The Most Beautiful Thing

  — Bem-vindo à minha humilde residência!

  O restante da semana passou tranquilamente e, contrariando o achismo dos pombinhos, nem na sexta-feira eles conseguiram se encontrar, já que a aula foi cancelada e não fazia muito sentido o grupo ir à faculdade apenas para se reunir. Como combinaram de finalizarem o trabalho no domingo em um café que %Minghao% indicou, o sábado estava livre, e com ele, chegou o momento de %Seokmin% finalmente conhecer o cantinho de %Lila%, que estava bem animada com a ideia de ter um date mais caseiro. A primeira coisa que o rapaz reparou foi na plaquinha da porta, que tinha um gatinho desejando boas-vindas e assim que adentrou o apartamento, teve a certeza de que o lugar era a cara de %Lotus%, mesmo sem ter tido um tour completo.

  Ela pegou a sua mão e o guiou pelo local e por mais que fosse pequeno, %Lee% se sentia extremamente confortável, percebendo que assim como a mulher, a sua casa era aconchegante. Quando chegaram no quarto, %Li% se prontificou em pendurar a bolsa dele no cabideiro, um tanto sem jeito ao reparar que %Dokyeom% estava ligeiramente sem graça, provavelmente com os mesmos pensamentos que os seus. Decidindo mudar o clima, ela o chamou para irem à cozinha, a fim de finalizar o almoço.

  — A sua casa transparece você por completo, %Lila% — %DK% comentou ao ajudá-la com os pratos e talheres.

  — Ela é linda, né? — Sorriu travessa, cutucando ele com o cotovelo.

  — E adorável. — %Seokmin% beijou a bochecha da moça rapidamente, escutando o risinho dela.

  — Agradeço os elogios, meu bem. — %Lotus% retornou para o forno, tirando dele uma travessa enquanto o rapaz servia o suco para eles. — O menu de hoje será fricassê de frango e salada, e para a sobremesa, fiz duas opções de cheesecake: de goiabada e chocolate. Na verdade, tem uma terceira também.

  — Tudo parece ótimo! — %Dokyeom% sentia a sua boca aguar só de olhar para a refeição, achando tudo muito saboroso antes mesmo de comer. — E qual seria a terceira opção?

  — Eu. — O homem se engasgou com o suco, tossindo repetidamente até %Lila% lhe dar um copo d’água e passar a mão nas suas costas.

  — Definitivamente não estava esperando essa resposta, mas — após se recuperar, ele se aproximou o suficiente para sentir a respiração dela contra o seu rosto — eu adoraria provar a terceira, se possível.

  — Se você se comportar direitinho — ela passou os braços pelo pescoço dele, o beijando brevemente —, poderá provar sempre que quiser. Agora, vamos comer?

  %Seokmin% concordou depois de dar alguns selinhos em %Lila%, podendo se deliciar com o almoço que ela havia preparado com tanto entusiasmo.

  — Por que se mudou?

  O almoço havia sido uma maravilha, e %Dokyeom% não cansava de elogiar a culinária da mulher assim como ela própria, além de conversarem sobre assuntos como faculdade e os amigos. %DK% já havia lavado a louça e %Lila% guardou o que sobrou, e agora ambos comiam as sobremesas enquanto se sentavam no sofá, a fim de ficarem mais confortáveis.

  — Não sei se é o melhor assunto para se falar em um segundo encontro, sinceramente. — %Lila% riu.

  — Não precisa dizer se não quiser.

  — Eu sei, você sempre deixa isso bem claro, contudo, não há problemas. É só que fico meio receosa de contar sobre o meu passado, sabe… é tipo aquilo que dizem, que não é para falar sobre seu ex em um primeiro encontro? — %Dokyeom% soltou um risinho, achando %Lotus% fofa. Ele compreendia perfeitamente isso, no entanto, não ligava para esse tipo de coisa.

  — Sinta-se à vontade para compartilhar o que quiser, %Lila%. Eu não tenho problemas quanto a isso, mas não quero que se sinta pressionada a falar só por eu ter perguntado. Se quiser, pode inventar uma desculpa que está tudo certo!

  — Eu nunca mentiria para você, %Seokmin%! — Ela sorriu. — É só que a história envolve certas camadas que realmente não sei se é legal para se comentar em um segundo encontro, mas, vamos lá. A minha relação com a minha família sempre foi… complicada. — A sua feição ficou séria ao mudar de assunto. — E não digo complicada por termos uma briguinha ou discussão esporádica, era literalmente sufocante só de ter o pensamento em voltar para casa. Minha mãe sempre trabalhou fora, então eu ficava com meu irmão em casa, e digamos que a nossa relação era a pior. As pessoas sempre minimizam e falam “ah, mas é briga de irmãos”, sendo que nunca vi uma simples “briguinha” acabar em agressões físicas sérias e em quase uma denúncia.

  — Meu Deus… — %Dokyeom% sentiu o coração apertar e antes que pudesse fazer algo, %Lila% segurou a sua mão, entrelaçando os seus mindinhos.

