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ATENÇÃO!

História NÃO RECOMENDADA PARA MENORES ou PESSOAS SENSÍVEIS.

Esta história pode conter descrições (explícitas) de sexo, violência; palavras de baixo calão, linguagem imprópria. PODE CONTER GATILHOS

O Espaço Criativo não se responsabiliza pelo conteúdo das histórias hospedadas na sessão restrita ou apontadas pelo(a) autor(a) como não próprias para pessoas sensíveis.

Silent Heart

Escrita porPams
Revisada por Lelen

1 • Carter’s Girls

Tempo estimado de leitura: 22 minutos

Londres - Mayfair, verão de 2022

  Aquela tarde não parecia condizente com a estação atual.
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  O som da chuva contra o vidro parecia combinar perfeitamente com tudo o que Eve sentia naquele momento: incerteza e medo. O silêncio desconfortável que surge no seu interior quando se está prestes a começar do zero. Da janela do carro, %Evie% observava uma Londres cinza e nublada, porém ainda pulsante e viva. Uma cidade que parecia nunca dormir — e, ainda assim, carregava no vento aquele tipo de solidão que só quem já se sentiu deslocado consegue reconhecer.
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  — Seu olhar está distante — comentou a mãe ao notar o silêncio além do normal da filha.
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  — É tudo muito novo para mim, seu divórcio com o papai e a mudança, sabe que não sou muito sociável, então o recomeço em uma cidade grande me assusta — confessou ela, parte de seus pensamentos.
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  — Pandinha… — A mãe voltou o olhar para filha, brevemente pelo retrovisor, retornando então para a rodovia. — Recomeços são necessários, e se tem algo que eu e o seu pai concordamos, é que você precisa de um pouco de agitação em sua vida, conhecer pessoas, fazer amigos e desfrutar de sua juventude.
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  — Eu tinha amigos em Derbyshire — reclamou a garota, sentindo um leve sufocamento ao se imaginar iniciando sua vida acadêmica em uma universidade londrina.
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  — Quem? Se está falando da bibliotecária de sua antiga escola... — Um suspiro cansado, pois %Maggie% também possuía suas inquietações relacionadas ao futuro de ambas. — Não é apenas nós, seu pai também estará na capital, mesmo com o divórcio, não estaremos sozinhas.
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  — A senhorita Kim não é apenas uma bibliotecária — resmungou novamente. — Montamos um clube do livro.
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  O soar de uma risada veio do banco do motorista, com %Maggie% deixando o ar mais leve entre o assunto.
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  — E eu não sou apenas a dona de uma galeria de arte — brincou com uma risada boba e descontraída. — Precisa conhecer jovens da sua idade, você sempre estudou em casa, agora terá a oportunidade de vivenciar experiências na universidade e criar boas memórias.
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  — Há uma linha tênue entre memórias boas e ruins — retrucou.
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  — Está sendo muito pessimista antes da hora — disse em avaliação à relutância da filha, e sugerindo: — Vamos nos instalar primeiro, seu pai nos convidou para o jantar da primeira noite em Londres… Voltaremos a este assunto após iniciar seus estudos acadêmicos.
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  — Hum — murmurou ela.
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  — Concentre-se apenas em aproveitar o final do verão. — A palavra final soou com sutileza de uma mãe que entendia os sentimentos da filha.
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  A determinada %Margareth% Carter, de olhar dócil e uma profunda empatia pelas pessoas à sua volta, sempre se preocupando com o bem-estar dos que ama, assim como de seu círculo de amizades. Apesar de pertencer a uma das mais tradicionais famílias de Derbyshire, seu carácter humilde a fazia ser vista com bons olhos por todos os moradores da cidade.
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  Uma característica a qual a filha herdou.
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  O carro preto deslizou pelas ruas elegantes de Mayfair,permitindo contemplar a arquitetura local com seus prédios que pareciam saídos de um filme antigo, cheios de detalhes dourados, portas envernizadas e vitrines de cafés que exalavam cheiro de pão recém-saído do forno. Tudo parecia tão distante da vida que ela conhecia, a ponto de fazê-la sentir falta dos campos de lavanda pelos quais corria quando criança.
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  “Então, chegamos…”, pensou %Evie%, encarando a própria imagem refletida no vidro da janela.
