War

Escrita porNatashia Kitamura
Revisada por Natashia Kitamura

Capítulo 8

Tempo estimado de leitura: 7 minutos

  Depois de três meses por lá, %Susan% finalmente conseguira o direito de um telefonema de quinze minutos. De início pensara em recusar a oferta mas sabia que devia uma satisfação aos seus pais, mesmo os abandonando.
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  - Número? - a soldada diz sentada no lado oposto da mesa. %Susan% então dita o tal e recebe o fone da mulher, se sentando na cadeira e encarando o relógio da mesma maneira que fizera da vez anterior. Demora alguns minutos para atenderem.
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  - %Murphy%'s. - ela ouve a voz do pai e trava. - Alô? Alô!
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  - Oi pai. - ela murmura e então não se ouve mais nada. Ambos ficaram em silêncio esperando a tensão passar. - E-eu... Bom. Eles me deixaram ligar.
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  Da mesma maneira que fora anteriormente, %Susan% não conseguia ouvir nada além da respiração dele no outro lado da linha. Fecha os olhos exausta.
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  - Não sei se ainda está aborrecido comigo pelo que fiz, mas só quero que saiba que não me arrependo. E que se peço perdão, é pelo fato de ter vindo sem a permissão, mas não por ter vindo. Estou longe do perigo por enquanto, só cuidando dos soldados e não tendo tanto trabalho quanto esperava.
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  Eles nada respondem novamente. Sabia que a mãe estava por lá. Ouvira os passos se aproximando. A mulher à frente bate no relógio mostrando que já havia passado os quinze minutos. %Susan% então suspira.
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  - Não irei mais ligar. - fala já aborrecida. - Não tenho interesse em informar à alguém que sequer tem a preocupação de me responder em dizer como estão. Adeus. - e bate o telefone no gancho. Limpa as lágrimas que cismavam em cair.
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  - É sempre assim. - a mulher negra diz carinhosa. - Eles dificilmente se deixam aceitar pelo fato.
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  %Susan% abre um pequeno sorriso e então se levanta, se dirigindo para fora do trailer em que eram feitas as ligações. O sol estava alto e já não precisava mais ir para a enfermaria. Ficara as últimas 29 horas de plantão e antes disso apenas 3 horas de descanso das 33 horas em pé. Provavelmente teria mais algumas poucas horas para tomar um banho e pensar.
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  - Qual o motivo da agonia? - ouve a voz de %Zack% ao seu lado. Ela o olha e abre um pequeno sorriso, voltando a caminhar encarando o chão. - Ligou para seus pais, não é?
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  Ela concorda.
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  - É... É sempre assim. - ele suspira e coloca as mãos no bolso da calça enquanto caminhava ao seu lado, encara o céu por detrás de seus óculos de sol. - Meus pais provavelmente acham que eu já estou há quinhentos quilômetros abaixo da terra.
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  %Susan% o olha surpresa. Ele ri.
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  - Pois é. - pausa. - Eles quase criaram a terceira guerra mundial em casa quando fui recrutado há 11 meses.
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  - Onze meses? - %Susan% arregala os olhos. Não pôde deixar de pensar o quão injusto era. %Joel% ficara por apenas três meses e não sobrevivera. Fica séria e volta a olhar o chão. - Então você vai embora mês que vem?
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  - Em vinte e oito dias para ser exato. - ele sorri. - Não ache que estou maluco para sair daqui. Eu já nem lembro mais como é lá. - e continua encarando o céu, enquanto ela encarava o chão. - Depois de algum tempo, você se esquece o que fazia. Aqui é tudo na base da negatividade.
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  Ela não respondia nada.
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  - E você? Quanto tempo tem mais?
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  - Uns nove meses. Ou mais. Não fico contando os dias.
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  Ele ri.
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  - Você é a primeira que ouço falar isso. Todos aqui contam os dias que faltam para pegar o avião e voltar para casa.
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  Ela levanta os ombros.
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  - Eu vim porque quis, não porque fui obrigada. Não tem porque eu voltar atrás em minha decisão.
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  - Está certa. - ele concorda. - Você parou de viver.
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  Ela o olha surpresa.
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  - Como?
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  - Você. - ele afirma. - Acha mesmo que ficar aqui é viver? Acha mesmo que está ajudando a salvar a vida das pessoas ficando?
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  %Susan% nada responde. Era óbvio que ela achava isso. %Zack% novamente ri e balança a cabeça, colocando as mãos na cintura.
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  - Você e %Joel% eram mesmo iguais.
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  - Você não sabe sobre nós dois.
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  - Sei até mais do que gostaria. - ele diz mais sério, ela então dá um passo para trás. Fora pega desprevenida. - A quem acha que ele contava tudo? Nós éramos parceiros de times. Nossas missões eram todas juntas. E quando estamos em campo, o que menos queremos é falar sobre a morte que está ao nosso redor. Então falávamos sobre coisas agradáveis. Eu dificilmente tinha algo bom a dizer. Fazia tanto tempo que me aconteceu que já nem me lembrava mais. Mas %Joel% tinha muito o que contar.
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  Ela não tinha o que falar. Não sabia o que ele sabia sobre ela e %Joel%. Não se sentia confortável em saber que ele sabia tanto assim sobre os dois.
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  - Isso não é vida, %Susan%. - ele balança a cabeça parando de caminhar. - Isso é fugir da realidade.
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  - Eu--
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  - Você veio para cá para esquecê-lo, mas corre atrás dele quando não está na enfermaria. Você não quer esquecer %Joel%, %Susan%. Você não veio para esquecê-lo. Você veio para ficar mais próximo dele. Sei que é difícil de ouvir e de aceitar, mas você tem que cair na real: %Joel% se fora e não vai voltar. Você está aqui e não vai para lá.
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  - Cale a boca. - ela lhe dá as costas.
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  - Se você quisesse tanto ter ido para lá, já teria se matado. Aceite o fato que não o verá mais. Comece a viver!
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  - Vá para o inferno %Reed%. - ela diz batendo a porta em sua cara. Se joga em sua cama com os olhos transbordando lágrimas que haviam sumido fazia mais de um mês. Não lembrava mais como era sentir tamanha tristeza. Chora pedindo pelo amor de Deus para que esquecesse tudo.
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  %Susan% nunca imaginara que um dia desejaria nunca ter conhecido %Joel%. Fica por horas na cama esparramada, até encarar a foto dele em pé em sua direção. Com a voz trêmula e chorosa, ela diz antes de adormecer:
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  - Eu ainda te amo demais para te esquecer...
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