonado por ela. E todas essas ponderações a fizeram perceber que ela não sabia o quão doloroso aquilo poderia ter sido. apenas sabia que seria extremamente difícil se do outro lado fosse ela. Seth dissera aquilo. Bella, há muito tempo, dissera também. E agora ela faria diferente com Scott.
— Desculpe, Scott. Não queria ser grosseira.
— Eu só quero entender se eu te fiz algo, ou se… Alguém te fez algo ontem em minha casa.
— Não. Eu só… Estive pensando e, sinceramente, Scott…
Stacy chegou com o almoço à mesa, e Scott contrariado, despediu-se dizendo que iria deixá-la almoçar e que eles conversariam depois. Ele não estava com raiva, só chateado. Diga-se até, triste. E isso sem ao menos tê-lo contado o que pretendia. Beijou a testa da mulher e foi sentar-se algumas mesas mais afastadas.
Ela almoçou em silêncio e antes de sair do estabelecimento, se direcionou até ele e marcou de passar em sua casa para conversarem.
— ! — Scott chamou antes que ela o desse as costas. — Poderíamos sair, o que você acha?
— Eu não sei, Scott. Acho melhor eu só passar na sua casa.
Antes de retornar à reserva ela optou por dar uma volta pelos arredores de Forks atrás do seu terreno ainda não resolvido para o laboratório. Aquele amontoado de problemas que surgiam, um atrás do outro, a fizera atrasar a construção. dirigiu entre bairros, mas não adiantaria muito fazer daquela forma, então retornou à cidade e visitou a única imobiliária local.
Após algum tempo, cerca de 40 minutos, conversando sobre o que procurava e sobre preços, condições de pagamento entre outras coisas, algumas visitas foram feitas. O corretor mostrou alguns terrenos bons, outros ótimos, e alguns extremamente fora de cogitação.
“Não basta aquele elefante branco no Kalil, eu não posso deixá-lo me enfiar outro terreno ruim!”, pensava enquanto observava o terceiro terreno que o corretor lhe mostrara. Afastado da cidade, e pequeno. Ela já havia favoritado alguns, então, dizendo que pensaria nas propostas e retornaria a procurar por ele, se despediu. Novamente, dirigiu com intenção de procurar outras possíveis oportunidades que talvez ele não houvesse lhe mostrado por algum motivo nas regiões que havia gostado mais. Enquanto cantarolava “
High by the Beach”, da Lana Del Rey, ela pensava em como vender sua casa mal-assombrada.
A corretora da cidade não pegaria aquele imóvel para vender novamente, pois fora o grande alívio deles saírem daquilo. teria que encontrar um comprador antes de recorrer a “
Maine’s Empreendiment”. Quando deu por si, havia avançado ruas a dentro de um dos bairros, e ela nunca estivera ali. O final daquela rua não tinha saída. suspirou irritada com sua distração e deu a ré, retornando. Novamente atenta à estrada, avistou uma placa à direita que dizia
“Cullen’s Territory”, então ela parou o carro à beira da entrada. Observou por algum tempo a estrada de chão que imergia pela floresta densa.
Aquele era o antigo território dos Cullen, Jacob avisara que os frios poderiam estar ali. deveria pisar no acelerador e partir o quanto antes, contudo, algo dentro dela a desafiou a seguir em frente. E foi o que ela fez. Como em quase todos os momentos desde que ela chegara em Forks, ali estava desafiando a morte com sua impetuosidade.
Dirigiu devagar até chegar a um ponto final da estrada. Não havia como seguir de carro, então ela desceu. Colocou as chaves do veículo e o celular em seus bolsos, caminhou lenta e cuidadosa até uma encosta da floresta. Os pinhos desciam a encosta formando um monte retilíneo de árvores enfileiradas e decrescentes. E lá embaixo, uma mansão de vidro. Tudo inóspito demais, silencioso demais, e cristalino demais.
desceu até aproximar-se da mansão. Não havia sinal de vida ali, e aquilo a preocupava muito mais do que se houvesse alguém. Sua respiração começara a falhar, ela já estava com medo, como poucas vezes, mas de uma intensidade absurda. Então recordou-se da noite passada em que confrontou o estranho em sua casa. Por mais que tivesse percebido a estupidez que cometeu em ir até lá, não podia simplesmente dar as costas e correr de volta ao carro.
Ela não conseguia. Passos fraquejantes, olhos atentos, e seus braços envolvendo o seu tronco. Seguiu até a varanda da luxuosa casa vazia, espiando tudo por fora. Nenhum móvel. Nenhuma presença humana. Nada além de silêncio, luz e poeira. Retornou à entrada da casa e olhou mais uma vez ao redor. Não havia ninguém. subiu a encosta mais atenta e apressada do que quando chegou ali. Ela tivera sorte. De novo.
Desesperada para entrar em seu carro, ela abriu a porta e entrou. Afivelou o cinto sem dar-se o tempo que precisava para respirar fundo e se acalmar. Foi tomada repentinamente de um medo fantasmagórico e suas mãos tremiam, como se ela pressentisse que cada segundo ali era um segundo mais próximo da morte. girou a chave na ignição e ao olhar para o vidro de sua janela, o avistou ao seu lado. Gritou de susto.
O mesmo homem estava ali a observando com um sorriso de canto. Ele bateu no vidro da janela dela indicando para abaixá-lo. decidiu que pisaria no acelerador e daria ré sem importar se aquilo seria sensato ou não. Afinal, o que seria sensato naquele momento!? Enquanto encarava os olhos escuros do homem, imaginou o que ele faria se ela acelerasse. Não seria uma boa ideia demonstrar que ela queria fugir. abaixou o vidro torcendo para ver os olhos de Jacob, mais uma vez.
— Ei,
docinho, o que faz por aqui? — ele perguntou escorando-se à janela do carro assim que ela a abriu.
— Você mora aqui? — perguntou diretamente.
— Depende do que você quer. — Ele tinha um ar displicente e autoconfiante. Encarou os olhos dela como se a estivesse decifrando. Embalou-a a se deixar totalmente entregue. Algo magnético e inexplicável.
— Não é como se eu estivesse invadindo a sua casa para ficarmos quites — disse irônica na busca de se acalmar e soando amigável pediu desculpas. Ele sorriu fraco sem perder o contato visual com ela.
— Em que eu posso te ajudar?
— Bem, me disseram que esta casa estava vazia e abandonada. Decidi dar uma olhada antes de ir à corretora.
— Você curte um lugar mais ermo, não é?
— Na verdade não seria para morar.
— Hum… E o que seria? — ele perguntou com genuíno e sedutor interesse.
— Desculpe, por mais que você tenha invadido a minha casa e tenhamos respirado quase a respiração um do outro ontem, eu não acho que deva compartilhar a minha vida pessoal.
— Eu gostei muito de você — ele disse respirando profundamente, e aqueles olhos negros hipnotizantes não se desviaram dos olhos dela. — A casa está
mesmo abandonada. Estou passando uns dias aqui.
— Sabe, tem uma corretora na cidade.
— Eu sei,
gracinha. Mas eu gosto deste lugar. Cheguei há pouco na cidade e ainda não tive tempo de procurar um trabalho ou uma moradia.
— Um estranho na cidade que invade casas abandonadas.
— Me desculpe por ontem, mas a sua casa me pareceu mesmo abandonada.
— Eu não costumo viver mais lá.
— Hum… Isso explica a sua ausência… — ele comentou como se estivesse ciente daquilo há algum tempo.
— Por que invade os lugares em vez de se estabelecer logo?
— Eu sou um aventureiro. Contudo, acho que minha estadia por esta cidade será mais permanente do que o planejado.
— Entendo… Bem, boa sorte.
girou a ignição do seu Mustangue e preparou a marcha, enquanto o estranho se afastou ainda sorrindo, a encarando. Ele deu passagem para que ela desse partida e, sem hesitar, ela saiu dali atenta ao redor. O misterioso homem observava-a parado, e enquanto o encarava pelo retrovisor, ele deu as costas e seguiu em direção à mansão. E até o jeito como ele andava era inebriante. Ela estava pálida, e como todos na cidade faziam questão de afirmar, aquela não era a sua cor.
Na reserva, Leah roeu suas unhas, nervosa, sentada à entrada de sua casa e foi andando na direção do carro de quando notou que algo havia acontecido. desligou o motor e recostou-se no banco do motorista. Respirou dez vezes, entre inspirações e expirações concentradas. Não queria abrir os olhos, mas ao fazê-lo, lá vinha Leah com ar sondante à frente do carro, então ela desceu.
— Aconteceu alguma coisa, ?
— Não, só não estou me sentindo muito bem.
— Você está pálida! E seu pulso acelerado — a quileute disse ao tocar os punhos da mulher: — Vamos, vou te examinar.
— Esqueceu-se que sou uma médica quase formada?
As duas seguiram para a casa de Sue, e após um copo bem cheio de água seguido por uma dose de café – que Leah não recomendava, mas não obedeceu – elas se sentaram à sala da cabana para conversar.
— Minha mãe foi fazer “
sei lá o quê” com a Emy. Seth está trabalhando, como você já deve saber. Embry foi dar uma volta na praia e o resto não faço a menor ideia, até porque não sou babá de ninguém. — Ela roeu as unhas novamente.
— Certo. Quer falar sobre este humor?
— Quer falar sobre seu súbito mal-estar?
— Não pergunto mais. Já entendi.
— Desculpe, índia branca… — Leah disse acariciando a testa da amiga, suspirando pesado. — Seth contou para nós sobre o ocorrido de ontem e o que Jake descobriu.
— Ah, entendi. Está preocupada com os frios também, não é?
— Não. Na verdade, não. Mas já que tocou no assunto, eles também estão me deixando extremamente irritada! Que droga! Enquanto eles não forem exterminados, nós não poderemos ser também!
— O quê? — Leah encarou confusa, nervosa e um pouco… Chorosa.
— Eu não costumo falar dos meus sentimentos, mas você já compartilhou tanta coisa conosco…
— Sabe que pode confiar em mim, Leah, eu não vou falar a respeito com ninguém.
— Eu escolhi fazer medicina porque acredito que posso reverter este “dom” que nós temos.
— Sério? Eu achei que você não se importasse.
— Nenhum de nós gosta exatamente de ser o que somos, ! É horrível compartilhar todo pensamento com uma
matilha, esta ligação que temos, nos impossibilitando de sermos livres… — fez sinal para que ela continuasse a falar, mesmo que não entendesse. — Se um lobo deixa a matilha, ele é um lobo sozinho. E acredite… Não é algo bom. Assim como não é bom estar preso num poder sobrenatural que te impede de viver uma vida normal. São tantas coisas… E antes, quando decidi que faculdade faria, ainda tinha o maldito
imprinting que não surgia. Então eu volto para cá, porque ele finalmente havia acontecido, com esperanças de conseguir me encaixar nisso tudo e… E aí o meu
imprinting se transforma num lobo muito mais fora de controle e nada mais é garantido.
Lágrimas fracas escorreram dos olhos de Leah. Sua pose ainda era a mesma pose de loba corajosa e insensível. Um contraste admirável. E por saber que ela não era do tipo que demonstrava fraqueza, optou por não tentar consolá-la, servindo apenas de ouvidos dispostos.
— Tenho estudado tanto, e quando eu começo a enxergar uma saída, veio esta transformação do Embry!
— Espera… Você conseguiu uma espécie de cura?
— Não posso afirmar nada. Eu ainda nem testei. E nem posso contar aos outros na reserva, porque eles acabariam comigo. Com toda certeza, a posição de alfa do Sam não seria sensível às minhas razões. Eu pretendia testar em mim, mas após tudo o que veio acontecendo eu não sei se estou pronta para ser uma pessoa comum, caso dê certo.
— Leah! Isto é fantástico! Quero dizer… É uma descoberta fantástica!
— Eu sei. Mas não é nada certo, pois ainda não tive resultados. São teorias. Estudos. Que penso em deixar de lado por um tempo.
— Entendo… Deve ser bem difícil lidar sozinha com tudo isso.
— Pior é esconder o assunto. Eu não tenho privacidade de pensar no assunto quando estou aqui, , porque a proximidade com os outros pode fazer a conexão revelar meus pensamentos.
— Espera… Eu achei que vocês pudessem ter domínio sobre os seus pensamentos.
— E temos. Mas Sam tem um pé atrás maldito comigo desde que o enfrentei há muitos anos.
— Eu já notei que vocês não se dão muito bem.
— Já passou da hora de Jake assumir suas responsabilidades também!
— O que ele tem a ver com tudo isso?
— Jake é o alfa por herança. Mas desde que Sam assumiu, ele não mencionou tomar seu posto. Só que quando o assunto é do interesse dele, ele não se importa de ir contra as decisões de Sam.
— Nossa, quanta confusão. Até eu que sou normal já estou exausta.
Leah riu baixinho ao observar o semblante cansado de e, esbarrando fraco no braço da amiga, advertiu que ela não tinha mais o direito de fugir deles, causando um risinho entre elas.
— Mas, eu volto em breve para Seattle retomar meus estudos e até lá poderei decidir como agir. Se não fossem
os frios a voltar agora, eu testaria em mim e voltaria para salvar os outros.
— E se eles não quiserem?
— Eu salvaria pelo menos o Embry.
— Acredito que sim. — pensou em como realmente aquela parecia ser uma decisão em conjunto entre Leah e Embry, diante de todas as dificuldades que os dois haviam passado enquanto vestiam aquela pele selvagem. — E Leah, quando você parte?
— E como o Embry está em relação a isso?
— Não sei, quando contei ele apenas disse:
“vou dar uma volta na praia”.
— Era o Embry mesmo ou o Jacob? — As duas riram novamente.
— Verdade! É bem mais o tipo do seu lobo fazer isso.
— Ele não é meu lobo, para com isso.
— Nem mesmo depois do beijo de ontem?
— O quê? — recordou-se que Seth não guardava segredos, e riu.
— Quando pretendia me contar, sua idiota?
— Não sei… Nós não estamos lidando com isso… Quero dizer, depois do beijo não tocamos no assunto. Fomos dormir e eu ainda não o vi hoje.
— Qual é!? Vocês não vão ficar fazendo jogo depois de tanto tempo, não é? Assumam de uma vez estes sentimentos!
— É só que, talvez, seja mais prudente irmos com calma.
— Mais calma do que vocês já vêm tendo? — Leah a encarava desacreditada.
— Bom, eu não posso ir direto ao assunto. Foi o Jacob que me impôs vários tempos, pausas e distâncias! Lembra?
— Tá! Mas pelo que eu pude entender, ele
finalmente se declarou para você e no mesmo dia te beijou! Eu acho que ele está tentando recuperar as chances que vocês jogaram fora, não é?
— Pode ser, mas eu quero tudo muito claro a partir de agora. Tudo muito bem definido.
— E termine logo com o Scott Carter!
— Sim, eu sei. E você vai deixar claro que não terão.
— Eu já faria isso de um jeito ou de outro. Vamos sair hoje e vou fechar os parênteses abertos.
— Certo. Então vamos! Você se resolve com Jake e eu vou atrás de Embry. — Leah puxou do sofá. Perguntou se ela se sentia melhor e depois que a amiga afirmou, elas saíram.
Black saía de sua cabana e, ao ver ao lado de Leah, sorriu como poucas vezes tinha feito. Segurou na cintura de após eles se aproximarem e a beijou. Leah soltou um falso uivo, zombando, em comemoração. sorriu sem graça, e depois de acariciar seu rosto, Jacob mandou Leah calar-se. Ela advertiu-o que havia chegado se sentindo mal e desceu em direção à praia.
Black e ela se sentaram no banco de carvalho à trilha de descida da praia.
— Relaxa, foi só um mal-estar. Nada preocupante.
— Tenho. — apoiou os cotovelos em seus próprios joelhos, enquanto rabiscava o chão com um graveto que encontrou.
— Aconteceu alguma coisa, Mani? — Jake perguntou preocupado e cauteloso.
— Relaxa, Black… Estou pensando em algumas coisas que fiz hoje.
— Que seriam…? — o encarou desconfiada por tanta curiosidade dele. Sem esperar que ela mencionasse qualquer pergunta, Black esclareceu: — Estou tentando participar mais do seu dia a dia.
— Mais? Por quê? — riu divertida.
— Você se incomoda com isso?
— Bem… Nós já somos amigos. Amigos com alguma intimidade. E… Eu consegui me declarar ontem e pensei que… — Ele se enrolou nas palavras quase inaudíveis.
Parecia doloroso para Jacob admitir que queria estreitar mais os laços. Abriu a boca tentando pronunciar algum balbuciado, sacudiu a cabeça em negação com aquele sorriso contrariado. Há tanto, tanto tempo não o via agir daquela forma, que ela não poderia deixar de aproveitar um dos primeiros trejeitos de Black que a encantara quando o conheceu.
— Pensou que devíamos estreitar os laços ainda mais?
— Que nós… Poderíamos — novamente o trejeito de homem tímido ou impassível — namorar?
— Jacob Black. Você está me pedindo em namoro? — sorriu involuntariamente.
— Não sabe? — a mulher indagou, confusa.
— Merda, Black, você não pode dizer algo assim e perguntar se deveria depois! O que você quer?
— Eu quero ficar com você. Para sempre. Mas depois de tudo o que aconteceu entre nós eu não sei se você… — interrompeu Jacob Black beijando-o. Ele não sabia como fazer algo que ele queria e ela também.
— Somos namorados, agora. Pronto. Facilitei para você, ok? — disse o encarando mandona.
— Tá bom. Acho ótimo! — Jacob sorriu solar, com seus olhos ficando pequeninos.
— Céus… Você voltou a ser um adolescente cheio de espinhas?
— Certo, agora somos namorados mesmo.
— E eu nunca tive espinhas, só para você saber. — Eles riram divertidos, e sem se conter, Black a beijou de novo. E poderia ficar ali, aproveitando o carinho de Black se não fosse o seu celular tocando em seu bolso.
— Talvez dizer a que horas vai vir me buscar.
— Preciso resolver umas coisas com ele. — Jacob não sabia disfarçar o ciúme assim como ela, mas compreendeu que era uma decisão que cabia só a ela, com quem e quando se encontrar com alguém.
e Scott combinaram um horário para se verem e depois, ela e Black ficaram juntos sob a árvore, abraçadinhos como dois pombinhos. Um pouco depois, Embry e Leah voltaram, aparentemente bem um com o outro. Black fez questão de contar para eles que, agora sim, ele e eram um casal. Leah tratou de ordenar aos dois rapazes que já poderiam dar os anéis de compromisso delas que, por sinal, estavam atrasados. negou com a cabeça para que Jacob não se preocupasse com aquilo e ele apenas sorriu a abraçando de lado. Embry e Leah se retiraram e Black e continuaram conversando ali. Então ela lhe contou sobre a saga com os terrenos, mas não tocou no assunto da mansão dos Cullen. E não contaria enquanto vivesse. Jacob era capaz de trancá-la no galpão para sempre.
Mais tarde, antes de sair com Scott, terminava de prender seus cabelos e então Jacob começou a sondar sobre qual assunto ela e Scott tratariam. Deixando bastante claro a ele que não haveria razões para desconfianças sobre ela ou Scott, se despediu. Antes que ela saísse, Black explicou que não desconfiava de nenhum deles, e que o hábito de sentir aquele ciúme desnecessário sumiria. Que ele se esforçaria para não ser um “idiota maníaco”. Palavras dele. o beijou sorrindo, e saiu.
Scott e ela retornaram à tribo dos avós do rapaz. Ele não abriria mão da amizade com e deixou muito claro aquilo, contudo, ela fez questão de que o melhor era se afastarem por um tempo. Scott não aceitou. Disse que não era nenhum adolescente imaturo, sabia separar as situações, e que seria infantil da parte dela deixar de vê-lo ou sair com ele por achar que o iludiria. Então lhe contou que estava namorando Jacob. E Scott, a surpreendeu:
— Você acha que eu não esperava por isso, ? Óbvio que eu já havia sacado seus sentimentos pelo Jake. Por que acha que evitei aquele beijo no nosso último encontro?
— Desculpe, Scott. Eu só não quero que você sofra ou se magoe.
— Não sei o que Peter ou meu pai ou minha mãe te disseram. Mas eu não sou criança. Sei me cuidar.
— Desculpe de novo, Scott, não queria te ofender.
— Não precisa se preocupar. Eu sei lidar com um fora, mas e você, ? Vai saber lidar com nossa amizade?
— Claro que vou. Se não for ruim para você, não será para mim. — Ela sorriu e Scott também sorriu tímido e eles se abraçaram.
— Vamos. Vou te deixar em casa, já está ficando muito tarde para perambular por aí.
— Tivemos dois ataques ontem. Os policiais de Forks estão muito assustados com as proporções dos ataques, como há muito tempo não ocorria e recomendam que os cidadãos evitem sair à noite até que eles tenham controle do que vem acontecendo.
— Não sabem ainda o que vem atacando?
— Não tocam muito no assunto, mas você bem que poderia perguntar ao seu pai delegado e me contar.
— Claro! — concordou, sorrindo e batendo em sua própria testa.
Ela saiu do carro de Scott e Billy estava em sua varanda. , no entanto, estranhou aquele fato, porque habitualmente ele se recolhia cedo – quando não ocorria algo que o impedisse – e também por seu semblante preocupado.
— Boa noite, . Divertiu-se?
— Como sempre quando Scott e eu saímos. Foi bacana colocar a situação em pratos limpos com ele também.
— Hum… Então agora é sério, uh?
— É sim. Não foi um pedido de namoro típico, mas… Nós estamos falando do seu filho, não é? — Billy apenas sorriu assentindo positivo e embora tivesse tentado arrancar alguma informação dele, não foi possível. Notando que ele preferia ficar a sós, ela se despediu, e quando já estava na sala, algo martelou em sua mente fazendo com que ela voltasse até o homem.
— Sim? — Girou-se em sua cadeira para encará-la.
— Algo o incomoda nessa minha relação com Jacob? Quero dizer… Você sempre deixou claro ser a favor, mas gostaria de saber se algo o fez mudar de ideia.
— De forma alguma. — Ele sorriu sereno. — Eu só tenho a agradecer o bem que você faz ao meu filho. — assentiu outra vez e com um sorriso tranquilo o deixou.
Passou pela sala, risonha, e voltou passos atrás ao perceber que não havia um Jacob dormindo no sofá. Então sua cabeça girou. Ela ponderou inúmeras vezes se entrava ou não no quarto, teve medo de encontrar Black dormindo na cama. Por mais que já a tivessem dividido, agora era diferente. Eles já eram assumidamente um casal, e com isso não teriam motivos para pudores que antes limitavam suas ações. Apesar de ser impetuoso, Black jamais passaria a linha do consenso, disso ela tinha certeza, e não temia pelas ações dele, mas sim, pelas suas. Entretanto, ela poderia entrar e se deparar com Black acordado, apenas aguardando-a chegar, confiando nisto, entrou no quarto. Jacob dormia. Deitado de lado, com um dos braços passando por cima dos olhos.
pegou um pijama de frio, premeditado. Pé por pé se movimentou pelo quarto e foi tomar um banho rápido. E bem rápido mesmo. Apenas para relaxar e trazer o sono, como ela estava acostumada a fazer. Durante os três minutos sob a água quente, conciliava as lembranças recentes de Black e ela, com os planos futuros. Longe de ela imaginar os dois com lindos pirralhos correndo pelo pátio da reserva, ou os dois com idade avançada compartilhando a varanda de sua cabana. Não que ela não quisesse, mas seus pés tocavam o chão quando se tratava de relacionamentos.
Black havia sim feito com que alçasse alguns voos insanos numa relação que existia só em sua cabeça. A mulher havia passado pelas fases do encantamento, do apego, da desilusão, da posse e, enfim, da realidade: reconheceu o quanto ela cobrava dele sem terem tido uma conversa significativa. Contudo, sempre houvera o interesse, mas interesse não é o suficiente para que exista algo, é necessário diálogo e decisões. Somente após Black contar abertamente que a amava, pôde entender que a decisão já existia, além do interesse. Então, lá estava ela no banho fazendo planos para os dois para o dia seguinte, para aquela semana, para aquele mês. Apenas. Um passo de cada vez.
vestiu-se e saiu em direção ao quarto e, de mansinho, se preparou para dormir. A janela do quarto estava aberta e o luar alto iluminava parte do cômodo, deixando uma penumbra gostosa. Em frente ao guarda-roupa ela observou Black deitado na cama na exata posição de antes, não havia se mexido em nada, e ela estava ansiosa. caminhou calma até a janela do quarto o analisando por inteiro. Uma brisa mansa bateu em seu rosto, ela recostou-se ao parapeito da janela e conversou com a Lua. Uma atividade mental, uma brincadeira que gostava de fazer às vezes. O farfalhar baixo das folhas lá fora… A pouca luz prazerosa daquele quarto… O vento geladinho. E ele, Jacob Black, deitado ali, finalmente totalmente dela… poderia se aninhar em seu abraço quente sempre tão contrário ao clima da noite, sem medo do que alguém iria pensar ou de como ele reagiria, ou ainda, sem medo de abalar ou não a sua amizade com ele. Agora ela poderia se aconchegar em Black como tanto esperou.
Com o bobo sorriso do amor nos lábios, foi até ele. Levantou a colcha que o cobria e como uma pluma, tentou se colocar ao seu lado. Porém, ela não era tão delicada quanto gostaria. O que era surpreendentemente contrário a Jacob – aquele homenzarrão bruto conseguia ser mais imperceptível do que ela com seus poucos, um metro e sessenta de altura. Ele se movimentou um pouco com a presença dela e o olhou com cara assustada, pois não queria o acordar. Jacob abriu os olhos devagar e ao notar que era ela, a abraçou. Sorriu fraco, e beijou seus cabelos sussurrando sonolento em seguida:
— Meu Black — respondeu ela, dando-lhe um selinho carinhoso.
Ele dormiu novamente e, até pegar no sono, ficou encarando cada traço de seu rosto, tão pacífico ali. Afundou-se em seu pescoço para sentir seu cheiro. Com aquele abraço seguro e quente, não demorou para que ela adormecesse também.
Amanheceu um dia solar lindo e estranhou, mas se esperançava com aquele presságio de felicidade. Beijou a ponta do nariz de Black antes de se levantar. Billy estava na cozinha quando ela surgiu, já preparada para o trabalho. Jacob não demorou a acordar e se juntar ao café da manhã. Billy os admirava com um sorriso farto, e comentou o quanto estava feliz por eles, e o quanto Black e ela tinham o encaixe perfeito. O casal sorriu para ele e enquanto terminava seu gole de café, Jacob beijou sua bochecha saindo apressado.
lavou a louça da manhã, em seguida se despediu de Billy. Encontrou Jacob com sua caminhonete – que ela mal reparara na noite anterior, estava carregada de encomendas para entregar – o rapaz, recostado à porta do veículo, gritava para que Seth se apressasse. Seth pegou as chaves de uma das motos de Jacob para ir trabalhar, e Black, sem delongas, as jogou no ar para ele dizendo:
“É sua agora, você vai precisar. Se vire com sua mãe!”. Seth estava só sorrisos e agradecimentos aos dois: a Jacob pela moto, e à pelo trabalho que seria álibi para aceitar aquele presente. Eles riram do jeito moleque do amigo mais novo, com os olhos brilhantes se apressando em sair com a moto. Black e se beijaram antes de entrar em seus respectivos automóveis e seguir para os respectivos afazeres.
abriu a farmácia e procedeu com o ritual de rotina. Enquanto fechava o balanço do mês para entregar o relatório aos irmãos Hernando; a corretora lhe telefonou, indicando novo terreno que poderia lhe interessar. Ela já havia escolhido alguns favoritos, mas perguntou algumas coisas por curiosidade, e, por fim, não se interessou. Antes de finalizar, perguntou se eles intermediariam a venda da sua antiga casa, apenas por curiosidade também. Devido aos recentes ataques no Kalil, e todos os problemas já conhecidos, não conseguiu.
— Mas, eu reformei a casa e entendo que o momento não é de valorização pela região, contudo, acredito que o preço ainda é maior do que foi vendido a mim pelas melhorias feitas recentemente — ela argumentou na ligação.
— Senhorita , infelizmente não estamos num bom momento para investir num negócio ali, e aquela casa, com melhorias ou não, pertenceu à nossa corretora e foi um negócio muito demorado de ser feito. Se a senhorita não tivesse surgido, provavelmente ainda estaríamos encalhados com a casa. — É eu sei, vocês deveriam ter me avisado dos riscos antes de me vender um elefante branco, não é? Eu não deixaria de fazer negócio com vocês, pelo contrário, admiraria a franqueza. Mas… Agora preciso de novos serviços e infelizmente não temos outra corretora na cidade. Obrigada pela atenção. — Ela desligou a chamada muito irada com aquele breve diálogo.
Não bastava terem lhe enfiado aquele mau negócio, ainda deixaram claro para ela que o negócio que ela fez fora péssimo! Erick surgiu notando seu humor irritadiço.
— O que a deixa com este bico logo cedo? — Ele beijou a testa dela em cumprimento. — Bom dia.
— A maldita corretora que me enfiou aquele mausoléu! Aliás, você acompanhou minha chegada! Poderia ter me alertado de muitas coisas, não é? — o repreendeu com as mãos na cintura, mas logo se acalmou e sorriu. — Bom dia, Erick.
— É, eu poderia. Desculpe por isso.
— Bom saber, assim me preparo para quando ela aparecer aqui segurando o troféu.
— Deixa disso, ela é só um pouquinho difícil.
— Sim, vocês são um ótimo casal. — Erick fingiu estar ofendido enquanto ria.
— E você e o Scott? Eu ia falar com você ontem, mas ele parecia bem interessado e ansioso.
— Não é o que a Daniela costuma dizer.
— Outra louca. Vai acreditar no que eu digo ou no que ela diz? Posso garantir que sei mais da minha vida do que ela.
— Scott andou interessado em mim sim, mas somos só amigos. E estamos muito bem com isso.
— É… Parece que os caras da cidade não têm chance com você mesmo. E o tal Embry? Ainda está com ele?
— Sei… — observou a reação de Erick, e era notória a sua curiosidade.
— Você está morrendo de curiosidade, né?
— Quer saber se eu estou envolvida com Jacob.
— Oras, ! Veja bem se eu tenho cara de Maria Futriqueira!
Um breve silêncio e ela começou a rir prevendo que ele perguntaria.
— Estou. Começamos a namorar recentemente. E estamos muito felizes, obrigada.
— Bem, felicidades. Fico contente em saber que está feliz, claro que eu aceitaria melhor se fosse o Carter, mas…
— Mas você não tem que aceitar nada. E tem que trabalhar, antes que sua namorada venha me importunar. — Eles sorriram com o expulsando e Erick logo saiu. Depois de tudo, aquela amizade seguia tranquila, e ele, sempre que podia, passava na farmácia para trocar algumas palavras com ela.
Após a saída de Erick, foi bater os documentos de contratação de Seth. Avistando o rapaz na cidade, o chamou na hora do almoço para comerem juntos e pediu para que Seth lesse os contratos com calma, e entregou-lhe os papéis, ele sorriu muito animado. Faltava pouco para finalizarem o almoço quando Seth, sem graça, acabou de beber seu suco, pedindo:
— … Você tem um tempo antes de ir embora?
— Você sabe que sim. O que houve?
— Paige. Me telefonou dizendo que quer conversar comigo.
A mulher parou de mastigar e o encarou atenta. Engoliu a comida antes de beber um gole de suco e abandonar seu prato vazio para conversar com Seth dedicadamente.
— Você não quer falar com ela?
— Não. Na verdade, eu só não quero estender esta história. Sabe, eu gosto da amizade da Paige, mas não é possível que sejamos amigos.
— De mim. Eu me conheço o suficiente para saber que não tenho maturidade para isso, e só irei me torturar ainda mais. Além de brincar com os sentimentos dela.
— Seth… — riu admirada. — Se tem algo que você tem é maturidade.
— Obrigado por reconhecer, . — Ele sorriu pegando a mão da amiga carinhosamente. — Mas e aí, o que eu faço?
— Eu acho que você deve conversar com ela sim. Evitar o problema não o faz se resolver. Ela tem algo a dizer e dependendo do que for, você vai dizer exatamente o que está me dizendo.
— Mas … O problema é que eu não confio que eu vá conseguir dizer alguma coisa. Eu não paro de pensar naquela noite — Seth sussurrou de modo quase desesperado. Embora engraçada a situação, queria não rir.
— Olha só: isso é natural. Mas o maior passo você já deu. Reconheceu que não sente algo pela Paige, e sim pela imagem de Anna que ela o faz lembrar. Então se recorde de tudo o que conversamos. Até mesmo das suas colocações a respeito de Scott e eu. Você não pode embarcar numa relação assim e sabe disso, e melhor: você não quer isso. Não tenha medo dos seus desejos. Você os conhece e sabe que não esqueceu aquela noite, não por Paige, mas por Anna.
— Você é tão sensacional… Eu sabia que você me ajudaria a esclarecer minha mente! — Ele ouviu a tudo atento e sorridente. — Jake é extremamente sortudo.
— Acredite, a garota que tiver você também será.
— Te amo, lobinha! Como a irmã perfeita que a chata da Leah não conseguiu ser.
— Não fala isso, garoto! — deu um peteleco na testa dele.
— Estou brincando, mas sim… — ele gargalhou — você é uma irmãzona que ganhamos, !
Diante daquela declaração tão carinhosa de Seth, não se conteve, ela levantou e o puxou para se levantar também. Abraçou Seth apertado, sendo retribuída, e de abraço lateral, eles encaminharam-se ao caixa para pagar as refeições. Seth pegou sua moto e foi para a reserva, os meninos ainda trabalhavam na construção da cabana e logo estaria pronta, portanto, Seth queria ajudar o máximo que pudesse. E , afirmando que chegaria logo mais, foi à corretora.
Havia decidido qual terreno compraria e precisava conversar sobre as condições de pagamento. Com as dúvidas retiradas, o próximo passo fora dado: buscar um comprador para sua casa. Deixou avisado em algumas lojas da cidade que venderia o imóvel, e por mais que ela soubesse que aquilo nada adiantaria, não custava avisar.
Uma das lojas em que foi era a
“House’s Montain” onde eram vendidos os artigos esportivos para os turistas. Seu foco era vender para alguém de fora e aquilo até lhe parecia muita sujeira porque ninguém deveria viver ali, mas o que ela faria? caminhava em direção ao seu carro, quando o homem misterioso do outro dia surgiu saindo da corretora.
“Então ele realmente decidiu ficar?”, ela pensou. Aquilo seria um problema. Na indecisão de entender se aquilo era um problema ou não, percebeu o quão distante parecia a ideia de ele ser um vampiro. Não a havia atacado, estava andando à luz do dia tranquilamente. E para uma leitora de
Lord Byron, aquilo era estranho. Não era aquela a imagem que ela tinha de um vampiro, e nem mesmo era a imagem que ela leu na internet sobre “os frios”. Por mais insano que parecesse pensar que Jacob houvesse se enganado, algo não se encaixava. então decidiu tratar aquele homem como um andarilho invasor de obras abandonadas que passaria uma estadia em Forks. Decidiu também que pesquisaria mais sobre os frios.
Ele atravessava a rua após conversar com o corretor na calçada da loja, o observava de dentro do seu carro. Ele, como se soubesse disso, virou bruscamente seu rosto na direção da moça. Os olhares deles se cruzaram. Ao encarar seus olhos tão ferozes daquele jeito, um arrepio passou pela coluna da bióloga. deu partida no carro saindo do alcance visual do homem. Que sensação absurdamente desconfortável aquele homem lhe causava, era perturbador estar próxima dele, mas ao mesmo tempo, atraente. E com esta atração descontrolada, deu a volta com o carro indo até ele.
O que ela estava fazendo? Era como se não fosse ela dirigindo! Sua cabeça dizia uma coisa, seu corpo fazia outra. Então, bruscamente, freou. Nada entendeu, mas ela tinha o controle dos seus passos, entretanto, por que era tão tentada a ir até ele? O homem sorriu sarcástico subindo em sua motocicleta. Ele sabia que ela se aproximaria dele e , com o carro lento, parou ao seu lado. Ele ajeitava suas luvas e olhou para o lado, encarando-a pela janela do carro.
— Ei,
docinho. Você de novo?
— Decidiu ficar na cidade?
— Depende. Se você estiver interessado em comprar um imóvel. — Ele passou a língua pelo lábio inferior e ao ouvir a fala dela, parou a língua num gesto entre os dentes.
Cada movimento dele era cautelosamente lento, e os olhos da mulher percorreram seus gestuais, ávidos. O homem encarou imóvel, com olhos semicerrados, indagativos.
— Você vem junto com ela?
— Eu não estou interessada em estreitar mais a nossa comunicação.
— Não é o que tem parecido.
— Foi você que apareceu no meu território.
— E desde então você tem aparecido nos meus — ele rebateu. silenciou. Era totalmente coerente para ele pensar daquela maneira.
Com uma mão pousada no volante e o braço na janela, desviou o olhar para a frente. Tamborilou os dedos no volante de seu carro e soltou de uma só vez:
— Escuta. Eu quero vender aquela casa. O lugar é ermo, como você mesmo disse e ninguém na cidade se interessa. Eu irei a uma corretora em outra cidade, mas você chegou agora e não custava te oferecer, principalmente porque eu quero vender logo.
— Quanto quer pelo imóvel?
— 60 mil. Eu reformei ela recentemente. E você não vai encontrar uma casa pela
Maine’s Empreendiment com um valor desse, e em boas condições.
— Por que quer vender? Tem algum problema na região?
— Além de eu estar afastada de tudo? Eu moro com meu namorado, agora. E também preciso do dinheiro.
— Eu posso dar uma olhada?
— Você já não conhece o imóvel? — disse irônica.
— Não o suficiente para comprá-lo.
— Eu te sigo. — balançou a cabeça positivamente e dirigiu até a sua casa antiga.
O que ela estava fazendo? Só poderia ter perdido a sanidade em acompanhar aquele cara, até o Kalil – o cemitério inóspito.
Estacionou na entrada, pegou as chaves em sua bolsa e logo o estranho apareceu atrás dela em sua varanda. Encostado no batente da porta, de frente a ela, o homem a encarou de cima a baixo aguardando-a abrir a porta.
— A propósito, eu me chamo Mark — disse estendendo a mão.
— — respondeu pegando sua fria mão e entrou.
Ele entrou em seguida, e ela mostrou todos os cômodos para ele. O medo palpitava em seu peito junto às batidas de seu coração. Os dois retornaram à sala após ela lhe mostrar o quintal dos fundos.
— E aí, Mark? O que achou?
— É… A quem devo fazer a transferência?
— Direto e decidido. — sorriu desafiadora. — Gosto disso!
pegou um papel e anotou seus dados bancários. Ela sabia – na verdade, ela pressentia – que aquele negócio deveria ser feito para ele desde o momento que o viu sair da corretora, e não sabia explicar de onde aquela certeza vinha. Esticou as anotações para o homem, ele as pegou e leu.
— Fará um bom negócio, Mark. O lugar é ótimo para alguém como você.
— Alguém como eu? — perguntou se aproximando, e pôde reviver a cena do outro dia, com os olhos invasivos dele a centímetros dos seus.
— Sim… — sussurrou ela, paralisada. — Alguém desprendido.
— Claro. — Se afastou lento até a mesma mesinha onde fizera as anotações e rasgando um papel do bloquinho, anotou seu telefone. Voltou predador até ela, que ainda se mantinha estranhamente paralisada, e depositou o papel dobrado na palma de sua mão. — E o seu namorado? Não vai me perseguir de novo por causa disso, não é?
— Não, até porque ele não precisa saber disso.
Mark se aproximou ainda mais do rosto de , a encarando profundamente nos olhos. Colocou uma mexa do cabelo dela para trás e acariciou o rosto da mulher, sorrindo com sarcasmo:
— Um segredinho nosso? — manteve-se em silêncio, sentia que queria sair correndo, mas algo não deixava. — Acho que vamos nos dar muito bem.
E dito aquilo, ele se aproximou mais numa tentativa de a beijar de novo, mas reuniu suas forças e o empurrou. Com toda a força que ela tinha, conseguiu se mexer naquele ato rápido de impedi-lo.
— Vamos embora! Eu vou aguardar a compensação do dinheiro em minha conta e aí esvazio a casa.
