Capítulo 1
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%Keumhee%, sentada ao canto da sala de reuniões, observava atentamente %Woodz%. O modo como ele se apoiava contra a parede, braços cruzados e o cenho franzido, era quase uma marca registrada quando algo o incomodava. Ela sabia que a missão dada pela senhora %Cho%i —
organizar a exposição de artes e cultura da escola — não era exatamente empolgante para ele. Para %Keumhee%, no entanto, era uma oportunidade de mergulhar na beleza do trabalho dos alunos e mostrar ao mundo o que ela tanto acreditava: que a arte tinha o poder de transformar até os corações mais duros.
%Woodz% olhou de relance para ela, seus olhos castanhos escuros pareciam calcular a situação. %Keumhee%, com seu sorriso suave, não conseguiu esconder a sensação de que ele estava apenas esperando uma brecha para contestar mais uma de suas ideias.
— Então, o que acha da proposta? — ela perguntou, tentando esconder o toque de curiosidade na voz.
%Woodz% fez um leve movimento com a cabeça, como se estivesse ponderando, mas o silêncio se arrastou por alguns segundos, tornando-se quase palpável. Ele não parecia convencido
— Eu acho que é... ambicioso — Ele disse, a palavra saindo de forma vagarosa, como se estivesse pesando o peso de cada sílaba. — Mas temos que ser realistas. Arte é subjetiva. E, entre tantas atividades e responsabilidades, não sei se teremos tempo para isso.
%Keumhee% sentiu uma leve pontada de frustração, mas tentou não deixar transparecer. Ele sempre parecia enxergar a vida de uma forma mais prática, mais rígida, e isso a fazia questionar se ele realmente compreendia a magia por trás do que ela fazia todos os dias.
— Talvez o tempo seja um obstáculo, mas a transformação que a arte pode provocar vale o esforço — ela respondeu, mantendo a calma. — E é para isso que estamos aqui, não? Para dar aos alunos a oportunidade de expressar o que eles sentem e, quem sabe, despertar algo neles.
%Woodz% a observou por um momento, seus olhos se suavizando um pouco, mas ainda havia aquela tensão no ar. Ele não parecia convencido, mas talvez, apenas talvez, ela estivesse começando a plantar uma semente de dúvida.
%Keumhee%, vendo que o silêncio se estendia demais, decidiu tomar a iniciativa. Ela se levantou lentamente, com uma graça tranquila, e caminhou até %Woodz%. Ele não a olhou de imediato, ainda fixado no que parecia ser uma série de pensamentos confusos. Ela parou ao lado dele, com uma expressão serena, como se estivesse oferecendo uma pequena chance para ele ver o que ela via.
— Porque não dá uma olhada nos trabalhos que temos? — Disse ela, sua voz suave, mas carregada de entusiasmo. — Nossos meninos são muito talentosos. Eu tenho certeza de que, se você ver o que estão criando, sua perspectiva vai mudar.
%Woodz% olhou para ela, seus olhos agora mais focados, mas ainda mantendo a postura de quem tentava não se deixar levar pela empolgação dela.
— Talvez… — ele murmurou… — Mas é que arte... bem, como eu disse, arte é subjetiva, %Keumhee%. Não tem garantias de que alguém vai ver o que você vê.
%Keumhee% sorriu levemente, tentando esconder a frustração. Ele nunca parecia compreender como o simples ato de expressar emoções através da arte podia ir além daquilo que os olhos viam.
— Eu sei — Respondeu %Keumhee%, com um sorriso suave. — Mas é justamente por isso que precisamos mostrar a eles. Às vezes, a verdadeira beleza está em dar o primeiro passo, não em garantir o resultado.
Ela fez um gesto em direção à mesa da diretora, onde alguns papeis estavam espalhados, mas os verdadeiros tesouros estavam em outro lugar — na sala das artes, onde as criações dos alunos estavam expostas.
%Woodz% ainda estava hesitante, e %Keumhee% podia perceber que ele não estava exatamente convencido. Ele permanecia firme contra a parede, com os braços cruzados, o cenho franzido. A diretora, que os observava silenciosamente, então se aproximou.
— Eu entendo que você tenha reservas, mas o que %Keumhee% está dizendo faz sentido, %Seungyoun%. Nossos alunos têm muito potencial, e essa exposição é uma chance de mostrar o que estão criando com tanto empenho. É importante que você vá até a sala de artes e veja com seus próprios olhos. Às vezes, ver a arte de perto pode mudar toda a percepção. — Disse a diretora %Cho%i, sua voz firme e persuasiva.
%Keumhee% deu um passo à frente, sorrindo de maneira quase imperceptível.
— Vai ser uma experiência interessante, eu prometo. Não é apenas sobre o resultado final, é sobre o processo, sobre como eles colocam o coração em cada trabalho. — Ela olhou para %Woodz% com um olhar gentil, esperando que ele cedesse.
%Woodz% olhou de uma para a outra, primeiro para a diretora e depois para %Keumhee%. Ele parecia prestes a dizer algo, mas a expressão dos dois, especialmente a paciência de %Keumhee%, o fez hesitar. Ele não gostava de se sentir pressionado, mas havia algo na maneira como ela falava sobre a arte que o incomodava, de uma maneira curiosa e até desconcertante.
— Está bem — disse ele finalmente, com um suspiro, como se já estivesse exausto de lutar contra a ideia. — Vou dar uma olhada, mas não espere que eu me apaixone por tudo o que vejo.
%Keumhee% sorriu, contente com a pequena vitória.
— Só quero que você veja o que temos. Não precisa se apaixonar. Apenas... observe.
Com isso, %Woodz% se afastou da parede, ainda com a postura séria, mas desta vez mais disposto a seguir até a sala das artes. %Keumhee% e a diretora o conduziram pelos corredores da escola, até o local onde as obras dos alunos estavam espalhadas. Enquanto caminhavam, %Keumhee% não pôde deixar de perceber a tensão em seu corpo, mas também algo mais. Ele estava começando a se abrir, mesmo que só um pouco.
Quando chegaram à sala, a visão das várias criações artísticas começou a preencher o ambiente, e %Woodz% parou por um instante, olhando ao redor. As cores vivas nas telas, as formas únicas nas esculturas, e até os detalhes das peças mais simples começaram a atrair sua atenção. Ele ainda estava tentando entender o que estava vendo, mas a curiosidade finalmente parecia estar tomando o lugar da resistência.
— Veja… — %Keumhee% apontou para uma escultura de argila no canto da sala. — Este aqui é um trabalho de um dos nossos alunos mais novos. Ele capturou algo profundo no formato e na textura. Há uma história inteira ali, se você olhar com atenção.
%Woodz% se aproximou, um pouco mais desconcertado do que antes. Ele olhou a escultura por alguns segundos, seu olhar se suavizando, mas ainda buscando algo a mais, algo que ele ainda não conseguia identificar.
— Talvez você tenha razão — disse ele, o tom agora mais pensativo. — Há algo de... interessante nessas peças.
%Keumhee% sorriu para si mesma, satisfeita por ver que, pouco a pouco, ele começava a se envolver.
— Eu sabia que você conseguiria ver a beleza, só precisava do momento certo.
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