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ATENÇÃO!

História NÃO RECOMENDADA PARA MENORES ou PESSOAS SENSÍVEIS.

Esta história pode conter descrições (explícitas) de sexo, violência; palavras de baixo calão, linguagem imprópria. PODE CONTER GATILHOS

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Visium

Escrita porPams
Revisada por Lelen

4 • Fogo

Tempo estimado de leitura: 31 minutos

Seja como o fogo, 
saiba aquecer quem precisa 
e queimar quem merece.
[ Autor Desconhecido ]

  No início de tudo, o homem descobriu que do atrito de duas pedras que se chocam surgem as faíscas; das faíscas vem o fogo; e do fogo brota a luz. Depois notou que mantendo a chama acesa, o fogo se espalharia, trazendo duas vertentes ao seu usuário: aquecendo ou queimando.
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  Primavera de 2014

   %Amelia% nunca imaginou viver algo do tipo, ter seus sonhos reais acordada como uma visão que a deixou amedrontada e confusa. Ao seu redor não existia mais o Batalhão, apenas um lugar em chamas do qual conseguia sentir o calor de uma forma que se fosse mesmo real, certamente não estaria mais viva pela intensidade da temperatura. Queimar seria uma forma dolorosa de morrer e ela estava sentindo que fosse exatamente assim que aconteceria, ainda mais aterrorizante do que das outras vezes. Após permanecer instantes parada tentando processar internamente que tudo o que via não estava acontecendo de verdade, não naquele momento, finalmente tomou coragem para dar o primeiro passo e descobrir onde estava.
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  A jovem deu poucos passos pelo que parecia um escritório a estilo home office, sentindo o coração acelerado e um frio na espinha, precisou lutar contra suas emoções que já estavam afloradas, demonstrava angústia e ansiedade por não querer ver a quem se referia a visão, contudo, continuou observando até fixar seus olhos na janela e notar que a localização se tratava de um prédio, pois sua linha do horizonte lhe transmitia isso.
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  Mais um tempo e o barulho de algo caindo lhe chamou a atenção, saindo pela porta, se deparou com um longo corredor sendo atraída logo em seguida pelo vulto de alguém que passou por ela correndo em uma direção específica. Seguindo logo atrás, ao passar pelo corredor, percebeu alguns traços desenhados na parede, com o aspecto de brasa viva como se o fogo tivesse caminhado pelas linhas, deixando apenas seu rastro de cinzas. Chegando mais à frente, ela constatou que não se tratava de um local residencial, e sim de um prédio comercial que abriga uma livraria.
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  — O que... — Em sussurro ela se calou, enquanto olhava de forma estática a cena em sua frente.
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  Mesmo em meio ao calor, sentiu uma breve sensação gélida na espinha, o que apertou ainda mais seu coração, fazendo seus olhos lacrimejarem. Ao longe, o silêncio da visão foi sendo quebrado pelo som da voz de John a chamando ao longe, a fim de despertá-la daquele transe.
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  Na sala de convivência do Corpo de Bombeiros, estavam todos com olhares atentos e preocupados com a jovem garota desacordada, que havia passado alguns minutos em transe até que desmaiou nos braços do pai. Com o corpo sobre o sofá, Margareth auxiliava o amigo a reanimá-la.
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  — Papai — sussurrou %Amelia%, ao abrir os olhos com dificuldade por sentir sua vista dolorida.
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  — Minha querida. — John a abraçou apertado, se esforçando para conter sua aflição pela condição da filha. — Estou aqui… O que houve?
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  Assim que seu rosto encostou levemente no dela, John percebeu algo estranho, então afastando-se levou a mão direita na testa da filha, para aferir sua temperatura.
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  — Você está muito quente — disse ele, com o olhar confuso.