Eles saíram, trancou a casa e entrou no carro apenas acenando séria para ele, deu a ré e pegou a estrada na direção oposta. Afundou o pé no acelerador. Havia deixado uma garrafa de água no seu carro ao lado do carona, pegou-a e, embora quente, bebeu todo o líquido. passou da entrada da reserva, estava tão nervosa que queria dirigir somente, e não poderia voltar para casa naquele estado de pavor. Mark não mexeu nem um pouco com seus hormônios, ele mexia com um instinto muito pior: o instinto de sobrevivência. Era horrível a sensação de não conseguir se defender quando estava próxima dele. Na verdade, percebeu que tinha medo de Mark. Então por causa de quê, ela era tão atraída até ele?
Estava quase na saída de Forks, quando avistou o galpão onde seria a oficina de Jacob. Fechado. Um homem saía por uma portinhola lateral. parou ali, se recordando do dia que Jacob lhe mostrara o lugar antes do seu passeio de moto. Recordou que ela havia pensado em pagar o conserto de seu carro, investindo na reforma com ele. Então, ela desceu do veículo e o velhote gordo que passava um cadeado na pequena porta, parou o que fazia, a olhando curioso.
— Boa tarde. Este imóvel pertence a Jacob Black, certo?
— Não, não. Ele me falou deste lugar, eu sou namorada dele.
“Eu sou namorada dele”. Um sorriso imenso quis se formar em seu rosto ao dizer aquilo, mas ficou apenas no seu interior, pois o velhote a olhou desconfiado. E não era para menos, Jacob Black não tinha uma namorada, ou não apresentara nenhuma para ninguém.
— Ele me pediu para vir olhar o lugar para ele por um tempo.
— O que houve com a reforma que iria ser feita? Achei que já estaria quase pronto.
— Ele parou. Na verdade, pelo tempo que tem, já teria até mesmo inaugurado e estaria em funcionamento agora.
— Há quanto tempo o senhor tem olhado o galpão?
— Já faz alguns meses, moça. E se a senhorita me dá licença, eu preciso ir.
— Tudo bem, não quero o atrapalhar. Obrigada.
— Ei, o senhor vem com qual frequência?
— Desculpe, moça, mas eu não a conheço e o senhor Black é um pouco sistemático…
— É, eu sei, afinal, como eu disse, eu sou namorada dele. Não se preocupe. Eu só quero dar procedimento às reformas, mas eu mesma falo com ele. Me desculpe.
se despediu do homem que só deixou o local após a sua saída. Deve ter sido bem estranho para ele. voltou para a reserva focada em falar-lhe sobre isso, sobre a oficina e ajudar na construção de sua cabana. E assim foi. Eles não comentaram nada sobre a sua empreitada em vender a casa para Mark. Black contou que parou as reformas devido à situação de Embry e também porque recebeu muitas encomendas da marcenaria, e como havia feito as entregas naquela manhã, poderia retomar a oficina. falou a ele que o ajudaria, já que havia o prometido isso há tempos. Ele não fez cerimônia.
Era noite, estava sentada na cama com o computador aberto em seu colo e pesquisando sobre os frios. Jacob atravessou a porta com seus cabelos molhados, secando-os com a toalha. Sorriu quando viu a mulher concentrada e lhe beijou em um selinho carinhoso.
apenas sorriu, sem perder a atenção nas leituras, fazendo Black notar a sua concentração, ele sorriu curioso e, logo após se vestir, saiu do quarto e voltou com um copo de suco e uma fatia de bolo. Sentou-se ao lado de , observando a tela do computador.
— Coma, Mani. Já está aí desde que saiu do banho.
Só então, ela percebeu o lanche ao seu lado. apertou a perna dele em agradecimento, em um breve carinho. Black puxou o computador do colo dela e o colocou mais afastado na cama. Enquanto comia, ele a encarava, e ela sorriu com aquele olhar admirado dele.
— Você é linda — disse sorrindo, sem perder os olhos.
— É, eu sei. Mas você também é.
— Obrigado. Por que estava pesquisando aquilo tudo?
— Estou curiosa em relação àquele homem.
— Curiosa. Você estranhou o fato de ele ser um vampiro que ainda não foi notado por nenhum de vocês.
— É, mas meu pai já me explicou que isso pode acontecer. Há mais de um tipo de frios.
— Ah, é? Então tudo que eu li sobre vampiros a minha vida inteira pode ser real?
— Depende. — Jacob riu fraco. — O que você leu?
— Byron. Drácula. Criaturas sombrias, sugadoras de sangue que não saem à luz do dia porque podem queimar, e que são irrevogavelmente sedutoras e atraentes.
Jacob riu baixinho, não como se zombasse dela, mas como se achasse engraçado as histórias.
— Não sei se Byron teve algum embasamento real. Acredito que ele pode sim ter tido lá as suas inspirações, mas Drácula é apenas uma história. Em geral, o que sabemos e conhecemos nestas gerações todas de lobos é que os frios sugam sangue sim. Qualquer fonte de sangue, humano ou animal. Mas o sangue humano é a melhor dieta para eles. E, bem… Eles podem andar entre nós como se fossem um de nós, sem serem notados. Andar pela luz do dia que nada lhes acontece, ou no caso dos Cullen… — começou a gargalhar zombeteiro ao se relembrar — não podem porque eles brilham ao Sol.
— Brilham? Como paetês e purpurina?
— Tipo isso. — Jacob riu da expressão incrédula de .
— O que mais vocês sabem?
— São sedutores, sim. É a arma que tem para atrair suas presas. São muito atrativos e despertam a curiosidade humana. Tem poderes individuais, alguns são paranormais psíquicos, outros, mutantes físicos… etc.
— Edward lia mentes, Alice previa o futuro. Emmet era extremamente forte, o Jasper… Ele tinha algo, eu não lembro. Alguns deles não desenvolvem paranormalidade. Embora, só o fato de existirem já seja uma anormalidade.
— Ela era imune a qualquer dom. E parece que isso era bem valioso para eles.
— Meu pai disse que aquele homem, o frio que estava na sua casa, é dessa… Espécie, se assim posso chamar, que é facilmente confundido com humanos. E por isso, mais perigoso. — engoliu em seco. — Ele por acaso te procurou de novo?
— Você está bem curiosa com isso.
— Eu sou curiosa, Black. Você sabe.
— Não quero que me esconda nada se ele a procurar.
“E se eu procurar por ele?”, ela pensou.
— Como foi o seu dia? — A mudança de assunto deixou Jacob desconfiado.
— Fiz as entregas e trabalhei na sua cabana. E só. E o seu?
— Erick voltou com a Jessica. Almocei com Seth, depois fui à corretora ver as condições de compra do terreno que olhei esta semana…
— Por que não me contou que estava olhando terrenos para o seu laboratório?
— Ahn… Não sei, eu só fui tentar resolver.
— Eu gostaria de participar.
— Bom local… E quais as condições de compra?
— Vendendo a minha casa dou entrada no financiamento.
— Bem, vamos ter que vender para alguém de fora. Dificilmente alguém daqui vai comprá-la.
— É, mas eu acho que consegui vender.
— Céus, eu acho que você não vai gostar. — não poderia mentir, e não acreditava que tinha dado o mole de falar para ele.
— . Para quem você vendeu a sua casa?
Ela se levantou da cama, andando de um lado a outro no quarto. Não podia acreditar que depois de um dia inteiro evitando escapar aquele assunto, ela havia soltado daquele jeito a bomba.
— Mark. Mark soube que eu estava querendo vender a casa e me procurou quando eu saía da corretora. E Mark é o nome do homem que invadiu a minha casa.
— VOCÊ VENDEU A SUA CASA PARA UM FRIO? — Black estava de pé à sua frente, extremamente nervoso. — E por que você aceitou a aproximação dele se sabia
o que ele é? E como ele soube? Simplesmente soube!? E… Eu não acredito que isso está acontecendo outra vez — Black disse e saiu do quarto.
foi atrás dele, na cozinha. Ele virava água gelada num copo e a olhou desacreditado.
— Black, não é bem assim. Eu não sabia o que ele era. Ele me pareceu um homem comum, um doido que invade casas, e eu fiquei com medo sim de fazer a coisa errada, mas ele estava interessado. E com dinheiro na mão, e eu preciso comprar o terreno, e preciso ainda mais me livrar daquela casa. Não me importo se vou vender para o Joseph, pra Marie ou para o Mark.
— Você entregou a um frio, de mãos beijadas, toda uma população!
— Não, eu não meti os pés pelas mãos desse jeito. Vocês caçam frios, eu dei a vocês a gaiola perfeita para acabarem com eles. Vocês conhecem muito bem o Kalil. Vocês
vão acabar com eles, e disso eu não tenho dúvidas.
— Okay, . — Suspirou pesado. — E… Como foi que um estranho recém-chegado descobriu que logo você queria vender a casa?
— Vários estabelecimentos da cidade estão sabendo.
Jacob colocou o copo na pia e saiu novamente para o quarto. Olhou furioso para ela quando passou por , e a mulher voltou para o quarto junto a ele.
— Ei, Black… Eu fiz algo tão ruim assim?
— Não quero você perto dele. Não só pelos riscos, mas porque eu não vou perder você para ele!
— Você… — sorriu discretamente e um tanto surpresa com a novidade. — Você está com ciúmes do Mark?
— Argh! Para de chamar ele assim?
— Estou! Estou com ciúmes! Eu poderia aceitar você e o Erick por aí, você e o Scott, você e qualquer um. Mas
você e um
frio não é algo que eu vá aceitar nem em um milhão de anos.
— Não terá que se preocupar com isso. — o abraçou na tentativa de acalmá-lo e o beijou. Os dois voltaram a sentar na cama. — Inclusive, acho que você deveria contar a todo mundo que agora tem uma namorada, para que ninguém me ache uma maluca — falou de forma a amenizar o assunto anterior.
Black acariciou os cabelos dela, ainda nervoso, e a olhou profundamente quando ela disse aquilo. Retirou o computador da cama, e já estava imaginando que ele diria:
“Não quero que ninguém saiba de nós”, tamanho o mistério em falar alguma coisa após ter escutado ela. Então Black virou-se de lado para ela, acariciou seu rosto e iniciou um beijo apaixonado.
A medida que eles aprofundavam o beijo, Jacob se colocou por cima de e fazia carinhos em seu rosto enquanto eles se beijavam. Até que os dois ouviram batidas na porta. Black bufou e falou alto:
“entre”. Era Sue, que chamava por para falar com Seth. Ela ficou extremamente desconcertada, e só então, notando a cara descontente de Jacob, pediu desculpas dizendo que não era nada sério, e que pela manhã poderia falar com Seth. Sue se retirou e Black e a sua então namorada, voltaram os carinhos de onde tinham parado.
Capítulo Vinte e Cinco
Os frios se estabelecem em Forks
A quantia que pediu por sua casa a Mark compensou em sua conta bancária. Ela acabara de atender a uma ligação do banco confirmando a transação. Jacob estava no galpão esculpindo e, animada, ela foi andando até lá. Billy e Charlie foram pescar e todos os outros estavam na praia. Assim que entrou no galpão, Jacob quebrava algumas madeiras com um machado, mas notou a presença dela e parou o que fazia.
— Não precisava parar. Eu gostei da cena.
Ele sorriu maliciosamente e incrivelmente sexy para mulher que caminhou se aproximando dele, tirando o machado de sua mão. O casal abraçou-se sentindo o carinhoso afeto desmedido que agora podiam demonstrar. Black e estavam cada vez mais apaixonados e próximos.
Na noite anterior as coisas esquentaram entre eles e, embora a nova quileute quisesse muito se entregar a ele, decidiu esperar. Não sabia ao certo o que, mas a cada passo mais íntimo entre Jacob e ela, tinha a certeza de que o seu compromisso se consolidava de uma maneira irreversível. E por mais feliz que estivesse, também sentia um pouco de medo. Sua vida mudou tanto em Forks, e de repente a mulher pegou-se novamente a um passo de se amarrar com alguém para a vida toda. Já havia tanto tempo desde Theo, que não sabia se estaria preparada para que a sua relação com Jacob se transformasse em um compromisso sólido o bastante para pensarem em família. Sobretudo, ela o amava e aquilo ainda era assustador porque antes viveu uma relação normal e sem riscos. Tivera tudo para ser feliz e não deu certo.
Ela estava noiva de Theo. O casamento estava marcado, e ela o perdeu. Seu ex-noivo assassinado foi o seu grande amor e eles não tiveram a chance de viverem os seus planos. E Black pertencia a uma realidade totalmente perigosa, as chances de perdê-lo brutalmente também eram grandes. não queria se envolver tão rápido e até ali já havia quebrado esta regra. Por essa razão, ela tentaria ser cautelosa.
Ao se separarem daquele abraço seguido de um caloroso beijo, Black sorriu para a mulher e com as lembranças de Theo na cabeça, o olhava confusa.
— Ando remoendo traumas antigos…
— Uma outra hora eu prometo que falaremos disso. No momento, eu vim te atrapalhar por um assunto mais urgente. — Entortou a boca em reprovação para que antes de qualquer coisa, a burrada que ela fez fosse amenizada pela certeza de que poderia passar a Jacob o quanto estava arrependida.
— Deixe eu me sentar para ouvir o problema. — Jacob suspirou preocupado sentando-se em um toco e de ombros relaxados, com os braços apoiados um em cada joelho, olhou para cima.
— O banco me ligou. Mark depositou o dinheiro e já foi compensado. — estava de pé, de braços cruzados olhando para baixo atenta à expressão de Jacob.
— A cabana fica pronta em aproximadamente uma semana.
— É eu sei. Eu só quis te avisar porque eu pensei em esvaziar a casa e trazer tudo aqui para o galpão ou falar com o Mark que…
— Você não vai falar com ele.
— Jacob, eu vendi a casa para ele!
— Eu mesmo vou até ele e falo que em uma semana a chave estará na corretora da cidade para ele pegar.
— A corretora não intermediou a venda, eu tenho que entregar a chave em mãos.
— Então tá, eu entrego. — Ele levantou impassível e voltou ao seu trabalho sem olhar para .
Black estava extremamente incomodado pela presença de Mark, e ela não o culpava, pelo contrário, admitia que foi estúpida o suficiente para se envolver com o inimigo, o mínimo que fosse. Entretanto, ver Jacob ditar as suas ações ou o que ela deveria ou não fazer, estava lhe dando nos nervos! Ao se tratar da venda da casa, deixaria passar. Após aquele problema ser resolvido, a mulher decidiu que não voltaria a abaixar a cabeça para Black. Ela se retirou do galpão e retornou para a cabana, a fim de retomar alguns estudos.
Assim que os lobos voltaram da praia, Seth a procurou. Estava aflito para falar com ela sobre algo.
— Sua mãe disse que você queria falar comigo ontem. Aconteceu alguma coisa? — perguntou logo que ele se aproximou entrando no quarto de Jacob.
— Eu fiquei mal depois da conversa com a Paige e ela estava preocupada. Leah disse para mamãe que eu costumava desabafar com você, então ela queria que você fosse correndo resolver o problema do “meu filho feliz está sofrendo”.
sorriu para o rapaz, puxando-o para se sentar na cama de Black e assim conversarem.
— Ela só não achou que fosse interromper você e o Jake… — Seth adicionou, gargalhando e zombando da amiga.
— Engraçadinho…! — deu-lhe um cutucão fingindo não ter ficado sem graça.
— Me conta! Como foi sua noite com Black, seu namorado? — Seth bateu em seu ombro como o amigo de confidências que era.
— Seth! Eu não vou te contar nada! Você é só um menino!
— E daí? Tudo o que vocês fizeram eu também faço. Eu acho. — Ele riu. — Isso é normal, ! Ande, me conte algumas coisinhas, vai!
— Cala a sua boca, seu idiota. Não aconteceu nada.
— Por quê? — Seth perguntou parando de rir e provocar, agora realmente interessado em ser um bom ouvinte.
— Ainda não é momento para isso, Seth. Eu não quero atropelar as fases.
— Eu não entendo, mas tudo bem… E vocês estão bem?
— Sim, com isso sim. Mas o Black está morrendo de ciúme do Mark e age como se fosse meu dono.
— Bom… Você pirou e sabe disso.
— É, eu sei, por isso que não o estou culpando. Mas assim que este assunto for encerrado, ele vai parar de agir como se eu fosse uma das lobinhas da matilha dele!
— Ele não é meu alfa, Seth!
— Você que é a alfa dele, a gente sabe disso — o rapaz zombou e os dois riram com a comparação boba de Seth em dizer que entre Jacob e ela, as ordens eram dadas por . O que era mentira, mas também podia ser verdade.
— E então? Como foi com a Paige?
— Péssimo! Ela disse que quer ficar comigo… De um jeito sério, entende?
— Ela se apaixonou, … — Seth abaixou a cabeça tristonho. — Olha a idiotice que eu fiz!
— Ei, Seth… Você conhece a Paige, sabe das qualidades dela e por mais que ela seja gêmea da Anna, não é a Anna. E isso pode ser bom para te ajudar a superar. Talvez você devesse dar uma chance, não?
— Não. Eu definitivamente quero virar esta página. Não é justo com ninguém.
— E o que você falou para ela?
— Como assim, Seth Clearwater?
— Ela se declarou e me beijou. Eu não consegui falar!
— Beijei de volta, lógico. Presta atenção! Uma menina linda me beija e você quer que eu faça o quê? Bata nela?
começou a rir com a forma como Seth falou. Apesar de não estar bem-humorado com aquele assunto – pelo contrário estava preocupado, nervoso e sério –, Seth era muito engraçado.
— Olha a confusão que eu estou arrumando! , você não quer resolver isso para mim?
— Não, você deve lidar com isso sozinho. Mas depois do beijo você fez o quê? Saiu correndo?
— Está brincando comigo, não é, garoto? — deu um tapa na perna dele, com uma expressão de espanto e um risinho de escárnio no canto da boca.
— Pior que não. Saí de lá bem rápido porque ir embora não era bem o que eu queria… Se eu não me controlasse… Enfim… Eu cheguei em casa, me tranquei no quarto e fiquei pensando na merda que fiz.
— Certo! Você pisou na bola! — constatou e puxou o próprio celular do canto da cama e estendeu a ele ordenando: — Telefona para ela!
— Não, não, pode ser daqui uns noventa dias. Claro que agora, Seth! Você deve uma explicação a ela! A garota fala que te ama, te beija, e você sai correndo? Está ficando doido?
— Beleza, beleza. Mas eu não sei o que dizer!
— A verdade! Eu vou pegar um café para a gente e você liga aí que eu já volto. — saiu do quarto encarando-o encorajadora e escorou a porta.
Caminhou até a cozinha ainda risonha pela história de Seth e naquele momento, Jacob apareceu na casa para buscar a chave do carro.
— ! — ele chamou-a forte o suficiente para surpreendê-la com um pequeno susto.
Jacob ainda estava com a expressão de quando ela o deixou no galpão: enciumado. Estava suado e sujo de madeira, mas pegou uma blusa que estava jogada no braço do sofá e vestiu.
— Aonde você vai desse jeito, o que houve? — perguntou preocupada dando poucos passos até ele.
— Você sabe onde o frio mora?
— Não sei, você andou vendendo uma casa para ele… Provavelmente devem ter algum contato suficiente para saber alguma coisa, não é?
— O que está insinuando, Black?
— Nada. — Jacob notou que ficar reagindo provocativo ao próprio ciúme desgastaria uma relação que só estava começando, então ele suspirou profundamente e mudou o tom: — Nada, me desculpe. Só… Deixa para lá. Eu vou até a casa dos Cullen, foi o último lugar que o vi.
— Para quê vai atrás dele?
— Resolver de uma vez por todas esta pendência que você arrumou.
— Mas assim tão de repente? Tem certeza que…
— Estamos prontos, Jake! — Paul, Quil e Embry surgiram na porta da cabana interrompendo a fala de .
Os outros quileutes a abraçaram e se despediram, em seguida saíram correndo da porta da cozinha para fora da casa. pôde ver de longe os meninos subindo na caçamba da caminhonete nova de Jacob e seu namorado andando a passos fundos até o lado do motorista, enquanto Charlie entrava pelo lado do carona.
— Que raios de situação foi esta? — murmurou sacudindo a cabeça e voltando à tarefa de pegar uma xícara de café para si e para Seth.
Seth havia acabado de telefonar, e Paige de atender, quando entrou no quarto segurando as xícaras, atenta e curiosa ao ouvir:
— Alô? — Seth disse e ficou mudo a olhando.
revirou os olhos, bateu em sua testa e sussurrou algumas palavras para Seth a fim de orientá-lo.
— Paige, me desculpa por ontem… Eu fiquei sem ação — Seth repetiu, e dali por diante ele desenvolveu o diálogo sozinho: — Eu gosto muito de você, da sua amizade, mas não consigo lidar com isso. É doloroso demais para mim e será para você também. Então acho melhor nós evitarmos que aconteçam outras vezes. — O garoto, aflito, ficou mudo por um tempo olhando para os próprios pés sobre a cama. De repente encarou , um tanto sério e ainda mais preocupado. — Você não está fazendo isto por minha causa, não é? — Seth perguntou ao telefone.
Mais um tempo em silêncio.
— Entendo. Desejo que você seja feliz, e é claro que eu irei até aí. — Mais algumas despedidas e Seth desligou, pegando a xícara de café da mão de . Tomou um gole, apoiou os cotovelos para trás na cama, olhou silencioso para o teto, se sentou e entregou a caneca para a amiga. E assim que pegou-a, curiosa e atenciosa, Seth retirou sua camiseta a jogando longe. não entendeu nada, apenas observou-o voltar a pegar a caneca de sua mão, e deitou de novo recostando-se sobre os cotovelos. Uma cena bem sexy, porque Seth, como os outros quileutes, era um belo rapaz.
— Que isso? Você arranca as roupas quando fica irritado? — , surpresa e sem entender o que ele pretendia, perguntou ao amigo enquanto encarava a expressão séria, quase bravia, do seu amigo na própria face.
— Seth, eu não estou te entendendo!
— A culpa é minha! Ela disse que não, que já havia decidido isso antes de nós sairmos, e que depois do que aconteceu pensou em ficar, mas sabendo das minhas intenções, ela prefere ir embora. E agora quer que eu vá em uma reunião íntima que acontecerá em despedida.
— Não foi culpa sua, então. Seria culpa sua se ela ficasse, mas não é o que você quer, não é?
— Eu só quero que este sofrimento por Anna acabe! — ele disse e deitou-se no colo da amiga, choroso.
odiava vê-lo assim, simplesmente não tinha estômago para ver Seth daquele jeito. Tão homem para suas responsabilidades e tão menino para sofrer por amor.
— Isso passa, Seth, uma hora você aprende a conviver.
— Você diz como se soubesse o que é perder um grande amor.
Foi então que ela expôs um silêncio culpado, e uma lágrima escorreu por seu rosto caindo na testa de Seth. não chorava por Theo há muito tempo, mas se lembrava dele com tanta frequência nos últimos tempos… Seth ergueu-se, e com mãos delicadas limpou a lágrima do rosto de sua amiga, encarando seu olhar vazio.
— Eu tinha um noivo. — As palavras saíram abafadas.
— Eu era noiva antes de vir para Forks. O nome dele era Theo. Bella, Theo e eu éramos um trio de amigos na época do colegial. Ele e eu começamos a namorar um ano antes de a Bella ir embora de Phoenix. E ficamos juntos e noivamos. Iríamos nos casar naquela semana que… — Mais lágrimas que puxaram outras, e os olhos de escorriam sem que ela fizesse força.
— … — Seth a abraçou apertado, e ela retribuiu. — Não precisa contar.
— Preciso. — A amiga se separou do abraço e confessou: — Essa história estava bem enterrada, mas tem se tornado um fantasma que eu não tenho com quem compartilhar.
— Tem sim, se é importante colocar para fora, então eu estou aqui. — Seth segurou o rosto de beijando-lhe a testa.
— Na semana do nosso casamento faltavam três meses para eu me formar na faculdade, e íamos casar na semana da formatura dele. Duas festas de uma vez. Theo colou grau em uma quinta-feira, e no domingo era o nosso casamento. Mas… — Pausou e suspirou profundamente. — Ele saiu de carro para buscar o
smoking dele e parou no sinal. Me enviou uma mensagem bonitinha e, antes de o sinal abrir, um carro passou ao seu lado em alta velocidade fugindo da polícia. Efetuaram disparos para trás quando o carro da polícia entrou na frente do dele, mas dois tiros o atingiram. Ele morreu ali, no sinal. Meia hora depois, me telefonaram do telefone dele porque a última mensagem aberta era a minha. “Esposa”. Ele estava radiante por poder mudar uma coisa simples como o meu nome no celular dele…
Seth abraçou a amiga ainda mais forte, e ela se permitiu chorar com ele.
—
“Eu quero que você seja muito feliz, por toda a sua vida”. Foi a última mensagem de Theo para mim. Não pudemos nos despedir.
— Eu sinto tanto, ! Você não merecia isso e tenho certeza que ele também não.
— Você lembra um pouco o jeito dele, às vezes. — sorriu para o rapaz.
— Fico lisonjeado. E … — Seth puxou o rosto dela para encará-lo. — Você vai ser muito feliz, eu te prometo que sempre estarei ao seu lado para o que for necessário. Fomos feitos para sermos felizes, !
— Obrigada pelo carinho, Seth. Apesar de tudo, o Theo é uma lembrança boa… Eu abandonei a dor junto ao luto. Mas foi cruel o que aconteceu com ele, sabe? Eu só queria que ele estivesse vivo. Não precisava ser comigo, mas ele tinha uma vida linda para viver…
— E é por isso que eu tenho medo de me envolver cada vez mais intensamente com o Jacob. Eu não posso aceitar perdê-lo. Já é forte demais o que eu sinto…
— Não vai perdê-lo. De onde veio essa coisa absurda?
Seth, e continuaram conversando coisas aleatórias e falaram da arrumação da cabana dela, e do que Jacob e os outros estariam a aprontar, já que contou sobre Black ter ido atrás de Mark.
Mais tarde, por volta da meia-noite, Black e os meninos apareceram com a caminhonete lotada de coisas da antiga casa da . Eles haviam desmontado os móveis e trazido para a reserva. Paul gritou animado para ela algo como:
“Agora você não tem mais escapatória!”, o que a fez sorrir animada. Quil também estava empolgado e correu até onde Seth e estavam sentados, ao lado de Billy, na varanda. Quil beijou o rosto da morena e puxou Seth para o trabalho de descarregar o carro.
Black passou ao lado de e seu pai, mas quando ela sorriu para ele, o quileute alfa não a olhou. Sequer sorriu de volta. Entrou direto em casa, sem ao menos falar com o próprio pai. Billy, que já sabia do que se tratava, confortou com uma expressão debochada e apontou para Charlie que ia ao encontro deles. O delegado Swan beijou e abraçou a , e cumprimentou Billy.
— Eu andei tendo uma conversa com ele. De sogro para genro.
— Obrigada por isso, Charlie — declarou. — Mas isso não impede a conversa que ele e eu teremos.
— Não era nem mesmo a minha intenção — Charlie afirmou sacudindo a cabeça e justificou por Jake: — Ele está com ciúmes, . Se roendo de ciúmes, e com medo de perder de novo para um vampiro.
— Então ele não confia no que eu sinto.
— Foi mais ou menos nesta linha de argumentos que eu dei uns puxões de orelha nele.
— Certo, Charlie… — sorriu. — Obrigada.
— Embora você esteja se culpando e todos achando que você agiu mal, … Você fez o que achou certo: vendeu a sua casa para alguém interessado. Não é obrigada a acreditar em vampiros só porque acredita em lobisomens, mas eu gostaria de… Como um pai, assim como Charlie a considera filha, te pedir para ter cautela. Os seus instintos não falham, garota. Atente-se a eles — Billy declarou a surpreendendo de todas as formas com aquela compreensão.
sorriu para ele também, e o abraçou beijando a sua testa, aceitando o conselho. Em seguida, ela se pôs a ajudar os garotos descarregando o carro. Assim que terminaram, todos saíram para descansar, e como Jacob não havia retornado, entrou no quarto atrás dele. Encontrou Black deitado, pensativo, olhando o teto. Pensou em falar, mas era melhor dar um tempo a mais para que ele pensasse em suas atitudes bobas. Os dois trocaram olhares, mas não falaram nada. revirou os olhos e caminhou até o móvel onde guardava suas roupas e saiu para tomar banho.
Quando voltou para o quarto e penteava seus cabelos, ela sentiu os braços de Black a envolverem em um abraço pelas costas. Ele cheirou o pescoço de sua Mani como habitualmente fazia, desculpando-se ao sussurrar no ouvido dela:
— Desculpe, Mani… Eu fui o idiota ciumento que havia dito que não seria…
— Se você não confia no que eu sinto por você, então não deveríamos estar juntos — ela disse se virando para ele e afastando. — Fala sério, Black! O cara chegou ontem, praticamente! E eu não estou “nem aí” para quem ele é ou deixa de ser, eu não tenho interesse nele, tá? E pare de agir como se eu fosse a sua propriedade.
— Você tem razão, mas ele invadiu a sua casa e oferece um risco que você não pode imaginar!
— Então por que ele não fez nada comigo quando teve chance? — A pergunta de gerou um silêncio em resposta, surpreendendo ambos. Ou melhor, despertando em Black aquela dúvida que não havia passado em sua mente: por que ele deixou passar ilesa? Então, Jacob a encarou ainda mais frustrado.
— Eu não sei! Ele só pode querer alguma coisa de você!
— Ah é? O quê? Porque se fosse enriquecer a dieta dele, eu já não estaria aqui!
— Eu não acredito que isto está acontecendo de novo… — Black murmurou deixando os ombros caírem, passando as mãos ansiosas por sua face.
— Black, preste atenção no que direi: eu não sou a Bella, a menina dos vampiros, okay? Eu me apaixonei por você e é aqui o meu lugar. Eu não vivo nem mesmo entre os meus, então não aceito você achar que um belo dia você vai acordar e eu terei fugido com o Mark! Porque isso não vai acontecer! — declarou enfática apontando um dedo acusador para Jacob que ao vê-la menor, imperativa e tão graciosamente bravinha, não aguentou resistir. Ele a puxou em um abraço protetor guiando-os para que fossem deitar-se juntos.
— Seu lobo idiota! — declarou com bico, enquanto se aninhou no abraço dele em uma conchinha que fizeram ao preparem-se para dormir.
♦ = ♦
caminhava de um lado ao outro da cozinha da cabana de Sue. Ela, Leah, e Emy preparavam os lanches da cerimônia particular de inauguração da Oficina de Black. Uma semana havia passado, e já morava na sua nova cabana.
Paul, Quil, Embry e Jacob ajudavam guardando as comidas nas caixas térmicas e as levavam para os carros. Charlie e Billy haviam ido buscar bebidas na cidade para levar até a oficina. Aquela também seria uma festa de despedida para Leah, e a Clearwater já estava mais calma com aquela partida. Embry, embora triste, também já estava conformado que seria temporário, afinal, Leah precisava retomar seus estudos.
Depois de resolvidos os preparativos para ida, todos foram para a Oficina animados e ansiosos.
desceu do seu carro e Black do carro dele, já ansioso para abraçá-la e caminhando até a mulher. O pessoal retirava as coisas dos carros e levavam para dentro da oficina. Charlie e Billy já esperavam o casal apaixonado na porta, com suas respectivas cervejas em mãos e as demais bebidas nas tinas de gelo. Em seguida, Seth chegou de moto e foi abraçar Jacob e ao abraçar , ele estava com uma cara não muito feliz.
— E aí, como foi lá? — ela perguntou se referindo à festa de despedida de Paige.
— Acabou. Acompanhei ela até a saída da cidade. Foi morar em Washington.
— Agora você tem uma amiga para visitar em Washington.
— Não, , quando eu disse que acabou é porque eu não tenho mais nada a ver com esta história.
— Entendo… Pensemos então que foi melhor assim, certo? — acariciou o ombro do amigo de um jeito encorajador.
— Seth, você pode fazer as honras de retirar o véu da placa? — Black pediu apontando para a placa da oficina, até então coberta.
— Claro! — Seth subiu nas escadas e Black avisou a todos que revelaria o nome da Oficina e assim inaugurá-la.
— Leah eu gostaria que você viesse aqui comigo, por favor — Jacob pediu. — Esta reunião é também para comemorarmos a sua viagem, afinal, falta muito pouco para você realizar o seu sonho e voltar de vez para casa, onde estaremos todos, com muitas saudades e ansiosos — Black disse e Embry se aproximou ao lado de Leah a abraçando saudoso.
— Jake, por que você é sempre tão dramático? — a filha dos Clearwater ironizou fazendo todos rirem.
Leah não faria a linha fofa por mais que a atitude de Black tenha a deixado emocionada, e como irmãos implicantes, ele a mandou calar assim que ela se prostrou ao seu lado, e eles se abraçaram. O pessoal fez uma pequena contagem regressiva e Seth retirou o tecido da placa. Todos aplaudiam e gritavam animados. deixou a boca cair de descrença ao ler:
—
“Auto’s Mani”? Você colocou o meu nome no seu estabelecimento?
— Não deixou de ser uma conquista nossa. Você ajudou muito.
— Black, isto é… — tampou a boca com as duas mãos, em total surpresa.
— Um passo a mais? — A resposta dele a fizera perder um pouco do controle das pernas. Era aquilo, não era?
Leah começou a rir ao lado de , e aplaudia esbarrando o cotovelo no braço da amiga. Então Embry e Black se colocaram, de repente, em frente às duas mulheres. Houve um silêncio e atenção geral dos presentes. Elas se encararam desconfiadas e tímidas quando os dois tiraram uma caixinha de seus bolsos. O pessoal da reserva começou a gritar e fazer mais barulho.
— Calma, pessoal, ainda não é um pedido de casamento! — Embry gritou para todos e, virando-se para as duas, perguntou sacana ao amigo: — Ou é, Jake?
levou seus olhos das mãos de Black para seu rosto, com uma expressão brava de quem advertia com o olhar: “você não me apronte uma dessas!”.
— Ainda não, pessoal. São apenas formalidades. — Black riu sem graça.
— Finalmente, Embry! Eu achei que iria embora sem este anel! Deixa eu ver o tamanho do diamante! — Leah arrancou mais risadas de todos.
— Até parece… Amo você — Embry declarou colocando o anel na mão da namorada, a beijando em seguida.
— Ei… Eu sei que você disse que não precisava, mas é… Isso é um passo a mais. — Jacob se aproximou de e disse, beijando-a de um jeito cauteloso. — Tudo bem por você?
— É claro! — ela respondeu deixando-o colocar o anel em seu dedo, mas a verdade é que ela estava extremamente nervosa com aquilo.
Aplausos. Beijos. Abraços. Felicitações. Risadas. Bebedeiras. Comerias. Alegrias. Família. Assim seguiu aquele dia de inauguração. Na manhã seguinte, Leah partiu. Todos acordaram cedo para se despedir dela antes de irem trabalhar, e Embry foi quem mais se sentiu mal com aquele “até breve”. Ele deixou Leah no aeroporto de Seattle e depois foi trabalhar na loja do pai de Quil.
— Os meninos estão mesmo crescendo, não é, Emy? — disse Sue ao lado de Emily e após vê-los voltando cada um do trabalho no final da tarde.
— É. Estão sim. — notou que Emy parecia sem graça com aquela conversa, e não entendendo, ela apenas foi pegar o chá que apitava na chaleira da sua cozinha.
Quando retornou à varanda, Emy e Sue conversavam algo que pôde perceber, desconversaram com a sua chegada. Ela sabia que o assunto não era especificamente sobre ela, mas Emy estava nervosa. Não nervosa do tipo brava, e sim nervosa do tipo incomodada.
Sam surgiu com seu uniforme amarrotado após um longo dia de trabalho na trilha de escaladas de Forks. Emy foi até ele, o beijou e direcionaram-se à sua casa. Sue os observava de longe de uma forma como ainda não havia visto e nem saberia dizer o que aquele olhar significaria. Ela ficou quieta, observando as reações da matriarca quileute e a chegada dos amigos.
Seth surgiu após seu banho e ao ver , contou como foi produtivo o dia de trabalho na farmácia. Ele já estava se tornando amigo de Steve, ambos tinham quase a mesma idade, Seth também contou que Peter estava irritado com ele por aquilo.
— Não me diga que Peter está com ciúme do amigo? — falou jocosa para Seth.
— Peter é um tipo possessivo de amigo. — Ele riu ao se referir do melhor amigo, e o acompanhou em um sorriso sereno.
Quil e Paul se aproximaram e logo mudou o assunto aproveitando para zombar com os dois:
— Vocês andam muito afastados! O que aconteceu, eu fiz alguma coisa ruim para vocês dois? — ela disse a eles enquanto os rapazes se sentavam em sua varanda.
— Jamais, ! A gente se amarra na sua! — disse Quil.
— Eu ando muito ocupado nas trilhas, aliás, Sam e eu. É alta temporada de turismo agora, então… — Paul sorriu demonstrando o cansaço.
— Bebam — falou apontando para o chá que Sue já se adiantou em servir aos rapazes, e que estava posta numa mesinha de centro ao canto da varanda de . — Logo La Push também terá de lidar com visitantes, não é?
— É! Jacob ficará uma pilha de nervos com isso, se prepare! — Paul reclamou apontando para ela como se fosse papel de lidar com aquilo.
— Seu namorado não gosta de gente, . Achei que soubesse disso! — Quil a respondeu fazendo os outros meninos rirem.
— “Seu namorado”! Finalmente, uh? — Paul a olhou com um sorriso sacana e assim começaria a zombaria.
— Eu vou buscar um pedaço de torta para vocês três… — riu e se levantou, desconversando.
— Ela ficou toda vermelhinha, vocês viram? — Paul gritou sacaneando-a e os meninos riram, enquanto Sue dizia a eles para serem menos bobos.
Quando se preparava para sair da cozinha, Bruh a surpreendeu. Ela estava na soleira da porta dos fundos de cozinha e não havia notado. Bruh Ateara, com braços cruzados e uma expressão de desdém comentou:
— Então esta é a cabana da índia branca?
— É, Bruh… Esta é a minha cabana, bem-vinda — respondeu tentando soar menos agressiva.
Elas ficaram se olhando em silêncio. Era notória a revolta em torno das irises de Bruh, assim como a tentativa de em lhe passar um clima ameno, pois ela já estava farta daquela rixa sem sentido com uma adolescente recém-saída da puberdade.
— Quil me contou que você e o Jake estão juntos. Isso é verdade?
— Por que não foi perguntar ao Black?
— Ele daria qualquer resposta que me afastasse.
— Por que você aceitou este tipo de humilhação, Bruh? — perguntou com tom de pena.
— Você pode responder a minha pergunta?
— Estamos namorando sim — respondeu pousando a bandeja sobre a mesa.
— Este anel… — Bruh apontou para a mão de . — Foi ele quem te deu?
— Sim. Aliás, você não foi até a inauguração da oficina dele. Onde estava?
— Não te devo satisfações da minha vida!
Depois da resposta malcriada, Bruh continuou em silêncio, desta vez olhando para os seus pés. Não chorava. Não mostrava raiva. E não sabia ler os sentimentos dela naquele momento.
— Olha, Bruh… Nunca foi a minha intenção magoar você e…
— Eu sei — a garota interrompeu. — A culpa foi minha, eu que idealizei conquistar o coração amargurado de um cara mais velho que só me enxerga como uma pirralha.
não soube o que dizer.
“É verdade, você se iludiu”, seria bastante rude mesmo para Bruh que era apenas uma garota desiludida com o primeiro amor.
— Está tudo bem, índia branca — Ateara mencionou e, pela primeira vez, ela esboçou um meio sorriso sincero para . — Vocês têm mesmo tudo a ver. E é bom ver o Jake feliz de novo. Eu não vou te dar mais trabalho, e depois… Ainda terei um imprinting algum dia, então não é como se você ganhasse.
As duas mulheres sorriram e naquele momento Seth apareceu na cozinha perguntando se estava tudo bem e por que estava demorando. Quando viu Bruh, ele encarou a outra, preocupado, e então contou que elas estavam só conversando. Seth se assustou com aquilo, ele sempre se mantinha sorrateiro quanto a Bruh.
— ! — Charlie gritou do lado de fora, e Seth disse que levaria a bandeja, no entanto, Bruh queria ajudar também. saiu deixando-os sós.