  — Pois é. — Ela voltou a olhá-lo enquanto apertava o seu dedo levemente. — Depois que fiquei mais velha, eu sabia que a situação só melhoraria quando eu saísse de casa, e era o que eu mais queria. Bom, acredito que após eu falar para minha mãe que queria morrer, ela tentou ao máximo me ajudar, apesar de não apagar o fato de ser obrigada a viver a minha adolescência como adulta e a filha mais velha quando era para eu ser a caçula da família, além do medo constante. Felizmente eu sempre tive o apoio dos meus amigos e uma ótima psicóloga, então encarar os dias mais difíceis se tornava algo mais leve com a ajuda de todos, no entanto, eu sentia que precisava sair daquele núcleo, e para isso, eu queria uma mudança completa.

  %Lila% pausou, com o olhar vazio e indiferente ao relembrar de tudo o que passou. %Seokmin% segurou a sua mão firmemente, fazendo um carinho gentil com o seu polegar e lhe dando o tempo que precisava para continuar com a história, caso quisesse.

  — %Melisha% disse que se eu realmente queria uma mudança completa, eu deveria vir para cá. Eu nem pensei duas vezes ao aceitar a sugestão, e os pais dela se prontificaram a me ajudar em tudo o que eu precisasse, fosse a transferência de faculdade ou um lugar para morar. Eles viajaram por quase doze horas em um voo direto só para terem certeza de que a minha mudança fosse perfeita. Eles sempre me trataram como filha deles, e é por causa dos dois que eu aprendi coreano ainda nova. Acho que se eles pudessem, me adotariam oficialmente. — A mulher sorriu com a última frase, sabendo que independente de qualquer coisa, os pais da amiga eram a sua família e sempre seriam, assim como a própria %Melisha%.

  Quando %Lila% olhou para %Seokmin%, seus olhos estavam marejados e o homem simplesmente a puxou para um abraço, a envolvendo por completo; %Lotus% afundou o seu rosto no pescoço dele, sentindo a sua pele quente confortá-la como nunca antes, e ambos ficaram nessa posição por um tempinho, apenas aproveitando o momento.

  Se pudessem, nunca sairiam desse abraço.

  — Ah, ainda tem a cereja do bolo que é o meu ex, mas já tivemos emoções o suficiente por hoje. — %Li% soltou um risinho, se afastando um pouco do rapaz.

  — Também temos isso em comum, então. — %DK% riu. — Você tá bem?

  — Uhum. — Sorriu pequeno. — Falar sobre isso não é tão difícil quanto no passado, e eu finalmente estou livre disso. A minha relação com eles melhorou, mas não é como se eu fosse esquecer tudo o que passei. Apenas decidi viver a minha vida por mim.

  — Eu sinto muito por tudo isso, %Lila%. De verdade. — %Seokmin% segurou o rosto da moça, a olhando carinhosamente. — Como alguém tem coragem de machucar um serzinho tão adorável?

  — Também não sei. — A garota fez um biquinho, recebendo um selinho.

  — Enquanto eu estiver aqui, ninguém vai te machucar — %Dokyeom% falou sério após alguns segundos em silêncio, deixando %Lotus% um tanto surpresa. — E se depender de mim, estarei aqui por muito tempo.

  %Lila% continuou imóvel, apenas mantendo o contato visual com o rapaz.

  A sua fala lhe deu a sensação de que já havia escutado as mesmas palavras anteriormente, o que seria impossível, considerando que ela e %Lee% se conheceram recentemente. No entanto, a relação dos dois parecia que existia há muito mais tempo do que somente alguns dias e, mais do que nunca, %Li% tinha a certeza de que %Lee% %Seokmin% é o amor da sua vida. Por isso, ela inclinou o corpo na direção dele, jogando os braços em volta do pescoço do homem e o beijou delicadamente, se acomodando perfeitamente no colo de %Dokyeom%, que a segurou pela cintura.

  Não demorou muito para os beijos escalarem para algo a mais, e logo a mulher se viu deitada em sua cama, com suas roupas perdidas pelo quarto e sentindo a língua do rapaz percorrer caminhos que a levavam ao paraíso. %DK% não conseguia tirar os olhos da mulher, de modo que se via hipnotizado pela sua voz rouca que chamava o seu nome de uma maneira tão sedutora, além de ter a sensação de que não havia nenhum outro lugar no mundo que pertencesse mais do que estar nos braços de %Lila%, que assim como ela, chegou à conclusão de que %Lotus% é o amor de sua vida.

  — %Lila%. Minha %Lila% — a chamou baixinho, com os rostos quase colados. — Você é muito mais do que um sonho. Obrigado por ter me encontrado e por existir, era isso que eu queria ter dito antes.

  %Li% sorriu e o puxou para si, afundando o rosto na curva do pescoço dele; não havia um momento sequer desde que conheceu %Dokyeom% que não se sentisse da mesma forma que o rapaz, e escutar essas palavras a fazia ficar em êxtase. Não havia ninguém no mundo que a faria se sentir assim, independente deles ficarem juntos ou não no futuro.

  Eles eram únicos um para o outro, e isso era um fato que não poderia ser mudado.