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  — Deixe-me ver. — A paramédica, Ginger, se aproximou com sua maleta de equipamentos que fora correndo na ambulância buscar. — Como está se sentindo?
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  — Bem, eu acho. — %Amelia% manteve sua voz baixa e não conseguiu conter seu olhar que direcionou para %Jeremy% e seu pai.
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  — Vou medir sua temperatura primeiro, tudo bem? — perguntou Ginger, tendo seu consentimento.
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  Após todos os procedimentos, a paramédica orientou John a levar sua filha ao hospital para que fosse medicada corretamente, pois sua temperatura estava muito elevada e não havia explicação do motivo ou causa. Principalmente pelo fato de %Amelia% retomar sua consciência quando seu corpo demonstra uma instabilidade preocupante. Conforme direcionado, Margareth se ofereceu para acompanhá-los ao Charlotte University Hospital, que se localizava a três quadras do batalhão. Algumas horas se passaram, exames foram feitos e finalmente quando o diagnóstico foi liberado, somente uma pessoa seria capaz de ajudar %Amelia% a voltar ao seu equilíbrio.
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  — %Amelia%!? — A voz sua da doutora Bridget soou da porta, lhe chamando a atenção.
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  A jovem estava sentada na cama do hospital enquanto aguardava o pai retornar com a alta médica. Como John havia suspeitado desde o início, sua condição não era física e sim emocional, pois desta vez a visão da garota a havia afetado de uma forma nunca vista antes em sete anos de sonhos reais.
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  — Doutora Gilmour. — A jovem sorriu singela para ela, mantendo o olhar em suas mãos pousadas sobre as pernas.
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  — Tudo bem? — indagou a doutora, adentrando o quarto atenta à paciente, avaliando todas as suas expressões.
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  — Não entendo quando a senhora pergunta algo do qual já sabe a resposta. — A voz dela pareceu falha, porém era somente seu tom mais baixo que o costume.
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  — Porque quero que você admita para si mesma que não está bem, somente assim conseguirá resolver o problema — respondeu ela, se aproximando mais para sentar ao seu lado, mantendo o olhar sereno e compreensível para transmitir mais segurança à paciente. — Você vivenciou muitas coisas ruins nos últimos anos, compartilhou das dores e sofrimentos de outras pessoas e sentiu o que elas sentiram, quando passamos por tribulações como essas, é normal nossa mente querer nos enganar e dizer que está tudo bem.
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  As palavras da médica a fizeram refletir um pouco.
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  — Mas minha mente é a única que gera esses sonhos… — retrucou %Mia%, sentindo seus olhos lacrimejarem mais uma vez. — E agora… Uma visão.
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  — O que aconteceu? — perguntou Bridget. Internamente, era a primeira vez que se sentia impotente sem saber como ajudar sua paciente especial.
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  — Eu não quero falar sobre isso. — %Amelia% se encolheu mais um pouco, abraçando suas pernas e mantendo o olhar fixo na porta.
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  Quanto mais ela se esforçava para não lembrar o que tinha visto, mais sua mente insistia em fixar na imagem final que a deixou abalada. Após voltar ao quarto, John guiou a filha até o carro e pediu à amiga para esperá-los, precisava ter uma conversa rápida com a psicóloga. Assim como a filha, aquele pai também tinha seus tormentos que o deixavam vulnerável emocionalmente.
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  — Ela lhe contou alguma coisa? — indagou ele, ao voltar seu olhar para a filha dentro do carro.