— Deixa comigo, Seth! — Bruh pegou a bandeja ao mesmo tempo que ele e quase a deixou cair. Seth foi mais rápido e pegou a bandeja no ar. Olhou para Bruh, ainda desconfiado.
Charlie disse que avistou um cara estranho com Mark nos arredores da escarpada da praia, assim que apresentou-se diante dele.
— Você tem algum conhecimento se este tal Mark vive sozinho? — perguntou para ela.
— Eu tenho que contar isso ao Sam…
— Provavelmente — Charlie declarou e foi diretamente à cabana de Sam sem trocar palavras com ninguém.
Paul, Quil, Seth e Bruh perguntaram para se havia acontecido alguma coisa para Charlie estar tão sério.
— Nada para nos preocupar por ora… — E foi ela terminar de falar para Sam sair correndo de casa indo em direção à mata.
Os meninos gritaram para ele da varanda, perguntando se necessitava de alguma ajuda e ele apenas gritou que estava tudo bem. Black chegava em sua caminhonete e todo sujo de graxa, afinal, já estava trabalhando em sua oficina.
— Aonde o Sam foi? — perguntou após cumprimentar com um beijo.
— Venha — o puxou para a sala —, Charlie avistou um cara desconhecido com Mark nas escarpadas da praia. Pediu para Sam averiguar, mas acho que ele quis ir sozinho.
— Outro frio? E o Sam foi sozinho? — Jacob perguntou enquanto corria de volta para fora.
— Você vai atrás dele? — gritou o acompanhando para fora.
— Não sabemos a intenção deles, ele não devia ter ido sozinho. São dois contra um!
— Jake! — Seth gritou, Quil e Paul estavam de pé ao seu lado.
— Fiquem aqui e vigiem a reserva. Não se preocupem. Sam e eu damos conta!
Os meninos obedeceram e quando olhou para o lado, ela não viu Bruh. Jacob já havia partido.
— Quil… Onde está a Bruh? — perguntou .
— Droga… — resmungou Quil ao constatar. — Ela foi atrás deles.
— Bruh sabe se meter em encrenca, mas sabe sair delas também. Vamos seguir as ordens de Jake. — Paul finalizou e sentou-se para comer, logo os meninos o acompanharam.
Charlie surgiu na varanda da casa de Sam e ao seu lado estavam Sue e Emy. Emy continuava cabisbaixa. Sem esperar aproximação, caminhou até elas.
— Jacob foi atrás dele, Emy — falou na tentativa de acalmar a amiga. Seja lá o que estivesse acontecendo com Emily, previa ter algo a ver com o ocorrido.
Sue e Charlie a abraçaram e saíram, então, já que estavam sozinhas, aproveitou:
— Emy, estou notando que algo está deixando você tensa. E é algo que a Sue tenha falado. Você quer conversar?
— … Eu estou com um mau pressentimento, desde ontem. E eu acho que vai acontecer alguma coisa com o Sam.
— Acalme-se! — a abraçou. — Nem sempre maus pressentimentos são reais.
— Pode ser, mas somos tendenciosos a isto. — Emily sorriu desanimada.
— E tem mais alguma coisa acontecendo?
— Sue tem conversado muito comigo sobre… — olhou sem graça para e a puxou para dentro da cabana, dizendo baixinho: — Bebês.
— Bebês? — perguntou sem entender.
— Ela acha que está na hora de Sam e eu começarmos a pensar em família. Ela disse que está chegando o momento em que Sam deixará de ser o alfa.
— Por quê? Tem algum prazo?
— Não… Ela somente sente, mas diz não ter certeza das provisões… E aí eu fico ainda mais preocupada com estes maus pressentimentos que sinto em torno de Sam.
— Sendo assim, eu vou dizer aos garotos para irem atrás deles!
— Será que o Jake não ficaria bravo?
— Vocês são uma alcateia! E defendem uns aos outros, precisam estar juntos.
Ao chegar de volta à cabana para pedir a eles que fossem atrás de Sam e Black, os meninos não estavam mais lá.
— Onde estão os rapazes? — perguntou aos mais velhos que restaram ali.
— Foram atrás do Jake e do Sam — Billy disse ansioso.
— Billy… O que vai acontecer? — Emy perguntou.
— Não vai acontecer. Já aconteceu — Billy respondeu e tanto Sue e Charlie que já estavam cientes, quanto e Emily, ficaram apreensivos olhando para a mata, aguardando o menor sinal dos rapazes.
Cerca de vinte minutos depois, Bruh surgiu ensanguentada e ofegante, e antes mesmo que pudessem lhe perguntar qualquer coisa, Seth atrás dela surgiu a segurando. Bruh havia desmaiado. Foi assim que os outros correram da varanda de , em direção aos dois.
— Seth, o que houve?! — Sue perguntou preocupada, checando-os.
— Ela está bem, só desmaiou de cansada — ele disse referindo-se a Bruh.
— Leve ela para dentro — pediu o chamando para dentro da cabana.
Eles subiram até o quarto dela onde Seth deitou Bruh na cama, e Emily rapidamente se pronunciou:
Sue retirava as roupas da garota dentro do quarto, e Billy e Charlie aguardavam no andar de baixo. Seth, em uma tentativa de desconversar, olhou para Sue e para Bruh, dizendo:
— Mãe, quer alguma ajuda?
— Responda à pergunta de Emily, Seth — Sue ordenou, séria.
Sue saiu com as roupas sujas de Bruh e deixou a garota de roupas íntimas deitada dormindo sobre a cama. Seth não conseguiu olhar para Emily, e aquilo era um mau sinal. cobriu o corpo da mais nova e foi até Seth segurando sua mão de um modo firme. Também segurou a mão trêmula de Emily.
— Foi o Sam… Emy… — Mal Seth falou, e Emily começou a chorar silenciosa de olhos arregalados para ele.
— Seth, o que exatamente aconteceu ao Sam? — perguntou a fim de acabar com aquele martírio pelo qual Emy passava.
— Ele está ferido. Os garotos o levaram para o hospital de Forks.
— Quão ferido? — Emy perguntou.
— Eu não sei dizer o estado em que ele está, Emy…
Emily chorava, Seth tremia e apertava ainda mais a mão da amiga.
— Seth! Ajude sua mãe a cuidar da Bruh. Eu vou levar Emy até lá. Vamos, Emy! — , decidida, arrastou Emily pela casa, que a seguiu sem olhar para trás.
Elas saíram sem falar nada a Billy e a Charlie, mas Seth lhes explicaria. Embry chegou na reserva no momento em que elas entravam no carro e o rapaz estranhou o clima que estava no lugar trocando olhares duvidosos com .
— Entra no carro! — gritou para ele.
dirigia até o hospital de Forks, enquanto Emily, no carro, falava com Embry o que havia escutado. Eles encontraram os garotos sentados na sala de espera do hospital, e quando avistaram Emily, correram para a abraçar. Inclusive Black, que após confortar e apoiar Emily como o alfa mais velho, caminhou até e despejou sua fraqueza p elo momento em um abraço com a namorada.
— Você está bem? — Mani lhe perguntou.
— Não sei se vou ficar — sussurrou em resposta.
— Céus, Black, o que aconteceu? — Emily perguntou chorando desesperadamente e sendo abraçada pelos amigos.
— O outro frio… Na batalha, ele… Arrancou um braço de Sam e causou ferimentos mais graves. Ele está sendo operado.
sentiu-se chocada e seu estômago embrulhou. Ela apertou ainda mais o corpo de Jake em um abraço e Embry se concentrou em dar apoio à Emy. Logo, estava ao lado dela afagando seus cabelos, enquanto a mulher, magoada, recostou em seu ombro.
O médico surgiu um pouco depois dando a notícia de que Sam ficaria bem, no entanto, seu braço esquerdo foi amputado e não havia chances de implantá-lo. Muitas terminações nervosas foram dilaceradas e a urgência foi estancar o ferimento para preservar a vida dele.
Sam estava vivo. Iria se recuperar. Mas não seria mais um lobo guerreiro. E embora todos estivessem assustados, também estavam aliviados por saber que Sam sairia dali com vida. Emy mostrou-se muito confortada, apesar da notícia de que seu marido havia perdido seu membro esquerdo. Talvez, por ela já ter passado por um risco como aquele e ter escapado com vida, ela soubesse que eles se adaptariam àquilo.
Quão pior seria ter de se readaptar à morte?
Naquele instante, precisou sair dali de dentro e tomar um ar fresco. Ao sair, ela se sentou nos bancos externos da rua, e Mark surgiu ao seu lado, sorrateiramente, sem que ela notasse.
— Seu namorado é bem bravo — o vampiro disse ao pé do seu ouvido, assustando-a. Imediatamente, se levantou afastando dele.
— O que você está fazendo aqui?
— Meu amigo e eu fomos surpreendidos pelo lobo, apenas nos defendemos. Logo o seu namorado chegou e então recuamos. Ele está bem? Digo… O cara que Darak atacou.
— Ele vai ficar, mas não tão bem quanto antes. E é culpa de vocês! — declarou de um jeito bravo e incontido.
— E isto não é da sua conta! O que o outro frio veio fazer aqui?
— Frio? Então você sabe o que somos… — Mark a encarou de um modo surpreso, mas lançou a ela um sorriso indecifrável.
— O que vocês estão fazendo aqui? — Ela se aproximou com raiva dele. — Aqui não é o lugar de vocês!
— Também não é da sua conta! — Mark falou firme, enciumado por vê-la defender os outros com tanto afinco, mas logo retomou sua frieza comum. — Bem, eu só vim saber como o cara estava. Como eu disse, nós apenas estávamos de passagem.
— Em La Push? Acaso não sabiam que a reserva é proibida para seres como vocês?
— Seres como nós… — Ele riu. — Você também é uma loba por acaso?
— Eu sabia… E é estranho ouvir você falar assim, afinal, você é uma humana. Uma presa tanto para nós, quanto para eles!
— Saia daqui, Mark! — vociferou irritada.
— Nos vemos por aí. Desculpe pelo seu… O que o cara que atacamos é seu?
— Você está sozinho agora, Mark, já eu tenho quatro lobos lá dentro! — ameaçou.
— Ok… Acalme-se, gracinha… Eu não vim para provocar. Mas acho bom você saber que será intermediadora dos seres como nós, para os lobos. — Ele sorriu, um sorriso ingênuo e assustador.
Quando o vampiro se virou, distanciando, sentiu-se tonta. Bastante tonta. Como da última vez que estivera com ele na casa dos Cullen.
— Ah! A propósito! Passe lá em casa para tomarmos um chá qualquer hora — disse o frio com sarcasmo com aquele sorriso branco e afiado estendido na direção dela.
gelou. Seu olhar mortal se distanciou aos poucos dos olhos dela, e a mulher estava extremamente enojada. Suava frio. Alguma coisa acontecia ao seu corpo, e ela não sabia o que era, mas sabia que tinha algo a ver com a presença de Mark.
Voltou para o hospital, trôpega. Assim que apontou no corredor da sala de espera, os meninos a olharam com cara de nojo. Ela andava cambaleante até cair nos braços de Jacob, que notou a sua fraqueza vindo ao seu encontro.
— Você está com o cheiro de um deles, — Quil falou a olhando enojado.
— Black… Mark… Lá fora — ela falou aos poucos, ainda sentindo-se zonza.
— Maldito! Ainda teve a coragem de aparecer aqui! — Jacob declarou com ódio.
Black primeiro ajudou a sentar em uma das cadeiras, mas o corpo dele estremeceu e ele preparava-se para sair atrás de Mark, então a namorado o segurou pelo punho, impedindo.
Paul estendeu para , que recuperava pouco a pouco os sentidos, um copo de água.
— O que ele estava fazendo lá fora?
— Eu estava sentada no banco quando ele me surpreendeu… Disse que estavam de passagem e foram pegos de surpresa por vocês. Ele disse que não queria confusões. E aparentemente não sabiam que La Push é um território quileute e restrito.
— Por que este cara continua procurando por você, ? — Black estava tão irritado quanto sempre ficava ao se tratar de Mark.
— Eu não sei! Mas ele disse que eu seria a intermediadora entre vocês. O que ele quis dizer com isto?
— Que ele não te fará mal porque precisa de você para se comunicar conosco — Quil afirmou.
— A questão é: o que ele tem a tratar conosco? — concluiu Paul.
♦ = ♦
Dias se passaram desde aquele ocorrido. Mark não apareceu mais no caminho de . La Push estava tranquila e Sam recuperava-se em casa.
havia comprado o terreno para seu laboratório. Os irmãos Vincent, como prometido, tomaram as rédeas da construção do laboratório junto a ela, e em breve a construção daria início.
A rotina continuava a mesma: Black entre a oficina e o artesanato; Embry e Quil trabalhando juntos; Paul cobrindo a falta de Sam na empresa local de ecoturismo. Sam voltaria a trabalhar exatamente no mesmo posto, mas algumas adaptações seriam tomadas. Ele passaria por um novo preparatório que a empresa bancaria para se readaptar ao serviço e às novas medidas de segurança, uma vez que agora ele seria instrutor de escalada, mas principalmente em escalada adaptada. A empresa enxergou no acidente de Sam uma ótima oportunidade de incorporar uma nova atividade para um novo público. Nenhuma novidade mundial, mas para Forks aquilo era uma grande novidade. Emy também estava mais calma em relação a Sam e a todas as preocupações.
Seth trabalhava bastante e voltou a sair com a Lili Parker. Ele e Bruh se aproximaram um pouco mais após a mudança da garota. previa que pelo jeitinho da lobinha, Seth encontraria uma nova paixonite em seu pé, contudo, Bruh também parecia mais madura e a amizade deles fluía como a de todos os rapazes da alcateia. Seth até descolou para Bruh um emprego na floricultura. Segundo ele, a dona procurava uma moça nova para trabalhar como florista e ela não queria mais ajudar o pai na loja dele. E lá estavam Bruh e Seth trabalhando juntos, pelo menos por meio período.
Seth confessou para em um final de manhã que almoçaram juntos que Bruh não era o tipo de pessoa que amadurecia rápido ou que desistia fácil de um objetivo. Ele não confiava nas atitudes da novata e por causa disso, se dispôs em segredo a vigiá-la de perto. Por mais que lhe dissesse para esquecer aquela história e dar uma chance à menina, ele a alertou.
— Seth, por causa deste tipo de descrença que a Bruh vive revoltada. Dê uma chance, afinal, com traumas vem a maturidade, não é?
— , você não pode confiar que todas as pessoas vão agir assim. Bruh Ateara é totalmente o oposto do irmão, ela não é o tipo de pessoa que muda da água para o vinho.
— Acho que você pode estar enganado, ela me pareceu muito sincera aquela tarde em minha cozinha.
— Só um aviso: cuidado com a Bruh. Eu vou continuar vigilante.
Black e também estavam cada vez mais apaixonados, e a mulher decidia pouco a pouco embarcar mais fundo em seu romance. A semana correu, assim, tranquila com passando os dias pós-expediente acompanhando as obras do laboratório e retornando a casa somente ao final do dia.
— , posso falar com você? — perguntou Billy.
Ela havia acabado de chegar da obra do laboratório, estava exausta. Precisava de um bom banho e um jantar apetitoso. Black prometera cozinhar para os dois naquela noite, então ela já estava bastante ansiosa. As luzes de sua cabana estavam acesas, e supôs que Jacob estaria lá. Foi então que ela notou que Billy se aproveitou daquilo para lhe falar alguma coisa. fechou a porta do carro e caminhou até ele.
— Por que eu tenho a impressão de que alguma coisa aconteceu e o Black não pode saber? — perguntou com uma sobrancelha arqueada.
— Preciso que faça uma coisa e Jacob não pode saber, realmente.
— Certo, vamos entrar? — A mulher entrou na cabana de Billy e foi até a cozinha beber um copo d’água. Ela também se sentia em casa dado o tempo que passou por ali.
— , preciso que você fale com os frios. — Billy fora direto. Sem rodeios, como sempre. — Um novo acordo deve ser feito. Temos que proteger nossas terras e eles não podem andar por aqui. Assim como fiz com os Cullen, faremos um acordo com eles se desejam viver em Forks.
— Eu ajudo, é claro. Mas isto não deveria ser responsabilidade do alfa?
— Jacob será nomeado o alfa daqui uma semana, .
— É o momento dele. Sam não pode ser mais um alfa. E como Jacob não está confortável com a presença dos frios, não podemos contar que ele aceitará um acordo, por isso eu estou agindo antes da nomeação dele. Até porque, se os frios não aceitarem…
— Teremos uma guerra… Entendo. E você quer que eu vá em seu lugar acordar com os frios?
— Eles disseram que você seria intermediadora, não é?
— Não te farão mal. Contudo, Quil irá com você. Ele é o mais discreto.
— Tudo bem! Quando quer que façamos isto?
— Quanto antes melhor. Mas … O antigo acordo proibia os Cullen de frequentar as terras da reserva e também de ferir qualquer cidadão de Forks.
— Billy, desculpe a minha ignorância, mas de que eles viviam? Se é que você me entende.
— Os Cullen caçavam animais. E este é o ponto difícil neste novo acordo, estes frios não são os Cullen.
— Entendi. Pedir aos vampiros para caírem fora das terras e não beberem o sangue de nenhum humano… — riu sarcástica. — Não tem nada mais difícil?
— Eu sei que pode ser difícil, mas por alguma razão eles estavam certos: você é a mediadora entre nós.
— Sabe o que eu acho? — perguntou retórica e cansada a Billy. — Que vocês confiam muito que eu não seja parte da dieta deles.
— Se fosse, já saberia. — Billy riu, prosseguindo: — E é bem curioso eles não te atacarem, não acha?
— E acho também que é bom que eu desenvolva algum tipo de poder como vocês, porque para uma reles humana eu ando rindo muito na cara do perigo — a mulher falou sacudindo a cabeça negativamente, sorriu para Billy e se direcionou à sua cabana onde o cheiro do jantar estava realmente apetitoso.
Capítulo Vinte e Seis
Novo acordo, novas relações
Aquele tipo apaixonado estúpido, que olha o ser amado com brilho nas írises e esboça um sorriso tolo pela face. não curtia ser este tipo de “garotinha apaixonada”, em seus relacionamentos ela era, como diziam, “segura demais para pouca coisa”. E ela deixava externalizar essa imagem de uma mulher bem resolvida que não solta suspiros vassalos, mas sim, os arranca. Contudo, quem era a mulher escorada à porta da própria cabana a admirar o ser amado de avental na cozinha? Aquela mulher esboçava um sorriso tolo e encantado, ainda discreto, no cantinho esquerdo dos lábios a ser denunciado.
descruzou os braços e pernas e se desprendeu do batente da porta, tirou os tênis empoeirados deixando-os na varanda. Entrou em sua cabana colocando a sua bolsa e pasta sobre a mesinha do escritoriozinho abaixo da escada. Black assobiava uma canção desconhecida por ela. foi em direção à cozinha como uma gatuna mansa e atacou as costas largas do seu lobo preferido enquanto ele picava legumes.
No habitual e corriqueiro gesto entre eles, ela mordeu seu ombro e Jacob, girando-se para ela, cheirou o seu pescoço. Aquele ritual era a identidade da relação desde o princípio. Bastava a proximidade da ponta do nariz dele na pele dela, para que se abandonasse em um abraço confortável nos braços do homem.
— Agora eu posso parar de chorar, você chegou — Jacob falou manhoso.
Manhoso, com aquele trovão de voz. Como manter a sanidade? não sabia como ela conseguia mantê-la junto a Jacob, mas mantinha. A fim de desvendar a piada em seu recente comentário, ela espiou a tábua de carnes. Ele estava cortando cebolas e assim estava explicado o motivo de um olhar avermelhado e dos cílios, desnecessariamente longos para alguém que não se importava com este tipo de vaidade, umedecidos.
beijou o seu lobo num selinho casto e saiu de volta para seu quarto. Deparou-se com sua cama arrumada, onde uma camisola confortável e um robe quentinho estavam separados. Aquela seria uma fria noite e o corpo de , exausto pelas obras do laboratório, pedia pelo máximo de conforto que ela lhe pudesse permitir. Embora ela não fizesse nada comparado aos empreiteiros na obra, acompanhar o passo a passo da construção, a execução dos planejamentos e andar de um lado para o outro também se tornava exaustivo para a mulher.
Após o banho, desceu as escadas no rastro de um cheiro apetitoso e apertava-se em um abraço friorento contra o próprio corpo. De novo em sua cozinha, na bancada central havia posto um jantar quase romântico. E a comida os preenchia de água na boca. Black e ela trocaram sorrisos demonstrando uma ansiedade pelo primeiro jantar dos dois na nova casa de .
— Ainda me lembro da primeira vez que jantamos juntos.
— Você com aquele seu ar sombrio me apavorando e ao mesmo tempo me entorpecendo.
— Louco de vontade de sair de perto de você, e ao mesmo tempo de te tomar em meus braços.
— Você realmente me passou a impressão de que poderia me devorar, sabia? Não que eu goste de confessar isto, mas às vezes eu sentia medo.
— Como se você também não intimidasse, Mani…
A conversa entre eles também esboçava uma aura de sedução. Eles sorriram tocando a mão um do outro, e não suportando a falta do contato entre suas bocas, os dois se beijaram. E foi ao chocar lábio contra lábio que a energia da casa faltou. Pela ironia de um momento repetido, recém relembrado, Jacob e iniciaram uma gargalhada. Aconteceu como da primeira vez em que ele havia passado a noite na casa dela e os dois tiveram que acender velas por toda a parte.
— Bom, podemos dizer que este, dessa vez, será um jantar romântico — ele falou acendendo as velas nos castiçais sobre a bancada.
Durante todo o jantar o casal ria e conversava tranquilamente. sentiu como se um prenúncio de eternidade se repousasse naquele momento. E mesmo que a energia estivesse demorando a se reestabelecer, como não era apenas em sua cabana, eles não se preocuparam. Jacob e ela acabaram por deixar as louças para o outro dia já que o frio natural da reserva, não espantado pela ausência do aquecedor, os impelia de fazer qualquer coisa que não fosse se recostarem à uma lareira. Por isso, Black saiu pela porta dos fundos da cozinha em busca de lenha, enquanto guardava o restante do jantar na geladeira. Não demorou muito para que ele retornasse com um feixe de madeiras lenhadas, nos braços.
— Eu preparei tocos de lenha para que você queime em sua lareira quando necessário e os coloquei em um suporte do lado de fora da cozinha.
— O que seria de mim sem você? — disse em tom meigo, de modo brincalhão.
— Você saberia se virar… — Jacob disse rindo abafado caminhando em direção à lareira da sala.
— Eu vou até o quarto buscar um edredom para nós ficarmos aninhadinhos, enquanto você acende a lareira.
— Traga um bem pesado, Mani, parece que teremos uma cerração bem fria esta noite.
— Oras… Não é você quem não sente frio?
— Ei! Eu ainda sou um ser humano, ok? Pode não parecer, mas lobos também sentem frio.
O tapete da sala da cabana foi coberto de almofadas por ele, Black estava em frente à lareira soprando o fogo e aquecendo suas mãos e logo chegou com os cobertores, estendendo-os sobre o tapete e se acomodando. Black girou-se no chão engatinhando até onde a mulher estava e tal como ela, o quileute se acomodou sob o edredom e ambos ficaram abraçados em silêncio.
— Obrigada, Black, este foi um jantar especial.
— Por ser o primeiro em sua cabana?
— Também. Mas principalmente por ser o primeiro feito pelo meu namorado. — sorriu em seguida sentindo-se tal como uma adolescente.
— O primeiro de muitos — Jacob disse e suspirou feliz, apertando a mulher em seus braços.
— Você vai dormir aqui hoje, Black?
— Você quer que eu durma?
— Sim. E eu gostaria de dormir aqui no tapete, em frente à lareira porque meu quarto está bem frio e este clima é muito romântico e acolhedor.
— Se eu estiver com você, estará sempre aquecida. Não importa o lugar… — Jacob respondeu-lhe encarando a fogueira.
E enquanto o observou, ela pôde notar o fogo refletir em seus olhos distantes. Era mais um momento de nostalgia dele. Algo naquele instante o recordava do passado. Contudo, ela não se preocuparia com as lembranças do passado dele, uma vez que o seu próprio passado também a assombrava recentemente.
Encarando a fogueira em um gesto de imitá-lo, recordou-se mais uma vez de Theo. Recordou-se de uma memória em que ela estava em uma cabana com ele, onde haviam ficado juntos em uma de suas viagens. Theo e ela tinham viajado ao Canadá para esquiar, e embora detestasse as baixas temperaturas, aquela era uma data especial. E como Black e ela naquele momento, o ex-noivo e se aqueceram à uma lareira.
Despertando de suas lembranças, o quileute e a namorada se encararam ao mesmo tempo e trocaram um beijo calmo. Como se estivessem, os dois, na busca de construir novas recordações em cima das antigas, não querendo as apagar, mas tornar a nova realidade melhor do que os seus passados.
Ao romper do ósculo
, Black acariciava o rosto dela e mantinha um fulgurante olhar. O fogo em suas írises já não era reflexo da lareira, mas sim, do desejo por ela.
— Nunca fui tão feliz por Bella não ter me escolhido desde que você chegou.
— Como? — indagou confusa.
— É isso mesmo. Ela não é um terço do que você é. E nem chegaria jamais a me causar as sensações que você me causa, .
— Nós sempre fomos muito diferentes, e eu agradeço por isso — comentou sincera, com um meio sorriso.
Houve um silêncio breve e aconchegante entre eles, ela se aninhou mais nos braços dele, e o silêncio foi interrompido pelo estalo do fogo em uma das madeiras ao mesmo tempo em que a voz grave dele ecoou:
— Black…? — A mulher não achou ter escutado certo. Ela o encarou surpresa, e enxergou que ele estava sendo sincero com ela, então, sorriu abobalhada ao confessar-lhe: — Eu também estou te amando.
— Você sente esta mesma intensidade?
— Desde que o vi na praia eu soube que você me traria muita curiosidade, e cada dia ao seu lado fazia eu me sentir na obrigação de chegar aonde ninguém chegou dentro de você.
— E já sentiu isso antes por outra pessoa, Mani?
Ela se silenciou em um ato reflexivo de avaliar aquela pergunta. Avaliar as experiências anteriores.
— Não foi idêntico ao que é contigo, e nem poderia ser. São relações diferentes e momentos diferentes da minha vida.
— Qual o nome dele… Digo, do outro que existiu antes de mim?
— E o que aconteceu? Ele também trocou você?
— Não. Nós íamos nos casar.
Black arregalou os olhos em uma surpresa.
— Ele faleceu um dia antes do casamento.
Diante da revelação rápida dela, Black ficou em silêncio, em choque. Lançou diante dela o seu olhar fulgurante e não penoso. Ele buscava a desvendar de alguma forma, e observava suas reações. Talvez esperasse lágrimas se derramando na face da mulher, mas elas não vieram e então, pôde sorrir ao notar aquilo. A ferida estava fechada novamente e graças a Black.
— Não quero ser insensível, mas que bom que não se casou. Do contrário, eu estaria no limbo até agora.
riu diante da reação de Jacob que, embora respeitosa, era um tanto cômica.
— Acho que posso cumprir o desejo do Theo agora… — a mulher revelou se aproximando do rosto de Jacob e recordando aquela última mensagem de despedida de seu noivo que lhe pediu para ser feliz.
Os olhos de estavam quase grudados aos de Jacob, ela segurava-lhe o rosto com as duas mãos de um jeito delicado e permissivo. Beijou o namorado lentamente, e até poderia ficar a noite inteira o beijando daquele modo casto, doce… No entanto, Jacob passou a mão pela cintura a colocando sentada em seu colo, ainda debaixo das cobertas, e sussurrou no meio do beijo para ela:
Ela levou seu corpo, sutilmente, ainda mais firme para o colo de Black que lhe apertou ainda mais pela cintura. Uma das fortes mãos dele pressionaram a nuca da mulher contra o seu beijo. Os estalos da madeira incendiada na lareira seguiam servindo de trilha sonora, e o abraço do casal era quente.
poderia imaginar aquele momento de tantas formas, mas nunca o havia feito. Ela não pensava em planejar aquilo ou em como seria. Black puxou o cordão de seu pesado robe devagar, de modo que os ombros dela, sob as finas alças de uma camisola, se fizeram aparecer. Depositando beijos cálidos no caminho do pescoço até as clavículas de , de maneira lenta, ele despia a parte de cima de seu corpo. E um arrepio pelo choque de temperaturas, perceptível sob a pele da mulher, o fizera grudar mais os dois corpos enquanto eles se beijavam. A camisa de mangas longas dele, pouco a pouco desaparecia de seu corpo também, assim como as outras peças de roupas que eles vestiam. Jacob puxou o edredom atrás das costas de , os protegendo do frio, embora ambos soubessem o que os manteria aquecidos a seguir. Seus sentidos foram se perdendo à medida que aquele momento ia se concretizando.
estremeceu com a pequena corrente fria que bateu em suas costas desnudas. Abriu os olhos devagar, e sentiu o cheiro das cinzas da lareira. À volta de sua sala, a cena: a leve e discreta claridade da manhã do lado de fora da cabana, roupas espalhadas ao seu redor, as centelhas das últimas lenhas queimando, o edredom batendo de sua cintura para baixo – o qual ela puxou por sentir frio – e Black dormindo pesadamente. Seu rosto sereno e a mandíbula contraída.
A mulher recordou-se da noite anterior com um largo sorriso, e apertou-se no abraço em que eles ainda se encontravam. Ela mordeu os próprios lábios passeando com a ponta de seus dedos sobre o corpo dele. Então, o lobo apertou-a ainda mais em seu braço forte e tatuado, enquanto murmurava um suspiro prazeroso. A mulher não queria acordá-lo e também não queria sair dali. Por ela, o dia todo ficaria trancada com Black em sua cabana, apenas os dois deitados naquele mesmo lugar. Dormindo ou conversando.
estava abobalhada ao observar aquele homem sonolento diante dela, sentia-se uma meninota tolinha. Ela não sentia aquela sensação há tanto tempo, e até ousaria crer que nunca havia sentido algo igual, um sentimento de carinho daquela forma. Era como se fosse a primeira vez que aquilo lhe acontecia… Era um tipo de carinho orgulhoso donde só se sente quando algo muito difícil acaba sendo conquistado. Uma mistura de afeto e ego, uma felicidade extasiante que a fizera decidir diante de seus próprios sentimentos de que aquela era a primeira vez. Apesar de Theo, estava certa de que aquele amor por Jacob era único. Então, sim, aquela era a tão falada primeira vez que o amor genuíno acontece. Jacob Black roubara qualquer experiência anterior que ela tivera, e sentia seu coração bater junto ao dele.
Por volta das onze horas da manhã, Jacob despertou com o cheiro vindo da cozinha. decidiu deixá-lo despertar sozinho e também se dar folga naquele dia. Steve ficou confuso com sua repentina ligação, mas não reclamou quando lhe pediu educadamente para cobrir seu turno.
E embora fosse quase metade da manhã, a mulher também não abriu a sua cabana. Ainda fazia muito frio, e mesmo que não estivesse uns cinco ou dez graus lá fora, ela não abriria a casa. Não queria interagir com a reserva, e mentalmente agradeceu por ninguém bater em sua porta. já havia reacendido a lareira para mantê-los aquecidos, embora o aquecedor da cabana estivesse funcionando, uma vez que a energia fora estabelecida. Mas ela não queria perder o clima romântico da lareira e, portanto, manteve a brasa e foi à cozinha enquanto ele dormia.
Quando ele acordou, ela estava pensativa no que faria aquele resto de dia e então pôde sentir o abraço nu de seu homem recém desperto surgindo atrás de si.
— Você deveria se vestir, ainda está muito frio — ela comentou sorrindo e beijando o braço dele diante de seu pescoço.
— Eu queria te sentir primeiro.
— Você apagou, huh? — respondeu correspondendo ao abraço dele.
— Não dormia tão bem assim desde que me lembro de existir.
— Nossa! Que exagerado! — provocou ela, risonha.
— É sério — Jacob falou a encarando risonho, mas logo ficou sério ao confessar verdadeiro: — essa noite para mim foi como recomeçar.
— Eu sinto o mesmo, Jacob.
— Obrigado, Mani… — Black sussurrou em seu ouvido, cheirando o pescoço da namorada.
— Obrigada também, Black… — respondeu, mordendo o ombro dele.
Jacob saiu pela cabana dela para tomar banho e se agasalhar e permaneceu na cozinha preparando o almoço. Black também se deu folga naquele dia, e o casal passou o dia trancados ali na cabana. Conversaram, assistiram filme, jogaram jogos de tabuleiro e quando julgaram que o restante da reserva estaria preocupado com seus desaparecimentos, os dois saíram. Encontraram todos reunidos na varanda da casa de Sue e os encarando curiosos. Ao vê-los reunidos, Black e abaixaram seus rostos e começaram a rir como dois adolescentes flagrados em um namoro escondido por seus melhores amigos. O riso contagiou a todos os amigos quileutes que os encaravam com expressão de malícia, felicidade e animação. Billy, Sue e Charlie, porém, os olhavam como se presenciassem o nascer de uma vida nova entre o casal e de certa forma, era bem como eles se sentiam.
— É! Está consumado! — Seth falou alto e brincalhão entre os amigos que voltaram a rir.
— Fique quieto, Clearwater! — Jacob sorriu sem graça, e trovejou com sua voz a bronca para o mais novo, sem soltar-se de no abraço em que estavam.
Sam começou a caminhar em sua direção, enquanto Black e se aproximavam dos outros.
— Eu sei que vocês estão ótimos, mas esperei o dia todo para falar com você, Jake. Desculpe, — Sam proclamou sorrindo amigável.
— Tudo bem Sam, já tivemos a nossa fuga da realidade.
A mulher saiu os deixando no caminho e foi até Emy e Sue que sorriam entre si.
— Aproveitando que o Sam já está falando com Jacob, nós precisamos conversar, … — Billy declarou logo que a mulher estava diante dele.
— Billy, dê um tempo a ela! Logo hoje? — Sue comentou de forma gentil.
Ao notar que Billy tinha urgência em falar, mas ficou visivelmente sem graça com a fala de Sue, aceitou ter o diálogo.
— Tudo bem, Billy, como eu disse ao Sam, já fugi da realidade por hoje. Podemos falar sim.
— Obrigado. Me acompanhe até a cozinha de Sue?
Assim que adentraram, , que já conhecia seu sogro o suficiente para saber que toda conversa com Billy, incluindo as mais tensas, exigiam aqueles seus amargosos chás, pôs-se a preparar a água em uma chaleira. No entanto, ela estava nas nuvens para tomar qualquer coisa amarga, portanto, recorreu a uma bebida que fosse quente e confortante daquela vez. E tamanha felicidade que ela tentava manter discreta, não passou em branco por Billy:
— A propósito, estou radiante por vocês dois.
trocou um olhar cúmplice com o velho Black, e os dois sorriram sem graça um para o outro.
— Agora eu acho que devo mesmo chamá-lo de sogro.
— E então, Billy? — sorriu amarelo e logo voltou a focar no assunto que os levava àquela cozinha: — Suponho que seja sobre o acordo, correto?
— Sam está falando com Jacob sobre o cargo de alfa. E eu já avisei ao Quil sobre acompanhar você no encontro com os frios.
— Entendido. Vou procurar o Mark o quanto antes.
Billy esfregou as mãos observando cauteloso a maneira altiva com a qual a jovem mulher declarava sua próxima ação.
— , você precisa falar com ele de forma que entenda que não devem surgir outros. Até porque, em comparação aos Cullen, a dieta de Mark pelo que eu soube… é bem tradicional — alertou Billy, um pouco preocupado.
— Os ataques frequentes… — espantou-se um pouco e perguntou igualmente insegura: — Você tem confirmação de que foram eles?
— Eu só não tenho a comprovação.
— Amanhã mesmo, Billy! Deixe comigo! Irei colocar o Mark no seu devido lugar!
— Eu não poderia ter uma nora melhor…
— Não mesmo, disso não tenha dúvidas.
Os dois sorriram e seguiram ao encontro dos amigos. ainda deveria manter segredo de Black sobre tudo aquilo, embora não lhe agradasse a ideia de mentir para ele após tudo o que o casal passou.
Antes do anoitecer e de todos se despedirem para seguir às suas cabanas, conversou com Charlie algo referente ao plano do dia seguinte. Aquela noite, Jacob dormiu na cabana dela mais uma vez e poderia apostar que se tornaria um hábito cada vez mais frequente que ele estadiasse mais em sua cabana. Enquanto ele estava no banho, ela precisou telefonar para Erick, um pouco oculta de Jacob.
— ? Aconteceu alguma coisa?— O policial atendeu confuso pela chamada dela.
— Eu preciso encontrá-lo amanhã na delegacia para esclarecer algumas coisas referentes aos últimos ataques. Conversei com o Charlie, e ele me autorizou. E provavelmente ele entrará em contato com você para que confirme o que eu digo.
— Certo, a hora que você preferir. Estarei lá o dia todo. Mas… O que você poderia esclarecer? — Vai ser muito importante também que você não me faça perguntas, Erick. Apenas, confie em mim, ok?
— Veremos, , eu não posso afirmar nada. — Tudo bem, até amanhã, eu preciso desligar.
Erick estava com uma família de pulgas atrás das orelhas, e mesmo conversando com Charlie para saber a opinião dele e tendo a afirmativa como resposta, indagava-se, se era correto envolver Erick naquilo. Como ela faria para explicar ao policial o seu repentino interesse na investigação dos ataques?
Logo que amanheceu, acordou Jacob e eles se prepararam para seus trabalhos. Se despediram e quem quer que os visse, juraria que eram um casal de longo tempo. Para os dois era maravilhosa a sensação de eternidade e intimidade que crescia cada vez mais entre eles.
Erick aguardava a mulher na delegacia bem cedo, e aproveitou seu tempo livre pré-expediente para resolver aquele assunto. Ele mostrou para ela os dossiês dos ataques com as fotos das vítimas e relatos. Charlie já havia dito ao policial que era permitido mostrar a ela tudo aquilo e compartilhar informações, já que ele acreditava que poderia ajudar com depoimentos de quando estava morando só no Kalil. Os ataques, em sua maioria, ocorreram nas proximidades, e ela mentiu para Erick ao dizer que Charlie coletou informações com ela, e por isso ela gostaria de entender melhor do caso e ver as fotografias a fim de saber se reconheceria algo.
Após ver todas aquelas imagens de corpos, o coração de acelerava em pensar que estivera tão próxima de Mark. Tudo ali poderia ser apontado como causado por vampiros, isso, é claro, para ela e para os quileutes que sabiam da verdade. Sua cabeça latejava em pensar como seria ter que encontrar Mark de novo depois de ver aquelas cenas, e mesmo com Quil ao seu lado, não estava tranquila sobre o encontro.
Erick, lógico, tentou arrancar informações mais contundentes sobre o interesse de no assunto, já que ele não acreditou nas justificativas do delegado Swan, e sequer compreendeu o protocolo que foi utilizado diante uma testemunha. não deveria ter acesso àquelas informações se ela era apenas um depoimento de testemunha possível. Na verdade, Erick já tinha desconfianças sobre o modo como o delegado Swan dava pouca atenção a algumas coisas ocorridas em Forks, em especial, se tratando da reserva indígena. E agora aquela história de ter que ver as provas… O policial não acreditava que Charlie era culpado de alguma coisa, mas certamente ele protegia algo ou alguém, mas Erick não imaginava o que poderia fazer para desvendar algum segredo de Charlie. , no entanto, quando notou a desconfiança dele, já sabia que Erick continuaria tentando descobrir qual a relação dela com o assunto, mesmo depois que ela saísse da delegacia.
Como se ela não tivesse que se preocupar com coisas mais importantes, Daniela Parker a viu sair da delegacia e despedir-se do policial e já a encarava com a sua postura arrogante e acusatória. , porém, advertiu a Erick antes de qualquer coisa:
— Se a sua cunhadinha for responsável por qualquer importuno da sua namoradinha no meu dia, eu juro que vou acabar com a palhaçada dessas duas. Não ando com paciência para as Parker!
— Nossa, calma! Por que tanto ódio?
— Não é ódio. Só que sou madura demais para lidar com a birra delas, e paciência tem limite. Tudo está ótimo na minha vida e eu não quero me aborrecer. Entendido?
— Entendido, capitã… — Erick riu ao respondê-la.
