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ATENÇÃO!

História NÃO RECOMENDADA PARA MENORES ou PESSOAS SENSÍVEIS.

Esta história pode conter descrições (explícitas) de sexo, violência; palavras de baixo calão, linguagem imprópria. PODE CONTER GATILHOS

O Espaço Criativo não se responsabiliza pelo conteúdo das histórias hospedadas na sessão restrita ou apontadas pelo(a) autor(a) como não próprias para pessoas sensíveis.

Soul Red

Escrita porLi Santos
Editada por Natashia Kitamura

Capítulo único

Tempo estimado de leitura: 23 minutos

"Não tem como eu ter coragem de terminar
Eu estou apenas em uma perda
Eu estou indo para baixo
Nem na frente nem atrás
Eu vou cair bem no meio
Eu estou indo para baixo
'Agora' e 'aqui' são tudo."
– SOUL RED, FLOW.

  O dia de hoje era para ser o mais feliz da vida de Akemi, vide as últimas semanas.
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  Porém, ela não deixa de sentir a frustração e o peso disso tudo.
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  Akemi Yoshida é uma atleta, jogadora de vôlei de um tradicional time da cidade e titular absoluta da seleção de seu país. Há alguns meses, a mulher, que recém completou trinta anos de idade, sofreu uma lesão grave no pé esquerdo na qual a afastou das quadras. Tem sido um processo difícil para ela, todo o drama da lesão, cirurgia e recuperação mexem muito com as emoções de Akemi.
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  A casa da mulher está cheia de pessoas queridas agora. Vieram especialmente para comemorar a cirurgia bem sucedida que ela teve, semanas atrás, e a possibilidade real dela voltar a treinar, que é o Akemi mais quer. Pela manhã, ela foi acordada por seu marido, Ryouta, e o filho do casal, Hayato, de cinco aninhos, que a surpreenderam com um café da manhã reforçado e muitos beijos de bom dia. O casal se conhece desde que Akemi começou sua carreira, quando eles tinham dezenove anos, treinaram por poucos meses na mesma equipe até Ryouta ser transferido para outro time, mas mantiveram contato e não pararam mais de se falar, até que casaram-se há oito anos. Ryouta ainda joga e também é bastante famoso na seleção masculina de seu país, sendo o orgulho do treinador e companheiros de time. Ele é um homem carinhoso e apaixonado pela esposa e filho, vive fazendo declarações de amor para Akemi e faz questão que todos saibam de seu amor, postando vídeos em suas redes sociais das surpresas que faz para ela quase todos os dias. Com a de hoje não foi diferente.
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  Em seu subconsciente, Akemi luta para não crer totalmente que a recuperação será quase impossível, os médicos disseram que será difícil sim, mas que há chances dela voltar às quadras ainda esse ano e, quem sabe, retornar à seleção nas próximas Olimpíadas. Agora, a mulher vaga pela sala de casa, vendo os amigos conversando entre si, eles parecem não enxergar Akemi ali. Quase um fantasma. Menos para duas pessoas naquela sala.
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  — ‘Tá tudo bem, mama? — indaga Hayato, aproximando-se da mãe e segurando sua perna direita.
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  — OI, bebê — a mulher faz um esforço para carregá-lo no colo. — Está sim, meu amor. Se divertindo?
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  — Sim! O tio Kohshi me deu outro livro muito legal, mama! — conta o garotinho, animado.
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  — Mesmo? — ela tenta sorrir. — Agradeceu a ele?
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  — Sim, mama — diz Hayato. — Dói? — pergunta ele, olhando para o pé da mãe que usa uma proteção pós-operatória.
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  — Não, bebê, não está doendo — Akemi sorri e aperta levemente a bochecha do filho. — Está com fome? Vai comer alguma coisa.
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  — Vou sim, mama!
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  Akemi o põe no chão e o vê correr na direção da cozinha onde ela sabe que Ryouta está. Ela sorri e volta a caminhar pela sala. De relance, a mulher vê o melhor amigo, Kohshi, sentado em uma das poltronas com um prato de comida em mãos, devorando-o. Ela solta uma risada genuína e segue seu caminho para fora da casa.
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  A Yoshida, que tem esse sobrenome por conta do casamento do Ryouta, perambula pela rua onde mora, faz um lindo dia de verão e muitos de seus convidados aproveitam o calor na piscina de sua casa, Akemi não pode fazer o mesmo. Isso porque o curativo de sua cirurgia não pode ser molhado. Se ela não pode molhá-lo durante o banho, imagine se jogar na piscina. O pé de Akemi ainda dói vez ou outra, o que é normal após cirurgia. Quando ela toma algum analgésico a dor passa e só volta um ou dois dias depois, bem eventualmente. Mesmo mancando, ela anda por quase uma hora e, quando vê que está prestes a escurecer, faz o caminho inverso.
