Unter der Haut

  As luzes do palco estavam abaixadas, e o murmúrio da plateia parecia distante, como um zumbido abafado. %Mathilde% estava posicionada atrás da cortina, os batimentos cardíacos tão altos que quase podiam ser ouvidos. Suas mãos estavam geladas, mas seus olhos encontraram os de %Yunho%, e o mundo pareceu voltar ao lugar.

  Ele estendeu a mão para ela, como havia feito na primeira aula.

  — Pronta?

  Ela assentiu.

  — Contanto que você esteja comigo.

  O sorriso dele foi pequeno, mas cheio de promessa.

  — Sempre estou.

  A música começou — suave, envolvente. Um piano lento, como respiração. A cortina se abriu.

  Eles se moveram como água, como sombra e luz. %Mathilde% esquecia onde ela terminava e onde %Yunho% começava. Os corpos se tocavam em giros, ele a erguia do chão, os braços firmes e delicados ao mesmo tempo. Ela se jogava nos braços dele com confiança total. Como se dançar com ele fosse a coisa mais natural do mundo.

  A cada aproximação, a tensão se tornava visível. O público segurava o ar quando ele deslizava as mãos pelas curvas dela, quando ela o puxava pela gola da camisa no passo seguinte. Era mais do que técnica. Era desejo. Era história.

  Quando a música atingiu o ápice, os dois estavam de frente para o espelho no fundo do palco — o reflexo duplicava a intensidade. %Yunho% posicionou-se atrás dela, os corpos colados, e seus olhos se encontraram ali, no reflexo.

  E então ele a virou.

  A coreografia terminava com ela de joelhos, as mãos dele segurando seu rosto. Os rostos colados. A respiração ofegante.

  Não era mais atuação. Nunca tinha sido.

  O palco escureceu.

  Silêncio.

  E então, aplausos. Fortes. Prolongados.

  Nos bastidores, ainda com os corpos aquecidos e os corações acelerados, %Mathilde% caiu nos braços dele, rindo, as lágrimas quase caindo dos olhos.

  — A gente conseguiu… — ela sussurrou.

  %Yunho% a beijou devagar, com os dedos entrelaçados aos dela.

  — E isso foi só o começo.

  Ela sorriu, os rostos ainda colados.

  Porque sim. No fundo, ela também sabia: aquela dança não tinha sido apenas uma performance. Tinha sido uma confissão.