— É sério, Erick! Você sabe que ela vai aprontar, não é? Então evite isso, por favor. Não é possível que não podemos ao menos conviver.
— Eu vou ter uma conversa definitiva com elas. Não tem motivos para implicância mesmo. Nós dois… — Erick abaixou a cabeça e concluiu com um sorriso triste: — Não temos qualquer possibilidade…
— Funcionamos muito melhor como amigos — disse de modo certeiro para ele.
— É… — Erick concordou incerto e mudou o assunto. — E como andam as obras do laboratório?
— Está correndo dentro das expectativas!
— Fico feliz! Soube que vendeu a sua casa…
— Sim! Consegui! — comemorou com as mãos para o alto. — Estou morando na reserva.
— Nossa! Então é oficial… Você se tornou uma quileute.
— Sempre fui um deles, não é? — ela revelou lembrando-se de algumas vezes em que Erick implicava com aquilo.
— Espero que seja muito feliz por lá, de verdade. Apesar de você sabe… eu realmente desejo que você seja feliz.
— Já estou sendo. Obrigada, Erick. — sorriu e acenou saindo em direção à farmácia. Antes de se afastar totalmente, ela virou-se em direção a Erick, que ainda a observava se afastar, e perguntou com uma curiosidade e empatia no rosto: — E você? Está feliz?
— Torço para que seja feliz, Erick.
Depois de realizar muitas das suas atividades na farmácia, o relógio tiquetaqueava as dez horas da manhã. telefonou a Quil para saber quando ele preferia e poderia a acompanhar, e em seguida telefonou a Mark, que a atendeu com sua voz sedutora e até animada:
— Preciso como você mesmo disse… Intermediar uma mensagem dos quileutes a você.
E assim que ela terminou de falar, Mark encerrou a chamada. A mulher ficou confusa encarando o aparelho celular, até que sentiu uma corrente fria percorrer seu corpo. E aquela sensação sempre surgia quando Mark se aproximava dela. olhou para frente e o viu atravessar a rua em direção à farmácia. No momento em que seu olhar cruzou com o dele, recordou as fotos que Erick lhe mostrou e o arrepio percorreu toda a sua coluna.
O caminhar lento, gingado, e o céu nublado atrás de Mark mesclavam terror e sedução. Por que era sempre assim quando se tratava de Mark? sentia-se atraída por ele e aquilo a incomodava de uma forma absurda. Ele adentrou lentamente pelo estabelecimento com um sorriso sacana. Apoiou-se no balcão à frente da mulher e os dois ficaram se encarando por um raso meio minuto.
— E então,
gracinha? Não vá dizer que me chamou aqui apenas para ficar admirando a minha beleza.
— Não te chamei aqui. Disse que tinha um recado e mal pude terminar, já que você desligou a chamada na minha cara!
— Sempre é brava assim ou é só comigo?
— Tenho, de fato, uma repulsa por você.
— Não tem não… Suas reações dizem o contrário. — Ele sorriu jocoso encarando a veia alta do pescoço dela.
— Ah, por favor, cale-se.
— E então? — Mark perguntou voltando a concentrar-se nos olhos dela e não no sangue pulsante que ele poderia sentir a distâncias, a percorrer o corpo dela. estava nervosa e ele sabia das reações que causava nela.
— Fui delegada para estabelecer um acordo com você. Os Cullen e os quileutes tinham um acordo e agora que você está aqui, é necessário um novo acordo.
Mark sorriu debochado, e quando sorria, seus olhos pequenos se apertavam ainda mais, tornando-o uma figura extremamente
sexy. Mais do que já era. Aliás, aquilo também era um talento inato aos frios: a sedução e a beleza.
— Ah… As tradições quileutes! Não podemos pular este misticismo todo? — Mark perguntou irônico.
— Se está neste papel é porque você já tem certeza de quem eu sou, correto,
gracinha?
—
Do que você é… — revelou engolindo a saliva com nervosismo e confirmou: — É, eu tenho.
— E está tão tranquila em estar tão perto, assim?
— Nós sabemos que se fosse para tentar algo contra mim, você já teria tentado.
— Tão confiante… — Ele sorriu e, ficando sério, se aproximou ainda mais dela, aconselhando-a: — Pois, não fique.
prendeu a sua respiração por poucos instantes e o encarou impassível, tentando livrar-se dele:
— Amanhã eu te telefonarei para dizer onde devemos nos encontrar.
— Por que não tratamos logo?
— Porque não é assim que funciona! — ela respondeu um pouco revoltada, já que havia sido pega de surpresa pela presença inesperada do homem.
— Entendi… — Mark sorriu debochado e ela pôde ver que os dentes dele eram afiados onde seriam as suas presas, apesar do tamanho comum. — Você terá escolta. Quantos deles?
— Apenas uma companhia por segurança.
— Segurança? — Mark debochou ainda mais. — Então é melhor que ele seja melhor do que o outro que perdeu a patinha.
— Seu idiota! — ofendeu-o com a raiva latente na sua garganta.
— Eu levarei companhia também. — Mark ergueu-se do balcão, batendo de leve no mesmo e a encarou profundamente antes de despedir-se. — Até mais,
gracinha.
Saiu rapidamente da loja sem dar para ela ao menos chance de falar qualquer outra coisa. suspirou pesadamente depois que ele se distanciou do outro lado da rua, caminhando com seu porte elegante e lento. Ela foi até a porta do estabelecimento que trabalhava e acompanhou Mark distanciando-se ainda mais até que a silhueta dele entrou em uma rua paralela e ela não mais poderia vê-lo.
Mani sacudiu seus cabelos e encarou o relógio em seu pulso percebendo que estava quase na hora de seu almoço marcado com Seth. Steve chegou na farmácia, e então ela foi até o restaurante local, onde encontraria o amigo. Logo que Seth chegou e sentou-se junto dela, fizeram os pedidos e ela contou a ele sobre o ocorrido da manhã. Não lembrava se devia manter segredo para ele também, mas Seth tornara-se um confidente e não poderia ficar calada sobre tudo aquilo.
— Esse Mark não me desce… , se precisar de qualquer coisa você me avise! Eu sou quem está mais perto do seu trabalho, caso esse idiota apareça de novo! — Seth declarou a ela superprotetor. A mulher assentiu e então ele a observou divertido, mudando o assunto: — Agora… E sobre o dia de ontem, não tem nada a me dizer?
— Qual é, ! Sabe o quanto eu estou curioso?
— Sei! — Ela riu e o encarou de modo rabugento. — E parece uma velha futriqueira.
— Você não vai contar nada?
— O que você espera que eu diga?
— Vocês já… Você sabe… O Jake é mesmo um alfa? — Seth perguntou e gargalhou logo em seguida, causando rubor em .
— Seth! Quando você vai entender que não é para termos este tipo de conversa?
— Só quando te convém não é, espertinha?
gargalhou também se lembrando que o fizera lhe contar as intimidades dele antes.
— Certo… Estabelecemos uma relação de
brothers, então.
— Para de dizer isso, por favor! — Seth levou a mão ao rosto como um adolescente achando algo vergonhoso.
— Qual o problema em compartilharmos as coisas como irmãos?
— Você por acaso acha que eu conto para a Leah sobre as garotas com quem eu durmo? Que vergonha!
— Que difícil. Ok… Então não somos parceiros e nem irmãos… Garoto temperamental. — debochou rindo.
— Somos dois amigos íntimos. Melhores amigos, só isso!
— Certo, Seth, como quiser.
— Desembucha logo, ! Fica rodeando para não me contar!
— Sim! — ela respondeu alto e as pessoas ao redor os encarou, e então, sussurrando, ela beliscou o braço de Seth e disse: — Ele e eu fizemos! Satisfeito?
— Quem tem que me dizer se ficou satisfeita é você — Seth disse maroto e aos risos.
— Céus, como você é idiota, Clearwater!
— E aí, como foi? — Seth perguntou de um jeito mais carinhoso segurando a mão dela, e tocou as bochechas de ao vê-la ruborizar de novo e fugir ao olhar dele.
— Foi perfeito… eu jamais sonharia que seria tão… não sei, Seth… acho que ele é o meu
imprinting.
— Eu estou tão feliz por vocês dois! Quem diria que chegaríamos até aqui, não é mesmo?
— Verdade. No fim, Embry estava certo… — declarou rememorando as conversas e conselhos que o amigo lhe dera tempos atrás, e desconversando ela perguntou para Seth: — E como você está?
— Não tenho razões para dizer que não estou bem.
Naquele restante de dia, nada de novo ocorreu, e no dia seguinte, Quil e ela combinaram de encontrar com os frios às quatro horas da tarde. passou todo o dia, até o horário do encontro, ansiosa e nervosa. Não poderia negar que, se até Sam não foi suficiente para defender-se de Mark e o outro vampiro, então não seria Quil sozinho o suficiente para defendê-la também. E para piorar, Quil dissera a ela um pouco antes de irem até Mark, que ele passou o dia todo sentindo um mal estar estranho. Então não poderia estar mais nervosa. Queria contar para Jacob, mas sabia que se lhe dissesse as coisas desandariam de um jeito ainda mais perigoso, por isso, tivera que fugir de encontrar Jacob até aquele horário.
Às quatro da tarde, lá estavam Quil e ela na mata a poucos metros dos limites da reserva. A neblina da tarde a deixava ainda mais nervosa por não conseguir enxergar claramente. Quil mantinha-se em guarda, porém, calmo. Pouco a pouco aquela sensação de arrepio, frio, e pânico se instalava nos órgãos e ossos de . Era a presença dos frios. já sabia identificar quando eles se aproximavam, e não demorou para que ela e Quil escutassem os passos cada vez mais perto. Entretanto, as sensações que ela sentia quando Mark se aproximava duplicaram, o que provava que havia mesmo, outro com ele.
— Prontos para o piquenique? — Mark zombou quando ficaram os quatro cara a cara.
— Dispenso as piadinhas, Mark. Quem é o seu acompanhante? — perguntou.
Os dois frios se entreolharam. Mark sorria e o outro mantinha-se sério. O vampiro de pele escura e olhos de um vermelho vivo e aterrorizante olhava para de um jeito profundo, encarando-a dos pés à cabeça. Havia um ar de segredo entre eles. E para ficar ainda mais ansiosa, não bastasse o olhar cortante dele, o homem era um pouco maior do que Mark. Ou seja, se ela já sentia pavor do ruivo, não teria como não sentir pelos dois agora. Quil seria estraçalhado facilmente. Não o desmerecendo, mas o que era um lobo sem a sua matilha? Sam, comprovou para ela que um lobo sozinho não poderia detê-los.
— Este é Darak. E o seu acompanhante, quem é?
Assim que disse seu nome, os dois frios olharam Quil com desafio e despreocupação. E ela surtava para que aquilo acabasse logo. Darak não manteve o contato visual com Quil tanto tempo quanto Mark, rapidamente ele voltou a encarar a mulher e sabia que ele a analisava com um interesse incomum.
— Vamos logo com isso, Mark — declarou louca para se afastar da presença deste tal Darak. — Eu vim aqui para dizer que vocês não podem viver em Forks sem regras. Como você sabe, os quileutes têm tradições que devem ser mantidas. Os Cullen nunca foram problema, porque rapidamente eles se adaptaram por aqui, no entanto, se vocês continuarem assassinando cidadãos de Forks, não poderão ficar.
— E quem os quileutes são? Os donos da cidade?
— Mark, vocês invadiram um territ… — começou, mas logo foi interrompida pelo vampiro.
— ! Nós sabemos que dentro de seus territórios não poderemos transitar. E não pretendemos. Mas restringir nossa vinda à cidade é um tanto quanto prepotente, não acha?
— Só estou dizendo que os ataques de vocês têm causado muitos problemas e levantado suspeitas. Se ficarem na cidade, com a frequência que parece que ficarão… Terão de parar com os ataques.
— Não somos como os Cullen e ficaremos na cidade diante nossas próprias regras — Mark declarou.
— Não é prudente que estouremos esta situação numa luta desnecessária — ela também declarou certeira.
— Concordo. Por isso, não nos metemos com vocês e vocês não se metem conosco.
— Mark, entenda, se você mexe com os cidadãos da cidade envolve as autoridades locais, e os quileutes serão obrigados a intervir também. E há grande chance de expor aos dois lados nesta situação.
— O que te faz pensar que nós escondemos o que somos? — Mark perguntou para ela com ar jocoso.
— O quê? — indagou surpresa. Eles não escondiam a própria identidade?
— Só porque os Cullen não podiam se expor, não significa que temos a mesma preocupação. Eles não andavam por aí porque fisicamente eram diferentes de nós também. Não percebeu?
— Ela não os conheceu. — Quil, que havia notado a diferença entre eles, logo interveio.
— Ah… E mandaram alguém que não sabe o que diz para nos convencer?
— Não se trata disso, Mark, temos que manter um equilíbrio! — Quil tomou à frente.
— Certo… Quil, não é? Pois bem, façamos assim: nós não nos metemos com vocês e vocês não se metem com a gente.
— O que vieram fazer em Forks? — perguntou.
— Não é da sua conta, humana — Darak respondeu surpreendendo-a, pois, até então, apenas observava calado.
— Uma vez que a chegada de vocês interferiu na minha vida, é da minha conta sim! — respondeu tão agressiva quanto ele. Mark ria da situação.
— Darak, acalme-se. — Ele sorriu para o outro.
— E tem mais, Mark… — disse. — Não é para Forks se tornar a nova Transilvânia de vocês, então esperamos que não surjam outros de vocês por aqui!
— Você nos ofende, sabia? Transilvânia?
— Pare de gracinhas e tratemos logo de estabelecer este acordo!
— Não pretendemos povoar Forks, fique tranquila.
— Então estamos acordados? Nada de ataques, nada de novos moradores.
— Não vamos prometer nada… Ou melhor… Eu prometo que não se preocuparão com outros de nós. Não a nosso convite, é claro. Certo, Darak? — Mark comentou ao outro, com um ar de deboche. — E como eu já disse… Nos manteremos longe da sua tribo. É só o que garantimos.
encarou Quil, e como se soubesse que era o melhor que conseguiriam garantir até ali, eles concordaram.
— E como selaremos o acordo? Um pacto de sangue? — Mark falou rindo com zombaria. Quil, Darak e se mantiveram sérios, enquanto Mark se divertia com o trocadilho.
— O diálogo basta por enquanto — Quil respondeu.
— Tem certeza, Quil? Você confia tanto assim em nós?
— Nem um pouco. Mas é assim que será.
— Oras… Me parece tão corrompível um acordo de palavras… — Mark provocou.
— Certo, Mark, um aperto de mãos então! — já estava impaciente com as gracinhas dele e então estendeu a sua mão para ele.
Mark aproximou-se lentamente e a segurou, puxando o corpo da mulher levemente para perto do seu. deu dois passos em sua direção e seus olhares estavam firmes um no outro, enquanto Mark sorria. Sem desfazerem o contato visual, humana e vampiro tocaram suas mãos como se estivessem de acordo.
— Vamos, Darak, se estou certo, estamos a um metro e meio dentro da reserva — Mark declarou ciente de que não poderiam fazer nada onde estavam.
— Vamos logo, tenho fome e, pelo visto, teremos que buscar comida um pouco mais distante agora… — Darak comentou raivoso, embora contido em seus gestos e entonação de voz dando as costas ao lobo e à humana.
Mark assentiu em despedida para e Quil, ainda de um modo sarcástico e ambos deram as costas desaparecendo da frente de como um vulto. Ela estava surpresa, jamais imaginou que sentiria uma atmosfera tão pesada e magnética na presença dos vampiros e principalmente, não achou que encontraria algo familiar ao encarar os olhos de Mark como fizera. Familiar e inominável. Em sua breve distração, escutou o grunhido baixo de Quil e ao olhar para ele ao seu lado, lá estava o rapaz ajoelhado.
— Quil, o que foi? — Ela se aproximou dele, o sentindo suar.
— Aquele mal-estar que falei. Vamos voltar rápido para a reserva, !
já desconfiava daquela reação. E assim que Quil levantou-se para que eles fossem embora, suas pernas sucumbiram ao chão novamente. Sua pele incendiava de tão quente. Era a febre da transformação. entrou em pânico, pois, mais uma vez não sabia como ajudá-lo.
— , corra para a reserva.
— Não posso deixar você aqui, aqueles dois podem voltar!
Os dois escutaram um farfalhar na mata atrás de si, e quando olhou na direção do barulho, a velha indígena da tribo que Scott a levou, a sua avó, se aproximava. Mas o que ela faria ali? Ela se aproximou dos dois e encarou com um sorriso plácido. Abaixou-se na direção de Quil e tirou um cantil de dentro da bolsa velha de panos gastos que carregava. O fez beber algo, e pouco a pouco Quil parava de se debater. A velha indígena falava algo que não conseguia compreender e foi então que Seth surgiu até eles.
— Billy se preocupou com a demora e pediu para eu vir atrás.
— Não sei. Quem é ela? E o que houve com o Quil?
— Ela é uma indígena. Avó de Scott Carter. Quanto ao Quil… Apresentou os primeiros sinais da transformação.
Seth abaixou a cabeça tristonho. Logo que a senhora se levantou, eles se prepararam para voltar à reserva. auxiliou Seth a apoiar Quil nos ombros e a velha indígena começou a falar algo para ela, em um dialeto que a mulher não podia entender.
— Eu não a entendo… Desculpe. — tentou se comunicar, sem saber se a anciã compreendeu. A senhora sorriu e assentiu positivamente para ela, em seguida deu as costas para os três e continuou seu caminho pela mata.
encarou Seth, tão confuso quanto ela e partiram de volta à reserva com Quil nos ombros. No caminho para a reserva, estava pensando sobre toda a conversa do acordo, e alguns pontos iam sendo ligados em sua memória.
— Por que está tão quieta? Como foi o acordo? — Seth perguntou curioso e preocupado.
— Não foi exatamente tão bom, eles se recusaram a cessar os ataques aos cidadãos de Forks, mas foi muito vago… não dá para acreditar neles.
— Droga… Eles estão dificultando as coisas.
— Pelo menos disseram que não haverá mais deles, mas… Não sei se podemos confiar.
— Nunca podemos confiar em frios — Seth declarou raivoso.
— No dia em que Sam foi atacado eu saí do hospital e encontrei Mark lá fora. Ele havia dito que não sabiam que estavam em território quileute e por isso atacaram Sam. Por defesa. No entanto, hoje Mark demonstrou saber sobre as tradições da tribo, sobre a relação dos Cullen com os quileutes, e antes de ir embora mencionou com exatidão reconhecer os limites de onde começa e termina a reserva. Eu acho que eles não estão sozinhos aqui, mas de certo modo, não estão junto de outros deles…
— Ou seja… Eles não andavam à toa nos nossos territórios quando Sam os atacou.
— O que o Sam falou sobre isso, Seth?
— Até agora nada que eu me lembre, ele apenas os sentiu e os abordou.
— Posso falar algo só entre nós? — olhou para Quil desmaiado em seus ombros apenas para comprovar que ele não escutaria.
— Acho que o ataque ao Sam foi algo planejado.
— Isso faria bem mais sentido.
— E o que, afinal, a avó de Scott fazia por aqui? — tentava ligar os pontos. — Céus, Seth! Será que não teremos paz?
— O que foi que ela disse a você?
— Eu sei lá! Mas vou descobrir. Assim que chegarmos à reserva eu vou até o Scott.
— Sabe que eu poderia carregar o Quil sozinho, não é? E já estaríamos na reserva.
— É verdade… — o encarou se dando conta da situação. — Idiota! Por que ficou quieto? Ele pesa, tá!?
Seth riu e soltou Quil de seus ombros, sem avisá-lo. Seth rapidamente o apoiou em suas costas e saiu em disparada. Sabendo que se ela não se apressasse não o alcançaria, se prontificou a correr atrás de Seth. Logo que chegou à reserva, reportou a Billy todo o ocorrido, em seguida, pegou as chaves do seu carro e foi à cidade atrás de Scott. Estacionou o carro em frente ao mercado e avistou o rapaz no caixa estalando sua cervical, visivelmente exausto. Então ela desceu e caminhou até ele.
— ! — O rapaz esboçou seu sorriso costumeiro ao vê-la. — Como você está?
— Bem, mas preciso da sua ajuda.
— Sua avó surgiu na reserva num momento inesperado, e… Ai, é muita coisa para explicar agora. Pode me acompanhar até a reserva de seu povo?
Scott franziu o cenho confuso e seu sorriso se desfez em seriedade. Olhou em volta à procura de Peter e não o encontrou. O senhor Carter apareceu descendo as escadas da parte superior do mercado, e Scott acenou ao pai em sinal de quem queria falar-lhe, ele pediu que esperasse-o e foi até Junior Carter. Pai e filho trocaram frases, e logo que Scott se aproximava de , ela cumprimentou-o com um aceno também.
— Deixe disso, agora me explique o que houve.
Os dois entraram no carro dela e então a mulher começou a explicar a situação.
— O quanto você conhece das tradições quileutes mesmo?
— Se refere à lenda dos lobos? É, eu a conheço.
— O que há de mais? É só uma lenda, não é?
— Er… Não, Scott, não é — comentou arisca, amedrontada de parecer louca ou de estar compartilhando um segredo quileute sem o consentimento deles e iniciou um tagarelar aflito para o rapaz, enquanto dirigia. — Olha, você vai me achar uma maluca, mas eu preciso que confie em mim! Não é uma lenda! De fato há uma certa… Sobrenaturalidade em Forks e nos quileutes e… Ai, minha nossa, como é difícil dizer tudo isso sem parecer uma surtada! Como é que eu pude considerar a verdade de forma tão fácil quando me contaram?!
Scott sorriu achando graça, pois entendia a aflição dela, mas não quis deixá-la sofrendo com aquilo por muito tempo e então contou-lhe:
— Tudo bem, , minha família sabe da verdade sobre os quileutes. Peter, meu pai e eu, na verdade. Nossas tribos guardam os segredos uma da outra.
— Isso faz a coisa toda ter um pouco mais de sentido… — murmurou nem tão surpresa com a presença da avó de Scott na mata.
— Certo, mas o que há em relação aos lobos desta vez?
— Quil e eu estávamos na mata e recentemente os quileutes têm sofrido uma evolução negativa de suas transformações. Embry foi o primeiro, ele foi levado para a reserva Whitton. Conhece?
— Há histórias, mas não tenho conhecimento tanto quanto sobre os quileutes. Nossas tribos têm uma ligação apenas porque estamos regionalizados.
— Entendo… Bem, na reserva Whitton há mais informações sobre este novo processo dos lobos e por isso conseguimos controlar Embry. Hoje, Quil foi o segundo a dar sinais. E a sua avó surgiu na mata bem na hora em que ele se debatia. Ela arrancou um cantil de dentro da bolsa e deu algo para ele beber que o acalmou, e em seguida Quil desmaiou. Ela também me falou umas coisas e por isso vim até você. Eu não entendo a língua deles, e não faço ideia do que ela disse, mas sei que era importante!
— Nada. Sorriu ao perceber que eu nada compreendia e sumiu mata a dentro. Por que ela estaria nos arredores, você sabe dizer?
— É a época das colheitas de cura — esclareceu ele tranquilo. — Colhemos algumas ervas que existem na região para produzir nossos remédios.
— Não, provavelmente ela estaria com algumas outras mulheres pela mata.
— E o que ela deu para Quil beber poderia ser um destes remédios?
— Não há dúvidas, já que surtiu algum efeito.
— Scott, eu preciso da sua ajuda para descobrir o que é! Isso pode ajudar e muito na reserva!
— É claro. Eu vou ajudar no que for possível.
seguiu as indicações de Scott para chegar até a reserva de seu povo, pois não havia gravado o caminho quando ele a levou. Ao chegarem, já era noite. A senhora indígena, porém, parecia os aguardar. Scott conversou com ela no dialeto deles, e em seguida os três foram até o fundo do bar, onde iniciava-se a cabana da avó dele. Ela sentou-se no chão sobre um tapete, e Scott fizeram o mesmo.
—
Saya mengatakan kepadanya bahwa sekarang adalah waktu kebangkitan. Serigala akan terjaga kutukan kuno. Scott traduzia frase por frase:
— Minha avó diz: “Eu disse a ela que é chegada a época do despertar. Os lobos serão acordados da milenar maldição.”
—
Dewi Rikhan mengungkapkan dalam tubuh Anda, wanita muda. Dengan tangan Anda binatang akan setuju. Dan Anda akan bisa tidur lagi. Atau tidak. Tergantung pada berapa banyak Anda memiliki kontrol atas Anda. — “A deusa Rikhan manifesta no seu corpo, minha jovem. Por suas mãos as feras acordarão. E por sua vontade poderão dormir de novo. Ou não. Dependerá de quanto você tem domínio sobre quem você é.”
— O que ela diz… — falou diretamente para Scott, mas sem tirar os olhos da velha anciã. — É parecido com o que os anciãos Whitton disseram. Mas… O que eu preciso fazer para parar a maldição?
—
Dia ingin tahu apakah Anda tahu apa yang dibutuhkan untuk menghentikan kutukan — Scott perguntou.
— Jawabannya tidak diberikan. Seperti saya katakan, dia akan harus mencari tahu tentang Anda sendiri. — “A resposta não pode ser dada. Como eu disse, ela terá que descobrir sozinha” — ele traduziu.
— Céus… — murmurou e sorriu para a senhora indígena conformando-se com o que ouviu e pediu: — Scott, pergunte a ela o que era a bebida que ela deu a Quil e se ela pode me mostrar como é preparada, por favor!
— Apa adalah minuman yang Anda berikan kepada anak laki-laki? — o neto perguntou.
— Maserasi herbal. — Ela diz que é uma maceração de ervas — Scott respondeu para e continuou a perguntar-lhe:
— Nenek, dapat menunjukkan kepada Anda bagaimana hal ini dilakukan untuk kita? Ela sorriu e se levantou. Scott se levantou também a acompanhando cômodos a dentro, e indicou a Luan que o seguisse.
— Venha. Ela vai mostrar como é feito — Scott explicou.
Em um cômodo externo à cabana, algo parecido com uma cozinha, mas cheio de plantas, estava um punhado de ervas sobre uma bancada. Ainda havia terra e pareciam recém-colhidas. A anciã fez sinal para que se aproximasse dela para ver as ervas.
— As folhas se parecem com a alga que eu encontrei na encosta de La Push…
Scott traduziu o que havia dito para a sua avó, enquanto a bióloga, concentrada, avaliava as plantas. E logo que a mais velha comentou algo, ele informou a chamando de novo sua atenção:
— Ela disse que são plantas irmãs. A alga do mar é um pouco mais fraca, e aqui é usada como remédio para feridas e doenças respiratórias. A outra, achada nas encostas da mata, é mais forte e usada para diminuir os batimentos cardíacos, cessar febres, é abortiva. E também é chamada de “falsa morte”, porque pode levar o indivíduo que a consumir a um desmaio tão profundo que pode confundir como se ele estivesse morto, dependendo da dose. Isso devido ao ativo que há nela de baixar a pressão arterial.
— Essa é a erva de Romeu e Julieta… — afirmou recordando-se já ter lido a respeito na faculdade e em suas recentes pesquisas com biologia da flora local.
A velha indígena preparava potes e misturas da planta com algumas outras e iniciava o preparo do insumo. Ela ia mostrando para como fazer. Ao terminar, virou uma porção em um potinho de cabaça e lhe entregou. Também deu a ela algumas das folhas utilizadas para ela saber quais usar. pediu para Scott que lhe perguntasse o nome das folhas utilizadas para completar o insumo, e a velha informou os nomes científicos que conhecia por outros nomes:
Symphytum, também chamada “Confrei”,
Agastache Foeniculum, chamada “Agastache” e
Melissa ou “Cidreira”.
e Scott saíram da tribo após se despedirem da senhora com sorrisos e promessas de visitá-los novamente.
— Obrigada pela ajuda hoje, Scott — a amiga agradeceu assim que deixou ele em casa.
não encontrou Black quando voltou para a reserva. Quil estava acordado, porém, em repouso e Bruh não estava com o irmão. Billy também não estava na reserva, e nem Sam, Seth, Embry ou Paul. Ela encontrou apenas Sue, Emy e Charlie.
— Onde foram todos? — indagou ao se aproximar deles diante da fogueira.
— É a noite do ritual de preparação do alfa — disse Emily.
— E os que faltam na matilha? Quil e Leah.
— Apenas os antecessores do alfa devem estar na presença do sucessor para o ritual acontecer. Os demais da matilha se apresentam em respeito ao seu novo líder, Quil não foi porque está fraco ainda… — explicou-lhe Sue.
— Quer dizer que Leah está desrespeitando Jacob ao se isentar dessa cerimônia? Bem a cara dela — brincou e os quatro riram baixo com a ironia, até que ela perguntou: — Eu não posso assistir ao ritual do alfa?
— Desculpe, querida, como parceira do alfa é claro que poderia… Mas o ritual não poderia esperar vocês… Digo, você ainda não é… — Sue estava sem graça de dizer, mas rapidamente compreendeu.
— Tudo bem, ainda não sou a fêmea líder — comentou com humor.
— Sim… E não podíamos esperar. Era necessário que Jacob tomasse o quanto antes o posto — Sue respondeu e compreendeu, apesar de esboçar um sorriso decepcionado.
— É uma pena que eu tenha perdido isso, seja lá como for o rito — falou e sentiu a mão de Charlie apertar seu ombro, sentado ao seu lado, de forma paternal.
— … Podemos conversar? — Mudando o assunto, Emy perguntou a ela, envergonhada.
— Claro, vamos até minha cabana. Até mais, Sue, Charlie.
— Até mais, querida — Charlie respondeu e junto com Sue, eles se aninharam mais embaixo de um chale que os cobria enquanto conversavam próximos, em uma intimidade que não se afetaria pela ausência de e Emy.
— Oras… Você disse quando entrou pela primeira vez em minha cabana que era aconchegante e queria ter um cantinho parecido para deixar com a sua cara… — Emily comentou sorridente enquanto observava à volta da cabana de entrando ali pela primeira vez. — E então, conseguiu?
— Ainda faltam alguns toques. A sua cabana é uma boa mistura de Sam e Emy.
— Será que a sua se tornará uma mistura de Jake e ?
— Tenho pensado que é possível Black passar mais tempo aqui agora…
— Tenho certeza que ele planeja isto. — Emily sorriu maravilhada com a esperança que tilintava nos olhos de .
— Ele disse alguma coisa?
— Não, mas… Jacob sempre quis deixar o pai na cabana e ter a sua própria família.
— F-família? — gaguejou surpresa, arrancando risos da amiga. — Emy, é… Minha nossa, é um pouco cedo, certo?
— Calma, . Só estou dizendo que é uma possibilidade futura, ou não?
— Não sei, Emy, que papo mais precoce!
— Certo, me desculpe. Eu entendo. Não é legal ser pressionada a nada. — Emily sorriu, embora mantivesse uma seriedade em sua face.
— Não me senti pressionada, é só que acabamos de começar uma relação. Não é que eu não queira um futuro com ele, apenas não penso nisso agora.
— Eu sei exatamente como é, … — Emy abaixou a cabeça e suspirou pesado.
— O que queria me dizer? Você parece incomodada com algo.
As duas se aconchegaram melhor no sofá da sala de .
— Sue não para de falar sobre a maternidade. Disse que agora que Sam não é mais o alfa, deveríamos ter filhos.
— Você não quer ter filhos?
— Quero, mas no tempo certo. E não porque Sue acha que está passando da hora!
— Você e Sam pensam em ter filhos quando? E por que não puderam ter enquanto ele era o alfa?
— Nós não falamos sobre isso. Sam quer uma família, mas nunca ficamos tocando neste assunto. E na verdade, ainda não tivemos filhos porque… Ele tinha medo. Por ser o alfa, sabe? Dividir responsabilidades de pai com a matilha.
— Eu compreendo o Sam, ele tinha as obrigações dele. É comum que não planejasse algo que não sabia se teria tempo para viver.
— Sim, mas eu sinto que… Se eu não tiver esse bebê agora, não teremos mais. Estamos juntos há muito tempo, . Quando Bella surgiu aqui, nós já éramos casados.
— Então qual é o problema, Emy?
— Eu não sei! Depois deste acidente, tudo é novo entre Sam e eu! São muitas mudanças ao mesmo tempo.
— Faça o seguinte: diga para a Sue que este assunto cabe a você e ao Sam, e que você respeita os conselhos dela, mas se incomoda com a pressão que ela está fazendo. Sei que Sue não faz por mal. E viva os seus novos dias com Sam, um após o outro, no tempo de vocês. Não tem por que se incomodar com isso se não quiser.
— Eu sei, mas é que… Para os quileutes… Uma vez juntos, tudo deve seguir no tempo deles! Quando eu quis ter filhos fui obrigada a esperar, e agora, eu sou pressionada a ter filhos no tempo deles!
— Calma, Emy… — notou o nervosismo aflito da amiga, e mal as lágrimas desceram do rosto de Emily, a abraçou consolando-a. — Não se irrite com isso… Essa decisão cabe somente a você e ao Sam, não deixe os outros se meterem no assunto. Leah não é uma rebelde? Então, seja um pouco como ela se preciso for! E agora que Jake é o alfa, se precisar uivar mais alto a favor de vocês, tenho certeza que ele o faria!
conseguiu, com seu humor, deixar a amiga mais calma, e as duas ficaram conversando até que Emily se acalmasse e esquecesse aquele papo de maternidade. Um pouco depois, foi ver Quil, saber como ele estava e os dois também conversaram um pouco sobre o acordo. Ela explicou para ele suas dúvidas em relação ao ataque de Sam, e antes que ficasse ainda mais tarde do que já estava, ela seguiu para sua cabana de volta. Esperou acordada o máximo que pôde, mas não encontrou Black naquela noite. Apenas no dia seguinte, após voltar das obras do laboratório, que eles se viram, e ela mal podia aguentar tanta saudade e curiosidade para saber de seu ritual.
contou-lhe o quão próxima estava a inauguração do laboratório e o quanto ela gostaria de ter participado do ritual do alfa. Eles jantaram juntos, conversaram e Black voltou para a cabana do pai, mas à meia-noite, ele entrou na cabana de e bateu à porta do seu quarto:
— Black? Achei que não dormiria aqui hoje — ela disse sonolenta.
— Eu… Queria perguntar se… — Jacob fitou seu olhar com expressão de dúvida.
— Posso ficar aqui hoje… não consigo mais dormir sozinho, Mani.
A mulher, sorrindo, o abraçou e beijou-o. Achou adorável que seu lobo estivesse tão inseguro e entregue ao sentimento por ela. Sem cerimônia, puxou Jacob para entrar em seu quarto e de mãos dadas caminharam até a cama dela. Estavam silenciosos e abraçados no colchão enquanto deitados, e pensava no que Emily havia dito na noite anterior:
“Uma vez juntos, tudo deve seguir no tempo deles”. Em seus próprios pensamentos, indagava-se se o seu namoro com Black significava um compromisso além do que ela enxergava. Ela não queria atropelar as fases, embora tenha demorado a chegar onde estavam, entretanto, gostaria de seguir um passo de cada vez. E Black sabia disso.
Após três semanas àquela, Black ainda não sabia que foi a responsável pelo acordo. Billy assumiu a responsabilidade e dissera que Quil foi com ele. Os três sabiam como irritaria a Jacob descobrir que ela havia sido delegada àquilo. Ele conhecia as condições do acordo e temia que, se em algum momento Black decidisse tocar no assunto com Mark, o frio comentaria que foi com ela que ele fechara um acordo. Por isso, ela até pediu a Billy para esclarecer as coisas, mas o velho patriarca da matilha acreditava ser melhor deixar tudo como estava.
O laboratório de fora inaugurado na última semana daquele mês, e tudo caminhava calmo. Quil havia voltado às suas atividades normais, no entanto, não estava totalmente melhor. A transformação dava sinais, e a primeira pesquisa que ela daria procedência em seu novo laboratório seria sobre a bebida que aprendeu a fazer com a avó de Scott. Julian e Hernando Vincent estavam felizes pela sua conquista, e ela já havia entregado de volta a eles a chave do laboratório emprestado pelos irmãos.
Na última noite do mês, enquanto dormia, ela sentiu uma fria brisa correndo por seu quarto, e uma sensação estranha a tomou. Enquanto sentia aquela brisa fria da madrugada, seu corpo estremecia e escorria em suor. Na sua mente,
flashes ritualísticos, fogueiras e danças. Uma grande lua e uma mulher em um trono alto abaixo dela. Ambas pareciam uma só, a lua e a mulher, como se a presença feminina se estendesse até o satélite natural. Ao lado esquerdo da mulher, havia uma multidão nas quais os rostos não se faziam visíveis, sentados em círculo numa penumbra sob fracos feixes de luz lunar. Ao lado direito, povos em danças e rituais, rodeados por fogo e iluminados pela lua igualmente pelas chamas. E os dedos da mulher movimentavam-se em suas mãos inclinadas, uma para cada lado. Então acordou assustada, quente, e com as roupas molhadas de um sintoma febril.
Black dormia ao seu lado e acordou subitamente.
— Apenas um sonho… — ela respondeu assustada e ofegante.
— Certeza? — ele perguntou analisando a feição confusa da moça. — Você parece estar com febre.
— Sim, volte a dormir, Jacob. Foi apenas um sonho conturbado. — Ela o beijou e se levantou da cama.
abriu os braços indicando-lhe seu estado físico, e após Jacob observar seu corpo dos pés à cabeça inteiramente encharcado como se houvesse pegado uma chuva, ela lhe respondeu:
Capítulo Vinte e Sete
Vão Surgindo as Feras
Na manhã que sucedeu a madrugada, acordou muito mais cedo do que o habitual. Não havia conseguido dormir direito após aquele sonho enquanto Jacob, pelo contrário, dormia como pedra.
Ela preparou o café, a fumaça aromática subia acima do bule e a mulher se concentrava na vista matutina através da janela de sua cozinha. Pôde notar uma reunião incomum dos mais velhos quileutes à porta da cabana de Billy, e naquele horário era para Sue estar preparando o café da manhã de sua matilha, o que indicava que havia algo estranho no ar.
Emily surgiu correndo até Sue e após as duas trocarem poucas palavras, notou que sua amiga correu de volta à cabana dos Clearwater. Charlie se despedia de sua noiva com um beijo e, acenando a Billy, saiu com a viatura. Talvez não fosse nada. Apenas acordaram mais cedo que o de costume. No entanto, o faro de não a enganava. O clima era suspeito, algo estava para acontecer.
A reserva ainda adormecia naquela luminosidade tímida de manhã. Sue e Billy olhavam atentos para a mata, trocavam poucos olhares e muitas palavras. pousou sua xícara sobre a pia e esticou o pescoço pela janela a fim de encarar o mesmo ponto fixo na mata o qual eles olhavam.
— Eu é que não vou ficar aqui… — ela sussurrou já pensando em ir até eles.
Entretanto, quando ela girou a cabeça para se afastar da janela, rapidamente voltou a observar. Uma movimentação a caminho dos dois patriarcas da reserva se fazia notar. Três indígenas se aproximavam, peles de lobos cobriam seus ombros, e uma senhora anciã ao meio. Sue aproximou-se deles, a senhora sorriu para ela. já a havia reconhecido. Era a mesma velha indígena xamã que a recebera na reserva Whitton.
O que eles fariam ali? Teria algo a ver com Black ser o novo alfa? Os questionamentos na mente da recomeçaram, e ela manteve-se a observá-los. Eles ficaram na varanda da cabana de Sue, dialogando: Billy, os Whitton e Sue. A indígena então virou seu olhar para a cabana de e como se soubesse que ela estava a espiá-los, a cumprimentou com um aceno de cabeça e um sorriso franco. Todos os outros olharam na mesma direção. Pega em flagrante a olhar pela janela, sorriu-lhes, tímida. Por mais que eles não soubessem quanto tempo ela estava ali observando-os, foi desconfortável ser pega espionando. A mulher retomou sua xícara que estava sobre a pia, e bebeu o restante de seu café tentando disfarçar.
— Hmm… — Jacob surgiu murmurando baixinho em seu pescoço e a abraçando pelas costas, mas sobressaltou-se em um susto quase derrubando o café sobre os dois, Jacob pediu: — Desculpe, Mani, não quis assustá-la.
— Ai, Black, como consegue ser tão sorrateiro sendo tão grande?
— Eu não vou encarar como uma ofensa.
