School 2018

Escrita porPams
Revisada por Natashia Kitamura

1 • Annyeonghaseyo

Tempo estimado de leitura: 13 minutos

  Entrei no quarto batendo a porta, não acreditava no que estava acontecendo, a partir daquele momento seria obrigada a morar do outro lado do mundo com um pai, que se vi três vezes na vida foi muito. Certamente nem ele deveria se lembrar de tinha uma filha até então.
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  — Que droga. — sussurrei deixando meu corpo cair sobre a cama.
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  Tinha que admitir que não era a sobrinha perfeita, pelo contrário, já tinha dado alguns trabalhos para a tia Mary, principalmente pelo meu comportamento. O fato é que ninguém entendia o quão difícil para mim foi aceitar a morte prematura da minha mãe. Se ela estivesse aqui tudo seria tão mais fácil.
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  — Gostaria que não me olhasse desta forma. — disse minha tia ao chegarmos ao aeroporto.
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  — E como quer que eu te olhe? Está me abandonando com um estranho. — resmunguei.
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  — E ainda pergunta o motivo… — ela bufou. — Primeiro, ele não é um estranho, é seu pai. Segundo, eu te disse que seria sua última chance, não sei quando começou a agir assim tão rebelde, sempre foi uma boa garota. — tia Mary virou o olhar para a vidraça. — Tenho certeza que longe das más companhias você voltará a ser a mesma de antes.
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  — Mesma de antes? Tipo um robô onde você manda e eu só obedeço? — cruzei meus braços. — Esqueça.
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  — Então esqueça a ideia de voltar.
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  — Não me importo, daqui um ano faço maioridade, depois disso vou desaparecer totalmente, pode apostar.
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  Eu dei de ombros e ajeitando a mochila nas minhas costas, segui em direção à plataforma de embarque. Morar em Seoul era a pior decisão que minha tia poderia tomar para minha vida, mas não tinha outra escolha, encararia 24 horas de viagem e mais um ano em um país inteiramente desconhecido.
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  Como imaginado, meu pai nem teve preocupação de me buscar no aeroporto, seu assistente pessoal Chang que fez todo o trabalho sujo de me levar para o apartamento onde moraria, no bairro nobre de Gangnam. Acho que só agora a ficha havia caído e entendi o motivo pelo qual minha tia não desistiu de me pagar aulas particulares de coreano, ela já estava com tudo planejado para me jogar sob a guarda definitiva do meu pai.
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  Assim que chegamos ao nada modesto apartamento, Chang me explicou o óbvio, eu moraria naquele imenso lugar sozinha, pois a minha aparente madrasta se recusava ter a presença de uma bastarda em sua casa. Um prédio luxuoso de sete andares e dois apartamento por andar, o meu, para minha surpresa, era na cobertura, onde eu seria agraciada com um agradável terraço que proporcionava uma linda vista para o rio Han.
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  A decoração era clean e de poucos móveis, aparentemente confortável a primeira vista, tão amplo que eu poderia me perder ali dentro, e somente eu moraria naquele lugar.
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  — Como eu mencionei, o apartamento conta com dois quartos, o principal é seu e o outro de hóspedes, caso sua tia venha te visitar. — explicou Chang.
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  — Isso é meio duvidoso. — sussurrei.
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  — Suas aulas começam amanhã. — disse ele retirando um papel da pasta em sua mão e esticando para mim. — O uniforme e os materiais já estão no seu quarto, o carro virá te buscar às sete em ponto.
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  — O quê? — o olhei meio confusa — Escola, carro…
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  — O senhor Choi Young-do preferiria que tivesse um professor particular, mas a pedido de sua tia, você será enviada a uma escola. — explicou ele.
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  — Não sei o que me indigna mais, o pedido de minha tia, ou o senhor Choi querer me esconder da sociedade. — comentei comigo mesma indo em direção a sacada da varanda. — Bela família eu tenho.
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  Chang disse mais algumas recomendações sobre o apartamento, funcionários da limpeza e onde eu poderia comer, algo que me deixou desinteressada até que ele mencionou sobre uma tal tutora que me faria companhia. Assim que Chang foi embora, deixando uma lista de telefones de emergência e diversos sobre a bancada de refeições, joguei minha mochila ao lado do sofá e voltei meu olhar para as duas malas que tinham ido comigo.