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  Quase duas horas depois, Akemi retorna para sua casa. Ainda há pessoas na piscina, ela entra pela sala e as pessoas ainda estão conversando, imóveis no mesmo lugar que estavam horas atrás. Parecem não ter notado a saída dela. Akemi rompe a sala e vai até à cozinha pegar um copo d’água antes de ver como o filho está, mas para seu movimento ainda na porta.
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  Há um balcão, no estilo americano, no meio da cozinha de sua casa. Ali encontra-se Ryouta, um sorriso fácil no rosto, aparentemente sóbrio e contente demais. Ao seu lado uma das jogadoras da seleção feminina de vôlei, atual substituta de Akemi no time, jogando na mesma posição que ela. Ambos muito próximos, os rostos quase colados, cochichando um com o outro e rindo a cada cochicho. Akemi sente um aperto no peito, não quer tirar conclusões precipitadas, mas também não quer fingir que não está vendo o que vê. E ela não está vendo só agora.
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  Não é de hoje que Akemi desconfia que Ryouta a trai, porém o comodismo a fez não procurar, não confrontar, cegar-se à verdade.
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  — Ryouta… — ela diz, de supetão, propositalmente para chamar a atenção do marido que se assusta ao ouvi-la, afastando-se de Yumi instantaneamente. —, onde está o Hayato? — completa ela com um falso sorriso no rosto, aproximando-se.
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  — J-Já está dormindo — informa ele, gaguejante. — Akemi… você estava… — ele pigarreia, nervoso. — Está tudo bem? — franzindo o rosto, o homem questiona. Akemi não responde de imediato, apenas aproxima-se dele e sela seus lábios em um beijo pouco convincente.
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  — Sim — seu tom de voz menos ainda. — Vou ver como ele está — completa e vira-se para sair da cozinha.
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  Ryouta pensa em ir atrás da esposa e perguntar se ela viu ou ouviu alguma coisa, mas prefere não fazer. Assim que sobe as escadas que levam ao andar de cima, Akemi sente as pernas tremerem. Seu pé esquerdo dói e ela vai mancando até o quarto do filho, abre a porta e o vê dormindo todo espalhado na cama. A mulher caminha até a cama do filho, abaixando o tronco para dar um beijinho na testa do garoto que segue adormecido. Akemi ajeita o edredom, cobrindo o filho, e dá outro beijo nele. Ela deixa o quarto, fechando a porta, e vai até o quarto que divide com Ryouta. Inevitavelmente, ela pensa na cena que viu na cozinha, tentando não alimentar suas teorias de traição. Prepara a proteção de sua perna, colocando saco plástico e vedando com fita até seu joelho, tudo para não molhar o curativo. A mulher coloca o banquinho na parte do box e retira o restante de sua roupa, entrando no local e ligando o chuveiro. A água sai morna e Akemi a deixa escorrer pelo corpo, enquanto ensaboa-se as partes que dá para molhar. Quando finaliza o banho, a mulher puxa a toalha e se seca com cuidado para não desmanchar a proteção em sua perna. Veste um roupão e retira a proteção de plástico, deixando-a no lixo. Akemi senta-se na beira da cama, a mente volta a pensar na cena. Ela fecha os olhos, balançando a cabeça. Não pode ser possível que…
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  Alguém bate à porta.
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  — Quem é? — indaga ela, voltando a abrir os olhos.
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  — Sou eu, Akemi — diz Kohshi do outro lado. Akemi sorri.
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  — Entra, seu bocó — responde ela e vê Kohshi abrir a porta exibindo um olhar maroto.
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  — Vim ver como você está — avisa, fechando a porta e indo na direção dela. — Já estou indo embora.
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  — Já? — lamenta-se Akemi. — Mal conversamos.
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  — Você não falou com ninguém direito, né? — alfineta ele, risonho e senta-se ao lado dela na cama. — Você está bem? Ainda sente dores?
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  — Estou, eu acho — ela ri sem humor. — Ainda dói eventualmente.
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  — Está tomando remédio?
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  — Sim — responde ela. — Mas, às vezes, acho que vai saltar algo de dentro do meu pé — brinca, rindo genuinamente.
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  — Como um ET saindo de dentro do hospedeiro? — indaga Kohshi entrando na brincadeira.
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  — Sim! — eles riem, cúmplices.
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  — Deveria falar isso com o médico, sei lá, só por precaução — aconselha.
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  — Na próxima consulta eu aviso para ele sobre isso — diz Akemi e volta seu olhar para as mãos que estão repousadas em seu colo.
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  — Ainda não me disse de verdade se está bem — insiste Kohshi vendo que há mais que Akemi esconde.
