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ATENÇÃO!

História NÃO RECOMENDADA PARA MENORES ou PESSOAS SENSÍVEIS.

Esta história pode conter descrições (explícitas) de sexo, violência; palavras de baixo calão, linguagem imprópria. PODE CONTER GATILHOS

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Visium

Escrita porPams
Revisada por Lelen

5 • Chamas

Tempo estimado de leitura: 27 minutos

As estrelas que brilham mais forte, 
são as que queimam mais rápido.
[ Gossip Girl ]

  Enquanto há vida, há também esperança; e segundo alguns, a esperança é como uma chama acesa que ilumina uma noite chuvosa, afastando os pesadelos e atraindo bons sonhos. Entretanto, nem sempre uma vela acesa pode ser algo positivo, não quando o fogo é nosso inimigo.
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  Verão de 2014

  As férias de verão sempre significaram o fechamento de um ciclo na vida de um estudante, seja no fundamental, ensino médio ou universitário. Não há nada melhor que o final de um ano letivo e o início de vários planos para três meses de sol e descanso. Porém, nem todos sentiam a mesma sensação de encerramento e novos começos, para %Jeremy% a conversa inesperada com %Amelia% pela madrugada o havia deixado ainda mais intrigado, pois a menina o havia respondido com uma pergunta, deixando-o sem reação.
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  O que você faria se pudesse ver a morte de uma pessoa, antes mesmo de acontecer?
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  Sempre que ele pensava nessa pergunta, era como se a ouvisse com a voz da vizinha em sua mente. Deitado em sua cama, manteve o olhar para a janela, apenas esperando por um mínimo som vindo do outro lado da parede. Por ser dois anos mais velho, ambos os adolescentes não frequentavam a mesma escola, o que explicava seus encontros na escadaria lateral apenas no turno da noite. Um ponto negativo para a menina, que se sentia ainda mais curiosa sobre os moradores do apartamento ao lado, que lhe despertou o lado mais intenso e doloroso de seu dom.
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  — O que ela quis dizer com aquela pergunta? — sussurrou %Jeremy%, ao erguer seu corpo no impulso do seu questionamento. — Que garota estranha, por que está monopolizando meus pensamentos? Nem é tão atraente assim.
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  Ele bufou um pouco e se levantou da cama. Caminhando até o guarda-roupa, retirou uma blusa de moletom preta e vestiu, pegando as chaves e jogando no bolso, saiu pela janela, fechando-a por fora e trancando com cadeado. Nem havia terminado a primeira semana de férias, %Jeremy% já estava se sentindo entediado e por não ter dinheiro suficiente, resolveu aceitar o trabalho de meio período como serviços gerais no Batalhão de Corpo de Bombeiros. Uma oferta irrecusável do capitão, após um pedido silencioso do pai.
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  As coisas não haviam melhorado entre ele e o pai, pelo contrário, bastava uma palavra dita errada que as discussões se iniciavam, dificultando ainda mais o diálogo de ambos. A esperança depositada em um novo começo em Chicago, perdia forças dia após dia, alimentando ainda mais o desejo de %Jeremy% de voltar para a cidade na qual se sentia em casa.
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  — Olha só nosso aprendiz — brincou Muse, um dos bombeiros, ao vê-lo entrando no refeitório pela passagem dos funcionários da limpeza. — Chegou cedo hoje.
