Sexto Capítulo
Tempo estimado de leitura: 14 minutos
A casa estava em silêncio. Todos os amigos estavam finalmente entregues ao descanso, depois de um dia cheio de atividades, risos e pequenos conflitos. No entanto, Seonghwa não conseguia encontrar paz. Estava deitado no sofá da sala, os olhos fixos no teto, sem conseguir dormir. O som suave da respiração dos outros ecoava pela casa, mas seu pensamento estava distante, perdido em memórias frescas.
Ele havia tentado adormecer, mas a imagem de %Amélia% ainda pairava em sua mente. Não era só a provocação constante que ela lançava, nem o jeito irreverente com que a desafiara durante o dia. Era algo mais sutil. Algo na maneira como ela o encarava, como desafiava seus limites sem realmente ultrapassá-los. Algo no brilho em seus olhos que, à medida que o tempo passava, parecia se tornar cada vez mais interessante.
Seonghwa riu baixinho para si mesmo, balançando a cabeça.
— Eu sou ridículo — murmurou, fechando os olhos por um momento. — Pensando demais em tudo isso.
Mas não conseguia evitar. %Amélia% tinha essa capacidade de deixá-lo fora de controle, de desestabilizar até mesmo a sua confiança. Quando estavam perto, ele sentia uma tensão no ar, algo que não poderia ser ignorado. Às vezes parecia que ela gostava de mexer com seus nervos, de deixá-lo inseguro, mas, ao mesmo tempo, ela sempre tinha algo de vulnerável, de não totalmente distante.
A brisa que entrava pela janela aberta na sala foi o que finalmente o fez se levantar. Ele andou até a janela, olhando para o céu escuro, iluminado pelas estrelas. A noite era calma, mas no fundo de sua mente, um turbilhão de pensamentos não o deixava descansar.
"Por que ela tem esse efeito sobre mim?" %Amélia%. Ela não era como as outras pessoas. Havia algo nela que o atraía, mas ao mesmo tempo, ele não sabia se devia deixar isso tomar o controle. Eles tinham uma química inegável, mas a dinâmica entre eles estava se tornando cada vez mais confusa. Era uma mistura de provocações, olhares furtivos e desafios disfarçados.
Seonghwa balançou a cabeça e se afastou da janela, indo até a cozinha para pegar uma bebida, tentando acalmar a mente. Ele se apoiou na bancada, respirando fundo.
"Será que ela sente o mesmo?" A dúvida o consumia. Havia momentos em que ele sentia que ela estava testando seus limites de maneira consciente, provocando-o de forma quase estratégica. Mas será que tudo isso era apenas um jogo para ela? Ou havia algo mais por trás da maneira como ela o olhava? Ele não sabia. E isso o frustrava profundamente.
Lembrou-se de quando estavam na praia, com a tensão crescente entre eles. Cada palavra dita parecia carregada de um significado oculto, cada olhar parecia esconder algo mais profundo. E a cena no restaurante, quando ela o encarou com aquele sorriso provocador, fez sua mente correr ainda mais rápido. Ele não conseguia parar de pensar nela, não conseguia esquecer a sensação da sua presença, nem o jeito como ele reagia a ela. Não era como se ele estivesse perdendo o controle, mas parecia que algo maior estava se formando ali, e ele não sabia como lidar com isso.
Quando voltou ao sofá, sentou-se, cruzando os braços, pensando nos outros amigos dormindo tranquilamente. Ele sentiu o peso do silêncio na casa, o que o deixava mais ciente de seus próprios pensamentos.
"Eu não posso deixar isso me dominar. Não posso me entregar à tentação dela..." Mas, por outro lado, uma parte dele queria. Queria ver até onde isso iria, explorar o que havia entre eles, mesmo sabendo que isso poderia significar complicações. A questão era se ele deveria ou não dar o primeiro passo. Talvez fosse melhor manter a distância. Ou talvez, fosse hora de finalmente confrontar os próprios sentimentos.
Ele se deitou novamente no sofá, fechando os olhos, mas o sorriso que %Amélia% lhe lançara durante o dia, ainda estava gravado em sua mente. "
Ah, %Amélia%... você não facilita nem um pouco, não é?" pensou consigo mesmo.
E, embora estivesse cansado, Seonghwa sabia que não poderia simplesmente dormir e esquecer. A tensão, o desejo e a incerteza sobre o que sentia por ela iriam continuar a assombrá-lo por um bom tempo.
