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Sight, My Sight

Capítulo 11: Efeito borboleta

  — ? — ajeitou o óculos, tão surpreso quanto atrás de si, ao me ver. Ele olhou no relógio e depois para mim novamente. — Você está-
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  — Um dia adiantada, eu sei. — ri fraco, apertando a alça da mala ao lado do meu corpo. — Me desculpa, minha casa está infestada de… — diminuí mais a voz. — borboletas. É coisa do bairro inteiro… O primeiro lugar que eu pensei para fugir foi aqui.
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  — Borboletas? — ele repetiu, ainda confuso. estava terminando de tirar sua gravata e fez o mesmo, repetindo mais para si.
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  Enchi o peito de ar para gerar coragem.
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  — Sim. Eu tenho pavor de insetos no geral, mas borboletas são as piores. — confessei, ainda com mais vergonha. — Não sei por que, mas Veronica veio direto para o campus. Eu sei, é sexta-feira e combinamos de jantar amanhã… Meu pai ainda não retornou da Europa desde o ano novo… Eu não vou conseguir dormir com aqueles… — senti meu corpo arrepiar por inteiro só com a lembrança e não terminei.
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  — Sua casa foi infestada de borboletas e ainda deu tempo de você arrumar uma mala? — surgiu ao lado de , apontando para a baixo. Segui com o olhar.
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  — Eu sempre tenho uma mala pronta para emergências. — dei de ombros. Falar isso em voz alta me fez pensar que qualquer um acharia ser uma desculpa esfarrapada, mas não, isso era verdade. Desde que o Tribeca todo teve problemas com insetos quando eu tinha quatorze anos, mantive uma mala sempre pronta, e toda semana arrumava ela de acordo com o que estava na minha agenda.
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   olhou para e os dois se encararam por um tempo, enquanto eu fiquei ali, parada, revirando em minha mente que teria sido mais fácil pegar um quarto num hotel do que cruzar a ilha e bater na porta dele. Sequer sabia se era permitido receber pessoas de fora do dormitório, principalmente para dormir. Simplesmente segui o meu instinto e fui. morava num bairro ao lado, pertinho, mas eu não lembrei disso.
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  Ouvi a conversa em coreano dos dois, com fazendo caretas e repuxando o ar, frustrado. Entendi que esse jeito de rasgar as sílabas e arrastá-las se fazia um perfil muito comum, do jeito deles mesmo, de cultura. Embora fosse um pouco difícil de acostumar.
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  Depois de algumas coisas ditas, forçou um sorriso pra mim.
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  — Que bom que eu estava de saída, indo experimentar dormir no carro dos Chevalier pra testar se é confortável o suficiente para levar a para cima e para baixo. — disse sendo irônico.
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  — E é sim! Eles compraram a Mercedes porque eu indiquei. Sempre tive problemas com carros muito desconfortáveis, principalmente para dirigir. Antes da Veronica tive um… Foi muito bom. — tentei contornar, sorrindo e piscando simpática.
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   prendeu um riso, coçando a nuca, e murchou os ombros.
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  — E tinha nome também?
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  — Tinha, era Mercedes-Benz. — dei de ombros.
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  Não, eu nunca tive um carro executivo. Gosto de coisas altas, que me permitam enxergar de cima — exceto aviões, porque tenho medo de altura.
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   riu fraco e fulminou ele com o olhar, outra vez reclamando em coreano. Ele foi até a mesinha que tinha no centro do enorme quarto e pegou sua gravata, depois o cobertor e o travesseiro em cima da cama. Antes de sair, outra vez disse alguma coisa para , passando por mim em seguida.
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  — Boa noite, Bee. Espero que você não se importe com as borboletinhas de luz. — sorriu cínico para mim, seguindo pelo corredor.
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  Senti meu corpo ficar duro no lugar e olhei assustada para . Ele estendeu a mão para a minha mala, tirando ela de mim e se inclinando para me dar um selinho.
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  — Fica tranquila, pesseguinha… — rapidamente olhei em seus olhos, arqueando a cabeça para trás, pela forma nova como ele me chamou. — Eu já fechei as janelas, elas não vão entrar.
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  Entrei no quarto, deixando ele me guiar, mas sem deixar de olhar todos os cantos do teto e luz, desejando que não estivesse falando sério.
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  — Você já comeu? — tomou minha atenção, ele tinha se afastado para colocar minha mala dentro do pequeno closet que tinha no quarto.
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  Era um espaço grande, se for considerar o fato de ser um dormitório de universidade. O quarto era comprido e tinha, inclusive, uma bancada com micro-ondas e frigobar, que ficavam na parede lateral à porta, separada da entrada por uma pequena divisória de gesso. No centro havia uma mesa redonda e as duas camas de solteiros, um tanto largas para se notar, se separavam por uma escrivaninha comprida no meio — tendo espaço suficiente para duas pessoas usarem. O closet não era tão grande, mas tinha um espaço bom, levando à porta do banheiro, também nada tão pequeno.
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  O quarto de tinha uma organização impecável e, segundo o que ele disse nas outras duas vezes que vim aqui depois do dia no Battery Park, ele tinha sorte por também não ser nada bagunceiro. Eles conseguiam conviver bem quando não brigavam igual irmãos — igual eu e desde crianças.
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  — Ainda não. — respondi à sua pergunta. — Estava terminando um relatório e tive que sair correndo das borboletas.
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  — Eu acho que vamos ter problemas se alguém te ver aqui, então vou pedir alguma coisa pra você, o que prefere? — foi se aproximando de mim, já com o celular na mão.
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  — Você não vai comer?
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  — Não, acabei de jantar com . — fez uma careta. — Poderia te oferecer, ainda está quente, mas ele me mataria se não sobrar bibimbap para o café da manhã.
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  — Bibimbap? — arqueei a sobrancelha, tentando repetir. Estávamos ao lado de sua cama e se sentou, eu me aproximei mais, encaixando meu corpo entre suas pernas.
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  — É. Uma especiaria coreana. É… — ele me encarou, tentando pensar em como descrever. — Um tipo de risoto. Significa “arroz mesclado”.
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  — E ele vai comer risoto no café da manhã? Antes das aulas? Às sete da manhã? — não consegui esconder minha indignação.
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  Ele riu, franzindo o rosto, o que fez seus lábios formarem um biquinho. Por estar sentado, arqueou a cabeça para trás, me olhando, e isso fez seu óculos refletir a luz. De tão lindo, isso o fez parecer como uma estrela em minha frente. E eu fiquei hipnotizada.
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  — Sim, pesseguinha. — deixou o celular de lado e levou as mãos até minha cintura, automaticamente eu apoiei em seus ombros. — Nosso café da manhã é diferente do seu.
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  — Bem diferente, aliás. — arregalei os olhos. — me lembre de nunca deixar você acordar antes para me servir café da manhã na cama.
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  — Ei! — ele apertou a minha cintura, formando um vinco no cenho. — Você iria amar comer kimchi, bibimbap, tteokbokki… Precisa experimentar primeiro.
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  — Neném, não me leve a mal, mas eu prefiro meus ovos mexidos. — ri, fazendo uma careta. — Nada contra sua carne… Mas…
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  — Mas? — ele incentivou, apertando outra vez minha cintura. Meu ponto fraco para as cócegas e ele já tinha descoberto.
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  Tentei tirar sua mão de mim, não aguentando manter a seriedade.
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  Porém, me puxou contra ele e eu acabei caindo por cima de seu corpo. Estava rindo até ficarmos tão perto.
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  Eu sabia que não iria me cansar de olhar em seus olhos. Desde o momento que eles se espremeram na biblioteca pela sua timidez.
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  Agora eu tinha mais certeza.
  — Acho melhor tirarmos isso. — disse um pouco baixo e rouco pela aproximação e a risada passada. — Não queremos outro acidente. — tirei seu óculos, movendo minimamente do meu corpo para não perdermos o contato. Seus olhos passearam por todo meu rosto. — Pronto. — completei ao tirar a armação.
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  — Agora eu não consigo enxergar. — ele respondeu.
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  — Eu posso ser a sua visão, se quiser.
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  — É uma ótima ideia.
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  Continuei olhando-o em silêncio, até ser surpreendida por seus braços me segurando forte na cintura e nos girando. ficou por cima de mim, encaixado no meio das minhas pernas, lentamente ele tirou o óculos da minha mão, esticando o braço e colocando em cima da mesinha à cabeceira da cama. Tudo isso sem quebrar o nosso contato visual.
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  Meu peito começou a se encher de ar.
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  Não estava nervosa, eu estava ansiosa.
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  — Mas eu acho que consigo encontrar você mesmo sem enxergar. — sua voz saiu baixinha, grossa. — É só eu seguir essa corrente elétrica que me puxa até você. — fechei meus olhos quando ele colou seus lábios no canto dos meus, devagarinho beijando cada centímetro do meu rosto até chegar em minha boca. Estava pronta para outro beijo de tirar o fôlego, como todos os que ele me oferecia, até que ouvi uma voz afetada nos interromper:
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  — Coloca o “não perturbe” na porta, cara…
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  Fechei os olhos quando se assustou em cima de mim, colando nossas testas. Não sei o que aconteceu, apenas ouvi.
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  — Eu esqueci meu celular.  — disse.
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  — Tenta levar a cabeça junto em cima do pescoço. — replicou, protegendo meu corpo com o seu. Ele não precisava de muito para me esconder, era enorme se comparado a mim.
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  A resposta de foi em coreano outra vez e eu me enfezei. Quando lembrasse, em uma ocasião que não estivesse em cima de mim, me causando um fervor por todo o corpo, os proibiria de falar em coreano na minha frente porque eu não entendia.
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  Ou eu podia começar a estudar o idioma. Seria mais compreensivo, até porque minha mente divagou no fato de que não era só com que eu poderia um dia conversar, tem a família dele. O pai, a mãe.
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  — Vem, . Vamos levar você para comer. — se levantou, me dando a mão para levantar junto. Frustrada pela interrupção, sentei na cama, conferindo se minha calça e jaqueta jeans estavam em ordem, sem interferir em minha blusa de lã. — Tem um restaurante aqui pertinho, podemos ir lá pegar e ver filmes.
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  — Só se você aceitar assistir O Hobbit dessa vez. — cruzei os braços. murchou os ombros e se inclinou até mim, dizendo contra meus lábios:
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  — Eu não vou ficar te mimando, Bee. Vamos seguir a lista, hoje é dia de terror.
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  — Seu espertinho. Só pra eu correr assustada até você — estreitei o olhar. Ele riu, me beijando em um selar mais demorado, e eu fechei os olhos, inebriada.
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  — Como se você já não tivesse corrido assustada até mim hoje.
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  Abri minhas pálpebras somente para ver um sorriso sacana no rosto dele e antes que eu pudesse reclamar, avançou contra mim outra vez, me beijando de verdade agora.
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Capítulo 12: Ficar sozinha com você