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  O rapaz permaneceu em silêncio, seguindo para a área da cozinha onde retirou o avental da primeira gaveta do armário da pia e vestiu rapidamente. Seu trabalho, apesar de bem remunerado, era simples, apenas garantir que o Batalhão tivesse sua geladeira abastecida, ou seja, cozinhar para eles.
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  — Será que está de mau humor? — indagou Barnet, num tom baixo, ao afagar o cachorro.
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  — Espero que não passe para a comida — reclamou Muse, cruzando os braços, enquanto se inclinava mais no sofá. — Soube que as pessoas conseguem passar o que sentem para a comida quando cozinham.
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  — Deixe-o em paz. — Hill, outra bombeira, o repreendeu rindo e se aproximou da bancada de refeições que separava a cozinha da área de descanso.
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  O jovem continuou com sua atenção voltada para os ingredientes que tinha na geladeira e nos armários, com os fones no ouvido não se importando com os comentários alheios. Minutos de concentração, até que notou-se incomodado pelo olhar fixo de Hill para ele.
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  — Deseja alguma coisa? — perguntou ao retirar os fones do ouvido, voltando a atenção para ela.
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  — Não, só estou te observando — disse ela, abertamente suas intenções. — Que seu pai não me ouça, mas eu acho sexy homens cozinhando, não consigo me controlar.
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  Ela soltou uma gargalhada maliciosa, ao se lembrar de algumas de suas aventuras em dias de folga.
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  — Pare de dizer essas coisas — Louise, a paramédica, a repreendeu segurando o riso — ou os dois ali vão te denunciar para o conselho tutelar.
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  — Credo… Não fale como se eu fosse uma papa anjo. — Hill se fez de ofendida, e riu mais um pouco. — Apenas disse que admiro homens de cozinham.
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  — Então é por isso que você não quer sair comigo? — indagou Muse, ao espichar o pescoço para ouvir a conversa delas.
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  — Eu não saio com você porque é um babaca, o fato de não cozinhar é um mero detalhe — confessou Hill, sem se importar com os sentimentos dele.
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  Algumas risadas soaram pelo ambiente com uma careta que surgiu no rosto de Muse, até que perceberam a presença do chefe Brown, do capitão Watts e do tenente responsável pela equipe do caminhão 51, Jorge Mills. Logo todos ajustaram suas posturas, deixando expressões mais sérias no rosto, enquanto %Jeremy% colocou seus fones no ouvido novamente, demonstrando não se importar com a presença do pai. Ele sabia que trabalhar mesmo que meio período no Batalhão, era uma forma de seu pai o controlar e vigiar. Algo que o deixava ainda mais irritado internamente.
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  — Bem, como eu dizia… — disse Hill, ao se virar novamente para o jovem para observá-lo.
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Atenção, caminhão 51, esquadrão de resgate 3, ambulância 61
chamada de incêndio na região do Bright Park, 
uma loja de penhores…