🌟🌟🌟🌟
%Amélia% se levantou da cama, sentindo o calor que invadia o ambiente. A noite estava quente, e mesmo com o ventilador ligado, não conseguia dormir direito. Levantou-se com um suspiro e caminhou até a cozinha, decidida a pegar um copo d'água.
O silêncio na casa era reconfortante, mas ela não pôde deixar de notar como a escuridão trazia uma sensação de mistério. Ela sabia que todos estavam dormindo, e o ambiente tranquilo da cozinha parecia ser o refúgio perfeito para escapar do calor e da mente agitada. No entanto, ao abrir a geladeira e pegar a garrafa de água, ela ouviu um leve barulho vindo da sala.
Virou-se rapidamente e viu Seonghwa. Ele estava sentado no sofá, os olhos fechados, aparentemente perdido em seus próprios pensamentos. O silêncio entre os dois aumentou a tensão, e %Amélia% sorriu de maneira travessa. Não era como se ela não soubesse o efeito que causava nele. Ela estava ciente de como ele ficava desconcertado com a proximidade deles, mas se perguntava até onde ele iria.
Ela se aproximou dele, sem esconder o sorriso provocador no rosto. Ele a observou com um olhar que misturava cansaço e algo mais — algo que ela não conseguia identificar ainda, mas que a fazia se sentir desafiada.
— Ah, Seonghwa... o que está fazendo acordado a essa hora? Não conseguiu dormir por causa do calor também? — ela perguntou, a voz doce e sarcástica, como sempre.
Ele a observou por um momento, antes de responder com um sorriso irônico.
— Você sabe bem o motivo de eu estar acordado… — disse ele, se levantando lentamente. — Você parece gostar de me incomodar, não é, %Amélia%?
Ela deu uma risada baixa, passando os dedos pelos cabelos, sempre com aquele ar de indiferença.
— Eu? Incomodar você? Não seja dramático, Seonghwa. Eu só estava indo pegar um pouco de água — ela disse, balançando a garrafa na frente dele. — Mas, já que você está acordado, quem sabe possa me fazer companhia.
A atmosfera entre os dois parecia tensa. Ambos estavam se provocando, mas havia algo mais no ar. %Amélia% podia sentir a energia elétrica, a tensão crescente entre eles. Não era mais apenas um jogo de palavras e olhares; era como se algo estivesse prestes a acontecer, algo que nenhum dos dois queria admitir.
Seonghwa deu um passo à frente, fechando a distância entre eles. Seus olhos brilharam com uma intensidade que fez o coração de %Amélia% disparar. Ele estava mais próximo do que ela esperava, e a provocação em seu olhar deixou claro que ele não estava mais se segurando.
— Você realmente gosta de testar meus limites, não é? — ele murmurou, a voz mais baixa agora, como se estivesse saboreando o momento. Ele se aproximou ainda mais, até que estavam tão perto que ela podia sentir o calor dele.
%Amélia% olhou para ele, desafiadora.
— Não sabia que você tinha tantos limites, Seonghwa… — respondeu com um sorriso malicioso. — Achei que fosse mais resistente.
Ele a encarou por um momento, o ambiente ao redor deles parecia desaparecer. Tudo estava calmo, exceto o ritmo acelerado de seus corações. Os olhos de Seonghwa desceram para os lábios dela, e %Amélia% sentiu sua respiração se tornar mais pesada. Ela percebeu a mudança no ar — não era mais apenas uma provocação. Havia algo mais ali, algo profundo, algo que nenhum dos dois queria admitir.
Então, sem avisar, ele a puxou levemente, e seus lábios se encontraram em um beijo inesperado. Não foi algo suave ou tímido. Foi intenso, cheio de tensão acumulada e desejo não dito. Os dedos de Seonghwa se entrelaçaram nos cabelos dela enquanto ela correspondia, o que só aumentava a chama que estava se acendendo entre eles.
O beijo foi curto, mas carregado de tudo o que haviam escondido até aquele momento. Quando se afastaram, ambos estavam sem fôlego, e a tensão entre eles nunca parecera tão palpável. %Amélia% olhou para ele com um olhar desafiador, mas algo em seu olhar havia mudado. Ela sabia que as coisas entre eles tinham mudado, mas não sabia o que isso significava.
— Isso... isso não era parte do plano, Seonghwa… — ela disse, com um sorriso nervoso, tentando manter a postura.