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  — Não, e receio que vá demorar a se sentir confortável para compartilhar o que viu, mas temo que seja algo bem mais grave ou de proporção maior do que das outras vezes — respondeu Bridget, avaliando a situação superficialmente. — Foi a primeira vez que ela vê algo estando acordada, o que indica que seu dom pode estar evoluindo.
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  — Ainda não vejo isso como um dom. — John segurou suas emoções de pai preocupado. — Isso é um fardo pesado demais para minha filha carregar e eu não consigo ajudá-la da forma que deveria…
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  — John — ela o interrompeu ao sentir traços de desespero na voz dele —, acredite, você está desempenhando o melhor papel possível, é o pai mais compreensivo, presente, atencioso e amoroso que conheço… E já lidei com vários pais solteiros desde que me formei nessa profissão, então, não aumente a cobrança em si mesmo, pois sua filha precisa dessa estabilidade que sempre passou para ela.
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  — Doutora Gilmour… — sussurrou ele, respirando fundo para voltar ao eixo.
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  — Quando %Amelia% se sentir preparada, ela dirá. — Seu tom de conselho estava presente. — Enquanto isso, continue sendo o pai que tem sido para ela.
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  John deu um sorriso fechado e assentiu. Agradecendo a médica, se afastou seguindo ao carro para regressarem. Chegando em casa, John se despediu da amiga e ajudou a filha a chegar no quarto, ainda pensativo nas palavras de Bridget.
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  — Aqui — disse ele, ao afofar as almofadas atrás dela.
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  — Obrigada, papai. — %Amelia% deu um suspiro cansado. — Me desculpe.
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  — Pelo que? — indagou o homem, não entendendo.
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  — Por te deixar preocupado. — Um tom baixo e triste.
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  — Não diga isso. — John sentou de frente para a filha e a abraçou novamente, apertado e reconfortante. — Não deve se desculpar, pais sempre se preocupam com os filhos, independentemente da situação ou da idade deles.
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   %Amelia% sorriu de leve para o pai ao ver seu olhar sereno e tranquilo.
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  — O que importa é que está bem, sua febre baixou e estamos em casa — afirmou ele, com segurança. — Quando quiser conversar, estarei aqui.
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  — Podemos cozinhar? — pediu ela, com os olhos quase marejados.
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  — Agora? — Ele ficou surpreso.
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  — Sim, não almoçamos e sinto que estou com fome — explicou ela, em argumento.
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  — Se sente bem para isso? — O homem fingiu um olhar desconfiado.
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  — Sempre me sinto bem para cozinhar — afirmou ela, deixando escapar outro sorriso.
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  John assentiu com a cabeça e, se levantando, esticou a mão direita para ela que segurou de imediato. Juntos, pai e filha seguiram para a cozinha já em planejamentos divertidos pelo caminho sobre o cardápio de execução. Após um tempo de escolhas de receitas entre os canais do youtube que seguiam, conseguiram finalmente escolher três pratos que lhes renderia muito tempo no preparo e a oportunidade de descarregar a parte negativa de sua realidade.
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  — Tem certeza que quer fazer isso? — perguntou o pai, assim que leu o modo de preparo da receita árabe que a garota escolheu.
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  — Kafta é muito fácil e rápido de fazer, aprendi com a senhora Poppy — explicou a filha, não vendo nada de errado em sua escolha. — Temos carne na geladeira, hortelã na horta da cozinha e é muito gostoso, já que não comemos o Tabule da tia Margo.