  Assim que ouviram o chamado, todos os bombeiros correram para os carros seguindo em direção à localização especificada pelo rádio. %Jeremy%, aproveitando o momento de silêncio, continuou sua tarefa sendo o mais rápido e caprichoso possível para terminar antes da volta das equipes. Por algum tempo, esteve apenas na companhia do cão apelidado Mascote, até que notou a presença de alguém se aproximando.
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  — %Amelia%?! — disse ao se virar, deparando-se com ela.
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  — Oi… — Ela se encolheu um pouco, também surpresa por vê-lo ali. 
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  — O que faz aqui? — indagou ele, movendo o olhar para a travessa de vidro em sua mão.
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  Visivelmente o conteúdo dentro era uma sobremesa, preparada pela menina.
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  — Bem… Prometi ao chefe Brown que faria essa sobremesa para o pessoal — explicou ela, meio sem graça pelo encontro.
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  Após a conversa da madrugada, %Amelia% somente havia visto o rapaz de longe e pelos corredores do prédio onde moravam. Talvez por evitá-lo, pois quanto mais perto ela chegava, mais ela pensava em sua primeira visão e de como se sentia envergonhada pelas madrugadas que acordava aos gritos, com a certeza que ele ouvia do outro lado da parede. Afinal, seus sonhos eram ainda mais intensos e cruéis.
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  — Está tudo bem? — indagou %Jeremy%, se afastando da bancada e se aproximando mais dela, seu olhar ficou inexpressivo. — Há dias não a vejo, mas consigo ouvi-la do meu quarto de madrugada.
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  — Me desculpe — disse ela, quase sussurrando ao desviar seu olhar para o chão.
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  — Preferia que dissesse ao invés de se desculpar — retrucou o rapaz, com frustração pela forma enigmática que a garota agia.
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  — Eu preciso ir. — Ela colocou a travessa em cima da mesa de centro em frente aos sofás. — Vou deixar isso aqui, pode colocar na geladeira se quiser.
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  — Espere. — Ele tomou impulso e a segurou pela mão, fazendo-a se voltar para ele. — Você não está bem, é visível.
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   %Amelia% respirou fundo tentando se conter internamente, porém, assim que seu olhar encontrou o dele, instantaneamente a garota ficou estática, sendo transportada para mais uma visão.
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  Novamente no prédio comercial em chamas, %Amelia% estava no mesmo escritório que da primeira vez, entretanto, havia algo de diferente naquele lugar, ou consigo mesma, ela conseguia sentir o calor do fogo, que refletia em seu corpo elevando sua temperatura, porém, a mão que %Jeremy% havia segurado, permanecera fria. Erguendo a mão, colocou-a na altura do coração o sentindo acelerado, respirando fundo, deu o primeiro passo para se retirar daquele cômodo. Ao sair pela porta, %Amelia% não caminhou para a mesma direção de antes, ela sabia muito bem o que possivelmente poderia ver naquela parte do prédio pelos sonhos que teve ao longo dos dias, então, se desviando para as escadas, desceu até o andar térreo onde era a livraria.
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  — Força, %Amelia%, você precisa entender esta visão — sussurrou para si mesma, ao fechar os olhos por uns instantes e reunir forças.
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  Ao abri-los novamente, ela notou que entre as chamas começaram a flutuar ciscos de cinzas, misturados a pequenos pedaços de papéis dos livros com as bordas queimadas. Esticando as mãos para pegar um, deixou que o minúsculo pedaço pousasse em sua mão, e então olhou o que tinha escrito.
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  — Um, zero, dois, zero, um, quatro… — sussurrou ela, lendo os números descritos em forma de data — Dez, outubro… Este ano…
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  De repente, %Amelia% começou a sentir falta de ar, talvez por seu coração começar a se angustiar com a nova informação, combinada com a cena dos demais sonhos que a deixou desesperada.
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  — %Amelia%! — A voz de %Jeremy% despertou-a do transe.
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  Recobrando a consciência, a garota logo percebeu estar sendo amparada pelo rapaz, que novamente demonstrou preocupação no olhar. A guiando até o sofá, a ajudou a se sentar e correu até a cozinha para pegar um copo com água.
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  — Aqui, beba — disse ele, lhe dando o copo.
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  — Obrigada. — Num tom baixo, ela forçou um sorriso e deu o primeiro gole.
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  — Você está quente — disse %Jeremy%, assim que colocou a mão direita na sua testa.