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  — Te odeio — ela faz um bico emburrado. Odeia a forma como Kohshi a lê apenas com o olhar. — Ainda tenho incertezas sobre minha recuperação.
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  — O que exatamente? — incentiva ela a falar.
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  — Medo de não conseguir ficar cem por cento para as Olimpíadas — ela externa seu principal receio. — Medo de não conseguir vaga na seleção, medo de ser esquecida pelo público ou pelo treinador, medo de não voltar como eu era antes da lesão… tantas coisas — ela volta a rir sem humor, Kohshi envolve sua mão sobre os ombros dela.
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  — Você é a melhor, Akemi, não tem o que temer — ele diz com um sorriso nos lábios. — Sabe que pode contar comigo, né? — ela afirma com a cabeça. — E sabe também que você é a jogadora mais casca dura que eu conheço, vai passar por essa recuperação tranquilamente — Kohshi dá um beijo na bochecha dela.
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  — Obrigada pelo apoio, Kohshi — agradece a mulher.
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  — Não se preocupe, pois a Soul Red é inesquecível — brinca ele referindo-se ao apelido de Akemi no auge de sua carreira. A chamam assim porque a consideram a alma da equipe local cujo uniforme é vermelho.
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  — Obrigada, amigo…
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  — E o que mais te aborrece? — ele volta a perguntar. Akemi solta o ar com força pelo nariz.
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  — Nada… — mente. Kohshi bufa, ansioso.
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  — Ito, não minta para mim — Ito é o sobrenome de solteira de Akemi.
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  — Ryouta — diz ela, dando-se por vencida, e Kohshi revira o olhar.
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  — O Yoshida… — ele fala com certo desdém. — O que ele fez agora?
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  — Eu o vi flertando com a Yumi mais cedo — confessa.
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  — Você viu? Ah, droga, não cheguei a tempo — lamenta-se.
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  — Como assim?
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  — Eu tinha visto e estava procurando você, mas não achei e vim aqui ver você, pois disseram que você tinha subido — explica ele. — Mas, pelo visto, você viu a palhaçada antes de eu te privar.
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  — Não precisa me privar, eu quero saber a verdade, Kohshi — diz ela virando-se para ele. — Você sabia? Há algo mais entre eles?
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  — Prefiro não falar sobre, Akemi — responde.
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  — Kohshi!
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  — Por favor, não me obrigue — pede ele e vê o olhar incisivo que Akemi lhe lança agora. — Akemi…— pede.
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  — Fala, Kohshi, por favor — ela faz um beicinho com os lábios que quase o convence a confessar.
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  — Se eu falar, estarei traindo a mim mesmo — diz o homem engolindo em seco.
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  — Se não me disser, então eu mesma descubro — Akemi diz, decidida.
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  A mulher levanta-se de repente da cama, marchando até à porta. Porém, Kohshi é mais rápido e a puxa pelo braço, obrigando o corpo de Akemi a jogar-se sobre ele, caindo ambos de volta na cama. A respiração alterada dela se dá pelo susto do puxão e pela proximidade nunca antes exercida contra o corpo de Kohshi. O homem tem um físico atlético, não é tão forte e musculoso, mas tem o corpo definido. É bastante forte para o seu porte não tão musculoso e isso Akemi pode comprovar agora quando sente a pressão dos braços dele sobre suas costas. Ela desfaz o contato visual com Kohshi e se levanta, mas, antes de ficar sentada na cama, ela sente o roupão mais frouxo, ele abre segundos depois revelando seus seios. Kohshi abre a boca instintivamente, fechando logo em seguida e virando o rosto.
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  — Desculpa! — ele pede, envergonhado e Akemi cobre-se novamente.
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  — Tudo bem… — diz ela com as mãos sobre o peito. — Eu… bom, eu tenho que… eu vou falar com o Ryouta e tirar essa história a limpo — insiste e ameaça levantar-se novamente. Kohshi a impede.
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  — Melhor não, Akemi — repete. — Por favor, fica — pede ele.
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  Kohshi segura com delicadeza e Akemi o encara. Os olhos dele sempre foram uma luz para ela. Sempre que tinha algum problema, qualquer um, principalmente os relacionados ao vôlei e seus altos e baixos, era aos olhos de Kohshi que Akemi recorria. E eles sempre lhe mostravam o melhor caminho, incentivando-a a tomar a melhor decisão. A leitura do olhar de Kohshi agora é confusa para Akemi, mas o que a faz tomar a atitude que está prestes a tomar não é o que os olhos dele dizem e sim o que o coração dela diz.