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  — Tudo bem, mas a senhorita vai se responsabilizar por isso. — Assentiu ele, segurando o riso da careta que ela fez.
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  Era um fato que a especialidade de %Amelia% havia se tornado a confeitaria, seus pratos de sobremesa que lhe encantavam os olhos quando preparava. Contudo, seu gosto por comida mediterrânea havia sido uma surpresa para o pai, influência essa causada por suas tardes com a senhora Poppy, que descendia de uma família de imigrantes do Líbano.
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  — E o que o senhor vai fazer? — indagou ela ao colocar a mão na cintura, indignada.
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  — Minha salada de grão-de-bico com batata-doce e o suflê de cenoura com gorgonzola que tem me pedido há dias — respondeu o homem, voltando o olhar para a filha. — Ainda estou saindo no prejuízo, com um prato a mais.
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  — Fala como se eu não fosse fazer a sobremesa — retrucou ela, rindo do pai.
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  — Empatamos então. — John piscou de leve, arrancando mais risos da filha e caminhou até a geladeira com um brilho nos olhos.
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  Quem os visse assim, tão animados e empolgados com o preparo de um simples jantar, jamais imaginaria que há poucas horas estivessem em um momento de aflição.
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  No apartamento ao lado, o fim de noite seguiria com %Jeremy% sozinho devido ao plantão do pai no batalhão. Os pensamentos do rapaz curiosamente haviam permanecido na estranha garota que desmaiou ao olhar fixamente para ele. Não que quisesse pensar desta forma, mas antes de serem apresentados a todos, o jovem permanecera observando %Amelia% enquanto brincava com o mascote do batalhão, a forma singela que a garota sorria para o animal o acariciando. Suas bochechas estavam coradas demais, demonstrando estar saudável, para alguém que em seguida desmaiasse daquela forma.
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  — %Amelia% Grimes — sussurrou ele, ao mencionar o nome dela, enquanto mantinha seu olhar na janela do quarto, direcionado ao céu.
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  A única vez que havia visto alguém tão aflito e desesperado como John ficou, foi quando sua mãe faleceu e presenciou, por um breve e doloroso momento, o mundo de seu pai desmoronar junto. Pensar sobre isso o deixava inquieto, com um mau pressentimento, assim como quando souberam sobre o câncer de Olivia.
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  — Por que estou preocupado com você? Nem a conheço… — Continuou ele, ao desviar o olhar para seu celular na mesa de cabeceira.
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  O aparelho estava com o visor ligado, indicando mensagens recebidas. Uma era de seu pai, perguntando se havia chegado em segurança em casa e se estava tudo bem; a outra era de sua namorada de Seattle.
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  — Baby, sinto sua falta — sussurrou ele, ao ler o que dizia.
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   %Jeremy% abriu a imagem enviada pela garota, uma foto sua em pose sensual com lingerie, em provocação ao seu silêncio nos últimos dias. O rapaz suspirou um pouco ao se lembrar da última noite de aventura com Clair e de como ela se fez manhosa ao lhe propor que ficasse com ela em Seattle morando no porão da casa dos tios. Foi uma oferta tentadora que quase chegou a considerar, com seus 16 anos completos, sair de casa era uma forma eficaz de contrariar ainda mais as ordens do pai, entretanto, havia uma promessa feita e honraria as últimas palavras ditas à mãe.
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  — Sabe mesmo me provocar… — Ele riu baixo, ao começar a digitar a resposta.
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  Já tinha planejado em sua mente sua visita à cidade chuvosa em breve, inicialmente seria uma surpresa à garota e aos amigos.
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minhas férias de verão
talvez me verá