— Está mais para uma curiosidade — ela comentou deixando um beijo no rosto dele à medida que se virou para ficar de frente para ele.
— Notei que dormiu pouco… Como você está se sentindo? — Black analisava-a preocupado e levou uma mão até a testa dela a fim de sentir sua temperatura.
— Depois do sonho foi difícil apagar, mas deu para descansar.
Um breve silêncio se instaurou entre eles, e o casal trocou olhares. Ele, curioso e preocupado. Ela, ansiosa para voltar sua atenção ao que ocorria lá fora.
— Me conte o seu sonho — ele pediu assim que ela virou seu corpo para a janela mais uma vez.
Notando a curiosidade da mulher ao que ocorria do lado de fora, Black acompanhou seu olhar.
— Tem ideia do que eles vieram fazer aqui? — ela lhe perguntou.
— Talvez.
— E…?
— Me conte o sonho — ele desconversou.
— Não tem importância, Black! O que eles estão fazendo aqui?
— Você é muito fofoqueira, sabia? — bateu em seu ombro irritada pelo comentário, e Black apenas riu indo se servir de café. — Sente-se aqui comigo e vamos tomar café, Mani.
A velha indígena acompanhada com os outros dois anciãos Whitton e Sue, seguiram para a cabana de Sam.
— Eu vou é descobrir que confusão é esta! — declarou sem dar tempo de Jacob reagir.
Ela saiu em disparada deixando Black reclamar sozinho. Billy sorria para ela quando a mulher se aproximou apressada dele.
— Bom dia, .
— Bom dia, Billy… — Um silêncio, o olhar intrigado dela para onde os outros haviam seguido e logo virou-se para o Black mais velho, diretiva: — E aí? Você me conhece, Billy…
— Sim, curiosa. Eles vieram por causa de Quil.
— Eles vão leva-lo como fizeram com Embry?
— Não queremos. Ainda temos receio dos métodos deles, mas não temos muito com quem contar.
— Temos sim. Descobri um sedativo para isso — revelou.
— Como assim?
— Os Carter. Eu conheci a tribo deles e aprendi algumas coisas que podem funcionar. Inclusive, a avó de Scott ministrou uma bebida em Quil assim que ele começou a transformar.
— Você havia dito… Mas sabe o que era?
— Eu fui atrás da resposta. Agora, vamos lá? Eu tenho algo a ensinar para os outros. — sorriu presunçosa e Billy a acompanhou.
Passando em frente de sua cabana, Black estava encostado à porta com sua xícara, ela mandou um beijo para ele e seguiu seu caminho com Billy observador, analisando a interação entre o casal. O mais velho decidiu comentar:
— Jacob odeia tomar café sozinho.
— E o que ele fez todo este tempo antes de eu surgir?
— Exatamente. Agora você está aqui.
— Billy, foi só um café da manhã.
— Ele não está com uma cara boa, só estou te alertando — ele disse rindo.
encarou Billy, descontraída, em seguida observou novamente o local onde Jacob estava. E era verdade, ele continuava lá lançando a ela um olhar tão descontente que ela desfizera o contato visual com certo medo.
— Já até havia me esquecido em como pode ser difícil me relacionar com ele.
— Ele só quer aproveitar todos os minutos com você, querida. Entenda que agora ele tem motivos para aproveitar.
ficou um pouco pensativa sobre o que Billy dissera. Era um ato simples, o de sentarem-se juntos para o desjejum antes de seguirem suas vidas, que ela mal pôde imaginar que aquele singelo momento pudesse representar tanto para Black. Assim que adentraram na cabana de Sam, ele os cumprimentou.
— Onde está Emily? — indagou.
— Preparando o café de Seth, Paul e Bruh na casa de Sue.
— Bruh voltou, então — Billy perguntou vendo Sam concordar impaciente.
— Onde mesmo ela esteve este tempo todo? — perguntou de novo.
— Fugindo de você e do Jacob — Sam respondeu.
revirou os olhos tão impaciente quanto ele. Sam dissera que estavam todos no quarto com Quil, e os dois subiram. Com ajuda de Sue interpretando a língua nativa dos Whitton, lhes contou sobre a maceração de ervas que ela aprendeu. Todos decidiram que a velha Whitton ficaria na reserva para cuidar de Quil, e os outros poderiam voltar. Qualquer necessidade de intervir com os rituais dos Whitton, eles levariam Quil e ela para a reserva vizinha. Aliviada por saber que Quil ficaria na reserva e, de certo modo, mais seguro, voltou para sua casa.
Subiu as escadas em direção ao banheiro e ouviu o som da água cair do chuveiro e entrou sem qualquer cerimônia. Black estava de costas à porta tomando seu banho. sorria abertamente em vê-lo, até que ele se virou e ela sorriu ainda mais. O rapaz tomou um susto com a presença repentina dela e ficou a encarando de olhos arregalados. sabia que aquela abordagem desfaria a pirraça dele por ela ter saído o deixando só na cozinha.
— Isto são modos? — Jacob perguntou após recuperar-se da surpresa, ainda ensaboando o próprio corpo.
— Quer ajuda aí? — A mulher sorriu travessa, e ele também sorriu malicioso, a olhando ladino.
— Eu não sei se deveria responder a esta pergunta.
— Tudo bem, eu tenho que ir trabalhar mesmo… Deixa para outra hora. Só vim me despedir.
— Comeu alguma coisa? — Jacob perguntou enquanto esfregava o próprio rosto.
Os gestos bruscos de Jacob o deixavam ainda mais bonito aos olhos da mulher e se reapaixonava a cada descoberta daquelas. Incontida, ela abriu o
box do banheiro e aproximou seu rosto do dele. Puxou Jacob para um beijo tentando não molhar a sua roupa de trabalho, o que não foi possível, uma vez que ele a puxou para si arrebatando-lhe com um beijo como nenhum outro.
— Bom trabalho, Black, agora eu vou ter que trocar de roupa.
— Não esqueça de secar os cabelos.
— Hunf… Obrigada mesmo!
— Eu te pego outra hora… — ele disse vingando-se por sua ousadia de estar ali.
saiu do chuveiro arrancando suas roupas enquanto Jacob ria observando o corpo da namorada, com alegria e desejo. Antes que desistisse de deixá-la sair ilesa, ele fechou os olhos terminando de tirar o sabão do corpo e apressou-se a ir se trocar.
No horário de almoço, Seth passara na farmácia para almoçar com ela, como era o hábito dos dois.
— O que você está dizendo, Seth?
— Que ela voltou ainda mais abusada, ou você não acha que foi de uma petulância absurda?
Seth estava estressado contando para a história de que Bruh, na noite anterior, invadiu seu quarto e o beijou enquanto dormia.
— Não acho, inclusive vocês têm uma diferença de idade bacana, talvez você possa torná-la mais madura. Quem sabe Bruh não seja uma parceira interessante para você superar certas coisas também?
— Claro que você aprova isso! Assim ela sai do pé do Jake!
— Seth, por que está tão irritado? — soltou os talheres pacientemente e perguntou. — Não é legal saber que Bruh demonstra interesse em você?
— Não. Não. E não. Eu não confio nela, já te disse isso desde o dia que ela começou a ser legal contigo!
— Oras, se você não está a fim, é só falar para ela! Mas fale com jeitinho. Vai ser o segundo toco que ela vai ganhar de um quileute.
— Você faz piada…
— O que quer que eu diga? — riu.
— Nada! Eu só estou irritado.
— Vem cá… E a Lili Parker? Alguma novidade?
— Ah, , por favor, né?
— Eu acho que você precisa dar uma nova chance a este coraçãozinho. — colocou os talheres sobre o prato de novo e se encaminhou até o balcão.
— Nenhuma das opções é válida — Seth murmurou enquanto terminava de beber seu suco.
Logo retornou à mesa com dois
brownies e entregou um para Seth continuando com seu discurso para motivá-lo a dar uma nova chance a si mesmo:
— Seth… Você é fantástico. Sério, se fosse mais velho eu teria ficado com você facilmente. É sensível, gentil, cavalheiro, muito bonito e divertido e não tem uma bipolaridade que me faz pisar em ovos o tempo todo…
— Está falando de mim ou do Jake? — o mais novo a interrompeu.
— Comparando os dois, na verdade… — ela comentou e ele riu. — Não conte para ele, senhor “língua solta”! O que eu quero dizer é que você é um partidão, e fica aí reticente em relação a se abrir…
— Eu só não encontrei quem valesse a pena… — Seth declarou mordendo seu brownie e, risonho, perguntou para : — Você não tem uma irmã?
— Desculpe, eu sou edição única. Mas Jacob foi mais rápido.
— Na verdade não, né?
Ele gargalhava e sujou o rosto do rapaz com chocolate. Seth, bobo como era, devolveu, sujando a bochecha dela com chocolate também.
— Sério? Você vai limpar!
— Quem começou foi você… — ele afirmou e segurou o rosto de com as duas mãos e lambeu sua bochecha.
— Pirralho, isso é nojento! — exclamou dando um beliscão no braço do amigo que ainda gargalhava como um irmão caçula travesso. Só então, enquanto passava o guardanapo no rosto, notou que Bruh havia chegado em algum momento e estava parada ao balcão encarando os dois com uma expressão confusa.
— É melhor eu ir, antes que ela ache que eu quero todos os quileutes dela — comentou baixinho apontando discreta a presença da jovem Ateara.
Assim que ela se levantou, Seth protestou baixo por sua saída estratégica. foi ao caixa pagar e passando por Bruh, a cumprimentou com um aceno. De onde estava até ela sair, a mais velha observou a interação entre os dois mais novos. Seth havia chamado Bruh para se sentar com ele. realmente adoraria que ele encontrasse uma garota legal, ele era tão maduro! Se fosse um moleque, teria saído e deixado Bruh sozinha, mas ao invés disso a chamou para sentar-se com ele e conversarem.
deixou a lanchonete sorrindo, até que avistou Mark com uma mulher na praça. Ele a viu de longe e olhava para , apreensivo. Colocou as mãos às costas daquela mulher e falou algo, em seguida se retirando, ambos na direção oposta à de .
Rapidamente questionou-se: Ele havia trazido alguém para Forks? Ou estava abordando alguém da cidade? A mulher era bem bonita, loira, magra e alta. Preocupada, precisava saber quem era ela e por que estava com Mark. Contudo, como descobriria?
Decidida a não pensar tanto naquilo, dirigiu em direção ao seu laboratório onde passou a tarde trabalhando no remédio de Quil, e pensando em Mark com aquela mulher. Ela parecia alguém inocente. então começou a se culpar se algo acontecesse a ela. Como se ela pudesse fazer alguma coisa para defendê-la.
Ao fim da tarde a primeira coisa que fez foi ver Quil. Embry estava lá com ele, o apoiava como ninguém ali poderia apoiar, pois Embry sabia o que Quil estava sentindo. Fofoqueira e peralta, escutou parte das conversas deles atrás da porta, e sorriu ao notar o quão maravilhosa pessoa Embry era. Quil não pareceu revoltado como Embry ficara, muito talvez por ter alguém que compreendesse suas dúvidas e medos ao seu lado. Então Quil perguntou sobre sua irmã. Preocupava-se muito mais com Bruh do que com sua saúde, e o amigo lhe respondeu que Bruh parecia estar amadurecendo finalmente.
Quil dizia o quanto queria que a irmã se tornasse uma pessoa mais paciente e bondosa, que o gênio difícil e às vezes vingativo de Bruh o deixava temeroso por ela.
“Nada de bom pode surgir de um sentimento ruim”, proferiu Quil e naquele momento decidiu interromper. Ela bateu à porta e abriu uma brechinha. Os dois sorriram ao vê-la e Quil a agradeceu pela ajuda na noite em que ele tivera os primeiros sinais, em seguida, ele lhe perguntou se ela estava bem com o ocorrido. o tranquilizou e entregou as ampolas para que ele bebesse conforme a sua prescrição.
Um pouco depois, ela encontrou Sam e Emy discutindo amigáveis na cozinha de sua cabana.
— Só vim entregar a vocês estas ampolas para guardarem na geladeira — ela interrompeu sem graça.
Explicou-lhes como seria o uso com Quil e eles assentiram, ambos visivelmente constrangidos com ela. Emy lhe sorriu cúmplice e já entendia o motivo daquilo.
— … — Sam proferiu a fim de dissipar a discussão entre ele e a companheira. — Eu escrevi os sintomas e como me senti fazendo uso do emplastro conforme você pediu. Vou pegar para você, espere um momento. — Sam saiu e deixou e Emily a sós. Emy não tocou no assunto que a levou a uma branda discussão com Sam e não seria a fazê-lo.
— Na cabana de Sue.
— Sim, eu acho…
— Se quiser conversar, sabe onde me encontrar — declarou e Emily sorriu para ela agradecida, então Sam retornou com os papéis e enquanto os lia, ele ergueu a manga curta de sua camiseta para mostrar-lhe como havia ficado a cicatrização de seu braço decepado.
— Parabéns, — Sam comentou e então ela olhou ao machucado dele —, esse remédio é muito poderoso, as cicatrizes secaram rapidamente.
— Você tem muito talento — Emily comentou também.
O casal parabenizava-a sorridente por sua descoberta. Os resultados eram incríveis e rápidos. também saiu de lá orgulhosa, lendo os relatos de Sam e trombou com Seth no caminho.
— Tão cedo? — ela comentou estranhando a presença do mais novo ali.
— Vamos! — Seth saiu a puxando para dentro da cabana de e subindo direto ao quarto dela, um tanto aflito.
— Sabe que o Black está para chegar, né? — proferiu zombando do amigo, que se jogou em sua cama tirando a camiseta. Hábito próprio de Seth sempre que se sentia irritado.
— O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM O MUNDO? — o mais novo gritou.
— Hey, o que houve? — parou de zombar e se preocupou de verdade.
— A Bruh me beijou no meio da praça e o Peter viu. E então vieram mais problemas.
— Ai, Seth, me deixe ao menos tomar um banho primeiro? — pediu ao notar que se trataria de uma outra conversa sentimental e, talvez, longa.
— Vai logo! — Ele estava tão irritado que ela saiu apressada.
Ansiosa pelo amigo, voltou ao seu quarto com os cabelos molhados, um short jeans ainda aberto e vestindo a sua camiseta.
— Sabe que o Jake está para chegar, né? — Seth devolveu a piada ao ver a amiga em uma imagem tão bagunçadamente sugestiva.
— A culpa é sua se ele interpretar errado.
— Vem, senta aqui — Seth pediu a puxando para a cama dela e aninhando sua cabeça no colo de como se precisasse de cafuné. — Eu preciso beber, tem alguma coisa aí?
— Não. Estamos no meio da semana e se eu começar, não vou parar. Quer um suquinho?
— Peter se declarou — Seth mencionou de repente, sem dar qualquer outra informação deixando tão confusa quanto ele.
— Peter? Para a Bruh? Espera… Ele não estava de olho na Lili Parker ou algo assim?
— Agora faz sentido Peter sempre escolher “se apaixonar” pelas minhas garotas! Filho da mãe! — Seth gritou bravo, um tanto revoltado.
— Era uma vez… Você pode começar assim, se quiser — ironizou por não compreender nada.
Seth respirou pausadamente e iniciou a explicação:
— Conversei com a Bruh naquela hora que você saiu do restaurante sobre não estar preparado para nenhum tipo de relacionamento agora. E que não era nada pessoal, e…
— Mas é…
— Sem interrupções, bonitinha. — Seth olhou feio para o rosto acima do seu. — Ela entendeu que havia me pegado de surpresa, mas disse que não queria nada sério, apenas curtir. E não era muito a favor de pessoas da reserva se envolvendo com pessoas de fora, e que, se não fosse a obsessão que ela nutria pelo Jake teria prestado mais atenção em mim e tal, blá-blá-blá nada que interesse e coisa e tal. Saímos do restaurante e Peter nos viu andando juntos. Acenei para ele e fui para a farmácia. Na porta da farmácia, antes de vir embora, a Bruh me beijou de novo dizendo que foi apenas para eu não esquecer. Como esta garota me irrita!
— Eu confesso que curto a ousadia dela até certo ponto… — riu.
— Sei… Agora, né? Porque até tempo atrás quando ela…
— Prossiga com sua história, bonitinho! — Luan o interrompeu o fuzilando com um olhar cortante, ele riu.
— Aí, no fim do expediente, eu me despedia de Steve quando a Parker apareceu me perguntando quem era a garota que estava me beijando. Eu já estava irritado e fiquei ainda mais!
— Chovendo garotinhas no colo dele… — comentou em tom de zombaria gargalhando. — Garanhão!
— , só escuta, por favor. — Seth se mostrou sério e confuso, então a mais velha decidiu parar de fazer gracinhas. — Eu falei que não era ninguém, e a Parker começou a me irritar mais dizendo que achou que eu não queria nada com ninguém e …
— Precisa parar de dar essa desculpa se toda hora for surgir uma garota beijando a sua boca, Seth!
— Como eu dizia… Peter apareceu dizendo que precisava falar comigo. E me salvou da segunda maluca do dia. Fomos até a lanchonete. Só que aí, quando estávamos lá, notei ele desconfortável.
Flashback…
— Cara, o que tá pegando? Não podemos conversar aqui? — Seth perguntou.
— Seth, mano… Eu não sei nem como dizer, mas eu não posso não dizer. — Tem a ver com a Lili conversando comigo? Relaxa, eu não tenho mais nada com ela. — Não. — Você tem sempre uma garota no seu pé, e eu até entendo, de verdade. Por isso, acho que é melhor termos esta conversa logo. Se não aliviar agora, vai ser um alívio lá na frente. — Eu andei pegando alguma garota que você estava a fim, mano? — Seth, não é isso. Eu que sou a fim de você. Já tem um tempo, mas é isso.
Fim do flashback…
— Mas, mas… Peter Carter é gay!?
— Eu acho que quando um cara diz que é a fim de outro cara, é… Ele é gay ou bissexual, ou sei lá o quê, mas o fato que é eu fui pego desprevenido com essa!
— Céus, que surpresa!
— Surpresa? Você só diz isso? Sabe há quantos anos eu sou amigo dele?
— Mas ele sempre gostou de rapazes? Ou ele descobriu agora? Ele já ficou com outros caras?
— , você realmente acha que eu comecei uma fofoca da vida amorosa dele?
— E o que você fez?
— Falei que não tinha a menor possibilidade daquilo.
Flashback…
— Eu sei, Seth, não é como se eu estivesse contando que você ficaria comigo… Mas somos amigos e eu precisava manter nossa amizade e ser franco. — Tipo, Peter. Cara, que história absurda é essa? — Desde que surgiu e começou aquele lance entre ela e Scott que eu tenho te notado diferente e…
Fim do Flashback…
— Não, eu também achei que ele faria isso, mas ele explicou que foi mais o lance de ver Scott agir com você, como o próprio Peter agia em relação às Parker. O Pet sempre foi meio obcecado por aquelas irmãs e quando viu o Scott obcecado por você, ele começou a buscar os sentimentos próprios. E daí entrou em um papo furado de que repensou a vida dele, e notou o quanto sempre teve uma atração incomum por alguns caras, mas jurou que só começou a “me ver com outros olhos” depois de observar você e Scott e nós dois acabarmos conversando muito sobre aquilo.
— Você não vai colocar essa na minha conta também não, né? — perguntou para Seth, surpresa.
— Convenhamos que tem um monte de gente saindo da casinha depois que você chegou. Qual o seu problema, garota? — Seth comentou inocente e então atentou-se a algo.
— A deusa Rhikan se manifesta em mim… — ela murmurou pensativa.
— Quê?
— Foi a avó dele que me contou. Eu preciso saber que poderes são estes!
— , do que você está falando?
— Esquece! E o que você vai fazer em relação à sua amizade com ele?
— Eu gosto dele de verdade. É meu melhor amigo, mas vamos combinar que é estranho…
— Não acho, Seth.
— Você está “não achando” muito hoje.
— Não é como se eu estivesse discordando de você de propósito. É só que o próprio Peter confessou que sabe que entre vocês não aconteceria nada, e que precisava ser franco com o
amigo dele. Eu acho que ele só não quer perder a sua amizade agora que descobriu os verdadeiros sentimentos dele por você.
— Eu não consigo lidar com isso agora, … Mal estou conseguindo lidar com as mulheres atrás de mim, imagina agora com o meu melhor amigo! — Seth virou-se sobre o colo dela deixando o rosto para cima e levando as mãos a ele.
encarava o rapaz ruborizado em seu colo e riu, achando fofo ter um irmão mais novo.
— Sabe… Acho que você está precisando transar, Seth.
— É um convite? — Seth levantou-se do colo dela sorrindo brincalhão.
— Nós somos manos, para com isso!
— E daí? Ao que parece, “manos” tem vontade de trepar uns com os outros!
— Você está sendo cruel com o Peter! E preconceituoso, Seth! Eu sei que é difícil, mas não aja desse jeito com Peter. Entendo que está assustado com a revelação, mas não é algo que você precise lidar diretamente. Pior está sendo para seu melhor amigo, garanto!
Seth afundou a cara no colchão da cama de , ficando de bruços. A mulher sorriu do pobre garoto cheio de dilemas e desamores. Sentou em suas costas e começou uma massagem em seus ombros.
— Você é a melhor irmã do mundo! Troco a Leah por você sem pensar duas vezes! — Seth sussurrou abafado no colchão.
Enquanto ria do mais novo, Jacob surgiu na porta do quarto os encarando, sério.
— Ei, amor! — cumprimentou e Seth deu um pulo da cama a jogando para trás. caiu no chão com as pernas para o alto. Black mantinha-se sério e Seth, desesperado, a ajudou a se levantar, explicando:
— Jake, não é nada disso!
Black arqueava as sobrancelhas se aproximando lentamente de Seth, e massageava seu bumbum pela dor.
— Eu sei. Não tenho por que me preocupar com você, Seth… Ou tenho? — Jacob perguntou o encarando próximo demais.
— Claro que não. É só que… Cara eu ando tão enrolado que não ligaria se você duvidasse de mim.
— Mas ele mencionou que transássemos, Black — disse sorridente.
— ! Jake, não foi nada disso e…
— Sua mãe está te chamando, Seth — Black falou categórico.
gargalhava enquanto Seth saía a fuzilando com o olhar. Black o acompanhou até a porta do quarto e a fechou, e então voltou-se sério para a namorada. Ela ainda ria e começou a estranhar a reação de Jake. A mulher arqueou uma sobrancelha e Black a jogou em sua cama, deitando-se sobre ela e a beijou. arfou quando eles se separaram e encarou seus olhos vermelhos, sua pele incendiada.
— Black, você está… — não conseguiu terminar de falar sobre o desejo que transpassava por Jacob, já que ele a interrompeu a beijando de um modo feroz de novo, e começou a arrancar as suas roupas.
As palmas da mão de queimaram ao tocar seus braços. Ele notou e, sem parar os toques entre eles, a puxou em seu colo. Ele os guiou até o banheiro e abrindo o chuveiro colocou ambos sob a água que aos poucos esfriava. Um banho quente não seria recomendado, mesmo.
encarou os olhos vermelhos como em uma chama trepidante de tons fogosos. Ela estava com medo do que estava acontecendo a ele, mas não queria parar. Havia uma selvageria incomum nas carícias de Black e por mais medo da besta que se mostrava sob ele, não desejava parar. E de um jeito novo e intenso eles se amaram vorazes.
esfregava seus cabelos com pouca força, afinal, ela já não tinha nenhuma. Black, à sua frente, mantinha sua testa encostada ao vidro do
box, cansado.
— O que foi aquilo, Jacob? — Ele a olhou zombeteiro e os dois riram.
— Eu disse que te pegava outra hora.
— Certo, mas eu estou falando daquela besta que surgiu diante de você… isso é normal?
— Você notou? — Jacob perguntou com seu cenho tornando-se preocupado.
— Black… Foi incrível, mas você estava igual ao dia que começou a se descontrolar…
— Eu não sei explicar, mas depois de ver você e o Seth daquele jeito… Eu comecei a “ferver” — ele disse fazendo aspas com as mãos.
desligou o chuveiro e puxou sua toalha secando os cabelos. Pediu a ele para sair da entrada do
box e ir se enxugar, mas ele a puxou de volta em um beijo. Beleza, gostava e tudo mais, porém, ela precisava descansar. Então saiu dali, antes que um quarto
round começasse.
— Quais as chances de você se transformar enquanto nós… — ela perguntou a ele meio sem graça e aflita, o olhando pelo espelho do banheiro.
— Nunca aconteceu algo assim antes.
— No geral? — perguntou incerta.
— Comigo.
— E com os outros?
— Acredito que não, senão eu saberia…
— E a Emy? Digo… A cicatriz.
Black saiu do quarto sacudindo a cabeça negativamente. Então foi atrás dele.
— Black!
— Aquilo não foi enquanto eles transavam, .
— Mas você não acha estranho que ele ten…
— Mani — Jacob a chamou de um modo que a interrompeu tentando esconder a preocupação em sua voz —, não precisa ficar com medo de mim, tá? Eu nunca te machucaria.
— Não é isso, é só que…
— Então é o quê? — pôde notar a irritação quando ele ameaçou elevar a voz.
suspirou preocupada com a reação dele. Ela estava vestida apenas com sua lingerie, mas disse altiva para ele o puxando para sentar ao seu lado na cama:
— Black, eu sei que não me machucaria. Mas não podemos negar que as transformações vêm acontecendo e já é a segunda vez que você dá sinais semelhantes aos dos outros. E sabemos também que há alguma coisa na minha relação com vocês que desperta isto. Foi assim com Embry, lembra?
— Eu não vou virar algo pior, ok? — Jacob falou certeiro para ela embora estivesse inseguro.
— Eu só quero ajudar, Black… Manter todas as informações sobre isto no controle para entender como lidaremos com tudo. Você não pensa que a qualquer hora pode ser você?
— Penso… — Ele suspirou de cabeça baixa. — … Se eu me transformar, você continuaria ao meu lado?
— Que pergunta mais idiota. Eu por acaso saí correndo em algum momento desde que cheguei aqui?
— Uma vez.
— Mas eu fugia de você e não do seu lobo, porque achava que você estava namorando a Bruh. Não é a mesma coisa.
— Bella… Conseguiu superar as adversidades e ficar com aquele frio. Ela foi até o fim, apesar de tudo.
— Esta é a coisa mais semelhante entre nós duas que disseram até agora, só que eu não escolhi um frio.
Jacob e ela se encararam sorrindo tímidos, havia um fulgor maior nos olhos dele, e o puxou para um beijo tranquilo e saboroso. Subiu em seu colo e ficou ali, depositando beijos calmos em seu homem, como alguém que, pétala a pétala, desflora uma flor. Os dois escutaram um engasgo da porta, e era Seth. olhou para trás, ainda estava sentada no colo de Black e os dois perceberam a presença do mais novo. notou o olhar de Jacob mudar.
— Foi mal, gente, estou saindo. Só queria falar com a …
— Você anda falando demais com ela, não acha?
Tanto Seth quanto , encararam Jacob, confusos. Seth levantou o queixo de um jeito afrontador e se aproximou do casal a passos calmos. Encarava Jacob.
— Jake, eu não tenho este tipo de interesse na . Ela é como minha irmã, e me ofende você dizer isso, uma vez que eu também sempre o admirei como irmão.
— Black… — completou a fala de Seth: — Você está sendo imaturo.
Jacob abaixou a cabeça num suspiro pesaroso e olhou de volta a Seth.
— Desculpe. Não é por você, eu fiquei enciumado porque vi a minha Mani em cima de outro cara que não era eu. E poderia ser qualquer cara, não quer dizer que é por sua causa.
— Tudo bem, mas eu não vou me afastar dela por causa disso, entendeu?
— E nem eu dele. Isso é ridículo — concordou com Seth.
— Não quero que façam isso, só estou justificando os meus sentimentos.
Clearwater e se entreolharam surpresos com aquela versão de Jacob que falava dos sentimentos, e ela voltou a observar o namorado com carinho e o beijou. Seth pigarreou dizendo que voltaria outra hora e saiu fechando a porta do quarto que havia ficado aberta. Black a abraçou desabotoando o sutiã dela, mas protestou:
— Ah não, sério. Me dá um descanso? A fera não sou eu.
— Não era o que parecia… — Jacob riu sacana, cheirando o pescoço dela.
— Chega, vamos nos vestir e descer! — declarou mordendo o ombro de Jacob e os dois saíram dali.
Quando chegaram na sala, viram que Seth estava esparramado no sofá dela e Black provocou:
— Ainda aqui? Você não tem casa?
— E você está no cio por acaso? Dê um descanso a ela… — Seth devolveu, e Jacob deu-lhe uma almofadada.
— Invejoso — Jacob comentou e foi para a cozinha preparar um jantar, enquanto Seth e ficaram na sala.
— Fala,
big baby, o que aconteceu? — comentou com Seth a encarando sentar no outro lado do sofá, risonho e malicioso, perguntando:
— Vocês mandaram ver, não é?
— Ele morreu de ciúme do que viu. — riu baixinho.
— Eu posso ouvi-los! — Black gritou para os dois.
Os dois riram e então Seth voltou a seu dilema:
— … Estou pensando em ir embora. Como a minha irmã.
— O quê? — bateu na cabeça do amigo.
—
Outch!
— Que história é esta? Ficou louco?
— Eu só estava pensando… Leah foi fazer faculdade e talvez eu devesse buscar sair daqui um pouco também.
— Isso tudo é por causa da Bruh?
Black se aproximava dos dois, com duas carnes congeladas na mão. Estendeu-as para a fim de que ela escolhesse.
— O que a Bruh fez desta vez? — perguntou olhando Seth.
— !
— Sério, Seth? O que essa garota tem na cabeça? Até outro dia não saía do meu pé!
— Acaso está com ciúme, Black? — perguntou irônica.
— Não viaja. Mas é confuso… Como ele vai levar ela a sério? — Jacob comentou. — Eu vou preparar o jantar! — Ele saiu com o olhar cortante de sobre si, enquanto Seth ria divertido.
se aproximou do ouvido de Seth e sussurrou:
— Provavelmente ele está com o ego ferido por ter sido esquecido tão rápido pela miniloba.
— Você deve ser a namorada perfeita, . — Os dois amigos riram com bom humor.
— Tem razão, mas você não me respondeu.
— Não é por causa dela, se manca! É só que… Eu queria mudar algumas coisas na minha vida, sabe?
— Seth, vou dizer de novo: você está muito sozinho. Apesar de todos nós, eu sei que não é a mesma coisa… Tive uma ideia!
— Hm?
— Que tal irmos para Silverdale neste fim de semana?
— Eu não vou segurar vela para você
de novo.
— Se bem me lembro, da outra vez o senhor estava acompanhado da Parker.
— Mas segurei vela por um tempo.
— Só nós dois. Sem Black, sem Parker, sem Bruh.
— Feito! — Eles bateram as palmas das mãos um do outro.
— É… — , no entanto, olhou em direção à cozinha. — Como dizer isso a ele, é que será o problema.
— Relaxa, eu falo com ele: “Jake, sua garota é minha esta noite”.
— Ah, com certeza que vou deixar você falar isso sim! — Eles começaram a gargalhar e logo mudaram de assunto.
Naquela noite, jantaram os três juntos e, como habitualmente, os quileutes se reuniram em uma das cabanas. A velha indígena Whitton estava reunida a eles. Se chamava Mailaka e encarava , risonha, e os observava como se estudasse todos os gestos do povo quileute. Logo Sue pediu para que se aproximasse das duas. Mailaka perguntou em sua língua, como estava e o que ela estava sentindo de estar entre eles, os quielutes, e ainda perguntou se ela se esquecera do que Mailaka havia dito na tribo dela. respondeu a tudo com sinceridade contando também o que a avó de Scott lhe dissera. Mailaka se assustou ao ouvir de Sue o que a outra anciã indígena havia dito e, aflita, falava algo a Sue que acabou por deixar e Sue, aflitas também.
— Que você corre grande perigo.
Elas encararam-se surpresas e Embry surgiu apressado chamando as duas senhoras para socorrerem Quil. Bruh saiu correndo para o quarto do irmão. ficou ali, apreensiva onde estava, refletindo as palavras de Mailaka. Billy, Black, Seth e Paul foram chamados tão logo que Embry voltara. acompanhou a movimentação ainda reflexiva e de repente, Jacob surgiu ao seu lado.
— Vamos dormir? — ele a chamou tomando sua atenção de volta.
— E o Quil? Como ele está?
— Parece que o seu remédio está começando a deixar de fazer efeito… — Jacob respondeu preocupado.
abaixou a cabeça tristonha sentindo a mão de Black em seu ombro, massageando-o. Ele pegou a mão dela e a guiou para dentro do quarto.
— No seu quarto? — comentou.
— Não quer dormir aqui? — ele perguntou confuso.
— Achei que você iria para minha cabana.
— Eu terei que sair muito cedo amanhã…
— Ok, por quê? Para onde você vai ou o que você não está dizendo?
— Paul e eu partimos amanhã em uma viagem.
— Que viagem?
— Os Whitton irão nos guiar. Ainda não sei o destino ao certo.
— O quê? Por quanto tempo?
o enchia de perguntas enquanto Black foi lhe colocando em sua cama, como se ela fosse uma criança e logo deitou-se ao seu lado.
— Não sabemos, Mani. É uma busca para ajudar o Quil.
— Então é mais sério do que…
— Do que foi com Embry? — Jacob a interrompeu sutilmente. — Sim. E pelo que soubemos a tendência é piorar.
— Black… — Ela se virou de frente para ele tendo a mão de Jacob enlaçada à sua cintura e perguntou de novo, preocupada: — E se acontecer com você enquanto estiver com eles? Não confio neles.
— Não vai acontecer. Se eles estiverem certos, a probabilidade é menor porque você não estará por perto.
— Eles realmente acreditam que eu tenho culpa, não é?
— Não é culpa… É como uma espécie de dom.
— Mailaka disse que eu corro perigo.
— Não é nenhuma novidade, minha Mani… — Jacob sorriu e a beijou de um jeito pacificador.
— Mas é que são muitas informações para minha cabeça.
— Esquece as preocupações, eu estou aqui. Concentre-se no calor do meu corpo… — Jacob sussurrou aquilo em seus ouvidos e eles se mantiveram abraçados trocando carinhos.
apoiou-se em seu peito e logo Black adormeceu. A mulher sorriu fracamente ao constatar que finalmente o cansaço daquele dia batera nele, e não pôde esquecer a cena de Mark com a mulher loira, enquanto a voz de Sue ecoava em sua mente:
“Que você corre grande perigo”.
•••
A sexta-feira havia chegado e Seth e estavam a caminho de Silverdale cantando alto uma música qualquer. Convidaram Embry para ir com eles, pois o amigo andava bastante nervoso por Quil, entretanto, Embry não queria sair do lado do amigo, então restou tirarem no “0” ou “1” para ver quem dirigiria, afinal, os dois queriam beber aquela noite. Por fim, não conseguiram ninguém para os acompanhar já que todos estavam muito cansados para ir a uma festa e não beber.
Clocks começava a tocar no rádio e cantava alto enquanto levava o carro na ida.
— Promete que não vai bater o carro por causa do Chris Martin? — Seth pediu.
— Eu sou uma excelente motorista! Mas te devo mesmo uma dessas pelo dia do ataque de Embry… — Ela recordou.
— Três dias sem notícias de Jake e Paul… — Seth sibilou preocupado, sem pensar.
— Seth, se me lembrar disto mais uma vez, eu te jogo deste carro.
—
Yooooou aaaare… — O amigo dando-se conta da aflição dela, gritou cantando para descontrair.
Eles chegaram ao bar e o movimento era grande. Lá pelos tantos viras de tequila que deram, Seth e dançavam até que um cara se aproximou dela. Seth logo se posicionou a defendê-la da cantada do estranho fingindo ser o namorado de e os dois voltaram à própria mesa para comer alguma coisa antes de voltar a beber.
— Que cara babaca! — reclamou.
— Pior ainda é eu ter que intervir! Uma mulher não tem mesmo um dia de paz, não é?
— Você é um bom homem Seth, e esperto.
— Deixa isso para lá, o idiota foi embora do bar. Eu vi quando ele saiu com os amigos dele. Mas agora é sério, ! Eu não tenho condições de levar o carro… — Seth comentou terminando de empurrar algumas batatas fritas para dentro.
— E nem eu! Combinamos uma coisa e fizemos outra! — comentou batendo a mão na testa e, de repente, Seth exclamou alto arrancando risadas dela:
— Eu adoro esta música!
“Shut up and let me go! This hurts, I told you so. For the last time you will kiss my lips, now shut up and let me go!” Ambos haviam levantado os copos e cantaram alto a primeira estrofe da música, e não aguentando ficar ali, levantaram e iniciaram uma dancinha insana de amigos bêbados. Algumas garotas perto deles ficaram os encarando e rindo, e Seth puxou uma por uma beijando-as em selinho. Gritinhos se fizeram ouvir e estava no meio delas dando gritos empolgados para o amigo enquanto a música deles tocava, porque a partir daquele dia,
“Shut up and let me go” seria a música de Seth e . E quando a canção acabou, eles voltaram para a mesa, caindo sentados em suas poltronas.
— Sério, sério… Eu quero sair com você para sempre! — gritou para ele, que gargalhava.
— Nós somos demais.
— Você saiu beijando todo mundo! E agora? Eu sou a corna, né?
— Ah, aquele cara nem está aqui mais! — Eles gargalhavam.
— Uou, eu estou cansada, mas eu quero beber mais.
— Espera! — Seth gritou antes que virasse seu copo. — Vamos resolver: como nós vamos voltar?
— Você quer parar de beber agora para levar o carro mais tarde?
— E ficar sóbrio sozinho? Nem fodendo!
— Ei, mocinho, olha o palavreado.
— A Sue ficou em Forks! — Seth zombou.
— Então que tal se nós dormirmos por aqui e sairmos amanhã cedinho?
Seth olhou para com uma cara divertida e pediu ao garçom outra rodada de tequila. Quando “Attention” iniciou, Seth e ela estavam dançando juntos coladinhos e sensualizando na pista. As meninas que tinham ficado com ele estavam eufóricas, e os dois riam ainda mais por provocá-las. Para , era tão bom ver seu maninho daquele jeito… Tão leve e feliz.
Em determinado momento, ele saiu para ir ao banheiro e continuou dançando sozinha até ele voltar. Quando Seth retornou, ele colou-se novamente em e continuaram divertidos e bêbados dançando e atraindo olhares conhecidos para ela.
— Aquele encarando nós dois, é o Peter? — perguntou ao ouvido de Seth.
— É!
— Desde quando ele está aqui?
— Não sei, mas acabei de vê-lo na fila do banheiro.
— E está dançando assim comigo para provocar ou seduzir ele? — sorria abertamente, mas após ouvi-la Seth os afastou e segurou o rosto de bem próximo ao seu, encarando-a friamente. — Brincadeirinha… Que cara é essa Seth?
— , não me faça fazer o que eu não deveria.
— Longe de mim… — Ela sorriu receosa e confusa com a reação de Clearwater.
Eles voltaram para a mesa e beliscaram a porção de petiscos antes pedida. manteve-se olhando para Peter que os encarava enquanto virava seu copo, e então, acenando, ela sorriu para ele.
— Para com isso !
— Qual é, Seth, por que não chamamos ele?
— É melhor não.
— Hey! Eu estou bêbada, mas o que vou falar agora é muito sério: não comece a ser o babaca que você nunca foi!
— Eu não sei como agir com ele, porra!
— Parece até que foi você que levou o fora! Quem deveria sentir esta insegurança é o Peter. E tenho certeza que ele está sentindo.
Seth abaixou a cabeça e voltou a encarar envergonhado.
— Não exclua as suas lembranças ou as pessoas importantes em sua vida porque elas não são o que você espera — aconselhou.
Seth virou um gole de sua bebida depois daquilo e foi decidido até Peter falar com o amigo. observou os dois, eles se cumprimentaram como sempre: com uma batida de mãos e ombros. Seth falava e Peter o ouvia de cabeça baixa. E então sorriu, e Seth sorriu o abraçando. Em seguida, os dois caminharam em direção à mesa onde e Seth estavam e, os três beberam juntos, mas Peter não ficou com eles a noite toda, já que estava acompanhado de uma galera desconhecida e iria embora de carona com eles. Se despediu de e Seth, e antes de ir embora se virou para o amigo sentado à frente de e o disse:
— Ei, cara, obrigado.