— Eu sei… — ele respondeu, quase com um sorriso travesso. — Mas quem disse que sempre seguimos o plano?
O silêncio pairou entre eles, mas agora era um silêncio diferente. Era um silêncio carregado de algo novo, algo que nenhum dos dois estava disposto a explorar ainda, mas que, sem dúvida, começava a dominar suas mentes.
%Amélia% estava ainda atordoada pela proximidade, mas não teve tempo de refletir sobre isso. Antes que pudesse se afastar ou reagir, Seonghwa, com um impulso repentino, a puxou para mais perto outra vez. O movimento foi brusco, sem aviso, e seus corpos se alinharam de maneira que a respiração dele se misturava com a dela. E
le não deu espaço para uma resposta. Quando os lábios dele finalmente tocaram os dela novamente, a sensação foi como um choque elétrico. O calor que os envolvia parecia intensificar a química entre eles, e %Amélia%, mesmo tentando resistir, não conseguiu negar a força daquele beijo. Era urgente, cheio de uma pressão silenciosa que crescia no peito dela a cada segundo. As mãos dele a seguravam com firmeza, como se a sensação de finalmente tê-la em seus braços fosse algo que ele não queria soltar.
O beijo foi mais do que simples desejo... Era uma mistura de frustração, raiva contida e uma atração que eles tentaram esconder por tanto tempo. %Amélia%, sem saber como reagir, passou as mãos pelos ombros dele, tocando o peito de Seonghwa de forma hesitante. Mas logo, a realidade começou a se infiltrar em sua mente.
Ela não poderia estar fazendo aquilo. Não podia ser assim. Foi quando a mente dela finalmente processou o que estava acontecendo e, com um movimento brusco, ela empurrou Seonghwa para longe, quebrando o contato. O coração dela estava acelerado, e o calor do beijo ainda pulsava em seus lábios. Seus olhos estavam abertos e atônitos, mas a raiva logo tomou conta dela.
– Isso não pode acontecer! Não vai mais acontecer… – ela exclamou, com a voz tremendo, mas cheia de firmeza. Seus olhos estavam furiosos, como se ela estivesse tentando se convencer de que aquilo era errado. A sensação de estar perdendo o controle a deixou ainda mais irritada. Ela deu um passo atrás, afastando-se dele. – Você não tem o direito de fazer isso, Seonghwa.
Seonghwa ficou parado, um pouco surpreso com a rapidez com que ela o afastou, mas logo a raiva dele também começou a tomar conta. Ele a encarou com os olhos sombrios, como se o que tivesse acontecido fosse uma provocação que ele não podia aceitar.
– Eu não te forcei a nada, %Amélia%… – disse ele, a voz carregada de frustração. – Você mesma se deixou levar. Não venha agora me acusar de fazer algo que você também quis.
%Amélia% sentiu a pressão nos ombros, o peso de suas palavras deixando-a ainda mais irritada.
– Você sempre faz isso! Provoca, provoca e depois joga a culpa em mim! Não é assim que funciona Seonghwa. – Ela disse, os olhos fixos nos dele. O que ela sentia era uma mistura de raiva e confusão, uma batalha interna que ela não conseguia ganhar.
Ele se aproximou, como se quisesse continuar a discussão, como se não fosse capaz de deixar a última palavra.
– Então, me diga, o que aconteceu aqui, se não foi o que você queria também? – Ele estava sem paciência, as palavras saindo de forma ríspida, cortante. – Você acha que é fácil ficar perto de você e não sentir isso? Você me provoca o tempo todo e depois me diz que não pode...
Ela não queria mais ouvir. %Amélia% sabia onde isso ia parar, e não queria que as coisas piorassem. Não queria mais se envolver nisso.
Ela virou as costas e caminhou em direção à porta da cozinha, sem se importar com a raiva e as palavras não ditas de Seonghwa atrás de si.
– Eu não vou continuar essa conversa. Não agora. – Ela disse, a voz firme, sem olhar para ele. – Isso não vai mais acontecer, e você sabe disso.
Ela saiu da cozinha sem mais palavras, deixando Seonghwa ali, com a raiva pulsando nas veias e a confusão crescendo em sua mente. O que tinha acontecido entre eles não era algo que ele soubesse como lidar, mas ele não podia negar o desejo de voltar atrás e corrigi-lo. No entanto, ele também sabia que agora, talvez, fosse tarde demais.