Desde que voltei para a faculdade, minha vida se resumia a duas certezas: minhas amigas sempre estariam ao meu lado, e Jeon Jungkook encontraria um jeito de me irritar diariamente. Não importava a situação — no corredor, no refeitório, na sala de aula — ele sempre tinha um comentário ácido ou uma provocação pronta. E eu, claro, não deixava barato. Nossa relação era uma eterna troca de farpas, quase como se fosse parte da rotina do campus.

  As pessoas em volta sempre diziam que parecíamos gato e rato. Algumas até arriscavam insinuações de que toda aquela implicância escondia algo a mais, mas eu sempre ria disso. Como se eu fosse me interessar por um babaca como ele. Jungkook podia ser bonito, popular e ter aquele sorriso de quem sabe o efeito que causa, mas nada mudava o fato de que ele me tirava do sério.

  Eu estava no refeitório com minhas amigas quando Jungkook me puxou para um corredor vazio. Mal sabia que ele apareceria com uma proposta absurda que mudaria completamente o rumo da nossa guerra particular:

  — Olha, eu sei que a gente não se dá muito bem, mas eu preciso muito da sua ajuda. Minha ex é dessa faculdade e eu quero fazer ela se arrepender de ter terminado comigo... Então... você topa ser minha namorada de mentira por alguns meses?

  — Assim… “do nada” você, que claramente disse que não nos damos bem, vem até mim com uma história dessas? — respondi, cruzando os braços — Isso é tipo aquelas apostas idiotas de filme adolescente, Jungkook? Porque se for, olha... somos crescidinhos para esse tipo de brincadeira.

  Jungkook cruzou os braços e suspirou, revirando os olhos com impaciência.

  — Não é uma brincadeira estúpida. Na verdade, é mais um serviço que estou pedindo para você. Eu realmente preciso que seja minha namorada de mentira... e eu pagarei bem por isso.

  — Por que eu?

  Ele encostou na parede e suspirou novamente.

  — Primeiro que você é uma garota que não vai se iludir, segundo, que conhece minha ex. Então seria mais fácil convencê-la de que eu realmente consegui alguém melhor.

  — Uow. Obrigada por reconhecer que eu sou melhor que a sua ex — dei uma risada, ainda encarando-o com desconfiança — Você quer fazer ciúmes nela sem o risco de uma peguete qualquer se apaixonar por você, é isso?

  Ele revirou os olhos novamente, claramente irritado, mas concordou com a cabeça.

  — Sim, é exatamente por isso. Vou ser honesto com você: eu ainda quero poder pegar outras garotas, então precisa ser algo de mentira.

  — E o que eu ganho com isso?

  — Eu pago você, é claro. Serão 100 dólares por semana, e posso até te dar algo de presente, tipo joias — olhou para minha mão vazia e franziu o cenho — Você nem tem aliança.

  — O fato de eu não usar aliança não quer dizer que não tenha meus rolos, sabe? — revirei os olhos.

  Ele bufou, irritado.

  — É claro, você provavelmente não consegue passar dois minutos sem alguém babando por você — disse com sarcasmo.

  — Ainda bem que você sabe. Para eu fingir ser sua namorada, vou ter que sair da jogada. E você também, não vou ficar pagando de corna por aí, nem de puta. Então, não dá para sairmos com mais ninguém aqui no campus. E, claro, sabendo que tenho pretendentes incríveis, vou aumentar para 250 dólares por semana. Topa?

  Ele se encostou mais na parede e pensou por um momento, relutante. Jungkook era modelo desde os 10 anos de idade, não tinha uma carreira mundial, mas era bastante influente nas redes sociais e conhecido por todos os editoriais de moda em Seul. Seu status financeiro era ótimo, assim como o meu, já que sou filha de dois grandes médicos cirurgiões plásticos, brasileiros e de carreira familiar. Meus pais decidiram viver em Seul há dez anos, e eu, que passei toda a minha adolescência na Coreia do Sul, estava decidida a mudar a história da família. Eu também já havia cursado medicina, encerrado minha residência e me formado há dois anos, mas queria tentar algo diferente, então estava cursando Cinema e TV. Foi nesse curso que conheci Jungkook.

  — Hm... Tudo bem, eu topo, mas só porque REALMENTE preciso disso. E só mais uma coisa.

  — O quê?

  Jungkook deu um passo à frente, quase me encurralando na parede.