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  Sua mãe continuava em seu discurso animado enquanto estacionava o carro na garagem de seu novo lar. Um edifício de luxo a leste de um dos bairros mais nobres da cidade, com uma bela vista para o Hyde Park para desfrutar em meio a arquitetura clássica de sua estrutura. Os olhos de %Maggie% seguiam brilhando enquanto descrevia com riqueza de detalhes como a galeria estava ficando perfeita, como os colecionadores estavam empolgados, e como esse recomeço seria bom para ambas.
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  Entretanto…
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  As palavras da mãe pareciam ecoar longe demais, como se o cérebro de %Evie% não conseguisse absorver nenhuma de suas palavras. Quando desceram do carro, %Evie%, mesmo no estacionamento, sentiu aquele cheiro típico de Londres: mistura de terra molhada, café e fumaça dos ônibus passando. No fundo, um friozinho na barriga que dizia que essa cidade tinha algo especial preparado para ela.
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  “Por favor, só não deixa tudo dar errado...”, pensou, apertando a alça da mochila.
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  O coração parecia pesado, como se carregasse segredos que nem existiam ainda.
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  Mas existiriam.
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  Porque o que ela não sabia, era que aquele era o começo de algo que mudaria sua visão do mundo para sempre. Mãe e filha se dirigiram para o elevador, apertaram o botão para o décimo segundo andar privilegiado pela cobertura, com o coração controlando as expectativas para o futuro. A construção desfrutava de um amplo terreno que, em meio a selva de concreto, permitia até mesmo um jardim aos fundos da edificação. Um apartamento por andar, garantia a máxima privacidade dos moradores, conforto e comodidade.
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  — Lar doce lar — expressou %Maggie% com empolgação.
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  %Evie% voltou seu olhar para ela, rindo de leve por seus rodopios ao centro da sala, em instantes as memórias de sua infância tomaram-na por completo. As noites de Natal dançando com o pai em meio a neve, os passeios pelo lago de bicicleta sentindo o frescor do outono, as muitas receitas que testava com a mãe aos finais de semana. Além, claro, do feriado de Ação de Graças na casa dos avós, que sempre resultaram em noites em claro assistindo filmes em família.
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  Algo que alimentava ainda mais seu sentimento de nostalgia.
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  Em contrapartida…
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  %Maggie%, com seu esforço para mostrar entusiasmo com a nova realidade, também passava por suas lutas internas. Uma mulher aos seus trinta e seis anos que largou metade dos sonhos de adolescente para construir uma família precoce com seu ex-marido. Uma gravidez na adolescência que a fez amadurecer rapidamente, e lhe rendeu muitas felicidades ao longo dos dezoito anos de sua filha única.
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  Seu recomeço conseguia ser ainda mais complexo.
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  Com a filha adentrando a universidade, uma casa nova e a galeria para lhe ocupar o pensamento trazendo novas preocupações. O status social de uma quase recém-divorciada deixava tudo ainda mais incerto, principalmente no âmbito sentimental.
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  — Por onde começamos? — sibilou ela ao olhar a filha a observando.
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  — Eu não sei. — %Evie% fez uma careta estranha, enrugando a testa sem saber a resposta.
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  As caixas no canto esquerdo da porta de entrada, empilhadas devidamente com precisão, davam espaço ao som abafado da cidade lá fora. O cheiro de tinta fresca das paredes recém pintadas era perceptível e se misturava com o aroma lançado pelo difusor de lavanda. Aquele era o cenário da primeira noite de ambas. A jovem deu alguns passos pelo apartamento, como quem caminha dentro de um quadro ainda sem moldura, e não era pela falta de mobiliário.
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  O lugar muito bem decorado e organizado não lhe impressionou a primeiro momento, pois sabia do bom gosto de sua mãe. O minimalismo alinhado ao industrial com toques escandinavo, estilos muito apreciados por %Maggie%, que a influenciou na escolha da decoração. As janelas enormes exibiam a cidade iluminada e ao longe, além do arborizado verde musgo do Hyde Park, o horizonte de prédios e luzes tremeluzia na névoa noturna de Londres.
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  — Ainda temos uma semana para colocar nossa vida em ordem — disse %Maggie% ao olhar para as caixas de mudança. — Que tal um banho quente e nos arrumarmos para o jantar com seu pai?!
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  — Uma boa ideia. — Assentiu.
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  O tempo foi passando…