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  — Que pesadelo. — sussurrei para mim mesma — Mamãe, por que teve que ir tão cedo?
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  Dei mais alguns passos subindo as escadas para o quarto principal que ficava no terraço, seu tamanho equivalia a duas quitinetes onde eu morava. Era louco imaginar que passei parte da minha vida vivendo de forma humilde e passando algumas necessidades, quando tinha um pai do outro lado do mundo cheio de dinheiro. Talvez por orgulho da minha tia que odeia depender das pessoas, ou por um pedido da minha mãe antes de morrer, não me importava o motivo, a realidade é que eu não existia para meu pai e agora para minha tia.
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  Estava sozinha no mundo!
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  Me espreguicei de leve ao adentrar aquele quarto, que era de deixar os olhos de qualquer pessoa brilhando, observando cada detalhe a decoração que seguia a mesma linha em toda a casa. Me aproximei da cama que estava sendo coberta por uma colcha púrpura, então reparei que os todos os pontos de cor daquele quarto eram os mesmos, será que ele sabia que era minha cor favorita?
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  — Não… Pare de pensar nisso %Nalla%, se tem alguma coisa que mister Choi não se importa, é com você. — respirei fundo voltando meu olhar para um porta retrato que estava ao lado da cabeceira.
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  De imediato reconheci a foto da minha mãe com um bebê em seu colo e ele ao lado, ambos com um sorriso que parecia sincero e feliz, certamente aquela foto representava o curto espaço de tempo em que eles ficaram juntos, até que a família Choi interferiu e minha mãe teve que fingir para ele que nós duas não existíamos, a parte da história que me fazia odiar estar na Coreia. Adentrei um pouco mais até chegar no closet, que estava cheio de roupas, coincidentemente o meu número, o que me levou a reconhecer um vestido meu desaparecido a um tempo, o único vestido que eu tinha por ter sido feito pela minha mãe antes de morrer.
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  — Então você não sumiu… — disse pegando o vestido e vagamente me lembrando de como minha mãe o bordava de forma dedicada. — Só foi extraviado… Mister Choi, o que acha que pode fazer com tantas referências de casa nesse lugar?
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  Meu afeto ele nunca teria, isso era um fato!
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  Voltei para a sala e fiz todo o processo levando minhas duas malas e a mochila para o quarto, peguei algumas das roupas que estavam nos cabides e prateleiras e joguei no chão ao canto perto da porta. Mais a frente estava o impecável uniforme da tradicional Jeguk High School, o mister Choi havia estudado lá quando mais jovem, eis aí mais uma curiosidade, não sabia muito sobre sua vida atual, mas quando minha mãe estava ao meu lado, ela adorava falar sobre ele e sua características de rebelde.
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  Até a tia Mary já havia mencionado tal semelhança minha com ele, principalmente por sermos inteligentes e não usar isso para as coisas positivas. Mas não me importava o quão parecida eu era com ele, meu foco era somente sobreviver um ano ali, para depois fazer da minha vida o que eu quisesse.
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  Oito horas da manhã, acho que o cronograma do assistente Chang havia ido pelo ralo, me espreguicei naquela imensa cama e abri os olhos com dificuldade, então ergui meu corpo ainda querendo ficar na cama, fui dormir tarde vendo alguns seriados na Netflix. Me levantei e, rastejando, caminhei até o banheiro, nem precisava me esforçar para demorar em me arrumar, estava com tanto sono que acabei dormindo na banheira de espumas.
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  Despertei novamente e já estava marcando onze da manhã, pensei um pouco se havia cumprido meu propósito diário, então estava tranquila para dar algumas voltas pela cidade, iria aproveitar o dinheiro no envelope escondido que achei dentro da gaveta da escrivaninha. Estava escrito que era para emergência, sair daquele apartamento era uma emergência, então peguei parte dele e joguei na mochila, coloquei uma roupa mais fresca em respeito ao dia ensolarado e parti para minha caminhada.
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  Continuei naquele mesmo procedimento durante mais alguns dias, não era minha intenção ir à escola, menos ainda seguir aquelas regras, até que chegou o dia em que na minha volta da diversão diária, uma visita indesejada me aguardava em casa.