  — Preciso pedir uma coisa a mais, já que vai ser minha namorada de mentira…

  — Que coisa a mais? — arqueei a sobrancelha e cruzei os braços, notando que ele estava muito próximo.

  Ele se aproximou ainda mais, pressionando o corpo contra o meu, deixando pouquíssimo espaço entre nós. Inclinou a cabeça, olhando diretamente nos meus olhos, sério.

  — Vou precisar que você seja convincente, querida... Não é só fingir que estamos namorando, mas parecer que estamos apaixonados de verdade.

  Suspirei lentamente, mantendo o olhar firme. Sorriso de lado, meio sacana:

  — Você nunca teve uma namorada tão apaixonada quanto eu serei. Fiz dez anos de teatro, eu consigo. 250 dólares por semana, nenhum caso extraconjugal ou escândalo e fingiremos apenas na frente das pessoas.

  Jungkook soltou uma risada breve, ainda me encarando, mas agora com um olhar diferente, misto de desconfiança e expectativa.

  — Ah é? Então você vai ser minha namorada mais apaixonada, huh? Bem, estou ansioso para ver se cumpre o que prometeu — inclinou o rosto ainda mais próximo, quase tocando minha boca.

  — Beijos e toques não estão liberados, a não ser que seja encenação para alguém, Jungkook — comentei, colocando a mão no peito dele para me afastar — Mais uma coisa importante…

  Ele afastou o rosto, mas continuou encostado em mim.

  — Está bem, concordo com os limites — disse, resmungando levemente. — E qual é a próxima coisa importante?

  — Por quanto tempo fingiremos?

  Jungkook apoiou a mão na parede próxima à sua cabeça, pensativo.

  — De repente eu queria estender isso até o fim do ano, o que acha?

  — Até o fim do ano!? — empurrei-o — Ficou maluco!?

  — Não precisa empurrar! — reclamou, afastando a mão que usei — Um ano não é tão ruim, não acha? É até bom, porque vai parecer mais convincente, então podemos criar uma história mais elaborada.

  — Você sabe que isso vai dar... — fiz contas rápidas — 13.000 dólares em um ano, né?

  Jungkook pareceu surpreso com o cálculo. Até ele precisou pensar rápido, mas deu de ombros:

  — Sim, eu sei. Mas não é isso que faz parte do acordo? Estou pagando por um serviço, afinal. E depois, qual é… Dinheiro não é um problema nem para mim, nem para você, somos dois abastadinhos idiotas dessa sociedade. O pagamento é só uma forma justa de fazer o acordo valer. — explicou cheio de deboche.

  — Abastadinho idiota é você. Sei muito bem das minhas regalias. E já que é assim, quero um contrato. Com tudo que podemos, devemos e não devemos fazer. Odeio surpresas.

  — Hm... Isso é justo. Tudo bem — concordou com a cabeça — Eu posso escrever um contrato e nós assinamos, está bem?

  — Ok. Quando estiver pronto e me pagar o primeiro mês, então começamos.

  — Certo — concordou, se encostando na parede ao meu lado. — Vou preparar o contrato e te pagar o primeiro mês ainda hoje.

  — Uau, alguém está mesmo com pressa!

  Nesse momento, Yoongi surgiu no corredor, estranhando que Jungkook e eu estivéssemos tão próximos:

  — %Ray%!?

  — Yoongi! — respondi sem tirar os olhos de Jungkook.

  Com a chegada dele, Jungkook finalmente se afastou, irritado por ter sido interrompido.

  — O que está acontecendo aqui? — perguntou, se aproximando.

  — Nada, Jungkook e eu estávamos conversando.

  Yoongi olhou de mim para Jungkook, desconfiado:

  — E sobre o que vocês estavam conversando que tinha que ser tão pertinho um do outro?

  — Estamos resolvendo alguns negócios, nada importante — respondeu Jungkook, revirando os olhos e desviando o olhar.

  Yoongi parou de braços cruzados ao lado de Jungkook, olhando de relance para mim, mas sem dizer nada.

  — Yoongi, a minha vida particular não é da sua conta, não é? Por que essa reação como se fosse meu dono só de me ver falando com o JK?

  Ele olhou irritado:

  — Eu não tô me metendo na sua vida. Só estou estranhando você tão próxima dele — apontou para Jungkook.