  — Não, sério, você tinha que ver a cara que ela fez quando me viu.
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   ria escandalosamente da história que eu estava contando para ele de quando não respeitei meu período de repouso por conta da conjuntivite e fui para a faculdade, mesmo tendo um receituário médico e restrições do meu pai, como a chave do carro confiscada. Naquela época, eu tive que ameaçar um dos seguranças que, pelo medo de perder o emprego ao me deixar dirigir, acabou dirigindo para mim até a universidade.
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  — Você precisa de limites, sabia? Principalmente os que dizem respeito à sua saúde. — ele cessou a gargalhada devagar, limpando o canto da boca sujo de molho do macarrão, e apoiou os cotovelos na mesa. — Se algum dia eu te ver burlando qualquer restrição médica, vou te prender com algemas.
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  — Mas aí eu não vou conseguir reclamar. Não vai ser de todo ruim. — respondi com um bico nos lábios e se remexeu na cadeira, desviando o olhar.
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  Percebi que isso estava se tornando um tipo de toque nele, porque às vezes eu falava alguma coisa e ele se mexia desta forma, parecendo estar com algum comichão por eu ter dito algo o deixando desconfortável. Uma parte de mim alertava que isso tinha a ver com os duplos sentidos das coisas, mas eu não tinha como saber ou medir o que dizia, quando não pensava desta maneira. Sei que pessoas adultas, principalmente as que se envolvem com outras pessoas, começam a criar experiências e noções mais explícitas das coisas, o que não era meu caso. Eu não pensava sobre sexo e coisas carnais o tempo todo.
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  Até porque, era a primeira pessoa com quem eu estava me envolvendo. Tudo com ele se tornaria novidade.
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  Meu primeiro beijo foi com , no meu quinto semestre na Saint Peter, e eu já tinha vinte anos. Foi algo que aconteceu aleatoriamente quando saímos uma vez; estávamos nós dois, e, como sempre, . Era um parque de diversões perto do Brooklyn e, quando subimos na roda gigante, ele me acalmou pelo meu medo de altura. O que resultou num clima propício para ele enfiar a boca na minha, me surpreendendo. Até pensei que poderíamos passar disso, mas não foi o que aconteceu.
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   é muito mais meu amigo do que outra coisa. Não teria a menor chance de dar certo, porque, afinal, não é para ser ele. Na época eu também não tentei muito, ficamos por mais umas duas ou três vezes e realmente vimos que não funcionaria.
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  E foi isso, só ele. Até aparecer.
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  Portanto, minha experiência com relacionamentos, beijos, sensações carnais e afins eram tão nulas quanto a dignidade humana para segurar o martelo do Thor.
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  — Está ficando tarde. — olhou em seu relógio e eu tentei disfarçar minha preocupação.
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  — Sim, quer ir embora? Amanhã não temos aula… Podemos fazer alguma coisa ainda… — tentei não me expressar tão ansiosa para não mostrar que queria mais dele comigo. — Que não envolva filmes, porque eu não aguento mais a sua lista de terror.
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  — Poxa, como vou fazer para você me agarrar? — ele ergueu o lábio inferior e tremeu o queixo, fingindo tristeza.
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  Céus! Eu só queria morder.
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  Fiz uma careta sonsa e pedi a conta. Quando o garçom chegou com a caderneta, tirou seu cartão e eu puxei da mão do rapaz em pé, pedindo a caneta. Ele, então, reparou quem eu era.
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  — Oh, senhorita Bee! Me desculpe. — pediu, coçando a nuca. — Não vi que era a senhorita, cheguei agora.
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  — Tudo bem, Greg. — sorri simples, tomando a caneta e assinando o papel. — Diga ao Tony que estava ótimo, como sempre. — pisquei para ele e devolvi a caderneta.
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  Greg se despediu educadamente em silêncio e saiu, ficou me encarando com a cabeça inclinada, alheio.
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  — Desculpa, eu não pago para comer aqui. — expliquei. — Meu pai e o dono são amigos desde a faculdade, quando ele se mudou para Nova York, para estudar na Saint Peter. — me levantei, sendo acompanhada por ele. rapidamente se colocou ao meu lado, caminhando para a saída, e eu continuei explicando. — Tony veio da Itália na mesma época e, enquanto estudava gastronomia, trabalhava aqui. Quando se formou, Tony comprou o restaurante e hoje toca sozinho. — paramos no hall de entrada, esperando nossos casacos e a minha bolsa de mão. — Ele não deixa ninguém tocar a cozinha e teve a sorte dos filhos gostarem de cozinhar. Junior está fazendo faculdade para saber administrar e Soraya já sabe cozinhar tão bem quanto o pai…
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  Assim que a recepcionista trouxe nossas peças, vestiu o meu casaco em meus ombros e saímos, esperando meu carro no valet. Ele ficou estranhamente quieto e eu não sabia bem o que fazer ou dizer, então apenas me aproximei do seu corpo, sutilmente tomando meu espaço em seus braços. Senti suas mãos na minha coluna e deitei a cabeça em seu peito.
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  Estava ali, bem no meio, o cheiro forte de pêssego. O meu favorito. Mas não era no tecido da roupa que eu queria sentir, tinha algo no meu interior gritando para ele tirar aquelas camadas de roupas, porque eram desnecessárias e complicaram o caminho para o meu olfato.
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  Tão logo quanto comecei a me sentir entorpecida, o manobrista chegou com Veronica e tivemos que nos afastar. Por um momento quis que ele dirigisse, mas minha mente divagou em uma ideia maluca e agiu automaticamente sozinha, mandando os comandos para o resto do meu corpo agir de acordo. Dei a volta no veículo e entrei no meu lado de motorista, jogando o casaco para o banco de trás e a bolsa junto, me livrando do que estava pesando em meus ombros com calor.
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  — Eu acho que deveríamos ter vindo de táxi. — comentou ao colocar o cinto. — Não que eu não confie em você, mas a polícia pode nos parar e você consumiu vinho…
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  — Mas aí não teria como eu te sequestrar assim. — terminei de ajeitar meu banco e dei o sinal, a seta, para sair com o carro dali. Pude notar que ele virou o rosto para mim completamente confuso. — O que foi? Achou que eu estava te alimentando por romance? Agora que te engordei alguns quilinhos, vamos ver quanto essa carne tá valendo no mercado da deep web.
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  — Bee.
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  — Acha que eu tô brincando? Caiu no conto da nerd, neném… — estiquei o braço para tocar sua bochecha e gargalhamos juntos.
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   segurou em meu punho e depois descansamos os braços no apoio entre os dois bancos. Ele entrelaçou sua mão na minha e se manteve quieto, como já estava, apenas fazendo o carinho no dorso dela com seu polegar. O trânsito, como sempre, lento e cheio, me permitindo a inclinar para ele algumas vezes e deixar beijos carinhosos em sua bochecha, mandíbula e, num desejo incontrolável, o pescoço.
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  Até que houve um semáforo em específico, depois de sair do Holland Tunnel para acessar a Varick, que ficamos mais tempo parados porque alguém bateu no carro de outro alguém.
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  O carinho de tinha cessado há alguns metros atrás, quando meus beijos em seu pescoço se tornaram mais repetitivos. Em nenhuma das vezes que eu me inclinei para ele e vice-versa nós dissemos qualquer coisa, porque simplesmente não parecia necessário. Somente seu olhar brilhando e de encontro ao meu parecia ser suficiente por ora. Então agora, ele parecia concentrado demais em olhar para o outro lado, controlar seus movimentos. Mas tinha alguma coisa dentro de mim que queria continuar beijando-o e de uma forma muito mais intensa.
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  Tirei minha mão da sua e usei ela pra virar seu rosto em minha direção, selando nossos lábios sem qualquer calmaria. E foi esse beijo que me deixou sem ar, ansiosa, com vontade de chegar logo. Por sorte, meu pai não estava em casa — outra vez, sem novidade alguma —, então eu não precisava me preocupar com a minha ideia maluca e tampouco restringir minhas vontades. Teria privacidade para seguir com aquele calor todo que me consumia.
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  — … — tocou meu rosto e só então eu notei que estava quase em seu colo, acordando de uma espécie de sono que eu dormia acordada. — … — tentou me chamar outra vez, mas eu não conseguia me afastar, e mesmo que não beijasse sua boca, continuei por seu pescoço. — Pesseguinha, tem gente buzinando e…
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  Me afastei, abrindo os olhos assustada quando ele apertou minha cintura.
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  Mais um pouco e eu estaria em seu colo. 
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  — Céus! — senti meu rosto esquentar e voltei para o meu lugar. Não sei quando foi, mas até o cinto eu havia tirado. Tentei me auto sabotar nas imagens e fiquei parada como um robô, seguindo a direção.
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  Mas , sem saber do que estava acontecendo comigo, espalmou sua mão em minha coxa de uma forma a tomá-la quase toda. Ou deveria ser apenas o seu tamanho sendo o dobro do meu.
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  Não consegui reprimir a sílaba arrastada, nem mesmo mordendo o lábio.
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  — Está tudo bem, ? — a voz rouca dele só serviu para complicar mais ainda meu estado.
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  Então era assim que se sentia quando dizia que estava com tesão pelo ?
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  — Está sim. — virei meu rosto para responder rápido, com a voz trêmula.
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  Como podia ser possível que eu me sentisse assim com ele? Sempre tão à vontade…
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  — Na verdade, tô um pouco nervosa. — confessei, mantendo as duas mãos no volante e a cabeça levemente apoiada na janela. Ele apertou levemente minha perna e eu continuei. — Minha mente trabalhou sozinha e esse é o caminho para a minha casa, porque eu quero ficar mais com você… sozinhos… sem ter que atrapalhar o conforto do .
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  — Tudo bem, meu amor… — ele sorriu compreensivo.
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  — Mas eu tô com medo.
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  — Medo? De mim? — a voz dele falhou e eu fiquei com receio de puxar sua mão, mas ele não fez.
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  — Não, de mim mesma. — virei meu rosto para encarar o seu, tendo-o totalmente confuso. — Porque eu realmente quero ficar sozinha com você… — mordi o lábio, me sentindo patética.
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  — Ah… — abriu a boca, olhando para frente e ajustando a armação do óculos. — E por que você está com medo de si mesma?
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  — Porque eu… — parei abruptamente, tanto de falar, quanto freando o carro. Meu coração acelerou mais, pois eu já conseguia ver a rua que entrava para o prédio que morava. — Porque eu nunca fiquei sozinha com ninguém. Eu nunca… Sabe… Transei. — fechei os olhos e deitei a cabeça no volante, morrendo com vergonha e choramingando. — Que vergonha!
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  Ouvi o riso nasalado dele e sua mão que estava em minha perna foi para o meu ombro.
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  — Amor, você tem certeza? — perguntou de forma doce. — Eu não me importo de esperar o tempo que for. Isso é-
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  — Se você falar que é especial demais e toda a baboseira sobre primeiro namorado, eu vou largar você no meio dessa avenida. — interrompi, erguendo o corpo. — Eu cresci ouvindo que esse negócio tem que ser com uma pessoa com quem irá casar, ter filhos e bla bla blá. Mas como que eu vou saber que é pra sempre? E eu nem planejei essa parte na minha vida! — tagarelei. — Tudo o que é íntimo demais se trata de conexão e não de tempo. E eu não estou conseguindo mais controlar o que meu corpo tá pedindo. Ele tá pedindo por você… — choraminguei a última parte.
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  Quando terminei, minha respiração estava ofegante e eu sentia meu corpo arder.
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   se inclinou até mim, voltando a mão para minha perna e aproveitando o último semáforo fechado. Sua outra palma livre se fechou em minha nuca, entrelaçando os dedos nos fios do meu cabelo. Seus olhos estavam muito próximos e não se moviam, apenas me encaravam profundamente.
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  Todas as vezes que isso acontecia era como se ele pudesse me ver por inteira; igual um feiticeiro lendo um livro sem precisar folhear página por página.
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  — Nós vamos até onde você quiser, OK? — disse contra meu rosto, antes de eu assentir e ele me beijar.
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  Depois disso, dirigir os menos de 500 metros até em casa se tornou um martírio. Minha ansiedade nunca gritou tão alto quanto durante aquele caminho curto, mas, de repente, tão longo. Em nenhum momento tirou sua mão de mim, continuando ali por cima do meu jeans com um carinho lento e gostoso.
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  Ao chegar no prédio, não demorei para estacionar o carro em minha vaga de sempre; geralmente eu não coloco Veronica de frente para a parede, sempre deixo ela pronta para sair, parando de ré, mas desta vez eu não estava tão paciente para manobrar. Tirei o cinto e desci, entrando em um desespero lá no fundo por ter que me distanciar do toque de pelo tempo de dar a volta no Jeep e encontrá-lo do outro lado outra vez, pegando em sua mão e entrelaçando nossos dedos.
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  Seguimos para o elevador e, assim que entrei, digitei a senha rapidamente, eufórica por toda a ideia que estava em minha cabeça. Não sabia como seria e se realmente iria ser, só tinha noção de que eu não queria que fosse embora logo e se ele quisesse, poderia dormir comigo, igual fizemos quando eu apareci do nada no dormitório ou nas noites depois disso, que eu inventei qualquer desculpa para simplesmente ficar, mesmo que sua cama fosse de solteiro e a gente só pudesse ficar numa única posição: de coalinha.
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  Me vi viciada em dormir em cima do corpo dele. Era muito bom e confortável. Além do cheiro inebriante de pêssego, claro.
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  — Não tem ninguém em casa, pode ficar tranquilo. — virei para ele, soltando sua mão e ficando pertinho, espalmando seu peito coberto por uma camiseta branca e lisa. De uma forma maluca, minha mente começou a trabalhar na intenção de tirar todo aquele tecido que lhe cobria, incluindo a jaqueta jeans.
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  Ele se inclinou para minha direção, dando um beijinho casto um pouco acima dos meus lábios.
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  — Estou começando a achar que tinha alguma coisa naquele único gole de vinho que você tomou. — riu, sorrindo fechado.
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  Apoiei o queixo em seu peito, lembrando da taça.
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  — Ou você pediu para colocarem uma dose do seu charme e agora eu tô aqui, maluquinha com as minhas visões libertinas. — ousei dizer,  resmungando em drama.
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  — Visões libertinas? Bee? — me abraçou como se eu fosse menor do que já era e eu fiquei sufocada em seu cheiro. — O que foi que eu fiz com você?
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  — Ainda não fez nada. E não vai fazer se continuar me abraçando assim — reclamei rindo e ele se afastou.
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  — Eu acho que estou acordando um monstro. — franziu o cenho.
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  O elevador apitou e as portas se abriram, revelando o hall já dentro da cobertura. Me afastei um pouco a contragosto e sai primeiro, estendendo o braço para ele.
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  — Vem. Não tem ninguém. — chamei, movendo os dedos também, e ele veio.
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  Atrás de mim, parecia controlar a respiração com medo de algo ou alguém, como se tivesse que entrar escondido ali ou estivesse se escondendo por vida ou morte. Depois de alguns passos, paramos diante da escada que dava para o andar de cima e eu fiquei de frente para ele.
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  Dei a volta em , ficando atrás de seu corpo. Lembrei de alguma coisa mais ou menos assim em algum filme que assisti e tentei agir de acordo com a única referência que tinha, então ergui meus braços e fui tirando sua jaqueta de forma lenta, sentindo-o travado, receoso. Pela sua forma petrificada, depois que eu deixei a peça em cima do aparador rente à parede da escada, me esforcei em cima dos próprios pés para alcançar sua nuca — um dos meus maiores pontos fracos ao se tratar dele — e deixei um beijo.
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  Foi tão rápido, que eu mal consegui raciocinar e apenas emiti um gritinho quase histérico pela surpresa.
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  O braço direito de envolveu minha cintura e a mão esquerda se encaixou perfeitamente no meu pescoço, abaixo da orelha, com o polegar erguido em minha bochecha. Seus olhos estavam sem brilho, ele me olhava atônito e sua respiração estava entrecortada, com a boca entreaberta. Conseguia sentir o hálito de menta pelo suco que tomou e isso, em contraste com o cheiro tão forte do seu perfume, estava me atentando a coisas que eu não poderia sequer citar por não ter ideia exata do que eram.
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  Sua boca foi de encontro à minha, sendo calmo e sereno, embora seu corpo parecesse lutar para ter um controle sozinho sobre si. Por um momento, eu me mantive sem reações, simplesmente deixando com que ele ditasse todo o rumo daquele encontro sempre tão perfeitamente encaixado, porém, não foi por muito tempo. Minhas mãos estavam coçando e eu não consegui mantê-las paradas, logo agarrando cada lado da sua cintura, sem conseguir controlar a força das minhas unhas. Talvez, se não fosse pelo tecido, eu teria até machucado ele — que horror.
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  Havia como eu culpar seu beijo por isso?
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  Ainda sem controle sobre o que eu estava fazendo, caminhei meus dedos por seus braços, também usando as unhas, porém menos intensamente agora. Foi como quando ele tinha me colocado em seus braços nas outras vezes e eu desenhei linhas que só existiam na minha cabeça, usando a ponta das unhas, mas só que agora, o clima não era nada ameno e eu estava descobrindo outra novidade intensa.
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  Ele se afastou, puxando meus lábios juntos, e por não deixá-lo se afastar por completo pela agilidade da minha mão se fechando em sua nuca, acabou sussurrando contra minha boca:
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  —
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  — Shhhhh. — coloquei o outro indicador contra seus lábios, me erguendo nas pontas dos pés. Nem mesmo usando um sapato de salto médio eu conseguia ficar do mesmo tamanho. — Até onde eu quiser, não era? — assentiu, beijando a ponta do meu dedo. — Então vem, vou te mostrar meu quarto… Falei que você precisava ver como minha cama é divertida.
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  Esperei por alguns segundos, até vê-lo passar a língua pela boca, com ela mais ou menos aberta, e aí lhe puxei pela mão, beijando-o conforme tinha ângulo para começar a nos levar para a escada. Vi pelo canto do olho que passou a mão na sua jaqueta. Quando subi o primeiro degrau e fiquei mais alta, paramos, com o ritmo do beijo se acelerando, se esquentando.
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  Com a temperatura tão alta, eu arranquei meu próprio casaco e o joguei para qualquer canto. me puxou pela cintura e, inerte demais para fazer observações, só pude perceber que ele me trouxe para mais perto e logo eu estava com as pernas em volta do seu tronco.
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  Quando dei conta do mínimo de sobriedade, estando mais longe deste estado por causa do jeito que ele me naturalmente me deixava, estávamos no corredor e eu apenas murmurei que a minha porta era a última a direita. Sem erro algum, entramos no meu quarto depois dele abrir a maçaneta com um equilíbrio forçado. Eu consegui alcançar o disjuntor e iluminar todo o cômodo. Durante esse caminho todo, quando não estávamos com as bocas coladas uma na outra, no ritmo cada vez mais intenso e voraz, passeava com seus lábios por onde alcançava do meu pescoço e busto.
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  Senti minhas costas contra o colchão e abri os olhos, vendo o rosto dele a menos de um centímetro de distância. tinha seus dois braços um de cada lado da minha cabeça e me olhava com muito afinco, sua respiração batia contra mim e eu juraria que conseguia ouvir o ar rodando entre nós. Ele estava esperando meu veredito, seu olhar preocupado e atencioso me dizia isso.
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  Para lhe responder, ergui minha mão e toquei seu rosto, usando a outra para ir até a barra de sua camiseta.
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  — Eu não vou desistir. — sussurrei, acariciando sua bochecha. Ele virou o rosto para beijar a palma da minha mão.
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  — Sei que não. — respondeu, voltando a me beijar, agora lentamente. Mas um pensamento me fez empurrá-lo pelo ombro.
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  — Vo-você tem camisinha?
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  Era óbvio que eu sentiria minhas bochechas arderem.
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   assentiu com um sorriso casto.
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  Seu beijo foi breve, apenas pelo tempo de voltar ao mesmo clima em que estávamos. Quando ele começou a beijar meu pescoço e a caminhar sua mão pela minha silhueta, adentrando ela pela blusa de lã, meu corpo se arrepiou por inteiro. Os dígitos macios que já tinham caminhado pelos meus braços, rosto e até mesmo a perna, não tinham ainda tido contato direto com as minhas curvas desta forma. E mesmo que eu fosse insegura sobre meu corpo também, não consegui sentir medo ou qualquer bloqueio ao sentir o toque de .
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  Parecia tão certo, tão devidamente calculado, que não tinha um porquê para eu não me sentir à vontade com ele.
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  Entretanto, eu não conseguiria abater um monstro passado tão de repente e assim que a blusa foi tirada sem muita cerimônia, eu abri meus olhos, assustando-o. Ele sorriu genuíno, parecendo reconhecer o porquê de eu encolher meu corpo de tal forma ao estar exposta. Não tinha a ver com o meu sutiã rosa claro de renda ou com o tamanho dos meus seios, era simplesmente o fato de nunca ter estado nua na frente de outra pessoa que não fosse — pelo motivo de nos trocarmos sem muita cena perto uma da outra.
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  De repente a realidade bateu em mim quase como um banho de água fria. Se não fosse por , se fosse outra pessoa em seu lugar, teríamos interrompido ali.
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  — Ei… — ele deixou uma trilha carinhosa de beijos abaixo da minha orelha, passando o braço por baixo de mim e me trazendo para cima, então eu fiquei em pé, fora da cama. — Você quer fazer isso?
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  Não soube muito bem o que ele estava querendo dizer, mas assenti.
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  — Então vamos fazer assim — fiquei entre suas pernas, com ele sentado. — Estende suas mãos. — obedeci — Eu não vou fazer nada, você é quem vai fazer, da forma que quiser e até qual parte conseguir. Tudo bem? — disse sereno e eu assenti.
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  Lentamente, guiou minhas mãos pelo cós do meu jeans e quando eu entendi o que ele estava fazendo, me soltei, sendo a maior responsável por guiar os movimentos. Ele se abaixou em minha frente, desafivelado a minha bota de cano curto e subindo o zíper dela, para tirar em seguida cada um dos dois pés. Fiquei na minha altura normal e isso fez com que ficasse na direção exata dos meus seios, me deixando ruborizada pelo mero detalhe.
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  Com as suas mãos em cima das minhas novamente, voltamos para o jeans, indo até o zíper. Eu abri. Eu deslizei a peça pelas pernas. Eu me despi. me olhava com um leve sorriso rascunhando seu rosto, quase sem piscar, prestando atenção em todos os meus detalhes, do mesmo jeito que eu sempre fazia com ele.
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  — Você é linda. — disse em tom baixo, como quando se conta um segredo a alguém. — Eu sou o homem mais sortudo por ter sido esmagado justamente por você, Bee. — seu polegar, atrevido, quebrou o contato prometido para alcançar minha silhueta com todos os outros dedos da sua mão macia.
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  Fechei os olhos.
  O deleite de sempre não me permitia ver, não era a vergonha.
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  As duas mãos de estavam colocadas em minha cintura, no lugar que não deveria abandonar, e usou isso para me levar mais perto, voltando a tomar minhas mãos com as suas. Primeiro, subimos meus dedos até o fecho do sutiã e meu peito começou a se movimentar de acordo com a respiração descompassada, porém, somente um rubor amornou minhas bochechas conforme  a peça foi sendo removida. E os dois pares de mãos continuaram juntos.  Quando as  senti  serem colocadas por cima do cós da calcinha, meu corpo tremulou, mas a ausência da hesitação não deixou que ele parasse.
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  Outra vez sem pressa, desci mais uma peça. Agora ficando mais exposta que nunca.
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  E antes que eu tivesse medo, me acariciou com as mãos abandonando as minhas para se colocarem em meu quadril, divididas. Ele arqueou a cabeça para me olhar e sorrir antes de se direcionar para minha barriga, beijando suavemente a pele fria do meu corpo, iniciando ali e descendo sem correr. A relatividade do tempo não me fez contar exatamente a qual velocidade estávamos indo e isso já tinha, bem dizer, alguns meses.
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  Seus lábios se mostraram muito experientes para me causar arrepios, do mesmo jeito que era ao me beijar e tirar meu fôlego. De acordo com a descida, eu fechei meus olhos, apertando-os mais quando senti sua boca em minha coxa, no lado interno, com seus dígitos se enterrando em meu quadril. Por reflexo, alcancei sua cabeça, afundando os meus dedos em seu cabelo macio e volumoso.
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  Soltei um gemido quando o meu monte de vênus foi alcançado e tombei a cabeça para trás, instintivamente abrindo minhas pernas. Momento exato que eu soube que não teria mais volta.
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  Afundei mais a minha mão, quase não tendo noção de que estava puxando seu cabelo, e antes que o deixasse careca, voltou a envolver minha cintura com seu braço, me puxando para seu colo. Eu imediatamente sentei, levando as mãos para a barra de sua camiseta e a puxando, agora seria a hora de despir .
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  E fiz isso sem contar que meu desejo principal seria passar a mão por todo seu peito. Porque foi exatamente o que fiz, antes dele me deitar outra vez e me beijar. Não consegui mais tirar minhas mãos de sua pele, sentindo que em alguns momentos estava forçando não os dedos, mas as unhas, sem pensar no resultado posterior. Precisaria controlar esse instinto de querer apertá-lo, como se isso fosse a única forma de saber que estava ali, que era de fato real.
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  De olhos fechados, eu não sei dizer de onde veio, somente que ouvi o barulho de algo se rasgando, enquanto ele parecia distante. Em sequência, seu corpo me cobria de novo e eu podia sentir que estava encaixado entre minhas pernas.
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  — … Meu amor. — me chamou baixo, em meu ouvido e, claro, com beijos. — Olha pra mim.
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  Abri as pálpebras lentamente, engolindo o que estava preso em minha garganta.
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   passou as costas de sua mão em meu rosto, beijando minha testa antes de abaixá-la para seu próprio corpo.
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  Somente afirmei com um aceno positivo e ele se manteve equilibrado.
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  — Se sentir qualquer desconforto… Qualquer coisa… Quiser parar-
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  Não o deixei terminar, inclinei minha cabeça para cima, selando seus lábios. Pela posição desconfortável tive que me afastar rapidamente, abrindo o meu melhor sorriso.
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  — Eu tenho certeza de que quero isso com você. Aqui. Agora — assegurei.
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  Ele respirou fundo e então prosseguiu.
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  Não foi tranquilo porque era uma novidade. E como todas as novidades até aqui, eu me assustei. Contudo, não a ponto de querer parar. A sensação ardente durou bastante tempo, mas não foi mais forte do que a outra prazerosa que fez meu corpo todo acender como um receptor de energia. Em qualquer outra ocasião na minha vida, eu jamais diria que algum dia iria apertar a nuca de alguém, cravando minhas unhas, enquanto entrelaçava minhas pernas em seu quadril e era penetrada, correspondendo audivelmente com gemidos naturais.
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   me colocou por cima de seu corpo em algum momento, mas eu não consegui seguir, mais pela vergonha ainda me travando do que pela vontade. Então quando acabamos, eu estava por baixo dele de novo, suando junto e ofegante. Se o tão falado e querido orgasmo trazia essa sensação de paz e calmaria, com certeza eu poderia dizer que vivia isso sem precisar de sexo, porque era exatamente assim que me sentia estando com ele.
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  — Me dá um segundo. — sussurrou e eu assenti, ainda me sentindo mole.
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  Puxei o lençol quando ele saiu de mim, depois de me beijar carinhosamente, e, enquanto se livrava da camisinha, olhei para a cama, caçando qualquer mancha vermelha, mas antes que eu pudesse encontrar, retornou com um pedaço de papel.
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  Não tinha problema algum, mas eu ainda não tinha me acostumado a vê-lo sem roupa, então automaticamente ergui o tecido até os meus olhos, me mantendo sentada. Ele deu uma meia risada e subiu novamente na cama.
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  — Vem cá, pesseguinha… Com licença. — pediu, tirando o lençol de cima da minha perna e eu senti o papel ser passado por dentro das minhas duas coxas e mais perto da minha entrada íntima. — Pronto.
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  Outra vez ele sumiu para o banheiro, parecendo familiarizado demais, e retornou, voltando para a cama. Quando deitou ao meu lado, me puxou para ficar deitada em seu peito, como nossa posição corriqueira. Entretanto, eu neguei. Ele ficou confuso, mas eu estava sem palavras o suficiente para me justificar, então apenas forcei que ficasse de costas para mim, e o abracei assim, sendo a conchinha de fora.
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  — Eu não gosto de ficar por dentro, me sinto sufocada. — expliquei simples, beijando seu ombro nu. Somente depois disso ele relaxou, segurando em minha mão com a sua.
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  — Todo dia você me traz uma novidade. — riu nasalado, beijando o nó dos nossos dedos. — E todos os dias eu me apaixono por cada uma…
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  — Ah, que bom… Porque agora eu entrei naquele clichê de ter que ser com o cara com quem pretendo me casar.
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  — E ter filhos? — ele completou e eu ri, ouvindo a sua risada em seguida. — Você não existe, Bee… E se existir, é só uma criação minha.
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  Fiquei quieta, mas dei outro beijo em sua pele, agora na nuca.
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  — Me fala uma coisa…
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  — Sim? — estava preguiçoso em sua voz arrastada e eu não teria como controlar meus arrepios se ele continuasse assim. Antes de responder, me deixei levar, mordiscando da sua nuca até seu ombro.
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  — Acabou? É assim? — tentei fingir seriedade. Ele gargalhou, apertando mais o meu braço contra o seu peito.
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  — Eu realmente estou criando um monstro.
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  — Bom dia. — disse rouca ao sentir se mexendo embaixo de mim. Já estava acordada há algum tempo e fiquei ali quietinha, agarrada em seu tronco, ouvindo seu coração bater.
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  — Bom dia, meu amor.
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  Não tinha nada mais gostoso do que ouvir a voz aveludada dele pela manhã. Sem muito me controlar, deixei um beijo em seu peito, apertando-o mais.
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  — Você dormiu bem? — ele me perguntou, seu braço que estava por cima de mim pesou mais no “abraço” que me deu e beijou o topo da minha cabeça.
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  — Sim. Muito. — senti minhas bochechas quentes ao lembrar da nossa noite, não conseguindo impedir um suspiro. — Mas ainda estou cansada. — ri envergonhada. — A gente pode ficar de preguiça hoje? Eu peço para trazerem tudo no quarto e não saímos daqui nem por decreto oficial.
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  — Sim, senhorita.
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  Não disse mais nada e nem ele. Ainda estávamos acordando.
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  Fechei meus olhos outra vez e quando meus pensamentos começaram a se aprofundar, me assustei com as batidas na porta. Embaixo de mim, levou um susto maior e seu coração acelerou.
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  — Bee… Está tudo bem? Já passou das dez da manhã. — A voz era de Dorota. — Kimberly me disse que não te viu hoje… Está aí?
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  — Calma, é só a Dorota. — tentei acalmar , falando sussurrado. — Se ficarmos quietinhos, ela vai embora.
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  — Ela está aí. Veronica está lá embaixo. Disseram na portaria que ela chegou com um rapaz. — agora era Kimberly. Arregalei meus olhos, me sentando rapidamente e sentindo uma vertigem por isso.
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  — Será que está tudo bem? — Dorota respondeu a ela. — Ainda bem que me mandou aqui hoje! Não dá para confiar em você, Kimberly. A Bee não mata uma formiga, você acha mesmo que ela sabe se defender? — e em seguida ela socou a porta, tentando abrir.
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  Cocei a nuca, respirando fundo e olhei para trás, vendo o rosto pálido de . Ele estava sentado e eu, brevemente, vi que não estávamos totalmente nus. Eu usava minha calcinha e sutiã e ele, a cueca preta. Mas algo em seu tronco chamou minha atenção e, pela lembrança, olhei para minhas unhas.
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   estava todo marcado por arranhões.
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  — Fica aí, eu vou me livrar delas. — engoli a seco, enfiando a vergonha em algum lugar fundo, e me levantei, puxando o lençol junto para enrolar no meu corpo. Logo que abri a porta, Kimberly e Dorota se afastaram  assustadas. Coloquei somente a cabeça no vão.
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  — … Bee? — Kimberly esticou o pescoço, tentando ver para dentro e recebeu um tapa de Dorota, que logo deixou um sorriso habitar sua face.
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  — Oh, querida, que bom que está viva! — ela disse, tomando a frente da outra. — Precisam de alguma coisa?
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  Eu não sabia o que Dorota sabia, mas apenas assenti. Não tinha como esconder as coisas dela, até porque já haviam dito que eu cheguei com alguém.
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  — Sim. Café da manhã e privacidade. — sorri pra ela, relaxando e me colocando entre o vão. — E roupas masculinas. Será que meu pai tem alguma coisa que nunca usou?
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  — Bem provável. Tem coisas na embalagem ainda, querida. — Dorota continuou liderando. — Vamos fazer assim, vou trazer junto com o café da manhã e você me dá as coisas dele e eu coloco a máquina para lavar e secar. — Apenas assenti e ela continuou me olhando genuinamente. — Você está bem? Tem algo que eu possa fazer?
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  — Estou bem, Dorota… — sorri em reflexo. — Só não conta para a , por favor. Não até eu contar. — ela assentiu.
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  — Contar o quê? — Kimberly perguntou aleatória e recebeu um olhar feio.
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  — Pode deixar, … Qualquer coisa que precisar, pode me chamar, hoje vou ficar aqui o dia todo. Colocar ordem nesta casa.
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  — Obrigada, Dorota. Obrigada, Kimberly.
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  Elas estavam quase distantes, mas eu lembrei de algo, chamando-as:
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  — Dorota. Por favor, se você conseguir, pode preparar um café da manhã coreano? E para mim apenas uma salada de frutas com iogurte.
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  Entrei quando ela me confirmou com um aceno e olhei para trás, não encontrando mais em minha cama. Fechei a porta e tranquei novamente, me livrando do lençol no caminho para o closet, ao entrar no espaço, ouvi o barulho do chuveiro vindo do banheiro.
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  Ele estava do lado de fora do box, ainda apenas com a sua peça íntima, e eu me escorei no batente da porta, olhando-o por inteiro. Demorou, mas fui notada e recebida com um gigantesco sorriso.
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  — Então é realmente um forte. E você é a princesa na torre. — ele disse e eu revirei os olhos. — Tem certeza que seu pai não colocou um rastreador no seu molar?
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  — Ele colocou, mas eu tirei quando tinha quinze anos e comecei a visitar cemitérios de madrugada. — tentei fingir e ele fez uma cara de horror. — É brincadeira, bobinho.
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  Adentrei o banheiro, indo até o gabinete e tirando da primeira gaveta uma escova de dentes. Tirei da embalagem e coloquei ao lado da minha, dentro do suporte específico.
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  — A sua é a verde, a minha é a rosa. OK? — ditei para ele como se estivesse falando com uma criança e acenou positivamente com a cabeça.
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  — Eu achava que seu quarto inteiro fosse rosa e branco… — riu nasalado, observando a sua volta.
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  — A única cor que não entra neste lugar é vermelho.
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  — Posso perguntar por que?
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  Passei por ele e fui até o box, conferindo a água e me preparando para entrar. Precisei respirar fundo para conseguir tirar as duas peças minúsculas e ficar totalmente nua na frente dele, minha metodologia prática foi fazer isso de costas e entrar rapidamente, deixando a água percorrer por toda minha pele.
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  Estava em um mix de memórias, a recente e a passada brigando entre si. Mas senti que poderia me abrir com ele e explicar o porquê da cor vermelha ser proibida.
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  — Quando eu fiz dez anos, eu descobri que minha mãe, na verdade, não tinha virado uma estrelinha. — suspirei, fechando os olhos. — Então comecei a questionar mais e com isso, soube demais. Aos doze, convenci um primo meu de Nova Orleans a me levar em uma vidente, durante um período de férias que passamos lá. A mulher era uma charlatã, mas, no meio da rua, uma outra maluca me parou e… Eu não sei explicar, talvez você não acredite, mas o que ela fez comigo me hipnotizou e eu vi, nitidamente, no meio da rua mais famosa da cidade, a minha mãe, vestida de vermelho e com uma outra criança do lado. Depois disso, eu descobri que ela era dançarina de tango e que essa sempre foi a sua cor.
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  — Igual você e o rosa.
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  Abri os olhos, vendo-o diante de mim, e me esforcei para não olhar seu corpo por inteiro, tentando me acostumar com a novidade de estar com outra pessoa dentro do meu banheiro, tomando banho. E nua.
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  — É. Igual eu e o rosa. — soprei um riso nasalado.
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  — Você sente falta dela? Digo… De ter conhecido ela.
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  — Não. — minha resposta saiu sem hesitação alguma. — Como posso querer ou sentir falta disso sobre alguém que me rejeitou? Que fez o meu pai sofrer… Só desejo que ela seja feliz, se estiver viva, claro. — ele assentiu, sem dizer mais nada e eu varri todo o clima do assunto para o além. — Enfim, isso tudo é baboseira, mas eu sou metódica demais para deixar essas coisas pra lá… E eu já fiz terapia, OK? Então se você tem problemas com quem-
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  — Bee. — me cortou. — Eu jamais vou querer mudar você. Gosto de como é. Gosto do seu jeito assim, exatamente dessa forma.
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  Fiquei quieta, comprimindo os lábios.
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  — E seu pai? Tem alguma chance de eu sair vivo daqui hoje?
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  — Tem sim. Ele está na Europa. Talvez com a outra família que esconde. — brinquei, mas sendo séria. fez uma feição preocupada e eu ri dele. — É brincadeira. Meu pai viaja muito, sempre dizendo que é por trabalho. Mas eu sei que não. Ele deve procurar ela por aí, nas companhias que se apresentam em teatros e tudo o mais. — dei de ombros. — Fica tranquilo, tenho certeza que, quando ele te conhecer, vai querer trocar e me colocar para fora. Tem uma razão específica para o meu banheiro ter dois chuveiros. — apontei o registro atrás dele.
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  — É?
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  — Não existe pessoa mais ansiosa para ter um genro neste mundo… — fingi casualidade, pegando o shampoo. A cada segundo que passava, eu ia me sentindo mais à vontade. prestava atenção, um pouco sem reação. — E você não precisa se preocupar com ele…
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  — Tem alguém com quem eu devo me preocupar? — perguntou, ligando o segundo chuveiro.
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  — Dorota. E também. Dorota e serão seu maior desafio. — abri um sorriso automático ao lembrar da minha amiga. — A é o meu .
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  Ele arregalou os olhos de uma forma divertida e eu gargalhei, saindo do meu espaço e invadindo o dele, deixei um beijo em seu queixo ao envolver sua cintura com meus braços.
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  — Mas o meu é menos ciumento. — sussurrei, apoiando meu queixo em seu peito, para inclinar a cabeça para trás.
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  — Ah, que bom. Porque eu não nego que quero você só pra mim. — beijou a ponta do meu nariz, afagando meu cabelo. — Eu gosto muito de você, Bee. E quero muito estar com você.
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  — Eu também. — respondi, finalizando e endireitando minha postura, levando meu ouvido outra vez para o seu peito, a fim de ouvir seu coração batendo.
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  Era gostoso demais saber que aquele acelero em seu batimento cardíaco tinha a mim como motivo. Era confortável estar ali e ser recebida por seu desejo.
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Capítulo 13: Descanso obrigatório

