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ATENÇÃO!

História NÃO RECOMENDADA PARA MENORES ou PESSOAS SENSÍVEIS.

Esta história pode conter descrições (explícitas) de sexo, violência; palavras de baixo calão, linguagem imprópria. PODE CONTER GATILHOS

O Espaço Criativo não se responsabiliza pelo conteúdo das histórias hospedadas na sessão restrita ou apontadas pelo(a) autor(a) como não próprias para pessoas sensíveis.

United Dreams

Escrita porPams
Revisada por Natashia Kitamura

História inteiramente escrita por Pâms.


1

Tempo estimado de leitura: 12 minutos

Não há destino escrito nas estrelas, que
não tropece nas pegadas de nossas escolhas.

- Autor desconhecido.

  Toscana, inverno de 2015

  Aquele era mais um inverno solitário, regado a lágrimas de esforço, de uma garota do leste da Toscana. %Beatrice% Martini era a filha mais velha de uma família que pertencia a duas culturas um pouco parecidas. Tinha dois irmãos caçulas e uma mãe atenciosa. Seu pai, um brasileiro determinado e muito audacioso, havia falecido oito anos antes, decorrido de uma derrota para a leucemia. Foi um baque e tanto para ela, que o tinha como uma motivação para alcançar seus sonhos. Não que a senhora Marie, uma italiana de raízes tradicionais, não apoiasse a filha no sonho de ser uma cantora ou atriz de musicais, contudo, para uma mãe que batalhou para criar seus três filhos sozinha, achava perigoso sua primogênita se aventurar no mundo das celebridades e acabar sendo sucumbida pelo lado obscuro de ser famosa.
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  E foi pelos muitos argumentos da mãe após o falecimento do senhor José, que %Beatrice% desistiu dos seus sonhos por um tempo. Mas se há uma coisa relacionada ao destino de alguém, é que quando algo tem que acontecer, não há nada que impeça. Isso se confirmou quando %Beatrice% completou dezenove anos naquele mesmo inverno e sua amiga Lola pediu para ser acompanhada em um teste para um musical no Teatro Della Pergola, o mais famoso da região de Toscana. Ambas compartilhavam o mesmo desejo de estar nos palcos desde a infância; por mais que Martini se distanciara disso, ainda apoiava e incentivava a amiga a continuar.
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  Tudo se transformou quando em meio aos ensaios dos candidatos ao elenco, o diretor Giulie responsável pelas audições do musical The Beauty and the Beast, viu %Beatrice% recitando uma das falas para Lola, a fim de mostrá-la a entonação correta exigida pela cena.
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  — Meu senhor, meu pai não me obrigou, apesar do compromisso que ele possuía com o senhor, mas concordei com este matrimônio por minha livre e espontânea vontade, apesar de jamais me imaginar casando por dinheiro. — %Beatrice% interpretou demonstrando na suavidade de seu rosto a coragem e sutileza da personagem, então abaixou a folha e olhou aamiga. — Entendeu Lola, como você precisa se pronunciar?
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  — Você é perfeita amiga! — Lola se mostrou boquiaberta pela ligeira atuação dela, que parecia se encaixar com perfeição na personagem.
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  — Finalmente, eu encontrei a minha Lady Lewis! — disse o diretor, com um brilho no olhar.
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  As amigas voltaram-se para o diretor com olhares assustados pela aproximação repentina. Martini ainda mais, após a declaração do mesmo a seu respeito.
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  — Desculpe senhor, mas eu não me inscrevi para a audição. — disse a garota, se encolhendo um pouco.
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  — Como assim não se inscreveu? Pois abriremos essa exceção, você é a atriz que eu estava procurando para o meu musical. — afirmou ele com segurança do que dizia.
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  — Me desculpe, mas... Eu não posso. — ela soltou um suspiro cansado e entregou o papel para a amiga. — Eu tenho que ir agora.
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  — Espere. — o diretor a segurou de leve pelo braço, confuso pela reação dela. — Como assim você não pode? Se for pelos horários de ensaio, podemos organizar melhor o cronograma...
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  Giulie Mondrian era tão determinado quanto seus mentores, que o ensinaram a ser assim. Seu olhar clínico para encontrar talentos naturais não tinha fronteiras. E diante dele, havia um botão de rosa que com o cuidado certo, seria a mais bela flor no futuro.
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  — Não é isso, me desculpe. — %Beatrice% se afastou deles, impulsionando seu corpo para correr em direção à saída.
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  — Mas o que eu disse de errado? — o diretor olhou confuso para Lola.
