Capítulo 30
Tempo estimado de leitura: 11 minutos
Nunca tinha sentido tanta vontade de estar com Thaís como sentia agora. Ele, que sempre fora solitário, tivera poucas namoradas e nenhuma despertara nele aquelas sensações, aqueles sentimentos. E o que mais o surpreendia era que ela era uma fã dele e, apesar disso, parecia gostar dele não como um ídolo, não como o vocalista da banda Tokio Hotel, parecia gostar dele simplesmente como ele era, simplesmente o Bill, aquele garoto que havia em baixo de toda aquela maquiagem e aqueles cabelos espetados.
– Tás pensando em quê? – Perguntou Thaís acariciando o rosto do garoto.
– Em você. Em... Nós. – Respondeu Bill, segurando a mão da garota e dando-lhe um beijo.
– Em nós? – Perguntou ela, levantando uma sobrancelha.
– É que você parece me conhecer tão bem... Parece que não...
– Te vejo como o Bill Kaulitz, o famoso vocalista de uma banda alemã? – Interrompeu Thaís com um sorriso.
– Isso. – Assentiu ele.
– E é assim mesmo que eu tento te ver Bill. Para mim, você é muito mais que isso. Você acima de tudo é o Bill. Alguém lindo, carinhoso, romântico...
– Tá. Não precisa falar minhas qualidades. – Interrompeu Bill, sorrindo.
– Quer que eu fale seus defeitos? – Perguntou Thaís com um olhar malicioso.
– Não. Quero que você me beije. – Disse ele, sério.
– Uma ordem, é? – Falou ela rindo antes de segurar o rosto do garoto e beijá-lo.
– Desculpa interromper, gente! Mas é que eu não sei que roupa eu visto! Tha, vem me ajudar! – Exclamou Vick, aparecendo no corredor.
– Ai Jesus! Tá. Peraí. – Falou Thaís, soltando-se de Bill e dando logo depois um rápido selinho nele, antes de sair atrás de Victória.
– Vocês dois estavam tão fofos, Tha. – Comentou Vick com um sorrisinho.
– Ow, obrigada, Vick. – Disse Thaís com os olhos brilhando.
– Sim, mas o que você acha? Essa blusa com o short bege ou com o preto? – Perguntou Vick apontando as roupas que estavam em cima da cama.
– Hum... Prefiro teu vestidinho branco. – Opinou Thaís.
– Ah! Ótima ideia! Tudo bem que foi tudo a ver com o que eu perguntei, né?! – Riu-se Victória.
Thaís riu junto com a amiga.
– Vou tomar um banho rápido e me trocar. É o tempo que a Duda chega. – Falou Tha, indo para o banheiro.
Algum tempo depois, as meninas estavam prontas. Vick vestia o vestido branco que Thaís tinha indicado, enquanto esta usava um short azul e uma camiseta preta soltinha com um top azul por baixo.
– Uhul! Gatonas! – Exclamou Vick olhando-se no espelho.
– Oi gente. – Falou Duda entrando no quarto.
Vestia um short branco com uma blusa lilás de alça com um pequeno decote.
– Duda! – Exclamaram as meninas abraçando-a.
– Minha filha, me conte direito essa história de você ter saído daqui. – Disse Thaís.
– Eu já disse que foi porque eu não queria mais ficar aqui. Agora vamos que todo mundo está esperando vocês na sala. – Falou Duda, sem esperar resposta, saindo do quarto.
Duda mal olhou para Tom quando chegou à sala e muito menos no percurso de carro até o parque, onde ele sentou-se ao seu lado.
Quando as meninas desceram do carro, olharam o parque à sua frente e perderam-se em sua imensidão. Havia várias pessoas no parque àquela hora. Algumas crianças correndo atrás de uma bola, alguns adolescentes fazendo um piquenique, alguns idosos namoravam como se o tempo nunca tivesse passado para eles.
– Ei! Vocês chegaram! – Falou um garoto com o cabelo raspado e os olhos profundamente azuis.
– Olá Andreas! Essas são Victória, Eduarda e Thaís. – Disse Georg, fazendo as devidas apresentações.
– Prazer, garotas! – Exclamou Andreas com um sorriso no rosto.
Logo o menino rumou para o grupo de adolescentes que faziam piquenique. Os outros o seguiram e, depois de todas as apresentações, Vick e Duda foram caminhar um pouco para conhecerem melhor o parque e conversar, é claro.
– Finalmente, por que você saiu da casa dos gêmeos? – Perguntou Vick quando já estavam longe o suficiente para que ninguém pudesse escutar. – E não minta para mim.