  Suspirei, fechando os olhos brevemente e desistindo. Só conseguia ouvir a voz do meu pai, vibrando meus tímpanos, sempre reclamando como eu conseguia ser lenta com tecnologia, mesmo sendo tão “inteligente e articulada”. Era frustrante não conseguir me concentrar e entender a interface de um eletrônico em pleno século 21. Eu me sentia inútil, porque mesmo com o manual em minha frente, tendo suas letras rodando em meu cérebro como tatuagem, ainda não era o suficiente.
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  Resmunguei abrindo os olhos e endireitando o corpo, e captei a atenção de em mim. Ergui o rosto para ele, fazendo uma careta. Queria muito, de verdade, aproveitar o nosso tempo livre para fazer qualquer coisa que não envolvesse livros e dinâmicas para pontos extracurriculares. Ter ele em minha frente, descontraído, com a cara enfiada em seu laptop e concentrado num jogo on-line qualquer, parecia muito mais interessante do que ficar ali, focada num miniprocessador de alguma coisa que estava me tirando a paciência. Talvez eu devesse encontrar uma terapia para reconfigurar meu cérebro, assim poderia deixar de ser fissurada em estudos e notas máximas, então não perderia as horas livres com — que estavam começando a se tornar escassas, principalmente com o empenho dele em uma nova chance de estágio num grande e majestoso escritório; o que estava exigindo dele e uma apresentação mais elaborada.
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  Enquanto eu o olhava como se fosse um cachorro faminto em frente a uma máquina de assados, desejando que todo aquele corpo estivesse coladinho em mim, me fazendo um cafuné enquanto estivéssemos deitados na cama vendo algum filme ou série no notebook, ajustou seu gorro cinza e, em seu tique de sempre, subiu o óculos pela ponte do nariz, me encarando com a feição mais suave que eu jamais poderia receber de alguém. Ele parecia sempre me olhar como se eu fosse um livro a ser interpretado, e o fazia muito bem. Saiu da cama, deixando o computador, antes em seu colo com as pernas esticadas, de lado e me mirou, sentada no chão.
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  — Você precisa de ajuda? — sua voz saiu baixa, mas foi o suficiente para eu ouvir e entrar em calmaria.  Apenas assenti, deixando o iPad cair em meu colo, com as pernas dobradas no modo borboleta. — O que você está tentando fazer?
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  — Configurar esse jogo que a senhorita Maxwell me indicou para a minha prática da atividade extra com o senhor Davies. — não notei imediatamente, mas minha fala saiu arrastada, manhosa, e muito baixa. Era a vergonha. — Eu não consigo… E estou exausta. Esse trabalho acabou comigo. — assumi naturalmente, sem quase perceber que estava assumindo em voz alta um possível “fracasso”, algo totalmente raro. Era o efeito de em mim, afinal, ele me fazia sentir segurança nas minhas inseguranças e imperfeições. Para ele, eu não tinha medo de falar. Com ele, eu não tinha medo de nada. — Talvez eu devesse desistir e deixar a Evans atuar no meu lugar.
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  Ele respirou fundo e saiu de sua cama, logo ajoelhando ao meu lado e se encaminhando para sentar atrás de mim.
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  — Vem cá… — me puxou pela cintura, abrindo suas pernas e me encaixando no meio delas, para que pudesse me “abraçar” com seu corpo, passando seus braços em volta de mim. Não resisti e virei o rosto, para a direita, beijando quase a altura de seu ombro, a pele macia que estava descoberta por ele usar apenas uma regata. Eu já sabia o que ele ia fazer e dizer. E fiquei ansiosa por isso, me aconchegando encostada em seu peito. — Você não vai deixar Evans e nem ninguém ir no seu lugar, primeiro porque você é a Bee, determinada e muito inteligente. Já viu tudo o que montou para esse trabalho? Isso aqui é o de menos. — tomou o iPad em sua mão, com ele à frente da minha barriga. beijou minha nuca e eu sorri fraquinho em resposta. — Eu configuro com você, mas você vai me prometer que chega disso por hoje. Até chegar o dia da apresentação, não vamos falar ou sequer fazer qualquer coisa que envolva essa atividade. O doutor Davies já tem tudo o que precisa… Agora é você que tem que descansar.
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  — Mas eu ainda preciso-
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  Tentei refutar, mas ele me cortou.
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  — Bee, eu não tô pedindo. — sua voz grossa em minha orelha fez meu corpo tremular. Em reflexo, mordi o lábio e fiquei quieta, assentindo. — Depois disso, nós vamos dormir o resto da tarde e discutir sobre aquela viagem.
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  — O Alasca? Você considerou meu convite? — devolvi empolgada. Há alguns dias eu tinha dito a ele sobre as passagens com tudo pago pelo meu pai para o Alasca, um dos meus lugares favoritos do mundo, mas tinha rejeitado porque ainda se sentia meio sem graça de eu pagar tudo para ele.
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  — Não, amor, não é o Alasca. — deu outro beijo em minha nuca e eu murchei. — É a praia. Vai ser legal, toda a turma do Saint Peter fechando o hotel no final de semana… E é começo de verão.
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  — Mais um motivo para eu não querer ir. — reclamei, cruzando os braços. — Vai estar um inferno.
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  — Mas, pesseguinha… — jogou bem baixo ao dizer soprado contra meu ouvido. — Vai ser legal, divertido. disse que ia, não foi? Eu, você, ela e no mesmo carro.
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  — Esqueceu o , se eu for, ele vai querer carona.
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  — Então. Todo mundo junto. Se divertindo no calor.
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  — Eu só vou porque você quer muito ir. Mas saiba desde já que eu tenho nojo de areia e medo do mar, não sei nadar.
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  — Nem eu. — ele riu e eu levei um tempo para desemburrar e rir junto.
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  — Perfeito, temos os dois Patetas dentro da água se afogando.
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  — Qualquer coisa, o salva.
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  — Só se for você. Vai ser a oportunidade perfeita para ele me largar lá e ter você só pra ele de novo. — brinquei, circulando linhas imaginárias em seu braço. — Ele ainda vai fazer questão de te tirar primeiro.
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  — E aí eu te salvo por tabela.
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  Me afastei, virando de frente para ele.
  — Acho melhor usarmos boia ou ficar longe do mar.
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  — É uma escolha sábia. — afirmou com a cabeça também, selando minha bochecha em seguida. — Vem, vamos ajeitar isso aqui e seguir com a nossa programação.
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  A hora foi definida como uma unidade de medida com base na velocidade da rotação da Terra e suas dimensões, definida a priori pelas civilizações antigas, como o Egito, por exemplo. Na sua conversão moderna, 60 minutos é a equivalência de uma hora, tal qual 3.600 segundos; dependendo da forma como se mede a unidade, ela parece muita coisa. 1 minuto, por exemplo, são 60 segundos. Certamente, 1 é menor do que 60, mas não neste caso.
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  Um dia tem 24 horas, com 84.600 segundos. O que é maior? A dezena ou a centena?
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  Pois bem.
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  E deve ser por essa lógica que Einstein preferiu acreditar na sua teoria.
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  O tempo é incontável, tudo pode acontecer no mesmo instante e é relativo demais para que a duração seja igual para todos. A minha vida mesmo era uma coisa antes e agora, com , é outra. A hora passa mais rápido, eu quase não vejo e sequer consigo mensurar meus ponteiros antes tão controlados. Numa vida sem ele, às 10pm do ponteiro digital eu estaria em minha cama, pronta para dormir e cumprir com minha escala do dia seguinte, ao invés de estar saindo de uma lanchonete qualquer perto da Saint Peter.
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  As situações tornam o tempo incontável, sem controle. É por isso que eu acredito na teoria maluca e profunda de um dos maiores pilares da física.
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  — Acho que depois desse tanto de batata frita eu preciso de uma boa caminhada. — se esticou ao meu lado, estávamos parados em frente a porta da lanchonete e eu cogitava pedir um táxi para voltarmos os dois quarteirões até o campus.
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  — Caminhar? Sério? — respondi manhosa, já com o celular firme entre meus dedos. — Olha, temos um Uber aqui pertinho! — mostrei a tela para ele.
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  — Meu bem, olha que noite agradável. — ele abriu os braços, mensurando nossa volta. Eu continuei tentando persuadi-lo com meu olhar.
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  — Está tarde… E eu tô muito cheia. — abaixei o braço, passando a mão na barriga. — Embora acredite que ainda consigo comer mais uma porção daquela bem cheia. Deveríamos pedir para levar, não? O vai querer, eu acho.
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  — O provavelmente vai passar aqui e pegar para ele. — se colou em mim, tirando o celular da minha mão com delicadeza e entrelaçando a dele à minha. Selou meus lábios rapidamente e ao se afastar, ajeitou a armação dos óculos. — Vamos, pesseguinha, o máximo que vai acontecer é sairmos rolando.
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  — Eu tenho um chute muito bom, faço você ir parar lá no seu quarto. Quer? — fingi seriedade, franzinho o rosto. Ele riu fraco, beijando meu nariz e guiando nossa caminhada para frente, ao trocar o lado comigo e me deixar para dentro da calçada.
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  Sem soltar a mão dele, apertei mais o nó entre nossos dedos, deitando a cabeça em seu braço. A noite estava muito estrelada e eu me sentia bem relaxada, não só por comer, mas pela companhia, obviamente. conseguia me fazer desligar do mundo, das minhas preocupações excessivas, minhas neuroses e paranoias. Ele conseguia me fazer acordar faltando apenas vinte minutos para as aulas em noites que eu dormia escondida no dormitório.
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  Estar com ele era como viver a todo momento a noite brilhante que tínhamos em cima de nossas cabeças, que no dia seguinte, pelo céu tão limpo e estrelado, traria a claridade de um sol brilhoso.
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  — Amanhã vai fazer um dia bem quente. — resmunguei, olhando para cima. — Podemos ficar na piscina lá em casa…
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  — Uau, olha só pra você… Falando em gastar um tempo sem ser estudando… E, deixa eu adivinhar, seu pai não voltou ainda?
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  Continuei agarrada ao braço dele, ainda com as mãos entrelaçadas, e senti meu corpo vibrar com a lembrança de que minha casa está vazia, como sempre. Seria trabalhoso cruzar a cidade para ir até lá, mas poderia valer a pena.
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  Eu só precisava convencer .
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  — Não. Podemos ir agora se quiser… — ergui o rosto para ele, tendo a visão perfeita de sua mandíbula por baixo.
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   travou e eu pude ver seu rosto ficar rígido.
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  Apesar de já ter passado um tempo desde a nossa primeira vez, ele ainda tinha certo cuidado ao tratar desse assunto. A descontrolada, sempre desejando fazer loucuras, era eu. Pra minha sorte, embarcava nas minhas maluquices.
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  — Dormir apertadinho na minha cama não te anima mais, senhorita Bee? — ele brincou em resposta, movendo apenas o olhar para mim. — Não é tão divertida?
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  — Claro que é… Qualquer lugar que eu possa dormir com você é divertido.
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  — Eu sei, meu bem. Eu sei…
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  Ele virou o rosto e deixou um beijo no topo da minha cabeça. E eu voltei, claro, a pensar sobre um assunto, fazendo a caminhada perder a unidade de medida, mas ele me soltou brevemente, pegando o celular de seu bolso com a outra mão livre; espiei pela curiosidade e mesmo que seu sorriso dissesse tudo, eu conseguiria saber que era sua mãe. No mesmo horário, todos os dias, a senhora Jeon mandava uma foto para ele de sua caminhada matinal.
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  — Bom dia, atrasado. — ele leu em voz alta, rindo nasalado. — Ela realmente se acha o máximo por estar algumas horas à frente.
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  — É quase um dia inteiro. É compreensível. Eu me sentiria incrível se estivesse no futuro. — virou o rosto para mim. — O que? Ela está no futuro, neném, horas à frente. Nosso presente é o passado dela.
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  — Tá bom, Einstein. — outro riso fraco, cessando os passos. — Vem cá, vamos tirar uma foto pra ela.
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   virou a câmera frontal do seu celular para nós e tiramos uma foto simples, comigo ainda grudada nele. Era bom demais para que eu conseguisse soltá-lo.
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  Depois de enviada, com a legenda “diretamente do passado, eu fiz questão de tirar mais fotos de para que ele enviasse para a mãe. A saúde dela não ia nada bem e, por mais que não tivéssemos tido uma apresentação formal, até por conta da distância, eu ainda assim a respeitava e entendia que merecia saber e ver o máximo que pudesse dele. Isso se entendia para , claro, por conta do final de sua graduação, as coisas estavam mais corridas e apertadas, então sempre que ela surgia, eu lhe dava espaço.
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  Durante o resto da nossa caminhada para o campus, mais uma vez gastei o meu máximo rindo e aproveitando cada segundo ao lado dele. Na entrada do prédio tinha uma máquina de doces, paramos para ele pegar um pacote de balas, seu vício para todas as rodadas que conseguia ter ao tirar um momento de descanso e poder jogar fosse lá qual jogo on-line quisesse.
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  — Vou pedir para a Kim deixar o café da manhã bem tropical e a gente já chega indo para a piscina… Porque se for mesmo vir esse calor que tá dizendo aqui…
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  Suspirei, já desanimada pela previsão do clima que eu lia no meu celular. parou em minha frente e eu fiz o mesmo, esperando-o girar a chave na fechadura. Porém, já estava destrancada. Ele olhou no relógio em seu pulso e depois abriu a porta devagar, revelando, na cama, um apagado com o corpo todo desajeitado na cama.
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  E ele estava roncando. Parecia dormir um sono que há muito tempo não tinha, me deixando com a consciência pesada. A partir da primeira noite que eu surgi do nada na porta deles, , todas as vezes seguintes, se dispôs a dormir fora para eu e ficarmos sozinhos. Na maioria das vezes (duas, na verdade) eu não me dei muito ao trabalho de convencê-lo a dormir em casa, até por ser injusto com o outro que também usava o dormitório compartilhado, era muito aconchegante, sem explicação nenhuma, ficar com ele ali, mesmo que a cama fosse de solteiro.
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  — Eu não sei o que devo pensar primeiro… — sussurrei, atrás de , que apenas virou o rosto para mim. — Se ele já chegou, significa que a conseguiu vencê-lo. Ele está sem emprego outra vez.
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  — Ou ela finalmente decidiu ficar em casa.
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  O tom de saiu bem protetor à integridade de e eu arqueei as sobrancelhas. Geralmente, a demonstração de afeto de modo geral vinha apenas pelo outro.
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  Cruzei os braços.
  — A e “ficar em casa” são coisas que não combinam, neném. Impossível.
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  — Também me disseram que seria impossível conquistar você e… agora tem roupas sua no meu armário. — ele sorriu de lado, desafiador.
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  Não consegui sustentar seu olhar por mais tempo. Refleti sobre o fato de estar em casa em um final de semana e não ter me chamado para fazer qualquer coisa, o que sempre acontecia. Também pensei que, de repente, eu não podia mais afirmar muita coisa sobre ela, pela ausência.
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  — Que seja. A questão aqui é — descruzei os braços, passando por ele. —, nós vamos dar espaço para o bebezão dormir em paz. Ele me parece bem cansado, não acho justo acordá-lo para ir dormir no carro.
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  Parei ao lado de , analisando. Ele estava de bruços, com quase metade do corpo pra fora e a roupa toda bagunçada. Sua gravada, meio solta, passava por seu rosto virado para o lado da parede. Devido ao meu tremelique com a cor do lençol e ver seu corpo todo torto, não resisti.
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  — O que está fazendo? — perguntou, ainda sussurrando.
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  — Vou tirar o sapato e as meias dele… Tá calor… — respondi com dificuldade, por conta do peso de . Ele era mais alto que e bem mais encorpado, cheio de músculos, tendo jus à sua capacidade de comer no mínimo três porções de batata frita, o tanto que encheu a mim e naquela noite.
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  — Deixa que eu faço isso, pega suas coisas pra gente ir.
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  Me afastei, indo até a outra cama, enquanto ouvia ele resmungar o nome de conforme mexia nele e o ajeitava na cama.
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  — Ela deve ser mesmo bem… difícil. Nem dormindo ele tem paz. — riu.
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  — Digamos que ela consegue ser marcante. — peguei minha bolsa, sem muita coisa a ser arrumada, e me virei para a porta.
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  — Não vai me esperar? — ele se preocupou.
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  — Sim, no corredor. Tira essa roupa dele, coitado, não merece acordar amanhã derretendo debaixo desse monte de tecido.
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  — Aí você quer demais, Bee…
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  — Você quem escolhe, neném, ou tira ou eu tiro. — fiquei séria. — Seu único e melhor amigo, ele faz tudo por você, até dorme naquele carro velho e desconfortável dele… O que custa?
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  — Agradar ele é um caminho sem volta. Não. — fez uma careta, resultado de uma provável lembrança. Eu continuei encarando-o incisiva e quando fiz menção de voltar, ele bufou. — Tá bom, tá bom…
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  — Te espero lá fora, neném.
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  Mandei um beijo no ar e sai com a consciência tranquila e aliviada por ter feito uma boa ação. Claro que havia um interesse muito mais específico, por isso merecia cuidados. Agora que ele impediu a minha estadia no dormitório, eu poderia usar a piscina de casa antes do amanhecer, e ter o prazer de mandar todos os seguranças sumirem, desligarem as câmeras e me darem total privacidade.
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  Graças a Kim e seu sono pesado, eu ia ter um bom descanso de uma forma bem proveitosa.
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  — O que você fez? — me olhou estranho assim que coloquei a garrafa de vinho e duas taças em cima da mesinha redonda de tampo de vidro; ele soou bem preocupado, e eu comprimi os lábios, unindo as mãos em frente ao meu peito. — Bee, essa sua cara não me engana…
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  — Dei folga pra todo mundo. — murmurei baixinho e ele arqueou uma sobrancelha para mim. — E desliguei as câmeras da casa.
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  — Eu tenho medo dessa sua cara de quem quer aprontar. — ele deixou o celular em cima da superfície, me encarando em silêncio, enquanto eu servi as duas taças com o líquido.
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  — Qual o problema em querer ficar sozinha com você e pedir privacidade para isso? — dei de ombros e ele soprou um riso, pegando a taça que eu estendi em sua direção.
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  — E por que você quer tanta privacidade assim?
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   recolheu as pernas, ficando com elas dobradas na esteira que estava sentado, e eu sentei em sua frente, também dobrando os meus joelhos.
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  Franzi o nariz, bebericando o vinho. Ele me acompanhava com o olhar e eu percebi que não tinha sido uma pergunta retórica, realmente estava esperando uma resposta.
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  — Eu nunca fui do tipo normal de pessoas que sonham com primeiras vezes, namoros… Embora eu tenha planejado tudo num post it. — ri fraco. — Por isso ele não é mais do que um pequeno papel colado no meu quadro. Ou era. — senti minhas bochechas arderem e desviei o olhar para a taça. — Antes de você aparecer, era só a e meu pai na minha vida, eu só tinha eles e… E ainda assim não era desse jeito, eu não sentia essa vontade absurda de estar com eles o tempo todo, igual tenho com você.
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  — Ainda bem que a não está aqui para ouvir isso… — ele fez uma careta e nós dois rimos.
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  — Ela é a pessoa mais importante na vida, a sua chegada não vai mudar isso. Só muda o fato de que agora eu penso sobre esse processo… Entende? O que tem o resultado num post it. — passei a língua pelos lábios, bebendo mais um pouco pela vergonha. — E não dá pra eu querer aquilo com a , não é minha identificação.
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   assentiu, secando sua taça e colocando na superfície ao lado. Ele se aproximou, abrindo as pernas e me encaixando entre elas. Pousou seus dedos em cima da minha pele, na altura do joelho dobrado, onde o tecido curto do babydoll não alcançava.
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  — Você fala dormindo, sabia? — disse um tanto aleatório e eu franzi o cenho. — Sim, você fala. A primeira vez que dormiu no dormitório, por causa das borboletas, você ficou resmungando que só tentaria uma vez. Uma única vez. E eu notei que quanto mais te abraçava, mais você se sentia… sufocada.
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  — É, eu não consigo ser a concha de dentro. Desculpa.
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  — Não precisa se desculpar. — ele passou a costas de sua mão em meu rosto, numa carícia gostosa. — Eu sei que sou seu primeiro, embora não em tudo — revirou os olhos de forma dramática, provavelmente por estar citando o que lhe contei sobre , e eu ri fraco. —, mas eu quero muito honrar esse papel. Eu quero muito ser a sua única vez e de uma forma duradoura, Bee.
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  A taça presa entre meus dedos só não caiu porque foi mais rápido e tirou ela de mim, se esticando o mínimo para juntar com a outra na mesa ao nosso lado. Fiquei olhando para ele como uma bocó, sem saber o que dizer e sequer pensar.
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  Minha mente trabalhou como um filme rápido, igual todas as entradas dos filmes da Marvel, em que passa um rolo de personagens e cenas dos heróis para formar a fonte do logo da marca, passando momento por momento até aqui. E não tinha como eu não me sentir tão certa pela tentativa. Ter visto meu pai sofrer pela partida da minha mãe havia me feito enxergar o ceticismo, me impedindo de conseguir acreditar ser possível conciliar todas as minhas prioridades com um relacionamento.
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  Mas agora, também era preeminente.
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  — Você só precisa continuar fazendo o que faz. — respondi a ele, pegando em sua mão e beijando-a. — Me protegendo de borboletas, lembrando quando eu tenho que tomar meu remédio da diabetes, obrigando as minhas pausas para sair comer, e me levar naquela lanchonete, claro! Só precisa continuar cuidando de mim como está fazendo, isso já basta.
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  — Eu realmente tenho medo de não ser o suficiente.
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  — Quem foi que colocou esse medo em você, hein? — franzi o cenho. Sua mão caiu em cima do meu colo e nossos dedos brincavam com uma autonomia própria. — Mais cedo você disse que te disseram que não conseguiria me conquistar… Quem foi?
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  — Você não vai esquecer isso, não é? — ele fez um bico.
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  — Sabe que não. Eu estava esperando a hora certa para perguntar.
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  — Foi o . — entortou o bico, parecendo ter uma lembrança dolorida. — Quando eu recorri a ele pra saber sobre você, ele riu de mim e disse que não adiantaria eu tentar. Eu realmente queria saber se você estava bem… Ainda não tinha nenhuma outra intenção naquela época.
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  — Ele estava certo. — cortei, achando graça e um pouco coerente. Já conhecia bem para saber a justificativa dele, mas esperei continuar. — Prossiga. O que ele te disse?
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  — Que eu deveria esperar. Se fosse do seu querer, então você viria até mim.
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  — Tá vendo? Ele estava certo. — ri, usando a mão livre para apertar a bochecha de . — Não foi você quem me conquistou, o processo foi o inverso. Ou acha que eu realmente quis seu número só pelo ?
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   estreitou o olhar.
  — Então você quer dizer que foi tudo um plano articulado seu?
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  Ergui a mão, assentindo.
  — Culpada.
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  — No fim, o jornaleiro estava certo. — riu, usando a forma como chamava . — Ele realmente te conhece bem. Igual o .
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  — Quer saber o segredo deles? — ele assentiu leve e eu me aproximei inclinando o tronco para frente, falando em sua orelha: — Eles também tentaram, mas falharam. O máximo que conseguiu foi um beijo e a amizade. Por isso ele sabia que não daria certo. Você tirou o bilhete premiado, Jeon.
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  — Valeu a pena ser quase espremido por uma prateleira, afinal.
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  Rimos juntos e quando eu fiz menção de retornar o corpo para trás, soltou minha mão, usando as duas para segurar minha cintura. Fiquei presa em seu olhar com o rosto levemente virado  de lado, sentindo a ponta de seu nariz esbarrando no meu. Seus olhos, como uma regra, me hipnotizaram, e eu só fui sentindo, como se aquilo me deixasse com a vista tapada.
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  Suas digitais pressionadas em minha cintura, por cima da fina cama de minha camiseta, já me deixaram arrepiada. Porque era assim, qualquer contato mais próximo, conseguia me fazer totalmente dele, totalmente entregue e pronta para fosse lá o que viesse a seguir.
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  Ele não demorou a me beijar, levando meu corpo a se erguer sozinho e encaixar-se por cima de seu colo, com as pernas passadas uma para cada lado. O beijo tão a nossa cara, tão nosso, começou de forma serena, até porque não tínhamos pressa alguma. Se ele tinha as duas mãos em minha cintura, eu tinha uma das minhas em seu ombro e outra fechada na nuca macia, dedilhando a pele que eu amava tocar e passando a ponta das unhas como sequência, apenas para sentir a forma ouriçada que ele correspondia.
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  Do beijo sem pressa, nós passamos para o intenso e profundo. Eu não dedilhava mais meus dedos em sua nuca, agora estava com os braços semi apoiados em seus ombros e as palmas das duas mãos colocadas no rosto, sentindo a maciez, ainda que houvesse o áspero da barba feita. afastou os lábios dos meus, beijando meu pescoço, e eu pendi a cabeça levemente para trás para me deliciar com a sensação e deixar tudo exposto para ele. Automaticamente meus dedos se moveram e foram para os cabelos macios, bagunçando-os. De forma breve, quando soltei meu primeiro gemido arrastado, ele parou e nós dois nos encaramos por alguns segundos.
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  Custei a desviar o olhar para baixo, levando minhas mãos a acariciar seus ombros nus e deixando as palmas se deslizarem pelo peito alto. Mordendo os lábios, tirei seus óculos, colocando na mesa, junto das taças, com cuidado. Ao voltar o corpo ereto em cima de seu colo, ele deixou um beijo no meu queixo, com a cabeça inclinada levemente por nossa diferença de altura, em seguida tirando minha camiseta de cetim, conjunto do babydoll que havia vestido ao chegar em casa.
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  — Bee… — ele cantarolou ao me deixar nua, pois eu não usava sutiã.
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  — Jeon … — imitei, mordendo os lábios.
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  Ele soprou um riso, sorrindo em seguida, antes de se enfiar com o rosto novamente no meu pescoço para descer até meus seios. A cada toque dele eu correspondia com meu quadril se remexendo sozinho, em reflexo, e quando pude sentir a ereção embaixo de mim, os gemidos arrastados que acompanhavam os beijos suaves passaram a se tornarem mais precisos, ansiosos. Me forçar contra o quadril de para sentir a fricção entre nossas partes transportava todo o meu corpo para outra dimensão, deixando minha respiração descompassada e sem ritmo. Agora que eu não sentia mais ardências e estava acostumada a receber suas estocadas, me via sempre ansiosa por isso.
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  As mãos de caminharam para o meu quadril, já me conhecendo o suficiente para saber o que eu queria, e na minha cabeça, quando ele passou os dedos pelo cós do meu shorts, algo se acendeu em alerta pela responsabilidade da camisinha. Enquanto ele tirava seu shorts e a cueca, depois de nos livrarmos do meu último tecido, isso continuou brilhando no meu cérebro.
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  E ele pareceu pensar o mesmo.
  — A gente precisa subir. — disse, usando as costas das mãos para tirar meu cabelo da frente do rosto. Só que eu já estava sentada, encaixada demais no conforto dali para ser responsável.
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  — A gente precisa subir. — repeti, arrastando uma sílaba ao senti-lo contra minha entrada. — Mas só por hoje… — outra vez a voz saiu arrastada.
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  — … Já fizemos isso uma vez…
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  — E deu tudo certo. — tentei sorrir aberto, jogando todo o meu charme em meu quadril.
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   fechou os olhos e eu vi que ele engoliu a seco, pelo movimento de seu pomo e também as mãos fortes me apertando na cintura. Meu corpo automaticamente se colou ao dele e eu desci, engolindo seu membro com a minha lubrificação. Mantive os olhos bem abertos para captar cada reação dele, enquanto eu, sozinha, fiz questão de dar a ele tudo de mim. Foi meio a contragosto, mas consegui espalmar minha mão por um tempo em seu peito, fazendo-o deitar as costas contra o encosto da esteira, e conforme eu — como me disse uma vez que aprendeu com — “quicava” em cima dele, deliberei uma parte de mim que jamais pensei existir. E essa parte era sempre alimentada por ele.
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  Com gemidos, nomes sendo trocados, carícias e palavrões — porque falava muito deles, inclusive, e eu achava sexy demais a forma como ele ficava com a voz mais funda e rouca, bem grossa, xingando por prazer — eu o levava para fundo de mim. Em certo momento, um pouco perto de chegar lá, ele se desencostou da esteira e se manteve reto, com um dos braços me envolvendo para que a mão se fechasse em meus cabelos, usando isso para mover meu pescoço e poder levar sua boca até a pele exposta. Quando eu me vi perdida pela chegada, afundei o meu rosto na curva do dele, como um ritual.
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  Ao sentir o jato quente dentro de mim, eu amoleci, com meu corpo todo tremendo e os músculos recebendo espasmos. Mesmo com a respiração falhada, eu soltei um alto e arrastado gemido em anúncio do óbvio, logo em seguida fechando minha boca em uma mordida — não tão leve — próximo à nuca de . Não seria a primeira vez que eu fazia isso.
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  A atmosfera foi brevemente interrompida pelo toque do celular dele.
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  — Não vai atender? — perguntei, limpando a garganta.
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  — Deve ser os meninos chamando para jogar.
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  — Não vai jogar hoje? — mantive meu encaixe no pescoço dele, com a cabeça deitada em seu ombro.
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  — Tenho algo mais interessante para fazer. — outra resposta preguiçosa.
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  Ele voltou a encostar-se no encosto da esteira, com nossos troncos colados e ainda na mesma posição. Era sua mania de silêncio após todas as nossas transas.
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  Mas eu nunca conseguia passar mais do que alguns segundos quieta. Uma lembrança me fez acordar daquela sensação de maratona.
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  — Sabe o que chegou? — me levantei de seu peito, sorrindo e empolgada, ainda que estivesse um pouco cansada pelo esforço físico, mas mantendo as mãos espalmadas ali. Ele tinha os olhos fechados. Abriu um, apertando os dedos na minha cintura.
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  — Não me diga que é aquele casaco que você encomendou para o Alasca…
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  — Não! — revirei os olhos. — Sim. Na verdade, chegou também, mas você não se importa com isso… Eu tô falando do kit… Nosso golfinho chegou.
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  o abriu os dois olhos e seu sorriso acompanhou, se estendendo de orelha a orelha.
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  — A gente precisa subir! — dissemos juntos e nos levantamos.
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  — Mas antes eu preciso de uma passada na cozinha, estranhamente já estou com fome. — avisei enquanto me enrolava na manta da outra esteira, ao lado da que usamos. Não iria me vestir com o baby doll, para ter o trabalho de me despir de novo, e não estava usando calcinha e sutiã antes. Isso bastaria.
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  — Devíamos ter pedido batatas fritas para viagem, sim? — fez um bico, terminando de vestir a cueca.
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  — E se pedirmos pelo delivery? Enquanto a gente espera, já testamos o golfinho. Acho que ele veio com um brinde… Um cubo cheio de escritas…— levei as mãos à cintura, tentando controlar o sorriso empolgado. — E eu to com muita vontade mesmo de ver a nova temporada de Stranger Things, podemos ficar fechados no quarto e só sair de lá para ir para a aula…
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  — Eu realmente estou criando um monstro.
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   me pegou de surpresa ao passar os braços por trás de mim e me pegar em seu colo. Em meio a risos, subimos.
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  Se tinha uma coisa que da qual me fazia acreditar e muito no fenômeno do tempo, esta era a forma como os dias iam se passando e eu já não me sentia a mesma desde que ele havia entrado na minha vida. Eu não me importava mais com as quebras de horários, de trocar minha Lizzo ou Taylor Swift por podcasts sobre jogos e cultura coreana, dividir meu espaço de estudos na biblioteca — do qual todos na universidade pareciam ter conhecimento de ser algo “exclusivo” por eu ter demarcado o território —, sequer me importava de estar toda suada, suja de sexo, dividndo espaço com outra pessoa.
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  Eu olhava para trás e não via um passado, porque tudo o que eu estava vivendo com era perfeito demais para ficar para trás e serem apenas memórias.
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Capítulo 14: O não namorado