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  Afinal, muitas jovens atrizes se matariam por aquele papel. Se ser uma novata desconhecida e ter a honra de estrelar como a protagonista de um grande espetáculo musical, somente as joias raras conseguiam.
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  — Acredite, diretor Mondrian, é bem mais complexo que se pode imaginar. — comentou Lola.
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  — Diretor, ainda teremos audição? — perguntou a assistente Kim, que presenciara tudo de perto.
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  — Mas é claro que teremos, nosso musical não é um monólogo, precisamos de bailarinos figurantes e antagonistas. — respondeu ele, num tom frustrado, então se voltando para a amiga. — Você...
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  — Eu o quê? — perguntou ela, se assustando novamente com o rompante dele.
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  — Que tal um acordo? — propôs ele.
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  — Depende. — ela se mostrou interessada.
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  — Não posso te prometer o papel principal, pois este já tem dona, entretanto, se você convencer sua amiga a aceitar meu convite, te dou qualquer outro papel que você quiser. — completou ele, ciente do peso de suas palavras. — O que me diz?
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  — Qualquer outro personagem? — reforçou ela.
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  — Sim, tem minha palavra. — assegurou ele.
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  — Não quero sua palavra, mas aceito um contrato assinado com esses termos. — contra ofertou ela, visando a garantia daquela proposta.
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  — Fechado. Assistente Kim, prepare o contrato. — ordenou o diretor.
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  Kim apenas respirou fundo do balançou a cabeça negativamente, já prevendo futuros problemas com esse acordo desesperado.
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  Distante dali, chegando próximo ao ponto de ônibus, %Beatrice% ainda em sua corrida desnorteada, acabou trombando em uma pessoa no meio da rua. No impacto, seu corpo perdeu a estabilidade e se desequilibrou, antes mesmo de cair ao chão a outra pessoa a segurou firme pelo braço, puxando-a para perto. Um abraço inesperado surgiu, com a pessoa apoiando sua mão direita nas costas dela, para que voltasse ao eixo. Por um breve segundo, ambos os corpos se arrepiaram de uma forma intrigante.
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  — Te peguei, está tudo bem. — uma voz masculina soou de forma baixa, porém firme e grossa.
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  — Me desculpe. — sussurrou ela, ao se afastar no susto e olhá-lo meio sem graça. — Não estava muito atenta, distração tem sido meu ponto fraco.
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  — Não se preocupe, acontece com qualquer pessoa. — disse ele, fixando mais seu olhar nela.
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  Visivelmente o homem parecia impressionado com a suavidade da beleza de %Beatrice%, considerada por muitos como singela e sutil, mas de impacto e inesquecível.
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  — Você está realmente bem? — perguntou ele, percebendo o olhar vago dela.
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  — Sim, eu acho. — ela não queria demonstrar fraqueza diante de um estranho. — Mais uma vez, me desculpe.
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  Ela respirou fundo e se afastou dele, voltando-se para o ônibus que se aproximava. As palavras demonstravam força, mas por trás daquele olhar tristehaviam tantos problemas e indecisões que lhe pesavam o corpo. Assim que entrou no transporte público, ela assentou em uma cadeira do lado esquerdo. Do lado de fora o homem apenas ficou observando-a, como se estivesse hipnotizado, internamente seu coração estava pulsando mais forte, o que lhe fez estranhar. Assim que o veículo partiu levando a garota, o homem voltou seu olhar para o chão e percebeu algo reluzindo um feixe de luz em seus olhos. Era uma pulseira com pingentes de estrelas. Ele abaixou e pegou o objeto, voltando novamente o olhar para o ônibus que seguia. Será que a garota do olhar profundo era a dona? Pensou ele consigo. Não precisou muito para que ele guardasse a pulseira em seu bolso, na esperança de voltar a vê-la.
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  Dentro do ônibus, %Beatrice% apenas fechou seus olhos e tentou não pensar muito nas palavras inimagináveis do diretor. O que não foi difícil, já que a imagem do estranho com quem trombou estava nítida como uma pintura em sua mente. O que a levou a se indagar o arrepio sentido pelo abraço do mesmo. E que abraço! Ela pensou deixando sair um suspiro longo, até mesmo o perfume dele voltou a sua memória, um toque leve de amadeirado e doce.