Ele enviou e logo viu que ela digitava algo em resposta.
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talvez?
já te mandei as provas
estou com saudades
você nem me ligou essa semana

estou me adaptando
e sentir saudade é bom
assim quando me vir
não a deixarei dormir

mal posso esperar

   %Jeremy%, desligou a tela do aparelho e o jogou ao lado. Em alguns momentos, o rapaz achava seu namoro com Clair vago demais, um tanto superficial e se tornou apenas voltado à atração física pela falta de profundidade. O que de fato não deixava de ser a realidade, já que apenas se envolveu com ela por ser uma das mais populares da sua antiga escola e o pai não aprová-la. Ele continuou jogado em sua cama, apenas deslizou o corpo sobre a colcha para se deitar e, fechando os olhos, abafou a claridade com o braço direito sobre o rosto.
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  Após horas de sono profundo, %Jeremy% despertou no meio da madrugada e, voltando a atenção para a janela, notou uma claridade incomum do lado de fora, que o fez se levantar e conferir o que seria. A janela de seu quarto dava acesso à escada de incêndio na lateral do prédio, algo que o permitia ter a liberdade de tomar ar fresco no meio da noite, sem que o pai soubesse. Ao se apoiar no peitoril e inclinar a cabeça para fora, seu olhar reconheceu uma presença inesperada, o olhar de sua vizinha estava tão concentrado nas estrelas que o fez manter o silêncio ao sentar no peitoril e observá-la por um tempo.
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  — O que fazer para nunca mais dormir? — sussurrou ela para si, receosa do que poderia sonhar naquela noite.
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  — Desconfio que nem mesmo a NASA tenha essa resposta — disse ele num tom baixo, porém o suficiente para despertá-la de seu devaneio.
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  — Hum?! — %Amelia% olhou para trás e ficou ligeiramente estática ao vê-lo.
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  Não esperava que estivesse acompanhada, menos ainda pela pessoa que, em partes, era a causa de sua insônia. %Jeremy% manteve seu olhar curioso e observador na garota, sem saber que, internamente, a menina se forçava a reagir ao momento e destravar seu corpo congelado pela sensação sombria que tanto a transtornava.
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  — Eu sou real, não um fantasma. — Continuou ele, instigando um assunto, num tom de brincadeira.
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  — Eu não disse que era. — %Amelia% forçou sua voz a sair, sentindo o coração acelerado, respirou fundo discretamente.
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  — Mas me olha como se eu fosse — retrucou %Jeremy%, fixando ainda mais seu olhar, o que a fez engolir seco.
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  — Me desculpe. — %Mia% desviou seu olhar para o chão.
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  Em sua mente ela concordava com a colocação dele, envergonhada por tal situação. %Amelia% não queria se passar como a garota estranha que mora ao lado, mas após anos tentando se mostrar alguém normal para as pessoas à sua volta, curiosamente ela não sentia a necessidade de se esforçar tanto perto dele, apenas queria ser o mais natural possível, mesmo que este natural fosse assustador.
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  — Não precisa pedir desculpas — continuou ele, rindo baixo —, mas em troca, poderia me dizer a causa do seu desmaio.
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  — Me desculpe — repetiu, como uma negativa às palavras dele.
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  — Entendi. — Seu riso foi rápido e fechado. — Significa que não quer falar.
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  — Não posso — corrigiu ela, voltando o olhar para ele. — Acredite, me acharia ainda mais estranha do que pareço.
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  — Por que eu te acharia estranha? — indagou %Jeremy%, percorrendo seu olhar por todo o corpo da garota.
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   %Amelia% já não era mais uma criança para o mundo, porém, aos olhos dos garotos, seus 14 anos ainda a agraciou com um sorriso meigo e o olhar ingênuo de sempre. Ao contrário das líderes de torcida populares do ensino médio, a jovem nunca havia atraído atenção para si, apesar de conquistar a simpatia e companhia de poucos colegas de classe e até integrar o seleto clube de leitura formado pelo charmoso professor Han.
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  — Talvez por estar aqui fora a esta hora, no meio da madrugada. — Completou ele, para suavizar suas palavras.
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  — Talvez. — Concordou ela, sentindo um pouco de conforto pelo ponderar de suas palavras.