  — …I get so high, oh! Every time you’re, every time you’re lovin’ me. You’re lovin’ me. — fiz uma pausa para respirar e continuei com a música: — Trip of my life, every time you’re, every time you’re touchin’ me… You’re touchin’ me…
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  — Você poderia parar de cantar essa música comigo aqui, não poderia?
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  Ignorei a reclamação de e aumentei o volume, reconhecendo o próximo acorde. se juntou a mim.
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  Olhei para ele e, entrando na minha, como já sabia que eu adorava cantar Don’t Blame Me a plenos pulmões, me acompanhou — não cantando, no caso, mas me dando apoio como um grande fã. Ao fim, vi que estava emburrado no banco de trás.
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  — Tá bom, você pode escolher a playlist de agora… — relaxei no banco e ele sorriu simples, começando a fuçar seu celular de novo. Provavelmente procurando a rede de bluetooth do carro para conectar-se.
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  — Fala sério! — se colocou entre os dois bancos, quase alcançando o vidro da frente. Tudo para ver algo no painel. , dirigindo, me encarou com as sobrancelhas arqueadas, também sem entender. — Quando foi que você mudou o nome do bluetooth para “”?
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  — Ah… — voltei a olhar para frente, ouvindo a risada de no mesmo momento que ele levou o dorso da minha mão para seus lábios. — Uma longa história.
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  E não era mentira. Eu realmente tinha uma longa história sobre isso, a começar num dia de desespero que entrei correndo na biblioteca até o momento exato que precisei de ajuda para compreender o manual do meu próprio carro.
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  — Você é brega, Bee… — voltou a se encostar no banco e eu pude ouvir suas reclamações quase mudas passando por cima da voz de Lizzo no som. — Primeiro você pede para a investigar o cara, depois fica sumida, chama ele de neném pra cima e para baixo e agora troca o nome da Veronica para a junção dos seus nomes? 
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  Já na primeira parte eu quis me afundar no banco, olhando de soslaio para , vendo-o me encarar brevemente, não tirando a atenção da estrada por muito tempo. Apertei a minha mão que estava junto com a sua, em seu colo, tendo o mimo de poder estar ali já que o carro era automático e ele conseguia se concentrar com apenas a sua esquerda no volante.
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  Fiquei com medo dele me rejeitar, mas fui apenas encarada com a certeza de que seria questionada posteriormente, até porque não tinha a mínima intenção em ficar quieto desde que saímos de Inwood rumo a Long Island para a confraternização anual dos alunos, sempre organizada pelo pessoal popular dos times atléticos da universidade — os Tigers Woods. Pela primeira vez, em anos, me arrependi de dar carona para o fofoqueiro por profissão.
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  — Isso não é nada a sua cara. — continuou e eu vi que estava com os braços cruzados, sentado no centro do banco de trás. — O próximo passo é mudar o status na internet para “namoradinha dele”?
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  — Não. — respondi, encontrando um espaço para humor, e me inclinei para o lado, olhando ao me aproximar dele, que, em sintonia, também virou o rosto para mim, a fim de me receber com um beijo. — Vai ser “pesseguinha dele”. — completei.
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   freou bruscamente quando selamos nossos lábios e eu estava pronta para ralhar com ele, mas vi que atrás de nós dois, tinha o celular apontado.
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  — Obrigado, Bee. Sua vida amorosa é muito mais interessante do que a de . — ele sorria para o celular e eu fiquei sem saber o que dizer, voltando a me sentar encostada. — Agora que ela tem segurança, ficou tedioso. Vamos falar sobre o seu namoro, então!
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  — Ah… — resmunguei, sem forças para refutar. não iria se calar e mudar de opinião, não adiantaria gastar saliva.
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  — Espera. — levantou o rosto, se colocando entre os bancos outra vez. — Vocês dois estão namorando, sim? Como eu não sei sobre o pedido de namoro?
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  Eu e nos encaramos assustados na mesma hora.
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  Não tínhamos chegado nessa parte ou tínhamos pulado a formalidade?
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  Assim, ele estava dirigindo meu carro. Era o rosto que mais tinha saído nas minhas polaroides nos últimos tempos. Eu tinha tido minha primeira vez com ele. Dormíamos juntos pelo menos duas ou três vezes na semana, já não sabia mais contar.
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  Ainda precisava disso?
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  Pela ordem natural, se não tínhamos passado por essa parte, então nosso relacionamento não era bem um relacionamento?
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  — Entendi. — pela demora, voltou para trás por um tempo, retornando pela terceira vez e se direcionando a . — Olha, se isso não é namoro, eu não sei. Porque a sua… como é mesmo? Pesseguinha? É… A Bee, ela não é fácil não. Mas se você não souber exatamente o que quer, tem muita gente que sabe.
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  — ! — ralhei, me virando rapidamente, o que fez com que minha mão soltasse a de .
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  — O que foi? Não estou mentindo, . Olha só. E eu não estou nem falando sobre mim. — ergueu o celular para mim, mostrando que a foto de mim e se beijando estava em um grupo de universitários. — O primeiro comentário. — tomei o celular de sua mão. — Eu superei, MB. Mas o tigrinho aí, não. Então o nosso neném aqui… — bateu no ombro de . Ele estava falando sobre . — …precisa demarcar mais o território… — se virou para mim. — E antes que você venha com papo, quando digo território, estou usando de forma crua. Eu sei que você não é um objeto ou terra. Só quero dizer que ele precisa mostrar com quem você está, porque mesmo que você coloque um letreiro, tem gente que não vai superar, não…
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  Depois de seu discurso, tomou o celular da minha mão e eu quis cavar um buraco no estofado de couro para me afundar.
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  Parecia que tinha tudo ido de 100 a 0 em um piscar de olhos.
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  O calor estava insuportável para ser apenas o começo de um verão. Perdi a conta de quantas vezes precisei ajustar o ar-condicionado do quarto enquanto buscava a melhor opção de biquíni para passar basicamente o dia todo torrando no sol da praia lotada de Long Island. Tanto demorei que, em algum momento, decidiu que a companhia de seria mais interessante e disse que me esperaria no quiosque onde estava reservado para a turma da universidade.
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  Não tive como brigar com ele por isso, eu realmente não estava tão decidida ainda sobre mostrar meu corpo para outras pessoas, principalmente envolvendo os universitários da Saint Peter que não fossem Jeon . O cara que eu tinha um relacionamento há algum tempo e não sabia dizer se era meu namorado ou não.
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  — Pronto. — ele se aproximou de mim, parada diante do espelho do banheiro, e deixou um beijo em minha nuca. — Estou indo… E você tenta não demorar, OK? Quero ir no banana boat como planejamos.
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  — Tá, tá… — acenei com a mão, um pouco irritada. Talvez pudesse ser os meus hormônios da pré-menstruação. — O plano maluco de morrer em alto-mar, pode deixar.
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   riu, deixando outro beijo em minha nuca. Antes de sair em definitivo, deixou um tapa não muito forte em minha bunda.
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  — Jeon! — ralhei, ouvindo sua gargalhada ir sumindo.
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  A porta do quarto fechou e eu voltei a encarar meu reflexo no espelho.
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  Não tinha como negar, eu estava diferente. Nitidamente diferente. Não era apenas o “glow” de alguém apaixonado, tinha algo a mais. Meu corpo tinha mudado e eu não me sentia mais tão presa em minha própria sombra negativa e monótona. Talvez o algo a mais fosse essa soma de outra pessoa em minha vida, esse tal “Jeon ”.
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  Mas, mesmo que eu estivesse radiante diante de mim mesma, ainda tinha um negócio me deixando mais bipolar e eu precisava que me deixasse um pouco sozinha para conseguir entender melhor. Me interpretar melhor. Sem ele junto, eu sentia saudade, claro, mas conseguia ser mais racional.
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  A nota mental adquirida, enquanto espalhei protetor solar em meu corpo todo, foi de agendar uma consulta ginecológica e, de momento, descer com o filtro de cor para passar no pescoço dele, exatamente onde eu tinha deixado uma marca um pouco perceptível. A última, no caso, me deixando um pouco trêmula e preocupada.
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  Assim que finalizei e desisti de continuar me enfeitando demais, com o cabelo preso e já vestida com a saída de praia feita de tricô, saí do banheiro. Levei tudo para a cama, arrumando a minha bolsa de praia milimetricamente organizada. Então ouvi batidas na porta, mas não muito suaves.
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  — Vai me dizer que ele perdeu o cartão de acesso outra vez. — suspirei, indo abrir. Levei a mão até a maçaneta, me assustando com a outra batida forte, apressada, e finalmente puxei a porta. — ? — estranhei ao abrir.
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  — É, é a . A mesma que dividia quarto com você nessas viagens. “ Bee e Jeon ”? Que porra foi essa que me disseram lá na recepção?
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  Engoli a seco. dificilmente se estressava comigo, era por isso que nunca tivemos problemas. Pelo menos não até eu começar a esconder as coisas dela, claro.
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  Conforme ela foi dizendo, foi entrando e me fazendo dar passos lentos para trás.
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  — Eu… — iniciei, me perdendo no olhar furioso dela. — Achei que você não fosse se importar.
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  Sei que não foi minha melhor resposta e isso ficou muito claro quando ela fez uma careta de impugnação pelo o que disse. Levou alguns segundos para que respirasse, antes de explodir outra vez.
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  — Eu não me importo com a droga do quarto, Bee. Eu só quero saber por que você tá me deixando de fora de tudo. Mais do que o normal. — sua voz estava alta e eu espiei por cima dos seus ombros a porta que ficou escancarada.
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  — Eu não estou te deixando de fora. — continuei dizendo baixo, com a voz quase não saindo. Geralmente eu não era o tipo de pessoa que sabia se dar bem em conflitos, com pessoas gritando e apontando dedos contra mim. Não conseguia lidar com a frustração dos outros perante a mim em específico.
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  Teto de vidro, todo mundo tem. Assim como o espeto de pau.
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  — Você sempre foi ocupada, . — dei de ombros, tentando ser casual. E vi, pelo comportamento corporal dela, que isso piorou as coisas. — Principalmente depois que voltou do ano sabático. E agora você tem a , com quem tem afinidade, então eu só te dei espaço. — olhei para tudo, menos em seu rosto.
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   expeliu um grunhido, altamente irritada, tomando meu olhar de forma assintomática.
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  — Cabe mais de uma pessoa de uma vez na minha vida, . Diferente da sua, que  costumava caber só a mim e ao seu pai. Mas agora que esse coreano chegou, parece que eu dancei, não foi? — por mais que sua voz estivesse mais baixa agora, eu conseguia ver na feição de que ela ainda estava brava. Ela ainda estava chateada.
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  Não sei dizer quando foi e como exatamente aconteceu o momento em que eu a cortei, mas apenas aconteceu. Talvez o fato de eu nunca ter deixado outras pessoas fazerem parte da minha vida não foi porque eu queria focar no meu sucesso profissional, não tinha como eu pensar em cima dessa perspectiva desde criança, sendo inocente e livre de qualquer malícia mundana. Lembro certa vez que uma das terapeutas às quais meu pai insistia em me levar, depois de descobrir sobre minha mãe e a história real, dizia que eu tinha uma grande dificuldade de conseguir focar minha confiança em mais de uma pessoa.
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  Podia ter isso em e meu pai, mas eu sempre deixaria um mais para fora do que para dentro. E foi exatamente isso o que aconteceu quando fizemos amizade, meu pai, de acordo com o passar dos anos a longo prazo, foi ficando de lado. Não um de lado no esquecimento, mas nossa convivência se reduziu e muito. Tal qual a minha e de quando chegou.
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  Mas eu não devia me sentir sempre errada por ter novas pessoas em minha vida. E ela me conhecia o suficiente para saber que não se tratava de algo que eu pudesse controlar. O tom de fez parecer como se estivesse sendo um pivô em nossa amizade, de uma forma negativa.
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  Avancei um mísero passo, devolvendo:
  — Você está com ciúmes por que agora não é mais a única na minha vida? Você pode se relacionar com as pessoas, ter outras amizades, mas eu não?
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  — Você pode fazer o que quiser, se relacionar com quem você quiser, desde que me mantenha minimamente informada sobre a sua vida. É o que as amigas fazem! — bateu o pé de forma quase histérica, com os braços caídos às laterais do corpo e as mãos fechadas em punhos.
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  — Amigas têm tempo para ouvir. Você não é uma pessoa facilmente acessível. — senti um sorriso sarcástico se formar em meus lábios à medida que meus olhos reviraram. — Desde que voltou da Europa, nem mesmo teve totalmente a sua atenção. E se conseguisse mesmo administrar todas as pessoas na sua vida, não estaríamos aqui, agora. As coisas mudam, !
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  — Então tá, Bee. — ao lado de tinha um sofá encostado à parede, entre o espaço da parede que dividia a entrada do banheiro e a porta de entrada do quarto. Ela pegou de cima dele uma almofada, canalizando ali a sua energia raivosa. — Eu estou bem aqui. Agora. Você não tem nada melhor para me dizer do que ficar me acusando de uma ausência que foi sua? Suas mensagens sempre ficam visualizadas, mas nunca respondidas. — e outra vez, ela foi dizendo e indo para a frente, enquanto eu ia para trás. — Se eu vou na sua casa, escuto que você está com . Eu sou a pessoa que não é facilmente acessível aqui?
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   jogou a almofada no chão e se fosse algo pesado, não fofo, teria causado um estrago enorme em seu pé. Ainda mais sendo vidro. E quando ela fez isso, mesmo sem o barulho do impacto forte contra o tapete, eu me assustei, sentindo um choque em todo meu corpo. Automaticamente dei um passo largo para trás, batendo o corpo contra a janela, por sorte fechada por conta do ar-condicionado ligado — eu poderia me desequilibrar e cair, porque o batente era muito baixo e a cortina, mesmo sendo da sanca até o chão, não iria me segurar.
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  Abracei meu próprio corpo, sentindo-me um pouco zonza e alguns calafrios. É incrível a forma como o nosso cérebro pode pregar peças e traumas em nossa mente assim, tão rapidamente. Só de mencionar o fato dela estar chateada e eu ter sido, realmente, a causadora disso, comecei a passar mal silenciosamente.
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  E também me lembrei que não tinha tomado os remédios da diabetes ainda naquela manhã.
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  — Olha, eu sei que tô ausente! — respondi do jeito que consegui, por conta do mal-estar repentino. — Mas é tudo uma novidade. E você mais do que ninguém deveria entender em vez de chegar aqui e me jogar contra a parede assim. — minha voz continuou baixa, bem fraca pela culpa carregada. — Eu não estava acostumada a dividir atenção, a ter essa vontade de falar com alguém que não fosse você ou meu pai. Só que aconteceu e eu ainda tô lidando com essa novidade. Você começou a sair mais, tem a sempre junto… Meu pai não para mais em casa… Então eu tive espaço e… — me perdi nas lembranças que foram correndo em minha mente dos acontecimentos, deixando um sorrisinho fraco e automático escapar ao me lembrar do, quase, último ano. — Aconteceu.
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  Ela foi se aproximando de mim em silêncio, olhando em cada centímetro do meu rosto com a feição sisuda se desfazendo e agora mais atenta em meus detalhes. E, conforme se aproximou em definitivo de mim, eu fui me encolhendo, ainda abraçada em minha própria cintura. Levei um susto quando, em um tom alto outra vez, ela disse:
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  — Bee, cala a boca! — colocou uma das mão em meu rosto. — Você tá gelada, vem cá, senta aqui! — e me puxou pelo braço até a cama, me sentando ali, sem muita escolha. Observei ela ir até o frigobar e tirar uma água de dentro, arrancando o alumínio do copo, para abrir, de forma rápida. Quase desesperada. — Para de falar e toma esse copo d’água. Você tá branca que nem um papel, o que é isso?
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  Mais uma vez eu não tive escolha. Beberiquei um pouco do líquido gelado e ela, logo que se sentou ao meu lado, se levantou, resmungando coisas sem sentido e procurando meu aparelho para medir a glicemia e o de pressão. Sequer tive tempo de apontar o banheiro — mesmo que fosse fazer isso e me arrepender depois, porque a medição sairia alterada de uma forma ruim, haja vista que não tomei meus medicamentos matinais, e teria um motivo a mais para ralhar comigo.
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  Logo, ela estava muda. Não podia mais ouvir seus resmungos cessaram e eu me joguei com as costas contra o colchão, deixando o copo em algum lugar no meu esquecimento.
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  Ela tinha encontrado a gaveta do lado do . Cheia de coisas dele, como a caixinha do óculos reserva, que eu descobri ter sido uma sugestão da sua mãe depois do nosso acidente, seu livro da vez e, claro, inúmeras camisinhas.
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  Senti o colchão afundando ao meu lado, tinha se sentado outra vez.
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  — Bee… Quando? Como? — conseguia perceber a confusão em sua voz e assustei quando ela berrou. — Ele te machucou?
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  Encarei o teto por alguns segundos, refletindo minhas saídas.
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  Sem encontrar nenhuma, respondi baixinho:
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  — Faz algumas semanas… Ou meses, não tenho certeza mais. — fiz uma careta, já sabendo que viria mais outro berro.
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  — Como assim “não tenho certeza?” Isso é grande, Bee! Você já foi ao médico? Você tá se cuidando? — me deu um tapa na testa, não forte, nem fraco. E era algo corriqueiro de quando éramos mais novas e achávamos que isso seria o suficiente para fazer alguma memória esquecida retornar. — Claro que não tá, eu te conheço! Eu devia te matar agora! Mas eu não quero fazer isso porque eu tô muito feliz por você! E com raiva ao mesmo tempo! Argh! Bee!
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  Nunca gostei das suposições de coisas sobre mim ou que dissessem o que eu deveria fazer, sem que eu perguntasse. Mas desta vez, ao ouvir falar desta forma, eu apenas arregalei os olhos com uma lembrança aterrorizante. Porém, eu não iria pedir que ela me lembrasse sempre sobre o uso da camisinha.
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  Na verdade, eu precisava dar esse mesmo tapa na testa de , para que ele também se lembrasse e me lembrasse quando estivermos burlando a regra da proteção.
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  E mais uma vez um futuro sendo salvo pelo tapa na testa. Vovó nunca esteve errada em colocar a eficácia disso na nossa cabeça.
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  Para que ela não me questionasse, não demorei a responder:
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  — É claro que eu tô me cuidando. — me levantei, logo surgindo um arrependimento por ter feito isso rapidamente. — Não sou mais criança, . Sei me cuidar! — mas mantive a postura.
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  — Eu sei que você sabe. Eu só queria que você ainda precisasse de mim para isso.
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  Sentada ao seu lado, apenas movi o olhar para visualizar seu rosto com uma careta melodramática, usando seus lábios para formar um bico.
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  O que nunca me convenceu. Ela conseguia ganhar o avô e trapacear com Dorota assim, mas comigo não funcionava desta forma.
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  Entretanto, a verdade deveria ser dita e esta era de que eu tinha errado com . Ela realmente tinha um ponto naquela discussão. Tudo o que eu menos precisava era que a pessoa mais importante na minha vida fosse afastada de mim por minha própria negligência. O que eu estava crescendo com era bom e importante, mas não era substituível assim.
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  — Mas eu ainda preciso. — suspirei junto à minha resposta, sendo honesta. — Não do jeito que era quando tínhamos doze anos. Mas eu ainda preciso de você… Agora não é mais para você me ensinar a interpretar um livro com tradução arcaica. Mas… Para não acreditar nos contos do falso romance de Cinquenta Tons de Cinza… — usei de humor, resvalando meu ombro contra o seu, e lembrando dela batendo o pé para mim que eu não deveria acreditar na tal trilogia, porque aquele romance lá retratado era muito mentiroso e problemático. Tudo bem que eu não precisava que ela me dissesse exatamente sobre isso, até mesmo um estudante do primeiro semestre de psicologia conseguiria analisar isso. Mas sempre foi sobre e sua proteção de irmã mais velha. Até porque ela era, segundo a astrologia, o meu inferno astral (a pisciana contra eu, ariana).  — Não que eu queira ouvir as suas experiências em detalhes ou contar as minhas, mas… Sabia que o conseguiu me fazer pegar a balsa da Ilha da Liberdade? — não tinha como evitar, era só citar o nome dele que o sorriso em meu rosto se formava sozinho.
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  — E como é que eu ia saber se você não me contou? A minha bola de cristal está quebrada. Igual a sua cara deveria estar agora. — arqueei  sobrancelha para e ela começou a relaxar o corpo logo em seguida ao seu desabafo violento. — Mas acho que, se eu te bater, vou ter que me entender com o e o não vai poder me defender. Ele meio que nutre um amor platônico pelo seu namorado, acho que você deveria saber disso.
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  Imediatamente a voz de ecoou em minha mente com toda a sua conversa no caminho para Long Island no dia anterior.
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  — Ele não é meu namorado. — murchei, olhando para o laço amarrado da minha saia toda cheia de furos pelo próprio modelo ser assim.
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  Fui empurrada por ela brutalmente e cai em cima dos travesseiros, de lado. Tive uma vertigem e reclamei, claro.
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  — Você transou com um cara que não é seu namorado? Bee! Quando você deixou de ser crente? 
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  E voltamos tudo outra vez.
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  Me sentei novamente, começando a perder um pouco da paciência com o papo.
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  — Você sabe que eu não escolhi ser virgem, eu só nunca senti antes essa vontade com ninguém. Até pra beijar na boca demorou! E… — respirei fundo. — Não é que não somos namorados. Eu só não sei! — neguei com a cabeça, confusa e querendo tirar a voz de da minha mente. — Assim, ele dorme em casa… Eu dormi algumas vezes no dormitório… Fazemos muitas coisas juntos e ele não me esconde. A gente até anda de mãos dadas na universidade… Almoçamos juntos e eu divido meu espaço na biblioteca principal com ele. Ele dirigiu a Veronica até aqui, estamos no mesmo quarto e… — sorri um pouco culpada. — Ah! A Dorota sabe sobre ele. Mas… Ninguém falou sobre namoro.
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  Esperei a reação pavorosa de , mas ela apenas ficou me encarando com as pálpebras piscando em uma frequência rápida e quieta. Demorou um pouco e ela disse:
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  — Você é maluca, Bee. Você não fala nada, ou fala demais. — ergueu um dedo para mim. — A propósito, a Dorota acabou de perder o bônus dela por não me contar essa fofoca. Não gosto de vocês duas de segredinho comigo.
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  Me olhou de cima a baixo, com uma “bitch face”, cruzando os braços.
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  — Eu sei. Mas ela não teve culpa nisso, fui eu quem implorou para ela não contar. Você mandou ela em casa justamente quando o estava lá. — suspirei. E era assim: ou sorriso ou suspiro ou os dois juntos. — Enfim, é isso, não somos namorados… Quem sabe ainda tem chance? E antes que você fale mais, é meio impossível não notar o amor dele. Por isso não tive outra escolha a não ser levar o pra minha casa… Já pensou que horrível ele aparecer bem na hora e… — tagarelei, esquecendo das pausas.
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   se esticou para pegar a água na mesinha ao meu lado e me devolveu, massageando suas têmporas.
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  — Bee… — respirou fundo, me induzindo com seu olhar a beber a água. — Respira. Fico feliz que não tenha flagrado vocês, eu quase subornei ele para fazer isso, mas aquela sombra irritante é incorruptível e ele não me entregou nada sobre vocês dois. Mas, eu preciso confessar. Eu já sabia.
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  Arqueei a cabeça, ainda com o copo na boca.
  — Você tá diferente, amiga. — sua mão foi direto no meu rabo de cavalo, tão incomum quanto o biquíni em meu corpo. Geralmente era cabelo sempre solto e um maiô. — Tá mais confiante, mais aberta, e está até considerando usar um biquíni! Na frente de outras pessoas! Eu odeio admitir, mas acho que aquele quatro olhos teve tudo a ver com isso. É bom se sentir desejada, Bee. E tá na cara o quanto ele deseja você. Na cara e no pescoço, porque todo mundo já viu a marca que você deixou.
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  A marca.
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  Quando dizia que eu precisava pegar leve no quanto demonstrava o meu fraco por sua nuca, ele realmente falava sério.
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  — Ele gosta mesmo de você. Dá pra sentir. Ele vai te pedir em namoro uma hora ou outra. Se ele não pedir, então desconfie, é porque o amor do não é tão platônico assim! — senti o humor de tomando conta e relaxei novamente, deixando o plástico seco de volta na mesinha.
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  Ri fraco e a acompanhei.
  — Eu tenho quase certeza que não é. Vai que no futuro eu tenha sido só a chave para ele conseguir o Green Card e depois assumir um segundo relacionamento, com o ! Não quero que minha última escolha acabe no ou — franzi o nariz e a testa com o pensamento.
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  — Se isso acontecer, você pode sempre assumir os dois agora que você tá toda moderninha. E depois a gente escolhe um daqueles brutamontes da empresa do seu pai e encomenda uma surra para e o . Aliás, seu pai já sabe sobre ele?
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  — Não…? — voltei a me encolher com o detalhe que não era tão “mero” assim. — Não o vejo direito desde que voltou rápido da Europa e depois viajou de novo. Tô achando que ele tem uma segunda família. Ou eu seja a segunda, vai saber… Contanto que não falte combustível para a Veronica, ele pode ter quantas famílias quiser. Não seria o primeiro a me abandonar mesmo… — dei de ombros. —  Tô mais preocupada em apresentar para o vovô Chevalier. Não sei, tá com cara que ele vai querer colocar um segurança na minha cola. — toquei em seu ombro com o meu, comprimindo os lábios pela brincadeira velada, usando isso para mudar o foco.
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  — Se ele te abandonar, nós adotamos você. Meu avô te adora e eu sempre te vi como uma irmã mais nova. Mas eu tenho certeza que não vai ser o caso do seu pai. É justo que ele saiba o quanto você tá feliz, não acha? — olhou para frente, mas eu pude ver sua coloração mais rosada nas bochechas ao falar sobre . — E não me fala daquela sombra, que até na folga dele ele dá um jeito de me seguir! — algo em seu repúdio não estava convencendo.
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  — Mas não foi você quem escolheu vir com ele e não com a gente? — rebati ao me lembrar. — O disse que vocês dois não queriam vir no mesmo carro.
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  — Eu não escolhi vir “com ele”, eu escolhi vir em paz! Você, o seu não namorado e o jornaleiro durante mais de uma hora de viagem são demais para mim.
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  — Jornaleiro, não. Fofoqueiro por profissão… — saí em defesa de . — Um dia vamos ter falando sobre a gente no The New York Times.
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  O rosto de se contorceu e ela iria reclamar de alguma coisa em seu tão comum ciúmes quanto a , mas a porta ainda aberta deu espaço para alguém achar que podia simplesmente colocar a cabeça para dentro e se intrometer no meu espaço. Eu nunca, antes, quis tanto que essa pessoa fosse , até mesmo se ele estivesse usando o celular para registrar alguma coisa. Mas não vivo de sorte e quem o fez foi Evans.
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  — Vocês não vão descer? Acabamos de descobrir quem é o Tasty17… Vocês têm que ver isso! Alguém colocou no fórum em formato anônimo. — o sorriso dela denunciava que seria algo muito empolgante, mas eu só conseguia sentir um comichão estranho pelo meu sexto sentido que vinha tentando gerar um alerta ultimamente.
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  — A hora perfeita para a gente descer! — me puxou pelo braço. — É hoje que a Saint Peter vai saber o que aqueles moletons e jeans escondem… E que agora tem um dono! Ninguém vai se importar com essa fofoca nerd do fórum quando te verem assim…
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  Não tive tempo, como de costume, só consegui pegar minha bolsa de praia enquanto ela me arrastava para fora.
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  Dentro do elevador fomos eu, ela e Evans, porque o resto das Bratz foi no outro.
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  Pareceu demorar um século para descer um único andar e eu pensei que poderia ter usado a escada. Sempre quando viajávamos para Long Island assim, com a universidade em peso ou não, eu e fazíamos reserva no mesmo hotel e sempre no mesmo quarto do primeiro andar, por razões específicas. Primeiro: se o elevador quebrasse, seria muito mais prático para descer um lance de degraus sem sermos pisoteadas nos casos extremos de desespero. Segundo: eu tenho medo de altura e sempre que posso me livro de coberturas, morar em uma já era extremo demais.
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  Quando finalmente as portas se abriram, eu me preparei para descer e ter o livramento do dia, mas Evans não desgrudou, para meu desgosto. Entretanto, era para ser um momento de paz e descanso (assim como tanto me convenceu de usar como mantra), então não me preocupei com mais nada ou sequer questionei o uso da camiseta larga de futebol da minha amiga e se ela iria vestir a roupa de praia, porque já sabia que muito provavelmente ela estava usando um biquíni embaixo das roupas maiores que seu corpo. Basicamente me mantive inerte, por pouco, ouvindo os comentários de Evans, logo sendo interrompidos pela feição de ter surgido.
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  — Você viu isso? Consertaram o elevador! — O tom de foi totalmente sarcástico e eu não consegui evitar o riso, sendo a única coisa que compartilhei com Evans e provavelmente a primeira em toda nossa vida. Comecei a sair com ela, enquanto os dois continuaram em uma espécie de mundinho próprio, não sendo uma relação tão profissional, embora fosse feriado.
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  — É mesmo? Será que ele desce até o inferno? — a resposta dele entregou sua tão notória rigidez diante dela. — Porque acho que depois dessa é pra onde você vai.
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  Tinha algo muito mais além do que o profissional ali e eu não precisava de muito para poder concluir. O comportamento corporal dos dois denunciava e deixava mais do que óbvio.
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  Não foi preciso de muito para entender que deveria ter ludibriado com alguma história e ele subiu as escadas, o suor deixava isso bem claro. E mais engraçado, com certeza.
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  — Então boa sorte me seguindo até lá, sombra.
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  Me dividi entre os dois e as outras na frente, parando em uma espécie de meio fio. Respirei fundo, quase desistindo e voltando para o quarto, a fim de me enfiar nas páginas de um livro levado por precaução. Mas a impaciência falou mais alto quando, de repente, eu vi que agora segurava pela cintura, próximo demais. Não sei quando e o quê causou isso, só me senti na obrigação de sair daquele meio, com Evans e Amber me encarando, enquanto os dois pareciam um casal com tensão.
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  Eu sabia que isso, inclusive, vinha de . Ela conseguia tirar qualquer um do estado sóbrio de espírito.
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  — Não se preocupe, , você com certeza vai para o céu — me coloquei entre eles e sorri para lhe passar tranquilidade, apontando para . — Tem um lugar com seu nome bem do ladinho de Deus, por aturar essa daqui.
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  — E que tal se eu mandar vocês dois para lá, hein? Vamos logo, deixamos o míope sozinho, ele deve estar com a cabeça enterrada na areia procurando as lentes. — enganchou-se em mim e em , com um de cada lado, nos levando em uma caminhada adiante, o que deixou Evans para trás com Amber.
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  Quando me dei conta de que o assunto das duas não tinha parado, voltei a prestar atenção.
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  — Ele é do último semestre de direito… Amber é quem sempre joga com ele aquelas coisas on-line que ela gosta e falou que a voz dele é… Como é mesmo, Amber? — Evans tocou no ombro da outra, ao se colocarem do nosso lado.
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  — Aveludada demais. Rouca demais. Sexy demais. — Amber respondeu com suspiros. — E o melhor! Ele é solteiro!
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  — Não sei, essa foto está muito ruim… Não dá pra ver direito. — tomou o celular da mão de Evans, enfiando na cara de , ele quase tropeçou nos próprios pés, pois ainda estávamos andando. — Consegue saber quem é?
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  — Quem é o que? — ele perguntou, forçando a vista. — Só vejo um borrão.
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  — Você deve saber, ! — Amber apontou para ele, deixando-o encurralado. — Eu tenho a impressão de que esse rosto aí é muito familiar.
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  Estiquei o pescoço, estando do lado contrário dele, e vi o borrão. Revirei os olhos pela fofoca mal contada.
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  — Não sei onde você consegue ver alguma coisa aí. — puxei meu óculos de sol de dentro da bolsa, levando-o ao rosto assim que passamos pela saída do hotel que dava direto na parte privada da praia, onde era reservado para os hóspedes e, neste final de semana só tinha alunos da Saint Peter.
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  Amber revirou os olhos para mim e puxou o celular de , quase se colocando ao outro lado dele, no exato momento que fez o mesmo, sendo mais rápida na inversão. Não me concentrei muito nisso, buscando a figura esguia, de shorts de tactel curto e regata branca por entre as pessoas.
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  Meu coração viu primeiro, na direção do quiosque, jogando futevôlei.
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  — O usuário dele é Tasty17, mas eu sei que vou saber qual é o rosto dele assim que o ver.
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  — Mas a gente não tem sorte porque os machos da Saint Peter sempre usam a mesma roupa. Vai estar todo mundo de shorts ou sunga. — Evans discutia com Amber.
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  — Só buscar por alguém usando regata branca.
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  Meu cenho se uniu e eu olhei para o lado, vendo levar o indicador aos lábios de quando ele quis dizer algo e me olhou rapidamente, com os olhos arregalados e parecendo preocupado.
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  — Shhh… Sombra não fala. — ela brincou com ele, enganchando seus braços e ficando pequena com seu corpo do lado do dele. Tinha algo na forma de se embrenhar em que não estava sendo tão familiar. Isso eu trataria com ela depois, ou apenas ficaria com o discurso de “eu já sabia” quando ela decidisse me contar.
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  Senti que o acelero no meu coração vinha de outra coisa e não por já ter avistado . Algo antecipado.
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  Já estávamos a menos de cinco metros, quando Amber berrou:
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  — É ele!
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  Ela apontava para . Ele parou na mesma hora, assustado e quase levando uma bolada que vinha de um saque de do outro lado da rede, fazendo parte do time com . , olhou para , tão confuso quanto todo o resto pela interrupção da partida e , pálido pela atenção recebida, olhava para mim. Na mesma hora eu descobri que ele deveria ter tirado as lentes, porque forçava a vista para me enxergar, e não tinha sido esse o combinado — disse que não iria de óculos para poder jogar bola sem se preocupar com acidentes.
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  Até teria sentido em focar nisso se não fosse por dizendo ao meu lado:
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  — É o . Tasty17 é o usuário dele no canal de jogos on-line da universidade.
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  Esse era o segredo que já sabia antes mesmo de mim, então.
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  — Espera, não foi em cima dele que a Bee caiu naquele dia?
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  — E não só aquele dia e não só daquele jeito… — soprou com um riso fraco, deixando Evans confusa.
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  — E é com ele que ela está andando para cima e para baixo! — Amber me encarou, também apontando; fiquei petrificada com todas as informações e o que Evans disse em seguida me deixou mais dura ainda no lugar:
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  — Espera, ele é solteiro? Eu não… Eu não tô entendendo. Ele é namorado da Bee? A Bee está namorando?
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  Senti um braço se encaixar no meu e só desviei da feição confusa de , sendo puxada por . Antes de nos afastarmos em definitivo, ela ergueu o indicador para , afundando-o contra o peito dele.
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  — Nós vamos caminhar, OK? E você faz o favor de fazer seu amigo resolver isso… — ordenou. — Muita informação e atenção de uma vez só… Vem , deixa a bolsa com ele. — ela tirou a bolsa do meu ombro e puxou a saia junto pelo fio que a amarrava em minha cintura, talvez me exibindo propositalmente, e entregou tudo para antes de me puxar.
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  Nada, absolutamente nada estava passando em minha mente com coerência no momento. Parecia que eu estava sem o efeito da gravidade.
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  Não me enturmar muito tinha uma razão bem específica, que poderia ou não ser a principal, mas ela existia.
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  Era para evitar assuntos banais e vazios que eu pouco me abria para outras pessoas. Então, estar sentada em um banco no balcão do bar da festa, ouvindo Evans e Amber ainda entusiasmadas com o fato de terem descoberto o rosto — e corpo — de quem estava por trás do Tasty17, não estava sendo tão empolgante. Em algum momento da noite eu não encontrei e o celular dela parecia desligado. Talvez ela estivesse dormindo porque o dia foi realmente muito cansativo na praia ou tramando alguma surpresa para , porque também não estava presente e mesmo de folga ele não tirava os olhos dela.
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  — Sério, Bee! — Amber tocou em meu ombro outra vez e eu a olhei por baixo, virando o resto da bebida tropical para dentro da minha boca. — Como você consegue ficar tranquila ouvindo aquela voz toda aveludada e não colapsar? — sua pergunta saiu arrastada e eu preferi pensar que era por conta do álcool e não seus pensamentos libidinosos com, segundo , o meu “não namorado”.
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  — Se você não quiser assumir o namoro, eu assumo! — uma terceira, que eu não sabia quem era, brincou, fazendo as outras rirem.
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  Respirei fundo, não dando atenção ao meu instinto revoltado e saí dali, batendo o copo em cima da superfície com mais força do que o necessário.
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  — Ih… — Evans disse melódica, tocando as meninas e pedindo, silenciosamente, que parassem. Pelo menos ela foi racional e respeitosa.
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  Deixei para trás as risadinhas e comentários maliciosos, caminhando estreitamente para a mesa de pingue-pongue.
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   ficou comigo desde que tínhamos chegado até dar dez minutos e , e mais um monte de marmanjos fazerem questão de levá-lo para os jogos de mesa e algumas outras coisas bestas, envolvendo bebida, claro. Ele simplesmente foi arrastado, quase não soltando a minha mão, mas eu deixei que fosse, por ser um daqueles momentos em que eu precisava ficar sozinha. Tive a esperança de aparecer, mas foi algo frustrado.
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  Desde que caminhamos pela praia por mais de uma hora e voltamos, não tinha conversado com sobre o episódio envolvendo as outras meninas e todo o resto curioso pelo fórum. Não pareceu para mim que fosse necessário questionar ele e o confrontar. Conflitos, para mim, sempre seriam a última escolha, então quando retornamos e não tinha mais futevôlei, passei o tempo que podia com ele, logo sendo interrompido porque os outros rapazes queriam jogar mais bola.
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  De certa forma, foi divertido. Mesmo que eu tivesse ressignificado a situação em vez de resolvê-la. Por aquele momento, fez sentido, mas agora estava tudo um bolo molenga e enjoativo na minha cabeça, fazendo eu ter vontade de deitar encolhida na cama e chorar baixinho para tirar o sufoco de tanta informação junta.
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  Por isso, ao chegar perto de na mesa de pingue-pongue, fui direta, logo quando ele interrompeu seu saque e ajeitou o óculos, me puxando pela cintura e deixando um beijo em minha testa, eu disse:
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  — Podemos voltar para o hotel?
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  — Agora? Mas a e o nem chegaram… — ele olhou para os lados, procurando pelos dois. — E eu tô quase ganhando dele. — apontou com a raquete para , do outro lado.
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  Suspirei, me afastando.
  — Você pode ficar, se importa se eu for com o carro? — continuei falando quase para dentro, tentando ignorar a atenção dos demais. — Não confio em pegar um táxi sozinha.
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  — … — me olhava como se estivesse procurando alguma coisa em meus olhos.
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  — Te vejo mais tarde, então. — sorri por costume, mas de lábios fechados e desanimada.
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  Meus pés caminharam sozinhos para sair daquele lugar todo cheio à beira da praia. Tirei minhas rasteirinhas para andar melhor na areia e ergui o rosto, olhando para a lua.
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  Quando cheguei ao asfalto, vesti novamente meus calçados e dei a volta no carro, parado logo ali em uma vaga fácil e perto. Entrei, fazendo tudo roboticamente, e coloquei o cinto, sentindo meus olhos arderem, liberando as lágrimas sem controle algum.
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  Nunca soube como chorar porque nunca chorei. Certo, dizer nunca pode ser algo pesado, mas se chorei duas ou três vezes, foi muito. Meu pai mesmo dizia que eu parecia ser seca e se preocupou com isso até descobrir que não tinha nada a ver com minha saúde, que eu não tinha câncer ou algo do tipo, e era somente meu jeito mesmo.
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  Deitei a cabeça no volante e chorei, mesmo sem saber como, só deixei as lágrimas saírem. Ainda que estivesse confusa com o motivo, deixei sair.
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  — . — ouvi batidas na porta e a voz distante de . Olhei para o lado e vi, pelo vidro sem película, que ele estava ali. — Abre, por favor.
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  Com a chave na ignição, abaixei o vidro e ergui a cabeça, expondo meu rosto molhado para ele. criou um vinco em seu cenho, com a feição preocupada.
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  — Pesseguinha, você… Você estava chorando? — perguntou, ainda mais preocupado. Eu assenti, soluçando baixo por conta do choro. — Quer conversar sobre isso? Foi algo que eu fiz e te chateou?
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  — N-Não. — tentei dizer entre o soluço. — Não foi exatamente você, sou eu.
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  — Meu amor, não pode ser sempre você…
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  — Mas foi. Eu que me confundo toda sempre quando se trata de você, porque a cada momento é uma novidade com a qual eu não pareço estar preparada para viver. — funguei o nariz. — Eu não estou chateada por você ter uma voz sexy e acharem que é solteiro, não tô chateada porque não somos namorados ou porque o parece pronto para assumir meu lugar. — passei a mão no rosto. — Eu tô chateada porque não consigo calar essas inseguranças e…
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  — … — esticou o braço, acariciando meu rosto e erguendo meu queixo para a direção de seus olhos. — Você não precisa se preocupar com nada disso.
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  — O pior… — continuei, voltando a chorar. — …não é me sentir insegura por ser quem eu sou, é pensar que talvez eu não consiga aprender a lidar com a sua ausência se você for embora da minha vida da mesma forma que tô aprendendo a te deixar nela. — solucei. — E é uma coisa que eu deveria saber porque lido com abandono desde que nasci. — virei o rosto para frente, evitando encará-lo e continuando a chorar.
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  Em silêncio, abriu a porta e se inclinou por cima de mim, tirando meu cinto de segurança. Seus braços passaram por baixo de mim e ele me tirou dali no colo, dando a volta no carro, me colocando no outro lado, durante esse meio caminho eu chorei em seu ombro e com a cabeça encaixada no seu pescoço. Depois de me deixar sentada e afivelar o cinto, beijou minha testa e afagou minha nuca, fechando a porta, logo surgindo no banco do motorista.
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  Sem dizer mais nada por todo o caminho, ele dirigiu os cinco minutos da extensa avenida beira-mar, não tirando sua mão da minha perna por um momento sequer, somente quando chegamos no hotel e ele desceu rapidamente em frente à entrada, dando a volta e me tirando do banco outra vez no colo. Foi comigo para dentro do hall e elevador sem uma reclamação, e eu já não chorava mais, mantendo meu rosto no aconchego do seu pescoço. Quando as portas se abriram no nosso andar, ele caminhou pelo corredor até a nossa porta, desajeitadamente passando o cartão no sensor para abrir a porta.
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  — Amor? — chamou, empurrando a madeira com o pé. — Chegamos.
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  Ergui a cabeça lentamente, abrindo os olhos e fungando o nariz ainda molhado.
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  Estranhei a ausência da luz, mas logo que minha visão se ajustou, pude entender.
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  — Mas… O… Quê? — forcei a descer de seu colo e me colocou com cuidado no chão.
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  A iluminação baixa estava por conta do uso de algumas velas espalhadas pelo cômodo, incluindo o banheiro com a porta aberta — em uma rápida espiada, eu vi que estava com a banheira cheia, tendo uma camada de pétalas de rosas vermelhas por cima. Na cabeceira da cama tinha um varal esticado e eu não contive o ímpeto de seguir até lá, olhando de perto as polaroides escolhidas dentre as inúmeras que tínhamos, penduradas cuidadosamente. E em todas elas, no espaço em branco pelo enquadramento, tinha a data em que tal foto foi tirada, tudo com a caligrafia dele. Além disso, o cheiro de pêssego no quarto estava bem forte, de uma forma adorável.
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  Em cima da cama tinha uma cesta com uma garrafa de vinho, duas taças e uma caixa de chocolate sem açúcar. Na mesinha de buffet, uma bandeja com frutas estava ao lado de um porta-retrato com uma foto minha. Uma que tinha usado para fazer um documentário sobre algo envolvendo o conforto da Saint Peter com os diversos pontos preparados para quem quisesse estudar no campus, em vez de em casa; segundo o fofoqueiro do milênio, a minha calmaria enquanto lia um livro de Karl Marx poderia convencer o mundo de que a universidade era um lar e não um centro aterrorizante de gente enlouquecendo por diplomas, e ele imprimiu no jornal.
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  — Eu recortei ela há um tempo… tinha esse jornal porque gosta de esfregar para os nossos ex-colegas da escola que foram para Harvard, que a Saint Peter é perfeita. — me disse ao ver meu olhar direcionado.
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  Soprei um riso fraco.
  — Sabia que a rivalidade entre as duas começou por causa de uma história de amor? — virei o rosto para ele. — Um estudante de Medicina do último ano da Saint Peter se apaixonou por outro durante uma feira de ciências humanas… Esse aluno de Harvard era casado e… Bem, o sabe melhor a fofoca.
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   assentiu, olhando para mim por um tempo, eu me esquivei da sua análise, novamente prestando atenção em todos os detalhes à minha volta. Meu coração batia mais forte a cada ponto novo que os meus olhos batiam, porque ali tinha muito da nossa pequena história, estampada em polaroides, no cheiro e chocolates sem açúcar.
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  — Pode não parecer, mas eu tinha tudo isso planejado quando decidimos vir para Long Island. — ele começou e eu me virei para a sua direção, ainda parado perto da porta, agora fechada. — Minha ideia era aproveitar a presença de e fazê-la ocupar sua mente para eu sumir e arrumar tudo… Mas as coisas aconteceram de outra forma e eu tive que recorrer ao e a ela.
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  — Os dois arrumaram o quarto? — perguntei, pensando em e juntos, montando todo esse ambiente romântico e afrodisíaco, com acesso livre à minha bolsa de lingeries. com certeza tinha fuçado e encontrado as coisas que eu sempre a julguei usando. E, também, eu conseguia notar como ela se comportava perto dele, analisando tanto de forma profissional — do jeito que eu, psicóloga em formação, já conseguia — e por saber como ela, de fato, era.
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  — Eu não tive escolha. — franziu o nariz, dando um passo à frente. — A única coisa que a vida me permitiu escolher até aqui e eu fiz sem considerar nada porque tive certeza absoluta, foi você. — continuou se aproximando de mim depois de hesitar um pouco na lateral da cama. — E não me importa nada de fora, ninguém e absolutamente nenhuma teoria negativa, Bee. Eu só quero ser para você aquele que irá ficar. Todos os dias você me faz sentir o homem mais sortudo do mundo simplesmente por ter tido o privilégio de poder estar aqui, perto, junto, de poder estar com você.
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  Olhei para baixo, sentindo a vontade de chorar de novo, mas agora de uma forma menos melancólica.
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  — É com você que eu quero estar. É você que eu quero ter do meu lado. — continuou, levando as mãos para o meu rosto e encaixando no meu pescoço. — Você é o maior motivo de eu estar lutando para ficar nesse país. Porque quero ser seu namorado… Mas não por muito tempo, também, porque lá pra frente, quando você cumprir com seu objetivo e se formar, quero te levar ao altar. Compartilhar o meu sonho com você e somar os seus aos meus. Uma cerimônia para as pessoas mais próximas e lua de mel na Indonésia, o país que você ainda não visitou no mundo porque quer fazer isso quando se formar. E não me importa o que Einstein e a física dizem, o tempo é nosso, meu e seu, e eu não vou ser o seu passado acontecendo simultaneamente no presente. Eu não vou te abandonar, Bee. Porque quem não vai saber lidar com a sua ausência sou eu!
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  Meu rosto estava todo molhado, mas eu dei meu jeito de sorrir e mudar a feição triste. Estava transbordando felicidade e surpresa. Por dentro de mim tinha essa faísca mais forte que os fogos de quatro de julho.
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  Dentro de mim tinha .
  — Bee, posso ser o seu namorado? — ele perguntou, por fim.
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  — Po-pode. — respondi reforçando minha voz quando a senti fraca e fui tomada com seus lábios, primeiro na trilha das minhas lágrimas, depois em minha boca.
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  As mãos de se uniram para apertar minha cintura, cada uma de um lado, com um aperto sutil, sendo firme à sua maneira. Devagar, eu fui amolecendo embaixo dos seus dedos, sendo guiada por seu beijo para uma dimensão em que só existíamos nós dois dentro do quarto iluminado apenas por velas, deixando meu estômago cheio de asas batendo em sincronia, causando um friozinho delicioso de se aproveitar. Eu me arrepiava por inteiro por causa dele e não queria que isso parasse.
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  Não queria que as mãos de me largassem, porque eu já não sabia mais controlar essa necessidade sentimental e de carne de senti-lo caminhar seus dígitos pela minha pele, arrepiando cada fio presente em mim. A necessidade de senti-lo passar sua mão para dentro da minha camiseta com todo o cuidado, num pedido silencioso por permissão, que eu concedia ao apertar minhas mãos em sua nuca, esforçando meu corpo a se manter erguido na ponta dos dedos. A necessidade de senti-lo delinear minha silhueta e envolver todas as minhas sensações única e objetivamente na sua própria atmosfera, tirando minha roupa enquanto me namorava com os olhos e os toques, para me deixar livre e inteiramente exposta para os seus olhos, que me preparavam para fundir-me com seu corpo. A necessidade de sentir meu coração abraçado, posto no colo, quando ele me deixava repetir toda a forma de carinho a mim oferecida, e eu podia fazê-lo sentir ou, pelo menos, ter certa noção de como me sentia.
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  E a necessidade de sempre, como uma via de regra, permanecer grudados um no olhar do outro quando estávamos livres de qualquer peça fina ou grossa, intrometida ou não.
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  Me pressionando contra ele, me deu o auxílio para que eu subisse em seu colo, apertando minhas pernas em seu tronco, enquanto nos levou para o banheiro e me sentou na bancada da pia. Por um momento, não dissemos nada ou nos beijamos, ele envolvia minha cintura com seu braço direito e a mão esquerda estava no meu rosto, usando o polegar para dedilhar a minha bochecha. Minhas mãos não sabiam para onde ir ou o que fazer, queria tocá-lo por inteiro, não sabendo por qual parte começar — e talvez devesse ser por isso que me perdia olhando-o por muito tempo, porque tê-lo em minha vista já era o primeiro e mais intenso toque.
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  Acordei quando minhas pernas se apertaram sozinhas em seu quadril, trazendo-o mais para perto como se fosse possível, e não contive um arrastado e melódico grunhido por sentir a fricção de seu quadril contra o meu, ao passo que meu sutiã foi aberto e jogado ao longe. Ele tornou a me beijar, porém agora saindo do meu olhar para traçar uma linha do pescoço até a virilha, iniciando os primeiros quilômetros do meu paraíso ao tirar minha calcinha com os dentes, enquanto me olhava de baixo, passando pelo meu monte de vênus, brincando com os lábios úmidos de mim pela minhas coxas e voltando para cima, fazendo a parada de descanso nos meus lábios, momento em que pude experimentar meu próprio gosto, sendo proveitoso vindo dele.
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  Agindo inconscientemente tirei seu óculos e deslizei pela bancada, deixando-o na superfície. Segurei o cós de sua boxer e, pelo ímpeto agora consciente, me virei de costas, deixando meu corpo agir sozinho e se curvar, ficando debruçada no balcão e sentindo-o atrás de mim. Pelo espelho eu conseguia encará-lo, com o sorriso de uma ponta só erguida no momento que encaixou-se na curva que se formou. se debruçou sobre mim para alcançar a gaveta do balcão, e me distraiu ao beijar minha nuca, ombros e cada parte que conseguia das minhas costas ao pegar a camisinha, também contendo um estoque no banheiro pela fração quase mínima de racionalidade que nos restava.
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  Dada a mesma sequência responsável de — ou quase — sempre, ele se despiu do tecido para vestir-se com a proteção correta (mas somente depois de garantir pela embalagem que era a certa e não a comum, pela minha alergia ao látex — mesmo que tenha sido ele a comprar). Ao me penetrar, lento e cuidadoso, deixando-nos aproveitar a mesma proporção da sensação de prazer individual, segurou em meu quadril e eu fechei os olhos na fração do segundo que a sensação da “invasão” me tomou, abaixando a cabeça e espalmando as mãos no mármore da superfície. E como em todas as vezes depois da primeira, eu não me contive por estar totalmente à vontade.
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  Por mais gostoso que pudesse ser ver o rosto dele pelo reflexo, tinha algo na banheira que, talvez pudesse ser o teor das pétalas e o cheiro dos sais misturados, me instigou a não deixar que tudo começasse e terminasse ali. Sendo a ditadora por um curto tempo, me tornei a responsável em nos colocar dentro da água aquecida, fazendo ele se sentar — e tampouco me importando no instante que a camisinha foi esquecida. Me sentei em seu colo, encaixando-o dentro de mim novamente ao descer lenta e serena, sentindo que eu estava sendo capaz de fazer com o mesmo que ele fazia comigo usando seu olhar: hipnotizando-o suavemente como uma cobra.
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  Nem mesmo toda a água que caiu para fora pela nossa intensidade ali dentro foi motivo de preocupação enquanto eu ditei nossos quilômetros finais, finalizando a rota quando ele me prendeu me segurando pela cintura em minha última descida. Tombei a cabeça para trás, sendo preenchida pelo morno da sua ejaculação em mistura ao meu próprio estado fervente, com as mãos nas bordas da banheira estreita.
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  Ele chamou meu nome.
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  Eu chamei o dele.
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  Demorou para que eu abrisse os olhos, mas quando o fiz, ele estava com a cabeça deitada no apoio próprio da banheira, não deixando de acariciar o local que seus dedos estavam colocados. Me movi lentamente para frente e fui subindo os beijos desde sua clavícula até o queixo, mordiscando ali de acordo com meu vício.
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  — Hummm. — resmungou, levando as mãos para a base das minhas costas, forçando-me a encostar nossos troncos e encaixar o rosto em seu pescoço. Assim o fiz, tendo as mãos espalmadas em seu peito.
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  Ficar em silêncio, se apreciando, se abraçando e em troca de carinho foi uma lei criada em comum acordo.
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  Mas eu não consegui ficar muito tempo daquela forma, meus joelhos estavam um pouco cansados e eu queria me submergir um pouco mais na água, então me virei, mesmo contra seus protestos. Encaixei meu corpo no seu, sentando-se com as costas apoiadas no tronco dele, logo sendo abraçada por seus braços.
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  Não contive o quão longe meus pensamentos se moveram tão de repente e soltei um riso nasalado, que pareceu acordá-lo. beijou meu ombro, afastando meus fios de cabelo concentrados para trás até ficarem caídos em meu ombros, deixando a nuca livre para ele beijar e mordiscar.
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  — O que se passa nessa mente genial? — perguntou baixo, tornando a me abraçar.
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  — Eu estava pensando em como as coisas são bem malucas. Até o ano passado eu não conseguia enxergar nada ao meu redor e mesmo assim eu tô com você aqui, agora, numa banheira com pétalas de rosa e algum composto afrodisíaco que você escolheu. — deixei o sorriso bobo fazer o que quiser em meu rosto.
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  — Mas nem mesmo a mim você enxergou. — riu, beijando meu ombro outra vez. — Foi assim que começou, na verdade. Eu era um qualquer ao seu redor…
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  E ele não estava errado, na verdade.
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  — Como foi quando você me viu? — continuei.
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  — Primeiro eu pensei “o que esse tamanho de mulher toma para ser tão forte assim e conseguir me espremer?”, depois fiquei em pânico porque tive medo de te tocar e quebrar. Mas você não é tão indefesa, mesmo que seja tão pequena a ponto de caber certinho no meu colo.
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  — Bom, pelo menos você não pensou que eu era louca. — suspirei.
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  — Isso eu pensei depois, quando te vi correndo de costas e no momento que fui lavar minha mão e a tinta não saía…
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  Rimos juntos e eu franzi o nariz, lembrando desse desastre.
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  — Desculpa. Papai me diz que eu sou oito ou oitenta, norte ou sul, cima ou baixo… Não tenho um meio termo. — relaxei mais o meu corpo apoiado no dele.
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  — Não precisa pedir desculpa. Nada disso foi ruim, olha só onde estamos agora…
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  — E eu não poderia estar em um lugar melhor. — virei o rosto no ângulo que deu, felizmente sendo o suficiente para ele selar nossos lábios.
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Capítulo 15: Regras