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  — Não estou. — %Mia% o tocou com sua mão direita para argumentar, a mesma que ele havia segurado. — Está tudo bem.
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  — Não é o que o restante do seu corpo diz — retrucou o garoto, encostando de leve com as costas de sua mão no pescoço dela.
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  — Mas estou. — Ela terminou de beber a água e se levantou no rompante, sentindo uma leve tontura em seguida.
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  — Viu. — Ele a amparou, de imediato. — Eu disse que não está bem.
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   %Amelia% respirou fundo, contra fatos não havia argumentos, mas como já estava acostumada com sua condição, não queria preocupá-lo.
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  — Poderia, por favor, fingir que estou? — pediu ela, com o olhar quase marejado.
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  — Se me der a sua palavra que vai me contar o porquê.
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  — O porquê? — indagou ela, confusa.
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  — Por que me fez aquela pergunta? — explicou ele.
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  Ela assentiu com a cabeça, então se afastou um pouco.
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  — Eu tenho que ir — anunciou, ajeitando a bolsa no ombro.
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  — Vou com você. — %Jeremy% se ofereceu de imediato, não queria deixá-la sozinha pelas ruas.
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  — Não estou indo para casa — explicou %Mia% , em tom de recusa.
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  — E vai para onde? — perguntou o rapaz, curioso. — Para a DP do seu pai?
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  — Não, estou indo para meu curso — explicou, rindo baixo. — Confeiteiros não tiram férias.
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   %Amelia% sabia que fisicamente não estava mesmo bem, porém, ela precisava de algo para extravasar sua mente e não ficar remoendo sua visão o restante do dia. E somente a cozinha a ajudaria com isso. Com as férias, seu tempo livre da escola havia sido preenchido por aulas extras do curso de confeitaria, um curso de desenho intensivo de verão e as constantes visitas à Dra. Gilmour, gastos a mais no orçamento familiar, que a deixava ainda mais preocupada com o pai.
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  — Hum… — Ele se viu um pouco mais confuso, porém manteve sua decisão. — Vou com você.
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  — Você quer ir comigo? — %Amelia% não entendia o motivo do rapaz querer se aproximar a cada momento que ela tentava se afastar.
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  — Por que está surpresa? — indagou, suavizando mais o olhar.
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  — É que… Eu sou tão estranha às vezes, não se importa com isso? — questionou %Mia%, impressionada.
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  — Ninguém é perfeito. — Ele sorriu de canto, discretamente. — Vamos? Estou de carro.
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  Ela assentiu com a cabeça e o seguiu.
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  — Mas… O que estava fazendo na cozinha? — perguntou ela, no caminho.
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  — O jantar do Batalhão — respondeu o garoto. — Eu cozinho e o chefe Brown me paga.
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  — Hum…
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   %Jeremy% também não entendia o motivo de ter se aproximado tão rapidamente de %Amelia%, afinal, ela era o contrário de tudo que o atraía em uma garota. Sua ousadia estava apenas nas palavras e argumentos, e talvez fosse isso que chamava a sua atenção. Fazendo um comparativo com sua namorada, Clair era popular, tinha um lado rebelde que o atraía, além das belas curvas que faziam a adolescente se mostrar ainda mais sensual para ele.
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  Contudo, naquela tarde, o jovem, sem perceber, se viu inteiramente encantado por %Mia%, ao observá-la concentrada em sua aula de confeitaria brasileira. O brilho nos olhos dela o fazia lembrar sua mãe e dos raros momentos divertidos que tinham em família; dos biscoitos com chocolate quente no inverno e do sorvete caseiro no verão. Sentimentos bons, gerados por um simples sorriso de uma garota que ele nem conhecia direito, mas que lhe transmitia paz e esperança.
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  — Estou impressionado — comentou ele, atento aos movimentos da garota na bancada de trabalho, enquanto a mesma enrolava o brigadeiro em suas mãos, transformando a massa em uma bolinha.
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  — Com o fato de terem te deixado entrar na cozinha? — indagou %Amelia%, concentrada no que fazia.
