A casa estava um verdadeiro caos enquanto todos começavam a se arrumar para a tão aguardada virada do ano. O som de portas abrindo e fechando, secadores de cabelo, músicas animadas e risadas ecoavam por todos os lados. Em meio a toda a correria, San apareceu no corredor com uma expressão preocupada, procurando por %Sophia%.

  Ele a encontrou no quarto dela, ajustando um brinco em frente ao espelho.

  — %Sophia%! — chamou ele, entrando rapidamente no cômodo, quase sem bater na porta.

  — Que susto, San! — ela reclamou, virando-se com uma expressão indignada. — O que você quer?

  — Ajuda. — San colocou as mãos juntas em um gesto quase teatral de súplica. — Estou perdido com a minha roupa, e... esqueci minha base e meu pó compacto na cidade. Não sei o que fazer.

  %Sophia% cruzou os braços, arqueando uma sobrancelha enquanto o olhava de cima a baixo.

  — E você me escolheu por quê?

  — Porque você é a pessoa mais estilosa daqui. E, bom, eu confio em você — respondeu ele, sorrindo de um jeito que a desarmou.

  — Certo, certo — ela suspirou, desistindo de resistir. — Me mostra o que você tem de opções.

  San abriu um sorriso largo, pegou no pulso dela e praticamente a arrastou até o quarto dele. No quarto, várias roupas estavam jogadas na cama em uma verdadeira bagunça. %Sophia% soltou uma risada.

  — Isso aqui está pior que um campo de guerra.

  — Por isso preciso de você — ele respondeu, apontando para a bagunça. — Eu não sei o que combinar.

  %Sophia% revirou os olhos, mas começou a olhar as peças. Depois de alguns minutos, ela tirou uma calça de linho preta e uma camisa branca, dobrada com cuidado.

  — Aqui. Essa calça e a camisa branca. Com um colar e pulseiras, vai ficar perfeito.

  San olhou para a escolha dela e sorriu.

  — Eu sabia que você era a melhor!

  — Agora vai se trocar logo — ela respondeu, empurrando-o para o banheiro com as roupas. — E rápido! Ainda tenho que te maquiar.

  — Sim, senhora! — ele brincou, fechando a porta do banheiro.

  Poucos minutos depois, San reapareceu, agora impecável na roupa que ela havia escolhido. %Sophia% observou o conjunto com um sorriso satisfeito.

  — Eu disse que ficaria bom — comentou ela.

  — Mas ainda estou pálido. Não pode me abandonar agora — disse San, sentando-se na beirada da cama, esperando que ela fizesse a mágica com a maquiagem.

  %Sophia% pegou sua nécessaire e se sentou de frente para ele, inclinando-se para analisar o rosto dele. Com cuidado, começou a passar a base no rosto de San, o silêncio entre os dois preenchido apenas pelo som da música distante na sala.

  Conforme o tempo passava, os olhares começaram a se prolongar. %Sophia% estava focada em seu trabalho, mas, de vez em quando, San a olhava com um sorriso pequeno, como se estivesse se divertindo só em vê-la tão concentrada.

  — Para de me olhar assim — murmurou %Sophia%, sem desviar os olhos da aplicação.

  — Assim como? — ele perguntou, com a voz baixa e provocante.

  — Com essa cara de quem está aprontando alguma coisa.

  — Não estou aprontando nada — respondeu ele, rindo baixo. — Só estou aproveitando o momento.

  %Sophia% rolou os olhos, mas sentiu o coração bater mais rápido. Com o pó compacto aplicado e o rosto de San uniformizado, ela pegou o lip tint e inclinou-se novamente, segurando o rosto dele entre os dedos.

  — Só para dar uma corzinha, tá? — avisou, quase sussurrando.

  San ficou quieto, os olhos presos no rosto dela enquanto %Sophia% passava o produto com cuidado nos lábios dele. A proximidade entre os dois era palpável, e o olhar dele parecia mais intenso a cada segundo.

  Quando ela terminou e tentou se afastar, sentiu as mãos dele segurando firme em sua cintura, impedindo-a de ir. %Sophia% congelou, surpresa, os olhos arregalados enquanto encarava San.

  — San...? — ela começou, mas a voz sumiu quando ele falou, baixo:

  — E nós dois? Quando vamos nos acertar, %Sophia%?

  %Sophia% piscou algumas vezes, como se tentasse absorver aquelas palavras. O coração dela batia tão rápido que parecia ecoar em seus ouvidos.

  — O quê...?

  — Você ouviu. — A voz dele era firme, mas ao mesmo tempo suave. — Faz tempo que isso está no ar, mas a gente fica fingindo que não percebe.