  Abri a porta do escritório do papai e entrei sem cerimônias, mas somente depois de respirar fundo várias vezes, claro.
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  — Olha só! A que devo a honra… — ele afastou a cadeira da mesa e abandonou a leitura em seu computador, tirando o óculos e se levantando para encontrar-se comigo no meio da sala, já com os braços abertos para me abraçar.
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  — Oi, papai! — sorri genuinamente feliz em vê-lo e aceitei o seu abraço. Ele beijou minha bochecha e nos afastou depois de um curto tempo, me segurando pelos ombros e me olhando por inteira.
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  — Mas olha só pra você… Está linda! — sorriu emocionado. — Aonde vai? Por que eu tenho a impressão de que não é com a que você irá se encontrar?
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  — Porque não é a . — obviamente minhas bochechas coraram e eu comprimi os lábios, olhando para baixo.
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  — Bem que eu imaginei que alguma coisa estava acontecendo. Ou melhor, alguém. — ele tocou a ponta do meu nariz, com um sorriso ladino. — Esse cabelo preso, Tony me perguntando quem era o seu acompanhante nos jantares… Aliás, todo mundo sabia, menos eu. — entortou os lábios fechados em um bico. — Me desculpa pela ausência, filha, acho que falhei com você…
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  — Não, pai! Na verdade… — limpei a garganta, erguendo o rosto para ele. —… fui eu quem falhou. — suspirei. — Eu tive todas as chances de te contar, de te deixar saber o que tem acontecido na minha vida, mas não fiz porque não consegui administrar mais de uma relação… Me desculpa.
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  — Bee… — tocou meu rosto, mantendo um sorriso singelo. — Não precisa se desculpar. Eu sou o seu pai, sei o que se passa na sua vida. E você é adulta agora, não precisa que eu saiba sobre tudo… Está tudo bem. Só quero conhecer essa pessoa, porque se ele foi capaz de te fazer tão bem assim, significa que não preciso me preocupar.
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  — Você é incrível! — abracei meu pai com toda a força da minha saudade e quando me afastei, sem soltá-lo, sorri enormemente. — E ele também. Vocês dois vão se dar super bem! é coreano, pai, ele cursou Direito na Saint Peter, está a dias de se formar e é o melhor aluno da turma. Ainda mora no dormitório, mas é uma questão de tempo para sair de lá… Eu até disse que ele pode ficar aqui por um tempo, caso precise e tenha que sair rápido assim que acabar esse semestre… Mas isso é assunto para depois. Ele gosta de trilha também! E se você ainda gostar e quiser, pode ir com a gente para o Alasca, porque eu quero levar ele com o presente de natal!
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  — , ! — ele me segurou firmemente pelos ombros, me cortando do monólogo. — Respira, Bee. Respira! Você vai ter muito tempo pra me contar sobre seu namorado ainda. E, sim, se vocês quiserem, podemos ir os três para o Alasca. 
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  — Ótimo! — me empolguei, finalmente me soltando dele. — Agora eu preciso ir.
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  — E você vai dormir fora? — cruzou os braços.
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  — Não. Na verdade eu não sei, nós vamos ao cinema e depois numa exposição lá no Queens. Então se ficar muito tarde, eu fico no dormitório com ele e venho amanhã… Ah! — sorri com a lembrança. — Agora eu ando de metrô! É muito bom e-
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  — Transporte público é bom?
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  — Sim! Não em horário comercial. Aí é ruim, mas no meu ponto de vista continua bom, porque eu posso ir agarradinha nele, sabe? E-
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  — Tá OK, muita informação na mesma conversa, Bee! — ele elevou um pouco a voz. — está certa quando diz que você é uma caixinha de surpresas. Ou fala demais, ou fala de menos…
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  Ri com a verdade sendo dita e beijei a bochecha dele, aproveitando a minha deixa.
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  — Tchau, senhor Bee. Vou pedir para Dorota vir preparar um almoço pra gente amanhã, pode ser? — ele assentiu. — Ótimo! Se cuida.
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  Conforme fui falando, fui caminhando para a saída e, quando fechei a porta, me dei conta de como tudo estava perfeito demais, bom demais. A euforia em meu peito não conseguia mais se encaixar sem querer transbordar e eu simplesmente estava desejando gritar. Para não assustar ninguém, apenas sapateei no lugar, pegando meu celular em seguida e digitando o pedido de liberação de para que Dorota fosse em casa no sábado. Assim que enviei a mensagem, guardei o celular no bolso e segui reto para o elevador.
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  Estava tão, mas tão ansiosa, que o caminho para Inwood nunca foi feito com tanta rapidez em quase cinco anos do mesmo trajeto. Logo que estacionei Veronica na vaga demarcada, desci, pegando somente minha bolsa de mão e a caixinha preta, comprida, com um laço laranja na tampa. Talvez, se me vissem pelo gramado do campus àquela hora do final da tarde de sexta, diriam que eu estava louca, andando — ou correndo — como sempre fazia para chegar mais rápido na biblioteca do que Evans. Mas era só minha impaciência mesmo, agindo como se não tivesse visto mais cedo ainda naquele dia.
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  O detalhe era que, depois do meu estudo programado das duas às quatro para as provas finais, me mandou mensagem falando que já tinha agendado a apresentação que faria com para a corrida pela vaga de estágio no Cravath, Swaine & Moore LLP, o mais importante de toda Nova York, senão do país, e estava um pouco nervoso por isso. Meu primeiro instinto foi sair correndo assim que fosse possível para ir fazer companhia a ele e distrair sua cabeça, até porque as coisas com sua mãe do outro lado do mundo também não estavam tão boas. A ideia do cinema foi muito bem aceita.
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  Com a indicação de Atkins, eles conseguiram passar pela primeira fase de seleção sem qualquer esforço — na verdade, se for observar que a indicação do professor mais influente da Saint Peter foi gerada justamente por todo o período deles cursando a faculdade e se esforçando para terem bons resultados, pode-se dizer  que foi sim feito com muito esforço. Agora tinham a segunda parte, em que apresentariam alguma coisa que eu não entendi muito bem, em frente a todas as cabeças principais do escritório, e se fossem bem, entrariam para o time.
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   já tinha iniciado as etapas do exame da ABA, a ordem americana dos advogados, e estava indo para a última e mais importante, tendo 100% de aproveitamento até agora. Então tanto ele, quanto com a mesma marca, tinham de tudo para se dar bem e conseguir o estágio. Era importante já saírem do curso dentro de um escritório forte como este, porque após um ano de contrato, se tivessem mais de 50% de sucesso, poderiam ser efetivados. E eu sabia que tinha capacidade para isso, ele era muito inteligente e sabia muito mais sobre as leis americanas do que os próprios americanos, não só porque estudou para isso, inclusive.
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  Assim que parei na frente de sua porta ela se abriu, revelando meu namorado totalmente pronto para irmos.
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  — Oi, amor! — sorri, me inclinando para frente e cima, a fim de alcançar seus lábios. Selei em um beijo rápido e logo me afastei, passando por ele, ainda empolgada. — Achei que ia chegar e você estaria tomando banho ainda…
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  — Dessa vez fui mais esperto e tomei banho quando você disse que viria. Não quero me atrasar para o cinema porque a senhorita invadiu meu banho. — se virou para mim, ainda segurando a maçaneta da porta.
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  — Você bem que gostou… — dei de ombros e sorri com a lembrança.
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  — Eu seria louco de não gostar. — riu. — O que é isso? — apontou para minha mão à frente do meu corpo, segurando a caixinha. — Outro presente?
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  — Sim! Na verdade… — olhei para o objeto. — Isso aqui não é bem um presente. Toma.
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   deixou a porta e se aproximou de mim, pegando da minha mão, com o rosto um pouco sério. Fiquei analisando-o, me sentindo estranha por sua reação que piorou quando ele viu a minha caneta de ouro dentro da embalagem.
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  — Bee…
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  — Calma, antes de você falar deixa eu explicar. — cortei ele, dando a volta na mesa e ficando mais perto. — Essa caneta era da minha avó. Perto dos sessenta anos, ela decidiu cursar Psicologia e se formou, meu avô deu para ela, dizendo que seria um objeto de sorte. Vovó sempre acreditou nessas coisas, então quando havia provas importantes, ela usava essa caneta. Em todas ela foi destaque. — estiquei o braço, tocando sua mão carinhosamente. — Quando eu comecei a minha faculdade, ela já tinha falecido, então vovô me deu e… Talvez o meu segredo seja esse. Esse é meu amuleto da sorte, o motivo de todas as notas boas.
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  Ele demorou um tempo olhando para a caneta, até devolvê-la para a caixa e fechar, afastando-se de mim em um passo para trás. Eu me assustei quando ele colocou a caixa na mesa, empurrando ela para mim pela superfície.
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  — Ela vai te dar sorte e você pode colocar no seu paletó… — tentei completar, sem qualquer reação dele.
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  — … — suspirou, erguendo o rosto para mim e comprimindo os lábios. — Isso é demais. É incrível mesmo! E eu tô me sentindo muito mais do que lisonjeado de você pensar em me dar isso…
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  — Mas… Tem um “mas”, não tem? — mudei meu tom, sendo menos calorosa e mais séria.
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  — Tem. — Ele respirou fundo. — Eu não posso aceitar. 
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  — Neném… — murmurei.
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  — , isso aqui é valioso demais. Não sei nem quantos quilates deve ter aqui. Mas deve ser o suficiente para ser necessário que ela seja colocada em um cofre. É demais!
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  — Não, não é! — rebati, ainda em tom ameno. — É uma caneta… É um presente que eu quero te dar.
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  — Um presente que eu não tenho como te retribuir ao mesmo nível! — ele aumentou um pouco o tom, falando junto.
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  Engoli todas as minhas palavras, fazendo um bico e olhando em seus olhos, sentindo minhas pálpebras se fecharem mais rápidas e ritmadas.
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  — Escuta, eu amo, de verdade, todas as coisas que você me oferece. Mas você precisa começar a entender que nós não temos o mesmo poder aquisitivo e nem sempre eu vou conseguir te dar as coisas no mesmo nível. Você me deu um vinho de mais de dez mil dólares de natal e eu te dei um globo de neve… Consegue entender?
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  — Mas eu gostei do globo de neve! Tem tudo a ver com a gente! — tentei argumentar.
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  — E é só isso que eu ainda posso te dar… — continuou irredutível.
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  — Por que isso é tão importante pra você? — questionei, sentindo meu cenho fechado e os lábios elevados quase em bico. — Sua masculinidade é tão frágil assim que não te permite aceitar que eu tenha mais dinheiro? — notei que talvez isso não fosse a melhor argumentação, então completei: — E o dinheiro nem é meu! É do meu pai…
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  — E por que é tão importante para você me dar todas essas coisas? — ele rebateu.
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  — Pra te deixar feliz, te mimar…
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  — São coisas materiais, Bee! De onde eu venho, é muito mais importante o que temos em sentimento, presença… Do que presentes.
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  — Então eu não posso te dar presentes? Nosso relacionamento não permite isso? — mantive meu rosto reto, sentindo meu coração se apertar, porque diferente de qualquer outra discussão que tivemos sobre coisas banais, o tom de e até o meu próprio ainda não tinha suavizado.
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  — Não preciso que você me dê coisas materiais. Só preciso de você do meu lado, isso já basta.
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   tentou me alcançar, mas sem calcular conscientemente eu dei um passo para trás, olhando-o confusa.
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  — Você precisa entender que somos de culturas diferentes. — ele tentou.
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  — E isso só se aplica ao meu modo de ser? Porque eu sou assim com todo mundo, gosto de dar presentes para o meu pai e para a . E eu dou o que é alcançável para mim… Então negar isso, de alguma forma, você está negando quem eu sou.
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  — Você está distorcendo… Comprar o nosso almoço ou qualquer outra coisa banal é uma coisa, mas uma caneta toda feita de ouro é outra! Um vinho de dez mil dólares é demais! Isso é demais para mim.
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  Assenti roboticamente, calculando o que minha mente estava digerindo.
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  — Que relacionamento é esse em que não podemos ser quem somos por causa da diferença social? — ri nasalado. — Você precisava ter um defeito, não é?
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  — … — outra vez tentou me tocar e eu me esquivei. — Eu não quero que você mude, só tô te pedindo pra entender.
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  — Entender o que exatamente? Que temos regras? Nada disso tem sentido, ! Não estou te dando nada disso pedindo qualquer coisa em troca, e daí que eu tenho dinheiro para a merda de um vinho de dez mil dólares? Você só consegue pensar no lado material? Na diferença cultural? Estou te oferecendo algo que tem significado, não é só futilidade. Nada do que eu te dei foi por razão nenhuma. Nem essa merda deste vinho!
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  Ao terminar de falar, massageei as têmporas e peguei a caixinha da mesa.
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  — Você está agindo como se eu estivesse te rejeitando.
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  — E você está parecendo querer usar isso como desculpa para alguma coisa… Porque é o que você faz! Você pega algo pequeno e já usa para dizer que não sabe se irá ficar! — apontei o dedo, desabafando em tom aleatório. — Sempre quando o assunto é dinheiro você age como se eu estivesse te colocando contra a parede e exigindo te dar o que não quer!
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  — Para de ser radical! — apontou o dedo de volta, perdendo a postura. — Se escuta um pouco, Bee! Eu só falei que não posso aceitar uma coisa tão grande como essa e você está tornando isso uma tempestade.
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  Passei a mão no rosto e assenti, olhando para os lados.
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  — O que você quer que eu faça? Mude? Seja outra pessoa? Porque nós fazemos tudo o que você gosta e pode e tudo o que eu gosto e posso. A gente se divide na realidade um do outro e tem dado certo até agora… Ou pelo menos eu achava que estava dando. Mas o que eu faço? Pra você pode parecer algo pequeno, mas pra mim não é!
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  — Eu só não posso aceitar essas coisas assim… tão significantes. Por que você não entende? — ele disse mais baixo.
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  — Na verdade, acho que nenhum de nós está entendendo no momento… — abaixei a cabeça, olhando a garrafa de vinho no centro da mesa. — Faz assim, quando você decidir que estamos no mesmo nível, ou quiser, não sei… você quem manda, me liga. Se ainda der certo, a gente tenta outra vez.
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  Sendo impulsiva e querendo sair logo dali, pelo meu pânico de conflitos, peguei a garrafa.
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  — Vou levar para você conseguir dormir melhor.
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  Me virei com as duas coisas, levando o vinho embaixo do braço e apertando a caixinha na mão direita. Minha vista ficou embaçada pelo choro e enquanto eu o ouvia me chamar pelo corredor, não olhei para trás. Só me dei conta de que estava dentro de Veronica quando tirei a bolsa e a joguei no banco do passageiro junto com a caneta, deitando a cabeça no volante para chorar um choro sentido.
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  Mas ainda sem sentido algum.
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  Algo em minha mente estava berrando que eu deveria voltar e conversar, resolver, enquanto a outra parte era mais alta, me instruindo a ir embora. Foi o que fiz, levei o carro para casa, de forma arrependida por dar as costas para algo tão simples, me sentindo imatura e despreparada. 
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  Quando parei o carro na vaga, sem qualquer vontade de manobrar e ajeitar de ré, desci com a garrafa, jogando-a no primeiro lixo que vi. A caixinha da caneta ficou no carro e eu nem me lembrei dela, apertando os números do elevador com um ritmo frenético, na esperança de que eu fosse transportada de vez e diretamente para o meu quarto. Infelizmente não foi o que aconteceu, então, logo que entrei na cobertura, saí apressada, mal olhando para os lados.
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  — Bee!
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  Não dei ouvidos ao meu pai, continuando o caminho desgovernado pela escada. Subi cada um dos degraus atônita, sentindo o meu peito rasgando pelo choro que estava prendendo. A próxima rodada me faria implodir.
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  — Bee! — sabendo que ele não iria desistir, parei no topo, segurando o corrimão para me virar. — Você não tem nada para me contar? — sua feição mudou ao ver a minha cara de choro. — Filha?
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  Respirei fundo, causando um soluço desesperado pelo choro parado em minha garganta como uma bigorna. Sem me questionar, ele subiu pulando dois degraus por vez, parando em minha frente. Eu já começava a chorar, ainda tentando segurar o que dava.
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  — O que… O que houve? — papai colocou as mãos nos meus ombros, parecendo assustado.
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  Colei a testa em seu peito, onde dava altura, chorando compulsivamente, como nunca antes.
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  — Ele… Eu… Acabou, pai — disse fora de ordem, sentindo doer a cada palavra.
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Capítulo 16: Você está abandonando