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  — Então é isso que você faz todos os dias? — ele estava parado bem no meio da sala. — Caminha pela cidade o dia todo gastando meu dinheiro com comida?
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  — Melhor com comida do que com drogas. — disse de forma direta e sem pudor.
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  — Olhe o tom como fala comigo. — sua voz ficou mais alta, mas com a mesma firmeza.
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  — Sério? Você vai mesmo cobrar algo de mim? Durante anos da minha vida passei sem a sua presença e estou sendo obrigada a ficar aqui, nem mesmo me recebeu no aeroporto e ainda achou que poderia esconder a bastarda para não te causar problemas. — cruzei meus braços o olhando séria. — Acha mesmo que merece algo de mim?
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  Ele respirou fundo desviando seu olhar para o chão, parecia meditar em minhas palavras.
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  — Não quero que sua permanência aqui seja desconfortável para você, mas também estou pensando no seu futuro, ainda que não queira. — explicou ele. — Podemos fazer um acordo?
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  — Depende da proposta. — retruquei.
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  Ele sorriu de canto discretamente.
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  — Você vai à escola e seguirá o cronograma proposto pelo assistente Chang. — iniciou ele apontando para o cronograma em cima da mesa de centro. — Eu prometo não te cobrar nada e nem deixar que as coisas te faltem.
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  — Engraçado, só agora está preocupado com meu bem estar? — retruquei.
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  — Eu sempre me preocupei com você, deixei algo em cima da sua cama, vai entender. — ele retirou a mão do bolso e se voltou para a porta. — O carro estará aqui amanhã para te buscar.
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  — Vai me pedir para bater continência também?
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  Ele riu baixo.
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  — Pode não querer, mas somos mais parecidos do que imagina. — ele se aproximou um pouco de mim.
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  Ele saiu fechando a porta de forma tranquila, e seguro de que eu iria cumprir com o acordo. Olhei novamente para o cronograma em cima da mesa e suspirei fraco, então subi as escadas até meu quarto, curiosa para saber o que ele havia deixado em cima da cama, era um livro do Nickolas Sparks em coreano, o favorito da minha mãe.
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  — Um amor para recordar. — sussurrei ao ler o nome. — Não acredito nisso.
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  Assim que o peguei, uma folha solta caiu no chão, ao pegar, percebi que estava dobrada no formato de uma carta e tinha a letra da minha mãe, soltei o livro na cama e abrindo o papel comecei a ler.
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  “Annyeonghaseyo Young-do…
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  A quanto tempo não nos falamos, como imaginava, continuo sentindo sua falta, mas meu coração segue conformado com a nossa distância, sei que nunca irá nos esquecer mesmo com essas circunstâncias. Assim como jamais deixarei que nossa filha se esqueça do seu sorriso, até que ela possa estar com a idade de poder finalmente ser sua filha e enfrentar sua família, como você tentou por nós.
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  Agradeço pelo dinheiro que regularmente vem depositando na conta, mas sabe que só pegarei o necessário para o básico e deixarei o restante para que ela mesma saiba administrar, sei o quanto você quer nos proteger e nos dá todo o conforto para compensar sua ausência, tenho certeza que assim como o pai, nossa %Nalla% será muito inteligente e criativa.
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  Sigo ainda desejando que no futuro nos encontraremos…
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  Saranghaeyo, Penny.”
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  — Omma… — sussurrei. — O que mais não me contou?
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  Mesmo não querendo, estava um pouco mal por julgá-lo, porém, a referência sempre tinha vinha da tia Mary, que o julgava mal por ter abandonado minha mãe, mas agora, lendo isso, estava ainda mais curiosa para conhecer a tal família Choi.
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"Eu era muito jovem
Não sabia naquela época que eu iria te machucar
Agora eu sei
Mas é tarde demais."

- I'm Saying / Lee HongKi

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