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  — Hm. — Ele se remexeu no parapeito, para encaixar as costas de forma que não o machucasse, mantendo o olhar fixo nela, fazendo-a ficar constrangida.
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  Porém, %Amelia% não se conteve em não retribuir, e permaneceu o encarando por alguns minutos até que novamente entrou em transe, com sua mente sendo mais uma vez transportada para a visão do prédio em chamas. %Jeremy% logo notou que havia algo errado com a garota e, se lembrando do ocorrido na manhã anterior, se levantou da janela rapidamente para se aproximar dela, foi em questão de segundos que o corpo de %Amelia% desfaleceu, caindo ao chão sendo, por sorte, amparado por ele a tempo.
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  — %Amelia%… — sussurrou ele, chamando-a pelo nome que sua mente tanto reproduziu ao longo do dia. — %Amelia%, acorde.
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  Assim como anteriormente, a temperatura do corpo da garota se elevou, deixando o rapaz ainda mais preocupado e desnorteado. Pegando-a no colo, olhou para ambas as janelas dos quartos sem saber para onde iria, o seu ou o dela. Uma dúvida que resolveu não levar adiante, quando seguiu para sua janela e com cuidado passou por ela, seguindo para colocá-la em sua cama. %Jeremy% não sabia o que fazer, mas estava certo que poderia causar sérios problemas para ela se o policial John o encontrasse saindo do quarto da filha. O rapaz não se importava consigo mesmo, contudo, não queria arrumar confusão para a garota.
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  — %Amelia% — chamou novamente, ao encostar a mão direita na testa da garota, sentindo-a quente além do normal.
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  Voltando o olhar para a porta, tentou pensar em algo, quando se lembrou de alguns treinamentos de primeiros socorros que teve por causa de sua mãe. Correndo até o banheiro, pegou uma toalha e a umedeceu com água fria para ajudar, retornando ao quarto, colocou na testa de %Amelia%, com a intenção de baixar sua febre.
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  — Hum… — As pálpebras da garota se mexeram, então seus olhos se abriram suavemente.
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  Com a vista embaçada inicialmente, ela sentiu a cabeça turva e pesada, até que foi voltando ao eixo. Seus olhos se arregalaram quando finalmente se deparou no quarto de %Jeremy%, que a observava num misto de alívio e choque.
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  — O que estou fazendo aqui? — perguntou ela ao erguer o corpo no susto, se encolhendo com vergonha. — O que aconteceu?
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  — Você entrou em transe, como aconteceu ontem no batalhão e… — Ele não tinha palavras mais suaves para se expressar. — Seu corpo desabou, ficando inconsciente.
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   %Amelia% respirou fundo, não querendo admitir que ele pudesse ter sido o gatilho para o retorno da visão, o que jogou por terra seu receio de dormir, aumentando ainda mais sua angústia em pensar que visões assim poderiam se tornar recorrentes como os sonhos reais e acontecer a qualquer hora do dia em qualquer lugar.
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  — Eu preciso voltar pra casa — disse ela. Ao se levantar bruscamente e sentir tontura com o rompante: — Ai.
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  — Ei, vai devagar — aconselhou ele ao apoiá-la colocando sua mão esquerda no centro das costas dela, enquanto a direita segurava em seu braço. — Você acabou de ter outro desmaio e seu corpo está muito quente.
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   %Mia%, que fechou os olhos para se recompor, assim que os abriu, percebeu o quão próximos ambos estavam. O suficiente para fazer seu coração acelerar, causando uma sensação de ansiedade nunca sentida por ela, não mediante a um ocorrido como aquele. Estar tão perto de um garoto, mais velho que ela e intrigante como ele. E sim, aquela estava sendo a primeira vez que a singela Grimes se via tão próxima de um menino, afinal, seu dom sempre a mantinha parcialmente afastada das pessoas, não se deixando ter amizades mais profundas ou algo do tipo.
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  — Obrigada — sussurrou ela ao se afastar, sentindo suas bochechas corarem de vergonha.
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  — Tem certeza que está bem para voltar? — indagou ele, preocupado.
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  — Sim, eu vou ficar bem… — %Mia% manteve o olhar confiante, forçando um sorriso singelo. — É apenas emocional, já vai passar.
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  — Hum… Espere um minuto — pediu %Jeremy%, se afastando e seguindo até o guarda-roupa.
