CAPÍTULO SEIS
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A tempestade lá fora havia cessado. E, dentro da cabana 14, outra também havia encontrado seu fim.
%Jisung% e %Lauren% estavam deitados lado a lado, os corpos ainda aquecidos, as pernas entrelaçadas sob o lençol desajeitado. O quarto estava escuro, iluminado apenas pelas brasas da lareira que resistiam teimosamente, lançando reflexos alaranjados na parede de madeira.
O silêncio entre eles era denso, mas não incômodo.
Era o tipo de silêncio que só existe quando dois corpos já disseram tudo — com toques, com olhares, com suspiros.
%Jisung% virou o rosto e observou %Lauren% com calma. Ela estava com os olhos fechados, os lábios entreabertos, o peito subindo e descendo devagar. Parecia tranquila. Quase em paz.
— Você tá bem? — ele perguntou, com a voz baixa, rouca pelo cansaço… e pela entrega.
Ela abriu os olhos devagar, virando o rosto para encará-lo. Um pequeno sorriso se formou nos lábios dela.
Ele assentiu, os dedos deslizando devagar pela linha do braço dela, como se não quisesse que o toque acabasse.
— Tô tentando entender se isso tudo realmente aconteceu... ou se eu dormi no meio do filme e tô sonhando até agora.
%Lauren% riu baixinho, e o som preencheu o espaço entre eles com um calor novo. Um que não vinha da lareira.
— Bom, se for um sonho, vamos combinar de não acordar tão cedo.
%Jisung% a puxou suavemente para mais perto, o queixo encostando na cabeça dela, os braços se fechando ao redor da cintura.
E ali, no fim da noite mais inesperada de suas vidas, sem pressa, sem máscara, sem
“pactos de negação”, eles dormiram.
Envoltos um no outro. E em tudo o que finalmente deixaram acontecer.
🍃🍃🍃
O dia havia amanhecido com um sol quase quente o suficiente para que eles sentissem calor. As mãos de %Jisung% ainda envolviam %Lauren%, que tinha as costas apoiadas contra o peito dele. O calor do corpo de %Jisung% foi que fez ela despertar, além da estranheza de um clima mais quente, contrastando com o frio e as tempestades de ontem.
Os olhos dela foram se abrindo devagar, como quem ainda teme abrir os olhos e perceber que tudo que aconteceu na noite passada, fosse um delírio, um surto da mente dela, mas quando ela se mexeu e sentiu os braços de %Jisung% lhe apertarem ainda mais, percebeu que era real.
A voz rouca de sono dele lhe invadiu os ouvidos, fazendo seus pelo se arrepiarem logo pela manhã:
— Me confirma que não foi mesmo um sonho?
Ela sorriu antes mesmo de responder, os olhos ainda semiabertos, o corpo aconchegado contra o dele. As pernas entrelaçadas, a respiração quente dele batendo na curva do pescoço dela, e os braços ao redor de sua cintura como se pertencer ali fosse tão natural quanto respirar.
— Acho que, se fosse um sonho, você já teria desaparecido — ela murmurou, a voz baixa, arrastada de sono. — E teria levado o vinho junto.
Ele riu contra a pele dela, um riso grave, sonolento e verdadeiro.
— Então ainda bem que eu tô aqui. E que o vinho acabou.
%Lauren% virou um pouco o rosto, o suficiente para vê-lo por cima do ombro. O cabelo bagunçado, os olhos ainda inchados de sono e aquele olhar... aquele olhar que a despia mais do que qualquer toque na noite passada.
— Você não vai fugir, né? — ela perguntou, num tom leve, mas havia algo no fundo — algo que ela mesma não esperava revelar tão cedo.
%Jisung% franziu um pouco o cenho, como se aquela pergunta o atingisse de surpresa.
Mas logo sorriu. Daquele jeito tranquilo e sincero que ela já começava a reconhecer como raro — e real.
— Eu atravessei Monte Verde com uma sacola de sopa e pão só pra voltar pra essa cabana, lembra?
Beijou de leve o ombro nu dela.
— Se fosse pra fugir, teria sido naquela hora.
%Lauren% fechou os olhos de novo, sentindo o peito aquecer.
— Então… fica. Mais um pouco.
— Eu fico — ele respondeu, sem pensar duas vezes.
— Eu não tenho mais pra onde querer ir.
Envoltos nos lençóis, no calor inesperado do sol e na certeza de que algo havia mudado.
E dessa vez… nenhum dos dois queria fingir o contrário.
🍃🍃🍃 FIM. 🍃🍃🍃