– Ah... Tudo bem, vou ser sincera com você. Maurren me contou que Tom iria me expulsar e eu resolvi sair antes que ele tivesse a chance de fazer isso.
– E você acreditou nela?
– Bem, ela não tinha porque mentir. E isso é bem a cara do Tom, vamos combinar. – Falou Duda demonstrando uma leve irritação na voz.
– Pelo que escutei, parece que ele queria mesmo que você fosse embora, mas que ele não iria te expulsar não.
– Sinceramente? Não me interessa. Eu já saí de lá mesmo e não tenho a mínima vontade de voltar. Mas vamos mudar de assunto, e você e o Gustav, hein? – Perguntou Duda.
– E eu e ele o que? Sei de nada disso não! - Falou Vick, rindo.
– Ah, Vick! Fala! Então tá, o que você acha dele? – Insistiu Duda.
– Assim... Ele é um fofo, né?! E é muito tímido! Mas é legal... E bonitinho também. – Respondeu Victória e as duas começaram a rir.
– Hum... Então ele tem chance! – Exclamou Duda, feliz.
– Assim... – Riu-se Victória. – Pode ser, né?! Pelo menos ele não parece nada com aquele idiota. – Concluiu Vick, lembrando-se do ex-namorado.
– Não mesmo. – Concordou Duda. – Vamos voltar pra lá e você pede a ele pra dar um passeiozinho contigo pelo parque.
– Sei... Um passeiozinho, né?! – Disse Vick, piscando o olho para Duda.
As meninas então deram meia-volta e caminharam até onde estavam os outros, conversando. Aproximaram-se do grupo e Duda pôde escutar um pedaço da conversa entre Tom e Andreas.
–... Elas são muito bonitas, Tom!
– Obrigada! – Falou Duda, abaixando-se sorrindo ao lado do garoto.
– Er... Não vi que você estava aí. – Disse Andreas com um sorriso meio envergonhado.
– Não tem problema. – Falou Duda sorrindo e viu de relance Vick sair com Gustav pelo parque, piscando para ela. Duda abriu um sorriso ainda maior para a garota, mas quando continuou acompanhando-a com o olhar, seu sorriso se desmanchou. Viu Bill e Thaís sentados mais afastados, conversando de mãos dadas.
– Senta aqui com a gente. – Falou Andreas fazendo com que Duda voltasse seu olhar para ele e retomasse seu habitual sorriso.
– Tudo bem. – Falou Duda, mas ao olhar para Tom que a fitava fuzilando, mudou de ideia. – Er... Acho melhor não.
Andreas compreendeu e olhou para Tom repreendendo-o.
– Não. Eu faço questão que você sente aqui. – Falou ele, voltando-se para a garota.
– Nesse caso, eu vou andar um pouco. – Falou Tom.
– Não. Pode deixar que eu vou. – Disse Duda.
– Não! Os dois vão ficar aqui. – Falou Andreas exigente, voltando depois a sorrir. – Vem, senta aqui.
– Tá. – Falou Duda obediente, sentando-se ao lado de Andreas.
– A gente estava aqui falando sobre uma festinha que os meninos estavam pensando em fazer hoje à noite. – Disse Andreas.
– E vai dar tempo de organizar tudo? – Perguntou Duda, levantando uma sobrancelha.
– Você esqueceu que a gente está falando de uma festa da banda Tokio Hotel?! – Perguntou Tom com um sorrisinho de deboche.
– E vocês estão pensando em chamar quem? – Perguntou Duda, fingindo não ter escutado o garoto.
– Algumas pessoas do fã clube aqui da Alemanha e alguns amigos só. – Respondeu Andreas.
– Ah! Então até para uma pessoa que não fosse famosa seria uma festa rápida para organizar. – Falou Duda olhando para Tom que fechou a cara.
– De qualquer forma, tudo pra gente é mais fácil. – Retrucou ele.
– Você sempre consegue tudo o que quer, não é Tom? – Perguntou Duda.
– É. – Confirmou o garoto.
– Que bom então que as coisas nem sempre acontecem como você quer.
– Claro que acontecem. Do que você está falando? – Perguntou Tom sem entender onde Duda queria chegar.
– Eu soube que você queria me expulsar. Que bom que eu saí com minhas próprias pernas. – Falou Duda com um leve tom de irritação na voz.
– Quem te falou isso?
Andreas apenas observava, achava que era melhor que eles resolvessem aquilo sem a intromissão de ninguém.
– Todo mundo sabe disso. Qualquer pessoa poderia ter me contado. Você não fez questão de esconder isso de ninguém. – Respondeu Duda com a voz um pouco alterada.
Tom não percebeu, mas a garota demonstrava mágoa em cada palavra que pronunciava.