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   %Amelia% manteve o olhar curioso, tentando entender o que ele tanto procurava, enquanto o rapaz pegou uma blusa de moletom e esticou para ela.
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  — Veste isso, está frio lá fora — disse ele, esperando a reação dela.
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  — Não precisa. — %Amelia% tentou recusar. — Eu moro aqui do lado.
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  — Eu insisto. — %Jeremy% manteve o olhar sério e fixo nela.
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  Assim, %Amelia% assentiu pegando a blusa e a vestiu de imediato. Então pôde finalmente retornar para seu quarto na janela ao lado.
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  Se ela contasse ao pai a loucura que havia vivido naquela madrugada…
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  Os dias foram passando, com %Amelia% se esforçando para suportar os sonhos enquanto dormia, e agora as visões estando acordada. Para a garota que sempre sentia seu físico cansado devido ao cansaço mental, todos os dias ela acordava se sentindo como se passasse a noite em um campo de batalha lutando em meio à guerra. E para alguém que desejava pelo menos manter as aparências de uma vida normal, seu rendimento na escola era uma preocupação que não podia deixar para depois.
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  — Tia Margo? Por que está me ligando? — perguntou a garota, assim que entrou em casa, atendendo o celular.
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  — Boa tarde, minha confeiteira favorita. — A voz animada da policial, deixou-a intrigada.
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  — Tia Margo? — insistiu %Amelia%, esperando pelo pedido de algum favor.
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  — Por favor, não me veja como uma tia mercenária que só liga para pedir favores — reclamou ela, do outro lado da linha.
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  — Eu não disse nada. — A garota segurou o riso, mas sabia mesmo o motivo da ligação.
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  — Mas sim, desta vez é para pedir um favor — contou a policial, dando um risada boba.
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  — O que a senhora deseja? — indagou %Amelia%, curiosa pelo pedido da vez.
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  — Digamos que eu tenha prometido algo ao chefe Brown e não tenha habilidade suficiente para cumprir — explicou Margareth, de forma enigmática.
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  — Quer que eu faça algo no batalhão? — perguntou a menina.
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  — Não precisa ser lá, mas eu prometi uma torta de maçã para o café da tarde dos rapazes hoje, mas não queria comprar em nenhum lugar, e como minha afilhada é a melhor no que faz… — Seu tom de bajulação fez a garota segurar o riso.
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  — Tudo bem, tia Margo, eu faço a torta — assentiu %Amelia%, o óbvio.
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  Encerrando a ligação, a garota se dirigiu para a cozinha e pegou alguns ingredientes, puxando em sua memória a receita infalível que tinha aperfeiçoado do pai. Para ajudar nas despesas com seu tratamento, o curso de confeitaria, assim como as muitas compras no supermercado para seus testes culinários e os momentos pai e filha na cozinha, %Amelia% havia pensado em fazer algumas tortas por encomenda e vendê-las para o senhor Voith, dono da cafeteria próxima a sua casa. Uma sugestão, que mais parecia indicação, da senhora Poppy.
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  — Hum… Vamos começar pelos ingredientes da massa — disse ela, indo lavar suas mãos.
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  Quando o assunto era cozinhar, %Amelia% até mesmo se esquecia de seus problemas e das visões perturbadoras, era somente ela e o universo que tanto a deixava fascinada.
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  Assim que chegou no batalhão, ela cumprimentou a equipe de paramédicos que estava no horário de descanso, informando que havia levado a melhor torta de maçã que eles comeriam na vida. Não demorou muito até que o caminhão pipa e o carro de resgate chegassem, fazendo a equipe do café aumentar.
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  — Bem que eu senti um cheiro diferente quando chegamos — comentou Bob, assim que entrou e viu a garota. — Não me diga que a Margo te ligou de novo.
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  — Sim. — %Amelia% riu ao se lembrar que não era a primeira vez dela ali, levando comida aos bombeiros.
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  — Ela sempre faz isso — afirmou o capitão Casey, ao se sentar no sofá. — Ela sempre nos promete comida e, no final, é você e o detetive John que nos alimentam.