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  — Com o seu amor pelo que aprende aqui — explicou o rapaz.
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  Ela parou e o olhou.
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  — Experimenta — disse ao aproximar a bolinha perto da boca dele.
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  No susto, %Jeremy% apenas abriu a boca e a deixou colocar dentro. A sensação de déjà-vu o preencheu, lembrando de uma cena parecida com sua mãe.
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  — Tudo bem? — perguntou %Mia%, percebendo a mudança em seu olhar.
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  — Sim. — %Jeremy% olhou para ela e forçou um sorriso. — Estou bem, e essa coisa de chocolate, como chama mesmo?
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  — Brigadeiro — respondeu a garota, fingindo acreditar nele. — É uma sobremesa do Brasil.
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  — É boa, você gosta de chocolate?
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  — Sim, e você? — respondeu ela.
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  — Também. — Ele riu baixo e brincou com uma frase de efeito de sua mãe. — Nunca confie em alguém que não gosta de chocolate.
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  Ela riu junto.
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  Mesmo preocupada com suas visões, %Amelia% se deixou aproveitar aquela tarde na companhia mais inesperada que poderia ter. Um sutil momento de descontração e diversão, que os fez perder a noção de tempo e espaço, fazendo %Jeremy% desejar que aquele dia não terminasse.
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  — Você quer tentar?! — perguntou %Mia%, ao separar os ingredientes da terceira receita que testaria.
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  — Você não deveria ter algum professor te orientando? — indagou %Jeremy%, mais uma vez achando estranho estarem sozinhos naquela enorme cozinha.
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  — Confeiteiros não tiram férias, mas meus professores ganharam duas semanas de folga, nós alunos podemos utilizar a cozinha no recesso para treinar as receitas que aprendemos — explicou a garota, ao passar o olho em seu caderno de anotações, conferindo se pegou os ingredientes corretos. — E sempre tem os monitores por perto, em caso de emergências.
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  — Emergência, tipo, você colocar fogo na cozinha? — brincou ele, rindo baixo.
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  — Não diga isso. — Ela o repreendeu de imediato, num tom temeroso e sério, seu olhar demonstrou medo.
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  — Me desculpe… — disse %Jeremy%, mantendo seu olhar na garota, vendo a preocupação em seu rosto. — Eu não deveria brincar com algo sério. — Confessou.
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  — É que… — %Mia% respirou fundo.
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  Aquela era sua zona de conforto, o lugar seguro para onde fugia quando não queria enfrentar seus sonhos reais e os medos causados por seu dom. %Amelia% não queria imaginar que seu universo da cozinha poderia ser um lugar de risco que a faria associar a visão que tanto queria esquecer.
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  — Que?! — insistiu %Jeremy%, atento.
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  — Nada. — Ela desconversou e logo mudou de assunto. — Você quer ou não tentar?
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  — Não sei se levo jeito com doces — confessou o rapaz, meio tímido.
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  — Ouvi do seu pai que sua comida é muito boa e você está cozinhando para o chefe Brown, tenho certeza que vai se sair bem com as sobremesas também — disse a garota com o olhar animado.
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   %Jeremy% assentiu e se mostrou atento às explicações da moça, principalmente da forma em que contava a história do doce.
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  — Tem certeza que pelo nome, é mesmo brasileira? — indagou ele, fazendo uma careta engraçada.
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  — Sim. — Ela riu. — Palha Italiana é mesmo curiosa pelo nome, mas é uma sobremesa cem por cento brasileira.
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  — Italiana — disse num tom baixo. — Só por isso já nos deixa achar que é da Itália.
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  — Dizem que brasileiros adoram pregar peças — contou ela, rindo também. — Eu comecei a me interessar pelas sobremesas brasileiras quando comi uma na casa da minha…
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  Ela se limitou a dizer sobre a doutora Gilmour.
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  — Bem, eu comi uma sobremesa chamada Petit Gateau — continuou %Amelia%, voltando a se empolgar — e acredite, mesmo tendo o nome francês, é uma sobremesa brasileira.