  Jungkook revirou os olhos novamente, irritado com a intromissão.

  — Você ainda é meu preferido, seu bobo — zombei, apertando a bochecha dele e piscando para ele — Vamos lá na biblioteca pegar aquele livro então, Jungkook?

  Yoongi revirou os olhos enquanto eu seguia adiante. Jungkook bufou, concordando com a cabeça:

  — Vamos.

  Enquanto caminhávamos, ele comentou:

  — Essa foi quase. E tenho a leve sensação de que aquele lá vai tentar descobrir sobre o nosso acordo.

  — Claro que vai. Ele é um dos meus pretendentes, seu idiota.

  Jungkook revirou os olhos, irritado.

  — Ah, claro, claro. Como eu poderia esquecer que todos querem ficar com a senhorita popular — disse com sarcasmo, abrindo a porta da biblioteca e me deixando entrar primeiro.

  — Você vai acabar com minha popularidade desse jeito!

  Ele bufou enquanto entrava.

  — Não se preocupe, vou agir como um bom namorado e garantir que todo mundo saiba o quanto gosto de você — disse, revirando os olhos e dando um meio-sorriso sarcástico.

  — Acho bom mesmo que você seja meu cachorro leal e apaixonado.

  Jungkook revirou os olhos novamente ao ser chamado de “cachorro” e cruzou os braços, mas ainda assim concordou com a cabeça.

  — Tudo bem, sim, eu vou ser o seu cachorro leal e apaixonado. Mas não se acostuma demais com isso, eu não tenho obrigação nenhuma de realmente te amar de verdade.

  — Como se eu fosse me apaixonar por um babaca que tem que fingir que sabe perder para a ex, como você!

  Jungkook bufou e revirou os olhos novamente.

  — Ei, eu não sou um babaca e não finjo saber perder. Só não é justo que ela tenha me deixado. Eu era o melhor namorado que ela poderia ter — cruzou os braços, olhando para mim, irritado — Ah, é, e vou fingir tão bem que até você vai acreditar que realmente te amo, queridinha.

  — Eu sou imune a sentimentos baratos — provoquei.

  Ele bufou novamente, irritado com a provocação.

  — Ah, é? Você acha mesmo que pode resistir aos meus encantos mesmo eu me esforçando? Confia em mim, queridinha, eu vou fazer você se apaixonar por mim.

  Dei uma risada e puxei ele para fora da biblioteca antes que levássemos bronca.

  — Vai sonhando!

  Ele revirou os olhos, mas acabou seguindo enquanto eu o puxava.

  — Eu ainda tenho um mês para te conquistar — zombei, seguindo atrás.

  — É uma boa fingir um esforço mesmo. Todo mundo sabe que a gente não se pegaria; nos odiarmos é de conhecimento geral. Teremos que convencer os outros do contrário.

  Jungkook concordou com a cabeça.

  — É tem isso... Todo mundo sempre nos viu brigando e se provocando, então teremos mesmo que convencer os outros que toda a nossa implicância guardava um desejo ardente um pelo outro.

  Ele suspirava e olhava em volta, verificando se alguém estava por perto ouvindo a conversa.

  — Que piegas, Jungkook!

  — Bem, vamos começar a fingir desde já, então?

  — Por que? Quem está vindo? — perguntei.

  Jungkook olhou em volta, soltou um suspiro de alívio ao não encontrar ninguém, cruzou os braços e revirou os olhos novamente.

  — Estamos seguros. Por enquanto — olhou para mim, um pouco mais sério. — Estamos sozinhos. Vamos começar a praticar agora e ver o quanto você consegue parecer apaixonada.

  — Claro que não, você não me pagou e nem fizemos o contrato. Já falei que não tem fingimento sem necessidade.

  Jungkook bufou, irritado com a recusa.

  — Está bem, está bem. Já sei disso, eu vou te pagar o primeiro mês hoje mesmo, se é isso que você quer tanto.

  — Ótimo. Até a transferência cair na minha conta, você pode pensar em uma maneira de me encontrar no fim das aulas e fazer uma cena de “quem quer sair comigo” na frente das minhas amigas. Elas vão perguntar por que você me puxou daquele jeito, e eu vou inventar que você quer sair comigo.

  Jungkook concordou com a cabeça e pensou por um momento.