Seth acenou positivo com a cabeça e sorriu. Ficaram sós novamente, e ele, e então brindaram sorrindo.
— Eu me orgulho de você — declarou ao mais novo.
— E eu de você.
— Mereço? Por ser honrado?
— Tem razão, você não merece nada.
— Só de curiosidade… O que eu ganharia?
— O que quisesse. Eu faria o possível para arranjar para você.
— Droga… Perdi uma grande chance de deixar o alfa na minha mão então!
O público da balada interiorana de Silverdale ao invés de diminuir à medida que a madrugada avançava, só aumentava. Seth e concordaram que era momento de irem atrás de um pensionato ou albergue para dormirem. Então, Seth, que àquela altura já era amigo do garçom, perguntou onde poderiam encontrar algum lugar para pernoite.
— Vocês vão ter que dirigir bastante até encontrar o mais próximo.
— E aí, ? O que quer fazer? — Seth perguntou.
— E se dormirmos no carro?
— E aí, cara, sabe onde podemos ficar estacionados numa boa?
— Se não se importarem com o barulho, podem ficar no estacionamento daqui mesmo. Não é como se tivesse algo mais próximo.
Eles agradeceram e pagaram a conta, saindo abraçados e cambaleantes até o carro de .
— Obrigado — Seth sussurrou no ouvido dela, grato por toda a sua amizade e cumplicidade. Há muito tempo ele não se divertia daquela forma.
Depois de acomodados no carro, ficou encarando a lua até pegar no sono. Seth, por estar muito cansado, adormeceu rápido. Ela não parava de pensar em Jacob. Onde ele estaria? Como se sentia? Então, seu celular tocou. Era uma chamada de Black, mas, infelizmente, a ligação estava tão ruim que ela só pôde ouvir sua voz dizendo seu nome. iniciou um choro aflito e adormeceu com a luz da lua em seu rosto, como um abraço consolador, por saber que aquela saudade ainda a levaria ao fundo do poço um dia.
Seth e ela acordaram ao mesmo tempo por culpa dos raios solares em seus olhos. Eles se encararam confusos e enfim, começaram a gargalhar.
— Cara, o Jake já sabe que você é louca assim?
— Não. Black e eu nunca fizemos programas como este.
— Vocês são como um casal de velhos namorando.
— Ainda bem que eu tenho meu “mano barra namorado falso” para me divertir, não é?
— Enquanto eu estiver aqui, gatinha, não lhe faltarão noites como essa!
Os dois riam e, enquanto se espreguiçava, Seth bocejou.
— Vamos! Vamos tomar um café, e comer algo antes de ir — ela declarou.
—
Muito café. Eu ainda estou cheio de sono.
Eles desceram do carro e o trancaram, então notou três papéis cor de rosa escrito à caneta que estavam grudados no para-brisa do seu carro. Ela pegou e os leu, eram nomes de garotas e números de telefone. Gargalhando, os estendeu a Seth, que riu abafado os colocando no bolso.
— Garanhão — a amiga zombou.
O mesmo garçom da noite anterior saía de seu turno quando eles entraram e o lugar nem de longe parecia a balada badernosa em que eles estavam. Pessoas tomavam café da manhã tranquilas, como se fosse aquele um posto de conveniência.
— Céus, olha o nosso estado. Que vergonha, Seth.
— Vamos comer logo e ir embora — ele disse rindo.
Na volta, Seth levou o carro até Forks. De novo, colocou o rádio para tocar a fim de não pegarem no sono e eles foram conversando sobre a noite anterior, sobre os sentimentos em relação à reaproximação de Peter e sobre a saudade que sentia de Jacob. Quando chegaram na reserva, Sue estava sentada na varanda e sorriu negando com a cabeça ao ver os dois. Ela só não repreenderia Seth porque ele estava com . Mailaka estava a seu lado balançando em outra cadeira. Emy chegava de algum lugar com Sam, e Bruh, com cara de poucos amigos, encarava os dois que dentro do carro, ainda estavam sorridentes.
— Eu passo a noite fora com você e minha mãe nem dá sinal de surto! — Seth constatou ainda dentro do automóvel.
— É porque ela confia mais em mim do que em você.
— Vá te catar… — ele comentou e então notou a expressão de Bruh. — Mas podemos ficar aqui?
— Por quê?
— Bruh… A Ateara parece que vai atacar se eu sair desse carro agora.
— Céus, a cara dela é de alguém que vai me devorar e não a você… Ela deve achar que é provocação minha, sabia?
— Deixa disso! Eu não tenho nada com ela!
Os dois desceram do carro e antes que pudesse responder algo que Seth dizia, o garoto estava à sua frente de braços abertos. Bruh realmente havia se transformado e, furiosa, jogou Seth em uma árvore próxima. No mesmo momento, o garoto bateu com a cabeça e desmaiou. A loba avançou então sobre e se colocou sobre ela, rosnando próxima ao rosto de . ficou trêmula e furiosa também, e surpreendentemente, deu um soco em Bruh e a afastou de si com um chute, conseguindo se desvencilhar dela. Sue começou a gritar e Sam e Emy surgiram para ajudar. Logo, Billy surgiu na porta de sua cabana também.
Bruh Ateara avançou até e abocanhou seu pé, arrastando-a. Naquela hora, não sabia de onde vinha aquele ímpeto selvagem, mas com uma força que ela desconhecia, ela chutou a cara da loba e avançou sobre ela enlaçando suas pernas no pescoço da Ateara, então mordeu a orelha da loba e uma luta corpo a corpo se iniciou. Lobo contra mulher. Bruh era muito maior do que e a própria mulher não conseguia explicar o ímpeto que a acometia, mas ao ver Seth desmaiado ela sentiu um ódio enorme de Bruh. As roupas de rasgaram-se pelas garras da loba jovem que sacudiu-se a jogando pra longe e em posição de ataque e ofegante, correu na direção de Bruh e lhe deferiu chutes, socos, cotoveladas e mordidas.
Ao tempo que todos gritavam para que elas parassem, tudo acontecia muito rápido. Sam se aproximou de a fim de tirá-la dali, mas ela o empurrou tão forte que ele bateu, assim como Seth, em uma árvore, embora não tivesse caído desacordado.
estava estranha, com uma força descomunal. Os dentes dela se sobressaltaram em presas afiadas, e o ar começou a lhe faltar. Ela baixou sua guarda e Bruh foi em sua direção, e então, mordeu-a em seu pescoço animal. Outro lobo havia se transformado e puxou o corpo da loba para longe de , fazendo com que seus dentes rasgassem um pouco da pele da menina. Bruh caiu ao chão sangrando muito e em forma humana. Seth voltou ao normal ainda sobre e a encarou amedrontado e confuso. Sam e Emy foram até Bruh, enquanto Sue e Mailaka foram até .
— ? Você está bem? — Seth perguntou aflito analisando o corpo da amiga.
sentiu de repente uma falta de ar e ao passar a língua em seus dentes eles estavam normais.
— Aquilo foi ilusão minha? — ela perguntou a Seth.
— Não.
Eles ouviram as vozes de Sue e Billy perguntando como os dois estavam. Sue abaixou-se até para verificar se ela estava bem e Mailaka saiu em direção a Bruh.
— Eu estou bem, mas acho que machuquei a Bruh.
Todos voltaram suas atenções a ela, e Seth pegou no colo a levando para dentro. Ao passarem pela garota, pôde ver o pescoço ferido e ela desacordada. encarou confusa os olhos também confusos de Seth.
— Você bateu a cabeça — falou para ele.
— Eu não sei. Foi tão instintivo…
— Presas! Saíram presas de você, e… O que foi aquela força?
— Seth! Eu não sei!
— Tome um banho e descanse, eu vou lá fora ver a Bruh.
— Estou bem. Relaxe. — Seth a acalmou beijando a testa dela e saiu.
Capítulo Vinte e Oito
O que ela está se tornando?
limpava os ferimentos que Bruh causou a ela no embate enquanto todos estavam auxiliando a jovem Ateara em cuidados mais precisos. Sam achou melhor que Quil não soubesse do ocorrido e que a loba adolescente fosse levada imediatamente a um hospital. Então Charlie foi chamado por Sue para prestar o socorro em levá-la. Quando Seth contou para que, segundo os médicos, por muito pouco a artéria carótida de Bruh não foi atingida levando-a a óbito, um mal súbito tomou . sentiu-se zonza e com uma ânsia impossível de controlar tamanho o enjoo que sentia.
Ficou ao encargo de Embry evitar que a notícia chegasse ao irmão da jovem Ateara. Ele visitou em sua cabana e a encontrou escorada no vaso sanitário de seu banheiro. Havia recém recebido a notícia por Seth ao telefone. Embry apressou-se em prestar ajuda à amiga a colocando em repouso e continuando a lhe fazer os curativos. Emy, chamada por ele, cozinhava uma sopa para que comesse depois que seu estômago estivesse melhor. Acreditando ser causa de gastrite nervosa, Mani os despreocupou de seu mal-estar. Havia questões mais preocupantes, tais como: o que era ou havia se tornado?
Billy, não demorou a manifestar sua preocupação com aquilo e como o senhor prudente que era, reuniu os quileutes presentes – com exceção de Bruh e Quil – para esclarecerem o fato. Novamente, lá estava rodeada de indígenas curiosos, inclusive, alguns da reserva Whitton que decidiram a analisar e, conforme desejo de Malaika, realizar outro ritual como o anterior que havia sido feito sobre ela.
Nada adiantava perguntar a Billy ou Sue sobre o que acontecia com ela porque ninguém ali sabia esclarecer. Ao voltar do hospital para a reserva, Bruh permaneceu em repouso na casa de Sue e quis vê-la e se desculpar, no entanto, a mulher foi surpreendida pela menina implorando desculpas pelo ataque. Bruh alegou que outra vez seu ciúme falou mais alto, porém, deixou-a com sequelas daquela luta que jamais pensaria ela ser derrotada por . Em todos os sentidos. As duas não estabeleceram uma amizade ou tranquilidade, mas a tolerância e o respeito pareciam surgir em prol do bem da reserva, do bem de quem amavam e delas próprias. Bruh perguntou para o que a “mulher comum” havia feito para ficar daquele jeito, e a outra, sem resposta, negou com a cabeça em um sorriso doloroso.
Jacob também não dava notícias há dias e algumas noites podia escutá-lo perto de si. Era como se ele sussurrasse em seus ouvidos enquanto ela dormia, como se os seus pensamentos fossem dela. E era assustador. Por mais distante que o homem estivesse, não estava desesperada porque sentia saber exatamente como ele estava e o que ele fazia.
A rotina de todos seguiu sem maiores eventos pós Bruh x . Alguns pensamentos, porém, ainda causavam perturbação em , por exemplo, a mulher loira que ela avistou dias atrás com Mark ainda era uma incógnita para ela. E um desejo suicida de encontrar Mark para perguntar a ele diretamente perambulava minha cabeça. Foi pensando naquilo que, em um dia ameno e tranquilo, Seth surgiu batendo no balcão da farmácia chamando a amiga para almoçar e afastando suas ideias estranhas, mas não queria comer, e declarou aquilo. Seth, achando que teria algo a ver com Black, soltou para ela que ele tinha notícias. então o olhou apreensiva e saiu de trás do balcão o mais rápido possível.
— Ele voltou?
— Não, mas eu consegui falar rapidamente com ele por telefone. Ele está bem e esperarão mais alguns dias antes de decidir se devem ou não voltar.
— Droga!
— Fique calma, está tudo bem. Agora que tem notícias dele, vamos almoçar?
— Não. Eu estou sem fome.
— O que está havendo com você? Não me parece bem. Achei que estaria preocupada com o Jake.
— Eu sei exatamente o que está acontecendo com o Jacob, não estou preocupada com isso.
— Como assim?
— Não sei explicar, mas eu posso senti-lo quando quero.
Seth encarava-a curioso.
— Desde quando isso começou?
— Dias depois do ataque de Bruh… — comentou e, apesar de muito curioso, Seth elencou aquilo na “lista de mistérios sem respostas” que ultimamente permeavam a vida dos quileutes.
— E o que te preocupa, então?
A mulher olhou para ele sem saber se deveria dizer a verdade ou se deveria esconder. Entretanto, as conexões estavam mudadas também e Seth era capaz de pressenti-la pelo visto:
— Não, você não vai atrás daquele frio!
— Como você sabe que- — suspirou. — Enfim, esquece.
— O que você pode querer com ele agora, ?!
— Eu o vi semanas atrás acompanhado de uma mulher.
— E daí?
— Ou ele trouxe alguém para Forks ou ele estava abordando alguém daqui. E depois não o vi mais e nem a mulher.
— Quem era ela?
— Eu não sei e por isso fico aflita! Me sentirei muito culpada se aquela fosse mais uma… presa de Mark ou Darak.
— Não os vejo e nem temos notícias deles há muito tempo.
— Então concorda comigo que temos que averiguar se tudo ocorre bem com o acordo?
— Sim, eu irei até o esconderijo deles — declarou Seth.
— Não! São dois contra um e agora podem ser três!
— E quem fará isso? Você? Jacob me mata se souber que deixei você se aproximar do frio.
— Vamos combinar assim: ninguém faz nada por enquanto. Pensaremos juntos numa maneira de investigá-los. Certo?
— Certo — respondeu Seth desconfiado e se despediu: — Trarei uma marmita para você.
— Não quero.
Com a teimosia de o irritando mais que o normal, Seth acenou a cabeça contrariado e foi embora. telefonou para saber como estavam Quil e Bruh, e Sue disse que o mais velho Ateara recuperava-se bem. Parece que Quil desejava sair daquela o mais rápido possível, antes mesmo de Jacob retornar com a solução. Já Bruh, não apresentava bons sintomas. Tinha febres altíssimas e, embora cicatrizados os ferimentos graças aos ataques de , ela ainda estava muito fraca para tomar a forma de loba.
Naquele dia, passou mais tempo em seu laboratório entre pesquisas incessantes sobre como ajudar os quileutes. Não encontrava nada muito promissor nos artigos, e uma das universidades em que ela entrou em contato lhe trouxe um atrativo material. Ela lia e relia as páginas da pesquisa enviada pela
Università di Bologna, seus olhos cansados começavam a deixar as palavras turvas e letras embaralhadas. Olhando no relógio, percebeu que ele já marcava oito horas da noite. Havia perdido a noção do tempo e em seu celular constavam inúmeras chamadas do pessoal da reserva. Ela retornou a ligação para Sue avisando o que aconteceu e que já voltaria para casa.
A noite estava bastante fria e com um fino suéter que mal conseguia aquecer-se, reuniu suas coisas pronta para ir embora. Trancou o laboratório e caminhou até seu carro. Ao tocar a maçaneta, um vento rápido e perfumado passou por ela. Assustada, ela olhou para trás e nada viu. Aquela era a sensação estranha, mas comum, de quando Mark se aproximava…
— Mark? — encarou ao seu redor o chamando, mas não enxergava ninguém. — Mark, você está aí? Pare de palhaçada e fale logo o que quer…
Nada ainda.
— Darak, é você? — Ela continuou falando sozinha para a penumbra da noite.
julgou que estava enlouquecendo mais rápido do que imaginou que aconteceria desde que chegou a Forks. Ela entrou em seu carro e deu partida de volta à casa um pouco mais confortável pela temperatura mais quentinha no automóvel, e um pouco mais segura por estar trancada dentro dele.
Na altura do seu antigo bairro, o Kalil, ela se assustou com algo parado no meio da estrada e freou bruscamente. Havia alguém no meio da estrada. Ao olhar para os lados, ela constatou que estava de frente para a sua antiga casa, o, agora entendido por ela, mausoléu que a mesma vendeu para Mark, e havia uma única luz acesa dentro dela. Depois de esmiuçar atenta aquele cenário conhecido, retornou seu olhar à frente para a estrada novamente e gritou de susto ao ver uma pessoa tão perto. Ela caminhou calma e risonha até a lateral da janela do motorista. estava muito, muito eufórica, mas não demonstraria aquilo nem que estivesse com as mãos da morte sobre seu pescoço.
A mulher loira, a mulher que avistara com Mark, bateu no vidro do carro pedindo para falar com ela. Tinha um sorriso plácido e um olhar mortal. observou novamente a casa e nada diferente da única luz acesa estava ali. Encarou aquela mulher com a coragem que aprendera a ter em Forks.
“Se fosse para me matar, eu já estaria morta”, foi o que pensou. Contudo, mesmo quase certa de que não morreria naquele momento, o fascínio que enxergou nos olhos dela era horrendo. retirou o cinto de segurança e manteve seu carro ligado. No mesmo instante seu celular tocou denunciando uma chamada de Embry. As duas encararam o aparelho juntas – , de dentro do carro com o telefone em mãos, e a mulher loira, do lado de fora observando-a. não atendeu a chamada, apenas abaixou o vidro da janela.
— Então você é a ?
— Quem é você e o que quer comigo parada como uma assombração na estrada?
Ela gargalhou fino e assustadoramente.
— Eles disseram mesmo que você era corajosa e ousada!
— E não socializo muito com tipos como vocês, fale logo quem é!
— Tipo como nós? Mas, o que acha que eu sou?
— Diga você — falou ríspida e seca a fim de acabar logo com aquilo. A mulher, claramente uma criatura da espécie de Mark e Darak, arqueou uma sobrancelha e estendeu sua mão com unhas perfeitamente feitas na direção de nossa heroína.
— Muito prazer. Eu sou Valerie — apresentou-se em tom irônico.
— O que você é? — perguntou pegando sua mão em cumprimento e notando o quão gelada estava, tivera certeza: era uma vampira. — Ou melhor, há quanto tempo você é um frio?
Irritada com a petulância, mas sem demonstrar alterações de humor, Valerie aproximou seu rosto ao de , e, sorrindo, respondeu-lhe a centímetros de distância. A respiração da humana, porém, dava sinais de falha.
— Há muito mais tempo do que você sonhava nascer, humana.
— E o que quer comigo, Valerie?
— Apenas queria me apresentar… Conhecer a mulher que foi poupada da sede de Mark e Darak… Por que será que eles não beberam? Já pensou nisso?
— Não tenho o menor interesse em saber o que eles pensam sobre mim, na verdade, não existe qualquer ligação entre nós. E vocês três deveriam ir embora de Forks o quanto antes, tão silenciosos quanto chegaram.
deu indícios de partir com seu carro, deixando a vampira com aquela provocativa palhaçada para trás, mas Valerie segurou o volante fazendo-a encará-la.
— Eu vim ajudar você, . As suas respostas estão bem guardadinhas comigo, e mais rápido do que pensa, você poderá tê-las. Acredite, tudo pode mudar para você e para melhor.
— Do que você está falando?
— Tudo tem um preço, você sabe. E o meu preço… Bom, se quiser mesmo continuar esta conversa, sabe onde me encontrar — disse Valerie apontando a antiga casa de e com sarcasmo: — Está muito friozinho para continuar conversando aqui fora agora, não é?
Ela abraçou os braços fingindo uma ingenuidade que já notara não existir nela, e sorriu esfregando-os. Valerie deu meia-volta no carro caminhando de volta para a casa, acenou sorrindo em despedida.
Frio definitivamente era a última coisa que ela sentia, quis dizer a ela. Porém não daria mais chances para um cenário pior. deu partida no carro, respirando fundo e longamente. Assim que chegou à reserva, ela fechou as janelas de seu carro, desceu do mesmo, encontrando Embry sentado no sofá da cabana dela, preocupado.
— Por que não me atendeu? — perguntou o rapaz à amiga logo que ela entrou em casa.
— Boa noite e desculpe… Eu estava dirigindo.
— Hm… Tem certeza? — Embry pôs-se de pé a analisando.
— O que houve?
— Estou preocupado com você! Seth disse que você estava estranha e não quis nem comer.
— Em compensação eu comeria um carneiro inteiro agora.
— Já preparei o seu jantar.
manteve a calma e olhou com ternura para Embry. Estava feliz por tê-lo como amigo, e, andando até ele, o abraçou forte.
— A gente se afastou tanto, não foi?
— Não acho… — Ele riu suspiroso. — E já acendi a lareira para te aquecer, suba para tomar um banho, eu te espero aqui. — Beijou o topo da cabeça e afagou os cabelos dela.
Ao entrar em seu quarto, notou que havia uma blusa de moletom sobre a cama. A blusa era de Embry e ela se lembrava perfeitamente daquele dia. O dia em que ela foi para a reserva pela primeira vez e por conta da chuva molhou suas roupas. Sorriu saudosa àquele tempo onde ela não passava de uma querida estranha intrusa na reserva. Depois, no banho, sorriu divertida ao lembrar de Embry e ela como um casal. Quem diria que tanta coisa mudaria entre os dois. Contudo, chegar em casa e notar a preocupação e cuidados dele apenas reforçava que Embry nunca deixaria de ser o primeiro amigo quileute que ela fizera, e se colocava cada vez mais como um irmão mais velho.
Ela desceu as escadas, Seth já havia invadido sua casa e comia seu jantar sentado em frente à lareira ao lado de Embry.
— Ele invadiu e roubou sua comida, eu tentei impedir.
— Tudo bem, Embry. Eu já estou me acostumando em como reagem os irmãos caçulas.
Sorriram os três e após montar seu prato de
fetuccine de cenoura ao molho
pesto, se reuniu a eles.
— O que fez hoje, ? — perguntou Embry.
— Trabalhei como uma escrava.
— Estava até agora no laboratório?
— Sim, Embry… Recebi alguns artigos de
Bologna, perdi a noção do tempo os lendo… Aliás, Seth, conseguiu falar com Jacob de novo?
— Não, não consegui.
Suspiraram pesadamente. Seth, recordando-se da conversa mais cedo, de repente iniciou um diálogo investigativo. Embry não entendia nada, mas lhe contou o mesmo que dissera ao Clearwater mais novo a respeito de investigar os frios em Forks. E quando Seth iniciou seu “eu tenho um plano”, o interrompeu contando de Valerie.
— Encontrei-me com a mulher loira. É uma vampira, seu nome é Valerie.
— ! Nós combinamos que ninguém faria nada até decidirmos juntos! — protestou ele.
— Ela que veio até mim! O que queria que eu fizesse?
“Só um momento que eu vou ver com meu sócio se posso falar com você”! — Você correu risco demais, ! Deveria ter atendido a minha ligação — Embry também reclamou.
— Exatamente, Embry, eu corri risco! Já pensaram se eu a ignoro ou atendo a sua ligação? Ela poderia resolver atacar!
— Afinal, ela é uma transformada recente ou não?
— O que isto importa, Embry? O tal Mark quebrou o acordo que a estabeleceu com ele de qualquer jeito! Vamos, vamos nos reunir e ir atrás dele! — Seth se levantou impetuoso, mas Embry o segurou pelo punho revirando o olhar.
— Cale a boca garoto, senta aqui.
— Você dois, me ouçam! Ela veio propor algo a mim, pelo menos foi o que pareceu.
repetiu as palavras da vampira e os meninos refletiam sem entender nada. Seth coçava a cabeça, pirracento por toda a nova confusão que começava. Parecia que um problema nunca teria fim para outro começar. Ou, na pior hipótese – a que acreditava –, todos os problemas eram apenas um interligado como uma grande bomba programada.
Embry, mais maduro a cada dia, controlou o nervosismo de Seth e decidiu que não agiriam por impulso, o que significava que não deveria teimar em agir igual. Lembrou-os de que ela era o “meio de comunicação” entre os lados, e que sabia como agir com Mark se fosse preciso dialogar. Mesmo assim, preocupados, os dois disseram que vigiariam os passos dela. Antes de irem embora, Seth abriu a porta da cabana na saída e, olhando para , ordenou:
— Vigiar seus passos também engloba controlar a sua alimentação, ouviu, garota!?
Ela sorriu afirmando cansada e logo depois que saíram, foi dormir.
No meio da madrugada outro pesadelo a assolou. Diferentemente do anterior, andava à frente de um imenso túnel escuro; ao seu lado estava Mark e atrás deles, pessoas encapuzadas. Parecia adentrar uma caverna, e quando a imensa porta se abrira, ela ouviu uma voz a chamando. Luan acordou assustada. Sua lombar formigava, então ela se sentou na cama e sacudiu os cabelos nervosamente. Não entendia nada do que vinha acontecendo consigo e aquele formigamento muscular só poderia ser o cansaço extremo de horas sentada no laboratório.
A fim de espreguiçar-se, ela se levantou e tocou em sua lombar esticando-se para frente, mas sentiu uma queimação local incomum. caminhou até a caixa de medicamentos no banheiro para procurar um relaxante muscular, enquanto a dor e queimação aumentavam. Quando tocou o local sintomático do corpo com a mão direita, sentiu um reflexo branco em seus olhos e uma espécie de visão do momento em que ela tocou na mão de Valerie surgiu.
puxou a mão que havia cumprimentado Valerie e que era a mesma sobre sua lombar e viu que ela estava suja com sangue. Ainda sentia dor e estava assustada, apavorada na verdade, de costas ao espelho, foi averiguar. Qual surpresa horrenda não foi ao ver uma marca surgindo aos poucos sob sua tez, rasgando-a e ferindo, deixando uma linha fina e mais clara que sua pele, como um sinal natural, uma tatuagem sem cor.
Ela se aproximou mais do espelho e devido ao sangue, pela marca em aparente queimadura – como aquelas feitas a ferro quente – não podia entender o que era o desenho. Reuniu seus itens de primeiros socorros e tentou limpar com dificuldade o local, mas não conseguia sozinha. Telefonou ao celular de Seth na esperança de que ele acordasse e atendesse, e ele atendeu. Surgiu eufórico, batendo apressado na porta da cabana da amiga.
— O que houve, !?
— Venha, suba comigo!
Seth se preocupou ainda mais ao notar a feição de horror estampada no rosto da amiga. Ao entrar no banheiro, ele bateu os olhos nos preparos de primeiros socorros e antes que perguntasse qualquer coisa, a mulher retirou a própria blusa de seu corpo e se virou de costas a ele.
— O que você fez? — Seth deixou o queixo cair em descrença e ora encarava os olhos da amiga, ora a marca em suas costas.
— Eu não fiz nada, Seth! Juro!
— Como isso aconteceu?
Ele tocou na ferida, e como se o gesto despertasse algo, outra visão forte e clara veio à frente dos olhos de , como uma espécie de premonição. Era Jacob correndo pela mata densa e atrás dele, a matilha, em seguida Seth ao lado dela, e os dois iam a algum lugar desconhecido.
— ?
— Outra visão! Acabei de ter outra visão quando você tocou a marca! — confessou , apavorada.
— Pelos céus, o que está acontecendo aqui? — Seth cruzou os braços a encarando tão assustado quanto a amiga.
Então contou a Seth tudo que ocorrera naquela madrugada. Seth tocou novamente na ferida, mas a mulher não sentiu mais nada além da dor do ferimento. Ele limpou e fez os curativos. Apesar do horário, para , outra vez já não havia mais sono. Os amigos desceram para a cozinha, ela preparou um café quente e Seth disse que estava exausto demais para se dopar com cafeína, se jogou no sofá da sala e adormeceu rápido. Sua feição confusa e séria denunciava o sono conturbado pelos inúmeros ocorridos de dias. se sentou no banco da pequena ilha de sua cozinha e ficou de frente à janela daquele cômodo observando a neblina lá fora. Quando finalmente notou os sinais do amanhecer, saiu antes de Seth acordar deixando-lhe apenas com um bilhete:
“Fui atrás de respostas e não se preocupe, não irei até Valerie.”
Ela estava parada encostada no capô do seu
Mustang de frente para a mansão de vidro. A placa “Residência Cullen” sob a neblina fraca que se dissipava naquela manhã mostrava fracamente um risco sobre as palavras, e que parecia recém-feito.
— Eu estou pensando mesmo em arrancar esta placa daí.
escutou ele dizer e já imaginava o sorriso sacana que estaria em seu rosto. Ela já sabia que Mark estava chegando, afinal, agora ela podia pressenti-lo. O vampiro saiu de trás do carro dela e parou encostado ao lado de , sorridente.
— A que devo a honra?
— Onde estava, Mark?
— Sou seu namoradinho agora por acaso para lhe dar alguma satisfação?
— Nunca. Apenas queria saber por que não saiu pela porta da frente da
sua casa.
o encarou de maneira desafiadora, e o olhar de Mark sobre ela mudou. Era sempre tão ameaçador, mas naquele momento, ao cruzar de seus olhares, a mulher pôde notá-lo desarmado.
— Há algo diferente com você…
— Há mesmo, e você vai me responder algumas questões.
— E se eu não quiser? — Virou-se apoiando-se sobre o cotovelo e a desafiou.
— Não estou lhe dando escolhas.
— Uau… O que fizeram com você?
— Quem é Valerie e por que ela está aqui?
— Ela já te encontrou? — Mark ficou surpreso e alarmado, tudo, claro, dentro de suas atitudes sempre muito concisas.
assentiu afirmativamente e ele se levantou ajeitando sua impecável vestimenta. Andou em direção ao interior da casa e após um tempo observando em volta, entendeu que era para o seguir. Mark encarou-a levemente sobre seu ombro e sorriu de lado afirmando:
— Estamos sós, não se preocupe.
— Isto nunca foi razão para não me preocupar.
Ele deu uma risada fraca e abriu a porta para que ela entrasse. Era a segunda vez que pisava ali e a sensação não se tornara melhor. Aquele lugar era sombrio, mesmo com tanta luz adentrando-o.
— Valerie te assustou, foi?
— Não. Talvez um pouco, mas me deixou muito mais curiosa do que com medo.
— Claro… E onde ela te encontrou?
— Ao que parece você cedeu a minha antiga casa aos seus amigos monstrinhos — esclareceu um tanto ofendida.
—
Outch! Monstrinhos? E os seus amigos são o quê? — zombou Mark dramático.
— Certamente não são monstros, mas não vim discutir quais seres sobrenaturais são mais assustadores, ok?
— Até porque ganharíamos.
— Não seja infantil, Mark. Não faz o seu estilo.
Ele riu debochado e ofereceu para que ela se sentasse. observou ao redor e não recordava se havia móveis naquela casa a última vez que estivera ali. Mas agora havia.
— O que quer saber? Já adianto que não garanto responder nada — perguntou o frio um tanto desconfiado.
— Você
vai responder. E para começar, quem é Valerie e por que ela está aqui?
— Não é minha namorada se quer saber.
— Não perguntei isso.
— Aquele dia na praça, você me pareceu bem enciumadinha… — Mark rodeava o assunto com piadas inadequadas e estava sem paciência.
— Mark! Não faça piadas, eu não estou com paciência.
Com a altivez da mulher, a expressão brincalhona do vampiro modificou-se à séria.
— Sua ousadia é irritante. Vale lembrar que você está no meu território.
engoliu seco. Ela interpretava um excelente papel despreocupado, embora estivesse uma pilha de nervos. O que faria se por acaso outros deles chegassem?
— Apenas me responda, sem mais piadas, por favor.
— Melhor assim… Valerie é uma de nós e está aqui por sua causa.
— Ela disse que veio me dar respostas, sob um preço. Do que ela estava falando?
— Ela estava falando o que você queria ouvir, não significa que ela veio para isso. Ela pode manipular você,
se você não acordar antes disso.
— Sem piadas e sem metáforas, Mark.
— Já deve ter notado que há algo diferente em você.
suspirou e percebeu que o frio sabia, talvez, das informações que ela precisava e que serviram como isca de Valerie para atiçar a curiosidade de outrora.
— Sim. Eu notei.
— Você, por incrível que pareça, pode representar um risco para nós,
zinha.
— Sentenças de diálogo maiores serão apreciadas,
Markzinho — ironizou ela de volta, impaciente pela fala dele carregada de mistério e poucas linhas.
— Antes de mais nada… Quero que saiba que… — Ele parou de falar e se mover, como se congelasse, e girou a sua cervical como se buscasse algum controle. — Droga!
— O que houve, Mark?
— Você não tem dimensão do que faz comigo.
— Do que você está falando?
— Pare!
— Eu não estou fazendo nada.
— Este seu… desejo de saber a verdade… é
perigoso. — Mark se afastou e ficou de costas para .
Como um estalo na mente dela, notou que algo em si o fazia reagir aos seus comandos… Ele não queria falar nada, mas estava ali.
Algo nela parecia controlar as reações dele, e imediatamente se recordou das várias vezes em que ele poderia tê-la assassinado e não o fez, e as outras tantas vezes que ele indicara sentir uma atração a estar com ela assim como ela, a ele. Como um ímã.
— Meu desejo de saber a verdade? — se levantou aproximando e refletindo sobre aquilo. Sua sede pelas respostas o fazia falar? Era isso? Ela não sabia, mas usaria a seu favor. — Olhe para mim, Mark.
Ele virou-se após relutar um pouco se deveria ou não, mas na aposta de que tinha o poder de controlá-lo, acreditava que, desejando fortemente, ele obedeceria.
— Fale o que sabe sobre mim, Mark.
— Você tem poderes sobrenaturais e já sabe disso, Valerie foi enviada para detê-la. E a melhor forma é transformar você, então fuja de Valerie.
— Como eu represento um risco para vocês?
— Vai descobrir quando se despertar para o que você é. — Mark relutava em falar, mas era como se estivesse sendo torturado, imóvel e dolorosamente pela presença de .
— Seja mais claro, por favor,
despertar para o quê?
— Valerie é quem sabe e por isso está aqui. Mas não pense que conseguirá as respostas dela tão fácil como está sendo comigo. Desde o nosso primeiro contato você estabeleceu um controle que me afetou e eu já estava envolvido sem que fosse minha vontade.
— Valerie pretende me transformar e Darak e você vieram para ajudá-la?
— Não, nós viemos por outra razão, mas ao descobrir você, outros descobriram.
Aos poucos, Mark foi retomando o controle do que queria e deveria dizer, no entanto, colaborou de bom grado, afinal, ele não era o inimigo que pensava.
Nunca foi. — Como outros descobriram que eu estava aqui? Vocês disseram?
— Sim. Inicialmente, Valerie estava envolvida com as mesmas questões de Darak e eu, mas… Foi designada a cuidar de você.
— Então, a Valerie sabe mais ao meu respeito, e há alguém que não me quer por perto. Certo?
— Sim.
— Então Valerie terá que me explicar direitinho o que está acontecendo!
— Não, não faria isso se fosse você! — alertou Mark, nitidamente preocupado. — No estágio em que você está, Valerie concluiria seu objetivo rapidamente.
— Por que está me ajudando, Mark? — Foi então que percebeu que a postura dele para com ela era protetiva desde que o conheceu.
— Porque você está me obrigando — mentiu ele.
— Quanto mais eu posso te obrigar? — A fim de testar, perguntou enquanto se aproximava lentamente dele.
— Você terá que descobrir essa sozinha,
mi amore. Seus olhos eram desafiadoramente atraentes. Como em toda vez que eles estavam próximos, percebia um sentimento de sedução entre eles, e aleatoriamente ela começava a gostar bastante daquilo.
— Outra coisa, Mark: Darak não precisa saber desta conversa, certo? Até porque eu não sei qual é a dele.
— E nem a minha — advertiu Mark como se tornasse a tentar soar ameaçador para ela.
— Mas acho que eu consigo colocar você todo na palma da minha mão, logo, logo.
— Veremos! — O vampiro suspirou ao sentir o corpo retomar o controle próprio. fazia de propósito ou ainda não havia percebido o quanto estava poderosa? — Mas fique tranquila, se você me pegar, pega o Darak também.
— Vou providenciar as duas jaulas o mais rápido possível. — Assim que ela terminou de falar, Mark relaxou como se aquela fosse a primeira vez que respirava durante todo aquele diálogo.
sorriu vitoriosa saindo dali e acenando-lhe de costas. Ela não sabia a razão para aquilo, mas descobriu que não tinha mais medo de Mark. Naquele momento em que saía de perto dele, sua marca ardia ainda mais forte.
No caminho de volta à reserva, ela telefonou para Seth.
— Garota! Onde você está? , você perdeu o juízo?
— Estou bem, Seth, fica calmo. Já foi trabalhar?
— Não! Como iria sem saber o que te aconteceu?
— Malaika está aí, não está?
— Sim, mas o que-
— Você lembra o caminho para a reserva Whitton? — o interrompeu.
— Lembro, mas o que-
— Prepare algumas roupas, vamos sair e pode ser que não voltemos hoje — ordenou novamente ela sem deixá-lo terminar.
— O que está tramando, ?
— Tente arrancar informações sobre mim com a Malaika, não acho que ela vá me falar mais alguma coisa…
— E nem a mim, mas tentarei.
— Certo, estou quase chegando!
— Espera! É segredo que vamos sair?
— Não, eu não te chamaria se fosse… Como se você soubesse manter segredo — zombou a amiga dando um pouco de humor à conversa entre eles que parecia um tanto tensa.
— Você vai me contar direitinho o que foi que te deixou atrevida assim esta manhã!
— Atrevimento é minha mais nova qualidade… Você não sabe o quanto!
desligou a chamada e não demorou para que ela e Seth saíssem em direção à reserva Whitton.
Capítulo Vinte e Nove
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dirigia atentamente e ansiosa, enquanto Seth lhe ensinava o caminho à reserva Whitton. Ele não havia perguntado nada sobre o que havia acontecido porque sabia que alguma hora ela mesma faria, mas, como sua curiosidade era característica principal, não segurou por muito tempo:
— Você não vai me contar nada?
— Este é o Seth. Seth não sabe esperar. Seth é impaciente e fofoqueiro. Acalme-se, Seth, estou colocando as ideias no lugar.
— Esta é a . quer tudo no tempo dela. deixa os amigos aflitos. na verdade está selecionando o que vai me contar ou não. Oras, , fale logo.
Os dois se olharam zombeteiros e começaram a rir.
— Está certo… Eu estive com Mark.
— Eu sabia! — falou Seth e suspirou insatisfeito.
— Ele me revelou fatos curiosos e estamos a caminho da verdade.
— Sobre você? Na reserva Whitton? Mal sabem sobre nós…
— É verdade, mas Malaika já provou conhecer alguma história, não é?
— Conte, o que ele disse?
— Antes de falar o que eu ouvi, preciso te contar como eu me senti. — encarou Seth com espanto recordando-se das sensações, e ele desligou o rádio do carro para se atentar ao que escutaria: — Seth, assim que cheguei… Não, na verdade, dias atrás. Quando encontrei Valerie. Eu senti o habitual temor e calafrios de quando eles se aproximam. Mas, hoje com Mark, eu pressenti que ele chegava, mas não com a sensação de antes. Era como se eu não tivesse medo. Como se eu soubesse exatamente quando ele chegaria. E aí, enquanto conversávamos, eu descobri que posso estabelecer um controle sobre ele.
— Como assim?
— Eu não sei explicar ainda, mas Mark foi respondendo minhas perguntas “meio obrigado”, era o meu desejo de saber a verdade que o fazia responder. E ele lutava contra aquilo.
— Já vi algo parecido antes… — afirmou Seth, apertando os pequenos olhos a fim de revolver as lembranças do passado enquanto contava: — Havia um deles quando Bella ainda estava aqui. Na verdade, nada exatamente igual, mas havia uma vampira que podia torturar os outros com dor. E outra podia eletrificar quem quisesse com um simples toque… Bem, mas por mais que eu pense, não me recordo de nenhum ser parecido com o que você diz.
— Não é físico. O que eu pude fazer com Mark, é psíquico!
— Edward lia pensamentos. E a Alice podia prever o futuro. Até onde me lembro, eles estão mais perto do que você diz conseguir ter feito.
— É, mas eu não sei como fiz isso. Eu só deduzi pelas reações de Mark.
— Quando você lutou com a Bruh, não se transformou em nada, mas eu vi. E você sabe que é verdade: presas saíram de sua boca! — Seth tentava buscar alguma ordem e relação nos fatos trazido pela amiga.
— O que está insinuando? Que eu sou um tipo de vampira agora?
— Bem… Você lutava como eles… Com força sobre-humana, em um corpo de mulher e tinha dentes afiados. Eu diria que foi um embate muito parecido.
— Não! Não viaja Seth! Eu não sou um deles!
— Não estou dizendo que é. Só estou buscando pistas de onde começar a procurar.
— Espera… Mark disse que Valerie sabe sobre mim e ela também disse que tinha respostas… Ele disse também que ela veio para cá para me deter e que eu deveria ficar longe dela porque sua intenção é me transformar em um deles, pois eu represento alguma ameaça a eles.