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  — Isso me choca — comentou o rapaz.
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  — A mim, também.
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  Eles riram juntos. Então começaram o preparo da receita. Em um dado momento, %Jeremy% notou a seriedade e concentração de %Amelia%, o deixando impressionado novamente. Em uma ação espontânea, ele pegou um punhado de cacau em pó e jogou na garota, fazendo-a desconcentrar.
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  — Ahh… — Ela ficou alguns segundos sem reação, até que pegou um punhado também e jogou nele, descontando.
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  Assim iniciou a pequena guerra de cacau em pó na cozinha, fazendo um correr atrás do outro, em risos e gargalhadas com olhares vingativos. Em um dado momento, %Amelia% esbarrou na caixa de leite que havia esquecido de guardar, a derrubando no chão. A garota, ao tentar limpar, se desequilibrou quase caindo ao chão, por sorte, %Jeremy%, que estava próximo, a amparou ao sustentar seu corpo segurando-a com a mão direita ao tocar em suas costas.
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  Mais uma vez %Mia% se viu em extrema proximidade do rapaz, causando o acelerar de seu coração, sendo acompanhado por suas pernas trêmulas. Os olhares encontrados, como uma cena de dorama, em que até mesmo a respiração do casal segue sincronizada. Para a garota, em sua condição mental e psicológica, ela jamais poderia pensar ou desejar viver um romance juvenil. Mas então, o que estava acontecendo com ela naquele momento?
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   %Jeremy% era seu vizinho, o gatilho que afetava seu dom, fazendo-a ter visões acordada. Teoricamente, um perigo para sua saúde mental, não somente por este motivo, como também por ser bonito, charmoso, misterioso e ter uma namorada. Mas um sentimento novo estava surgindo, talvez de ambos os lados, algo que poderia fornecer o refrigério que tanto precisavam ou machucá-los ainda mais.
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  — Obrigada — sussurrou ela, tentando controlar os batimentos, percebendo a sutil aproximação dele a ponto de sentir sua respiração.
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  Era sua segunda vez tão próxima de um garoto e, curiosamente, com o mesmo garoto. Não sabia se estava preparada para vivenciar esta parte de uma vida normal.
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  — Me permite testar uma coisa? — %Jeremy% pediu em sussurro, deixando seu rosto ainda mais próximo do dela a ponto de seus lábios estarem a centímetros de distância.
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  — O que seria? — indagou ela, num misto de medo e curiosidade que deixava seu coração desnorteado, sem saber se acelerava mais ou parava de vez.
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  — Isso…
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  Ele iniciou o beijo de forma suave e doce, percebendo de imediato que aquele era o primeiro na vida de %Amelia%. De maneira respeitosa, %Jeremy% manteve sua mão nas costas dela, trazendo seu corpo para mais perto, enquanto sua outra mão se ergueu para acariciar a face da garota. Internamente, %Mia% se encontrava em um misto de emoções e pensamentos, não a deixando raciocinar direito, porém, fazendo-a sentir cada pequeno detalhe do momento que vivia.
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  — Eu… — sussurrou ela ao respirar fundo, após ele se afastar.
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   %Jeremy% manteve seu rosto colado ao dela por alguns segundos. O jovem estava tentando absorver o impacto de sua ação involuntária, pois não conseguia entender o motivo que o levou a tomar tal atitude. Beijar %Amelia% não estava em seus planos, e o que mais o assustava, era seu desejo de fazê-lo novamente, mesmo sabendo que havia agido de forma errada e provavelmente leviana.
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  — Me desculpe — disse o rapaz, ao finalmente voltar a si e se afastar dela.
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  — Precisamos limpar essa bagunça… — A garota respirou fundo novamente, tentando normalizar a situação e suavizar o clima de constrangimento formado entre eles.
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  — Sim… — Assentiu ele, se afastando um pouco mais.
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  Após limparem tudo, %Amelia% decidiu que era hora de voltarem para casa. A palha italiana teria que esperar por uma próxima oportunidade para ser testada pela jovem. Assim que chegaram, a garota seguiu pela entrada principal, enquanto %Jeremy% se direcionou para as escadas na lateral do prédio. John disfarçou seu olhar para o relógio no pulso com o abrir da porta e não querendo sufocar a filha de perguntas, apenas a convidou para prepararem o jantar juntos.
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  As semanas se passaram… 