  Às sete em ponto, elas pareciam relativamente prontas. %Maggie%, ainda no banheiro do seu quarto, ficou encarando-se no espelho, perguntando-se se tinha forças o suficiente para manter o sorriso no rosto até o final da noite. Ela não guardava nenhuma mágoa ou ressentimento, porém, estava abalada o suficiente para sentir que não estava pronta para encará-lo. Não depois da última vez que se encontrou com o ex-marido para falar dos papeis do divórcio.
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  Ela ainda o amava.
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  — Você consegue, %Margareth% Carter. — Era estranho usar o nome de solteira.
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  Um suspiro profundo, um retoque do batom vermelho nos lábios e a coragem de uma mãe que precisava transmitir força e segurança à filha. %Maggie% pegou a bolsa em cima da cama, conferindo os documentos na carteira e jogando o celular dentro. Saiu do quarto seguindo para a sala, ao passar pela porta da filha:
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  — Pandinha, já está pronta? — indagou, continuando os passos.
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  Em um instante, seu celular tocou em uma mensagem intrigante, pedindo para que abrisse a porta. Uma risada boba soou, de recordações inesperadas e inoportunas para a ocasião, pois poderia tornar a boa convivência com o homem com quem dividia intimidades, mais dolorosa.
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  — %Charles% — sussurrou ela ao abrir a porta e encará-lo com um olhar suave e sereno.
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  %Charles% Blackwood poderia ser classificado como a personificação do poder silencioso, dono de uma presença imponente apresentada através de seu terno sob medida e acompanhada pelo olhar frio que transmite autoridade e controle. Controle este que exercia no comando de um dos escritórios de advocacia mais prestigiados de Londres, o Blackwood & Partners. Com sua firmeza nas palavras e uma mente afiada, a postura agressiva como conduzia o trabalho lhe garantiu muitas vitórias em alguns dos casos mais delicados da alta sociedade.
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  — %Maggie% — murmurou em seu habitual tom firme.
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  Um breve arrepio por parte dela, ao ouvir seu apelido.
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  Era grave, pausada e ligeiramente precisa — cada palavra sempre escolhida com cuidado, carregada de intenção. Uma voz que parecia feita para não ser questionada. Mesmo sendo um homem meticuloso, estratégico e, por vezes, implacável, valorizava o conforto da família acima de tudo, por mais que não parecesse.
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  — Já estamos prontas — disse, respirando fundo, com discrição. — Seremos apenas nós?
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  A força que vinha reunindo ao longo do dia, lhe deixara sem fazer cerimônias diante daqueles olhos amendoados à sua frente.
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  — Claro. — Assentiu. — Quem mais nos acompanharia?
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  — Não sei — murmurou, seu tom abaixou, não planejava retornar às muitas perguntas em sua mente, menos ainda seguir com abertas demonstrações de ciúmes.
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  Afinal, estavam a um passo do divórcio definitivo.
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  — Sei que há muitos boatos em nosso círculo de amizades, acaso está sabendo de algo sobre mim que claramente eu mesmo não sei? — Sempre afiado nas palavras e demasiadas suposições.
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  O silêncio como resposta.
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  — Estamos separados há um ano, em processo de divórcio há sete meses — continuou ele, tentando cavar uma reação mais clara dela do que apenas o olhar imutável que se esforçava para manter. — Não deseja mesmo esclarecer a sua dúvida?
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  — E que dúvida seria? — indagou, sentindo-se levemente acuada.
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  — Se estou saindo com alguém — esclareceu.
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  Não conseguindo mais suportar a intensidade que exalava do olhar do homem, %Maggie% desviou o olhar para a filha que se aproximava deles. Deixando a discussão sem uma resposta conclusiva.
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  — Papai! — %Evie% abriu um largo sorriso, indo abraçá-lo de forma espontânea.
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  — Minha pandinha! — Ele retribuiu o abraço, deixando um sorriso escapar no canto dos lábios. — Como tem sido a mudança?
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  — Apesar de necessária… — afastando-se dele, manteve um sorriso no rosto — mamãe tem deixado tudo mais descontraído do que pensei que seria.
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  — Sua mãe sempre teve o dom de tornar tudo mais fácil para todos à sua volta. — O olhar do homem ficou um pouco mais familiar para a mulher.
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  Com o toque de sutileza que a fez se apaixonar por ele no primeiro dia do ensino médio.