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  Akemi puxa Kohshi pela camisa e o beija.
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  Eles nunca fizeram isso antes, nem mesmo quando Akemi estava separada de Ryouta por um mês, no passado antes do casamento. Ele não nega sentir atração pela amiga, mas o respeito reinava sempre. Sua fidelidade ao relacionamento e as vontades dela comandava as atitudes dele. Por mais que ele quisesse experimentar o beijo de agora, nunca foi algo que o impulsionasse a quebrar o acordo que fez consigo.
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  Mas agora há um grande empecilho para Kohshi: as mãos de Akemi tirando sua camisa. Ao ter a peça sufocando-se por alguns instantes, Kohshi pensa se deve voltar a beijar a amiga, mas tal pensamento passa por sua mente mais rápido que a passagem de sua camisa. Ele envolve suas mãos na nuca dela e a beija com paixão. Tal sensação só tinha sido sentida por Akemi no início do namoro com Ryouta, tanto tempo que ela nem lembrava mais como era ser beijada assim, com vontade.
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  É a vez de Kohshi despir Akemi, retirando o roupão e voltando a mostrar os seios dela. Tão moldáveis as suas mãos que ele chega a pensar que Deus os fez exatamente para encaixar-se nelas. Ele sorri ao envolvê-los com os lábios, ouvindo o gemido rápido de Akemi. Parecia tão errado o que ocorria, para ambos, mas o instinto os impedia de parar, os impedia de não tocar no corpo um do outro de maneira maliciosa.
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  Kohshi retira as últimas peças de seu corpo, e deita-se sobre Akemi com cuidado, minutos atrás ela reclamava de dores no pé e ele não quer ser responsável pela piora de sua lesão. O homem se encaixa entre as pernas dela, aconchegando-se, e volta a beijá-la. Nem nos mais profanos desejos dele, o homem imaginou estar assim com sua amiga. O também atleta manuseia seu pau e o encaixa na intimidade de Akemi, sentindo seu interior aquecido e lubrificado suficiente para deslizar deliciosamente. Ele suspira, após estar encaixado, e começa os movimentos com seu quadril. Kohshi toma o máximo de cuidado para não atingir sem querer o pé em recuperação de Akemi, o protegendo com o braço afastando a perna esquerda dela para o lado.
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  — Eu quero… eu quero sentar, Kohshi — pede a mulher, controlando seus gemidos com medo de alguém passar pela porta de seu quarto e ouvir.
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  — Está doendo o pé? — indaga ele, inocente.
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  — Não… — Akemi tem os olhos fechados e as unhas fixadas nos ombros de Kohshi que aguenta firme a leve dor que sente no local.
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  — Então…
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  — Eu quero sentar no seu pau — esclarece e ele diminui as estocadas.
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  — Mas… Akemi, vai acabar machucando seu pé — lembra o homem com preocupação.
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  — Eu vou me arriscar — diz ela, decidida e o empurra para que saia de cima dela. Kohshi obedece e retira seu pau de dentro de Akemi, observando a mulher sentar-se na cama com dificuldades. — Preciso sentir seu pau de outra forma.
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  — Tem certeza? — Kohshi troca de lugar com ela, sentando na cama recostado nos travesseiros, e Akemi fica de joelhos logo após passando a perna direita sobre ele.
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  — Tenho — ela pausa um pouco para respirar e sente uma pontada em sua perna recém-operada.
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  — Cuidado — ele segura na cintura dela, cuidadoso e a ajuda a sentar-se sobre seu pau. — Não se esforce, por favor — o homem volta a pedir.
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  — Quero te dar e ter o máximo prazer, Kohshi. Se vamos terminar isso, quero que valha a pena — Akemi externa seu desejo e começa a quicar no pau de Kohshi.
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  — Já está valendo — confessa e fecha os olhos, apenas curtindo o prazer.
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  Os dois seguem com a transa ainda com gemidos contidos. Ambos com medo do flagrante, mas não deixando de aproveitar o prazer que o outro lhe dá. Kohshi vê que Akemi tem dificuldades nos movimentos e puxa a perna esquerda dela, segurando-a com a mão mais próxima, e ajudando nos movimentos. O apoio de Kohshi dá um alívio a mulher que consegue quicar sem tanta preocupação com seu pé.
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  O orgasmo de ambos não tarda a chegar.
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[🏐]