  Mesmo com momentos de silêncio de %Amelia% ocultando o que estava de errado com suas visões e sonhos reais, pai e filha nunca foram tão unidos e cúmplices como agora, algo que não acontecia no apartamento ao lado, em que as cobranças de Gregori sobre o filho ter mais responsabilidade com seu emprego arranjado no Batalhão, e exigências de explicações sobre suas escapadas à tarde, os faziam discutir com frequência.
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  De um lado, o capitão Watts tinha medo do filho fazer amizades ruins na nova cidade e sabendo que as gangues de Chicago eram ainda mais perigosas, o preocupava ainda mais. Do outro lado, %Jeremy% já se sentia cheio das ordens e questionamentos do pai e de sua falta de confiança. O jovem não queria contar sobre sua proximidade com %Mia%, pois tinha medo do pai estragar tudo, contando para o pai da garota. Seus antecedentes não eram bons e infelizmente não tinha o troféu de filho do ano para apresentar.
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  — Abaixa o tom para falar comigo, rapaz. — Gregori elevou mais sua voz, com o tom de repreensão. — Você me deve respeito enquanto morar debaixo do meu teto.
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  — Não seja por isso. — %Jeremy% saiu no rompante da sala e se trancou no quarto.
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  — %Jeremy%, aonde pensa que está indo, eu ainda não terminei! — gritou Gregori, seguindo atrás do filho e batendo na porta bruscamente. — %Jeremy%! %Jeremy%, abra essa porta! %Jeremy%.
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  Do lado de dentro, o filho, revoltado com a situação, apenas pegou sua mochila e jogou algumas roupas dentro. Sua determinação em sair de casa não o deixou lembrar da promessa para mãe e, ao checar no aplicativo do banco o valor que tinha na conta, guardou o celular no bolso, pegou a carteira e saiu pela janela. Nas escadas, deu de cara com %Amelia%, que disfarçou seu olhar de preocupação.
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  Ambos, ainda constrangidos, evitavam mencionar sobre o beijo sempre que se viam. E agora, para ela, havia uma sensação ruim em seu coração, trazendo a certeza da partida do rapaz antes mesmo das palavras confirmarem.
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  — Não deveria ir assim — disse ela, no impulso da coragem. — O seu pai só está preocupado com você…
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  — Falou a garota esquisita. — O garoto bufou, seu lado racional não pensando direto, nem mesmo notou a forma como a tratou. — Você não entende sobre isso.
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  Antes que ela pudesse argumentar, %Jeremy% desceu as escadas correndo e seguiu pela rua em direção à estação. Era oficial, o jovem estava mesmo deixando o que restou de sua família para trás a fim de retornar para o lugar que achava lhe fazer bem. Para %Amelia%, de alguma forma, sua partida poderia ser o gatilho para a consumação de sua visão.
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  Motivo esse que fez as lágrimas escorrerem por seu rosto.
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Eu quero respirar, eu odeio essa noite
Eu quero acordar, eu odeio esse sonho
Eu estou preso dentro de mim e estou morto
Não quero ficar só.
- Save Me / BTS

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Lelen

AH, PRONTO, COMEÇOU! 
Jeremy, tu tava indo bem, meu rapaz; é difícil aprender a se comunicar vocês Watts? 
Eu tô curiosa pra saber o que vai desencadear a desgraça da visão. NENHUM DE VOCÊ PODE MORRER AINDA, CÊS PRECISAM SE ENTENDER, CACETA! NÃO ADMITO! u.u 
E Jeremy é bom cozinheiro, já é uma boa adição pra família, obrigada. 
DEUS, AJUDA AÍ. E Capitão, acho que você deve se lembrar muito bem o que é ser um adolescente (ou não) e por isso tá preocupado com seu filho, mas veja bem, com adolescente você precisa falar com jeitinho, sabe? Porque qualquer respirada diferente já traz o caos. 
 
PÂMS, ME DIZ QUE NINGUÉM DELES VAI MORREEEEEEER ;-; 

Pâms

Menina aflita, só continuar lendo.

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