  — Está bem, parece uma boa ideia — disse, olhando em volta para ter certeza que ninguém estava ouvindo, mas permaneceu em silêncio por alguns instantes, visivelmente nervoso. — E... posso perguntar uma coisa?

  — Pergunte.

  Jungkook hesitou por um instante, ainda nervoso.

  — Quais... são os limites? Tipo, o que não posso fazer enquanto fingimos que estamos juntos?

  — Não sei. Se é para parecer real, então faça tudo o que faria com sua namorada quando estivermos fingindo na frente das pessoas.

  — Tudo? — perguntou, levantando uma sobrancelha — Eu posso te segurar pela mão, te abraçar, beijar e coisas do tipo?

  — Oras, mas é lógico, Jungkook. Como vamos convencer os outros que somos namorados se não fizermos isso?

  Ele concordou com a cabeça, ainda um pouco incerto.

  — Só estava me certificando mesmo — suspirou e olhou para mim — Tudo bem, então faremos do jeito que você disse. Vou procurar você na saída das aulas hoje e faremos a cena para suas amigas.

  — Até depois.

  Jungkook concordou com a cabeça novamente e se afastou, indo cuidar de seus próprios assuntos.

  Ao longo do dia, o aplicativo do banco denunciou o pagamento em conta e sorri com aquilo pensando: “Não é que ele estava falando sério, e realmente tem pressa nisso? Mas, será que aquele motivo é suficiente?”

  Depois de algumas aulas, Jungkook me procurou no corredor após o horário da saída de minha última aula, como tínhamos combinado. Ele parecia nervoso, mas tentou disfarçar ao chegar perto.

  — Ei, %Ray%, podemos falar um minuto?

  — JK?

  Observei-o sem saber se aquilo já era a cena. Minhas amigas notaram a aproximação de Jungkook e começaram a cochichar entre si, observando os dois com curiosidade.

  — Alguém se apaixonou... — uma delas sussurrou, de um modo que a provocação fosse audível para ele.

  Jungkook percebeu meu olhar confuso e deu um leve sorriso, piscando para sinalizar que era para seguir com a “cena”.

  — Oi, meninas. Por acaso posso conversar com a %Ray% um minuto? — disse, cumprimentando-as.

  — Er... eu não demoro, gente... — falei, caminhando até Jungkook.

  Enquanto me afastava, minhas amigas continuaram cochichando entre si, especulando sobre o que ele queria.

  — O que será que ele quer com ela?

  — Acho que ele está apaixonado. Toda vez é um motivo idiota pra implicar ou chamar a atenção dela. Parece até que está no ensino médio...

  Já fora do alcance delas, Jungkook suspirou e me olhou.

  — Elas estão nos observando... — murmurou, lançando um olhar por cima do ombro antes de se aproximar ainda mais, cochichando no meu ouvido — Vamos fazer um teste e já começar a encenação. Me deixe te abraçar.

  — Você não acha que vai ser muito repentino? Melhor pegar na minha mão, beijar meu rosto e me convidar para sair.

  Ele repetiu minhas palavras em voz baixa, concordando com a cabeça.

  — Pegar na sua mão, beijar seu rosto e te convidar para sair... Certo.

  Jungkook lançou outro olhar rápido para trás, certificando-se de que minhas amigas continuavam atentas, e então voltou a me encarar. Soltou um suspiro como se estivesse nervoso.

  — Está bem. Eu vou fazer isso. Mas se eu exagerar, você me dá um sinal, ok?

  Dei uma risadinha.

  — Você até parece nervoso de verdade.

  Ele revirou os olhos, mas admitiu:

  — Bem, é a primeira vez que faço algo assim...

  Depois de mais um segundo de hesitação, finalmente tomou coragem. Segurou minha mão com cuidado, entrelaçando os dedos, e me encarou com uma expressão séria — tentando parecer apaixonado. Então inclinou-se devagar e deixou um beijo leve em minha bochecha.

  O calor da proximidade dele percorreu minha pele. Jungkook não se afastou de imediato, ficando a poucos centímetros de mim. Deu um rápido olhar para trás, constatando que minhas amigas tinham visto tudo, e voltou o olhar para mim com um meio sorriso satisfeito.

  — Bem, acho que foi convincente o suficiente. Elas compraram nossa história.

  — Se compraram, vão me encher de perguntas! — cochichei de volta, percebendo os olhos delas ainda em nós. — Ok, minha vez de encenar.