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  — Mãe… Cheguei. — disse ela, ao chegar em casa e finalmente se despir do grosso casaco de lã e o pendurar no cabideiro da entrada. — Mãe?
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  — A mamãe ainda não chegou do trabalho. — respondeu sua irmã Flora, ao aparecer com um balde de pipocas na mão, jogando algumas na boca.
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  — O que está aprontando? — %Beatrice% colocou a mão na cintura, olhando desconfiada.
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  — Estamos fazendo uma sessão pipoca de Harry Potter. — explicou ela, já seguindo para a sala.
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  — E desde quando podem ver filmes durante a semana? — perguntou ela seguindo a irmã e se deparando com o pequeno Miguel despojado no sofá.
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  — Se você não percebeu, já entramos de recesso pelo natal. — retrucou Flora não ligando para a tentativa de repreensão da irmã.
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  — Mesmo assim, vocês possuem atividades extras de recesso que eu sei, deverias estar estudando agora para não esquecer o conteúdo aprendido. — ela ignorou o argumento da rebelde adolescente da família. — Principalmente o senhor Miguel, que está indo mal em matemática.
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  — %Beatrice%, por favor, deixa a gente descansar hoje? — os olhinhos apertados do caçula foram seu ponto fraco, que se deu por vencida pelo cansaço.
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  — Tudo bem, mas nada de ficarem até tarde acordados. — disse ela.
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  A vida já não era muito boa para ela e sua família, financeiramente falando. E após a perda do pai, como a mais velha, teve que ser responsável por seus irmãos enquanto a mãe trabalhava em três empregos para garantir o sustento de todos. Naquela época Miguel era um bebê e Flora tinha apenas sete anos, com isso a maturidade chegou bem cedo para %Beatrice%.
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  Aquela era a parte desgastante de tudo em sua vida, com o passar dos anos sua mãe foi adoecendo facilmente por causa dos muitos produtos de limpeza que utilizava nas faxinas onde trabalhava. Acarretando assim na necessidade da mais velha trabalhar de meio período na mercearia ao lado do prédio onde moravam, após as aulas. Se havia uma coisa que sua mãe jamais permitiu, é que a filha deixasse os estudos com o motivo de lhe ajudar com o financeiro, porém o dinheiro que ganhava nas poucas horas trabalhadas para o senhor Bellini, ajudou muito.
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  Com isso, seus sonhos foram ficando cada vez mais esquecidos. Os aparelhos que não a deixava matá-los por definitivo, se chamava Lola Bianchi, a amiga que todas as noites passava na mercearia para compartilhar com ela tudo o que aprendia na aula de teatro e interpretação que fazia.
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  Assim que se retirou, ela seguiu para o quarto em que dividia com a mãe. As duas camas de solteiro ficavam uma de cada lado e grudadas na parede. Ela apenas sentou na cama e se espreguiçou sentindo suas costas doloridas. Havia passado a madrugada organizando o estoque da loja de roupas que agora trabalhava, apenas para conseguir ter a tarde de folga para acompanhar a amiga.
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  — Que loucura. — sussurrou ela. — Como pode esse diretor falar algo assim? Minha Lady Lewis… Acho que nunca poderei viver isso, não tendo a vida que eu tenho agora.
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  Ela riu baixo. Por mais que ela tivesse o talento natural, %Beatrice% tinha dificuldades para enxergar isso, sempre achando que os outros eram melhores que ela.
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  — Se minha mãe soubesse disso, provavelmente surtaria. — ela voltou seu olhar para o violão nos pés de sua cama. — Que falta que eu sinto do senhor, papá, com certeza se estivesse aqui, diria para eu aceitar sem pensar nas consequências.
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  O momento em que o tocava era o único que sentia sendo ela mesma. Um momento em que ela sentia que podia se conectar com os sonhos em que compartilhava com o pai.
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  E foi exatamente isso que ela fez.
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  Retirou o instrumento da capa e começou a dedilhá-lo.
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Disseram que devemos estar sonhando
Então não subestime
O futuro você e o futuro eu.

- Future Me / Now United

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