– Você não pode falar nada, você não sabe se eu ia mesmo lhe expulsar. – Falou Tom também alterando a voz.
– E daí? A vontade já basta pra mim. E você iria acabar me expulsando mesmo, uma hora ou outra. Sabe por quê? Porque você não consegue conviver com as diferenças. Você só pensa em você. Você não presta Tom! – Já gritava Duda.
– Olha quem fala! Você não vale nada! – Gritava Tom também.
– Que é que tá havendo aqui? – Perguntou Thaís, que acabava de chegar ao local com Bill, alertados pelas vozes alteradas dos outros dois.
– Nada demais. Estávamos apenas trocando umas ideias. – Respondeu Duda forçando um sorriso e levantando-se logo depois. – Já vou indo. Até mais tarde gente. Foi um prazer conhecer você Andreas, e desculpa por qualquer coisa. – Falou Duda dando um beijo no rosto do garoto e acenando para o resto das pessoas no local.
Quando Duda saiu, Thaís virou-se para Tom.
– Agora me diga. O que foi isso?
– Nada não, Tha. – Limitou-se Tom a responder.
– Realmente não deve ter sido nada para vocês estarem gritando no meio do parque, né? – Disse Thaís.
– Não foi nada que lhe interesse. Melhor agora? – Falou Tom, irritado.
– Ei Tom, calma aí. – Falou Bill.
Tom fez uma careta e levantou-se dizendo que ia comprar uma água.
– Olhe, seu irmão está precisando de uma surra bem dada para ele deixar de ser malcriado. – Disse Thaís, chateada com a grosseria de Tom.
– Ele está cada vez pior. – Comentou Bill, abraçando Thaís.
– Ele só está aborrecido com a discussão que teve com a Duda. Mas foi melhor agora do que se tivessem deixado para depois. – Comentou Andreas.
Nessa hora Tom passou por eles e sentou-se mais afastado. Abriu a garrafa e bebeu metade do seu conteúdo. Como se não surtisse o efeito que esperava, derramou o resto do líquido em sua cabeça.
– Acho que alguém deveria ir falar com o Tom... – Falou Thaís, olhando para o garoto, preocupada.
– Acho melhor não, amor. O Tom está precisando ficar sozinho. – Falou Bill, abraçando a garota.
– Então tá. Eita! E a festa de hoje? Sai mesmo? Porque com a cara que o tom tá... Eu tenho minhas dúvidas...
– Ninguém vai acabar com a minha festa, muito menos aquela garota. – Falou a voz irritada de Tom atrás de Thaís.
– Dá para você parar de falar desse jeito, Tom? Porque eu não me lembro de ter te dado motivo para isso. – Falou Thaís, virando-se para o garoto.
– Aquela sua irmã me tira do sério. – Falou ele em tom de desculpas.
– Tá desculpado. – Falou Tha. – Mas cuidado com o seu jeito, pode ter alguém que não aceite suas desculpas.
Tom apenas assentiu, com um sorrisinho no canto da boca.
– Sim, e como vai ser a festa, hein? – Perguntou Bill, mudando de assunto.
– Vai ser muito boa. Espere e verás. – Falou Andreas, rindo.
– Não vejo a hora! Eu vou dançar muito! – Falou Thaís, animada.
– Só dançar? – Perguntou Bill, com um olhar malicioso para a garota.
– O que mais você sugere? – Perguntou Thaís devolvendo o olhar.
– Não queira nem saber. Quando você chegar ao quarto dele, vai descobrir. – Interrompeu Tom, fazendo Bill fitá-lo com um olhar mortal.
– Está gostando daqui? – Perguntou Gustav.
– Estou adorando! Duda acertou quando me pediu para vir para cá. Eu realmente esqueci todos os meus problemas. – Respondeu Vick, sorrindo.
– E você tinha tantos problemas assim? – Indagou ele, curioso.
– Um em especial. – Falou Vick, baixando a cabeça e depois voltando a olhar para Gustav com um sorriso no rosto.
– Hum... Quer me contar?
– Bem, você vai achar besteira, mas é que meu namorado acabou comigo. E foram quase três anos juntos, sabe? Eu gostava muito dele e estava sofrendo muito. Mas agora eu já sei que ele é um idiota. – Disse Vick.
– Eu acredito em você quando diz que ele é um idiota. Se não fosse, não te faria sofrer assim. Você merece alguém melhor...
– Também acho! – Riu-se Victória. – Alguma sugestão?
– Aí estão vocês! Nós estávamos esperando-os para irmos embora! – Gritou Thaís interrompendo Gustav que já havia aberto a boca para responder.