  Aconchego.
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  É a melhor sensação sentida por Akemi agora e ela tem isso nos braços de Kohshi. Ela tem a cabeça e parte do tronco repousados no tórax dele enquanto acaricia o local, provocando arrepios em Kohshi. Eles não falaram nada desde que concluíram a transa minutos atrás.
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  — Você está bem? — ele é o primeiro a quebrar o silêncio.
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  — Acho que sim. Eu me sinto… leve — ela solta uma risada nasal e ele a acompanha.
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  — Sinto o mesmo de certa forma — confessa. — Seu pé dói?
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  — Mesmo com toda a agitação, ele segue apático — ela ri e suspende a cabeça para encarar Kohshi. — Obrigada pela transa, Kohshi.
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  — Se quiser repetir, estou à sua disposição sempre — Kohshi pisca para ela e sorri.
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  — Eu deveria me sentir errada por estar… por estar traindo o Ryouta, mas…
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  — Não se sente assim, não é? — completa o pensamento da mulher.
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  — Nem um pouco — Akemi responde. — Como isso é possível? — os olhos brilhantes de Akemi encaram os de Kohshi e ele não sabe o que fazer nem o que dizer. O homem dá de ombros e dá um selinho nela. — Não esperava por isso…
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  — Eu posso não te beijar mais, porém eu não sei se consigo resistir aos seus lábios — ele brinca com os lábios dela, a fazendo rir.
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  — Será difícil para mim também — ela fecha os olhos rapidamente e logo os abre novamente, ainda encarando Kohshi. — O que estamos fazendo, Kohshi? Isso está errado… ah… — ela sente o choro chegar, mas o controla.
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  — Não se culpe — ele beija a testa dela. — Não tenha medo.
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  Coragem.
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  É a virtude que Akemi precisa ter agora. De supetão, ela se levanta da cama, deixando o quente corpo de seu amigo, e começa a se vestir. Kohshi a questiona para onde ela vai e ela diz que precisa tirar uma dúvida à limpo e precisa ser agora. Se não for agora, não será nunca mais.
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  Mesmo sobre o protesto de Kohshi, Akemi deixa o quarto, voltando a mancar um pouco, e vai até o andar debaixo da casa que já está bem mais vazio que antes, tirando um de seus amigos que está largado no sofá visivelmente alcoolizado. Akemi passa por ele, ignorando sua presença, e procura por Ryouta.
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  Gemidos são ouvidos.
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  O alerta da mulher é acendido e ela marcha na direção do som. Kohshi logo atrás dela.
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  — Ahh, Ryouta… ah, você vai… ahhh, Ryouta…
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  Akemi quase se descompõe ao ver a cena: Ryouta com uma das mãos dentro da calça de Yumi, certamente com os dedos penetrados na intimidade dela. A boca do homem sugando o pescoço dela. As mãos da mulher agarradas nos cabelos do homem.
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  — Akemi!! — explana Yumi ao ver a outra parada na porta da cozinha. Kohshi logo atrás dela.
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  — Fica calma — Kohshi sussurra em seu ouvido e põe as mãos em seus ombros.
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  — Então era por isso que estava tão carinhoso comigo? — Akemi questiona, retoricamente.
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  — Eu posso… — Ryouta ia se explicar, mas não tem muito o que dizer.
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  — Não se dê ao trabalho — diz ela, simplesmente. — Te dou apenas uma hora para arrumar todas as suas coisas e ir embora dessa casa.
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  — Akemi, eu também…
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  — Não! — ela quase grita. — Eu comprei essa casa com o meu dinheiro. Ela é minha e do meu filho.
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  — Se pensa que…
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  — Eu não penso nada. Eu vou. Agora, saia da minha frente. Você e sua… amiga — finaliza ela e se vira para Kohshi. — Venha, Kohshi, vamos voltar para a cama.
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  A ficha de Ryouta cai.
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  — Como é? Você e ele…
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  — Não te interessa, querido.
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  Akemi puxa Kohshi pela camisa e eles seguem para o jardim da casa. De lá, conseguem ouvir os gritos furiosos de Ryouta ameaçando-os.
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  Akemi não sabe se vai prosseguir seu romance com Kohshi, só sabe que assim que for possível ela pedirá o divórcio de Ryouta e também a guarda definitiva de seu filho.
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  A mulher recosta a cabeça sobre o ombro de Kohshi e recebe o afago dele, que a abraça aconchegante. A brisa da noite os beija, assim como os lábios um do outro se tocam agora em mais um beijo acolhedor.
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Fim

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