— Mas se você fosse como eles, por que te deter? E te transformar? E como você é uma ameaça?
— Droga, Seth… Está tudo tão confuso, eu nem sei por onde começar! — bufou, batendo no volante impaciente.
— Calma, vamos passo a passo, tudo bem? — Seth suspirou e pegou na mão da amiga a confortando.
— Certo! Primeiro, vamos descobrir o que os Whitton podem saber a meu respeito.
— Malaika não me contou nada diferente do que já havia dito a você.
— Pegue um papel e caneta na minha bolsa. Vamos criar um roteiro.
Seth seguiu seus comandos, e, à medida que eles viajavam e se aproximavam, o “roteiro” ia ficando grande. Tão grande quanto a quantidade de dúvidas naquilo tudo:
Quem é ?
- Tem descendência indígena e possível proximidade com os quileutes;
- Malaika diz que é responsável por despertar algo nos quileutes, que guarda o espírito de um lobo e que é uma presença perigosa;
- Os pesadelos de demonstram duas espécies sob o controle de uma mulher;
- pressente os frios e possivelmente pode os controlar;
- Surge em uma marca e ela sente-a queimar quando está com os frios;
- teve visões possíveis do futuro;
- Mark disse que Valerie tem interesse particular em , e que ela é uma ameaça aos frios;
- não é um frio, pois segundo Mark, Valerie ainda tem que transformá-la;
- Mark revela que realmente tem poderes sobrenaturais.
Seth leu item a item. Em seguida, a encarou, aguardando a sua posição sobre tudo.
— Ainda está confuso, mas… Vamos começar pela minha ligação indígena com vocês? Quer dizer… Tentar descobrir que lenda é esta que faz os Whitton “me selarem” com aquele ritual.
— Eu já te previno que eles não são muito adeptos a compartilhar segredos.
— AH! E agora você diz isso? Por que não trouxe Malaika, então?
— Porque eu mal sabia o que estava acontecendo!
Os amigos chegaram na reserva “vizinha” e se olharam incrédulos um com o outro por não pensar na resistência que encontrariam. Não poderiam perder aquela viagem. Então disse ao amigo que, se nada ali os ajudasse, ela procuraria a avó de Scott. Ela parecia saber muita coisa também.
Seth assentiu e desceu do carro antes, foi caminhando até o líder da reserva que já os espreitava. Apresentou-se, mas antes disso, havia sido reconhecido e com isso, eles foram bem recebidos, entretanto, como Seth imaginava, os Whitton não facilitaram. Após insistir respeitosamente no assunto, os convenceu a compartilharem algo. Ela lhes contou o que Malaika havia dito a ela, mas esperava conseguir compreender melhor. Logicamente, Seth a auxiliou com o dialeto deles.
O ancião da tribo chamou-a para dentro de uma das cabanas. Os anciãos estavam acima dos líderes, e foi com a ajuda dele que ela conseguiu saber algumas coisas, entre elas, a lenda da deusa Rhikan, que a avó de Scott havia lhe contado. encarou Seth um pouco apreensiva. Apesar do receio, o velho lhe passou confiança e então os dois seguiram o ancião, cujo nome Seth a informara: Taekhi.
A cabana dos Whitton pouco se diferenciava das quileutes. já havia estado numa delas antes, mas não havia se atentado aos detalhes: eles tinham demasiadas imagens talhadas espalhadas por suas cabanas. Acreditavam ou cultuavam mais os espíritos do que os quileutes.
Foram convidados a sentar sobre um grande tapete após entrarem em um cômodo que julgava ser “o oratório” do ancião. O velho sorriu amigável para os dois, e Seth comunicou-se com ele. Algo que talvez fosse um “pode começar”, uma vez que assim que o falou, Taekhi começou a história.
“Em um tempo muito antigo, antes mesmo de homens caminharem pelas matas conscientes do que eram e de todas as coisas terem nome, existia uma deusa. Rhikan. Detentora do conhecimento sobre as matas e sobre magia. Rhikan era a própria Lua e o Sol. Ela podia controlar os ventos, as águas, mas, principalmente, o nascer da noite e do dia. Conta-se que nada mais vivia sob o universo. Então, Rhikan manifestou-se num corpo humano e desceu à Terra no desejo de saber o que havia aqui. Ela peregrinou por todo o canto onde o olho humano possa ver, e chegou a infinitos onde nem mesmo nossa cabeça poderia criar. Não havia outros como ela e nem figuras como a que ela havia se materializado. Apenas animais. Rhikan passou muito tempo sozinha na Terra, descobrindo-a. Lobos a acompanhavam durante o dia. E os morcegos faziam da noite um evento mais vivo. Um dia, Rhikan notou que quando ela invocava o anoitecer, os lobos adormeciam, e ao invocar o dia, eram os morcegos que adormeciam. Nomeou-os criaturas do dia e da noite. Até que chegou o tempo em que lobos e morcegos não satisfaziam mais a companhia da deusa e ela criou um ser idêntico ao que ela havia se materializado. Contudo, os animais, antes fiéis a ela, se aproximaram daquele novo ser, e Rhikan, enciumada, decidiu retomar sua forma divina e voltar à dimensão do universo ao qual pertencia. A nova criatura então, se apaixonou pelos lobos e originou outros iguais a ela, mas também iguais aos lobos. Foram os primeiros de nós a existir. Rhikan, enfurecida, tomou a noite, fazendo todos adormecerem e com sua magia fez com que os morcegos transformassem alguns deles em seres como eles, não exatamente iguais. Assim nasceram os frios. A primeira criatura chorou a perda de seus filhos que deixaram de ser o que eram. E Rhikan ressurgiu após sua maldade, separando as espécies e lançando a maldição: um não pode viver com o outro. A noite é inimiga dos cães e o dia inimigo dos frios. A deusa era a única que podia controlar a noite e o dia, e, por isso, controlar os frios e os cães, assim como seus descendentes. E, àquela primeira criatura que criara, ela proferiu: darás a luz a uma criança que será minha e entre os dois mundos poderá trazer a paz ou o caos. Nunca mais ouvira-se falar na deusa que sumiu da Terra deixando-os, e apenas voltara a controlar o nascer da noite e do dia.”
Seth traduzia cada frase de Taekhi e, ao terminar, os amigos olharam um para o outro, curiosos e confusos. Taekhi sorriu e os perguntou:
— Suponho que não é o suficiente para compreender?
Seth traduziu a pergunta do ancião. , em resposta, negou com um aceno de cabeça, então o ancião levantou-se e saiu, retornando com um livro velho em mãos.
“Há muitos anos, é aguardada a profecia. Os frios buscam a criança de Rhikan para que tomem o poder da deusa para si e dizimem aqueles que os destroem. Contudo, a profecia é clara. A criança, cuja a deusa disse que nasceria daquela que deu à luz e apaixonou-se pelos lobos, é irmã dos lobos. E por isso, eles se encontrarão em algum tempo, e juntos formarão uma forte aliança.”
Taekhi mostrava as páginas do livro, cheia de frases em dialetos desconhecidos que Seth avidamente lia, enquanto apenas se atentava às figuras. Poucas ela compreendia. E então, em uma das páginas ela viu o selo que Malaika havia colocado nela e apontou para ele, olhando o ancião, em dúvida. Ele compreendeu o que ela queria dizer, mas nada disse. Então a amiga pediu a Seth que lhe perguntasse se ela era a criança de Rhikan.
“Não é algo que devemos assumir. E nem negar. A única pessoa que pode descobrir a criança é ela mesma, que despertará no tempo certo. Tudo o que sabemos sobre a lenda de Rhikan é isto. E por isso controlamos os ataques com o selo de Rhikan. Acreditamos ter funcionado em você e por isso Malaika o utilizou. Mas não podemos dizer que é você a criança da profecia. Isso só você pode descobrir, ou não.”
se deu por satisfeita após tudo aquilo e disse a Seth que podiam partir. Eles se levantaram e agradeceram ao ancião. Saíram da cabana e o líder da tribo estava do lado de fora, aguardando. Taekhi sorriu para os dois jovens e pegando na mão de , encarou seus olhos por alguns minutos, sério e silencioso, e, depois, sorridente lhe disse:
“não se preocupe com as respostas, elas virão até você”. assentiu silenciosa e saiu em direção ao carro.
No caminho de volta, Seth e ela pareciam ter descoberto a cura de um câncer raro. Estavam pensativos e silenciosos. Só quebraram o silêncio até a metade do caminho de volta, quando ela decidiu falar:
— E então? — perguntou . — O que achou disso tudo?
— Muita coisa indica que a profecia pode ser sobre você.
—
Muita. Pegue aquele papel e me acompanhe…
Seth pegou o “roteiro” em seu bolso e acompanhou os pensamentos da amiga.
— Segundo a lenda… A deusa detém conhecimento das plantas… Uma coincidência, mas…
— Você cria remédios e emplastros com maestria.
— A criatura se apaixonou por um lobo.
— Você por vários.
— E então, uma criança nasce dela que também não é nem lobo, nem frio, e nem criatura. Mas transita entre os três mundos.
— Você de novo. Humana esquisita, herança indígena com nosso sangue, e intermediária dos frios. E não esqueça que a deusa tem poderes mágicos que controlam os mundos.
— O que me remete ao que aconteceu com Mark. E meus “poderes” sobrenaturais. Na profecia também os frios estarão atrás da criança.
— Confere.
— Mas os lobos se encontrarão com ela por serem descendentes indiretos.
— Você veio até nós.
— E não posso esquecer jamais do meu pesadelo, Seth: a mulher sob a lua, controlando lobos e seres sombrios, um sob a noite e o outro sob o fogo. Só pode ser isso: a criança da profecia.
— … Eu não acho que tenha alguma coisa que
não deixe claro que é você. E teve o lance da avó de Scott
afirmar que a deusa se manifesta no seu corpo.
— Supondo a realidade ser justamente a da profecia… Qual o nosso próximo passo?
— Descobrir o interesse dos frios em você?
— A profecia já diz: destruir-me para dominar esse dito… “Poder”.
— Sim, mas… Será mesmo só isso? O Mark não havia dito que a razão de terem vindo para cá primeiramente não era você?
— Verdade… Vieram por outros motivos, mas ao me descobrirem… Na verdade, ao me descobrirem só Valerie foi encarregada de me deter. Mark e Darak ainda estão aqui pelo mesmo motivo que, de certo modo, não parece ter ligação com essa lenda.
— O que me faz pensar que o ataque ao Sam foi mesmo proposital e nada teve a ver contigo — concluiu Seth, tentando entender o que motivava Darak e Mark, os primeiros vampiros a chegarem ali, a terem ido até Forks.
Ao voltarem para a reserva, Seth e combinaram que nada seria comentado sobre aquilo. O foco se fazia necessário e deixar todos cientes colocaria mais pessoas a “comandar” a situação. E não era o que ela queria.
Aquela noite, mal pôde dormir. Não conseguia parar de pensar no que acontecia. E depois, começou a pensar em Jacob. Até escutá-lo lhe chamando. acordou assustada. Estava sonhando, mas a presença dele se fazia sentir, como se estivesse ao seu lado. Seria mais uma novidade da sua recém-descoberta
paranormalidade?
Amanheceu e ela se preparava para o trabalho quando abriu a porta da sua cabana e encontrou Malaika parada diante da mesma, como se fosse bater ali. Ela não havia dito nada, apenas pegou em sua mão e entregou à um pacotinho. Ao abrir, a bióloga descobriu que dentro dele havia sementes vermelhas. Ela não recordava o nome, mas reconheceu a espécie pelo cheiro. Aquilo era veneno. não entendeu, mas Malaika sorriu e voltou à cabana de Sue. Como se estivesse dando para algo que ela precisava guardar, a mulher colocou o embrulho em seu bolso.
Charlie estava chegando do trabalho noturno e a abraçou, caminhando com ela até Sue, depois de abraçar a mais velha, também entrou na casa dela e subiu para o quarto onde estava Quil. Ele estava em pé com Embry e Seth ao seu lado. Não o visitava há alguns dias.
— Quil! — exclamou , feliz ao vê-lo de pé. — Que bom vê-lo recuperando-se bem!
— ! — Ele encarou surpreso à chegada da mulher, afirmando: — Estou bem melhor!
— Eu fico muito contente com isso, de verdade. — abraçou-o e ouviu o irmão da caçula Ateara comentar ingênuo:
— Agora, quero ver a Bruh. Estranhei ela não ter me visitado mais.
— Ahn… Quil… — começou a falar sem graça, se sentia culpada, mas Embry a interrompeu.
— Ela andou doente, Quil, mas está melhor e está na cabana de Emy, foi buscar o emplastro da .
A verdade dita por Embry pegou de surpresa, ela não sabia que Bruh estava melhor tão rapidamente e que já caminhava pela reserva. Quil assentiu e saiu do quarto apressado para ver a irmã, ele parecia revigorado.
— O que foi essa melhora repentina de Bruh?
— Foi o seu remédio. Sam, nos contou da recuperação dele e nós entupimos Bruh daquela bruxaria sua — disse Embry, brincalhão, e Seth e ela se entreolharam de modo cúmplices. Disfarçaram antes que Embry percebesse que eles escondiam algo.
— E quanto ao Quil? Ficou bem tão de repente…
— O Quil na verdade foi uma surpresa mesmo. De ontem para hoje teve uma melhora significativa.
Assentiram silenciosos, Seth e ela e em seguida Embry se despediu apressado para tomar o café da manhã.
— Vamos, Seth?
— Vamos, já faltei ao trabalho ontem por sua causa! — O mais novo a abraçou, culpando-a pela falta e os dois desceram as escadas lado a lado, abraçados e conversando coisas cotidianas.
deu carona a Seth e combinaram de voltar dos seus trabalhos, também juntos. O dia na farmácia foi como todos os outros, e a tarde no laboratório tão cansativa e cheia de fórmulas como todas as outras. As pesquisas de avançavam em teoria, mas não em prática. Ainda faltava algo para ela descobrir
exatamente como parar as transformações quileutes. Antes de ir encontrar Seth, ele já estava parado do lado do carro dela no fim do dia.
— Veio andando?
— Correndo. Percebi que estou ficando um lobo muito fraco, então pratiquei um pouco de corrida.
— Vai dizer que a culpa disso é minha também?
— Não tenho dúvidas — zombou ele, a irritando.
Eles entraram no carro e seguiam para a reserva até serem abordados na estrada por Mark, poucos metros depois do laboratório, muitos metros antes do bairro Kalil. Seth desceu do carro nervoso e lhe pediu para ter calma. Os dois caminharam até Mark, que parecia apressado.
— O que houve? Que abordagem é essa agora, Mark? — disse séria para ele, já tentando estabelecer o controle sobre o vampiro e sentindo a sua marca queimar nas costas. Devia significar que aquilo estava funcionando.
— Você tem que vir comigo antes que Valerie a encontre.
— Ir contigo para onde? Está louco? não vai com você a canto algum… — Seth avançou na direção dele, mas o segurou.
— Calma, Seth! Mark, me diga o que aconteceu.
Mark não parecia estar contra a discreta ordem dela, tampouco, sentia-se controlado pela mulher.
— Eu vou te levar a um lugar que pode fazer você achar as respostas que precisa. E de quebra ficará protegida de Valerie por um tempo, seu amiguinho lobo aí que me desculpe — apontou para Seth —, mas vocês não são capazes de defendê-la de Valerie.
— E por que — proferia Seth com ódio, aproximando-se mais e mais de Mark — logo
você quer ajudá-la?
Mark sorriu desafiador a Seth, e, olhando para , disse:
— e eu temos um lance… Ela sabe. E, para ser sincero, eu preciso da sua ajuda, . Então não posso deixar nada te acontecer ainda.
— Seth… — puxou o amigo, distanciando-o de Mark discretamente e falou mais baixo: — Eu vou com ele. Pressinto que Mark não mente, inclusive porque eu não quero que ele minta. Entende?
— Você descobriu ontem que é um tipo de bruxa e já está achando que pode montar numa vassoura e sair voando?
— Seth… Eu sei que parece imprudente, mas eu tenho que ir. É uma boa chance de descobrir
o que além de mim os trouxe aqui.
— Eu vou com vocês.
— Não, Seth! Eu preciso que você me dê cobertura aqui, e controle as coisas para mim…
— Não concordo com nada disso.
Mark se aproximou dos dois como uma rajada de vento e, revirando os olhos, disse para o jovem Clearwater:
— Ei, garoto! Eu não vou acabar com ela, fique tranquilo. Tem a minha palavra.
— O que faz você pensar que isso vale algo para mim? — Seth o desafiou com raiva.
— Eu já disse: eu não quero que ela seja pega. E você também não. Então, por enquanto, vamos colaborar um com o outro?
— Tudo bem, Seth. Só, faz o que eu pedir — declarou ao amigo, e, a muito contragosto, mais uma vez, Seth cedeu aos seus pedidos.
combinou com Mark de a encontrar na saída da cidade. Pediu a Seth para a acompanhar até a reserva e depois deixá-la no ponto de encontro. Seth, com razão e revoltado, bradava broncas a ela no caminho de volta. Ele não estava errado quando dizia que era uma loucura absurda que acompanhasse um frio a algum lugar que ela não fazia ideia, por um motivo que não havia sido exposto. Mas, além do seu ímpeto a correr riscos, a intuição de lhe dizia que ela o deveria seguir.
— E como faremos com Jacob? Essa manhã ele já reclamou por telefone horrores na minha cabeça por nós dois termos desaparecido ontem! — indagou Seth, preocupado, à amiga.
— Diremos a ele e aos outros na reserva que Julian e Hernando precisavam que eu viajasse para resolver um problema para eles. Não acho que teremos algum problema com isso, já que os gêmeos mal aparecem em Forks, e se eles aparecerem não é como se alguém lhes fosse perguntar algo. De todo modo, por isso você deve ficar também e me dar cobertura. Eu não sei por quanto tempo ficarei fora, você precisa ser convincente de que tudo isso foi do nada, e principalmente com Jacob. Se Black voltar antes de mim, não deixe que ele encontre os irmãos Vincent e me avise imediatamente.
— Ele deveria ter voltado dessa expedição muito antes, isso sim. Assim ele a impediria melhor!
Seth, embora desgostoso de tudo aquilo, se deixou ser convencido por ela. Ele seria a única ajuda que ela teria.
Os dois chegaram na reserva e deu as explicações aos presentes, que, por mais desconfiados que pudessem estar, acharam uma urgência normal na sua rotina sempre fantástica que:
“a funcionária fora solicitada pela empresa”. Já em sua cabana, preparava as malas quando Seth chegou dizendo que Sue insistiu que ela jantasse antes de partir, e perguntou a ele aonde eu iria, mas o amigo sabia ser discreto quando queria, fingiu não saber de nada. Seth a ajudava a separar algumas peças de roupas quando ouviram um barulho no andar de baixo, mas não avistaram ninguém e nem obtiveram resposta quando perguntaram.
— Vamos combinar que assim que chegar sabe-se lá onde, você vai me dizer qual é o lugar. E se for perigoso vai me enviar a sua localização via GPS!
— Certo, Seth.
— E tem mais, dependendo do local, eu vou calcular uma média de dias para você demorar e se passar o tempo, irei atrás de você.
— Ok.
— E você, assim que possível, vai me contar o motivo de Mark levá-la, nem que seja por mensagem ou alguma telepatia das suas novas bruxarias.
— Eu não sou uma bruxa.
— Você não sabe. E tem mais uma coisinha.
estava ansiosa e Seth não parava de falar. Entendendo a preocupação dele, ela respirou fundo e largou a sua jaqueta sobre a cama.
— Fala, Seth.
— Já usou essa aqui com o Jake?
Assim que ela se virou, lá estava Seth com uma cara atrevida segurando uma das suas calcinhas de renda azul-turquesa das mais bonitas que ela tinha. sorriu sem graça e ele gargalhou, correndo para a abraçar.
— Foi só pra descontrair! — mencionou ele, a acalmando, e provocou: — Mas ele já viu?
— Não! E devolve isso!
— Promete que me deixa vê-la vestindo um dia?
— Seth!
— Sem maldade, juro. É só curiosidade.
— Deixa o Black saber.
— Ei! Ele não precisa saber, me mataria! Quer que eu morra?
— Quero que me solte.
— Promete primeiro!
— Você é um pervertido, eu não prometo nada e vamos logo!
Ele a soltou do abraço, gargalhando. Lógico que era apenas uma brincadeira para descontrair e Seth havia conseguido, mas eles precisavam ser rápidos. Finalizaram as bagagens que não foram muitas além de uma mala pequena, e a bolsa carteiro dela.
Depois que desceram ela se despediu com falsa calma de todos os moradores da reserva. Sue reclamou por ela não jantar, mas mentiu que já havia comido. No caminho para a saída da cidade, Seth parou no mercado dos Carter para que ela retirasse um dinheiro emergencial e também comprou um sanduíche e suco. Ela foi comendo no banco do carona e ouvindo mais recomendações de Seth. Antes de chegar ao posto, ele parou novamente na estrada para anotar os dados bancários da amiga caso ela precisasse de mais dinheiro. Não seria necessário recorrer às poupanças de Seth, mas ele ficaria mais tranquilo se ela apenas concordasse em ceder aquelas informações. Surpreendentemente, assim que ele estacionou no ponto de encontro marcado, Seth se atirou sobre ela em um abraço de irmão aflito.
— Eu estou lutando contra minhas próprias convicções em te ajudar nisso, então, por favor, volte para nós. E rápido! Eu não conseguirei seguir se algo de ruim acontecer a você.
— Que isso, Seth! — o abraçou ainda mais apertado e ela se afastou. Ele colocou a mão no rosto dela e a acariciou, encarando-a nos olhos.
— Eu falo sério, . Eu não me perdoaria, mesmo que todos me perdoassem. Volte inteira para nós.
Ela sorriu envergonhada e um pouco preocupada com o que ouvira. Seth lhe demonstrava o desespero real daquela situação, o desespero que ela não alimentava até aquele momento. Beijando o rosto dele, pegou suas coisas para sair do carro. Desceram juntos, Seth retirou a mala dela da traseira do carro. Mark já a aguardava dentro de uma Ferrari, e se por algum segundo ela pudesse se permitir animar, era por saber que estaria dentro daquela Ferrari.
— Cuide bem do meu bebê — falou a Seth, lhe dando um último abraço, se referindo ao seu
Mustang. Ele assentiu, sorrindo e, mais uma vez, antes que desse as costas, puxou o punho da amiga, advertindo:
— Já sabe: se demorar, eu vou atrás de você.
— Relaxe, Seth.
Caminhou até o carro de Mark que estava a aguardar. Ele encarava Seth, quando ela chegou ao lado da porta do carona e bateu no vidro, indicando a mala para guardar na traseira. Mark a encarou, por fim, sorrindo como uma criança indo ao parque, e com um botão pressionado por ele, a porta traseira abriu. colocou a mala lá dentro e antes que ela pensasse em sentar atrás, Mark proferiu:
“não sou o seu choffer”. Ela respondeu no mesmo tom:
“achei que fosse” e se dirigiu contrariada ao banco da frente. Após afivelar o cinto, notou que ele e Seth ainda travavam um duelo por olhares então ela pigarreou, tirando a atenção de Mark sobre Seth.
— Achei que o seu namoradinho fosse outro cachorro — declarou o vampiro.
— Eu não namoro cães. E Seth não é meu namorado.
— Não é o que parece.
— Por que diz isso? — mencionou ela, confusa com o que quer que aquilo significasse.
— Pronta para se divertir comigo na nossa primeira viagem? — Mark ignorou a sua pergunta e deu partida.
O carro deles passou ao lado de Seth e ele entrava no
Mustang lançando à amiga um último olhar aflito. O coração de apertou-se. Ela começava a se arrepender do que havia feito. Quanta imprudência ela ainda seria capaz de cometer?
Mark estava calado, observando os retrovisores, e a mulher notou a preocupação em sua face, assim como notou a ausência de Darak. Não que ela quisesse estar na presença dos dois, indo sabe-se Deus para onde, mas aquilo era algo a ser considerado. Ela já tinha as suas muitas perguntas e nenhuma resposta, e se concentrou em fazê-lo falar, até que…
— Não precisa se esforçar me obrigando a dizer nada, certo? Eu disse que precisava de você e não pretendo negar as respostas — afirmou Mark, surpreendendo-a.
— Quem disse que me esforçarei?
— Que bom, porque… Não sei se sabe, mas é doloroso quando faz isso.
— Mark… Aqui estou eu, no seu carro, indo para qualquer lugar desconhecido com você e sabe-se lá por quê, então, julgando que me faria mal… Eu já teria facilitado muito, não é?
— Eu sei também que não está com medo, se não, não teria vindo. Quando eu disse pro seu namoradinho que nós temos um lance, eu não menti, . Nós temos. Ou, a minha boa vontade em colaborar com você não pode ser considerada?
— Ok. Temos uma parceria.
— Era o que eu precisava saber — concordou ele, satisfeito, apesar das entrelinhas do que ele dissera e ela sequer imaginaria.
— Mas… Não se anime. Toda parceria exige o mínimo de trocas e informações e, por enquanto, não temos nenhuma.
— Você é muito, muito ansiosa. Espere sairmos deste perímetro e eu falarei.
observou que Mark continuava nervoso ao tentar sair rápido da cidade e perguntou, curiosa:
— Está fugindo de quem? Darak ou Valerie?
— Qual dos dois está atrás de você?
Ela não respondeu. Seu celular vibrou e ao pegá-lo em sua bolsa, em seu colo, a mensagem de Seth piscava.
— Nossa! Seu namoradinho é realmente possessivo.
Mark riu. estava sem humor e não foi necessário dar a ele atenção uma vez que, após soltar sua piadinha, imediatamente voltou a observar a estrada.
“Não deixe de dar notícias. Eu estou realmente preocupado após encará-lo daquele jeito. Tivemos uma troca telepática. Acho que esse é o poder especial dele… Como Edward. Só que ele pode não só ler como partilhar os próprios pensamentos”.
Então Mark podia se comunicar por telepatia com outros? Mas com lobos também? se recordou de Seth comentando sobre o assunto, e nada ele havia esclarecido sobre os frios terem efeito com estes poderes sobre os lobos. Mas se havia acontecido minutos antes, então era verdade. Pelo menos com Mark.
“Confie em mim, você saberá cada passo nosso”.
Respondeu a Seth. Queria perguntar sobre o que falaram, mas se sentiu insegura pela companhia ao seu lado. Já estavam bastante afastados do perímetro da saída de Forks e entrando na autoestrada. guardou o telefone na bolsa e pelo canto de seus olhos analisou a postura de Mark. Não estava mais tão focado ao seu redor, estava até com uma expressão menos rugosa, embora ainda se mantivesse concentrado em seus pensamentos. E tratando de pensamentos, tivera cuidado com os seus, afinal, quantas vezes ele não teria lido-os? E mais uma vez ela se indagou se Mark já havia premeditado todos os seus passos. Olhando para ele, discreta, ela o viu sorrir de canto.
Será que ele estava lendo sua mente naquele momento? O melhor era não pensar em nada. percorreu o olhar rapidamente sobre as mãos dele e viu o anel com as iniciais
KM. Recordando a primeira vez que eles se viram, ela não tinha, até então, reparado se ele sempre usava aquele anel.
Verdadeiramente, a mulher estava nervosa por toda aquela situação que havia se metido e ainda mais por desconfiar que sua mente não era mais segura. A única maneira de se ocupar e se livrar da interação mental com ele seria fazer Mark abrir a boca.
— E então, Mark? Vai começar a falar?
— Como pode viajar com alguém que não consegue confiar?
— Como poderia confiar em você?
— Certo, , eu sou um vampiro perigoso, você, uma humana vulnerável, eu morro de vontade de te chupar…
— Argh! — resmungou em negativa pelo comentário dele. — Que idiota!
— Ok, escolha errada de palavras… — Ele fez uma pausa divertida e provocou: — Ou talvez não.
— Mark!
— O fato é que eu sou perigoso desde o início. E quando foi que realmente te ofereci algum risco?
— Não é como se tivesse deixado de ser um risco para mim porque somos bons amigos, mas sim porque, por alguma razão, você precisa de mim.
— Boa percepção, mas está errada. Quando eu cheguei aqui você não era nada interessante — mentiu ele de novo.
— Ah é? E por que me deixou livre então?
— Porque eu gosto de brincar com a comida.
— Você é detestável. Fale logo, por favor, qual a razão disso tudo?
— Bem… Anteontem eu descobri por Darak uma coisa sobre você. Você tem algo que pode me ajudar. Mas eu não sei ao certo se pode realmente.
— E o que é?
— Liga o aparelho de som e dê o play.
Ela fez o que ele pediu. Ligou o aparelho de som do carro, o número 01 apareceu e deu o play. Os primeiros acordes de um piano começaram, e em seguida uma canção instrumental. Ela achava que haveria alguma gravação ou coisa do tipo, e o olhou irritada e incrédula.
— O quê? Eu gosto de uma musiquinha embalando minhas histórias.
— Idiota… — sussurrou e ele riu, continuando.
— Eu venho de uma província ao Sul da Bélgica, nasci em 1647 e me chamo Killiam Mark.
— Killiam? — perguntou , interessada e olhou para o anel enfim compreendendo as iniciais. — Gosto desse nome.
— Pois eu não, era o nome do meu pai.
— Hm… Problemas familiares.
— Fui transformado aos dezoito anos de idade, por Killiam Ruskt depois de presenciar um ataque dele a uma mulher. Eu fui criado por meu pai e por minha mãe até os doze anos de idade. Ela faleceu naquela época da Peste Negra que havia assolado nossa região, e eu fui mandado para um colégio interno bem antes de ela morrer, para evitar que eu fosse infectado. Quando reencontrei o meu pai, aos dezoito anos, ele já era um vampiro. Havia sido salvo da doença desta forma. Se é que se pode dizer que foi salvo… — Mark fez uma pausa da história para observar a reação da mulher, e como ela o encarava paciente e curiosa, ele continuou: — Após minha transformação, continuamos a viver juntos, saímos da Bélgica em direção a outros países, à procura de outros como nós. E encontramos. Àquela altura, meu pai tinha mais conhecimento e tempo como vampiro do que eu, obviamente, o que me fez segui-lo. Ele se tornara pouco a pouco um caçador de recompensas. Caçava crianças vampiras, mas não transformadas como nós, e sim… Que nasceram já vampiros.
Ao ouvir aquilo, se recordou de Emy, Lia e Embry lhe contando sobre Renesmée, a filha de Bella e Edward.
— Crianças nascidas… É possível?
Ele ignorou a pergunta retórica e continuou sua história.
— E eu continuei fazendo as mesmas coisas que ele. Foram longos tempos de matança… O que me levou a me separar do meu pai, foi que ele passou a me caçar. Descobriu algo valioso, algo pelo qual ele poderia se tornar importante, mas era preciso que me entregasse a um grupo de vampiros poderosos.
— O que ele descobriu?
— A lenda de Rhikan.
fez o que pôde para não demonstrar surpresa, mas Mark já sabia que ela tinha informações sobre aquilo.
— É, … A mesma lenda da qual você vem.
— Como sabe se eu venho mesmo da lenda?
Mark a ignorou novamente e esboçou um falso riso pelo nariz.
— Os Volturi são um grupo de caça talentos. Uma família antiga e poderosa entre nós, e certamente você já ouviu falar deles por causa do seu namoradinho. Enfim… Eles buscavam a criança. E meu pai tinha algo valioso para que eles a encontrassem.
— Que coisa valiosa?
— Eu. E acreditando que se os ajudasse ele seria recompensado no meio disso tudo, ele começou a trabalhar para eles e me enganou. Azar o dele eu ter um talento escondido.
— Você?
— É, ! Achou que era a única com poderes sobrenaturais? Eu sou um poderoso telepata e radar!
— Não, Mark! Não é disso que estou falando! Você… Você e a lenda… O que poderia…?
— Eu falei que nós temos um lance antes, não falei? Você não queria acreditar… — zombou Mark, rindo. — E pelo visto você não soube uma parte da profecia: a criança será encontrada pelos lobos, mas terá um frio que nascerá designado a dominá-la. Quando Rhikan lançou a maldição, ela lançou também outra maldição oculta. Um ser da noite nascerá muito antes da criança para que em sua vida seja preparado a encontrar no futuro a criança, e assim despertar a Deusa dentro dela. Ele será o sacrifício para Rhikan despertar ou aquele que a dominará primeiro. Entende?
— Você é o caminho para encontrar a criança…
— Não só isso. Eu passei muito tempo, depois de descobrir os planos de meu pai e dos Volturi, me escondendo. Os Volturi nunca souberam que eu era o ser da profecia porque assassinei o meu pai antes que descobrissem, e quando estive cara a cara com um deles, meu poder de telepatia preservou a verdade. Mas não sei quanto tempo mais isso poderá ser evitado agora que você foi descoberta.
— Mas, eu posso não ser a criança! — se alarmou começando a compreender o que trouxera Mark até ela.
— Não seja ingênua! Como não percebeu que foi depois da minha chegada que seus poderes começaram a despertar?
— Não foi não!
— O quê? Acha que os lobos são responsáveis por isso? , … Você não entendeu a profecia ainda? Rhikan dentro de você pode despertar o que os lobos têm dentro deles, mas só depois que o frio liberar a deusa dentro de você é que você pode se tornar uma ameaça para nós. Senão, porque todos estariam buscando você antes que Rhikan desperte?
— Eu estou zonza com toda esta informação…
Mark a olhou um pouco preocupado e os dois ficaram em silêncio. Ela assimilava tudo o que ouviu e estava mais uma vez, como tantas outras, confusa e surpresa.
— Durma. Você está cansada do dia longo e de todas as coisas que eu disse.
— Não, eu estou bem.
— Durma! Vai precisar estar bem-disposta para tudo que ainda virá.
— Não, eu estou bem.
— Céus, como é teimosa. Durma, ! Eu não vou fazer nada contra você! E depois, eu quero chegar logo e para isso, preciso correr a uma velocidade que pode te dar enjoo, então… Apenas durma.
— Certo… Mas antes, me diga: para onde estamos indo?
— Para minha casa, na Bélgica.
Capítulo Trinta
Uma Viagem Inesperada
Depois que Mark disse para onde estavam indo, queria contar a Seth, entretanto, não achou prudente. Não sabia ainda o que o Mark — exatamente — queria com ela, e acabaria por preocupar Seth sem ter todas as respostas. Apenas digitou:
“Estou bem e assim que souber tudo eu te conto o que está acontecendo” e enviou a mensagem. Seth não respondeu e, apesar de ela saber que ele deveria estar muito ansioso, também soube que ele procurava confiar nela.
virou o seu rosto para a janela e fechou os olhos. Não conseguiria dormir, principalmente por estar com Mark, mas tentaria ao menos fingir. Alguns minutos depois de fechá-los, ela sentiu um grande impacto sobre seu corpo, como se ela afundasse no banco e abriu levemente os olhos. Não enxergou nada além de borrões na paisagem da janela, e o motor do carro, embora silencioso, “ronronava” mais forte. Era a aceleração que Mark havia avisado.
De fato, ela não estava acostumada a correr daquela forma numa estrada tão sinuosa, e sentiu o início dos enjoos. Se mexeu no banco e voltou a fechar os olhos. Mark, por perceber o desconforto da mulher, parou a música que tocava no rádio e assim ela acabou adormecendo sem notar. Seu corpo estava muito cansado e alguma hora cederia aos próprios limites. Quando acordou, não sabia onde estava e Mark abastecia a Ferrari. Ela então pegou o seu celular a fim de ver novas mensagens. Haviam muitas mensagens de Seth preocupado com ela, as quais respondeu com apenas:
“estou mesmo bem, não se preocupe, Seth”. Àquela altura, ela deveria ao menos dizer para onde estava indo, então desceu do carro e Mark sorriu para ela.
— E você não queria dormir!
— Onde estamos?
— Ainda na América. Já passamos de Washington e levaremos mais ou menos meia hora para pegar o avião. Pretendo chegar antes disso, se você aguentar a corrida.
— Por que não pegamos o voo do aeroporto de Washington?
— Porque eu não gosto de voos apertados, gatinha. Não combina muito comigo, sabe? — ironizou ele. Era óbvio que um vampiro não passaria muito tempo trancado em um voo com tanto sangue fresco abaixo do nariz. — Iremos em um voo particular.
— Não gosto dessa ideia.
Mark pagou o combustível na bomba e caminhou lentamente até , zombando sorridente:
— Não gosta de ficar a sós comigo, ?
Aquele tom de voz provocativo era de fato perigoso. Em outras ocasiões ela perderia seu autocontrole facilmente para Mark, contudo, ela já não se atraía mais pelo olhar profundo e charme viril dele, então rolou os olhos de maneira entediada.
— Não é um fato desconhecido a você que não gosto, mesmo, de ficar muito perto de
vampiros — respondi.
— Até o fim desta viagem mudaremos isso.
— Estou com fome. Pegue algumas coisas naquela máquina de lanches que eu vou ao banheiro.
— E sou seu empregado?
— Não, mas é o anfitrião da viagem. Aja como tal.
Ele riu e notou que Mark estava muito bem-humorado com tudo aquilo. Ela entrou à porta do banheiro feminino daquela parada, conferindo se não havia ninguém dentro dele. Puxou seu telefone e discou o número de Seth, que atendeu muito rápido. Com certeza o aparelho estava em suas mãos.
— Pelo amor de Deus, até que enfim! Sabe o quanto estou desesperado? As pessoas estão começando a notar que tem algo errado. — Pelo amor de Deus digo eu, Seth! Não deixe o nosso disfarce ser descoberto! Tome uns calmantes, se preciso for!
— Fala logo, : onde você está, como está e o que ele quer? — Calma, eu estou muito bem. Mark está sendo até cuidadoso comigo, o que não me deixa muito confortável, admito, mas estou bem! Estamos indo para a Bélgica, e agora, exatamente, estamos num posto de gasolina em um lugar que eu não conheço. Mas, já passamos de Washington e pegaremos um voo particular dentro de meia hora, em algum lugar.
— Moral da história: ele está levando você para a Bélgica com um saco preto na cabeça! Por Deus! Como pode não saber onde está? — Eu dormi, Seth!
— Como pode dormir ao lado desse cara!? Você confia demais! — Ei, olha só, para de julgar. Eu não quero levantar suspeitas desse telefonema, e até saber o que realmente ele quer comigo, eu não vou demonstrar que estamos em contato. Mas o que já sei é que estamos indo à Bélgica, porque eu realmente sou a criança da lenda de Rhikan, e Mark está ligado à lenda também.
— O quê? Argh! ! Assim que puder me falar, conte tudo! E mande agora sua localização! — Está bem, beijo e se cuide.
— Se cuide você! Desligou a chamada e ouviu a porta do banheiro se abrir. Uma mulher com itens de limpeza adentrou. sorriu e a mulher a olhou desconfiada.
Enviou a localização a Seth e saiu do banheiro, encontrando Mark escorado à porta do carro, com os braços cheios de coisas.
— Vamos.
— Você demorou.
— Uma mulher não pode ter um pouco de privacidade?
— Para que privacidade em um banheiro de posto?
— Ok… Eu estava tentando telefonar para meu namorado. Ele viajou muito antes de mim e pelo visto não vai me encontrar quando chegar… Preciso justificar essa viagem repentina que fiz.
Os dois entraram no carro e Mark despejou as muitas guloseimas no colo dela.
— O que é isso?
— Você não está com fome? Eu não sabia o que pegar.
— Não precisava pegar isso tudo. Eu não sou uma dragoa.
— Como eu disse, eu não sabia. Você está sendo mal-agradecida.
— Ok, obrigada. E você não está com fome?
— Estou.
— Não vai comer?
Mark olhou para ela com cara de tédio e riu da inocência repentina e até fofa de . Levantou um copo tampado com canudinho e o sacudiu, indicando que aquele era o alimento dele.
— Só um suco?
— Quer um pouco? — Ele lhe estendeu o copo e ela recusou.
Ele levou o canudo aos lábios e pôde ver o líquido grosso e vermelho forte subindo pelo canudo. Arregalou os olhos, se dando conta de novo de que estava ao lado de um vampiro. Apesar do quão macabro era aquilo, ela ficou aliviada por saber que ele providenciara o próprio alimento, mas extremamente enojada.
— O que foi? Eu não poderia viajar com você sem o meu lanchinho, não é?