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  — Vamos jantar? — perguntou, voltando ao propósito inicial de sua presença ali.
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  A jovem assentiu com a cabeça, sendo acompanhada pela mãe.
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  Saber que o recomeço, mesmo em realidade familiar diferente do que estava acostumada, teria o apoio e a presença de ambos ao seu lado, a instigava a ter pensamentos otimistas sobre a vida adulta acadêmica.
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  O restaurante Claridge’s Mayfair era localizado mais ao centro do bairro, com seus traços tradicionais no prédio, apresentava um salão impecável. Tecidos aveludados, talheres de prata, taças tão finas que pareciam cantar quando se tocavam. O som do piano de cauda preenchia o fundo, discreto, como se até a música tivesse aprendido a ser educada naquele ambiente. Mesmo sendo domingo à noite, o lugar não se encontrava tão movimentado quanto %Charles% imaginou estar.
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  Margaret, ainda desconfortável pelo olhar constante do ex-marido em sua direção, ajeitou o guardanapo sobre o colo, mantendo a postura irretocável, mas seus dedos denunciavam o caos interno que enfrentava. %Evie%, sentada entre os dois, movia o olhar de um para outro, como se assistisse a uma peça cujo desfecho já conhecia.
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  Ambos ainda se amavam, porém, eram orgulhosos demais para admitir.
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  Se o lema da família era recomeçar…
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  Por que ambos não o faziam até mesmo com o casamento?, se indagou em pensamento.
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  %Charles% repousou as mãos sobre a mesa com a elegância de quem controla tudo ao seu redor. Seus olhos, frios e cinzentos, estavam fixos em Margaret, imaginando como havia sido os últimos meses para ela após aceitar a proposta da irmã e voltar a dirigir a galeria de arte da família. Uma empresa sólida e influente no meio, construída pelos avós e desenvolvida pela mãe ao longo dos anos. Suas noções de arte e talento natural para fotografia, lhe permitiria ser bem-sucedida nessa empreitada, considerada por ela como a válvula de escape, levantada por Deus.
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  Minutos após serem servidos, ao balançar de sua taça na mão direita, demonstrando estar em profunda reflexão, %Charles% quebrou o silêncio com a voz mais baixa do que costumava usar, rouca e quase hesitante:
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  — Espero que estejam confortáveis no apartamento novo — iniciou, ainda construindo seu diálogo na mente.
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  Margaret ergueu o olhar, encontrando o dele notoriamente em sua direção. Talvez se houvesse traição envolvida naquele término de uma história, não doeria tanto, pois saberia que o amor não existia mais entre eles. Mas a cada minuto que se encaravam, com apenas uma mesa de distância, as memórias da mulher mergulhavam mais profundamente nas muitas discussões que tiveram sobre sua obsessão pelo trabalho. As madrugadas do marido trancado no escritório revisando os casos, seu perfeccionismo desenfreado em querer tudo do seu jeito e na sua hora.
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  Doloroso ver que o homem por quem se apaixonou parecia desaparecer a cada dia.
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  — Sim… — respondeu, ajeitando o colar no pescoço, buscando qualquer distração para desviar o olhar. — A vista é realmente incrível, como falou.
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  %Charles% respirou fundo, desviando o olhar para o vazio, como se aquilo tornasse tudo menos real.
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  — Isso é bom, estar perto do Hyde Park pode tornar tudo um pouco mais familiar, já que não estamos mais no campo. — Sua voz quebrou levemente na última palavra, mas ele disfarçou. — Apesar de não se comparar com os campos de lavanda de Derbyshire.
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  Ele tentou soar um pouco mais relaxado, porém, Margaret conseguia notar que também estava tenso, o que a fez apertar os lábios, segurando a pontinha da taça como quem segura uma âncora.
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  — Mudanças são necessárias — comentou ela num sussurro.
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  O silêncio que se seguiu não foi desconfortável. Foi... devastador.
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  %Evie% olhou de um para outro, sentindo um nó apertar seu peito. Pela primeira vez, ela via além dos embates e das acusações, diante dela estavam dois corações partidos, fingindo força, porque era só isso que lhes restava. %Charles% ajeitou o paletó, como quem precisava se recompor, apesar de não soar nenhuma palavra.
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  — Onde está morando, papai? — %Evie% quebrou o gelo que se formou, esperando suavizar o ambiente.
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  — Achei mais prático me hospedar no Mandarim Oriental — respondeu ele, voltando a avaliar as expressões da ex-esposa.