  As férias estavam chegando, eu só tinha mais uma prova para me ver livre e finalmente poder embarcar para Veneza, no meu período sabático que duraria somente o espaço de intervalo entre os semestres. Minha ideia era sumir, de qualquer forma, viver um pouco fora da Saint Peter antes que eu enlouquecesse. Esse último ano foi capaz de me tirar dos eixos de uma forma que eu jamais pensei ser possível.
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  Tinha duas semanas que eu e não nos falávamos e eu estava sentindo muita falta, como jamais tinha sentido até mesmo do meu pai. Parecia que tinha algo faltando, então a minha primeira noção sobre o que fazer foi reservar um hotel numa vila bem velha da cidade italiana, para me afogar em todos os tipos de vinhos, baratos ou caros, onde eu pudesse pensar somente no que tinha acontecido com nosso relacionamento e viver um clichê romântico na cidade de água fedida. Porque, de novo, se eu ficasse na Saint Peter ou qualquer lugar de Nova York enquanto fizesse isso, iria enlouquecer mesmo.
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  Tudo o que eu tinha tido de experiência marcante no lugar que cresci e vivi até agora estava marcado demais com a figura dele. Onde eu ia, os lugares que pensava e até os quais eu não conhecia, ainda tinham ele. E jamais achei que seria possível alguém me marcar desta forma, como uma mancha de vinho num tapete felpudo completamente branco. Nem mesmo Taylor Swift me preveniu disso tudo.
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  — Encontrei você! — tomei um susto ao ouvir a voz de quando meu fone sem fio do lado direito foi removido e virei para o lado, vendo ele se sentar no banco junto comigo. — Como sempre, ouvindo Pink Floyd em período de provas. — ele disse, abrindo um grande sorriso ao colocar o fone em seu ouvido.
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  — Oi, — cumprimentei baixo, no volume da minha empolgação dos últimos dias. — Roger Waters tem uma ideologia política que me agrada.
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  — E qual é? Obviamente você seria um gênio sobre política também. — perguntou, prestando a atenção.
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  — A defesa da democracia não é algo tão profundo assim para você ter que ser um gênio para entender. — suspirei, fechando meu livro. esticou o pescoço, emitindo um barulho baixo com a boca fechada. Uma forma de me dar atenção aos pensamentos altruístas, mas sem deixar que eu elabore, para não estender demais e virar um monólogo (ele e todo mundo sempre faziam isso comigo, exceto , que me ouvia e prestava atenção, até mesmo quando eu esquecia as vírgulas e ele não entendesse o assunto em si). 
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  — Karl Marx, claro. Você ainda vai ser muito importante para este país, Bee.
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  — Obrigada. — sorri simples para ele, esticando o braço e pegando meu fone de seu ouvido para guardar ao lado do outro dentro da caixinha. Comecei a juntar minhas coisas. — Você precisa de alguma coisa?
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  — Não, na verdade eu queria falar sobre algo que não me parece certo… Você e terminaram?
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  Parei o que estava fazendo e continuei encarando meu fichário aberto, com o livro fechado em cima. nunca teve paciência para rodar em cima de um assunto, era sempre direto, assertivo, sem quaisquer rodeios para falar o que se passava em sua mente.
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  Me senti encurralada com sua pergunta. Era um assunto que ainda só corria pelas paredes do meu quarto, mensagens com e meu pai e os doces dietéticos que Dorota mandava pelo motorista dos Chevalier com a obrigação de Kimberly enfiar em minha goela abaixo. Talvez eu estivesse sim fugindo, mas tinha meus motivos e não iria conseguir focar nisso enquanto tivesse uma enxurrada de termos técnicos para gravar e provas dissertativas para gabaritar. Só tinha um término no qual eu possuía capacidade para me concentrar no momento e este era o do semestre.
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  — … — falou um pouco mais baixo, movimento sua cabeça para me olhar.
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  — Isso não é da sua conta, me desculpe. — fechei o fichário e me preparei para levantar, sendo segurada por ele com a mão em meu cotovelo. me encarou profundamente, maneando a cabeça para o lado, e eu entendi que estava me pedindo para sentar outra vez. Respirei fundo antes de fazer, sabendo que ele não iria desistir.
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  — Você sabe que eu fico no dormitório porque é mais fácil, sim? — assenti. — Então, surpreendentemente, ouvi uma conversa de ontem a noite com a mãe dele… Pode ser que não pareça, mas mesmo que eu more aqui há mais de dez anos, meu idioma nativo nunca se perdeu… Deu pra entender bem o que eles conversavam.
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  — Seja menos prolixo. — olhei em meu relógio, me sentindo desesperada para sair dali e ir embora logo. Queria chegar em casa a tempo de poder ver meu pai antes dele engatar uma nova viagem. suspirou.
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  — Você realmente não consegue ver o que fez?
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  — Perdão? — arqueei a sobrancelha.
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  — , você abandonou um problema porque não consegue aprender a lidar com conflitos. Você abandonou por isso.
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  — Eu não abandonei ele… — franzi o cenho, um pouco horrorizada, me encolhendo.
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  — Te conheço há quase cinco anos completos, já passamos muito tempo juntos aqui nessas paredes, Bee, e sei que posso não saber sobre tudo, mas eu sei de uma coisa e está gritando nos seus olhos: você ama ele. Você quer ele! Só que você tem tanto medo de ser abandonada, que acabou fazendo isso na primeira chance inoportuna, só pelo privilégio de não estar do outro lado da moeda.
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   estendeu a mão para tocar meu rosto e acariciou minha bochecha, sorrindo singelo.
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  — No ano novo você falou muitas coisas pra mim e uma delas não sai da minha cabeça. Você me disse que queria ser capaz de dizer “eu te amo” para ele. — encarei seus olhos sérios, mordendo minhas bochechas por dentro. — Eu sei que é. Mas você está se permitindo chegar a isso ou apenas decidiu pular para fora do barco porque pegou uma onda mais alta? — fez uma pausa, recolhendo o braço. — Todo mundo tem conflitos, , todos vão brigar e é de coisas assim que surge o amadurecimento pessoal, individual, e dentro das próprias relações. A gente precisa quebrar a cabeça um pouco para ela calejar e aprender as partes difíceis, porque não é só do fácil que vem frutos… Entende?
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  — Sim. — respondi simples, não querendo dizer mais do que o necessário para não tomar muito tempo. — Eu entendo.
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  — Então não se perca por esse medo, não. Não deixe a sua felicidade ser abandonada porque você quis ir pelo caminho mais fácil. Ressignificar é tapar o sol com peneira, lembra?
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  Suspirei e assenti, ainda em silêncio. se inclinou e deixou um beijo em minha bochecha, segurando em meu queixo.
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  — Você é incrível e eu nunca vou me cansar de dizer isso com propriedade. Então deixa ele saber disso também, porque o é um cara legal. E, não que isso tenha alguma influência de qualquer forma, mas eu tô desistindo de conquistar você porque é com ele que a sua felicidade está. Seu futuro todo planejado naquele post-it… A parte em branco que você sempre quis preencher…
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  Pela última vez afirmei com um aceno positivo e então saiu, sem se despedir, numa saída dramática. Observei sua caminhada, mordendo meu lábios com muita força, enquanto minha mente girava e eu só sentia aquela ardência no peito.
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  Ele estava certo, eu inverti as mesas com uma coisa tão banal para não ter que estar do outro lado da moeda. Não precisei ir muito longe para conseguir refletir, talvez eu devesse ter procurado por outra pessoa antes de ter tentado me desvendar sozinha.
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  Como fui imatura!
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Capítulo 17: Eu aprendi