  Por um momento, ela não respondeu. Ficaram ali, parados, com os olhos presos um no outro. Então, San sorriu de lado e, sem esperar mais, aproximou-se lentamente, buscando uma confirmação nos olhos dela. Quando %Sophia% não recuou, ele fechou a distância entre eles, selando seus lábios nos dela em um beijo calmo, mas cheio de sentimento.

  %Sophia% demorou apenas um segundo para corresponder, as mãos deslizando lentamente para os ombros dele. O beijo foi ganhando intensidade, como se ambos estivessem finalmente cedendo a algo que tinham segurado por tempo demais.

  Quando se afastaram, ofegantes e com os rostos próximos, San sorriu de um jeito que misturava alívio e provocação.

  — Agora sim, acho que estou pronto para a virada.

  %Sophia% riu baixinho, ainda sentindo o coração disparado.

  — Você é impossível...

  — E você gosta disso — ele respondeu, dando um beijo rápido na ponta do nariz dela antes de soltá-la.

  %Sophia% balançou a cabeça, sorrindo, enquanto San se levantava. O clima entre eles havia mudado, mas era como se tudo tivesse finalmente se encaixado. A virada do ano estava prestes a começar, mas, para eles, algo muito mais importante já tinha começado ali.

  A casa estava movimentada e animada enquanto todos se arrumavam para a virada do ano. Os quartos eram tomados pelo som de risadas, música alta e comentários divertidos conforme os amigos escolhiam suas roupas, finalizavam os penteados e ajustavam os últimos detalhes das maquiagens. O clima de expectativa estava no ar, e a felicidade de estarem juntos naquele momento era quase palpável.

  — Alguém viu meu brinco? — gritou %Lia% do corredor.

  — Está na pia do banheiro! — respondeu Hongjoong, aparecendo com os cabelos recém-arrumados e um sorriso orgulhoso.

  Yunho e %Bianca% estavam terminando de ajudar um ao outro com acessórios, enquanto Yeosang ajeitava o vestido de %Giovana%, que reclamava que a sandália dela não combinava com nada. Jongho ria do canto da sala, enquanto %Marina% o puxava pela gravata, dizendo que ele precisava parar de implicar. %Letícia% e Wooyoung, por sua vez, já estavam prontos e aproveitavam para tirar algumas selfies juntos na sala.

  Quando finalmente todos começaram a se reunir na área comum da casa, prontos para sair, perceberam que %Amélia% e Seonghwa ainda não tinham aparecido.

  — Ué, cadê o casal que acordou junto? — provocou Mingi, arrancando risos gerais.

  — Eles estão se arrumando ainda? — perguntou %Lia%, olhando ao redor.

  Nesse momento, Seonghwa apareceu no topo da escada, vestindo apenas metade da roupa, ainda ajeitando os botões da camisa. Ele parou ao ver todos esperando e deu de ombros com uma expressão tranquila.

  — Se vocês quiserem, podem ir na frente — disse ele, calmamente. — Eu tenho uma cópia da chave da casa, então dá para mim e a %Amélia% irmos depois.

  Por um segundo, houve silêncio, até que Mingi soltou a primeira risada alta e debochada.

  — Ah, sei... Querem um momento sozinhos, né? — disparou ele, com uma expressão maliciosa.

  — Olha eles! — Wooyoung entrou na brincadeira, batendo palmas. — Não querem ser incomodados, está certo.

  — Seonghwa, pelo amor de Deus, nem tenta disfarçar! — Yunho acrescentou, rindo enquanto apontava para ele.

  — Não é nada disso! — %Amélia% gritou do quarto, claramente envergonhada. — Só estamos atrasados!

  — Sei, sei... — provocou %Giovana%, com um sorriso. — Tudo bem, gente, deixa os dois terem o momento romântico deles.

  Seonghwa suspirou, ajeitando a gola da camisa com um olhar impassível, embora o leve tom de rosa em seu rosto entregasse o embaraço.

  — Vocês são insuportáveis — respondeu ele, descendo os degraus calmamente.

  — Mas vocês amam a gente! — gritou %Marina%, arrancando mais risadas de todos.

  %Amélia% finalmente apareceu ao lado de Seonghwa, ajeitando o cabelo, o rosto levemente corado.

  — Ainda faltam uns ajustes, mas já estamos quase prontos — ela disse, tentando ignorar os olhares divertidos dos amigos.

  — Quase? — Mingi cruzou os braços, claramente segurando o riso. — Sei, sei...

  — Já podem ir juntos depois, né? — murmurou Jongho, baixo o suficiente para todos ouvirem, fazendo o grupo explodir em gargalhadas e zoações.