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  — Bem, ela nos ajuda com a compra dos ingredientes às vezes, então já é um começo, não acha? — A garota tentou defender a tia sem muito sucesso, rindo de leve.
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  Por um curto espaço de tempo, tudo parecia tranquilo para ela, até que o capitão Watts chegou acompanhado do filho, deixando-a surpresa. O olhar discreto de %Jeremy% permaneceu nela todo o tempo em que todos degustavam as duas formas de torta que ela levou, até que mais um chamado soou, fazendo todos largarem seus talheres e correr aos carros. Já somava três semanas que incêndios criminosos estavam ocorrendo em prédios comerciais na região leste do centro, e os comentários de John para a filha sobre o ocorrido, a deixavam mais apreensiva em saber que o pai havia sido designado para investigar o caso.
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  Com todos fora e o lugar vazio, os únicos presentes eram ambos os jovens que, em silêncio, foram recolhendo os pratos sujos e guardando as sobras na geladeira. %Amelia% evitou olhá-lo para que não houvesse nenhum gatilho que lhe causasse o transe novamente, pois agora com suas visões, o padrão dos sonhos reais tinha mudado, não tendo mais uma contagem pré-definida de dias entre os ocorridos.
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  — Se precisa me dizer algo, apenas diga... — disse %Jeremy% ao perceber seu esforço em não o olhar.
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  — Hum? — %Amelia% se assustou com a ação dele, interrompendo o silêncio, então parou o que fazia e o olhou com surpresa. — Falou comigo?
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  — Que eu saiba... — Ele olhou em sua volta, mostrando com gestos que estavam sozinhos. — É a única pessoa aqui comigo.
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  — Por que acha que preciso te dizer alguma coisa? — indagou ela.
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  — Porque desde o dia em que nos conhecemos seus olhos sempre estão em minha direção. — Sua afirmação fez o corpo de %Amelia% estremecer, pelo fato de ser tão real. — E agora está se esforçando para não me olhar, e confesso que me sinto curioso pelo motivo.
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  — Não há um motivo — disse ela, ao abrir a geladeira e guardar a garrafa de suco, fechando em seguida. — E não é por sua causa que tenho aquelas crises.
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  — Não foi isso que eu disse. — Ele encostou na parede e cruzou os braços mantendo o olhar fixo nela. — Mas é por minha causa, não é?
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  — Por que seria? — retrucou %Amelia% mantendo o olhar nele também.
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  — Eu ouvi seu pai falando ao telefone, sobre você — contou ele, num tom tranquilo e espontâneo. — Mencionou algo que ocorreu no dia em que eu e meu pai nos mudamos para cá.
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  — Você ouve a conversa dos outros? — Ela tentou se fazer de indignada.
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  — A porta estava entreaberta, não foi culpa minha — ele se defendeu. — Mas ouvi quando ele disse que alguma coisa ou alguém estava sendo o gatilho para suas… Qual foi a palavra mesmo? Visões.
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  — Isso não é da sua conta. — %Mia% se virou e seguiu para sentar no sofá, ficando ao lado do cachorro que dormia despreocupadamente.
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  — Se for algo relacionado a mim, acho que é sim — insistiu ele, permanecendo onde estava. — E algo me diz que sim, está no seu olhar e na forma com que reage perto de mim.
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  De frente para ela, seu rosto manteve a seriedade, porém permanecendo suave.
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  — Se eu te dissesse, não acreditaria — retrucou ela.
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  — Experimente dizer — instigou ele, intrigado com o que poderia ser. — Talvez eu acredite.
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Na escuridão, eu fecho as portas 
e em silêncio sinto-me impotente.
- Promise / EXO

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Lelen

IHA! Finalmente os dois se encontraram e trocaram palavras. O Jeremy parece ser fofo em certo nível HAHAHAH 
Eu tava com medo de o incêncio já estar acontecendo e tava “ah pronto, morreu todo mundo” KKKKKK 
Então… Incêndios criminosos, hein? HUM. Pelamor, salva o povo tudo, não tem um personagem aqui que eu não goste e poderia morrer que eu não me importaria HASODBAHSDOPB 
Tá, talvez a Clair, mas ela tá só lá existindo por enquanto, então deixa ela lá quieta. LOLOLOLOL 
SOCORRO QUE EU QUERO SABER COMO VAI SER ESSA CONVERSA DOS DOIS. MIMDÊ. OBRIGADA. 

Pâms

kkkkkkkkkkkkkkk

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