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  — Um hotel?! — O tom surpreso surgiu de %Maggie%.
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  — Por que a surpresa? — indagou o homem, dando uma risada oculta. — Apenas sou prático o bastante para não querer me preocupar com as administrações domésticas de uma casa.
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  — E estar em um hotel é mais prático? — questionou, desacreditada na escolha por parte dele.
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  — Sim, sua localização está próxima do escritório e também de vocês — explicou ele de maneira lógica ao tomar um gole do vinho em sua taça. — Nós dois sabemos que sou metódico o suficiente para ser rejeitado por todas as empregadas que poderia contratar.
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  A verdade sobre si arrancou uma gargalhada ponderada de %Maggie%.
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  Algo que não acontecia há um bom tempo, quando estavam juntos no mesmo ambiente. Era como replicar os raros momentos felizes que tiveram juntos, após o crescimento da filha, o que levou a se indagar.
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  Quando foi que nos tornamos tão distantes um do outro, como completos desconhecidos morando sob o mesmo teto?
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  — Eu me lembro da nossa última empregada — comentou %Evie% num tom baixo, arrancando mais risos dos pais.
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  Foram necessários mais três assuntos aleatórios sobre a reforma da galeria, onde passariam o dia de Ação de Graças naquele ano e algumas novidades da rotina de seus amigos em comum, para que finalmente o desconforto retornasse com a questão que os levou ao recomeço.
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  — Sobre o divórcio… — ele ponderou a princípio, se perguntando como colocaria as palavras que formulava na mente, quando percebeu o quanto sua voz soou vazia. — Os termos lhe parecem justos?
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  %Margareth% voltou a atenção para a taça à sua frente, não respondeu.
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  Seus olhos levemente marejados, e ela fingia que era apenas reflexo da luz nas taças. %Evie% apertou as mãos no colo até os dedos ficarem brancos, tinha receio que os pais iniciassem mais uma daquelas discussões acaloradas que os feriam tanto.
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  — Vocês não se amam mais? — escapou da filha. — Por isso a decisão pelo divórcio?
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  Ambos olharam para ela, em choque.
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  Não esperavam uma indagação tão aberta em voz alta, referindo-se àquilo que ambos se recusavam a admitir até para si mesmos. Ainda se amavam e aquela decisão não era o que realmente queriam, contudo, orgulhosos demais para que cedessem e buscassem cicatrizar as feridas.
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  Desta vez foi %Charles% a desviar o olhar, sentindo um gosto amargo na boca, mesmo com o toque doce do vinho.
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  — Na maioria das vezes, amor não é o bastante — respondeu num tom áspero que saiu ao natural, não que quisesse.
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  — Principalmente quando tudo que resta... — completou %Maggie%, tomando coragem e voltando a encará-lo — é o que nos machuca.
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  %Charles% apertou os olhos, como se aquilo o atingisse fisicamente, e se recostou, cruzando os braços. O garçom se aproximou, sem graça, percebendo o peso no ar e se esforçando para transmitir leveza ao entorno da mesa.
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  — Senhor, senhoritas… Desejam a sobremesa agora?
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  %Margareth% enxugou discretamente o canto do olho, recompondo-se.
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  — Para mim, apenas um café, obrigado — respondeu-lhe o homem, ainda digerindo as palavras da ex-esposa.
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  %Margareth% assentiu com um sorriso, permanecendo em silêncio.
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  %Evie%, no meio, percebeu que aquele jantar não era apenas o encerramento de uma história. Era, na verdade, a maneira mais triste que dois corações podiam dizer “eu te amo” — sem nunca pronunciar essas palavras.
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¿Cómo poder recuperar tu amor?
  ¿Cómo sacar la tristeza de mi corazón?
  Mi mundo solo gira por ti.
  - Este Corazón / RBD

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Lelen

Ai, olha o cafuné com martelo aí pra esse casal teimoso e orgulhoso, viu? PQP mas pelo menos, de forma implícita, eles deixaram a entender que se amam ainda. Ô Charles, é difícil dar um pouco mais de atenção para a sua família e deixar o trabalho um pouquinho de lado? Quer ver que agora que tão se separando ele vai se tornar tudo o que a Maggie sonhou? O MARTELO TÁ PRONTINHO PRA ESSE CAFUNÉ.
Aguardando para ver como o par da Evie vai se apresentar HAHAH

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