  — Com licença! — berrei ao sair pela porta da sala de aula assim que entreguei minha prova para a senhorita Peterson, apressada em iniciar a corrida pela minha vida.
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  — Bee, é final de semestre sua maluca! Eu não quero livro nenhum! — ouvi a risada de Evans, mas ignorei.
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  Os corredores da Saint Peter ficavam intransitáveis no último dia letivo, era sempre uma zona pela mistura dos formandos festejando a liberdade contra os depressivos por reprovarem… Era um caos. E eu precisava descer até o térreo e ir para o outro prédio, o de ciências sociais aplicadas, resolver meu maior motivo de insônia.
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  A conversa na tarde anterior com me fez ficar acordada e ir para a universidade com vários litros de energético ingeridos. Se eu não tivesse chegado assustadoramente atrasada, teria feito isso antes, mas precisava fazer uma prova primeiro. A última do semestre. Então corri contra o relógio, terminando o mais rápido que consegui, e ainda assim sendo a última, e acabei saindo em correria.
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  Meus pés só não afundaram o asfalto quando estava trocando de um prédio para outro porque não deu tempo. Nem tive como notar por onde estava indo, apenas fui, rápida como um furacão. E sem remoer em minha cabeça as coisas que queria dizer, porque tive medo de esquecer tudo quando estivesse frente a frente com ele. Me concentrei em uma coisa de cada vez.
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  Ao parar diante da porta de sua sala, conferi mais uma vez a numeração e o andar antes de bater. Meu corpo todo tremia e eu só soube me manter focada em não pensar, apenas agir. Visualizar o quão doloroso estava sendo a ausência de me deixou instigada a refletir tudo o que ouvi de para estar parada no segundo andar do prédio da turma de Direito, sendo observada pelos veteranos que já saiam de suas salas após suas provas. E se eu bem me lembrava, aquele último dia para os alunos da turma dele seria algo mais teórico como despedida, ainda mais por quase todos estarem em processo de pré-apresentação aos escritórios de advocacia da cidade a adjacências.
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  Demorou um pouco, mas eu ouvi um “entre” grosso, com meu coração disparando: não sabia se agora era porque a voz forte do mestre Gillies sempre apresentava imponência ou se porque a minha coragem estava me levando a coisas diferentes todas as vezes que se tratava dele.
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  Na verdade, não era coragem. E eu também não tinha descoberto ainda do que se tratava.
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  — Desculpe atrapalhar, senhor Gillies… — tentei soar o menos trêmula possível, colocando apenas minha cabeça no vão da porta aberta minimamente. Sequer olhei para o lado das cadeiras da enorme sala em formato de auditório.
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  — Bee… — o professor, no palanque, se virou para a minha direção apenas com a cabeça, inclinando-a em confusão. — O senhor Dickens está na sala dos professores…
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  — Sim, sim… Eu sei. — senti as bochechas corarem. Gillies e Dickens foram os responsáveis pelo trabalho apresentado que fiz para ter mais pontos extras (ou de hobby, como disse, já que eu tinha completado o quadro antes mesmo do período de estágio). — Na verdade, eu preciso falar com um aluno do senhor. — confessei, olhando para os meus pés e de volta para ele.
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  — Pois bem… — Gillies arqueou a sobrancelha olhando para a turma e, em seguida, de volta pra mim. — Quem é este ou esta aluna que a senhorita procura num dia tão importante para os formandos de Direito, interrompendo minha aula?
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  Enfim olhei para cima, vendo-o sentado no meio da sequência de fileiras, imaginando que era por conta da sua vista. estava ereto e impassível. Ao seu lado, comprimia um sorriso e tinha os olhos atentos.
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  — Jeon . — falei para o professor em minha frente.
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  — Ah, certo. — ele cruzou os braços e assentiu. — Você pode falar ou esperar ele sair.
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  — Obrigada, senhor Gillies — fiz menção de voltar para trás, mas ele continuou:
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  — Pode entrar, Bee. Pode entrar e falar o que deseja.
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  Meu corpo travou e eu senti a corrente elétrica percorrendo por todos os meus músculos, com espasmos estranhos e desconhecidos.
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  Mais uma primeira vez que eu me envolvi por ele.
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  Mais uma novidade.
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  Mais um ato gerado pelos meus sentimentos.
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  Me coloquei toda para fora e tomei três segundos antes de retornar, respirando fundo no mesmo instante que forcei a maçaneta e abri a porta por inteiro, entrando por fim.
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  Ouvi um burburinho da turma e o professor me olhava genuinamente, enquanto eu caminhava pelo palanque, ficando ao seu lado. Olhei para cima e fiquei de frente, segurando uma mão à outra para não revelar a tremedeira.
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  Limpei a garganta, comecei:
  — Eu sei que talvez isso esteja sendo invasivo demais e que você, tanto quanto eu, odeia exposições. Mas eu… Eu sou oito ou oitenta e não ia conseguir esperar ou ficar ensaiando para isso. — suspirei. — Também sei que disse que se você me pedisse em casamento um dia no meio de um monte de gente, eu diria não. Então se você disser não, também vou compreender. Não que eu vá te pedir em casamento agora… Céus!
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  Olhei para o professor e depois meus olhos passaram por todos os alunos, voltando em novamente; ele estava sentado de forma ereta, ainda sem expressão alguma. Apertei os olhos fechados e, ao abri-los novamente, só tínhamos nós dois ali, um preso no olhar do outro.
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  E, na verdade, eu não me prendia ao olhar de . Era em suas orbes que eu mais me sentia livre.
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  Livre até de mim mesma.
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  — Não sei por onde começar ou se devo, mas eu preciso que saiba que, de todas as coisas novas que aprendi com você, lidar com a sua ausência não foi uma delas. E talvez isso possa ser problemático para alguém, mas, pra mim, não é. Porque você me fez sentir como uma pessoa nova, me ensinou coisas sobre mim que eu não conseguia enxergar sozinha e que e nem meu pai poderiam ver. Você me deu essa liberdade e me tirou de uma prateleira funda, esquecida, em que eu mesmo me coloquei. Sei que fui imatura, mas no fim, fui eu quem usou a situação como uma desculpa. Quis inverter a mesa para não ser a pessoa abandonada dessa vez e não acreditei em todas as coisas que disse à você. A verdade é sim que você vai ficar, mas não aqui ou na Coreia, é do meu lado. Eu quero ir para onde você estiver se ainda quiser. E nenhum dos meus planos feitos naquele post-it que te mostrei terão sentido e significado se não for com você. Eu não sei ler o futuro, mas a Bee de quinze anos que escreveu tudo aquilo já sabia que um dia iria te encontrar, ela só não me contou porque eu precisava aprender sozinha…
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  Respirei, me lembrando do meu pai e do exercício dele para todas as vezes que eu me atropelava pela ansiedade.
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  — Eu precisava aprender a amar primeiro. E eu aprendi isso com você… — engoli o bolo na garganta, mantendo meu olhar no seu.
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   não se moveu, sequer piscou. teve mais reação que ele, com os olhos arregalados e o corpo ansioso na cadeira.
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  Quando senti meu rosto ardendo, olhei para o professor, abaixando a cabeça brevemente em agradecimento e respeito.
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  — É isso, obrigada, senhor Gillies. Boas férias. — disse em um tom que só ele pudesse ouvir e caminhei em direção a saída.
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  Me senti aliviada, de certa forma, ao passar pela porta e fechá-la atrás de mim. Minhas pernas estavam bambas, então fui para o elevador. Independente do que ele escolhesse interpretar do que disse, o mais importante é que fui verdadeira e consegui me expressar, consegui deixar de lado o foco que eu tinha apenas em meu futuro cerca de um ano atrás e focar em mim numa primeira vez.
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  Poderia ter feito melhor, não sei, mas foi assim que fez sentido pra mim no momento.
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  Dei o primeiro passo para entrar no elevador quando as portas se abriram, mas parei ao ouvir a porta da sala se abrir. Não virei o rosto, não quis ver e me frustrar, apenas esperei.
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  Sei que ele correu até mim os poucos metros de distância, mas sem rodeios apenas me puxou para um abraço forte, segurando meu rosto com as duas mãos em seguida.
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  — Você é maluca de ir embora antes de me ouvir. — disse, os lábios naturalmente em um bico. — Me espera aqui, nesse endereço. — puxou uma caneta de seu bolso, escrevendo na minha mão, e eu reconheci o nome do novo restaurante próximo da universidade.
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  Assenti, não tendo tempo de dizer nada, porque logo fui beijada.
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  — Eu entendi. — ele disse, segurando meu rosto outra vez da mesma forma, ao cortar o beijo. — Também amo você. — disse, por fim, voltando para sua sala.
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  Fiquei parada no lugar igual uma bocó, sorrindo para o nada e lendo sua caligrafia em minha mão. Não queria que a tinta saísse jamais.
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Capítulo 18: Deixa o neném em paz