  Seonghwa suspirou fundo, passando direto pela turma com um olhar ameaçador — mas brincalhão — para Mingi, que ria tanto que mal conseguia respirar.

  — A gente não vai demorar — %Amélia% disse, tentando soar firme, mas o leve sorriso nos lábios a entregou.

  — É, é... Vocês podem ficar à vontade — provocou Wooyoung, arqueando as sobrancelhas com um sorriso malicioso.

  — Tá bom, gente! Já deu, né? — Seonghwa cortou, ajeitando a camisa. — Se estão com tanta pressa, vão na frente!

  Yunho riu e deu de ombros, puxando o grupo para a porta.

  — Bora, galera! Quem tem pressa sou eu, quero garantir um lugar bom na areia!

  — Melhor deixar os dois resolverem a "quase prontidão" com calma — Hongjoong completou, arrancando mais risadas.

  %Amélia% revirou os olhos, mas não conseguiu segurar o riso ao ver todos saindo finalmente pela porta, ainda trocando comentários e piadas baixas.

  — Até daqui a pouco, casal! — gritou %Giovana% antes de sair, recebendo um olhar fuzilante de Seonghwa.

  Quando a porta se fechou, o silêncio se instalou pela casa. Seonghwa soltou um longo suspiro, finalmente relaxando os ombros.

  — Eles não têm jeito mesmo — ele murmurou, balançando a cabeça.

  %Amélia% soltou uma risadinha, virando-se para ele.

  — Pelo menos agora temos paz para terminar de nos arrumar.

  — É, mas por quanto tempo? — Seonghwa rebateu, com um sorrisinho.

  Os dois trocaram um olhar rápido antes de começarem a se apressar para finalmente terminarem de se arrumar, o clima entre eles ainda era leve e repleto daquela energia difícil de ignorar.

  A van parou suavemente em uma área próxima à praia, e a conversa animada do grupo foi ficando cada vez mais abafada pela visão à sua frente. Quando as portas se abriram, a brisa fresca e o som suave das ondas quebrando na areia tomaram conta do ambiente.

  — Uau... — murmurou %Giovana%, saindo primeiro, com os olhos brilhando.

  A praia era deslumbrante. A faixa de areia clara se estendia em direção ao horizonte, quase intocada, com pequenas ondulações formadas pela maré. A água era incrivelmente azul, com tons esverdeados que refletiam a luz do sol. Algumas rochas pontuavam as extremidades, dando um ar quase selvagem e tranquilo à paisagem. Além disso, a praia estava praticamente vazia, como se tivesse sido reservada só para eles.

  — Parece um paraíso escondido — comentou %Bianca%, pegando a mão de Yunho, impressionada.

  — Você se superou dessa vez, Mingi — elogiou %Letícia%, girando no lugar para observar tudo ao redor.

  — Não disse que valeria a pena? — Mingi respondeu, com um sorriso satisfeito no rosto.

  — É mesmo linda... e tão calma — completou %Amélia%, respirando fundo, apreciando o cheiro salgado do mar misturado à tranquilidade do lugar.

  — Perfeita para fotos! — Wooyoung já estava com o celular na mão, mirando em %Letícia%, que riu ao posar exageradamente.

  — E perfeita pra relaxar — Hongjoong disse, esticando os braços, pronto para encontrar um bom lugar na areia.

  — Ou para pegar bebidas, né? — brincou San, correndo para uma das bolsas térmicas que haviam trazido.

  Logo, o grupo começou a se dispersar. %Bianca% e Yunho andaram de mãos dadas em direção ao mar, os pés afundando na areia fofa. %Giovana% e Yeosang já discutiam sobre o surf, enquanto Jongho e %Marina% se afastavam para tirar algumas fotos com a câmera dela. %Sophia%, Hongjoong, %Letícia% e Wooyoung começaram a abrir as mochilas e montar uma pequena área com toalhas, bebidas e snacks, prontos para relaxar.

  Mingi, por outro lado, parou próximo à van e olhou ao redor. Foi quando percebeu que só ele e %Isabela% ainda estavam ali. Ela permanecia parada, observando o cenário em silêncio, como se absorvesse cada detalhe.

  — Tá em choque? — ele brincou, aproximando-se dela com as mãos nos bolsos.

  %Isabela% sorriu de leve, desviando os olhos da paisagem para encará-lo.

  — Quase isso. É que... é muito bonito mesmo. Bem diferente do que eu esperava.

  — Diferente como?

  — Achei que fosse ser uma praia mais cheia, movimentada... com música alta, gente por todo lado. Mas aqui... — ela voltou a olhar para o mar. — É tão tranquilo. Parece um refúgio.