— Mark… Quanto tempo esta… dose vai te alimentar?
Ele gargalhou do apavoramento dela e abriu um compartimento entre os bancos do carona e motorista. Era uma geladeira com outros copos como aquele. então levou a mão à boca, enjoada.
— Ei! Nada de vomitar dentro do meu carro!
— Fecha isso.
— É só sangue, garota…
— É nojento!
— Não é não, ainda mais o tipo O negativo, que tem um sabor inigualável. A melhor safra.
— Para, por favor.
— Qual o seu tipo sanguíneo, ?
— Não sei! — Ela encerrou a brincadeira dele com uma resposta mentirosa.
— Hm…. — E então, Mark aproximou seu rosto ao rosto dela rapidamente, sorrindo maquiavélico. Seus olhos eram de um brilho vívido e sedutor. O frio aproximou o nariz do pescoço de e aspirou. Ela sentiu a ponta gelada de seu nariz sobre sua pele, arrepiando-se. Mark fez tudo isso enquanto dirigia numa agilidade apavorante. Se ele decidisse a destruir, ela não teria tempo sequer de gritar. — Ora, ora! Você é deliciosa… — disse e se afastou dela ainda rindo do susto dado à mulher que esbravejou enquanto ele a encarava entre um olhar e outro para a estrada com evidente cobiça:
— Nunca mais faça isso!
— Seu tipo é O negativo! Sorte sua eu ter me alimentado agora, pois se eu fizesse isso com fome… Certamente não resistiria.
— Quer um bolinho? Você deveria experimentar novas dietas — falou estendendo o bolo de chocolate na sua mão para ele, ironizando.
Ela não sabia se funcionaria, mas, assustada, queria dispersar o seu cheiro que ele havia acabado de sentir só por garantia, e abriu o pacote de bolo de chocolate. E pareceu ter funcionado, pois, o olhar dele deixara de ser predador, o tom de vermelho vivo ia se tornando mais opaco à medida que Mark voltou a sugar o canudo de seu copo. Feliz por ter causado nela aquela reação de predador, Mark riu e desconversou:
— Então, aquele que a levou até mim não é o seu namorado?
— Eu já havia dito que não, e você conhece o Jacob.
— Isso, isso… Jacob Black. O seu namorado.
— Por que achou que Seth era meu namorado?
— Porque ele te deseja de um jeito nada casto — confessou Mark o que havia visto telepaticamente.
— Não diga absurdos!
— Você não sabia? — Mark riu, colocando a verdade à frente dela: — Não se preocupe com isso, é só o poder de Rhikan. Todos os lobos sentirão uma espécie de desejo por você. Não é algo voluntário.
— Como pode saber tanto?
— Gatinha, eu tenho só 370 anos, sem contar o tempo como humano… Como poderia não saber tanto?
— Três séculos de maldição… — decidiu perguntar, por mais que aquilo pudesse ser rude: — Quando ou como vocês morrem?
— Não é como você pensa, com estacas, alho e aquelas bobagens. E lógico que não vou te contar como é. Não que você pudesse me matar se quisesse…
— Eu posso. Esqueceu?
— Uma pena que você não sabe como.
— Uma sorte que meus poderes surgem cada vez mais, quando estou perto de você, não é?
E de repente, Mark entendeu o que ela já havia compreendido: cada minuto perto de Mark despertava Rhikan, o que significava que ele precisava dominá-la o mais rápido possível ou também poderia morrer.
— Você se finge de boba, não é mesmo?
— Talvez você que não saiba tanto quanto demonstra.
— Coma as suas balinhas e fique quieta.
— Mark, não fique irritado. Ainda passaremos muito tempo juntos.
— Não estou irritado.
— O que me remete a uma pergunta, e você disse que não negaria as respostas.
— O que é?
— Por que disse que esta seria nossa
primeira viagem?
— Porque certamente você vai amar e querer outra.
— Idiota… Você diz que os lobos me desejam, mas você é muito mais pervertido. — finalmente sorriu como se estivesse lidando com algum amigo infantil e provocador. Mark gostou daquele sorriso, embora não admitiria para ela.
— Natural, você tem os sentimentos castos dos lobos… Lealdade, amor, admiração… Mas quanto aos frios, você desperta os sentimentos mais impuros… Cobiça, ambição, luxúria… Eu diria até sentimentos carnais. Coisa de humano.
— Eu só não entendo… — decidiu partilhar mais de suas curiosidades — por que a deusa teve este tipo de fidelidade dos vampiros?
— Os frios são mais independentes do que os lobos. Os lobos, eles precisam de um líder… Como eles chamam mesmo?
— Um alfa.
— Exato. O papel do seu namoradinho.
— Como sabe disso? — perguntou , preocupada com a segurança de Jacob.
— Um lobo sem pata não pode lutar.
— Sam… — E então ela se deu conta do ato: — Foi de propósito. Não é?! Vocês o atacaram para fazer Black assumir a matilha!
— Como eu dizia, nós vampiros não temos isso — desconversou Mark. — Então é muito mais fácil que mudemos de ideais e de lado. Os frios não eram leais a Rhikan, mas, comparado aos lobos, mais fáceis de ceder aos interesses dela. Por isso, eu sou o sacrifício colocado para despertá-la, e você a coisa que a hospeda.
— Mark, por que atacaram o Sam de propósito? — retomou o assunto mais importante daquele instante, com raiva.
— Não foi.
— Não minta.
A marca em suas costas queimava, e ela não sabia se poderia ter o controle de Mark como imaginou, mas tentou. Infelizmente, aquele tempo todo, Mark fingia que obedecia “aos seus comandos” e ela só descobriu aquilo dentro do carro:
— Certo, , vamos esclarecer: você não tem domínio sobre mim, ok? Não sinto nada além de cócegas quando você faz isso. E desgasta suas energias à toa. Guarde para vampiros mais fracos. Você vai precisar. — Ele riu, passando a língua nos lábios. — Eu só precisei que você achasse que me tinha em controle para estar aqui agora,
gracinha. Não fique com raiva, ok?
ficou ainda mais brava e percebeu que à medida que a raiva crescia em si, também crescia a queimação em sua marca.
— Mark, se quiser a minha ajuda como diz, conte agora
toda a verdade. Desde a sua vinda para Forks quanto ao tipo de ajuda que pode querer de mim!
Ele a encarou sério e notou o quanto ela estava decidida. O carro freou bruscamente. Só então se deu conta de que haviam chegado a um aeroporto particular. E ali estava somente um homem os aguardando. E um que ela conhecia.
Mark estacionou o carro em um galpão e desceu sem falar nada. Receosa, pegou sua bolsa e o seguiu calada. Darak estava parado próximo à aeronave no mesmo galpão.
— Prepare-se para entrar no avião — disse-lhe Mark e depois foi ao seu lado do carro, e carregou seus “lanchinhos” para dentro da aeronave. Darak encarava sério à mulher e, agora sim, ela havia ficado preocupada. Observou ao seu redor e viu um banheiro.
— Aonde vai? — A voz de Darak trovejou, e sem demonstrar medo, ela empinou o nariz e o respondendo secamente:
— Ao banheiro.
Deu as costas a ele e dentro do reservado, de novo, ela enviou a sua localização para Seth.
“Não me responda, só leia: estou num aeroporto particular, vamos partir para a Bélgica agora. Darak também está aqui. Não sei o motivo. Mas descobri que o ataque a Sam foi de propósito para Black assumir como alfa. Estou bem, até agora. Fique atento, assim que puder enviar mais notícias o farei.”
Ao sair do banheiro, Darak não estava mais lá e Mark carregava as guloseimas que havia comprado para ela em uma sacola e trancava a Ferrari com o alarme. A esperou aproximar dele, para subirem à aeronave.
— Quantas vezes por dia você precisa de “privacidade no banheiro”? Foi ligar para o seu namoradinho, de novo? — perguntou ele, subindo as escadas atrás dela.
— Eu tomei uma lata inteira de refrigerante, esqueceu?
— O quê? Você não aguenta nem um litro sem ir ao banheiro?
— Por que o Darak está aqui?
— Qual o seu problema com ele? Ele te mete mais medo do que eu?
Os dois entraram no avião e ela não avistou Darak ali.
— Só quero saber o motivo.
— Sente-se e ponha o cinto.
Mark deixou a sacola de guloseimas perto dela e adentrou à cabine do piloto. Demorou um tempo ali até o avião decolar. Ao alcançarem altitude, olhou pela janela, percebendo que estavam estabilizados no voo e retirou seu cinto.
Mark surgiu pela porta que dava para a cabine e caminhou até ela, sentando-se à sua frente.
— Darak está aqui para me ajudar também.
— Ele é o piloto?
— O principal. — Mark encarou o celular na mão dela. — Conseguiu falar com o Jacob?
— Não.
— Quando ele retorna?
— Não sei ao certo. — As repostas evasivas dela eram uma forma de proteger Jacob ou quem quer que fosse. Ainda não estavam claras as intenções de Mark, mas ele certamente sabia o que se passava na mente dela.
— Tentaremos voltar antes dele, até porque não quero problemas com ele agora.
— Agora? Quando arrumará problemas com ele?
— Vamos falar de nós. Esquece seu namorado.
— Nós? — deu de ombros e comentou indiferente: — Pode começar.
— , eu te trouxe para a Bélgica, porque… Há uma maneira de eu me livrar da responsabilidade em ser o seu dominador. Não que eu queira me livrar, mas, estando ligado a você que é uma caça, eu me torno uma caça também. Já te expliquei isso. E preciso saber como me defender. O problema é que Darak descobriu isso e também descobriu que a criança já deveria ter sido encontrada para que eu consiga me livrar disso. Então, estamos indo à Bélgica atrás das respostas de como faremos isso. Não quero que os Volturi me encontrem e descubram tudo agora que sabem sobre você.
— Eles sabem sobre mim?
— Lógico, foram eles que mandaram Valerie atrás de você.
— E mandaram vocês três para outra coisa também. Afinal, até onde havia me dito, vocês tinham uma missão e depois que me acharam, foram divididos em duas missões. O que me remete a: por que atacaram Sam de propósito a fim de que Jacob fosse o novo alfa?
— Eu digo que os Volturi estão atrás de você e Valerie é perigosa o suficiente para isso uma vez que enviaram ela, e você está preocupada em por que arrancamos o braço do irmãozinho do seu namorado? Como pode se preocupar mais com ele do que com você?
— Primeiramente porque amar é isto.
— Own… que romântica! — zombou Mark um tanto enciumado.
— E depois, porque confio o suficiente em mim e nos quileutes para saber que vou me livrar deste problema.
— Você não sabe o que está prestes a enfrentar.
— Então me diga!
Vampiro e mulher se encararam analisando os gestos um do outro. Por fim, Mark suspirou, contando mais um pouco do que julgava “ok” ela saber por ora.
— Os Volturi dominam grande parte dos clãs dos frios. E os Cullen foram um deles. E só estão vivos porque Alice previu que a aliança entre os lobos e os Cullen derrotaria os Volturi. Mas não significa que os lobos venceriam os Volturi sozinhos.
— Então quem fez nova aliança com os Volturi e veio atrás dos quileutes agora, Mark?
— Como? — Ele estava assustado com a compreensão tão rápida dela. Ela percebeu com esperteza o que estava acontecendo.
— Os Cullen, não é? Ou melhor… Isabella Cullen.
— Eu não vim aqui para dizer o que fui designado a fazer, ou Darak. Eu vim me livrar do compromisso profético com esta maldita Rhikan dentro de você.
— O que não percebeu é que
você depende de mim para isto. E se eu não quiser, você não se livrará da sua responsabilidade.
— Acha mesmo que tem poder para dar as cartas aqui? Somos dois contra uma. Dois vampiros contra uma humana.
— Eu não acho que tenho o poder de dar as cartas. Eu simplesmente tenho.
— Sabe que se você fosse uma vampira seria uma muito forte? — comentou ele, sorrindo ladino e cheio de prepotência e certa admiração nos olhos, ao encará-la. — É confiante, assume riscos e bastante arrogante!
— Não é com a Bella que você está falando.
— Achei que fossem amigas.
— Fomos. Não sei se poderíamos continuar sendo agora.
— Confesso que seria interessante um reencontro entre vocês.
— Então você a conhece mesmo!
Mark ficou mudo. Não percebia o quanto ela conseguia arrancar de informações dele em entrelinhas. continuava a mesma mulher inteligente e sagaz que sempre foi e ele não deixaria de notar aquilo.
— O que foi, Mark? Não entendeu que eu já descobri o motivo de você e Darak terem ido à Forks?
— Você acha que sabe.
Mark se levantou e o bom humor havia ido embora. Foi em direção à cabine do piloto e deixou-a na poltrona sozinha. Enquanto estava só, pensava em como ela havia conseguido manipular as informações daquele jeito, já que Mark era um telepata. E então notou nele uma fraqueza: ele não conseguia controlar todo o tempo a telepatia dele. Ou não fosse uma fraqueza, mas os seus poderes se revelando mais fortes. Ela aceitaria colaborar com aquela “missão” que Mark havia lhe trazido apenas por uma razão: precisava descobrir mais a respeito da criança da profecia, se é que ela realmente era ela. Porém, àquela altura, ela não desconfiava do contrário, então teria que descobrir sobre si e deter Mark de descobrir qualquer coisa que a deixasse nas mãos dele.
Aproveitou o tempo sozinha para enviar a Seth as mensagens contando tudo aquilo, quando aterrissassem ele as veria. E ele também lhe enviou uma mensagem de apoio, dizendo que estava preparando tudo para viajar se preciso fosse, e, infelizmente, dissera algo mais que ela não gostaria de saber quando o sinal de seu telefone retornasse: Bruh Ateara descobriu que ela viajou com Mark, mas ele prometeu que ficaria de olho na loba. No momento, Bruh era a última das preocupações de e ela diria isso assim que visse a notícia.
O tempo que levou para chegarem à Bélgica ela não calculou, embora tivesse o achado muito longo. Principalmente por ter estado o voo inteiro sozinha. se permitiu cochilar algumas vezes no fundo da aeronave, pois queria evitar dormir durante a noite agora que havia dois vampiros ao seu lado.
Eles chegaram no local, já em noite alta. O céu era nublado e ela não pôde observar abaixo dele. Não demorou muito tempo sobre as densas nuvens, logo, o avião começou a baixar voo e pousou numa pista aberta. ainda não conseguia enxergar nada. Escutou o barulho das turbinas diminuir, e se levantou para espiar mais pelas janelas. Darak apareceu junto a Mark, ele abriu a porta da aeronave, enquanto Mark a encarava.
— Chegamos.
Darak desceu na frente e pegou sua bolsa. Colocou-a sobre o ombro e esperou Mark sair, no entanto, ele lhe deu passagem primeiro. Por uma razão desconhecida ela não queria sair na frente de Mark, ainda mais depois de perceber a maneira como ele a olhava cheio de malícia. odiou-se naquele momento por não ter aproveitado para mandar a localização a Seth enquanto o avião baixava voo.
Então ela desceu à frente de Mark e não viu mais a Darak.
— Onde está o Darak?
— Indo para o mesmo lugar que nós.
Uma chuva fina caía e o caminho era muito escuro. De repente, os postes de luz da pista de pouso começaram a acender e iluminar o caminho. Ela ainda não havia descoberto para onde estavam indo, mas o caminho era longo. Mark andava calmo sob a chuva fria, e, embora estivesse com um sobretudo grosso de couro, não era como se não sentisse o gelo das gotículas por causa dele. Ele realmente não sentia incômodo com o vento frio cortando o rosto e a água gelada tocando a pele. Ela, por sua vez, apertava-se em sua jaqueta.
— Logo poderá se aquecer — disse ele.
— Para onde estamos indo?
— Para a minha casa.
— Por que Darak foi na frente?
— Não se preocupe, ele só foi adiantar as coisas para você.
— Que coisas?
— Não tenha medo, eu já disse que nada vai te acontecer.
— Que coisas, Mark?
— Agora que chega aqui é que se preocupa? Ele foi acender a lareira, preparar o quarto de hóspedes, estas coisas…
o encarou, desconfiada. Por que tratá-la como uma hóspede? E pedir para Darak fazer tudo?
— O que você e Darak são um do outro?
— Que pergunta é esta?
— Parece que ele faz tudo para você.
— Não é assim, ele só está me ajudando.
— São parentes?
— Talvez parceiros.
— A palavra amigo não existe no seu vocabulário ou está tentando esconder que vocês são um casal?
— Ok, chame como amigos se preferir. Eu vou fingir que não ouvi a sua ofensa.
, depois de um longo tempo, sorriu zombando pela reação ofendida de Mark. Seria engraçado se Mark e Darak fossem mesmo um casal. Mas não era algo evidente. De repente, uma grande mansão, na verdade, um castelo antigo, se iluminou. Aquela era a casa de Mark. Darak havia acendido as luzes. encarava aquilo imaginando o próprio castelo do Drácula. Era amedrontador. Mark não pôde evitar rir, e ela se recordou de que tudo o que ela pensava não estava protegido dele.
— Eu sei que você está se comunicando com Seth desde que saímos e enviando a ele nossa localização — confessou-lhe Mark.
— Como?
— Eu sei que você também já sabe que não há segredos da sua mente para mim.
parou de caminhar e Mark, ao notar, parou também, ele se virou para ela com uma expressão confusa.
— Eu não darei nem um passo a mais, se você não me contar tudo, Mark.
— Tudo o que você precisa saber é que… Não há um passo seu que eu já não saiba.
— Eu quero saber a verdade,
Killiam. Desde a sua vinda para Forks.
Ele não gostou que ela o tenha chamado pelo primeiro nome. Uma rajada de vento e Mark já estava colado à sua frente e os dois se encaravam desafiantes. não poderia negar: coragem era algo que ela tinha. As mãos de Mark passaram lentamente por sua cintura e ao sentir a pegada forte dele, apertou ainda mais o olhar na direção do vampiro como se dissesse:
“continue e eu te matarei”, algo que ainda não era possível, mas a postura de confiança fazia na percepção dela toda a diferença. De repente, Mark a colocou sobre seus ombros e correu até a mansão. Tudo em um movimento explosivo, como uma bala que sai do revólver. estava molhada e gritava contra o gesto dele. Quando ele a colocou no chão, os dois estavam em uma grandiosa sala daquele castelo. estava brava, mas não fez mais nada além de reparar o local. Totalmente diferente do que havia imaginado. Era moderno, bem mobiliado e muito elegante. Não se parecia em nada com o castelo mal-assombrado por fora. Darak, encostado na parede e de braços cruzados à frente do tórax, encarava aos dois entediado.
— E então, o que achou da minha casa?
— Diferente do que eu imaginei, mas que se dane a casa! Eu disse que quero saber tudo ou eu não vou colaborar em nada com você, Mark!
— Eu avisei para não contar nada a ela — pronunciou-se Darak irritado.
— Acho melhor você não nos irritar, , e dançar conforme a nossa música.
— Acho bom vocês não me irritarem também e contarem
tudo o que eu quiser saber!
—
Argh! Ela é muito mais irritante do que eu pensava! — reclamou Darak novamente.
— Darak, pode nos dar licença? — pediu Mark.
— Deveria? Você amolece fácil perto dela.
— Darak. Por favor — repetiu o vampiro como se fosse uma ordem, discreto e cortês como um Lord e o outro saiu.
Mark caminhou na direção de e, cara a cara, ele desfez a postura rígida. Respirou fundo e, com as mãos na cintura, sorriu:
— , eu vou te falar o que for preciso saber, mas, por favor, se concentre no motivo pelo qual eu a trouxe. Depois eu te conto tudo. Tem a minha palavra. E antes que teime em discordar: eu farei um pacto com você.
— Pacto?
— Só tem que confiar em mim, até porque você não tem muitas escolhas, por mais que finja ter o controle, sabemos que você não o tem. Estou um passo à frente de você.
Ela ponderou sobre o que ele dizia e sentiu a necessidade de concordar com ele.
— Por ora… Eu vou me concentrar nisso. — se referiu ao motivo de estarem ali.
— Obrigado. Será bom para você também.
Naquele instante, ela sentiu como se Mark estivesse a protegendo ou ajudando em algo que ainda não havia acontecido. Ele chamou Darak e o outro apareceu diante deles.
— Pode ir primeiro — ordenou Mark para o outro. — Não se preocupe em voltar até estar saciado.
— Mas e você?
— Tenho as minhas reservas.
— Certo. A papinha do seu bebezinho aí está na geladeira.
Eles riram e Darak saiu.
— Que babaca! Odeio ele! — disse .
— É recíproco, ele também a odeia. Mas como eu disse antes… Se você me tiver nas mãos, terá o Darak.
— Ele foi fazer o que eu acho que foi?
— Caçar? Sim. Digamos que Darak tem menos controle quanto às suas necessidades do que eu, o que o faz ser um pouco mais perigoso.
— Que horror… E onde exatamente, estamos na Bélgica?
— Bruxelas.
— Que ironia — murmurou ela soltando um “bufar” pelo nariz ainda encarando a decoração do castelo. — E você, quando vai caçar?
— Quando minhas reservas acabarem. Ainda passaremos um tempinho, juntos.
Ele disse sedutor e passou as costas da mão no rosto da mulher de um jeito delicado e sedutor. olhou séria para ele, afastando sua mão. Mark deu-lhe as costas e seguiu para uma escadaria larga, parou no terceiro degrau e convidou ela a subir.
— Mostrarei seus aposentos. Vamos — disse.
o seguiu com sua bolsa em mãos e ao chegar no quarto, sua mala já estava lá. Darak a havia carregado até ali. Mark dissera que no
closet do quarto havia roupas de cama para ela se aquecer e agasalhos também. Despediu-se e saiu falando para ela ficar à vontade.
caminhou até a janela grande do quarto e ao chegar no vidro, um raio grotesco se mostrou no céu, fazendo a cena se tornar um clássico de filme de terror. Ela olhou para baixo e notou o quão alto estavam os quartos daquele castelo. se sentia uma prisioneira na torre. Afastou-se das janelas devido à chuva perigosa, e as grandes cortinas grossas azul-marinho davam um toque gótico ao estilo moderno do quarto. Abriu sua mala e quando pensou em colocar as roupas no
closet, ela encarou aquela ação com mais calma e desistiu, porque não desejava ficar por ali muito tempo, por isso, não faria nada para acomodar-se àquela situação.
Decidida a dar notícias a seu amigo, ela pegou o celular em seu bolso, mas não havia sinal naquele lugar, estava incomunicável. Depois de trocar sua roupa, vestindo algo mais confortável e se aquecendo bem, inclusive com um dos agasalhos do guarda-roupas do quarto, deitou-se na cama olhando para o teto.
Black. Era tudo o que se passava em sua mente. fechou os olhos e recordou-se do beijo dele, dos toques dele sobre ela e das suas memórias juntos. Onde e como estaria o seu amor? O que ele pensaria se voltasse e não a encontrasse? Ela sentia tanto a sua falta que chegava a doer. E de repente, como se seus lábios estivessem sobre os dela, sentiu o toque quente deles. Abriu os olhos assustada e não havia ninguém ali. Fechou-os novamente se concentrando em Jacob. O sorriso dele surgira em sua mente como um borrão. franziu as sobrancelhas em claro esforço para conseguir se concentrar. E foi aí que um grande clarão em sua mente se fez nítido. Era outra visão surgindo… Ela viu o sorriso de quem desaprendeu a sorrir: o primeiro gesto dele em que ela se apegou. Depois, o olhar marcante, os traços do rosto em suas expressões próprias e, por fim, o sorriso solar: aquele sorriso de quem havia tido o brilho devolvido.
Ao lembrar do seu primeiro beijo, reviu mentalmente aquela cena, porém, ela foi mudando aos poucos: os dois giravam e tudo ao seu redor ficou turvo. Eles giravam até se verem em uma praia de ondas fortes e muito sol. Black estava vestido todo de branco. Pela primeira vez, inteiramente vestido. Havia uma cicatriz nova em seu pescoço, mas não conseguia ver a si naquela visão, porém, toda a reserva estava ali. Olhando-os admirados. A sensação daquela visão de era de que ela e Black estavam felizes. Aquela cena, que mais parecia uma visão do futuro, fora interrompida, infelizmente, por toques na porta do quarto em que ela estava hospedada.
despertou assustada, levantando da cama e indo até a porta, confusa. Ao abri-la não havia ninguém. A mulher achou aquilo estranho, já que o som era muito real e se recusava a pensar que o que estava tendo era um sonho, e não uma premonição enquanto estava acordada. Ela saiu da porta de seu quarto em busca de outros cômodos. Muitos passos depois, encontrou uma porta entreaberta e era outro quarto. Muito maior do que aquele em que ela estava. não entrou, mas achou estranho que os dormitórios fossem tão distantes um do outro. Desceu as escadas e caiu em novo corredor, com algumas outras portas distantes, cujas quais não precisou passar por elas.
A escada continuava a descer à sua frente e ela seguiu. E então, o último corredor ao qual encontrou tinha uma luz ao fundo, e ao segui-la, se viu saindo pela lateral esquerda da grandiosa escadaria da entrada. Desceu e observou novamente o lugar. Grandes sofás, um piano e uma harpa, poltronas e mesas decorativas. Dois ambientes montados: de um lado, o direito à escadaria, uma antessala sisuda, como se fosse para conversas sérias, e no outro lado, o esquerdo à escadaria, uma sala confortável como se fosse para relaxar. A mulher seguiu pelo lado direito, adentrando novo corredor e, ao fim dele, deparou-se com a cozinha. Mark estava com roupa mais confortável também e preparava algo em um fogão moderno sobre a bancada. Ele notou-a chegar e olhou para ela com travessura.
— Vejo que está mais confortável.
— Sim.
— E agasalhada.
— Você está fazendo o que, exatamente? — perguntou ela, estranhando um vampiro cozinhar.
— O seu jantar.
— Está muito tarde para isso.
— Agora você vai comer. Não fiz tudo isto à toa.
— Por que você não come?
Ele fez uma pausa a encarando e ao notar que ela realmente tinha dúvidas do motivo pelo qual não se alimentavam, mudou sua face em uma expressão envergonhada. Abaixou a cabeça e continuou a picar as cebolas e sorriu de lado, respondendo óbvio:
— Porque minha alimentação é outra.
— E daí? Qual o problema em me fazer companhia e experimentar coisas novas? — falou se sentando à bancada.
— … Vampiros não têm sistema digestivo.
— O quê? Como não? Vocês não eram humanos antes?
— Desde que fui transformado nunca mais pude sentir o gosto disso — falou ele, apontando para o fogão. — Somos, como você disse uma vez, monstros. E nos alimentamos de sangue. E só.
encarou Mark com espanto. Não pelo o que ouviu, mas por sentir, pela primeira vez, a tristeza dele em falar aquilo. Ele não gostava de ser vampiro?
— Você é um bom anfitrião. Cozinhando o que não come para suas visitas. Mas como sabe cozinhar?
— Você não é a primeira humana para quem cozinho. — Ele a encarou com expressão maléfica. — Afinal, as mulheres se encantam por caras que dominam a culinária, pelo que eu pude perceber em meus 300 anos.
— Você atrai as suas presas pelo estômago?
— Claro! É eficaz.
se levantou para sair dali contrariada e irritada por saber que ele utilizava aquele truque para acabar com a vida de outras mulheres. Agir daquela forma, as iludindo para depois matar, era muito mais cruel do que se ele apenas as atacasse. Antes que ela conseguisse sair, Mark surgiu em sua frente, prendendo-a entre a bancada e ele. Foi então que um clarão veio novamente na mente dela, recordando um momento como aquele. O dia em que Black fizera a mesma coisa, prendendo-a entre ele e a bancada, o dia em que, pela primeira vez, Jacob dormiu na casa de .
— ? — Mark olhava-a curioso.
— Saia.
Ele se distanciou ainda confuso, e a encarou com seus olhos apertados, analíticos.
— O que houve?
— Você não sabe? — perguntou ela surpresa, pois uma memória daquela, tão forte, deveria ser fortemente perceptível a ele também.
— Você ficou como uma estátua.
Então ela acabava de descobrir algo novo: Mark não podia ler as suas visões e memórias. Apenas os pensamentos superficiais. sorriu para ele, relaxando o próprio corpo.
— Está me escondendo algo — declarou Mark ao notar a reação de alívio da mulher.
— Não, não estou. Só que pelo visto, você não é tão telepata assim.
— Como?
— Esqueça, Mark. — E concentrando-se em mudar o foco do assunto, ela tocou o corpo dele a fim de afastá-lo, estava perto demais. — Deixe eu te avisar uma coisa: eu nunca prepararei uma refeição para você, se algum dia os papéis inverterem.
Ele, ainda confuso, retornou às panelas, observando-a pela visão periférica com uma sobrancelha arqueada.
— Nem poderia. A menos que você fosse a refeição.
— Bem, isso não acontecerá.
— Por que diz que não sou tão telepata assim?
— Se fosse, teria esta resposta.
Mark estava irritado. Ela já sabia identificar por seus gestos, o vampiro empurrou o prato com a refeição em direção a ela. Estava bonito, mas na verdade a mulher não estava com fome e jamais comeria qualquer coisa preparada por ele. Afinal, ele ainda era o inimigo.
— Coma. Não faça esta desfeita depois do trabalho que eu tive — disse ele sério e saiu da cozinha, deixando-a sozinha.
De novo, ela pegou seu telefone, checando que ainda estava incomunicável. Estava nervosa por aquilo. O prato ainda cheio com a massa de talharim, perfeitamente apresentável e cheiroso à sua frente, demonstrava a falta de perigo. Mas ela não comeria nada feito por ele. Não mesmo! jogou a comida no lixo e colocou o prato na lava-louças junto com as panelas que ele utilizou para preparar o jantar. Aquela era uma cozinha fictícia, então ela a manteria limpa sempre que a utilizasse.
Depois de tudo lavado, secado e guardado, retornou ao seu quarto, subiu a escadaria e, no segundo corredor, decidiu ver aqueles cômodos. Acendeu as luzes e caminhou cautelosa até a porta, eram apenas mais dois quartos de hóspedes vazios. Retornou à escada e subiu até o corredor dos seus aposentos, passando pela porta daquele outro quarto que ainda tinha a porta semiaberta, então ela decidiu espionar daquela vez. Quando entrou, gostou do que viu: uma enorme cama
king size em uma decoração rústica monárquica. A cama era do estilo antiga, com quatro grandes pilares com um tecido escuro fechando-a por cima. Impecável. O guarda-roupas, também antigo, todo em pedra mármore com portas de madeira talhadas à mão em toques dourados. Pouca mobília, mas uma poltrona de apoio ao pé da cama, abajures em mesas de cabeceira e estátuas decorativas. Cortinas cobrindo as grandes janelas, muito antigas, em vermelho-sangue com dourado.
caminhou até a janela e observou a vista: dava para ver toda a entrada do castelo. Suntuoso e apavorante. O dono daquele quarto só poderia ser o dono da casa, a julgar pela visão. Ela preparou-se para sair rapidamente dali, pois já sentia calafrios perturbadores e deu de cara com Mark às suas costas assim que se virou. O vampiro a olhava novamente, com olhos de predador.
— Gostou do meu quarto?
— Desculpe entrar assim, mas, sabe que sou curiosa.
— Gostou do meu quarto?
— É muito bonito.
— Gostou do meu quarto?
Por que ele repetia aquela pergunta?
— Eu já disse que é muito bonito.
— E não foi isso que eu perguntei.
e Mark se encaravam um analisando o outro.
— Gostei.
Ele sorriu satisfeito. Havia algo estranho naquela pergunta.
— Que bom que a decoração te agrada.
— Bem, eu vou indo… — falou ela, estranhando, e muito, o comentário, mas Mark a segurou pela mão, impedindo-a de sair.
— E do seu quarto, . Você gostou?
— Aquele não é o
meu quarto. Mas, estou bem acomodada se esta é a sua dúvida.
— Claro… Vá dormir. Amanhã iniciaremos as buscas.
Killiam a soltou e ela saiu dali bem rápido. Queria perguntar-lhe se ele dormia naquela cama, ou em um caixão, mas também já sabia quando Mark indicava um perigo a ela e naquele momento ele agia como se ludibriasse sua presa. A mulher entrou no quarto e tomou uma segunda cápsula de cafeína, visando passar a noite em claro, trancada no quarto e pensando em La Push. Sua vontade era de explorar aquele castelo em busca de respostas para que pudesse estar à frente dos vampiros, no entanto, ela não teve coragem. Aquela noite Darak ainda estava caçando e não queria ser surpreendida por ele ao voltar, por isso, deixaria a expedição para o dia seguinte.
Ai, meu Seth, menino virando homem 🤧🤧🤧
E veja só, como o rapaz é sensato. Eu acho que concordo com ele na questão do “deixa o outro escolher se quer ou não continuar com amizade” porque de fato, quem tá de coração partido é o outro, né 🤔
E Scott, sério, se não tiver ninguém pra ele, me dá que eu quero 😂😂😂 (comentário aleatório: toda vez que eu leio “Scott” eu lembro da Jean Grey de X-Men Evolution chamando o Scott dela 🤓)
Eu espero que a tal da Lili seja uma boa pessoa, porque se não for, EU CAÇO ELA 🪓🪓
E por que eu acho que vai dar merda essa ideia de “é só acordar antes do Jacob”? 🤷🏻♀️ O bichinho acorda com as galinhas (conheço umas e um galo que acordam 3 da manhã lá no interior, então…), eu não apostaria nessa muito não, mas enfim, vamos ver.
Você lembrando de X-Men me fez gargalhar! Eu amo o Scott e a Jean ♥ A Lili é legal, mas se apega não. Obrigada pelo comentário Lelen! ♥
AI, MEU DEUS, NOSSO MENINO SETH, NÃO TÔ PODENDO COM ISSO 🤧🤧🤧🤧
Tá aí por que ele é o mais sensato no amor no meio de todo esse povo. O pobi nem teve tempo de aproveitar o amor e já perdeu a alma gêmea – será que por isso ele teve o imprinting cedo? Porque o tempo da menina já tava contado? AI QUE DOOOOOOR 😭😭😭😭
Assim, eu sou contra essa coisa de falar “mulher de fulano”, aí isso me irritou um pouco, maaaas, tá todo mundo esperando os finalmentes do casal, né (deixa o Scott pra mim, eu aceito).
Eu tava aqui “ah, acho que agora a gente pode começar a respirar aliviado que o felizes para sempre tá vindo”, mas aí eu lembrei que ainda tem a treta com os Cullen e já tô “DEUS, AJUDA, DEUS” de novo 🤡🤡🤡
Eu confesso não ter pensado nessa hipótese de que o imprinting dele foi cedo por conta do destino da garota já estar previsto, mas é um bom ponto! Sim, o “mulher de fulano” é o traço machista da sociedade de Forks também, e principalmente, se tratando de um povo que tem sua cultura pelo patriarcado. E acostume-se, é um respiro e dois sufocos por aqui! ahahah
Agora eu tô preocupada com meu Seth e seu coração partido 🤧🤧
E meu coração tá com o Scott, então a Luna pode ficar com o Jacob 😂 (achei bonitinho o Peter sendo sensato com relação ao irmão, por alguma razão eu fiquei com a imagem dele sendo um garoto com atitude de garoto mesmo 😂)
Agora vamos lá: que diabos aconteceu com o Erick aí? Tô julgando, mas entendi que foi alguma questão de poderzinho do vampiro (agora se foi pra controlar o moço ou se foi alucinação da Luna fica aí o questionamento kkkk)
Sinto que eu deveria saber quem/o que é KM, mas meu cérebro tá lento, então só vou esperar até tudo ser revelado mesmo 😂😂😂
PS: Eu amo o Charlie <3
Que felicidade que a imagem do Peter ficou fiel ao que eu pretendia, porque ele é assim mesmo “um garoto”. O vampiro tem sim alguns dons de controle, inclusive sobre a Luna. O Killiam Mark é o vampiro, então por enquanto, a história dele vai demorar um pouco… Só confia na manhê!
Por um momento, quando a Leah tava lá sentada, toda preocupada e falou “O Seth contou para nós sobre o ocorrido”, eu pensei que ele tivesse contado sobre o imprinting dele, não me pergunte por quê 🤷🏻♀️
Mas enfim… finalmente os dois assumiram a responsa desse relacionamento, né. E fico feliz que o Scott seja maduro o suficiente para continuar com a amizade (mas se precisar, eu ainda estou aqui 😂😂😂😂) com a Luna.
O Seth, como sempre, continua um precioso e eu cada vez mais quero apertar esse rapaz ♥ (e mesmo quando adolescente, vou dizer que sempre achei ele um menino sensato :D)
Agora com a vinda do tal Mark eu fico pensando se vai ter aparição dos Cullen na história ou se a suposta vingança da Bella foi só um alarme falso 😂
Quero ver como essa história toda vai terminar, e ainda tem o negócio dos lobos fora de controle pra resolver também SOCORROOOO
Mark, tu surgiu da pqp e já tá causando, ninguém merece. 🤦♀️
E eu tô com o Seth, se ele desconfia da filhote Ateara, então eu também vou desconfiar porque eu sou dessas 😂😂
E o que aconteceu com o Sam, eu já tava “MEU DEUS, VAI MORRER SEM DEIXAR HERDEIROS? NUM PODEEEE”, mas… pelo menos não foi a vida que foi embora, grazadeus. Sam agora vai ser um homem de família e não da alcateia 🤓
Agora fiquemos com a questão: o que diabos querem esses vampiros em Forks? Será só uma coincidência ou tem algo mais no surgimento deles? 🤔🤔
Já pode chegar mais os próximos capítulos EHEHEHEHEH
Quando a gente pensa “ufa, vamos poder respirar” surge coisa e mais coisa pra te lembrar que tem outros pontos a serem resolvidos na história 🥲🥲🥲
Tá, o que são esses dois se eles não são iguais aos Cullen? Eu já tava “vamo chamar os Volturi pra dar um jeito nesses aí”, mas se não são os vampiros “conhecidos”, talvez os Volturi não tenham o mesmo poder sobre 🤔
Agora faz sentido isso de deusa e o despertar do lado mais animalesco dos lobisomens, quero ver o que vai rolar e vou amar saber mais sobre essa tal deusa. 🫶
Vish que esse capítulo saiu soltando um monte de informações HASOIDASDIO
Eu amei o Seth sendo um homem bom (não tava esperando a revelação que foi feita, mas tudo bem, bola pra frente), ele é a coisa mais preciosa que existe na saga 🥹🥹
E esse final de capítulo? Achei maravilhoso a revelação de grandes poderes, agora bora que eu quero entender o que mais está acontecendo e por que os quileutes tão se transformando em algo diferente do que o de “costume”. <3
Ih, ó, surgem mais perguntas, de novo novamente. E sem respostas pras perguntas anteriores (ainda) OPMSAPDOMAPD
Qual a conexão com o Mark e por que ela tem esse efeito nele? É só nele? Ou ela influencia outros também? 🤔
Correndo pro próximo capítulo que eu quero saber se terei algumas respostas por lá HEHEHEHEHE
As respostas demoram, mas virão aos poucos hahhaha
Agora eu não sei se quero que a deusa seja despertada IANDOPJPOD
Quero o equilíbrio, pra isso ela tem que despertar? Mas aí o moço lá vai morrer? Eu tava começando a pegar um carinho por ele, posha 🥹 (Aliás, Killiam é melhor que Mark HEIEHOIEHEO)
Eu adoro histórias que giram em torno de lendas <3
Vamos ver como vai ser esse tempinho na Bélgica (se é que vão chegar lá :B), tranquilo? Atribulado? Aguardamos.
Amiga, perdoa! Só hoje vi seus cometários e responderei todos ♥ Eu também prefiro ‘Killiam’, mas vamos lá… Sem dar SPOILERS… A Deusa precisa despertar, porque sem isso, nada se resolve. Não posso falar mais. kkkkk
Nossa, eu super ia dar umas voltinhas por essa casa/castelo, se eu sou importante pra essa coisa toda acontecer, então os dois interessados que lutem pra me manter protegida, uai.
Mas também não ia confiar em comida de vampiro, mas deu uma dorzinha no coração quando ela jogou a comida no lixo :(((
Agora esperemos o que vai rolar nesse país frio.
Ela sabe que eles não podem fazer nada contra ela ainda, por isso que ‘cria umas asinhas’, mas é bom não confiar no Darak. Ele é bem pior do que o Killiam. HAHAHAH