  Me aproximei dele, segurei seu ombro e deixei um beijo lento em sua bochecha. Depois, provoquei em seu ouvido, de propósito para elas verem:

  — Desculpas aceitas.

  Jungkook se surpreendeu com o gesto, corando levemente, mas conseguiu manter a pose. Um pequeno sorriso escapou antes que respondesse, em voz alta o suficiente para todas ouvirem:

  — Estou realmente aliviado. Eu tenho algo muito importante para te perguntar...

  — O que é? — retruquei.

  Ele se inclinou ainda mais, os rostos quase se tocando, e murmurou num tom baixo — mas calculado para que minhas amigas ouvissem:

  — Você aceitaria sair comigo hoje à noite?

  — Você me busca na minha casa que horas?

  Um sorriso brincou nos lábios dele. Do outro lado, minhas amigas se agitavam, mal disfarçando a empolgação.

  — Vamos dizer às 19h? Eu passo na sua porta para te buscar.

  — Ok. Como devo me vestir?

  Ele me analisou de cima a baixo, pensativo, até responder num tom intencionalmente romântico:

  — Acho que ficaria perfeita com um vestido vermelho...

  — Então é um restaurante romântico!?

  Jungkook sorriu, levando a encenação a sério. Passou a mão pelos meus cabelos e respondeu:

  — Fiz uma reserva em um lugar especial. É romântico, pode ter certeza.

  — Ótimo. Estarei pronta pra você, JK.

  Acariciei o rosto dele antes de me afastar, voltando até minhas amigas. Jungkook permaneceu onde estava, levando a mão inconscientemente ao lugar onde toquei, observando-me com um sorriso quase genuíno.

  Assim que cheguei até elas, os cochichos explodiram.

  — Uau, quem diria que vocês dois se dariam tão bem? Desde quando tá rolando esse flerte?

  — Eu achei fofo ele te chamando pra sair! Parece que está mesmo a fim.

  — Sempre desconfiei que a implicância dele era só desejo reprimido!

  — Pode ser... — provoquei, rindo.

  — Eu sempre achei que ele te provocava porque era apaixonado em segredo.

  — Ele começou a flertar comigo há uns meses, mas eu achei que era bobeira do JK. Resolvi dar uma chance... afinal, ele é bonito, né?

  — Bonito!? E esse corpo? E essa voz?

  — Fora o jeito que ele se veste...

  — Não é à toa que tem sempre uma fila atrás dele.

  — Nossa, vocês acham isso tudo mesmo? — arqueei a sobrancelha.

  — É claro! Ele está muito longe de ser feio. Você deveria estar feliz de ter atraído a atenção dele.

  Olhei por sobre o ombro discretamente. Jungkook estava cercado por alguns amigos, mas ergueu os olhos no instante em que o encarei, desviando rápido em seguida.

  — Você não percebeu, mas acho que ele realmente gosta de você.

  — É verdade. Sempre parecia que estava te provocando em toda oportunidade.

  — E agora, vocês vão sair hoje à noite... imagina a química quando ficarem a sós!

  — Hm... será que a gente combina? — questionei, fingindo curiosidade.

  Elas riram, indignadas.

  — Você está brincando? É claro que combinam!

  — Você é a menina mais popular da escola, ele é o cara mais gato do campus.

  — Não tô falando disso... tô falando de química.

  — Ah, querida, nem brinca! — disse Gisele, com um sorriso malicioso. — Você mal falou com ele e o cara já tá te levando para um encontro! Imagina a fome que ele não tá de ver se sai faísca de vocês na… Enfim, você entendeu!

  — Gisele! Como você é safada, amiga! — respondi, rindo.

  — Realista, apenas. E vamos falar sério: nós duas já sonhamos com aquele corpo. Vai, admite, ele é gostoso, não é?

  — Isso é o que eu vou saber em breve.

  Ela arqueou a sobrancelha, provocando:

  — Oh lá! Acho que alguém já quer pular etapas, hein?

  — Não, senhora! Jungkook vai ter que fazer muito se quiser me conquistar!

  As outras concordaram, entre risos:

  — Isso aí! Não dá mole fácil.

  — Ele vai ter que suar para te ganhar.

  — Nossa, não vai ser fácil pro menino...

  E assim a conversa continuou, cheia de especulações, enquanto eu apenas sorria, me divertindo com a empolgação delas.