  Mingi assentiu, o sorriso no rosto diminuindo um pouco, ficando mais suave.

  — Esse era o plano. Um lugar onde todo mundo pudesse aproveitar de verdade. Não queria algo caótico.

  — Pois conseguiu — ela respondeu, ainda sorrindo.

  Os dois ficaram ali por alguns segundos, em silêncio, apenas apreciando a vista. O vento bagunçou os cabelos de %Isabela%, e Mingi, sem pensar muito, murmurou:

  — Sabe... às vezes, ficar quieto assim, só olhando o mar, vale mais do que mil festas barulhentas.

  Ela o olhou de canto, surpresa pela observação mais calma do amigo.

  — Ué, filosofando agora?

  — Eu tenho meus momentos — ele respondeu, rindo baixo.

  %Isabela% o acompanhou com um risinho, o clima entre os dois era leve e tranquilo. Mas antes de dizer qualquer coisa, Mingi pigarreou e tirou as mãos dos bolsos, claramente nervoso.

  — Aliás, tem uma coisa... — Ele hesitou, olhando para a areia antes de encará-la novamente. — Fica aqui um minutinho. Promete que não sai?

  — O quê? Por quê? — %Isabela% perguntou, franzindo o cenho, desconfiada.

  — Confia em mim. Só... espera, tá? — Mingi sorriu de forma nervosa, mas sincera, antes de se afastar quase correndo em direção ao grupo.

  %Isabela% ficou parada, confusa, observando o amigo se afastar e cutucar San e Hongjoong em busca de algo. Mingi conversava rápido demais, fazendo gestos exagerados, até que ele voltou, com um sorriso de orelha a orelha e as mãos escondidas atrás do corpo.

  — O que você tá aprontando? — Ela cruzou os braços, desconfiada, mas um pequeno sorriso já dançava nos lábios.

  — Nada demais... Só pensei que, já que você é toda romântica, podia fazer uma coisinha especial. — Ele se aproximou até estar bem em frente a ela, tirando as mãos de trás das costas.

  Mingi segurava uma pequena garrafa de vidro com uma tampa de rolha. Dentro dela, havia uma luzinha — um daqueles pisca-piscas a bateria, mas o efeito era mágico. O vidro refletia a luz, criando uma pequena lanterna delicada que parecia conter estrelas.

  — O que é isso? — %Isabela% perguntou, surpresa.

  — Uma luzinha pra guardar o momento — ele disse, meio envergonhado, passando a mão pelos cabelos. — Sei que você é dessas que gosta de guardar lembranças... Então, pensei em fazer alguma coisa pra você se lembrar de hoje.

  — Você fez isso? Hoje? Agora a pouco? — A voz dela saiu quase em um sussurro.

  — Improvisei — ele riu baixinho. — Usei o que tinha.

  %Isabela% pegou a garrafinha, tocando o vidro delicadamente, como se fosse a coisa mais preciosa do mundo. Seus olhos subiram até os dele, brilhando em uma mistura de surpresa e ternura.

  — É a coisa mais fofa que alguém já fez por mim — ela admitiu, baixinho.

  Mingi sorriu, relaxando os ombros ao ouvir aquilo. Ele deu um passo mais próximo, a voz um pouco mais suave.

  — Bom, então acho que valeu a pena...

  — Mingi... — %Isabela% começou, mas ele a interrompeu com um olhar firme.

  — Eu sei que a gente vive trocando brincadeiras e que talvez eu não pareça muito sério às vezes... Mas eu tô sendo sério agora. Queria muito fazer isso direito.

  — Fazer o quê? — Ela perguntou, embora já tivesse uma ideia.

  — Isso. — Ele respondeu baixinho antes de se inclinar, aproximando o rosto do dela.

  %Isabela% não recuou. O coração dela disparou quando os lábios de Mingi tocaram os seus, suaves e hesitantes no começo, como se ele quisesse ter certeza de que era aquilo que ela queria. Assim que ela correspondeu, os dois se entregaram ao momento. O beijo foi lento, doce e cheio de sentimento, como se estivessem finalmente reconhecendo o que havia entre eles.

  Quando se afastaram, os dois tinham os rostos corados, mas os sorrisos não podiam ser contidos.

  — Sobre isso... — Mingi começou, com a voz baixa e rouca. — A gente pode começar a guardar outros momentos assim, se você quiser.

  %Isabela% riu, o coração ainda acelerado.

  — Acho que eu vou querer, sim.

  Mingi sorriu de volta, os olhos brilhando como as pequenas luzes na garrafinha. E naquele instante, sob o céu que começava a escurecer e o som do mar ao fundo, parecia que tudo estava no lugar certo.