  Minha ansiedade estava a mil, mal consegui ouvir o que dizia durante nosso trajeto até o auditório principal. Era finalmente o dia da apresentação de para o escritório de advocacia. E ele ia apresentar com , por isso a presença da minha amiga. Inclusive, não precisava de muito ou que ela me contasse para dizer que os dois tinham se envolvido. Estava estampado no jeito de com ele que ela tinha se apaixonado.
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  Assim que entramos na antessala do ambiente meus olhos caíram em cima dos dois, em um canto, conversando. ajeitava a gola da camiseta branca de mangas compridas que usava elegantemente embaixo de um blazer preto e eu reprimi um riso frouxo, não querendo me explicar muito para ; eles tinham combinado de usarem roupas sociais, com gravata e tudo, mas eu acabei frustrando os planos do meu namorado, quando não me controlei em deixar uma marca em sua nuca e outra na volta do pescoço.
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  Próxima o suficiente, notando que não tinha conseguido me ver, mesmo que eu tenha escolhido o salto mais alto dentre minhas opções e recebesse todos os olhares ao redor, pude ouvir a conversa.
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  Ou pelo menos o que era pra ser o fim dela.
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  — Você tá com medo que eu te deixe com vergonha na frente da sua namorada, neném?
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  O tom de era zombeteiro e eu só percebi que agi por impulso quando ele reclamou.
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  — Deixa o neném em paz, ouviu? — respondi, sabendo que no fundo tinha um tom de brincadeira ao dar-lhe um tapa ardido na nuca. Ao passo que se recolheu dramaticamente no ombro de , eu abracei pela cintura, cumprimentando ele decentemente. — Como vai o meu advogado favorito? — beijei a pontinha de seu queixo e ele sorriu.
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  Só pelo seu sorriso eu soube que estava nervoso.
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  — Nervoso. Com medo. Trêmulo. Mas melhor agora que você chegou. — respondeu, beijando a ponta do meu nariz. Apoiei meu queixo em seu peito, como sempre fazia.
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  — Qualquer coisa é só fingir desmaio. — dei de ombros. — Se nada der certo, você vira um ator.
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  — Hum… Acho que prefiro o seu método de memorização. — resmungou. — Não acho que a minha namorada vai gostar de me ver dando beijo técnico a torto e a direito por aí nos telões…
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  Franzi o nariz, sendo atormentada pela imagem.
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  — É uma boa escolha. Você está olhando para a aluna do último ano de Psicologia que já poderia ter se formado sem concluir 100% do curso se não fosse a formalidade.
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  — Estou olhando para um gênio. — piscou galanteador pra mim. — E amor da minha vida, claro.
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  Sem muita cerimônia, nós nos beijamos, de forma tranquila, serena, e sem demorar. Algo bem sucinto.
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  Ele notou a presença cheia de imponência dos responsáveis por aquele processo seletivo todo do escritório, alguns professores importantes da Saint Peter e mais um bando de gente engomada indo em direção ao auditório, e eu senti seu corpo vacilar embaixo do meu. Me afastei, pegando em suas mãos e beijando cada uma.
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  — É melhor eu ir. — disse, suspirando e retornando sua atenção para mim.
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  — Não esquece, qualquer coisa é só fingir desmaio. Ou dizer “pêssegos são azedos”, que eu te tiro correndo daqui. — fingi seriedade.
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  — Até parece, com esse tamanhozinho, pesseguinha? — ele riu, me dando um último beijo.
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  — Se for pra te defender, eu derrubo até o brutamontes do . — dei de ombros, arrancando uma risada dele. — Ah, antes de eu ir… — disse em um estalo, ao me lembrar de algo por ver Lindsay saindo do elevador. — Não se assuste com nada, OK? Só foque no principal objetivo. O resto a gente deixa pra mais tarde.
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   com certeza não entendeu, ele franziu o cenho e assentiu, confuso.
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  Esperei terminar sua melação com o outro advogado formado e segui com ela e a recém-adotada, mas não tão recente assim, . Já fui tirando a minha câmera polaroide da bolsa conforme fomos adentrando o auditório, buscando por nossos lugares demarcados. Até ser surpreendida por Lindsay ao meu lado.
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  — , você acha que devemos colocá-las aqui agora? Ou só quando começar? — olhei para e distantes e fiquei confusa. — Seu pai está conversando com alguém importante e deixou isso comigo.
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  — Eu acho que pode começar a colocar, desde que você não faça alarde. Não quero desconcentrá-los. É bom para conseguir conectar tudo certinho. — sorri educadamente.
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  — Certo, vou me sentar e ligar para elas, então.
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  Lindsay deu a volta, empolgada com sua maleta.
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  Há dois dias, eu tinha combinado com a mãe de que se preparasse para assistir à apresentação dele e de , que daríamos um jeito de transmitir para ela e a senhora Kim, sendo surpresa aos dois. Eu queria trazê-las, mas não conseguimos por conta do tempo, já que foi uma decisão rápida, então Lindsay ficou responsável por cuidar da chamada de vídeo. Meu pai, no meio disso tudo, só teve o papel de pedir autorização do escritório, usando seu nome, e estar ali, presente num momento importante para .
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  Os dois se davam bem e eu iria descobrir como seria minha relação com a minha sogra no próximo final de semana, embarcando para a Ásia com , , , Dorota e papai. E eu não poderia estar mais ansiosa para isso.
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  Procurei pelo meu lugar do lado de e me sentei, começando a tirar as fotos, sem perder um momento sequer. Chequei uma última vez se estava tudo certo com Lindsay e seu laptop no colo, e fiquei tranquila quando recebi seu “joia”. Logo papai estava ao seu lado, também acompanhando a apresentação, que, inclusive, não tinha outra forma de detalhar sem dizer que foi um “sucesso”. finalizou sem fingir desmaio ou usar nosso código, depois que começou, não ajeitou mais o óculos, ele apenas seguiu tranquilo e amparado também pela inteligência e boa comunicação de — que treinou muito para conseguir falar “constituição” sem parecer o Patolino. Em pé, aplaudimos, e quando os dois se abraçaram eu me emocionei, sem esquecer de registrar o momento. Fiz menção com de sairmos apressadas até os dois, mas segurou nossa emoção pelas mãos, apontando em como eles estavam sendo cercados, principalmente pelos principais nomes daquilo tudo.
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  Eles começaram a seguir o rumo para fora do auditório e eu encarei com um bico nos lábios.
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  — Vai, vai… Vamos segui-los. — me virei para sair da fileira, apressando ela.
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  — Vai aonde, sua louca? — me encarou estranha. — Agora é o momento que vão babar em cima deles, para de ser ciumenta, Bee.
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  — Não é ciúmes, eu quero saber o que vai ser dito.
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  — É curiosidade. — ela revirou os olhos, reclamando quando eu passei por sua frente, pisando no seu pé pelo pouco espaço. — Bee!
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  — Você saberia como é se estivesse no nosso lugar, garota dos tanquinhos.
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  Não olhei para trás, continuei o rumo pela outra porta para fora do auditório, quase tropeçando nos meus próprios pés e me equilibrando. Ao ver meu pai já do lado de fora, tirei a bolsa e praticamente joguei contra seu peito.
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  — Eles foram incríveis! — ele começou dizendo.
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  — Sim, sim… Foram. E pra que lado seguiram? — perguntei, apertando a bolsa contra ele.
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  — Pro elevador. Devem ter ido para a cobertura.
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  — Bee! Me espera! — olhei para atrás de mim, estranhando o fato dela ter ficado tão longe. — Respira, não esquece de respirar. — olhou estreito pra mim e se virou para . — Você espera a gente lá no coquetel?
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  — E eu tenho outra escolha? Capaz dela parir esse filho aqui mesmo se não for ouvir por trás da porta… — riu.
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  — Filho? Quem tem filho? — vi parar ao lado do meu pai e estranhei a presença dele.
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  — Você está grávida, Bee? — meu pai perguntou logo em seguida.
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  Me vi encurralada.
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  — Quê? Não! Claro que não… Eu… Não… E não estou grávida! — neguei, ficando nervosa.
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  — Minha bola de cristal não diz isso. — me olhou de cima a baixo e eu olhei pro meu corpo. — Ou eu posso estar errada e você só está com esse corpão porque começou a se exercitar mesmo.
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  — Mas você já fazia academia, Bee. De que exercício ela está falando? — novamente meu pai perguntou em seguida.
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  — Argh! — reclamei alto, erguendo as mãos e puxando . — Eu não tô grávida. Parem com isso. Vem, .
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  — Ela era estressada assim antes? Ou o senso de humor ficou em algum livro da biblioteca?
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  Ouvi brincar e a risada do meu pai seguir a de , enquanto arrastava para a escada. Ela parou ao entrarmos pela porta de emergência e eu me virei.
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  — Vai ficar aí? — perguntei.
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  — , você quer subir de escada usando isso aí? Pra quê elevador? — apontou meus pés.
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  — Chegar pelas escadas é mais sutil. — justifiquei, tirando meus sapatos. — Pronto, vem!
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  Subimos seguindo o ritmo da minha pressa e quando alcançamos o segundo andar, meu rosto foi tomado por um sorriso gigante ao ver descendo. Corri, deixando as sandálias caírem, e pulei nele no espaço entre um lance e outro. Seu rosto estava tão radiante que ele não precisaria me dizer nada.
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  Enchi sua bochecha, testa e nariz de beijos, pendurada com as pernas enlaçadas em seu tronco.
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  — Conseguimos! — ele me contou e eu parei de distribuir os beijos frenéticos, deixando-o respirar.
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  — Eu sabia! Eu sabia! — voltei a beijá-lo, abraçando seu pescoço o apertando eufórica. Tão eufórica, que fiz seu óculos cair pelo vão, sumindo e muito provavelmente se quebrando ao atingir o chão no térreo. Paramos em sincronia e, me segurando firme, olhamos todo o trajeto. Fiz uma careta e ele franziu o nariz, forçando-se a me enxergar.
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  — Pesseguinha… — choramingou.
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  — Desculpa, neném. — ri com culpa, beijando-o outra vez. — Você precisa começar a usar lentes. Ou vou ter que te colocar numa bolha inflável para te proteger de mim.
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  — Ei! — me afastou, fingindo ultraje. — Quem tem que proteger aqui sou eu. Eu tenho que proteger você.
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  — E do quê, exatamente? De mim mesma?
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   negou com a cabeça, rindo, e encerrou me abraçando e, dizendo, por fim:
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  — Vamos descer, eu preciso ligar para minha mãe e contar tudo. Queria muito que ela estivesse aqui…
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  — Eu sei meu amor, mas ela esteve, viu! — tentei comprimir um sorrisinho, espalmando minha mão em sua bochecha e beijando a ponta do seu nariz de forma tênue, movida por seu sorriso genuíno.
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  O sorriso de era, com certeza, a minha fonte.
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  A minha maior fonte de coragem, afinal.
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Epílogo

  — In a minute I’ma need a sentimental man or woman to pump me up… Feeling fussy, walkin’ in my Balenci-ussy’s tryna bring out the fabulous…
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  A música em meu fone estava alta e eu não conseguia controlar meu corpo, remexendo os quadris de acordo com a batida e voz de Lizzo, acompanhando ela na cantoria também. Estava sozinha no quarto de , na casa de sua mãe, porque ele tinha ido com os pais ao mercado e eu quis dormir mais um pouco, então quando acordei e fiz todo o meu ritual da manhã, iniciei minha playlist e vesti meu fone sem fio, animando um pouco a minha recente preguiça para arrumar a cama e organizar a bagunça.
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  Faltavam dois dias para irmos embora de volta para Nova York da nossa curta viagem “em família” de férias. estava por aí com e meu pai e Dorota já tinham retornado para casa, e eu bem estava desconfiando que Lindsay era o motivo para ele. Seria nosso último jantar com seus pais, então eles queriam fazer algo diferente, haja vista que eu não tinha me acostumado muito bem com a culinária coreana e meu estômago parecia não aceitar o tempero.
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  — I’m comin’ out tonight, I’m comin’ out tonight… uh-huh… Ai! — levei um susto quando fechei minha necessaire no banheiro e girei o corpo, rebolando no ritmo de dança com os braços cruzados, vendo-o parado na porta, escorado no batente e com os braços cruzados. Sorrindo aquele abençoado e gostoso sorriso que me engolia inteira. — Faz muito tempo que vocês chegaram? — fiz uma careta, tirando os fones e morrendo de vergonha por perceber que talvez seus pais tivessem escutado meu show.
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  — Há uns dez minutos. — riu, se mantendo na pose. — Adoramos, inclusive. Essa casa era bem calma antes de você… Minha mãe, inclusive, não quer que a gente vá embora.
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  Assenti, vendo o olhar dele cair ao falar sobre sua mãe. Ela estava doente há um tempo e não melhorava em nada, pelo contrário, então doía para ele ir embora e estar do outro lado do mundo. Me cortava o coração só de pensar em vê-los tristes, porque eu sabia que sua mãe também sofria com isso, mesmo querendo que ele fosse feliz e estivesse onde queria. Acabei descobrindo que minha sogra era uma mulher incrível e que seu filho era o seu reflexo perfeito de bondade, carinho, doçura…
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  Uma mãe que muita gente gostaria de ter. Que eu gostaria de ter tido, mas ganhei ao conhecer .
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  — É algo a se conversar. — sugeri, deixando os fones dentro da caixinha. — O que é isso aí pendurado em seu braço? — apontei para a sacola, movendo as sobrancelhas.
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  — Ah… — se desencostou do batente e caminhou hesitante até mim. — Eu… — suspirou. — Eu sei que você abomina essa ideia e tá tudo bem, a gente pode conversar sobre isso depois e resolver… Mas… — tirou uma caixinha de dentro dela. — Acho que deveríamos primeiro descobrir sobre o que vamos conversar antes de te marcar um médico para ver a questão do estômago sensível ao kimchi.
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  Não formei nenhuma expressão facial, piscando rapidamente, a fim de que fosse uma miragem ou um sonho. segurava um teste de gravidez, não sendo o único dentro da sacola. Automaticamente cruzei meu braço.
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  — Trouxe de todos os modelos para você escolher qual quiser ou fazer todos… — fez uma careta.
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  — Você vai sossegar se eu urinar nesse negócio? — perguntei, não querendo discutir outra vez sobre o mesmo assunto.
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  — Pesseguinha… — se aproximou, fazendo com que eu erguesse a cabeça para lhe encarar. — Você está diferente. Fica mais emotiva a cada dia, tem reclamado de muito sono, está sem energia, não consegue comer tudo o que gosta… E agora eu mal posso tocar no seu peito, que reclama de dor! Não acha que a gente-
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  — Eu. Você acha que eu devo fazer.
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  — É, meu amor. Você. Pra nós tirarmos essa dúvida.
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  Respirei fundo, tomando o teste da sua mão.
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  — Eu já falei pra você que não é nada disso. Meu problema com alimentação está na diabetes. — comecei a reclamar em um tom mais estressado, indo para dentro do banheiro e não medindo cerimônia para fazer o xixi no teste. ficou parado na porta, de braços cruzados e encostado no batente. — Não existe a possibilidade…
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  — Você sabe que existe sim. Teve pausa no seu anticoncepcional e algumas vezes nós burlamos a regra da camisinha. Antes de Long Island mesmo a gente-
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  — Mas isso já tem quase quatro meses! E a pausa que eu fiz foi para trocar o anticoncepcional…
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  — … — interrompeu e eu ergui o rosto para ele, numa posição não muito agradável para fazer xixi no objeto. — O menor dos problemas é um filho, neste caso.
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  — Odeio quando você está certo. — revirei os olhos, colocando o teste em cima da pia ao lado e me limpando.
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   ficou parado no mesmo lugar e eu me levantei, indo lavar a mão.
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  — A gente vai ficar esperando pra nada. E não me diga que comentou com seus pais sobre isso.
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  — Minha mãe me convenceu a comprar, na verdade. — ele se aproximou e eu ergui o rosto da pia para ele, vendo seu reflexo pelo espelho. — Você sabe que ela adoraria um neto agora.
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  — É, mas eu não posso ter um filho. E não quero. Ainda tenho muito o que estudar para chegar onde quero. Não tem como se concentrar nos dois!
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  O olhar dele abaixou e eu segui a direção. travou o maxilar.
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  — Merda! — reclamei, me apoiando na pia. — E não é que você está certo outra vez?
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  — A gente pode pegar o outro se quiser, fazer mais… — senti na voz dele o autocontrole.
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  — Pode sorrir, seu bocó. Vai! — me virei, ficando de frente ao seu corpo colado ao meu. — Tira foto e manda para o . Faça a reunião dos bocós. — tentei não soar empolgada, porque o brilho no olhar dele me contaminou. Ainda que o positivo fosse uma revelação muito forte.
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  Até mesmo a ideia de ser mãe, que nunca tinha sido algo bem recebida por mim, mudou. Principalmente depois dessa viagem.
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  — Está falando sério?
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  — Estou. — fiz um bico. Um tanto incerta, claro, mas com a segurança de ter ele ao meu lado. — Vai contar pro seu namorado que ele vai ter um enteado ou enteada…
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   gargalhou, enfim se soltando para me abraçar e rodopiar até eu bater em seu ombro para parar. Ele chorou, eu chorei.
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  Senti medo, claro. Era um positivo que significava uma coisa muito específica.
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  Eu ia ser mãe.
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  Eu ia colocar alguém no mundo.
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  Eu ia ser o mundo de alguém.
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  E esse alguém iria depender de mim.
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  Mas tinha sentido e, mesmo com medo, não consegui me preocupar. Porque eu aprendi a amar, então conseguiria amar o fruto de um amor. Por mais que fosse um pouco fora dos meus planos.
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  Inclusive, nada até aqui tinha sido planejado. 
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Bônus: Senhora, não senhorita

  — Droga! — bati a mão no volante, deitando a cabeça logo em seguida.
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  — ? — olhei para o lado e vi a senhorita Maxwell. — Está tudo bem?
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  — Oi! Está sim… — ergui a cabeça, ajeitando minha postura. — Só estou com um problema com a tecnologia… — sorri amarelo.
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  — Todo mundo tem que enfrentar um Golias, não é mesmo?
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  A senhora riu e trocou sua maleta de mão.
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  — O que está acontecendo? — esticou o pescoço para dentro do carro.
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  — Eu tô tentando entender esse manual e me recordar como faz para mudar o nome do bluetooth fez isso pra mim a última vez e agora eu não quero pedir pra ele por uma razão meio… pessoal.
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  — Ah! Mas, menina, isso é bem fácil. — ela gesticulou com casualidade e eu me assustei ao ver uma das professoras mais antigas da universidade, conhecida por ser tão rigorosa, tão à vontade. — Posso entrar aí e te ajudar? Meu marido tem um Jeep novo também, deve ser parecido.
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  Apenas assenti e ela deu a volta, entrando no banco do acompanhante.
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  — Funciona assim… — observei sua facilidade em ir no menu necessário, um pouco boquiaberta. — Qual nome você quer colocar?
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  — Oi?
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  — Qual é o novo nome para ir no lugar de Veronica? — reforçou a pergunta e eu olhei o painel. Como continuava sem entender a forma de ajustar, sucumbi à vergonha.
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  — … — disse quase no mudo. E ela trocou, sem me questionar, sem dizer nada.
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  — Prontinho, menina. Está feito. — sorriu para mim, pronta para sair do carro, tão ligeira quanto o oposto do funcionamento das engrenagens do meu cérebro. — Bom final de semana, vê se descansa…
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  — Obrigada… — respondi automático, vendo-a sair. Olhando para o painel e o novo nome, eu me situei de algo e a chamei. — Senhorita Maxwell!
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  — Sim? — Ela se virou educadamente.
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  — É casada? — perguntei sem nenhuma delicadeza. Não tinha aliança em seu dedo e só usava um sobrenome.
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  — Sou. Georgia Maxwell Belmore. Uso meu nome de solteira, porque foi assim que fiquei conhecida. — explicou.
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  — Ah… — refleti e ri sozinha. — Me desculpe, senhora Maxwell. — pedi, agora a chamando de forma correta. — Eu não sabia… Nunca vi a senhora usar aliança. E é tão… bem-sucedida como neuropsicóloga.
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  — Não acho necessário o uso de anel e não gosto de joias. — ela olhou para as próprias mãos. — E é muito mais fácil ser casada, feliz e ainda ter uma profissão com uma carreira de sucesso do que você pensa Bee. Você vai entender isso mais pra frente. Primeiro, vá para casa e descanse mais vezes. Isso é importante.
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Bônus 2: O positivo

  — É aqui? — olhei uma última vez para o prédio e desliguei o motor, encarando .
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  — Não faça essa cara de nojo. A arquitetura de Nova York não ajuda em nada. — ela revirou os olhos, já tirando o cinto.
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  Estávamos no Queens, em frente ao estúdio onde ela sempre se tatuava, e desta vez eu iria fazer uma com ela. A tão esperada tatuagem de amizade, pois para não bastava tudo o que já simbolizava nossa amizade, ela queria muito que eu aceitasse ter meu corpo riscado com algo que fizesse par com ela. Eu aceitei, com a condição de que fosse algo não muito grande — e faríamos apenas uma caixinha com uma mão tirando um papel, bem representativo.
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  Contudo, eu aceitei porque também queria contar a ela sobre o bebê que estava crescendo dentro de mim nos últimos quase 4 meses. E, depois de conversar com , ele aceitou que este momento fosse somente meu e ela, assim como seria quando ele fosse contar a . Além disso, também seria a forma de eu descobrir se era menina ou menino; com um exame não muito invasivo de sangue que detecta síndromes congênitas, conseguimos o resultado.
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  Ali no estúdio de tatuagem o tatuador de iria usar um decalque com um teste de gravidez, escrito no pequeno visor quantas semanas e se é menino ou menina. De volta dentro de Manhattan, estava com e o contaria com um ingresso para um musical na Broadway — quando ele soube que me levou no lugar dele com os ingressos ganhos por um dos professores queridos deles, ficou dias sem trocar uma palavra sequer com ele.
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  — Vamos? Não vai descer? — bateu na minha porta e eu respirei fundo, enfim acompanhando ela. Não podia negar que estava assustada, ansiosa com a reação dela.
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  Desci e travei Veronica, a seguindo em silêncio.
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  Já havíamos aprovado com o tatuador a arte, mas ela não sabia que eu tinha falado diretamente com ele e armado o plano milimetricamente calculado. Como eu sabia do tratamento quando chegávamos lá, pedi a ele que nos oferecesse apenas uma água ou algo que não fosse tão calórico e alcoólico, negar uma coca-cola zero na frente de a faria desconfiar de algo.
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  Quando entramos, fomos recebidas por Jeff e Olivia, o casal dono do estúdio. E como eu havia pedido e pagado a mais por isso, estávamos com o horário reservado apenas para nós duas, sem plateia.
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  Não consegui ser simpática, nem me esforçando, simplesmente porque estava nervosa, e fiquei agradecida por achar que isso tinha a ver com o fato da tatuagem e não porque eu estava escondendo algo dela. Então, logo fomos para a parte em que sentamos em duas macas e ele trouxe os decalques, colocando em mim o primeiro, um pouco acima do cotovelo, na parte de trás do antebraço. Segundo , ali seria menos difícil de eu enjoar.
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  A dela, porém, seria feita na mesma direção do antebraço direito, porém na parte de frente, onde seria visível.
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  — Por que o meu decalque está maior que o dela, Jeff? — me remexi na cadeira, olhando-o de soslaio. se esticou para o meu lado, olhando meu desenho e quando ele tirou o papel dela, ela franziu o cenho. — Mas o que… O que é isso?
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  — O desenho que você escolheu, não? — me fingi de desentendida.
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  — Mas eu… Eu não escolhi um teste de gravidez. — encarou Jeff e ele deu de ombros. Então ela virou o rosto para mim. — Bee? — moveu o braço na minha direção. — Você…
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  — Você vai ser titia. — disse em um fio de voz, sentindo meu coração acelerado.
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   encarou o desenho novamente, forçando a leitura.
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  — 10 semanas. Uma… Uma menina? — ergueu o rosto para mim, vermelha.
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  — Ah meu Deus! — levei as mãos até a boca. — É uma menina?
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  — É o que está escrito aqui! — ela leu outra vez. — 10 semanas, menina. — me olhou novamente, com os olhos cheios de lágrimas. — Eu não acredito!
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  Ri fraco, sendo atacada pelos braços dela e um choro cheio de soluços. Enquanto eu fui apertada por , senti meu coração se encher de muita cor, não só por enfim saber que seria uma menina, mas porque também eu tinha ela comigo. Jamais iria importar qualquer coisa que ela tenha feito no passado, qualquer dor de cabeça que tenha dado ao seu avô, eu sabia exatamente o quão infinito era o coração de .
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  — Sua safada! — ela se afastou segurando meu rosto com as duas mãos. — Não acredito que aquele míope enfiou uma mini míope dentro da minha nerd! — disse em meio a soluços. — Bee! Você vai ter uma mini nerd-míope! Você vai ter uma princesa dos post it! Eu vou ser tia!
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  — E madrinha. Claro. — sorri contagiada com o choro dela, sentindo meu rosto todo molhado.
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  — Mas é óbvio que eu vou ser a madrinha. A gente tem que comprar tudo rosa pra ela. Tudo de princesa. O mundo todo!
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  — Não exagere! — ri, enxugando meu rosto.
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   começou a se afastar, mas ao me encarar, voltou a chorar. A cada olhar, uma sequência de choro.
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Fim, por ora.

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lica
lica
3 meses atrás
  — Sim, pesseguinha. — deixou o celular de lado e levou as mãos até minha cintura, automaticamente eu apoiei em…" Read more »

eu não me aguento com esse pesseguinha

lica
lica
3 meses atrás
  — Tinha, era Mercedes-Benz. — dei de ombros." Read more »

nem aqui o mingyu tem paz


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